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Cara (o) Sócia (o)
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O Greenpeace lançou em setembro campanha pública, assinada pela agência Young&Rubicam, para conscientizar consumidores e promover a madeira certificada com o selo FSC (Forest Stewardship Council ou Conselho de Manejo Florestal). O alvo da campanha, que mostra animais amazônicos em móveis e tem como slogan “Não leve a casa deles para a sua”, são consumidores de produtos de madeira. “Queremos alertar o consumidor brasileiro que, ao comprar produtos de madeira, ele pode estar contribuindo para a destruição da floresta, já que 85% da madeira extraída na Amazônia é consumida no País”, disse Rebeca Lerer, da campanha da Amazônia. Reconhecida mundialmente, a certificação do FSC é uma garantia de que a madeira foi extraída de forma ambientalmente adequada, socialmente justa e economicamente viável.
O Greenpeace marcou a visita do primeiro-ministro inglês, Tony Blair, ao Brasil com um protesto no Jardim Botânico, em São Paulo (SP). No final de julho, ativistas levaram um grande pedaço de samaúma e estenderam cartazes com a mensagem: “Não compre a destruição da Amazônia”. Dois ativistas tentaram estender uma faixa - “Blair, cumpra sua promessa” - mas foram retirados rapidamente do local. Através de uma carta, o Greenpeace pediu à Blair a garantia de que a Inglaterra pare de comprar madeira amazônica provinda de práticas insustentáveis e predatórias. A samaúma - símbolo da destruição da Floresta Amazônica - é um lembrete oportuno do fracasso de Blair em pôr em prática as promessas feitas no ano passado, durante o Encontro do G8 (grupo dos sete países mais ricos e a Rússia) no Japão, de barrar a importação de madeira retirada ilegalmente das florestas primárias remanescentes do mundo. “A Floresta Amazônica é a de maior biodiversidade do mundo. Também é o lar de 20 milhões de pessoas, cuja qualidade de vida depende da proteção deste imenso ecossistema. Apesar da promessa de Blair, países ricos como a Inglaterra continuam comprando a destruição das florestas, através da importação de madeira ilegal”, disse Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia.
O Greenpeace nasceu de um trabalho voluntário, em 1971, quando um grupo de ativistas partiu do Porto de Vancouver, Canadá, para protestar contra os testes nucleares americanos realizados em Amchitka, Oceano Pacífico. Muitas conquistas ambientais foram obtidas desde então e, em todas elas, o papel do voluntário foi fundamental. Os interessados em serem voluntários do Greenpeace devem estar de acordo com os objetivos e a filosofia da organização, se interessar pelos problemas ambientais e pela busca de soluções. Também é importante ter motivação, disposição para aprender e compartilhar habilidades, saber trabalhar em equipe com responsabilidade, segurança, pontualidade, consciência e cortesia. Aproveite o Ano Internacional do Voluntariado e faça parte do Greenpeace. As inscrições para o Grupo Local de Porto Alegre (RS) estão abertas. Maiores informações podem ser obtidas através do telefone: (51) 3311-8399 ou (51) 9843-0044 com Karen. Visite também a nova página de voluntários do Greenpeace na internet: www.greenpeace.org.br/voluntarios
Participe e faça a diferença!
O santuário de baleias continua no papel A proposta de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul não passou pela Comissão Baleeira Internacional (CBI), reunida em Londres, Inglaterra, em julho deste ano. Em maio, a proposta brasileira ganhou força ao receber o apoio formal do governo argentino, mas o Japão continuou apresentando propostas que ameaçam o futuro das baleias. A apenas uma semana do início da reunião da CBI, um oficial do alto escalão da Agência de Pesca Japonesa, Maseyuku Komatsu, admitiu a compra de votos pelo Japão nas votações da Comissão. Ele afirmou que seu país tem financiado o desenvolvimento da pesca em nações insulares ou costeiras com o intuito de garantir sua campanha pelo fim da proibição internacional à caça comercial de baleias. Além disso, os japoneses também querem retomar o debate sobre o RMS (Esquema de Manejo Revisado) – um modelo matemático que, se aprovado, poderá reabrir a caça comercial de baleias. Eles também defendem a abolição do Santuário de Baleias Antártico e insistem na chamada “caça científica” – anualmente, o Japão captura 460 baleias na Antártida e 160 no Pacífico Norte. Além da proposta brasileira, a criação do Santuário de Baleias do Pacífico Sul, encaminhada pela Austrália e Nova Zelândia, também foi reprovada. A criação de uma área de proteção da espécie é extremamente importante para acabar com o risco de extinção. Para que a criação do Santuário seja aprovada, são necessários três quartos de votos a favor – isto significa que dos 35 países presentes à reunião deste ano, 27 precisavam dizer “sim”.
Greenpeace entrega Constituição Federal ao Ministro da Agricultura No dia 23 de julho, o Ministério da Agricultura anunciou que iria liberar a produção comercial de soja transgênica no Brasil. No entanto, a produção de organismos geneticamente modificados (OGMs) é proibida no País por sentença judicial. Na época, o Greenpeace acusou Pratini de Moraes de desrespeitar as leis brasileiras e semear uma grande confusão internacional quanto à situação legal da soja transgênica no País. O presidente da Associação de Juízes Federais, Flávio Dino, chegou a declarar que “se fizer isso, certamente o ministro vai estar descumprindo a lei e estará sujeito a sanções, inclusive penais. É um crime”. Para advertir o Ministro de que a soja transgênica da Monsanto não poderia ser liberada comercialmente, ativistas concretaram uma réplica gigante da Constituição Federal em frente ao Ministério da Agricultura, em Brasília (DF), no dia 30 de julho. “A Constituição Federal Brasileira garante que qualquer atividade ou empreendimento que possa trazer qualquer risco potencial ao meio ambiente requer Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA)”, explica Mariana Paoli, coordenadora da campanha de Engenharia Genética. Greenpeace / Rodrigo Petterson
Marijane Lisboa
Greenpeace cobra ação do governo Inglês para barrar destruição da Amazônia
Young&Rubican
Um grande abraço para todos,
Não leve a casa deles para a sua
Faça parte do Greenpeace!
