Como dinamizar a biblioteca

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Como dinamizar a Biblioteca? Dinamizar uma biblioteca é dar-lhe vida, torná-la movimentada e num espaço de aprendizagem. Ao dinamizar uma biblioteca, devemos delinear os seguintes objetivos gerais: - Sensibilizar os leitores para a utilização da biblioteca. - Fazer sentir a importância da utilização do livro como processo de recrear ou como fonte de informação. - Equacionar o livro em relação a outras formas de expressão. - Coordenar atividades da biblioteca com objetivos e conteúdos programáticos. - Planificar as atividades a realizar na biblioteca. - Transformar a biblioteca num espaço de lazer e cultura. - A biblioteca deve fazer parte do Projeto Cultural. Definidos os objetivos, os organizadores deverão apostar num conjunto de materiais pedagógicos e atividades que, para além de contribuírem para dinamizar a biblioteca, ou seja, torná-la viva, contribuam também para a incluir na rota diária das escolas, aprendizagens e ainda para criar nos alunos o gosto pela leitura, escrita, pesquisa, seleção e organização da informação para a transformar em conhecimento mobilizável, realização de atividades de forma autónoma, responsável, criativa, e cooperar com outros em tarefas e projetos comuns.

Assim, seguindo esta linha de raciocínio, os materiais abaixo indicamos uns bons auxiliares no alcance dos objetivos anteriormente mencionados Ficha de Leitura É uma ficha que obriga o aluno a explorar o livro, para a poder realizar. Esta deve conter o nome do livro, do autor, da editora, um espaço para um pequeno resumo da obra, etc. Podemos ainda acrescentar informação, consoante o nível etário das crianças. Casinha das Histórias É uma fábrica de histórias, constituída por uma série de janelas, cada uma com doze propostas com os "ingredientes" indispensáveis à construção de uma história: uma fórmula para começar, o espaço onde se passa a história, o tempo em que as coisas acontecem, as personagens (boas e más), a missão a cumprir, os que atrapalham o herói, os que ajudam o herói, provas a vencer, "a magia" para vencer os obstáculos e o final da história. Poderá ainda estar acompanhado do Bilhete de Identidade da História. Este material auxiliar ajudará a criança a organizar a história de acordo com a sua sequência de escrita. Possibilitará também aos alunos a elaboração de inúmeras histórias e a sua comparação com as outras, ajudandoos também a aperceberem-se e a irem interiorizando a sequência organizacional que a escrita de uma história implica. Poderá ser usado nas diferentes modalidades de trabalho (individual, a pares, em pequeno ou em grande grupo). Salada de Histórias É um saco onde estão diversas figuras (a cores) de personagens de histórias (uns conhecidos, outros não), de onde os alunos podem tirar um personagem ou mais (o número de personagens a retirar por cada aluno pode ser definido consoante o número de crianças que participam na actividade) e inventarem uma história (escrita ou oral) onde entrem esses mesmos personagens. Esta atividade pode também ser realizada individualmente, a pares, em pequenos grupos ou em grande grupo. Tiras das Histórias É uma caixa onde estão várias tiras com bocados de diversas histórias (umas conhecidas e outras não), em que os alunos vão tirando tiras e escrevendo a sua história. Estas tiras podem ser tiradas aleatoriamente ou então o aluno deverá retirar as tiras que correspondam à história transcrita na primeira tira que tirou. Este material poderá ser ainda útil para realizar jogos de ordenação com os alunos (cada criança retira uma tira, lê-a e procura os colegas que têm as restantes tiras que pertencem à mesma história que a dela; no final depois de todas as crianças/tiras estarem reunidas, as tiras devem ser organizadas sequencialmente e cada grupo apresentar a sua história aos restantes elementos da turma; para apresentarem a história, além de a ler, os alunos podem recorrer à dramatização ou apresentação de fantoches. Para as crianças mais pequenas, as tiras devem estar organizadas por cores e conter pequenas frases sobre a história, de forma a facilitar a atividade e de a adequar à faixa etária dos alunos. A Caixa Mágica É uma caixa que contém diversos objetos que incentivam a criatividade e conduzem à magia. São objetos que entram nas histórias tais como: chave velha, brinquedos, coroa, baú, anel, mapas, entre outros. Na caixa mágica está um cartão que contém as palavrinhas mágicas que os alunos terão que pronunciar antes de colocarem a mão na manga da caixa e retirar o seu objecto, pois só assim, se poderão "transformar" no objecto que tiraram da caixa e escrever a sua história como se fossem aquele mesmo objeto. Este material poderá aplicado a qualquer modalidade de trabalho, pois o professor também pode elaborar uma história colectiva com ela (cada aluno retira um objeto, "transforma-se" nele e conta um pedaço da história, um outro colega retira outro objeto e continua a contar a mesma história, acrescentando-lhe um novo personagem - o


