abril - maio - jun | 2008
Quando 50% é igual a zero
Revista
Amazônia
Entrevista Frank Guggenheim
Transgênicos
greenpeace.org.br
Contaminou? Tem que pagar
diário de bordo Nossa capa: Área desmatada na região amazônica, que já perdeu 17% de sua cobertura florestal. © Greenpeace/Daniel Beltrá
Caros parceiros, amigos e colaboradores, Após seis gratificantes anos à frente do Greenpeace Brasil, deixarei a organização no final de junho. Para mim, foi um privilégio e uma honra fazer parte dessa organização. Durante esse tempo, graças a vocês colaboradores, aos funcionários dedicados de coração e alma à organização, aos voluntários e ativistas e aos nossos conselheiros, crescemos muito e conquistamos vitórias significativas para o meio ambiente no Brasil. Claro que tivemos algumas derrotas, faz parte do jogo. Mas estas derrotas só nos fortaleceram e nos incentivaram a continuar com nossa luta. Creio que o prêmio “Top of Mind” do jornal Folha de S.Paulo que recebemos no ano passado demonstra que hoje, quando se pensa em meio ambiente, se pensa no Greenpeace. Isso é fruto do esforço de todos. Gostaria de agradecer profundamente pelo apoio que me deram e ao Greenpeace Brasil durante esses anos. Meu sucessor será o diretor de campanhas, Marcelo Furtado, que garantirá a continuação de nossas campanhas e a estabilidade da organização. Aproveito para pedir que continuem a apoiar o Greenpeace e o Marcelo Furtado com a mesma dedicação e tolerância com que me apoiaram. Dessa forma, seu sucesso à frente desta organização com certeza estará garantido. Um grande abraço,
Energia © Greenpeace/Rodrigo Baleia
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Só falta vontade política
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Amazônia Na Amazônia, 50% é igual a zero
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Internet
Frank Guggenheim Diretor Executivo Greenpeace Brasil
O Green na web
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Entrevista Frank Guggenheim
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Clima Perto do problema, longe da solução
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Transgênicos Contaminou? Tem que pagar!
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Oceanos Em busca de mais um santuário
Cartas e expediente 2
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O Greenpeace é uma organização global e independente que promove campanhas para defender o meio ambiente e a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos. Nós investigamos, expomos e confrontamos os responsáveis por danos ambientais. Também defendemos soluções ambientalmente seguras e socialmente justas, que ofereçam esperança para esta e para as futuras gerações e inspiramos pessoas a se tornarem responsáveis pelo planeta.
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O fantasma do apagão de energia continua assombrando o Brasil. No início deste ano, a falta de chuvas afetou diretamente o fornecimento de eletricidade do país e fez acender a luz amarela, já que a matriz elétrica brasileira é composta em grande parte por usinas hidrelétricas. E pior: sem chuva, cai a produção elétrica e, por isso, são acionadas as usinas térmicas, que usam combustíveis fósseis e emitem doses maciças de gases de efeito estufa. É aí que reside o X da questão. Com tanto potencial renovável, o Brasil insiste em investir em termelétricas – de 2001 para cá, foram construídas no país novas instala4
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ções a gás, carvão mineral e óleo combustível, sujando desnecessariamente nossa matriz elétrica. O Brasil está desperdiçando a chance de investir em energias renováveis. O país poderia compensar a falta de chuvas e conseqüente queda no fornecimento de energia elétrica das hidrelétricas com fontes alternativas como a energia eólica e de biomassa. “Poderíamos investir em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), usinas de biomassa e parques eólicos. Depender dos combustíveis fósseis encarece nossa energia e coloca em risco a segurança energética do país”, diz Ricardo Baitelo, da campa-
nha de energias renováveis do Greenpeace, que lançou em maio deste ano o relatório A Caminho da Sustentabilidade – Como Desenvolver um Mercado de Renováveis no Brasil, com o ‘mapa do caminho’ para o país também participar do ‘boom’ mundial das energias renováveis. O mercado de renováveis já se tornou um grande negócio no mundo todo, com taxas de crescimento de cerca de 30% ao ano na última década. Os empreendimentos renováveis atraem novos investimentos, geram empregos e aquecem economias locais. De acordo com o relatório [r]evolução Energética, produzido pelo
Outro problema identificado no Proinfa foi a divisão na geração de energia por fonte, impedindo o desenvolvimento de pólos regionais, como um pólo de energia eólica no nordeste ou a co-geração a biomassa do sudeste e centro-oeste. A falta de incentivos fiscais para o estabelecimento de indústrias de turbinas eólicas no Brasil também travou o desenvolvimento de pesquisa e inovação tecnológica, muito importante para o crescimento do setor. “Experiências internacionais mostram que um sistema misto das tarifas feed-in e de políticas de incentivo claras são a melhor solução para expandir as energias limpas. E é isso o que o governo brasileiro deve fazer daqui para frente”, completa Baitelo.
Muitas questões sobre a segurança de usinas nucleares ainda não foram respondidas e isso ficou claro durante as audiências públicas sobre o licenciamento ambiental de Angra 3, realizadas em março deste ano. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da terceira usina nuclear brasileira não esclarece onde ficarão os resíduos radioativos e como a população que vive por ali será retirada do local em caso de acidente. O Ministério Público de Angra dos Reis apontou essas falhas ao Ibama e pediu que a licença não seja emitida até que todas elas seja explicadas e solucionadas.
