R E V I S TA D O
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TRANSGÊNICOS TRANSGÊNICOS Senado Senado condena condena o o Brasil Brasil
e mais
Programa nuclear ★ Amazônia: venda de terras pela internet ★ Tour de energias limpas ★
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E
stamos inaugurando nesta edição uma nova cara para a revista do Greenpeace. Além de um visual mais leve e arrojado, a publicação tem um novo projeto edito-
rial. Passamos a contar, por exemplo, com a participação de pessoas que não são diretamente ligadas ao Greenpeace, mas cujas opiniões são fundamentais na promoção do debate político, social e ambiental. É o nossa capa: ação realizada pelo Greenpeace em Brasília imagem: Greenpeace/Dudu Cavalcanti
caso da entrevista com Jorge Durão, diretor da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais). Nesta edição destacamos a luta do Greenpeace contra a liberação de transgênicos sem estudos conclusivos. Mostramos também nossa campanha pelas energias renováveis, com o lançamento de uma expedição que percorrerá o Brasil em 80 dias. Estamos abrindo nesta revista um novo canal de relacionamento com você.
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Somente com seu apoio é que podemos conti-
nuar nosso trabalho por um mundo mais
goste da nova proposta. Um grande abraço,
GREENPEACE / RODRIGO BALEIA
Mande sua carta ou e-mail para a gente.
verde e com mais paz! Esperamos que você
Frank Guggenheim Diretor executivo – Greenpeace Brasil
★ O Greenpeace é uma organização independente que faz campanhas utilizando confrontos não-violentos para expor os problemas ambientais globais e alcançar soluções que são essenciais a um futuro verde e pacífico.
risco
Brasil em : Lula quer reativar programa
campanhas do Greenpeace. A energia nuclear é caríssima: um único dia para custear Angra 1 e 2 sai por R$ 1 milhão. Além disso, essas usinas podem ser alvos de atentados terroristas. Um documento divulgado pelo Greenpeace na véspera do terceiro aniversário do ataque de 11 de setembro nos EUA alertou as autoridades brasileiras para a vulnerabilidade de Angra 2. O relatório está baseado em um estudo feito pela GAR (organização alemã de segurança de reatores) para o Ministério de Meio Ambiente da Alemanha. O estudo revela, entre outros dados, que o impacto de um avião comercial em uma usina nuclear como a de Biblis, similar à brasileira Angra 2 e à proposta de Angra 3, poderia destruir o prédio do reator e causar uma reação nuclear incontrolável. Césio – Não bastasse a situação de risco ao planeta, as usinas nucleares geram resíduos cuja periculosidade foi, infeliz-
Odesson Alves Ferreira, presidente da Associação de Vítimas do Césio 137, mostra seqüelas do acidente nas mãos
GREENPEACE
n
a contramão da tendência mundial de investimentos em energias limpas, o governo brasileiro sinaliza à nação que pretende reativar a aventura nuclear brasileira. Explica-se: há sinais de interesse em retomar o projeto de um submarino nuclear e avançar na construção da usina Angra 3. O governo também teria demonstrado interesse em ser fornecedor de urânio bruto e possivelmente enriquecido, o que vai contra o Tratado Internacional de Não-proliferação de Armas Nucleares, do qual o Brasil é signatário. Esse retrocesso, cuja origem está na época de ditadura militar, não é apenas uma ameaça à segurança ambiental. “Trata-se de uma conta cara paga pelo contribuinte brasileiro, que elegeu um presidente engajado com políticas sociais”, explica Marcelo Furtado, diretor de
nuclear
GREENPEACE / IANO ANDRADE
e n e r g i a
mente, comprovada por brasileiros. É o caso das vítimas contaminadas há 17 anos por Césio 137, em Goiânia. O acidente revelou que a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia, é deficiente no monitoramento do uso de recursos nucleares e na garantia de segurança da população em casos de emergência. O maior acidente radiológico do Brasil afetou 6.500 indivíduos e gerou 7 toneladas de lixo radioativo. Até hoje, as pessoas afetadas continuam sofrendo com as seqüelas do acidente, não foram indenizadas e estão sem auxílio adequado. “Exigimos que o governo federal reative a Fundação Leide das Neves para fornecer assistência médica, psicológica e social até a terceira geração das vítimas”, diz Odesson A. Ferreira, presidente da Associação das Vítimas do Césio 137. Em 6 de agosto, o Greenpeace projetou na parede externa do Ministério da Ciência e Tecnologia uma versão reduzida do documentário “Césio 137 – O Brilho da Morte”, que narra a situação atual dessas vítimas. A atividade marcou também os 59 anos da explosão da bomba de Hiroshima (Japão), em 1945. ★
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criado para o Greenpeace. O evento foi realizado em Belo Horizonte (MG). A Young & Rubicam apóia o Greenpeace há anos, desenvolvendo campanhas publicitárias para a organização. No link www.greenpeace.org.br/partici-
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GREENPEACE / FLÁVIO CANNALONGA
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★ De 7 a 11 de agosto, o Greenpeace participou da ADVENTURE SPORTS FAIR, feira de esportes e turismo de aventura, realizada no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo (SP). Com um estande feito de madeira certificada pelo FSC (Conselho de Manejo Florestal) e pintado com tintas à base de água, a organização divulgou as campanhas que constituem seu trabalho no Brasil e fez uma palestra sobre ativismo e paz. Outras 30 organizações não-governamentais participaram do evento.
