DIÁRIO DA MANHÃ PASSO FUNDO E CARAZINHO
SÁBADO E DOMINGO, 24 E 25 DE AGOSTO DE 2019
Mudanças climáticas afetam a saúde das crianças O vai e vem do frio prejudica a saúde dos adultos, mas para as crianças a situação é ainda mais delicada. Especialista explica como a temperatura pode afetar a imunidade dos pequenos | Págs 4 e 5
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endereços Centro de Saúde (Posto Central) Rua Fagundes dos Reis, 757
Hemozito realiza visita na Escola Infantil Na última semana, o Hemozito, mascote do Serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, realizou uma visita na Escola de Educação Infantil do HSVP. O objetivo foi proporcionar um momento de descontração e orientar os pequenos sobre a doação de sangue. Na ocasião, as crianças ganharam um tema de casa: falar para os pais sobre a importância da doação.
(54) 3311-6494 Central de Vacinas Rua Uruguai, 667 Hospital São Vicente de Paulo Rua Teixeira Soares, 808 - Centro (54) 3316-4000 Hospital São Vicente de Paulo - IOT Rua Uruguai, 2050 - Centro
Fotos: Assessoria de Comunicação | Divulgação
Passo Fundo
aconteceu
Farmacêutica do HC participa de curso
Hospital de Clínicas de Passo Fundo Rua Tiradentes, 295 - Centro/Annes
Hosp. Psiquiátrico Bezerra de Menezes R. Ouro Preto, 240 - Vila Dona Eliza (54) 3046-7501
A qualidade e segurança na administração de medicamentos aos pacientes em ambiente hospitalar foi tema de um curso de Capacitação em Assistência Farmacêutica para profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) – com o uso de Simulação Realística, que teve a participação da farmacêutica do Hospital de Clínicas (HC) de Passo Fundo, Elisa Bortolini do Amaral. O curso foi realizado nos dias 14 e 15 de agosto através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS) em parceria com o Centro de Simulação Realística do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.
Foto: Divulgação HC
(54) 2103-3333
Hospital Municipal Rua Alcides Moura, 100 - Centro (54) 3316-4500 Hospital de Olhos C.L. Dyógenes A. Martins Pinto Campus I - UPF - Bairro São José (54) 3318-0200 Prontoclínica Tv. Dr. Arthur Leite, 58 - Centro (54) 3313-5100 Bombeiros
Oncologista do CTCAN participa de simpósio
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Carazinho Rua General Câmara 70 (54) - 3329-9898 Ambulatório Municipal
Foto: Divulgação
Hospital de Caridade
Av. Pátria – próximo a Secretaria Municipal de Saúde (54) 3329-2506 / 3329-2448 Hospital de Caridade de Carazinho Centro de Especialidades Médicas (CEM) Av. Pátria – próximo a Sec. Municipal de Saúde e HCC (54) 3331-4510 Bombeiros 193 Diretora Comercial: Eliane Maria Debortoli EditorES InterinoS: Kleiton Vasconcellos - RP 10.791 Matheus Moraes - RP 18.498
O oncologista clínico do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alex Seidel, participou, nos dias 16 e 17 de agosto, em Porto Alegre, do I Simpósio de Oncologia Torácica – Sul (GBOT Sul). O evento promovido pelo Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) contou com especialistas internacionais e convidados nacionais para debaterem atualizações na prevenção, no diagnóstico e tratamento do câncer de pulmão. O Simpósio é um evento multidisciplinar com a participação de oncologistas clínicos, cirurgiões torácicos, radioterapeutas, pneumologistas, patologistas e outros profissionais que atuam em oncologia torácica. jornalista responsável Aline Prestes - RP 19.015 Foto de Capa: Freepik
Médico do HSVP participa de Congresso Sulbrasileiro
