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Depois de cruzar o Brasil, o Guerreiro do Arco-铆ris partiu para outros mares. Mas deixou muitas hist贸rias
abril - maio - junho | 2012
At茅 a pr贸xima, Rainbow Warrior
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Depois de cruzar o Brasil, o Guerreiro do Arco-íris partiu para outros mares. Mas deixou muitas histórias
abril - maio - junho | 2012
Até a próxima, Rainbow Warrior
© Greenpeace / Rodrigo Paiva
sumário 4 Movido a vento. E a paixão. 5 Manaus 6 Santarém 7 Porto de Moz 8 Macapá 9 Bailique 10 São Luís 11 Recife 13 Salvador 14 Rio de Janeiro 15 Entrevista:
Estado do petróleo e gás, Rio quer economia mais verde
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Rio: mais 20 passos para trás A voz das ruas
© Greenpeace / Rodrigo Baleia
carta aos colaboradores
capa
Caro leitor,
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esta edição da revista Greenpeace, trazemos a você o diário de uma viagem fascinante. Nos últimos meses, nossa equipe esteve absorvida pela primeira expedição do novo Rainbow Warrior por águas brasileiras. O mais moderno e sustentável navio usado pela organização ficou mais de três meses por aqui. E não veio a passeio. De Manaus, onde lançamos a campanha pelo Desmatamento Zero, pela costa do Nordeste, onde promovemos a geração de energia limpa e renovável, ao Rio, onde vimos povos de todo o mundo pedirem soluções sustentáveis para o planeta, os brasileiros tiveram no Rainbow Warrior e no Greenpeace um aliado para mandar seu recado. O sucesso da campanha do Desmatamento Zero, que em apenas três meses coletou cerca de 400 mil assinaturas, mostra a força da mensagem. Enquanto em Brasília os congressistas e o governo desfilavam de mãos dadas para enfraquecer a principal lei ambiental do país – o Código Florestal –, nos portos por onde o Rainbow Warrior parou, nas ruas e na internet a população disse claramente que deseja um Brasil verde, com as florestas preservadas. Outro gratificante presente desta expedição foi o retorno positivo de governos estaduais e empresas à provocação do Greenpeace de investirem consistentemente em energias renováveis, especialmente na solar e na eólica. Em Recife e no Rio, cidades agraciadas por Sol e vento abundantes, o setor de tecnologia da informação abraçou a ideia de usar energias limpas para alimentar suas operações. Chegando ao Rio de Janeiro, a Rio+20 fracassou na sua ambição de construir o futuro que queremos e que precisamos para garantir um planeta sustentável. Faltaram coragem, liderança, compromisso e senso de urgência. Fora do espaço oficial, o trabalho do Greenpeace foi o de informar e mobilizar as pessoas. A expedição do Rainbow Warrior no Brasil terminou em Santos, na primeira semana de julho. Foi uma grande maneira de celebrar nossos 20 anos de Greenpeace no país. Para nós, foi uma oportunidade de mostrar que as pessoas têm em suas mãos a responsabilidade e o poder de buscar as soluções. Será com a sua ajuda que atingiremos 1,4 milhão de assinaturas pelo Desmatamento Zero, número necessário para um projeto de lei de iniciativa popular ser encaminhado ao Congresso. Será com você que mobilizaremos empresas e governos para abraçarem todas as vantagens das energias renováveis. É no poder das pessoas que visitaram o navio, e em sua crença de que um futuro diferente é possível, que reside nossa força para continuar a trabalhar por um Brasil e um mundo melhores. Boa leitura!
