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outubro - novembro - dezembro | 2011
Revista
Vazou
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Vazou
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© Greenpeace/Danielle Bambace
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m grande acidente ambiental ocorreu no Brasil em novembro deste ano - um vazamento no poço marinho da petroleira norte-americana Chevron, distante 120 kilometros da costa do Rio de Janeiro, no Campo do Frade. À negligência em comunicar de modo transparente o caso, por parte da empresa, somouse um atraso para que o governo brasileiro se manifestasse publicamente e tomasse as devidas providências. Este triste episódio serviu para expor as vulnerabilidades de segurança quando se trata de explorar petróleo em alto-mar. Também acendeu a luz amarela para os planos brasileiros de ampliar sua produção de petróleo extraído das camadas profundas do pré-sal. Estamos preparados ou colocando em risco nossa riqueza natural marinha? Nesta edição, também trazemos bons exemplos de como a questão ambiental anda em pauta. Em novembro, aconteceu o SWU, festival que une música e sustentabilidade em um só evento. E nós não poderíamos ficar de fora. Em um espaço dedicado ao Greenpeace, nossos voluntários divulgaram o trabalho em prol do meio ambiente e mostraram maneiras de aproveitar a energia solar. Na mesma ocasião, o diretor-executivo do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado, participou como convidado especial do Fórum de Sustentabilidade.
Alerta em alto-mar
O carbono do petróleo também é nosso
8 O Brasil das renováveis 10 A vanguarda do atraso 11 Entrevista:
Politica climática a longo prazo
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carta aos colaboradores
capa
Promessa é dívida
Para finalizar, entre outubro e novembro, nossa equipe organizou uma expedição pelo Brasil para mapear as melhores iniciativas em energias renováveis. O objetivo foi revelar o potencial do país para se tornar a principal potencia energética limpa do mundo. Veja nas páginas a seguir o que descobrimos. Espero que aproveitem nossa revista trimestral e colaborarem na divulgação de nossas iniciativas. Boa leitura!
Soja com sustentabilidade O mantra ruralista cai A moda da preservação Vitrine verde
André Bogsan Diretor de Marketing e Captação de Recursos Greenpeace Brasil
O meio ambiente dá o tom Greenpeace pelo mundo Foto oportunidade
O Greenpeace é uma organização global e independente que promove campanhas para defender o meio ambiente e a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos. Nós investigamos, expomos e confrontamos os responsáveis por danos ambientais. Também defendemos soluções ambientalmente seguras e socialmente justas, que ofereçam esperança para esta e para as futuras gerações e inspiramos pessoas a se tornarem responsáveis pelo planeta. O Greenpeace não aceita dinheiro de governos, partidos ou empresas. Ele existe graças às contribuições de milhões de colaboradores em todo o mundo. São eles que garantem a nossa independência. |3
© Greenpeace / Gilvan Barreto
energia
Protesto em frente à sede brasileira da petroleira Chevron, no Rio de Janeiro.
Alerta em alto-mar Nathália Clark
Protagonista do primeiro vazamento que se tem notícia no mar brasileiro, a Chevron trouxe à tona o debate sobre o perigo da exploração do pré-sal
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iante dos planos de expansão da indústria do petróleo brasileira em direção a camadas cada vez mais profundas sob o oceano, o maior vazamento de óleo já registrado no país expôs o despreparo das empresas e do governo em assegurar a preservação da biodiversidade marinha. Há duas hipóteses para o vazamento no poço da petroleira norte-americana Chevron, localizado no Campo de Frade, a 120 quilômetros da costa fluminense. Uma delas é que a aplicação de uma pressão exacerbada teria rompido fissuras geológicas, permitindo a fuga de óleo. A outra é de que a empresa estaria perfurando além 4
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do permitido, buscando petróleo na camada do pré-sal, operação para a qual não estava autorizada. Se de um lado as causas e as responsabilidades ainda serão apuradas pelas autoridades, de outro ficou claro que a Chevron não soube gerenciar o problema com agilidade e transparência. O vazamento teve inicio no dia 7 de novembro, mas a Chevron só se inteirou do problema um dia depois, avisada por técnicos da Petrobras que sobrevoavam a região e se depararam com a imensa mancha de óleo. Mesmo assim, a empresa só notificou oficialmente o governo dia 9 de novembro. Segundo informou a petroleira, 382 mil li-
tros de óleo teriam vazado, o que logo foi desmentido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) –foram 500 mil litros, que chegaram a atingir uma área de 163 km². Guardadas as proporções, o vazamento ocorrido no Brasil se assemelha ao do Golfo do México. Coincidência ou não, a empresa responsável por perfurar o poço da Chevron no Campo de Frade era a Transocean – a mesma envolvida no acidente da costa norte-americana. “Vazamentos como este mostram que a exploração de petróleo em alto-mar não é segura nem no Golfo do México, nem no Brasil”, afirma Leandra Gonçalves, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Sua sujeira, nosso problema Foi justamente a falta de transparência e providências rápidas que motivaram o Greenpeace a bater na porta dos escritórios da Chevron no Rio de Janeiro. Com faixas que diziam “Chevron: sua sujeira, nosso problema”, os ativistas despejaram barris de “petróleo” – na verdade uma substância produzida com tinta atóxica – para lembrar que as causas do vazamento e os planos da empresa para reduzir seu impacto na biodiversidade da costa fluminense estavam muito mal explicados. “O Greenpeace quer transparência da Chevron e dos órgãos do governo a respeito do acidente. A empresa minimiza o problema. Mas, a mancha de óleo ultrapassou