seu próprio objeto, e assim sucessivamente, de forma a participarem todas as crianças da turma). Ficheiro de Leitura das Histórias É uma caixa com cartões que servem para brincar com as histórias, ou seja, os cartões têm atividades curtas que obrigam o aluno a interagir com as histórias que leu; servem ainda para testar a compreensão que o aluno obteve da história. Apresenta propostas do tipo: preencher lacunas da história, acrescentar novos personagens e novos enredos à história, identificar o tempo e/ou o espaço onde a mesma se desenrola, identificar as personagens principais e/ou secundárias, entre outras. Ficheiro de Escrita Criativa Pode encontrar-se organizado num dossier e apresenta diversas propostas que apelam à imaginação da criança, ou seja são dadas algumas pistas (inícios, meios o finais de histórias), a partir das quais os alunos terão que escrever o resto da história. Luvas Mágicas É um par de luvas que se apresenta como um convite à exploração da imaginação dos alunos, serve também para trabalhar a estrutura narrativa. O aluno calça as luvas, escolhe aleatoriamente um dedo e terá que construir uma história a partir daquilo que está escrito no dedo que escolheu.

É possível ainda realizar as seguintes atividades, A Hora do Conto Esta atividade poderá ser realizada no início de um determinado dia da semana, escolhida pela biblioteca e combinada com professor e alunos. Com as crianças sentadas no chão (em cima das almofadas ou da manta) enquanto é contada uma história. Esta história pode ser contada pelo professor, pelos alunos individualmente ou em pequenos grupos, um pai, uma mãe, uma avó, um irmão, uma ama (alguém directamente ligado às crianças), ou ainda, alguém ligado ao povo, com uma profissão ambulante/popular. O que importa é que o contador de histórias as sinta com o coração e as encarne, quando as conta. Nesta actividade também se podem mobilizar várias formas de expressão e diversos tipos de materiais, o essencial é deixar fluir a imaginação. Podem ser convidados a assistir a esta atividade, outros alunos da escola. Esta permite trabalhar os seguintes conteúdos/objetivos: - Identificação de intervenientes, de locais de ação (temporais e espaciais). - Formulação de questões/perguntas e respostas. - Aperceber-se das várias entoações/variações expressivas da Língua Portuguesa e reproduzi-las. - Retirar as ideias essenciais do texto. - Possibilitar o reconto do texto. - Interiorização da estrutura narrativa (muito importante para que a fábrica de histórias possa funcionar corretamente) e/ou de outros tipos de textos. - Atividades de exploração e de compreensão do texto ligadas à Língua Portuguesa ou outras áreas consoante o conteúdo do texto. - Discussão sobre o que é o título de um texto. - Fomentar o respeito pelo autor. Este momento é principalmente importante porque: as crianças para escreverem precisam de ouvir alguém ler histórias e porque, para além destes objetivos, esta atividade permite mobilizar todas as áreas curriculares para este momento, com o propósito de serem trabalhadas numa perspectiva transversal, tendo como base a história que foi contada. Sessões de Poesia Estas sessões podem também ser realizadas um dia por semana, num momento fixo, e nela, tanto quem promove como os alunos podem brincar com a leitura da poesia, estando sensíveis ao ritmo e à essência da imagem poética. O leitor de poesia poderá cantá-la, valorizar os sons das palavras, dar valor ao som anímico das vogais, enfatizar o valor descritivo das consoantes, inventar cantilenas, de diferentes sons e cadências, que exprimam diferentes sentimentos que evocam diferentes imagens.