Greenpeace / A. Kishimoto
O processo de seleção para um novo diretor executivo do Greenpeace terminou em fim de maio, e eu fui escolhida pelo Conselho Supervisor para assumir essa enorme responsabilidade. Como toda nova gestão, tenho muitos planos que gostaria de realizar, mas os desafios que o Greenpeace tem de responder no dia-a-dia não permitem que consigamos tocá-los com a rapidez que gostaríamos. Como vocês já viram pela mídia e recordarão, agora, lendo o Diário de Bordo, o Greenpeace trabalhou duro nesses últimos meses para alertar a opinião pública para o perigo de que seja aprovado pelo Congresso o malfadado projeto de lei do deputado Micheletto sobre o Código Florestal. Também aproveitamos a passagem do Primeiro-Ministro Tony Blair no Brasil para lembrá-lo da sua promessa de só comprar madeira amazônica certificada. Outra campanha que exigiu muitos esforços de nossa parte foi a de transgênicos. Denunciamos experimentos ilegais da Monsanto em dois estados do País e divulgamos nova lista de alimentos nos quais encontramos ingredientes transgênicos. No nosso site, há uma nova sessão para consumidores, na qual vocês podem encontrar informação completa sobre os alimentos testados e até cartas para enviar aos seus fabricantes, tornando-se assim um consumidor consciente. Nossa campanha de tóxicos atacou empresas multinacionais como a Shell e a Bayer, por haverem contaminado com organoclorados a região do bairro Recanto dos Pássaros em Paulínia (SP), e Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Mas também a empresa nacional Gerdau, no Rio Grande do Sul, está sob pressão do Greenpeace, pois ainda não apresentou um plano satisfatório para evitar que sua fábrica continue poluindo a região com ascaréis e metais pesados. Internacionalmente, houve motivos de satisfação, como a assinatura da Convenção de Estocolmo contra os Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), em maio, mas também a enorme decepção com o fato dos EUA continuarem se recusando a assinar o Protocolo de Kyoto. A insistência do governo Bush em implementar o novo programa de armas nucleares, ”Guerra nas Estrelas”, também nos preocupa enormemente. Não servindo para qualquer segurança efetiva de sua população, como o monstruoso atentado terrorista contra os edifícios do World Trade Center em Nova York veio mostrar, o novo programa bélico de Bush apenas aumenta os riscos de acidentes nucleares e atentados terroristas assustadores. Já o Ecosystem 1.0, para o qual o Greenpeace forneceu as diretivas ecológicas, veio mostrar que não só é possível explorar a floresta de forma ambientalmente correta, mas até fazer festa nela.
editorial índice
Trangênicos Ecosystem Deni Shell Energia solar Código Florestal POPs
Greenpeace será tema de escola de samba no carnaval 2002 A escola de samba Império da Casa Verde, que faz parte do Grupo 1 em São Paulo, escolheu o Greenpeace como tema para o próximo Carnaval, ano em que a organização completa 10 anos no Brasil. Na condição de homenageado, o Greenpeace fez uma série de sugestões para iniciativas ambientalmente corretas. Muitas propostas, como a seleção de materiais e sua reciclagem, já foram implementadas. Os sócios já estão convidados a participar do desfile. Quando tivermos mais informações sobre a aquisição de fantasias e como participar, comunicamos a você. Fique ligado!
www.greenpeace.org.br
Greenpeace / Rodrigo Petterson
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Transgênicos Conheça a nova lista de alimentos contaminados com transgênicos
Greenpeace / L. Soares
Novo estudo revela genes desconhecidos em soja transgênica da Monsanto
IBOPE OPP081/2001
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No dia 27 de abril, a Justiça concedeu uma liminar ao Ministério Público Federal suspendendo todas as autorizações para cultivo experimental de quaisquer sementes geneticamente modificadas com características de agrotóxicos (plantas com propriedades bioinseticidas, como o milho com genes da bactéria Bacillus thuringiensis, são consideradas afins dos agrotóxicos) que não possuam o chamado RET (Registro Especial Temporário). Dois meses depois, o Greenpeace resolveu verificar se a lei estava sendo cumprida. No dia 04 de julho, o Greenpeace localizou um plantio experimental de transgênicos da Monsanto, que não possuía o RET. Uma equipe caça-transgênicos isolou a área de plantio de milho geneticamente modificado da empresa em Santa Cruz das Palmeiras, no interior do estado de São Paulo. Os ativistas cercaram a plantação experimental, coloriram as sementes com tinta atóxica e sinalizaram com duas setas a área ilegal, de aproximadamente 24 mil metros quadrados. Ao mesmo tempo, o Greenpeace solicitou a adoção das providências legais ao Ibama, Ministérios da Agricultura e Saúde, bem como ao Ministério Público Federal. Diante da denúncia, a Monsanto declarou publicamente que possuía o RET. No entanto, tanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como o Ministério da Agricultura negaram qualquer concessão do Registro. Por isso, dois dias depois (06/07), ativistas protestaram em frente à sede da Monsanto em São Paulo, acusando a empresa de mentir deslavadamente. Cerca de 15 dias depois, o Ibama determinou que a multinacional destruísse a área experimental de milho transgênico. A Monsanto obteve interdito proibitório contra o Greenpeace na Justiça para impedir que os ativistas entrem no campo experimental de Santa Cruz. No dia 26 de julho, a equipe Caça-Transgênicos pediu ajuda da polícia para investigar outro plantio ilegal de
Greenpeace / R. Petterson