Confira detalhes do relatório A Caminho da Sustentabilidade Energética em: http://www.greenpeace.org/ brasil/energia/noticias/relat-rioaponta-caminho-da-su
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saiba mais
O mercado de fontes renováveis de energia já se tornou um grande negócio em todo o mundo, com taxas de crescimento de cerca de 30% ao ano na última década.
© Greenpeace/Rodrigo Baleia
energia
Só falta vontade política
Greenpeace, até 2050 as energias renováveis poderão suprir 88% da demanda brasileira por energia, sendo 38% de energia hidrelétrica, 26% de co-geração a biomassa, 20% de energia eólica e 4% de geração solar. Na Alemanha, as renováveis são responsáveis por 10 % do suprimento energético do país. A China tem planos de aumentar em 10 vezes a quantidade de energia gerada pelas renováveis em um prazo de sete anos. Enquanto isso, o Brasil patina nessa área. A tentativa mais próxima de estimular as energias renováveis no país foi o Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), criado em 2002. No entanto, a iniciativa acabou bloqueada por problemas legais e de mercado. Hoje, dos 3.300 MW contratados, menos de 1/3 fornece energia para a população. Se essa quantidade de energia estivesse disponível no sistema, no início de 2008, para complementar a energia que vem das hidrelétricas, talvez o acionamento do parque térmico não fosse necessário. Essas falhas do Proinfa e outros problemas foram analisados pelo relatório, bem como as soluções. Para impulsionar o mercado de renováveis no país, por exemplo, o documento sugere permitir que os geradores de energia se conectem à rede e possam vender a energia gerada ao sistema elétrico local, o que atualmente é proibido no Brasil. “Esse mecanismo, chamado de tarifa feed-in, garante a formação de um mercado de renováveis e promove as iniciativas de geração limpas e descentralizadas no país”, afirma Baitelo.
amazônia
Na Amazônia,
A preocupação com o andamento do projeto Floresta Zero no Congresso levou entidades da sociedade civil, ONGs ambientalistas e movimentos sociais a entregarem uma carta aberta no início de maio aos presidentes da Câmara e do Senado com críticas à edição de medidas provisórias e projetos de lei que ameaçam a proteção das florestas brasileiras. 6
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50% é igual a zero Até hoje, 17% da floresta amazônica foram destruídos para abrir espaço a gado e plantações (como soja) e alimentar gulosas madeireiras. Esse desmatamento tem provocado uma redução acelerada da biodiversidade da região, afetando diretamente a vida de milhões de pessoas que dependem da floresta para sobreviver e causado problemas também para o clima do planeta, já que o desmatamento é principal fonte de emissões brasileiras de gases do efeito estufa. Cerca de 75% das nossas emissões de dióxido de carbono são causadas pelas queimadas e desmatamentos, principalmente na Amazônia, o que deixa o Brasil no incômodo quarto lugar entre os países mais poluidores do clima no mundo. Mas o leão do desmatamento não está satisfeito, continua com fome de Amazônia. E vem aguardando com interesse a tramitação de um projeto de lei no Congresso Nacional que pode aumentar ainda mais a destruição da floresta e a contribuição brasileira ao aquecimento global. Trata-se do PL 6424/2005, de autoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), que autoriza a derrubada de até 50% da vegetação nativa em propriedades privadas
na Amazônia, além de legalizar praticamente todos os desmatamentos feitos na região nos últimos 40 anos – cerca de 700 mil quilômetros quadrados da cobertura original da Amazônia. O projeto permite ainda que o desmatamento seja ‘compensado’ em outras regiões do país. Por exemplo: a derrubada de mata nativa no Pará pode ser ‘compensada’ com o plantio de árvores no Rio de Janeiro. Na prática, isso significa condenar o Brasil a ter áreas inteiras livres de florestas – não à toa o projeto foi batizado por ambientalistas de “Floresta Zero”. “Os ruralistas defendem a proposta alegando que o projeto incentiva a adesão de fazendeiros à legislação ambiental e garante a sobrevivência de metade da biodiversidade amazônica. Mas conhecendo-se o passado da atividade rural na região, a primeira promessa é uma grande icógnita e a segunda, uma ilusão”, afirma Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil. “Na Amazônia, 50% é igual a zero. Caso seja aprovado, esse PL permitirá, de cara, que 47 milhões de hectares sejam desmatados.” A preocupação com o andamento do projeto no Congresso levou entidades da sociedade civil, ONGs
ambientalistas e movimentos sociais a entregarem uma carta aberta no início de maio aos presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia, e do Senado, Garibaldi Alves Filho, com críticas à edição de medidas provisórias e projetos de lei que ameaçam a proteção das florestas brasileiras, como “Floresta Zero”. Chinaglia considerou ‘absurdas’ as medidas propostas no projeto, apelidando-o de ‘Estatuto do Desmatamento’. Garibaldi Alves ficou impressionado com a quantidade de adesões à carta aberta. Em vez de aumentar a proteção ao meio ambiente e estabelecer metas para a redução do desmatamento, o Congresso está abrindo as portas da Amazônia para a insaciável fome de floresta do leão do desmatamento. E ele vai devorá-la, com prazer.
