CONFINS DA TERRA Revista Transcultural da Missão Novas Tribos do Brasil Ano 45 nº 146 / JUL - SET 2011
Viagem pelas Tribos do Brasil
APINAJÉ
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Carta ao Leitor
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CONFINS DA TERRA
Uma triste constatação quanto à ação da igreja na obra missionária é a contínua morosidade com que esta questão tem sido tratada através dos
Redação ¼
séculos. Outros segmentos da sociedade conseguem avançar e alcançar
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rapidamente os seus alvos, mas a igreja do Senhor Jesus segue na sua
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lentidão como se tivesse ainda milênios para realizar o seu trabalho.
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para obedecer à ordem de Cristo; enquanto isso pessoas perecem sem salvação. Quanto à obra transcultural, o avanço é a passo de tartaruga,
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todavia, nunca tão poucos fizeram tanto, enquanto muitos ainda não
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como alguns deles se converteram. Você encontrará nesta revista
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diversas informações, motivos para o seu tempo de intercessão, e
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também curiosidades culturais. Grandes desafios do Brasil e do
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continente africano estão ainda a nossa frente, contudo algumas vitórias
Vanessa Titi Apinajé
foram já conquistadas; compartilhe isto com sua igreja e com outros irmãos que também amam esta obra. Escreva-nos expressando suas
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ATUALIDADE
Lei Muwaji Vitória para a vida
A D A OV R AP
Onésimo de Castro
D
epois de muitas batalhas travadas pelos defensores da vida, um raio de esperança brilhou para as crianças indígenas em situação de risco em diversas aldeias brasileiras. Isso porque, no primeiro dia de junho deste ano, foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1057/07, de autoria do Deputado Henrique Afonso (PV - Acre). A proposta de criação dessa lei tem como objetivo a proteção de crianças indígenas condenadas à morte ou a serem abandonadas por ter nascido com deficiência física ou mental, gêmeas, filhas de mãe solteira ou por outras razões determinadas pela tradição cultural de cada povo. Este projeto de lei ficou conhecido como LEI MUWAJI, em homenagem a uma mulher da etnia suruwahá que decidiu lutar a todo custo para manter viva sua filha que sofre de paralisia cerebral. Hoje Muwaji vive na "Casa das Nações", uma comunidade indígena multicultural mantida pela Organização Não Governamental, ATINI, no Distrito Federal, liderada por indígenas e missionários evangélicos. Segundo Márcia Suzuki, conselheira da ATINI, o primeiro rascunho do texto dessa Lei foi feito pelo líder indígena Eli Ticuna, diretor-adjunto da ATINI, que juntamente com outros indígenas presentes no plenário, comemorou dizendo: 'Realmente é uma grande vitória para o bem de nossos pequeninos!' Em nota, a Assessoria da Câmara dos Deputados afirma que o texto aprovado é o substitutivo da deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP) e acrescenta novos artigos ao Estatuto do
Índio (Lei 6.001/73). Essa lei prevê que o Estado deve desenvolver programas de conscientização e educação em direitos humanos nas comunidades indígenas, “quando forem verificadas, mediante estudos antropológicos, as seguintes práticas: infanticídio; atentado violento ao pudor ou estupro; maus tratos; agressões à integridade física e psíquica de crianças e seus genitores.” O texto ainda reafirma o respeito às práticas tradicionais, de acordo com as leis fundamentais da Constituição Federal e os tratados e convenções universais de direitos humanos. Embora muitos seguimentos acadêmicos e até mesmo governamentais tenham se posicionado contra esta Lei, a vontade dos próprios indígenas prevaleceu. Foram cerca de 04 anos de luta no Congresso Nacional e em Fóruns de discussão de Norte a Sul do País, levantando dados e a manifestação da vontade das comunidades envolvidas, face ao direito dessas crianças à vida bem como à integridade física e psicológica, prescrita pela nossa Carta Magna. Mesmo que o texto ainda tenha que tramitar pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e pelo Plenário para aprovação final, entendemos tratar-se de uma grande vitória em favor da vida e a coroação do esforço realizado por indígenas e não indígenas em favor desses pequeninos que acreditam nisso.
‘‘A proposta de criação dessa lei tem como objetivo a proteção de crianças indígenas condenadas à morte ou a serem abandonadas por ter nascido com deficiência física ou mental, gêmeas...’’
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Fonte: ATINI - VOZ PELA VIDA e Agência Câmara de Notícias
Continue orando para que esta lei seja aprovada nas outras comissões e pelo plenário da Câmara Federal.
