CONFINS DA TERRA
Pacaas Novos Viagem pelas Tribos do Brasil
Rondônia
Fonte do Mapa - SEPAL
Revista Transcultural da Missão Novas Tribos do Brasil Revista Transcultural da Missão Novas Tribos do Brasil Ano 42 Nº 138 Jul - Set 2009 Ano 42 Nº 137 Abr - Jun 2009
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MISSÃO NOVAS TRIBOS DO BRASIL Uma associação missionária de fé, fundamental em sua doutrina e de caráter indenominacional, formada de crentes dedicados à evangelização dos povos indígenas. SEDE GERAL CAIXA POSTAL, 1953 75040-970 Anápolis - GO Telefone: (62)3318-1234 Fax:(62) 3318-2000 mntb@mntb.org.br www.mntb.org.br PRESIDENTE Miss. Edward G. da Luz POLÍTICA FINANCEIRA DA MISSÃO Os obreiros que servem com a Missão Novas Tribos do Brasil não recebem sustento da Missão, pois a mesma não tem recursos próprios nem é subvencionada por uma igreja ou denominação. Os missionários são sustentados por suas igrejas ou por ofertas voluntárias individuais. Fone (62) 3318-1234, E-mail: tesouraria@mntb.org.br. COMO CONTRIBUIR Enviar sua contribuição em nome de "Missão Novas Tribos do Brasil” Bradesco S/A, agência 240-2 Conta Corrente nº 30.814-5 IMPORTANTÍSSIMO: Sempre avisar-nos, por meio de uma das opções abaixo, quem está dando a oferta, a quem ela se destina, o valor e a data da remessa. Telefone: (62) 3318-1234 Fax: (62) 3318-2000 Correio: Caixa Postal 1953 75040-970 - Anápolis, GO tesouraria@mntb.org.br
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Viagem pelas tribos do Brasil Iniciamos na última edição uma serie que passará pelas tribos onde a MNTB atua. Desafios, informações culturais, curiosidades, experiências e muito mais esperam por você. Faça HOJE mesmo a sua assinatura e participe conosco desta viagem.
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PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL DA MISSÃO NOVAS TRIBOS DO BRASIL Redação Caixa Postal 1953 75040-970 Anápolis, GO Telefone: (62) 3318-1234 Fax:(62) 3318-2000 divulgacao@mntb.org.br Conselho Editorial Missª. Diva Cunha Miss. Jadir Siqueira Miss. Silas de Lima Editoração Missª. Diva Bueno Cunha Revisão Missª. Adauta Eger Assinaturas Jefferson Jean da Silva revista@mntb.org.br Programação Visual Jefferson Jean da Silva Eliézer Steffens Capa Índia Pacaas Novos Impressão Múltipla Gráfica e Editora (62) 3315-6600 contato@multiplagrafica.com.br
EDITORIAL Prezado Leitor, FOTO ARQUIVO MNTB
CONFINS DA TERRA
Aceite o convite de Confins da Terra para viajar através das tribos indígenas brasileiras, onde a MNTB atua. Nesta edição a tribo Pacaas Novos (RO) é apresentada, e você tem a oportunidade de conhecer alguns fatos culturais. Por exemplo: como ele pensam ter sido sua origem, no artigo “Mito sobre a origem do povo Pacaas Novos”; como são estabelecidos os termos de parentesco, na seção “Você sabia?”. Na seção “A Voz do Índio”, o testemunho do Wem Caramain, um dos líderes da igreja nativa em Rio Negro Ocaia. Houve o interesse em mostrar as lutas enfrentadas pelos missionários que atuaram com esta etnia, como o Pr. Assis Militão da Silva, cuja biografia você poderá ler neste número da revista, e se sentir desafiado com a dedicação da missionária Bárbara Kern em traduzir a Palavra de Deus para a língua Pacaas Novos, através da entrevista que a revista “Confins da Terra” fez com ela. “Atualidade” comunica que valeu a pena todo o trabalho desenvolvido por mais de quarenta anos, ao vermos agora igrejas funcionando nesta etnia, com liderança própria e os missionários fazendo o acompanhamento, como nos informa a missionária Maria Tereza Mantovani. “Notícias dos Campos” e “Notícias da África” apresentam uma novidade. Além de informar sobre os diversos campos assistidos pela MNTB, você tem a oportunidade de destacar os pedidos de oração e levá-los para compartilhar com os irmãos que participam da intercessão. Aproveite para meditar na reflexão “Nas mãos de Deus”, escrito pelo servo de Deus, José Marcos Braga, e ainda acompanhe o I Encontro sobre Conscientização Indígena, promovido pelo CONPLEI (Conselho de Líderes e Pastores Indígenas) no mês de junho em Goiânia, GO. Você ainda poderá sentir juntamente com a missionária Hilda Dias a difícil experiência de perder um amigo. Enfim, leia os artigos com o coração abrasado e em atitude de oração, para que a Igreja Brasileira se envolva mais e mais com o trabalho transcultural e assim o Evangelho seja anunciado aos confins da terra. Diva Bueno Cunha
Distribuição Missão Novas Tribos do Brasil Os artigos assinados são de responsabilidades exclusivas de seus autores. É expressamente proibida a reprodução, total e parcial, do contéudo da revista, sem prévia autorização dos titulares dos direitos autorais. Missão Novas Tribos do Brasil
Nesta Edição... Palavra do Leitor Reflexão A Voz do Índio Notícias dos Campos Entrevista Biografia Experiência Missionária
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Mito sobre a origem do povo Pacaas Novos ( Oro Wari’ )
U
m grupo de índios estava conversando ao redor do fogo certa noite. “Já faz dias que chove”, eles disseram. De repente, o grupo vê uma velha chegando, mancando, escorando todo o seu peso em seu bordão. Ela ajunta-se a eles na beira do fogo. Embora não fossem parentes eles a chamam de vovó. Ela se identificou como o espírito da chuva e que tinha vindo da casa dos seus tios para visitá-los. Ela se esquentou à beira do fogo com eles, conversou, e depois disse que ia voltar à casa de seus tios. Viram-na desaparecer mato adentro e depois ficaram perplexos com sua visita. Assim que ela saiu, a chuva apertou bastante. Choveu muito, o rio que passava lá perto começou a transbordar e invadir as casas. Veio peixe em abundância; o pessoal matava e jogava os peixes no barranco. Uma família viu que a situação estava piorando e sugeriu que todo mundo escapasse subindo nas castanheiras. Os outros não queriam abandonar suas casas e assim somente aquela família refugiou-se nas castanheiras. Logo perceberam que a inundação era séria. A água começou a provocar erosão por baixo das casas, e estas desabaram. Percebendo que iam morrer, todos pediram socorro para a família que subira nas castanheiras. Pediram que derrubassem um outro pau para fazer uma ponte por onde eles poderiam
subir para alcançar a segurança das castanheiras. Depois que o pau foi derrubado no lugar certo, todos subiram para tentar escapar; primeiro a vovó, depois as meninas, e por último os jovens. Mas, à medida que chegavam ao cume, escorregavam, caíam na água e transformavam-se em jacarés, botos, lontras e outros animais. Foi assim que todos morreram no dilúvio menos a família que se abrigou nas castanheiras. Ficaram ali por um tempo, mas logo ficando com fome foram ao mato. Fizeram um acampamento e o pai foi à procura de algo para comer. Encontrou um mamoeiro, comeu mamão, e percebeu que o mamoeiro pertencia a alguém. Ele desconfiou que fosse de um inimigo, pondo em perigo as suas vidas, então voltou para sua família para preveni-los que poderiam ser mortos. Lembrando-se que seus genros tinham perecido no dilúvio, o pai criou um plano para conseguir esposos outra vez para suas filhas. Ele voltou ao mamoeiro, fez um pequeno esconderijo de palha alto do chão, e escondeu-se, aguardando a chegada desses que ele pensava serem seus inimigos. Depois de um dia eles vieram comer mamões. Assustaram-se com o esconderijo, sabendo que tinha alguém escondido, esperando matá-los e assim voltaram às suas casas, às pressas, para preparar armas para o ataque. O pai das
moças os seguiu. Acontece que eles moravam num lugar fechado, a entrada era num buraco na rocha. O pai deitouse do lado de fora da rocha e escutavaos preparando os seus arcos, flechas, facões e bordunas para o ataque. Quando vinham outra vez ele pulou na frente deles, mas rapidamente explicou-lhes a sua missão. Devido a uma dificuldade [gaguejar] no falar atraiu a atenção deles quando falou: "mo-mo-morreram afo-afo-gados os esposos das-das-das mi-mi-nhas filhas". Explicou-lhes que queria trazer-lhes suas filhas para se casarem com elas. E eles concordaram. Voltou à sua família e explicou-lhes tudo o que tinha acontecido, e lhes assegurou que não havia nada a temer. Eles foram unir-se então ao povo da pedra. Quando chegaram lá, todos os jovens estavam do lado de fora os esperando. Seus pais não podiam sair, pois quando tentaram passar pelo buraquinho na pedra seus ombros não cabiam. Eles, portanto tinham de ficar dentro. Em seguida as jovens viúvas casaram com os homens do outro grupo, e juntos foram fazer roças, deixando os velhos para trás em casa. Eles roçaram, plantaram milho, e então voltaram à rocha para aguardar a colheita. Dados colhidos pela missionária Bárbara Kern Informante: Manim, já falecido.