os 160 km² de extensão. O Brasil não pode virar o Golfo do México”, afirmou Leandra Gonçalves, da campanha de Clima e Energia. Passadas duas semanas desde que foi notificado, e sob forte pressão da opinião pública, o governo decidiu agir. Acusando a petroleira de negligência, a ANP suspendeu a licença da Chevron de perfurar outros poços em território nacional. A empresa também foi multada pelo Ibama em R$ 50 milhões, punição máxima aplicada para infrações administrativas. Outras multas deverão ser aplicadas pelo governo do Rio, incluindo indenização aos pescadores prejudicados. O triste episódio que pôs a Chevron na berlinda espalhou óleo por uma área que serve de
rota migratória para uma longa lista de espécies de baleias – bryce, piloto, minke-anil, cachalote, francas e jubartes. E é um duro alerta para a necessidade do país de proteger suas joias de biodiversidade marinha como os Abrolhos, na costa da Bahia. Maior recife de corais do Hemisfério Sul, Abrolhos é tão importante como recurso natural que foi transformado em Parque Nacional em 1983. É ele que garante a riqueza da pesca e os benefícios do turismo para grande parte do litoral nordestino. E a exploração de petróleo está chegando lá. “O acidente o poço da Chevron é um recado eloquente em favor de uma moratória na exploração petrolífera nos Abrolhos”, diz Leandra.
A mancha de óleo atingiu rotas migratórias de diversas espécies de baleias
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energia
O carbono do petróleo também é nosso Leonardo Medeiros
Estudo do Greenpeace mapeia a dimensão da indústria brasileira do petróleo e revela o tamanho da fatura que o país passa para as contas mundiais de emissões de CO2
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m meio a uma crise climática sem precedentes, o Brasil ainda aposta suas fichas nos combustíveis fósseis e engrossa sua participação nas contas mundiais de emissões de CO2. Um trabalho recente realizado pelo Greenpeace mostra a real dimensão da indústria do petróleo no Brasil e qual sua contribuição para a instabilidade do clima planetário. A análise se concentra em dados coletados entre setembro de 2010 e agosto de 2011 sobre a produção dos mais de 9.000 poços atualmente em operação no país – em terra ou no mar. A conclusão é que o petróleo brasileiro foi responsável, neste mesmo período, pela emissão de um total de 321,5 milhões de toneladas de CO2 – aqui ou nos países para onde este óleo foi exportado e refinado. Para se ter uma idéia do tamanho do estrago, isso equivale a 5,7 bilhões de viagens de avião entre Rio e São Paulo. A atmosfera é uma só, mas por questões políticas as contas oficiais de emissões por país consideram apenas o carbono do petróleo refinado e queimado por aqui. Mesmo seguindo essa lógica, o impacto do investimento em combustíveis sujos é alto. Subtraindo a parcela exportada, a queima do petróleo foi responsável por 282,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente – aproximadamente 12% do total de gases do efeito estufa que o Brasil emite em um ano, que agora está na casa dos 2,4 bilhões de toneladas. “O Brasil tinha tudo para se tornar a potência energética limpa do planeta. Mas escolheu a estrada que leva ao passado”, afirma o coorde6
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nador do trabalho, Nilo D’Ávila. “No momento em que existe um esforço global em reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, o Brasil aposta em suas reservas de petróleo como o mais rápido atalho para o desenvolvimento econômico e social. Mas pode descobrir que entrou em um caminho sem volta, com consequências desastrosas ao meio ambiente.”
O futuro com o pré-sal Ocupando atualmente a terceira posição mundial em emissões – atrás somente de China e Estados Unidos, respectivamente – o Brasil tem tudo para se manter entre os principais responsáveis pelas mudanças climáticas, mesmo se sua principal contribuição para o problema, o desmatamento, seguir a tendência de queda. Puxado pelas reservas do pré-sal, o Brasil produzirá 6,09 milhões de barris de petróleo por dia até 2020.
Total de emissões potenciais de setembro 2010 a agosto 2011 CO2 por produção de petróleo em terra
28,206
milhões de toneladas
O petróleo é responsável por 282,57 milhões de ton de CO2 somente no Brasil. Isso representa 12% das emissões anuais do país.
TOTAL DAS EMISSÕES CO2 por produção de petróleo em mar
293,268
milhões de toneladas
Participação do petróleo brasileiro nas contas globais de emissões de CO2
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Isso representa 955,82 milhões de toneladas de CO2 a mais na conta das emissões mundiais – um crescimento de 197% comparado com os números atuais. Considerando que a demanda interna será responsável por consumir 48% da produção de petróleo nacional, 488,69 milhões de toneladas de CO2 entrarão exclusivamente na fatura brasileira. Por falar em pré-sal, suas reservas estão estimadas em até 80 bilhões de barris de petróleo. Se todo este óleo um dia virar fumaça, será responsável pela emissão de até 35 bilhões de toneladas de CO2 durante um prazo de 40 anos. De acordo com D’Ávila, os investimentos brasileiros para petróleo e gás somarão R$ 686 bilhões até 2020. Grande parte disso será usada para viabilizar a exploração do pré-sal, já que a tecnologia atual ainda não permite, em larga escala, a extração de óleo de camadas tão profundas.