Cisternas Secas
Foto: Arquivo MNTB
REFLEXÃO
Salmo 30:5 João 4:10-14
Mª Perpétua
Água é vida. Esta é uma expressão comum, que aparece em diversas campanhas publicitárias, especialmente nas que defendem a preservação do meio ambiente. De fato, a água é essencial para a vida. É difícil imaginar ao menos um dia de nossas vidas sem ela. Oceanos, mares, rios, córregos, minas, bicas e poços são alguns dos lugares onde a água pode ser encontrada. Na aldeia onde eu trabalho, temos uma cisterna que abastece as casas dos missionários. Uma cisterna é um poço que armazena água de chuva. Com o auxílio de uma bomba à gasolina, enchemos as caixas d'água e temos água para beber, cozinhar, tomar banho e, às vezes, até para lavar roupas. É uma bênção de Deus! Porém, diferente de uma fonte, numa cisterna não brota água. Quando temos chuva, temos água, mas quando as chuvas são escassas, as coisas ficam um pouco complicadas. Nosso poço nunca chegou a secar completamente, mas o nível da água fica bem baixo, a ponto de precisarmos encher as caixas d'água em dias alternados. Algumas vezes, optamos por tomar banho no rio para economizar a água que ainda temos. Em áreas onde a estiagem é mais severa do que na região em que moramos, cisternas como a nossa devem ficar totalmente secas. Imagino que deva ser decepcionante procurar água num lugar onde deveria haver e não encontrar nada. Um poço seco? Que situação contraditória, confusa! Se uma cisterna nesta situação pudesse sentir alguma coisa, talvez ela se sentiria envergonhada e profundamente entristecida por não conseguir cumprir a função para a qual foi projetada, por não satisfazer o pretendido com a sua existência. Algumas vezes em nossas vidas nos sentimos exatamente assim, como cisternas secas. Sentimo-nos vazios, sem nada a oferecer, quando deveríamos estar transbordando. Como cristãos, sabemos que somos o lugar aonde outras pessoas vêm em busca de saciar sua sede de Deus. Quando estamos
cheios nos sentimos satisfeitos em poder oferecer água viva, mas se nos sentimos vazios, fazemos de tudo para nem sermos notados. Afinal, de que outro modo se evitaria a tristeza de ver decepção, frustração, nos olhos do homem sedento, carente de Deus? Tenho aprendido algumas coisas que têm me ajudado a enfrentar períodos de seca intensa. São verdades às quais eu ainda preciso aprender a me apegar totalmente, mas eu estou caminhando para isso. A primeira verdade é que outras pessoas enfrentam as mesmas dificuldades que eu. Em épocas e lugares diferentes, por razões diferentes, pessoas passam por situações semelhantes às que eu passo. Claro que não é gostoso saber que outras pessoas enfrentam o mesmo tipo de angústia. O que há de reconfortante é saber que essas pessoas enfrentam e VENCEM o mesmo tipo de situação. A verdade é que, quando achamos que somos “os únicos”, temos mais dificuldade em abrir o coração, porque temos medo de ser julgado ou de causar escândalo no coração de irmãos queridos. Mas quando sentimos que somos “normais”, confiamos que encontraremos compreensão, compartilhamos o que sentimos e damos mais espaço para que Deus aplique o tratamento necessário. Outra verdade é que, pelo menos na região onde eu trabalho, os períodos de chuva são bem mais longos que os períodos de seca intensa. Infelizmente, alguns dos momentos difíceis da caminhada cristã parecem eternos. Graças a Deus, isso é apenas efeito ilusório. De acordo com a sua Palavra, o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã - ELA VEM PELA MANHÃ. Posso esperar - não vai falhar! A seca pode ser intensa, mas vai voltar a chover e eu vou voltar a servir como sempre servi. Uma verdade importantíssima: Deus está presente em todo o tempo e ele me dá o que eu preciso, mesmo em períodos de seca, mesmo quando eu estou em crise. A verdade é que, olhar para os problemas e adversidades, tirar os olhos de Deus, do Deus provedor, do Deus que trabalha em meu favor, pode levar a me sentir num deserto. Mas, ainda que eu me sinta árida, eu não estou. Isso porque, como filha de Deus, eu tenho dentro de mim uma fonte de água viva, um manancial que jorra continuamente. O que estou dizendo é que, em minha vida espiritual, os períodos de seca acontecem, mas eles não precisam acontecer. Olha, Jesus não
promete um filete de água viva, ele promete uma fonte eterna, uma fonte de águas que não para de jorrar! Mesmo quando eu não estou bem e não consigo armazenar a água da chuva (quando os meus problemas me fazem pensar que nem há chuvas para serem armazenadas), há água em mim - Deus está presente e pronto não apenas para saciar a minha própria sede, mas para me fazer transbordar novamente, oferecendo água a qualquer que a busque. Estou escrevendo coisas óbvias, não é? De fato, não há nada novo no que eu estou dizendo. No entanto, há situações em que as coisas mais óbvias são as mais difíceis de serem vistas e, em tempos de crise, elas são as que mais fazem falta. O que me conforta é que o Espírito Santo não se cansa de repetir as mesmas lições, com o mesmo amor e a mesma compreensão que teve da primeira vez. Quanto ao nosso poço lá na aldeia, alguém nos disse que podemos diminuir nosso problema de falta de água cavando alguns metros a mais, até que o poço alcance depósitos de águas mais profundas, que demoram mais a secar. Ele disse que pode ser bem trabalhoso e que pode haver alguns riscos, mas que a tentativa é válida. Isso me leva a uma última verdade sobre os períodos de seca. É possível diminuir os danos aprofundando o relacionamento com Deus. Buscá-lo mais e atentar um pouco mais para as coisas que ele quer dizer e mostrar, pode me tornar mais forte e mais preparada para enfrentar os momentos de crise. Não que as coisas sejam assim tão fáceis, especialmente quando a crise já se faz presente, mas é uma ação necessária e que promete resultados positivos. Enfrentar tempos difíceis dá trabalho, mas é bom saber que não estou sozinha. Assim como é preciso ajuda de várias pessoas para se aprofundar um poço, também é preciso ajuda para aprofundar um relacionamento com Deus. Sou grata ao Senhor porque seu Espírito Santo é um trabalhador competentíssimo e está sempre pronto para o trabalho árduo. Além disso, ele tem recrutado pessoas queridas, dispostas a ajudar na tarefa. Com a nossa cisterna lá da aldeia, eu não sei, mas em minha vida com Deus o resultado é garantido! Bem, vou parar de escrever agora, pois tenho trabalho a fazer – preciso voltar a cavar! Maria Perpétua da Silva, Missionária e consultora linguística da Missão Novas Tribos do Brasil, atua entre o povo Hixkaryana – AM. Confins da Terra
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Apinajé
Localização Os apinajé vivem às margens do rio Tocantins, TO, divisa com Pará e Maranhão. A cidade de Tocantinópolis é a mais próxima, está a 25 km de distância. População Entre as 21 aldeias vivem 2.037 indígenas aproximadamente, numa área de 144.000 hectares de terras demarcadas.
