Jan/Fev/Mar 2012

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Rainbow Warrior na Amazônia

janeiro - fevereiro - março | 2012

greenpeace.org.br

A história da organização que mudou o debate ambiental no país

Revista

no Brasil



Rainbow Warrior na Amazônia

© Greenpeace / Rodrigo Baleia

sumário 4 20 anos em ação por um Brasil mais verde e limpo 6 Ilustre visitante em águas brasileiras 8 O fim do desmatamento nas mãos dos brasileiros

1 0 Brasil tem seu herói das florestas 11 Entrevista: A velha luta do novo herói

12 Corrida insana pelas últimas gotas de óleo 13 O petróleo avança sobre Abrolhos

© Greenpeace / Rodrigo Baleia

carta aos colaboradores

Revista

A história da organização que mudou o debate ambiental no país

greenpeace.org.br

no Brasil

janeiro - fevereiro - março | 2012

capa

Caro leitor,

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sta edição da revista Greenpeace vem recheada de boas notícias. A primeira delas é que a organização completa em 2012 seu 20º aniversário de atuação no Brasil. Isso mesmo! Parece que foi ontem, mas já se passaram duas décadas de conquistas e vitórias em defesa do meio ambiente. Nas páginas seguintes, a repórter Nathália Clark conta um pouco melhor dessa história. E para celebrar esta data especial, trouxemos ao país um visitante ilustre. O Rainbow Warrior, mais novo navio de campanhas do Greenpeace, acaba de chegar para uma expedição inédita por águas brasileiras, promovendo o Brasil verde e limpo que queremos garantir para esta e as futuras gerações. Trata-se de uma embarcação moderna, feita sob medida com o que há de mais sustentável em navegação. Manaus foi sua primeira parada. Na sequência, o navio passará por Belém, Recife, Salvador, Rio e Santos. Confira na reportagem de Marina Yamaoka a programação completa do Rainbow Warrior no Brasil e venha conhecer a tripulação deste ícone dos mares. Outra notícia que gostaria de destacar aqui é o início de uma verdadeira maratona para recolher 1,4 milhão de assinaturas. O objetivo? Levar ao Congresso Nacional a proposta de uma lei do Desmatamento Zero, conforme explica o repórter Bernardo Camara. Esta campanha é uma iniciativa do Greenpeace, em parceria com outras organizações sociais e ambientais. Ao assinar a petição do Desmatamento Zero, você não apenas ajuda a proteger a Amazônia, mas também exerce seu direito à cidadania e de decisão sobre os rumos do país. Para ambos os casos, conte com o Greenpeace como grande aliado para os próximos 20 anos. Um abraço,

14 A mordaça da internet 15 Ativismo do Greenpeace chega à telona

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Um mundo renovável é possível

Marcelo Furtado Diretor Executivo Greenpeace Brasil

O Greenpeace vai à praia Greenpeace pelo mundo Foto oportunidade

O Greenpeace é uma organização global e independente que promove campanhas para defender o meio ambiente e a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos. Nós investigamos, expomos e confrontamos os responsáveis por danos ambientais. Também defendemos soluções ambientalmente seguras e socialmente justas, que ofereçam esperança para esta e para as futuras gerações e inspiramos pessoas a se tornarem responsáveis pelo planeta. O Greenpeace não aceita dinheiro de governos, partidos ou empresas. Ele existe graças às contribuições de milhões de colaboradores em todo o mundo. São eles que garantem a nossa independência. |3


celebração

20 anos em ação por um Brasil mais verde e limpo Nathália Clark

Em duas décadas, o Greenpeace Brasil se tornou referência da luta ambiental no país, levando o discurso da sustentabilidade à agenda política nacional cresceram juntamente com o Brasil. O ritmo do desmatamento na Amazônia vem caindo, mas ainda é alarmante. Por outro lado, o Brasil, que tinha tudo para aproveitar seus recursos naturais para se tornar uma potência energética de matriz quase 100% limpa, ainda pretende investir em energias sujas e perigosas como petróleo e nuclear.

Muitas histórias para contar A primeira grande vitória da organização no Brasil se deu um ano após a inauguração do escritório no país, com a proibição da importação de lixo tóxico. Ainda na década de 1990, tiveram início as campanhas contra o uso dos gases CFC – que atacam a camada de ozônio – e de transgênicos. Também foi o Greenpeace que publicou o primeiro Guia do Consumidor, em que

©Greenpeace/Daniel Beltrá

@Greenpeace/Steve Morgan

Para Furtado, o Greenpeace trouxe ao Brasil uma pauta ambiental inédita, por exemplo, com a eliminação de lixo tóxico ou com o debate das mudanças climáticas. Mas a realidade do país mostrou à organização que os problemas ambientais e sociais caminham juntos. “O Brasil tornou mais amplo o olhar do Greenpeace.” Hoje, o Greenpeace Brasil possui três escritórios (São Paulo, Manaus e Brasília) e mais de cem funcionários que trabalham para dar suporte às duas campanhas atualmente em curso: Amazônia e Clima & Energia. Tudo isso só é possível graças às doações de mais de 32.500 colaboradores ativos espalhados por todo o país e de aproximadamente 300 voluntários que levam nossas mensagens e campanhas Brasil afora. Apesar de muitos avanços e vitórias, os desafios do Greenpeace

©Greenpeace/Rodrigo Baleia

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ia 26 de abril de 1992: a tripulação do Rainbow Warrior, navio símbolo do Greenpeace, rumou para Angra dos Reis. Lá, 800 cruzes foram afixadas no pátio da usina nuclear, simbolizando o número de mortes do trágico acidente de Chernobyl, ocorrido seis anos antes. Essa ação marcou a fundação oficial do Greenpeace no Brasil. “Quando chegamos por aqui, o ativista era um ecochato”, diz Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace Brasil. “Hoje, o ativismo é um exercício de cidadania”, analisa. Os últimos 20 anos foram suficientes para o Brasil aprender com a organização a levar mais a sério o debate ambiental. Por outro lado, o Greenpeace também aprendeu muito com o Brasil: a proteção ao meio ambiente não pode deixar de lado a justiça social.