PALAVRA DO LEITOR 1) Moro em um município onde o índio não é bem aceito, por se tratar de uma região de conflitos com indígenas. Tenho trabalhado para mudar essa visão desprezível ao índio e, encontrei na revista "Confins da Terra", um ótimo material de suporte. Obrigado por esse informativo, é de leitura agradável e inspiradora, não quero perder as notícias sobre o que Deus está fazendo nos Campos Missionários. Pr. Arnoldo Steffens - Cunha Porã / SC.
2) Estou conhecendo a revista agora, e gostei muito das histórias dos missionários, como Deus os chamou para a Obra. Me impressionou também as Notícias da África da revista nº 42. Louvo a Deus pela dedicação dos missionários, e que em cada gesto, procuram demonstram o amor de Deus pelos povos. Ler a revista tem me feito muito bem. Norma Traudi Pinto - Cunha Porã / SC.
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REFLEXÃO Nas Mãos de Deus
Sabemos que só podemos executar nossos planos se Deus nos permitir, então, precisamos ter certeza de que realmente O reconhecemos ao começar planejar o futuro. O reconhecimento da dependência Nele nos ajuda a perceber tudo que está acontecendo ao nosso redor. Qualquer atitude diferente desta é pecado e isto desagrada ao Senhor. Fazemos planos – amanhã iremos para cidade tal, ou faremos isto ou aquilo, sem mesmo buscar direção ou incluir Deus neles. Podemos ponderar sobre nossas vidas respondendo, com sinceridade, se na semana que passou fiz planos sem pensar em Deus ou busquei aprovação de Deus? Quando levanto ou deito, reflito sobre o que aconteceu ou acontecerá comigo e oro a Deus? Considerando que os planos humanos são falhos, busco a Deus em primeiro lugar colocando-O em meus planos? Creio que Deus é soberano sobre todas as coisas e está em primeiro lugar na minha vida? Tiago é incisivo naquilo que escreve. “Vós não sabeis o que sucederá amanhã”. – O futuro pertence a Deus, está nas mãos de Deus. Olhem a brevidade de nossa vida. – “que é a vossa vida...?” A reflexão sobre nossa vida nos remete a ponderar acerca de acontecimentos futuros que não Missão Novas Tribos do Brasil
Temos que tomar o cuidado para não levarmos uma vida arrogante, pensar que não precisamos de Deus em nossas vidas. Nosso estilo de vida pode nos levar para longe de Deus e revela quem somos. sabemos o que acontecerá. A brevidade de nossa vida – “sois apenas como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.” Caminhamos... ...Atentando para o estilo de vida – vs 15,16 Como é bom dizer – “Se o Senhor quiser...” – Há uma alegria enorme em dizer estas palavras – Demonstro em quem estou colocando minha confiança. Deus sabe o melhor para nós em qualquer situação. A pessoa que busca viver para Deus atentará para um viver dirigido por Deus sempre. Mas, a nossa natureza é orgulhosa, corrompida, altiva, e a soberba constitui num dos obstáculos para se viver de maneira agradável a Deus, ou fazendo a vontade de Deus. A vida e o estilo de vida cristã mostram que somos sábios quando somos simples; recebemos quando damos e ganhamos quando perdemos; somos livres quando somos servos; somos fortes quando estamos fracos; vivemos quando morremos. É inútil buscar alegrias nas coisas passageiras – “Não te glories no dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz”Pv 27:1. Temos que tomar o cuidado para não levarmos uma vida arrogante, pensar que não precisamos de Deus em nossas vidas. Nosso estilo de vida pode nos levar para longe de Deus e revela quem somos. Então, devemos...