Tocantinópolis
Idioma A etnia é bilíngue, fala o português, mas com muita dificuldade. Guardam sua língua materna como 1ª língua e seu tronco lingüístico é o 'JÊ'.
Tocantins
Foto: Alexandre Conde
Foto: Alexandre Conde
Foto: Alexandre Conde
Habitação O padrão de casas é sempre de pau-apique, com cobertura de palha (folha de babaçu), a aldeia tem o formato de círculo por causa da forma do sol, onde existe um pátio no centro e uma casa para reuniões. Saúde Não existe saneamento básico ainda, mas há um projeto em andamento. A FUNASA está presente dentro das aldeias com um posto de saúde e uma enfermeira que trabalha de segunda à sexta; também há indígenas que são agentes de saúde. Os missionários ajudam nos primeiros socorros. Água Na maioria das aldeias há poço artesiano que abastece toda a aldeia. Alguns indígenas são contratados para trabalhar na manutenção.
Foto: Alexandre Conde
Foto: Alexandre Conde
Foto: Alexandre Conde
Subsistência Sobrevivem da caça, pesca, roça, coleta do coco babaçu, venda de artesanatos e também da aposentadoria de alguns.
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Alimentação A alimentação básica deste povo é o arroz, a mandioca, a caça e a pesca. Tem ainda abóbora, milho, fava, feijão e frutos da terra, bastante variedade. Outro fator importante é o chamado “Bolo Grande” (xwýhkupu), seria a mandioca ralada e colocada em cima da folha de bananeira, depois eles recheiam com carne de caça, bovina, peixe ou frango; enrolam e colocam para assar em brasas cobrindo em seguida com grande volume de terra. Após umas 6 horas enterrada, ficam prontas para o consumo.
O
sol e a lua andavam sozinhos na terra. O sol resolveu criar os seus filhos, para isso ele plantou a cabaça na roça e, através dela, criá-los. A lua também resolveu criar os seus filhos através da cabaça e semelhantemente plantou a cabaça na roça. Assim que as cabaças ficaram bem grandes, o sol e a lua colheram cada um a sua e as mergulharam nas águas do rio. Depois o sol e a lua marcaram um tempo para voltar e retirar os seus filhos da cabaça na água. Os apinajés foram criados pelo sol e pela lua à partir da cabaça. Todos os filhos que foram criados pelo sol eram bonitos, bem feitos e trabalhadores. Mas os filhos da lua não foram tão bons assim e nem eram bem feitos, pois todos os filhos da lua eram aleijados, feios e preguiçosos. A lua ficou com muita vergonha da sua criação. Os apinajés se multiplicaram e formaram uma grande aldeia na qual vivia um índio viúvo muito triste que sempre ficava sozinho e recuado dos outros da aldeia. Nada o animava, pois só ficava pensando na falecida esposa. Toda noite ele estendia sua esteira no quintal e ficava olhando para uma estrela muito bonita no céu, a mais brilhante que existia. Numa certa noite, ele estava deitado deixando de olhar apenas por alguns instantes; quando voltou a olhar, percebeu que aquela estrela tinha desaparecido, mas depois de alguns minutos
Foto: Arquivo MNTB
A lenda da criação do povo Apinajé
ela apareceu ao seu lado na forma de uma linda mulher. Depois de alguns minutos ela desapareceu. Na outra noite, quando a estrela veio, resolveu ficar com ele. O tempo foi passando e ninguém sabia que o índio viúvo estava casado com a estrela, pois ele a escondia dentro de uma enorme cabaça. Os apinajés não plantavam nada de cereais, como, arroz, mandioca, milho e batata. Um dia, a estrela convidou seu marido para um passeio na mata e foram até a cabeceira do rio. A estrela falou para o marido que iria ao céu e pediu que ele desgalhasse uma vara que envergasse. Então, a estrela subiu na vara e pediu que seu marido a envergasse e depois soltasse, pois com o impulso ela voltaria ao céu. Quando foi à tardinha, ela voltou com vários alimentos como: batata, bolo de massa de mandioca, milho, feijão, arroz e abóbora. Os apinajés só se alimentavam de pau podre e carne de caça seca ao sol. Esses cereais já existiam na terra, mas os índios não sabiam como usar, então a estrela os ensinou a comer todos esses alimentos. À partir daí todos os índios passaram a plantar suas próprias roças de cereais como milho, mandioca, batata e abóbora. Depois disso, ela retornou para o céu, para sempre. Coletada por Alessandra Conde
Meu nome é Elisabeth Mosti, tive o privilégio de nascer num lar cristão. Com 11 anos decidi ser missionária e aos 17 fui para o preparo missionário da Missão Novas Tribos do Brasil, em 1982. No final de 1984 iniciei meu ministério junto ao povo Apinajé – TO. Mesmo com tantas lutas, especialmente na área de saúde, não me arrependo de servir ao Senhor. Não deixei grandes marcas, mas vivenciei quase duas gerações na aldeia Mariazinha. Tive a oportunidade de conviver com as crianças na alfabetização, e mais tarde, treinar algumas destas para alfabetizar outros, inclusive dois são universitários. Meu alvo de alfabetizar na língua materna foi alcançado, pois vários jovens hoje leem a
Palavra de Deus (Novo Testamento) em apinajé. Foram 25 anos interrompidos por saídas para tratamento de saúde, mas sempre voltava para a aldeia. Atualmente estou servindo ao Senhor aqui na cidade de São Gonçalo do Sapucaí MG, cuidando de minha mãe. Louvo ao Senhor pelo grande privilégio de ser Sua filha e de servi-Lo na obra missionária. Nota da Redação. – Elisabeth trabalhou com dedicação com esta etnia, mas precisou sair para cuidar da saúde de sua mãe. Por isso a equipe de redação incluiu o seu testemunho nesta edição que focaliza o povo Apinajé.