O Cirurgião de Mão, Dr. Antônio Severo, Supervisor da Residência Médica em Cirurgia da Mão da Universidade Federal da Fronteira Sul / IOT / Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, esteve no XXI Congresso Sulbrasileiro de Ortopedia e Traumatologia (SULBRA 2019), realizado em Bento Gonçalves. Na oportunidade, o especialista apresentou os trabalhos de pesquisa: “Tratamento percutâneo para as fraturas do terço médio e proximal do escafoide”; “Paralisia Obstétrica: avaliação da técnica de Sever-Lépisco modificada por Hoffer”; “Reconstrução do membro inferior: retalho fasciocutâneo sural” e “Enxerto ósseo no tratamento da não consolidação do escafóide com necrose do polo proximal - revisão sistemática”. Além de apresentar as pesquisas realizadas, o médico participou de uma mesa redonda, na qualidade de debatedor, onde foi abordado a discussão de casos clínicos com técnica cirúrgica de anestesia local. Clélia Fontoura Martins Pinto - ME Matriz: Rua Independência, 917, sala 3 - Passo Fundo Contato: (54) 3316-4800
Foto: Divulgação HSVP
(54) 3045-9700
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sarampo
Entenda por que a doença é tão perigosa e merece atenção Fotos Divulgação | Internet
Especialistas explicam sintomas, tratamentos e ressaltam o risco de morte em alguns casos
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ltamente contagioso, o sarampo é considerado uma doença grave, com histórico de surtos em 2013, no Pernambuco, e em 2014, no Ceará. Mais recentemente, em janeiro deste ano, o Pará também registrou aumento nos casos. Na última semana, o Ministério da Saúde atualizou para 1.845 casos de sarampo confirmados até 18 de agosto com 11 estados afetados. Com a total disponibilização da vacina em postos de saúde, a médica especialista em saúde da criança e do adolescente pela Universidade Federal Fluminense, Roberta de Castro, afirma que a única forma de se prevenir do sarampo é por meio da vacinação: “Na rede pública são utilizadas vacinas tríplices que protegem, inclusive, contra rubéola e caxumba. No caso de crianças com menos de um ano de idade, os pais devem evitar levá-las para ambientes aglomerados”, recomenda. A transmissão da doença acontece pelo contato pessoa a pessoa, além da propagação pelo ar, que facilita o contágio e aumenta o surto. “Gotículas infecciosas das secreções respiratórias de um paciente com sarampo podem permanecer no ar por até duas horas”, alerta Dra. Roberta. Uma pessoa infectada pode começar a transmitir o sarampo cerca de cinco dias antes de ter as lesões características da doença na pele e até quatro dias após o desaparecimento delas. Os primeiros sintomas do sarampo podem incluir febre, tosse e coriza, como se fosse um resfriado. A perda de apetite também se manifesta e surgem manchas esbranquiçadas na boca, como se fossem grãos de sal. Após os primeiros sintomas, muitos pacientes apresentam conjuntivite (olhos vermelhos, lacrimejantes e fotofobia), manchas vermelhas que começam no rosto e se espalham para o corpo, além de dor de garganta.
Nova recomendação do Ministério da Saúde indica que todas as crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias devem receber uma dose adicional da vacina
Complicações do quadro e tratamento Segundo Dolores Henriques, experiente em medicina de urgência, as complicações mais comuns ocorrem em crianças e pacientes que estão comproQuem pode receber a vacina: • Bebês duas doses aos 12 e outro 15 meses de idade, que pode ser realizada com as vacinas tríplice viral ou tetra viral; • Crianças, adolescentes e adultos que não receberam essas doses na infância e que não tiveram sarampo, devem ser vacinados a qualquer momento: duas doses com intervalo mínimo de 30 dias entre elas; • Nova recomendação: todas as crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias devem receber uma dose adicional, a chamada “dose zero”.