A Amazônia está mais perto do que você imagina. Está ao alcance de um clique. Acesse o site
www.meiaamazonianao.org.br e diga aos deputados e senadores que 50 é igual a zero e que você quer uma Amazônia por inteiro. Participe!
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Transferir dinheiro das nações ricas para países em desenvolvimento por meio de um mecanismo global de financiamento para acabar com o desmatamento e, ao mesmo tempo, preservar a biodiversidade, respeitando os direitos de povos indígenas e comunidades locais. Esta é a proposta para proteger as florestas tropicais e o clima do planeta, apresentado pelo Greenpeace na 9a Conferência das Partes (COP 9) da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CDB), que aconteceu de 19 a 31 de maio, em Bonn, na Alemanha. Basicamente, a proposta – batizada de “Florestas pelo Clima” – tem o potencial de arrecadar recursos que podem chegar a 14 bilhões de euros por ano para reduzir rápida e drasticamente as emissões de gases do efeito estufa provenientes do desmatamento das florestas tropicais. As nações industrializadas – que historicamente têm sido os maiores poluidores do mundo – serão chamadas a contribuir para este novo fundo global cujos recursos serão destinados a aumentar a governança em países e regiões em desenvolvimento com grandes áreas de floresta, como Brasil e Indonésia. Por sua vez, os países que decidirem participar desse mecanismo terão de apresentar reduções progressivas e permanentes da perda de cobertura florestal. “Esta proposta obriga os países desenvolvidos a colocarem dinheiro na mesa. Sem dinheiro, não há 8
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florestas e nem futuro. A proposta do Greenpeace mostra que há uma solução viável para zerar o desmatamento das florestas tropicais em menos de 10 anos”, disse Paulo Adário, diretor da campanha da Amazônia, do Greenpeace. Cientistas, políticos e ONGs concordam que será preciso pelo menos 30 bilhões de euros por ano para salvar as florestas e implementar uma rede global de áreas protegidas terrestres e marinhas. O economista-chefe do governo inglês, Sir Richard Stern, estima que com 15 bilhões de euros/ano seria possível reduzir pela metade as emissões de gases estufa decorrentes do desmatamento tropical. O Pacto pelo Desmatamento Zero, apresentado ao governo brasileiro em outubro de 2007 pelo Greenpeace e outras oito ONGs, estima em R$ 1 bilhão/ ano o volume de recursos necessários para trazer governança à Amazônia, melhorar a vida das comunidades locais e pagar compensações por serviços ambientais prestados pelas florestas. A iniciativa “Florestas pelo Clima” ajudará a viabilizar este pacto nacional para zerar o desmatamento da Amazônia até 2015. A incorporação da proposta do Desmatamento Zero às políticas públicas brasileiras foi sugerida pelo novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante a reunião em que o presidente Lula o confirmou no cargo. O desmatamento das florestas tropicais é responsável por apro-
ximadamente 20% das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera – mais do que as emissões de todos os aviões, trens e carros do mundo inteiro. O Brasil é o quarto maior emissor mundial de gases estufa. “O combate ao aquecimento global passa pela preservação das florestas tropicais e a contribuição do Brasil para evitar as mudanças climáticas será zerar o desmatamento na Amazônia”, disse o coordenador da Campanha Amazônia, do Greenpeace, Paulo Adario.
A Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CDB) é um acordo internacional que propõe regras e princípios para assegurar a conservação da biodiversidade, o seu uso responsável e a repartição justa dos benefícios provenientes do uso econômico dos recursos genéticos, respeitando a soberania de cada nação. A maior parte da biodiversidade se encontra nas florestas e nos oceanos. Até hoje, 188 países assinaram a Convenção, sendo que 168 já a ratificaram. As propostas sobre a implementação dos princípios da CDB entre os países mega-diversos e aqueles detentores de tecnologia não avançam porque alguns países, como os Estados Unidos, não reconhecem a Convenção.
Saiba mais: http://www.greenpeace.org/brasil/ amazonia
© Greenpeace/Daniel Beltrá
Florestas pelo clima
Zerar o desmatamento na Amazônia é essencial para o que Brasil saia da incômoda quarta posição entre os países que mais poluem o clima no mundo.
Um pequeno passo,
um longo caminho Lançado em março pelo Greenpeace, o relatório “O leão acordou” é uma análise do que foi realizado e o que deixou de ser implementado pelo governo em seu Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal. Divulgado com grande alarde há exatamente quatro anos, o Plano envolve 13 ministérios e está sob a coordenação direta da Casa Civil. Apesar de o governo ter afirmado, na época, que as medidas adotadas iriam resultar no efetivo controle da destruição florestal na região, o relatório do Greenpeace aponta que apenas 30% das atividades foram realizadas como previsto.
