PORTFOLIO LetĂcia Lampert Selected works | 2007-2017
DEPOIMENTO PESSOAL
ARTIST’S STATEMENT
Não sou arquiteta e nem nunca pensei em ser, mas esta é uma pergunta frequente sempre que apresento meu trabalho. De fato, questões sobre os espaços urbano e doméstico são bastante recorrentes na minha produção. Gosto de investigar como a arquitetura afeta a vida das pessoas e como características de construções podem influenciar comportamentos e percepções. Me interesso pelo crescimento das cidades, as mudanças na paisagem, os efeitos da especulação imobiliária e vestígios de colonização num mundo cada vez mais globalizado. Nesta pesquisa, o deslocamento é sempre um potente ativador do processo e muitos trabalhos estão relacionados a viagens e períodos de permanência em outros países. Percebo que as cidades exercem influência direta sobre meu processo, e entender como cada lugar me afeta e leva a trabalhar de uma forma específica é parte fundamental da minha pesquisa como artista de uma forma mais ampla.
I am not an architect, and I never thought about being one, but this is a very common question whenever I show my work. In fact, the investigation about the domestic and urban spaces are recurrent in my production. I like to observe how architecture affects people´s life and how building´s features can influence behaviors and perceptions. I am interested about the cities´ growth, the changes in the landscape, the effects of real estate speculation and the late signs of colonization in a globalized world. In this research, the displacement is always a powerful activator and many works are related to trips and periods of stay in other countries. I realize that cities have a direct influence on my process, and understanding how each place leads me to work in a specific manner is a fundamental part of my research in a broader way.
Por esta vontade de observar e entender o mundo a minha volta, a fotografia surgiu como meio natural de trabalho. Um meio que me permite catalogar, comparar, reorganizar, interferir, recortar e colar o cotidiano, buscando outras formas de ver as mesmas coisas e ativando a percepção. Talvez pela relação direta com a percepção, a cor é outro eixo forte na minha produção, aparecendo em diferentes séries seja como tema principal, seja como elemento de ligação entre as imagens. Mas ainda que trabalhe quase sempre com fotografia, não pretendo restringir o trabalho a meios ou questões definidas. Acredito que o artista deva buscar a constante expansão do seu universo e procuro me manter aberta para novas experiências e formatos, deixando que o próprio processo conduza sua execução.
From this desire to connect with ambient around me, photography emerged as a natural means. A medium that allows me to catalog, compare, reorganize, interfere, cut and paste the everyday life and expanding the perception. Perhaps because of the direct relationship with perception, color is another strong axis in my production, appearing in different series either as the main theme or as way to investigate the landscape. But even working almost always with photography, I do not intend to restrict my work to a specific media or issue. I believe that an artist must seek for the constant expansion of his universe and creative process, so I try to be open to new experiences and formats, letting the actual questions of the work leading to a coherent way of execution and presentation.
Letícia Lampert Porto Alegre, 1978 www.leticialampert.com.br contato@leticialampert.com.br +55 51 9979 2354
Education 2013 » Mestre (MA) em Poéticas Visuais | PPGAV-UFRGS 2009 » Graduada (BA) em Artes Visuais, ênfase em Fotografia | UFRGS 2000 » Graduada (BA) em Design Industrial, ênfase em Programação Visual | ULBRA/RS Solo Exhibitions 2016 » Projeto Quadro Branco | Studio Clio | Porto Alegre, RS 拆 [chai] | Galeria Mascate | Porto Alegre, RS 2013 » Conhecidos de Vista | Galeria Augusto Meyer | CCMQ | Porto Alegre, RS 2012 » Nalgum lugar entre lá e aqui | Sala da Fonte - Paço Municipal | Porto Alegre, RS 2009 » Escala de Cor das Coisas | Galeria La Photo | Porto Alegre, RS 2008 » (des)construções | Galeria dos Arcos - Usina do Gasômetro | Porto Alegre, RS Residencies 2015 » The Swatch Art Peace Hotel - Shanghai - China Prizes 2015 » 2013 » 2012 » 2009 »
Fumproarte | Porto Alegre, RS Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger - categoria Trabalhos de Inovação e Experimentação em Fotografia | Salvador, BA III Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea | Brasília, DF Menção Honrosa 2o Prêmio IEAVi Incentivo à Produção de Artes Visuais | Porto Alegre, RS Prêmio Aquisitivo do Salão Unama de Pequenos Formatos | Belém, PA Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria “Destaque em Fotografia” FestFotoPoa 2009 - Fotograma Livre | Centro Cultural Erico Veríssimo | Porto Alegre, RS Fumproarte | Porto Alegre, RS
Major Group Exhibitons 2017 » Do abismo e outras distâncias | Curadoria Bruna Fetter | Galeria Mamute | Porto Alegre, RS 2016 » Arte Pará, Casa das Onze Janelas | Belém, PA Campo Expandido - Mostra de Fotolivros | Centro Cultural SESI/AML | Londrina, PR