Greenpeace pelo mundo Foto oportunidade
Marcelo Furtado
Diretor-Executivo Greenpeace Brasil
O Greenpeace é uma organização global e independente que promove campanhas para defender o meio ambiente e a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos. Nós investigamos, expomos e confrontamos os responsáveis por danos ambientais. Também defendemos soluções ambientalmente seguras e socialmente justas, que ofereçam esperança para esta e para as futuras gerações e inspiramos pessoas a se tornarem responsáveis pelo planeta. O Greenpeace não aceita dinheiro de governos, partidos ou empresas. Ele existe graças às contribuições de milhões de colaboradores em todo o mundo. São eles que garantem a nossa independência. |3
Rainbow Warrior no Brasil
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Bernardo Camara
A passagem do Rainbow Warrior pelo Brasil arrebatou o coração de milhares de brasileiros que desejam um país mais verde e sustentável
manda Eklund, voluntária do Greenpeace Suécia, cruzou o Brasil nos últimos três meses a bordo do Rainbow Warrior. Entrou sem falar uma palavra em português. Saiu depois de guiar – na língua de Camões – milhares de visitantes pela embarcação, se embrenhar em comunidades da Amazônia, sentir na pele que o Brasil tem Sol suficiente para ge-
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Movido a vento E a paixão
ui é querer estar aq “O que me faz atamento sm De do a nh divulgar a campa s se oa ss pe m que as Zero e fazer co a.” us ca a um alg de movam em prol a, a Souz Leonor Cristin . anaus, 27 anos M de ria tá lun vo
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MANAUS
PORTO DE MO
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a. Uma nto na minha vid “Nunca sorri ta contato o i fo i ste go mais das coisas que idades un m co s, visitando com as pessoa quecer es cil fá é s, ze ve na Amazônia. Às i essa viagem fo das pessoas. E s.” ela ra pa da lta vo essencialmente nd, Amanda Eklu écia, 20 anos. Su da ria tá lun vo
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SantarÉm
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São Luis
sonho. realização de um cora “Embarcar foi a ân na o ad ur nd s pe rto Depois de 11 dia po no eio ão de bloqu e mais uma aç verno go o : ta os sp re a de São Luís veio am ferro gusa aceit e a indústria de .” ce ea np ee Gr discutir com o iveira Melo, Vinicius de Ol o, 35 anos. voluntário do Ri
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Bailique
macaPá
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rar energia limpa e bloquear um imenso navio cargueiro que seria carregado com produtos que custaram a destruição da floresta. Amanda não foi a única. De Manaus a Santos, depois de cruzar os rios da Amazônia, desfrutar da beleza da costa nordestina e participar da Rio+20, o Rainbow Warrior mobilizou mais de 70 voluntários e ativistas e re-
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Belém
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SANTOS
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cebeu mais de 30 mil visitantes. Na esteira dessa mobilização, foram mais de 20 mil assinaturas presenciais coletadas para o projeto de lei popular do Desmatamento Zero. Somadas à coleta online, já superamos as 400 mil assinaturas. Os números poderiam falar por si. Mas nada se compara a ouvir quem viveu de perto essa intensa experiência. Com a palavra, a tripulação:
RIO DE JANEI
undiais te ver líderes m “É decepcionan m. ria ve de e r o qu deixando de faze s se mobilizando oa ss Então, ver as pe u mais as vozes me de e levantando su trabalho.” eu m ar inu nt força para co rlos, 37 anos, Helena De Ca inbow Warrior. marinheira do Ra
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SALVADOR
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o mês anos no mesm “Completei 20 do meu dia No . ce ea que o Greenp istar duas o primeiro a av aniversário, fui u ainda to en esente alim baleias. Esse pr biente am eio m lo pe ixão mais minha pa um r po ar gana de lut e me deu mais .” to jus e e rd mundo mais ve s, voluntário de Mateus Tavare . os Salvador, 20 an
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .© .Greenpeace . . . . . /.Rodrigo . . . .Baleia ..................
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Baleia
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. ©. Greenpeace . . . . . ./ Adriano . . . . Machado ....................................................................................................................
Congresso e governo na contramão
Parece piada de mau gosto. Depois de o “Veta, Dilma” tomar conta das redes sociais, e de várias manifestações de organizações da sociedade civil e de cientistas contra o novo Código Florestal, o Congresso e a presidente aprovaram a lei. A nova legislação ambiental tem tudo o que os ruralistas sempre sonharam. As multas por desmatamento feito até 2008 foram per-
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Enquanto o navio Rainbow Warrior singrava as águas brasileiras, o apoio à campanha do Desmatamento Zero só crescia. De grupos indígenas e quilombolas a movimentos sociais, políticos e artistas, muita gente endossou a iniciativa de projeto de lei popular para salvar as florestas do Brasil. Cada vez que o navio jogava sua âncora na água, os voluntários, incansáveis, tiravam a prancheta da mochila para falar sobre a campanha e recolher as assinaturas. Enquanto isso, na internet, seguidores do Greenpeace usavam seus contatos para juntar mais integrantes na Liga das Florestas, um jogo virtual que premia quem mais assinaturas angariar. Desde março, quando a campanha foi lançada em Manaus, primeira parada do Rainbow Warrior, chegamos a quase um terço dos 1,4 milhão de eleitores que necessitamos para enviar o projeto de lei ao Congresso. Se você ainda não se juntou a essa mobilização, assine, imprima a petição e espalhe essa ideia entre sua família, amigos e comunidade. A campanha e a lei do Desmatamento Zero são de todos os brasileiros.
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Dada a largada para o fim do desmatamento
Veja quem já apoiou o Desmatamento Zero: bit.ly/LtRLsa
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doadas, e as APPs (Áreas de Proteção Permanente) foram reduzidas. Quem desmatou ilegalmente recebe ainda facilidades para zerar o passivo. “O código não sofreu uma única modificação que aumente a proteção ambiental e desdenha daqueles que cumpriram a lei”, afirma Marcio Astrini, da campanha Amazônia do Greenpeace. A esperança agora está nas mãos da população. Iniciativas populares como a do Desmatamento Zero são a chance de reverter o fim da proteção florestal aprovada pelos ruralistas.
