CONFINS DA TERRA
Revista Transcultural da Missão Novas Tribos do Brasil Ano 46 nº 151 / OUT - DEZ 2012
Viagem pelas Tribos do Brasil
Yanomami Entrevista: Miss. Luiz Antônio (Coy)
Link Jovem Notícias do Xtreme 2012
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MISSÃO NOVAS TRIBOS DO BRASIL
Uma associação missionária de fé, fundamental em sua doutrina e de caráter indenominacional, formada de crentes dedicados à evangelização dos povos indígenas. SEDE GERAL CAIXA POSTAL, 1953 75040-970 Anápolis - GO Telefone: (62)3318-1234 Fax:(62) 3318-2000 mntb@mntb.org.br www.novastribosdobrasil.org.br PRESIDENTE Miss. Edward G. da Luz POLÍTICA FINANCEIRA DA MISSÃO Os obreiros que servem com a Missão Novas Tribos do Brasil não recebem sustento da Missão, pois a mesma não tem recursos próprios nem é subsidiada por uma igreja ou denominação. Os missionários são sustentados por suas igrejas ou por ofertas voluntárias individuais. COMO CONTRIBUIR Depósito ou Transferência Bancária Enviar sua contribuição em nome de "Missão Novas Tribos do Brasil” Bradesco S/A, agência 240-2 Conta Corrente nº 30.814-5 Boleto Bancário www.novastribosdobrasil.org.br IMPORTANTÍSSIMO: Sempre avisar-nos, por meio de uma das opções abaixo, quem está dando a oferta, a quem ela se destina, o valor e a data da remessa. Telefone: (62) 3318-1234 Fax: (62) 3318-2000 Correio: Caixa Postal 1953 75040-970 - Anápolis, GO tesouraria@mntb.org.br
Confins da Terra Setembro de 2012 - Edição nº 150
Carta ao Leitor
Redação Caixa Postal 1953 75040-970 Anápolis, GO Telefone: (62) 3318-1234 Fax:(62) 3318-2000 divulgacao@mntb.org.br
Querido leitor,
Conselho Editorial e Revisão Missª. Adauta Eger Missª. Diva Cunha Miss. Jadir Siqueira Missª. Sara Cambuy
Sua companhia no decorrer de 2012 justificou a existência e continuidade de nossa revista. Seu interesse pelas informações do campo missionário nos motivou a melhorar cada vez mais. Suas sugestões e opiniões contribuem para que os artigos atendam as suas expectativas e continuemos lado a lado em 2013.
Assinaturas Jozy Rafael revista@mntb.org.br
A proximidade de mais um final de ano sempre é um período apropriado para refletirmos sobre o que já foi realizado e
Programação Visual Raimundo Siqueira arteevisual@mntb.org.br
visualizarmos os desafios do que ainda precisa ser alcançado. Sabedores de que nada do que foi feito, o fizemos sozinhos e conscientes de que o que resta por fazer é uma tarefa grandiosa,
Capa Crianças Yanomami
continuamos contando com suas orações, interatividade e contribuições com a obra missionária transcultural.
Impressão Poligráfica - Aparecida de Goiânia - (62) 3280-2000
Neste final de ano, agradecemos a todos os nossos leitores, amigos e intercessores da obra missionária transcultural, desejando-
Distribuição Missão Novas Tribos do Brasil
lhes um Feliz Natal, e um Ano Novo abençoado. Aguardamos um 2013 com uma conexão e um relacionamento
Não é permitida a reprodução total ou parcial dos artigos sem a autorização expressa e por escrito dos editores.
ainda melhor do que tivemos em 2012. Juntos vamos levar o bendito Evangelho até os Confins da Terra.
A Revista Confins da terra é destinada a fortalecer a visão missionária da igreja brasileira em prol do avanço do Evangelho entre povos indígenas e nativos em outros paises.
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Nesta Edição
A Equipe Redatora
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Atualidade Entrevista Capacitar 2012
9 Reflexão
Qual glória Luiz Antônio da nós amamos? Rocha
11 Tribo Yanomami
13 A Voz do Indígena
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Crianças yanomami
Notícias dos Campos
Biografia Tony e Mary Poulson
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Atualidade
Neste ano, tive a satisfação de participar do CAPACITAR 2012, realizado no mês de agosto em Brasília – DF pelo Instituto Antropos de Pesquisa Sociocultural sob a coordenação do missionário Ronaldo Lidório. Lá pude adquirir novas ferramentas, 'afiar' outras e, principalmente, ajustar o foco da visão de alcançar os povos com o Evangelho de Jesus Cristo. O CAPACITAR objetiva conscientizar os obreiros da necessidade de uma pregação kerygmática (inteligível e culturalmente compreensível) e oferecer as ferramentas necessárias para que isso aconteça evitando, assim, o nominalismo e o sincretismo. Para isso, o Capacitar opera como treinamento missionário complementar trabalhando com a Antropologia (Método Antropos de Análise Cultural com ênfase na interculturalidade), Missiologia (Plantio de Igrejas) e Linguística (Aquisição de Língua). Estas matérias são complementadas pelas capacitações antropológicas e missiológicas, o curso de pósgraduação lato sensu em antropologia intercultural e os cursos online coordenados pelo missionário Ronaldo Lidório. É maravilhoso ver o Senhor abrindo portas para que Seus ceifeiros tenham mais ferramentas em mãos a fim de trabalharem com diligência e precisão. Durante os dias de curso, fui tomado por admiração ao observar dois aspectos que fazem deste um diferencial nos nossos dias. Em primeiro lugar é o ardor missionário explícito na vida e nas palavras de cada um dos professores. Isso me fez ver o desinteresse de simplesmente se apegar ao novo, ou mais uma técnica, ou ainda a busca do reconhecimento humano, mas, tão somente, o anseio de buscar maneiras apropriadas de proceder em relação ao vasto mundo do outro. Conciliando as experiências, boas ou ruins, à ciência aplicada.
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Foto: Kleber Serra (facebook)
CAPACITAR 2012
Kléber (centro) no grupo de estudo E o segundo é como, fundamentalmente, todo curso está estruturado em princípios bíblicos. Trazendo a memória a metodologia paulina de plantio de igrejas e os ensinamentos de Jesus para balizar a metodologia contemporânea de pregação do Evangelho e plantio de igrejas, fazendo com que a ciência, antropológica ou linguística, seja serva dos princípios eternos ensinados nas Escrituras. E isso é fascinante! Observar estes aspectos me fez louvar ao Senhor, pois Ele é o Autor deste renovo vivido pela Obra Missionária Brasileira. Estas características, a meu ver, tornam o CAPACITAR digno de aceitação e merecedor do nosso respeito e admiração. Sem dúvidas, o CAPACITAR abençoará grandemente a Obra Missionária Brasileira e colherá dos povos o seu dividendo. Kléber Serra Profº e líder do CTM Shekinah em Vianópolis, GO
Deus atuou grandemente durante o tempo de acampamento no Instituto Bíblico Peniel usando a vida de alunos e líderes para divulgação da obra missionária. Foram mais de 200 jovens de vários lugares do Brasil e 30 decisões por missões.