metidos imunologicamente. A diarreia é a mais frequente, mas o sarampo também é capaz de causar otite aguda, pneumonia, hepatite e inflamações no cérebro. “A maioria das mortes ocorrem Quem não pode vacinar: • Pacientes com suspeita de sarampo, crianças com menos de seis meses de vida, gestantes, pacientes imunocomprometidos, pacientes com HIV/AIDS; • Pacientes que apresentem imunocomprometimento grave e indivíduos com histórico de anafilaxia em dose anterior de vacina de sarampo; • Pacientes com histórico confirmado da doença não precisam se vacinar;
Não está contraindicada em mulheres que estão amamentando, inclusive pode ser administrada no pós-parto imediato;
devido a complicações respiratórias. Esse risco aumenta, sobretudo, nos países em desenvolvimento”, comenta. As especialistas afirmam que não há um tratamento específico para o sarampo. Repouso e ingestão de líquidos são bastante importantes, além de medicamentos para dor e febre. Nova recomendação A pasta divulgou uma nova recomendação: todas as crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias devem receber uma dose adicional, a chamada “dose zero”. ATENÇÃO Em caso de dúvidas, a vacinação está recomendada. Só serão considerados vacinados, aqueles que tiverem o registro da vacinação. Caso contrário, é recomendada a aplicação de uma ou duas doses, de acordo com situação vacinal conferida.
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alerta
Efeitos das mudanças climáticas na saúde das crianças Fotos: Freepik
Especialista aborda os principais problemas afetados nos pequenos pelas mudanças repentinas no clima
Crianças costumam ser as mais afetadas por estas oscilações climáticas
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ias de calor, outros de frio ou tudo no mesmo dia. Não raro o que se houve nesse momento é “haja saúde para aguentar tanta mudança de temperatura”. As mudanças climáticas são uma das maiores preocupações na área de saúde do século. Pequenas mudanças de temperatura e chuvas
podem ter grande impacto na transmissão de doenças transmitidas por vetores e pela água. Nosso organismo possui mecanismos de adaptação às mudanças de temperatura, como arrepiar-se para manter o ar quente próximo ao corpo ou ainda produzir contraturas musculares geradoras de calor, os
chamados calafrios, no entanto, esta capacidade adaptativa não é capaz de suplantar mudanças muito grandes em curtos espaços de tempo. Além disso, o fator de risco aumenta quando se fala em crianças, já que elas têm uma capacidade reduzida às mudanças de temperatura, e quanto menor a idade da criança, menor
ainda ela é, portanto, as crianças costumam ser as mais afetadas por estas oscilações climáticas. Em razão disso, entrevistamos a médica pneumologista pediátrica e professora da disciplina de Pediatria da UPF, Rita De Cássia Do Rosário Nunes que fala sobre os efeitos das mudanças bruscas de temperatura na
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Mães e pais devem ficar atentos a quais sintomas?
saúde das crianças e efeitos como o aumento da susceptibilidade às infecções seja viral ou bacteriana e também o desencadeamento de crises asmáticas. Quais as dicas para as crianças que já sofrem com problemas respiratórios (asma, bronquite...) para enfrentar essas mudanças de temperatura?
Todas as crianças, independentemente de ter algum problema respiratório ou não devem: Agasalhar-se adequadamente: o stress causado pelo frio aumenta a produção de cortisol, que reduz a secreção de anticorpos no muco que recobre a árvore respiratória. A regra é usar uma camada de roupas a mais que os adultos, além de agasalhar bem as extremidades, particularmente a cabeça, que na criança
representa a maior área de superfície corporal e, portanto, a região que mais perde calor. Evitar exercícios ao ar livre em temperaturas muito baixas pois a respiração rápida reduz a temperatura no interior das vias aéreas, facilitando a sobrevivência de determinados vírus, como o do resfriado comum. Manter-se bem hidratadas, pois o ar frio causa ressecamento da mucosa das vias aéreas, facilitando a liberação substâncias inflamatórias. Manter o nariz desobstruído para evitar a respiração pela boca, impossibilitando o aquecimento, filtragem e umidificação do ar inspirado (principais funções do nariz), além disso, a obstrução nasal dificulta a eliminação das secreções do ouvido e seios da face, facilitando infecções bacterianas nestes locais.