...Atentar para o dever de fazer sempre o bem – vs 17 “Portanto aquele que sabe que deve fazer o bem (colocar Deus em primeiro lugar na vida) e não o faz, comete pecado”. Colocar Deus em primeiro lugar na vida é demonstração de uma vida de fé. Exemplo – Abel colocou sua fé e confiança no Senhor; Abraão disse ao filho – “Deus proverá para si meu filho, o cordeiro para o holocausto e seguiram ambos juntos” – Gn.22:8; Jonatas diante da batalha disse: “porque para o Senhor nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos” –I Sm 14:6; Davi – “O Senhor me livrou das garras do leão e das do urso; ele me livrará da mão deste filisteu”.. I Sm. 17:37; Sadraque, Mesaque e Abede-Nego – “Se o nosso Deus a quem servimos quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e das tuas mãos ó rei” Dn 3:17. O que impede que coloquemos Deus em primeiro lugar em nossas vidas? As coisas deste mundo cativam – acabamos amando mais as coisas do mundo dos que as coisas de Deus – I Jo 2:15 – “Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém amar o mundo o amor do Pai não está nele”. Um afastamento de Deus – devido a um coração perverso de incredulidade – Hb 3:12 – que nos afasta do Deus vivo. Assim, “Atendei agora...” diante de tão grandiosa obra devemos colocar nossas vidas nas Mãos de Deus para a realização e envolvimento na obra missionária. FOTO ARQUIVO MNTB
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empre fazemos nossos planos e traçamos objetivos. Planejar é bom. Mas, alguns deles não se realizam. Outros nem planejam, caminham dentro dos acontecimentos diários e levam a vida como ela acontece. Em nossas vidas, falamos em colocar Deus em tudo que iremos fazer e nós não sabemos tudo que irá acontecer - Nada sabemos e, nada foge do controle e ação de Deus. Estando nas mãos de Deus caminharemos sempre sob sua direção e orientação. Algumas ações nos ajudarão a perceber se estamos, de fato, ou não, nas mãos de Deus. Vejamos algumas ações em Tiago 4:13-17... ...Atentando para os acontecimentos presentes e futuros – vs 13,14
José Marcos Braga Missionário e Pedagogo Pres. do Instituto Bíblico Peniel
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A VOZ DO ÍNDIO WEM CARAMAIN do RIO NEGRO OCAIA Etnia Pacaas Novos No passado nós não tínhamos conhecimento nenhum de Deus. Só sabíamos aquilo que os nossos antepassados nos ensinavam e nos diziam para fazer e obedecer. Depois de sermos contatados pelos missionários [o povo de Deus], eu fiquei de aldeia em aldeia. Fui morar na aldeia Laje por um tempo. Lá o missionário Abraão me falou sobre Deus. Eu não entendi muito bem o que ouvi sobre Deus, pois nunca tinha ouvido nada sobre Ele. Então fui para outra aldeia chamada Sagarana e lá não ouvi mais nada sobre Deus. No Sagarana uma aldeia onde eram ensinados os costumes de outra religião eu passei a imitar o que era ensinado lá. Lá eu passei a adorar imagens e fazer tudo o que eles ensinavam. Lá não ouviam nada sobre a palavra de Deus. Depois de um tempo retornei para uma aldeia no rio Pacaas Novos [Rio Negro Ocáia] onde morava minha mãe. Nesta aldeia já tinham alguns crentes e a palavra de Deus era pregada. O missionário Abílio Soares me falava sobre a palavra de Deus. Ele me dizia: Wem Caramain você sabe sobre Deus, Ele existe. Eu dizia: Existe um Deus? Os índios Macurape me disseram que não
existe nenhum Deus, eu dizia para o missionário Abílio. Eu tinha ouvido dos índios Macurape que não existia nenhum Deus nos céus. Eles diziam que éramos nós e os nossos espíritos que ficam lá nos céus. Então o missionário Abílio me disse: Wem Caramain, quem crê em Deus, quem crê em Jesus verá a Deus, mas quem não crer vai ficar muito longe de Deus. Somente quem crê no Filho de Deus o verá. Então eu disse: É mesmo? Abílio me disse: Se você não crer na palavra que fala sobre o Filho de Deus que morreu na cruz por você, se não crer em Jesus não terá a vida eterna. Se você morrer sem crer irá para o grande fogo. Quem crer em Jesus será salvo. Então comecei a ouvir a palavra de Deus. Freqüentava todas as reuniões. Mas um dia eu fiquei doente e me mandaram para o Rio de Janeiro. Quando eu voltei muitos tinham abandonado a Deus e eu não quis mais ouvir a palavra de Deus. Voltei às antigas práticas que os meus antepassados diziam que era para fazer. Então exerci as práticas de feitiçarias, obedecia ao Diabo, mas de vez em quando me vinha na cabeça o que eu tinha ouvido sobre Deus. Então chegaram novos missionários, Valmir,
sua esposa Fátima, Regina e Teresa. Eles insistiram em pregar a palavra de Deus para mim. Voltei a ouvir a palavra de Deus e com o tempo entendi a mensagem de salvação. Deus trabalhou em meu coração e eu aceitei Jesus como meu salvador. Fui até os missionários e contei a eles sobre minha conversão e que reconhecia minha condição de pecador e que necessitava de Jesus. Eu reconhecia que era eu que devia morrer, mas Jesus morreu em meu lugar. Minha esposa também aceitou Jesus. O Diabo estava sempre me tentando, querendo me derrubar, mas sempre orava a Deus e rejeitava quem me procurava para fazer pajelança. Deus me deu forças e crescimento e estou firme até hoje. Hoje muitos dos meus filhos são crentes, e eu continuo a falar da palavra de Deus para os que não são.
I Encontro sobre Conscientização Indígena
FOTO ARQUIVO MNTB
Nos dias 05, 06 e 07 de junho ocorreu na base da JOCUM em Goiânia o I Encontro sobre Conscientização Indígena promovido pelo CONPLEI. As idéias compartilhadas foram sobre Educação Indígena, Igreja Autóctone, Infanticídio Indígena, Visão da igreja com relação aos indígenas, Responsabilidade social e Parcerias com igrejas e Evangelismo. As etnias presentes eram as Kamayurá no Xingu, Terena no MS, Ticuna, Suruwahá, Palmari e Sateré Mawé do AM e Bakairi do MT. Também estavam presentes a Hakani e outras crianças, que moram atualmente na Associação ATINI, sobreviventes do infanticídio. A ATINI, que significa “voz dele(a)” na língua Suruwahá. foi inspirado na luta de uma mãe pelo direito a vida e a receber tratamento médico para a filha que havia nascido com paralisia cerebral. Nesse Encontro foi anunciado pelo Pr. Henrique Terena, presidente do CONPLEI, a criação do AMEI, Associação de Mulheres Evangélicas Indígenas, que atuará sob o apoio e orientação do CONPLEI. Anunciou também que Muwaji será a primeira mulher indígena missionária enviada e apoiada pelo CONPLEI. Muwaji é da etnia Suruwahá. Foi criada uma lei com o seu nome: “Lei Muwaji”. Essa Lei dará voz a todas as crianças indígenas sobre o direito a vida. O Evento foi encerrado com uma linda Ceia do Senhor, cujos elementos usados foram beiju, açaí e guaraná, e acompanhada com cânticos entoados por alguns irmãos indígenas em sua própria língua.
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Atualidade A Luz Continua Brilhando
“O povo que andava em trevas viu uma grande luz; e sobre os que habitavam na terra de profunda escuridão resplandeceu a luz.” (Isaías 9.2) separadamente dos horários dos cultos. No entanto, em outras aldeias tem um lugar específico para elas se reunirem, pois o número de crianças é grande. Os homens se reúnem dois dias na semana com o propósito de orar e estudar a palavra de Deus, e isto os têm fortalecido muito e a igreja tem crescido. Todas as igrejas indígenas têm os seus pastores e diáconos. Os pastores ficam encarregados do ensino da Palavra de Deus, da visitação aos crentes e da administração enquanto os diáconos ajudam a liderança da igreja. Existe hoje cerca de 700 crentes Wari. Em média por ano são realizados cerca de 20 batismos. Durante o ano são realizadas duas conferências para líderes das igrejas, onde os pastores estudam capítulos de um livro da Palavra de Deus ou de um assunto que eles previamente escolhem. O período das conferências é realizado no mês de julho e no mês de dezembro, em aldeias diferentes. As igrejas estão sendo firmadas na Palavra, pois um dia a luz invadiu e hoje continua a iluminar
estes corações. Louvado seja Deus pelas vidas que ouviram Seu chamado e vieram até aqui trazer a Palavra que liberta. É muito gratificante e precioso ver a obra que Deus tem realizado em cada vida. Mas o desafio prossegue, pois o nosso alvo é terminar o Novo Testamento e cremos que Aquele que começou uma boa obra vai continuar capacitando nossos amados irmãos que têm trabalhado arduamente na tradução. Contamos com as suas orações, pois a obra continua. FOTO ARQUIVO MNTB
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á aproximadamente 50 anos a MNTB iniciou contato com o povo Pacaas Novos através de seus missionários, alguns dos quais estão com o Senhor. E através de seus testemunhos, este povo viu a luz do amor de Cristo brilhar em suas vidas. O Povo Wari, como eles gostam de ser chamados, no passado era um povo que vivia nas práticas canibalescas, isto é, se alimentavam também de carne humana. Como Deus amava muito este povo a ponto de entregar Jesus para pagar o preço pelo pecado deles, Ele enviou alguns missionários que deram a sua vida para que eles conhecessem o amor infinito do Pai. Após quase meio século de trabalho exaustivo, hoje há 12 igrejas estabelecidas com lideranças autóctones. Nas igrejas do Sotério, Santo André, Bonsucego, Laje Velho e Ribeirão há trabalhos com as mulheres durante a semana, onde elas se reúnem para orar e estudar a palavra de Deus. O trabalho com crianças, em algumas igrejas, é realizado
Maria Tereza Montovani Missionária da MNTB entre o povo Pacaas Novos - RO
Você Sabia??? Logo que cheguei na tribo, fui adotada em uma família, e quis aprender os termos de parentesco. Descobri que meu pai e seus irmãos eram te (pai), e as irmãs deles eram we (irmã mais velha). A minha mãe e suas irmãs eram na' (mãe), e os irmãos delas eram aji' (irmão mais velho). Os meus primos, filhos dos meus pais, eram meus irmãos, mas era diferente com os meus primos, filhos das minhas we tias paternas. As filhas delas eram também we, e os filhos eram te. Tudo bem, fui decorando os termos de parentesco, até descobrir que certo nenê também era meu te. O quê? Meu pai com poucos meses de idade? Impossível! Mas era isso mesmo. A lógica foi o seguinte: Pelo fato desta criancinha chamar meu pai de aji' irmão mais velho, e todos os irmãos do meu pai são também meu pai, eu tinha que chamá-lo de meu pai. E por consequência os meus filhos o chamariam de jeo' (avô). E de fato, havia adultos que chamavam criancinhas de avô. Pura confusão para mim, mas muito lógico para os Pacaas Novos. (Bárbara Kern, missionária, tradutora de vários livros do Novo Testamento para a lingua Pacaas Novos.)