POTENCIAIS: 321,474 milhões de toneladas de CO2* *emissões potenciais de CO2 calculadas a partir da produção de barris de petróleo.
Principais bacias produtoras de petróleo
Potiguar
Solimões
Produção da bacia no período de setembro de 2010 a agosto de 2011: Nº de poços: 4.659 Produção de barris: 18.783.125 Emissão por tonelada de CO2: 8.076.743
Produção da bacia no período de setembro de 2010 a agosto de 2011: Nº de poços: 76 Produção de barris: 12.446.199 Emissão por tonelada de CO2: 5.351.865
Sergipe
(Terra e Mar)
Recôncavo
Campos
Produção da bacia no período de setembro de 2010 a agosto de 2011: Nº de poços: 1.843 Produção de barris: 14.899.973 Emissão por tonelada de CO2: 6.406.988
Produção da bacia no período de setembro de 2010 a agosto de 2011: Nº de poços: 1.912 Produção de barris: 15.868.322 Emissão por tonelada de CO2: 6.823.378
Produção da bacia no período de setembro de 2010 a agosto de 2011: Nº de poços: 648 Produção de barris: 634.004.633 Emissão por tonelada de CO2: 272.621.992
Mapa da indústria petrolífera brasileira
Poços por operadora
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energia
O Brasil das renováveis Juliana Tinoco
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Fotos: © Greenpeace / Rogério Reis / Tyba
ntre setembro e outubro, uma equipe do Greenpeace percorreu cinco estados brasileiros, documentando o desenvolvimento das energias renováveis no país. Dono de um imenso potencial de aproveitamento de energia proveniente do sol, dos ventos e de inúmeros tipos de biomassa, o Brasil é hoje um dos países do mundo com maior chance de ter sua matriz elétrica 100% limpa. Longe de uma previsão otimista de futuro, este é o cenário que vem se desenhando hoje no país.
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Na PUC do Rio Grande do Sul, um laboratório produz protótipos de placas solares com DNA brasileiro. O desenvolvimento das renováveis é sinônimo de pesquisa de ponta para o país.
No Rio Grande do Sul, o crescimento do Parque Eólico de Osório, na cidade de mesmo nome, trouxe aumento de turismo para a região.
Cana-de-açúcar, madeira, oleaginosas e até mesmo lixo. Onde há resíduo, pode haver energia. A geração por biomassa é uma excelente opção para abastecimento descentralizado, em locais não conectados à rede elétrica.
O Brasil vem atraindo multinacionais do setor de fabricação de peças para parques eólicos. O crescimento estimado de geração de energia pelos ventos no Brasil é de sete vezes até 2014.
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© Shayne Robinson / Greenpeace
clima
Em mensagem de esperança, ativistas do Greenpeace sobem modelo de turbina eólica à beira-mar em Durban.
A vanguarda do atraso Leonardo Medeiros
Por iniciativa do Greenpeace, e com execução de renomadas instituições, estudo desmonta argumento ruralista de que legislação florestal é invenção brasileira
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nquanto diplomatas e técnicos de governos de 190 países se reuniam por duas semanas em Durban, na África do Sul, na décima-sétima Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP-17, o Greenpeace tirou a máscara dos principais vilões que travam as negociações para reduzir as emissões mundiais de CO2. Por trás de discursos inspiradores de sustentabilidade, empresas como Shell, BASF, Eskom, ArcelorMittal, BHP Billiton e Koch investem em lobby pesado para influenciar as decisões de governos e evitar políticas que prejudiquem seu atual modelo de negócio, mesmo diante dos já aparentes sintomas das mudanças climáticas. Intitulado “Os responsáveis pelo atraso”, o relatório mostra porque as ações decisivas em benefício do clima estão sendo excluídas da agenda política. Resume também a falta de ação em regiões e países-chave como União Europeia, Estados Unidos, Canadá e África 10
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do Sul, entre outros, no sentido de construir as condições favoráveis para um acordo global sobre a questão climática. Para ver o relatório completo, em inglês, acesse o link: http://bit.ly/v63yEu. Uma pesquisa global de 2009 mostrou que 73% das pessoas dão alta prioridade à questão climática. Além disso, oito a cada dez acreditam que o combate às mudanças climáticas pode melhorar a economia e gerar empregos. “Nossa investigação mostra que há muitas empresas poluidoras que exercem forte influência no processo político para proteger interesses particulares”, disse Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional. “Em Durban, é hora de os governos escutarem as pessoas e não as empresas que poluem.”
Última chance para os EUA Até o fechamento desta edição, as expectativas para a COP-17 ainda
eram pouco animadoras. O principal objetivo era renovar o Protocolo de Kyoto, que vence em 2012. Mesmo sem a adesão dos Estados Unidos – e sem incluir países emergentes como China, Índia e Brasil – o protocolo é ainda o único instrumento global que estabelece metas vinculantes para cortes de emissões de gases do efeito estufa. O principal desafio, portanto, é conseguir um acordo mais amplo. Porém, mesmo que os Estados Unidos decidam ficar de fora novamente, o mundo precisa estar pronto para seguir adiante “O argumento de que só pode haver um acordo com a participação dos Estados Unidos está se tornando uma desculpa de outros governos para não assumirem sua parcela de responsabilidade”, disse Tove Ryding, coordenador de Política Climática do Greenpeace Internacional. “Os esforços globais por um acordo não podem ficar refém dos Estados Unidos.”
