Saúde

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gravidez de risco

Mais de 120 dias dentro de um hospital A psicóloga responsável pela área materno infantil do HSVP, Débora Marchetti, compartilha sua percepção ao acompanhar os desafios enfrentados por Mirian e Ismael à espera de Giulia Martina. Com possibilidade de sofrer um aborto, Mirian precisou fazer repouso absoluto desde a 10ª semana de gestação | Págs 4 e 5

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acontece

endereços Passo Fundo Centro de Saúde (Posto Central) Rua Fagundes dos Reis, 270 (54) 3311-6494 Hospital São Vicente de Paulo Rua Teixeira Soares, 808 - Centro (54) 3316-4000

Clube Juvenil promove palestra sobre saúde O Clube Recreativo Juvenil promoverá, no dia 11 de julho, uma palestra com a nutricionista, Nicole Lima, que irá abordar as questões da saúde e do desempenho esportivo. O evento terá início às 19h30, no Salão Leopoldo

Bilhar, que fica localizado na Sede Social do Clube Juvenil, e todos estão convidados. Para participar, basta doar um 1kg de alimento não-perecível. As inscrições podem ser feitas em três locais dentro da Sede Social: na secre-

taria do Clube, na recepção da academia e na portaria da piscina térmica. As vagas para a palestra são limitadas. Mais informações podem ser adquiridas na secretaria do Clube ou pelo telefone 3313-4836.

aconteceu

Hospital São Vicente de Paulo - IOT Rua Uruguai, 2050 - Centro

UPF Carazinho realiza diálogos comunitários sobre saúde mental

Hospital de Clínicas de Passo Fundo

A depressão é um transtorno mental frequente que afeta mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades no mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. Quando os sintomas são menosprezados e a depressão não é tratada, pode se tornar grave e levar a uma crítica condição de saúde e, na pior das hipóteses, pode levar ao suicídio. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano – sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos, segundo a OMS. Para abordar essa temática, a UPF Carazinho promoveu nessa quarta-feira, dia 26 de junho, o evento “Diálogos comunitários”. Realizado em parceria com o Hospital de Caridade de Carazinho, o debate teve como tema “Saúde mental: depressão e suicídio, como reconhecer os sintomas”. Mais de 500 pessoas participaram da atividade, que teve como painelistas o psiquiatra e professor da UPF, Dr. Diego Giacomini, e o psicólogo clínico do HCC, Marcelo André Graciano. O evento, de acordo com a diretora da UPF Carazinho, Munira Awad, foi proposto a partir de uma conversa com o HCC e atendeu a uma demanda da própria comunidade. “A atividade retrata a

Rua Tiradentes, 295 - Centro/Annes (54) 2103-3333 Hosp. Psiquiátrico Bezerra de Menezes R. Ouro Preto, 240 - Vila Dona Eliza (54) 3046-7501 Hospital Municipal Rua Alcides Moura, 100 - Centro (54) 3316-4500 Hospital de Olhos C.L. Dyógenes A. Martins Pinto Campus I - UPF - Bairro São José (54) 3318-0200 Prontoclínica Tv. Dr. Arthur Leite, 58 - Centro (54) 3313-5100 Bombeiros 193

Carazinho

Foto: Arquivo/José Cruz/Agência Brasil

(54) 3045-9700

inserção da universidade no município e região, não só abordando o assunto mas também fazendo um alerta à sociedade. Os diálogos surgem com a proposta de trabalhar a nossa missão de levar conhecimento à comunidade”, frisa ela. A ação reuniu associações de bairros de Carazinho, professores e coordenadores de escolas, rede pública de saúde, além de integrar a comunidade da região com a presença de representes de cidades como Santo Antônio do Planalto, Almirante Tamandaré e Pinheiro Marcado. Presente na atividade, o vice-reitor de

Extensão e Assuntos Comunitários, Dr. Rogerio da Silva, destacou a importância de reunir a comunidade para tratar de um tema tão importante. O evento também contou com a presença do diretor da Faculdade de Medicina da UPF, professor Dr. Paulo Reichert. Para ele, a atividade demonstrou a importância de abrir espaços para debates sobre assuntos de interesse público. “Estamos difundindo o conhecimento e ouvindo a comunidade, isso valoriza a cidadania”, aponta ele, que ressalta a escolha oportuna do tema.