GREENPEACE / RODRIGO BALEIA
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destruição via
internet
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mais nova real ameaça à Amazônia vem do mundo virtual. Lotes de terra da floresta estão sendo vendidos para estrangeiros via internet. A denúncia de comercialização ilegal destas áreas públicas foi feita pelo coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, em palestra na Escola Superior de Guerra, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 21 de junho. Como evidência, ele apresentou aos oficiais do exército sites como Timberlands (www.resourcesbrazil.com) e Imóveis Virtuais (www.imoveisvirtuais.com.br), onde o valor do hectare é orçado em aproximadamente US$ 60. Para estimular o comprador, o site da Timberlands cita nomes de proprietários famosos, como David Rockefeller, que teria mantido na região uma fazenda de 250.000 acres por 20 anos. As
promessas incluem “uma terra sem furacões, terremotos, enchentes, vulcões e mosquitos!” Paulo Adário adverte que um dos maiores problemas na Amazônia é a ausência do Estado na região, o que estimula a ocorrência de ações ilícitas, como o assassinato de Adilson Prestes, morto a tiros de fuzil em frente a sua casa em Novo Progresso, no Oeste do Pará, em 5 de julho. Prestes havia denunciado, no ano passado, ao Ibama, Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal o suposto envolvimento de políticos e madeireiros daquela região com a grilagem de terra e a exploração ilegal de mogno em áreas indígenas e terras da União. A esposa de Prestes havia desaparecido em circunstâncias misteriosas e, antes de ser assassinado, ele havia ficado detido por 39 dias pela polícia do Pará, quando teria sido torturado. A escalada de violência na
GREENPEACE / FLÁVIO CANNALONGA
a m a z ô n i a
Amazônia foi denunciada à Organização das Nações Unidas, à Organização dos Estados Americanos e à Comissão Panamericana de Defesa dos Direitos Humanos por 43 ONGs e movimentos sociais. As entidades, que se reuniram em agosto no Pará, também entregaram uma carta a autoridades governamentais pedindo medidas urgentes por parte do governo brasileiro a fim de conter a violência na região. Privatização? – O fato é que hoje há áreas imensas da Amazônia sem qualquer tipo de proteção ou controle governamental – o que existe é feito de forma precária pela falta de recursos –, sujeitas à devastação desenfreada, à grilagem de terras e ao trabalho escravo. Além disso, a privatização da região é um fato. Há indústrias madeireiras e fazendeiros devastando a região de forma ilegal e invadindo áreas públicas, bem como grandes empresas que exportam recursos minerais, e conglomerados nacionais e transnacionais, como Cargill, Bunge, Maggi e ADM, que plantam e comercializam soja para exportação.