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Assine já: www.ligadasflorestas.org.br
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Rainbow Warrior no Brasil
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No final de março, o Rainbow Warrior fez uma parada de cinco dias em Santarém, no Estado do Pará, para levar a campanha do Desmatamento Zero àqueles que mais benefícios podem tirar da preservação da floresta: os pequenos agricultores e os ribeirinhos. Embora o governo cante vitória sobre a queda do desmatamento, a verdade é que o impacto da derrubada ilegal da floresta ainda é muito forte nesta parte da Amazônia. A 140 quilômetros de Santarém, na região do Rio Curuá-Una, o Greenpeace flagrou a ação de madeireiros em pleno assentamento Corta Corda, do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Apesar da denúncia dos assentados, os madeireiros operam à revelia das autoridades. Em quatro dias de investigação, o Greenpeace fotografou pátios de madeira, toras cortadas, desmatamento recente e uma serraria.
Aberta nos anos 1970 como parte dos planos militares de integrar a Amazônia à economia nacional, a BR-163 é hoje uma das principais vias de escoamento de grãos produzidos no Mato Grosso, soja principalmente. Mas também é rota para a degradação da Amazônia. Os 1,7 mil quilômetros que ligam Cuiabá (MT) a Santarém (PA) já estão quase todos pavimentados. A obra, porém, negligenciou o plano montado para evitar seu impacto ambiental, especialmente o aumento do desmatamento em seu entorno. Em janeiro, o GTA (Grupo de Trabalho Amazônico) divulgou um estudo no qual mostra que apenas 43% das ações previstas no plano da BR-163 Sustentável foram executadas, 18% estão em execução e 39% não foram sequer iniciadas. Enquanto isso, 79% dos trabalhos de asfaltamento da estrada já foram finalizados. A bordo do Rainbow Warrior, 31 organizações da sociedade civil do entorno da rodovia assinaram um manifesto pedindo uma audiência pública em Santarém para a reavaliação da execução do plano.
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Planos no papel
Leia a íntegra do manifesto: bit.ly/M8vb4w
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Árvores no chão
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Saiba mais: bit.ly/PjvdeY
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O Rio Xingu chora
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Enquanto o Rainbow Warrior navegava pelos rios amazônicos, o Greenpeace fez um sobrevoo na região de Altamira (PA), onde está sendo construída a controversa usina hidrelétrica de Belo Monte. Esta foto retrata a clareira aberta na floresta no local das obras. A previsão é que a usina desaloje até 40 mil moradores, entre ribeirinhos, extrativistas, indígenas e quilombolas, devido ao alagamento de uma área de 516 quilômetros quadrados. Além de afetar a vida das populações que habitam as florestas, grandes obras de infraestrutura na Amazônia, como a de Belo Monte, tendem a pressionar os números de desmatamento. Mas o governo quer seguir em frente e planeja construir 63 hidrelétricas nos rios Madeira, Teles Pires, Tapajós, Negro, Xingu, Trombetas e seus afluentes.
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Porto de M oz
Veja a galeria completa de fotos das obras de Belo Monte: bit.ly/Nb7ie6
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................................................................................................................................ No início de abril, o Rainbow Warrior passou por Porto de Moz, no Pará, para servir de palanque aos problemas e reivindicações das comunidades que habitam a Verde para Sempre, uma Resex (Reserva Extrativista) de 1,29 milhão de hectares. Em uma assembleia fluvial que reuniu 31 embarcações ao redor do navio do Greenpeace, na foz do rio Jaurucu, o assunto que dominou o debate foi a falta de implementação da reserva. A reserva foi criada em 2004, mas os extrativistas nunca receberam seu documento de concessão de uso da terra. A Resex continua sem regulamentação fundiária e sem plano de manejo, enquanto fazendeiros e madeireiros continuam por ali. Antes de partir, o Greenpeace se juntou à comunidade para deixar seu recado e criticar o descaso do governo: “A Verde para Sempre não está à venda”, dizia a placa fincada na reserva. Conheça a Resex Verde para Sempre: bit.ly/Plhrsq
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Verde para sempre
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Estado mais preservado do Brasil, o Amapá guarda a porção mais intocada da Amazônia. No final de abril, a equipe do Greepeace a bordo do Rainbow Warrior desembarcou por lá para documentar a exuberância da natureza e coletar exemplos de como é possível preservar a floresta e extrair dela o sustento de milhares de famílias. Mais de 95% do território do Amapá ainda é coberto por mata original. Cerrados, florestas densas e lagos de um azul safira são separados do mar por manguezais que pintam o cenário com intermináveis tons de verde. Nesse ambiente de variedade natural habitam os lindos guarás, pássaros que colorem o entardecer da paisagem com seu vermelho exuberante. Sobrevoando a região, saltam aos olhos as montanhas florestadas do Tumucumaque, o maior Parque Nacional do Brasil e uma das mais belas paisagens do Estado. Em meio à vastidão florestal, o Amapá é um universo isolado e intocado, e um belo exemplo de como preservar vale a pena.