Foto: Arquivo MNTB
Testemunho Missionário
Confins da Terra
Elisabeth Mosti
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VOZ DO ÍNDIO Foto: Alexandre Conde
Testemunho de conversão
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de nós podemos fazer, que ele veio para morrer no nosso lugar na cruz, para nos salvar do pecado. Então, eu e a minha esposa reconhecemos como pecador perdido e nos arrependemos de tudo que nós fazíamos de errado no passado e nos colocamos ao lado de Deus pela fé, no que Jesus fez no nosso lugar e nos tornamos filhos de Deus. Foi no dia 31 de dezembro de 2004. A nossa vida foi totalmente transformada, hoje, eu e a minha esposa e meus filhos somos felizes pela graça de Deus. O que Jesus fez por mim, nunca vou esquecer. Emílio Dias Professor de Língua Materna na Escola Indígena Tekator, aluno da Faculdade UFG, cursando Licenciatura Intercultural Indígena. OBS: Emílio também tem sido um bom ajudante no preparo das lições. Em algumas reuniões, tem ensinado para seu próprio povo acerca da Palavra de Deus.
O trabalho entre o povo Apinajé existe há mais de 40 anos, começando com uma missionária da 'SIL' , Patrícia Ham , que deixou o trabalho em 2.000, após a entrega do Novo Testamento. A equipe é composta por 06 pessoas, sendo dois casais e duas solteiras. Na aldeia Mariazinha trabalham: Pr. Alexandre e Alessandra Conde, Missionário Emerson e Daniela da Silva e Fátima Andrade; na aldeia São José a miss. Rita Mateus. Quanto aos matériais produzidos na língua materna: O Novo Testamento, tradução de Gênesis, porções do Velho Testamento, histórias bíblicas, dois livros de cânticos, uma gramática em andamento, um dicionário em andamento, livros de lendas, cartilhas de alfabetização e lições para o ensino bíblico. Evangelismo: Já podemos contar com 22 convertidos, temos cultos de oração às sextas-feiras e aos sábados e domingos, culto de ensino bíblico. Começamos agora uma nova fase de evangelismo onde temos feito reuniões em mais 2 aldeias: Girassol e São José. Nesta, a própria comunidade pediu nossa presença para ensinar a Palavra de Deus. Estamos também preparando dois indígenas para futuros líderes da igreja e tem sido muito gostoso ver o amor deles pela Palavra de Deus. Rita Mateus
Foto: Alexandre Conde
u, Emílio Dias Apinajé, sou casado, tenho 28 anos. O nome da minha esposa é Suely F. Almeida Apinajé. Temos 4 filhos. Vou contar como me coloquei ao lado de Deus. (Aceitar Jesus como Salvador). Sabemos que na nossa vida sem Deus, somos ninguém. Então, antes de eu conhecer Jesus como meu Salvador, a minha vida era um inferno. Fazia coisas desagradáveis que desagradavam a minha família. Às vezes eu e a minha mulher brigávamos por causa de traição, até nos separamos. A nossa vida era sempre assim, sem valor, sem explicação. Nada era importante. Mas quando eu e a minha esposa começamos de ouvir a mensagem de Deus, começamos entender o que era melhor para nós dois, na nossa vida. O primeiro livro que nós começamos de estudar foi o livro de Gênesis. Lá fala sobre o início da criação do mundo. Antes da criação do mundo já existia alguém, antes de tudo. O que eu não sabia, é quem era essa pessoa; mas, com a força de vontade de estudar na Palavra de Deus, conheci quem é essa pessoa - é nosso Deus de sempre, nosso Pai eterno. Outra mensagem que eu aprendi também através de Deus, é sobre o primeiro homem que Deus criou, que esse homem não foi confiante em Deus, por isso ele desobedeceu a Deus e perdeu a comunhão com Deus. E através desse homem que desobedeceu a Deus, veio a separação entre Deus e o homem, que é o pecado. O ser humano foi separado de Deus. E eu fui entendendo o que vai acontecer depois com a vida das pessoas. Mas, por outro lado, eu percebi que Deus tem amor e misericórdia com a gente. Deus prometeu enviar o Libertador para o mundo. Aquele que tem fé e crer Nele tem a salvação. Daí, eu e a minha esposa começamos a entender o que estava acontecendo com a nossa vida. A nossa vida estava nessa condição também, separados de Deus. O que Deus tinha prometido no Novo Testamento realmente ele veio – O Libertador. O seu nome é Jesus. Daí comecei ter fé em Deus, que Jesus não veio à toa para este mundo. Não veio só para fazer milagres, só para curar as pessoas, mas uma coisa importante que Jesus fez, que nem um
Presença Missionária
Confins da Terra
Alexandre, Alessandra, Rita, Emerson, Daniela e Fátima
Missão integral entre o povo Apinajé
Foto: Arquivo MNTB
ENTREVISTA