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Foto: Dulcinéia Sampaio
que mais me chamou atenção foi a maneira como fui recebida em Peniel para o acampamento Xtreme. Percebi que tudo est ava bem organizado para me receber e os alunos demonstraram alegria e me deixaram à vontade. Foi um tempo de fazer novas amizades e principalmente para que eu refletisse sobre minha vida com Deus e os povos não alcançados. Percebi que eu não dou tanto valor à Bíblia e preciso ter mais compromisso com o Senhor. Temos tanta liberdade para falar do amor de Deus às pessoas e, infelizmente, não aproveitamos. Há muitos povos que não têm um versículo da Bíblia e temos Bíblias de várias versões e de estudos. Estava no meu mundo, só vendo minhas necessidades e das pessoas bem próximas. Meu desejo é me envolver mais nessa obra grandiosa e desafiar os jovens da minha igreja a participarem desse acampamento. Foi um grande desafio para minha vida.
Rebecca Borges Guarulhos – SP
D
epois de ouvir, por muitos anos, mensagens sobre missões, decidi consagrar minha vida para a obra missionária. A partir daí, missões ficou em meu coração. Meus olhos brilhavam quando ouvia sobre o trabalho missionário e a necessidade nos campos, porém fazia planos para minha carreira profissional. Vim a Peniel, no Xtreme, em 2011 e as mensagens falaram muito ao meu coração, atendendo também minhas necessidades. Muitos empecilhos aconteceram para que eu não ingressasse em Peniel, inclusive minhas lutas e dúvidas e o fato de morar só com minha mãe, mas segundo o que meditei na Palavra de Deus em Filipenses 4 é Deus quem efetua o seu querer. Senti novamente o desafio do Senhor, então devia obedecer. Continuei meditando na Palavra e considerando a possibilidade de me preparar melhor em Peniel. Neste ano (2012) várias situações aconteceram quanto à saúde: quebrei o pé, fiz uma cirurgia do estômago. No entanto, sabia que Deus me queria como luz para as nações e Ele ia me conduzir e suprir todas as minhas necessidades. Fiz algumas viagens missionárias e decidi participar do Xtreme em Peniel. Nesse tempo de acampamento, ouvindo as mensagens e desafios, senti a confirmação de Deus para que me entregue totalmente para missões. Uma das palavras que mais tocou meu coração foi a do missionário Assis Militão, de obedecer ao Senhor e permanecer firme naquilo que Ele deseja para nossas vidas, pois muitos padecem porque não conhecem a verdade.O Acampamento Xtreme foi como uma alavanca que me impulsionou pa r a missõ es e fo r t a l e c e u m e u coração.
Foto: Dulcinéia Sampaio
Acampamento Missões Xtreme 2012
Foto: Dulcinéia Sampaio
Link Jovem
Diego Altobele Manaus – AM 4º Tri/2012
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Entrevista
Luiz Antônio da Rocha ( Coy)
33 anos de doação Por volta dos anos 70, ocasião em que cursava o Instituto Bíblico Peniel da MNTB, Luiz Antônio da Rocha recebeu um novo nome. Sendo ele grande admirador do escritor e conselheiro cristão, Larry Coy, seus colegas não perderam tempo e há 38 anos é chamado de Coy. Hoje com seus 58 anos, este carioca, junto com sua esposa Míriam, já teve o privilégio de gastar 33 anos dedicando sua vida ao Senhor entre o povo yanomami na aldeia Marari. Deus os abençoou com três filhos: Telma, Tânia e Elden. Com muito prazer a CT traz até você este grande desafio de vida na entrevista a seguir. Em que ano chegou à aldeia e qual a realidade do povo yanomami naquela época comparada a de hoje? Míriam e eu chegamos aqui no início de 79, recémcasados. Começamos nosso ministério com o povo yanomami no Posto Toototobi, falantes do dialeto Xiriana. No fim daquele ano viemos para o Posto
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Marari, do dialeto Xamatali, para suprir uma necessidade por um mês e aqui estamos até hoje. Naquela época o povo era bem mais primitivo e seminômade. Viviam a maior parte do tempo na mata e pouco tempo na maloca onde podiam trabalhar nas suas roças. Eram bem rudes e com pouca higiene. Havia um grupo de aproximadamente 200 pessoas. A aldeia Marari está distante da base Boa Vista, RR, 02h10min de voo. Sabemos que a distância dos filhos e de tantos queridos faz parte do seu dia a dia. O que o motiva a permanecer num trabalho como este? De fato estamos bem isolados, o que é bom por um lado, mas por outro dificulta nossa saída com mais frequência e o contato com nossos filhos. Desde que sentimos a direção do Senhor para virmos até aqui, minha maior motivação está em servi-Lo e em saber que somente pela mensagem de Jesus Cristo é que este povo terá a salvação eterna e também a oportunidade de saber que este Jesus é Maravilhoso, Príncipe da Paz e que Ele faz a diferença na vida das pessoas.
