O
foi eu estou em sérios problemas. Deve ter sido porque ele acordara amarrado numa cama pelos pulsos e tornozelos com alguma forma antiquada de algemas. E mais uma vez, talvez fosse os arredores não habituais, a tenda de tecido em que ele estava, a floresta em volta ou as vozes de vários adolescentes do lado de fora da tenda, nenhum dos quais ele reconheceu. Mas o que na verdade estava pensando, disse em voz alta: PRIMEIRO PENSAMENTO DE PERCY
— Annabeth vai me matar. Imediatamente, ao som de sua voz, duas das crianças fora da tenda passaram para dentro. Elas eram da idade de Percy, provavelmente dezesseis ou dezessete anos de idade. A garota era meio alta, mas forte, não como tendo um corpo musculoso, mas sim o de uma nadadora olímpica. Ela tinha escuros olhos marrons e cabelo em mechas. Seu cabelo estava para trás num rabo de cavalo que era tão comprido que passava metade do caminho da cabeça até o chão na sua armadura. Uau, espere, armadura? Percy piscou os olhos. É, armadura, como armadura de batalha que parecia ter um milhão de anos. Com couraça no peito, nas costas, nas canelas e nos braços, o garoto que entrara na tenda com ela ainda tinha um elmo de metal, mas não do estilo de um capacete de bicicleta, e sim um daqueles elmos que você veria um gladiador usar na Roma antiga. Ainda tinha uma pluma de cavalo roxa que combinava com sua camiseta. Ele era um cara alto e muito musculoso. Ele também usava armadura, e tinha uma espada embainhada ao seu lado. Eles pareciam que tinham acabado de sair de uma Feira da Renascença. Suas roupas os faziam parecer meio ingênuos, e os olhares zangados nos seus rostos eram perfeitamente iguais.
— Onde estou? — perguntou Percy. — Nós fazemos as perguntas — disse a garota. Percy lutou contra as algemas quase virando a cama, o que não teria sido uma queda ruim, considerando que só estava a uns trinta centímetros do chão, mas iria se encarar plantado em lama e folhas, então pensou que era melhor não lutar mais. — Me desamarrem — exigiu Percy. — Você só fala quando lhe é dito para falar — avisou a garota. Percy começou a lutar com suas algemas novamente, tomando cuidado para não derrubar a cama. — Me soltem! O garoto alto puxou sua espada e colocou a ponta na garganta de Percy. Percy parou de lutar. — Seria um ato sábio você ouvir Gwendolyn — falou. — Eu odiaria ter que acabar com você antes de ter a chance de explicar-se. De algum modo, Percy duvidou daquilo. Esse cara poderia ficar rosa para matá-lo, mas embainhou a espada e afastou-se para dar espaço a Gwendolyn. — Qual é o seu nome, estranho? — ela perguntou. Percy não disse nada. Ele só ficou deitado ali meio que em estado de choque por ter uma espada na garganta. — Responda! — ordenou o garoto alto que sacudiu Percy do seu entorpecimento. — Percy Jackson. — Como você chegou aqui, Percy Jackson? — perguntou ela. — Eu… eu não sei. Eu simplesmente acordei aqui — disse Percy. — Você sabe onde está? — continuou ela. Percy olhou ao redor. Ele estava numa pequena tenda, talvez uma 8x8 com uma única cama (a cama que ele estava amarrado). Não era como uma tenda de acampamento. Tinha a forma de uma tenda de cozinheiro. Era quadrada com um telhado triangular todo feito de um lençol branco de tecido. A letra X estava pintada num lado de roxo. O tecido estava dividido em um lado da tenda e um pedaço estava posto para parecer um vão de entrada. Lá fora
havia árvores, várias árvores, como uma floresta. Haviam outros adolescentes vestidos com armadura juntos em todo o lugar e mais tendas estavam pontilhadas por toda a floresta. Percy olhou para ela e disse: — Vamos ver… suponho que esse não seja o Central Park. Ela olhou para o garoto alto. — Bobby, levante ele. Amarre suas mãos. Vamos levá-lo para Reyna. Percy foi escoltado por Gwendolyn e Bobby para uma tenda diferente a aproximadamente dezoito metros da tenda que ele estava sendo tomado como prisioneiro. Ele receberam vários olhares dos outros adolescentes, mas ninguém disse uma palavra ou ainda exibiu um sorriso. Percy teve a sensação que esse era um grupo muito sério e disciplinado de loucos. Seriamente, o que essas crianças estavam fazendo ali fora na floresta? Percy ainda não vira o adulto responsável. Adolescentes não supervisionados manejando verdadeiras espadas, machados e outras armas de morte dolorosa, para falar a verdade, até parecia um pouco legal. Eles pararam na entrada de uma tenda que era maior que a última. Tinha um I roxo pintado nela e duas bandeiras roxas estavam ondeando em cada lado da entrada. Eles realmente deviam adorar a cor roxa. — Espere aqui — disse Gwendolyn para Bobby antes de caminhar para dentro da tenda. Percy olhou para Bobby. Ele ainda tinha aquele olhar zangado no rosto. — Então, hã, Bobby, não é? — começou Percy. — O que é esse lugar? — Acampamento de treino — disse Bobby num tom sério. Percy olhou ao redor e perguntou: — Treino para quê? — Sem mais perguntas — disse Bobby enquanto Gwendolyn voltava para o lado de fora. — Reyna irá te ver agora — falou para Percy. Percy, com as mãos ainda amarradas nas costas, caminhou para a tenda, mas Gwendolyn e Bobby não seguiram. Eles ficaram na entrada como se montassem guarda. Guarda para quê? Quem sabe? A tenda era 12x12 agora, mas tinha o mesmo design simples como todas as tendas no acampamento. Era mal mobiliada; só uma mesa de madeira com
papéis e mapas espalhados na sua superfície, que fazia ela parecer mais como uma mesa de escritório, e três cadeiras, e só uma delas estava vazia. Uma garota ocupava a cadeira atrás da mesa e um garoto estava sentado em uma das duas cadeiras no outro lado. Eles se levantaram quando Percy entrou. A garota, Reyna presumivelmente, era um pouco mais alta que o normal. O seu cabelo ondulado na altura do ombro era de uma cor loira arenosa. Ela tinha olhos azuis cintilantes, e se ela sorrisse (Percy teve a sensação que era uma alegria rara), esse sorriso provavelmente iluminaria o mundo inteiro. Ela radiava como o sol. Até a sua armadura parecia luzir mais viva que qualquer outra. Talvez ela só tivesse polido ou algo parecido. O garoto era exatamente o contrário. Ele parecia um pouco mais velho que a maioria das crianças aqui. Esse garoto era meio amarelo também. Ele tinha cortes como papel de embrulho em manhã de natal. Ele tinha um cabelo bastante preto puramente cortado em estilo militar. Sua armadura era de couro, ao contrário da maioria que usava armadura de bronze. Ele deu um sorriso e uma piscadela para Percy que mandou um calafrio pela sua espinha. Esse garoto não era nada a não ser problema. — Percy Jackson — chamou-o Reyna. — Eu sou Reyna, pretora interina da Primeira Legião. Esse é o meu primeiro tenente, Dakota. Sente-se. Todos os três se sentaram, e Percy olhou para Reyna vagamente. — Você sabe o porquê de estar aqui, nesse acampamento, Percy? — ela perguntou. — Eu devo ter me perdido ou desmaiado, algo assim. Não tenho ideia de como cheguei aqui ou até mesmo o que é isso aqui — respondeu Percy. — Qual é a última coisa que você lembra? — continuou Reyna. — Hã... eu estava indo para o metrô. Eu ia cruzar a cidade para encontrar Annabeth. Nós dois começamos as férias de inverno cedo, e íamos assistir a um filme. Ah, ela vai ficar louca por eu não ter aparecido. Hã... bem, a coisa seguinte que eu sei é que estou aqui, acorrentado numa cama — explicou Percy. Dakota abriu um sorriso como seu o pensamento de Percy acorrentado numa cama o entretesse. — Quantos anos você tem, Percy? — pergunta Reyna. — Quinze, dezesseis? — Dezesseis — confirmou Percy. Ela olhou para Dakota e sacudiu a cabeça. — Nunca são tão velhos. Eles são sempre só crianças.
Dakota olhou para Percy de cima para baixo. — Pode ser só um mortal perdido na sua rotina. — Talvez — ela disse —, mas olhe a hora, não pode ser coincidência. — Claro que pode — opôs-se Dakota. — Você não acha que esse garoto pequeno e insignificante tenha algo a ver com o desaparecimento de Jason, acha? Jason iria esmagá-lo como um inseto. — Eu não posso acreditar que o seu repentino aparecimento não tenha nada a ver com o desaparecimento de Jason — afirmou Reyna. Percy permaneceu quieto enquanto eles conversavam como se ele nem mesmo estivesse na sala. Ele ficou sentado ali num entorpecimento confuso querendo saber que era esse Jason, por que eles achavam que ele tinha algo a ver com o seu desaparecimento e quem esse Dakota estava chamando de insignificante? — Jackson! — gritou Dakota tirando Percy da sua confusão. — Cadê Jason? — Quem? Eu não conheço nenhum Jason. — Mas você sabe onde ele está — rosnou Reyna. — Não! Eu nem sei onde é que estou! — discutiu Percy, frustrado. — Eu não sei o que vocês querem de mim! Basta me soltarem! — Percy se levantou e Dakota o empurrou de volta à cadeira. — Tire suas mãos de mim! — gritou Percy para ele. — É melhor tomar cuidado com o que fala, garoto — advertiu Dakota. — Parem — falou Reyna. — Dakota, vá preparar os testes. — Você não está falando sério... — começou Dakota. — Vá — ordenou Reyna. Dakota não pareceu feliz, mas fechou o punho direito e colocou sobre o coração como um tipo de continência a ela, o que era estranho, mas Reyna fez o mesmo, e Dakota saiu da tenda. Percy olhou para Reyna e tentou fazer um olhar de cachorrinho abandonado. — Poderia me desamarrar, por favor?
— Temo que não. Não até descobrirmos quem é você. — Ela balançou a cabeça e murmurou: — Romano ou grego? — Hã... americano — disse Percy. Ela na verdade abriu um sorriso divertido àquela observação. Percy encarou-a direto no rosto, silenciosamente desafiando-a. Se ela quisesse saber quem ele era, então sem dúvida ele iria contá-la. — Eu sou Percy Jackson. Eu moro num apartamento no Upper East Side em Manhattan com minha mãe Sally e meu padrasto Paul. Eu sou um estudante da Goode High School. Eu tenho amigos; Thalia, Tyson, Rachel. Meu melhor amigo é Grover Underwood. Minha namorada é Annabeth Chase. Ela vai para um internato em Nova York. Ela e eu nos encontramos quatro anos atrás numa excursão escolar do Museu Metropolitano de Arte. Eu gosto de andar de skate e jogar basquete. Minha comida favorita é churrasco. Minha cor favorita é azul. Eu tenho um cachorro, um Rotweiller. Eu não fico louco em pequenos espaços, e tenho um pouco de TDAH, então você poderia por favor me tirar dessas algemas!