Hospital de Caridade Rua General Câmara 70

pesquisa

(54) - 3329-9898 Ambulatório Municipal Av. Pátria – próximo a Secretaria Municipal de Saúde ‎(54) 3329-2506 / 3329-2448 Hospital de Caridade de Carazinho Centro de Especialidades Médicas (CEM) Av. Pátria – próximo a Sec. Municipal de Saúde e HCC (54) 3331-4510 Bombeiros

Hospital São Vicente recruta pacientes para estudos clínicos As pesquisas clínicas são grandes aliadas para a melhora e evolução da medicina. Através delas é possível criar novos medicamentos, rastrear doenças e obter dados epidemiológicos. O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, por meio da Unidade de Pesquisa Clínica (UPC), participa e realiza estudos nacionais e internacionais em diversas áreas. A maioria dos estudos são multicêntricos, ou seja, acontecem em diversos países, em centros credenciados.

Atualmente a Unidade está trabalhando com diversos Estudos Clínicos, entre eles, um para pacientes pediátricos com Diabetes tipo 2. Os requisitos para participar são ter entre 10 e 18 anos; diagnóstico de Diabetes tipo 2; pacientes em tratamento com Metformina ou Insulina. Outra pesquisa em andamento que também está recrutando pacientes é de infectados com o vírus sincicial respiratório. Os pré-requisitos são, pacientes com idade acima de 18 anos, com Infecção

Diretora Comercial: Eliane Maria Debortoli

jornalista responsável Aline Prestes - RP 19.015

Editor Interino: Édson Coltz - RP 17.059

Foto de Capa: Cíntia Moraes | Divulgação HSVP

Viral do Trato Respiratório e que, apresentem alguns desses sintomas: febre, tosse, falta de ar, coriza, congestão nasal, dor de garganta, sendo que, os sintomas devem ser de no máximo cinco dias. Se você tem interesse em participar de um dos estudos ou busca mais informações, entre em contato com a Unidade de Pesquisa Clínica do HSVP pelos telefones: 3316-4076/3581-1831 de segunda à sexta das 08h às 12h e das 13hh30min às 17h30min.

193 Clélia Fontoura Martins Pinto - ME Matriz: Rua Independência, 917, sala 3 - Passo Fundo Contato: (54) 3316-4800


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sete dicas

Saiba como manter a pele hidratada no inverno Esteticista ensina cuidados simples e práticos para manter em dia a saúde da pele durante a estação

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aracterizado por dias curtos e noites mais longas, o inverno é o período mais frio do ano. A mudança de estação é sentida no corpo, sobretudo na pele, que demanda alguns cuidados especiais para se manter hidratada durante o período. Não é porque a exposição ao sol é menor que o cuidado com a pele deve diminuir. A esteticista Aline Morais, que atende pelo GetNinjas, maior plataforma de contratação de serviços da América Latina, selecionou algumas dicas simples e práticas para manter a saúde da pele em dia durante a estação. Confira abaixo quais são elas: Limpe a pele e use filtro solar Essa é uma das dicas mais importantes. Nesta etapa, você pode apostar em sabonetes específicos para o seu tipo de pele. No entanto, para reunir várias funções em uma só e fazer uma limpeza suave e, ao mesmo tempo, profunda, a melhor opção é utilizar água micelar com algodão. Além de eliminar a oleosidade no início do dia e remover toda a maquiagem no final dele, a água micelar ainda hidrata e reequilibra a derme em um único passo. Se a sua pele for mais oleosa, evite o hidratante e opte por produtos oil free. Depois, para finalizar, aplique o protetor solar - mesmo se o dia estiver nublado ou chuvoso. Ele cria uma barreira de proteção contra os raios UVA e UVB, impede o surgimento de áreas escurecidas no rosto, evita o envelhecimento precoce e previne contra problemas mais sérios, como o melasma, por exemplo.