Quando se fala em povo yanomami, há um consenso geral quanto a sua bravura. Isto é mito ou realidade? Conte-nos um pouco sobre o porquê dessa fama. De fato não é um mito. Em especial, os yanomami do dialeto Xamatali são conhecidos por roubar mulheres de outras aldeias e consequentemente por suas lutas. São também conhecidos por suas lutas internas, muitas das quais presenciei e como resultado tive que fazer suturas e curativos. Mas é também um grupo alegre que gosta de uma boa conversa e sabe sorrir com vontade. Você lembra algum momento que sentiu muito medo? Como foi? Já passei por algumas situações difíceis de ter um certo medo, mas nada de muito grave. Certa vez, um rapaz yanomami me bateu com a lâmina do facão. Isto se deu porque ele tinha entrado com outro indígena na casa de um colega missionário e pegaram pertences. Um jovem, líder da aldeia, me convenceu a ir até ele e tirar o que haviam roubado da casa do colega. Ele ficou com raiva e envergonhado me atacou; o líder quase bateu nele e desencadeou uma briga, mas eu pedi para que parassem. No fim, parte da mercadoria foi devolvida. Coisas deste tipo só nos fortalecem. Com certeza, você e sua família experimentaram lutas e vitórias ao longo desses anos. Pode nos contar uma das grandes alegrias que experimentou? Sim, nossa vida sempre foi de lutas, mas também cercada de graça e alegrias. Após anos aprendendo a língua yanomami e depois de ensinar a Palavra de Deus por um bom tempo, quando surgiram os primeiros crentes e os mesmos foram batizados, foi um tempo de muita alegria. Ao pensarmos em algum trabalho missionário, logo vem à nossa mente a formação de uma igreja. Como tem sido este processo aí na aldeia Marari? Este processo tem sido bem lento. A formação da Igreja entre povos indígenas requer bastante tempo. Com o entendimento do Evangelho da Cruz, dia após dia um bom grupo está crescendo e testemunhando. Juntamente com a equipe de missionários, vocês têm desenvolvido um belo projeto na área da
educação. Gostaríamos de saber qual o objetivo desse projeto? Quantas vidas estão sendo beneficiadas? Para quem tiver interesse em participar deste projeto, como deve proceder? No passado, devido a prática do nomadismo, a alfabetização na língua materna era um processo demorado, mas ainda assim, vários yanomamis foram alfabetizados. Com a nova geração, surge também uma nova liderança interessada numa educação de qualidade. Juntos, sentamos e conversamos sobre a necessidade de um novo planejamento investindo tempo nos estudos. Eles aceitaram o desafio e logo começaram a perceber a diferença no aprendizado dos filhos: as crianças terminam a alfabetização mais cedo e podem aprender muitos outros aspectos. São mais de oitenta crianças estudando com o apoio da comunidade. A capacitação para os professores é algo necessário e urgente que requer suporte financeiro enquanto estiverem se preparando na cidade.
Poderia citar alguns alvos da equipe para 2013?
? Trabalhar mais na tradução; ? Fortalecimento dos crentes através do discipulado;
? Avançar na formação
dos professores e consequentemente melhorar o ensino na escola;
? Fazer a reforma de uma das casas dos missionários. Você e Míriam têm investido suas vidas há 33 anos num trabalho transcultural; que desafio(s) pode deixar a cada leitor? Amados, o que Paulo nos diz em I Cor 15:58 “Portanto meus irmãos sejam firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que nele o trabalho de vocês não é vão.” Vocês e nós, juntos, podemos continuar este processo de mudança através da Palavra de Deus. Paulo também disse: “Lembrem-se: aquele que semeia pouco, também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura, também colherá fartamente.” 2 Cor. 9:6.
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Reflexão PR. JADIR SIQUEIRA
Qual Glória nós amamos? "É incrível como vamo-nos tornando muito parecidos com aquilo que amamos". João, no seu Evangelho {12:42,43}, ao falar dos que creram em Cristo inclui, entre eles, muitos dentre as próprias autoridades judaicas. Pessoas nobres, que ao ouvirem o ensino de Cristo foram convencidas e convertidas, mas por temerem ser expulsos da sinagoga e amarem a glória humana, não confessaram a Cristo diante dos homens e tampouco glorificaram a Deus. Focado neste tema: Glória de Deus ou Glória dos Homens, voltei-me para o livro do profeta Jeremias {9:23,24}, palavras santas do Senhor, sobre o que deve o homem se gloriar. O texto inicia-se discorrendo sobre a glória dos homens e apresenta motivos terrenos para o homem se gloriar: Sabedoria humana – Força física e Riquezas deste mundo. Sem dúvida uma tríade por demais tentadora, na qual tropeçam muitos dos mortais. A advertência divina é que: O sábio não se glorie na sua sabedoria, como o fez o grande Salomão, e no final da sua vida concluiu que correr atrás da sabedoria é correr atrás do vento, é pura vaidade e o resultado é muito enfado e profunda tristeza {Eclesiastes 1.17,18}. Nem o rico se glorie nas suas riquezas, pois assim o fez Salomão, o homem mais rico sobre a terra, pois amontoou prata e ouro, tesouros de reis e de terras distantes; ajuntou bens, comprou e construiu tudo o que desejou o seu coração, todavia viu que tudo isso era vaidade e nenhum proveito havia {Eclesiastes 2.811}. Que o forte não se glorie na sua força como o fez Sansão e pereceu nas mãos dos seus inimigos. Deus o
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dotara com uma força física fora do comum com um propósito de livrar o seu povo do domínio filisteu. Sansão recusou-se a submeter a Deus e dedicou a maior parte de sua vida exibindo-se com orgulho sua capacidade e recursos extraordinários, julgando ele serem oriundos de músculos poderosos. Buscava egoisticamente a satisfação sensual com mulheres de moral duvidosa, em farras e bebedices sem fim, desprezando repetidamente seu compromisso com Deus {Juízes 13.7}. Abandonado por Deus, por causa de sua obstinada rebeldia, o grande Sansão fracassou no colo de uma frágil mulher. Aquele que roubara a glória que era de Deus, agora se encontrava tolhido de sua força descomunal. Tolamente julgando ser invencível, fora humilhado, feito escravo de seus inimigos, e desesperado suicida-se entre as colunas de um templo filisteu. Nunca houvera um homem tão forte e ao mesmo tempo tão fraco. Temido e odiado; louvado e escarnecido; vitorioso e derrotado. Sansão, tal qual Salomão, escolheu amar a glória dos homens e esta foi a razão de seu fracasso. Mas, ainda há para o homem motivos justos para se gloriar. É perfeitamente lícito ao homem que se glorie em conhecer a Deus, em saber que Ele é o soberano Senhor que dispensa sua misericórdia, executa seu juízo e exercita sua justiça sobre a terra. Gloriar-se nisso agrada o homem ao Senhor. Há somente uma escolha a ser feita: Amar a glória dos homens ou amar a glória de Deus. É impossível optar pelas duas.