P ERCY
de volta à tenda X por Gwendolyn e Bobby. Eles tiraram suas algemas e deram algo para ele comer enquanto o vigiavam. FOI ESCOLTADO
Nesse meio tempo, Reyna convocou uma reunião de emergência com os oficiais seniores da legião. — Estão todos aqui? — perguntou Reyna. Confirmações com a cabeça vieram de todos os lados. Eles estavam na mesma tenda que Percy acabara de deixar, a tenda I, o quartel-general. Todos ficaram de pé em torno da mesa porque só haviam três cadeiras e seis oficiais. Bem, todos ficaram de pé exceto por Dakota que sentia-se como privilegiado o suficiente para sentar-se. — Kota, a nossa presença não vale a sua atenção? — perguntou Reyna. Dakota levantou-se lentamente inconveniência que tivera o dia inteiro.
como
se
aquela
fosse
a
maior
— Bem, já que todos estão aqui, essa reunião está agora em sessão — começou Reyna. — Sobre o que é isso tudo? Tem algo a ver com Jason? — perguntou uma garota. Ela olhava esperançosa para Reyna com os seus bruxuleantes olhos vermelhos. — Hazel, acho que sim — respondeu Reyna. Dakota tossiu.
— Mas Kota não concorda — continuou ela. — Essa questão diz respeito à nossa mais recente chegada, Percy Jackson. Sussurros encheram a tenda. — Sua chegada ao acampamento só um dia depois do desaparecimento de Jason não é coincidência ou desproposital. Ele está aqui por um motivo, e precisamos determinar que motivo é esse — disse Reyna. — Ele é um semideus? — um garoto atrás de uma das cadeiras perguntou. — Não sabemos ainda, Alex — respondeu Reyna. — Como se importasse — interviu Dakota. — Mesmo se ele for um semideus, ele provavelmente é só um filho de Vertumno, ou talvez um filho de Cupido aqui para te mandar admitir seu amor por Jason. — Ele olhou para Reyna. O rosto de Reyna ficou vermelho quente. Ela estava prestes a pegar sua adaga na coxa, mas respirou fundo e se acalmou. — Você gostaria de ser descartado dessa reunião, Dakota? — perguntou Reyna severamente. Ele só fitou-a, sem palavras. — Achei que não. Podemos continuar? — disse Reyna, olhando zangada em torno da sala, procurando rostos sorridentes. Só haviam cinco outros rostos na tenda. O rosto de Dakota parecia o de um garoto de catorze anos zangado no momento. Hazel era sempre fria, calma e serena, e sua expressão sempre carregava esse sentimento, e agora não havia exceções. Com um olhar, ela era capaz de aliviar a tensão na sala e fazer todos se lembrarem do que era importante. Filhos de Vesta lidam com o trivial simples assim. A expressão de Alex era mais enigmática, como se ele tivesse um milhão de coisas passando pela sua mente de vez. Ele assentia ou sacudia a cabeça à toa como se estivesse discutindo com si próprio em silêncio. Ele odiava não ter todas as perguntas o tempo todo. Jess, a garota ao lado de Hazel, parecia muito interessada nesse novo recém-chegado, Percy. Havia frustração no seu rosto devido a todas as interrupções, mas ela também havia interesse nos seus iluminados olhos marrons, interesse por Percy, não pela legião. Marcus estava em pé na entrada para assegurar-se que quando a reunião fosse suspensa, ele fosse o primeiro a sair. Ele girou os olhos nas órbitas e bocejou como se tivesse um milhão de coisas que seria melhor estar fazendo do que prestar atenção numa reunião com um grupo de oficiais ansiosos da legião.
— Nós precisamos discutir sobre o que fazer com Percy Jackson — continuou Reyna. — Não deveríamos levá-lo para a Madame Lupa? — perguntou Hazel. — Ele é indeterminado — explicou Jess. — Lupa não irá lhe dar uma audiência até que ele seja reclamado ou testado e determinado. — Então, nós testamos ele — disse Alex. — Kota já começou a preparar os testes. Se ele não for reclamado até o pôr do sol, começaremos os testes. Todos concordam? — perguntou Reyna. Houve várias confirmações com a cabeça. — E se ele não for um semideus? Alguns dos testes irão matá-lo — protestou Alex. Dakota resmungou e falou: — Isso só irá salvar-nos do problema de ter que matá-lo. Ele viu o acampamento. Ele já sabe demais. Não podemos permitir que ele parta. Ou ele é um semideus, ou é um morto. O silêncio reinou na sala. Finalmente Reyna falou: — Então, amanhã de manhã, se ele não for reclamado. Hazel, vá para o arsenal e ache algum equipamento para Percy. Jess, explique para Percy que possivelmente passará por testes físicos amanhã. Alex, prepare o outro teste. Kota, finalize as preparações. E Marcus, organize celebrações no evento se houver resultado positivo. Todos entenderam? Todos assentiram. Todos fizeram o mesmo.
Reyna colocou seu punho direito sobre o coração.
— Dispensados — falou ela. Todos começaram a sair, mas Reyna agarrou o braço de Jess. — Posso falar com você? — perguntou para ela. Jess assentiu e ficou para trás. Quando todos haviam partido, ela se sentaram, cada uma numa cadeira. Jess tinha um sorriso bonito no rosto que nunca oscilava; cobria todo o espectro das suas emoções. Ela, como Dakota, preferia armadura de couro que ela usava
bem. Ela era magra e tinha feições aguçadas. Colocou parte do seu luminoso cabelo marrom atrás da sua pequena orelha pontuda e perguntou: — E aí? — Você é boa com recém-chegados. Você acha que poderia falar com o Percy? Tentar arrancar a verdade dele? — perguntou Reyna. — Você acha que ele etá escondendo alguma coisa? — perguntou Jess. — Ele diz que leva uma vida mortal; uma vida normal e medíocre — explicou Reyna. — Mas você está convencida de que ele é um semideus — disse Jess. — Você não pode sentir? — perguntou Reyna. Jess assentiu. — É bem fraco, mas está lá. É bem provável que nem ele possa sentir. Mas um semideus não sobrevive até os dezesseis anos sozinho, muito menos leva uma vida normal, leva? Eu nunca ouvi falar de algo parecido. — É por isso que acho que ele está mentindo de onde veio — falou Reyna. — Bem, de onde ele poderia ter vindo? — perguntou Jess. — Vou te contar uma coisa que você nunca deverá repetir, entendeu? — falou Reyna para Jess numa voz severo e quase ameaçadora. — Entendi — concordou Jess. — Existem outros semideuses por aí que lutam contra as forças do mal e do caos assim como nós — explicou Reyna. — Eu nunca ouvi falar dessa legião — disse Jess, levemente confusa. — Eles não são uma legião romana. Eles são gregos — continuou Reyna. — Gregos? Como isso é possível? — perguntou Jess, agora mais confusa ainda. — Somos todos fomos ensinados de como os deuses podem estar em mais de um lugar ao mesmo tempo, consciência dividida, certo? Mas o que não nos ensinaram é que os deuses têm também diferentes aspectos de suas personalidades, principalmente romanos e gregos. É por isso que os deuses às vezes ficam pelos seus nomes gregos — explicou Reyna.
— Porque eles estão no seu aspecto grego. Faz sentido — concordou Jess. — Os filhos dos deuses no seu aspecto romano são semideuses romanos — falou Reyna. — A maioria acaba aqui conosco quando são jovens e ficam com a legião até a maioridade. Filhos dos deuses no seu aspecto grego são semideuses gregos, e a maioria deles vai para o acampamento grego. — Você não pode estar falando sério. Como eu nunca ouvi falar em semideuses gregos ou um acampamento de treino grego ou até encontrar algum deles em missões ou em batalha? — perguntou Jess em incredulidade. — Bem, Jess, acho que você está prestes a encontrar um — disse Reyna. — Você acha que Percy é um semideus grego que está mentindo sobre isso? Pra que mentir? — perguntou Jess. — Os semideuses romanos e gregos são notáveis por lutar uns com os outros mais do que lutar pela causa — explicou Reyna. — Eles tiveram uma guerra civil que quase destruiu ambos. Depois daquilo, foi acertado que semideuses romanos e gregos seriam separados e nunca saberiam da existência dos outros. — Como você sabe tudo isso? — perguntou Jess. — A Madame Lupa me disse a muito tempo atrás — falou Reyna. — Por que ela falou para você e para mais ninguém? — perguntou Jess sentindo um pouco de ciúme. — Porque eu sou uma filha de ambos os mundos — explicou Reyna. — Eu sou uma filha de Apolo, que o seu nome e aspecto são os mesmos no mundo romano e grego. Eu fui trazida para a Casa dos Lobos quando tinha seis anos de idade, e me foi dada uma escolha: viver como uma romana ou viver como uma grega. Eu escolhi viver como romana. — É como você tem tanta certeza que Percy é um semideus. Você sente a presença divina melhor por causa do seu lado grego — adivinhou Jess. — Exatamente — concordou Reyna. — Então você não deveria falar com ele ao invés de mim? — perguntou Jess. — Não. Eu estou muito próxima disso, emocionalmente investida. Preciso de alguém objetivo para cuidar disso — disse Reyna com desespero na voz.
— Por causa do seu lado grego ou por causa de Jason? — perguntou Jess o mais refinado que pôde. Reyna só olhou para ela. Jess respirou fundo e disse: — Ok, serei a mensageira. É o que faço de melhor. Reyna olhou dentro dos olhos de Jess e deu um aviso firme: — Essa conversa nunca aconteceu, Jess. Jess se levantou e fez continência para Reyna. — Você pode confiar em mim — disse Jess. Reyna se levantou e retornou a continência. Ela assentiu para dispensar Jess. Jess saiu da tenda. Reyna sacudiu a cabeça. — Confiar... no que eu estava pensando? Ela é uma filha de Mercúrio — murmurou sob a respiração, depois fez uma reza silenciosa aos deuses para que Jess mantesse a boca fechada.
R EYNA
de status, atualizações de missões de patrulha e queixas formais (a maioria contra Dakota). Ela estava tentando se concentrar, mas sua mente continuava vagueando. O estresse de tudo estava realmente começando a alcançá-la. O acampamento estava em angústia, e foi assim desde o fim do verão. Mais da metade da legião fora perdida na batalha no Monte Tam, incluindo todas as três das suas irmãs; ela foi a única filha de Apolo a sobreviver. Jason estava fazendo o melhor que podia para erguer de volta a legião, mas quarenta soldados não se é muito para trabalhar. Haviam novos semideuses crianças chegando ao acampamento, certo, mas crianças de cinco ou seis anos dificilmente ajudariam a situação. Eles eram a próxima geração; essa geração estava se desintegrando, e agora Jason estava desaparecido. Ele simplesmente desapareceu da sua tenda duas noites atrás. Os partidos de busca não tiveram sorte alguma demarcando a sua localização, e nem Madame Lupa podia sentir onde ele estava. Lupa sempre foi o amparo da legião romana. Ela age como uma protetora, conselheira, disciplinadora e treinadora. Ela traz ordem ao caos, ou pelo menos trazia. Desde o Monte Tam, ela ficara distante e deprimida, o que era entendível. Ela é um lobo e pensa nos semideuses como seus filhotes. Ela perdeu muitos. Os romanos eram um grupo valentão, mas a legião inteira estava sofrendo de diferentes graus de TEPT, e Lupa não era exceção. Ela mal deixava sua caverna desde a batalha e não ia para a Casa dos Lobos há meses. Reyna, como primeira tenente de Jason, assumiu como pretora quando ele desapareceu. A legião era de sua responsabilidade agora. Seu pai uma vez lhe disse que ela iria herdar o cargo mais árduo durante o tempo mais fraco; é claro, sua predição viera a acontecer. Todos iriam estar procurando o seu auxílio, reconforto e força. Ela estava condenada. E agora estava negociando com essa situação de Percy Jackson que podia facilmente SENTOU NA SUA MESA, LENDO RELATÓRIOS
alargar a destruição na legião se não fosse coordenada direito. Reyna precisava de ajuda; ela precisava de Jason. Ele só partira a dois dias, mas ela já sentia sua falta furiosamente. Ela sentia falta da sua força, sua confiança e sua moral, mas principalmente sentia falta do seu sorriso, a única coisa que fazia todos os seus problemas derreterem.