FOTOS: GREENPEACE / DANIEL BELTRA
Para salvar este patrimônio, há um projeto governamental para regularizar concessões de terras públicas para extração manejada de madeira. Se aprovado, o PNF (Programa Nacional de Florestas) pode reduzir a destruição florestal. É preciso reconhecer que, além de um meio ambiente preservado, os 20 milhões de pessoas que vivem na região têm direito a emprego, renda, segurança e qualidade de vida. Assim, um projeto baseado no uso responsável dos recursos florestais é necessário. As medidas que estão sendo discutidas no projeto incluem a atividade madeireira ecologicamente sustentável e certificada. O Greenpeace entende que o projeto ainda precisa garantir um sistema de Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE) participativo, que proteja as áreas reivindicadas por comunidades e povos indígenas da exploração comercial e industrial e preveja áreas para o uso sustentável. O projeto deve coibir a expansão da atividade agropecuária sobre a floresta, além da exploração madeireira predatória. Mesmo as áreas abertas à exploração – cujos critérios devem ser no mínimo similares aos do FSC (Conselho de Manejo Florestal), devem manter áreas-testemunha intactas para medir o impacto da operação autorizada sobre o ecos-
sistema e a intensidade de exploração mais adequada. “O governo diz que o objetivo de seu projeto é reordenar o território e o acesso aos recursos florestais, em um processo transparente, com consulta à sociedade”, afirma Adário. “Agora, se o governo será capaz de garantir que esse processo seja realmente participativo, que leve em consideração o papel fundamental da Amazônia para o meio ambiente e que contribua para impedir o processo de privatização real e predatória, isso é uma outra história”. Na avaliação do Greenpeace, para ser efetivo, um projeto desta magnitude evidente-
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mente exige o fortalecimento de instituições governamentais como o Ibama e a Polícia Federal, cuja missão é fiscalizar e controlar práticas ilegais. Código florestal – Um ponto positivo na luta pela preservação ambiental foi marcado por um veto presidencial que deteve o projeto de lei que revogaria a aplicação do Código Florestal em áreas urbanas, medida que permitiria às incorporadoras, por exemplo, construir imóveis a menos de 30 metros de áreas de preservação ambiental. O projeto de lei proposto pelo deputado Ricardo Izar (PTB/SP), coordenador da Frente Parlamentar de Habitação e Desenvolvimento Urbano, havia sido previamente aprovado pelo Congresso Nacional até ser barrado pelo presidente Lula em 2 de setembro. A continuação da aplicação do Código Florestal em vigor garante a preservação de pontos
vitais da natureza, como nascentes e manguezais. Além disso, beneficia a sobrevivência de áreas que são alvo de grande especulação imobiliária, como a Mata Atlântica e a Zona Costeira. A decisão de Lula foi tomada após pressão realizada por um grupo de mais de 160 ONGs, entre elas o Greenpeace. Por isso, a mobilização da população será mais uma vez fundamental em 2005, quando o PNF será analisa★ do pelo Congresso.
GREENPEACE: As ONGs lutam pela transparência nas atividades das empresas. Essa transparência também é apresentada pelas próprias ONGs? JORGE EDUARDO DURÃO: Desde a sua criação, a Abong se empenha em garantir a transparência das suas associadas. Estamos estimulando agora o balanço social das ONGs, visando dar mais transparência às relações de trabalho, de gênero, raciais etc no interior das ONGs. Apesar do enorme avanço ocorrido desde 1991 (ano da fundação da Abong) entre as nossas associadas, ainda há muito que avançar para que a transparência se incorpore à cultura das ONGs brasileiras. VERA SIQUEIRA / REVISTA TEORIA E DEBATE
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O que o sr. acha das ONGs que recebem dinheiro público? JD: O argumento segundo o qual o acesso de organizações da sociedade civil a recursos públicos, as coloca na condição de “oficiais” (por que não neogovernamentais, como diria FHC?) decorre de dois equívocos. O primeiro é a visão neoliberal instrumental do papel das ONGs, propondo que lhes sejam atribuídas tarefas públicas não executadas pelo Estado. O segundo equívoco conGP:
entrevista
ONGs: nova Jorge Eduardo S. Durão, diretor geral da Abong
a legitimidade de ONGs terem acesso a fundos
GP:
Organizações NãoGovernamentais), defende
públicos para trabalho próprio, com total independência de governos
Qual o papel das ONGs no Brasil? Qual a relevância desse trabalho para o País? JD: As ONGs buscam a ampliação da cidadania, a constituição de direitos e a consolidação de uma democracia participativa. Seu perfil é caracterizado, entre outros pontos, pela busca de alternativas de desenvolvimento ambientalmente sustentáveis e socialmente justas, e pela luta contra a exclusão e as desigualdades sociais. O papel das ONGs GP:
lei x autoritarismo
siste na redução do público ao estatal. Eu defendo claramente a legitimidade de as ONGs terem acesso a fundos públicos para desenvolverem o seu trabalho próprio (e não como delegadas do Estado), com total independência em relação aos governos.