No dia 30 de agosto, o Greenpeace divulgou novos laudos que comprovam a presença de transgênicos em produtos comer-cializados no Brasil. A análise foi feita pelo Laboratório Interlabor Belp Ag, da Suíça, e detectou a presença de soja geneticamente modificada Roundup Ready, da Um novo estudo, realizado Monsanto, em sete produtos: Salsichas Hot-Dog da Sadia, por um time de cientistas da Salsichas tipo Viena da Perdigão, Hambúrguer Superbom, Bélgica e publicado no dia 15 Hambúrguer Da Granja, Sopão de Galinha com Macarrão de agosto no European Journal e Legumes, da of Food Research Technology, Knorr, além de mostra “seqüência desconhecidois produtos da da de DNA” na soja transgênica Nestlé: Sopão de Roundup Ready da Monsanto. Carne com MacarO relatório indica a presença de rão e Legumes da “um segmento de 534 pares de Maggi e Ração base do DNA, cuja seqüência para Gatos da homóloga não pôde ser detectada”. Os cientistas concluíFriskes. ram que “durante a integração do DNA inserido, grande parte deste DNA pode ter sido apagada ou novos arranjos É a quarta vez que transgênicos são encontrados em propodem ter ocorrido”. É a segunda vez que um time de dutos da Knorr e a segunda em produtos da Sadia e Nestlé. pesquisadores aponta erros na descrição da soja “Além de desrespeitar as leis brasileiras, estas empresas destransgênica feita pela própria Monsanto. respeitam a opinião da maioria dos brasileiros, que são conA descoberta indica claramente que a soja geneticatrários ao consumo e a liberação comercial de transgênicos mente modificada Roundup Ready, autorizada a ser no Brasil”, disse Mariana Paoli, coordenadora da campanha consumida em vários países a partir da descrição das de Engenharia Genética. alterações genéticas feita pela própria Monsanto, não Pesquisa de opinião nacional do Ibope sobre transgênicos, é a mesma que está sendo vendida em muitos países. encomendada pelo Greenpeace em julho deste ano, constatou disse Mariana. que 74% da população prefere consumir um alimento convencional a um transgênico, e 91% acha que os alimentos geneticamente modificados devem ser rotulados. (ConNão sabe / Não opinou Não sabe / Não opinou fira gráficos da pesquisa de 3% Já ouviu falar 9% Não deveria ser 31% opinião ao lado) proibido 23% “O resultado da pesquisa de opinião do Ibope mostra que a maioria dos Não ouviu falar Deveria ser proibido brasileiros concorda com o 66% 67% Princípio de Precaução sustentado pelo Greenpeace. Mais da metade da população (67%) acredita que a proibição ao plantio de produtos transgênicos Não sabe / Não opinou Não deveriam trazer esta Prefere alimento Não sabe / Não opinou 5% informação no rótulo transgênico 13% deve ser mantida, até 4% 14% que haja consenso na comunidade científica sobre a segurança dos alimentos geneticamente Deveriam trazer esta Prefere alimento modificados para a saúinfromação no rótulo não transgênico 91% 74% de e o meio ambiente”, diz Mariana.
Greenpeace denuncia campo experimental de milho transgênico da Monsanto
Ativistas sinalizam localização de plantio experimental de milho trangênico da Monsanto.
transgênicos da Monsanto, desta vez na estação experimental de Cachoeira Dourada, Minas Gerais. O Greenpeace entregou ao delegado Ricardo Moura Aguiar, de Ituiutaba (MG), documentos que indicam a existência de plantio ilegal de milho transgênico Bt no campo experimental da Monsanto. A multinacional entrou com outro interdito proibitório na Justiça, mas o juíz responsável pelo caso quis ouvir representantes da organização antes de tomar qualquer decisão.
Leis descumpridas O RET é necessário para liberação experimental em campo, conforme determina a Lei de Agrotóxicos e Afins (Lei 7.802/90). Mesmo que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTN-Bio) dê um parecer favorável ao experimento, ele só pode ser plantado depois que os Ministérios da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente concederem este registro. Desde que foi formada em 1995, a CTN-Bio, já autorizou cerca de 926 campos experimentais de variedades transgênicas. No entanto, o controle destes experimentos é praticamente inexistente, pois os responsáveis pela fiscalização, os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, nunca colocaram em prática uma política de controle efetiva em campo. A CTN-Bio, sendo um órgão consultivo do Ministério de Ciência e Tecnologia, não tem poder deliberativo. Por isso, não poderia ter autorizado estes campos experimentais. A comercialização de alimentos com insumos transgênicos no País também é ilegal. A Lei de Biossegurança (Lei Número 8974, de 1995) determina, entre outras coisas, a realização de um estudo sobre a segurança dos alimentos transgênicos, que até agora não foi feito. Além disso, a comercialização destes produtos sem qualquer informação também viola o Código de Defesa do Consumidor, que garante a clara informação da composição do produto no rótulo da embalagem. “A falta de controle nestes experimentos é uma ameaça ao meio ambiente e à agricultura brasileira”, afirma Mariana Paoli, coordenadora da campanha de Engenharia Genética e da Rede Brasil Livre de Transgênicos. “O milho se reproduz através de seu pólen, que pode ser levado pelo vento ou pelos pássaros contaminando outras lavouras de milho num raio de até 10 quilômetros do experimento. Esta contaminação espalha uma poluição genética sem precedentes, trazendo não só riscos ambientais como sócio-econômicos”, esclarece. Entre as possíveis conseqüências à saúde humana estão o risco de alergias e o desenvolvimento de resistência à antibióticos. Como ameaça ao meio ambiente, cientistas apontam o empobrecimento da biodiversidade, a eliminação de insetos e animais, e o aumento da contaminação de solos e corpos d’água devido à intensificação do uso de agrotóxicos. 5
Greenpeace / B. Júnior
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Greenpeace / B. Júnior
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Casal faz intervenção em telão montado ao lado do palco flutuante
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Palco flutuante para realização de shows ao vivo
Tenda com pista de dança construída com madeira certificada pelo FSC e privilegiando a ventilação natural 6
Raveon
Greenpeace / B. Júnior
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Ecosystem 1.0, primeiro festival de música eletrônica ambientalmente correto do Brasil, aconteceu de 02 a 05 de agosto deste ano, em Manaus (AM), no coração da Amazônia. O Greenpeace foi convidado pela Liquid Sky, produtora do evento, a indicar tecnologias limpas para a construção da infraestrutura e promoção do festival. “Apontamos as diretrizes ambientais, que influenciaram desde a escolha do local para o evento – uma área na periferia de Manaus, degradada pela ação de uma pedreira – até os materiais utilizados na divulgação da festa”, disse Rebeca Lerer, da campanha da Amazônia. O governo do estado do Amazonas forneceu toda a infra-estrutura do local. As tendas, que abrigaram pistas de dança, foram construídas com madeira certificada pelo FSC, cuja retira-
Veja mais fotos no site www.raveon.com.br
Latões para reciclagem de lixo
Projeção de luz nas pedras Greenpeace / B. Júnior
Festa ecologicamente correta na floresta
Estados Unidos e Japão, além de grandes nome nacionais, participaram desta primeira edição. Nas quatro noites, mais de 30 mil pessoas compareceram ao evento, juntando-se a uma grande e pacífica celebração pela Floresta Amazônica.