Sidney Murrieta / Divulgação
entrevista
Política climática a longo prazo Juliana Tinoco Reduções drásticas de desmatamento, aumento da participação de renováveis na matriz elétrica, recuperação de áreas degradadas. Soam como demandas de ambientalistas, mas são metas do governo brasileiro até 2020, assinadas no final de 2009 em papel com valor jurídico – a Política Nacional de Clima (PNC). O compromisso, que em âmbito internacional é chamado de voluntário – o que o diferencia daquele assumido pelos países membros do Protocolo de Kyoto – estipula reduções de emissões de gases estufa entre 36% e 39% para os próximos nove anos. Para Ronaldo Serôa da Motta, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e coautor do recente estudo publicado pela instituição “Mudanças do Clima no Brasil”, as metas brasileiras são alcançáveis, a custo baixo. O problema está em pensar além de 2020. Em entrevista, Motta critica fragilidades na lei e alerta que avanços dependem de cobrança por mais transparência do governo.
Revista do Greenpeace O que tornou possível a criação da Política Nacional de Clima no Brasil? Ronaldo Serôa da Motta Havia, em 2009, antes da 15ª Conferência do Clima, em Copenhague, um clima que propiciou ao Brasil discutir metas. O Ministério do Meio Ambiente apresentou boa capacidade de mobilização, a imprensa e o público estavam acompanhando, havia um esforço mundial de divulgar o tema. Participação da opinião pública e visão proativa do empresariado convergiram para a criação de um instrumento que sustentasse objetivos de redução de gases de efeito estufa.
reduza a capacidade do Brasil de competir externamente. O fato de termos um marco regulatório define princípios e parâmetros, além de incitar o debate para que qualquer processo de decisão considere a questão.
O que significa, na prática, esta política? A política é um marco regulatório. Funciona como uma autorização dada pelo Congresso ao Judiciário para considerar restrições relacionados a um tema. No caso da política de clima, são restrições a emissões de gases de efeito estufa. Políticas públicas não são desenhadas para levarem em consideração nada que
Qual a sua avaliação sobre a política? Além da meta ser voluntária, o texto é difuso, pouco especificado. É um avanço, mas tudo é um processo. Se vamos caminhar para frente, ou retroceder, como na discussão do Código Florestal, não sei. Vai depender de como a sociedade brasileira, inclusive as ONGs, acompanharem o processo. Ele depende de participa-
Qual seria um exemplo desta aplicação? Se o Código Florestal for aprovado do jeito que está sendo proposto, por exemplo, quando a mudança começar a prejudicar as metas estipuladas pela política, é possível que seja aberta uma medida judicial que o revogue. Um marco regulatório abre espaço para este tipo de intervenção.
ção da opinião pública e pressão política. De convencimento do Congresso Nacional, que parece esquizofrênico: é a favor, mas desde que não afete seus interesses. Está em curso uma revisão do marco regulatório, mas feita a portas fechadas no Ministério do Meio Ambiente. É preciso cobrar do governo mais transparência. As metas brasileiras são suficientes? Elas estão centradas principalmente em redução de desmatamento, o que para o Brasil é muito barato controlar. Nossas metas para 2020 são compatíveis com o que podemos alcançar, a custo baixo. Nosso problema é pós-2020. Como vamos lidar com a incorporação do pré-sal? Com as inovações tecnológicas para atuar na indústria, no transporte, na gestão de resíduos sólidos? Como vamos migrar para uma logística de baixo carbono nas estradas e aeroportos? Tudo o que fizermos agora será para os próximos 50 anos, em um momento em que é preciso pensar, com urgência, na redução da pegada de carbono.
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© Tico Fonseca / Greenpeace
amazônia
Promessa é dívida Bernardo Camara
A batata quente está nas mãos da presidente Dilma. Ou cumpre sua promessa de campanha e veta as mudanças do Código Florestal ou cede aos interesses da poderosa bancada ruralista
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oi durante as eleições. Questionada por ambientalistas, entre eles o Greenpeace, sobre sua posição sobre o projeto que circulava na Câmara para mudar o Código Florestal, a então candidata Dilma Rousseff se declarou contrária à anistia a quem desmatou. Afirmou também que não aceitaria nenhuma mudança que representasse ainda mais perda de matas nativas. Da forma como o assunto tem sido conduzido no Congresso, a presidente está cada vez mais perto de ter de provar o valor de suas palavras. Até o fechamento desta edição, o texto final do novo Código Florestal ainda não tinha sido votado no plenário do Senado. Mas os relatórios que saíram de três comissões da Casa, mantendo a essência da proposta ruralista, já anunciam a tragédia. Está claro que o veto de Dilma será a última chance de desligar a motosserra. Enquanto a temperatura sobe no 12
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Senado, do lado de fora, em Brasília, movimentos sociais, ambientais, além de estudantes e pesquisadores, manifestam sua contrariedade. No dia 29 de novembro, uma marcha com cerca de 2.000 pessoas organizada pelo Comitê Brasil pelas Florestas – que reúne uma série de organizações, incluindo o Greenpeace – caminhou do Congresso ao Palácio do Planalto. O Greenpeace inflou um enorme balão com um recado ao Congresso: “Desliga essa motosserra”. E um pequeno grupo foi recebido por Gilberto Carvalho, o secretário-geral da Presidência, e pelo presidente do Senado, José Sarney. Nesta mesma ocasião, foi entregue um abaixo-assinado com 1,5 milhão de assinaturas de cidadãos que não aceitam as mudanças. A petição só reforçou uma pesquisa do Datafolha, divulgada em junho deste ano, revelando que 79% dos brasileiros são contra reduzir a proteção das florestas
“Dilma vai precisar escolher entre esses 79% da população e os ruralistas, que querem enfraquecer a legislação”, afirmou o diretor da campanha da Amazônia, Paulo Adario, ao entregar as assinaturas. “A presidente é o tipo de pessoa que não volta atrás em seus compromissos”, retrucou Carvalho, num sinal de que ela manteria as promessas de vetar qualquer dispositivo que dê anistia a quem desmatou ilegalmente ou diminua a proteção da floresta.