Chegada do primeiro Rainbow Warrior ao Rio de 4 | janeiro - fevereiro - março Janeiro durante a Eco-92.

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Banner de 2.500 metros quadrados colocado em área desmatada ilegalmente em 2006.

Vigília pelas vítimas de acidentes nucleares e contra Angra 3 em 2005.


violenta e eram várias as ameaças de morte”, lembra Paulo Adario, diretor da Campanha Amazônia. Em novembro de 2004, um telefonema da então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciava a vitória: o presidente Luís Inácio Lula da Silva acabara de assinar o decreto de criação da Reserva Extrativista Verde para Sempre. Já a vitória sobre o comércio predatório de madeira se deu em 2002, quando o mogno foi finalmente protegido pela Cites – órgão da ONU sobre comércio e proteção de espécies ameaçadas. Atualmente, a principal frente de devastação da Amazônia está ligada ao avanço da soja e de áreas de pastagens. Contra esses dois vetores do desmatamento, foi emblemática a atuação do Greenpeace em conseguir uma moratória da soja produzida em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia. Também um acordo com Ministério Público e os três maiores frigoríficos brasileiros permitiu cortar de suas listas de fornecedores fazendas de gado embargadas pelo Ibama.

Futuro De passagem pelo Brasil para o Fórum de Sustentabilidade de

Protesto na sede da Bayer contra o milho transgênico, em 2006.

Manaus, em março deste ano, Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace Internacional lançou um desafio ao país: “Com o poder, vem a responsabilidade. É preciso garantir que este Brasil mais rico não promova um modelo de desenvolvimento sem justiça social ou ambiental igual àquele o qual foi vítima por séculos.” O apelo de Naidoo é um reconhecimento de que o Brasil ganha crescente destaque internacional e que tem em mãos uma oportunidade histórica: assumir a liderança global como potência verde e limpa. Afinal, o país tem recursos naturais de sobra para garantir o crescimento com energias renováveis e, ao mesmo tempo, manter a floresta em pé. Segundo Marcelo Furtado, iniciativas como a do Desmatamento Zero são fundamentais nesse sentido, uma vez que estabelecem o conceito da floresta como um ativo, não como empecilho ao desenvolvimento. “O processo de construção desse Brasil verde, limpo e socialmente justo está nas mãos de cada um de nós. Começa nas ações do dia a dia e termina nas grandes ações que mobilizam a sociedade”, finaliza Furtado.

©Greenpeace/Felipe Barra

©Greenpeace/Daniel Beltrá

@Greenpeace/Patricia Cruz

apontava quais produtos continham organismos geneticamente modificados, além de conseguir a aprovação de uma lei para a rotulagem de transgênicos. Para a redução das emissões de gases do efeito estufa, o Greenpeace também ofereceu sua contribuição ao país. Seu relatório [R]evolução Energética foi fundamental para pressionar o governo a incentivar o setor de energia eólica, hoje em contínuo crescimento. De olho na proteção da maior floresta tropical do mundo, em 1992 começou a investigação sobre a exploração ilegal e predatória de madeira. Dois anos mais tarde, foi realizada a primeira expedição naval pela região, que levou a Marinha a expulsar o navio do Greenpeace do país. Foi apenas a pressão da sociedade civil que fez o governo a revogar a ordem e permitir que a tripulação, com ativistas e pesquisadores a bordo, seguisse sua rota. Já na década de 2000, uma comunidade extrativista do município de Porto de Moz (PA) pediu a ajuda do Greenpeace para fechar o cerco contra madeireiras que invadiam ilegalmente suas terras. “Os políticos da cidade eram madeireiros. Havia uma relação direta entre política e madeira. A região era muito

Protesto contra a exploração ilegal de mogno na Amazônia.

Banner gigante estendido em 2009 em Brasília, alertando sobre |5 mudanças climáticas.


© Oliver Tjaden / Greenpeace

© Paul Hilton / Greenpeace

rainbow warrior

Ilustre visitante em águas brasileiras Marina Yamaoka

Mais moderno navio da frota Greenpeace, o Rainbow Warrior vem pela primeira vez ao Brasil em comemoração aos 20 anos da organização no país

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o ano em que o Greenpeace completa 20 anos de atuação no Brasil, um visitante ilustre vem se juntar às comemorações. O Rainbow Warrior, mais novo e moderno navio da organização, acaba de chegar para uma expedição de mais de três meses por águas brasileiras. De 22 de março a 5 de julho, o navio passa por Manaus, Macapá, Belém, Recife, Salvador, Rio – onde participa da Conferência Rio+20 – e Santos. Nessas cidades, o público terá a oportunidade de subir a bordo, conhecer a tripulação deste ícone da proteção ambiental e saber mais sobre as campanhas do Greenpeace no Brasil. Inaugurado em outubro do ano passado, o Rainbow Warrior representa o que há de mais moderno e sustentável em termos de navegação. Construído sob medida para o Greenpeace, com doações de colaboradores de todo o mundo, cada detalhe foi pensado para reduzir seu impacto sobre o meio ambiente, desde o tratamento de resíduos e esgoto, até o uso da força dos ventos como seu principal motor. A terceira geração do Rainbow Warrior – outros dois navios do Greenpeace já foram batizados com o mesmo nome – traz tudo o que o Greenpeace precisa para levar suas 6