Atenção à região dos olhos Uma ótima dica para evitar olheiras e inchaço na região dos olhos é fazer uso de um gel ou sérum em roll-on. Por causa da esfera metálica na ponta, ele cria uma sensação gelada que desincha as bolsas da região imediatamente, além de também contar com uma fórmula rica em ativos que tratam as linhas finas da idade e eliminam o aspecto escurecido. O passo a passo é o seguinte: aplique o produto pela manhã, depois de higienizar o rosto, passando sua esfera metálica delicadamente por toda a região dos olhos. Depois, aguarde a total absorção do gel para seguir com as demais etapas da sua rotina de cuidados.

Procedimentos estéticos Se você pensa em fazer procedimentos estéticos como peeling, por exemplo, o inverno é a época ideal. Isso porque tratamentos como estes não combinam com a exposição da pele ao sol muito intenso e neste período do ano os raios solares costumam estar mais fracos.

Cuide dos lábios Não é só a pele que precisa de esfoliação: o procedimento também é indispensável para deixar os lábios livres de ressecamento e das desagradáveis “pelinhas” que comprometem o acabamento do batom. Reserve um domingo a cada 15 dias para investir nessa técnica com esfoliante labial. Faça leves movimentos circulares para que a boca não acabe arranhada pelas pequenas esferas esfoliantes. Depois, é só finalizar com um hidratante labial e sair para arrasar!

Hora do banho O banho é um dos momentos ideais para cuidar da pele, mas neste período a atenção deve ser redobrada. Isso porque, pela queda de temperatura, tendemos a esquentar a temperatura do chuveiro, o que é perigoso para a pele. Procure manter a temperatura confortável, assim o calor do chuveiro deixa os poros abertos e prontos para uma limpeza rápida e prática. Para isso, utilize sabonetes específicos para o rosto.

Ative a sua pele Essa é uma outra dica importante. Nessa temporada, a esfoliação pode ser substituída pela aplicação de algum ativo de sua preferência. O ácido glicólico 6% é o mais indicado. Com aspecto de água, o produto promove a renovação celular, regenerando a pele de forma uniforme e delicada.

Cuidado com a alimentação No inverno, os cuidados com a pele também dependem da alimentação. É necessário beber, no mínimo, dois litros de água por dia. Os alimentos mais indicados são legumes, hortaliças e frutas ricas em vitamina C.


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relato

Qual é o tamanho do amor?

Fotos Cíntia Moraes | Divulgação HSVP

Nos 101 anos de história do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), de Passo Fundo, muitas histórias de luta e superação, são contadas diariamente. Desta vez, a psicóloga responsável pela área materno infantil do hospital, Débora Marchetti, compartilha a história da Mirian, Giulia Martina e do Ismael, uma família que tem muito a ensinar sobre resiliência e amor!

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ifícil responder, afinal, o amor pode ser medido? Essa pergunta remete a um livro intitulado “Adivinha Quanto Eu Te Amo” do escritor Sam McBratney. Sam conta a história de dois coelhos, Coelho Pai e Coelhinho, que disputam através de diferentes medidas, formas para quantificar o quanto eles se amam. Existem várias maneiras de amar, contudo, a que acompanho e provoca muitas emoções é o amor dos pais para com seus

Giulia nasceu no dia 28 de junho no Centro Obstétrico do HSVP

filhos. Já fiz parte de muitas histórias, já acompanhei muitos desses amores. Com eles vivi suas dores, tristezas, desesperos, ansiedades, medos, expectativas, esperanças... Sim, todas estas e outras tantas, emoções e sentimentos um filho pode provocar. Giulia Martina é uma dessas filhas, que antes mesmo de existir, já era amada e desejada. Contudo, a gestação da mãe Mirian Bervian Richter, não aconteceu como o esperado desde o início. Para Giulia Martina seguir se