Sai dessa! ela pensou. Você pode conseguir. Você tem ajuda. É, certo. Seu primeiro tenente, Dakota, não fizera nada a não ser incitar problema por meses. Ele costumava ser um oficial charmoso, disciplinado e bemrespeitado, mas agora era um garoto despreocupado e teimoso. Seu TEPT era severo. Sendo um filho de Marte, ele carregou mais do que sua parte do peso da batalha do Tam. Ele perdeu tantos soldados e quase perdeu sua própria vida, mas nunca desistiu, e ele e Jason ficaram lado a lado e salvaram o mundo. Mas parece, entretanto, que ele esqueceu que é um herói, e tudo o que pensa é liderar muitos para as suas mortes. Ele pode nunca mais ser o mesmo de novo, como a maioria dos soldados, incluindo Alex. Alex desenhou os planos de batalha para o Monte Tam, mas quando sua estratégia falhou e os desastres refletiram isso, ele se culpou. Perdeu toda a confiança na sua sabedoria e habilidades estratégicas. Ele nem organizará uma missão de patrulha agora. Bobby e Gwen costumavam desprezar um ao outro. Eles sempre estavam discutindo sobre quem era melhor: o corredor mais rápido, o nadador mais forte, o saltador mais alto; aquela bobagem de competição louca dos filhos de Vitória, e agora eles eram inseparáveis. Agora eles não discutiam mais e eram provavelmente os irmãos mais próximos no acampamento. Hazel e Marcus eram dois dos poucos soldados que não estiveram na batalha. Eles ficaram para trás para defender o acampamento. Quando tão poucos soldados voltaram para casa, eles ficaram devastados e se encheram de culpa por não estarem lá para ajudar. As probabilidades eram que pelo menos um deles seria morto se estivessem lá. Hazel tinha pesadelos; ela via os rostos dos soldados perdidos na batalha. Tudo que ela tinha de precioso: amigos, casa, lar, tudo foi destruído. Porém, era essencial que ela ficasse no acampamento, em algum lugar perto do normal. Às vezes, ela na verdade se sentia em casa novamente. Jess cuidava de tudo muito bem, embora seja provável porque ela está só agradecida por estar fora da enfermaria, finalmente. Ela gastou dois sólidos meses deitada numa cama recuperando-se dos seus ferimentos. Ela foi ferida mais severamente do que os outros sobreviventes, e sua recuperação completa não foi nada menos que um milagre, um presente dos deuses. Reyna estava prestes a desistir da papelada quando uma explosão estremeceu todo o acampamento. Ela instintivamente desceu ao chão para tomar cobertura. Seu primeiro pensamento foi: Kota, o que você fez agora?
Então houve outra explosão. E outra. Não era Dakota; o acampamento estava sob ataque. Ela rastejou para a porta da tenda. Ela já podia sentir o cheiro das árvores queimando e ouvir os gritos dos seus soldados. Reyna olhou para fora e viu caos. Soldados estavam tomando cobertura enquanto flechas flamejantes voavam através das árvores e bolas de fogo explodiam por todo o acampamento. Logo o acampamento inteiro estaria em chamas. Ela correu para fora da tenda, ficando abaixada. Esquivou-se para trás de um arco como proteção enquanto avaliava a situação. O ataque estava vindo de todas as direções, eles estavam cercados, mas por quem? Nenhum inimigo estava carregando contra o acampamento. Ela já puxara sua adaga esperando completamente uma emboscada, mas o único exército que viu foi o seu próprio. Reyna saiu de trás do arco para ter uma visão melhor. Viu Dakota correndo na direção dela a todo vapor. — Kota! — gritou ela. Ele não calculou a velocidade; só agarrou-a como se estivesse jogando futebol americano e atacando um quarterback, então uma bomba de fogo pousou bem onde ela esteve. Dakota estava deitado em cima dela tentando tomar fôlego, e se mexeu para que ela pudesse respirar também. Ele acertou-a com tanta força que os dois ficaram sem ar. Ela tossiu e sentou-se. Ele ficou de pé e a ajudou a se levantar. — Você está bem? — perguntou ele. — Sim. — Ela tossiu. — Você salvou minha vida. Obrigada — falou, ainda tentando respirar. — Não me agradeça ainda, querida. — Ele levantou o olhar enquanto flechas flamejantes silvavam pelos topos das árvores. — Ainda temos problemas. Ele saiu correndo para ajudar os outros e Reyna gritou atrás dele: — Ei, não me chame de querida! Ele virou para ela e sorriu logo antes de voltar ao trabalho. — Percy — disse ela para si. — Os gregos estão aqui procurando por ele. Ela estava prestes a correr para a tenda X quando subitamente o ataque parou. Não havia mais flechas flamejantes voando, e não havia mais bombas de fogo explodindo. O acampamento ficou em silêncio exceto pelo estalo de madeira queimando e a tosse dos soldados. Alex e Hazel vieram correndo para Reyna.
— O que foi que aconteceu? — perguntou Hazel, tomando fôlego. — Estamos sob ataque, ou estávamos — respondeu Reyna. A fumaça estava ficando grossa. Estava ficando difícil respirar e ver pelo acampamento. As tendas estavam inflamadas e metade da floresta estava pegando fogo. — Esse não foi um ataque — falou Alex. — Isso foi uma distração. — Como você sabe? — perguntou Hazel. — Estratégia básica — respondeu ele. — Percy — ofegou Reyna, e todos saíram correndo para a tenda X. Quando chegaram lá, a tenda estava em chamas. Eles olharam em volta e se surpreenderam em ver que Percy não fora pego. Ele estava de pé perto de Bobby e Gwen, e sua expressão era de choque total e pânico. — Gwen! — gritou Reyna enquanto corria ao encontro deles. — Estão todos bem? Gwen e Bobby assentiram, mas Percy balançou a cabeça. Bobby notou Percy balançando a cabeça. — Ele está bem, Reyna. Só um pouco abalado. — Fique de olho nele, Bobby. Eu vou tentar descobrir o que foi que aconteceu — disse Reyna. — Temos que apagar o fogo antes que a floresta inteira queime! — disse Gwen, começando a entrar um pouco em pânico. — Sim — falou Reyna. — Arranjem baldes, desçam até o córrego para pegar água. Levem todos que puderem ajudar. — E ele? — perguntou Bobby apontando para Percy. — Dê a ele um balde e leve-o com vocês. Ele está aqui, então ele pode ajudar também.
P ERCY
a fumaça engrossava mais. Seus olhos queimavam e lacrimejavam. Ele mal podia ver alguma coisa através da fumaça, exceto pelas chamas, e havia muito fogo. Essas pessoas estavam fora de si se achavam que podiam apagar um incêndio na floresta com baldes d’água. O que eles precisavam era de um caminhão de bombeiros. COMEÇOU A TOSSIR ENQUANTO
— Percy. — Bobby lhe jogou um balde, que Percy quase não segurou. — Venha. Percy seguiu Bobby enquanto passavam pelas árvores evitando as chamas e tentando dar o melhor de si para ver através da fumaça. Percy podia ver silhuetas de pessoas correndo pela fumaça, derramando baldes de água nas chamas. Essa seria uma hora perfeita para o descanso. Todos estavam distraídos e a visibilidade era quase zero. Percy podia facilmente fugir de Bobby no caos. Ele olhou em volta para tentar encontrar um jeito de sair despercebido, mas tudo que via era rostos frenéticos. Um grupo de crianças em pânico estava sendo afastada do fogo. Haviam criancinhas aqui? Foi a primeira vez que Percy notou isso. Todos estavam fazendo o que podiam para apagar o fogo. O lar deles estava queimando. Suas tentativas de salvá-lo eram inúteis, mas eles continuavam tentando. Percy pensou em Annabeth. O que ela iria fazer? Naturalmente, ela ajudaria. E o que ela pensaria se ele não ajudasse? — Argh, está bem! — disse Percy em voz alta. Percy e Bobby chegaram ao córrego. Era um córrego pequeno e raso que fluia pelo lado norte do acampamento. Não era longe do coração do
acampamento, então todos podiam reencher seus baldes rapidamente. Bobby entrou na água até ela ficar da altura dos seus tornozelos e encheu o balde. Percy olhou para o córrego. A água era cristalina e fluia rapidamente. Percy, com o balde na mão, entrou no córrego assim como Bobby fizera. Imediatamente, Percy teve uma onda de energia, e sua visão ficou mais clara; ele podia ver tudo através da fumaça. Seu pânico e aflição fluíram com a corrente d’água, e confiança cresceu no seu peito. Percy se sentia incrível, e então, não mais. Uma luz cegante brilhou nos seus olhos e dor chamejante atravessou o seu corpo inteiro. Ele caiu aos joelhos no córrego colocando as mãos no fundo do córrego para impedir que caísse. Seus olhos estavam fechados firme e ele tremia de dor. Havia um cheiro de queimado que era diferente do cheiro da floresta queimando, era mais como se suas roupas estivessem queimando, mas não estavam. Ele sentiu como tivesse sido atingido por um raio, ou só o que Percy podia imaginar com o que parecia. Ele teve a sensação mais estranha de déjà vu também. Um rosto tremeluziu na sua cabeça, o rosto de uma garota; ela estava apontando uma lança para ele. Ela estava gritando você quer um pouco, Cabeça de Alga? Uau, era Thalia, mas... Subitamente, o rosto desapareceu da sua mente, a dor parou e o poder retornou. Percy arregalou os olhos e jogou as mãos para o ar. De algum jeito a água seguiu. A água no córrego subiu no ar; centenas de litros pairaram sobre a cabeça de Percy. Todo mundo que podia ver o que estava acontecendo largou seus baldes e olharam em espanto. Então Percy fez. Ele jogou os braços para frente, na direção do acampamento. A água seguiu o comando e mergulhou em tudo e em todos, apagando cada fagulha de chama. Percy abaixou os braços e o fluxo do córrego voltou ao normal. Foi quando colocou as mãos no abdome em dor e caiu de cara na água. Percy só ficou deitado por alguns minutos porque quando voltou a si, ele estava sendo carregado para fora do córrego por Bobby e Gwen. Eles o fizeram sentar no chão em frente de um caule de árvore em que se encostou. Percy tossiu algumas vezes tentando tomar fôlego. Todos começaram a se aglomerar ao seu redor. Todos estava encharcados exceto por Percy que, mesmo que ele acabara de sair do córrego, estava completamente seco. Todos estavam conversando e sussurrando um ao outro. Haviam tantas vozes falando de vez que Percy não podia distinguir o que estavam dizendo. Percy podia ver alguém empurrando pela multidão, indo na direção dele. Era Reyna. Ela se ajeolhou ao seu lado. — Percy. Você está bem? — perguntou. — Acho que vou vomitar — respondeu ele, e ela se afastou dele um pouco. — Deem a ele um pouco de ar, pessoal! — gritou ela e todos começaram a dar passos para trás, mas não muitos.
