Arquivos Abertos - Um memorial entre ideias e indagações no tempo by Ronald Souza

Arquivos abertos Um memorial entre ideias e indagações no tempo

Mônica Zielinsky

Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Instituto de Artes Porto Alegre, maio de 2016.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE ARTES

Professora Dra.

MÔNICA ZIELINSKY

Memorial para processo avaliativo com vistas à promoção para Professor Titular da carreira de Magistério Superior na área de Artes Visuais

Porto Alegre, maio de 2016.

NOME: MÔNICA ZIELINSKY

Identificação

MATRÍCULA SIAPE: 0359 32901 INGRESSO NA UFRGS: 13 / 02 / 1993 LINK CV LATTES: http://lattes.cnpq.br/8866560335745211

Memorial

Acompanham este memorial três anexos. Eles correspondem aos volumes 1, 2 e 3 e contém toda a documentação comprobatória do Curriculum Vitae

Arquivos abertos

Um memorial entre ideias e indagaĂ§Ăľes no tempo

Agradecimentos e Dedicatória

esejo agradecer profundamente a todos os meus mestres, alguns já desaparecidos, pelos valiosos caminhos por eles assinalados; aos meus especiais colegas de toda a minha vida acadêmica, por tantas parcerias e contribuições; aos funcionários do Instituto de Artes e da Reitoria que, sempre incansáveis, auxiliaram-me sem restrições; e, em particular, a todos os meus muito queridos alunos. Estes sempre constituíram e constituem para mim o verdadeiro sentido da minha trajetória na universidade, por saberem motivar, trocar e estender minhas indagações para além das minhas aulas e das pesquisas por mim propostas. Eles significam para mim a minha própria continuidade. Deles me orgulho e me orgulharei sempre, esperando poder acompanhar seu brilho próprio, diante das tantas interrogações que os conhecimentos nos oferecem em suas ágeis transformações no tempo e através dos inusitados desenhos que a arte expõe hoje e, com certeza, em seu devir. Neles avisto, com a mais profunda gratificação, suas sábias conquistas do futuro. Dedico este memorial à minha preciosa família e aos meus mais estimados amigos. Em particular, ao meu dedicado esposo Carlos Gustavo Tenius, por sua total entrega ao meu lado durante grande parte deste percurso, em muitos dos mais importantes momentos da minha vida acadêmica, ao enriquecêlos sempre com seu inestimável companheirismo, carinho e total desprendimento, das mínimas às grandes tarefas. Também aos meus dois filhos, Alexandre e Eduardo, dois raros incentivadores do trabalho de sua mãe, agora com suas famílias e afastados geograficamente, mas inteiramente próximos e profundamente parceiros dos passos aqui evocados. Ainda dedico este trabalho aos meus muito queridos irmãos e sobrinhos, por estarem sempre ao meu lado. Um agradecimento particular ao incontável suporte de Maria Clara Machado, Mara Luísa Silva dos Santos, Ronald Souza, Ana Paula Zacca e Norma da Silva para a elaboração deste memorial.

Um memorial entre arquivos abertos: sua concepção �� 18 Raízes de um percurso no tempo: as primeiras escolhas �� 20 Estruturas mestras e delineamentos fundamentais �� 24 A prática docente e a arte �� 30 Primeiras formações pós-graduadas: o ensino e a arte �� 32 Rupturas teóricas e indagações. As primeiras publicações �� 38 A prática da arte em estudos em nível de pós-graduação �� 42 Os Grupos de Estudos. Alternando pontos de observação � �� 46 UFRGS. A pesquisa e a docência, entre a teoria e a prática �� 48 Formação doutoral no exterior. Novas dúvidas, deslocamentos de ideias e outras indagações �� 50

Sumário

O retorno ao Brasil. Irradiações dos estudos de doutorado no meio universitário e artístico brasileiro � �� 56 De uma curadoria, ao catálogo raisonné de Iberê Camargo �� 62 O catálogo raisonné, um projeto interinstitucional. Transdisciplinaridade na pesquisa, ensino e extensão �� 66 A UFRGS e gestões administrativas �� 74 Conselhos curatoriais em museus �� 78 Participações em projetos �� 84 Conselhos Editoriais e Comitês Assessores � �� 90 Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações �� 92 A publicação do catálogo raisonné e sua extensão desdobrada �� 112 Uma outra extensão desdobrada: “Existe uma arte brasileira?” �� 118 Arquivos sempre abertos: memória, história e as expansões da ficção � �� 120 O cristal do acontecimento infinito, arquivos sempre abertos �� 124

Curriculum Vitae �� 126 1 Formação de Recursos Humanos �� 126 1.1 Atividades de Ensino �� 126 1.1.1 Graduação �� 126 1.1.2 Pós-Graduação Stricto Sensu �� 127 1.1.2 Pós-Graduação Lato Sensu �� 127 1.1.3 Aperfeiçoamento � �� 128 1.2 Atividades de Orientação �� 128 1.2.1 Mestrado �� 128 1.2.2 Doutorado �� 129 1.2.3 Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação �� 129 1.2.4 Iniciação Científica �� 129

Sumário

1.2.5 Orientações de Monitoria da Graduação � �� 130 1.2.6 Estágio Docência da Pós-Graduação �� 130 1.2.7 Supervisões de Pós-Doutorado �� 131 1.2.8 Pós-Graduação Lato Sensu �� 131 2 Geração De Conhecimento �� 132 2.1 Produção Intelectual e/ou Artística �� 132 2.1.1 Artigos �� 132 2.1.2 Capítulos de livros � �� 133 2.1.3 Livros �� 135 2.1.4 Catálogos de eventos �� 135 2.1.5 Artigos de divulgação �� 138 2.1.6 Trabalhos apresentados �� 139 2.1.7 Participação em eventos científicos �� 140

3 Reconhecimento e Liderança Acadêmica �� 147 3.1 Coordenação e/ou Participação em Projetos de Pesquisa � �� 147 3.2 Extensão Universitária � �� 148 3.3 Participações em Bancas de Trabalho de Conclusão

��

149

3.3.1 Doutorado �� 149 3.3.2 Exame de Qualificação de Doutorado �� 149 3.3.3 Mestrado Acadêmico �� 150

Sumário

3.3.4 Exame de Qualificação de Mestrado �� 151 3.4 Bancas e/ou Comissões Julgadoras �� 151 3.5 Participação em Atividades Editoriais, Consultoria, Revisão �� 153 4 Atividades de Administração Acadêmica �� 154 4.1 Gestão Acadêmica � �� 154 4.2 Gestão Técnica �� 155 4.2.1 Curadorias Artísticas �� 155 4.2.2 Recebimento de Comendas e Premiações advindas de Atividades Científicas e/ou Artísticas �� 156

“Esta via consistirá a retomar na história o princípio da montagem. Quer dizer, a edificar as grandes construções a partir de pequenos elementos confeccionados com precisão e nitidez. Ela consistirá mesmo a descobrir, na análise do mínimo momento singular, o cristal do acontecimento total”. Walter Benjamin. Paris, capital do século XIX. O livro das passagens. Paris: Cerf, 1993, p. 477. Minha tradução.

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Um memorial entre arquivos abertos: sua concepção

memorial de um percurso acadêmico e de vida delineia-se, para mim, como um valioso desafio.

Leva-me a compreender este momento como o de uma profunda revisão de fatos e caminhos assumidos em minha existência biográfica e profissional, agora partilhados. Aquela que vai do passado ao presente e do presente ao passado, em seus fluxos e conexões contínuas, onde latentes, projetamse perspectivas de futuro. Um ato de mover-se, como diria Balzac em sua “teoria do mover-se”, como “um pensamento em ação”1. Um movimento que, no ato de pensar, é aquele que, segundo ele, pode se projetar para fora de si, em um movimento permanente, com uma quantidade de força que poderia produzir efeitos em qualquer esfera das minhas atividades2. Nessa revisão, na qual esse trânsito rasga fronteiras e descobre os limites dessas ações, constroem-se relações e desdobramentos entre elas, assim como se procede em algumas retomadas. Oferecem-se ao meu olhar como uma extensa história de construção e transmissão de arquivos, sempre abertos, mesmo em seus mínimos e precisos detalhes, em relação ao conflito das mais amplas interrogações. Este memorial traz portanto, em sua estrutura, esses

Cf. Honoré de Balzac. Honoré de Balzac. “Teoria do mover-se”. In: Tratados da vida moderna. São Paulo: Estação Liberdade, 2009, p. 125.

2 Idem, p. 109. Adaptado ao teor deste memorial.

Um memorial entre arquivos abertos: sua concepção

princípios de moção, esta é a sua anatomia fundamental. As ideias norteadoras da sua construção na linha de tempo provém de um incessante ir e vir de indagações. Não concebo este trabalho sob a perspectiva de uma listagem seqüencial de realizações, mesmo que como tal elas apareçam assim

“

dispostas em sua estrutura por vezes contínua.

Prefiro trazer à luz as articulações de pensamentos e escolhas que geram fatos, entremeados das dúvidas que os permeiam.

”

Ora em pesquisa, como no ensino, pergunto-me constantemente com Vilém Flusser, se trazer as dúvidas não seria muito mais significativo que trabalhar modelos3. Uma montagem em que se agrupam as distintas figuras desse percurso, segundo suas relações múltiplas, é o lugar ativo dos saberes e das condutas assumidas. Vem a ser nessa perspectiva mutante e repleta de articulações no tempo em que foram concebidas e pensadas as linhas-mestras deste memorial.

3 Cf. Gustavo Bernardo (apres.) In: Vilém Flusser, A dúvida, São Paulo: Anablume, 2011, p. 9

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Raízes de um percurso no tempo: as primeiras escolhas

al como uma névoa, entre contornos não inteiramente precisos mas firmemente inscritos

em minha memória, emergem, do passado, dois fatos relativos à minha infância no Rio de Janeiro. Deixaram marcas, as que trago à luz nesse momento como metáforas iniciais, certamente responsáveis, em grande parte, pelas opções dos caminhos profissionais percorridos. São esboços histórico-biográficos que foram se formando, como um centro de gravidade, como rastros inconfundíveis das experiências profissionais futuras. Um deles ancora-se em uma pergunta, formulada em minha infância por adultos, estando eu ao lado de meu único irmão, Paulo, quando indagavam: “Mônica, o que desejas tornar-te quando cresceres? E tu, Paulinho?” Nunca hesitei em responder que eu almejava mais que tudo tornar-me professora e o Paulinho, médico. Brincávamos juntos, sendo eu a professora das minhas bonecas e o Dr. Paulo, seu incansável médico. Até hoje sou professora e tenho convicção de que esta escolha foi decisiva em meu percurso profissional; e por curiosidade, Paulo tornou-se um grande médico. Nesse sentido, este fato representa o primeiro indício de uma tenra vocação, a que nasceu comigo, um dos eixos prioritários das minhas escolhas de vida e de profissão e que me constituem enquanto sujeito. Destaca-se um outro veio, igualmente central nesta linha de tempo, tendo aflorado em tempos próximos ao primeiro. Eu estudava no Colégio São Fernando em Botafogo

Raízes de um percurso no tempo: as primeiras escolhas

(R.J.) e meus pais me matricularam, juntamente com meu irmão, em aulas de pintura com Ivan Serpa1, as que ele ministrava no próprio colégio. Taciturno, mas simultaneamente atento e afetivo, este reconhecido artista acompanhava o desenvolvimento dos seus muito jovens alunos, mas não emitia quaisquer comentários ou juízos sobre os trabalhos em desenvolvimento. Seu silêncio, porém, não omitia sua dedicação e forte presença. Diante desse processo de trabalho, eu tendia a esquecer-me do mundo ao meu redor, tal o arrebatamento que me assolava a partir destes longínquos primeiros encontros com a produção de arte. Nessa época, em um domingo à tarde, ao caminhar despretensiosamente com minha família em Copacabana, deparamo-nos com as vitrines de uma galeria de arte reconhecida no Rio, da qual não consigo recordar o nome. Ela expunha naquele momento apenas os trabalhos infantis Ivan Serpa. Abaixo: Mônica com sete anos, no Colégio São Fernando, Rio de Janeiro/RJ.

dos alunos de Ivan Serpa. E com certa surpresa, meu pai reconheceu entre os trabalhos expostos, e em lugar de destaque, um desenho meu. Senti, naquele preciso instante, que algo se transformava, pois aquele fato, inesperado, deslocava-me imediatamente para o espaço público. Aquele momento passou a significar para mim mesma a condição de autora do desenho. Vivi a extensão do prazer da criação em sala de aula ao compartilhamento público, sem ter qualquer ideia como seriam as condutas da sua recepção.

Ivan Serpa foi um dos mais reconhecidos pintores brasileiros modernos (Rio de Janeiro RJ 1923 - 1973).Em 1949, ministra suas primeiras aulas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, onde, a partir de 1952, exerce sistemática atividade didática, em especial no ensino infantil. No ano de 1954, publica o livro Crescimento e Criação, com texto de Mário Pedrosa, sobre sua experiência no ensino de arte para crianças. Nesse mesmo ano, ao lado de Ferreira Gullar e Mário Pedrosa, cria o Grupo Frente, integrado por Franz Weissmann, Lygia Clark, Aluísio Carvão,Hélio Oiticica, Décio Vieira e Lygia Pape. Permanece na liderança do grupo até sua dissolução, em 1956. Apesar da liberdade de pontos de vista estéticos no grupo, há o predomínio de artistas concretistas. Em 1957, recebe o prêmio de viagem ao exterior no Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM. Participa da exposição Opinião 65, evento que marca a difusão de uma nova arte de tendência figurativa, a neofiguração. A obra de Ivan Serpa, desde o início de sua carreira, oscila entre o figurativismo e a arte concreta. Em 1970, funda, com Bruno Tausz, o Centro de Pesquisa de Arte no Rio de Janeiro.

Memorial Mônica Zielinsky

Deste fato, florescido em meio aos primórdios de minha infância, delineou-se um dos primeiros encantos pela arte e vivi, mesmo aos sete anos de idade, a experiência, além do fascínio por ela, também o de uma tenra visibilidade. Ser mestra e sentir-me arrebatada pela arte constituem as profundas raízes desta trajetória, as que se estendem, multiplicam-se e germinam no decorrer de todos os tempos que compõem este memorial. É incontornável conceber este momento do percurso e os próprios fundamentos aqui evocados, sem se fazer alusão às reflexões de Walter Benjamin sobre a origem, ao considerar ele esta como parte do fluxo do devir. Ele menciona que em todo o fenômeno originário tem lugar a determinação da ideia que permanentemente se confronta com o mundo histórico, até atingir a completude na totalidade da sua história. A origem, portanto não se destaca dos dados fatuais, mas tem a ver com a sua pré e pós-história”2. Esse sentido, atribuído pelo filósofo alemão à ideia de origem, integra o que compreendo sobre as minhas origens, elas existem em determinados dados fatuais, os que se vêem articulados com a pré-história de minha própria índole e formação com a pós-história de minha trajetória, em pontos cruciais e nevrálgicos de sua constituição, a serem destacados neste memorial. Essas raízes são efetivamente erigidas nos fluxos de um devir, como lembra Benjamin.

2 Walter Benjamin. Origem do drama barroco alemão. Belo Horizonte: Autêntica, 2013, p. 34.

RaĂzes de um percurso no tempo: as primeiras escolhas

Memorial Mônica Zielinsky

Estruturas mestras e delineamentos fundamentais

o estar próxima da conclusão dos estudos de 2º grau, tendo optado pelo Curso Clássico devido

ao meu fascínio pelos conhecimentos de línguas estrangeiras, literatura e ciências humanas, precipitam-se, neste final de formação secundária, dúvidas sobre os possíveis caminhos a profissionais a seguir. Muito jovem ainda, coube-me a feliz oportunidade de conviver na intimidade de minha família com vários idiomas. Meu avô materno era um parisiense inegavelmente motivado a me fazer exercitar a língua francesa desde o balbuciar de minhas primeiras palavras. Minha avó materna, por sua vez, era professora de francês. Meu pai, suíço, igualmente se expressava em francês e trabalhava no Rio de Janeiro em uma empresa familiar francesa e mais tarde, em Porto Alegre, em outra, agora com belgas. Na infância e adolescência convivi com a extraordinária aptidão paterna para o exercício de diversas outras línguas, como o alemão, inglês e o italiano. Nessa confluência e trânsito de idiomas, aos 16 anos concluí os Diplomas de Língua e Literatura Francesa pela Faculdade de Letras de Nancy (França), oportunizados pela conclusão do curso completo de língua e literatura francesa da Aliança Francesa de Porto Alegre. Na mesma época, realizei os estudos de inglês, até alcançar o Diploma de Michigan, no Instituto Cultural Brasileiro-Norte-Americano. E um pouco mais tarde, desenvolvi os do idioma alemão, no Instituto Goethe, tendo alcançado aprovação no Diploma München, de Estudos Básicos de língua alemã. Estes últimos não puderam ser continuados pela intensa dedicação a outras atividades

Estruturas mestras e delineamentos fundamentais

no percurso profissional subsequente. Assim, a área dos conhecimentos lingüísticos acena, desde esses tempos, sua importância em minha formação e mostrará sua repercussão em alguns desdobramentos em um futuro próximo. Por outro lado, as remotas experiências das aulas de pintura no Colégio São Fernando com Ivan Serpa e, posteriormente na Escolinha de Arte de Augusto Rodrigues também no Rio, mostram-se como um nítido impulso em relação às minhas escolhas profissionais no campo da arte. Neste momento, entre tantas indecisões, eu me perguntava, com certa ansiedade, qual seria minha opção mais completa: abraçar os caminhos da arte ou quem sabe os das Letras? Quais seriam primordiais e mais significativos como realização pessoal, mas também para uma contribuição no âmbito cultural de meu país? Em tempos quando as dúvidas emergiam, floresceu um dos eixos mais fundamentais da infância, aquele desejo, sempre latente, de ser professora e este me auxiliou em algumas tomadas de posição. Ao mesmo tempo em que as línguas estrangeiras me arrebatavam, elas também poderiam ser ensinadas. A formação pedagógica de língua francesa na Faculdade de Educação da UFRGS abriu essa via de trabalho, tornando-me habilitada a ensinar. Por outro lado, e quase simultaneamente, as artes visuais emergiam como inegável possibilidade, entre meus dezessete anos, ao se constituírem como uma das estruturas mestras mais significativas de toda a minha vida profissional. Ambas foram fundamentais, o Com colegas ao ingressar na Escola de Artes - 1967

ensino e a arte. Inicialmente eu havia deixado impressas, em alguma anotação autobiográfica desses tempos, ao modo

Memorial Mônica Zielinsky

de um diário1, minhas aspirações quase secretas, de um dia poder tornar-me um Picasso. Arrebatada por essas duas vias de profundo interesse, ora o prazer de ensinar ou o fascínio pela arte, elegi minhas duas primeiras opções de formação. Prestei, com grande motivação, o vestibular para a Escola de Artes na UFRGS (Instituto de Artes) e ingressei no Curso de Bacharelado em Pintura. Por outro lado, um pouquinho mais tarde, inscrevime no Curso de Formação Pedagógica de Língua Francesa, na Faculdade de Educação da UFRGS. Os dois cursos aconteceram em momentos quase simultâneos e abriram horizontes para mim nunca antes explorados. No Instituto de Artes, em meio aos grandes conflitos políticos e sociais do momento no país dos finais dos anos 1960 e entrada de 1970, percebi, aos poucos, muitos dos novos contornos que a arte assumia. Eram tempos inseparáveis dos fatos históricos, das lutas contra a repressão, torturas, ações transgressivas, participação na via pública contra a luta armada do regime ditatorial que se alastrava. Vivi a divisão, entre meus colegas estudantes, pelas escolhas políticas, a censura, a perseguição e a “neutralidade”. A arte se transformava rapidamente e, não sem certa surpresa, identifiquei o abandono paulatino do interesse pela artesania, da forma e do gosto, do estatuto do pedestal ou das telas, dos materiais tradicionais. A arte vive a partir desse momento o acirramento da crise dos paradigmas e se torna mais cerebral e discursiva, revê questões sobre sua materialidade, fronteiras e lugar, na reafirmação da esfera de liberdade e de poder crítico.

Não foi possível encontrar esse registro entre os meus arquivos abertos, mas eles existem.

Estruturas mestras e delineamentos fundamentais

Nesse contexto, minha aspiração a tornar-me um dia Picasso desmantelou-se rapidmente. Neste período, mesmo seduzida pelas aulas de história da arte ministradas pelos professores Carlos Antônio Mancuso e Marilene Pietà, eu me perguntava: o que seria mesmo arte? As tradições da arte ocidental, tão bem externadas nas aulas de ambos os mestres, entravam em choque com os novos contornos da arte que eu percebia ao meu redor. As aulas de pintura ministradas pelo estimado professor Malagoli ainda se voltavam aos aspectos formais, compositivos e à tinta sobre chassis. Lembro-me do encanto que causou a ele e a mim mesma uma tela minha que expunha o desdobramento geométrico em cromatismos sucessivos sobre o espaço da pintura. Desde o mais pálido amarelo à veemência do vermelho-cádmium se atravessavam ricas passagens, de um tom a outro, em semi-círculos encadeados na tela. Situava-se como uma experiência afastada da proliferação de meios e suportes, que a arte trazia à luz no momento, ao rasgar as categorias artísticas tradicionais do passado. O mesmo acontecia nas aulas de desenho com as professoras Alice Soares, Cristina Balbão e as de Paulo Peres, onde mesmo profundamente incentivada por eles durante a prática diária das aulas, eu me indagava, em permanência, sobre os novos caminhos que a arte fazia emergir, além do que era adotado em aula. Em meio a tantas perguntas, delineava-se, desde esse remoto momento no tempo, o embrião de uma preocupação futura, sobre as leituras inovadoras que a arte exigiria em suas transformações e que viriam a tomar corpo em caminhos profissionais futuros, precisamente 23 anos mais tarde, ao chegar a Paris para desenvolver a tese de doutorado. Concluí meu curso de Bacharelado em Artes Plásticas em 1971 e obtive a primeira classificação no curso entre

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os formandos, o que seria hoje a conquista da Láurea Acadêmica. Teria recebido também, pela antiga Lei Brossard nº 3023, o prêmio de um estágio de estudos de um ano no exterior, mas que, precisamente naquele ano, havia sido extinta. A formação pedagógica de francês foi desenvolvida em meio a um grande arrebatamento e o estágio foi realizado a partir de uma poesia de Jacques Prévert, intitulada “Pour faire le portait d’un oiseau”2, fato que me exigiu grandes conhecimentos da língua francesa, um senso estético apurado a ser transmitido aos alunos pela bela poesia de Prévert e a criação e originalidade na organização e preparação das aulas. A partir desse momento em diante, a vida profissional descortinaria seu alvorecer, a partir dos dois significativos eixos iniciais, da arte e do ensino.

2 Traduz-se o título da poesia de Prévert como: “Para criar o retrato de um pássaro” (minha tradução).

Estruturas mestras e delineamentos fundamentais

Atestado de desempenho acadĂŞmico

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A prática docente e a arte

oincidindo com a data de minha conclusão do curso de Bacharelado em Artes Visuais, um professor, recentemente convidado pela UNISINOS para lá instaurar o

Curso de Arquitetura, perguntou a alunos que se encontravam no hall do Instituto de Artes, se eles poderiam indicar um colega de destacado desempenho em história da arte, para auxiliá-lo, como um estagiário, em suas aulas. Por um fato inesperado do destino, fui indicada por uma colega. Por este caminho iniciei, subitamente, e logo após a minha conclusão da graduação, minha prática docente em história da arte. Nessa perspectiva, o Curso de Formação Pedagógica, anteriormente concluído, mesmo tendo sido voltado à língua estrangeira e oriundo de uma experiência inicial, configurou-se de grande validade em termos curriculares. O professor José Albano Wolkmer também havia sido convidado, além da estruturação do Curso de Arquitetura da UNISINOS, pela PUCRS, para assumir aulas como professor de história da arte nos Cursos de História e de Letras no mesmo período. Incluiu assim minha participação, inicialmente como sua estagiária em todas as suas aulas. No entanto, para grande surpresa minha, este professor apenas ministrou os primeiros encontros em cada uma das universidades, deixando-me, do segundo encontro em diante, com a responsabilidade de assumir todas as turmas, repentinamente, de um dia para outro. Considero que este fato pode ser apontado como a verdadeira gênese de minha prática docente, pois logo a seguir, fui contratada por ambas universidades como professora de história da arte, a partir de 1972. Desde esse momento, eu me vi inserida nos dois eixos principais mencionados: integrada aos estudos da arte, em suas profundas conexões e inserções históricas e culturais e, ao mesmo tempo, às permanentes discussões sobre ela juntamente com meus alunos. Perguntei-me, desde esses tempos, de que modo se poderia compreender este fenômeno artístico, conforme suas tão diferentes perspectivas e práticas temporais, culturais, geográficas, materiais e institucionais? O que seria enfim este fenômeno artístico a se estudar em uma perspectiva histórica?

A prática docente e a arte

A cada encontro, as perguntas floresciam para mim, simultaneamente com as dos alunos, muitos deles ao apresentarem mais idade que eu. Nessa etapa de minha vida profissional, ainda beirando seus primórdios, percebi meu inegável entusiasmo pela prática docente, algo tornado, desde então, inseparável das minhas pesquisas, escritos e escolhas. A esse respeito, lembro a bela entrevista do Abecedário de Gilles Deleuze, diante da pergunta “O que é um professor?”. Em sua resposta, ele se refere à prática docente sob três aspectos essenciais e, vale lembrar, os que foram e são até hoje nucleares em minha própria prática docente. Ele considerava que:

“

— uma aula é uma espécie de matéria em movimento;

— uma aula é um momento de emoção e de inteligência; —

uma aula é um momento estruturado por diversos centros de interesse dos alunos e estes transitam de um a outro, ao tramarem esses múltiplos e plurais pontos de vista como um valioso tecido.