desenvolvendo Mirian precisou fazer repouso absoluto em casa desde a 10ª semana de gestação, em função de sangramento, pois, poderia sofrer um aborto. As semanas seguiram e, no morfológico descobriu que o colo do útero estava aberto e com dilatação, Giulia Martina poderia nascer a qualquer momento. Por essa gravidade e risco, Mirian internou na Maternidade do Hospital São Vicente de Paulo e com fé, apoio do marido Ismael Richter, de amigos e familia-

res, do acompanhamento da Médica Ginecologista e Obstetra Hellen Jeanine Portelinha, Médica Pediatra Neonatologista Jaqueline Cabeda, da Equipe de Enfermagem, dos diversos profissionais da Copa, Higienização, Nutrição, Psicologia, Guardas, Recepção, Fisioterapia e, principalmente, por amor a todos os sonhos e planos em que Giulia Martina dia a dia ajudava a construir, Mirian permanecia resistente na indicação médica de repouso absoluto, que significava: ficar restrita ao


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leito. Dias, semanas e meses passaram... Mirian sabia que esse tempo representava a conquista no desenvolvimento e possibilidade de vida para Giulia Martina. Mirian e Ismael mudaram suas vidas, a casa se tornou o ambiente hospitalar, porém, cada pessoa que entrava no quarto 441B, se deparava com um casal que, mesmo compreendendo os riscos de um parto antecipado, se permitia viver e sentir o amor. O amor deve ser isso: abdicar para conquistar e transformar. Giulia Martina transformou não apenas os pais, mas, os amigos, familiares, a equipe que se envolveu no cuidado e a todos, que de uma forma ou outra acompanhavam com expectativa o desenrolar da gestação. Qual o tamanho do amor? Não tem medida quando

se trata de um amor que transborda. Giulia Martina, com sua vida, contou a história de outras tantas. Giulia Martina representa as várias crianças que lutam por suas próprias vidas, que entre o medo e a esperança, o futuro pode ser incerto. Ismael e Mirian retratam o amor sentido na dor e na alegria de vários outros pais e casais que esperam também para contar a biografia dos seus filhos. Caminhando pelo corredor da Maternidade lembro-me do final da história do livro “Coelho Pai diz ao seu Coelhinho: Eu te amo daqui até a lua... Ida e volta!”. Penso que é um amor imensurável esse! Tanto quanto os 120 dias de internação e o tempo todo dessa vida que Giulia Martina, Ismael e Mirian terão pela frente!

Fonte: Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrício)

GRAVIDEZ DE RISCO

Um pré-natal de alto risco se refere ao acompanhamento que será feito com uma gestante que tem uma doença prévia ou durante a sua gravidez, que sugere que essa seja uma gravidez de risco. Assim, basicamente se enquadram em pré-natal de risco três condições: as mulheres com doenças crônicas prévias à gestação, aquelas que tiveram uma gestação anterior de alto risco e aquelas que identificam, no curso da gravidez, uma condição ou doença que vai oferecer risco para ela e a para o bebê. No primeiro caso, se enquadram mulheres que sofrem de hipertensão arterial, diabetes, lúpus, doenças psiquiátricas, neurológicas ou cardíacas ou infecções crônicas, como Hepatite e HIV. As pacientes com essas condições devem compartilhar com seu especialista o desejo de engravidar, antes de interromper o método anticoncepcional. Dessa forma, o médico que a acompanha, como cardiologista, neurologista, infectologista ou outro especialista, já deve alinhar com o obstetra as medicações e condutas que devem ser tomadas antes da concepção e durante a gestação. Para o segundo grupo, é recomendado o acompanhamento de alto risco quando houve uma gravidez anterior com histórico de hipertensão, abortos de repetição, descolamento prévio da placenta, por exemplo. Tudo isso deve ser observado pelo obstetra para colocar essa futura mamãe sob um olhar mais criterioso. E ainda, se no decorrer da gestação acontecer um quadro de diabetes que não existia antes, ou a descoberta da pré-eclâmpsia, bem como ter uma infecção viral ou bacteriana, o obstetra mudará o olhar para essa grávida e ela se torna uma gestante de alto-risco. A depender dessas três classificações – e outras que possam ser diagnosticadas pelo médico no início ou no decorrer da gravidez – a avaliação pré-natal será diferente de uma avaliação normal. Por exemplo, uma diabética pode ter que fazer mais consultas do que uma mulher sem essa condição. Um pré-natal normal tem uma consulta por mês, começando o mais cedo possível, até a 32ª semana. A partir daí e até a 36ª semana, uma consulta a cada 15 dias e depois, até o parto, uma consulta semanal. São mais do que as seis consultas mínimas preconizadas pelo SUS – que trata mesmo do mínimo necessário para qualquer pré-natal. Condições prévias pedem consultas mais frequentes ao obstetra e, a depender da doença, o acompanhamento também do especialista. Avaliações laboratoriais e de imagem também podem ser solicitadas em maior número para se saber se o bebê está sofrendo com a condição da mãe. Lembrando sempre que o pré-natal bem feito garante a saúde e a segurança da mãe, o bom desenvolvimento do bebê e um encontro tranquilo dos dois durante o parto.