SP-Arte/Foto, Shopping Iguatemi - Stand da Galeria Biographica | São Paulo, SP 2015 » We are all looking for Astronauts | We International Hub | Shanghai, China Fotos contam Fatos, curadoria Denise Gadelha | Galeria Vermelho | São Paulo, SP SP-Arte | Showcase Galeria FotoSpot | Pavilhão Bienal | São Paulo. SP Gestos, relatos, escritas e autofições | Curadoria Mariano Klautau | Centro Cultural Yves Alves | Tiradentes, MG Livro de Artista no Brasil, curadoria Amir Brito Cadôr e Fernando Pedro da Silva | Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães - Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa | Belo Horizonte, MG 2014 » Neblina | Curadoria Elaine Tedesco | MacRS/Galeria dos Arcos | Porto Alegre, RS Paredes/meias | Curadoria Gui Marques | Café com Arte | Rio de Janeiro, RJ Abre Alas X | Curadoria Marta Mestre e Armando Mattos | Galeria A Getil Carioca | Rio de Janeiro, RJ Prêmio Diário Contemporâneo 2014 | Casa das 11 Janelas | Belém, PA 2013 » Ao Sul, Paisagens - Curadoria Mario Gioia | Bolsa de Arte | Porto Alegre, RS Ver/Habitar | Curadoria Elaine Tedesco | Sala João Fahrion - UFRGS | Porto Alegre, RS 2012 » Festival de la Luz | Centro Cultural Recoleta | Buenos Aires - Argentina Lapsos | Espaço Cultural Chico Lisboa | Porto Alegre, RS Salão Unama de Pequenos Formatos | Galeria Graça Landeira | Belém, PA 2011 » Fronteiriços | Curadoria Daniela Name | Luciana Caravello | Rio de Janeiro, RJ Fronteiriços | Curadoria Daniela Name | Galeria Emma Thomas | São Paulo, SP 2010 » Muito mais que uma imagem em papel | Curadoria André Venzon | NY Gallery | Porto Alegre, RS Sydney Designboom Mart | Powerhouse Museum | Sydney, Austrália Exposição Prêmio Açorianos 2009 | Paço Municipal | Porto Alegre, RS FestfotoPoa 2010 - Fotografia Contemporânea Brasileira | Santander Cultural | Porto Alegre, RS 2008 » 20o Salão do Jovem Artista | Casa de Cultura Mário Quintana | Porto Alegre, RS 12o Salão Paulista de Arte Contemporânea | Casa das Rosas | São Paulo, SP Publications Escala de Cor das Coisas. Porto Alegre: self-published, 1a ed 2009 - 2a ed 2014 拆 [chai]. Porto Alegre: self-published, 2016 Published Texts Conhecidos de vista: a cidade e suas janelas indiscretas. Revista da UFMG. , v.20, p.324 - 335, 2013. Apartamentos com vista... para onde? Um olhar para as vistas, cada vez mais cegas, da cidade contemporânea. Revista Urbe. , v.4, p.4 - 11, 2012. Non-site-specific: o artista como etnógrafo de um não-lugar. Revista Valise. v.2, p.51 - 60, 2012. Works in Public Collections The Swatch Art Peace Hotel, Prefeitura de Porto Alegre - Secretaria de Cultura, MAC-RS, Ministério das Relações Exteriores e Universidade da Amazônia/Núcleo Cultural, Museu do Trabalho
Random City No mundo globalizado, estariam as cidades se tornando todas as mesmas? Colocar em questão a relação entre lugares geográficos, identidade cultural e arquitetura é o mote por trás da série Random City. Nela, diferentes lugares são misturados criando uma nova paisagem que confunde o olhar de quem tenta identificar que lugar é este. Mesmo que a colagem seja evidente e não haja intenção em esconder o processo, é difícil dizer onde um lugar começa e outro termina. Esta mistura, às vezes cuidadosamente planejada, às vezes aleatória, nos convida a pensar nas idiossincrasias de tantas cidades, no impacto do crescimento, na escala humana ficando cada vez menor, nos efeitos tardios do colonialismo, e nos novos da globalização, e assim por diante. Nesta cidade sempre crescente, não sabemos mais o que é real ou inventado, desconstruído pela memória ou construído pela imaginação. In a globalized world, are the cities becoming all the same? The relation between geographical places, cultural identity and architecture is what drives the development of Random City. In this series, different places are mixed together creating a new scenario that tricks viewer´s eyes when trying to identify where it is. Although the collage is evident and there is no aim to hide it, it can be hard to tell where one place begins and the other ends. This mixture, sometimes carefully planned, sometimes random, invites one to think about the cities´ idiosyncrasies, the impact of growth, the human scale getting smaller, the late effects of colonialism, and so on. In this never-ending and ever-growing collage-city, we no longer know what is real or invented, deconstructed by memory or constructed by imagination.
Random City #1 | 2016 | 160 X 100 cm | Fotografia e colagem digital Random City #1 | 2016 | 160 X 100 cm | Photography and digital collage
Random City #4 | 2016 | 160 X 100 cm | Fotografia e colagem digital Random City #4 | 2016 | 160 X 100 cm | Photography and digital collage
Random City #5 | 2016 | 160 X 100 cm | Fotografia e colagem digital Random City #5 | 2016 | 160 X 100 cm | Photography and digital collage
Exposição no Arte Pará | Casa das Onze Janelas | 2016l Exhibition at Arte Pará | Casa das Onze Janelas | 2016
Memรณrias de lugar nenhum #1,2 e 3 | 2016 | 60 X 60 cm | Fotografia e colagem digital Memories from Nowhere #1,3 and 3 | 2016 | 60 X 60 cm | Photography and digital collage
Estudos para montagem como mural de lambe-lambe | 2017 Studies for wheat-paste mural mounting | 2017
Arqueologia da Vida Privada The Living Archaeology of Private Life
拆
[chai]
Demolir, desmantelar, destruir. Ação marcada para acontecer em grandes áreas residenciais de cidades chinesas como Xangai. O ideograma, pichado nas paredes, anuncia que em breve nada restará. A recorrência e escala com que a cena se repete assombra quem caminha pela cidade. É o progresso que se estabelece com a pressa de quem não tem tempo a perder. E no meio destes escombros, quase como um último suspiro, sinais da vida privada, agora expostos, convidam a preencher com memórias inventadas o que, por pouco tempo, ainda resta ao olhar. To demolish, to dismantle, to destroy. Action scheduled to happen in large residencial areas in Chinese cities such as Shanghai. The ideogram, sprayed on the walls, announces that soon nothing will remain. The recurrence and scale of these scenes astonishes the passers by. This is the progress establishing itself with the rush of those who have no time to lose. And amidst those debris, almost as a last breath, signs of private life, now exposed, invites us to fill those sites with invented memories while we still can witness them.