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campanhas a todas as partes do planeta. Com 58 metros de comprimento e 11 de largura – o mesmo comprimento de duas baleias azuis –, ele transporta mais carga, mais tripulação e possui maior espaço operacional que suas duas versões anteriores. Ao mesmo tempo, é leve e ágil, chegando rapidamente onde está o problema. Na primeira parte do tour, o navio passa por regiões da Amazônia onde o Greenpeace ajudou a escrever a história de proteção à floresta. Nessa viagem, a mensagem pelo fim do desmatamento será a principal bandeira (saiba mais nas páginas 8 e 9). No momento em que a bancada ruralista do Congresso tenta enfraquecer o Código Florestal brasileiro, a campanha pelo Desmatamento Zero precisará de 1,4 milhão de assinaturas para virar lei a partir da iniciativa popular. Preservar pela floresta é uma das lições de casa que o Brasil precisa fazer para reduzir o ritmo das mudanças climáticas – o país é hoje o terceiro maior emissor de CO2, atrás de EUA e China. Outra medida essencial é o investimento em energias limpas e renováveis, como a solar: mais uma mensagem que o Rainbow Warrior pretende levar ao país durante sua visita. O Brasil é um dos poucos países

que têm condições de ter sua matriz energética proveniente quase completamente de fontes renováveis. Porém, investimentos em energias sujas, como a exploração de petróleo da camada do pré-sal, ou a construção do terceiro reator nuclear do complexo de Angra, atrasam esse avanço. Além disso, falta regulamentação adequada no Brasil para permitir que os consumidores possam adotar painéis solares em suas residências e, com isso, serem também produtores de energia. Sem falar do alto custo, que ainda representa um entrave para a maior disseminação dessa forma de energia limpa e abundante. Na reta final de sua viagem, o Rainbow Warrior aporta no Rio de Janeiro para a Conferência Rio+20, entre os dias 20 e 22 de junho, reunião na qual líderes mundiais discutirão o futuro do meio ambiente e como pretendem agir nos próximos anos para evitar as mudanças climáticas e encontrar um modelo de desenvolvimento sustentável. O Greenpeace vai cobrar soluções que possam ser efetivamente colocadas em prática e entregará à presidente Dilma Roussef um documento no qual expõe o que o Brasil pode e deve fazer para contribuir na luta pelo meio ambiente.


Projetado por um engenheiro holandês e construído durante mais de um ano em Bremen (Alemanha), o novo Rainbow Warrior é um veleiro único, feito sob encomenda para as campanhas do Greenpeace.

Comprimento total: 57,92 m Boca moldada: 11,3 m Calado de projeto: 5,15 m Tripulação: 32 pessoas Área das velas: 1.256 m2 Velocidade utilizando as velas: 14 nós

Divisão esquemática 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

Sala de reuniões Sala de máquinas Cabines da tripulação Hospital Convés do helicóptero Botes Cozinha

8. Refeitório 9. Sala de comunicações 10. Cabine do comandante 11. Cabine de comando 12. Escritório de campanha 13. Barco de emergência 14. Mastro ‘tipo A’

15. Vela mestra 16. Vela de Estai principal 17. Vela Fisherman 18. Bujarrona de fora 19. Bujarrona de dentro

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florestas

O fim do desmatamento nas mãos dos brasileiros Bernardo Camara

Greenpeace lança sua mais nova – e, talvez, mais ousada – campanha: uma lei de iniciativa popular para acabar com o desmatamento no país.

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© Greenpeace / Rodrigo Baleia

contagem regressiva para o fim do desmatamento no Brasil começou. A bordo do novo navio Rainbow Warrior, ancorado em Manaus (AM), os diretores do Greenpeace anunciaram no dia 22 de março uma das mais audaciosas campanhas da organização: coletar 1,4 milhão de assinaturas por todo o Brasil para a criação da lei do Desmatamento Zero. Ao lado de representantes de organizações sociais e ambientais da Amazônia, Kumi Naidoo, Marcelo Furtado e Paulo Adario ratificaram que o fim da devastação não é apenas possível: é necessário.

“O Brasil derruba suas florestas há 500 anos. Primeiro caiu a Mata Atlântica. Agora, a Amazônia. E sempre em nome do desenvolvimento, que simplesmente não chegou a essas regiões destruídas”, afirmou Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace Brasil. “Zerar o desmatamento é a forma mais barata e rápida de mitigar os efeitos do aquecimento global. Além disso, é o jeito de garantir o equilíbrio climático para a produção de chuvas que irrigam a agricultura, ajudam a gerar nossa energia e a suprir de água os brasileiros.” Para acompanhar os primei-

ros passos da campanha, o navio Rainbow Warrior – recém-construído para o Greenpeace com o que há de mais moderno e sustentável em navegação – acaba de chegar ao Brasil. E vai fazer um roteiro que cruza a Amazônia e passa pela costa até chegar ao Rio de Janeiro, a tempo de participar da Rio +20, a mais importante conferência ambiental da ONU (Organização das Nações Unidas). A ideia é usar essa plataforma para passar um recado que foi deixado de lado nos dois últimos anos. E, claro, iniciar a coleta de assinaturas. “Nas discussões do Código Florestal, os políticos ignoraram os

Celebridades e pessoas comuns mostram seu apoio à nova campanha. Veja os vídeos no canal do Greenpeace no YouTube