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NOTÍCIAS DOS
Tribo Mamaindê-MT Equipe missionária: César e Cintia Ratier; Vaniza Lopes Arquivo da MNTB
Os missionários César e Cintia Ratier iniciaram seu ministério no ano de 2007 e estão progredindo no aprendizado da língua e pesquisa cultural do povo Mamaindê. Nas conversas informais eles já entendem o sentido de várias palavras e expressões simples. Os indígenas estão se sentindo mais à vontade para conversar com eles em sua própria língua. Isso porque os missionários têm tentado se comunicar na língua dos Mamaindê. Eles têm um ajudante que se chama Luiz Mamaindê, que está cooperando bastante no aprendizado da língua. Mas Luiz vem sofrendo com problemas de saúde e por várias vezes já foi ao médico. Segundo Luiz o motivo dele não ficar bom é porque ele tem doença de índio. E segundo o pajé, doença César e Cintia Ratier de índio, “médico branco” não cura. Socialmente os mamaindê estão passando por algumas mudanças devido alguns fatores. A área em que vivem não está comportando o crescimento populacional para atender a demanda de caça e a produção das roças. Estão fazendo suas roças cada vez mais longe e o desgaste para mantê-las é grande. Também tem ocorrido conflitos entre famílias, o que tem levado alguns a se mudarem para outra região e organizar uma outra aldeia.
Consultoria Arquivo da MNTB
Equipe de Consultoria do Setor Leste: Carlos A. Carvalho; Onésimo de Castro; Silas de Lima
Arquivo da MNTB
Tribo Guarani-MS Equipe missionária: Aldo e Beth Fernandes; Plínio e Ana Cláudia Silva; Renato e Irma Araújo
Arquivo da MNTB
A equipe faz parte do Departamento de Consultoria, que tem por objetivo prestar assistência às equipes missionárias em seus locais de trabalho. Durante as visitas, o consultor verifica e avalia o nível de aprendizado de língua e cultura que o missionário já adquiriu. Após essa avaliação, que é feita com o missionário e um nativo, ele direciona o missionário para a área da língua e cultura que precisa de mais conhecimento. Onésimo e sua esposa Mariana visitaram as equipes Ka'apor no MA, Apinajé, TO e Karajá, Onésimo e Mariana de Castro MT. Foi uma longa viagem com trechos de estradas esburacadas e/ou de lama. Eles presenciaram bem de perto as dificuldades que os missionários enfrentam nessas aldeias, pois a bebida alcoólica tem gerado muita violência em alguns desses povos. Além disso, convivem com forte oposição à pregação da Palavra de Deus. Contudo o Senhor tem agido e igrejas nasceram nessas etnias.
Infelizmente o povo guarani está cada vez mais se envolvendo com bebida alcoólica, o que tem trazido brigas, violência e relacionamentos familiares disfuncionais. Esse povo vive basicamente da agricultura de subsistência. Entre eles foi criada uma associação, Kokue porã, por iniciativa deles e tem ganhado forças, o que é muito bom. Os estudos bíblicos são ministrados pelos missionários na própria língua guarani. Eles Aldo e Beth Fernandes têm percebido que os indígenas estão entendendo as verdades bíblicas pelo fato de ouvirem na sua língua materna. Dentre alguns projetos desenvolvidos pelos missionários nessa comunidade, ensinar a fazer sabão é um deles. Tem sido uma maneira mais barata de as mulheres adquirirem o sabão, muito usado por elas para suas tarefas domésticas. Além disso, o barro da região é muito vermelho; imaginem as roupas das crianças após suas brincadeiras.
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Arquivo da MNTB
Tribo Kapinawá-PE Equipe missionária: Adelvan e Marilu Santos; Valmir e Mara Brisola
O Sr. José Caetano é um homem apegado às crenças e tradições religiosas, mas é na casa dele que os missionários se reúnem com os grupos de estudos bíblicos nas quintas-feiras. Os adultos recebem o estudo dentro da casa e as crianças se reúnem no quintal para ouvir a Palavra de Deus. É usando pessoas como este senhor e outras que Deus permite a Seus filhos ensinar a Sua Palavra para que elas conheçam a verdade que os liberta. Valmir e Mara Brisola e filhas O casal José Caetano e Maria Júlia tem uma filha de 31 anos que faz tratamento para epilepsia, sofre de problemas psicológicos e não fala. Sua situação se complica devido às fortes dores de dentes pela falta de extrações dos mesmos. A equipe já tentou ajudá-la, inclusive um cirurgião-dentista, irmão em Cristo, Dr. César se prontificou a ajudá-la, mas devido à falta de equipamentos não foi possível fazer as extrações. Agora a FUNASA pegou o caso dessa moça e as extrações dos dentes já têm data marcada.
Tribo Jamamadi-AM Arquivo da MNTB
Equipe missionária: Márcio e Francineve Pimentel
Márcio e Francineve Pimentel entraram no trabalho em abril de 2003. Inicialmente moravam no município Boca do Acre, e de lá faziam visitas às aldeias Jamamadi enquanto decidiam em qual delas iniciariam seu ministério. Enquanto isso, eles aprendiam a língua e os costumes indígenas, que vive basicamente da agricultura, caça, pesca e dos trabalhos que presta aos fazendeiros da região. Em 2004 eles se mudaram para mais perto dos índios passando a trabalhar na aldeia Goiaba. À medida que progrediram no aprendizado da língua Jamamadi, fizeram uma comparação fonética usando outra língua do mesmo tronco Márcio e Francineve Pimentel linguístico, uma análise fonética (preliminar) e definiram o alfabeto Jamamadi. A Francineve tinha uma turma de alfabetização para as crianças não indígenas, filhas dos peões das fazendas vizinhas. Desse grupo, alguns conheceram o Evangelho e fizeram sua decisão por Jesus, como seu Salvador. O mesmo ocorreu com Isa e o Isaac, dois jovens Jamamadi, mesmo que os estudos bíblicos tenham sido dados em português. Atualmente esse casal tem se esforçado para trabalhar na pesquisa e análise cultural para ser usada no preparo das lições bíblicas, que serão dadas aos indígenas.