拆 [chai] | 2016 | 20 x15 cm | Livro de Artista | offset | edição de 200 拆 [chai] | 2016 | 20 x15 cm | Artist’s Book | offset | edition of 200
Exposição do livro 拆 [chai] | 2016 | Galeria Mascate - Porto Alegre Photobook exhibition 拆 [chai] | 2016 | Galeria Mascate - Porto Alegre
Arqueologia da Vida Privada #13 | 2016 | fotografia | formatos variados The Living Archaeology of Private Life #13 | 2016 | photography | various sizes
Arqueologia da Vida Privada #14 | 2016 | fotografia | formatos variados The Living Archaeology of Private Life #14 | 2016 | photography | various sizes
Arqueologia da Vida Privada #19 | 2016 | fotografia | formatos variados The Living Archaeology of Private Life #19 | 2016 | photography | various sizes
Arqueologia da Vida Privada #1 | 2016 | fotografia | formatos variados The Living Archaeology of Private Life #1 | 2016 | photography | various sizes
Arqueologia da Vida Privada #2 | 2016 | fotografia | formatos variados The Living Archaeology of Private Life #2 | 2016 | photography | various sizes
Arqueologia da Vida Privada #8 | 2016 | fotografia | formatos variados The Living Archaeology of Private Life #8 | 2016 | photography | various sizes
Arqueologia da Vida Privada #12 e #13 | 2016 | fotografia | formatos variados The Living Archaeology of Private Life #12 e #13 | 2016 | photography | various sizes
Arqueologia da Vida Privada #10 | 2016 | fotografia | formatos variados The Living Archaeology of Private Life #10 | 2016 | photography | various sizes
Conhecidos de Vista Known from View Conhecidos de Vista é um projeto que lança um olhar para uma situação cada vez mais comum no contexto urbano contemporâneo: prédios com janelas próximas demais. Vistas que não mostram a cidade e a paisagem, mas a vida do outro, muito de perto. Vizinhos que não se conhecem formalmente mas que, por esta proximidade forçada, podem muitas vezes tecer longas descrições sobre os hábitos mais banais uns dos outros. Este projeto foi constituído a partir da visita a cerca de 40 apartamentos em Porto Alegre escolhidos aleatoriamente sempre que as fachadas, em ruas estreitas, configuravam esta situação de “confronto” entre janelas. Buscando entrar nos apartamentos de ambos os lados, a proposta era contrapor vistas e pontos de vista. Os depoimentos dos moradores, captados em conversas informais, completam as imagens revelando o que a imagem sozinha não da conta: estas relações tão peculiares que se estabelecem na cidade. “known from view” is a project that examines an increasingly frequent situation in the contemporary urban context: apartment building with opposite windows too close. Views that don’t show the city and the landscape, but someone else’s life nearby. Neighbors who don’t formally know each other but can make long descriptions about each other’s day-by-day habits. This project was developed through the contact with dwellers from forty apartments, chosen by chance, in narrow streets from Porto Alegre - Brazil. The idea was to contrast the views and the point of views always visiting apartments on both sides. The dwellers testimonies were collected in informal chats and complement the images, showing these unique relationships established in the city.
Vista da exposição Conhecidos de Vista - Sala Augusto Meyer - CCMQ - Porto Alegre/RS - 2013 Versão em vídeo disponível em: www.vimeo.com/lelampert/conhecidosdevista View of the exhibition Known from View - Sala Augusto Meyer - CCMQ - Porto Alegre/RS - Brazil - 2013 Video version available at: www.vimeo.com/lelampert/conhecidosdevista
Conhecidos de Vista #8 | 2013 | fotografia | 150 x 100 cm Kown from View #8 | 2013 | photography | 150 x 100 cm
Conhecidos de Vista #11 | 2013 | fotografia | 150 x 100 cm Kown from View #11 | 2013 | photography | 150 x 100 cm
Conhecidos de Vista #12 | 2013 | fotografia | 150 x 100 cm Kown from View #12 | 2013 | photography | 150 x 100 cm
Conhecidos de Vista #22 | 2013 | fotografia | 150 x 100 cm Kown from View #22 | 2013 | photography | 150 x 100 cm
Conhecidos de Vista #25 | 2013 | fotografia | 150 x 100 cm Kown from View #25 | 2013 | photography | 150 x 100 cm
SĂŠrie Apartametnos com Vista | 2013 | Fotografia | formatos variados Apartments with a View Series | 2013 | photography | various formats
SĂŠrie Conhecidos de Vista (fragmento)| 2013 | Fotografia | formatos variados Known from View Series (fragment) | 2013 | photography | various formats
O Avesso lá de fora é aqui dentro Inside / Outside Esta série é composta por dípticos de fotografias de uma mesma janela, uma por dentro e outra por fora. A proposta é evidenciar a falta de conexão entre ambientes tão próximos e de natureza tão distantes: o espaço público e o espaço privado. Será possível, de um lado, ter ideia do que tem do outro? O que a fachada fria revela da imensidão íntima resguardada no interior? Além destas questões que o trabalho propõe, há também uma referência à própria fotografia e sua cultura técnica, com a ideia de negativo e positivo, imagem latente, e a própria câmera escura. This series is composed from diptychs from photos of the same window, one inside and another outside. The purpose is to highlight the lack of connection between environments so close and so different: the public and the private spaces. Is it possible to wonder what is in the other side? Could the dull facade reveal something about the intimate immensity sheltered inside? Besides those questions, there is also a reference to the Photography as a technical culture with the idea of positive and negative, latent image, and darkroom.