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Desmatamento para produção de soja no Mato Grasso

cientistas e a população do início ao fim. A lei do Desmatamento Zero é a resposta da sociedade civil a esse atropelo”, disse Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace. “Precisamos de respostas rápidas e inteligentes para enfrentar a atual crise climática global. E já é consenso entre cientistas que manter a floresta em pé é uma opção indiscutível nesse processo.” O Greenpeace reconhece que haverá forte resistência ao projeto vinda de setores como o agronegócio. Mas a organização se apoia em números para defender a nova lei. “Nos últimos anos, o Brasil se tornou a 6ª

economia do mundo, o maior exportador de carne e segundo maior em grãos. E a subida na rampa econômica veio ao mesmo tempo em que outro índice despencava: com um pico de 27 mil quilômetros quadrados em 2004, o desmatamento na Amazônia caiu para cerca de 6.000 em 2011”, recorda Adario. “Isso é a prova de que não há conflito entre produção e preservação.” A lei do Desmatamento Zero, aliás, não pretende transformar em crime todo corte de árvore. Ela serve para proteger as florestas da derrubada em larga escala e permite o aproveitamento de madeira, desde

que feita de forma sustentável, com acompanhamento técnico. Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, também sustenta que, apesar de ambiciosa, essa lei está longe de ser impossível. “Há vários países do mundo, entre eles os Estados Unidos, que pararam de desmatar suas florestas há mais de um século”, disse. “Há novas potências econômicas surgindo. E nessa corrida, o Brasil é indiscutivelmente a nação com mais condições de se destacar como a primeira potência econômica e ambiental da história da humanidade. Falta o país dizer se quer, ou não, esse título.”

Corrida pelo milhão Um milhão e quatrocentas mil assinaturas. É possível? Com sua ajuda, claro que sim. Até hoje, o Brasil já teve aprovadas quatro leis de iniciativa popular. Esse é um dos mecanismos de democracia direta estabelecidos pela legislação brasileira. Para ser apresentada ao Congresso, a proposta necessita do apoio de 1% do eleitorado nacional. Nesta empreitada, o Greenpeace não entra sozinho. A ideia é formar uma ampla coalizão de ONGs ambientais, movimentos sociais, celebridades, cientistas, políticos, igrejas e pessoas como você, para levar adiante esse desafio. Para começar, é só acessar o site www.ligadasflorestas.org.br criado para a coleta online de assinaturas, e distribuir o link para Deus e o mundo. Também vale imprimir o abaixo-assinado encontrado nesse mesmo endereço e sair batendo na porta dos amigos, do vizinho, da namorada... Continue acompanhando os nossos passos e não deixe a peteca cair. Nem nossas florestas.

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florestas © Michael Nagle / Greenpeace

Brasil tem seu herói das florestas

Paulo Adario durante entrega de prêmio na ONU

Ximena Leiva

Diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace recebe homenagem inédita das Nações Unidas por seu trabalho em defesa da floresta

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Greenpeace de se mudar do Rio de Janeiro para Manaus e lá criar a campanha da Amazônia. Desde então, ele acumulou uma extensa lista de serviços em prol da floresta. Ocupou madeireiras para denunciar as ilegalidades do setor, rastreou a cadeia de produção da soja e gado – grandes vetores do desmatamento –, pressionou empresas a assumirem responsabilidades pelos crimes de seus fornecedores e até ajudou na demarcação de terras indígenas e de reservas extrativistas. Apesar das vitórias do Greenpeace na região, Adario ainda tem muitos desafios pela frente. Se de um lado os índices de desmatamento vêm caindo, de outro o governo tem apresentado políticas contraditórias em relação às florestas. Como exemplo, ele cita as grandes obras de infraestrutura, como as usinas hidrelétricas e a BR 163, além do enfraquecimento do Código Florestal. “Enquanto no exterior o Brasil vende uma imagem de defensor da Amazônia, na prática, várias medidas caminham na contramão desse esforço”, conclui.

Homenagem póstuma Outros dois brasileiros tiveram sua luta em defesa das florestas reconhecida. Infelizmente, a homenagem chegou tarde. Os jurados decidiram outorgar um prêmio especial ao casal José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo – os dois ativistas brasileiros que foram tragicamente assassinados ano passado por denunciar a atuação ilegal de madeireiros no Pará. Para a entrega do prêmio, o casal foi representado por Laísa Sampaio, irmã de Maria. “A Amazônia está manchada de sangue, e essa mancha continua se espalhando. Nossa situação continua cada vez mais grave, porque o novo Código Florestal [...] não favorece o povo que vive e defende a floresta. A presidente Dilma não deve apoiar essa lei, porque debaixo do desmatamento há gente sendo morta”, declarou Laísa. © Greenpeace / Felipe Milanez

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ome cuidado, moço. Aqui as pessoas atiram só para ver você cair.” O alerta partiu de um garoto, em um pequeno povoado do Pará, à beira da rodovia Transamazônica. A frase deixava claro que a proteção às florestas envolvia riscos à própria vida – um dos muitos desafios que Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace, teve que enfrentar desde o início de seu trabalho na região. Não foi por acaso que esta tarefa hercúlea recebeu um justo reconhecimento. Em fevereiro, Adario foi eleito pelas Nações Unidas como Herói da Floresta para a América Latina e Caribe. “O prêmio mostra que a ONU está alerta para o imenso risco que correm as florestas e que sua conservação é vital para a manutenção do ciclo da vida e para mitigar os efeitos das mudanças climáticas que ameaçam nosso futuro,” declarou Adario. O passo decisivo para o início desta história de lutas pela floresta foi dado em meados da década de 1990, quando o jornalista Paulo Adario aceitou o convite do


© Greenpeace / Kiko Brito

entrevista

A velha luta do novo herói Bernardo Camara e Ximena Leiva Após 13 anos de incansável confronto com os desmatadores. Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace, e recém-eleito Herói das Florestas pela ONU (Organização das Nações Unidas), assume um novo desafio: uma mobilização social que pressione o Congresso Nacional a aprovar a Lei do Desmatamento Zero. Nesta entrevista, Adario faz uma retrospectiva de algumas das grandes vitórias da velha luta pela preservação do maior patrimônio natural do país.