Segundo o documento, “o baixo índice de execução é um reflexo claro da falta de coordenação política e executiva da Casa Civil. Em uma audiência pública, realizada na Câmara dos Deputados, o então diretor de Políticas Públicas de Controle do Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente (MMA), André Lima, afirmou que o governo deve concluir em maio a avaliação interna do Plano e que o relatório do Greenpeace é uma contribuição importante nesse processo. O debate sobre o relatório foi promovido por deputados das comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Amazônia, Integração
Nacional e de Desenvolvimento Regional, da Câmara. De fato, é essencial que o governo brasileiro concentre esforços para controlar a destruição florestal que, desde o segundo semestre de 2007, voltou a aumentar, depois de três anos de queda. Tanto o sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, quanto o Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), do Imazon, mostram que o desmatamento no primeiro trimestre está em níveis alarmantes. E o pior ainda está por vir, pois os próximos meses – maio, junho e julho – são os mais críticos, já que é o período de maior destruição da floresta.
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a g e Ch © Greenpeace/Karl Joseph
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Bahia mais próxima da
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tema de controle e monitoramento da produção”, avalia Marcelo Marquesini, da campanha Amazônia. “As empresas importadoras européias não podem usar isso como justificativa porque, mesmo com documentos ‘legais’ nas mãos, estão, na realidade, promovendo o desmatamento, a grilagem e incentivando a corrupção e a violência contra as comunidades.” Duas semanas depois da ação na França, o navio BSLE Express do Chipre teve parte de sua carga apreendida pelo Ibama por 16 dias no porto de Santarém, no Pará. Os 732 metros cúbicos de madeira serrada apresentavam documentação com informações falsas sobre as espécies que estavam embarcadas. As cinco empresas exportadoras foram multadas em R$ 290 mil. Os compradores identificados nos documentos eram da Holanda, França e Portugal que, juntamente com a Espanha, são os maiores consumidores de madeira da Amazônia.
Marina Silva e a agenda ambiental A saída da Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente deixou no ar algumas pergunA QUEDA - Com a saída de Marina, o governo Lula perdeu também credibilidade ambiental, deixando claro que sua tas: o Brasil ainda se preocupa agenda ambiental tem mais discurso do que prática. em proteger a Amazônia? Qual a agenda ambiental do governo? O agronegócio venceu? O anúncio de Carlos Minc, ex-secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio, como substituto de Marina não foi o suficiente para acalmar os ânimos entre ambientalistas. Ele afirmou, na posse, que seguirá o caminho trilhado por Marina, mas há quem suspeite que ele será apenas um ‘carimbador’ de licenciamentos ambientais. Acesse o site do Greenpeace e conheça detalhes da saída de Marina Silva e os primeiros passos de Carlos Minc no Ministério. © Greenpeace
Ativistas bloquearam por mais de 24 horas, no porto de Caen, na França, um navio que carregava madeira de origem ilegal da Amazônia.
Dois casos de carregamento ilegal de madeira ocorridos em março deste ano comprovaram a falta de controle do Brasil sobre o material que sai do país e a necessidade de uma legislação mais dura por parte da União Européia para combater a exploração ilegal e o desmatamento na Amazônia. No dia 17 de março, ativistas do Greenpeace bloquearam por mais de 24 horas, no porto de Caen, na França, o navio Galina III, que carregava madeira de origem ilegal da Amazônia. Como resultado da ação, o governo francês anunciou que irá atender uma das demandas do Greenpeace, apoiando uma nova legislação na União Européia que regulamente a importação de madeira para evitar a compra de produtos de origem ilegal. Estima-se que 80% da madeira explorada na região amazônica seja produzida de forma ilegal. “No entanto, quando ela sai dos portos brasileiros, está totalmente legalizada graças às falhas no sis-
internet
de madeira
Amazônia
Enquanto isso, no Brasil, a luta contra a destruição da maior floresta tropical do planeta ganhou um aliado importante: o estado da Bahia. No dia 17 de março, o governador Jacques Wagner (PT) aderiu ao programa Estado Amigo da Amazônia, do Greenpeace, que prevê a criação de leis locais para eliminar madeira ilegal e de desmatamento de todas as compras e obras públicas do estado. O programa também estabelece ações efetivas de controle e fiscalização do fluxo e da comercialização de madeira nativa (não apenas amazônica) no território baiano. São Paulo foi o primeiro estado brasileiro a aderir à iniciativa do Greenpeace, que também conta com a participação de 37 municípios no programa complementar, Cidade Amiga da Amazônia.
Meia Amazônia não!
War verdinho
Vitória!
Um projeto de lei que ronda o Congresso ameaça a sobrevivência das nossas florestas. Apelidado de Floresta Zero, poderá condenar a Amazônia a ficar com apenas metade de seu tamanho original. Acesse o site www.meiaamazonianao.org.br e proteste!
Inspirado no War, clássico jogo de tabuleiro, o Weather tem como inimigo o aquecimento global, o desmatamento e as mudanças climáticas. Engaje-se nessa diversão!
Confira o vídeo da campanha que colocou a Dove na berlinda. O óleo de dendê usado pela empresa é um dos responsáveis pelos desmatamentos na Indonésia e para acabar com esse crime ambiental o Greenpeace bolou uma campanha contundente, que bombou na web. A Unilever, dona da marca Dove, deu o braço a torcer e anunciou que vai usar apenas óleo retirado de forma sustentável da floresta.