(Associação Brasileira de
dade de expressão da sociedade? JD: O projeto original do senador Mozarildo era claramente inconstitucional, ferindo o direito de livre associação previsto na Constituição. Mas isso foi evitado no substitutivo aprovado no Senado. A legislação atual já define (por meio do Código Civil) a natureza jurídica das ONGs e de outras entidades que atuam na área social. Além disso, já prevê diversas qualificações legais que as associações civis sem fins lucrativos podem ter. A idéia de que é preciso criar novas leis para regulamentar e controlar as ONGs é de inspiração autoritária e tem o respaldo sobretudo de setores políticos cujos interesses são contrariados pela atuação das ONGs. A CPI das ONGs e a atuação do senador Mozarildo Cavalcanti são exemplos disso.
O projeto de lei do senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) dispunha que o Estado deveria autorizar o funcionamento de uma ONG e que essa autorização poderia ser cassada. Isso não é um atentado à liber-
transcende os resultados concretos dos projetos que desenvolvem, pois contribuem para a mudança das relações entre o Estado e a sociedade, entre o público e o privado. Sobretudo pela contribuição que podem dar para que os movimentos populares superem os limites da defesa de interesses econômicos particularistas, e sejam atores nãocorporativos da definição e implementação das políticas públicas. ★ 1
Leia mais no site: www.abong.org.br
t ários
novos grupos pelo país Em 18 de setembro foi lançado oficialmente o grupo de voluntários de Belo Horizonte. São 20 pessoas, coordenadas pela advogada Ana Quintão, que apoiarão as campanhas do Greenpeace na capital mineira. O evento, realizado no Parque Estadual do Rola Moça, contou com apresentação musical, caminhada ao ar livre e palestra do coordenador nacional de grupos de voluntários, Emílio Pompeu. Atualmente existem grupos atuando em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e
Salvador. O da capital baiana contará com um evento de lançamento em breve, durante a passagem da expedição Energia Positiva para o Brasil pela cidade (leia mais sobre o projeto na pág. 14). TERCEIRO SETOR – Nos dias 18, 19 e 20 de agosto, o Greenpeace marcou presença no Salão de Responsabilidade Social, que foi realizado no Centro de Convenções de Novo Hamburgo (RS). No evento o Greenpeace distribuiu mais de 3 mil Guias do Consumidor.
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s breves breves breves
volun
★ Desta vez não eram botes, mas sim motos. E no lugar de ativistas vestidos de coletes salva-vidas, entraram em cena pilotos de motocross imitando jaguares para defender a FLORESTA ARGENTINA Grande Chaco, que está sendo devorada pela agropecuária. Ao documentar a destruição da região, os ativistas foram detidos pela polícia, mas soltos dois dias depois. O Greenpeace exige que o governo argentino tome medidas urgentes para proteger as últimas matas nativas que restam no país.
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AS OLIMPÍADAS DE ATENAS
foram
um retrocesso no que diz respeito aos compromissos ambientais. Embora a posição inicial das autoridades gregas fosse a de implementar projetos ambientalmente corretos e de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável, na prática isso não ocorreu. Nem mesmo a energia solar foi utilizada para suprir
GREENPEACE / PEDRO DAVID
as necessidades da Vila Olímpica.
Novos voluntários se reúnem em parque de Belo Horizonte
★ Radical e ecologicamente correto. Assim foi o X GAMES, evento de esportes radicais que aconteceu em Los Angeles (EUA) em agosto. Um dos exemplos das práticas verdes adotadas foi a rampa de skate construída com madeira certificada pelo FSC (Conselho de Manejo Florestal).
agende-se agende-se age Confira alguns dos eventos de que o Greenpeace participará em outubro e novembro: ★ outubro Expedição “Energia Positiva para o Brasil” nas seguintes cidades: 22 a 24 - Parada da expedição em Belo Horizonte; 26 Parada da expedição em Vitória;
30 a 2 de novembro - Parada da expedição em Salvador; ★ novembro 04 Parada da expedição em Aracaju; 05 a 07 - Viver Zen em São Paulo Centro de Eventos São Luiz, São Paulo Das 10h às 21h Palestra sobre Engenharia Genética - Transgênicos, dia 5, às 17h30.