Pedidos de Oração do Brasill Tribo Mamaindê - MT Pela saúde do Luiz Mamaindê. Que o Senhor o cure, e ele possa ver que a cura veio do Senhor. Pelo casal César e Cíntia e missionária Vaniza que tenham sabedoria para aprender de maneira rápida a língua Mamaindê e conheçam os aspectos culturais desse povo. Pela equipe, que possa estabelecer bons relaionamentos com os indígenas. Consultoria Pelo rompimento das cadeias que prendem as pessoas espiritualmente Que os missionários sejam fieis em anunciar o Evangelho. Que o Senhor direcione Onésimo e Mariana, e eles vejam claramente a vontade do Senhor e andem nela. Pelo trabalho de consultoria (visita às equipes,
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teste de linguagem, direcionamento nos aspectos a serem estudados) Tribo Kapinawá - PE Sabedoria para os missionários ensinarem a Palavra de Deus de maneira clara, e sensibilidade aos participantes para entender e crer. Pela saúde da filha do Sr. José Caetano, que sofre de epilepsia e seu tratamento dentário. Pela equipe; Adelvan e Marilu; Valmir e Mara Brizola. Tribo Jamamadi - AM Pela venda da antiga casa e pela compra de outra casa na cidade. Para que a pesquisa e análise cultural do povo seja útil na preparação das lições bíblicas. Que o Senhor desafie e mande mais um casal
para trabalhar com esse povo. Crescimento espiritual para a Isa e o Isaac, jovens jamamadi, que se decidiram por Cristo Jesus. Tribo Guarani - MS Pelo progresso da associação Kokue Porã. Que aqueles que têm ouvido os ensinos tomem a decisão de crer em Jesus como seu Salvador. Sabedoria para o Aldo e Beth quanto aos estudos dos filhos; se continuam morando na cidade ou se voltam para a aldeia e a Beth dar aulas para eles. Suprimento para trocarem as madeiras que dão sustentação a sua casa. Boa comunhão entre a equipe.
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Moçambique
Equipe Missionária – Clemilda Neves e Rubenita Santos
Arquivo da MNTB
NOTÍCIAS DA ÁFRICA
No dia 01/06 em Moçambique comemora-se o Dia Internacional da Criança. As missionárias Clemilda Neves e Rubenita Santos promoveram uma programação para comemorar essa data com as crianças da igreja. Algumas irmãs portuguesas que estavam em Nampula doaram os doces e outras coisas para a festinha. As crianças se divertiram e ficaram muito felizes com a festa e os prêmios. Como de costume também fizeram uma programação para as crianças do Hospital Central, distribuindo doces e testemunhando Clemilda e Rubenita do Evangelho. A situação nos hospitais em Moçambique é motivo de oração, pois ainda é tratada com muito descaso. Há muitos casos de desnutrição infantil. Nos dias 09 a 12/06 ocorreu a 10ª Conferência Fiel, realizada em Nampula. O tema tratado foi acerca do chamado pastoral e como o pastor deve tratar a sua família. Os preletores falaram sobre o relacionamento familiar e o perdão. Mais de trezentos e trinta pessoas incluindo líderes, pastores e missionários participaram dessa conferência. Clemilda participou de um funeral e relata como foi muito triste ver o sofrimento pela separação e a falta de esperança nos rostos das pessoas e dos familiares. As mulheres ficavam em uma sala pequena, onde se encontrava o corpo e algumas mulheres davam banho no corpo e depois o vestia com roupa enquanto outras cantavam. O filho da mulher morta encontravase bêbado e falava alto apressando o enterro porque queria voltar a beber. Rubenita já começou os estudos de língua Makua e tem muito interesse em aprender um pouco dessa língua enquanto está em Nampula.
Guiné-Conacri Equipe missionária – Ana Lúcia Barros Arquivo da MNTB
Ana Lúcia tem exercido seu ministério entre o povo Diakhanke. Ela nos comunicou que desde que passou a tomar remédio para controlar a pressão, sua concentração tem sido muito baixa nos estudos. No entanto ela continua estudando, sem desistir, mas a sua mente está retendo muito pouco. Recentemente começou a relembrar palavras, expressões e até textos e pôde falar de cor coisa que há muito tempo não vinha acontecendo. O povo tem comentado que ela começa “a andar na língua”. Estava sendo Ana Lúcia Barros muito difícil estudar sem ver progresso, mas Deus está operando e ela pode ver a mão maravilhosa do Senhor, pois sem Ele nada pode fazer! Esse bebê da foto se chama Maomed Lamine e sua mãe teve câncer no esôfago. A família o rejeitou dizendo que ele é o culpado pela doença da mãe. Ele foi levado para a casa da colega casada da Ana Lúcia e desde então ele está morando com ela. Os missionários ajudaram financeiramente a mãe a fazer uma delicada cirurgia. Agora ela passa bem e já pode se alimentar ingerindo as refeições. Ela estava pesando 33 kg antes da cirurgia. A missionária que estava com o bebê precisou ir para a Holanda e a criança ficou com Ana Lúcia até o seu retorno. Ele é muito bonzinho e sorridente. As pessoas têm ficado impressionadas pelo fato de Ana Lúcia estar cuidando do Maomed, por isso muita gente da aldeia tem ido à sua casa visitá-la e conhecer “seu bebê”.
Pedidos de Oração da África Moçambique
Guiné Conacri
Senegal
Clemilda e Rubenita
Ana Lúcia Barros
Jefferson e Joana Cordeiro
Mais equipamentos, profissionais dedicados e uma melhor estrutura para os hospitais em Nampula. Orem para que os pastores e líderes transmitam os ensinamentos para suas ovelhas. Pela saúde da Clemilda. Ela tem sentido dores de cabeça, diarréia e dores no corpo. Rubenita está estudando a língua Makuá e precisa da ajuda de Deus para aprender, pois será a língua do povo o qual ela pretende trabalhar.
Louvar pela recuperação da mãe do bebê e pelas portas que Deus tem aberto através dele. Que o Senhor levante uma família para adotar esta criança. Saúde da Ana Lúcia e progresso no aprendizado da língua. Saúde, salvação, libertação e suprimento diário para o povo Diakhanke.
Sustento. (tiveram uma perda de 40 % do sustento) Sabedoria no ministério. Estarão ajudando com a liderança de ministérios de suporte. Dando apoio aos colegas que estão nas tribos.
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Confins da Terra
Missão Novas Tribos do Brasil
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ENTREVISTA
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missionária Bárbara Louíse Kern é americana, casada com Manfred Kern, atua entre a etnia Pacaas Novos desde 1962. “Nossos alvos pessoais são entregar o Novo Testamento para os nossos queridos irmãos indígenas da etnia Pacaas Novos”. CT – É possível contar para os leitores de Confins da Terra, como você foi chamada a participar da obra missionária? Na escolinha pública onde frequentava no sul da Califórnia, nos EUA, havia um período de uma hora por semana, quando os alunos eram dispensados da sala de aula para assistir uma classe de estudos bíblicos. Um dia, veio uma missionária que trabalhava entre os índios Navajo. Ela contou sobre aquele povo, e eu fiquei muito comovida com o que ela contava. Desde aquela hora, eu sentia o desejo de ser missionária também. Eu tinha nove anos na época. Ao passar o tempo, quando ouvia de pessoas no mundo afora que nunca ouviram de Jesus, este desejo aumentava mais e mais, até que, quando terminei o segundo grau, com 16 anos, sabia que Deus queria que me preparasse para o campo missionário. Fui então para a escola bíblica. CT – Como foi definido o campo específico onde deveria trabalhar?