O Avesso lá de fora é aqui dentro | 2011 | Fotografia | 200 x 150 cm Inside / Outside | 2011 | Photography | 200 x 150 cm
O Avesso lá de fora é aqui dentro | 2012 | Fotografia | 180 x 60 cm Inside / Outside | 2012 | Photography | 180 x 60 cm
SĂŠrie Avessos | 2012 | Fotografia | 180 x 60 cm Inside / Outside | 2012 | Photography | 180 x 60 cm
SĂŠrie Avessos | 2012 | Fotografia | 180 x 60 cm Inside / Outside | 2012 | Photography | 180 x 60 cm
SĂŠrie Avessos | 2012 | Fotografia | 180 x 60 cm Inside / Outside | 2012 | Photography | 180 x 60 cm
Vista para [...] | City View of [...] A cidade muda, cresce, se transforma. A paisagem, efêmera, se dissolve em concreto. Já não se identificam mais as referências geográficas que deram origem à sua fundação. Para que lado fica o rio? Onde nasce o sol? O que caracteriza esta cidade? A série Vista para [...] é um trabalho em constante desenvolvimento, tendo sido realizado até o momento em Florianópolis, Porto Alegre, Buenos Aires, São Paulo, Dubai, Rio de Janeiro, Belém, Nova York, Paris e Xangai. A proposta é fotografar a vista da janela em diferentes cidades sempre que esta espectativa de vista for frustrada por paredões de concreto, tornando improvável qualquer possibilidade de identificação do lugar e fazendo com que cidades tão diferentes pareçam, na verdade, sempre a mesma cidade. The city changes, grows, transform itself. The landscape, ephemeral, dissolve itself into concrete. We can no longer identify the geographic references that gave rise to its foundation. Which way is the river? Where the sun rises? What distinguishes this city? The series View of [...] is an ongoing work in progress, that has been carried out so far in Florianópolis, Porto Alegre, Sao Paulo, Belem and Rio de Janeiro - Brazil, Buenos Aires - Argentina, Dubai - UEA, New York - EUA, Paris - France and Shanghai - China. The proposal is photographing the window view in different cities whenever the expectation of a great view is frustrated by big concrete walls, making it unlikely to identify the place and so, making all those different cities look like they were the same.
Série Vista para [...] | 2012 - | Fotografia e letra adesiva - instalação modular - trabalho em progresso contínuo | 45x100 cm (cada coluna) View of [...] Series | 2012 - | photography and adhesive letter - modular installation - ongoing work in progress | 45x100 cm (each column)
Nalgum lugar entre lá e aqui Somewhere between here and there Nossa percepção dos lugares e das cidades por onde passamos é sempre contaminada pelos outros lugares e cidades em que estivemos antes. Fazemos comparações, buscamos semelhanças e diferenças, encontramos familiaridades onde nunca estivemos. Memória e fantasia se confundem. Afinal, como era mesmo aquela paisagem? As colagens desta série buscam retratar estes nãolugares da memória, construindo improváveis paisagens visitadas na imaginação. Our perception of places and cities is always contaminated by other places and cities where we were before. We make comparisons, we seek similarities and differences, we find familiarities in places where we have never been before. Memory and fantasy are mixed up. After all, how was the the landscape of that place? The collages of this series seek to portray these non-places of memory, building up unlikely landscapes visited just by the imagination.
Algum lugar ou lugar nenhum | 2012 | 170 X 92 cm | Fotografia e colagem digital Somewhere or Nowhere | 2012 | 170 X 92 cm | Photography and digital collage
Nalgum lugar entre lá e aqui - Estação | 2011 | 102 X 72 cm | Fotografia e colagem digital Somewhere between here and there - Station | 2011 | 102 X 72 cm | Photography and digital collage
Nalgum lugar entre lรก e aqui - Praia | 2011 | 102 X 72 cm | Fotografia e colagem digital Somewhere between here and there - Beach | 2011 | 102 X 72 cm | Photography and digital collage
Nalgum lugar entre lรก e aqui - Vizinhanรงa | 2011 | 102 X 72 cm | Fotografia e colagem digital Somewhere between here and there - Neighborhood | 2011 | 102 X 72 cm | Photography and digital collage
Nalgum lugar entre lรก e aqui - casas | 2011 | 53 X 38 cm | Fotografia e colagem digital Somewhere between here and there - houses | 2011 | 53 X 38 cm | Photography and digital collage
Nalgum lugar entre lĂĄ e aqui - houses | 2011 | sĂŠrie de 18 imagens - 53 X 38 cm cada | Fotografia e colagem digital Somewhere between here and there - houses | 2011 | series of 18 images - 53 x 38 cm each | Photo and digital collage
(des)construções | (de)construction A cidade cresce do jeito que dá. Desordenadamente. Pra cima, pros lados, pra onde tiver lugar. Os mais variados estilos são misturados. Sem muito planejamento, a cidade vai virando uma grande colagem arquitetônica. Tentando transformar esta percepção em um ensaio visual surgiu “(des) construções”, uma série de colagens que, de forma lúdica, junta partes desconexas de casas e prédios para construir com eles novas moradias que, de tão improváveis, chegam a parecer muito familiar. Esta série é formada por 19 colagens. The city grows spontaneously. Disordered. Up and down, wherever there is space. Every style is mixed together. There is no development plan for the cities in Brazil, so they become a huge architectonic collage. It is after this perception of the city that this work was created. As a play, collages are made from disconnected pieces of houses and buildings in order to create other ones. These new buildings are strange but, even though, they seem very familiar, once it is like that our perception works. The series consists of 19 collages.