Depois da derrubada do Código Florestal no Congresso, muitos brasileiros abraçaram a iniciativa pela lei do Desmatamento Zero no Brasil. Representando o Amapá, Carlos Camilo Capiberibe, na foto ao lado, foi o primeiro governador do Brasil a assinar a petição em evento que aconteceu a bordo do Rainbow Warrior. “Nosso Estado é um enorme laboratório de desenvolvimento sustentável. O povo da Amazônia quer o PAC das florestas. E é por isso que eu assino, muito tranquilo e com senso de responsabilidade, a proposta de lei do Desmatamento Zero”, declarou o governador. Os senadores João Capiberibe e Randolfe Rodrigues também estavam presentes e seguiram a iniciativa do governador, declarando apoio à iniciativa que visa a acabar com a destruição das matas nativas brasileiras.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ©. Gr . ee . np . .ea.ce./ Ro . .gé.rio. Re . is. /. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Apoio de peso ao Desmatamento Zero
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Amapá, um estado de espírito
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. . . . .Fotos: . . .©.Greenpeace . . . . . /. Marizilda . . . . Cruppe .............................................................................................................
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No arquipélago de Bailique, a 160 quilômetros de Macapá, a tripulação do Rainbow Warrior encontrou a Amazônia que prospera com equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação florestal. Lá, o Greenpeace visitou a Vila Progresso – maior e mais estruturada das comunidades do Bailique. Com a economia baseada na pesca e no extrativismo – principalmente de açaí – a vila abriga cerca de 4.000 pessoas e tem na Escola Bosque (foto abaixo) um de seus grandes trunfos. A proposta da escola é proporcionar aos alunos um método de ensino socioambiental, adequado à realidade local.
Os paraenses compareceram em peso ao navio Rainbow Warrior, atracado no porto de Belém, ao lado do mercado Ver-o-Peso, e aberto à visitação nos dias 5 e 6 de maio. Cerca de 2.000 jovens, crianças e adultos formaram filas na Estação das Docas para visitar as instalações da mais verde das embarcações da frota Greenpeace.
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A ilha da esperança
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De portas abertas a Belém
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Gilmar Rodrigues da Silva, trabalhador resgatado de carvoaria na Amazônia
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Gilmar Rodrigues da Silva, de 49 anos, natural de São Luís (MA), foi resgatado da carvoaria Chapadão em março de 2010, em Rondon (PA). A carvoaria onde trabalhava fornecia para a Viena Siderúrgica do Maranhão S. A., uma das maiores da região e denunciada pelo Greenpeace no relatório “Carvoaria Amazônia”. Os trabalhadores não recebiam equipamentos de proteção como botas, luvas, capacetes e máscaras para que fosse feita a retirada do carvão dos fornos. Ele conta que havia mês que ele ganhava um salário, entretanto essa não era a regra. Ele e seus companheiros não podiam sair do local. “Somente saíamos no dia do pagamento”, relata. Geralmente, esses campos de produção de carvão vegetal ficam em locais isolados, escondidos, de difícil acesso. Esse é um dos panos de fundo da produção de ferro gusa na Amazônia e que foram denunciados pelo Greenpeace. Além do trabalho análogo ao escravo, esta matéria-prima, exportada para montadoras de automóveis dos Estados Unidos, também tem causado invasão de Terras Indígenas e desmatamento ilegal.
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Acesse o relatório Carvoaria Amazônia: bit.ly/KYID8S
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Carvão e violência
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O relógio marcava 9h30 do dia 14 de maio. Os ativistas deixaram o Rainbow Warrior em botes e seguiram até o cargueiro Clipper Hope, fundeado na baía de São Marcos, próximo à costa de São Luís do Maranhão. Escalando a corrente da âncora, os ativistas se prenderam a 10 metros de altura. Com isso, evitaram que o navio fizesse um carregamento de ferro gusa, matéria-prima do aço manchada por diversas ilegalidades na Amazônia. O bloqueio foi suspenso dez dias depois, com a sinalização de que as guseiras se disporiam a negociar. Não aconteceu. Por isso, dia 26, os ativistas seguiram para o Porto de Itaqui, onde tomaram a pilha de ferro gusa, bloquearam os guindastes que fariam seu carregamento e voltaram a bloquear o Clipper Hope. O protesto só terminou com a intervenção do vice-governador do Maranhão, Washington Luíz. Dias depois, ele reuniu em seu gabinete representantes do Greenpeace, de movimentos sociais e da indústria para buscar uma solução para os problemas que afetam a Amazônia e seus habitantes.