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Enquanto fazia o curso de linguística da Missão, orava a respeito do campo onde eu deveria trabalhar. Ora achava que Deus estava me dirigindo para a Venezuela, ora para as Ilhas Filipinas. Mas com o tempo, senti mesmo que Ele estava me dirigindo para o Brasil. Cheguei em março de 1962, com 20 anos de idade. Enquanto estava fazendo o curso de português, ficava orando para que Deus me dirigisse para a tribo que Ele queria. Fui convidada para trabalhar entre os Pacaas Novos, e não demorou muito o Senhor confirmou no meu coração que este era o lugar para mim. Cheguei em GuajaráMirim, no estado de Rondônia (Território naquela época), em novembro de 1962. CT – Conte alguma experiência vivida no período de aprendizagem da língua e adaptação à cultura Pacaas Novos. Na cultura Pacaas Novos, a família é muito importante. A primeira pergunta que fazem a uma pessoa recém-chegada é sobre a família: tem pai? mãe? irmãos e irmãs? filhos e filhas? Fica difícil para alguém novata em uma aldeia se ele não tem algum parente onde possa se encaixar. Foi então uma grande ajuda para mim quando, logo que cheguei na tribo, fui adotada em uma família de vários filhos. Conforme o padrão de parentesco, os filhos do meu "pai" são meus irmãos; as filhas são minhas "irmãs"; sou "mãe" dos filhos das minhas "irmãs", e elas são "mães" dos meus; sou "tia" dos filhos dos meus "irmãos" e eles são "tios" dos meus. E Manfred é o "cunhado". Temos até hoje um relacionamento muito bom com esta família. CT – Como e quando você e M a n f re d s e c o n h e c e r a m e decidiram casar? Acontece que meus pais, Darris e Mary Brown, também eram missionários da Missão Novas Tribos. Eles eram líderes na escola para jovens americanos em
Vianópolis-GO. Eu fui visitá-los na época do Encontro Missionário anual em 1965. Havia missionários de vários campos do Setor Leste naquele encontro, inclusive um jovem missionário recém-chegado da Alemanha—Manfred Kern. A conversa era, que ele pretendia se integrar à equipe entre os Gaviões em Rondônia. Nem de longe eu imaginava que algum dia..... Voltei para a tribo, e um belo dia em janeiro de 1966, lá vem o Manfred Kern para passar alguns meses entre os Pacaas Novos, pois todos da equipe entre os Gaviões eram novos missionários. Eles queriam que o Manfred conhecesse o trabalho entre os Pacaas Novos, para poder ver como fazíamos o trabalho e então transmitir as suas experiências para a equipe entre os Gaviões. Mas é interessante como Deus tinha outros planos para ele. Dentro de cinco meses Ele confirmou para nós que havíamos achado o nossa outro metáde. Casamos na Califórnia dia 20 de maio de 1967. CT – Conte alguma coisa a respeito dos seus filhos. Deus nos abençoou com três filhos: Jonathan, Davi, e Estevão. Todos estudaram na escola para filhos de missionários em Puraquequara, perto de Manaus. Quando terminaram o segundo grau, viajaram para os Estados Unidos, e lá estudaram em escolas bíblicas. Todos tinham o desejo de servir ao Senhor, e damos graças a Deus que estão fazendo isto. Os três são casados. Jonathan e sua família (quatro filhos) moram em Dallas, Texas; ele é Diretor de Marketing de The Seed Company, um afiliado da Wycliffe Bible Translators. Davi e sua família (quatro filhos) são missionários com a Missão no Brasil. Ele é diretor da escola para filhos de missionários em Puraquequara, e ambos são professores lá. Estevão e família (três filhos) também são missionários com a Missão em Moçambique, África.
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ENTREVISTA CT - Em qual ou quais aldeias Pacaas Novos vocês exerceram seu ministério, e quais as suas responsabilidades na equipe? Nós trabalhamos na aldeia Dr. Tanajura de 1967 até 1993. Em 1985, a metade da população de Tanajura (inclusive um bom número dos crentes) se mudou para uma nova aldeia no Rio Sotério, e naquele ano começamos a fazer visitas periódicas de uma a três semanas lá. A maioria dos nossos ajudantes de tradução estava morando no Sotério, por isso resolvemos construir uma casa naquela aldeia, e em fevereiro de 1993, mudamos para lá. Ficamos até 2003. Manfred foi o coordenador do trabalho entre os Pacaas Novos; nós também trabalhamos em prol da implantação de igrejas e tradução bíblica. CT – Você tem se dedicado a traduzir a Palavra de Deus para a língua nativa, quais os livros do Novo Testamento já foram traduzidos? Graças a Deus, a maior parte do Novo Testamento já está traduzido para a língua dos Pacaas Novos, ainda precisamos revisar alguns livros, e quase tudo precisa ser verificado. Faltam os evangelhos de Marcos e João que estão quase prontos, e o rascunho do evangelho de Lucas está em andamento. CT – Como é feita a revisão da tradução a fim de verificar o nível de compreensão dos falantes da língua? A gente faz a exegêse e rascunho, com muitos "buracos" e perguntas de como dizer isto ou aquilo, para depois trabalhar junto com os ajudantes nativos. Como nós estamos aqui na Alemanha e os índios estão aí no Brasil, dependemos muito dos nossos colegas na tribo. Manfred e eu também passamos juntos por cada trecho, verificando o conteúdo. Está
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certo? Incluímos mais do que o texto diz? Ou falta alguma coisa? Quando o manuscrito está pronto, é entregue para alguns leitores nativos, os quais lêem e corrigem ou marcam qualquer coisa que eles acham errada. Os nossos colegas acompanham esta fase de perto, fazendo perguntas e verificando se eles estão entendendo o que estão lendo. Devolvem o manuscrito para nós, e depois de muito vai e vem por e-mail, aprontamos o manuscrito final, que é então retro-traduzido para o português. Isto, porque o nosso consultor que vai verificar a tradução, não fala Pacaas Novos. Então ele precisa saber exatamente como nós traduzimos para o Pacaas Novos. Como vocês estão vendo, é um processo que leva muito tempo. CT – Sabemos que você precisou ir para a Alemanha a fim de se submeter a um tratamento dos rins. Como está a sua saúde atualmente? Eu estou bem. Já faz cinco anos e meio que faço a diálise, e está funcionando muito bem, graças a Deus. Há dias, é verdade, que parece que o "combustível acabou" e sinto muita fraqueza, mas Deus na Sua graça, sempre me dá o que preciso. Dou muitas graças a Ele que posso trabalhar quase normalmente no computador. Já faz quatro anos desde a minha última cirurgia para câncer de mama; espero que depois de mais dois ou três anos eu possa fazer uma cirurgia para transplante de rim. CT – Qual é a sua visão do trabalho Pacaas Novos, e quais suas perspectivas para o futuro da atuação missionária nesta etnia? Bom, os nossos alvos pessoais são entregar o Novo Testamento para os nossos queridos irmãos indígenas da etnia Pacaas Novos. A carta aos Romanos já foi verificada pelo consultor e está pronta a ser
publicada. Mateus e Efésios estão nas mãos do consultor agora; quem sabe vamos publicar estes três livros juntos. Outros alvos para o futuro próximo são: completar os evangelhos de Marcos, Lucas, e João; revisar Atos, as cartas de João, e também várias cartas de Paulo; e aprontar tudo que falta para a verificação com o consultor. Quanto ao trabalho em geral, a visão de toda a equipe é, que as igrejas entre os Pacaas Novos cresçam e cheguem ao ponto de funcionar sem presença missionária; que os líderes das igrejas permaneçam fiéis e aprendam mais e mais como ensinar a Palavra de Deus; e que toda a população da etnia Pacaas Novos (cerca de 2.500 pessoas) chegue a conhecer a Jesus. CT – Quer enviar um recado para os novos missionários ou para os jovens que estão pensando em se dedicar para a obra missionária transcultural? Se você é recém-chegado no campo missionário, fique firme! Sem dúvida você vai passar por choque cultural, vai encontrar dificuldades, vai achar que está perdendo tempo, mas fique firme. Vale à pena!! Mantenha seus olhos em Jesus. Corra para o conforto da Sua Palavra. Confie nEle. E para você que está pensando em se dedicar á obra missionária, se você já tem este pensamento, sem dúvida foi Deus que o colocou na sua mente, pois o Seu maior desejo é que todos cheguem a conhecer a Jesus. Deus é Todo-Poderoso, mas mesmo assim, Ele precisa de Seus Filhos, de mim e de você, para que todos O conheçam. Há muitos povos no Brasil e no mundo afora que ainda não ouviram falar em Jesus. Nós já O conhecemos, e podemos contar para eles. Realmente, não existe profissão mais satisfatória do que a de servir ao Senhor no campo missionário!