Greenpeace / B. Júnior
da da floresta atende a rígidos padrões sociais e ambientais. O esgoto foi tratado com produtos biodegradáveis e os materiais promocionais foram impressos em papel reciclado e livre de cloro. Os bares e restaurantes da Praça de Alimentação receberam uma lista com os alimentos transgênicos, banidos do cardápio. A coleta seletiva de lixo foi um sucesso, com reciclagem total dos resíduos. O transporte coletivo, em ônibus, foi disponibilizado para o público, a fim de desencorajar o uso de carros particulares. A promoção de energias renováveis também fez parte destas diretrizes. O trabalho voluntário foi outra marca do evento. Todos os DJs e artistas doaram o cachê para viabilizar a festa e se tornaram “Guardiões das Florestas”, assinando um documento de apoio à campanha pela proteção das florestas. “Decidimos participar do Ecosystem 1.0 para mostrar que é possível realizar eventos de porte sem causar grandes impactos ambientais”, disse Rebeca Lerer, da campanha da Amazônia. “Este evento combina vanguarda cultural com preservação ambiental, oferecendo uma boa oportunidade de conscientizar um público jovem sobre a importância e a urgência de se preservar a maior floresta tropical do planeta”. A idéia é repetir o evento no ano que vem. Artistas de diversas partes do mundo, incluindo Índia, Alemanha,
Carlos “Soul” Slinger, pai da idéia, com o colete do Greenpeace 7
O índio Banu com um cervo caçado na Vila Sumaúma
Fotos da matéria: F. Cannalonga / Greenpeace
Território Deni: uma área a proteger
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No último dia 11 de setembro, o povo indígena Deni começou a abertura de trilhas na floresta amazônica para demarcar fisicamente seu território tradicional, situado nos municípios de Itamarati e Tapauá, no Amazonas. O objetivo dos Deni é proteger suas terras da exploração comercial de empresas madeireiras, que têm interesse nos recursos naturais concentrados na área. Esta é uma das primeiras vezes que um povo indígena conduz a demarcação de seu território na Amazônia sem a assistência do Governo Federal. “Faz 15 anos que esperamos que o governo brasileiro garanta a proteção de nossas terras através da demarcação. Enquanto isso, o povo Deni convive com a ameaça de empresas madeireiras que querem destruir nossa casa”, disse o chefe Deni Haku Varashadeni, a bordo do navio MV Arctic Sunrise, então em Manaus (AM). “Não vamos mais esperar. Pedimos que o governo brasileiro reconheça nossa demarcação e afaste de vez os perigos que ameaçam nosso povo e nossa terra”. A história do Greenpeace com os Deni começa em maio de 1999, quando a nossa O líder Deni Vaisuvi aprendendo a utilizar o teodolito durante o treinamento para a auto-demarcação
primeira expedição aportou nas aldeias do Rio Cuniuá, bacia do Rio Purus, sudeste do Amazonas. Na ocasião, Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia, contou aos Deni que parte de seu território tinha sido comprado pela empresa madeireira malaia WTK/ Amaplac. A área adquirida pela WTK chega a 313 mil hectares de floresta
Índios Deni aprendendo a utilizar equipamentos durante o treinamento para a auto-demarcação 9
integridade dos recursos naturais do território Deni. Nasceu então o Projeto de Apoio à Demarcação da Terra Indígena Deni, uma parceria entre o Greenpeace e as organizações indigenistas CIMI (Conselho Indigenista Missionário) e OPAN (Operação Amazônia Nativa). Nilo D’Ávila, engenheiro florestal e coordenador do projeto, explica: “O objetivo do Projeto, que foi posto em prática a partir de agosto de 2000, é preparar os índios Deni para acompanhar a demarcação de suas terras. A primeira fase incluiu cursos de topografia e geografia para que os índios adquiris-
sem noções de território e de localização espacial”. Para executar o projeto, formou-se uma equipe multidisciplinar que incluiu engenheiros, indigenistas e cientistas sociais. O trabalho em campo, com laboratórios, workshops e aulas teóricas, durou seis meses. A partir de referências conhecidas pelos índios, como o pôr-do-sol e o arco e flecha, os Deni aprenderam a ler coordenadas geográficas no GPS (sistema de posicionamento por satélite), interpretar ângulos e graus em aparelhos de topografia, como o teodolito, e a localizar seu território no mapa do Brasil. No dia 23 de fevereiro de 2001, a equipe do projeto, mais um time de documentação do Greenpeace e oito líderes Deni navegaram pelo igarapé Aruazinho até o P18, um dos marcos geográficos que delimitam a fronteira sul do território Deni. A finalidade da viagem era colocar em prática os conhecimentos adquiridos durante as oficinas. Em um momento histórico, Zena, líder Deni da aldeia Visagem, leu as coordenadas geográficas do P18. Seguiu-se uma aula prática que resultou na abertura de uma trilha de 60 metros e na construção de um posto de vigilância na floresta. “A aula prática, executada sob as mesmas circunstâncias de um processo real de demarcação, mostra que os Deni, hoje, conhecem bem o passo a passo da demarcação física”, afirmou José Liberato, engenheiro agrônomo que ministrou os cursos para os Deni. Nos próximos dois meses, uma equipe de técnicos brasileiros do Greenpeace, CIMI e OPAN, e um time internacional composto por 12 voluntários estarão dando apoio logístico aos Deni nos trabalhos de delimitação da área. “Uma vez que o trabalho dos Deni esteja concluído e o decreto para a demarcação seja assinado pelo governo, a área se torna de uso exclusivo dos Deni, afastando madeireiros e outros invasores“, disse Nilo D´Ávila. O apoio à auto-demarcação do território Deni faz parte da campanha do Greenpeace pela proteção das florestas do planeta. Acesse mais informações sobre o Projeto Deni e confira galeria de fotos e vídeos digitais na home page do Greenpeace: www.greenpeace.org.br
Equipe do Greenpeace em reunião com líderes Deni para discutir a demarcação de suas terras.