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Veja como foram os protestos: bit.ly/PrUhk1
Nosso dia de David contra Golias
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A bordo de botes, ativistas rumam para protesto no porto de Itaqui
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RECIF
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No fim de maio, o Greenpeace aportou em Recife para mostrar que o Nordeste tem o que mostrar ao resto do Brasil quando o assunto é crescimento sustentável. A capital pernambucana tornou-se referência nacional em TI (Tecnologias da Informação). Para este setor, inovação é palavra de ordem. Por isso, energias sujas não têm vez, ou não deveriam ter. A bordo do Rainbow Warrior, o Greenpeace promoveu uma discussão sobre energias renováveis. O assunto faz todo o sentido para Pernambuco: a expansão das empresas de TI implica no aumento da capacidade de datacenters, grandes centros de armazenamento de dados que consomem uma gigantesca quantidade de energia. O governo do Estado comprou a ideia: pretende incentivar a vinda de empresas de TI com investimento em infraestrutura de comunicação, oferecer incentivos fiscais e a instalação de um parque para a produção de energia solar em Petrolina, com capacidade para 3 Megawatts.
Recebido ao som de maracatu, o Rainbow Warrior foi bem acolhido pelos recifenses. Cerca de 10 mil pessoas visitaram o navio nos dias 2 e 3 de junho. “É muito bom ver que as pessoas se interessam pelo navio, querem saber se de fato é sustentável. Para mim, é uma oportunidade de praticar o português”, disse Amanda Eklund, marinheira a bordo do Rainbow Warrior e voluntária do Greenpeace Suécia. Ela foi guia durante os dias de visitação.
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Na terra do pré-sol
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Valeu, Recife!
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Salvador
A natureza que enche os olhos pode também trazer as soluções para um futuro mais limpo e livre dos combustíveis fósseis. Isso é o que mostra o documento Horizonte Renovável, que o Greenpeace lançou a bordo do Rainbow Warrior durante sua parada em Recife. O trabalho é fruto de uma expedição que percorreu o país de norte a sul para documentar como as energias renováveis já são uma realidade e têm mudado a vida de muita gente. A publicação acompanha um mapa com o potencial brasileiro de geração de energia renovável de matriz eólica, solar, biomassa e das marés. A conclusão é que o Brasil tem toda a chance de gerar energia de forma limpa e sustentável em quantidade mais do que suficiente para atender suas necessidades atuais e futuras. Veja na internet: • Horizonte Renovável: bit.ly/PdkD9l • Vídeo da expedição: bit.ly/LPl4mQ
No início de junho, já em Salvador, uma visita ilustre: o cantor baiano Carlinhos Brown veio saudar a tripulação do Rainbow Warrior e demonstrar seu apoio à campanha do Desmatamento Zero. Preocupado com os resultados da Rio+20, o cantor destacou a importância de cada pessoa fazer o que está ao seu alcance em lugar de esperar por decisões governamentais. “Cabe aos seres humanos assumirem a responsabilidade pela preservação do meio ambiente.”
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Veja como foi a visita de Carlinhos Brown ao Rainbow Warrior: bit.ly/N8Vrgv
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A solução vem da natureza
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Muito axé
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Rainbow Warrior no Brasil
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. . . . . . . .Fotos: . . .© .Greenpeace . . . . . /.Rodrigo . . . .Paiva ..........................................................................................................
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abril - maio - junho 2012
O ano de 1992 foi marcante para o Brasil e para o movimento ambiental. Às vésperas da Conferência Eco-92, o Greenpeace inaugurava seu escritório no país e recebia a visita do mítico navio Rainbow Warrior. Passadas duas décadas, o evento se repete. Um Rainbow Warrior novinho em folha, construído à medida para o Greenpeace com o que há de mais moderno em sustentabilidade, cruzou novamente a orla carioca para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Atracado no píer da praça Mauá, no Rio de Janeiro, o navio permaneceu onze dias na cidade, onde recebeu a visita quase 10 mil pessoas.
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Rio de iro Jane
Uma das principais plataformas de campanha do Greenpeace, o Rainbow Warrior também abriu suas portas para apoiar os povos das florestas injustiçados. Um grupo de índios Xavante realizou um ato a bordo do navio para lembrar 20 anos de promessas não cumpridas. No caso, a desocupação de suas terras. Durante a Eco-92, uma empresa italiana dona de um latifúndio dentro da Terra Indígena Marãiwatsédé se comprometeu a devolver a área a seus legítimos donos. Hoje, porém, ela continua ocupada por fazendeiros.