Percy esfregou os olhos e perguntou: — O que aconteceu? Reyna levantou uma sobrancelha e disse: — Me diga você. — Eu... eu não sei. Eu ia encher o meu balde, então foi meio que o córrego inteiro estava ao meu comando. Aquilo realmente aconteceu? Digo, toda aquela água, fui eu que... — Sim, Percy — disse Reyna. — Você apagou o fogo; você salvou o acampamento. — Ah, ok. — Percy assentiu, não realmente entendendo o que estava acontecendo. — Você pode se levantar? — perguntou Reyna para ele. — Acho que sim. — Percy começou a se levantar e Reyna ajudou-o. Todos no acampamento estavam por perto agora, aproximadamente quarenta adolescentes e talvez quinze crianças com idade para frequentarem numa escola primária. Todos ainda estavam falando um com o outro, mas quando Reyna virou para encará-los, todos ficaram em silêncio. — Posso ter a atenção de vocês? — gritou ela. — Esse é Percy Jackson, Filho de Netuno! A floresta inteira bramiu em vivas. Aproximadamente a hora seguinte foi um borrão para Percy. Todos queriam encontrá-lo e agradecê-lo por salvar o acampamento. Ele recebeu apertos de mãos (bem, eram batidas de braço conforme aprendia a tradição) e tapinhas nas costas. Eles falavam para ele obrigado, viva ou bom trabalho. Ele recebeu abraços das criancinhas e beijos na bochecha das garotas risonhas, o que lhe fez pensar em Annabeth e sentir um pouco de culpa. Quase todo mundo se fez de conhecido, e o cérebro de Percy estava parecendo mingau quando um garoto familiar veio andando com os braços cruzados. Era Dakota. Percy enrijeceu e olhou para Reyna que estava de pé ao seu lado. Ela deu a Percy um sorriso e um assentimento confiante como se dissesse vai ficar tudo bem. Dakota fitou Percy por um segundo, então olhou para Reyna. Ela levantou suas sombrancelhas e disse:
— Bem, Kota, parece que eu estava certa sobre Percy, hein? Percy lhe deu um rápido olhar se perguntando sobre o que ela estava falando. Dakota inclinou a cabeça um pouco e disse para ela: — Eu tive um relógio quebrado uma vez, e ele acertava duas vezes por dia. Reyna revirou os olhos. Dakota olhou para Percy com um rosto direto. — Jackson. — Ele chamou Percy. Percy respirou fundo. Dakota descruzou os braços e ofereceu o direito para Percy. Percy hesitou por um segundo, mas depois bateu no antebraço de Dakota. Dakota assentiu. — Bem-vindo à Primeira Legião.
R EYNA
para visitar a caverna da Madame Lupa para contá-la sobre Percy e o ataque no acampamento. Dakota se ofereceu para mostrar a Percy o acampamento e explicar o que estava acontecendo com ele, pela maior parte para sair do serviço de limpeza e não pela bondade no seu coração. ESTAVA SE PREPARANDO
— Reyna — disse Dakota quando ela ficou pronta para ir. — Olhe a sua traseira quando sair dos limites. Quem quer que tenha nos atacado pode ainda estar lá. Ela assentiu. A caverna de Lupa não era dentro dos limites do acampamento. Era a aproximadamente oitocentos metros da borda leste. — Kota, as barreiras mágicas... — começou ela. — Estou nelas — ele garantiu-a. Era muito mais frio fora dos limites do acampamento, então Reyna pôs um casaco de capuz sobre a armadura e uma touca na cabeça. O casaco era preto com linhas de lã, e tinha as letras SPQR bordadas em dourado na manga esquerda. Ela pôs uma mochila, um arco e uma aljava nas costas antes de ir embora. — Percy — falou Dakota —, eu sei que você tem muitas perguntas, e eu responderei elas, mas agora eu tenho algum trabalho a fazer, então você só irá me seguir de perto e observar como fazemos as coisas, certo?
Percy assentiu e Dakota ficou só olhando para ele esperando uma resposta. Percy limpou a garganta. — Certo. — Bom. Siga-me — falou Dakota. Dakota e Percy começaram a andar pelo acampamento, ou o que sobrou dele. Percy apagara as chamas, mas antes disso, o fogo causara muito prejuízo, e agora havia prejuízo da água também. Os soldados trabalhavam juntos para limpar a sujeira. Eles se dividiram em grupos, cada um tendo uma tarefa específica, uma aproximação de dividir e conquistar. O grupo maior, aproximadamente vinte soldados e todas as crianças, estava trabalhando em limpar os escombros. Um grupo de filhos de Mercúrio e Marte estavam removendo estruturas muito danificadas para conserto. Dois filhos de Vulcano e dois filhos de Minerva estavam de pé ao redor de uma bancada de mecânico provisória olhando para plantas de construções. Um dos filhos de Vulcano viu Dakota e foi correndo até ele. Era Clint. Ele era um soldado jovem, só tinha treze anos. Ele tinha cabelo escuro, olhos escuros e pele escura. Ele era muito grande e alto para sua idade. Usava armadura de prata que era tão fina quanto uma folha de papel, mas era tão resistente quanto uma parede de tijolos. — Tenente, precisamos de abastecimento, coisas que não temos aqui no acampamento — falou para Dakota. — Mágico? — perguntou Dakota. — Honestamente, senhor, preciso ir para o Armazém da Casa — falou Clint. — Sério? — perguntou Dakota tentando não sofrer um colapso mental. Clint não disse nada; ele só olhou para Dakota. — Tudo bem, pegue dinheiro de Hazel. Vocês podem tomar o caminhão, pegar só o que precisam e voltar. — Sim, senhor — disse Clint. Ele fez uma continência para Dakota e correu. Dakota e Percy continuaram a andar pelo acampamento avaliando o prejuízo. Eles se aproximaram de um grupo de dez soldados, garotos e garotas, que estavam se armando. Eles se aproximaram de um garoto baixo com cabelo marrom luminoso disposto no mesmo corte puro de Dakota. Ele era magro porém musculoso, e usava armadura de couro.
— Jared. — Dakota colocou a mão no ombro do garoto. Jared deu meia-volta e disse: — Aí está você. — Percy, esse é o meu irmão, Jared — apresentou Dakota. Percy bateu no braço de Jared. — Você está com o seu grupo? — perguntou Dakota para Jared. — Sim, senhor — respondeu Jared. — Bom. Eu quero um destacamento de segurança em volta do perímetro do acampamento — ordenou Dakota. — Revezamento de duas horas e relatórios de status de hora em hora. — Entendido. — Jared assentiu. — Eu também quero um pequeno grupo de observação com caninos para circular o acampamento a alguns metros fora dos limites, quatro horas no máximo, então traga-os de volta para dentro — cntinuou Dakota. — Sim, senhor — disse Jared. — Ah, e Jared, envie uma sombra para a caverna de Lupa. Reyna está a caminho agora — falou Dakota. Jared levantou uma sobrancelha e disse: — Ela não vai gostar disso. — Não dou a mínima — argumentou Dakota. — Afinal, ela nunca saberá sobre isso, por isso que se chama — sombra — ... entretanto, só para termos certeza, mande o soldado mais furtivo que tiver. Jared sorriu e falou: — Entendido, chefe. Dakota e Percy continuaram pelo acampamento até chegarem ao quartelgeneral. Eles entraram na tenda, que só estava levemente chamuscada, onde Alex e Hazel estavam de pé em volta da mesa. Eles estavam olhando para um rolo de pergaminho aberto. — Exatamente quem eu estava procurando — falou Dakota. — Alex, mandou trazer a lavagem de roupas?
Alex endureceu, mas não disse nada. Dakota olhou para Hazel. — Clint falou com você? — Sim. — Ela assentiu. — Venha olhar isso, Dakota. Ele olhou para o rolo de pergaminho, — Um encantamento? — E um sacrifício para Términus fortalecer as barreiras mág0icas — explicou ela. Dakota ficou vesgo e leu em voz alta — Pullus et sus. — — Galinha é pouco? — perguntou Percy, o que fez Hazel sorrir. — Muito bom, Percy. Você sabe um pouco de latim, exceto que está escrito — galinha e porco — , e não — galinha é pouco — . — Você acha que vai funcionar? — perguntou Dakota para ela. Hazel deu de ombros. — Vale uma tentativa. — Ok, tente, e chame alguns daqueles filhos de Baco para te ajudar — falou Dakota. — Você sabe como eles gostam de uma festa. — É uma matança — corrigiu Alex. Dakota revirou os olhos. — É a mesma coisa. Hazel balançou a cabeça e sorriu. — Você é louco, LT. — Ela enrolou o pergaminho e saiu. — Bem, já que você não me trouxe roupas limpas, o que trouxe? — perguntou Dakota para Alex. — Relatórios de dano e ferimentos e o resumo do orçamento. — Alex sorria enquanto passava para Dakota uma pilha de papéis. — Hum, então... — Dakota começou a falar mas foi interrompido por alguém entrando na tenda.
— Tenente, os equitadores solicitam permissão para levar os cavalos para um campo desocupado ao sul até os estábulos serem reparados. — Concedida — falou Dakota sem nem virar para encará-lo. — Mais alguma coisa? — perguntou Alex para Dakota. — Só tente descobrir quem atacou o acampamento e o porquê disso — falou ele. Alex olhou para Percy em suspeita. — Começarei a investigação imediatamente — falou para Dakota antes de deixar a tenda. — Eu realmente não gosto desse cara — disse Dakota sob a respiração. Dakota jogou a pilha de relatórios sobre a mesa e sentou na cadeira detrás dela. — Tire uma cadeira, Percy — disse. Percy tirou uma cadeira da mesa no lado oposto de Dakota e se sentou. — Muito bem, perguntas, desembuche — Dakota disse a Percy. — Aquela garota vai mesmo abater uma galinha e um porco? — perguntou Percy. Dakota riu. — Bem — disse tentando parar de rir —, não será Hazel provavelmente a fazer a verdadeira matança, mas sim, eles vão sacrificar uma galinha e um porco para o deus Términus. Percy assentiu lentamente, depois perguntou: — Eu sou um super herói ou alguma coisa parecida? Aquela coisa... com a água... — Por assim dizer, você é um super herói, todos nós somos, apesar de alguns serem mais super do que heróicos. Você já teve uma aula de história mundial no colégio, Percy? — perguntou Dakota. — Sim — respondeu Percy. — Então você aprendeu sobre a Roma antiga: seus deuses, tradições, exércitos e heróis? — continuou Dakota.