06 e 07 - Expedição “Energia Positiva para o Brasil” em Maceió; 08 e 10 - Parada da expedição em Recife. ★ mais informações no nosso site www.greenpeace.org.br/ tour2004_energia
o u t u b r o se
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enquanto o os
senado
aprova
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soja transgênica, ou seria conivente com a ilegalidade ignorando o plantio ilegal que vem ocorrendo no País. Embora tivessem nas mãos a possibilidade de votar a lei da forma como veio da Câmara dos Deputados (que incluía os estudos de impacto ambiental), os senadores votaram o substitutivo do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), colocando o meio ambiente sob o risco de ser simplesmente ignorado por legislações e projetos futuros. A concessão do poder de decisão à CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) é outro grave problema do texto aprovado, que tirou a competência de fiscalização dos ministérios do Meio Ambiente e da Saúde.
lgumas vozes favoráveis aos transgênicos insistem em dizer que o debate sobre este tema tornou-se ideológico, enquanto deveria ser apenas técnico. Para o Greenpeace, esta discussão não pode ser apenas técnica ou ideológica, já que possui diversas implicações sobre a biodiversidade, a agricultura, a economia e a sociedade brasileira de forma geral. No dia 6 de outubro, os senadores abriram um grave precedente ao aprovar um Projeto de Lei de Biossegurança que não exige o licenciamento ambiental para a liberação dos transgênicos no País. Depois do Senado, a lei teve de voltar para a Câmara dos Deputados devido às modificações em seu texto. No entanto, com o esgotamento do prazo para o plantio da safra 2004-2005, e com a pauta da Câmara trancada por outras votações, até o fechamento desta edição, existiam duas possibilidades: ou o presidente Lula editaria mais uma medida provisória, liberando o plantio da
SÓCIOS
|em ação
Pressione para que o meio ambiente e a população sejam respeitados, e os transgênicos não sejam liberados no País sem o licenciamento ambiental. Clique em www.greenpeace. org.br/ciberativismo e veja como participar.
GREENPEACE / DUDU CAVALCANTI
transgênicos...
GREENPEACE / DUDU CAVALCANTI
t r a n s g ê n i c o s
A MP, por sua vez, liberaria mais uma vez um produto que entrou ilegalmente no Brasil, contrabandeado da Argentina, e que não conta com o apoio dos brasileiros. Pelo contrário, mais de 80% da população não quer a liberação dos transgênicos (pesquisa ISER/julho 2004). Contudo, o mais grave é que a MP não exigiria as devidas avaliações de impacto sobre o meio ambiente. Protestos – O Greenpeace fez manifestações em Brasília, exigindo que a questão não fosse resolvida sem a inclusão dos estudos de impacto ambiental (Eia/Rima) na regulamentação dos transgênicos. Em 25 de agosto, vésperas de uma possível votação do Projeto de Lei de Biossegurança no Senado, ativistas posicionaram diante do Congresso uma bandeira com o símbolo da rotulagem transgênica e um ponto de interrogação. Os senadores, porém, não votaram a lei naquele dia. No dia 22 de setembro, o Greenpeace fez uma manifestação na frente do Palácio do Planalto, exigindo que o presidente Lula não “acorrentasse” o País aos transgênicos e aos inte-
franceses
... os nossa soja
e
querem
convencional
nquanto isso, a soja convencional do Paraná faz sucesso entre os europeus. Uma comitiva francesa, que esteve no Estado em setembro acompanhada do
FOTOS: GREENPEACE / RODRIGO PETTERSON
ção de uma nova MP, o governo federal, além de tudo, desrespeitaria uma sentença do Tribunal Regional Federal (TRF) de Brasília, que exige o Eia/Rima prévio à liberação da soja Roundup Ready no meio ambiente.