Revista do Greenpeace Qual é o resultado destes 13 anos de Greenpeace na Amazônia? Paulo Adario A proximidade com a realidade do campo gerou muitos ganhos. Creio que ajudamos o Greenpeace a ter um olhar mais preocupado com a pobreza, a miséria e não apenas o meio ambiente. Afinal, as vítimas da destruição ambiental são as vítimas da injustiça social. Quais foram suas primeiras impressões ao chegar à Amazônia? “Paulo Adario merece, precisa e vai morrer.” Esse recado eu recebi por telefone. Não fazia mais de 24 meses que eu estava em Manaus, mas já incomodávamos. Não foi à toa: tiramos das sombras o comércio milionário e ilegal de mogno. Nossa vitória é resultado de um longo trabalho contra a exploração predatória da espécie, que foi finalmente protegida pela Cites, da ONU, em uma histórica conferência em Santiago do Chile, em fins de 2002. Foram apreendidos 80 mil metros cúbicos de madeira e maquinário. O prejuízo para madeireiros ilegais chegou a US$ 180 milhões. Após essa megaoperação, o Ibama soltou portaria proibindo o corte, o transporte e comercialização do mogno em todo o Brasil.

Quais outras campanhas contribuíram para o debate ambiental no Brasil? Conseguimos assinar um acordo com a indústria para que não fosse mais comprado grão proveniente de desmatamento. Isso foi em 2006 e a moratória vem sendo renovada ano a ano. Nesse período, construiu-se uma relação de confiança entre ambientalistas e empresários. Depois nosso time mirou a pecuária. Foram mais de dois anos para documentar e demonstrar que couro e carne bovinos comprados por marcas famosas de calçados e grandes redes de supermercados no Brasil e no exterior eram provenientes da destruição da Amazônia. Preocupadíssimas com as denúncias e com suas imagens, elas se comprometeram a não comprar produtos que tivessem esse rastro comprometedor, uso de trabalho escravo e invasão de áreas protegidas. E continuamos a cobrar o cumprimento destes compromissos. O desmatamento zero é possível no Brasil? É possível, sim. Em 2003 desafiamos o recém-empossado presidente Lula, que havia lançado o Fome Zero, a também adotar uma política de ‘desmatamento zero’.

É preciso destacar que o desmatamento caiu nos últimos anos de 27 mil quilômetros quadrados em 2004 para 6.500 em 2011, mas ainda falta um marco legal para ajudar o Brasil a derrubar o número para zero. No meio do caminho surgiu esse movimento extremamente forte da bancada ruralista, que está financiando a desfiguração do atual Código Florestal. Levando às ruas a petição de lei pelo Desmatamento Zero, damos um recado ao setor agropecuário e para o governo: floresta em pé é a alternativa mais inteligente e barata para sairmos da armadilha das mudanças climáticas. Há tecnologia para incrementar a produção no campo. Como você vislumbra os próximos 20 anos do Greenpeace no Brasil? A floresta em pé, a Amazônia com uma população feliz, a disseminação das energias renováveis e o Greenpeace cumprindo sua missão. Após todos estes anos de luta, que redundaram em uma maior conscientização por parte da sociedade e do setor produtivo, tenho a total convicção de que esse conhecimento sobre o que acontece na cena ambiental se ampliou significativamente.

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oceanos

Corrida insana pelas últimas gotas de óleo Marina Yamaoka

A decisão da multinacional Shell de perfurar poços de petróleo na costa do Alasca, nos EUA, pode levar a uma corrida pelo óleo sem precedentes na região

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tas, entre eles a atriz Lucy Lawless, estrela da série “Xena, a Princesa Guerreira”, bloquearam um navio de exploração da Shell que partiria do país em direção à costa do Alasca. Lá, o petroleiro iniciaria a perfuração de três poços de petróleo. Os ativistas ocuparam o alto da torre de perfuração do navio e resistiram por 77 horas, em uma tentativa de chamar a atenção do mundo ao problema. O protesto pacífico terminou com a prisão dos ativistas, acusados de roubo pelos promotores neozelandeses, embora nenhuma propriedade tenha sido levada

ou danificada durante a ocupação. “A batalha para salvar o Ártico está apenas começando”, disse Lawless, antes de ser presa. “Continuaremos a ser solidários com as comunidades e espécies que dependem do Ártico para a sua sobrevivência até que a Shell cancele seus planos de perfuração e mude para a exploração de energias limpas e sustentáveis.” Durante a ocupação, mais de 135 mil pessoas enviaram e-mails para executivos da Shell pedindo para que cancelem seus planos de perfurar no Ártico.

A atriz Lucy Lawless protesta na Nova Zelândia contra a exploração do Ártico

© Nigel Marple / Greenpeace

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oi dada a largada à corrida pelas últimas gotas de petróleo, recurso natural não-renovável e responsável, entre outros danos, pelas mudanças climáticas. Nesse movimento, a indústria petrolífera expande suas fronteiras de exploração para os cantos mais inóspitos do planeta, não importam os riscos ambientais. É o caso da multinacional Shell, primeira grande companhia a adotar o Ártico como foco principal de exploração. Se a empresa encontrar petróleo, teme-se o início de uma peregrinação de empresas petrolíferas à região – uma séria ameaça a este frágil ecossistema, lar do urso polar, do narval, da raposa do ártico, entre outras espécies emblemáticas. Estudos comprovaram que as difíceis condições climáticas do Ártico, além de sua localização remota, tornam muito altos os desafios operacionais da exploração petrolífera. Em caso de vazamento, a contenção e a limpeza são praticamente impossíveis. Os estragos podem ser irreversíveis. Para protestar contra as intenções da Shell, ativistas do Greenpeace Reino Unido escalaram a National Gallery, um dos mais importantes museus do país, em Londres, e penduraram uma faixa para tornar público os planos de exploração da companhia. O protesto mais ousado, porém, veio da Nova Zelândia. Sete ativis-