Evitar exposição à poluição intradomiciliar como fumaça de cigarro ou produtos da queima de madeira, pois estes prejudicam o movimento dos cílios (pequenas “vassourinhas” que realizam a limpeza das vias aéreas).
Foto: Arquivo pessoal
A febre é um sinal de alerta para a presença de infecções
O principal sinal de alerta para as doenças respiratórias é a respiração acelerada, seja asma ou pneumonia. Mas esta respiração ofegante deve ser observada em períodos de temperatura normal, ou seja, deve-se baixar a febre antes de observar a respiração. A febre é um sinal de alerta para a presença de infecções, se esta for persistente ou se a criança permanecer abatida mesmo após a redução da temperatura é importante que um médico avalie a criança. Outros sinais importantes a serem observados dão a presença de palidez ou cianose (coloração azulada da pele) principalmente ao redor da boca e nas mãos e pés, estes sinais tanto podem indicar uma oxigenação inadequada do sangue ou uma queda na temperatura da criança, a qual deve ser aquecida e na persistência do sintoma, deve-se procurar atendimento imediato.
Como prevenir os problemas respiratórios? Existem alguns cuidados que devem ser tomados?
Aqui temos que separar duas condições: as alérgicas e as infecciosas No caso das alergias (asma e rinite), deve-se fazer uso da medicação mais indicada para cada caso e este tratamento deve ser individualizado. No caso das doenças infecciosas: realizar as vacinas indicadas para a faixa etária conforme o calendário vacinal do ministério da saúde, evitar aglomerações ou manter o ambiente bem ventilado quando não for possível evitar.
Rita De Cássia Do Rosário Nunes é médica pneumologista pediátrica e professora da disciplina de Pediatria da UPF
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psicologia
Vida após o câncer vivo e ter vencido faz com que muitos medos, pensamentos e atitudes negativas que o paciente tinha antes, sejam absorvidos e neutralizados. Passa a se posicionar diante da vida corajosamente e sente-se capaz de realizar coisas que talvez antes não pudesse fazer”, explica Susie. A psicóloga salienta que conhecer mais a si mesmo, identificar o que realmente lhe faz bem ou não, saber fazer escolhas conscientemente é uma das formas de seguir em frente. “É uma mudança que ocorre com quem se permite olhar, pensar e analisar cuidadosamente tudo que acontece ao seu redor. É uma experiência que pode trazer muito autoconhecimento e percepções diferentes diante da vida, tendo assim, atitudes mais positivas, resultando no seu crescimento pessoal”, enfatiza a psicóloga. Fotos: Divulgação CTCAN
M
uitos pacientes se questionam: como será a sua vida após o tratamento do câncer, por onde começar? A agenda para os cuidados médicos e exames será reformulada para outros compromissos. O paciente retornará ao trabalho, às atividades de lazer que foram deixadas de lado, aos eventos sociais que muitas vezes não foi possível participar. Algumas coisas sofrem alterações nos meses de tratamento, mas outras permanecem iguais. A reflexão inicial que o paciente deve fazer é como ele realmente deseja que a vida seja a partir deste momento. O diagnóstico e o tratamento do câncer trazem muitos questionamentos e reflexões durante todo o processo, permitindo que o paciente possa fazer novas escolhas e seguir um estilo de vida mais saudável. “As pessoas passam a dar mais valor à vida, aos amigos, familiares, à forma como conduzem a vida. Aprendem a viver a vida intensamente, um dia de cada vez, passam apreciar os bons momentos e olhar a vida com mais amor”, observa a psicóloga do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Susie Noschang. Os pacientes costumam buscar novas atividades e tempo para fazer coisas que consideram realmente importantes, mas que antes não se permitiam fazer. “Eles começam a
Um dos principais dilemas do paciente é retomar o cotidiano após o tratamento
O acompanhamento psicológico é importante desde o início do diagnóstico da doença e também após o tratamento para auxiliar o paciente oncológico a enfrentar essas etapas
entender a importância de fazer atividade física e ter uma alimentação saudável, mudar ou melhorar o seu estilo de vida. Presenteiam-se com novas oportunidades, conhecem lugares diferentes, retomam projetos de vida que foram deixados de lado, entre outras coisas”, comenta a psicóloga.