"Auto-demarcação": Índio Deni 'faz graça' com uma trena durante workshop sobre topografia e demarcação na Vila Deni
Crianças Deni “amontoam-se” em uma rede na Vila Marrecão
Greenpeace / I. Rouvillois
no vale dos rios Purus e Juruá, dos quais 150 mil ha são terras de uso tradicional dos índios Deni. Os índios ficaram chocados com as notícias. Cerca de 660 índios Deni ocupam uma área remota de 1,53 milhão de hectares de floresta nativa e exuberante. São quatro aldeias no Rio Cuniuá (afluente do Rio Purus) e outras quatro no Rio Xeruã (afluente do Rio Juruá). A demarcação do território Deni começou a ser discutida em 1985. Mais de 16 anos depois, eles continuam expostos às tentativas de invasão de seu território, esperando pelo reconhecimento oficial do seu direito à terra. A WTK chegou a submeter um Plano de Manejo Florestal ao IBAMA. Para afastar a ameaça da madeireira operar dentro das terras indígenas, o Greenpeace iniciou uma forte campanha pública, através de uma série de ações internacionais. A repercussão da campanha levou a maioria dos clientes da WTK na Inglaterra a deixar de comprar madeira produzida pela empresa. Sentindo a pressão dos consumidores, a WTK não iniciou o corte de árvores na área. Porém, apenas a demarcação física – a abertura de picadas na mata com seis metros de largura e muitos quilômetros de comprimento – pode garantir a
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Equipe de coordenadores, engenheiros e técnicos do Greenpeace, CIMI e OPAN dão noções de Geografia aos índios Deni na Vila Sumaúma
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Shell admite ter contaminado chácaras de Paulínia
A. P. Mello
Vista áerea da região onde se localiza a antiga fábrica da Shell em Paulínia, interior do estado de São Paulo 12
tirados da área contaminada para entregar à presidência da Shell. Os ativistas montaram uma mesa de debates em frente ao edifício da empresa para discutir com a direção a limpeza da área afetada pelos agrotóxicos. Os manifestantes ofereceram a água das chácaras contaminadas ao vicepresidente da Shell no Brasil, Sr. Gilbert Landsberg, que se recusou a beber, tendo somente molhado os lábios. A área interna à Shell Química, conhecida como “área do incinerador”, apresenta níveis de contaminação de solo mais de UM MILHÃO de vezes superiores aos níveis máximos da legislação holandesa, país de origem da empresa. A Shell apresentou plano de descontaminação à Cetesb que prevê tratamentos térmicos para a área afetada, incluindo a incineração. “A conduta irresponsável da empresa marcou a condução deste caso e, agora, ao invés de descontaminar a área, a Shell propôs à Cetesb a incineração do solo, transferindo o problema de lugar”, diz Karen Suassuna, coordenadora da campanha de Substâncias Tóxicas. Ativistas protestam em frente à sede “A incineração deste da Shell no Rio de Janeiro contra a poluição tóxica causada pela empresa tipo de resíduo nada em Paulínia, SP mais faz que transferir os contaminantes do solo para o ar ou para as cinzas do incinerador, agravando o problema com a produção de dioxinas, substâncias cancerígenas e que interferem no desenvolvimento de todos os organismos vivos”. No dia 22 de agosto, resultados dos exames de saúde feitos pela prefeitura do município comprovaram a intoxicação por metais pesados e/ou organoclorados em 86% dos moradores do bairro. A Secretaria de Saúde de Paulínia recomendou a remoção da comunidade do local. No início de setembro, o Greenpeace enviou ao Conselho Administrador do Índice de Empresas Éticas da Bolsa de Londres (FTSE4Good) relatório sobre o caso Shell no Brasil, pedindo que a companhia seja excluída de sua lista de empresas. O FTSE4Good – programa de indíces de ações de empresas com responsabilidade social – foi criado pela Bolsa de Valores de Londres e pelo Jornal Finacial Times, em julho de 2001. “Esperamos que esse conselho exclua a Shell da lista de 100 empresas éticas, mostrando que a conduta da empresa não pode ser considerada como adequada do ponto de vista ambiental e ético”, diz Karen. “O que a Shell gastou em publicidade para negar sua responsabilidade pela contaminação da área, poderia ser melhor empregado – poderia resolver o problema de remoção da população e encaminhar medidas ambientais adequadas e limpas para descontaminar a região”.
Greenpeace / F. Goifman
A Shell Química admitiu publicamente, no dia 8 de fevereiro, a contaminação de chácaras vizinhas à área onde funcionou sua fábrica de agrotóxicos em Paulínia, interior de São Paulo. Os agrotóxicos organoclorados Endrin, Dieldrin e Aldrin foram encontrados no lençol freático sob as chácaras localizadas entre a fábrica e o Rio Atibaia, um dos principais afluentes do rio Piracicaba e que abastece de água cidades da região, como Americana e Sumaré. O histórico de contaminação da área começa em 1975, quando a Shell iniciou a produção de Endrin e Aldrin e o processamento de Dieldrin, três agrotóxicos organoclorados. Uma portaria do Ministério da Saúde, publicada em 1985, proibiu a fabricação destes produtos. A empresa acatou a decisão e a produção foi interrompida. Três vazamentos destes materiais foram oficialmente registrados durante os anos de produção. Já em 1985, ocorrências policiais registravam a poluição causada pela empresa. Mas foi em 1995, quando a Shell estava prestes a vender a área para a Cyanamid Química, que a empresa reconheceu publicamente parte do problema, fazendo uma autodenúncia junto à Promotoria Pública, que resultou num Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Em 1996, a Shell encomendou um laudo técnico sobre contaminação do lençol freático fora da área da empresa, para o Laboratório Lancaster, nos Estados Unidos. Porém, só no ano 2000 a empresa revelou os dados das análises do laboratório, que acusavam a presença de Dieldrin em poços artesianos das chácaras vizinhas. E somente agora, cinco anos após receber a informação, a Shell admitiu publicamente que a contaminação atingiu áreas fora da sua propriedade, embora ainda sem revelar a extensão da contaminação. No dia 22 de maio, o Greenpeace protestou em frente à sede da Shell Química, no Rio de Janeiro, contra a poluição tóxica causada pela empresa em Paulínia. Ativistas da organização e 40 moradores do bairro atingido trouxeram alimentos, 35 garrafões de água e dois barris de terra re-
