001 IV FTR 001 abertura

Page 1

Fé & faca amolada Paulo Michelotto 1. Ontem, quinta-feira, no Teatro do Parque, tivemos a abertura quase solene do IV Festival de Teatro Nacional do Recife. 2. Alguma coisa me fez lembra uma frase célebre “...na arte a gente (...) tem que ter fé e faca amolada prá ir cortando também.” ( Antönio Cadengue,entrevista a O Folhetim #11, já nas bancas. Plim-Plim!.) 3. Sei bem que já passaram os tempos áureos. 4. Neles, critica vinha do grego kritein- que significa cortar. 5. Se tivessse havido uma melhor crítica teatral certamente o teatro teria sido melhor. É uma questão de fé, entendem? E de saudade de Isaac Gondim. 6. Voltando aos Gregos, não custa pensar que ainda hoje possamos reviver a Grande Grécia em que uma economia esclavagista não impediu espíritos lúcidos de criarem um grande teatro, aliás, O grande Teatro Ocidental – futuramente citado como OTC. 7. Então, passemos a faca. 8. Mas , primeiro, meditemos sobre a fé. 9. Primeiro a fé das Otoridades Presentes que subiram ao palco... 10. Companheiros, finalmente o PT está demonstrando que esquerda se dá bem com arte e que não nos persegue como cães vadios- como muita gente de bem já afirmou. 11. Parabéns para o João Paulo, o primeiro prefeito dos Tempos Modernos que comparece a um evento nosso sem haver vaias clamorosas.. 12. Agora passemos a faca. 13. Só que não precisava subir em palco. É coisa provinciana, Coisa de político de Brasiliawitch. 14. Como é coisa de planaltos a presença de um sujeito muito escalafuboso que ficava no palco nos lembrando dos tempos da ditadura . 15. Saiu botando para correr um pobre fotógrafo. Um horror. 16. Aquele Manifesto também , perdoem-me, não devia ter sido lido.. 17. Nossa tragédia não é a de sermos assassinados e haver impunidade. 18. Esse papo acaba no de segurança e daí para o de segurança nacional é só questão de uma divisa a mais na farda. 19. Nossa tragédia é que nada aprendemos com Sófocles e seu Édipo: a continuar procurando, mesmo após achar as causas. 20. Acho que só, no ramo Otoridade.. 21. No ramo Programa, pouco se informa. 22. Parece que o público- O PÜBLICO ! - não quer saber de nomes de autores, tradutores, diretores, cenógrafos, iluminadores, atores e outros etceteras, não é mesmo? 23. .Afinal , quem são eles diante do grande OTC? 24. Ainda no item Programa, também não gostei daquele vermelho-beterraba , daqueles brocados e poses renascentistas do leiauti .E daquela única Companhia de nossas Índias Ocidentais . 25. Sei não...


26. E finalmente, posso fazer uma pergunta? Há concorrência pública para se editar cartazes etc e tal ? 27. Sei não. 28. Ah , sim a peça? 29. Não gostei. 30. O que não significa que vocë não deva ir e que não haja muita outra coisa por aí.

Prof . Artes Cënicas UFPe Jornalista profissional (registro no MRT-JP) Crítico de Teatro Ivana, amor Me dë retorno , ok? O segundo é manso e só sobre a peça Coloco aqui o início para teres uma idéia também: PORQUE SOU CHEGADO A UM MELODRAMA 31. Agora passemos a faca em MELODRAMA. 32. O texto dramatúrgico não é tudo, sabemos, mas precisa ser drama. 33. Não é todomundo que escreve teatro bem logo de cara. 34. Um monte de cacoetes não faz uma dramaturgia. 35. Porque não se lë mais Anouilh? 36. Parte da tradução estará pronta no próximo mës, edição do Banco de Dados da UFPe.. PLIM-PLIM 37. A direção. Precisa ter menos fé e mais kritein, faca amolada. 38. A beleza se faz na simplicidade. É um provérbio chinës. 39. A menos que sejamos rococós. A direção foi rococó,” pós –barroca”. Excessiva. 40. O figurino...... etc etc


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.