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pesquisa

Excesso de exercícios leva a alterações negativas em órgãos vitais

prática de exercícios físicos intensos sem o tempo de recuperação adequado provoca alterações negativas em estruturas vitais do organismo, como coração, fígado e sistema nervoso central, revela pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto. Antes, já era sabido que esse tipo de treinamento intenso sem intervalos necessários levava à síndrome do overtraining, desencadeando sintomas como depressão, insônia, irritabilidade, queda na imunidade, perda de apetite e de peso. O trabalho mostra que os prejuízos vão além da queda do rendimento. O professor Adelino Sanchez Ramos da Silva, da Escola de Educação Física e Esporte, disse que a síndrome de overtraioning era explicada, até então, pelo fato de que lesões no tecido musculoesquelético causadas pelo exercício excessivo induziriam à liberação na corrente sanguínea de substâncias pró-inflamatórias (proteínas produzidas por células de defesa e conhecidas como citocinas), que desencadeariam os efeitos sistêmicos. A pesquisa, coordenada por ele, comprovou essa hipótese, formulada há 20 anos, e mostrou que há outras alterações negativas em órgãos vitais. “O diferencial dos nossos estudos, que vêm sendo desenvolvidos há 10 anos, é que, além dessas alterações, nós verificamos, em estudos com camundongos, que o desequilíbrio entre o excesso de exercício físico e o período destinado à recuperação está associado a uma inflamação em músculos esqueléticos, sangue, hipotálamo, coração e fígado”, explicou Silva.

Foto: Arquivo/José Cruz | Agência Brasil

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Antes, já era de conhecimento que esse tipo de treinamento intenso sem intervalos necessários levava à síndrome do overtraining

O exercício físico - feito de forma regular e moderada e sob orientação de um profissional de educação física - é uma estratégia

Subida e descida Foram feitos testes com camundongos, submetidos a diferentes práticas de overtraining, como corrida no plano, na subida e na descida, durante oito semanas. Todos os protocolos de exercícios em excesso provocaram prejuízo na sinalização da insulina no tecido musculoesquelético, ou seja, as células musculares ficaram com mais dificuldade de captar a glicose que circula no sangue. “Essa dificuldade foi compen-

sada tanto pelo coração quanto pelo fígado, que aumentaram os estoques de glicogênio”, disse Silva. Ele acrescentou que o coração apresentou sinais de fibrose e também sinais moleculares de hipertrofia patológica. O fígado teve aumento da gordura que ocorre, por exemplo, em doenças como diabetes e obesidade. A inflamação no hipotálamo foi associada à diminuição do apetite e do peso corporal dos camundongos.