Palavra de Gratidão
Foto: Arquivo MNTB
Mark e Patrícia Emsheimer força de um homem de tenacidade inigualável, submetidos incansavelmente à publicação de centenas de cartilhas, livros, o boletim informativo Confins da Terra precursor desta revista que está na mão de cada leitor e, principalmente, traduções bíblicas para os diversos dialetos indígenas onde há uma efetiva presença de missionários da MNTB. Obrigado, Mark e Patricia Emsheimer por seu legado de exemplo, que certamente repercutirá na história da MNTB, influenciando as futuras gerações de missionários. Marcelo Pedro da Silva Missionário da MNTB
Foto: Arquivo MNTB
Minha primeira experiência no campo missionário ocorreu na década de 80, na escola para os filhos dos missionários em Puraquequara, nas imediações de Manaus. Ali conheci Mark e Patrícia Emsheimer, professores e líderes da escola. Mark, no entanto, desenvolvia mais um ministério que se dedicava com carinho e muita energia no qual tive o privilégio de participar. Filho de missionários pioneiros, Ted e Adele Emsheimer e aluno da escola, Mark foi treinado por seu pai, ainda criança, a rodar uma arcaica máquina de impressão off-set trazida para o Brasil no início dos anos 50, a velha Mutilith, imprimindo a Palavra de Deus traduzida para os vários dialetos indígenas da região. Concluídos os estudos, Mark fez o treinamento da missão nos Estados Unidos, retornando ao Brasil com sua esposa para juntos integrarem a equipe do trabalho recém-aberto entre o povo Kulina, onde atuaram por quatro anos. Entretanto a necessidade urgente de alguém para substituir o então gráfico Larry Brown fez com que Mark retornasse a Puraquequara, assumindo o trabalho iniciado por seus pais. A partir daí, aquela rústica imprensa, que funcionava numa inexpressiva casinha de taipa em Puraquequara, ganhou a
Mark no início do seu trabalho na gráfica
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Foto: Arquivo MNTB
Edward e Margwen Harper UMA LIÇÃO DE VIDA Falar de Edward e Margwen Harper, “Seu” Edu e Dª Margareth, é uma honra! É um privilégio ter por perto vidas marcadas pela comunhão com Cristo e intensa dedicação à Sua obra. Foi através desse maravilhoso casal que conheci a Jesus Cristo como meu único e todo suficiente Salvador, como meu Senhor. Pelo ano de 1978, eles estavam em Belém-Pa, onde eu morava com minha família. Cuidavam da casa de hospedagem da MNTB para acolher missionários que atuavam nas tribos do Norte e que passavam por ali. Muito além de hospedeiros, eles também ministravam a Palavra do Senhor na Igreja Batista Regular da Fé, onde congregavam e compartilhavam sua fé com aqueles que iam criando amizades, sendo verdadeiros discipuladores. Seu compromisso e senso de urgência missionária são inquestionáveis. Foi isso que, naquele tempo, levou o meu coração de menina a comprometer-se com a evangelização dos povos indígenas, dos quais eles sempre falavam. A vida deles entre o povo Karajá era contada em cenas vívidas que faziam nosso grupo viajar mentalmente pelas águas do Araguaia e nos desafiavam a rogar que o orvalho da graça de Deus aliviasse a sequidão espiritual em que
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viviam. Quando o direcionamento do Senhor levou Edu e Margareth a investir suas vidas no contexto urbano de Águas Belas-PE, surgiu ali uma igreja com seus horizontes abertos para a vida missionária. Aquele pequeno núcleo de estudos bíblicos começou a crescer e se tornar uma igreja forte. Agora com a igreja eles continuaram desafiando, enviando e sustentando com suas orações e finanças tantos jovens que seguiram para seminários e treinamento missionário, para que a obra do Senhor, entre os povos, seja realizada antes do sol se pôr. No ano do seu Jubileu de Ouro ministerial, a influência positiva de suas vidas já reconhecida pela família da fé, foi também reconhecida pela cidade. Em cerimônia pública, a Câmara de Vereadores concedeu a ambos o honroso título de “Cidadãos Honorários”, sendo eles os primeiros evangélicos na história de Águas Belas a receber esse título. Por tantos motivos, só temos que agradecer a Deus por nos ter dado Edu e Margareth como presente; uma dádiva ao Brasil e a mim. Uma referência à minha vida. Exemplo a ser seguido. A eles, minha profunda gratidão. Mara Brisola Tribo Kapinawá-PE.
YANOMAMI O nome Yanomami quer dizer "ser humano" – uma etnia que habita o Norte do Brasil e o Sul da Venezuela numa população de, aproximadamente, 35 mil pessoas. No território brasileiro há cerca de 20 mil indígenas compondo 255 aldeias espalhadas nos estados de Roraima e do Amazonas. Eles são conhecidos como semi-nômadis, mas com o passar dos anos estão fixando residência mais permanente atraídos pela escola e o atendimento de saúde. Os yanomami moram em aldeias comunitárias chamadas malocas – uma barraca de palha grande
em forma círculo com abertura central, onde cada família tem seu espaço. A língua falada é yanomami, mas há vários dialetos como o Xamatali, Xiriana e outros. Alguns deles possuem similaridades o que permite a comunicação entre si, mas outros são bem diferentes. Mesmo com estas barreiras linguísticas, a etnia mantem aspectos culturais e crenças comuns. São pessoas alegres, falantes e muito criativas. As crianças são ensinadas a serem independentes e desde novas já aprendem a fabricar seu arco e flexa, a caçar e pescar. 4º Tri/2012
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AMAZONAS
Fotos: Paulo Tezzei
A cultura de subsistência é mantida através de gerações. Fabricam ferramentas rudimentares para o trabalho nas roças como o machado feito de pedra e um machadinho feito de casco de tartaruga, conservando uma tradição centenária na agricultura; cultivam apenas algumas espécies novas de vegetais para o alimento. Vivem também do extrativismo da floresta e as armas são o arco e flexa que eles mesmos fabricam passando o conhecimento de pai para filho. Hábeis em andar na mata e com um senso de direção altamente aguçado, os yanamami percorrem trilhas quase invisíveis na busca da alimentação e raramente se perdem. O animismo é presente nesta etnia. Quando uma pessoa morre é feito um ritual onde cremam o corpo e as cinzas são misturadas a um mingau de banana e servido a todos os parentes do falecido para que ele não saia da família. Daí em diante é proibido falar o nome dessa pessoa. O ritual de morte é tão importante, que nas guerras entre aldeias eles cremam os corpos dos inimigos abatidos e mandam as cinzas para rivais realizarem o ritual do seu parente. Algumas vezes os inimigos permitem que mulheres idosas venham buscar os seus mortos para realizarem o ritual na própria aldeia. Geralmente essas mulheres são as indígenas yanomami que foram roubadas em outras guerras e já constituíram família nas aldeias inimigas, mas ainda têm seus parentes nas aldeias de onde saíram. O primeiro contato com os yanomami foi feito pela MNTB em 1967 por Paulo Corenchuc, John Enns, Julian Hare, Vern Bartlett e Marcondes. Os pioneiros neste trabalho foram: Helio e Helena Alberti, Paulo e Lídia Corenchuc, John e Hedwig Enns e Ken e Dorothy Holmiguist. Lídia e Hedwig foram as primeiras mulheres brancas a entrarem numa aldeia yanomami no Brasil. O início do trabalho foi penoso. Muitas vidas se dedicaram a alcançar esta etnia para Cristo no percurso destes 45 anos e os frutos estão sendo colhidos, pois Deus está formando Sua Igreja entre esse povo.