”

Esses três enfoques de Deleuze convergem precisamente no modo como concebo até os dias de hoje a minha prática docente. Retornando à concepção deste memorial, o ato de moverse de Balzac, evocado neste texto como um todo, também se alastra pelas bases e pormenores de cada aula por mim ministrada e também sugerida por Deleuze. Matéria em movimento é a que se expande do ceticismo às interrogações, nas quais as verdades se mostram relativas ou colocadas em xeque. O movimento constante oscila da dúvida, como mencionou Flusser, e se abre a múltiplas relações do saber, este ativo e movido por inquirições, em seu sábio tramar dos conhecimentos em montagem, a partir de cada encontro. Em Deleuze encontram-se essas matrizes de ideias, as que traduzem o mesmo modo como esses momentos com meus alunos expunham, desde outrora, tempos dos primeiros encontros, sua anatomia fundamental. A arte, seus contornos na história da arte e nas culturas, merecia essas trocas constantes de perspectivas e enfoques, porém as óticas transdisciplinares se encontravam ainda submersas, pouco conhecidas, o que a atualidade, em momento posterior, abriria tantos dos novos caminhos da arte, entre a multiplicidade de outros saberes.

Memorial Mônica Zielinsky

Primeiras formações pós-graduadas: o ensino e a arte

erguntei-me muito frequentemente, em um determinado momento da vida acadêmica,

ainda situada em seus primeiros delineamentos, sobre as causas primordiais que motivavam este meu arrebatamento pelo ensino. Entre elas percebi que poderia contribuir pessoalmente ao crescimento intelectual e sensível de muitos alunos, sendo esta uma das causas fundamentais dessas escolhas e prazer. Meu profundo encantamento com esta prática levava-me a reconhecer as elaborações próprias e criativas dos discentes sobre os problemas trazidos em aula e em nas extensões destes à vida. As teorias e metodologias do ensino motivavam-me a aprofundá-las e a descobrir as inovações que surgiam, particularmente diante das transformações da arte e em relação também às transformações do mundo. Nesses tempos, porém, ainda não eram conhecidos em Porto Alegre cursos de pós-graduação em arte e fui buscar assim uma formação pós-graduada em educação. Fui aceita como aluna no Curso de Especialização em Metodologia em Ensino Superior, na Faculdade de Educação da UFRGS, de 1977 a 1978. Lá desenvolvi estudos em diversas áreas de interesse, em especial àquelas vinculadas ao ensino em arte, seja por métodos inovadores de ensino-aprendizagem, teorias neste mesmo campo, o estudo crítico de modelos, o planejamento e a organização do ensino, questões curriculares, entre outras. Percebi que esta etapa inicial da formação pós-graduada fortaleceu a qualidade e a criação em meu desempenho

Primeiras formações pós-graduadas: o ensino e a arte

no ensino e incrementou o interesse no desenvolvimento das aulas na graduação em artes visuais, tanto que, em decorrência, procurei, mais tarde um pouco, cursar o Mestrado em Educação, na área de concentração em ensino. Nesse mesmo momento da especialização, meu outro eixo de fundamental interesse, as artes visuais e sua pesquisa, eclodiu também em estudos e em uma premiação de monografia, realizada em coautoria com as professoras Blanca Brites e Maria Amélia Bulhões. Ela foi intitulada “Francisco Alexandre Stockinger: indivíduo e contexto”, e recebeu o prêmio de Incentivo à Pesquisa, promovido pelo Museu de Arte do Rio Grande do Sul (1978). Este trabalho destacou-se na cena artística do RS, pela carência de pesquisas na área e, em especial, sobre a produção de um escultor de inegável importância no mundo da arte local e brasileira, em especial das décadas de 1970, 1980 e 1990. A monografia apresentou uma abordagem descritiva e ainda não indagativa sobre as leituras da arte do escultor, sob dois vieses, o social e o biográfico. Não foi trazida na época como um confronto de abordagens, mas como duas distintas, já que “a obra de arte não pode ser compreendida a não ser como uma unidade de expressão da realidade social e psicológica”1. Tais ideias retornam contestadas em publicação recente, no livro de minha organização, Heloisa Schneiders da Silva. Obra e escritos2, de 2010. Confronto, neste meu texto, Livro organizado por Mônica Zielinsky sobre Heloisa Schneiders da Silva (2010)

as motivações autobiográficas da artista com as que foram fundamentais para ela em suas pesquisas na história da arte.

BRITES, Blanca, BULHÕES, Maria Amélia, ZIELINSKY, Mônica. Francisco Alexandre Stockinger: indivíduo e contexto. Texto premiado: Incentivo à pesquisa, MARGS, 1978, p. 4

2 ZIELINSKY, Mônica (org.). Heloisa Schneiders da Silva. Obra e escritos. Porto Alegre: MARGS, 2010.

Memorial M么nica Zielinsky

Texto de M么nica Zielinsky no livro Heloisa Schneiders da Silva (2010)

Primeiras formações pós-graduadas: o ensino e a arte

Expus a importância das duas e seus entrecruzamentos, porém

realçando

diferentes

representações

que

assumiram, cada uma a seu modo e contribuição específica, na concepção dos trabalhos da artista. Neste ensaio, as indagações se fazem presentes e evocam seu longínquo embrião, daquele texto de 1978 em coautoria, agora retomado como uma formulação nutrida por problemas fundamentais e atuais entre as abordagens recentes da arte. Na mesma época, fui indicada para integrar a Comissão Julgadora de um prêmio de importância nacional na área artística, o Prêmio Moinho Santista. O convite destinava-se a que eu representasse o Rio Grande do Sul e a PUCRS, na área de artes visuais, juntamente à música e à arte dramática, em uma reunião do júri ocorrida em São Paulo. Esta participação coloca-se como a primeira experiência desta envergadura e visibilidade, em minha tão jovem trajetória daquele período e datada de 1979. Em tempos simultâneos, percebe-se o incremento de minha participação acadêmica no ensino de história da arte, além da Unisinos e da PUCRS, sendo minha inserção incorporada em outras universidades locais. Entre 1977 e 1980, integrei o Curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Integradas Ritter dos Reis como professora titular e do Curso de História da FAPA - Faculdade Porto – Alegrense, como professora assistente. Tornei-me assim uma docente contratada em quatro universidades particulares, na área de história da arte e além desta área, na disciplina prática de Plástica I, no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos. As abordagens teóricas voltavam-se, nesse momento, aos estudos cronológicos em história da arte e arquitetura, porém articulados com as conexões sociológicas e históricas, advindas da conformação dos contextos e visões de mundo

Memorial Mônica Zielinsky

em que se inseriam essas práticas artísticas e arquitetônicas. Autores como Arnold Hauser, Sigfried Giedion, Germain Bazin, Ernst Fischer, Everard Upjohn, entre outros, eram alguns dos principais autores que fundamentavam as aulas. Ao mesmo tempo em que se alargavam para mim as possibilidades práticas de docência em história da arte, senti falta de um aprofundamento em estudos pós-graduados no campo específico de estudos. Como mencionado, diante da inexistência local de cursos de pós-graduação em artes visuais, busquei o curso de mestrado e, tal como na especialização, novamente em educação, na área de concentração em ensino, de 1981 a 1983 na FACED, UFRGS. Esta

experiência

revestiu-se

fundamental

importância nos caminhos aqui expostos, tornando-se as aulas o lugar das mais vivas descobertas em ensinoaprendizagem em relação às especificidades da arte, experiências curriculares inovadoras no campo artístico. Pensava-se a arte na atualidade e os instigantes confrontos entre os veios filosóficos, psicológicos ou sociológicos, ao se abordar a arte e os processos de seu ensino. Esses dois anos de formação evidenciaram meu interesse primordial pela psicologia da educação, tendo sido destacado o método do psicólogo e educador norte-americano Carl Rogers. Em sua ótica, o professor se situa como um facilitador no processo de ensino-aprendizagem, por ações sempre democráticas, nas quais o interesse primordial é sempre centrado no aluno. A perspectiva de Rogers foi de vital importância para o delineamento dos meus modos próprios de conduzir as aulas teóricas e práticas, os grupos de pesquisa e, em especial, ao trocar ideias sobre conhecimentos e saberes. Em seu ideal de ensino, a tarefa do professor é facilitar a aprendizagem, que o aluno conduz a seu modo. A dissertação de mestrado,

Primeiras formações pós-graduadas: o ensino e a arte

orientada pelo professor espanhol Juan José Mouriño Mosquera, centrou-se nas teorias humanísticas do ensino, fundamentadas, em especial, pelas teorias da motivação de Abraham Maslow, da aprendizagem significativa de David Ausubel, em estudos sobre a abordagem psicológica do processo artístico de Howard Gardner e de Frank Barron, entre outros. As diversas interlocuções durante este período com mestres importantes para esta minha formação, tais como Mérion Bordas, Ângela Biaggio, Juan Mosquera, Cecília Osowski, Lucila Santarosa, entre outros, marcaram os passos seguidos ao longo de minha vida acadêmica deste momento em diante, cercada, tanto pelo fascínio do ensino, como em particular, pela pesquisa em arte, entre as suas mais audaciosas discussões de ideias e indagações no tempo.

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Rupturas teóricas e indagações. As primeiras publicações

uase ao final do curso de mestrado, encontrandome já em processo de redação da dissertação,

acompanhei a formação em Porto Alegre de um grupo de estudiosas em história da arte, todas recém-chegadas de seus doutorados realizados na França. As professoras lá desenvolveram estudos sobre a arte sob seu cunho sociológico e crítico, ainda vinculados às fontes dos estudos culturais franceses dos finais dos anos 1980. O grupo intitulou-se ARPEC (Artes Plásticas: Estudo e Critica), formado por Ana Spadari, Blanca Brites, Icleia Borsa Cattani, Maria Amélia Bulhões, Maria Lúcia Kern e por mim, tendo sido convidada, desde a sua criação, para integrá-lo. Foram publicados três artigos inovadores em relação às leituras da arte, no sentido de “aprofundar a reflexão crítica sobre a arte e a pesquisar e difundir o conhecimento sobre os fatos artísticos1. Os textos buscavam raízes em autores de fundamentação sociológica e crítica, como, entre outros, Marc Lebot, Jean Laude, Nicos Hadjinicolaou, na discussão acirrada das transformações da arte diante dos sistemas vigentes. Tais leituras, debates e publicações desestabilizaram inteiramente para mim as perspectivas teóricas sobre as quais se assentavam meus estudos de mestrado e a redação da dissertação, em vias de finalizar. Neste momento, se instauraram as minhas primeiras grandes indagações e dúvidas, tais como eu as formulei para mim mesma, ao me deparar com essa outra posição diante dos conhecimentos e de ideias sobre a arte. Perguntava-me:

Grupo ARPEC. Artis, revista mensal de arte e cultura, mar. 83, n. 4, p. 6

Rupturas teóricas e indagações. As primeiras publicações

“

— Será que o prisma das teorias humanísticas e suas práticas não estaria desvinculado das realidades de espaço e tempo, ou seja, históricas, culturais, políticas e sociais da própria arte e de seu ensino? — Será que existe, nesse entendimento da arte e de seu ensino, alguma articulação social da diferença, dos conflitos de poder, entre os quais a arte circula e se constitui e com os quais o seu ensino, sob a mesma ótica, se defronta?

”

Diante do emprego dessas teorias nutridas por este “modelo de homem” e por este “modelo de arte”, idealistas e amparados na autorrealização do sujeito e à arte original, são colocados em xeque os pressupostos ideológicos que fundamentavam esta dissertação. Nesse profundo embate teórico e prático, travado por mim mesma enquanto autora, ocorre a única solução por mim considerada possível: apresentar a pesquisa precisamente como foi concebida e desenvolvida. Traz à luz, porém, em si mesma, seu último capítulo “Aplicação de modelos no ensino: considerações críticas”, como uma crítica ao que havia sido anteriormente desenvolvido. Com esta escolha, senti-me coerente com as minhas ideias mais recentes na época, levada por uma necessária honestidade, autocrítica e coragem intelectual, para defender as novas perspectivas reconhecidas, em meu ponto de vista, para a arte e para o seu ensino. Mesmo que este capítulo expressasse o tumulto das dúvidas e das severas contradições por mim mesma identificadas neste difícil processo de pensamento, ele as traz, para abri-las criticamente, sem desejar fechar questões2.

2 Palavras conclusivas, ao finalizar a dissertação. In: Mônica Zielinsky. Efeitos do Modelo Humanístico de Criatividade em artes plásticas: um estudo em aberto. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação, UFRGS, dezembro de 1983, p.222.

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Em tempos entre o desenvolvimento do mestrado e a sua finalização, emergem as primeiras publicações, as que espelham um paulatino vislumbrar de novos caminhos intelectuais. Voltam-se a métodos de ensino, o lugar da mulher nas artes plásticas, em especial no RS, também a respeito da produção de artistas, como a de Frans Kracjberg, sobre arte têxtil e sua produção no RS. No entanto, pertencem igualmente a este período os textos já em coautoria com a ARPEC: A crise das vanguardas, em suas três partes, e posteriormente, no Jornal do Sul, o texto Artesanato + Kitsch. Deste momento constitui-se o embrião, também em coautoria com Icleia Cattani e Maria Lúcia Bastos Kern, da obra Espaços do corpo: pintura e desenho no RS, 1977-1985, apoiado pela FUNARTE e publicado pela UFRGS, na Coleção Visualidade somente em 19953.

3 Esta obra foi realizada em coautoria entre Icleia Cattani, Maria Lúcia Bastos Kern e Mônica Zielinsky.

Rupturas teóricas e indagações. As primeiras publicações

Neste período, tornaram-se visíveis os novos horizontes teóricos e de posicionamentos críticos e históricos sobre a arte. Destaco, em especial, a repercussão desses horizontes nas aulas que ministrava, nas escolhas dos próprios artistas sobre os quais aprofundava ideias, em especial sem nunca abandonar o sentido democrático e centrado no aluno de Carl Rogers. Sempre compreendi, juntamente com Paulo Freire, a “educação como uma prática de liberdade”, pois as novas perspectivas reflexivas abriam-se à necessidade desta liberdade, uma vez que iluminavam óticas críticas, portanto afeitas ao discernimento, aos pontos de vista, à divergência e aos juízos. Foi dentro deste tipo de concepção que apresentei essas ideias em minha primeira participação em Congresso Internacional, a do INSEA (1984), no Rio de Janeiro. Mas em especial, foi a partir do âmago desses questionamentos que a minha docência em níveis pós-graduados viram seu berço.

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A prática da arte em estudos em nível de pós-graduação

m 1982, foi criado na PUCRS o Curso de Especialização em Artes Plásticas: Suportes

Científicos e Práxis, pelas professoras Icleia Cattani e Maria Lúcia Bastos Kern e fui por elas convidada para integrar o mesmo, sendo eu docente naquela universidade desde 1972, na área de história da arte. A criação deste curso veio a suprir a inexistência de formações pós-graduadas na área de artes visuais na região sul do país e tem o mérito de seu pioneirismo e de gerar diversas pesquisas, muitas das quais posteriormente se desdobraram em novas, no futuro Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, a ser criado em 1991. Estando eu integrada a este curso de especialização, dediquei-me nele a vários seminários: Educação pela Arte, Metodologia do Ensino das Artes Plásticas e Realizações Plásticas e Reflexões Teóricas. Em cada um deles, considerei a arte seu cerne fundamental, mesmo que as disciplinas pudessem requerer, junto a ela, outros conhecimentos, objetivos de trabalho e conformações peculiares. A arte emergia em suas relações com os aspectos formativos – as possibilidades e caminhos da criação, formas de sua difusão e leituras, no alargamento das discussões críticas sobre e com ela. Em outro seminário, os princípios metodológicos de seu ensino tornaram-se fundamentais para os questionamentos atuais. Nesse sentido, discutiram-se modelos, a ideia de liberdade, ou a dúvida como valor, também ideias sobre confrontos e transgressões. O ensino era compreendido sob abordagens variadas em seus cunhos biográfico, sociológico, histórico ou em relação às novas questões materiais da

A prática da arte em estudos em nível de pós-graduação

arte. Em Realizações Plásticas e Reflexões Teóricas a arte era tratada sob o prisma de seus processos teórico-práticos, estes articulados à criação em arte e à sua recepção, ao se estimular que os alunos pensassem, a partir das contribuições sensíveis, cognitivas e comunicacionais, sobre uma arte em suas vívidas transformações dos anos 1980 em diante, no Rio Grande do Sul. Essa experiência se desdobrou na orientação de 23 monografias de conclusão de curso, de 1983 a 1985, todas centradas em assuntos de interesse e inovadores na área, muitas voltadas às práticas educativas.

Algumas orientações de monografias, PUCRS

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Neste mesmo curso, fui responsável por sua subcoordenação acadêmica em 1984 e coordenei o II Encontro Interuniversitário sobre Problemas de PósGraduação em Arte e o III Encontro, este ocorrido em Montenegro, RS. Em simultaneidade à minha atuação no Curso de Especialização da PUCRS, fui também convidada pela Professora Ana Spadari a integrar um outro Curso de Especialização, o de Educação Artística na Universidade de Caxias do Sul, RS, de 1983 a 1986. Nesta inserção fui responsável por seminários semelhantes aos que eu desenvolvia na PUCRS, ou seja em Educação pela Arte, Métodos Existentes em Educação Artística e Oficina de Artes Plásticas, com conteúdos de ensino visivelmente aproximados entre as propostas curriculares dos seminários nos dois cursos. Em ambas experiências de ensino pósgraduado os conflitos entre modelos eram focos das aulas, ora oriundos de tradições humanísticas ocidentais e os das novas teorias críticas da arte, algumas mencionadas em relação à minha dissertação de mestrado. Curiosamente, alguns desses contornos humanísticos viam-se também presentes na bibliografia mais conhecida sobre arte e arte e educação no Brasil naquele momento, fato que revolveu com ardor ideias e conceitos que permeavam as minhas aulas, em relação às concepções mais recentes e críticas da arte, de seu ensino e das suas práticas. Devo ressaltar que nas duas experiências realizadas ainda precocemente em pós-graduação, meu interesse principal acabou se centrando, com maior interesse, nos seminários de integração teórico-prática em artes visuais, tanto na PUCRS, como na UCS. Essas preferências acabaram por se tornar determinantes em minhas pesquisas e

A prática da arte em estudos em nível de pós-graduação

produções futuras, assim como nas atividades de ensino que abracei no decorrer de minha vida profissional. Elas se situaram sempre como atos moventes do pensamento, como teria compreendido Balzac em sua Teoria do mover-se, onde se desenha um lugar ativo entre os saberes de natureza reflexiva e prática interligadas, onde o pensamento relacional e as indagações propiciam novas descobertas em matéria de arte. Este período que compreendeu uma participação crescente de minha parte em diversas palestras e painéis, também em júris no meio artístico local, tais como o de Críticas Jovem Arte Sul-América (MARGS, 1983), os do Centro Gaúcho da Tapeçaria Contemporânea (MARGS, 1983, 1984 e em 1985) e o da Exposição de Escultores Figurativos Atuais (IEAVI, 1991). Pode-se inferir assim que, destes tempos ampliou-se a minha inserção acadêmica em níveis pós-graduados, mas, ao mesmo tempo, no meio de arte, por meio de uma atuação cada vez mais integradora entre a academia e o circuito artístico, ação da qual não se poderia jamais prescindir.

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Os Grupos de Estudos. Alternando pontos de observação

gênese dos Grupos de Estudos aflorou a partir de solicitações de artistas atuantes na cidade

ou em centros próximos a Porto Alegre, como Caxias do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo, no sentido de obterem um espaço para debater seus trabalhos de arte e trocar ideias, acompanhados pela troca de conhecimentos a respeito da arte, em grupos por mim coordenados a partir de agosto de 1984. Nesses encontros, desenvolvidos inicialmente em minha própria residência, projetavam-se discussões sobre o fazer artístico e as possibilidades reflexivas que se ofereciam. Textos de artistas, como La pensée créatrice1, ou L’histoire naturelle infinie2, de Paul Klee, recém-publicados na França, evidenciavam as relações deste artista com os aspectos construtivos de sua obra, o visível formalismo moderno europeu que a partir de sua obra se projetava, sua criação a partir das observações da natureza, a sua intrincada participação na Bauhaus, a concepção que tinha da arte moderna naquele contexto cultural, suas aulas e teorias. Foram também estudadas as produções e o pensamento de Matisse, Oiticica, Robert Morris, Pollock, em trocas de conhecimentos com filósofos e antropólogos, entre outros como com Merleau-Ponty, Lévi-Strauss e Michel Foucault. O grupo congregou, naquele momento, diversos futuros colegas

Paul Klee. La pensée créatrice. Paris: Dessain et Tolra, 1980.

2 Paul Klee. La pensée créatrice. Paris: Dessain et Tolra, 1980.

Os Grupos de Estudos. Alternando pontos de observação

meus do Instituto de Artes, posteriormente aprovados em concursos públicos, tais como Sandra Rey, Ana Maria Albani de Carvalho, a artista Eleonora Fabre, Amélia Metsavah (de Caxias do Sul), e diversos outros. O grupo de agosto de 1984 desdobrou-se logo um seguinte, em 1985, por novas solicitações de candidatos interessados. Esta atividade se configurava como uma fonte inegável de deleite para mim, tendo consciência que, como teria lembrado Barthes, “o saber reflete incessantemente sobre o saber”3. E esse encadeamento infinito, movido por relações e outras perspectivas nascentes das práticas artísticas e das reflexões teóricas constituiu-se o germe mais profundo de meu arrebatamento por este tipo de trabalho, em pesquisa e no ensino. Além do segundo grupo de 1985, somente em 1991 busquei retomar este tipo de atividade. Eu a realizei, neste segundo momento, não mais em minha residência, mas em uma galeria de arte que dispôs um espaço ideal para esta minha iniciativa, a Galeria Marisa Soibelmann. Os novos grupos geraram uma outra cadeia de encontros, de um para outro, constituindo-se, na sequência, em três outros grupos consecutivos. No entanto, nesses mesmos tempos, delineou-se no horizonte de minha vida profissional, uma oportunidade por mim sempre almejada, a de um possível ingresso no Instituto de Artes da UFRGS, como professora substituta na área de Percepção.

3 Roland Barthes. Aula. São Paulo: Cultrix, 2008, p. 19.

Memorial Mônica Zielinsky

UFRGS. A pesquisa e a docência, entre a teoria e a prática

omo professora substituta em exercício durante 1 ano na área de Teoria da Percepção - 2 e 3

dimensões, estruturei minha área de pesquisa, intitulada: “Interseções: entre a reflexão e o fazer em artes plásticas”, a que remetia diretamente às minhas escolhas de tempos anteriores mencionadas, as da UCS e da PUCRS, assim como aos Grupos de Estudos. Publiquei, naquele momento, o texto “Escultura: encontros entre o perceber e o fazer”1, ao buscar compreender o fenômeno perceptivo dos artistas no processo de concretização material de seus trabalhos, em especial ao lidarem com três dimensões. Em finais de 1992, prestei o concurso público na UFRGS e na referida área. Ocupei a vaga em Teoria da Percepção - 2 e 3 dimensões, efetivada em 13 de fevereiro de 1993. Nessas aulas, dediquei-me profundamente aos estudos de percepção e das práticas decorrentes deste processo, assim como em sua repercussão na criação e recepção artísticas. Foram consultados autores como Koffka, Wertheimer, as teorias da Gestalt, R. H. Day, Rudolf Arnheim, entre outros e eu desenvolvia, com os discentes, os diversos modos como eles exerciam esse percurso em seus trabalhos e nas leituras da arte; entre outros, mostraram-se cruciais os estudos antropológicos de Edward Hall, em “A dimensão oculta”. Desse estudo, os alunos viviam experiências de suas alterações comportamentais, pela aproximação dos corpos

Mônica Zielinsky. “Escultura: encontros entre o perceber e o fazer”. Porto Arte, nº 5, Ano III, mai, 1992, pp. 50-55.

UFRGS. A pesquisa e a docência, entre a teoria e a prática

do outro, ao trabalharem sua arte. Ou melhor, a aproximação dos corpos do outro influía no processo do fazer artístico e em seus resultados. Nessa perspectiva, a percepção estudada extrapolava, em minhas aulas, o prisma meramente visual e se alastrava a vivências ambientais, corporais, culturais e sociais. As fontes transdisciplinares apontavam desde já sua sutil presença em meu trabalho de ensino e indicavam seus possíveis desdobramentos futuros. A partir deste ingresso efetivo na UFRGS, associaramse, além do ensino e da pesquisa, desde logo, atividades administrativas e a inserção em um projeto de extensão. Citam-se participações na Comissão de Carreira, no Colegiado do Departamento de Artes Visuais e no Projeto de Extensão Griffe, por ocasião da data comemorativa ao 60º aniversário da UFRGS (1994). O projeto de pesquisa implementado e as aulas ministradas desde minha aprovação nesta universidade foram

fundamentadas

mencionado

veio

teórico-

prático que, desde tempos anteriores, me acompanhava sistematicamente. Propus-me a desenvolver meus estudos doutorais, neste momento e sob esta perspectiva, como um imprescindível

aprofundamento

para

meu

próprio

aprimoramento intelectual e de pesquisa nos estudos da área artística.