Greenpeace protesta contra votação da proposta de alteração do Código Florestal No dia em que se comemora o Dia da Amazônia (05/ 09), duas ativistas foram detidas pela segurança do Senado Federal, em Brasília (DF), durante protesto contra a votação da proposta de alteração do Código Florestal Brasileiro, apresentada pelo Deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR) e defendida pela bancada ruralista. O protesto interrompeu por cerca de 20 minutos os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista do Senado, atrasando a votação em quase duas horas. Duas ativistas se algemaram a cadeiras e soaram um alarme para denunciar que a proposta do deputado Micheletto provocará um aumento da devastação das áreas florestais do País. Na faixa de protesto, a mensagem: “DESMATAMENTO NÃO!”. No entanto, a proposta do deputado Micheletto foi aprovada pela Comissão: 13 votos a favor, 2 contra e 1 abstenção. Os 2 votos contrários foram os do deputado Fernando Gabeira (PT-RJ) e da senadora Marina Silva (PT-AC). As alterações do Código Florestal Brasileiro ainda devem ser votadas em plenário do Congresso. Mas o Executivo deixou claro que não permitirá sua votação enquanto a proposta permanecer como está. O Greenpeace defende o atual texto da Medida Provisória como base de discussão para as mudanças que vão resultar na nova lei florestal do País. “Não há o que negociar na proposta do Governo, pois o texto atualmente em vigor é o mínimo ambientalmente aceitável”, disse Flávio Montiel, assessor político. Se aprovada, a proposta defendida pelos ruralistas permitirá o desmatamento de até 80% das áreas de vegetação natural de propriedades brasileiras. Além disso, a proposta do deputado Micheletto baseia-se no argumento de que o desenvolvimento econômico das regiões CentroOeste e Norte do Brasil só será possível com prática de
pecuária extensiva e abertura de novas áreas para monocultura - como o plantio da soja e algodão. O Greenpeace tampouco concorda com a proposta recentemente formulada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) de permitir uma proporção maior de desmatamento para as propriedades abaixo de 200 hectares. “Embora concordemos com a CONTAG quanto à necessidade de se criar políticas de apoio ao pequeno agricultor, está claro quealterar a legislação ambiental não vai resolver a dificuldade de acesso ao crédito agrícola”, afirma Montiel. O texto em vigor foi amplamente discutido no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), no início do ano passado, em mais de 30 reuniões de trabalho em 20 diferentes estados, que contaram com a participação de mais de 730 diferentes setores da sociedade. “A proposta do Governo Federal representa a vontade da sociedade brasileira em compatibilizar um modelo de desenvolvimento agropecuário com a conservação dos recursos naturais para as gerações futuras”, conclui Montiel. No dia 27 de setembro, o deputado Micheletto não compareceu a um debate público via internet sobre sua proposta de alteração do Código Florestal. No entanto, o Greenpeace esteve presente, esclarecendo dúvidas de internautas sobre a importância de se preservar a floresta. O deputado Micheletto enviou um “assessor” para responder as perguntas, o que não foi aceito pela organização, e o debate online foi cancelado. No dia seguinte, o presidente Fernando Henrique Cardoso declarou que o governo não vai reduzir o tamanho das áreas de preservação ambiental e que o texto atualmente em vigor será mantido. A declaração é uma grande vitória para a natureza.
O Greenpeace e a crise de energia: o futuro é solar!
Além de ter modificado a rotina de milhões de brasileiros por conta do risco do apagão, a crise energética que estourou no início deste ano trouxe também a ameaça de que uma nova usina nuclear fosse construída em Angra dos Reis (RJ) e motivou o governo a apresentar um plano de construção de usinas movidas à carvão mineral. Ambas as propostas são ambientalmente incorretas e, mais grave, não resolvem o problema. Em primeiro lugar, estas alternativas não combatem as causas reais da crise energética. Apesar de o governo ter atribuído a crise à falta de investimentos na geração e tramissão de energia, a verdade é que, por trás dela, esconde-se uma crise muito maior: o esgotamento dos recursos hídricos. A falta d´água se deve à fatores como desmatamentos, destruição de nascentes de rios e impermeabilização do solo, entre outros. Por outro lado, as termoelétricas não representam uma solução de longo prazo, já que dependem de combustíveis fósseis como o gás natural, o carvão e o petróleo - principais responsáveis pelas mudanças climáticas que vem
desestabilizando o planeta. E é de conhecimento público que o programa nuclear brasileiro, além de apresentar graves riscos ao meio ambiente e à saúde humana, não é uma solução para a questão do fornecimento de energia do País. O Greenpeace propõe que os esforços governamentais sejam direcionados para reduzir o desperdício de eletricidade, através da promoção de equipamentos mais eficientes em todos os setores, e para a implementação de todos os projetos de fontes renováveis de energia cuja viabilidade já esteja demonstrada. Alguns exemplos são a substituição de chuveiros elétricos por aquecimento solar da água, a construção de fazendas eólicas (geração de energia a partir do vento), a geração de eletricidade com o uso de biomassa, pequenas centrais hidroelétricas (PCHs) e programas de cogeração de energia. Está na hora de fazer um plano de desenvolvimento energético que possa atravessar o próximo decênio e seja ambientalmente sustentável: economia de energia e energias renováveis. O futuro é solar! 13
BRASIL
Protesto contra poluição tóxica industrial na baixada santista, realizada durante Expedição das Américas do Greenpeace, em janeiro de 2001 14
Os Poluentes Orgânicos Persistentes são um grupo de substâncias altamente tóxicas para os seres humanos e para o meio ambiente. Eles causam diversos problemas ao atingir os sistemas neurológico, imunológico e reprodutor. A exposição a estes contaminantes está associada a vários tipos de câncer, aborto, problemas no desenvolvimento de feto (incluindo diminuição de peso e tamanho na hora do nascimento), problemas hormonais, redução da resistência óssea e alteração do comportamento. Nos animais, já se verificou o declínio de populações, aumento de deformidades e morte de embriões, deficiência no desenvolvimento dos órgãos sexuais e esterilidade. Além do seu caráter altamente nocivo, eles também preocupam pela persistência, ou seja, são substâncias muito resistentes e difíceis de se degradarem. Os POPs viajam pelo planeta inteiro, podendo ser encontrados a longas distâncias do lugar onde foram produzidos. Além de persistentes, estes contaminantes são bioacumulativos, aderindo ao tecido adiposo de animais e seres humanos. Por tudo isso, os POPs constituem um problema global e necessitam de ação urgente para seu banimento.