Uma jovem senhora yanomami fazendo artesanato
Equipe Missionária Atual Aldeia Marari ¤ Brenda
Poulson Rocha ¤ Marta Domingos ¤ Paulo e Patrícia Tezzei ¤ Coy e Miriam
Aldeia N. Demini ¤ João e Hope
Rodrigues e Aidil Santos ¤ Wellington e Águida Lima ¤ Lázaro
Foto: Wellington Lima
A voz do Indígena
LAÉRCIO YANOMAMI TESTEMUNHO Laércio tem 32 anos, é casado com Lílian yanomami com quem teve 04 filhos e professor da língua yanomami na escola da aldeia. Este jovem declarou sua fé em Cristo Jesus através do batismo e participa na igreja da aldeia com um excelente testemunho cristão. Ao ser perguntado como ele conheceu o Senhor Jesus nos relatou o seguinte: “Quando eu ainda era criança escutei muito a Palavra de Deus na aldeia Tototobi através de um missionário chamado Brian, falando de Deus e do seu filho Jesus Cristo. Eu escutei muito, muito
mesmo! Pensei muito e ficou bem claro na minha mente como andar com Deus. Quando eu entendi sobre Deus, eu quis confiar Nele e andar com Ele todos os dias. É muito bom ter Deus na minha vida, ele me ajuda, sei que o Espírito Santo de Deus está dentro de mim e que vou para o céu quando morrer onde está Jesus. Eu sei que Deus ajuda muito quem está com Ele, Ele me ajuda nas viagens perigosas e em muitas coisas”. Wellington Lima Aldeia N. Demini 4º Tri/2012
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ACRIANÇAS U YANOMAMI B C E H D F W U Y R S O que elas dizem sobre a escola
Paulo dando aula para um grupo de crianças yanomami
Fotos: Paulo Tizzei
“Gostamos de vir à escola”, “também queremos ser professores”, “quero estudar para ajudar na saúde sendo um Agente Indígena de Saúde”, são palavras de algumas crianças yanomamis. Até mesmo na demasiada sinceridade ao dizerem: “viemos à escola apenas por vir”, vemos a graça de Deus por este povo. O fato de “apenas virem” à escola está livrando-as de participarem daquilo que era motivo de preocupação aos missionários: o “ebena”, um tipo de droga alucinógena que causa grandes danos às crianças. O ensino abre portas e cria perspectivas. É isso que esperamos para as crianças e jovens yanomamis.
Fotos: Paulo Tizzei
“ Crianças são muito sinceras”. Essa contundente afirmação universal, por vezes, soanos um tanto quanto desagradável, uma vez que verdades nem sempre são boas de ouvir. O outro lado dessa moeda, porém, tornou-se para nós do Marari uma ferramenta motivadora do Senhor na continuidade do trabalho de alfabetização das crianças yanomamis.
Missionário Paulo Tezzei Aldeia Marari - Amazonas
Crianças yanomami em sala de aula
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Confins da Terra
Biografia Missionária
Exemplos de Vida Tony e Mary Poulson No final da década de cinquenta, um inglês de alegria contagiante, trabalhador e de coração enorme para servir a Deus e aos outros chegou aos Estados Unidos para fazer o treinamento missionário da New Tribes Mission (Missão Novas Tribos), onde encontrou Mary, americana, visionária, uma vida dedicada a Deus. Foi esta união de qualidades que permitiu a Tony e Mary (Maria) Poulson trabalhar quarenta anos no Brasil, a maior parte desses entre os yanomami, na densa floresta do alto Amazonas até a sua saída para aposentadoria, em 2011. A família chegou ao Brasil em 1961, depois de uma longa viagem de navio, trazendo sua primeira filha, Rebecca (Poulson) Thibaudeau, com apenas nove meses de idade. Em Manaus, onde Tony e Maria começaram o estudo da língua portuguesa, esperaram também o nascimento do segundo filho Timothy. Anos depois, Deus enriqueceu o lar com outros três filhos brasileiros: Philip, Brenda e Jeffrey. A vida simples na floresta Amazônica nunca constituiu um problema para Tony, Maria e os seus filhos, pois aprenderam a viver satisfeitos com o que possuíam e adaptar a vida aos recursos locais, o que os ajudavam a desenvolver a criatividade. Quando a farinha de trigo estava escassa Maria e a jovem Rebecca usaram castanhas do Pará e milho para “esticar” o estoque até o próximo voo e ainda conseguiram
pães saborosos! No Natal não faltava presentes porque a família sempre inventava alguma coisa especial. Tony com suas habilidades de marcenaria e Maria, às vezes, na máquina de costura fabricavam os “tesouros” para os filhos. Com esta visão de riqueza, a família nunca se sentiu pobre. Os filhos passaram a primeira infância com os pais na aldeia, mas durante o período escolar precisavam sair para estudar na escola para os filhos dos missionários, nos arredores de Manaus, numa vila chamada Puraquequara. Foi durante este período que a família sofreu um duro golpe quando Timothy, na época com doze anos, contraiu Meningite e não resistiu. Tony, Maria e os filhos menores conseguiram sair da aldeia num voo da Missão Asas de Socorro para Manaus, mas não chegaram a tempo de ver seu filho com vida. Contemporâneos relatam a declaração de fé de Tony ao expressar, com os olhos cheios de lágrimas, mas um sorriso estampado no rosto: “Geralmente, quando um filho morre, as pessoas falam: 'eu perdi meu filho'; eu nunca direi que perdi meu filho porque vou encontrá-lo no céu”. ‘‘A maneira como meus pais aceitaram o falecimento do meu irmão Timothy me ensinou muito’’, diz Rebecca. ‘‘Nada os fez desistir do alvo de ganhar os Yanomami para Jesus. Aprendi que a melhor vida é a dedicada a Deus e a Seu serviço. Antes de sair da 4º Tri/2012
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yanomamis. Os anos de dedicação ao trabalho são reconhecidos pelos colegas, pois Tony e Maria sempre estiveram dispostos a servir a todos, cobrindo a ausência dos missionários em outros postos e deixou marcas, como testifica Josias Cambuy: ‘‘Ao deixar o trabalho yanomami, Tony deixou também muitas marcas em nossas vidas: exemplo visível de vida devocional, expressão de alegria e gratidão em tudo o que realiza, e sempre pronto para ajudar. Com mãos habilidosas serviu de grande apoio construindo, com capricho, casas para vários colegas missionários além de armários, portas, e tudo com a marca invisível, mas real: Tony Poulson. Ele fez discípulos entre o povo yano-
Foto: Rebecca Thibaudeau