(des)construção #1 2007 93 X 90 cm Fotografia e Colagem digital (de)construction #1 2007 93 X 90 cm Photo and digital collage
(des)construção #3 2008 95 X 123 cm Fotografia e Colagem digital (de)construction #3 2008 95 X 123 cm Photo and digital collage
(des)construção #4 2008 82 X 139 cm Fotografia e Colagem digital (de)construction #4 2008 82 X 139 cm Photo and digital collage
(des)construção #5 2008 85 X 115 cm Fotografia e Colagem digital (de)construction #5 2008 85 X 115 cm Photo and digital collage
(des)construção #6 2008 65 X 85 cm Fotografia e Colagem digital (de)construction #6 2008 65 X 85 cm Photo and digital collage
(des)construçþes - Cidade Baixa | 2008 | 40 X 230 cm | Fotografia e colagem digital (de)construction - Downtown | 2008 | 40 X 230 cm | Photo and digital collage
Estudo para Tons de Cinza Studies on Gray Dando continuidade a uma pesquisa anterior sobre cor e percepção, esta série de fotografias documenta uma paisagem monocromática e em desaparecimento causada pela poluição e condições climáticas específicas na China, e suas consequências como a nossa visão em preto e branco. Continuing a previous research about color and perception, this series of photographs document the monochromatic and fading landscape caused by pollution and specific climate conditions in China and its consequences as our vision in shades of gray.
Estudos para Tons de Cinza #1 | 2015 | fotografia | 150 x 100 cm Studies on Gray #1 | 2015 | photography | 150 x 100 cm
Estudos para Tons de Cinza #6 e 7 | 2015 | fotografia | 150 x 100 cm (each) Studies on Gray #6 and 7 | 2015 | photography | 150 x 100 cm (each)
Estudos para Tons de Cinza #10 | 2015 | fotografia | 150 x 100 cm Studies on Gray #10 | 2015 | photography | 150 x 100 cm
Estudos para Tons de Cinza #8 e 9 | 2015 | fotografia | 150 x 100 cm (each) Studies on Gray #8 e 9 | 2015 | photography | 150 x 100 cm (each)
Estudos para Tons de Cinza - cataventos #1 | 2015 | fotografia - polĂptico | 60 x 40 cm (each) Studies on Gray - windmills #1 | 2015 | photography - polyptych | 60 x 40 cm (each)
Estudos para Tons de Cinza - Quase Paisagem #1 | 2016 | fotografia - polĂptico | 60 x 40 cm (each) Studies on Gray - Almost Landscape #1 | 2016 | photography - polyptych | 60 x 40 cm (each)
Escala de Cor das Coisas | The Color Scale of Things Inspirado no formato dos catálogos de padronização de cores, ‘Escala de Cor das Coisas’ é um livro de artista que traduz, revela e brinca com as relações entre cor, palavra e imagem. São 70 cores apresentadas através de fotografias dos elementos que utilizamos para denominar e referenciar as cores na linguagem popular. A primeira edição foi lançada em 2009, com 58 cores e uma tiragem de 1000 exemplares que está esgotada. Na segunda, lançada em 2014, houve um aumento para 70 cores e a publicação de um pôster promocional com todas as cores reunidas. Inspired in the Pantone Color Guide and other color books, The Color Scale of Things is an artist book that translates and plays with the relations between colors, words and images. There are 70 colors presented through the photos of elements that we use in common language to name and to reference colors. The first edition was published in 2009 with 1000 copies and is sold out. The second one has been released in 2014 with 1500 and a promotional poster with all the colors together.
Escala de Cor das Coisas Exposição na Galeria La Photo | 2009 Livro de Artista 1a edição 2009 - 56 cores - tiragem: 1000 2a edição 2014 - 70 cores - tiragem: 1500 28 x 6 x 2 cm
The Color Scale of Things Exhibition at La Photo Gallery | 2009 Artist’s Book 1st edition 2009 - 56 colors - edition of 1000 2nd edition 2014 - 70 colors - edition of 1500 28 x 6 x 2 cm
Escala de Cor das Coisas - poster da 2a edição - tiragem de 500 exemplares em offset | 2014 The Color Scale of Things - poster of the second edition - 500 copies | offset | 2014
Escala de Cor do Tempo | The Color Scale of Time Inspirada nas paletas de cor de tinta, onde acrescentamos determinado pigmento para chegar de um tom a outro, na Escala de Cor do Tempo acrescentamos horas, dias, meses. Para realizar este projeto, foram captadas 12 séries, uma para cada mês do ano, cada uma com 12 fotografias, totalizando 144 imagens. Estas fotografias foram obtidas entre as 6 da manhã e as 7 da noite, a cada mês, sempre na mesma janela. Este projeto permite diferentes montagens, pois os meses são tratados como módulos. Dois livros de artista também foram desenvolvidos como desdobramento do projeto: “Escala de Cor do Tempo - para dias de sol” e “Escala de cor do Tempo - para dias de chuva”.