A bordo do navio Rainbow Warrior, o Greenpeace, o governo do Estado do Rio e representantes de empresas de tecnologia, como Google e Embratel, debateram a criação de um polo de empresas de TI (Tecnologia da Informação) abastecido por energias limpas e renováveis. Sexta maior economia mundial, o Brasil tem atraído muitas empresas que querem se instalar no país. Para isso, precisa fazer a lição de casa: preocupar-se em oferecer a infraestrutura necessária para o desenvolvimento limpo, incluindo datacenters mais verdes.
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................................................................................................................................ Quer saber mais? Assista ao vídeo: bit.ly/P9wEvg
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Marãiwatsédé é dos Xavante
Fincada a “pedra digital”
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20 anos depois
Jefferson Rudy
entrevista
Estado do petróleo e gás, Rio quer economia mais verde Marina Yamaoka Sob orientação de Suzana Kahn, a subsecretária de Economia Verde, o Rio de Janeiro tem como meta rediscutir o modelo de crescimento de sua economia. A bordo do Rainbow Warrior, a professora da Coppe e vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas se juntou ao Greenpeace e representantes de empresas de TI (Tecnologias da Informação) para discutir como o Estado pode fomentar um polo verde de empresas de tecnologia, compartilhando datacenters alimentados por energias renováveis.
Revista do Greenpeace Como os datacenters se encaixam no modelo verde de economia? Suzana Kahn A questão dos datacenters está relacionada aos polos verdes, que são uma das soluções para se ter custos menores de segurança, de energia e de compra de terrenos. As empresas de TI demandam uma estrutura mais sofisticada. Por isso, quando agrupamos essas empresas, os custos caem porque são divididos. Outra questão importante é a energia. Cada vez mais usamos a tecnologia da nuvem, que é alimentada por combustíveis fósseis. O Rio tem um elevado potencial de energias renováveis que poderia ser aproveitado para alimentar essas bases de dados e contribuir para alcançarmos uma matriz energética mais limpa. Qual a visão do Rio de Janeiro para crescimento sustentável? O que almejamos são as diretrizes
que esse modelo [de crescimento sustentável] traz de produção com maior valor agregado; de indústrias mais sofisticadas e criativas. O Rio de Janeiro é um Estado que cresceu muito às custas do petróleo e do gás natural. O que queremos é que ele continue se desenvolvendo, mas em uma nova direção. O ativo que buscamos é muito mais intelectual, de criação, de tecnologia, de inovação, do que de matéria-prima. Os investimentos para petróleo e gás vêm sozinhos, por isso trabalhamos para fomentar essas outras atividades. Para elas, precisamos traçar estratégias e instrumentos financeiros e tributários. Como avalia a conclusão da Rio+20? O mérito da Rio+20 foi chamar a atenção dos tomadores de decisão para o meio ambiente e fazer com que o assunto entrasse na agenda. O documento final não tem muito valor porque o foco principal
nessas conferências é sempre a retórica e dificilmente chega-se a uma regulamentação clara. O que alcançamos foram diretrizes e princípios. É válido manter o tema meio ambiente na agenda porque, hoje, quem ignora que isso faça parte da política é constrangido no cenário internacional. Durante a Eco-92, não era constrangedor não falar de sustentabilidade, mas hoje todas as empresas têm responsabilidades ambientais. Mas se as decisões não saem das grandes conferências, de onde virão as ações? Os conceitos desenhados nas grandes conferências servem como diretrizes e são muito amplos. O documento “O futuro que queremos” deve orientar Estados e municípios para empurrarem a agenda ambiental. As mudanças devem ocorrer em âmbitos menores para que depois medidas nacionais sejam definidas.