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Formação doutoral no exterior. Novas dúvidas, deslocamentos de ideias e outras indagações

om um projeto voltado a compreender os diferentes modos de operação perceptiva e as

suas múltiplas possibilidades de apreensão da realidade em meio aos processos perceptivos, com resultados fascinantes a serem identificados nos atos de criação artística, inscrevi-me para a seleção de Bolsas de Estudos no Exterior e fui aprovada para cursar o doutorado pleno no exterior. Fui recebida em Paris pelo Professor Dr. Marc Jimenez, coordenador do Centre de Recherches en Esthétique, da Universidade de Paris I, meu orientador de tese de 1994 a 1998, através de um convênio CAPES-COFECUB (PPGAV - UFRGS e Universidade de Paris I, Panthéon-Sorbonne). Este doutorado significou muito mais que um curso e uma tese concluídos. Ele traduziu um verdadeiro divisor de águas em minha vida intelectual e artística. Levou-me a dilatar princípios de crenças e conhecimentos sobre a arte incorporadas e o estabelecimento das novas dúvidas que avultaram com vigor a partir dessas enriquecedoras vivências. Ao acompanhar os seminários do Professor Jimenez, entre os primeiros momentos de minha inserção na vida universitária em Paris, percebi as veementes discussões que ele deflagrava com ardor em suas aulas sobre a arte contemporânea e o estatuto dos discursos elaborados sobre ela. Esses encontros estimularam um aflorar de abalos consideráveis em relação ao foco de estudos que me havia me levado ao doutorado. Ao serem levantados debates

Formação doutoral no exterior. Novas dúvidas, deslocamentos de idéias e outras indagações

sobre a ideia de crise da arte atual e de sua recepção pública, precipitaram-se muitas das minhas perguntas, as que condiziam perfeitamente com a ambiência local e européia onde eu me encontrava, através de publicações polêmicas que irrompiam, sem pausa, através de livros, artigos de revistas, jornais, exposições1 ou mesas-redondas e palestras em museus de arte, onde a controvérsia mostrava ser, com insistência, o tom dominante. Nesse conturbado contexto de ideias, trabalhos e leituras percebi que meu projeto, voltado a compreender a estrutura e a constituição perceptiva dos artistas em seus atos criativos se afastava visivelmente do clima contemporâneo impestuoso de ideias e de outros pontos de vista artísticos, ambiência na qual eu iria conviver durante os próximos 4 anos. Voltei-me a repensar a arte, mas nesse momento, sob um vital deslocamento de interesses, os que se desviavam do processo de criação dos artistas para os de sua recepção. Uma recepção que se colocava inteiramente em xeque. As minhas interrogações emergiam de modo interminável, ao tentar compreender o que seria efetivamente uma crítica de arte naquele momento.

“

Perguntava-me se os problemas seriam os de uma arte em crise ou os dos meios de se referir a ela, indagar o que significaria uma crítica de arte em crise? Ou melhor, seria a própria arte que estaria em crise? Surgiram perguntas e mais perguntas, voltadas a rever essas questões também no que ocorria em meu país de origem, ao buscar compreender: — e no Brasil, como esses fatos estavam sendo abordados? Como se pensaria sobre a arte contemporânea no Brasil? Quem, como e onde ela era referida?

”

Este fato era reconhecido também em exposições, como por exemplo através da marcante mostra Hors Limites, no Centro Georges Pompidou, de setembro de 1994 a janeiro de 1995 e motivadora de infindáveis polêmicas na época.

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Durante essa valiosa experiência de estudos no exterior, convivi com grandes mestres, altamente generosos em suas significativas contribuições para o aprofundamento das minhas ideias e pesquisa. Elas também evidenciaram sua importância fundamental para toda a minha trajetória futura de revisões sobre a arte, a levar em conta seus variados contextos culturais, históricos e transdisciplinares, acompanhadas das interrogações que afloravam a respeito da sua recepção. Defendi, assim, o DEA2 ao final do primeiro ano letivo de estudos e, durante este período, emergiu a outra grande indagação teórica de minha trajetória de dúvidas, as que permearam esta efervescente história acadêmica. Em seminários como os do Professor Jimenez, a crítica mostrou-se como um fenômeno crucial em suas relações com a arte e com o mundo cultural daqueles tempos, para mim merecedora de investigações em relação à sua condição no Brasil. Dei-me conta da grande lacuna de pesquisas em nosso país que se voltassem a esse tipo de reflexão, mas também movida pelo meu vivaz interesse em compreender mais profundamente o que teria sido e poderia ser a crítica de arte, em meio às profundas transformações culturais e históricas da arte e das culturas atuais. Em um novo ato de coragem, abandonei meu projeto que havia me levado a Paris e reelaborei um novo. Interessei-me em aprofundar ideias sobre a crítica de arte hoje, através do estudo de casos específicos de críticos brasileiros, por meio de suas diferentes inserções culturais, em lugar de deter-me em investigações sobre a percepção dos artistas em seu processo de criação, fato que, sob minha ótica mais recente, não traria contribuições mais significativas ao debate existente mundialmente naquele momento. Assumi a escolha de estabelecer um contato estreito com uma bibliografia inteiramente nova para mim, em especial centrada em estudos sobre a crítica de arte na história e na contemporaneidade. Foram fundamentais as referências filosóficas e da estética contemporânea em suas várias vertentes e fundamentos, também sobre a própria arte atual. Autores da antropologia, sociologia,

2 DEA é o conhecido Diplôme d’Études Approfondies (hoje suprimido pelas transformações acadêmicas na universidade francesa) e corresponde à conclusão do primeiro ano de estudos pós-graduados. Nesse momento, o aluno precisaria defender as bases da sua futura tese, a partir da sua apresentação a um júri composto pelo orientador e por mais dois professores, com os quais cursou seminários, ao elaborar, em seu final, três trabalhos integrados (os 3 necessários “mémoires”). Optei para o DEA em examinar a obra da artista mexicana Frida Kahlo, sob a perspectiva da crítica de arte existente sobre esta obra (Les chemins de la critique d’art), também sobre os estudos de seus autorretratos do ponto de vista histórico (Inférences: autoportraits de Frida Kahlo), ou do emprego que Frida Kahlo fazia das molduras, como estatuto e parte das suas obras (Peinture, cadre et limites).

Formação doutoral no exterior. Novas dúvidas, deslocamentos de idéias e outras indagações

política, as controvertidas discussões entre autores de filiação analítica anglo-saxã e os dos enfoques históricocríticos levaram-me a uma imersão absoluta de um ano intenso, centrado em leituras profundamente envolventes e fundamentais, as que realmente permanecem até hoje em meu acervo crucial de ideias a respeito da arte e da sua recepção crítica. Segui, nesses anos de estudos em Paris, os valiosos seminários de Georges Didi-Huberman (École des HautesÉtudes en Sciences Sociales), de Jean-Claude Lebensztejn (Institut National d’Histoire de l’Art de Paris), de Gilbert Livro de org. Mônica Zielinsky. Fronteiras. Arte, crítica e outros ensaios. 2003

Lascault (Université de Paris I) e de Rainer Rochlitz (CNRS), ao trazerem, cada um, seus pontos de vista polêmicos e sob inovadoras perspectivas e teorias, para mim anteriormente desconhecidas em relação às abordagens da arte. Aproveitei a estadia em Paris para organizar, durante a elaboração da tese, um livro que publiquei em meu retorno no Brasil, ao convidar alguns autores europeus e um norte-americano, com os quais eu mantinha contato, além de estudiosos brasileiros, sobre o tema da crítica de arte contemporânea. Ele foi editado pela UFRGS em 2003, intitulado Fronteiras. Arte, crítica e outros ensaios e é ainda hoje consultado em relação aos controvertidos estudos sobre a crítica de arte atual. Para a elaboração desta tese foi imprescindível o desenvolvimento de uma pesquisa de campo no Brasil, onde permaneci, para esta finalidade, por três meses. Entrevistei 15 críticos brasileiros no eixo Rio-São Paulo, dos mais reconhecidos na história da crítica de arte brasileira, em especial pertencentes à década de 1980. Entre eles citam-se Ronaldo Brito, Paulo Sérgio Duarte, Rodrigo Naves, Ferreira Gullar, Teixeira Coelho, Frederico Morais, Ricardo

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Basbaum, Luiz Renato Martins e as historiadoras da arte Aracy Amaral e Annateresa Fabris. Essas entrevistas adquiriram um significado de relevância para a constituição de uma história da crítica de arte contemporânea no Brasil e elas revelaram as posições controvertidas dos entrevistados, em especial sobre o exercício dos juízos e sobre suas compreensões a respeito da atividade crítica no contexto brasileiro da arte atual. A tese de doutorado La critique d’art contemporaine au Brési: parcours, enjeux et perspectives“3 foi defendida em 10 de dezembro de 1998, tendo como examinadores os professores Marc Jimenez4 como orientador, o Professor Dominique Chateau (Universidade de Paris I), o Professor Richard Shusterman (Temple Universidade, da Filadélfia, USA) e a Professora Icleia Cattani, (UFRGS), tendo minha tese obtido aprovação com a menção “Três honorable et les félicitations du jury”. Os trabalhos extrapolaram o tempo previsto de defesa, devido às discussões altamente polêmicas levantadas pelos examinadores durante a sessão, particularmente a partir da atuação de Ronaldo Brito como crítico de arte, assim como pela forma como ele foi apresentado no decorrer da minha tese.

3 Título traduzido: “A crítica de arte contemporânea no Brasil; percursos, desafios e perspectivas”. 4 Marc Jimenez foi o primeiro tradutor da Teoria Estética de Adorno para o idioma francês e é reconhecido pela minúcia, precisão e excelência deste trabalho.

Formação doutoral no exterior. Novas dúvidas, deslocamentos de idéias e outras indagações

Vale lembrar que esses estudos apaixonados sobre a arte contemporânea e os inovadores modos de abordá-la, já se encontravam outrora embrionários, nos remotos tempos de minha formação no Bacharelado em Artes Visuais. Percebia, desde aquela época, que a arte, vivia suas permanentes transformações, as que dizem respeito ao aos trânsitos do tempo, da história, das culturas e comunidades. Requeriria, por essas razões, metamorfoses sistemáticas nos modos de abordá-la, fatos estudados nesta tese, com repercussões para os contornos da crítica de arte contemporânea e em perspectivas de seu futuro. A partir da tese de doutorado, em sua continuidade, publiquei inicialmente alguns artigos e livros, listados a seguir, em sequência. Entre eles destaco: ZIELINSKY, Mônica. “Os lugares da critica”. Jornal da Crítica, São Paulo: ABCA, vol. 2, novembro 1999, pp. 9-16. ZIELINSKY, Mônica. “Entre fronteiras: pensando sobre a arte”. São Paulo: Arte e Cultura da América Latina, Vol. 8, 1999, pp. 46-52. ZIELINSKY, Mônica. “A critica de arte contemporânea no Brasil: problemáticas e perspectivas”. Epílogos y prólogos para um fin de siglo. VIII Jornadas de Teoria e Historia de las Artes. Buenos Aires: CAIA, 1999, pp. 195-203 ZIELINSKY, Mônica. “Critique au Brésil: La différence comme valeur”. In: Marc JIMENEZ (org.). L’oeuvre d’art et La critique. Paris: Klincksieck, Séminaire Interarts de Paris 1999-2000, pp. 235-252. ZIELINSKY, Mônica. “A crise da crítica”. 2º Caderno, Cultura. Zero Hora, 23/07/1999. ZIELINSKY, Mônica. “Uma história da estética”. 2º Caderno, Cultura. Zero Hora. 20/11/ 1999. ZIELINSKY, Mônica. “A exposição como obra”. 2º Caderno, Cultura. Zero Hora. 11/12/ 1999. ZIELINSKY, Mônica. “A arte e sua mediação na cultura contemporânea”. Porto Arte, vol. 10, 1999, pp. 93-101. ZIELINSKY, Mônica. “A crítica da arte contemporânea nos contextos em transformação”. In: BULHÕES, Maria Amélia et KERN, Maria Lúcia. América Latina: territorialidade e práticas artísticas. Porto Alegre: UFRGS, 2002, pp. 133-142. ZIELINSKY, Mônica (org.). Fronteiras. Arte, crítica e outros ensaios. Porto Alegre: UFRGS, 2003. ZIELINSKY, Mônica. “A arte e sua mediação na cultura contemporânea”. (1999), In: FERREIRA, Glória. Crítica de Arte no Brasil: Temáticas Contemporâneas. Rio de Janeiro: FUNARTE, 2006, pp. 221-245.

Memorial Mônica Zielinsky

O retorno ao Brasil. Irradiações dos estudos de doutorado no meio universitário e artístico brasileiro

o retornar ao Brasil em 14 de dezembro de 1998, recebi, logo após meu regresso a Porto Alegre,

um convite para integrar o Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, e para ministrar inicialmente o Seminário de Metodologia da Pesquisa em Arte e, posteriormente, o de Leituras da Obra de Arte I. Também me foi dirigido o convite para assumir a coordenação do Centro de Documentação e Pesquisa do mesmo programa. Na graduação foi-me solicitada, pelo Colegiado, a responsabilidade pela disciplina de Teoria e Crítica da Arte, um seminário obrigatório e pelo qual todos os alunos, ao estarem matriculados em seu 6º ou 7º semestre do curso, deveriam cursar, antes de sua diplomação. Destaco que todas essas atividades acadêmicas foram pautadas por meu visível entusiasmo, pela possibilidade de poder partilhar com os estudantes os novos conhecimentos adquiridos no exterior, assim como as infindáveis dúvidas que os permearam sempre ainda latentes durante tantos anos. Retorno aqui à minha concepção de ensino, marcada, nesta linha tempo acadêmica, pois não se pode omitir o modo como sempre compreendi e continuei a conceber o ensino. Seguiram os contornos nucleares do Abecedário de Deleuze, lembrando tratar-se de uma matéria em constante movimento, a que diz respeito aos momentos de emoção e de inteligência, assim como àquela trama entre os pontos de vista múltiplos e plurais. E sempre, na metodologia de

O retorno ao Brasil. Irradiações dos estudos de doutorado no meio universitário e artístico brasileiro

Rogers, centrava-se nos alunos, a partir daquilo que eles poderiam construir, desde suas dúvidas nascentes e em efervescência. As respostas dos discentes foi imediata, as de um recíproco e veemente interesse pelas discussões tratadas em aula e em pesquisas locais que, desde esse momento, afloraram. Eu mantinha permanentemente, dentro de mim, aquele forte sentimento que me impelia a retribuir ao meu país o que em mim fora investido: os anos de estudos no exterior do Brasil foram imprescindíveis para este crescimento intelectual e acadêmico, do qual eu tinha convicção absoluta de ter adquirido. Meu retorno a Porto Alegre me estimulou a uma intensa e sistemática produção de textos novos, listados mais acima. Também, nesse momento de regresso, implantei dois projetos de pesquisa, um que contemplava o trabalho previsto para o CDP, em relação à arte e documentação, o outro decorrente das articulações e confrontos entre a produção da crítica de arte e as curadorias, já que estava sendo debatida, naquele preciso momento, a 2ª Bienal do Mercosul. No entanto, esta última foi lastimavelmente suspensa, por outros caminhos surgidos nesta trajetória, além de uma dedicação mais intensa ao trabalho do CDP, pela sua importância para a arte local e também sendo eu a coordenadora deste mesmo centro. Essa pesquisa se interessava aos estudos sobre a arte contemporânea em Porto Alegre, intitulada “Arte e documentação: uma questão interdisciplinar”. Congregava distintos documentos sobre esta arte em forma de arquivos e documentos, muitos dos quais pertenciam à produção artística de professores e alunos do Programa

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de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes, mas também de artistas não necessariamente pertencentes ao PPGAV. Materiais como dados institucionais, jornais e periódicos, fotografias, vídeos, CDs, folders, artigos, correspondências,

catálogos,

mesmo

livros

teses,

compunham o representativo acervo do CDP. Esta pesquisa buscava integrar, por um lado, uma parte técnica do projeto, ao selecionar, catalogar e elaborar o levantamento dos documentos existentes para traçar, a partir deles, algumas das linhas de conduta da arte contemporânea em Porto Alegre. Por outro, buscava, bem além do registro documental, estruturar um laboratório de estudos críticos, históricos e culturais sobre a arte contemporânea em Porto Alegre, ao refletir sobre seus contornos, funcionamento institucional, identidades artísticas e, mais recentemente, sobre as novas relações entre o local e o global, através de diversos estudos de casos. Os conhecimentos adquiridos em Paris, sobre a crítica de arte contemporânea no Brasil, foram cruciais para organizar este tipo de compreensão. A reflexão via-se pautada por controvérsias, ora em relação à seleção dos artistas, o reconhecimento de suas condutas institucionais ou em sua recusa, sobre suas articulações coletivas, assim como sobre os pensamentos que manifestavam junto aos seus modos de inserção cultural, política e artística. Este estudo se vê até os dias atuais em um permanente processo de desenvolvimento, até o momento inconcluso, pois é possível vê-lo em uma expansão crescente de dados e observações. Este projeto inseriu um número expressivo de bolsistas de iniciação científica a partir deste período, também diversos mestrandos, doutorandos e, atualmente duas pósdoutorandas. Ambas, são estudiosas e, ao mesmo tempo, artistas e desenvolvem pesquisas de grande envergadura

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acadêmica na área de artes visuais, nutridas por reflexões aprofundadas e por uma farta coleta de materiais ricos ao CDP, como entrevistas, arquivamento de depoimentos, acompanhados da preparação de publicações sabidamente importantes para os avanços dos conhecimentos artísticos contemporâneos nesta cidade e no teor desta pesquisa, previstas para sua conclusão no ano em curso, em 2016. Assim, no decorrer de 1999, de julho em diante, publiquei os três artigos acima indicados na listagem, no Jornal Zero Hora, todos em um explícito teor crítico. O primeiro versou sobre a própria crítica de arte contemporânea e sobre a perda que o público evidencia em não ter condições de compreendê-la; o segundo tratou sobre as concepções espetaculares de grande parte das exposições atuais, em especial lembrando-se estar em momento de finalização da 2ª Bienal do Mercosul; o terceiro artigo referiuse, por sua vez, a uma publicação emergente no Brasil, de autoria do professor Marc Jimenez (Universidade de Paris I), em língua portuguesa, a ser lançada em Porto Alegre naquele mesmo mês de novembro de 1999. Neste texto, lamentei a ausência de uma bibliografia crítica e fundamentada em língua portuguesa que levantasse discussões sobre os trabalhos de arte na contemporaneidade, em especial em um país como o Brasil, conhecidamente carente em tradições teóricas próprias e em publicações desta natureza. Esses três artigos, publicados em sequência na Zero Hora, sensibilizaram diferentes públicos, tanto acadêmicos como os que não pertenciam a esse perfil e percebi o fato de terem sido mencionados, com certa freqüência, no meio artístico da cidade e no interior do RS. Presume-se que esses pequenos textos, sintéticos, porém redigidos de modo irrefutavelmente incisivo e

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polêmico, marcaram este momento de meu retorno ao país e a minha inserção acadêmica e artística, chegando-se a presumir que eles possam ter estimulado uma atenção específica sobre meu trabalho. Assim, em março de 2000, recebi, em meio a um simultâneo sentimento de encantamento e de certa ansiedade, um convite a mim dirigido por parte da Fundação Iberê Camargo para elaborar uma curadoria da obra de Iberê na sede da mesma instituição1 e no Programa Escola de 2000. A Fundação ainda se encontrava em estruturação, em meio aos seus projetos iniciais, datados de apenas 5 anos de existência, mas indicavam, por seu desempenho de excelência, um futuro promissor.

A primeira sede da Fundação Iberê Camargo situava-se na própria residência de Iberê e de Da. Maria Camargo, na rua Alcebíades Antônio dos Santos, 110, no bairro Nonoai. As grandes salas separadas do conjunto da casa, e que compunham a parte dos fundos da mesma, destinavam-se a abrigar o ateliê de Iberê, ora de suas pinturas, desenhos ou de suas gravuras. Após o falecimento do artista e a criação da Fundação em 1995, aqueles ateliês se destinaram a sitiar as exposições do Programa Escola, algumas palestras e a abrigar sua hemeroteca, as obras e estudos de seus desenhos, gravuras e pinturas.

O retorno ao Brasil. Irradiações dos estudos de doutorado no meio universitário e artístico brasileiro

Residência de D ª Maria e Iberê e primeira sede da Fundação Iberê Camargo

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De uma curadoria, ao catálogo raisonné de Iberê Camargo

m 17 de agosto de 2000 foi assim inaugurada a mostra “Caminhos de uma poética”, com minha curadoria, ao se buscar expor alguns dos pontos cruciais dos

processos de trabalho do artista e que os levaram à elaboração de algumas de suas obras mais significativas. O espaço do ateliê não era amplo, mas permitia a percepção de alguns aspectos fundamentais da obra do artista. Em meu texto curatorial, e desde seu primeiro parágrafo, eu remetia à importância em considerar aquela proposta como um espaço de relações. Esta ideia perpassou, em permanência, toda a minha concepção de trabalho ao longo do tempo, sempre presente nesta trajetória, assim como neste memorial – também nas aulas ministradas, artigos, a tese, minha percepção dos trabalhos artísticos, na crítica redigida e debatida, até mesmo na metodologia de ensino e do próprio pensamento. A Teoria do mover-se de Balzac abraçava este

De uma curadoria ao catálogo raisonné de Iberê Camargo

princípio, pois, cabe lembrar, que nossa ideia de base, em qualquer das atividades, fundamentava-se em articulações relacionais, em relações múltiplas, em um lugar ativo dos saberes, em seus movimentos permanentes. Nesta exposição, essas concepções também tomaram corpo, ao se transitar da importância dos esboços às obras concluídas e vice-versa, à existência plasmada em simples rascunhos de desenhos, ao ato de rasgar o definitivo, assim como aos gestos dinâmicos em suspensão, em relação aos resultados plasmados. A exposição foi nitidamente bem recebida pela Fundação e, ao mesmo tempo, pelos diversos públicos, pois foi visitada por aproximadamente 2000 estudantes, em seus diferentes níveis de escolaridade, como pelo público em geral e especializado. Antes mesmo da finalização da exposição, sucedeu-se um novo convite, igualmente a mim encaminhado por parte da Fundação. Este apontou sua inegável relevância na minha história de vida profissional e situa-se como a mencionada montagem de Walter Benjamin, constante na epígrafe deste memorial – uma ideia que marcou esta trajetória, ao abri-la a uma expansiva malha de ações interrelacionadas e superpostas no tempo, ao englobar e fundamentar um vasto projeto de pesquisa, com repercussões de inegável importância entre as comunidades locais (RS), também nacionais e com alguns alcances internacionais. Aceitei o desafio. No entanto, eu não possuía uma ideia precisa sobre o escopo desse convite. Eu estava sendo incumbida de coordenar o projeto de catalogação da obra completa de Iberê Camargo, mas compreendi, naquele momento inicial, que seria um simples ato de identificação Caminhos de uma poética, Fundação Iberê Camargo, 17 de agosto de 2000. Curadoria de Mônica Zielinsky

das obras, através do registro de títulos, dimensões, datas e materiais. Eu não conhecia o processo de elaboração de um

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catálogo raisonné e, menos ainda, sobre quais seriam as habilidades necessárias para tal. Aos poucos fui tomando conhecimento sobre o assunto, através de pesquisas e consultas, e tive ciência de que este trabalho era constituído por ações que exigiam uma grande responsabilidade. Eu deveria obter todas as informações sobre cada obra do artista, como datas e locais de produção, técnicas, dimensões, materiais e suportes empregados, ateliês de produção, assinaturas (local e conformações), tipo de grafia, marcas, carimbos e estampas, inscrições, coleções privadas e públicas, exposições, prêmios, referências, bibliografia e notas e, no caso das gravuras, sobre suas edições e provas. Compreendi, através de estudos a respeito, que um catálogo raisonné é um catálogo pensado, isto é, ele traz uma concepção específica e salienta algum aspecto artístico em especial. Não se trata de um catálogo de obras listadas referentes à produção de um artista, ao contrário, o raisonné abre ao consultor aspectos fundamentais selecionados no conjunto desses trabalhos. Tendo ao dispor os valiosos arquivos reunidos por Da. Maria e Iberê Camargo durante os 55 anos de produção do artista1, mesmo guardados de modo aleatório, percebi que seriam de importância inestimável para se conhecer os dados da vida artística de Iberê e da que cercou a sua produção entre os caminhos da arte brasileira. O trabalho que se desenhava em meu horizonte indicava ser grandioso, no sentido de integrar a pesquisa do raisonné com seus vários desdobramentos futuros, entre atividades de

Os arquivos reuníam obras, como estudos para obras, currículos, depoimentos escritos, impressos e gravados, artigos, catálogos, livros, correspondências, filmes e vídeos, fotografias (pessoais, em trabalho, em eventos) e diapositivos, matrizes de gravuras, suas tiragens, cadernos de notas, entre outros.

De uma curadoria ao catálogo raisonné de Iberê Camargo

curadorias, seminários, palestras, publicações, atividades de extensão e acadêmicas, também de ensino, como em orientações voltadas aos diversos níveis de pesquisa2. Sabendo-se que Iberê Camargo é reconhecido como um dos mais representativos artistas brasileiros de veio expressionista na arte moderna brasileira, também em suas extensões contemporâneas, a ideia de montagem referida por Benjamin, me permitiu reencontrar nos trabalhos do artista, muito da vida e das produções esquecidas em arquivos, aparentemente secundárias em relação à arte e à vida hoje, mas reviveram, pelo estudo aprofundado durante a organização deste catálogo, as novas experiências e sentidos emergentes, a partir dos tempos atuais. O projeto de catalogação exigia esses trânsitos permanentes

tempo,

sempre

relacionais.

Mas

simultaneamente, requeria também o exercício da minúcia, precisão e do detalhamento dos fatos. A capacidade de comparar estes em suas perspectivas temporais e espaciais distintas ou de aproximá-las na visão de conjunto da obra do artista se fazia imprescindível, sem se esquecer que o pormenor também poderia evidenciar no todo a sua importância fundamental. A formação dos arquivos de Iberê e a dos acervos documental e artístico era oferecida ao consultor, para que ele pudesse acompanhar esses movimentos e pontos de vista aqui salientados, assim como os caminhos do próprio processo de catalogação, tendo sempre a pesquisa como a atividade de base.