“É importante frisar que, após duas semanas de recuperação total, em que os animais não foram submetidos a nenhuma sessão de treinamento, as alterações inflamatórias no músculo esquelético, no soro e no hipotálamo retornaram aos valores normais, no entanto, o desempenho dos animais continuou diminuído”, afirmou. Segundo o pesquisador, esse resultado sugere que outros mecanismos, além da citocinas pró-inflamatórias, estejam envolvidos na diminuição do desempenho em resposta ao desequilíbrio entre o excesso de exercício físico e o período destinado à recuperação. “Os próximos passos da nossa pesquisa serão avaliar animais que apresentam deficiência dessas citocinas, que são conhecidos como animais nocaute, para que possamos averiguar qual o real papel dessas citocinas”, afirmou. Educação física Silva destacou que o exercício físico - feito de forma regular e moderada e sob orientação de um profissional de educação física - é uma estratégia “não farmacológica extremamente eficiente para a prevenção e tratamento de diversas patologias”. “Os nossos resultados servem como alerta para os indivíduos que treinam em excesso e não respeitam um período adequado de recuperação. Esse período varia muito em relação a sessões de treinamento e ao nível inicial de condicionamento do praticante. De forma geral, nós podemos dizer que um período entre 24 horas e 48 horas é suficiente para a recuperação”, finalizou.


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GRIPE A

Estado registra 12 mortes este ano Os últimos casos confirmados de morte ocorreram em um bebê e em dois idosos. Em Passo Fundo, três casos foram confirmados, mas sem mortes. Carazinho não tem registros da doença

Bronquiolite viral aguda: Não se desespere tossir é normal Dra. Rita de Cássia do Rosário Nunes

Foto: Arquivo Agência Brasil

Pneumologista pediátrica, professora da disciplina de Pediatria da UPF e Doutora em Ciências Pneumológicas pela UFRGS

Alan Dose Falcão Acadêmico do curso de Medicina da Universidade de Passo Fundo

por ANA CLÁUDIA CAPELLARI anaclaudia@diariodamanha.com

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e acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), o Rio Grande do Sul registra até o momento 12 casos de mortes por Gripe A e 90 casos confirmados. Em 2018, nessa mesma época do ano, a Secretaria já contabilizava 33 mortes e 251 casos confirmados. Ainda conforme o boletim, 70% dos casos confirmados de gripe A apresentavam pelo menos um fator de risco. Já com relação aos casos de morte, mais de 90% apresentavam fator de risco. Na última semana, três mortes foram confirmadas. Duas de idosos, um de 74 anos e outro de 62. A terceira vítima da gripe, um bebê de cinco meses, tinha histórico de doença cardiovascular. Em Passo Fundo, que compreende a região da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde, conforme o Boletim, três casos foram registrados, um em um bebê de um ano, em um de seis meses e outro de dez meses, mas não foi confirmado nenhuma morte. Em Carazinho, conforme a Coordenadoria, nenhum caso foi registrado.

Até o momento, os casos confirmados de Gripe ocorreram em 37 municípios gaúchos. O relatório da SES indica que a Região Metropolitana registra mais de 50% dos casos. Fora da Região Metropolitana, São Gabriel e Santa Cruz do Sul possuem 4,4% dos casos positivos para a doença.

10 ANOS

Após a primeira incidência da doença no Estado, em 2009, o vírus Influenza A H1N1 circulou com maior frequência nos anos de 2012 e 2013. Nos anos seguintes, em especial 2014 e 2015, segundo dados do Boletim, o vírus predominante não foi o H1N1, mas sim o H3N2. Em 2016, novamente o vírus letal de 2009 voltou a circular. Em 2017, o padrão se repetiu o vírus predominante era do H3N2. Já no ano passado, voltou o da Influenza A H1N1.

ENTENDA

A ‘gripe A’ é causada pelos vírus influenza A, com seus subtipos H1N1 e H3N2, e pelo influenza B. As vacinas disponibilizadas nas campanhas ao longo do ano são chamadas de trivalente e imunizam contra a influenza A (H1N1 e H3N2) e a influenza B.