Os doze sujos A Convenção de Estocolmo selecionou uma lista inicial de 12 substâncias – conhecida como “Os Doze Sujos” – para serem prioritariamente eliminadas do planeta: aldrin, clordano, DDT, dioxinas, dieldrin, endrin, furanos, heptacloro, hexaclorobenzeno, mirex, PCBs (bifenilas policloradas) e toxafeno.
rias para paulatinamente e de forma segura a produção e os estoques de POPs do País”, diz Karen Suassuna, coordenadora da campanha de Substâncias Tóxicas. A Convenção entrará legalmente em vigor após ser ratificada por 50 das 127 nações que assinaram o texto final. Como se trata de um compromisso assinado por livre e espontânea vontade por países membros da ONU (Organização das Nações Unidas), estes têm a obrigação moral de implementar a Convenção mesmo antes de que ela entre legalmente em vigor.
CASO GERDAU Em janeiro, denunciamos a siderúrgica Gerdau Riograndense em Sapucaia do Sul, região metropolitana de Porto Alegre (RS), por contaminar o meio ambiente com PCBs (ascarel), cuja produção foi proibida no Brasil em 1981. Uma corrente humana formada por 12 ativistas fechou a entrada principal da fábrica. Ao mesmo tempo, outro time de ativistas bloqueava, no Rio dos Sinos, a saída de efluentes líquidos da empresa. O Ministério Público de Sapucaia do Sul acatou e está investigando a denúncia do Greenpeace sobre a Gerdau e a Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (FEPAM) já solicitou à empresa a apresentação de um plano de diagnóstico da contaminação da região onde está instalada a fábrica, além de monitoramento de suas emissões aéreas. Greenpeace / R. Baleia
Greenpeace / R. Baleia
O Brasil assinou a Convenção, porém pediu alguns anos de exceção para continuar usando um dos 12 POPs listados para banimento: o heptacloro. Segundo averiguamos, hoje em dia somente uma empresa em todo o País utiliza essa substância, a Action, no Paraná. A empresa comprou os estoques de heptacloro de uma companhia norte-americana, fechada há mais de 3 anos, e vem utilizando a substância como cupinicida para tratamento de madeira. Lamentavelmente, a delegação brasileira preferiu proteger os interesses privados de uma única empresa em detrimento da segurança ambiental e da saúde pública do País. O Brasil está entre os países mais atrasados na implementação de medidas que visem controlar e eliminar a produção dos POPs. Não há, no País, um levantamento das fontes geradoras de POPs e seus estoques. “O primeiro passo é conhecer o perfil da indústria brasileira e obrigar as empresas a prestarem informações sobre suas emissões de compostos tóxicos. Conhecendo estas informações, o governo deve discutir com a sociedade as medidas necessá-
O que são POPs
to do perigo que estes contaminantes representam para o meio ambiente e para as gerações futuras. No início deste ano, a Expedição das Américas do Greenpeace percorreu cinco paíGreenpeace alerta população de Sapucaia do Sul (RS) contra riscos da ses – Chile, Argentina, contaminação tóxica Brasil, EUA e México – denunciando os responsáveis pela poluição tóxica e exigindo a proibição da produção, comércio e descarga destas substâncias no meio ambiente.
Em abril, ativistas realizaram atividades públicas para alertar a população de Sapucaia do Sul sobre os riscos da contaminação industrial. Na ocasião, os moradores tiveram a oportunidade de escrever uma mensagem para a Gerdau, pedindo o fim da poluição tóxica.
CASO BAYER Durante a Expedição das Américas, o Greenpeace também denunciou a contaminação ambiental gerada pela Bayer, em Belford Roxo (RJ). Vinte ativistas invadiram e escalaram o incinerador da empresa para denunciar a contaminação do meio ambiente por PCBs (ascarel) e mercúrio. Todos foram detidos, mas nossa denúncia acabou sendo acatada pelo Ministério Público. Em maio, diante da dificuldade de ter acesso às informações sobre o caso, o Greenpeace exigiu da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, ações concretas para impedir que a Bayer continuasse poluindo a região de Belford Roxo, na baixada fluminense. Ativistas levaram uma aspirina gigante para o Palácio da Guanabara, sede do governo do Estado, com a mensagem: “Bayer, chega de poluição”. Os ativistas foram recebidos pelo secretário estadual do Meio Ambiente, André Corrêa, e pelo então presidente da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), Axel Grael. As autoridades não conseguiram explicar a falta de ações concretas e decidiram entregar todas as informações solicitadas. O secretário afirmou ainda que “a Bayer terá que se ajustar ou então será fechada”. Os dados finalmente apresentados pela FEEMA, depois do protesto, confirmaram nossa denúncia de que a Bayer está poluindo o município de Sapucaia do Sul. A empresa vem negando sistematicamente ser a fonte de PCBs na região, afirmando não ter encontrado qualquer resíduo destes compostos nas análises realizadas em seus efluentes, que são regularmente encaminhadas à FEEMA. Entretanto, a própria FEEMA confirmou que nunca foram feitos testes para detectar a presença de PCBs nos efluentes líquidos da Bayer.
Greenpeace entrega uma aspirina gigante para o governo estadual do Rio de Janeiro, pedindo ações concretas para impedir que a Bayer continue contaminado o meio ambiente
Greenpeace / F. Goifman
E
liminar totalmente 12 POPs (Poluentes Orgânicos Persistentes) da face de Terra: essa foi a grande vitória obtida com a assinatura da Convenção de Estocolmo, Suécia, no dia 23 de maio. O tratado internacional reconhece claramente o Princípio da Precaução, que privilegia a segurança e a preocupação relacionadas aos impactos de atividades humanas na saúde e no meio ambiente. (Saiba mais sobre POPs no quadro ao lado) Além da obrigatoriedade da eliminação dos POPs a longo prazo, o tratado define políticas para o controle dessas substâncias, determinando que os países realizem pesquisas científicas para avaliar a sua toxicidade e o grau em que elas estão contaminando seres humanos. O tratado também obriga os governos a incorporarem os cidadãos nas discussão sobre as soluções que devem ser adotadas e exclui tecnologias para a destruição de estoques existentes que possam gerar outros contaminantes POPs, como é o caso da incineração.