Mensagem internacional A mobilização não ficou restrita às fronteiras nacionais. Neste mesmo dia, as embaixadas brasileiras na França, Reino Unido, Itália, Alemanha, México e Estados Unidos receberam a visita de ativistas que se manifestaram contra o novo Código Florestal. Com
Por trás das câmeras Se a movimentação em torno do Código Florestal foi intensa em praça pública, nos bastidores muita gente arregaçou as mangas. É o caso dos voluntários do Greenpeace. O time de Porto Alegre, por exemplo, não sossegou enquanto não conseguiu conversar com os três senadores do Estado. “A gente se preparou da melhor forma, levou uma carta e uma camiseta com a mensagem ‘Desliga essa motosserra’ e conversou com eles”, conta Aline de Abreu, coordenadora do grupo gaúcho que se encontrou com o senador Paulo Paim (PT-RS). O grupo de Salvador, por sua vez, resolveu apelar aos orixás. Eles entraram em contato com o Terreiro de Mãe Menininha do Gantois, um dos mais conhecidos
Soja com sustentabilidade Nathália Clark
Empresas do mercado de soja querem compromisso permanente pela preservação florestal
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e por um lado o Brasil assiste as investidas ruralistas contra as florestas, por outro, há quem tenha claro a necessidade de conciliar produção agrícola e proteção ambiental. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Brasileira de Exportadores de Cereais (ANEC) renovaram, em outubro passado, a moratória da soja, que vigorava há cinco anos. Pelo acordo, as 25 maiores comercializadoras de soja do Brasil, responsáveis por 90% do mercado de grãos do país, não comprarão de fornecedores da Amazônia
que tenham desmatado após julho de 2006. Enquanto a moratória era celebrada por aqui, na Europa, a Amazon Alliance – grupo internacional formado por empresas consumidoras de soja brasileira, como McDonald’s, Carrefour e Tesco – divulgava nota reafirmando seu compromisso com o desmatamento zero. As companhias se dizem preocupadas com as alterações propostas no Código Florestal. “A renovação da moratória e o comunicado da Amazon Alliance mostram que existe um setor do agronegócio brasileiro capaz de crescer
do Brasil, e pediram apoio à campanha. “O que o candomblé tem de mais forte é a ligação com a natureza”, explica Elissama Menezes, voluntária há dois anos. “Fomos muito bem recebidos. Ficamos felizes pela força e energia que passaram a mais esta causa.” B.C.
Voluntários do Greenpeace com o senador Paulo Paim (PT-RS)
© Greenpeace / Daniel Beltra
fantasias, mudas de plantas, baterias e faixas com a mesma mensagem difundida no Brasil, eles pediram aos diplomatas que passassem o recado a Dilma. Os protestos tiveram eco até na África do Sul, onde acontecia a Conferência do Clima da ONU (COP-17). Ativistas vestidos de árvores também empunharam cartazes com a mensagem: “Desliga essa motosserra”. A mensagem global, porém, não veio só de representantes ambientais, mas do próprio mercado. Grandes empresas como a Nestlé, Princes e o Leather Working Group – uma coalização de companhias consumidoras de couro brasileiro, como Adidas, Nike e Timberland – se posicionaram publicamente contra o projeto de lei. Eles não querem fornecedores brasileiros que associem suas marcas ao desmatamento.
sem derrubar mais floresta. Mas, no Congresso e no campo, tem gente que ainda prefere um modelo de produção atrasado e predatório”, diz Paulo Adario, diretor da Campanha da Amazônia do Greenpeace. Com a expectativa da promessa de anistia e de flexibilização da lei florestal, as taxas de desmatamento, que passaram os últimos anos em queda, voltaram a crescer. O argumento ruralista de que o Brasil precisa aumentar as terras cultiváveis para alimentar uma população mundial de 7 bilhões de pessoas cai por terra quando o mercado se distancia das marcas sujas do desmatamento.