Greenpeace, aprovou o modo paranaense de produção de soja convencional e orgânica, assim como o controle de qualidade realizado para evitar a contaminação do produto pela soja transgênica. Durante a visita, a vice-governadora da Bretanha, Pascale Loget, declarou que recomendará a compra do produto paranaense. “Deixaremos claro, tanto na França como na Alemanha, na Bélgica e em outros países da Comunidade Européia, o trabalho sério e competente realizado pelo Paraná, que pode assegurar o fornecimento de soja livre de transgênicos”, disse Pascale. René Louail, representante da Confederação Camponesa Européia, afirmou que fará a mesma recomendação para as 25 associações de produtores rurais da Europa que participam da entidade. Com este apoio, o Paraná pode se tornar o principal fornecedor mundial de soja convencional para a Europa, garantindo uma vantagem comercial para o País. Dos três maiores exportadores mundiais do grão, o Brasil é o único capaz de atender à demanda internacional por produtos não-transgênicos, já que a maior parte da produção dos outros dois grandes fornecedores (EUA e Argentina) é geneticamente modificada. ★
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★ DOSSIÊ apresentado pelo Greenpeace na Feira Sabores, em Curitiba, e na reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em Cuiabá, revela que plantações de soja convencional têm sido contaminadas por transgênica.
★ Na apresentação do dossiê em Porto Alegre (RS), Ventura Barbeiro, da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace, alertou que os
AGRICULTORES GAÚCHOS
são as
maiores vítimas da contaminação por transgênicos. Além dos custos extras para limpeza de máquinas e separação de grãos, os produtores de soja convencional são ameaçados de pagar royalties para a Monsanto pela tecnologia não utilizada voluntariamente.
★ O Greenpeace entrou com RECURSO contra a decisão do TRF de dar poderes à CTNBio para liberação de transgênicos no País. Com isso, a medida fica suspensa até julgamento.
GREENPEACE / ROGÉRIO PIPOLD
resses das grandes corporações. O governo e o Congresso têm a obrigação de garantir uma legislação forte de Biossegurança, assegurando o licenciamento ambiental e a avaliação do Ministério da Saúde. Com a edi-
reves breves breves breves breves
pesquisa
U
ma organização reconhecida, séria e de confiança. Estes são os principais resultados sobre o Greenpeace da pesquisa realizada pelo ISER (Instituto de Estudos da Religião). No período de 7 a 14 de junho, pesquisadores da instituição visitaram residências em sete capitais brasileiras – Belo Horizonte, Belém, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo –, perfazendo uma amostragem de 2.300 domicílios. “Periodicamente encomendamos estudos para averiguar nossa posição junto à sociedade e ao movimento ambientalista”, explica Frank Guggenheim, diretor executivo do Greenpeace. O ISER é um dos institutos mais reconhecidos no Brasil por seu trabalho de pesquisa, principalmente nas áreas socioeconômica e ambiental. Desde 1992 a entidade realiza uma avaliação sobre o que o brasileiro pensa do meio ambiente. Um dos principais resultados da pesquisa é o reconhecimento e a valorização do Greenpeace pela população. A organiza-
Trabalho da ONG é reconhecido e aprovado pela maioria dos entrevistados em pesquisa do ISER
resultados relevantes Confira outros resultados importantes do levantamento: ■ Marca conhecida: Um terço dos entrevistados citou espontaneamente o Greenpeace ao ser questionado sobre uma entidade que trabalha pelo meio ambiente. ■ Forte simpatia: A maioria das pessoas ouvidas não se considera bem informada sobre meio ambiente. Da amostragem, 89% tem acesso a notícias apenas pela TV. Contudo, os entrevistados declaram muita simpatia pela causa ambientalista. ■ Por dentro da ONG: O estudo levou em consideração um
universo populacional amplo: homens e mulheres de 15 a 60 anos, contemplando de analfabetos a graduados em cursos de nível superior, com renda familiar entre 1 e 20 salários mínimos. Contudo, quem mais conhece o Greenpeace são homens de 25 a 39 anos, com segundo grau completo e renda familiar de 2 a 5 salários mínimos. ■ Desejo de participar: Quase 90% dos participantes relataram estar dispostos a contribuir para uma causa ambiental, que julgam muito importante, por meio de voluntariado ou de contribuições financeiras.