Greenpeace
Assinado tratado internacional para eliminação dos Poluentes Orgânicos Persistentes
A CAMPANHA DO GREENPEACE Em meados de 1980, o Greenpeace deflagrou uma campanha mundial denunciando os riscos ambientais de compostos químicos – como os organoclorados, as dioxinas e furanos –, que estavam sendo amplamente liberados no meio ambiente pelas atividades industriais. Foi somente nesta época que a opinião pública começou a tomar conhecimen-
Ativistas escalam o incinerador da Bayer, em Belford Roxo (RJ), contra poluição industrial causada pela empresa 15
espaço do sócio Greenpeace / A. Kishimoto
Conheça... ... a Carmen! Ela é estudante do 4º ano de Comunicação Social na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e de Relações Internacionais na PUC-SP. Carmen trabalha como voluntária no Greenpeace desde setembro de 2000. “Comecei trabalhando na Equipe de Diálogo Direto, que atua nas ruas e em eventos culturais, divulgando nosso trabalho e convidando as pessoas a se filiarem à organização”, explica. Desde pequena, Carmen esteve ligada à natureza. “A maior aventura que já vivi foi a Expedição ‘Projeto Mil Metros’ - uma viagem de jipe até Salto Angel, na Venezuela, onde fica a maior cachoeira do mundo, com mil metros de altura. Durante quarenta dias, eu e mais quatro amigos enfrentamos muita lama e passamos pelas mais incríveis paisagens das Guianas, Suriname, Venezuela e da Amazônia Brasileira. Foi uma viagem inesquecível”, conta. Desde março deste ano, Carmen trabalha de três a quatro horas por dia, três vezes por semana, no Setor de Atendimento à Sócios na sede do Greenpeace, em São Paulo. “Respondo mensagens pelo computador, faço a atualização de cadastros e também atendo telefonemas. É impressionante a quantidade de trabalho
de um departamento que quase não aparece – afinal quando a gente pensa em Greenpeace, lembra logo dos botes infláveis e de ativistas acorrentados, esquecendo que se trata de uma organização que depende da doação de pessoas físicas de todo o mundo para manter suas atividades. É dessas pessoas que cuido”, completa.
Atualize seu cadastro Nos meses de julho e agosto realizamos uma grande operação para atualizar os dados cadastrais dos nossos sócios, mas não conseguimos falar com todos. Por isso, se você ainda não atualizou seus dados, ente em contato conosco. Ligue para (0xx11) 3066-1151, envie um fax (11) 3082.5500 ou envie um e-mail para: socios@greenpeace.org.br. Nosso endereço é Rua dos Pinheiros, 240 – cj. 21/32 – bairro Pinheiros – São Paulo-SP – CEP 05422-000.
Agenda Em outubro está sendo inaugurada a área reservada aos sócios dentro do nosso site. Nela, vocês poderão baixar animações, papéis de parede, proteções de tela e temas para desktop, além de participar de fóruns, chats e muito mais! Para acessar, basta visitar o endereço http://www.greenpeace.org.br/socios/, digitando seu e-mail como “Nome de Usuário” e seu número de sócio como senha. Se você tiver algum problema para acessar, entre em contato conosco pelo número 11 3066-1151 ou pelo email socios@greenpeace.org.br. Esta área vai ser uma excelente maneira de intensificarmos nossa comunicação, gerando
debates que aproximarão a todos. E para começar vamos organizar chats com o pessoal que trabalha aqui. O primeiro será com a Marijane Lisboa, Diretora-Executivado Greenpeace. Veja as datas abaixo e participe! 19 de Novembro, às 20:00 hs Chat com Marijane Lisboa, Diretora-Executiva. 03 de Dezembro, às 20:00 hs Chat com a Carmen, estagiária do setor de Atendimento aos Sócios.
cartas Eu precisava dizer o quanto o trabalho de vocês me encanta! Pessoas como vocês é que fazem a gente acreditar que tudo um dia vai ser melhor e mais bonito... Parabéns, e obrigado por tudo o que vocês têm feito pra garantir que este nosso planeta, tão sofrido, continue sobrevivendo! Milhões de abraços Fabiana Delboni Muito oportuna a carta do professor de história à Bayer. Às vezes penso que estou ficando paranóico quando abordo esses problemas com parentes e amigos. Costumam dizer:- Vem ele defender a natureza! Como se nós não pertencêssemos a ela. Essa crise de energia mostra bem, não só a incompetência e o
descaso dos nossos governantes, o que nos espera em um futuro mais breve do que eu venho prevendo. Sinto pela geração que aí está vindo, esta será a vítima da falta de sensibilidade da minha geração a qual quando era jovem, se dizia amante da natureza e coisa e tal. “Tudo balela” Angelo Leonardo Feder Olá Gostaria de informar que já acessei o site do Código Florestal e enviei o meu protesto, e também repassei a vários amigos, solicitando que eles fizessem o mesmo. Obrigada pelas notícias enviadas com frequência, e contem com o meu apoio. Laudelinda Ribeiro Chaves - Curitiba - PR.
Associação Civil Greenpeace - Conselho Diretor: Ana Toni - Presidente, Frank Guggenheim, Gisela Alencar, Hugo Rosa, Pedro Jacobi Diretora-Executiva: Marijane Lisboa - Diretora de Desenvolvimento: Flávia Revkolevsky - Diário de Bordo: Primavera 2001 Editor: Tica Minami - Arte: André Kishimoto - Jornalista Responsável: Tica Minami (Mtb 17.752) - Capa: Greenpeace / Flávio Cannalonga Colaborador: C. Bodas - Projeto Gráfico: Idéia Digital - Gráfica: Ipsis Rua dos Pinheiros, 240 - cj 21/32 - Pinheiros - 05422-000 - São Paulo - SP - Tels.: (11) 3066-1155; 0800 112510 - Fax: (11) 3082-5500 - www.greenpeace.org.br Este Diário de Bordo foi impresso em papel Reciclato, gentilmente cedido pela Suzano Papel & Celulose, e é reciclado em processo livre de cloro. 16