Neste inverno de 2019 muitas crianças já foram diagnosticadas com Bronquiolite Viral Aguda que, como o nome diz, é uma doença causada por um vírus, assim como o sarampo, a caxumba e a catapora, mas ao contrário destas, não possui vacina eficaz ainda. O vírus causador da doença é o vírus sincicial respiratório que em adultos e criança mais velhas causa apenas um resfriado comum, e raras vezes um quadro de gripe, mas que na primeira vez que causa infecção na vida de uma pessoa, compromete toda a árvore respiratória, particularmente os bronquíolos, os quais que são “o finalzinho” do pulmão e por isso são extremamente pequenos e facilmente se tornam obstruídos, o que dificulta a entrada e saída de ar. Essa obstrução causa sintomas semelhantes à asma: chiado no peito, respiração rápida e nos quadros graves gemência e descoloração azulada da pele ao redor da boca que indica queda na quantidade de

oxigênio no sangue. No entanto, diferente da asma, a Bronquiolite não responde à nebulização nem ao uso de corticoides. Apesar da doença ser conhecida há mais de 50 anos, seu tratamento ainda permanece o mesmo de quando foi descrita pela primeira vez: manter o nariz desobstruído, hidratar pela via oral quando possível ou endovenosa quando a respiração acelerada impedir a alimentação e ainda oxigênio quando necessário. Devemos lembrar que o quadro é viral e possuindo um ciclo que pode durar de 7 a 10 dias em média, com tosse residual por até 30 a 60 dias, portanto, é necessário ter paciência e aguardar a completa resolução do quadro. Quando os sintomas se arrastam por mais tempo que este período ou ainda quando a criança apresenta sinais de gravidade, podemos lançar mão de certos tratamentos adicionais, mas nesse caso, apenas o médico pode decidir quais são eles.


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alerta

Uso indevido de antibióticos causa resistência antimicrobiana Foto Divulgação UPF

Pesquisa feita pelo curso de Química da UPF analisa o uso irracional dos antibióticos Amoxicilina e Azitromicina

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A resistência aos antibióticos se tornou um grande desafio para a saúde pública, acarretando complicações no tratamento

ma pesquisa realizada no curso de Química Bacharelado do Instituto de Ciências Exatas e Geociências da Universidade de Passo Fundo (Iceg/UPF) aborda o uso irracional de antibióticos. O estudo é feito pela acadêmica Laís Cella, sob a orientação da professora Me. Janaína Chaves Ortiz, no Programa de Iniciação Científica do curso. A prática do uso irracional de antibióticos é a principal causadora de surgimento de resistência aos antimicrobianos Amoxicilina e Azitromicina, muito utilizados, por exemplo, no tratamento de infecções do trato respiratório. A pesquisa da acadêmica vai apontar de que modo esses antibióticos – Amoxicilina e Azitromicina – agem no organismo, quais as interações químicas envolvidas, enfatizando as estruturas químicas e as reações que esclarecem como se dá a resistência a esses medicamentos. “A resistência aos antibióticos

se tornou um grande desafio para a saúde pública, pois pode acarretar maiores complicações no tratamento, aumentando, assim, o número de hospitalizações mais longas e possivelmente um aumento no número de óbitos decorrente da falta de opções de tratamento”, ressalta a acadêmica. O uso de antibióticos se tornou indispensável para um tratamento mais eficaz e rápido de doenças infecciosas, porém, cada antibiótico apresenta características próprias e é prescrito para determinada infecção, ou seja, não significa que será eficaz contra todas as infecções existentes. Quando as bactérias causadoras das doenças infecciosas passam por mutações ou adquirem genes que lhe atribuem resistência, o antibiótico age eliminando as bactérias mais suscetíveis a sentir influências, deixando as bactérias mais resistentes para continuar se desenvolvendo e

persistir no organismo, acarretando em infecções decorrentes, pois o antibiótico passará a não fazer mais o efeito esperado. De acordo com a acadêmica, a automedicação se tornou uma prática muito comum e presente na vida dos seres humanos. “As pessoas não se dão conta do mal que estão fazendo a si mesmas ingerido um medicamento – ou por iniciativa própria ou até mesmo por indicação de pessoas próximas – sem ter o conhecimento necessário sobre o antibiótico, a quantidade recomendada e o período de tempo que se pode fazer o uso da droga”, enfatiza a autora da pesquisa. A orientação médica é essencial para o tratamento. “As orientações clínicas são as formas mais importantes para garantir o uso correto de antimicrobianos. É preciso que cada um faça a sua parte”, ressalta Laís.


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