Emerson e Daniela Isac da Silva, missionários junto a etnia Apinajé no Estado do Tocantins. Introdução - Emerson Isac da Silva e Daniela M. Isac da Silva, cariocas, membros da Primeira Igreja Batista em Imperatriz – MA e Segunda Igreja Batista de Juiz de Fora – MG, respectivamente. Têm duas filhas, Sarah (14) e Nathália (11). Foram desafiados para a obra missionária indígena em 1994, pelo Pr. Luís Antônio da Rocha (Cói), missionário da MNTB entre os Yanomamis quando ainda eram namorados. Em 1995, já casados, iniciaram o treinamento da Missão Novas Tribos do Brasil e estão no ministério desde 2000. Há dois anos fazem parte da equipe missionária Apinajé. Confins da Terra – Vocês já se sentem bem adaptados à cultura indígena? CASAL - Este é um dos grandes desafios de um trabalho transcultural. Apesar de já termos trabalhado em outra etnia, o conhecimento da cultura Apinajé nos aproximará mais deles e nos ajudará a evitar erros que poderiam atrapalhar a propagação do evangelho. Estamos fazendo boas amizades, porém necessitamos da direção de Deus para entendermos e nos relacionarmos cada dia melhor observando os aspectos culturais. Confins da Terra – Qual é a maior dificuldade que enfrentam como família com filhos em idade escolar, para atender as necessidades do trabalho missionário? EMERSON -Nossas filhas em idade escolar realmente têm sido um desafio à parte, pois Daniela fica em Tocantinópolis com elas durante a semana, enquanto vou para a aldeia na terça e volto na quinta à noite. Na sextafeira à tarde, logo após o término da aula da Nathália, vamos para a aldeia e voltamos no domingo no fim da tarde. Aproveitamos também os feriados e as férias escolares para passarmos mais tempo com o povo. Sarah e
Nathália ainda enfrentam dificuldade de adap- da formação de uma igreja nativa entre este tação, pois sentem muitas saudades da aldeia povo? onde morávamos. EMERSON - Temos visto um maior interesse pela Palavra de Deus por parte de nossos Confins da Terra – Quais são as atividades irmãos. Sabemos, porém, que para o estabeque desenvolvem com os índios, juntamente lecimento de uma igreja ainda é necessário com a equipe? muito investimento na vida deles com ensino EMERSON – O trabalho em equipe é funda- da Palavra para que se fortaleçam, amaduremental, pois cada um tem sua função e impor- çam espiritualmente e com a direção do tância para realização do mesmo. Aos sába- Senhor, escolham entre eles os seus líderes. dos à noite e domingo pela manhã dou estudo bíblico na aldeia Mariazinha. Alexandre dá Confins da Terra – Podem nos contar uma estudo bíblico na aldeia Girassol aos sábados à experiência interessante que tiveram com os noite e domingo à noite na Mariazinha; Rita crentes Apinajé? se reúne para leitura das escrituras na aldeia DANIELA - Nosso último Natal foi um São José aos sábados e domingos a noite; tempo muito especial. Durante os cultos, conDaniela e Alessandra auxiliam nossa colega versamos sobre o que faríamos e juntando Fátima nos estudos bíblicos para as crianças, muitas ideias; ficou resolvido que todos ajudaaos sábados e domingos pela manhã. Fora dos riam no preparo de um almoço coletivo, horários dos cultos recebemos, em nossas então iniciamos a lista de materiais necessáricasas, irmãos para o discipulado. Toda a equi- os e cada um se comprometeu a dar algo e pe tem se envolvido na área de assistência convidar alguns de sua família para ouvir a social e alguns na área de educação; duas Palavra de Deus no culto que seria realizado vezes na semana, dou aula de informática antes do almoço. O salão ficou lotado e alguns como voluntário na escola da aldeia e Rita auxi- que nunca assistiram um culto, puderam ouvir lia na escola da aldeia São José. a Palavra de Deus pelos seus próprios parentes. Havia tanta comida que calculamos que Confins da Terra – Qual a receptividade dos mais de cem pessoas comeram e ainda indígenas em relação ao Evangelho? sobrou. Foi muito gostoso ouvir os testemuCASAL - Louvamos a Deus pelos missionári- nhos dos irmãos durante o culto e ver a união os que, ao longo dos anos, trabalharam aqui e do grupo pelos atuais colegas que foram usados por . Deus para abrir as portas para pregação do Confins da Terra – Querem expressar evangelho. A receptividade é maior entre as alguns pedidos de oração para os leitores crianças e os jovens, é menor entre os adultos intercederem por vocês? e idosos. Entendemos que à medida que os CASAL nossos irmãos Apinajé testemunharem a ? Por nossa família, sabedoria na adminismudança que Cristo fez em suas vidas, des- tração do tempo para o estudo da cultura e pertará em outras pessoas da comunidade o língua para melhor comunicarmos o interesse pelo evangelho. Evangelho. ? Por nossas filhas. Pelo sustento financeiro da nossa família. Confins da Terra – Quais são as perspectivas ? Confins da Terra
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Foto: Alessandra Conde
E
RELACIONAMENTO
stamos atuando entre o povo Apinajé desde o ano de 2000, temos visto e vivido uma experiência nova a cada dia. É interessante pensar que, quando estamos no seminário, muitas coisas passam por nossa cabeça, inclusive coisas que achamos ser as mais corretas para um bom contato com o povo, por quem pensamos e oramos. Fazendo uma reflexão das muitas coisas que aprendemos nos institutos, posso me lembrar de algumas lições que ficaram marcadas em minha mente e que me fazem permanecer neste propósito. Estudando sobre a matéria de Cultura no Instituto Missionário Shekinah, me recordo com muita alegria de uma frase que me desafia muito: “NUNCA PERCA DE VISTA SEUS OBJETIVOS E NEM DEIXE DE BUSCÁ-LOS COM PERSEVERANÇA”. Entre outras ainda, posso me lembrar de uma frase que me faz pensar no quanto eu preciso me desenvolver, que diz o seguinte: “O SUCESSO DE UM BOM MINISTÉRIO, ESTÁ CENTRALIZADO NUM BOM RELACIONAMENTO” . Pensando nisso, gostaria