Podemos fazer isto como um jogo onde o corpo também entra: abrindo-se ao som, recolhendo-se ao som, erguendo-se ao som, arredondando-se ao som, alongando-se ao som. Depois dos leitores já terem algum contato com o texto poético e explorado as suas características poderão eles próprios ser autores de poesias. Para tal, o pode-se colocar a um cantinho da biblioteca, um cesto com algumas imagens sugestivas que possam inspirar a escrita da poesia; os alunos poderão escolher as imagens que quiserem e, baseando-se nelas, escreverem os seus poemas; estas produções (que podem ser feitas individualmente ou em pequenos grupos) serão colocadas numa caixa ou num dossiê próprio, para mais tarde poderem ser trabalhadas nas sessões semanais de poesia. Podem ainda ser convidados a assistir a esta atividade outros alunos da escola. Leitor do Mês Todas as crianças deverão ter um cartão de leitor onde serão inscritos todos os livros que requisitam e no final de cada mês, depois de se conferir que o aluno preencheu corretamente todas as fichas de leitura referentes aos livros que requisitou, deverá ser feita uma contagem e atribuir um prémio (que deverá ser um livro ou qualquer outro material que incentive a leitura) ao quem mais livros leu durante o mês. Livro do Mês No final de cada mês, bibliotecários e leitores deverão juntar-se para fazer uma análise aos cartões de leitores e, através de gráficos, procederem à contagem dos livros mais lidos durante aquele mês. Após descobrirem qual o livro mais lido, deverão organizar uma sessão para explorarem e trabalharem o livro com todos os alunos da turma. Jogos de Advinhas Inicialmente o bibliotecário, combina com alguns leitores que tenham lido alguns livros para poderem organizar sessões de advinhas sobre os livros, CD-ROMs e DVDs que compõem a biblioteca, por exemplo, podem fazer cartões e colocá-los num saco (que não seja transparente) para que os restantes colegas os possam escolher aleatoriamente. Os cartões devem conter atividades do tipo: procura de todos os livros e material não livro que contem histórias sobre animais; procura de todos os livros que falem sobre princesas, fadas, bruxas, etc.; de procura todos os livros e material não livro cujo título tenha o nome de uma cor; procura de todos os livros que tenham no título um nome próprio; procura de todos os livros de um determinado autor, entre outras. O objetivo desta atividade é que os alunos explorem e fiquem a conhecer melhor todos os materiais que compõem a biblioteca. É uma atividade ideal para ser realizada quando a mesma entrar em funcionamento. Ateliers de Leitura Os ateliers são momentos importantes de leitura e de produção "para os outros"; é um momento curto, podendo durar meio-dia e que deve ser organizado de 15 em 15 dias. O professor distribui aos alunos, que estão organizados em pequenos grupos, diversos tipos de textos: contos, poemas, diálogos, músicas, notícias, uma receita, etc. Cada grupo irá apresentar o seu texto aos restantes utilizando os diversos modos de expressão: fantoches, mímica, teatro, montagem sonora (ruídos artificiais), uma filmagem, entre outras. O responsável poderá ainda organizar a atividade de uma outra forma: dar um texto igual a todos os grupos e apreciar as diferentes formas de apresentação de um mesmo texto. No final, professor e alunos convidados poderão organizar um grupo de discussão (debate) sobre as diferentes formas de apresentação dos diversos grupos, tecer críticas e dar sugestões. Apresentações de Livros Estas apresentações têm como principal objetivo explorar o livro e podem ser feitas pelo bibliotecário, pelos alunos, por um escritor convidado ou ainda por um familiar de algum dos leitores. A pessoa que for apresentar o livro, poderá começar a sua exploração pela capa e pelo título, perguntando às crianças o que é que os mesmos lhe sugerem; posteriormente poderá partir para o espaço, o tempo ou as personagens do livro e questionar as crianças sobre o que é que elas acham que o mesmo fala ou quais são os papéis daquelas personagens, etc. Se forem as crianças a apresentar o livro, poderão ser convidados a assistir outros alunos da escola, do mesmo ano de escolaridade, ou de outros anos. Esta atividade tem como principal finalidade instigar a curiosidade dos alunos pelos livros. Exposições das Produções das Crianças