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BIOGRAFIA Um dos nossos pioneiros entre os Pacaas Novos
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fundo da rede o meu sofrimento aumentava, ainda mais sem conhecer quase nada da língua indígena. Sentia falta de alguém com quem pudesse compartilhar minha dor, falasse a minha língua e orasse por nós. Numa tardezinha, Assis desejou tomar um chá de erva cidreira que ele havia visto logo que chegamos. Eu não sabia onde encontrar, e ele me pediu que fosse ao encontro dos índios e quem sabe poderiam me ajudar. Na minha comunicação deficiente nada consegui e retornei triste porque, embora tenha usado todos os sinônimos que conhecia, ninguém me entendeu. Meu marido suplicou que continuasse insistindo. Fui de novo, em vão, mas o caso se transformou num “zum zum zum” para se saber o que eu queria. A noite chegou e sentia o sofrer do meu querido. Ele tinha certeza que se levantaria tomando esse chá. Horas depois, avistei uma fileira de índios com sua luz à base de resina, chegando à nossa casa trazendo umas folhas da "íriva xanta" ( erva santa ). Deus usou uma das mulheres, que tendo estado num seringal, recordou-se de ter visto o maravilhoso chá. Foi tudo o que Deus preparou para levantar Seu servo. Alguém pode duvidar que erva cidreira sirva para cortar uma crise de malária, porém o Senhor usa o que Ele quer e havia motivos de sobra para agradecer a Ele e dizer aos queridos índios que estávamos alegres e era tudo o que podíamos falar em sua língua. Com o passar dos 11 anos, e podendo dominar um tanto da língua, Assis pode rascunhar a tradução de I Timóteo. A linguista retornou das férias e recebeu o rascunho como uma ajuda na tradução desse livro. Contra os seus planos, em 1975, Assis e eu fomos exercer outro ministério no Instituto Missionário Shekinah-MS preparando novos missionários. Foi nessa época que, após 13 anos de casados, Deus, respondendo às orações de uma índia, nossa querida Rosa, presenteou-nos com uma bênção especial. Nascia Gláucia, a nossa única filha. FOTO ARQUIVO MNTB
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o dia 04 de outubro de 1934, na cidade de Palestina (SP) nascia, na família de Francisco e Adélia, um menino que recebeu o nome de Assis, o segundo dos quatro filhos. A sua infância foi de sofrimento porque, além da pobreza, seus pais tinham sérios problemas de relacionamento. O pai não era salvo e sua mãe trabalhava muito para dar o mínimo aos filhos. Apesar do seu sofrer, todos os domingos ela levava os filhos à igreja. Atingindo a adolescência Assis conseguiu um bom emprego nas Casas Pernambucanas e ganhando dinheiro, passou a experimentar os prazeres do mundo. Gastava tudo o que recebia, mas no seu coração restava um temor a Deus. Nessa época o seu pai já era salvo e a vida no lar mudou para melhor. Muitas vezes desejou entrar na igreja durante os cultos, mas não tinha condições porque depois de fechar a loja, embriagava-se e sentia-se indigno de estar ali. Aos 22 anos, estando sóbrio, assistiu a uma reunião de oração e no final seu primo Henrique Hébeler pediu que ninguém se esquecesse das reuniões de oração que aconteciam às 6h30 da manhã, todos os dias. Assis, desse dia em diante, passou por uma mudança radical a tal ponto de participar de todos os trabalhos da igreja. Ainda queria mais: dedicar-se sem reserva de domínio e fazer a obra do Senhor entre os índios. Orava chorando e pedindo que o Senhor o aceitasse por Suas misericórdias.
Certo dia uma colega, Diva Bueno, entregou-lhe um folheto do Instituto Bíblico Peniel. Foi a resposta de Deus para ele e, em pouco tempo, lá estava se preparando para ir onde Deus quisesse. Em janeiro de 1959 iniciou o seu treinamento e em 1962, ao término do curso casou-se com Maria Eli, companheira que Deus escolheu para, ao seu lado, servir o Senhor onde Ele mandar. Permitam incluir-me nas experiências que passamos juntos daqui para frente, sendo que fiz parte desta trajetória. Aproximando-se o dia de partir para a tribo, sem a mínima condição financeira, o sonho se distanciava. Não havia promessa de sustento fixo e era, para nós, uma oportunidade para Deus operar. E aconteceu. Ele usou colegas missionários para levar-nos ao lugar desejado, Guajará-Mirim, no primeiro dia de janeiro de 1963 para trabalhar com o povo Pacaas Novos. Tempos difíceis nos aguardavam: muitas malárias, a perda do nenê, aprendizagem da língua, cuidar da saúde dos índios e tudo isso com pouco conhecimento do idioma. E, por falta de mais obreiros, não era possível a atuação de dois casais numa aldeia. Todavia Deus confirmava no nosso coração que era ali o lugar. Eu engravidei, mas nosso bebê não sobreviveu por causa de muitas malárias e, ao perder, fiquei tão fraca que só me levantei após uma semana. Assis, para me agradar, fez um bolo e sem saber que deveria esperar o tempo certo, retirou-o do forno e, entusiasmado com o sucesso, o levou para eu apreciar... Logo ele viu um bolo que jamais voltaria a crescer. Foi a sua primeira decepção na cozinha. Era a segunda vez que estávamos numa aldeia e a mais distante de todas. O colega nos deixou e lá ficamos sem saber o que iria acontecer, a não ser que Deus estava conosco. No retorno esse colega quase morreu com uma crise de malária e o índio, que viajava com ele foi forçado a aplicar-lhe uma injeção. Depois disso, Assis caiu com a sua primeira malária e aí Deus teve que enxugar minhas lágrimas; vendo-o no
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Rosa ainda vive e faz parte da história da nossa família e guarda com carinho uma fotografia dela. Testemunhamos isso quando lá estivemos em 2007.