de compartilhar um pouco com vocês, caros leitores da revista “Confins da Terra”, sobre esse título acima. Tendo passado por todo treinamento da MNTB, me dediquei ao máximo para aprender o que me foi transmitido, e assim, quando chegasse em meu objetivo, tivesse a oportunidade de desenvolver na prática. Chegando aqui, entre o povo Apinajé, busquei logo os desafios da língua, para que pudesse melhor me comunicar com esta etnia, e assim entender sua cosmovisão. Os passos para tudo isso, estão centralizados no processo de aprendizagem de cultura e língua. Para cumprir nossos alvos, não podemos desprezar tudo aquilo que vimos e ouvimos nos treinamentos, pois são ferramentas importantes para o nosso progresso ministerial. Por outro lado, é importante também, estar preparado para situações complicadas, que muitas vezes nos surpreendem. Hoje em dia, tenho trabalhado mais com a preparação das lições bíblicas cronologicamente ( método que usamos para ensinar a Palavra de Deus) e análise gramatical, mas no início do nosso trabalho aqui, tínhamos que montar materiais de pesquisa, para conhecer esta língua e cultura, e assim, dia a dia, eram feitas visitas nas casas dos indígenas. Gostaria de chamar sua atenção neste momento, para uma pergunta que muito me incomodou logo no início, devido a uma experiência que passei. O QUE É RELACIONAMENTO ?
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Observando um pouco da cultura Apinajé, percebi que todas as tardes, os homens se reuniam debaixo de uma árvore para conversar. E assim, lá estava eu quase todos os dias com meu material de pesquisa nas mãos. Num dia, em minha casa, preparei um material de pesquisa e fui a campo para, mais uma vez, fazer as minhas tão famosas perguntas de cultura e língua. Olhei pela janela de minha casa, e lá estavam os homens reunidos para mais um dia de prosa. Saindo de casa todo animado e muito feliz, fui em direção a eles, e quando faltava uns 10 metros para chegar ao local, um deles que estava sentado fazendo um cesto, parou o que estava fazendo olhou bem para mim e disse: “VOCÊ VAI PERGUNTAR SOBRE O QUE HOJE? É TODO DIA A MESMA COISA”. Naquele momento meus irmãos, imaginem como me senti, a minha cara foi até ao chão de tanta vergonha, me senti muito mal, tentei falar alguma coisa para amenizar a situação , mas nada deu certo. Peguei meu material coloquei de lado e simplesmente sentei e fiquei ouvindo as conversas. Bem, o que aprendi com isso foi que, ter relacionamento é muito diferente de tratar alguém como fonte de pesquisa. Para mim, relacionamento, é fazer parte de sua vida em todos os momentos, é estar presente sem cobrar nada em troca, é fazê-lo parte de sua vida, é estar em sua companhia por puro prazer e alegria, é saber que o seu próximo é antes de tudo um ser humano. Com isso, mudei meu sistema de aprendizagem, e hoje, meu relacionamento com esta etnia tem sido muito favorável, a ponto de poder fazer parte de suas reuniões e decisões dentro da comunidade. E para você, como tem sido o seu relacionamento com aqueles que estão ao seu redor? Agradeço a Deus por tudo o que aprendi nos institutos. Sei que me valeram muito para chegar onde estou, mas é preciso buscar a direção de Deus, orar sempre, para achar caminhos que nos levem a sermos um dentro da comunidade e não simplesmente pesquisadores. Que Deus possa nos usar da melhor maneira possível em nosso ministério. Sejamos bênçãos nas mãos de Deus. Pr. Alexandre Conde, membro da MNTB Missionário membro da 1ª Igreja Batista de Rudge Ramos - São Bernardo do Campo- SP .
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Você
Como a cultura apinajé explica porque as árvores que eram baixas ficaram altas?
T
odas as árvores foram criadas pelo Sol. Todas as árvores eram baixas e não havia dificuldade para colher os frutos. Por sua vez, tudo que a Lua criava era ruim ou defeituoso. Um dia, a Lua viu as fezes do Sol e as achou muito bonitas, pois eram bem amarelas. Ela perguntou ao Sol o que ele comia para obter aquela cor. O Sol mentiu dizendo que era por causa da flor de Ipê. A Lua comeu muitas flores e nada aconteceu. Então resolveu seguir o Sol para ver de que ele se alimentava e descobriu que o lindo tom amarelo se devia aos buritis (fruta natural da Região Norte). Percebendo que a Lua o observava, ele deixou no pé somente os frutos que não estavam maduros. Com muita inveja e raiva do Sol, a Lua pegou o caroço de buriti e bateu no buritizeiro, ordenando que todas as árvores ficassem altas. Assim conta a história Apinajé. Transcrita por Emerson Isac da Silva
PEQUENO LEITOR
Leve o pequeno apinajé para a sua aldeia
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Notícias dos TRIBO KAXUYANA - PA
TRIBO JAMAMADI - AC Equipe missionária: Carlos Eduardo e Deleuza Morales; Márcio e Francineve Pimentel. Após três meses de preciosos momentos com familiares, amigos e igrejas, a família Pimentel está, a todo vapor, de volta ao trabalho entre o povo jamamadi. Concluir a casa na aldeia, alfabetizar adultos, terminar a análise cultural, preparar lições bíblicas e ensiná-las, são alvos para este ano. Vamos juntos louvar ao nosso Deus e interceder por esta família.