Percy assentiu. — Bem, todas essas coisas que você aprendeu e pensou que nunca usaria são verdade, até a parte dos deuses. E você está bem no meio disso — falou Dakota. Percy ainda parecia muito confuso. Ele disse: — Não entendi. Dakota mordeu seu lábio inferior. — Não, suponho que não. Ok, é esse o negócio, Percy. Você é o que os livros de história chamam de semideus, prole de um deus e um humano mortal. Do que vemos pelas suas habilidades, estamos convencidos que seu parente divino é Netuno, o deus romano do mar. Todos nesse acampamento são semideuses. Meu pai é Marte, o deus da guerra. Alex, o garoto que acabou de sair, sua mãe é Minerva, deusa da sabedoria e estratégia. Estamos aqui nesse acampamento para treinar para batalha e sermos capazes de proteger a nós mesmos dos monstros que querem nos matar. É perigoso para semideuses ficarem do lado de fora dos limites desse acampamento. O véu mágico sobre o acampamento, que parece estar falhando hoje, normalmente mantém o perigo fora do acampamento. — O acampamento é muito grande? — perguntou Percy. Dakota mexeu em alguns papéis na mesa e tirou um grande mapa do fundo da pilha. Ele o abriu na mesa. — Esse é um mapa do acampamento — disse Dakota. Ele apontou para um lugar no mapa. — Nós estamos aqui, no lado noroeste. Aqui é onde temos alojamentos pessoais, um pavilhão de jantar, áreas de alimentação e o quartelgeneral. A área educacional está ao centro do oeste. Aqui no leste é a área de treino com uma extensão de arqueiros, conduta de biga e arena de gladiadores onde praticamos o combate mão-a-mão. Os estábulos equinos estão centralmente localizados, e quase a metade inteira do sul é um campo de atividades. — Um campo de atividades? — perguntou Percy. — Esse é o norte da Califórnia e uvas estão em demanda. Temos que fazer dinheiro de algum jeito. Vendemos uvas para estabelecimentos vinícolas, e eles pagam bem. Aparentemente aqueles filhos de Baco e Ceres realmente sabem o que fazem — falou Dakota. Percy esfregou os olhos e disse:
— Então, deixe-me entender. Os deuses romanos são reais, e meu pai é um deles. Eu, de algum modo, cheguei nesse acampamento que cresce uvas para fazer vinho e aprender a me defender dos monstros. — Bem, soa meio ridículo quando você fala assim, mas confie em mim, Percy, o que eu estou lhe dizendo é a verdade e Reyna estava certa, você está aqui por um motivo — disse Dakota. — É, o que ela quis dizer quando falou que estava certa sobre mim? — perguntou Percy. — Tem algo a ver com esse Jason que eu nunca conheci? — Jason é o filho de Júpiter, um dos três grandes deuses — explicou Dakota. — Ele é o único filho dos três grandes que esse acampamento teve em décadas. Não é uma coincidência um filho de outro dos três grandes aparecer quando ele desaparece. Você pode não saber de nada sobre o desaparecimento de Jason, mas não significa que você não esteja conectado a isso de algum jeito. — Como poderia eu nunca ter sabido sobre nada disso? — perguntou Percy. — Suponho que no seu caso, o que você não sabia não te feriu. Ser ignorante de quem você realmente é lhe permitiu levar uma vida normal. Acontece, é extremamente raro, mas acontece — falou Dakota. Percy colocou suas mãos em cima da cabeça, em frustração. — Eu sei que é muito para processar — simpatizou Dakota. — Eu só quero ir para casa, voltar para minha vida normal — disse Percy, infeliz. — Desculpe, Percy, mas agora que você sabe a verdade, sua vida nunca mais será normal. — Dakota inclinou a cabeça. — Você parece exausto. Percy assentiu. Jared entrou na tenda. — Desculpe-me senhor, mas tenho o primeiro relatório de status. Dakota levantou-se e pegou a pasta de Jared. — Jared, leve Percy para o meu alojamento para que ele possa dormir um pouco. — Dakota olhou para Percy. — Soa bem? Percy disse: — Sim, soa.
— Descanse um pouco; só não toque nas minhas coisas — alertou Dakota. — Não tocar, entendi — concordou Percy. Percy e Jared começaram a andar para fora da tenda e Dakota sussurrou para Jared: — Coloque um guarda do lado de fora do meu alojamento para ficar de olho nele. Jared assentiu e escoltou Percy para o alojamento de Dakota. Dakota jogou o arquivo na mesa e se sentou de volta na sua cadeira. Ele inclinou-se para trás e apoiou os pés na mesa. Um pouco de lama caiu das suas botas pretas de combate em cima da mesa, mas ele não ligou, era a mesa de Reyna. Ele puxou um iPod do bolso lateral das suas calças pretas de carregamento. Ele enfiou os fones no ouvido e ligou um pouco de música. Estava prestes a pegar uma pasta de arquivo quando notou uma fotografia na mesa que devia ter estado em algum lugar sob o mapa antes de ele bagunçar. Inclinou-se para frente e levantou-a até inclinar-se para trás novamente. Reconheceu a foto e sorriu. Era uma foto dele, Jason e Reyna na praia tirada a dois anos atrás. Todos os três tiveram uma folga de dois dias do acampamento dois verões passados e decidiram gastá-la na praia. Eles surfaram e deslizaram nas ondas. Eles assaram marshmallows e acampamento ali mesmo na praia, dormindo num cobertor sob as estrelas, coisas normais de adolescentes. Na foto, estavam de pé na praia com o Oceano Pacífico espumando atrás. Jason e Dakota estava usando bermudas de praia coloridas e bonés de beisebol virados para trás. Reyna estava usando um biquíni cor de prata econômico, e estava com seu cabelo num rabode-cavalo. Ela estava entre os garotos com cada mão no ombro deles. Os garotos estavam com os braços levantados flexionando os músculos. Todos os três se divertiam com os seus óculos Oakley e sorrisos que possivelmente não podiam deixar nada mais vivo. Dakota olhou para a foto em ciúme daquele garoto que costumava ser.
P ERCY
e se surpreendeu como ela parecia normal. Tirando os tapetes de pele cobrindo o chão, armas e armaduras espalhadas como lavanderia de sujeira, ela parecia um típico dormitório de colégio. Havia uma cama full size, um frigobar e um laptop sobre uma pequena mesa no canto. Tudo que Percy pôde realmente focar, entretanto, era a cama. Ele estava exausto, e assim que sua cabeça chocou-se no travesseiro, adormeceu. Aí o sonho começou. ENTROU NA TENDA DE DAKOTA
Percy estava na borda de uma pequena clareira que estava cercada por uma floresta em todos os lados exceto um, que era uma encosta rochosa duma montanha. Percy notou uma caverna entalhada na fachada rochosa. Ele podia cheirar fumaça e olhou para trás para ver se a floresta estava queimando à distância. Ele ouviu o som de um lobo uivando e voltou sua atenção para a caverna. Ele podia ver três lobos. Uma loba prata estava na entrada da caverna encarando a clareira, e dois lobos pretos infiltraram-se na caverna, um flanqueado para a esquerda e o outro para a direita. Eles rosnaram e mostraram os dentes para a loba prata. Um homem magro apareceu da floresta, e Percy o sentiu antes de vê-lo. O cheiro era como carne apodrecendo. O homem tinha um cabelo gorduroso e sujo sob uma coroa branca. Ele usava robes de pelo de animal que Percy só podia supor que era a fonte do cheiro. Sua pele era quase branca e seus olhos brilhavam vermelhos. Ele andou para a entrada da caverna. — Lupa — disse em voz alta. Quando falou, ele revelou seus dentes que pareciam mais como presas. — Curve-se ao seu rei lobo.
— Você não é o meu rei — a voz de uma mulher ressoou, mas não havia nenhuma mulher por perto. — Ah, mas é aí que você está errada. Eu sou o rei de todos os lobos, incluindo você — o homem disse direcionando suas palavras para o lobo prata. A voz da mulher era a loba prata falando. — Irei desafiar você e sua matilha de cachorros hidrófobos até todos vocês serem destruídos! — a loba gritou. — Eu aceitaria seu desafio, mas parece que preciso de você viva... por enquanto. Uma vez você me levou para um trio inauspicioso, e eu os estreguei para o rei gigante. Você vai deixar de ser útil, e vou simplesmente te matar — falou ele em diversão. — Eu nunca irei te ajudar! — ela gritou. — Talvez não por vontade própria, mas temos maneiras de fazer você cooperar — falou ele, depois estalou os dedos. Os lobos pretos atacaram a loba prata. Rosnados e rugidos encheram o ar enquanto a loba prata se defendia, e a luta era violenta. Percy notou o homem puxando algo dos seus robes. Era uma pistola de dardos como aquelas usadas para tranquilizar animais selvagens. Ele mirou-a para a loba prata. Percy tentou gritar para alertá-la, mas as palavras não vieram. Ele tentou correr até ela, mas não podia se mover. Ele ficou ali parado inutilmente enquanto o homem abria fogo, e o dardo acertou-a no pescoço. A loba caiu instantaneamente. O homem avançou até ela, levantou seu corpo mole com os braços nus e apertou-a num saco de tecido. Ele amarrou o saco firme e jogou-o sobre o ombro. Estalou os dedos novamente e um dos lobos pretos entraram na caverna, o outro seguiu ao seu lado enquanto o homem saia da clareira para a floresta e desaparecia. Percy piscou algumas vezes e então olhou de volta para a caverna. A cena mudou. Ele estava no mesmo lugar, mas viu uma trave de madeira saindo do chão em frente à entrada da caverna que não estava ali antes. Uma garota estava amarrada à trave por cordas em torno da cintura. Era Annabeth. Percy começou a entrar em pânico. Ele tentou correr até ela e gritar, porém mais uma vez, ele não podia. Ela lutava contra as cordas, olhando Percy e gritando seu nome. Lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto implorava que ele cortasse as cordas. — Por favor, Percy! — gritou ela. O coração de Percy martelava enquanto ele ficava ali incapaz de ajudá-la. Estava quase em lágrimas com si mesmo quando dominado por uma estranha sensação de déjà vu, assim como tivera no córrego. Fechou os olhos firmemente
por um segundo e quando os abriu, Annabeth havia sumido. Em vez disso, havia uma garota andando através da clareira em direção a caverna. Ela estava usando um casaco com capuz preto e seu cabelo loiro arenoso ressaltava detrás da sua touca preta; era Reyna. Reyna estava quase na entrada da caverna quando gritou — Madame Lupa — . Houve um rosnado dentro da caverna. — Madame Lupa? — repetiu ela num tom preocupado. Olhos vermelhos brilharam na escuridão da caverna. Reyna cautelosamente começou a se afastar, lentamente pegando sua adaga que estava guardada na coxa. Os olhos ficaram mais claros até um lobo preto estar visivelmente parado na entrada da caverna rosnando para Reyna. O lobo agachou-se antes de pular até ela. — Não! — gritou Percy quando acordou, pulando tão alto que quase caiu da cama. Percy saiu correndo da tenda, quase tropeçando num escudo devido a sua pressa. Bobby pegou Percy assim que ele fez sua saída. — Uau, acalme-se Percy, senão vai sair rolando por aí — disse Bobby. Bobby estivera montando guarda fora da tenda. — Dakota — falou Percy respirando pesadamente. — Cadê ele? — No quartel-general, imagino — Bobby respondeu. — Eu preciso vê-lo, agora! — Percy vociferou quase como se fosse uma ordem. Eles foram correndo para o quartel-general. Percy mal podia acompanhar Bobby; aquele garoto era rápido. Ambos romperam dentro da tenda do quartelgeneral. — Dakota! — disse Percy tentando controlar a respiração. Dakota estava sentado na cadeira atrás da mesa e Hazel estava sentada numa cadeira do outro lado. Ambos se levantaram imediatamente. — O quê? O que foi? — perguntou Dakota. — É Reyna. Eu vi ela num sonho. Ela está em apuros — disse Percy com urgência.