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O mantra ruralista cai Bernardo Camara
Por iniciativa do Greenpeace, e com execução de renomadas instituições, estudo desmonta argumento ruralista de que legislação florestal é invenção brasileira
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ada de atiçar os brios nacionalistas. O Código Florestal está longe de ser um produto exclusivamente nacional. Diferente do repetitivo lenga-lenga ruralista, outros países do mundo têm leis de proteção às florestas. E nem por isso deixaram de crescer. Essa é a constatação de um estudo encomendado pelo Greenpeace ao Imazon, uma das mais respeitadas instituições científicas da Amazônia, e ao Proforest, centro de estudos ligado à Universidade de Oxford, na Inglaterra. O documento prova que legislação florestal é regra mundo afora. “Esse estudo desconstrói o discurso ruralista para justificar uma mudança no Código – o de que nenhum outro país tem uma legislação como a nossa e que, portanto,
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temos o direito de desmatar”, afirma Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace. “A discussão na Câmara ficou baseada em mantras repetidos como verdade, mas que foram produzidos em cima de falácias.” Os pesquisadores esmiuçaram a legislação florestal de 11 países: Alemanha, China, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Indonésia, Japão, Polônia, Reino Unido e Suécia. A conclusão? Quem devastou no passado hoje corre atrás do prejuízo, com leis de proteção e incentivos à recuperação. “Atualmente, a regra do mundo é a recuperação florestal, não a perda. Na discussão no Congresso, vemos os mesmos personagens que atuavam no Brasil do passado. Mas nós já estamos no Brasil do futuro, que
se coloca como uma potência mundial”, frisa Adalberto Veríssimo, do Imazon, um dos coordenadores do estudo. “Temos de ver o que o Brasil quer: se colocar como um exemplo ou afundar ainda mais. Os 56% de cobertura florestal que possuímos hoje já é o fundo do poço.”
Lições da história Foram várias as nações que dizimaram suas florestas. O estudo aponta que isso era comum: durante o processo de desenvolvimento, as matas são exploradas para fornecer matéria-prima ou abrir caminho à agricultura. Em certo ponto, porém, a taxa de desmatamento estabiliza e esforços são feitos para reverter a curva. Aqui no Brasil, por enquanto, isso não aconteceu.
© Greenpeace / John Novis
amazônia
Reserva Natural em Dunhuang, na China, um dos países mencionados no estudo.
A China, por exemplo, cuja cobertura florestal chegou aos 9% há seis décadas, conseguiu chegar em 2010 com 22%. Em resposta a uma grande enchente na década de 1990, o país deu início a um amplo programa de reflorestamento, que o tornou líder em incremento anual de floresta. Na França, a exploração ao longo dos séculos fez com que suas florestas atingissem os 18% em 1900. Hoje, os donos de terra que quiserem derrubar uma área maior que 25 hectares precisam de um estudo de impacto ambiental, e só podem ligar a motosserra após
receber autorização dos órgãos competentes. Essas áreas também devem ter um plano de manejo, incluindo sistema de corte e replantio. O resultado de políticas como essa refletiu nos índices de cobertura florestal, que atualmente estão em 29% e continuam aumentando. A exemplo da França, na maioria dos países o processo de devastação durou séculos até chegar ao ponto de transição, quando as matas voltaram a se espalhar pelo território nacional. O Brasil pega a contramão. Na Amazônia brasileira, quase 18% da floresta – mais de 700 mil km2 – foram derrubados
em um piscar de olhos: em apenas quatro décadas. E a motosserra permanece ligada. No Congresso, os ruralistas reafirmam que a produção precisa continuar avançando sobre as matas. Cientistas e representantes da agricultura familiar já negaram isso publicamente. E a história também. Enquanto a cobertura florestal dos Estados Unidos se mantém praticamente estável desde o início do século passado, o país segue como líder mundial em exportação de grãos. “Com tecnologia e uma mudança de modelo, a produção pode triplicar”, garante Veríssimo.
A moda da preservação Nathália Clark
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eu belo casaco de couro pode trazer um rastro de desmatamento, escravidão ou invasão de terras. Nada mais fora de moda. Porém, ainda uma lamentável realidade em alguns rincões do país. O relatório “Quebra de confiança”, divulgado pelo Greenpeace, revelou que o Frigorífero JBS, maior produtor de carne e couro do Brasil, comprou gado de fazendas que usavam mão-de-obra em situação análoga à escravidão, ou que estavam localizadas dentro da reserva Indígena Maraiwatsede (MT) ou de áreas embargadas. Há dois anos, a mesma JBS jurou de pés juntos que não trabalhariam mais com fazendeiros em situação irregular. Assinou um compromis-
so público e, em 2010, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Federal do Mato Grosso. Não adiantou. Em outubro passado, o Ministério Público denunciou a quebra do acordo com o Frigorífero, afirmando que a JBS comprou gado de 34 fazendas as quais se comprometera a tirar de sua lista de fornecedores. A notícia repercutiu na Itália. Aproveitando a ocasião de uma das maiores feiras de couro do mundo, a Linea Pelle, em outubro passado,
© Tommaso Galli / Greenpeace
Ensaio fotográfico com modelos em praça pública da Itália alerta para origem irregular do couro vendido no exterior
ativistas do Greenpeace organizaram um ensaio fotográfico com modelos na principal praça da cidade de Bolonha. Vestidas com materiais reciclados, as modelos desfilaram junto da uma placa com a mensagem: “Você se importa com a Amazônia? Salve sua pele”.