2 Este projeto envolveu os diferentes níveis de orientações acadêmicas, de alunos de iniciações científicas, mestrados, doutorados, pós-doutorados e estágios curriculares.

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O catálogo raisonné, um projeto interinstitucional. Transdisciplinaridade na pesquisa, ensino e extensão

trabalho iniciou em 1º de outubro de 2000, em um convênio interinstitucional, firmado

entre a Fundação Iberê Camargo e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Entre as metas principais da primeira instituição se delineava a aspiração a selar uma sólida aliança com a universidade, por considerá-la afeita à vocação de pesquisa. A universidade, por sua vez, vislumbrava a rara oportunidade de exercer a sua pesquisa extramuros, no campo artístico e museológico e em sua fundamental extensão à comunidade, fato a meu ver, imprescindível para se compreender o verdadeiro sentido da pesquisa acadêmica. Esse projeto de catalogação da obra de Iberê Camargo trouxe à luz mais uma das grandes dúvidas dessa trajetória, as que recaíram sobre a natureza dos conhecimentos que ele requeria, em especial em relação a interrogações minhas anteriores, em termos de pesquisa. Perguntei-me, portanto, se:

“

— seria possível articular, nesse trabalho, as áreas de conhecimentos inerentes aos processos de criação artística com os da recepção crítica e histórica da arte, aliadas à índole técnica que o trabalho estava a exigir? — seria possível integrar as áreas das pesquisas anteriores com esta nova proposta de pesquisa?

”

O catálogo raisonné, um projeto interinstitucional. Transdisciplinaridade na pesquisa, ensino e extensão

A principal escolha, ao produzir um raisonné, inicialmente de gravuras1, foi precisamente trabalhar em uma perspectiva transdisciplinar, um fato que gerou, durante anos de dedicação, o atrativo mais substancial desse extenso processo de trabalho. Por um lado, estudavase profundamente a arte de Iberê Camargo, sua criação e produção de arte em seus detalhes e particularidades, sob os diversos ângulos que sua proposta irradiou ao longo do tempo. Observaram-se suas intenções artísticas, seus estudos para obras, suas realizações obsessivas na pintura, no desenho e na gravura, sua participação e liderança de grupos, como por exemplo, entre inúmeros outros, o do Salão Preto e Branco, de 1954. Também foram estudadas as exposições das quais participou, as transformações de sua obra no tempo, questões da matéria em sua arte, as articulações de sua obra com manifestações autobiográficas, entre tantos outros prismas de abordagem. Por outro lado, o horizonte histórico e cultural, no qual o artista esteve inserido e foi parte indelével de seu pensamento e conduta artísticos, formaram parte crucial desses estudos, em particular em relação à compreensão das conformações culturais da arte de nosso país após 1950. Sua postura, ao trazer a tradição européia em suas escolhas artísticas, mas desenvolvidas em um Brasil moderno, geraram traços inegáveis dessas dúvidas históricas e culturais. Enquanto eram visíveis as transformações sobre natureza da própria arte durante o período de produção de Iberê Camargo, ele se manteve delas afastado em relação ao seu entendimento da arte. Manteve sua obra amparada

O catálogo raisonné foi editado como volume 1, referente às gravuras do artista, uma vez que grande parte das matrizes das gravuras e de suas tiragens já existiam na sede da Fundação e possibilitavam, com isso, acelerar o processo de publicação. Esta ocorreu pela Editora CosacNaify, em 2006, em edição bilíngüe, em inglês e português.

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na tradição, mas ainda a exigir continuidade em uma perspectiva histórica, a ser pensada à luz dos problemas contemporâneos da arte.

“

A atividade crítica, sempre presente em pesquisas minhas anteriores, desdobrava-se neste processo, particularmente em relação à seleção dos trabalhos, na consideração constante do que seria considerado obra ou estudos, mesmo quem sabe, como projetos? Como distinguir, já que essa é uma atribuição fundamental da crítica, o que poderia ser ponderado como obras de maior potência estética em suas articulações com outras, levando em conta suas relações com os contextos de sua inserção no tecido cultura e das suas aparições públicas? E hoje, cambiaria esta avaliação? Como organizar as relações entre os trabalhos do artista nos trânsitos do tempo?

”

Todos esses ângulos se entrecruzavam na investigação dos trabalhos, mas abriram valiosos veios de conhecimentos inovadores sobre a obra do artista, antes certamente ainda não profundamente conhecidos. No entanto, ao abordar diversos saberes artísticos, históricos da arte, das culturas e por meio de uma índole crítica, um raisonné requeria uma gama importante também de saberes técnicos. E vem a ser este fluxo de diferentes conhecimentos que ocasionou a rica teia de relações transdisciplinares - pois esses mesmos conhecimentos operaram em conjunto, em suas relações mútuas e em seus permanentes atravessamentos. Este fato distingue esse tipo de pesquisa da elaboração de um catálogo descritivo de obras artísticas. O emprego técnico de qualquer um dos dados, como por exemplo a atribuição de um título, remetia ao contexto histórico vivido pelo artista, no qual aquela produção havia sido por ele ou por outros nomeada. Os procedimentos técnicos eram permanentemente pensados sobre sua importância na constituição das obras e não se tornaram jamais elementos afeitos a meras informações.

Acervo documental da Fundação Iberê Camargo, antiga sede.

O catálogo raisonné, um projeto interinstitucional. Transdisciplinaridade na pesquisa, ensino e extensão

Essa perspectiva veio a constituir a complexidade do raisonné e ele seguiu a sua concepção fundamental, a que seria, expressar, do modo mais próximo possível, os dados e conhecimentos fornecidos pelo próprio artista: seu modo de trabalhar, o emprego de seus materiais, seus depoimentos em entrevistas e escritos, seus comentários técnicos, a consulta aos seus cadernos de notas e registros pessoais, entre diversos outros. O projeto de catalogação da obra de Iberê Camargo abriu, em sua abrangência interinstitucional, caminhos relevantes e integrados entre a pesquisa acadêmica, a extensão e o ensino.

Ficha catalográfica de Hemeroteca

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Iniciei a formação da primeira equipe de trabalho, com apenas três bolsistas de iniciação científica, todos da UFRGS: um deles pertencente ao Curso de Biblioteconomia, o outro, ao Bacharelado em Artes Visuais e uma terceira, ao da Licenciatura em Artes Visuais. Os três estudantes se viram altamente motivados com o convite e diante da sedutora tarefa que se impunha à sua frente. Em nenhum momento vacilaram ou deixaram de acreditar em seu próprio potencial e em suas capacidades pessoais para exercerem as habilidades mencionadas. Abraçaram o projeto ao meu lado e, cada um com sua formação, contribuiu, para estruturarmos em conjunto o projeto. Cabe lembrar que as ideias de democratização no ensino e no funcionamento de grupo de Carl Rogers de outrora, continuavam sempre atuais na dinâmica da equipe. Uma vez que o trabalho iniciou seu desenvolvimento mais amplo, após a conquista do 1º Prêmio Petrobrás Artes Visuais (2002), foi possível expandir a equipe para três novos colaboradores, além dos iniciantes, todos estudantes pesquisadores na área de artes visuais. Este prêmio subvencionou, junto ao apoio inestimável da Gerdau, a elaboração completa do catálogo e sua publicação em 2006. Iniciei, naquele momento, um outro projeto de pesquisa, além do vinculado ao CDP, Arte e Documentação: uma questão interdisciplinar. Este, mais recente, vinculou-se aos estudos da obra de Iberê, provenientes da catalogação, intitulado “A genealogia da obra de Iberê Camargo. Documentos, processos e fatos artísticos”. Organizou-se em duas grandes etapas, pela inegável extensão dos dados provenientes do processo em andamento. Buscou reconstruir a proposta artística do artista, pelo entrelaçamento dos dados levantados (através de seus materiais documentais, como seus estudos, croquis, depoimentos) e de estudos sobre a intencionalidade artística, de origem anglo-

Entrevista com pessoas vinculadas ao artista - 2004/2005. De cima para baixo: Mário Carneiro, Paulo Peres, Darel Valença Lins e Anna Letycia de Quadros.

O catálogo raisonné, um projeto interinstitucional. Transdisciplinaridade na pesquisa, ensino e extensão

saxã. Era objetivo compará-la com abordagens das obras concluídas do artista, por dados que elas expõem em suas relações dinâmicas com os contextos culturais nos quais se inserem. Entre as fontes teóricas mais significativas foram empregadas, naquele momento, referências de Walter Benjamin, Georges Didi-Huberman, Carl Einstein, John Searle, Georges Dickie e Michael Baxandall. A equipe desenvolveu, em suas atividades de pesquisa, advindas do ensino sobre a natureza das obras artísticas e sobre suas relações com o sistema de arte, seus estudos

ZH 29/11/2003 - Primeiros trabalhos. Equipe em trabalho

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na Fundação. Estes se viam alicerçados no veio técnico que o trabalho exigia e ela realizou inúmeras entrevistas com artistas e pessoas vinculadas a Iberê em sua vida artística, como com amigos pessoais, modelos, alunos, gravadores, impressores, galeristas e responsáveis por instituições. O acervo documental e artístico da Fundação Iberê Camargo foi fruto de pesquisas minuciosas e permanentes, sob diversos ângulos que poderiam adensar a elaboração da pesquisa, tanto teórica, como artística, ou também em suas enriquecedoras confluências. Uma diversidade de catálogos raisonnés foi adquirida pela instituição para ampliar os estudos a respeito dos modelos deste tipo de catálogo, além de ser ter tido a valiosa oportunidade de receber consultorias específicas para o aprimoramento qualitativo do trabalho, sempre em busca de sua excelência. Entre estas, o projeto acolheu, em 2003, a restauradora-chefe do Museu do Louvre em Paris, Hélène Lassalle, sobre assuntos de conservação e acondicionamento do acervo documental e de obras de Iberê Camargo. Além dela, fomos contemplados com a visita do pesquisador britânico David Anfam em 2005 à catalogação, tendo sido ele o coordenador deste tipo de atividade em relação à obra pictórica completa de Mark Rothko. Anfam esteve com nossa equipe durante uma semana intensiva de meticulosos estudos sobre o processo de catalogação e ministrou uma enriquecedora conferência pública, de duração de 4 horas, no Museu de Arte do RS, sobre a obra de Mark Rothko. Além desses convidados, recebeu-se a consultoria de Mário de Souza Jr. do CECOR de Minas Gerais, ao acrescentar ele seus valiosos conhecimentos a respeito da restauração de obras em território brasileiro, assim como a de Cláudio Mubarac (USP), sobre as provas de estado das gravuras.

Consultorias para o projeto. De cima para baixo: David Anfam, Mário Souza Júnior, Cláudio Mubarac e Hélène Lassalle.

O catálogo raisonné, um projeto interinstitucional. Transdisciplinaridade na pesquisa, ensino e extensão

Por outro lado, o projeto foi concebido igualmente como extensão, ao desenvolver um conjunto de ações dirigidas às comunidades, sendo ele, desde sempre, um projeto interinstitucional. Os dados foram trabalhados para a sua disponibilização às comunidades por meio de inúmeras palestras, workshops de cunho educativo, curadorias de exposições e pela disponibilização do material das pesquisas para as comunidades interessadas em arte, em Iberê Camargo, sobre a pintura moderna no Brasil, os processos de trabalho no desenho, pintura e gravura, sobre a arte expressionista no Brasil, entre diversos outros tópicos que emergiram da catalogação.

Acervo documental da Fundação Iberê Camargo, antiga sede.

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A UFRGS e gestões administrativas

imultaneamente

pleno

desenvolvimento

desse trabalho acima mencionado, dediquei-me

também às mais prazerosas exigências das docências na UFRGS, entre a graduação (Seminários de Teoria e Crítica da Arte), e no PPGAV, a partir de 2001, (Seminários de Leituras da Obra de Arte I). Percebi o crescimento do número de orientandos, tanto na Graduação, como no PPGAV e vivi a experiência gratificante, ao observar os bons resultados alcançados por muitos alunos em artes visuais. No entanto, as exigências administrativas e de gestão acadêmica na UFRGS indicaram sua importância e assumi a Coordenação da Comissão de Pesquisa (COMPESQ) do Instituto de Artes, de março de 2000 a abril de 2001, não permanecendo no ano completo de 2001, pois após o mês de abril, fui obrigada a deixar o cargo por impedimentos de tratamento de saúde. No período da COMPESQ fui membro do Conselho da Unidade e participei de diversas mudanças administrativas e acadêmicas importantes naquele interstício, em especial sobre assuntos curriculares, viagens de estudos e afastamentos docentes, entre outras. Participei, nos primeiros anos de retorno à UFRGS após o doutorado em Paris, de várias comissões organizadoras do Salão de Iniciação Científica, assim como de diversos concursos de Identidade Visual e de suas premiações, assim como da preparação dos bolsistas de todas as áreas da universidade para a elaboração dos seus pôsteres científicos, atividades sempre enriquecedoras, ao se reconhecer o

A UFRGS e as gestões administrativas

potencial criativo dos estudantes ao elaborarem suas propostas gráficas e de design, como suas concepções de pesquisa e escolhas científicas próprias1. Fui membro do Colegiado do Departamento de Artes Visuais de 2006 a 2008, atividade que considero ser da maior importância para o acompanhamento e avaliação permanente dos movimentos e caminhos acadêmicos do Departamento de Artes Visuais, ao examinar os projetos e expectativas da chefia e os dos colegas professores. Integrei diversas vezes a Comissão de Pós-Graduação em Artes Visuais em suas diversas gestões ao longo do tempo, em várias coordenações, como, entre outras, do Professor Dr. Hélio Fervenza, Professora Dra. Sandra Rey, Professora Dra. Maristela Salvatori e na atual gestão, da Professora Dra. Elaine Tedesco. Desde finais de 2009 a junho de 2011 fui eleita coordenadora-substituta, junto à coordenação da Professora Dra. Maristela Salvatori, uma vez que o professor Dr. Eduardo Vieira da Cunha, eleito inicialmente como coordenadorsubstituto, renunciou ao posto, após um certo período de seu exercício. Diante deste contexto, assumi o cargo em seu lugar. No interstício de junho de 2011 a junho de 2013, fui eleita e cumpri o mandato como coordenadora do PPGAV. Considerei coordenar esta gestão acadêmica como uma excelente experiência administrativa, mas também de vida, mesmo que muitas vezes ela se mostrasse uma árdua tarefa

Lembra-se a publicação de um pequeno livro organizado por Marininha de Aranha Rocha et al., no momento sendo ela Vice-Pró-Reitora de Pesquisa e publicado, em coautoria, em 1996. Nele, diversos professores escreveram sobre a importância do trabalho científico para o jovem pesquisador. Em meu texto ali inserido,“O pôster no trabalho científico: contribuições e significados” dirigi-me aos próprios estudantes, com o mesmo entusiasmo que eu manifestava ao ver seus trabalhos, pôsteres e sua criação.

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e nutrida de complexidade. No entanto, as exigências se tornaram muitas vezes mais amenas, ao poder contar, neste período, com a valiosa contribuição de meu coordenadorsubstituto, Professor Dr. Alexandre Ricardo dos Santos, por seu acompanhamento constante, fidelidade e sugestões fundamentais. Busquei, através desta coordenação, aprofundar dois focos principais, o administrativo e o acadêmico. A este último, dediquei e dedico ainda até hoje uma atenção especial, por se perceber algumas vezes algumas carências de aprofundamento nesta área em nosso país, no sentido fundamental de se repensar o lugar e a vocação da universidade nas múltiplas comunidades da sociedade brasileira. Também das pós-graduações, em um mundo repleto de transformações tão significativas e cruciais em relação aos conhecimentos, e pela necessidade de atualizações constantes nos modos e meios de abordá-los em relação a esta nova sociedade em mutação, em especial se pensarmos nos anseios especificamente brasileiros. Do ponto de vista administrativo, voltei-me, com cuidado, a organizações internas no PPGAV, as quais não detalharei neste memorial pela extensão da proposta, mas buscava primordialmente melhorar as condições da secretaria, espaço físico, comunicações internas e externas, compartilhamentos com a comunidade externa ao programa, mas também interna na UFRGS, com o departamento, a direção do Instituto de Artes e a Reitoria. Do ponto de vista acadêmico, constituiu parte vital do projeto de minha gestão incentivar, de modo quase obsessivo, o incremento da produção acadêmica, das atividades de pesquisa e extensão, das bolsas de produtividade em pesquisa, a discussão e ajuste das linhas de pesquisa, mas em particular, a extensão das ações nas comunidades, mesmo internacionais. Foram pensadas

A UFRGS e as gestões administrativas

articulações interinstitucionais e a formação de redes de conexões com outros órgãos de produção, como com a Funarte, IPHAN, Prefeitura, escolas e grupos em seus diferentes níveis de aprendizagem e culturas, museus, institutos culturais, entre outros. Muitos aspectos almejados não se tornaram possíveis a serem implementados pelo breve interstício de uma coordenação, mas ficaram registrados como pontos importantes a serem seguidos no futuro. Não se deixou, contudo, de prever as metas de internacionalização e o estímulo a este tipo de extensões acadêmicas e de seu ensino. Foram abertos, nesta gestão, dois convênios de cooperação, um com a Universidade de Londres (University of the Arts of London) sob a temática Relações transculturais e políticas da memória na arte contemporânea (Proc nº 23078019551-12-29); o outro, com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, sobre Políticas da memória: arte e história na contemporaneidade (Proc. nº 23078.039725/12-61). Ainda no âmbito administrativo, participei durante quase três anos continuados, das reuniões de Conselhos da Unidade, acompanhando as transformações e necessidades que o nosso Instituto de Artes requeria ao longo deste tempo. Integrei, além disso, o Núcleo de Desenvolvimento Estruturante em duas gestões, uma delas atualmente encerrada, no NDE como representante docente do Curso de Bacharelado em História da Arte de 09/03/2012 a 09/03/2015. A outra, segue em andamento, estando como representante docente do Curso de Bacharelado em Artes Visuais, de 01 /01/ 2016 a 01/01/2020. Todas essas ações contribuíram para perceber as perspectivas que se projetam dentro da universidade além do ensino, da pesquisa e extensão, no sentido de ser possível estruturar uma visão de conjunto de nosso trabalho na universidade, através das suas necessárias integrações administrativas e acadêmicas.

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Conselhos curatoriais em museus

m trabalhos dotados de uma outra natureza de gestão, recebi, a partir de 2001, o valioso

convite para integrar o Conselho Curatorial da Fundação Iberê Camargo, junto aos Professores Paulo Sérgio Duarte (Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, sendo ele também um dos mais atuantes e representativos críticos brasileiros) e da Professora Sônia Salzstein (da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, igualmente reconhecida como curadora e crítica de arte de renome no Brasil). Eu representava a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a pesquisa na Fundação Iberê Camargo. Esta gestão, de duração de 7 anos, adquiriu um dos mais importantes significados em minha trajetória, pois foi através dela que se estruturaram os futuros desenhos de uma instituição de vocação, não acadêmica, mas museológica, como foi prevista a da Fundação Iberê Camargo. Desenhamos em conjunto os diversos programas da instituição, suas áreas de ações entrelaçadas, as curadorias e a seleção de curadores, as conformações do educativo, do ateliê de gravura, dos seminários nacionais e internacionais, a catalogação e seus desdobramentos, os programas editoriais, a Bolsa Iberê Camargo para jovens artistas e muitas outras ações de grande importância para o meio artístico local, nacional e internacional. Os

conhecimentos

adquiridos

neste

período,

assumiram sua importância inestimável para a minha formação

pessoal,

acrescida

pelo

convívio

com

pensamento daqueles dois professores ao longo do tempo.

Conselhos curatoriais em museus

Carta de Jorge Gerdau Johannpeter a mim dirigida, para renovação do convite para a participação na gestão inicial da Fundação Iberê Camargo

Memorial Mônica Zielinsky

Estrutura das ações primordiais da Fundação Iberê Camargo, através de suas vocações.

Maquete da nova sede da Fundação Iberê Camargo, obra do arquiteto português Álvaro Siza

Conselhos curatoriais em museus

Foi um momento raro em termos da aquisição de novos saberes, tanto a respeito de trabalhos artísticos, sobre outros estudiosos, artistas, instituições, dinâmicas culturais e artísticas no país e, ao mesmo tempo, internacionais. Como resultado deste longo trabalho, ao modo de um clímax de tantos anos de atuação conjunta, organizamos, em coautoria, a curadoria da exposição inaugural da nova sede da Fundação, aberta em 30 de maio de 2008, com grande visibilidade nacional e internacional, um evento a ser pensado, em sua representação simbólica, um pouco mais adiante.

Exposição inaugural da nova sede da Fundação Iberê Camargo, em 30 de 5 de 2008

Apresentação do projeto da Fundação, em véspera de sua abertura (29/5/2008). Eng. José Canal e Mônica Zielinsky

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Paralelamente a esta atuação em conselho curatorial em museus, participei também das referentes ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul em duas gestões, a de 2008 a 2010 e outra, aos finais de 2011 a início de 2013. Elas ocorreram através de diretrizes estabelecidas por diferentes diretores e em perspectivas curatoriais distintas. Nessas atuações mais recentes no MARGS, não foi possível perceber integrações entre a direção e o conselho, ao receber este muitas vezes as propostas já definidas, sem contar com qualquer construção criativa por parte dos conselheiros. Por outro lado, o mesmo ocorreu em relação à minha participação no Comitê de Acervo da mesma instituição, sentindo-me impedida de cumprir a tarefa de conselheira. Por esta razão, durante esta última gestão, solicitei meu desligamento de ambos Comitês, tanto do referente ao Conselho Consultivo, como ao do Acervo. Em finais de 2013, integrei o conselho do Programa RS-Contemporâneo 2014, no Santander Cultural, juntamente com a participação de André Venzon. Foi uma atividade

Conselhos curatoriais em museus

construída por uma inegável qualidade de discussões e trocas saudáveis sobre a seleção de 4 artistas jovens no RS para exporem em 2014, ao se pensar sobre a sua arte e ideias artísticas. Também sobre o perfil dos 4 jovens curadores, cada um destinado a curar um daqueles artistas escolhidos. O resultado dessa iniciativa gerou exposições marcantes, por ocasionarem um real impacto na comunidade, pelas propostas criativas dos eleitos para esta gestão, munidas de profundidade em diversos aspectos contemporâneos da arte e das histórias presentes da arte. O trabalho estendeu à comunidade importantes reflexões sobre a arte local, em momentos tão importantes em relação às aceleradas metamorfoses da geopolítica mundial.

Exposições do RS-Contemporâneo, Santander Cultural 2014: Isabel Ramil, Romy Pocztaruk, Daniel Escobar e Ismael Monticelli

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Participações em projetos

urante os tempos da elaboração do catálogo raisonné, diversos projetos afloraram, porém

nem todos se viam implicados em relação à obra de Iberê Camargo, apenas um deles. Para este, fui convidada em 2007, para integrar um de grande envergadura, o de uma vultuosa publicação e digitalização sobre a arte da América Latina. Este trabalho foi conduzido com a coordenação geral da porto-riquenha Mari-Carmen Ramírez, sendo ela a primeira diretora do International Center for the Arts of the Americas, no Museum of Fine Arts, Houston, Texas, nos Estados Unidos, instituição que abrigou a iniciativa. Foi-me solicitado, em meio a este audacioso projeto que leva o nome desta instituição, para responder pela presença de Iberê Camargo na arte brasileira, no capítulo “Arte no Brasil: textos críticos do século XX”. Eu precisaria enviar materiais de reconhecida importância sobre abordagens de sua obra, em particular, um conjunto criterioso de textos escritos sobre ela, ensaios, conferências, cartas e recortes, imagens, publicações, para que Iberê pudesse se ver bem representado, porém pela produção crítica a respeito de sua obra. Esta organização trouxe sua validade crucial para os avanços dos conhecimentos sobre a arte da América Latina, tão pouco conhecida ainda no exterior, até mesmo em território brasileiro. Este trabalho oportunizou a difusão de saberes imprescindíveis ao alargamento de reflexões e descobertas sobre a arte desta região do globo e em suas conexões com as outras culturas que com ela podem e poderão articular outras relações no futuro.

Participações em projetos

Carta-convite para participação no Projeto “Arte no Brasil: textos críticos do século XX”, 2007

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seleção

materiais

não

foi

uma

tarefa

despretensiosa, pois havia, à minha disposição, uma vasta quantidade de materiais. Minha escolha acabou recaindo sobre os momentos da recepção mais significativa da obra de Iberê Camargo em relação à arte moderna no Brasil, em particular sobre o expressionismo. Foi imperativo centrar a pesquisa em um determinado foco, em aspectos que se mostrassem relevantes para ampliar os conhecimentos sobre a arte brasileira. Por outro lado, um projeto de outra natureza emergiu paralelamente aos trabalhos acadêmicos e aos da catalogação da obra de Iberê. Foi-me solicitado organizar o Curso para a Formação de Mediadores da 4ª Bienal do Mercosul (2003), com convidados para proferir palestras a cada semana do curso. Neste momento, retornei a integrar eixos centrais referidos neste Memorial: a busca do desenvolvimento de um veio educativo, articulado ao da arte. Essa missão arrebatou-me, pois seria essencial integrar os temas de interesse artístico mais atuais e surgidos através da proposta curatorial de Nelson Aguilar, com tópicos de interesse pedagógico, ambos cruciais para as mediações. Senti a proposta como um grande desafio transdisciplinar, pois precisaria conectar arte com educação, assunto fundamental em um referido passado, mas vivamente atual nas experiências contemporâneas deste convite. O curso foi apreciado pelo público interessado e contei com a artista Marina Camargo para auxiliar-me no alcance desta grande empreitada. Vale ressaltar o retorno a tópicos de interesse precedentes, retomados em um longo tempo posterior, em perspectivas inovadoras e necessariamante reconstruídas pelas imprescindíveis alterações no tempo - pois curadores e mediadores eram agentes desconhecidos nas propostas de outrora.