Você é um esquentadinho? Participe da campanha e descubra o que você pode fazer para diminuir o aquecimento global. Crie um avatar e deixe uma frase de protesto contra o aquecimento global.
Outra Agricultura Agricultura de verdade, comida de verdade e meio ambiente por inteiro são os temas do blog da campanha de transgênicos, eleito pela revista Época uma das 10 melhores páginas ambientais do Brasil. Sob o comando da campaigner Gabriela Vuolo, o blog traz os bastidores da campanha e notícias atualizadas sobre o assunto. Confira!
Para acessar todo o conteúdo desta página, entre em:
www.greenpeace.org.br/revista
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© Greenpeace/Rodrigo Baleia
Quando Frank Guggenheim visitou a Amazônia pela primeira vez, em 1975, era um estudande de Medicina na Universidade de Zurique, na Suíça. Ficou impressionado com a carência de médicos e pensou que poderia um dia ajudar. Voltou à região outras vezes, muitas delas como diretor executivo do Greenpeace, cargo que assumiu em 2002. “É um lugar com muitos problemas, mas cativante”, diz. Nascido há 58 anos em Nova York, Frank, de família suíça e com 36 anos não-consecutivos de Brasil – chegou aqui pela primeira vez em 1956. Agora que está se desligando do Greenpeace, Frank pretende retomar seu antigo sonho: exercer a medicina na Amazônia. “Vou atuar como clínico geral para dar minha última contribuição à região antes de me aposentar.”
“Se o Greenpeace não existisse,
teria que ser inventado” GP - Depois de seis anos no Greenpeace Brasil, você está se desligando da organização. Qual o motivo? Frank Guggenheim - As pessoas cumprem ciclos nas organizações e eu cumpri o meu no Greenpeace Brasil. Cumpri o meu mandato e agora está na hora de passar o bastão para uma pessoa mais jovem, com idéias novas que possam levar a organização adiante. Faça uma pequena análise do que era o Greenpeace Brasil quando você chegou, em 2002, e o que você deixa de legado para as próximas gerações. 12
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Havia uma certa crise institucional quando entrei na organização. Tinha perdido seus principais quadros, estava em dificuldade financeira, estava com um número muito baixo de colaboradores e não conseguia novos. Do ponto de vista institucional, o meu legado foi de fazer o Greenpeace dar a volta por cima e reconquistar quadros, além de formá-los dentro da organização. Quando eu cheguei, havia em torno de 9 mil colaboradores no banco de dados. Hoje estamos com mais de 35 mil. A organização voltou a ter estabilidade e relevância no movimento ambiental.
© Greenpeace/Russel Monk
entrevista
Frank vai trabalhar como médico na Amazônia, onde esteve pela primeira vez em 1975 e pela qual tem grande carinho. “Quero dar minha última contribuição à região antes de me aposentar.”
Quais foram as principais vitórias do Greenpeace durante sua gestão? Foram inúmeras vitórias. Um exemplo seria a Moratória da Soja, iniciada em 2006. Pela primeira vez se discutiu abertamente a questão agropecuária na Amazônia e seu potencial destrutivo, com os grandes comercializadores de grãos da região. Outro bom exemplo é a nossa proposta do desmatamento zero até 2015, que foi acolhida por uma série de governadores da região amazônica e também pelo BNDES e pelo governo federal, reconhecendo que haveria a possibilidade de fazer a floresta em pé, com toda sua cultura e biodiversidade, ser mais valorizada do que derrubada. E já que estou falando de mudanças climáticas, uma outra conquista importante aconteceu em 2003, quando lançamos as campanhas de energias renováveis e anti-nuclear, durante o Fórum Social Mundial em Porto Alegre. Foi o início dessa campanha de clima no Brasil, culminando na discussão que veio à tona em 2007 com os relatórios do IPCC. O Greenpeace, mais uma vez, liderou a discussão. Qual campanha te marcou mais nesses seis anos?
Isso é como perguntar a um pai qual o filho que ele mais ama – ou seja, impossível responder. Mas é inegável que a campanha da Amazônia é a mais emocional dentro do Greenpeace, e também mais madura. Todas as discussões sobre clima, biodiversidade, uso da terra, pecuária e várias outras acabam, de um jeito ou de outro, em volta da Amazônia. O que não é de surpreender, porque estamos falando de uma região que é quase metade do Brasil. É a nossa campanha primogênita e tudo o que se faz lá é sempre muito emocional, porque há populações inteiras diretamente envolvidas, ameaçadas, expulsas de suas terras. Você pretende morar na Amazônia agora que se desligou do Greenpeace. O que levou você a tomar essa decisão? Eu conheci a Amazônia muito anos antes do Greenpeace existir no Brasil. Estive lá pela primeira vez em 1975. Sempre tive um carinho muito grande pela Amazônia. Tem muitos aspectos negativos, como falta de governança, violência, mas também muitos positivos: a população é extremamente aberta e os valores
das pessoas ainda estão bem mais conservados do que nas grandes metrópoles. E acredito que, como médico, eu possa dar minha última contribuição à região antes de me aposentar. O que o Greenpeace significou para você? Foi extremamente enriquecedor. O Greenpeace é uma organização muito interessante. Mesmo pessoas conservadoras, que não concordam 100% com nossas idéias, fazem doações porque acreditam que a radicalidade da organização ajuda a defender o futuro das próximas gerações. Eu costumo dizer que, se o Greenpeace não existisse, teria que ser inventado. Nesses seis anos, não atingi todos os objetivos traçados mas consegui atravessar uma fase tumultuada com sucesso e levar a organização a um patamar mais alto, tanto do ponto de vista institucional como político.