Por força maior, em 1980, foi-nos solicitada a mudança para Goiás a fim de auxiliar Rinaldo de Mattos que era presidente da Missão Novas Tribos, que pouco tempo depois deixou o cargo e Assis assumiu o seu lugar. Durante 15 anos e meio ele atuou como
presidente da MNTB, residindo na cidade de Anápolis. Nesse tempo deu uma assistência como pastor à uma igreja na cidade. Em 1998, nova mudança e agora para S. Paulo como promotores de missões. Deus tem dado oportunidades para falar nas igrejas desafiando os crentes a fazerem parte de missões. Assis nunca perde o entusiasmo e não se cala quando se trata de falar de Jesus e Sua seara.
O passado e o presente com sua alegria, lutas, frustrações, não apagaram o amor pelos índios e desejo de estar com eles. Cada oportunidade de rever os irmãos indígenas e abraçálos, confirma que valeu a pena ter servido a Deus ali e faria tudo de novo, se fosse possível. Servir o Mestre, para Assis, é o maior dos investimentos nesta vida. Maria Eli de Oliveira e Silva, Missionária, Bacharel em Letras e esposa do biografado
EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA A perda de um amigo "Eu disse a Deus, o Senhor: Tu és o meu Deus tudo que tenho de bom vem de Ti. Como são admiráveis as pessoas que se dedicam a Deus! O meu prazer é estar na companhia delas.” Sl 16.2,3. Sentimos a grande importância das orações da igreja por nós missionários, por muitas vezes nos sentirmos incapazes de, sequer, darmos notícias devido tão grave situação que por vezes vivenciamos. É com bastante pesar que escrevo aos amados da Igreja do Senhor Jesus. Pesar pela trágica morte de meu ajudante de tradução José Mário Ixati. Fato terrível ocorrido no dia vinte e cinco do mês de abril. Não escrevi antes devido a impossibilidade emocional que fiquei ao perder tão precioso irmão. José Mário Ixati chegou à Aldeia de Macaúba no mesmo ano em que eu, 1983. Trouxe consigo um grande problema, pois havia se separado da esposa deixando-a para trás em outra aldeia com os seus cinco filhos. Ixati já havia sido morador desta aldeia quando pequeno, mas não foi bem aceito por algumas famílias que sempre o culpavam de jogar feitiços e por conseqüência causar mortes. A princípio era muito apático ao Evangelho e aos missionários. Mas graças ao poder transformador desse Evangelho foram ocorrendo mudanças em sua vida. Casou-se mais duas vezes, sua última esposa não era bem vista na aldeia, por haver quebrado as leis dos karaja, o que constituiu numa ofensa aos costumes o continuar tê-la como esposa. O ambiente em sua família era repleto de traição, engano, embriaguez, promiscuidade, a ponto de ver a filha precocemente engravidar e o enteado ameaçá-la de morte, tanto a ela quanto ao pai, Ixati. Os comentários e ameaças cooperavam para pressioná-lo cada vez mais até que novo episódio aconteceu, um de seus sobrinhos também quebrou as regras da festa de Aruanã fazendo as tensões aumentarem. Ixati foi pescar sendo esta a última vez que o viram com vida. Ficou desaparecido por três dias, vindo a flutuar somente seu esqueleto faltando uma das mãos e contendo um dos pés. Esta morte causou suspeita de haver sido realizada por algum feiticeiro ou desafeto. O fato é que estamos muito comovidos ainda e sobre os efeitos da grande perda que tivemos.
Amigo dos missionários. Sempre nos cultos nos fornecia subsídios: amparando na linguagem e na maneira mais precisa anunciar a Palavra. Auxiliava-nos a entender os mistérios das crenças antigas. Esclarecia segredos dos costumes e em como apresentar o Evangelho de maneira compreensível. Colocava-se ao nosso lado explicando aos karajá como era o agir dos crentes. Testemunhava sobre Deus até mesmo para os companheiros de bebida (segundo o relato deles após o ocorrido). Confiava e praticava o que lhe dizíamos ao aconselhá-lo. Tinha recaídas provocada pelos problemas, tensões familiares e étnicas. Segundo o conceituado linguista e tradutor do Novo testamento para essa etnia, David Fortune. “Ixati se tornou um dos melhores tradutores da Bíblia, entre os karaja”.
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Quem era José Mário para nós os missionários:
José Mário
Artigo escrito por Hilda Dias da Silveira Missionária entre a etnia Karajá
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Missão Novas Tribos do Brasil
Centros de Preparo Missionário Transcultural da Missão Novas Tribos do Brasil A Missão Novas Tribos oferece um preparo missionário completo que abrange aspectos importantes para uma boa capacitação de todos aqueles que desejam atuar em campos missionários transculturais. No Instituto Bíblico Peniel (MG), o aluno receberá uma excelente formação teológica direcionada por professores preparados e com experiência acadêmica. Além do preparo acadêmico, prezamos pelo discipulado diário como parte da formação do caráter cristão e missionário do obreiro, imprescindível no trabalho em equipe. No Instituto Missionário Shekinah (MS), a formação antropológica e lingüística associada a uma formação básica em alfabetização bilíngüe e primeiros socorros, é ministrada por professores igualmente experientes e consagrados a esse ministério. Shekinah, pela natureza de seu contexto geográfico e estrutural, oferece ainda uma ambientação muito próxima das realidades do campo missionário não alcançado, especialmente entre povos tribais, capacitando assim o novo missionário com as ferramentas que ele necessita para a sobrevivência e para a realização de um ministério efetivo.
Instituto Missionário
Shekinah Caixa Postal 05 CEP: 79140-000 Nova Alvorada do Sul - MS Fone: (67) 3456-1859 shekinah@mntb.org.br
Instituto Bíblico
Peniel Caixa Postal 29 CEP: 37590-000 Jacutinga - MG Fone: (35) 3443-3073 ibpeniel@ibpeniel.org.br www.ibpeniel.org.br
Venha fazer parte conosco desta obra tão importante!!!
Quer saber o que é fazer Missões ao Extremo? Você que é jovem ou você que ainda se sente jovem venha participar do
s n e v o J a r a p o i r á n issio
M o t n e m a Acamp
No Instituto Bíblico Peniel, em Jacutinga – MG Data: 10 a 12 de outubro de 2009. Valor: R$ 80,00 (30,00 no ato da inscrição e o restante no dia) Equipantes terão desconto. Maiores informações no site: www.ibpeniel.org.br ou pelo telefone: (35) 34433073 Vagas limitadas.
Um grande desafio espera por você!!!
Programa de Assistência Missionária " Amei minha experiência com o PAM."
CASO VOCÊ ESTEJA INTERESSADO, ENTRE EM CONTATO CONOSCO. PAM CAIXA POSTAL 1953 ANÁPOLIS, GO 75001-970 (62)3318-1234 pam@mntb.org.br
Um ministério da Missão Novas Tribos do Brasil O PAM é um projeto que visa dar apoio ao missionário no campo, com um foco na experiência do candidato. Um dos nossos alvos é despertar o seu conhecimento da obra de Deus entre os indígenas brasileiros, dando a você uma visão verdadeiramente transcultural sobre o Evangelho. Embarque nessa aventura e invista um mês conosco," sua vida nunca mais será a mesma! Aguardamos você em janeiro de 2010.