Foi só aí que Jared rompeu na tenda. — Tenente, a sombra que eu mandei seguir Reyna está de volta — disse Jared. — Ela foi atacada e ele mal conseguiu voltar ao acampamento. Eu não sei sobre Reyna. A sala ficou em silêncio, mas só por um segundo. — Jared, arranje algum armadura para Percy, uma mochila e um casaco — ordenou Dakota. — Esteja no meu alojamento em três minutos. — Sim, senhor — Jared disse e correu da tenda. — Bobby, Hazel, peguem seus equipamentos, consigam cinco cavalos e me encontrem no portão leste, seis minutos. — Sim, senhor — disseram em uníssono e também correram da tenda. — Percy, venha comigo — falou Dakota, e eles correram em direção ao alojamento de Dakota.
Eles entraram no alojamento de Dakota e Percy observou enquanto o tenente tirava uma mochila que estava debaixo da cama. Ela estava inchada um pouco como se já tivesse sido preparada e estava pronta para viagem. Ele ergueu um escudo do chão e arremessou como se estivesse arremessando uma moeda, e ele magicamente virou uma moeda. Colocou-a no seu bolso, pegou uma lança de dois metros de comprimento que estava encostada no frigobar e pressionou um botão nela. Ela se contraiu numa faca de bolso, e ele colocou-a no seu outro bolso. Jared entrou com um braço cheio de equipamentos. — Aqui, Percy, coloque isso. Espero que tudo caiba — disse Jared enquanto passava as peças para Percy. Havia uma armadura prateada semelhante à de Clint, um casaco azulmarinho, uma mochila carregada e um par de botas de combate. Percy vestiu a armadura com alguma ajuda de Jared. Ele colocou as botas, que eram perfeitamente do seu tamanho, depois vestiu o casaco. — Percy — Dakota disse. Percy olhou para ele. Ele já colocara um casaco de cor-de-prata e preto e estava com a mochila nos ombros. Ele jogou para Percy uma pequena bolsa de couro.
— Suas coisas pessoas — falou ele. — Hein? — perguntou Percy. — As coisas que estavam com você quando lhe encontramos — Dakota disse. — Ah — disse Percy e colocou a bolsa dentro do seu bolso. Não havia tempo para admirá-la agora. Dakota passou-o uma touca preta e ele pôs na cabeça. Dakota levantou um elmo de metal prateado e preto de tamanho médio do chão e jogou-o no ar. Enquanto descia para sua mão, ele se tranformou numa touca de tecido de malha cor-de-prata e preto com um par de óculos de sol prateado com aros, um óculos de aviador. — Muito legal — disse Percy. — Um presente do meu pai, pode ser qualquer coisa de proteção para a cabeça que eu quiser — explicou Dakota. — Ah, quase esqueci. — Dakota pegou uma espada que estava encostada na mesa de computador. — Pra você. — Ele passou-a para Percy. Percy hesitou, mas pegou a espada. — Valeu — disse. — Isso é tudo — disse Dakota —, vamos lá. — E eles saíram correndo da tenda. Eles correram pelo acampamento, pela área de treino, e chegaram no portão ao leste ao mesmo tempo que Bobby e Hazel. Bobby estava usando um casaco preto e touca, e Hazel usava um casaco cor-de-chocolate e touca. Ambos montaram num cavalo. Tinha três outros cavalos e dois cachorros com eles. — Percy, sabe montar? — perguntou Bobby. — Como o vento. — Percy sorriu lembrando dos passeios que ele e sua mãe faziam em Montauk todo o verão. Eles montavam a cavalo e cavalgavam pela praia, e Percy sempre montava o mesmo cavalo todo ano, um garanhão preto chamado Blackjack. — Bem, suba na sela — falou Dakota enquanto montava um lindo garanhão cinza. Percy montou um garanhão vermelho-vivo. Dakota dirigiu seu cavalo para o portão e disse — Vamos lá! — .
R EYNA
PAROU PERTO DA ENTRADA DA CAVERNA .
Ela esperava ver Lupa, mas ao invés disso encontrou-se face-a-face com um lobo preto de olhos vermelhos brilhantes. O lobo rugiu e agachou-se para o modo de ataque. Reyna antecipou o pulo do lobo para ela, e rolou para um lado. Ela podia desembainhar sua adaga e fatiar o lobo. O lobo era rápido, e ela errou o golpe. Reyna se moveu rapidamente tentando ficar na frente da fera. O lobo rosnou, exibindo suas presas. Arremetou-as em direção á sua garganta, mas Reyna caiu no chão lançando a adaga para cima. Ela acertou o lobo no abdome, mas nada aconteceu. A lâmina atravessou o lobo como se ele fosse uma ilusão. Reyna rapidamente ficou de pé enquanto o lobo virava para ela. Ela só teve tempo o suficiente para puxar o seu arco e atirar uma flecha. Ela atirava muito bem, e a flecha que atirara deveria perfurar o lobo entre os olhos, mas ela passou direto pelo animal. Era como lutar com um fantasma. Suas armas atravessavam a fera sem dano aparente. O lobo continuava avançando até ela. Reyna mergulhou e rolou, pulou e se atirou, qualquer coisa para evitar os ataques do lobo. Suas armas eram inúteis, e ela não podia ficar na defensiva para sempre. Precisava encontrar um modo de matá-lo, ou pelo menos passar a perna nele. Ela chutou o lobo para longe, mas ele se recuperava e voltava a avançar. Ela estava cansando muito mais rápido que o lobo. Precisava de um plano. Olhou para a floresta, mas precisaria de um tempo para isso, e o lobo era rápido. Não podia encontrar na caverna, era um beco sem saída; ela foi simplesmente pega. O lobo sabia que de suas armas, nada adiantaria. Ele não tinha que se defender. O lobo circulou Reyna levando-a em direção à encosta da montanha. Reyna sabia que em segundos ela seria levada à parede, literalmente, e não havia escapatória. O lobo soltou um uivo alto e profundo. Ela sabia que uivo era a chamada para o jantar, e mais lobos chegariam brevemente. Retirar-se era sua única opção. Ela precisaria de um tempo para isso. Ela fez uma reza silenciosa para os deuses, só uma pequena ajuda, então correu para o lobo. Ele pulou, e Reyna deslizou ao
chão sob o ataque. O lobo passou sobre sua cabeça e colidiu na encosta da montanha com um baque e um ganido. Ela rapidamente se levantou e saiu correndo o mais rápido que pôde, cruzando a clareira. O lobo estava ofuscado, mas ela sabia que ele voltaria á caça em segundos. Quase cruzara a clareira quando parou, os seus movimentos morrendo. Mais três lobos pretos saíram da floresta perante a ela. Reyna olhou para trás para ver o outro lobo se aproximando dela. Não havia mais para onde ir. Os lobos rosnavam e rugiam enquanto formavam um círculo em torno dela. Subitamente, Reyna começou a sentir o chão sacudindo abaixo dos seus pés, e ouviu um ruído na floresta. Ele ficou regularmente cada vez mais alto. Ela ouviu cachorros latindo. As orelhas dos lobos se aguçaram, e eles olharam para trás na direção da floresta bem na hora que cinco cavalos explodiam das árvores. A cavalaria havia chegado. Dois cavalos com cavaleiros flanquearam para a esquerda. Dois outros com cavaleiros flanquearam para a direita. Os lobos desviaram a atenção de Reyna, e uma égua passou direto no meio para ela. Quando passou galopando por Reyna, ela pegou a sela e puxou-se para as costas da égua. Os lobos ficaram espantados mas só por um segundo. Eles logo se reagruparam e iniciaram seu ataque. Um lobo pulou derrubando com uma pancada um cavaleiro para o chão; era Bobby. Ele puxou sua espada e cortou e rasgou o lobo. Nada aconteceu; o lobo só continuou avançando até ele. Um cachorro lançou-se contra o lobo, e os dois saíram rolando. Outra cavaleira, Hazel, estava atirando flechas nos lobos das costas do seu cavalo, mas as flechas não tinham efeito. Reyna ouviu uma voz gritar: — Como você mata essas coisas? Era Dakota. Ele estava no seu cavalo galopando em volta dos lobos e açoitando-os com uma lança de dois metros de comprimento. A lança só atravessava-os como se nem estivessem ali. Reyna ouviu Percy gritar: — Onde é que acertamos para matá-los? Reyna levantou o olhar para ver Percy com a espada na mão, manobrando seu cavalo como um corredor de barril num rodeio. Ele fazia rápidas viradas e pulos graciosos. Usava o seu cavalo como uma arma que chutava e batia lateralmente nos lobos, derrubando-os ao chão, mas eles só se levantavam novamente. — Onde? — disse Reyna para si própria. — Não, lobi... lobisomens. — Ela guiou o seu cavalo para o meio da luta. — Prata! — anunciou. — Eles são lobisomens. Só podem ser mortos com uma arma de prata.
— Ah, é simplesmente perfeito! — Bobby gritou, frustrado. — Todas as nossas armas são de ouro! — Eu tenho! — Hazel falou com um sorriso. Ela levou seu cavalo para a ala esquerda e cavou algo do bolso das suas calças. Ela puxou as rédeas, abruptamente parando o cavalo. Jogou um disco pequeno de prata com um buraco no meio, no estilo de Frisbee, para um lobo. O disco acertou o lobo no pescoço cortando a pele, e o lobo dissolveu numa poça de escuridão. Ela mirou e jogou novamente pegando um lobo no meio do ar enquanto ele pulava num cachorro. O lobo dissolveu. Ela jogou outro acertando um lobo que estava mordendo as pernas do cavalo de Dakota. Puf, ele se foi. — É tudo que eu tenho! — gritou ela, mas não importou. O último lobo estava fugindo para a floresta. — Foi incrível! — Bobby gritou para Hazel. — Quem te ensinou a atirar assim? Ela desmontou do cavalo e disse: — Você, é claro! — Isso mesmo — falou ele enquanto se aproximava e dava a ela um — 5 de 5 — . Reyna levou o cavalo para Dakota. — Como você soube? — perguntou ela. Ele olhou para Percy que já desmontara do cavalo e batia no seu pescoço, ao mesmo tempo que conversava com ele. — Percy viu num sonho — contou Dakota. Reyna e Dakota desmontaram dos seus cavalos enquanto Percy e seu cavalo iam para eles. Reyna coçou o rosto branco da sua égua e disse: — Obrigada, Pearl. — Ela diz que não há de quê, e está feliz por você estar bem — contou Percy. Reyna levantou a sobrancelha. — O cavalo falou com você?