Confira a entrevista na íntegra no seguinte link: http://www.greenpeace.org/ brasil/institucional/noticias/frankguggenheim-se-o-greenp
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© Greenpeace/Paul Hilton
à maquiagem verde
Apesar do apelo mundial, a Conferência da ONU sobre Clima realizada em Bali no final do ano passado deixou a desejar em relação às metas de redução das emissões de gases do efeito estufa.
Perto do problema,
longe da solução
O ano de 2007 foi de enorme importância no alerta mundial para as mudanças climáticas. Foi o ano do esclarecimento ao grande público daquilo que já vinha sendo anunciado por uma série de estudiosos do clima, de que a situação exige urgência na busca por soluções. Apesar disso, os resultados obtidos nas rodadas de negociação internacional foram muito tímidos. O “mapa do caminho” acordado na Conferência da ONU sobre Clima, realizada em Bali – no final do ano passado 14
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foi importante se considerarmos a inclusão de discussões sobre florestas, transferência de tecnologia e sobre o fundo de adaptação. Mas deixou muito a desejar sobre o assunto central da reunião – as metas para redução das emissões de gases do efeito estufa. O Mandato de Bali deve estabelecer a redução drástica das emissões de gases do efeito estufa por parte dos países ricos, para acordo do próximo estágio de ação internacional contra o aquecimento global, a ser
concluído em 2009. As obrigações devem vigorar a partir de 2013, e isso somente ocorrerá se os mais de 180 países envolvidos levarem realmente a sério o teor do relatório do IPCC. Nesse mesmo ritmo caminha o nosso Plano Nacional de Mudanças do Clima, previsto tardiamente para novembro e oportunamente às vésperas da Conferência de Clima da ONU na Polônia. Assim como Bali, a Convenção da ONU pelas Mudanças Climáticas de Bangcoc ocorrida
Após denúncia de entidades governamentais e não-governamentais, o Conselho Nacional de AutoRegulamentação Publicitária (Conar) decidiu suspender duas peças publicitárias da Petrobrás que colocavam a empresa como ambientalmente sustentável. Com a decisão, saíram do ar as campanhas “Sonhar pode valer muito” e “Petrobrás - Estar no meio ambiente sem ser notada”, que incluem mídia impressa e eletrônica. A estatal pouco tem contribuído com a qualidade ambiental e o desenvolvimento sustentável do país e sua publicidade transmitia uma imagem de preocupação com o meio ambiente. O óleo diesel produzido pela Petrobrás é um dos mais poluentes do mundo e contribui para piorar a qualidade de vida dos brasileiros. Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determina que, a partir de 1º de janeiro de 2009, o diesel comercializado no Brasil contenha, no máximo, 50 partes por milhão de enxofre (ppm S). A proporção hoje é de 500 ppm S nas regiões metropolitanas e de 2000 ppm S no interior. Segundo a Escola Paulista de Medicina, a substância, altamente cancerígena, é responsável pela morte de 3 mil pessoas por ano somente na capital paulista. “A decisão do Conar rejeita a tentativa da Petrobrás de fazer maquiagem verde e valoriza a verdadeira comunicação dos valores sócio-ambientais para o público e consumidores brasileiros. Esperamos que a sirva de precedente para toda e qualquer empresa que, em vez de praticar a ação sócio-ambientalmente correta, fique apenas no discurso”, afirma Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace Brasil.