A bordo do Rainbow Warrior, Suzana Kahn comenta sobre a criação de um polo verde de TI. Assista ao vídeo: bit.ly/LTASRj
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Rio +20 © Greenpeace / Rodrigo Paiva
Rio: mais 20 passos para trás
Integrantes do Greenpeace na Marcha dos Povos, durante a Rio+20
A mais importante convenção mundial sobre desenvolvimento sustentável terminou sem ambição, metas ou prazos. O futuro que queremos esteve fora de discussão no Rio de Janeiro
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esprovida de ambição, metas ou prazos. Assim começou e terminou a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20. Depois de uma semana de negociações preliminares e apenas três dias com a presença dos chefes de Estado, o documento final, apresentado pelo Brasil, foi inócuo. Qualquer tentativa de firmar compromissos foi, mais uma vez, adiada. Poucos pontos que traziam alguma esperança de resultado, como o Plano de Resgate dos Oceanos para as águas em alto mar, desapareceram do texto após uma inesperada aliança entre os Estados Unidos, Venezuela, Rússia e Canadá. “Nossos líderes se mostraram menores do que os problemas que temos de enfrentar”, afirmou Marcelo Furtado, diretor-executivo
do Greenpeace Brasil. “Nós cobramos compromissos e ações urgentes. Eles nos entregaram omissão e inércia. Deram as costas para os problemas do mundo e principalmente das populações mais vulneráveis.” Mais de 190 países mandaram seus representantes ao Rio em busca de um consenso sobre “o futuro que queremos”, mas esse futuro passou longe do Riocentro. “A Rio+20 se transformou em um fracasso épico. A conferência falhou em termos de equidade, de ecologia e de economia. Prometeram-nos ‘o futuro que queremos’, mas agora seremos unicamente uma máquina poluidora que vai cozinhar o planeta, esvaziar os oceanos e destruir as florestas tropicais”, disse Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.
Confira o texto final da Rio+20 (em inglês): bit.ly/Mg3swo
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Salve o Ártico No Riocentro, palco das negociações entre os chefes de Estado e seus representantes, o Greenpeace lançou uma corrida contra o tempo para transformar o Ártico, um dos mais frágeis ecossistemas do planeta, em santuário global. Além da pesca predatória, o mar do Ártico começa a atrair a atenção das multinacionais do petróleo. Empresas como a Shell estão marchando para a região em busca das últimas reservas de óleo do planeta. Para marcar o início do recolhimento de assinaturas de todo o mundo, um gigantesco “urso polar” foi inflado nos céus do Rio de Janeiro. Animal símbolo desta empreitada, o urso polar é uma das espécies que corre risco de extinção com o derretimento do gelo do polo Norte. Para ajudar a salvar o Ártico, assine a petição: bit.ly/KPoGaj
© Greenpeace / Marizilda Cruppe
Nathália Clark
© Greenpeace / Juliana Coutinho
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Rodri
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A voz das ruas
A
s discussões sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável não foram exclusividade dos chefes de Estado enclausurados no Riocentro para a conferência oficial da ONU (Organização das Nações Unidas). A 40 quilômetros dali, o aterro do Flamengo hospedou a Cúpula dos
Povos e serviu de palco às organizações da sociedade civil para discutirem sobre justiça social e ambiental. O Greenpeace esteve presente e organizou seminários sobre a campanha do Desmatamento
© Gre
O Greenpeace também esteva na Cúpula dos Povos, promovendo seminários e demonstrando soluções limpas e sustentáveis
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Marina Yamaoka
Zero e sobre energias renováveis. Também participou da Marcha dos Povos, na qual 80 mil pessoas foram ao centro do Rio de Janeiro para deixar claro qual é o verdadeiro futuro que queremos.
Quer saber como foi a Marcha dos Povos? Veja o vídeo: bit.ly/OeI3VN
Cozinha limpa, sem esforço
© Gree
npeace
/ Rodrig
o Paiva
Danielle Bambace
Para quem ainda duvida do potencial das renováveis, uma demonstração prática de como é possível utilizar uma forma limpa e gratuita de energia. Na tenda do Greenpeace na Cúpula dos Povos e durante os dias de visitação ao navio, o fogão solar ganhou a atenção do público. Em dias de sol forte, nada muito raro no Brasil, a engenhoca de metal em forma de antena parabólica chega a atingir uma temperatura de até 140ºC, suficiente para fazer brigadeiro, panqueca e ovo frito.
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internacional
cartas
Greenpeace pelo mundo
Soldado do verde "Sou fã incondicional do Greenpeace e amante da natureza. Fico decepcionado de ver o descaso dos homens em minha cidade natal, Cabo Frio. Tenho acompanhado grandes atuações do Greenpeace contra a caça às baleias e, na minha opinião, precisamos agir ainda mais. Não podemos apenas ficar lembrando dos heróis que fizeram algo pelo mundo, temos que reconstruí-los todos os dias. Aguardo bons ventos para todos nós." Carlos Magno
Carolina Nunes
Insistir no erro é... Pela primeira vez em quatro décadas, o Japão esteve livre da energia nuclear. Mas foi por pouco tempo. No início de maio, o governo japonês anunciou o desligamento de 54 reatores nucleares como medida preventiva de segurança após o desastre de Fukushima. Quando o país parecia estar trilhando o caminho da energia limpa, a província de Ohi decidiu religar seus reatores para evitar um risco de apagão. Em reação à decisão arbitrária, 100 mil pessoas foram às ruas de Tóquio no dia 29 de junho para reafirmar o pedido de “nuclear no Japão, nunca mais”.