aldeia para estudar na escola em Puraquequara, eles me deram uma Bíblia onde marcaram vários versículos como Salmos 27:10 e 56:3, que me consolam até hoje. Eles me mostraram pelo exemplo a ter um andar com Deus, gastar tempo diariamente na Palavra e em oração e a me importar com as pessoas ao meu redor’’. Tony e Maria Poulson criaram seus filhos de tal forma que falar do ministério dos seus pais é falar de si mesmos, da vida na floresta e a influência de tudo isso em suas decisões futuras. ‘‘Cresci no meio da floresta amazônica junto com a minha amiga yanomami, na aldeia Toototobi’’, conta Brenda. ‘‘Juntas, aprendemos a falar, engatinhar, nadar no rio, mas também conhecemos Jesus como Salvador. Nunca notamos a diferença entre nós, apesar de ela ser morena de cabelos pretos, e eu branca com poucos fios de cabelo loirinhos. Quando meus irmãos e eu íamos para a escola em Puraquequara tínhamos experiências muito boas, mas voltar à aldeia e rever nossos pais e amigos indígenas era maravilhoso. Fomos envolvidos de tal maneira que fazíamos parte do ministério dos nossos pais. Creio que esse é um dos motivos que hoje também sou missionária, trabalhando com o povo Yanomami. Às vezes penso na minha antiga amiga que ainda se encontra na primeira aldeia onde trabalhamos e com quem convivi até a nossa adolescência. Será que um dia vou revê-la? Minha esperança é reencontrá-la, se não aqui então no nosso Lar com Jesus, no belo Dia’’. Assim como Brenda, os outros filhos do casal também foram tocados pelo grande entusiasmo dos pais por missões: Rebeca e seu esposo Jeffrey desenvolvem um ministério pastoral numa igreja em São Paulo, onde criaram seus filhos; Phili e Valerie Poulson, junto com as cinco filhas, trabalharam entre os yanomamis na mesma equipe dos pais por muitos anos até saírem para fazer parte da diretoria regional da MNTB, em Manaus; Jeffrey e Sthephanie Poulson trabalharam no Brasil, onde tiveram seu primeiro filho. Atualmente nos Estados Unidos, Jeff guarda as memórias do menino que cresceu caçando e brincando com os melhores amigos da sua infância – os
Tony e Maria com seus filhos na aldeia mami e encerrou, presencialmente, sua carreira como UM EXEMPLO A SER SEGUIDO!’’ Tony e Maria estão jubilados nos Estados Unidos, mas deixaram como herança um trabalho pedagógico desenvolvido por Maria com a participação da equipe e de alguns indígenas, constando de um jogo de cartilhas de alfabetização, caderno de leitura e manual do professor na língua yanomami. O modo discreto de ser e o amor ao Senhor mostram que eles vivem para Deus e a Ele dedicam toda honra e glória. Adauta Eger Deptº de Divulgação - Anápolis - GO
Experiência Missionária
Chegamos à aldeia Yanomami no Novo Demini em 2005, eu estava grávida do nosso primeiro filho Nathan. Hoje, depois de quase oito anos, temos o Nathan (7), Ryan (4) e a Sophia (1). No final de maio, sem razão aparente, Ryan começou a inchar em todo o corpo. Primeiro a barriga, depois os pés, pernas e o rosto. No início achamos que era só uma virose ou coisa parecida. Mas os dias foram passando e ele não melhorava, só inchava mais. Entramos em contato, via rádio, com um médico e depois disso Ryan começou a tomar um antibiótico muito forte. A princípio parecia que estava ajudando, mas logo vimos que não estava fazendo nenhum efeito e o inchaço continuava aumentando. No dia 26 de Maio decidimos removê-lo para Boa Vista o mais rápido possível. Por providência Divina desceu um avião da Fundação Nacional de Saúde no Novo Demini e eu consegui sair com Ryan e Sophia naquele mesmo dia para a cidade. João e Nathan ficaram, pois no avião não havia espaço para toda a família. Nathan ficou muito triste porque estava chegando seu aniversário e parte da família dele estava indo para a cidade. Fiquei com o coração apertado com tudo isso. Ao sairmos ainda tínhamos esperança que tudo seria resolvido rapidamente e logo estaríamos de volta à aldeia. O avião pousou no final da tarde em Boa Vista e fomos direto para a emergência. O atendimento foi rápido. Fizeram exames laboratoriais, o de urina mostrou que estava passando quatro cruzes de proteína na urina de Ryan. Infelizmente o médico que estava de plantão disse que ele precisava tomar apenas uma injeção de Benzetacil e nos mandou para casa. Fomos para nossa base de apoio da missão para passar a noite. Na manha seguinte, Ryan acordou pior do que estava anteriormente. Voltamos à emergência e solicitei
Foto: João Rodrigues
O Cuidado de Deus com nosso Filho Ryan
Ryan Rodrigues a presença de um especialista. Graças a Deus veio um nefrologista muito bom e logo pediu muitos exames que hoje entendo são essenciais para o diagnóstico. Ryan foi diagnosticado com Síndrome Nefrótica de Lesão Mínima (um conjunto de sinais e sintomas que ataca crianças em certa idade e causa grandes riscos para os rins e a própria vida). O médico disse que ele ficaria internado no mínimo dez dias e o tratamento seria de aproximadamente cinco meses, à base de corticóide. Com estas novas informações, ficou claro que não poderíamos voltar rapidamente para a aldeia enquanto não terminasse o tratamento. Depois de dois dias João e Nathan vieram para a cidade num avião da missão Asas de Socorro. Deus foi bondoso e Ryan ficou internado apenas seis dias. Graças a Deus o Ryan reagiu bem ao tratamento com corticóide e depois de quatro meses tomando o remédio, o médico começou a diminuir a dose, pois este medicamento não pode se interrompido bruscamente. Precisa ser feito de maneira lenta. Durante todo este tempo eu tenho ficado em Boa Vista com os nossos três filhos. João viajou duas vezes para a aldeia a fim de dar apoio aos nossos colegas e ao trabalho, ficando seis semanas na última visita. Louvo a Deus pela maneira que está cuidando do Ryan e como estamos aprendendo nesta situação. Peço que orem para ele se recuperar completamente sem nenhuma recidiva. Hope Fread Rodrigues Tribo Yanomami, AM 4º Tri/2012
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Testemunho
Fidelidade de Deus O Deus fiel Êx. 7:9b
A
Foto: Arquivo MNTB