Equipe missionária
Equipe missionária: Harley e Janete Torres; Phillip Schuring; Raimundo e Valdinéia Siqueira. Enquanto precisam apoiar a filha Beatriz no tratamento da sua visão, Raimundo e Néia estão atuando na sede da MNTB em Anápolis, GO, e também reservando alguns dias do ano para dar apoio aos seus colegas de equipe nos grandes desafios do trabalho kaxuyana no Pará. Vejam alguns dos desafios: desenvolver relacionamentos, progredir no aprendizado da língua, conhecer a cultura, organizar a gramática e ainda atuar na área social. Ore por estes desafios!
TRIBO HIXKARYANA - AM Equipe missionária: Izaquiel e Marília Melgarejo; Maria Perpétua da Silva. Vejam que boas notícias desta equipe! Acabamos de receber uma carta da Maria nos contando que ainda está em Limeira, SP. Ela tem o coração cheio de louvor a Deus pela maneira como tem providenciado vidas preciosas para apoiá-la neste tempo cuidando da sua saúde, nas oportunidades com parentes, amigos e igrejas. Outra notícia animadora foi saber que os crentes da igreja Hixkariana têm pedido a impressão de mais uma edição do Novo Testamento na sua língua. Há poucos dias um grupo de irmãos aceitou este desafio e fará a terceira impressão do Novo Testamento Hixkaryana . Izaquiel e Marília ficarão muito gratos com seu suporte em oração, pois estão sozinhos na aldeia, carecendo de forças e sabedoria!
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Equipe missionária: Cesar e Cíntia Ratier; Edina Prado; Vaniza Lopes. Esta é a época do ano que as chuvas são constantes nesta região, aumentando o índice de doenças na aldeia. Alguns homens fazem uso de bebida alcoólica causando transtornos na comunidade. O Projeto de Alfabetização na língua materna precisa ser aceito pelo povo e visto como algo bom para suas vidas. Vamos interceder por este povo!
TRIBO KULINA - AM Equipe missionária: Jeffrey e Adriana Howe; Joaquim e Elisenaide Stolting; Andreas e Angelika Totz. Eliana é uma kulina, irmã em Cristo, que tem ajudado a equipe de missionários na tradução da Palavra de Deus para seu povo. Enquanto isso, Bira, outro irmão kulina, está no seu segundo ano estudando no Instituto Bíblico Peniel, MG, preparando-se para servir ao Senhor. Vamos interceder pelas vidas interessadas em ouvir os estudos da Palavra de Deus entre este povo.
Foto: Mª Perpétua
Foto: Arquivo MNTB
TRIBO MAMAIDÊ - MT
Índia Hixkaryana lendo a Bíblia
TRIBO GAVIÃO - RO Equipe missionária: Adilton e Vilma Campos; Donald e Dalvani Austin; Shogi e Eula Wakahara; Valmir e Ana Lourdes Ferreira. São tantos desafios! Quanta alegria e gratidão ao Senhor! Não podemos deixar de contar como Deus tem agido no meio deste povo: a Igreja continua expandindo; conversões, batismos e reconciliações, resultaram na necessidade de mais um templo; 15 alunos adultos participam da turma de alfabetização na língua gavião. A liderança da Igreja gavião decidiu fazer uma escala para trabalharem junto com o missionário Adilton de segunda a sexta pela manhã e algumas tardes, para acelerar a revisão e tradução da Palavra de Deus. Continuem sustentando estas vidas em oração!
Foto: José Rodrigues
TRIBO ASHENINKA - AC
Equipe missionária: Bradley e Rebecca Howe; José Rodrigues e Suelaine Souza; Kristopher e Mary Jane Howe.
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Campos
Marechal Taumaturgo, uma pequena cidade do Acre, é o local onde José e Suelaine, com seus filhos, Emanuel e Tsidkenu, residem para que os meninos possam estudar e ao mesmo tempo os pais darem continuidade no grande desafio de alcançar o povo Asheninka. José Rodrigues nos contou das boas oportunidades durante sua viagens com alguns amigos asheninka em visita ao Pr.Tito e sua família, indígenas da tribo Shipibo do Peru, crentes firmes na Palavra. Eles relataram também que as cartilhas de alfabetização continuam em preparação para que o povo estude na sua própria língua. Não se esqueçam de apresentar este povo e esta equipe de missionários diante do trono da graça!