Protesto realizado na sede da Perenco no Rio de Janeiro em fevereiro de 2012

© Greenpeace / Marizilda Cruppe/EVE

O petróleo avança sobre Abrolhos Carolina Nunes

Greenpeace projeta mensagem de protesto em edifício sede da petroleira Perenco, no Rio de Janeiro, para alertar sobre o início da exploração de Abrolhos

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gora é para valer. A despeito da campanha do Greenpeace por uma moratória da exploração de petróleo e gás na região de Abrolhos, a multinacional anglo-francesa Perenco recebeu em novembro passado autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para perfurar oito poços de petróleo em alto mar – dois deles localizados próximo ao maior santuário marinho do Atlântico Sul. Para alertar os riscos que essa exploração representa para Abrolhos, o Greenpeace realizou um protesto inusitado contra a petroleira. No início da noite do dia 12 de março, quem passava próximo à torre do Shopping Rio Sul, onde fica a sede da empresa no Brasil, no Rio de Janeiro, pôde ver uma enorme projeção com um contundente recado que tomava a fachada do edifício: “Abrolhos sem petróleo.

Fora Perenco”. “A aprovação para perfuração em Abrolhos é um grande erro e vai na contramão dos avanços que se espera do governo brasileiro para a proteção de Abrolhos, esta zona de extrema importância ecológica”, disse Leandra Gonçalves, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. O IEA (Estudo de Impacto Ambiental) apresentado pela Perenco para conseguir a licença de perfuração identifica um risco alto e moderado de vazamento de óleo em uma zona de movimentação de baleias jubarte e de quelônios. O documento, porém, não especifica um plano de ação para casos de acidente.

O banco dos Abrolhos Criado em 1983, o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos

ocupa uma área aproximada de 91,3 mil hectares. Estudos recentes, porém, demonstraram que a extensão da biodiversidade do banco dos Abrolhos está muito além dos limites de proteção definidos pelo parque. A área de moratória, de aproximadamente 93 mil quilômetros quadrados, foi estabelecida pelo Greenpeace a partir do estudo chamado Megadiversidade, realizado pela ONG Conservação Internacional. Nele se identificou o sistema de dispersão de óleo e o estrago que isso poderia causar na biodiversidade de Abrolhos, levando em consideração o sistema de ventos e correntes marinhas. Dez empresas possuem blocos de exploração de petróleo e gás na área de moratória pedida para Abrolhos. Atualmente, não há restrições legais para que novos blocos sejam ofertados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).

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internet

A mordaça da internet Gustavo Alves

Novas leis em tramitação no Congresso norte-americano possibilitarão que governos e empresas censurem conteúdos publicados na internet

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m apagão da internet. Esse foi o método encontrado pelo site do Greenpeace Internacional e de outras organizações ao redor do mundo, como Wikipedia e Reddit, para protestar contra um projeto de lei que tramita no Congresso norte-americano e que facilitará a censura a conteúdos publicados na web. As propostas, segundo seus defensores, combaterão a pirataria online. Mas se aprovadas, a SOPA (lei de combate à pirataria online) e PIPA (lei de proteção à propriedade intelectual) permitirão que empresas e o governo controlem qualquer 14

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tipo de informação. Por exemplo, campanhas do Greenpeace que atacam a marca de empresas com más práticas ambientais podem ser tiradas do ar se estas empresas apresentarem queixa de violação da propriedade intelectual. Para casos assim, a empresa não necessita apresentar provas. O ativismo online estará ameaçado. “Na história das más ideias, o conceito de dar às empresas o direito de censurar a internet está entre as piores do ranking”, disse Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.

Versão brasileira Apesar de os projetos não afetarem diretamente o Brasil, propostas semelhantes começam a circular em Brasília. A mais conhecida delas é a chamada “lei Azeredo”, como referência a seu criador, o ex-senador Eduardo Azeredo, que criminaliza 12 ações praticadas na internet. Inicialmente, a justificativa era evitar crimes como fraude bancária ou racismo online, entre outros. Na prática, também criminaliza ações de hackers como os anonymous, que invadem e alteram sites de organizações e governos como protesto.


© Mannie Garcia / Greenpeace

Drew Barrymore posa para fotos durante lançamento do filme “O Grande Milagre”

Ativismo do Greenpeace chega à telona Carolina Nunes

A atriz Drew Barrymore encarna a história real de uma ativista do Greenpeace que mobilizou governos e empresas para salvarem três baleias presas no gelo do Alasca

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caba de estrear nos cinemas brasileiros uma história inspirada em ação de ativismo do Greenpeace dos Estados Unidos. “O Grande Milagre”, título do filme em português, conta o episódio de resgate de três baleias-cinzas encalhadas no gelo do Alasca, em 1988. O filme, rodado pela Universal Pictures, é estrelado por Drew Barrymore, que encarna Rachel, personagem fictícia que representa a ativista Cindy Lowry. Na vida real, Lowry era coordenadora da Campanha de Vida Selvagem do Greenpeace no Alasca. As baleias teriam poucas chances de sobreviver. Para resgatá-las, era necessário abrir buracos de ventilação em uma espessa camada de

gelo em um trajeto de 8 quilômetros em direção ao mar aberto, o que só seria possível com o auxílio de um navio quebra-gelo. Como a marinha dos Estados Unidos não tinha um quebra-gelo disponível nas proximidades, a única solução era utilizar um navio da União Soviética – um grande problema diplomático numa época em que a Guerra Fria entre as duas potências polarizava o mundo. De acordo com Campbell Plowden, coordenador da campanha de baleias do Greenpeace Estados Unidos à época, as negociações para convencer os Estados