Percy assentiu. — Filho de Netuno — falou Dakota —, é claro que ele iria cochichar com os cavalos. — Lupa — disse Reyna como se tivesse acabado de lembrar do porquê de estar ali. — Ela partiu — Percy disse —, capturada. — O quê? — disse Hazel enquanto ela e Bobby se aproximavam. — Eu vi no meu sonho — falou Percy. — Um homem tranquilizou ela e levou-a embora. Ele se chamou de rei lobo. — Licaão — falou Reyna. — Mas por quê? — Ele falou sobre usá-la para encontrar algo, o trio inauspicioso, eu acho — falou Percy. — O que poderia ser? — Não sei — confessou ela. — Mais alguma coisa? — Sim, ele disse que quando encontrar o trio e entregá-lo para o rei gigante, mataria Lupa — explicou Percy. — Não — Hazel disse em desespero. — Nós precisamos encontrá-la. — Hazel tem razão — concordou Dakota. — Temos que ir atrás de Licaão. — Licaão se move rápido, mas uma prisioneira pode atrasá-lo — Reyna disse. — Precisamos ir agora enquanto a trilha ainda está quente. — Não seria melhor voltarmos ao acampamento e nos reagrupar? — perguntou Bobby. — Não temos tempo — afirmou Reyna. — Temos que ir agora se quisermos achar sua trilha. Alguém quer ficar para trás, voltar ao acampamento? — perguntou. Ninguém disse uma palavra. — Muito bem, então. Vamos logo — Reyna disse. Todos montaram nos seus cavalos e Bobby assobiou pros cachorros. Os dois caninos vieram correndo. — Encontrem o rei lobo — instruiu.
Eles colocaram os fucinhos no chão fungando para encontrar vestígios. Quando encontraram, eles sairam correndo para a floresta. — É de onde ele veio — disse Percy apontando para onde os cachorros entraram. Os cachorros latiram e Bobby falou: — Eles estão na trilha. Reyna pegou as rédeas do seu cavalo e olhou em volta para todos. — Vamos. Ih-ah! Pearl, com Reyna no seu dorso, galopou para as árvores e todos seguiram.
E LES
GALOPARAM ATRAVÉS DE FLORESTAS E PASTAGENS ,
morros e vales, seguindo o latido dos cães. O terreno se tornou mais espesso e mais íngreme, então seus galopes diminuíram para um trote, depois uma caminhada. Eles tinham viajado por horas, e estava ficando escuro, mas teriam de andar a noite toda para continuar na trilha. Bobby e Reyna andavam na frente, Percy e Hazel vinham atrás. Todos estavam muito quietos, provavelmente porque estavam todos exaustos. Dakota viu Percy puxar uma bolsa de couro do bolso e abri-la. Ele tirou um relógio de pulso. Tinha um mostrador branco e prata e uma pulseira de couro preto. — Relógio legal — Dakota disse, quebrando o silêncio. — É, meu amigo Tyson me deu de aniversário há alguns anos atrás — afirmou Percy enquanto o prendia no pulso esquerdo. Percy puxou duas notas de vinte dólares da bolsa. — Eu deveria ter levado Annabeth ao cinema. Depois nós sairíamos para comer hambúrgueres e milkshakes. — Você sente falta dela, hein? — Dakota disse compreensivo. — Sim. — Percy assentiu, colocando o dinheiro no bolso da jaqueta. Dakota observou Percy tirar os últimos dois objetos da bolsa. Um apito de prata em forma de tubo e uma caneta esferográfica barata. Ele colocou os dois no bolso da calça jeans.
— Você tem um cachorro, Percy? —Hazel perguntou. — Sim, ela é um Rottweiler. — Percy respondeu. — Qual é o nome dela? — Hazel continuou, tentando manter uma pequena conversa. — Sra. O’Leary — Percy disse. — De onde você arranjou esse nome? — Dakota perguntou, incrédulo. — Não fui eu, seu proprietário anterior que colocou. Ela pertenceu a um velho homem que morava na mesma quadra que eu. Ele estava doente, e eu caminhava com ela todos os dias pra ele. Quando ele faleceu, ela ficou órfã. Ela era uma cadela tão boa, e eu não queria que acabasse em um abrigo, então eu convenci minha mãe a me deixar ficar com ela. Eu tive que dar ao dono do nosso prédio cada centavo que ganhei no verão para um depósito de animais de estimação, mas valeu a pena — explicou Percy. — Parece que sua lealdade é profunda, Percy. Essa é uma virtude valorizada na sociedade romana — Dakota disse. Subitamente os cavalos pararam. Os latidos de cães haviam cessado. — Espere aqui — Dakota disse pra Percy e Hazel. Dakota dirigiu seu cavalo até Reyna e Bobby. — O que é isso? — Dakota perguntou-lhes. — Os cães perderam o rastro — Bobby respondeu. Dakota olhou para Reyna e disse: — E agora, destemida líder? — Nós encontramos um lugar para acampar essa noite. Nós vamos tentar pegar o rastro amanhã de novo — Reyna disse. Todos se dividiram procurando um lugar livre de neve para montar acampamento. Dakota aliviou seu cavalo ao longo de um penhasco com uma rocha saliente que quase parecia uma caverna rasa. — Encontrei um lugar — gritou, e todos se foram até lá.
Hazel fez um fosso pro fogo envolto de pedras embaixo da rocha saliente, enquanto todos os outros reuniam lenha. Eles colocaram a lenha no fosso e Hazel acenou com as mãos sobre ele. Subitamente, o fogo ganhou vida. — Como ela fez isso? — Percy perguntou à Dakota. — A mãe dela é a deusa da lareira. Ela pode começar um fogo de lareira em qualquer lugar. Você não precisa de fósforos com ela por aí. — Dakota respondeu, olhando por cima de Hazel e dando-lhe uma piscada. — Venha Percy; vamos pegar os sacos de dormir nos cavalos. — Dakota acenou para ele segui-lo. Cada sela tinha um colchonete e um saco de dormir enrolado e amarrado a ele. Bobby alimentou os cavalos com aveia tirada dos alforjes, e alimentou os cães com carne seca. Dakota e Percy apanharam os colchonetes e deram um para todos. Todos se sentaram, acomodaram-se em seus sacos de dormir em volta do fogo quente. Eles sentaram em silêncio, comendo granola e carne seca. A luz do fogo fez a nevada parecer glitter e fez os olhos de todos ficarem muito mais pesados. — Alguém deve vigiar? E se os lobos estiverem lá fora? — Percy perguntou. — Não se preocupe, os cães estão sempre alerta e vão nos acordar se estivermos em perigo — garantiu Bobby. — Foi um longo dia, todo mundo precisa descansar um pouco — Reyna disse. Todos deitaram exceto Dakota, que estava sentado ali olhando para o fogo. Todos tinham dormido e Dakota estava prestes a se deitar quando ouviu Reyna dizer calmamente: — Obrigado por vir atrás de mim, Kota. — Você teria feito o mesmo por mim — disse sem tirar os olhos do fogo. — Durma um pouco — ela falou. — Isso é uma ordem. Dakota enrolou-se em seu saco de dormir, e adormeceu em segundos. O sonho de Dakota começou com uma dor no antebraço esquerdo. Ele havia quebrado esse braço cinco vezes no acampamento. Nenhuma quantidade de néctar, ambrosia ou cura mágica poderia restaurá-lo à sua condição original. Dakota estava de pé em um piso de madeira coberto de areia, dentro de um enorme anfiteatro de pedra. Dakota conhecia o lugar, embora ele nunca tivesse realmente estado lá antes. Era o Coliseu em Roma, mas não estava em ruínas.
Dakota olhou ao redor com espanto. Estava em bom estado, o jeito que ele devia parecer a quase dois mil anos atrás. Dakota sempre se perguntou como seria lutar como gladiador no Coliseu, sendo adorado por uma plateia de cinquenta mil cidadãos romanos aplaudindo. Dakota teve um vislumbre de um homem em pé na casa do Imperador. Dakota olhou mais de perto e notou que o homem tinha duas faces; era Jano, o deus dos começos, finais, portas e escolhas. Dakota colocou a mão direita no coração e inclinou a cabeça para o deus. — Filho de Roma, eu vejo que a sua importante jornada já começou — o rosto direito disse. — Você está preparado para suas difíceis escolhas pela frente? — a face esquerda perguntou. — Difíceis escolhas? — Dakota perguntou. — Você vai responder ao chamado, garoto? — o rosto direito perguntou. — É claro que ele irá — o rosto direito argumentou. — Haverão muitas decisões pesando em seus ombros no tempo que virá. Mesmo agora, você luta com a indecisão e o arrependimento. Você realmente fez a escolha certa, Dakota? Tantos de seus soldados morreram em batalha. Sua decisão de levá-los para uma batalha desesperada... — a face direita continuou. — Não era desesperada. Nós derrotamos o Titã Crio e salvamos o mundo. Meus soldados não morreram em vão! — Dakota disse com raiva. — E sobre a outra decisão que você tomou? Nós vimos você fechar uma porta e nós sabemos que vocês ainda lutam com essa decisão todos os dias, mas sua maldição é inteiramente de sua criação — a face esquerda disse. — Não é verdade. Me foi dito o que iria acontecer, e eu fiz a decisão correta. Eu tinha de protegê-la — Dakota argumentou. — Então você diz, mas essa decisão não foi inteiramente sua, agora, foi? — o rosto esquerdo perguntou. — Eu a fiz minha — Dakota disse severamente. — Muito bem Dakota, a maioria não assumiria tal responsabilidade por suas escolhas — a face esquerda disse. — Por causa de seu ônus, nós lhe daremos algumas dicas para melhor prepará-lo em seu caminho. — a face direita disse. — Suas portas incluem
traição, aliança, amor e morte. Quando você chegar a cada porta nós acreditamos que você vai fazer a escolha certa. — Isso tem alguma coisa a ver com a Grande Profecia? Você perguntou se eu vou responder ao chamado — Dakota disse. — Talvez, mas apenas lembre-se, quando uma porta se fecha, outra se abre e a cada final há um novo começo... Ah, e essa maldição que você acha que tem, bem, talvez seja hora de rever essa porta — a face direita continuou. — Ah, e mais uma coisa, criança. Encontre o pássaro com poderes proféticos. Ele irá lhe apontar o rei dos lobos. Você está na área dele, então não deve ser muito difícil de encontrar — a face esquerda disse, então o deus estalou os dedos e desapareceu. Dakota acordou com o barulho de um pica-pau perfurando uma árvore. Dakota sentou-se como um tiro. — Onde está o pássaro? — ele disse com urgência. Era ainda o amanhecer, e Bobby e Percy ainda dormiam. Reyna estava enrolando seu colchonete e saco de dormir. Ela parou e perguntou: — O quê? — Esse pica-pau, onde está? —Dakota levantou tentando apontar de onde o som estava vindo. — Só porque ele te acordou, não significa que você tem que matá-lo — Reyna disse. — Eu não quero matá-lo. Eu quero falar com ele — Dakota disse partindo rumo à floresta, seguindo o som. — Sim, porque isso faz muito mais sentido — Reyna disse sarcasticamente, mas ela e Hazel seguiram-no floresta adentro. Tinha nevado alguns metros durante a noite. O chão da floresta e a cobertura vegetal foram cobertos com uma profunda camada de neve branca e brilhante. — Ali — Dakota disse, apontando para uma Sequoia Altaneira. — Ali está ele. — O pássaro? — perguntou Reyna.