TRIBO KAXUYANA – PA ? Pelo tratamento da Beatriz e para que Deus, de
acordo com Sua vontade, mantenha a sua visão; ? Por suprimento para os projetos a serem desenvolvidos na aldeia; ? Por Harley, Janete e Filipe que estão na aldeia; ? Sabedoria do Senhor nas decisões futuras que a equipe precisa tomar. TRIBO HIXKARYANA –AM ? Forças e sabedoria para Izaquiel e Marília que
estão sozinhos na aldeia; ? Louvor a Deus pelas vidas que têm dado todo
apoio para Maria no seu tempo em Limeira; ? Louvor a Deus pela providência de mais uma
impressão do Novo Testamento em Hixkaryana através de um grupo de irmãos; ? Interceder o cuidado de Deus em todo o material impresso para que chegue em perfeitas condições até a aldeia, a despeito da longa viagem. TRIBO JAMAMADI - AC ? Suprimento para concluir a casa na aldeia; ? Sabedoria na preparação do curso de
Alfabetização de adultos; ? Conclusão da análise cultural; ? Dependência de Deus no preparo das lições
bíblicas; ? Sabedoria ao dar o ensino bíblico ao povo. TRIBO MAMAIDÊ-MT ? Interceder para que o povo entenda as
verdades da Palavra de Deus; ? Sabedoria para César e Cíntia no seu tempo de
divulgação; ? Para que o povo entenda a importância da alfabetização na própria língua; ? Forças para a equipe se desenvolver cada vez mais no aprendizado da língua e cultura. TRIBO KULINA – TO ? Louvar a Deus pela vida da Eliana, uma Kulina
irmã em Cristo, que tem sido de grande ajuda; ? Sabedoria na preparação das lições bíblicas; ? Que o Senhor prepare os corações de todos
que participarão dos estudos; TRIBO GAVIÃO-RO ? Orar por saúde e sabedoria de toda equipe; ? Louvar ao Senhor pelas vidas que têm
entendido Sua Palavra e desejado traduzir a Bíblia para aprender mais do Senhor; ? Discernimento para toda equipe administrar o tempo em meio às muitas atividades; ? Sabedoria para a liderança da Igreja Gavião; ? Agradecer a Deus por todos que estão animados ajudando na tradução da Bíblia. TRIBO ASHENINKA – TO ? Louvor a Deus pelas oportunidades que os
missionários têm de aprender com o povo; ? Sabedoria no preparo do material de alfabetiza-
ção na língua asheninka; ? Proteção de Deus nas viagens pelos rios; ? Para que toda equipe missionária aprenda, cada
vez mais, a língua e a cultura deste povo.
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Missionária Clemilda Neves: Suplicar a Deus por sabedoria para a
liderança da Igreja moçambicana; Interceder pelo suprimento de
pessoas para ensinarem a Bíblia para os líderes da Igreja moçambicana; Sabedoria para Clemilda no ensino da
Bíblia para crianças. Senegal Jefferson e Joana Cordeiro Sabedoria de Deus para traçar estratégias em como alcançar o povo manjack com o ensino da Palavra de Deus e na formação de uma Igreja forte; Pelo curso de Enfermagem que Joana está fazendo e que ela tenha sabedoria nas oportunidades com seus colegas;
SAÚDE Missionária Vasti de Senna: Está programada para o dia 16 de setembro próximo, a cirurgia de catarata da nossa irmã Vasti. Para ela que já tem várias complicações, a cirurgia será muito delicada. Vamos juntos clamar ao Senhor por esta vida! Missionário Barney Ferreira: O missionário Barney junto com sua família tem vivido um período difícil em relação a saúde do Barney, mas estão experimentando a graça do nosso Deus. Será realizado um procedimento para retirada de amostra do fígado para a realização de uma biópsia. Vamos acompanhá-los com nossas orações, com nosso apoio! Missionário Marcelo Pedro: Todos devem estar lembrados que nosso irmão Marcelo Pedro foi submetido a um transplante de medula no ano passado. Vamos lembrar desta vida que ainda tem lutado com sua saúde.
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Foto: Arquivo MNTB
Moçambique
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CONTINENTE AFRICANO
Clemilda ensinado a Bíblia para Crianças e adolescentes
MOÇAMBIQUE Equipe missionária: Rafael e Isabel Mapa; Clemilda; Rubenita; Fernando. Clemilda continua muito animada no seu trabalho com crianças e nos contou da oportunidade de participar do curso de capacitação para a liderança em Namapa. Rubenita agradece ao Senhor pelo seu casamento com Arnie que aconteceu dia 16/07. Fernando agradece todo seu apoio intercedendo por sua adaptação e seu desenvolvimento no estudo da língua e da cultura africana.
SENEGAL Equipe missionária: Jefferson e Joana Cordeiro
Confins da Terra
Jefferson e Joana Cordeiro estão servindo ao Senhor em Dakar, no Senegal, desde março/2008. Atualmente Joana cursa a Escola de Enfermagem Nacional e Jefferson trabalha na administração da organização Novas Tribos. Eles receberam um presente muito especial: seu Pastor e o líder de Missões da sua igreja no Brasil foram visitá-los, demonstrando o cuidado carinhoso da igreja por esta família missionária. Alcançar o povo manjack é o grande desejo deles e também um grande desafio, pois este povo está distribuído em três países: Guine-Bissau, Senegal e Gambia.
TRABALHOS DE BASE São 58 anos que a Missão Novas Tribos do Brasil, atua com os povos indígenas, no Brasil e mais recentemente com alguns povos no Continente Africano. O grande desafio de alcançar vidas precisa ser realizado com toda preparação. Para isto faz-se necessário uma forte estrutura. Este suporte é realizado por uma grande equipe de missionários, distribuídos em bases de apoio em diversas cidades do Brasil oferecendo variados tipos de suporte como: logístico, representação junto aos órgãos governamentais, consultorias cultural, linguística e plantação de igreja, hospedagem, promoção de missões, divulgação, escolas de treinamento entre outros. Cada um dos missionários que faz parte desta equipe agradece a Deus pelo seu apoio em oração.
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Missão Novas Tribos do Brasil Há 58 anos levando o Evangelho aos indígenas brasileiros