Unidos a permitirem a entrada dos soviéticos foram tensas. A situação se resolveu apenas quando Plowden anunciou para jornalistas que os russos estavam chegando, um blefe para forçar o governo norte-americano a atuar em conjunto com soviéticos, comunidades esquimós, empresas de petróleo e ambientalistas para salvar os animais. “Espero que o filme possa inspirar a geração atual a superar suas diferenças e continuar trabalhando para trazer a paz para as baleias por políticas sensatas de proteção dos oceanos e de todos os preciosos ambientes da Terra”, disse Plowden.

Assista no canal do Greenpeace no YouTube a entrevista com a atriz Drew Barrymore e a ex-ativista Cindy Lowry: http://youtu.be/SPEkor9XIik

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energia

Um mundo renovável é possível

© Greenpeace / Rafael Daguerre

Danielle Bambace

Ativistas estendem faixa no Parque Eólico de Osório (RS)

Acampamento solar do Greenpeace no Fórum Social Temático de 2012 mostrou que soluções inteligentes e baratas podem garantir um futuro sustentável

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m outro mundo é possível? O Greenpeace provou que o principal mote do Fórum Social Temático de 2012 pode ser realidade a partir de soluções sustentáveis e respeito ao meio ambiente. Durante o evento, ocorrido em janeiro, o Greenpeace montou um acampamento totalmente movido a energia solar no município de Nova Santa Rita, a 25 quilômetros de Porto Alegre. Mais de 30 voluntários de oito capitais do país se revezaram para sua montagem – um trabalho que teve início um mês antes do evento. Os voluntários tiveram ainda aulas sobre geração de energias limpas com o suíço Michael Gotz, 16

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especialista em eletricidade fotovoltaica. Gotz é o inventor do fogão solar, aparato usado no acampamento para cozinhar unicamente a partir da energia do Sol. Todos aprenderam a técnica e agora poderão levar para suas cidades um exemplo inteligente e barato de se utilizar energias renováveis. “Aprendemos muito sobre energia solar, fortalecemos os laços de amizade e companheirismo em nosso trabalho”, contou Vânia Stolze, voluntária do Rio de Janeiro que participou na construção do acampamento solar. Não foi apenas na cozinha que o Greenpeace deu exemplos de soluções sustentáveis. Também o banho

teve água quente garantida graças à luz do Sol. Além disso, o acampamento contou com uma gestão de resíduos, incluindo banheiro seco, composteira para restos de alimentos e lavagem de louça por etapas, visando à drástica redução do consumo de água. “Queremos mostrar que é possível conciliar o que é essencial para o homem com o que a natureza oferece”, explicou Pedro Torres, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “A energia solar ainda carece de investimentos, mas tem grande potencial no Brasil. O país oferece todas as condições para plenos resultados de geração renovável.”


O Greenpeace vai à praia Danielle Bambace

Nesta férias, a equipe do Diálogo Direto e os voluntários do Greenpeace levaram diversão e conscientização ambiental para os turistas do litoral de São Paulo

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á virou o programa predileto das férias. De 25 de janeiro a 12 de fevereiro, a equipe do Diálogo Direto e os voluntários do Greenpeace pegaram a estrada para levar informações, soluções sustentáveis e muita diversão para os turistas que aproveitavam o verão no litoral de São Paulo. Em Santos, as atividades contaram com a participação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, da ONG EcoFaxina e do Projeto Gremar em palestras voltadas ao público do Aquário Municipal. Participaram também a banda Tenente Haole e o artista plástico Alexandre Huber, que expôs o tema dos oceanos em suas telas. A segunda parada foi no Guarujá,

onde as atividades tiveram a participação das Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Turismo, Educação e Cultura e, mais uma vez, do Instituto Gremar. Por lá, o pesquisador Alberto Amorim, do Instituto de Pesca de Santos, lançou o livro “Peixes-deBico do Atlântico”. A renda da venda do livro foi revertida a projetos de preservação deste animal. Além disso, o grupo de percussão Prakatá aqueceu os tambores para as bandas Aquavit e Calatrio. No intervalo das apresentações, o grupo de teatro dos voluntários do Greenpeace garantiu a diversão das crianças com a peça “O oceano tem que estar para peixe”, lembrando que a integração entre homem e natureza é essencial

para a preservação do planeta. A última visita foi em Ubatuba, onde a montagem teatral foi apresentada no palco do Projeto Tamar. Apesar da chuva, as crianças interagiram com os voluntários, enquanto os pais conheceram mais sobre o Greenpeace e aproveitaram para se tornarem colaboradores. “Os projetos de verão do Greenpeace trazem sempre uma oportunidade de contato com um público diferente, transformando momentos de lazer da família em engajamento e informação”, conta Nicole Oliveira, coordenadora do Diálogo Direto do Greenpeace Brasil. “Sem dúvida foi mais um ano de sucesso nas praias”, conclui.

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cartas

internacional

Soldado do verde "Há tempos os acompanho com muita satisfação, pois vocês são reconhecidos pela perseverança, coragem, mas também pela nobreza nas atitudes de protesto. Eu me identifico com o Greenpeace e quero ser um simples soldado, emprestando a minha vida para essa importante causa. [...] Fico feliz de estar fazendo parte de algo que acredito ser um dos pilares do mundo que queremos.”