Participações em projetos

Um terceiro projeto importante foi vinculado a iniciativas do Instituto Goethe, pois em 2010 fui indicada para representar o Brasil no “Visitors Programm of the Federal Republic of Germany” em Berlim. Este projeto tem como finalidade indicar profissionais para representar o Brasil em diversas áreas de produção cultural, para conhecerem o sistema de organização daquela produção na Alemanha (tais como cinema, artes plásticas, design, filosofia, entre outras). Concorrem, para esta seleção, todos os Institutos Goethe existentes no Brasil e recaiu sobre mim a escolha realizada pelo Instituto, para representar, na Alemanha, a área de

Legenda: Carta-convite para participar do Vistors Programm em Berlim, do Consulado Geral da República da Alemanha, em nome do Ministério das Relações Exteriores da República Federal da Alemanha, datada de 15. 09. 2010

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artes plásticas, selecionada para o ano de 2010. Foi uma experiência sem precedentes, pelo conhecimento da arte contemporânea na Alemanha, suas instituições, o sistema de arte, diversos artistas, seus modos de inserção neste sistema, também sobre os modos de financiamentos e subvenções para o campo artístico. Compondo um valioso grupo de artistas, estudiosos, galeristas, museólogos, originários de múltiplos recantos do globo, foi possível visitar e compreender a inserção de diversos locais de estruturação e de subvenção da arte contemporânea em Berlim: as coleções familiares privadas, bancos, as coleções estatais, os museus e a formação de coleções, feiras e galerias. Além da oportunidade de estabelecer valiosas trocas entre os profissionais da área, provindos de diversas culturas e formas de atuação, o período de estadia em Berlim ofereceu magníficas conferências na atualidade do tema, sobre as relações com a mídia, as comissões culturais e a promoção da arte, estratégias da política cultural na Alemanha, o Instituto Goethe e o diálogo entre culturas, as possibilidades de fundos de apoio e os critérios de distribuição, entre muitos outros. Assim, de modos tão diferenciados, esses três projetos contribuíram nesta trajetória para entreabrir novos modos de conhecimento, de pesquisa e de caminhos em meio à arte. Saliento a sua importância, — pela contribuição aos avanços dos conhecimentos sobre a arte na América Latina, através do corajoso projeto de Mari-Carmen Ramírez, ao reunir material sobre o Brasil através de textos críticos sobre arte no país, e neste caso, também de Iberê Camargo; — pela articulação, a um modo contemporâneo, entre

Participações em projetos

arte e educação (arte em bienal e tratada por meio de suas mediações); — pela oportunidade de se conhecer o sistema de arte na Alemanha e trazer possibilidades de diálogos com o sistema de arte no Brasil. Quem sabe até mesmo esses conhecimentos possam gerar intercâmbios de ações com a própria Alemanha, por seus modelos, a serem revistos no contexto da realidade brasileira contemporânea? Deste modo, esses três projetos afloraram nas trilhas que venho percorrendo, além da própria UFRGS, além da Fundação Iberê Camargo e são indicadores de outras possibilidades inovadoras para se pensar a arte, sua história hodierna e quem sabe poderão se tornar verdadeiros embriões de pesquisas que, por sua atualidade e mais ainda por suas novas aberturas e diversidade institucionais, acabam por se mostrar, com certeza, altamente necessárias.

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Conselhos Editoriais e Comitês Assessores

ntre as atividades fundamentais na área de assessoria científica, destaca-se a exercida no

Comitê Assessor de Artes e Letras da FAPERGS, durante duas gestões seqüenciais, a primeira referente à de 2002 a 2004 e a seguinte, de 2005 a 2007. Essas participações abriram ricos caminhos para avaliar as pesquisas no estado e percebi como salutares as discussões estabelecidas entre os membros dos comitês. Eu estive quase sempre em uma condição de única consultora de Artes Visuais, acompanhada por colegas das áreas de Letras e de Linguística. Mesmo assim, as trocas foram sempre enriquecedoras nos dois grupos dos quais participei e descortinavam-se possibilidades inovadoras de pesquisa, assim como nos modos particulares de proceder às avaliações. Por outro lado, participei também do Comitê Editorial da Editora da UFRGS, igualmente em 2 de suas gestões sequenciais, sob a coordenação da Professora Dra. Jusamara Souza. Uma delas foi referente ao interstício de 2005 a 2007 e a outra, de 2007 a 2009. Essa experiência conjunta, através de uma equipe de colegas de diversas áreas de conhecimentos, mostrou ser também um trabalho cativante, pois as trocas entre os grupos eram de natureza interdisciplinar e com abordagens muitas vezes polêmicas e geradoras de pontos de vista distintos. Tais intercâmbios de ideias expunham visões teóricas diferenciadas e a busca de soluções conjuntas tornava o trabalho instigante. As perspectivas da história ou, por exemplo da comunicação abriam muitas vezes vias distintas de análise, mas o mais enriquecedor acabava sendo o desenvolvimento dos próprios debates estabelecidos

Conselhos Editoriais e Comitês Assessores

durante essas duas gestões. Foram publicadas diversas obras em todas as áreas de conhecimentos, fato gerador de imenso prazer em vê-lo realizado. Atualmente participo de outros comitês científicos, sendo dois internacionais, os Seminários de Museologia, da Universidade do Porto (Portugal) e da revista Artelogie (França-CNRS). E componho ainda o comitê editorial da Revista Farol (UFES-Espírito Santo) e a equipe editorial da Revista Porto Arte (PPGAV-UFRGS), sendo todas colaborações prazerosas, fundamentadas em trocas de ideias e de perspectivas inovadoras a respeito das publicações científicas em arte e sobre a atualização de conhecimentos na área.

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Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações

embra-se que o projeto Centro de Documentação e Pesquisa: uma questão interdisciplinar tem

como meta primordial organizar arquivos documentais e artísticos sobre a arte contemporânea em Porto Alegre. Por esta organização, propicia se pensar sobre ela e compreender as inovações artísticas, os comportamentos dos artistas nos contextos de sua própria produção, circulação e apropriação, ao se verificar como eles os representam. No entanto, este projeto coincide, em diversos aspectos, com o referente à catalogação da obra de Iberê Camargo, por constituir este também uma pesquisa nutrida por um farto acervo documental e de obras, em extensos arquivos que associam arte e documentação. Assim, dois projetos de pesquisa, mesmo que tenham objetos e metas distintas, acabam por encontrar pontos fundamentais em comum. Existe também um terceiro foco de pesquisas, este emanado da minha própria tese de doutorado e permanente em minhas indagações através dos tempos. Ele interroga sobre as novas vocações da crítica de arte contemporânea. Não se dedica particularmente aos vínculos entre arte e documentação, mas sobre os desenhos da crítica de arte em tempos atuais, seus contornos mais recentes e sobre o seu lugar, diante das metamorfoses da arte e do mundo cultural e artístico hoje. Os trabalhos publicados que emergiram a partir de meu retorno, com a criação desses dois projetos e do terceiro pólo de interrogações, foram crescentes e é possível identificá-los através de cada eixo aqui mencionado.

Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações

São diversas as publicações às quais me dediquei sobre a obra de Iberê e as indagações que dela se projetaram em relação ao contexto da arte brasileira, em suas conexões com a arte internacional, sobre a formação do artista, suas leituras e suas indagações técnicas e poéticas. Redigi a respeito, além de artigos e livros, alguns textos em jornal de grande circulação, pelo fato de possibilitarem, com isso, ultrapassar as barreiras meramente acadêmicas e para se obter um maior alcance público, como os publicados na Zero Hora: “Iberê Camargo: da técnica à poética”1, Iberê Camargo: as últimas escolhas”2, “Iberê Camargo e a expansão dos territórios da arte”3, entre outros. Muito da produção à qual me dediquei sobre o artista materializou-se em diversas publicações, sendo que o raisonné significou, entre todas, a culminância desta produção, a ser abordada em momento a seguir. Aponto, com algum destaque, um texto redigido para o catálogo da exposição inaugural da Fundação Iberê Camargo, “A inquietude da arte”, através do qual busco articular a profunda angústia existencial do artista com a de caráter cultural e histórico, fatos que o envolveram, entrecruzados, durante toda a sua existência e produção. Lembro ainda, em meio a várias referências, um artigo que publiquei nos Anais do XXVIII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte. Este texto foi apresentado no Rio de Janeiro em 2008, intitulado “Arte e história da arte no Brasil. Problemas de sua inserção internacional” e denuncia o desconhecimento internacional por parte de uma instituição

Zero Hora, 19/3/2005

2 Zero Hora, 24/8/2002 3 Zero Hora, 23/11/2015

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Textos publicados na Zero Hora sobre Iberê Camargo - Da técnica à poética (19/03/2005), As últimas escolhas (24,08/2002), A expansão dos teritórios da arte (23/11/2014)

Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações

Livro org. Elaine Tedesco. Sobreposições imprecisas, 2003 Livro org. Paula Ramos. Walmor Corrêa. O estranho assimilado, 2015

Memorial M么nica Zielinsky

Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações

Texto redigido para o catálogo da exposição inaugural da Fundação Iberê Camargo, Iberê Camargo – Moderno no limite, em maio de 2008

Memorial Mônica Zielinsky

estrangeira que possuía uma obra de Iberê Camargo, porém ela não encontrou condições para fornecer esta informação. Através de uma busca minha para coletar dados para a catalogação desse grandioso painel da Organização Mundial de Saúde em Genebra, de 1966, majestosamente situado no hall principal de entrada da instituição, identifiquei, lá estando, que o artista não era conhecido pela própria instituição que abrigava a obra, nem mesmo seus desenhos preparatórios (guardados e lacrados nos porões da instituição por mais de 43 anos, legados a um absoluto esquecimento). São materiais que geraram profundas indagações sobre as condições de um artista brasileiro no exterior, provenientes da pesquisa em arquivos, mas que, no contato

Iberê Camargo. Painel no hall da Organização Mundial da Saúde. Genebra, 1966, 49 m2

com a experiência real e viva, assumem sua verdadeira importância histórica, sem dúvida nutrida pelo mais sombrio desencantamento a respeito da recepção internacional de um artista de tal estatuto, não apenas para a arte de nosso país, mas para o mundo da arte internacional. As

pesquisas

que

desenvolveram

sobre

Iberê, particularmente as que tiveram sua origem no Projeto A Genealogia da obra de Iberê Camargo, além das correspondentes à elaboração do catálogo raisonné geraram outras publicações, tais como em livros que contém os textos “A pintura de Iberê Camargo: um processo para sempre inacabado”4, “Iberê Camargo: de la technique à la

4 ZIELINSKY, Mônica. “A pintura de Iberê Camargo: um processo para sempre inacabado”. In: SALZSTEIN, Sônia (Org.). Diálogos com Iberê Camargo. São Paulo: CosacNaify, 2003, pp. 95-111.

Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações

poétique”5, “No tempo”6 entre várias apresentações sobre sua obra, relativa ao seu pensamento e à sua circulação artística, publicadas em pôsteres da Fundação Iberê, anais de congressos, artigos, palestras ministradas e outras formas de difusão, como entrevistas e convites para aulas a serem ministradas em outras instituições brasileiras, como por exemplo em um pós-graduação na USP. Diversos alunos seguiram os estudos sobre Iberê, vários em iniciação científica, em estágios curriculares, mestrados e o valioso doutorado de Vinícius Godoy (2009), sob minha orientação e intitulado “Iberê Camargo. Influência é desenho”. Este pesquisador esteve durante um ano vinculado aos trabalhos de catalogação da obra do artista, com esmero e grande dedicação e desta experiência nasceu sua proposta voltada a esses estudos doutorais. Por outro ângulo, minha pesquisa vinculada ao CDP envolveu igualmente várias publicações sobre artistas em relação à sua documentação, a que envolvia seus processos de trabalho ou a que os inseria no sistema artístico da cidade. Este projeto publicou livros e textos inicialmente sobre Eduardo Vieira da Cunha (2003), Elaine Tedesco (2003 e 2008), Gisela Waetge (2005), Karin Lambrecht (2008), Lucia Koch (2008), Heloisa Schneiders da Silva (2010). Deste projeto nasceu o Grupo de Estudos do diretório do CNPq, “Dimensões artísticas e documentais da obra de arte”, do qual sou líder desde 2007. Mais recentemente, e vinculados ao projeto Arte e Documentação, emerge o livro de Walmor Corrêa (2015), e

5 ZIELINSKY, Mônica. Iberê Camargo: de la technique à la poétique. In: LE BIHAN, Olivier (Org. ) Iberê Camargo. Bordeaux: Musée des Beaux-Artes de Bordeaux, 2005, pp. 11-23. 6 ZIELINSKY, Mônica. “No tempo”, In: SIQUEIRA, Vera Beatriz (org. ) Iberê Camargo: origem e destino. São Paulo: CosacNaify, 2009,pp. 96-97

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os textos de Romy Pocztaruk (2014-2015), Marina Camargo (2015), Jander Rama (2014), Michel Zózimo (2014), Marilice Corona (2015) e diversos outros textos em catálogos. E em desdobramento, dos trabalhos deste grupo emergiu o seminário e a exposição Arquivos Abertos (2008), construído com a fecunda participação dos professores e artistas Alexandre Ricardo dos Santos, Marilice Corona, Elaine Tedesco, Nico Rocha, Flávio Gonçalves, Eduardo Veras e Vinícius Godoy. Como convidada externa, foi escolhida, para integrar o seminário, a única participante que não habitava em Porto Alegre, a historiadora e crítica de arte Glória Ferreira, da UFRJ, ao ministrar nesse encontro, sua valiosa palestra, juntamente com a vivaz participação dos membros do grupo. Os resultados do evento evidenciaram o grande potencial criativo dos integrantes da equipe, pela qualidade da participação de todos, das obras expostas, das discussões levantadas e por sua extensão pública a estudiosos, mas também a interessados na arte contemporânea local. A partir do projeto do CDP, pela consulta a arquivos sobre a arte atual em Porto Alegre, indicada também pelo próprio conselho curatorial da Fundação, ao ter em mãos esses dados de arquivos, foi sugerida e organizada a exposição Lugares Desdobrados. Esta foi designada para ser por mim curada e exposta na nova sede da Fundação Iberê Camargo, como sendo a primeira mostra de arte contemporânea na programação da instituição, após a inaugural. Para isso, a proposta buscou discutir o modo como cada uma das artistas apresentaria sua concepção de lugar em relação às suas obras e nesta exposição, através de seus materiais de arquivos:

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Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações

Seminário Arquivos Abertos, 2008, UFRGS.

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Exposição Lugares Desdobrados. Fundação Iberê Camargo, de dezembro de 2008 a março de 2009. Curadoria de Mônica Zielinsky, com as aristas Karin Lambrecht, Elaine Tedesco e Lúcia Koch.

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Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações

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Memorial Mônica Zielinsky

Karin Lambrecht optou por realizar uma viagem a Israel para de lá trazer o sangue de carneiros mortos dos abates locais e o expôs em cruzes de algodão embebidas neste sangue e dispostas em arquivos de acrílico ao longo da sala à qual sua obra havia sido destinada na Fundação. Com isso, eu me perguntava perante a obra da artista: — qual seria o verdadeiro lugar da obra: o da coleta em Israel ou o da sua exposição em Porto Alegre? E em sua opção nômade e de natureza antropológica, a artista indagava, por sua vez, sobre as raízes culturais desses abates, seriam eles pertencentes ao sul do Brasil ou das longínquas culturas da Terra Santa? Ela interrogava assim sobre o lugar do artista, das obras, das referências e da morte. Elaine Tedesco, por sua vez, revolvia tempos e lugares da memória. Seus arquivos mesclavam lugares novos com os de outrora, onde suas referências apareciam constantemente revistas através de outros contextos de tempo e lugar, em anacronismos contínuos, ao trazerem à luz distintas e inovadoras significações. Lucia Koch buscava, em sua pesquisa obsessiva, os recursos na nova arquitetura do prédio, esta recomposta pela incidência de luzes em cor sobre a alva ambiência do espaço inaugural. Essa arquitetura mostrava-se inconstante, pela irradiação mutante da luz, como os sujeitos que nela transitavam, uma condição sempre provisória do tempo, dos lugares e da nossa existência. Um pouco após, fui procurada por um grupo de artistas, familiares e amigos pessoais de Heloisa Schneiders da Silva (RS), falecida em 2005, aos 50 anos, para organizar os seus arquivos e obras. Também foi-me solicitado para coordenar a organização de um livro a seu respeito (referido

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Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações

mais acima), toda a sua magnífica hemeroteca e curar uma mostra retrospectiva de sua produção no MARGS (concretizada em 2009-2010, com o título “Quero outros espaços”). Essa iniciativa foi realizada, e é um trabalho que adquiriu um grande significado em minha trajetória profissional. Revivi, no encontro com esta produção e no modo de tratá-la, o meu próprio encontro com Heloisa, tudo o que ela significava para mim, o carinho mútuo, o respeito mútuo por competências recíprocas, reconhecidas de uma em relação à outra. Chama a atenção na obra e escritos da artista, o seu embate permanente entre as perspectivas autobiográficas evidentes em sua produção com as abundantes referências da história da arte, entrecruzadas em seus atos inventivos. A admiração que expressava por Marcel Duchamp e por sua obra não se prendia a questões materiais dos trabalhos, mas à sua postura frente à arte. Heloisa considerava ser fundamental aos artistas “ter atitude”. Essas palavras se encontravam entre as de Duchamp, através das quais ele Exposição Quero outros espaços, sobre a obra de Heloisa Schneiders da Silva. Curadoria de Mônica Zielinsky. De dezembro de 2009 a fevereiro de 2010, MARGS.

gerou das mais essenciais transformações das concepções artísticas da história da arte. Ter atitude era inerente ao modo como Heloisa se defrontava diante da arte e da vida, pois mesmo enferma, e com severas dificuldades motoras, mantinha sempre atitude, a que a levava a produzir, até o último momento, antes de seu falecimento. “Arte é uma questão de atitude”, declarava”7. Esse livro foi escrito movido por paixão, pela amizade dedicada a esta artista. Acabei recebendo, por

ZIELINSKY, Mônica. Heloisa Schneiders da Silva. Obra e escritos. Porto Alegre: MARGS, 2010, p. 29.

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Memorial Mônica Zielinsky

esta organização de publicação, o V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, em 2011, na Categoria Destaque em Textos, Catálogos e Livros Publicados, pela Secretaria Municipal da Cultura, fato que me proporcionou uma inegável gratificação. Além desses trabalhos, diversas outras obras foram publicadas, todas indicadas em meu currículo em anexo, em especial em anais de congressos, catálogos de exposições, artigos. Foram numerosas também as orientações de iniciações científicas, mestrados e doutorados, também dos pós-doutorados. Entre os vários textos publicados podem ser citados “Arte contemporânea no Brasil em tempos de globalização. Documentos de trabalho em dois estudos de casos” (2007), “A arte como modalidade histórica. Considerações a partir de uma curadoria” (2009), “Arquivos de artistas. Fluxos entre identidade, memória e história” (2010), “A história da arte no Rio Grande do Sul a partir de arquivos: as políticas da memória” (2012), além dos capítulos de livros, entre outros. A respeito dessas orientações, menciona-se a co-tutela, de Fernanda Albertoni, detentora de uma bolsa da CAPES em acordo estabelecido com a Universidade de Londres (UAL), da qual sou a orientadora brasileira, junto a Michael Asbury, sobre o tema de arquivos de artistas. Esta co-tutela se vê integralmente identificada à minha área de interesse e pesquisa e também é vinculada ao projeto do CDP. Sua tese intitulada “Reordering images and constructing memory: three artists-archivists in Brazil” encontra-se em momento de sua conclusão, prestes à sua defesa. Por outro lado, menciono as teses de doutorado de Marilice Corona (2009) e de Eduardo Veras (2011), ao mesmo modo vinculadas ao objeto de estudos do CDP. A primeira

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V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, na Categoria Destaque em Textos, Catálogos e Livros Publicados, pela Secretaria Municipal da Cultura, 2011.

Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações

dedicou-se aos estudos do processo da pintura e do emprego do recurso do mise–en abyme, com o emprego de fartos documentos partilhados entre a pintura e fotografia. A outra versou sobre a arte conceitual e suas leituras anacrônicas, assuntos que envolvem também a história da arte, mas em articulação com o processo de criação dos artistas e através de suas documentações. Ambas teses receberam Menções Honrosas no Prêmio Capes de Tese. Menciono, além dessas, a de Juliana Gisi (2013), doutoranda de alta capacidade no tema, em uma pesquisa documental sobre os escritos dos artistas-fotógrafos na história da arte. A sua tese gerou um magnífico livro, através da sua conquista do Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, da Funarte, que subvencionou a publicação. Deve-se mencionar ainda o trabalho das duas pós-doutorandas, Katia Prates (2013) e Maria Paula Recena (2014), ambas em processo de elaboração de suas publicações em forma de livro, acompanhadas dos documentos dos artistas em Porto Alegre e em suas projeções artísticas distintas. Igualmente importante ao conteúdo do CDP, foi a tese elaborada por Fernanda Albuquerque (2015), “Práticas artísticas orientadas ao contexto e crítica em âmbito institucional”, por ter tratado a crítica institucional em uma fecunda experiência conceitual e em âmbito nacional e internacional. Comparou estudos de casos brasileiros e estrangeiros, em um trabalho desenvolvido sob inegável senso crítico, ao empregar a rica documentação levantada em sua Missão de Curta-Duração Capes no México e em seu Doutorado-Sanduíche Capes em Londres, ao realizar as fundamentais e valiosas entrevistas entre curadores e artistas e que formaram o real corpo estrutural da tese. Diversos foram os mestrados e TCCs que envolveram o

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Memorial Mônica Zielinsky

tema sobre arte e documentação, como, a título de exemplo, sobre os escritos, vídeos e arquivos de Rafael França em El Libro Negro, dissertação de de Vitor Butkus (2013), tendo também ele coletado um primoroso material documental para sua dissertação, através de sua Missão de Curta Duração em Chicago, ao ter tido lá a oportunidade de conhecer o programa de ensino de vídeos pelo qual Rafael viveu suas primeiras experiências nesta modalidade técnica. Coletou entrevistas com os ex-professores de Rafael, amigos e artistas e trouxe muitos documentos de época (década de 1980), valiosos ao CDP. Lembro, ao mesmo modo, da dissertação de Mônica Hoff sobre a coleta documental sobre a virada educacional na arte contemporânea, assim como dos materiais pesquisados sobre as questões ficcionais na dissertação de Munir Klamt, entre muitos outros. Entre diversos TCCs, o trabalho elaborado por Élvio Rossi (2013) trouxe igualmente uma grande qualidade de coleta documental à área da pesquisa em foco, centrando-se no estudo de casos do artista, arquiteto e pensador Fernando Corona, sendo estudada sua atividade crítica através de uma valiosa discussão sobre a crítica de arte em Porto Alegre. Ainda, o TCC Coletivo Ruídos Urbanos de Mulheres Negras, de Clarissa Silveira (2015) mostra-se, entre tantos outros trabalhos, como de grande contribuição acadêmica, pela originalidade da documentação reunida e também exposta na defesa do trabalho. Têm sido visivelmente frutíferas as contribuições enriquecedoras dos discentes, a partir das ações multiplicadoras geradas através do ensino e das pesquisas desenvolvidas, ações a serem compreendidas como fatores desencadeantes cruciais para essas contribuições de importância para a área artística e de pesquisas em continuidade.

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Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações

No entanto, não terei como deixar de abordar o 3º nicho de preocupações de pesquisa, até o momento ainda não formalizado em livro, mas a sê-lo, como tal, em um futuro previsto. Se minha formação doutoral foi a respeito da crítica de arte contemporânea no Brasil, essas reflexões seguem em meus pensamentos, em minhas aulas, em meus escritos e, mais em particularmente ainda, nos meus contatos com a arte. Em 2010, movida pelas interrogações constantes a respeito da área da crítica hoje, e em particular ao me dar conta das grandes transições pelas quais a arte e o mundo cultural vem atravessando, em especial após 1989, tornamse cada vez mais imprecisas as fronteiras entre territórios Obra de org. de Marc Jimenez. L’oeuvre d’art et la critique. Paris: 1999-2000

culturais simultâneos, mas também epistemológicos e artísticos. Essas transformações, identificadas no campo cultural, são reconhecidas em significativas discussões sobre a constituição da história da arte e da crítica contemporânea. Duas publicações foram fundamentais nesta área de pensamento e datam aproximadamente do mesmo período. Entre elas, a organização do dossiê “A crítica de arte em debate”, da Porto Arte, Revista de Artes Visuais, nº 27 tornouse um documento essencial a respeito, produzido em 2010, mesmo que contenha a numeração retroativa a 2009. Este exemplar levanta indagações sobre o assunto e no momento atual e traz textos nacionais e internacionais que se discutem entre si. O primeiro, de Arthur Danto, é questionado pelo segundo, do professor grego, radicado há muitos anos em Berlim, Robert Kudielka e que coloca em xeque as próprias posições de Danto. Na sequência, seguem os de Thierry de Duve, Jacques Leenhardt e de estudiosos brasileiros ou que habitam no Brasil, como Glória Ferreira, Stéphane Huchet, e além destes, um de minha autoria.