Inspired by the ink palettes to which we add a specific pigment to get from one tone to another, in The Color Scale of Time we add hours, days, months. To carry out this project, 12 series were made, one for each month of the year, each one having 12 photographs, and totalizing so 144 images. These photographs were taken between 6 am and 7 pm, every month, always at the same window. This project allows different assemblies because the months are treated as modules. Two artist books have also been developed as a result of the project: “The Color Scale of Time For Sunny Days” and another one “For Rainy Days”.
Escala de Cor do Tempo - Para o Ano que Passou | 2009 | 230 X 140 cm (144 fotografias) | Instalação Fotográfica The Color Scale of Time - For the past year | 2009 | 230 x x140 cm (144 photographs) | Photo Installation
Escala de Cor do Tempo - Para dias de Sol - Para dias de Chuva | 2008 | 15 X 21 x 2 cm | Livro de Artista The Color Scale of Time - For Sunny Days - For Rainy Days | 2008 | 15 x 21 x 2 cm | Artist Book
Exposição no Instituto de Artes da UFRGS | 2009 | 23 X 0.10 m (144 fotografias) | Instalação Fotográfica Exhibition at UFRGS´ Arts Institute | 2009 | 23 X 0.10 m (144 photographs) | Photo Installation
Sobre o trabalho About the work
A scale of faith
Uma escala de fé Se nos perguntarem “O que significam as palavras vermelho, azul, preto, branco?”, podemos, bem entendido, mostrar imediatamente coisas que têm essas cores. Mas a nossa capacidade de explicar o significado dessas palavras não vai além disso.
When we’re asked “What do the words “red”, “blue”, “black”, “white” mean” , we can, of course, immediately point to things that have these colors, - but our ability to explain the meanings of these words goes no further!
Ludwig Wittgenstein, in Anotações sobre as Cores
Ludwig Wittgenstein, Remarks on Color
Dedicado a investigar, entre tantas questões, a relação entre linguagem e realidade, o filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951) acreditava que, uma vez que o signo representava o objeto, a forma lógica da linguagem seria a forma mesma do mundo. Isso nos permitiria pensar, partindo do preâmbulo deste texto, que o nome da cor é também cor. E, de fato, ele é parte fundamental da percepção cromática que temos das “coisas do mundo”, ativando e solicitando nosso saber, nossa memória e imaginação. É na discussão de aspectos congêneres que Letícia Lampert vem pautando sua poética, adotando a fotografia como meio e a cor como assunto.
Dedicated to investigating the relationship between reality and language, the Austrian philosopher Ludwig Wittgenstein (1889-1951) believed, among other things, that since signs represent objects, the logical form of language would be the very form of the world. Parting from the above preamble, this would lead us to think that the name given to color is also color. And it is, indeed, a fundamental part of the color perception we have of “world’s things”, activating and requesting our knowledge, memory and imagination. It is in a debate involving like aspects that Letícia Lampert has been basing her poetry, adopting photography as a means and color as a theme.
No presente trabalho, Escala de Cor das Coisas, Letícia dialoga com um dos mais populares sistemas de padronização de cores, o Pantone Color Guide. Empregado internacionalmente em gráficas, editoras e agências publicitárias, ele funciona como um mostruário, indicando, de forma muito próxima e crível, como as cores se manifestam ao serem impressas.
In the current work, The Color Scale of Things, Letícia is in a dialog with one of the most popular systems of color standardization, the Pantone Color Chart. Internationally used by printing and publishing houses as well as by ad agencies, it works as a color showcase that indicates in a close and credible way what colors look like once printed.
No formato e na aparente função, também o catálogo de Letícia parece permitir a aferição cromática. Contudo, se o observarmos atentamente, perceberemos que suas cores, como medidas, são intangíveis, uma vez que operam no território da linguagem, da subjetividade e da fantasia. Como explicar o azul calcinha, o vermelho tomate, a cor de carne, a cor de pele? Aliás, estendendo a problematicidade: cor de pele de que raça? E o que dizer da cor de burro quando foge? Como seria possível defini-la, ou mesmo imaginá-la? Apresentadas como fotografias de detalhes e texturas das coisas as quais seus nomes remetem, essas “cores” escancaram, uma vez mais, sua natureza incomensurável. Ora, no verde musgo cabem dezenas de tonalidades de verde, assim como no verde limão e no verde folha... Oriundas de associações e metáforas usadas no dia-a-dia, essas denominações reforçam a carga experiencial por trás do ato de nomear e de se relacionar com o mundo. E se, isoladas do contexto, parecem absurdas, o que não dizer de
In its format and apparent use, Letícia’s catalog too seems to allow for color distinction. However, if we observe it closely, we will notice that Letícia’s color catalog are intangible as a means for measurement because they operate in the realm of language, subjectivity and fantasy. Brazilian Portuguese, like most other human languages, has a way to reflect the cultural traits of the people who speak it. How to explain the “panty blue”, the “tomato red”, the “color of meat”, the “color of skin”, which are offered to these speakers? And the color of which human race skin, for instance? What to say of the “color of a donkey that has fled” (namely, an indefinite color)? How could one define it or even imagine it to be? Shown as photographs of details and textures of things their names remind one of, these “colors” reveal, again and again, the incommeasurable nature they have. The “moss green”, perhaps bearing a different tone from its English version, contains dozens of greens, as do the “lemon green” and the “leaf green”. Originated in connections to other