Colaborador de Cabo Frio/RJ
Você também pode mandar seu comentário, dúvida ou sugestão. REVISTA DO Greenpeace Rua Alvarenga, 2331 Cep: 05509 006 - São Paulo SP
KFC joga a floresta no lixo
© Melvinas Priananda / Greenpeace
Em maio, o Greenpeace lançou uma campanha para mostrar como a rede de fast-food KFC está ajudando a levar os tigres de Sumatra à extinção. A empresa usa embalagens descartáveis feitas com papel da APP (Asian Pulp and Paper), empresa denunciada pela destruição das florestas de turfa na Indonésia. A região é o habitat natural de animais ameaçados de extinção, como tigres e orangotangos.
Protesto em alto-mar
© Joerg Modrow / Greenpeace
Em maio, ativistas do Greenpeace bloquearam um navio contratado pela Shell e que seguia para o norte do Alasca. Como parte dos planos da multinacional de explorar petróleo na região do Ártico, o quebra-gelo Nórdica foi interceptado em alto-mar, próximo à Alemanha, por quatorze nadadores. Esse foi o segundo bloqueio de um navio contratado pela Shell. Em fevereiro, ativistas da Nova Zelândia ocuparam o Noble Discover, em um protesto que teve a participação da atriz neozelandesa Lucy Lawless, intérprete da personagem Xena, a princesa guerreira.
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ASSOCIAÇÃO CIVIL GREENPEACE
Conselho diretor Presidente Conselheiros
Diretor executivo Diretor de campanhas Diretor da campanha da Amazônia Diretor de comunicação Diretor de marketing e captação de recursos Diretora do organizacional
Rachel Biderman Fabio Feldmann Marcelo Estraviz Marcelo Takaoka Maria Alice Setubal Marcelo Furtado Sérgio Leitão Paulo Adario Manoel F. Brito André Bogsan Karla Battistella
REVISTA DO GREENPEACE É uma publicação trimestral do Greenpeace
Editor Editora de fotografia Redatores
Designer gráfico Prepress e impressão
Leonardo Medeiros (MTb 39511) Danielle Bambace Bernardo Camara Carolina Nunes Danielle Bambace Leonardo Medeiros Marina Yamaoka Nathália Clark Ximena Leiva Karen Francis W5 Criação e Design Hawaii Gráfica & Editora
Este periódico foi impresso em papel reciclado em processo livre de cloro. Tiragem: 32 mil exemplares. www.greenpeace.org.br
O selo FSC® garante que este produto foi impresso em papel feito com madeira de reflorestamentos certificados de acordo com rigorosos critérios sociais, ambientais e econômicos estabelecidos pela organização internacional FSC® (FOREST STEWARDSHIP COUNCIL® / Conselho de Manejo Florestal).
Mais ação, menos palavras
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© Greenpeace / Marizilda Cruppe
Presos a 10 metros de altura junto à corrente da âncora do navio Clipper Hope, ativistas vestidos como líderes de governo fizeram uma sátira das negociações da Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A foto foi realizada durante o bloqueio do cargueiro, em alto-mar, próximo a São Luís do Maranhão. O protesto do Greenpeace tinha como objetivo evitar um carregamento de ferro gusa, cuja produção deixa um rastro de destruição e ilegalidades na Amazônia.
© Greenpeace / Marizilda Cruppe/EVE
ARCTIC SUNRISE
RAINBOW WARRIOR
Rainbow Warrior O Guerreiro do Arco-Íris encerrou no começo de julho a sua expedição pelo Brasil. Durante três meses, percorreu rios da Amazônia e a costa brasileira. Foi de Manaus a Santos levando as campanhas do Desmatamento Zero e de Energias Renováveis ao público e aos tomadores de decisões. Agora, após uma parada no Uruguai, o navio segue para a Argentina e a África do Sul.
ESPERANZA
Arctic Sunrise O navio quebra-gelo está em uma nova expedição pelo Ártico, umas da regiões mais frágeis e inóspitas do planeta, como parte da campanha para salvar a região da exploração de petróleo e pesca predatória. Os cientistas a bordo estão trabalhando em conjunto com especialistas em digitalização 3D e engenheiros para capturar, pela primeira vez, a verdadeira forma do gelo do mar Ártico.
Para acompanhar o paradeiro dos navios em imagens ao vivo acesse: www.greenpeace.org/international/en/multimedia/ship-webcams
Esperanza Para promover a revolução energética na Coreia do Sul, o navio Esperanza fez uma expedição pelo país. Em suas paradas, a embarcação mostrou a seus visitantes que a Coreia do Sul está pronta para abandonar a energia nuclear e entrar no caminho das renováveis. Após o fim da expedição, o navio partiu em direção ao Alasca.
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© Bas Beentjes / Greenpeace
© Alex Hofford / Greenpeace