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Memorial Mônica Zielinsky

Neste conjunto de artigos, os pontos de vista oferecidos são distintos e as fontes e abordagens às vezes se opõem ou se entrecruzam. Este número da revista evidencia debates importantes para a área e até mesmo idealizo um segundo volume mais recente. Em meu texto, a ideia fundamental é sugerir que se pense a crítica hoje a partir da criação dos artistas8. Compreende-se, por este texto, que a crítica de arte se projeta, antes de tudo, do âmago da criação artística, a pensá-la junto à criação. Caberia ao crítico ampliá-la, buscar a partir dela, contextualizações históricas, culturais ou artísticas, assim como estabelecer as conexões que ela propõe com outros saberes, tão necessários entre as atualizações epistemológicas hoje. Ao mesmo tempo, e sobre o mesmo tema, fui convidada para abrir o seminário internacional “Criação e Crítica”9no Museu Vale em Vitória, a convite de Glória Ferreira, perante um numeroso público e do qual participaram nomes reconhecidos na área nacional e internacional, e também, simultaneamente, de diversos críticos e artistas. Em teor semelhante ao texto anterior, este também considera o potencial de criticidade como uma das substâncias da arte, sendo que, como no escrito anterior, a crítica contribui para a ampliação do que provém do cerne da criação artística, em uma extensão que pode enriquecer, a partir dela, as suas relações históricas e contextuais.

8 ZIELINSKY, Mônica. Crítica e criação em recíprocas conexões e rupturas. Porto Arte, Revista de Artes Visuais, n 27, nov. 2009, pp. 89-97. 9 ZIELINSKY, Mônica. “Criação e Crítica. Substâncias da Arte”. In: FERREIRA, Glória et PESSOA, Fernando. Criação e Crítica. Seminários Internacionais Museu Vale. Vitória: Museu Vale, 2009, pp. 10-25.

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Projetos de pesquisa e o florescimento das publicações

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Memorial Mônica Zielinsky

A publicação do catálogo raisonné e sua extensão desdobrada

ongo foi o período de elaboração do catálogo raisonné das gravuras de Iberê Camargo, com

vistas à sua publicação. Éramos ao final 8 membros da equipe e pulsava constantemente, entre nós, a perspectiva futura da transferência da residência de Da Maria para a nova sede da Fundação. Esta, em um imponente prédio que se erguia às margens do Guaíba, onde o espaço é quase infinito e desdobrado, indicava também a amplitude de possibilidades e realizações, não apenas espaciais e arquitetônicas, mas certamente institucionais. A construção do catálogo era fruto desse processo meticuloso, onde todas as revisões eram imprescindíveis, porém pareciam sempre imperfeitas. Mas este trabalho trazia seu objetivo primordial e grandioso, o de tornar pública, através desses mínimos detalhes de cada uma das gravuras e de seu conjunto, a imponência da obra de um dos grandes artistas brasileiros do século XX, através dos conhecimentos históricos, técnicos e artísticos trabalhados em suas valiosas articulações e em sua obsessiva busca da excelência e voltado indiscutivelmente para o mundo. O processo do raisonné contou, em sua intimidade e sempre que possível, com o valioso auxílio de Da. Maria Camargo, que acompanhava cada parte do mesmo. Revisava dados e relatava fatos dos quais ainda felizmente poderia lembrar. Esteve presente, inclusive, no momento mais árduo do trabalho, ao contribuir para a organização final da sequência das obras. A elaboração do raisonné merece ser abordada

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Da. Maria completa dados, maio de 2005

A publicação do catálogo raisonné e sua extensão desdobrada

como um fato particular. Expandia várias atividades simultaneamente. Envolvia focos de grande importância e simultaneamente, diversas dificuldades: requeria a precisão de informações, a inter-relação entre as mesmas, mas apresentava dúvidas constantes sobre os dados, em especial, sobre a correção de fontes, datas, catálogos para referências, ao ter que enfrentar itens incompletos, mesmo de materiais deteriorados e carentes de informações. Exigia ainda profundos conhecimentos técnicos e, nesse aspecto, Eduardo Haesbaert, impressor e amigo de Iberê desde 1991, auxiliou no processo e relatava minuciosos detalhes sobre o fazer do artista. Os conhecimentos históricos sobre a arte, a respeito da história da arte brasileira, do veio expressionista no Brasil sobre os artistas com quem Iberê conviveu e seu conhecido isolamento artístico eram dados fundamentais para integrar a pesquisa, mas também para a organização do texto de minha autoria que inaugurou o catálogo. Ao mesmo tempo, um trabalho tão delicado em tantos de seus mínimos detalhes, projetava-se com vigor na vida pública. A institucionalização da qual gozava e o sólido apoio empresarial, permitiu que ele e as pessoas nele envolvidas fossem objeto de grande visibilidade, em especial A sequência final do raisonné, maio de 2005

por parte da mídia. As matérias eram freqüentes, entrevistas sistemáticas assim como os assuntos da catalogação alcançavam rapidamente o interesse público. Formou-se, em conseqüência, uma corrente de colaboradores, pois muitos almejavam participar da coleta de dados para auxiliar o projeto. Mas este fato indica, ao mesmo tempo, um crescimento vertiginoso em minhas atividades e currículo, decorrentes deste processo. Destaco o fato de que estes tempos de elaboração do catálogo foram responsáveis pelo crescimento

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Memorial Mônica Zielinsky

de trabalhos paralelos, até aproximadamente 2009, um momento particular que esta história profissional deve apontar e justificar. Assim, a partir de 2003, ampliaram-se os convites para a realização de inúmeras curadorias de exposições de Iberê Camargo, tanto locais, como nacionais e internacionais, além de palestras, workshops, participação em júris, cursos ministrados e os prêmios concedidos. Entre essas curadorias, merecem destaque, entre outras, “Iberê Camargo: cyclistes et d’autres variations” (2005), Bordeaux, França), “Iberê Camargo - uma perspectiva documental” (2004), MARGS, “Iberê Camargo. Estudos, Estados e Expansão” (2007), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Iberê Camargo. Gravuras e a projeção de um ateliê no tempo” (2007), em curadoria conjunta com Eduardo Haesbaert, MARGS, “As gravuras de Iberê Camargo. Percursos e aproximações de uma poética”, (2007), Palacete das Artes, Salvador, Bahia, e ainda a exposição inaugural “Iberê Camargo. Moderno no limite” (2008) em curadoria conjunta com Paulo Sérgio Duarte e Sônia Salzstein.

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A publicação do catálogo raisonné e sua extensão desdobrada

Essa exposição inaugural foi a primeira que ocorreu na nova sede da Fundação e foi destinada à abertura desse espaço criado por Álvaro Siza. Pela distância geográfica dos três curadores, ao morar Duarte no Rio de Janeiro, Sônia em São Paulo e eu em Porto Alegre, acabamos por conseguir definir o conceito curatorial e as obras de forma conjunta e em longas reuniões de duração de dois dias, através de diapositivos de todas as produções do artista. Decidiu-se por estruturar uma retrospectiva das obras de maior representatividade no conjunto de sua produção, sem obedecer as contingências obrigatoriamente cronológicas. A seleção das mesmas sofreu algumas negociações entre os três curadores, para que cada um pudesse se sentir contemplado em suas seleções. Pelas dificuldades de trânsito a Porto Alegre por parte dos outros curadores, acabei assumindo de modo Exposição inaugural da nova sede da Fundação Iberê Camargo. Curadoria de Paulo Sérgio Duarte, Sônia Salzstein e Mônica Zielinsky. Iberê Camargo. Moderno no Limite,30 de maio de 2008.

independente a montagem desta grande retrospectiva, com a necessidade de coordenar a mesma e de orientar os arquitetos portugueses em termos curatoriais, em um prédio para mim tecnicamente desconhecido, tanto em termos dos mecanismos de iluminação, como para a fixação das obras. O catálogo raisonné, volume 1 Gravuras1, foi publicado em 8 de agosto de 2006 e teve seu lançamento acompanhado por diversas palestras que ministrei sobre o processo de elaboração do próprio catálogo e sobre a gravura de Iberê Camargo. O lançamento do catálogo e a sua apresentação foram realizados em diversas cidades brasileiras, como em Porto Alegre, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Florianópolis, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador.

ZIELINSKY, Mônica. Iberê Camargo. Catálogo Raisonné. Volume 1. Gravuras. São Paulo: CosacNaify, 2006

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Memorial Mônica Zielinsky

Relato a gratificação constante pelo seu reconhecimento público, tanto pelos meus pares, como por estudiosos e interessados na história da arte brasileira, além dos colecionadores, professores, alunos, gravuristas, admiradores da obra de Iberê, também pelo mercado de arte, assim como pelo público em geral. Recebi, por este trabalho que tanto me realizou, inúmeros prêmios, como: Prêmio Açorianos de Literatura - Categoria Especial (2006), Prêmio Açorianos de Artes Plásticas em 2007, com Destaque em Produção de Texto Publicado sobre Artes Plásticas, assim como o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade (etapa regional) em 2009, além de diversas indicações, como o II Prêmio Açorianos de Artes Plásticas - Categoria Melhor Exposição Coletiva (2008), indicação ao II Prêmio Açorianos de Artes Plásticas - Categoria Destaque em Curadoria de Exposição (2008), III Prêmio Açorianos de Artes Plásticas - Categoria Melhor Exposição Coletiva (2009), Indicação ao IV Prêmio Açorianos de Artes Plásticas - Categoria Destaque em Curadoria de Exposição (2010), V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas - Textos, catálogos e livros (2011), Indicação ao Prêmio Gonzaga Duque (2011), Indicação ao Prêmio Mário de Andrade (2012). O resultado deste trabalho significou ter sido ele o único catálogo raisonné de gravuras da América Latina, sendo estes não tão numerosos no mundo. No entanto, com grande pesar, sabe-se que este belíssimo projeto, relativo à catalogação da obra completa de Iberê Camargo, foi suspenso em 2015, por carência de condições financeiras e administrativas para a sua continuidade, quando solicitei formalmente meu desligamento deste trabalho e da Fundação Iberê Camargo. Tenho no entanto, em minha memória, e para sempre, o fato de ter coordenado

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A publicação do catálogo raisonné e sua extensão desdobrada

uma produção de pesquisa imensamente prazerosa e de valor indiscutível para os conhecimentos de uma parte importante da arte brasileira e da história da arte no Brasil, lastimavelmente interrompida.

Exposição Iberê Camargo. Gravuras e as projeções de um ateliê no tempo. MARGS, 2007. Curadoria de Eduardo Haesbaert e de Mônica Zielinsky

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Memorial Mônica Zielinsky

Uma outra extensão desdobrada: “Existe uma arte brasileira?”

estar em processo de previsão de encerramento do projeto de catalogação da obra de Iberê,

minhas atenções se voltaram com maior ênfase a outras indagações que se mostravam importantes e que poderão mesmo envolver, no devir, futuros trabalhos e pesquisas pelas quais seria possível até mesmo reestudar aspectos sobre o próprio caso de Iberê. Recebi um convite, por parte da revista Perspective, do Instituto Nacional de História da Arte de Paris, “La revue de l’INHA”, para debater um texto do historiador brasileiro Luiz Marques1 em um dossiê específico da revista sobre historiografia da arte brasileira, “Le Brésil”, com a seguinte

Revista Perspective, do Instituto Nacional de História da Arte, Paris, 2013-2

pergunta : “Existe uma arte brasileira?” Para

responder

pergunta,

três

historiadores

brasileiros foram convidados para debater o texto de Luiz Marques, tendo como debatedores Roberto Conduru (UERJ), Cláudia Mattos UNICAMP) e eu (UFRGS). Considerei este convite um outro significativo desafio. Por um lado, pelo escrito provocativo de Marques, por outro, por tratar-se de um texto publicado em Paris e que tratava sobre a condição da nossa historiografia brasileira, um assunto de grande interesse para continuidade em um futuro próximo. Tenho consciência sobre o questionamento crítico de minha abordagem a respeito deste material de Marques, mas também sei que levantei alguns problemas polêmicos

Luiz Marques (UNICAMP) “Fragilité et apories de l’historiographie artistique brésilienne”. In: Existe-t-il un art brésilien? Paris: Perspective, 2013 – 2, pp. 251- 256.

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Uma outra extensão desdobrada: “Existe uma arte brasileira?”

a respeito de sua abordagem sobre a arte brasileira colonial, entre eles, sobre a leitura formalista por ele desenvolvida, ao omitir aspectos valiosos, como a carência de consultas documentais e de referências à história local que permitisse estabelecer comparações com as de outras culturas. Ao mesmo modo, reconheci a falta do estabelecimento de laços sociais e políticos não levados em conta em sua leitura, além do papel das migrações, enfim das diferenças características desta mesma arte. Ampliei ainda a discussão, ao analisar a posição de outros dois reconhecidos historiadores sobre o assunto, um brasileiro e o outro francês (mas que vive no Brasil) e comparei criticamente suas posições, ao evidenciar a oposição entre eles, além da assumida por Luiz Marques. A meu ver, nenhum dos três autores pareceria ter pensado sobre o tema integrado a uma perspectiva atual da história da arte, vinculada a uma geopolítica mundial do presente, pois indica ser fundamental a extrapolação das fronteiras locais para se poder conceber uma nova cartografia da arte no Brasil, em um lugar de destaque, porém inserido na cultura mundial. Os textos que me acompanharam no debate mostraram sua grande qualidade de dados, porém não estimularam discussões em relação ao texto deflagrador e descreveram, mesmo com grande riqueza de dados, o modo como perceberam esta condição da historiografia brasileira, porém em um teor descritivo. Após ter refletido sobre este escrito de Luiz Marques e de ter redigido o meu texto a respeito, escrevi o meu referido artigo sobre Iberê, publicado na Zero Hora, (mais acima indicado), “Iberê Camargo e a expansão dos territórios da arte”, Texto publicado no Jornal Zero Hora, em 23/11/2014, p. 9, por ocasião do Centenário do nascimento de Iberê Camargo

vindo a tornar-se este um novo caminho de ideias, que me surgiu, de forma gratificante, pela participação neste debate.

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Memorial Mônica Zielinsky

Arquivos sempre abertos: memória, história e as expansões da ficção

o Seminário do Grupo de Estudos “Dimensões artísticas e documentais da obra de arte”,

intitulado de Arquivos Abertos, de 2008, o maior interesse era discutir as relações entre arte e documentação, através dos arquivos, tanto dos artistas, quanto institucionais. Ao trabalhar a respeito dos arquivos de alguns artistas, já por mim vinculados a estudos no projeto Arte e Documentação, identifiquei diferentes caminhos escolhidos por eles, mesmo que possuíssem raízes em Porto Alegre, ao transitarem alguns pelo globo de forma nômade, às vezes por determinados períodos anuais. Tenho assim compreendido que grande parte da história da arte local e da crítica podem emergir a partir do modo de criação dos artistas e de seus arquivos, ao dependerem essas áreas, em grande parte, da observação e convívio dos historiadores com os recursos e propostas de criação dos artistas. Tem-se convicção que arquivos são modos de participação ativa e móvel em relação à percepção da realidade. A partir deste ponto de vista, muitos artistas trazem, em seus arquivos mais recentes, as construções da memória, e vinculam-se, com muita freqüência, a aspectos ficcionais. Assim, Romy Pocztaruk, como identifiquei em estudo publicado em 20141, trata de questões muito identificadas

ZIELINSKY, Mônica. “Territórios da história da arte a partir dos territórios da própria arte”. In: PASQUALINI DE ANDRADE, Marco Antônio (org.). XXXIV Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte. Uberlândia: Universidade de Belas Artes de Uberlândia, 2014, pp. 869.

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Arquivos sempre abertos: memória, história e as expansões da ficção

como os desenhos das histórias da arte hoje. Nessas aproximações, trata em seus arquivos de assuntos de memória, ficção, nomadismo, trânsitos culturais, discussão de fronteiras, posições políticas frente a instituições museológicas (de arte e de ciências), sendo estes problemas tratados também pela própria história da arte mais recente, em meio aos novos territórios emergentes nas culturas contemporâneas. Os poderes institucionais, a tentativa de viver nas fronteiras do presente, a localização geopolítica, os trânsitos entre espaço e tempo são recorrentes na obra desta artista, em dados de arquivos que ela constrói, mas igualmente podem ser descritos a partir desta obra, ao se tentar compreender a história da arte. Por outro lado, Walmor Corrêa, e também Michel Zózimo2, foram discutidos, junto a Romy, no Seminário Poéticas da Criação de 2014 e trabalham através de seus arquivos, também sobre assuntos de trabalhos com a memória e de bases ficcionais, cada um a seu modo e a partir de seus arquivos próprios, sejam eles originados da Internet, de enciclopédias, ou de manuscritos de cientistas. Colocam em xeque as nossas percepções de verdade e falsidade e aprofundam essas noções na concepção de suas produções. Cabe destacar a publicação de 2015 em livro sobre Walmor Corrêa, organizado por Paula Ramos, ao serem abordados esses sentidos mencionados em maior profundidade no capítulo do livro, dentro do qual são desenvolvidas mais a profundamente essas articulações entre memória e ficção3. A partir desses vários estudos iniciais no tema e a partir da pesquisa Arte e Documentação, optamos por organizar uma publicação mais alentada e que leva o mesmo título “Arquivos abertos. Lugares da arte contemporânea”, a ser publicada pela UFRGS em 2016, com uma revisão de Eduardo Veras e com a diagramação de Katia Prates, em vias de publicação pela Editora da UFRGS. O livro contém textos de diversos autores nacionais e internacionais, ao tratarem em seus textos dos arquivos artísticos e de historiadores na arte contemporânea, diante das peculiaridades da arte contemporânea em suas transformações conceituais, assim como organizacionais.

2 ZIELINSKY, Mônica. “Poéticas da criação entre as ousadias da ficção”. Poéticas da Criação, ES 2014 – Seminário Iberoamericano sobre o processo de criação nas artes, Vitória: UFES, 2014. 3 ZIELINSKY, Mônica. “Ficções de arquivos: a arte na Biblioteca dos Enganos. In: RAMOS, Paula. O estranho assimilado. Porto Alegre: DUX Produções, 2015, pp. 105-127.

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Memorial Mônica Zielinsky

Nessa obra participam autores que tratam, cada um a seu modo, do emprego dos arquivos na arte atual e trazem vias instigantes de reflexão. Listo abaixo os nomes desses autores integrantes da publicação: Serge Guilbaut, Jean-Marc Poinsot, Anna Maria Guasch, Simone Osthoff, Cristina Freire, Mario Ramiro, Glória Ferreira, Fernanda Albertoni, Luiz Cláudio da Costa, Marcio SeligmannSilva, Maria de Fatima Couto, Tania Galli Fonseca, Alexandre Ricardo dos Santos, Marilice Corona, Elaine Tedesco, Eduardo Veras e Vinícius Godoy, Mônica Zielinsky. O livro foi organizado sobre o tema dos arquivos sob diversos ângulos de análise e nos seguintes capítulos, abaixo mencionados: — Arquivos e história — Arquivos e memória — Arquivos e suas tipologias — Arquivos e imagens — Arquivos e cultura — Arquivos e instituições — Arquivos documentais como criação Meu texto inserido no livro intitula-se “Impermanência dos arquivos, reconstruções da memória” e se dedica à obra de Elaine Tedesco. Levei em conta, ao aprofundar o trabalho desta artista o fato de que seus arquivos revolvem tempos e lugares, refazem os tempos e lugares da memória, arquivos são abertos, móveis e impermanentes e indagam sobre as possibilidades de sua montagem, como consta na epígrafe de Walter Benjamin. Pois, mesmo na análise do mínimo momento singular, possibilitam, entre incertezas, descobrir o cristal do acontecimento total.

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Arquivos sempre abertos: memória, história e as expansões da ficção

Tal como eu mesma compreendo os meus arquivos. Sempre abertos, sempre em questão. São os que me levam a essa eterna busca que hoje continua, em seu permanente florescimento. Com este livro encerraremos o atual Grupo de Estudos “Dimensões artísticas e documentais da obra de arte” e abriremos um próximo, a seguir, intitulado “Deslocamentos da memória. Arquivos e ficção nas histórias da arte contemporânea”.

Livro de org. Mônica Zielinsky. Arquivos Abertos. Lugares da arte contemporânea. Previsão de publicação no 2º semestre de 2016.

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Memorial Mônica Zielinsky

O cristal do acontecimento infinito, arquivos sempre abertos

m momento de abrir arquivos. De revolvêlos, de deixar ao infinito que as ideias e as

indagações que os tramam no tempo aflorem vivas. Pois ao vasculhar arquivos são redescobertas partes da vida, entre conhecimentos que sempre parecem insuficientes. Em especial, as dúvidas que os estruturam e a obstinação em tentar solucioná-las geram movimentos, os que nos fazem avançar, sem pausa. Pois em meio a tantos documentos, trabalhos realizados, títulos conquistados e não sem frustrações existentes, erguem-se nossos ideais. E deles não se poderá jamais abdicar, pois eles sempre permanecerão. Neste processo de elaborar um memorial, evoquei pensamento de Walter Benjamin e sua ideia de montagem. Pois ele lembra, no edificar as grandes construções, dos pequenos elementos confeccionados com precisão e nitidez. Assim, retorno à minha infância, às aulas silenciosas de Ivan Serpa no Colégio São Fernando. Ali residiam os princípios da montagem. A pré-história de minha formação com a pós-história de minha trajetória. E quando hoje recebo as homenagens cheias de emoção dos meus competentes alunos formandos, lembro dessas articulações, pois novas montagens eles edificarão. E eu, ao transitar de um tempo a outro, do passado ao presente e do presente ao passado, sei que encontro a vida de hoje, as formas de hoje, como refere Benjamin, mesmo em meio a formas esquecidas e aparentemente secundárias daquela época. Meus arquivos permanecem abertos, infinitamente

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O cristal do acontecimento infinito, arquivos sempre abertos

abertos. No seminário de 2008, no livro em breve publicado, e também, neste memorial. Mas mais ainda, nesta trajetória que hoje também continua, através dos diversos projetos que aqui apontam desenhados.

Paraninfa do Curso de Artes Visuais, na Formatura de 2005-2. Salão de Atos, UFRGS

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Memorial Mônica Zielinsky

Curriculum Vitae

1 Formação de Recursos Humanos 1.1 Atividades de Ensino 1.1.1 Graduação Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Artes Departamento de Artes Visuais História da Crítica de Arte Seminário de Projeto II Fundamentos da Pesquisa em Arte Historiografia da Arte II Crítica da Arte II Seminários de Teoria e Crítica de Arte Projeto de Graduação: Desenho Projeto de Graduação: História, Teoria e Crítica de Arte Projeto de Graduação: Cerâmica Ciências da Arte: Teoria e Prática Projeto de Graduação: Fotografia Projeto de Graduação: Pintura História da Arte no Brasil I Projeto de Graduação: Escultura Projeto de Graduação: Gravura Teoria e Crítica da Arte Teoria da Percepção - 3 Dimensões Letras e Logotipos Cartaz

2015/1 (em andamento) 2015/2 2014/2 (em andamento) 2014/1 2011/2 a 2012/2 2010/1 a 2013/1 2010/1 2009/1 a 2010/1 2009/1 a 2009/2 2008/2 (em andamento) 2008/1 a 2009/2 2008/1 2007/2 2007/2 2007/1 2004/1 a 2009 /2 1991/2 a 1992/1 1991/2 a 1992/1 1991/2 a 1992/1

Faculdades Integradas do Instituto Ritter dos Reis Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Porto Alegre História das Artes I e II

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1978/2 a 1981/1

Curriculum Vitae

Faculdades Porto-Alegrense de Educação, Ciências e Letras História da Arte I História da Arte II

1978/1 1977/2

Universidade do Vale do Rio dos Sinos Curso de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Arquitetura Plástica I Estudo de Artes I, II e III

1972/1 a 1985/1

1.1.2 Pós-Graduação Stricto Sensu Universidade Federal do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais Seminário de Pesquisa em Artes Visuais: 60/70: as fotografias, os artistas e seus discursos Leituras da Obra de Arte I Seminário de Análise e Produção de Textos em Arte Tópico Especial I Articulação Prático-Reflexiva I (Orientadora) Articulação Prático-Reflexiva II (Orientadora) Articulação Prático-Reflexiva III Seminário de Preparação para Dissertação Seminário de Apresentação de Projeto Laboratório de Orientação de Projeto I Laboratório de Orientação de Projeto II Laboratório de Orientação de Projeto III Metodologia da Pesquisa em Arte Atelier de Orientação de Projeto III Atelier de Orientação de Projeto II

2015/2 2002/1 a 2014/2 2013/1 2010/1 2005 a 2007 2007/2 2005/2 2006/1 2006/1 2006/2 2006/1 2005/2 2007/1; 2006/1; 2005/1 2001/1; 2000/1 2006/1 (em andamento) 2004/2 (em andamento)

1.1.2 Pós-Graduação Lato Sensu Universidade Estadual do Paraná Escola de Música e Belas Artes do Paraná Curso de Especialização em Poéticas Visuais Teorias da Arte e prática Artística: Trânsitos e Distinções 2013 e 2014

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Memorial Mônica Zielinsky

Universidade de Caxias do Sul Curso de Especialização em Arte-Educação Oficina de Artes Plásticas

1986/1

Curso de Especialização em Educação Artística Artes Plásticas na Escola

1983/1

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Curso de Especialização em Artes Plásticas: suportes teóricos e práxis Educação pela Arte

1983 a 1985

Metodologia do Ensino das Artes Plásticas Realizações Plásticas e Reflexões Teóricas I

1.1.3 Aperfeiçoamento Museu de Arte do Rio Grande do Sul Curso No desenho: encontros entre o perceber e o fazer

1991 a 1992

1.2 Atividades de Orientação 1.2.1 Mestrado

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Giovana Ellwanger

2014 a 2016

Helena dos Santos Moschoutis

2014 a 2016

Elisa Biassio Telles Bauer

2012 a 2014

Mônica Hoff Gonçalves

2012 a 2014

Vitor Butkus de Aguiar

2011 a 2013

Júlio César da Rosa Herbstrith

2010 a 2012

Munir Klamt Souza

2009 a 2011

Lilian Maus Junqueira

2008 a 2009

Paula Langie Araújo

2006 a 2008

Amelia Duarte Teixeira Brandelli

2005 a 2006

Fernanda Bernardes Albertoni

2005 a 2007

Elisa Lutz Malcon

2003 a 2005

Vinicius Oliveira Godoy

2002 a 2004

Curriculum Vitae

Gleber Luis Pieniz da Silva Andrea Paiva Nunes Alice Bemvenuti

2002 a 2005 2001 a 2004 2001 a 2002

1.2.2 Doutorado Isabel Miranda Ramil Rommulo Vieira Conceição Paula Cristina Luersen Munir Klamt Souza Fernanda Albertoni Fernanda Carvalho de Albuquerque Juliana Gisi Martins de Almeida Ana Lucia Mandelli de Marsillac Eduardo Ferreira Veras Marilice Villeroy Corona Vinícius Oliveira Godoy