Greenpeace pelo mundo Carolina Nunes

Curta um Facebook renovável No dia 15 de dezembro, o Facebook anunciou um programa para promover a geração e o uso de energias limpas e incentivar seus usuários a economizar eletricidade. Os planos incluem alimentar os datacenters com energias limpas e renováveis em lugar da eletricidade gerada por carvão. “O Facebook acredita que nossas matrizes energéticas um dia serão limpas e renováveis e trabalhará com o Greenpeace para que este dia chegue mais rápido”, disse Marcy Scott Lynn, do programa de sustentabilidade do Facebook. A mudança foi resultado de dois anos de uma campanha do Greenpeace, que contou com o apoio de 700 mil internautas.

Carlos Alberto da Fonseca Junior Colaborador - Rio de Janeiro (RJ)

Você também pode mandar seu comentário, dúvida ou sugestão. REVISTA DO Greenpeace Rua Alvarenga, 2331 Cep: 05509 006 - São Paulo SP

ASSOCIAÇÃO CIVIL GREENPEACE

Vale, vergonha nacional

Conselho diretor

A brasileira Vale foi eleita pelos internautas a empresa com pior atuação socioambiental do mundo pelo Public Eye Award 2012, também conhecido como o “Oscar da Vergonha”. Segunda maior mineradora do mundo, a Vale foi eleita por sua participação na construção da hidrelétrica de Belo Monte. A futura usina afetará o fluxo e a qualidade de água da região, alangando uma área de 516 quilômetros quadrados de terra e obrigando o deslocamento de 40 mil pessoas. O prêmio foi organizado pela ONG Declaração de Berna e pelo Greenpeace Suíça.

Volkswagen contra os ursos polares

Presidente Conselheiros

Diretor executivo Diretor de campanhas Diretor da campanha da Amazônia Diretor de comunicação Diretor de marketing e captação de recursos Diretora do organizacional

Rachel Biderman Fabio Feldmann Marcelo Estraviz Marcelo Takaoka Maria Alice Setubal Marcelo Furtado Sérgio Leitão Paulo Adario Manoel F. Brito André Bogsan Karla Battistella

REVISTA DO GREENPEACE É uma publicação trimestral do Greenpeace

Em protesto contra o lobby da Volkswagen na União Europeia para barrar medidas que obriguem a indústria automobilística a fabricar automóveis menos poluentes, ativistas fantasiados de ursos polares invadiram, em janeiro, o Motor Show, na Bélgica, uma das maiores feiras do setor no Velho Continente. A atuação da Volkswagen pode colocar um freio no crescente mercado de carros ecologicamente corretos, deixando os motoristas ainda mais dependentes de combustíveis fósseis. Tal movimento irá incentivar a exploração de petróleo em ambientes frágeis como o Ártico, lar do vulnerável urso polar.

Editor Editora de fotografia Redatores

Leonardo Medeiros (MTb 39511) Danielle Bambace Bernardo Camara Danielle Bambace Carolina Nunes Nathália Clark Leonardo Medeiros Ximena Leiva Marina Yamaoka

Designer gráfico Prepress e impressão

Karen Francis W5 Criação e Design Hawaii Gráfica & Editora

Este periódico foi impresso em papel reciclado em processo livre de cloro. Tiragem: 30 mil exemplares.

© Dieter Telemans / Greenpeace

www.greenpeace.org.br

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O selo FSC® garante que este produto foi impresso em papel feito com madeira de reflorestamentos certificados de acordo com rigorosos critérios sociais, ambientais e econômicos estabelecidos pela organização internacional FSC® (FOREST STEWARDSHIP COUNCIL® / Conselho de Manejo Florestal).


Errar é humano, nuclear é burrice

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© Greenpeace / Ivo Gonzalez

No aniversário de um ano do desastre nuclear de Fukushima, no Japão, protestos tomaram as ruas de mais de cem cidades ao redor do mundo. Os manifestantes mostraram que são contrários à expansão dessa que é uma das formas de geração de energia mais perigosas para o ser humano e para o meio ambiente. No Rio de Janeiro, o Greenpeace se juntou a outras cem pessoas no Posto 9 de Ipanema em uma corrente humana para frear a expansão de usinas nucleares no Brasil.


© Robert Meyers / Greenpeace

ARCTIC SUNRISE

ESPERANZA

Esperanza Na costa das ilhas Andaman, no Oceano Índico, o navio está combatendo a pesca ilegal na Zona Econômica Exclusiva da Índia. O Greenpeace denunciou quatro navios birmaneses que haviam pescado atum amarelo e tubarões. Nenhum deles possuía a documentação necessária para pescar na região e não estavam corretamente identificados.

© Greenpeace / Pierre Gleizes

RAINBOW WARRIOR

Rainbow Warrior Após passagem pelos Estados Unidos, o mais novo navio da frota Greenpeace aportou pela primeira vez no Brasil dia 22 de março. Iniciando seu tour em Manaus, o Rainbow Warrior passará por diversas cidades, entre elas Belém, Recife, Salvador, Rio e Santos. Em todas estas cidades, o público poderá subir a bordo e conhecer a tripulação.

Para acompanhar o paradeiro dos navios em imagens ao vivo acesse: www.greenpeace.org/international/en/multimedia/ship-webcams

Arctic Sunrise O navio quebra-gelo foi recebido em Dakar (Senegal) por pescadores locais que levavam a faixa com a frase “Bem-vindo, Arctic Sunrise”. A campanha do Greenpeace na África ocidental luta pelo estabelecimento de uma pesca sustentável e com baixos impactos ambientais. As populações locais já estão sentindo os efeitos de décadas de pesca predatória.

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© Alex Hofford / Greenpeace


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