Campanhas agradam Quanto aos temas trabalhados pelo Greenpeace, a pesquisa revelou que 81,9% dos entrevistados acreditam que os transgênicos não deveriam ser liberados no Brasil, posição defendida pela organização. A postura do Greenpeace de ser contra centrais nucleares também vai ao encontro do que pensa a maior parte das pessoas pesquisadas: 82,3% dizem que não querem a construção dessas usinas nucleares no País. Em relação ao tema Amazônia, 90,1% dos participantes declararam que o desmatamento indiscriminado é a maior ameaça à preservação da floresta. Ainda sobre este tema, mais de 30% dos entrevistados acreditam que as ONGs têm um papel valioso na defesa da Floresta Amazônica, que consideram um patrimô★ nio da humanidade.
FOTOS: GREENPEACE / STEVE MORGAN
Brasileiros admiram Greenpeace
ção foi a primeira ONG no ranking das instituições ambientalistas mais lembradas pelos entrevistados, sendo superado apenas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) – este, na verdade, um órgão governamental. Esse dado reforça outro levantamento recente feito com executivos pela Edelman Consultoria, que aponta o Greenpeace como a quarta marca brasileira mais confiável, sendo a única ONG a aparecer na lista de empresas citadas no estudo. “Um dado que nos surpreendeu positivamente foi a admiração que as pessoas têm pela forma mais radical de mostrarmos os problemas”, disse Guggenheim.
madeira ponto
ilegal
turístico
a
Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos cartões postais do Rio de Janeiro, foi reformada, ganhando deques flutuantes e um protesto do Greenpeace. A construção empregou madeira ilegal, extraída de área grilada na Amazônia. A denúncia foi feita no dia 27 de julho em frente ao clube Monte Líbano. Após a mobilização, o Rio de Janeiro tornou-se a primeira capital a estudar a participação no programa Cidade Amiga da Amazônia, do Greenpeace, que visa estimular leis municipais que proíbam a compra de madeira de origem ilegal e, por conseqüência, poupem a floresta.
FOTOS: GREENPEACE / PAULO PEREIRA
SÓCIOS
|em ação
Você também pode incentivar a prefeitura de sua cidade a adquirir madeira amazônica apenas de origem legal nas compras públicas.Veja como participar no site www.greenpeace. org.br/cidadeamiga
Seis cidades do interior do Estado de São Paulo já aderiram ao programa. As mais recentes a assinar o termo de compromisso com o Cidade Amiga da Amazônia foram São Carlos e Sorocaba. No dia 13 de agosto, o prefeito de São Carlos, Newton Lima Neto (PTSP), firmou o documento na presença do diretor executivo do Greenpeace, Frank Guggenheim, e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. “Parabenizo a prefeitura pela parceria que evitará a compra de madeira de áreas griladas, indígenas e sem certificação. É importante que as pessoas comecem a se conscientizar de que não estão comprando apenas uma mesa ou uma cadeira, mas um conceito”, disse a ministra. O prefeito de Sorocaba, Renato Amary (PSDB-SP), assumiu o compromisso no dia 26 de julho após manifestação realizada pelo Greenpeace na prefeitura duas semanas antes, pedindo que o município ajudasse na preservação da floresta. Mais de 400 e-mails enviados por sócios locais do Greenpeace foram decisivos para o prefeito aderir ao programa. Compromisso – Outras cidades que já instalaram comissões para estudar a compra de madeira amazônica apenas de origem legal e sustentável foram Botucatu, Campinas e São José dos Campos. “E já estamos negociando com outras 20 cidades”, conta Gustavo Vieira, coordena-
Ação realizada no RJ (no alto). O diretor executivo do Greenpeace, Frank Guggenheim, e a ministra Marina Silva em cerimônia realizada em São Carlos
em do Rio
dor político do programa Cidade Amiga da Amazônia. A indústria madeireira é uma das principais forças de destruição da Amazônia. Entre 2001 e 2003, mais de 5 milhões de hectares foram desmatados. Eleições – Antes das eleições municipais, o Greenpeace questionou candidatos a prefeito para saber quais são suas políticas de proteção da Amazônia. Foram enviadas cartas a candidatos de 26 cidades perguntando se teriam interesse em aderir ao programa Cidade Amiga da Amazônia. Vários candidatos se pronunciaram a favor da campanha. As respostas recebidas pelo Greenpeace estão publicadas no site www.greenpeace.org.br/cida★ deamiga/eleicoes2004.php
a m a z ô n i a
tour de
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percorre
21 estados
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unte uma boa idéia, um caminhão carregando um contêiner equipado com placas de energia solar, dezenas de profissionais e voluntários: o resultado é o tour de energias renováveis do Greenpeace. A expedição, lançada no dia 5 de outubro na Praça da Sé, em São Paulo, percorrerá 21 Estados brasileiros e mais de 14 mil quilômetros até 17 de dezembro. O caminhão passa por 450 cidades e pára em 31 delas para divulgar as vantagens dos modelos de energia limpa. Nestes locais, a população pode conhecer o contêiner, que foi totalmente equipado com materiais ambientalmente corretos, como
No nosso site www.greenpeace. org.br você pode acompanhar a expedição. Regularmente são publicados textos e fotos do tour. Veja também se o caminhão vai passar pela sua cidade, para você não deixar de visitálo. Os sócios também estão convidados a ajudar na recepção do caminhão nas cidades. Veja no site como participar.