fidelidade e a bondade do Senhor têm marcado minha vida durante mais de 40 anos na Sua obra. Sou testemunha ocular e viva para reconhecer com louvor e gratidão estes dois maravilhosos atributos de Deus. Sinto-me como o salmista quando escreveu o Salmo 139:14: “Graças te dou porque de um modo assombrosamente
Elena e Hélio Alberti
‘‘O nosso trabalho não foi em vão’’ 18
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maravilhoso me formaste.” A bondade e a fidelidade de Deus me sustentaram através dos anos como Seu servo no trabalho entre o povo yanomami e nos outros ministérios da Missão Novas Tribos do Brasil. Tive o privilégio de ser um dos primeiros obreiros entre o povo yanomami no Posto Marari. Em abril de 1967 cheguei ao Amazonas e formamos uma equipe: Paulo e Lídia Corenchuc, a primeira mulher branca a entrar numa aldeia yanomami, João e Hedwing Enns, e eu como solteiro. (Paulo Corenchuc e João Enns já estão com o Senhor). Naquele tempo a MNTB possuía uma lancha pequena chamada “Mensageiro I” ou “MWM” medindo em média 8m x 1,5m. Foi o transporte que serviu para levar a mudança dos dois casais e a minha, uma dezena de tambores, uma infinidade de caixas e o suprimento para passar mais de seis meses; além de nós, havia outros cinco tripulantes sendo um total de dez pessoas. Podem imaginar o aperto aconchegante que tivemos durante 22 dias subindo os rios Negro, Demini, Padaueri, Marari e Katanawa rumo à aldeia yanomami. Nosso alvo era construir uma pista de pouso para evitar a viagem pelo rio, muito cansativa e demorada. Empenhamo-nos neste grande desafio: uma pista de 400m de comprimento. Em seguida descemos para
Hélio Alberti Missionário Jubilado da MNTB. Atuou entre os yanomami e foi diretor regional em Manaus
Shekinah Agora em Goiás
Foto: Arquivo MTNB
Manaus e só retornamos após dois anos para o seu término. Os dois colegas e eu também percebemos durante aqueles dois anos, que nem só de fubá vive o homem. O que comi de mingau de fubá, sopa de fubá, moqueca de fubá... Para passar os seis meses, levei seis latas de 20 litros de fubá, 3 kg de açúcar e uma lata de bolacha Cream Craker. Até hoje tenho alergia a fubá. Eu ainda estava solteiro, mas havia deixado alguém muito especial no Instituto Bíblico Peniel, MG, então meus colegas aconselharam-me a aproveitar este tempo de espera fora da aldeia para casar, assim completarmos a equipe com três casais. Em 1969 me “Elenizei” e a vida melhorou. Elena me acompanhou e juntos trabalhamos para o Senhor. Tivemos dois filhos que têm sido nosso quinhão, além dos netos. Voltamos para o Marari, terminamos a pista e começamos o trabalho de alfabetização. Paulo Corenchuc, com o apoio de sua esposa Lídia, se dedicou em adaptar o material Xamatali da Venezuela para o dialeto do Marari. O que este irmão fez no pouco tempo que viveu foi extraordinário e proveitoso até hoje. João Enns foi acometido de malária muitas vezes até que a liderança da MNTB pediu para que ele e sua esposa Hedwing fossem transferidos para o Instituto Bíblico Peniel. Muito contra sua vontade, mas obedeceu. Muitos outros colegas passaram pelo trabalho yanomami, cada um deixando a sua valiosa contribuição. Olhando hoje, há vários crentes e uma igreja se formando para a glória do Senhor Jesus. Podemos dizer com certeza, como o apóstolo Paulo: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão”. ICoríntios. 15:58
Parte da Área externa do CTM Shekinah
Depois de 44 anos em contínua atividade no Estado do Mato Grosso do Sul o Instituto Missionário Shekinah ministrará o seu treinamento missionário e linguístico no início de 2013 em Vianópolis, Estado de Goiás. A mudança aconteceu no segundo semestre de 2012, quando os professores, administrador e alguns alunos passaram a residir na propriedade da MNTB onde outrora havia a Escola para filhos de missionários estrangeiros e o Instituto Linguístico Ebenézer. A mudança de endereço trouxe também uma uma nova nominação, que passa a ser: Centro de Treinamento Missionário Shekinah (CTMS).
Novo Nome e Endereço Centro de Treinamento Missionário SHEKINAH Caixa Postal 7 Vianópolis - GO - CEP: 75260-000 Fone: (62) 3335-1131 4º Tri/2012
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Notícias dos Campos TRIBO JAMINAWÁ - AC
TRIBO MATIS - AM
Equipe Missionária
Equipe Missionária
U Airton e Talita Oliveira U Antônia da Costa U Claudia Ribeiro
U Edward e Silvia Emsheimer
Cláudia e Antônia são respostas das nossas orações: trabalhadoras para a Seara do Mestre! Recémchegadas à cidade de Sena Madureira, AC, agora fazem parte da equipe para alcançar o povo jaminawá com a Palavra de Deus.
TRIBO MANCHINERI - AC Há uma igreja plantada entre o povo manchineri, com liderança própria, crescendo no Senhor. Estes irmãos revelam frutos ao iniciar uma congregação em outra aldeia. Após longos anos trabalhando com o povo manchineri, o casal de missionários Peter e Teresa Rich retornou para sua terra, deixando traduzidos o Novo Testamento completo, estudos bíblicos, materiais didáticos e informativos. Continuam com a tradução da Bíblia e periodicamente retornam ao Brasil para fazer a verificação com os manchineri.
No extremo Norte do Brasil, situada no Sudoeste do nosso Amazonas e próxima a fronteira do Brasil com o Peru, está a singela Atalaia do Norte. Diariamente, esta cidade pode apreciar o movimento das várias etnias daquela região. Matis, Marubo, Mayoruna, Kulina, Kanamari, entre vários outros grupos, formam a segunda maior área indígena do Brasil, o Vale do Javari. Edward e Silvia, enquanto esperam a permissão da FUNAI para entrar na aldeia, e com o apoio de vários matis, já confeccionaram cartilhas de alfabetização, concluíram a descrição fonológica da língua matis, desenvolveram a ortografia, prepararam um dicionário e um jogo de material didático para alfabetização. Dando sequência a todo este trabalho, criaram e coordenaram o projeto social pedagógico “ Projeto Alfa Dadawanuma”, pela primeira vez, uma capacitação para professores matis alfabetizarem o seu povo na sua própria língua – um grande legado! “Agora podemos dizer que a nossa língua já está escrita a partir desta data! Vamos incentivar a todos da nossa comunidade a escrever nossa língua.” Bushe – Líder Comunitário dos Matis.