2015 a 2017 2014 a 2018 2014 a 2018 2012 a 2016 2012 2010 a 2015 2009 a 2013 2009 a 2011 2007 a 2012 2005 a 2009 2005 a 2009

1.2.3 Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação Clarissa Azevedo da Silveira Elvio Antonio Rossi Caroline Weiberg Rafael Silveira da Silva Rafael Silveira da Silva Caroline Weiberg

2015 2013 2011 2011 2011 2011

1.2.4 Iniciação Científica Jéssica Bernardi Sofia Reginato Inda Paola Marchett de Bastiani Felipe Pergher Gabriella Colombo Machado Agatha Schardong Taylor Cristina Gross Moraes Karen Pinheiro Amaral Daiana Schröpel Marina Meyer Morais Knapp Alexandre da Cunha Copês

2015 2014 a 2015 2014 a 2015 2014 2014 2013 a 2014 2012 a 2013 2012 2011 a 2013 2011 2011

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Memorial Mônica Zielinsky

Juliano Menegaes Ventura Ismael Agliardi Monticelli Mônica Sofia da Rosa Schmidt Gabriela de Almeida Malafaia Isabel Miranda Ramil Gustavo Possamai Denis Nicola Froner de Souza Barbara Acosta Nicolaiewsky Angela Zanotelli Cagliari Giovana Ellwanger Kamilla Bitencourt Graven Lisiane Flath Denise Von Der Heyde Lamberts Debora Lemos Bertol Gilberto Lopes Brasil Paula Santoro Gahrmann Ana Paula Monjelo Barcellos Lisiane Antunes Cardoso Carolina Breda Resende

2010 a 2013 2010 a 2011 2009 a 2011 2010 2010 2009 a 2010 2007 a 2008 2007 a 2008 2006 a 2009 2006 2005 a 2006 2005 2004 2004 a 2005; 2003 a 2004 2002 a 2003 2003 2002 a 2002 2002 a 2002 2000 a 2002 2001 a 2003

1.2.5 Orientações de Monitoria da Graduação Gabriela Paludo Sulczinski Kaue Nery dos Reis Lucia Marques Xavier

2016 (em andamento) 2015 2012 e 2015

1.2.6 Estágio Docência da Pós-Graduação Mestrado Acadêmico Mônica Hoff Gonçalves Vitor Butkus de Aguiar Júlio César da Rosa Herbstrith Munir Klamt Souza Juliana Gisi Martins de Almeida Lilian Maus Junqueira

2014 2013 2012 2010 a 2011 2010 a 2011 2010

Doutorado Fernanda Carvalho de Albuquerque

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2013

Curriculum Vitae

1.2.7 Supervisões de Pós-Doutorado Maria Paula Piazza Recena Katia Maria Kariya Prates Eduardo Ferreira Veras

2014 a 2016 2012 a 2016 2013 a 2014

1.2.8 Pós-Graduação Lato Sensu 1983 Neci Homem de Almeida Marisa Santos Weeck Tania Iná Lopes Moura Vera Regina D’Ávila Vandelcir Rosenbaum Ilse Ana Paim Zelia dos Santos Darli Giacomelli Piva Maria Claudete dos Campos

1984 Maria Isabel Kehrwald Gudrun Mafre Marly Ribeiro Meira Mirela Meira Costa Lívia Prates de Quadros Moema Gonçalves Cleusa Farias Londero Eliane Maria Oliveira

1985 Luciana Leitão Neusa Fritzen Zilma Stechmann Vera Mileski Ana Jussara Hauschild Loide Schwambach

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2 Geração De Conhecimento 2.1 Produção Intelectual e/ou Artística 2.1.1 Artigos Poéticas da criação entre as ousadias da ficção. Revista Farol. 2016;1:9-18. (Aceito para publicação) Histórias da arte hoje. Alguns apontamentos a partir de arquivos de artistas e de historiadores. Revista Farol. 2015;14:99-110. Existe-t-il un art brésilien? Perspective: la revue de l’inha, Paris. 2013;2:251-268. Crítica e criação em recíprocas conexões e rupturas. Porto Arte: Revista de Artes Visuais. 2009;16(27):89-97. A substancial transformação dos ciclistas de Iberê Camargo. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. 2008;30(3):163-164. Arte e crítica no Brasil: desdobramentos de um processo vivido. Cardernos da Pós-Graduação: Instituto de Artes/UNICAMP. 2007;9(1):259-264. História da Arte e questões da arte no Brasil. Ars: Revista do Departamento de Artes Plásticas. 2007;5(9):69-73. Iberê Camargo e o Catálogo Raisonné: uma experiência além do tempo. As Partes: Revista do Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. 2007;2:16-17. Breves apontamentos sobre a gravura contemporânea. 2001;1(2):3. Entre fronteiras: pensando sobre a arte. Revista da Sociedade Científica de Estudos de Arte. 2000;7:47-52. Entre fronteiras: pensando a arte. Jornal da Crítica. 2000;8:21. O que é a estética? Jornal da Crítica. 2000;9:17. Uma casa dividida. Porto Alegre: Revista de Artes Visuais. 1999;10(19):73-78. Curadorias: o jogo das exposições. Associação Brasileira de Críticos de Arte. 1999;1(2). Os lugares da crítica. Jornal da Crítica. 1999;7:6-7.

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A arte e sua mediação na cultura contemporânea. Porto Arte: Revista de Artes Visuais. 1999;10(19):93-101. Percorrendo processos de criação artística: a percepção: relato de pesquisa. Porto Arte: Revista de Artes Visuais. 1997;8(14):109-129. La mémoire de l’art. Infos Brési. 1997;125:7. Cone Sul: um monumento homenageia a integração. Estudos Tecnológicos (São Leopoldo). 1992;13:5-8. Os centros de criatividade na Holanda: perspectivas em análise. Skultura, São Paulo. 1992;16(37):12-13. Escultura: encontros entre o perceber e o fazer. Porto Alegre: Revista de Artes Visuais. 1992;3(5):50-59. A crise das vanguardas: sintomas e caminhos parte 3. Artis: Revista de Arte e Cultura. 1983;4:6-7. A crise das vanguardas: posicionamentos dos anos 60 e 70 parte 2. Artis: Revista de Arte e Cultura. 1983;3:22-23. A crise das vanguardas: trajetórias históricas parte 1. Artis: Revista de Arte e Cultura. 1982;2:8-10. Um modelo humanístico de ensino-aprendizagem para os alunos de arquitetura. Educação & Realidade. 1982;7(1):77-94. Reflexões sobre a utilização do método dos Estudos Programados no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNISINOS: um falso êxito ou uma verdadeira revisão dos objetivos do ensino na atualidade?. Estudos Tecnológicos (São Leopoldo). 1981;3:23-36. Franz Kracjberg: conjugação de natureza e arte. Estudos Tecnológicos (São Leopoldo). 1979;3:63-69.

2.1.2 Capítulos de livros Apresentação. In: 60/70: as fotografias, os artistas e seus discursos. Curitiba: Juliana G.M. de Almeida, 2015. Ficções de arquivos: a arte na Biblioteca dos Enganos. In: Walmor Corrêa: o estranho assimilado. Porto Alegre: Edição do Autor; 2014, p. 105-116. A inquietude da arte. In: Cem Anos de Iberê. São Paulo: Cosac Naify; 2014. P. 31-47.

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Arte e crítica no Brasil: desdobramentos de um processo vivido. In: Espaços da Arte Contemporânea. São Paulo: Alameda; 2013. p. 163-170. Para muito além dos limites: a obra artística de Heloisa Schneiders da Silva. In: Heloisa Schneiders da Silva: Obra e Escritos. Porto Alegre: MARGS; 2010. p. 23-60. No tempo. In: Iberê Camargo: Origem e destino. São Paulo: Cosac Naify; 2010. Arte e crítica no Brasil. Breve relato de um pensamento em transformação. In: Convergências na arte contemporânea. Campinas: Universidade de Campinas; 2010. Criação e Crítica. Substâncias da Arte. In: Criação e Crítica. Rio de Janeiro: Museu Vale e Suzy Muniz Produções; 2009. p. 10-25. A inquietude da arte. In: Fundação Iberê Camargo. São Paulo: Banco Safra; 2009. p. 15-24. A arte e sua mediação na cultura contemporânea. In: Crítica de Arte no Brasil: Temáticas Contemporâneas. Rio de Janeiro: Funarte; 2006. p. 221-226. A pintura de Iberê Camargo: um processo para sempre inacabado. In: Diálogos com Iberê Camargo. São Paulo: Cosac & Naify; 2003. p. 95-111. Os espaços reinventados na arte de Elaine Tedesco. In: Sobreposições Imprecisas. São Paulo: Escrituras; 2003. p. 56-62. Introdução. In: Fronteiras: Arte, Critica e outros Ensaios. Porto Alegre: Editora da UFRGS; 2003. p. 9-191. Retratos: entre registros, transações e identidades. In: Xico Stockinger. Memorias. Porto Alegre: Artes & Oficios; 2002. p. 123-125. A crítica de arte contemporânea nos contextos em transformação. In: América Latina: territorialidade e práticas artísticas. Porto Alegre: UFRGS; 2002. p. 133-142. O pôster no trabalho científico: contribuições e significados. In: Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. PróReitoria Adjunta de Pesquisa. O jovem pesquisador e o futuro da ciência. Porto Alegre: UFRGS; 1996. p. 33-39. As trajetórias de Vasco Prado. In: Vasco Prado. Porto Alegre: Secretaria Municipal da Cultura; 1994. p. 65-77. Momento de pesquisa: da percepção e do fazer em artes visuais-intersecções. In: Pesquisa em Artes Plásticas. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS; 1993. p. 67-75.

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2.1.3 Livros Walmor Corrêa: o estranho assimilado. Porto Alegre: Dux Produções; 2015. 400 p. Cem anos de Iberê (org. de Luiz Camillo Osório), texto ‘A inquietude da arte’. São Paulo: Cosac Naify; 2014. 443 p. Heloisa Schneiders da Silva: obra e escritos. Porto Alegre: MARGS; 2010. Iberê Camargo: catálogo raisonné. São Paulo: Cosac & Naify; 2006. Iberê Camargo. Bordeaux: Nulla dies sine linea; 2005. 103 p. Fronteiras: arte, crítica e outros ensaios. Porto Alegre: Editora da UFRGS; 2003. Espaços do corpo: aspectos das artes visuais no Rio Grande do Sul (1977-1985). Porto Alegre: UFRGS; 1995.

2.1.4 Catálogos de eventos Pintura, quando a ficção vive na ficção. In: Corona, Marilice Villeroy. Autoscopias. Porto Alegre: Bolsa de Arte de Porto Alegre, 2015. Entre homem e aparelhos: a multifocalidade das imagens de Jander Rama. In: Prêmio IEAVI: exposições, projetos especiais. Porto Alegre: IEAVI, 2014. Entre limiares e passagens. Porto Alegre: Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 2012 A paisagem como convergência: da prática e da reflexão artística em pesquisa. In: Fazer e desfazer a paisagem. Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, Instituto de Artes, UFRGS, 2012. Entre espaços tramados, um lugar. Porto Alegre: Subterrânea, 2010. Arte como questão. In: X Concurso de Artes Plásticas Contemporâneas. Porto Alegre: Goethe Institut, 2009. Matéria do mundo matéria no mundo. In: Concurso de Artes Plásticas: 10 anos de arte contemporânea. Porto Alegre: Instituto Goethe, 2009. Arte contemporânea: caminhos para se perceber o mundo. In: Concurso de Artes Plásticas: 10 anos de arte contemporânea. Porto Alegre: Instituto Goethe, 2009. Lugares desdobrados: Elaine Tedesco, Karin Lambrecht, Lucia Koch. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo; 2009.

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Iberê Camargo: moderno no limite 1914-1994. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo e Curitiba Museu Oscar Niemeyer, 2008. Arquivos abertos. In: Arquivos abertos. Porto Alegre: UFRGS. Instituto de Artes. Pinacoteca Barão de Santo Ângelo; 2008. Gravuras de Iberê Camargo: percursos e aproximações em uma poética. In: Gravuras de Iberê Camargo: percursos e aproximações em uma poética. Novo Hamburgo: Pinacoteca Feevale, 2008. Prêmio Açorianos de Artes Plásticas. Porto Alegre: Paço Municipal, Prefeitura de Porto Alegre, 2007. Eduardo Vieira da Cunha: from the files to collage and appropriations. In: Dreams: Eduardo Vieira da Cunha. Basel: Galerie Ficher Rohr, 2007. O eterno ateliê de Iberê Camargo. In: Iberê Camargo: gravuras e as projeções de um ateliê no tempo. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2007. Dilemas de uma passagem. Porto Alegre: Koralle, 2006. Iberê Camargo. In: Bordeaux: Musée des Beaux-Arts de Bordeaux, 2005. O acaso programado de Gisela Waetge. Porto Alegre: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 2005. A potência da solidão. In: Salvatori, Maristela. Gravuras e monotipias. Porto Alegre, Galeria Iberê Camargo, 2004. Iberê Camargo - uma perspectiva documental. Porto Alegre: Fundação Iberê Camago, 2004. Dos arquivos às colagens e às apropriações. In: Eduardo Vieira da Cunha. Porto Alegre: MARGS, 2003. Arte sobre arte, em imagens sobre imagens. Novo Hamburgo: FEEVALE, 2002. Iberê Camargo: caminhos de uma poética. In: Carretéis, ciclistas. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2000. Iberê Camargo: a arte na trama densa do mundo. In: Iberê Camargo: poster book. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2000. Passagens por(em) uma exposição. In: Faces da nova geração de artistas do I.A. Porto Alegre: Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, 2000.

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Imprimindo o gesto: a arte entre seus vestígios. In: Maria Lúcia Cattani. Porto Alegre: Galeria Obra Aberta, 2000. Maristela Salvatori: Gravures et monotypes. Paris: Galerie Michelle Broutta et Fondation GRAV’X, 2000. La puissance de la solitude. Paris: Fondation GRAV’X, 2000. Projeto Cabeças: Xico Stockinger. Porto Alegre: Garagem de Arte, 1999. Por outras vias. In: Aplauso: cultura em revista. Porto Alegre: Programa de PósGraduação em Artes Visuais da UFRGS, 1999. Arte: entre corpos, os contatos da ilusão. In: Contatos do corpo: exposição de artes plásticas. Novo Hamburgo, Feevale, 1999. O enigma da rainha. Porto Alegre: Obra Aberta, 1999. Retratos: entre registros, transações e identidades / Pedras: a essência do branco. Porto Alegre: Portfolio, 1999. Por outras vias. Porto Alegre: Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, Instituto de Artes da UFRGS, 1999. Arte Digital de Deisa Krukoski. 1997. Entre a natureza e a arte. 1997. Esculturas de Rebeca Stumm. 1994. O ambíguo e corajoso mundo das esculturas de Gustavo Nakle. 1993. Da metamorfose ao espelhamento. 1993. Sobre possíveis referências em uma poética visual. 1992. Desenhos de Elisabete Bina Monteiro. 1992. Máscaras de Ferro: sutilezas do visível ao invisível. 1992. Escultura: trinta anos 1962-1992. Porto Alegre: Galeria Tina Zappoli, 1992. Mostra inaugural do Espaço Vasco Prado. 1991. Produção Plástica de Zorávia Bettiol. 1991.

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Objetos de Eleonora Fabre. Porto Alegre: Associação do Centro Gaúcho da Tapeçaria Contemporânea, 1988. Desenhos e Aquarelas de Nilton Maia. Porto Alegre 1988. Desenhos Loíde Schwambach. Porto Alegre 1987. Pinturas de Lenir Miranda. Porto Alegre 1987. Arte Têxtil de Zorávia Bettiol. Porto Alegre 1984. Mini-têxtis de Joana de Azevedo Moura e de desenhos de Amarilii Licht. Porto Alegre 1983. Artes Plásticas referentes ao Dia Nacional contra a violência sobre a mulher. Porto Alegre 1982.

2.1.5 Artigos de divulgação Um valioso projeto de conexões entre culturas, saberes e tempos. In: Folha do Goethe, 2015. Maria Camargo: caminhos da memória à história. In: Zero Hora, 2014. Iberê Camargo e a expansão dos territórios da arte. In: Zero Hora, 2014. Formação de público é arco da 8ª bienal. In: Zero Hora, 2011. Pós-bienal: balanços e projeções. In: Zero Hora, 2005. Iberê Camargo: da técnica à poética. In: Zero Hora, 2005. La conqête de l’expressivité. In: Infos Brésil, França, 2005. Curadoria & mediação. In: Zero Hora, 2003. Iberê Camargo: as últimas escolhas. In: Zero Hora, 2002. A exposição como obra. In: Zero Hora, 1999. Uma história da estética. In: Zero Hora, 1999. A crise da crítica. In: Zero Hora, 1999. Sobre o concreto, o figurativo e o conceitual: rupturas ou tangencias? In: Então: Jornal de Arte de Porto Alegre, 1993.

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Artextil no Brasil: uma publicação em debate. In: Boletim Informativo do MARGS, 1986. Evento têxtil/85: um espaço para reflexão. In: Boletim Informativo do MARGS, 1985. Mulher nas artes plásticas: arte feminina ou arte feita pela mulher? In: Boletim Informativo do MARGS, 1984.

2.1.6 Trabalhos apresentados O motivo do espaço: o sul, a paisagem e a arquitetura. In: 24º Encontro Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas, 2015. Arte e Ciência: suas redes e fronteiras entre as ousadias da ficção. In: 24º Encontro Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas, 2015. Territórios da história da arte, a partir dos territórios da própria arte. In: XXXIV Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2014. História da arte no Rio Grande do Sul a partir de arquivos: as políticas da memória. In: XXXII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2012. História da arte: Conexões entre formação e trabalho em mercados em transformação. In: Colóquio Internacional de 50 anos de História da Arte do Instituto de Artes da Uerg, 2011. Arquivos de artistas: fluxos entre identidade, memória e história. In: XXX Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2010. Entre arte e arquitetura. Estudos de casos na Fundação Iberê Camargo. In: Arte e arquitetura: balanço e novas direções, 2010. A arte como modalidade histórica: considerações a partir de uma curadoria. In: 29º Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2009. Arte e história da arte no Brasil: problemas de sua inserção internacional em um estudo de caso. In: 28º Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2009. Criação e crítica: substâncias da arte. In: 4º Seminários Internacionais Museu Vale, 2009. Arte contemporânea no Brasil em tempos de globalização: documentos de trabalho em dois estudos de casos. In: 27º Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2008.

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História da arte e questões da arte no Brasil. In: 26º Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2007. História da arte e questões da arte no Brasil. In: XXVI Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2006. A História da Arte no museu ou da História da Arte ao museu? In: Colóquio Brasileiro de História da Arte, 2005. Iberê Camargo, a história da arte e o contexto artístico contemporâneo. In: 23º Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2004. Acervo documental e artístico de Iberê Camargo: distintas abordagens para seu estudo. In: 22º Colóquio Brasileiro de História da Arte, 2002. Produção artística contemporânea: investigando centros de informação em arte no Brasil. In: XIII Salão de iniciação científica, 2002. Critique au Brésil: la différence comme valeur. In: Séminaire Interarts de Paris, 2001. A arte e sua história: pensando a interdisciplinaridade. In: IV Jornadas - 2000 Estudios e Investigaciones, 2000. La critique d’art: une relexion sur ses enjeux dans l aculture artistique contemporaine. In: Conferència Internacional de Sociologia de la Cultura i de les Arts, 2000. Em percursos distintos ou plurais: como pensar sobre a arte hoje? In: Seminário de Pós-Graduação, 2000. Entre fronteras: pensando sobre el arte. Encuentro de Historiadores del Arte em Chile, 2000. A crítica de arte contemporânea no Brasil: problemáticas e perspectivas. In: 8º Jornadas de Teoria e Historia de las Artes, 1999.

2.1.7 Participação em eventos científicos Debatedora - Debate Público sobre as obras de Marilice Corona - Exposição Autocópias na Bolsa de Arte de Porto Alegre, 2015. Comunicadora/Mediadora - 24º Encontro da ANPAP, Compartilhamentos na Arte: redes e conexões, 2015.

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Ministrante - Curso Transformações da arte moderna para a arte contemporânea, 2015. Debatedora - História da arte hoje: conexões entre arquivos de artistas e de historiadores. In: I Seminário Internacional de História da Arte Sérgio Milliet, 2015. Palestrante - Arte, história e crítica: processos, desafios e enfrentamentos da arte na contemporaneidade. In: Poéticas da Criação, ES 2014 - Seminário IberoAmericano sobre o Processo de Criação nas Artes, 2014. Comunicadora - Territórios da história da arte, a partir dos territórios da própria arte. In: XXXIV Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte - Territórios da História da Arte, 2014. Palestrante - 2º Seminário de Políticas de Acervos, Museu Victor Meirelles/Ibram/ MinC, 2014. Palestrante - A pintura gestual de Iberê Camargo e seus ecos na atualidade. In: Museu de Arte Contemporânea da USP: Disciplina de Pós-Graduação do Programa Interunidades em Estética e História da Arte, EHA-5735 “Gestualidades”, 2014. Mediadora - Conversa entre a artista plástica Isabel Ramil e o curador Gilberto Habib. In: Mostra “A dimensão lírica das coisas” de Isabel Ramil, 2014. Palestrante - Em tempos de “a volta à pintura” Os contornos da pintura de Iberê Camargo. In: Fundação Iberê Camargo, 2014. Palestrante - Historiografia da arte brasileira: em busca de seu lugar. In: II Seminário Interdisciplinar de Pesquisa em História da Arte, Departamento de Artes Visuais, UFRGS, 2014. Palestrante - A arte e a memória desde o sul do Brasil: amnésias e políticas da rememoração. In: Colóquio Internacional Políticas da Memória: Experiências entre Arte e História, 2013. Debatedora - Processos de institucionalização: museu, arquivo. In: Colóquio Internacional Políticas da Memória: Experiências entre Arte e História, 2013. Palestrante - Iberê Camargo: pesquisa, catalogação e os sentidos de sua arte. In: Programa Educativo da Fundação Iberê Camargo, 2013. Comunicadora - História da arte no Rio Grande do Sul a partir de arquivos. Políticas de memória. In: XXXII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, Direções e Sentidos da História da Arte, 2012.

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Palestrante - Iberê Camargo: dos arquivos à comunidade. In: Ciclo de Palestras Museu de Arte: relações entre o artista, a obra e o público, 2012. Palestrante - Iberê Camargo: pluralidades da expressão. In: Programa Educativo da Fundação Iberê Camargo, 2012. Palestrante - História da arte. Conexões entre formação e trabalho em mercado em transformação. In: Colóquio Internacional do Instituto de Artes da UERJ: 50 Anos de História da Arte, 2011. Debatedora - Combos: Crítica, 2011. Palestrante - Iberê Camargo em suas relações com o meio artístico brasileiro e internacional, 2011. Comunicadora - Arquivos de artista. Criação, crítica e história da arte. In: XXX Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2010. Coordenadora - Mesa-Redonda Fluxos entre documentos, arquivos e história da arte. In: XXX Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2010. Coordenadora - Sessão temática Trânsitos entre criação, crítica e história da arte. In: XXX Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2010. Palestrante - Mesa “Arte e mercado”. In: Colóquio Internacional de Arte Contemporânea: Transversalidades Poéticas e Políticas, 2010. Palestrante - Ciclo da Exposição Cálculo da Expressão, 2010. Palestrante - Iberê Camargo: Conflitos e poética. In: Curso de Formação de Mediadores do Programa Educativo da Fundação Iberê Camargo, 2010. Ministrante - Oficina “Arte contemporânea: caminhos para sua discussão”. In: Ciclo de Estudos Arte Contemporânea: crítica e curadoria, 2009. Palestrante - Debate de Encerramento do Seminário “Órbitas dos anos 80 memória e atualidade”, 2009. Debatedora - Diálogos recentes entre artes visuais e arquitetura. In: VII Fórum Brasília de Artes Visuais - Arte e Arquitetura: balanços e novas direções, 2009. Palestrante - Diálogos recentes entre artes visuais e arquitetura. In: VII Fórum Brasília de Artes Visuais - Arte e Arquitetura: balanços e novas direções, 2009. Palestrante - Lançamento do DVD Mestres em Obra, 2009.

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Comunicadora - Repensando a escrita da história da arte brasileira. In: XXIX Colóquio do CBHA - Historiografia da arte no Brasil: um balanço das contribuições recentes - homenagem a Walter Zanini, 2009. Palestrante - Desafio dos museus de arte brasileiros hoje: um estudo de caso da Fundação Iberê Camargo. In: Ciclo de Palestras Uma Noite no Museu, 2009. Debatedora - Iberê Camargo. Dos arquivos à comunidade. In: XIII Congresso ABRACOR - Congresso Internacional da Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores de Bens Culturais, 2009. Palestrante - XIII Congresso ABRACOR - Congresso Internacional da Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores de Bens Culturais, 2009. Mediadora - Encontro com os artistas. In: Exposição Multimídia “Hiperciclo”, 2009. Palestrante - Em pura perda. In: Aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, UFRGS, 2009. Palestrante - Crítica e criação. In: Seminário Criação e Crítica, 2009. Palestrante - Lugares desdobrados. Perspectivas de uma curadoria. In: Palestras para Professores na Fundação Iberê Camargo, 2008. Coordenadora - Mesa-Redonda Arte e Cultura no Brasil. In: XXVIII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2008. Comunicadora - História da arte no Brasil e sua repercussão internacional. Um estudo de caso. In: XXVIII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2008. Palestrante - Aula inaugural do Curso de Artes Visuais da Feevale, 2008. Palestrante - Lançamento do Documentário “Mestres em Obra”, 2008. Palestrante - A obstinada solidão na pintura de Iberê Camargo. In: Ciclo de Palestras “Iberê Camargo - Moderno no Limite”, 2008. Coordenadora de Mesa - XXVII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2007. Palestrante - História da arte no Brasil: raízes e atualidade. In: XXVII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2007. Palestrante - Ciclo de Goya, a relação entre pintura e gravura de Goya e Iberê Camargo, 2007.