Parabéns, Greenpeace, pelo seus 33 anos de vida!!! Que essa data se repita por muitos anos e que vossas lutas e conquistas só aumentem ao decorrer de sua história. Tenho muito orgulho de poder fazer parte dessa caminhada. Um grande abraço a todos vocês. Fernando Dassie (por e-mail)
REVISTA DO GREENPEACE
madeira certificada, placas recicladas, além de resfriadores de ar ecológicos. As pessoas também terão a oportunidade de visitar uma exposição de fotografias sobre fontes renováveis, como solar, biomassa, eólica e pequenas hidrelétricas, entre outras.
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ANIVERSÁRIO DO GREENPEACE
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GREENPEACE / WALTER CALDERON
e n e r g i a
cartas
caminhão Mercedes Benz cujo motor foi adaptado pelo paranaense Tomas Fendel para rodar com óleo vegetal. Assim, fica provado que a utilização de fontes limpas para a geração de combustíveis automotores é possível. Já as placas fotovoltaicas do contêiner solar foram instaladas pelo gaúcho Hans Dieter Rahn, associado do Greenpeace em Porto Alegre. Ao final da expedição, o veículo movido a óleo vegetal será vendido, segundo a coordenadora do tour, Gabriela Vuolo. Já o contêiner solar será doado a uma comunidade amazônica que não tem acesso à rede de energia. Lá, irá gerar eletricidade para apoiar a atividade econômica da comunidade, servindo como ferramenta para seu desen★ volvimento sustentável.
pelo correio Rua Alvarenga, 2331 cep: 05509-006 São Paulo/SP por e-mail revista@greenpeace.org.br
ASSOCIAÇÃO CIVIL GREENPEACE
conselho diretor
presidente Fernando Furriela Hugo Rosa João Lara Mesquita Pedro Jacobi Regina Scharf Marcelo Sodré diretor executivo Frank Guggenheim diretor de campanhas Marcelo Furtado diretora de comunicação Gladis Éboli diretor administrativo Wilson Mosca Segundo
diretora de marketing e captação de recursos Clélia Maury REVISTA DO GREENPEACE
é uma publicação trimestral do Greenpeace editora Cristina Bodas (mtb sp)
projeto gráfico e edição (arte) Kraft design ( ) colaboração Monica Martinez Elisa Almeida França Caroline Donatti impressão Litokromia Esse periódico foi impresso em papel reciclado em processo livre de cloro Tiragem: www.greenpeace.org.br
ATENDIMENTO AO SÓCIO
por telefone 0300.7892510 (R$ 0,30/minuto) por e-mail sócios@greenpeace.org.br
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DEAN BAIGENT-MERCER
ISTO É VIDA, MAS NÃO DA FORMA QUE CONHECEMOS Milhares de espécies marinhas desconhecidas, como a lula da foto, estão sendo destruídas pela prática da pesca com redes de arrasto que varrem o fundo do mar. As florestas existentes nas profundezas dos oceanos estão sendo destruídas antes mesmo de serem estudadas. A ONU é uma organização capaz de deter este processo. Por isso, o Greenpeace exige que a assembléia geral da entidade, que será realizada em novembro, garanta uma moratória para a utilização da rede de arrasto. Envie uma carta ao Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, pedindo a proteção dessas áreas, no site http://act.greenpeace.org/ams/ (em inglês).