em abril deste ano, por pouco não foi marcada pelo fracasso. As decisões foram tomadas nos últimos momentos da reunião, e mais uma vez os países desenvolvidos tentaram aprovar medidas que os desobrigassem de fazer a lição de casa. Uma delas, sugerindo o uso de florestas como sumidouros de carbono, foi rejeitada pelo Brasil, pois carrega consigo uma transferência de responsabilidades que nada mais é do que uma opção barata para o cumprimento de metas. “O apoio na preservação de florestas não pode ser desculpa para que países desenvolvidos deixem de investir na redução de suas emissões de gás carbônico.”, afirma Marcelo Furtado, diretor de Campanhas do Greenpeace Brasil, que participou do encontro na capital tailandesa. Ainda que lentamente, a reunião de Bangcoc trouxe a inclusão de alguns compromissos importantes, como os relativos às emissões do transporte aéreo e marítimo, grandes vetores de emissão do planeta. Em junho, a comunidade internacional volta a reunir-se em Bonn, na Alemanha, para mais uma rodada de negociações. Espera-se que dessa vez todos os países assumam suas responsabilidades, atuais e históricas, e não travem o processo de negociação. Em todas essas discussões o Brasil possui papel fundamental. Com a triste posição de 4° maior emissor de CO2 do mundo, não é preciso ser grande conhecedor do assunto para perceber que somos parte do problema e que nossas atitudes são e serão ainda mais decisivas no combate às
mudanças climáticas. O grande desafio do Brasil é a elaboração de um Plano Nacional, que venha complementar e oficializar programas já existentes e implementar outras ações fundamentais como a redução do desmatamento na Amazônia a zero até 2015 e a elaboração de um plano que privilegie energias renováveis, abortando projetos com energias poluentes, caras e perigosas, como a nuclear. Essas orientações devem estar presentes de forma clara e incisiva nessa política, confirmando que o Brasil tem a oportunidade de investir em soluções energéticas duradouras e limpas, sem que seja necessário poluir para crescer. A Convenção do Clima de 92 já indicava a necessidade de uma política de descarbonização de nossas matrizes energéticas e de combate ao desmatamento. Estamos 15 anos atrasados nessas decisões: “O fato de a contribuição inicial na redução de emissões partir dos países industrializados, não isenta os países em desenvolvimento e grandes poluidores, como o Brasil, da responsabilidade. A mensagem é muito clara: não temos tempo a perder”, afirma Luís Piva, coordenador da campanha de clima do Greenpeace Brasil.
Quer ficar por dentro das discussões sobre mudanças climáticas? Então acesse: http://www.greenpeace.org/ brasil/greenpeace-brasil-clima
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O navio Global Wind, carregado com soja transgênica, foi impedido de operar no porto de Paranaguá, em 2004, por ativistas do Greenpeace. A ação evitou uma possível contaminação genética no porto.
tam riscos à biodiversidade já é consenso entre os países que se reuniram em Bonn. Falta agora estabelecer o quanto antes um regime de responsabilização com força de lei, para a punição de quem contamina e deixa contaminar. Mas graças à ação dos representantes brasileiros e japoneses, a decisão final sobre o assunto ficou para 5a. Reunião das Partes, que acontecerá em 2010 em Nagóia, no Japão. “No momento em que o país perde a sua última ponta de credibilidade ambiental, com a saída da Ministra Marina Silva, a postura adotada pelo governo brasileiro na Alemanha serviu como evidência da falta de interesse em sustentar qualquer política que alie desenvolvimento e sustentabilidade”, disse Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace Brasil que acompanhou em Bonn as reuniões do Protocolo de Cartagena. “Eximir as indústrias de biotecnologia da responsabilidade pelos danos causados por suas variedades transgênicas é inaceitável e vai contra a própria legislação brasileira. Esperamos que isso seja
revisto para as próximas rodadas de negociação.” Brasil denunciado O governo brasileiro foi denunciado durante a reunião do Protocolo de Cartagena, em Bonn, por seis entidades da sociedade civil brasileira – entre elas o Greenpeace – por não adotar medidas que garantam a biossegurança brasileira e nos movimentos de transgênicos entre o Brasil e os países signatários do Protocolo. A denúncia foi recebida pelo Comitê de Cumprimento do Protocolo de Cartagena e deve ser analisa em breve. Para as organizações, o comportamento do governo brasileiro representa riscos ao planeta, por se tratar de um país com grande biodiversidade e por ser um grande exportador de alimentos.
Confira aqui o sumário executivo do relatório Registro de Contaminação Transgênica 2007 http://www.greenpeace.org/brasil/ documentos/transgenicos/sumarioexecutivo-do-registro
com renomados chefs de cozinha e receitas livres de transgênicos. Entre os entrevistados estão Claude Troisgros, um dos mais famosos do Brasil, e Flávia Quaresma, do badalado restaurante Carême Bistrô. No bate-papo, eles reafirmam a importância de dar preferência aos produtos orgânicos para respeitar o meio ambiente e também o nosso paladar. Aos candidatos a mestre-cuca, oferecemos várias receitas produzidas com ingredientes orgânicos e/ou convencionais. Tem de pão-de-mel e bolo de iogurte a brócolis cremoso e torta salgada
Claude Troisgros inaugurou a seção de entrevistas com chefes de cozinha, falando sobre a importância dos produtos orgânicos tanto para a saúde como para o meio ambiente.
de bolacha de água e sal. Quem experimentou não se arrependeu e recomenda! Essa nova área do site está no ar desde março e traz ainda informações sobre a lei de rotulagem, que obriga as empresas a identificarem seus produtos que foram fabricados com 1% ou mais de matéria-prima transgênica. Tem ainda uma seção de multimídia em que o internauta pode conferir fotos e vídeos de nossa campanha contra os transgênicos, e as ações realizadas durante a última Semana do Consumidor. Confira a nova área do site do Greenpeace e saiba como se tornar um consumidor livre de transgênicos. O meio ambiente agradece!