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Palestrante - O lugar da percepção. In: Curso de Formação de Mediadores, 2007. Palestrante - Iberê Camargo e as projeções de um ateliê no tempo, 2007. Palestrante - Iberê Camargo. Do acervo à permanência. In: Seminário “Museu monográfico e projeto de um Catalogue Raisonné: integração entre acervo de obras e fundos documentais”, 2007. Debatedora - Mesa Redonda “A obra de Iberê Camargo na ótica do artista e do historiador”, 2006. Palestrante - Percorrendo os caminhos artísticos de Iberê Camargo. In: Lançamento do Livro Iberê Camargo - Catálogo Raisonné, 2006. Palestrante - Obra de Iberê Camargo e a preparação técnica do livro. In: Lançamento do livro “Iberê Camargo - Catálogo Raisonné - volume I”, no Museu Oscar Niemeyer, 2006. Coordenadora - Mesa de trabalho: As publicações e a história da arte. In: XXVI Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2006. Palestrante - História da arte e questões da arte no Brasil. In: XXVI Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2006. Palestrante - Iberê Camargo e a permanência. In: Lançamento do livro “Iberê Camargo - Catálogo Raisonné - volume I de gravuras”, no Conservatório da UFMG, 2006. Palestrante - Iberê Camargo e a permanência. In: Atividade Científica no Centro de Artes e Arquitetura da Universidade de Caxias do Sul, 2006. Palestrante - Fundação Iberê Camargo: Caminhos do atelier à vida pública, uma reflexão. In: Curso de Design da ULBRA, 2005. Conferencista - Iberê Camargo, une Fondation et un Musée. In: Exposição Iberê Camargo na Galerie des Beaux-Arts, 2005. Palestrante - A história da arte no museu ou a história da arte ao museu? In: XXIV Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2004. Palestrante - L’histoire de l’art aujourd’hui dans l’avenir d’un musée au brésil. In: XXXIe Congrès International d’Histoire de l’Art (CIHA 2004). Membro de Mesa Redonda - Exposição Iberê Camargo: diante da pintura no Museu de Arte Moderna da Bahia, 2004.

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Conferencista - Seminário: Museus de Arte a experiência brasileira - formação, pesquisa e difusão de acervos, 2003. Conferencista - Seminário: Museus de arte - a experiência brasileira, 2003. Debatedora - Encontro de gerações. In: Encontro com o Artista, 2003. Palestrante - A história da arte e o contexto artístico contemporâneo: a obra de Iberê Camargo e as perspectivas de um futuro museu. In: XXIII Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2003. Palestrante - Bienal: proposta, abordagens e públicos. In: Curso de Formação de Mediadores da 4ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 2003. Debatedora - Debate “O lugar do mestre (obra de Iberê Camargo como grande arte da pintura moderna no Brasil), 2003. Conferencista - Seminário: Iberê Camargo - a dimensão experimental da pintura, 2002. Palestrante - A crítica de arte contemporânea em questão. In: Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação Artes Visuais do Instituto de Artes, UFRGS, 1999. Painelista - O compromisso do saber. In: 7º Seminário Internacional de ArteEducação, 1993. Painelista - O critério da originalidade. In: Ciclo Tridimensionalidade em Debate, 1993. Painelista - Como apresentar um trabalho num congresso científico. In: Seminário de Iniciação Científica da UFRGS, 1992. Painelista - Seminário Nacional de Arte-Educação, 1992. Palestrante - Arte e moda: produções culturais com significados comuns? In: Painel: Relação Arte-Moda, 1986. Palestrante - Sobre arte: produção, ensino e significados. In: Disciplina Psicopedagogia da Arte, Curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da UFRGS, 1985. Palestrante - Interpretando arte. In: Viver melhor, reciclando-se, Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, 1985.

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Painelista Representante do Brasil - Arte têxtil no Brasil, Uruguai e Argentina. In: Evento Têxtil 85, 1985. Palestrante - O adulto e a arte: vivências e significados. In: Curso de Atualização Cultural da Alternativa - Serviço de Orientação, 1984. Palestrante - Batik: uma linhagem na decoração têxtil. In: Curso de Batik do Atelier 65 Arte, 1984. Palestrante - Modelo para o desenvolvimento do processo criador em artes plásticas: um estudo em aberto. In: SOBREART - Sociedade Brasileira de Educação através da Arte, 1984. Conferencista - XXV Congresso Mundial de Educação através da Arte - INSEA 84. Palestrante - A mulher nas artes plásticas. In: Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1984. Painelista - Arte/Educação. In: I Encontro de Teóricos e Arte-Educadores no Rio Grande do Sul, 1983. Palestrante - 20º Curso de Atualização Cultural para a Mulher do Colégio Bom Conselho, 1983. Debatedora - Encontro sobre Tapeçaria do Centro Gaúcho da Tapeçaria Contemporânea, 1982. Palestrante - A arte sobre papel de Iberê Camargo. In: 3º Encontro-ConvívioArte, 1982. Palestrante - Artes: uma breve perspectiva de seu passado, presente e futuro. In: Curso de Atualização da Mulher do Centro de Difusão Cultural, 1982. Palestrante - A atuação da mulher nas artes plásticas no Rio Grande do Sul. In: Dia da Mulher Participante, 1981.

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Curriculum Vitae

3 Reconhecimento e Liderança Acadêmica 3.1 Coordenação e/ou Participação em Projetos de Pesquisa Arquivos desdobrados: processos de criação artística em contexto pós-conceitual Forma de Participação: Coordenadora Instituição: UFRGS Período: 2012 (em andamento) Iberê Camargo - obra completa em seu mapeamento, catalogação e em sua inserção na história da arte no Brasil Forma de Participação: Coordenadora Instituição: UFRGS Período: 2012 (em andamento) Arqui(es)cultura: interações passadas, aproximações presentes Forma de Participação: Colaboradora Instituição: UFRGS Período: 2010 (em andamento) A genealogia da obra de Iberê Camargo. Documentos, processos e fatos artísticos Forma de Participação: Coordenadora Instituição: UFRGS Período: 2001 (em andamento) Arte contemporânea e sua documentação: uma questão interdisciplinar Forma de Participação: Coordenadora Instituição: UFRGS Período: 1999 (em andamento) Espaços do corpo: pintura e desenho no RGS Forma de Participação: Colaboradora Instituição: PUCRS Período: 1983 a 1984 Chico Lisboa - 45 anos Forma de Participação: Colaboradora Instituição: Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa Período: 1982

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3.2 Extensão Universitária Coordenadora da palestra - Hay e português? - uma publicação de artista na Universidade. In: Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação e, Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS, 2014. Integrante da Comissão Coordenadora da Ação de Extensão Universitária UFRGS: Investigações Interinstitucionais: arte, patrimônio e curadoria, 2012. Coordenadora - I Fórum Regional de Coordenadores de Pós-Graduação em Artes / Artes Visuais da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, 2012. Coordenadora - Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS. In: Palestra: Lugares da memória na arte contemporânea, 2012. Organizadora - 8ª Bienal do Mercosul: Conversa com os artistas, 2011. Integrante da Comissão Coordenadora da Ação de Extensão Universitária UFRGS: Seminário de Pesquisa em Artes Visuais 2009/2010 - PPGAV/IA, 2009-2010. Coordenadora - Ciclo de Palestras: Lugares desdobrados, 2009. Coordenadora - Ciclo de Palestras “Iberê Camargo - Moderno no Limite”, 2008. Organizadora - Encontro “Sobre Iberê”, 2007. Coordenadora da elaboração e publicação do Catálogo Raisonné das gravuras de Iberê Camargo, 2006. Integrante da Equipe Executora com Contato com Aluno/Público da Ação de Extensão Universitária UFRGS: Seminário de Pesquisa em Artes Visuais 2005 PPG/IA, 2005. Integrante da Comissão Coordenadora da Ação de Extensão Universitária UFRGS: Projeto Artista Convidado - Conversa com Zé Resende, 2004. Integrante da Comissão Coordenadora da Ação de Extensão Universitária UFRGS: Projeto Artista Convidado - Conversa com Carlito Carvalhosa, 2004. Integrante da Comissão Coordenadora da Ação de Extensão Universitária UFRGS: Projeto Artista Convidado - Conversa com Lia Menna Barreto, 2004. Coordenadora - Formação da Ação Educativa da 4ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 2003. Comissão Organizadora - XIII Salão de Iniciação Científica da UFRGS, 2002.

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Integrante da Comissão Organizadora do XIII Salão de Iniciação Científica da UFRGS, 2001. Coordenadora do projeto de catalogação da obra completa de Iberê Camargo, 10/2000 a 03/2015. Coordenadora - Conferência de Extensão Universitária UFRGS Ensino de Arte: A Interdisciplinaridade no momento atual, 1993. Comissão Coordenadora do V Salão de Iniciação Científica da UFRGS, 1993. Coordenadora - III Encontro Intrauniversitário de Problemas de Pós-Graduação em Artes, 1984. Coordenadora - Segundo Encontro Inter-Universitário de Problemas de PósGraduação em Arte da PUCRS, 1984. Coordenadora - Evento “A arte da tapeçaria”. In: 4º Encontro-Convívio-Arte, 1982. Coordenação - Seminário do Movimento Gaúcho em Defesa da Cultura / Setor de Artes Plásticas, Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, 1981.

3.3 Participações em Bancas de Trabalho de Conclusão 3.3.1 Doutorado Ethiene Furtado Nachtigall Decker Fábio Jabur de Noronha Elaine Athayde Alves Tedesco Paulo Antonio de Menezes Pereira da Silveira Nadja de Carvalho Lamas Ursula Rosa da Silva Eduardo Vieira da Cunha Maria Helena Wagner Rossi

26/09/2014 03/05/2013 15/07/2009 31/01/2008 09/12/2005 2002 2001 11/12/2000

3.3.2 Exame de Qualificação de Doutorado Luciano Alfonso da Silva Michelle Farias Sommer

18/12/2015 29/09/2014

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Ana Lúcia Mandelli de Marsillac Fábio Jabur de Noronha Silvana Boone Teresinha Barachini Elaine Athayde Alves Tedesco Luiz Antônio Carvalho da Rocha Eriel de Araújo Santos Paulo Antonio de Menezes Pereira da Silveira Nadja de Carvalho Lamas Lurdi Blauth Altamir Moreira

07/10/2011 06/05/2011 29/04/2011 10/12/2010 19/04/2007 18/12/2006 23/11/2006 23/09/2005 23/10/2003 24/02/2003 12/02/2003

3.3.3 Mestrado Acadêmico Ricardo Henrique Ayres Alves Paula Trusz Arruda Francisco Eduardo Coser Dalcol Leonardo Azevedo Felipe Felipe Bernardes Caldas Alice Souza da Silva Camila Monteiro Schenkel Vivian Herzog Melina Almada Sarnaglia Carolina Corrêa Rochefort Paulo Roberto Salvetti Junior Gilton Monteiro dos Santos Júnior Denise Ruschel Gadelha Romy Pocztaruk Marina de Camargo Silva Fábio Jabur de Noronha Fernanda Carvalho de Albuquerque Eduardo Ferreira Veras Gabriela Kremer Motta José Vicente da Veiga Silvia Raimundi Ferreira Roseli Aparecida da Silva Nery Celso Vitelli Gilmar Carneiro Cláudia Maria França Silva Gozzer Marta Spier

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28/10/2015 14/11/2014 22/03/2013 18/11/2013 15/08/2013 29/08/2012 04/05/2011 08/04/2011 15/06/2011 17/12/2010 30/04/2010 19/03/2008 17/08/2007 09/05/2007 25/04/2007 20/12/2006 21/08/2006 07/07/2006 16/12/2005 18/11/2005 29/04/2005 11/07/2003 29/08/2002 23/07/2002 03/05/2002 1999

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3.3.4 Exame de Qualificação de Mestrado Cláudio Barcellos Jansen Ferreira Carolina Sinhorelli de Oliveira Ricardo Henrique Ayres Alves Bruno Gularte Barreto Paula Trusz Arruda Rodrigo Montero Felipe Bernardes Caldas Leonardo Azevedo Felipe Francisco Eduardo Coser Dalcol Eduardo de Souza Xavier Alice Souza da Silva Camila Monteiro Schenkel Carolina Corrêa Rochefort Jessica Araujo Becker Paulo Roberto Salvetti Junior Bettina Rupp Denise Velloso Fernandes Ribeiro Mariana Machado de Freitas Romy Pocztaruk Denise Ruschel Gadelha Fábio Jabur de Noronha Marina de Camargo Silva Gabriela Kremer Motta Ethiene Furtado Nachtigall Decker Rodrigo Nunez Beatriz Basile da Silva Rauscher Margarida Brandina Pantaleão da Silva Cláudia Maria França Silva Gozzer

19/11/2015 16/10/2015 17/12/2014 28/11/2014 02/12/2013 21/12/2012 15/10/2012 03/09/2012 23/04/2012 04/11/2011 16/09/2011 19/04/2010 19/04/2010 25/09/2009 29/04/2009 17/04/2009 16/06/2008 29/03/2007 26/05/2006 15/05/2006 10/05/2006 28/04/2006 01/10/2004 15/01/2004 10/10/2003 26/02/2003 26/02/2003 2002

3.4 Bancas e/ou Comissões Julgadoras Membro do Júri de Premiação do IX Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, 2015. Comissão Julgadora da 10ª Edição do Concurso de Artes Plásticas do GoetheInstitut Porto Alegre, 2009. Comissão de Seleção do Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça 2008.

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Comissão Julgadora na sessão de Linguística, Letras e Artes - Artes Visuais B no XX Salão de Iniciação Científica da UFRGS, 2008. Comissão Julgadora no IX Concurso de Artes Plásticas Contemporâneas do Goethe-Institut, 2008. Comissão de Seleção e Premiação do 17º Salão de Artes Plásticas da Câmara Municipal de Porto Alegre, 2006. Comissão de Seleção da Atividade de Leitura de Portfólios e Orientação Crítica a Artistas Gaúchos, 2006. Comissão de Seleção e Premiação do 3º Prêmio Celg de Artes Plásticas, 2005. Júri Final da Mostra dos selecionados do 18º Salão do Jovem Artista, 2004. Comissão Julgadora do Concurso Identidade Visual do XVI Salão de Iniciação Científica e da XIII Feira de Iniciação Científica da UFRGS, 2004. Comissão Julgadora do Concurso UFRGS 70 Anos, 2003. Comissão Julgadora do Concurso Identidade Visual do XV Salão de Iniciação Científica e da XII Feira de Iniciação Científica da UFRGS, 2003. Comissão Julgadora do Concurso Identidade Visual do XIII Salão de Iniciação Científica e da X Feira de Iniciação Científica da UFRGS, 2001. Comissão Julgadora do Concurso Identidade Visual do IV Salão de Iniciação Científica da UFRGS, 1992. Comissão Julgadora da 3ª Mostra de Tapeçaria do Centro Gaúcho da Tapeçaria Contemporânea, 1986. Banca Examinadora do Concurso Público para Professor Auxiliar na área de Fundamentos da Linguagem Visual do Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal de Santa Maria, 1984. Comissão Julgadora da II Mostra do Centro Gaúcho da Tapeçaria Contemporânea, 1983. Comissão Julgadora do Concurso “Crítica Jovem Arte Sul América - RS”, 1983. Comissão Especial de Artes em Geral de seleção dos trabalhos para o Prêmio “Moinho Santista”, 1979.

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3.5 Participação em Atividades Editoriais, Consultoria, Revisão Comissão de avaliação de artigos para a Revue Américaniste d’Art, Littérature et Patrimoine, Artlogie, desde 2015. Membro do Conselho Editorial da Revista Farol, desde 2015. Membro da equipe editorial da Revista Porto Arte, desde 2015. Parecerista da obra Aulas de Museu organizada por Ana Maria Dalla Zen, 2015. Revisora e avaliadora dos artigos para apresentação no Seminário Processos de Musealização. Um seminário de investigação internacional, uma iniciativa da unidade curricular estudos de museus e curadoria do 3º Ciclo de Museologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2014. Parecerista Revista Valise (v.2, n.3), 2012. Parecerista Revista Valise (v.1, n.2), 2011. Membro do Grupo Técnico para análise dos projetos inscritos no Edital nº 052/07 do Fundo Municipal da Cultura - Programa de Apoio e Incentivo à Cultura, 2007. Consultora Ad Hoc na avaliação de projetos de pesquisa à chamada pública para pesquisa universal CT&I FAPESC 03/2006. Membro do Conselho Editorial da Editora da UFRGS, 2005-2007, 2007-2009. Membro do Comitê Assessor de Artes e Letras da FAPERGS, 2003-2005.

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4 Atividades de Administração Acadêmica 4.1 Gestão Acadêmica Membro da Comissão de Provas do Processo Seletivo 2014 - mestrado e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, 2014. Membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do Curso de Bacharelado em História da Arte da UFRGS, desde 2013. Membro da Comissão Coordenadora de Programa de Pós-Graduação - COMPÓS, desde 2013. Membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do Curso de Bacharelado em Artes Visuais da UFRGS, desde 2013. Membro da Comissão de Avaliação de Credenciamento de Doentes do PósGraduação em Artes Visuais da UFRGS, 2013. Membro da Comissão para elaboração da prova de doutorado para o Processo Seletivo 2012 do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, 2012. Comissão de Bolsas do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, gestão 2011-2013. Comissão de Acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 2011 a 2013. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, 05/2011 a 06/2013. Membro da Comissão para elaboração da prova de mestrado para o Processo Seletivo 2011 do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, 2011. Membro da Comissão Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, desde 2011. Coordenadora Substituta do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, 11/2009 a 05/2011. Membro da Comissão Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, 05 a 10/2009. Membro do Conselho Consultivo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 02/2008 a 12/2010.

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Curriculum Vitae

Membro da Comissão Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, 2007 a 2010. Comissão Especial para analisar a indicação de mudança de nível de mestrado para doutorado de Gisela Costa Habeyche, 2003. Membro da Comissão Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, 2001 a 2005. Chefe Substituta do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS, 12/1999 a 12/2001. Coordenadora da Comissão de Pesquisa do Instituto de Artes da UFRGS, 01/1999 a 12/2000. Membro do Conselho Consultivo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 11/1993 a 08/1994. Coordenadora da Comissão de Currículo do Instituto de Artes da UFRGS, 1993. Membro da Diretoria da Associação Gaúcha de Arte Educadores - núcleo de Porto Alegre, como primeiro suplente, gestão 1985/1986. Comissão de Educação Formal do Núcleo de Porto Alegre da Associação Gaúcha de Arteducação, 08 a 12/1985. Grupo de Estudos sobre a formação de recursos humanos para a educação formal da Associação Gaúcha de Arte Educadores - núcleo de Porto Alegre, 1985.

4.2 Gestão Técnica 4.2.1 Curadorias Artísticas Projeto RS Contemporâneo do Santander Cultural, 2014. Exposição Quero outros espaços de Heloisa Schneiders da Silva, 12/2009 a 02/2010. Exposição inaugural da nova sede da Fundação Iberê Camargo: Moderno no Limite - 1914-1994, 05/2008. Exposição Lugares Desdobrados, Fundação Iberê Camargo, 12/2008 a 03/2009. Exposição Gravuras de Iberê Camargo: percursos e aproximações em uma

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Poética, 09 a 10/2008. Exposição As gravuras de Iberê Camargo. Percursos e aproximação de uma Poética, 11/2007 a 01/2008. Exposição Iberê Camargo e as projeções de um ateliê no tempo, 06 a 08/2007. Obra de Iberê Camargo no Museu de Belas Artes de Bordeaux, França, 03/2005. Mostra Iberê Camargo: uma perspectiva documental, 08 a 09/2004. Membro do Conselho de Curador da Fundação Iberê Camargo, 2001 a 2008. Exposição Escultura Figurativa Atual do Rio Grande do Sul, 08/1991. Exposição de Artes Plásticas durante a 39ª Semana Oficial de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, 1982.

4.2.2 Recebimento de Comendas e Premiações advindas de Atividades Científicas e/ou Artísticas Professora homenageada no Curso de Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais, Instituto de Artes, UFRGS, 2016. Menção Honrosa no Prêmio CAPES pela orientação da tese de doutorado de Eduardo Ferreira Veras: Seja faça experimente: enunciados imperativos na arte contemporânea (anos 2000), 2013. Indicação ao Prêmio Mário de Andrade, Associação Brasileira dos críticos de Arte (ABCA), 2012. Destaque em textos, catálogos e livros publicados no V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, 2011. Indicação ao Prêmio Gonzaga Duque, Associação Brasileira dos Críticos de Arte, 2011. Menção Honrosa Prêmio CAPES de Tese 2010 pela orientação da tese de Marilice Villeroy Corona: Autorreferencialidade em Território Partilhado, CAPES, 2011. Homenagem pelo Reconhecimento da excelência acadêmica, Reitoria da UFRGS, 2011. Representação do Brasil no Visitors Program of the Federal Republic of Germany, Goethe Institute Porto Alegre, 2010.

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Indicação ao IV Prêmio Açorianos de Artes Plásticas - Categoria Destaque em Curadoria de Exposição, Secretaria Municipal de Cultura e Prefeitura de Porto Alegre, 2010. III Prêmio Açorianos de Artes Plásticas - Categoria Melhor Exposição Coletiva, Secretaria Municipal de Cultura e Prefeitura de Porto Alegre, 2009. Classificada em Nível Regional, categoria Pesquisa e Inventário de Acervos, Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, 2009. Indicação ao II Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, Categoria Melhor Exposição Coletiva, Secretaria Municipal de Cultura e Prefeitura de Porto Alegre, 2008. Indicação ao II Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, Categoria Destaque em Curadoria de Exposição, Secretaria Municipal de Cultura e Prefeitura de Porto Alegre, 2008. Professora Paraninfa pelos Formandos em Artes Visuais, Instituto de Artes, UFRGS, 2008/2. Destaque em Produção de Textos publicados sobre Artes Plásticas, I Prêmio Açorianos de Artes Plásticas - ano 2006, Secretaria Municipal de Cultura e Prefeitura de Porto Alegre, 2007. Professora Paraninfa pelos Formandos em Artes Visuais, Instituto de Artes, UFRGS, 2007/2. Categoria Especial - 13ª Edição do Prêmio Açorianos de Literatura, 2006. Indicação ao Prêmio Gonzaga Duque, Associação Brasileira de Crítica de Arte, 2006. Professora Paraninfa pelos Formandos em Artes Plásticas, Instituto de Artes, UFRGS, 2005/2. Professora Paraninfa do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais, Instituto de Artes, UFRGS, 2005. Professora Paraninfa do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais, Instituto de Artes, UFRGS, 2003. Professora Homenageada pelos Formandos em Artes Plásticas, Instituto de Artes, UFRGS, 2003/2. Prêmio Petrobras Artes Visuais, Petrobras, 2002. Prêmio Salão de Iniciação Científica da UFRGS pelo trabalho: Produção

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artística contemporânea: investigando centros de informação em arte no Brasil apresentado no XIII Salão de Iniciação Científica da UFRGS, 2002. Prêmio Destaque pelo trabalho: Produção artística contemporânea: investigando centros de informação em arte no Brasil apresentado no XIII Salão de Iniciação Científica da UFRGS, 2002. Professora Homenageada pelos Formandos em Artes Plásticas, Instituto de Artes, UFRGS, 2000/1. Professora Homenageada pelos Formandos em Artes Plásticas, Instituto de Artes, UFRGS, 1993/1. Hors Concours em Desenho na Mostra do Artista Plástico - 120 anos de Imigração Polonesa no Brasil, 1990. Destaque em Desenho na Primeira Mostra do Artista Plástico - 90 anos da Sociedade Polônia, Sociedade Polônia, 1988. Vencedora do Concurso de logotipos para escolha do símbolo da empresa Cardiobaby Assistência em Cardiologia Pediátrica Ltda., 1986. Primeiro Lugar no Concurso para escolha do logotipo da Loja Faz-de-Conta Brinquedos Ltda., 1984. Professora Homenageada pelos Formandos em Letras, PUCRS, 1982. Trabalho premiado: Uma reflexão sobre a obra de Francisco Stockinger indivíduo e contexto, I Concurso de Monografias sobre Artistas Plásticos Riograndenses do MARGS, 1979. Incentivo à Pesquisa, MARGS, 1978. Professora Homenageada pelos Formandos do Instituto de Letras e Artes da PUCRS, 1978. Professora Homenageada Especial pelos Formandos do Instituto de Letras e Artes da PUCRS, 1977. Vencedora do Concurso de planejamento execução do logotipo para simbolizar a Comissão de Formatura da Turma Médica da UFRGS de 1973. Conclusão do Curso de Graduação em primeiro lugar - Bolsa de Estudos no exterior - Nível Pós-graduação, UFRGS - Lei Brossard (3023), 1971.

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Vencedora do 3º Prêmio da fase nacional do Concurso Internacional de Cartazes “Um mundo digno de nós”, 1971. Prêmio Exposição Coletiva Galeria da Associação de Cultura Franco-Brasileira Desenho e Pintura - Bolsa de Estudos, Pós-Doutorado, formação complementar avançada, 1968.

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