Quem passa por um diagnóstico de câncer também tende a perceber as coisas negativas da vida de forma diferente. A vivência do tratamento faz o paciente olhar para as dificuldades de maneira mais otimista, tendo possibilidades de solução, não se resignando ao problema. “Ter a sensação de estar
Psicóloga do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Susie Noschang
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Anestesia em crianças não é o ‘Bicho Papão’! Cezar Lorenzini Não sei se hoje em dia, ainda usam essa expressão ‘Bicho Papão’! Mas de uma coisa tenho certeza: para nós pais, a anestesia em nossos filhos é sempre motivo de medo (nosso e deles). Para eles, muitas vezes a anestesia é o Bicho Papão. Isso se explica por um motivo simples, o medo de ficar sozinho e dormir contra a sua vontade. Qual a mãe ou pai que ao ver seu filho com febre, dor ou doença, não fica preocupado? Essa sensação se multiplica quando se entra no centro cirúrgico com o filho, ou filha, e sabendo que ele logo estará dormindo, já anestesiado. Por isso, para iniciar as anestesias fazemos questão de que a criança entre no Centro Cirúrgico acompanhada da mãe, do pai ou outro responsável. No caso de “outro responsável” é importante que essa pessoa tenha a total confiança da criança e conviva com ela. Acompanhar a crianças até que ela adormeça, estar presente logo após o término da cirurgia, na Sala de Recuperação quando ela esteja despertando, faz com que ela não perceba a ausência dos seus pais durante toda a anestesia e a cirurgia. Existem algumas maneiras de minimizar o trauma da criança frente à anestesia ou à cirurgia. Nas crianças maiores, com quem podemos argumentar, a tranquilidade dos pais e a conversa com a criança sobre o que vai acontecer, diminui bastante o estresse. Infelizmente não temos medicações que sejam verdadeiramente efetivas
como pré-anestesia. As crianças reagem de forma diferente à mesma medicação e na dose correta. Em algumas delas nada ocorre, em outras ocorre um sono profundo e, em outras a medicação as torna ainda mais agitadas. Algumas dessas medicações podem ser administradas via oral, via nasal, via anal e intramuscular. Quando a criança deixa “pegar uma veia” já temos meio caminho andado. A indução do sono pode ser feita com a medicação endovenosa e é bastante suave. A maioria das crianças, porém, não deixa “pegar a veia” e nesses casos temos outra maneira de fazer a criança dormir, a indução inalatória. Nessa técnica, é oferecida para a criança uma máscara com oxigênio e o anestésico. À medida que a criança vai respirando, ela mesma se anestesia. Os inconvenientes dessa técnica são o cheiro forte do anestésico (nem todas as crianças gostam) e a agitação. Essa agitação ocorre quando a criança está num estágio intermediário entre acordada e anestesiada e pode durar um ou dois minutos. O interessante é que as crianças não têm recordação desse período (só os pais...), pois são reações reflexas. Os riscos da anestesia em crianças são maiores quanto mais jovens elas forem. Assim, um bebê prematuro, com baixo peso, tem riscos bem maiores que uma criança saudável de 8 a 10 anos. Esses riscos, porém, são minimizados dependendo do ambiente em que o pequeno paciente
for operado e do envolvimento de toda a equipe que cuidará dele. O ideal, em todas as anestesias e, em especial na anestesia pediátrica, é que a criança seja vista pelo médico anestesista na consulta pré-anestésica. Como já enfatizei em outro artigo, esse é o momento em que começa a anestesia segura. No caso das crianças, essa consulta serve mais para os pais do que para as crianças. É nesse momento que além de examinar a criança e saber sobre seu estado de saúde, as rotinas são explicadas para os pais e tiradas as dúvidas. Os pais podem, e devem, conversar com o Médico Anestesista sobre seus medos