Aproveite as novidades da seção de Consumidores, que tem receitas, entrevistas e um renovado Guia dos Consumidores: http://www. greenpeace.org/brasil/ transgenicos/consumidores
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saiba mais
Não é de hoje que o Greenpeace se preocupa com os consumidores e os auxilia a tomar decisões ambientalmente sustentáveis. Em 2002, lançamos o Guia do Consumidor, que traz a lista de empresas e produtos alimentícios livres de matéria-prima transgênica. Agora, a página brasileira do Greenpeace na internet traz ainda mais informação e dicas para o consumidor fazer a opção correta na hora das compras. Na nova seção Consumidores, disponibilizamos não apenas a mais recente edição do Guia dos Consumidores, mas entrevistas
saiba mais
Segundo o relatório Registro de Contaminação Transgênica 2007, lançado em fevereiro deste ano pelo Greenpeace e pela ONG britânica GeneWatch, já ocorreram 216 casos de contaminação em 57 países por cultivos geneticamente modificados. E apesar dos enormes prejuízos aos agricultores e à biodiversidade, ninguém foi responsabilizado – nenhuma empresa de biotecnologia fabricante de transgênicos, nenhum grande produtor desse cultivo. E no que depender de países como Brasil ou Japão, a responsabilização por esses danos está longe de se tornar uma realidade. Durante a 4a. Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena de Biossegurança, realizada em Bonn, na Alemanha, os representantes brasileiros e japoneses fizeram de tudo para bloquear qualquer tentativa de se estabelecer regras claras de responsabilização das empresas de biotecnologia cujos produtos provoquem contaminação de plantações convencionais e danos ao meio ambiente e sua biodiversidade. Os dois países encabeçavam um pequeno grupo que foi contra mais de 80 países e que defendia regras voluntárias de responsabilização, posição que foi rejeitada na reunião. Que os transgênicos represen-
Porto seguro para os consumidores
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Tem que pagar!
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oceanos
cartas & e-mails
Em busca de mais um santuário
“Parabéns pelo DVD sobre aquecimento global. Utilizei com as minhas turmas de Ecologia Florestal e Conservação da Natureza aqui do Departamento de Ciência Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco e a aula foi ótima, pois o mesmo gerou muita discussão. Tento trabalhar com os meus alunos a sensibilização quanto às questões ambientes e este material me foi de grande valia.”
Representantes de 14 países latino-americanos se reuniram em abril na Ilha do Papagaio, em Santa Catarina, para discutir a posição do bloco latino-americano na próxima reunião da Comissão Internacional Baleeira (CIB), que acontecerá em junho no Chile. O Grupo de Buenos Aires, como é chamado esse conjunto de países, reafirmou seu interesse em criar o Santuário de Baleias do Atlântico Sul e manter a moratória da caça comercial. Os representantes dos países foram convidados pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Fazem parte do Grupo de Buenos Aires os seguintes países: Brasil, Argentina, Colômbia, Honduras, Uruguai, Equador, Costa Rica, República Dominicana, Chile, Peru, Nicarágua, Venezuela e México. Existem atualmente no mundo dois santuários de baleias, em que a caça comercial é proibida: um no Oceano Índico e outro no Oceano Antártico. “O Santuário de Baleias do Atlântico Sul é uma área que protege a nossa costa e garante que nossas baleias possam ser protegidas para as futuras gerações”, afirma Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de Baleias do Greenpeace Brasil que participou da reunião em Florianópolis. Leandra ressalta que a realização da reunião da CIB na América Latina é uma oportunidade histórica para a criação do Santuário do Atlântico Sul e muito importante para a manutenção da moratória da caça às baleias, instituída em 1986 pela própria CIB para proteger diversas espécies que estavam ameaçadas de extinção, como as jubartes e a baleia azul. “Ter essa reunião em nossa casa depois de mais de 15 anos é uma oportunidade que deve ser aproveitada para ressaltar os interesses do único continente que não promove e não caça baleias no mundo”, diz Leandra, que participou no início deste ano da expedição do Greenpeace na Antártica a bordo do navio Esperanza contra a caça promovida pelo Japão. “Agora é a vez do governo brasileiro fazer a sua parte para aprovar o Santuário de Baleias do Atlântico Sul, convidando outros países a votar em favor da proposta na próxima reunião da CIB.”
Rosana, por email.
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ASSOCIAÇÃO CIVIL GREENPEACE Conselho diretor
Baleia inflável do Greenpeace reuniu em abril deste ano centenas de pessoas em Santiago, no Chile, em defesa da criação do Santuário do Atlântico Sul.
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Espelhos da usina térmica solar PS10 localizada próxima a Sevilha, na Espanha. Essas novas usinas solares usam o calor do sol para gerar energia. Milhares de espelhos refletem a luz até uma torre receptora e o calor retido mantém um fluído (geralmente sal liquefeito) aquecido. Quando há necessidade de energia, o fluído é conduzido até um gerador e libera vapor que movimenta uma turbina, produzindo eletricidade. A instalação da Espanha funciona há um ano e fornece energia para mais de 6 mil casas.
REVISTA DO GREENPEACE É uma publicação trimestral do Greenpeace Jorge Henrique Cordeiro (mtb 15251/97) Tica Minami Redatores Caroline Donatti Patrícia Bonilha Danielle Bambace (estagiária) Gabi Juns Design gráfico D’lippi Impressão Esse periódico foi impresso em papel reciclado em processo livre de cloro. Tiragem: 30.000 Editor
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jan-fev-mar 2008 Montagem com fotos: AndrĂŠ Sato