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Vitrine verde Danielle Bambace
Nova edição do Guia de Eletrônicos Verdes ajuda o consumidor a escolher certo, sem esquecer do meio ambiente
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Natal bate à porta e a lista de presentes está na mão. Mas antes de sair às compras, que tal contribuir com o meio ambiente, escolhendo marcas que se esforçam em práticas sustentáveis? O Guia de Eletrônicos Verdes, mais abrangente ranking de boas práticas das principais empresas do setor, pode ajudar nesta decisão. Preparado todos os anos pelo Greenpeace, nesta quinta edição ele ficou mais exigente. Os parabéns vão à HP, Dell e Nokia, as três primeiras colocadas. Já Toshiba e LGE vão ter de se esforçar mais para ganhar a confiança de consumidores mais atentos. Além de demonstrar que seus produtos não contêm substâncias químicas perigosas à saúde humana e ao meio ambiente, as empresas que desejam subir no ranking devem comprovar práticas de redução de emissões de carbono, com planos de limpeza da matriz elétrica das empresas. O ciclo de vida dos equipamentos é avaliado desde o conteúdo de suas embalagens. Até o sistema de reciclagem praticado
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pelas marcas entra na conta. A multinacional norte-americana HP lidera o ranking deste ano, com 5,9 pontos de 10. A boa nota vem de esforços em rastrear a cadeia produtiva de seus fornecedores, além de um programa efetivo de medição de emissões de carbono. Ao lado da Dell, vice campeã com 5,1 pontos, dá exemplo de rigor com a matéria-prima que usa: as duas são as únicas empresas que eliminaram, de suas embalagens, o uso de papel proveniente de desmatamento ilegal. A empresa, no entanto, peca em políticas mais efetivas de reciclagem de seus produtos em países onde não há legislação específica. Depois de amargar o 10º lugar da edição passada, a Dell finalmente conseguiu comprovar que está a caminho de eliminar substâncias prejudiciais, como o PVC, componente tóxico do plástico, da sua linha de computadores. Já a Nokia, campeã desde 2008, nesta versão cai para 3º lugar, por falta de estratégias de redução de consumo de energia, seja com eficiência energética ou
aumento do uso de renováveis. “Ao incorporar o critério de uso de energia nos processos produtivos, o novo Guia de Eletrônicos mensura o impacto ambiental proveniente de emissões de gases de efeito estufa e outros poluentes”, afirma Ricardo Baitelo, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “O resultado final serve como motivação para que empresas equacionem este problema, adotando cada vez mais medidas de eficiência energética ou mesmo geração de energia renovável em suas unidades produtivas”, complementa. A Apple ficou apenas na 4ª posição, um avanço em relação às edições passadas graças às melhorias em seus equipamentos. Mas, no quesito energia, somou poucos pontos. Philips, Sony Ericsson, Samsung, Lenovo, Panasonic, Sony, Sharp, Acer, LG Eletronics, Toshiba e RIM completam o ranking. As lanterninhas LG e Toshiba também não fizeram bonito em termos de energia. Por fim, a canadense RIM, fabricante dos celulares Blackberry, é nova no ranking.
institucional
© Greenpeace
Equipe do Greenpeace no estande do SWU.
O meio ambiente dá o tom Danielle Bambace
No SWU, o Greenpeace mostra que sustentabilidade é música aos ouvidos de todos
B
oa música, arte, astros internacionais, muita diversão e sustentabilidade. O SWU Music and Arts Festival prova que sim, essa combinação é possível. E o Greenpeace não poderia ficar de fora. Mais de 179 mil pessoas estiveram presentes no evento que tornou Paulínia, no interior de São Paulo, a capital internacional da música entre os dias 12 e 14 de novembro. Esta á a segunda vez que o Greenpeace marca presença no evento, que abre suas portas para que organizações ambientais e sociais apresentem seus trabalhos. Para esquentar os tambores, o
Greenpeace organizou uma promoção. O concurso cultural “Dê uma ideia para o planeta” convidou os colaboradores a enviarem fotos que transmitissem uma atitude sustentável do cotidiano. A intenção era inspirar os demais a adotar práticas mais verdes e limpas ao país. Seis fotos foram selecionadas entre as mais de cem ideias recebidas. Os ganhadores levaram um par de ingressos para assistir a um dia do festival. No dia 14, o diretor-executivo do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado, foi um dos palestrantes do II Fórum Global de Sustentabilidade, realizado no Teatro Municipal de Paulínia.
O encontro ofereceu discussões sobre consciência e atitude. E foi justamente nessa temática que o estande do Greenpeace trouxe grandes novidades. Os voluntários mostraram que era possível utilizar a luz solar para várias atividades, como iluminar melhor os ambientes ou até cozinhar. “Foi sem dúvida uma experiência muito importante pela abrangência nacional e por sua perspectiva global de crescimento. Tamanha visibilidade só pode ser mesmo um sucesso”, afirma André Bogsan, diretor de marketing e captação de recursos do Greenpeace Brasil.