Ao expor as produções dos leitores (histórias, poemas, trabalhos de pesquisa, etc.) pelo espaço circundante da biblioteca que estará não só a valorizar o trabalho dos visitantes, como incentivando os alunos a lerem as produções uns dos outros, estará ainda a proporcionando o contacto e a criar o interesse de toda a comunidade escolar pelo ambiente (pais, auxiliares, professores e alunos) Feiras do Livro Quando sentirem necessidade de reciclar o material da Biblioteca, poderão organizar uma feira do livro, vendendo livros velhos para comprar livros e materiais novos. Esta será também uma forma de atrair a comunidade escolar à biblioteca.

Desde que haja, da parte dos coordenadores de biblioteca das turmas (professor e alunos) predisposição para dinamizar, imaginação e gosto pela leitura e pela escrita, existe um grande manancial de materiais e atividades que podem possibilitar uma boa exploração e dinamização da biblioteca. Desde que esta esteja incluída no quotidiano diário das turma e na rota das aprendizagens serão muitas as formas de utilização da mesma. A dinamização da biblioteca deve incentivar o aluno: à leitura, à escrita, à pesquisa, à crítica e ao imaginário. CATALOGAÇÃO - título, autor(es), tradutor(es), número da edição, editor, local e data de publicação, número de páginas, Qualidades do bibliotecário Disponibilidade, cooperação, orientação, bom relacionamento, entusiasmo, dinamismo e colaboração. Completa Amato e Garcia ser um elemento sempre atento às atividades que são desenvolvidas pelos professores, auxiliando-os na função pedagógica. Deve ter criatividade, interesse, um certo conhecimento em organização de bibliotecas, para que os serviços prestados visem a um arranjo que facilite o manuseio do acervo e o atendimento do leitor."

os objetivos da biblioteca escolar são: - ampliar conhecimentos, visto ser uma fonte cultural; - colocar à disposição dos alunos um ambiente que favoreça a formação e desenvolvimento de hábitos de leitura e pesquisa; - oferecer aos professores o material necessário à implementação de seus trabalhos e ao enriquecimento de seus currículos escolares; - colaborar no processo educativo, oferecendo modalidades de recursos, quanto à complementação do ensinoaprendizagem, dentro dos princípios exigidos pela moderna pedagogia; - proporcionar aos professores e alunos condições de constante atualização de conhecimentos, em todas as áreas do saber; - conscientizar os alunos de que a biblioteca é uma fonte segura e atualizada de informações; - estimular nos alunos o hábito de freqüência a outras bibliotecas em busca de informação e/ou lazer; - integrar-se com outras bibliotecas, proporcionando: intercâmbios culturais, recreativos e de informações." "Se há uma biblioteca com um espaço físico determinado, que ele esteja sempre aberto, que seja agradável, acolhedor, conquistador, sem cão de guarda, sem cartazes proibitivos: por que não avisos mais simpáticos? Menos autoritários? Feitos pelos próprios freqüentadores da biblioteca?"


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