suas versões para o inglês, a língua franca adotada em manuais semelhantes? Nessa incongruência, o léxico das cores, dos mais líricos que existem, mostra-se absolutamente rebelde à tradução. O fato é que a provocativa e lúdica Escala de Cor das Coisas perturba a familiaridade do pensamento, e isso talvez se deva menos ao fato de conhecermos e de usarmos os nomes substantivados e sistematizados pela artista, e mais por nos darmos conta, se não de sua impossibilidade, pelo menos de sua imprecisão. Esta sutil complexidade também desponta no trabalho Escala de Cor do Tempo. Nele, a artista novamente buscou medir o imponderável por meio da cor; no caso específico, o tempo. Ambos os conceitos, cor e tempo, são por natureza abstrusos, e a proposta de mensurar um a partir do outro beira o delírio. Tomando um único enquadramento, a janela do banheiro de seu apartamento, Letícia fotografou as impressões de luz, tendo entre ela e a paisagem exterior somente o vidro canelado da abertura, naturalmente marcado pela gradação encontrada nas escalas. Limitando-se a esse recorte, produziu, ao longo de um ano, dezenas de imagens, que deram corpo a duas escalas cromáticas: uma para dias de sol e outra para dias de chuva, mas ambas sem qualquer aplicação ou funcionalidade. Quanto a isso, vale lembrar que a artista, cuja formação inicial é em Design, trabalha rotineiramente com sistemas como o já citado Pantone, ou o Kodak Color Chart. São eles que aferem a “verdade” das cores, assegurando as opções e percepções do profissional da área. Portanto, quando se lança a criar não apenas novas e oníricas medidas, a exemplo do tempo-cor e da coisa-cor, como também etéreas tabelas, Letícia Lampert nos convida tanto a pensar acerca da inconsistência de nossos sistemas de classificação e ordenação do mundo, como estende ao cotidiano o lirismo e a poesia próprios do universo da arte. Paula Ramos Jornalista e Crítica de Arte Porto Alegre, outubro de 2009
things and metaphors of everyday life, these names strengthen the experiential content that lies behind the act of naming and relating to the world. Once isolated from their contexts they may seem absurd – all the more so in their renderings in English, the lingua franca adopted in most color catalogs. It is in such dissonance that the lexicon of colors, immersed in its heavily lyric content, will not lend itself peacefully to translation. Fact is, the provocative and lively The Color Scale of Things does perturb the mind’s sense of familiarity with reality. This is so perhaps less due to the fact that we know and use the names used by the artist and more because we are made aware of their unlikelihood, if not lack of preciseness. The same subtle complexity is found in the work The Color Scale of Time, in which the artist sought to once more measure the imponderable by means of color; the imponderable being here time. Both concepts of color and time are by nature abstruse. The idea of measuring one on the basis of the other borders delirium. Within a single frame, namely, the window of her apartment’s bathroom, Letícia photographed light impressions on the corrugated window pane separating her from the landscape, which naturally marks the grading that is so typical of scales. Limiting herself to this cut, during one year she produced dozens of images that embody two color scales: one for sunny days and another for rainy ones, but neither one with an application or function. It is worth recalling that the artist, whose background is in Design, routinely works with systems like the aforementioned Pantone or the Kodak Color Chart. It is they which lend “truthfulness” to colors, reassuring the area’s professionals in their choices and perceptions. Therefore, when she is into creating not only new and dreamlike measures, such as the color-time and the color-thing, but also ethereal charts, Letícia Lampert invites us to think about the inconsistency of our methods to classify and order the world – thereby also extending the lyricism and poetry proper to the world of art to everyday life. Paula Ramos Journalist and Art Critic (AICA- Brazil) Porto Alegre, October 2009
As cores da vida
The colors of life
O livro Escala de cor das coisas, de Letícia Lampert lançado em Porto Alegre, RS, tem como principal mérito trazer à tona uma série de discussões propiciadas pelo assunto enfocado e pela maneira como foi desenvolvido o projeto gráfico. O casamento entre essas duas vertentes gera um resultado de inegável impacto plástico.
The book “The Color Scale of Things”, of Letícia Lampert released in Porto Alegre, RS, has the main merit of bringing a series of discussions made by the focused subject, and by how the graphic project was developed. The union of both fields creates an undeniable plastic impact.
Quanto ao conteúdo, trata-se da apresentação de três fotografias literais, mas sem perder a poeticidade, das mais diversas coisas. É o caso amarelo limão ou da cor de mel, representados por esses elementos. A cor ganha assim uma concretude, seja no animal (amarelo canário), metal (amarelo ouro) ou fruta (verde abacate) ao qual alude. Em relação à forma, existe a evocação do Pantone, um guia utilizado mundialmente que auxilia gráficos, editores, designers e artistas a conseguirem atingir as cores desejadas num processo gráfico. A escala proposta, ao ter suas páginas folheadas rapidamente com apenas uma das mãos, constrói, assim, um arco-íris. O espectro vai da flor violeta à fotografia da cor de “burro quando foge”, num leque que mostra bom humor, observação e uma louvável relação entre a palavra (o nome da cor) e a imagem (a cor em si). Da conversa saudável entre esses elementos, nasce um trabalho intenso, que nos ajuda a ver melhor as escalas de cores da vida. Oscar D’Ambrosio, jornalista e crítico de arte São Paulo, 2009
The content is the presentation of three literal photos of diverse things, not losing the poeticism though. It is the case of the lemon yellow, or the honey color, literally represented by those elements. The color becomes tangible, referenced for instance by an animal (canary yellow), metal (golden yellow) or fruit (avocado green). Regarding the form, there is a call up of the Pantone Color Guide. A system used internationally to help printers, publishers, designers and artist to reach a specific color during the graphic process. The proposed scale creates a rainbow having the book’s pages quickly moved with just one hand. The spectrum goes from the violet flower to “the color of the donkey when fleeing” (a Brazilian popular expression for an undefined color), in a range that shows good mood, observation and an excellent relationship between the word (the name of the color) and the image (the color itself). An intense work is born from the healthy dialog of those elements, helping us to see better the color scale of our lives. Oscar D’Ambrosio, Journalist and Art Critic (AICA- Brazil) Sao Paulo, 2009
Visão diferenciada do espaço
A distinguished space vision
Uma das principais características da arte contemporânea é a exploração da capacidade individual de descobrir aquilo que a tecnologia oferece para responder as inquietações artísticas de cada um. Nesse sentido, as possibilidades da fotografia como campo de exploração da linguagem se tornam um universo infinito.