e angústias que, na medida do possível, serão elucidadas. A criança é um ser frágil que precisa de toda nossa atenção, cuidado e carinho. Sempre que possível uma conversa em casa, com as crianças maiores, sobre o assunto ajuda bastante. Minimizar o procedimento (é só uma vacina, é só um exame, não vai doer nada, etc....) pode até prejudicá-las e na maioria das vezes fazer com que ela perca a confiança nos seus pais. Costumo dizer que podemos aumentar ainda mais a segurança da anestesia com a ajuda dos pais. Quando possível, convencer o filho ou filha sobre a importância do que vai ser feito e de que tudo isso será feito para melhorar a sua saúde. Outro aspecto importante é o período de jejum (que varia caso a caso), esse
Foto Divulgação UPF
Médico Anestesiologista e professor de Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo
período é muito importante, pois evita a aspiração de conteúdo estomacal para o pulmão da criança. O médico anestesiologista dirá quantas horas antes da cirurgia a criança poderá tomar leite, comer alimentos sólidos e quantas horas antes ela poderá tomar água e estabelecerá o período de jejum absoluto. Assim, todos nós temos responsabilidades. No tocante aos pais, começa com a adequada informação sobre a saúde do filho ou da filha. Além disso, conversar com a criança (quando for possível), respeitar o período de jejum, acompanhá-la na sala de cirurgia sem demonstrar medo ou insegurança e estabelecer uma parceria com a equipe que vai atendê-la. Essas ações ajudam a criança e tornam a anestesia segura.
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Conhece-te a ti mesmo
dicas
Como manter as cutículas hidratadas no inverno
Tatiana Gassen Rodrigues
Dicas sobre cuidados com as unhas na estação mais fria do ano Foto: Aline Prestes | Diário
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om a chegada das temperaturas mais baixas, algumas mudanças afetam a pele, unhas e cabelos, principalmente por conta do ar seco. Diante deste cenário, banhos quentes e o pouco consumo de água se tornam cada vez mais comuns e acabam favorecendo o ressecamento. As cutículas estão na lista das partes do corpo que sofrem durante este período. Pensando nisso, a esteticista da Singu, Lajara Graciano, separou quatro dicas sobre o assunto, confira:
Existem diversos produtos no mercado voltados ao cuidado das cutículas
Esfoliação
Para que as cutículas não fiquem enrijecidas, com rachaduras ou pelinhas saltadas, é fundamental esfolia-las semanalmente para eliminar as peles mortas. O ideal é realizar processo com um creme suave e utilizar protetor solar ao finalizar. “É importante que o esfoliante utilizado seja específico para as mãos ou para o rosto, porque os que são feitos para o corpo costumam ser muito abrasivos”, explica Lajara.
Fuja dos banhos quentes
Basta a temperatura cair, que o chuveiro com água - bem - quente torna-se o melhor amigo das mulheres, porém esta prática é extremamente prejudicial as cutículas por ressecá-las imediatamente. Aposte em um banho morno para que não haja desgastes na região.
Abuse dos cremes e óleos
Quando as cutículas estão desidratadas, o aspecto de descuido toma conta das mãos e por isso é importante hidratá-las todos os dias. O mercado já oferece diversos produtos voltados para o cuidado das unhas e mãos, mas se você preferir um tratamento caseiro pode optar pelo óleo de cravo, que além de hidratar, possui ação anti-fúngica. “A parafina pode se tornar uma aliada também. Apesar de inusitado, o material em estado morno oferece ótimos resultados”, completa a profissional.
Beba água
A hidratação de qualquer parte do corpo vem de dentro para fora e por isso é essencial turbinar o consumo do líquido durante esta época. “Carregar uma garrafinha d’água é uma alternativa para não esquecer de beber com regularidade”, finaliza Lajara.