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cartas Um 'acidente' “[Sobre o caso Chevron], quando se aplicam multas pesadas a uma empresa que causa um 'acidente' como este, estão apenas pensando em quanto vão ganhar e não no prejuízo ao meio ambiente. Deveria ser estudada uma punição mais severa, como a suspensão da extração de óleo por dez anos [...]. Essas multas, que parecem gigantescas, na realidade são mixaria para as grandes empresas.”
pelo mundo
Greenpeace pelo mundo Nathália Clark
Maus anfitriões
OTHON DE OLIVEIRA – Caicó (RN) Colaborador
No dia 13 de outubro, o diretor-executivo do Greenpeace Reino Unido, John Sauven, foi impedido de entrar na Indonésia. Mesmo com visto de viagem a trabalho, ele foi barrado por funcionários da imigração, no aeroporto internacional de Jacarta, e deportado no mesmo momento. Coincidência ou não, o Greenpeace mantém uma campanha no país contra a destruição que a empresa Asia Pulp and Paper (APP) tem empreendido nas florestas tropicais. “Nós temos sofrido uma série de ataques desde que intensificamos a campanha, mas o bloqueio não vai conseguir frear os ativistas de tentarem impedir a destruição das florestas, a última casa do tigre de Sumatra”, declarou Bustar Maitar, do Greenpeace Indonésia.
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ASSOCIAÇÃO CIVIL GREENPEACE
O mar não está para peixe Em uma denúncia contra o investimento de dinheiro público na pesca predatória, ativistas do Greenpeace Espanha pintaram mensagens em navios de arrasto atracados no porto de Vigo. “Pare os subsídios”, diziam as mensagens deixadas na calada da noite do dia 17 de outubro. Com essa ação, o Greenpeace quis chamar a atenção do governo espanhol e da Comissão Europeia para suspenderem o financiamento dessa atividade nociva aos ecossistemas marinhos, responsável por apenas 0,95% dos empregos pesqueiros no país.
Conselho diretor
Nenhum futuro no carvão
Sede da Conferência do Clima da ONU neste ano, a África do Sul parece não ter entendido a necessidade de investir em energias renováveis. O país planeja iniciar em 2014 as operações de uma usina termoelétrica movida a carvão e que será a quarta maior emissora de gases do efeito estufa de todo o mundo. Na tentativa de denunciar esta incoerência, no dia 7 de novembro, ativistas do Greenpeace penduraram uma enorme faixa em um guindaste do canteiro de obras. A mensagem endereçada à estatal Eskom pedia o fim de investimentos em fontes de energia fósseis.
Presidente Conselheiros
Diretor executivo Diretor de campanhas Diretor da campanha da Amazônia Diretor de comunicação Diretor de marketing e captação de recursos
Rachel Biderman Fabio Feldmann Marcelo Estraviz Marcelo Takaoka Maria Alice Setubal Marcelo Furtado Sérgio Leitão Paulo Adario Manoel F. Brito André Bogsan
REVISTA DO GREENPEACE É uma publicação trimestral do Greenpeace
Editor Editora de fotografia Redatores
Designer gráfico Prepress e impressão
Leonardo Medeiros (MTb 39511) Danielle Bambace Bernardo Camara Danielle Bambace Juliana Tinoco Nathália Clark Leonardo Medeiros Karen Francis W5 Criação e Design Hawaii Gráfica & Editora
Este periódico foi impresso em papel reciclado em processo livre de cloro. Tiragem: 30 mil exemplares.
© Pedro Armestre / Greenpeace
www.greenpeace.org.br
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O selo FSC® garante que este produto foi impresso em papel feito com madeira de reflorestamentos certificados de acordo com rigorosos critérios sociais, ambientais e econômicos estabelecidos pela organização internacional FSC® (FOREST STEWARDSHIP COUNCIL® / Conselho de Manejo Florestal).
ATENDIMENTO telefone 11 3035 1151 e-mail
relacionamento@greenpeace.org
Dilma, desliga essa motosserra
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© Greenpeace / Rodrigo Baleia
Em outubro, o Greenpeace percorreu diversas capitais do país em uma mobilização pública contra o massacre ao Código Florestal, em andamento no Congresso. O objetivo era alertar a população sobre os riscos das mudanças propostas pela bancada ruralista. Em Manaus, aproveitando a participação da presidente Dilma Rousseff na inauguração da ponte de mais de R$ 1 bilhão sobre o rio Negro, o Greenpeace inflou um enorme balão. Do alto, e ao alcance das vistas de todos os políticos presentes, brilhou a mensagem “Desliga essa motosserra”.
© Nick Cobbing / Greenpeace
ARCTIC SUNRISE
ESPERANZA
Esperanza O navio do Greenpeace está na Papua Nova Guiné para uma campanha mista de florestas e oceanos. A face de oceanos compreende uma expedição chamada “Defendendo o nosso Pacífico” e pede o estabelecimento de uma rede de reservas marinhas e o fim da pesca predatória.
© Pierre Gleizes / Greenpeace
RAINBOW WARRIOR
Rainbow Warrior III O novo navio do Greenpeace iniciou sua jornada abrindo as portas ao público em Amsterdam, Londres e Estocolmo. Em Londres, o heliponto do navio serviu de palco para um show da banda “The Good, The Bad and The Queen”, com Damons Albarn, exvocalista do Blur, que cantaram para os colaboradores.
Para acompanhar o paradeiro dos navios em imagens ao vivo acesse: www.greenpeace.org/international/en/multimedia/ship-webcams
Arctic Sunrise No norte do Atlântico, o navio quebra-gelo da organização está cobrando dos governos europeus reformas nas políticas de pesca e uma atitude firme para o fim da pesca de arrasto, extremamente destrutiva aos substratos marinhos profundos e a toda a vida nos oceanos.
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© Alex Hofford / Greenpeace