TRIBO PANKARARU - PE Equipe Missionária
O primeiro trabalho da MNTB no Nordeste revela os frutos através dos missionários que investem suas vidas ali. Com exceção do Márcio, os outros três membros desta equipe, Jussanilde, Rogério e Genilza são da etnia Pankararu que, com muita alegria, representam a terceira onda missionária dando continuidade ao ministério entre seu próprio povo.
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Foto: Arquivo MNTB
U Marcio e Jussanilde Diniz U Rogério e Genilda dos Santos.
Gleiciane, Genilda, Rogério, Tamara e Rute
TRIBO TAPIRAPÉ - MT Equipe Missionária U Wilton e Dânia Dias U Marcio e Cristina Brum.
Entre as muitas atividades que os missionários desenvolvem com o povo tapirapé, uma delas é transportá-los da aldeia para a cidade, suprindo esta necessidade. É muito comum depararem com pontes iguais a esta na foto Abaixo. Alguém da região explicou que os próprios construtores tiram as tábuas para que seja necessário reformá-las. Esta é uma maneira interessante de resolver o problema e enquanto isso é melhor dar a volta. Alex, um crente tapirapé, tem sido uma grande ajuda para o missionário Wilton no trabalho de tradução.
PROMOTORES DE MISSÕES Espalhados de Norte a Sul, Leste a Oeste do nosso Brasil estão os diversos Promotores da MNTB, missionários de tempo integral que, localizados em cidades das cinco regiões brasileiras, estão prontos para relatar o que Deus tem realizado entre os povos transculturais através da Sua Igreja que envia, que ora, que sustenta. Saiba como a Igreja está chegando aos Confins da Terra e o quanto ainda precisa ser feito. Logo na contra capa desta revista, estão alistados cada um destes promotores e sua localização. Se desejar conhecer estes desafios, teremos grande prazer em atendê-los.
África MOÇABIQUE MICAÚNE Equipe Missionária Foto: Wilton Dias
U Arnie e Rubenita Johnson
TRIBO WANANO - AM Equipe Missionária U Barry e Denise Spor U Dario e Carol Drake São Gabriel da Cachoeira, AM, é o local no Brasil onde esta equipe atua para alcançar parte do grupo que migrou da Colômbia. Há uma igreja em desenvolvimento aprendendo o andar diário com Jesus, através das riquezas do livro de Romanos apresentadas nos estudos ministrados pelos missionários. Gustavo, um dos líderes da igreja na Colômbia, veio a São Gabriel para ajudar o missionário Dario a traduzir e preparar estudos bíblicos em wanano.
Após alguns anos trabalhando como solteiros em lugares diferentes, Arnie e Rubenita se casaram. Desde junho/2012, Micaúne é o lugarejo onde fixaram residência para alcançar o povo maindo e assim estão experimentando o aprendizado de uma nova língua, uma nova cultura e novas adaptações.
GUINÉ CONACKRY Equipe Missionária U Maria Regina Bueno
Regina está vivendo um grande desafio e também a preciosa oportunidade de ajudar mais de 50 crianças nas suas tarefas escolares e ensiná-las trabalhos manuais que serão de grande ajuda no seu dia a dia. Ela precisa também de muita sabedoria para ensiná-las a Palavra de Deus. 4º Tri/2012
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‘‘Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também o é entre vós.’’ 2 Tessalonicenses 3:1 TRIBO JAMINAWA - AC Adaptação de Antônia e Cláudia que envolve o ü
Alex fazer o curso de tradutor da Bíblia; Louvor a Deus pelo envolvimento de igrejas þ com estes missionários.
aprendizado da língua e da cultura; Sabedoria para toda a equipe ao traçar metas ü para o desenvolvimento do trabalho.
TRIBO WANANO – AM
TRIBO MANCHINERI - AC
Discernimento ao traduzir a Bíblia e lições þ
Por firmeza espiritual para a igreja manchineri; þ
bíblicas; Por Herman e seu irmão Mário, crentes firmes þ no Brasil.
Por Gustavo, sua família e a igreja na Colômbia; þ
Para que o povo tenha o privilégio de ter toda a þ Bíblia na sua própria língua; Louvor a Deus pela tradução de Gênesis e dos þ primeiros capítulos de Salmos.
PROMOTORES DE MISSÕES Por sabedoria nos contatos e na realização de þ
TRIBO PANKARARU - PE Sabedoria no relacionamento com o povo; þ Firmeza espiritual para os crentes novos e os þ que estão se reconciliando; Suprimento para Jussanilde que se submeterá a þ uma cirurgia devido a um sério problema nos membros inferiores e com necessidade de prótese. TRIBO MATIS - AM Louvor a Deus pela sabedoria dada aos þ missionários para elaborar cada material; Agradecer pela realização do curso e o þ aprendizado de todos; Por sabedoria no relacionamento com os matis. þ TRIBO TAPIRAPÉ - MT Para que Deus dê capacidade, forças e dedicação þ para esta equipe avançar no conhecimento da língua e cultura tapirapé; Orientação de Deus quanto à possibilidade de þ
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conferências missionárias desafiando vidas para servirem a Deus; Por suprimento e proteção em cada viagem; þ Louvor a Deus pelas oportunidades dadas a þ cada promotor. CONTINENTE AFRICANO
ÁFRICA
Moçambique / Micaúne Missionários Arnie e Rubenita Johnson þ Sabedoria ao desenvolver novos þ relacionamentos e aprendendo nova língua e nova cultura; Por saúde física e emocional vivendo num þ lugar isolado, com tanta pobreza e sem recursos tecnológicos. Guiné Conackry Maria Regina Louvar a Deus pela oportunidade de testemunhar þ para mulheres e crianças; Proteção de Deus e sabedoria no þ relacionamento com o povo a cada momento.
Novos
Obreiros
Carl e Andreza Templeton Sede Regional - Manaus - AM
Clรกudia Sybelle S. Ribeiro Tribo Jaminawa - AC
Isaac Lima Tribo Kaingang - RS
Jevon e Danica Rich Sede Regional - Manaus - AM
Lรกzaro e Aidil Santos Yanomami (N.Demini)
Lisa Gardine Sede Regional - Manaus - AM
Maria A. Oliveira da Costa Tribo Jaminawa - AC
Nerivaldo e Vanusa Prado Tribo Kaxuyana - PA
Paulo e Patricia Tezzei Yanomami (Marari )
Rachel Ueland Tribo Hixkaryana - AM
Instituto BĂblico
Um lugar especial para pessoas que desejam viver face a face com Deus e dedicar sua vida na obra missionĂĄria
Caixa Postal 29 - Jacutinga - MG - CEP: 37590-000 - Fone: (35) 3443-1554 ibpeniel@ibpeniel.org.br - www.ibpeniel.org.br