J
Psicanalista, Membro da Comissão de Ensino e Diretora Científica do PROJETO - Associação Científica de Psicanálise, que tem como finalidade promover, transmitir e difundir o pensamento psicanalítico formando uma comunidade científica produtiva em Passo Fundo e região. Conta com atividades internas de seminários de cunho formativo para profissionais e estudantes e outras abertas à comunidade, sempre visando à inserção social da psicanálise e integração entre o nosso afazer e a concepção de que as intervenções na cultura, educação e nas áreas médicas afins. Mestre em Psicologia Clínica, do Núcleo de Método Psicanalítico e Formações da Cultura (PUC SP).
ean-Paul Sartre, filósofo e escritor, é autor de uma frase curiosa que diz que aquilo que importa, se quisermos saber quem é uma pessoa, não é o que outros fizeram com ela, e sim aquilo que ela fez com o que fizeram com ela. Esta frase poderia muito bem servir para pensar o que se passa em um tratamento psicanalítico, já que em uma análise também há um processo de compreender como um indivíduo dá significado a partir de sua realidade psíquica e transforma os eventos da vida em sua própria existência. Neste sentido, podemos pensar na inscrição grega que está no título deste texto “conhece-te a ti mesmo”. Ela foi escrita há muitos séculos atrás dentro da civilização grega, obtendo vários significados desde então. Um deles, que quero exemplificar, está ligado à história de outro filósofo chamado Sócrates, do qual todos já devem ter ouvido falar em suas aulas de História e Filosofia. Sócrates é conhecido por uma outra frase: “só sei que nada sei”. O curioso sobre Sócrates é que ele vai chegar até esta afirmativa a partir de uma mensagem recebida de um oráculo, que disse que ele seria o mais sábio dos homens de Atenas. Sócrates ficou intrigado com o significado desta sentença e foi examinar do que se tratava ser sábio. Acabou por descobrir, em suas investigações, que a sabedoria reside em desprender-se justamente da ideia de dominar a verdade absoluta, ou seja, ser sábio é lutar contra este autoengano. A sabedoria de Sócrates é a de quem sabe que desconhece, ou seja, a maior sabedoria dele, foi que, recebendo esta mensagem não caiu enredado no seu próprio narcisismo ficando encantado consigo mesmo ou se exibindo como um grande sábio. Sócrates foi sábio porque soube in-
terpretar, porque criou algo diferente com aquilo que o oráculo lhe entregou. Então, “conhece-te a ti mesmo” implica em um percorrido de análise pessoal sobre aquilo que ocorre com cada um de nós. Aqui encontramos um ponto em comum entre esta história do Sócrates e a frase de Sartre, que poderíamos traduzir assim: não importa o que diz o oráculo, importa como você interpreta, pensa e reflete sobre o que diz o oráculo. E quem é o oráculo em nossos dias atuais? Poderíamos pensar em muitos – a mídia, as redes sociais, as propagandas – enfim, podemos fazer uso de muitas coisas como se fossem oráculos que nos poupariam do trabalho de ter que nos responsabilizarmos pela forma como vivemos. Podemos nos apoiar em um discurso de outra pessoa, inclusive repeti-lo, sem que isso signifique que realmente estejamos pensando naquilo que dizemos. A exemplo disso vivemos este fenômeno das fake news, em que podemos nos tornar mentirosos por reprodução. Freud declarou que a Psicanálise, quando apresentou o Inconsciente como um componente psíquico desconhecido, obscuro e assim mesmo atuante em cada um de nós, abriu uma ferida narcísica na humanidade, porque nos coloca em frente ao fato de que não temos pleno domínio daquilo que fazemos ou do que somos pela via da razão e da consciência. Conhece-te a ti mesmo, neste contexto, significa conhecer seu próprio inconsciente, conhecer aquilo que não desejamos conhecer, porque significa reconhecer aquilo que cada um de nós faz com o que fizeram conosco. Reconhecer como repetimos fatos, mesmo que sofridos, em nossa história, significa se responsabilizar pela própria repetição, conhecendo os ganhos adquiridos por estes meios.