One of the main characteristic of contemporary art is the investigation of the individual capacity of detecting what technology offer as a response to the artistic agitation inside each of us. Regarding this, the photography possibilities become an infinite universe as a field of communication exploration.
Nascida em Porto Alegre, RS, em 1978, Letícia Lampert, formada em Desenho Industrial, busca nas imagens uma forma de interrogar, desmontar e remontar a realidade visível. Em 2008, em sua primeira individual em sua cidade natal e selecionada para o 12º Salão Paulista de Arte Contemporânea, dá um passo decisivo.
Born in Porto Alegre, RS Brazil, in 1978, Leticia Lampert, bachelor in Graphic Design, searches in images a way to query, to take apart and to bring together the visible reality. In 2008 she made a decisive step with her first individual exhibition, when she was selected for the 12º Salão Paulista of Contemporary Art.
Pelo mecanismo da fotomontagem, mostra o relativismo daquilo que entendemos como verdade. Sua ótica é a da justaposição de fotos, que faz um sentido, mas, ao mesmo tempo, gera um estranhamento. Grades, grafites e pichações são colocados em nova perspectiva para gerar residências imaginárias.
Throughout the photo collage mechanism, she shows the relativity of what we understand as truth. Her vision is the photos juxtapose that makes a kind of sense, but brings weirdness at the same time. Fences, graffiti and architecture elements are placed in new perspectives to create imaginary residences.
As imagens funcionam como alegorias de uma sociedade marcada pela fragmentação e pela descontinuidade. Com medo daquilo que vemos e também do que desconhecemos, o universo apresentado pela artista gaúcha mostra o que temos receio de ver, pois surge desarticulado, como de fato o é, mas não queremos admitir.
The images work as allegories of a society marked by discontinuity and fragmentation. Fearing what we see and the unknown, the universe presented by the South Brazilian artist shows us what we avoid to see. It comes up disconnected, exactly the way it is, like we don’t want to admit.
Letícia Lampert oferta ao observador uma visão diferenciada do espaço com figuras que desejam se integrar e, ao mesmo tempo, não conseguem harmonia. A questão central está na apresentação de um acúmulo de imagens que questiona o cotidiano e o posiciona de uma nova maneira, contestadora e incômoda, mas poeticamente bela.
Leticia Lampert offers a distinguished space vision to the viewers, with figures that clearly want to meld with, but at the same time cannot in harmony. The main point is the presentation of heaps of images that inquire the everyday life and put it in a different way; defiant and uncomfortable, though poetically beautiful.
Oscar D’Ambrosio, jornalista e crítico de arte São Paulo, julho de 2008
Oscar D’Ambrosio, Journalist and Art Critic (AICA- Brazil) Sao Paulo - Brazil, july 2008
Em suas (des)construções, Letícia Lampert nos convida a uma experiência de estranheza frente às possibilidades de composição do espaço fotográfico. Baseada no princípio da fotomontagem, estratégia utilizada desde as vanguardas, principalmente no Dadaísmo, a artista não escamoteia o sentido artificial dessas arquiteturas desconstruídas e, posteriormente, reconstruídas sob o princípio de uma desordem ordenada. A partir das suas imagens, podemos vislumbrar a negação do apagamento da nossa memória seletiva ao processar o excesso de estímulos visuais cotidianos. Aparentemente simples, essas fotomontagens são povoadas de ambigüidades, oferecendo uma densidade crítica à vida contemporânea nas cidades. Em tais combinações, que remetem às construções improvisadas das favelas, não ficam de fora o kitsch singelo dos elementos decorativos, o desconforto da proteção exagerada e a contundência do desgaste que o tempo opera sobre coisas e pessoas. Os próprios habitantes dessas imagens, apresentados em escalas diversas, ao mesmo tempo em que desestabilizam a nossa expectativa de ordenação perspéctica do espaço, também apontam para a sua incômoda fragilidade como peças quase aleatórias dessa paisagem poética. Alexandre Santos Historiador e Crítico de Arte Texto sobre a exposição (des)construções Porto Alegre, junho de 2008
In her “(De)Constructions”, Leticia Lampert invites us to an oddish experience facing the possibilities of the photography space compositions. Based on photo collage principles - used strategy since the avant-gardes, especially Dadaism - the artist shows the artificial sense of deconstructed architectures, and post-reconstruction under the ordered disorder principle. Throughout her images we can watch the fading refuse of our selective memories while we process the excessive daily visual stimulus. Apparently plain, those photo collages are full of ambiguity, offering a dense criticism to the contemporary cities’ life. In those combinations, which remind us the ghettos’ improvised constructions, we can see the poor kitsch of the decorative elements, the exaggerated protection comfortlessness and the time waste power over things and people. Those images inhabitants, shown in many scales, at the same time blur our vision and our understanding of the space around us, and also point towards its disturbing fragility like almost random parts in this poetic landscape. Alexandre Santos Historian and Art Critic Text about the exhibition (de)construction Porto Alegre, 2008
www.leticialampert.com.br