— Não, quer dizer, sim, mas não é apenas um pássaro; é Pico. — Dakota disse. — A divindade da mata? — Hazel perguntou. — Mas é um pássaro. — A feiticeira Circe o transformou em um pica-pau — Dakota explicou. — Está certo. Ela estava apaixonado por ele, mas ele a rejeitou, e ela teve sua vingança transformando-o em um pica-pau — Reyna relembrou. — Mas porque você precisa falar com ele? — Ele tem poderes proféticos. Jano me disse que o pássaro devia saber onde encontrar o rei lobo — Dakota explicou. — Jano? Quando você falou com ele? — Reyna Perguntou. — Ele veio a mim em um sonho — explicou Dakota. Ele olhou para a copa da árvore e disse: — Pico! O pássaro desceu, aterrissando no galho de uma árvore jovem. Ele ficou ao nível dos olhos deles e disse: — Você me chamou, semideus? Dakota inclinou a cabeça. — Pico, sou Dakota, estes são Reyna e Hazel. — Os dois inclinaram a cabeça para o pássaro. — Prazer em conhecê-los — Pico disse. — E você, você é uma coisa bonita — Pico disse pra Hazel e ela corou. — Senhor — Reyna disse. — Nós esperávamos que você poderia nos dizer onde encontrar o rei lobo. — Porque vocês estão procurando por essa horrível criatura? — Pico perguntou. — Ele raptou Lupa. — Hazel disse. — Ah, sim, isso mesmo. — Pico lembrou. Só então Percy e Bobby vieram correndo até eles. — O que está acontecendo, gente? — Bobby perguntou. — Mais semideuses — Pico disse. — Quem disse isso? — Bobby perguntou.
Dakota apontou para o pássaro e disse-lhe — Olá — . Bobby se afastou e em seguida abaixou a cabeça. Ele bateu no braço de Percy para que fizesse o mesmo. — Porque eu amo Lupa eternamente, e todos vocês são pupilos, vou ajudá-los a localizar Licaão, mas primeiro, porque eu sou muito bondoso, vou dar-lhes cada um uma dica de quem vocês realmente procuram. Bobby, você não precisa se preocupar com o que você procura, vocês vão se reencontrar em breve. Hazel, meu amor, Percy vai levar você para o que você procura — Pico disse. Hazel olhou para Percy, e ele sacudiu a cabeça como se não tivesse ideia do que o pássaro estava falando. — Percy, o que você procura encontra-se com o número 3141. Reyna, o que você procura está com Lupa e Dakota, eu acredito que ele tenha te dito para rever uma porta; você deveria pensar em fazer isso — Pico disse. — Nada disso faz qualquer sentido — Reyna disse. — Talvez não agora, mas fará. E agora a pergunta em questão. Para encontrar Lupa vocês precisam ir ao Coliseu. — Mas o Coliseu é em Roma — Dakota disse. — O Imperador sabe para onde Licaão está indo. Ele aguarda o seu desafio no oásis do deserto. Derrote-o, e você irá encontrar a localização do rei lobo. — Poderia ser um pouco mais vago? — Dakota resmungou. O pássaro olhou para as árvores. — Estas sequoias estão entre as árvores mais antigas do planeta. Suas raízes vão muito longe. Se vocês pedirem bem, elas poderiam levá-los onde vocês precisam ir. Isso é tudo o que eu posso dizer. Espero que tenha ajudado. Boa sorte em sua jornada, pupilos. — O pássaro decolou do galho e voou para longe. Todos ficaram quietos por alguns segundos. — Então nós supostamente temos que ir ao Coliseu em Roma? — Bobby perguntou. — Eu não acho que isso é o que ele queria dizer. Ele disse que o Imperador estava no oásis no deserto — Reyna disse.
Dakota estalou os dedos. — Entendi. Nós temos de ir para o Coliseu... no Caesar’s Palace. — Vegas? — Hazel perguntou. Dakota assentiu com um sorriso. — Vegas. — Vegas — Percy e Reyna disseram em uníssono. — Vegas! — Bobby gritou entusiasmado. As copas das árvores de repente começaram a balançar violentamente. Todos olharam para cima quando toneladas de neve caíram em cima deles. Dakota levantou-se e cuspiu neve de sua boca, exceto que não era neve, era areia. Ele olhou para o horizonte, e ali estava... Las Vegas. — Ok, o que aconteceu? — Reyna perguntou, tirando a areia de suas roupas. — Eu não sei, e eu não acho que quero saber — Dakota disse. — Ei, olhe gente — Hazel disse. — Nossas coisas fizeram a viagem. Com certeza, lá estavam as mochilas de todos, sacos de dormir e armas. Todos pegaram suas coisas e amarraram-nas. Dakota colocou seus óculos escuros e disse: — Agora, lembrem-se, galera, o que acontece em Vegas, fica em Vegas.
A
quando eles percorreram o caminho para a cidade foi encontrar uma lanchonete. Eles se sentaram em uma mesa redonda no canto de trás de um pequeno café. A televisão retumbava as notícias às 7 da manhã... o sistema de tempestade está se deslocando para as Montanhas Rochosas. É esperado que as condições do clarão na área de Denver para amanhã... PRIMEIRA COISA QUE ELES FIZERAM
Todos pediram um monte de panquecas e leite com chocolate. Eles comeram rápido, mas o humor na mesa era uma das antecipações. Dakota notou que Percy parecia um pouco pálido, e ele mal havia tocado em suas panquecas. — Está tudo bem com você, Percy? — Dakota perguntou. — Hmm... Ah, sim, eu estou ótimo — Percy respondeu. — Tem certeza? Você parece nervoso — Hazel disse. — É só... Eu não sei, alguma coisa sobre essa cidade. Provavelmente não é nada — Percy disse e voltou a pegar a sua comida. — Bom, eu estou animado — Bobby disse. — Jogos de dados e vinte-eum e... — Bobby — Reyna interrompeu. — Quantos anos você tem? — Dezessete, você sabe disso — Bobby respondeu. — Você realmente acha que eles irão deixá-lo jogar? Você deve ter 21, lembra? Além disso nós estamos aqui por uma razão, e que é derrotar o
imperador e descobrir onde Licaão está. Então nós poderemos ir embora dessa cidade detestável — Reyna disse. Dakota lembrou que Reyna teve uma experiência não tão agradável em uma missão aqui alguns anos atrás. Eles terminaram de comer e Percy pagou o café da manhã deles com o dinheiro em seu bolso. Eles caminharam para baixo do meio-fio olhando para o Caesar’s Palace. O meio-fio estava bastante tranquilo no início da manhã. As festas que ocorrem a noite inteira na cidade deveriam dormir o dia todo. Dakota notou que Percy havia parado de caminhar. Ele estava olhando para um hotel e cassino descendo o quarteirão. — O que é isso, Percy? — Dakota perguntou. — Hotel Lótus... por que isso soa tão familiar? — Percy disse. Reyna andou até ele e puxou seu braço para movê-lo novamente. — Ah, não, fique longe desse lugar. É uma novidade ruim — Ela disse. — Você já esteve aqui? — Percy perguntou. — Uma vez, nunca mais — ela respondeu. — Aqui está — Dakota disse apontando para baixo da faixa. — Caesar’s Palace. Quando eles deram um jeito de descer, eles ficaram na calçada em temor daquele lugar. Era um cassino e hotel moderno, mas eles se sentiam como se estivessem sido jogados de volta à Roma antiga. A arquitetura consistia em arcos, colunas, e fachadas de pedra branca muito altas. Estátuas de divindades romanas pontilhavam uma paisagem de jardins e fontes cintilantes em um enorme pátio. À direita, junto ao cassino estava uma arena circular magnífica, o Coliseu. Eles percorreram através dos pátios e chegaram a uma entrada lateral do Coliseu. — Nós nos deslocamos até lá? — Dakota perguntou a Reyna. — Sem esgueirar-se para isso — ela disse. — Não há ninguém por perto. Ela abriu a porta, e todos caminharam para dentro. Eles andaram por um elegante corredor até que viram um letreiro que se lia PISO e uma seta apontando para a esquerda. — Por aqui — Reyna disse e se virou para o corredor da esquerda. Eles caminharam poucos metros quando Dakota viu o armário de um zelador.
— Vamos esconder nossos equipamentos aqui — Ele disse abrindo a porta do armário. Eles garantiram todas as suas armas à sua pessoa, então atiraram suas jaquetas, colchões, e pacotes dentro do armário. Eles continuaram pelo corredor durante alguns metros e então apareceram no piso de uma arena enorme. O piso era de madeira, mas era revestido com polegadas de areia e sujeira. Era áspero e tinha o tamanho de quatro campos de futebol. As torres da rotunda subiam em cem pés acima de suas cabeças, e no outro lado da arena, diretamente em frente a eles, estava um palco elevado embaixo de um elegante arco proscênio. Um homem estava parado no palco. Ele era um homem jovem, talvez de trinta e poucos anos, cabelo preto ondulado abaixo de um coroa de louros dourada. Ele era alto e bem formado. Ele usava uma armadura dourada deslumbrante com uma espada amarrada ao seu lado, e ele segurava um elmo dourado com uma pequena pluma vermelha embaixo de seu braço esquerdo. Eles caminharam para o centro da arena e pararam quando o homem levantou sua mão direita. — Vocês são meus novos gladiadores? — o homem perguntou ruidosamente, sua voz ecoava no Coliseu. Reyna andou um passo à frente. — Nós somos filhos de Roma, oficiais da Primeira Legião. Nós estamos a serviço do Senatus Populusque Romanus. — Eu também sirvo ao Senado e o Povo de Roma. Eu sou Cômodo, filho de Marco Aurélio, e imperador de Roma — ele disse. — Cômodo? — Percy sussurrou para Dakota. — Um imperador romano do final da década de 100 d.C. Ele foi um dos mais desprezados dos imperadores romanos. O cara era cruel e sádico, e ele era impiedoso na arena de gladiadores — Dakota explicou. — Cômodo? — Reyna perguntou ruidosamente. — Mas ele foi morto pelo gladiador, Narciso, quase dois mil anos atrás. — Isso é verdade, mas parece que voltei da morte — Cômodo disse. — Mas como? — Reyna perguntou. — Isso não é importante. Tudo o que importa agora é que eu tenho minha nova arena, e meus novos gladiadores — Cômodo disse alegremente. — Diga-nos onde Licaão está! — Dakota gritou.
Cômodo sentou-se em um trono no meio do palco e disse: — Depois da diversão... isso é, se vocês sobreviverem. Ele levantou sua mãe para cima e estalou seus dedos. Todas as saídas se fecharam. Eles estavam presos. Uma porta enorme embaixo do palco elevado começou a se abrir. Eles conseguiram ouvir um estrondo e o piso começou a tremer. — O que é aquilo? — Reyna gritou acima do estrondo. — O que é aquilo? — Dakota murmurou para si mesmo. De repente, houve aplausos a seu redor. Eles olharam para cima para ver que todos os lugares do Coliseu estavam ocupados, mas não por pessoas. Eles pareciam fantasmas. — Manes! — Bobby gritou. — O quê? — Percy perguntou. — Espíritos que se foram — Bobby respondeu. — Eu acho que eles estão aqui por causa do show. O estrondo ficou mais alto e mais alto até ficar ensurdecedor. Uma biga carregando dois pilotos, puxados por dois garanhões pretos, explodiram na porta aberta. Eles rodaram a arena como um exército de cerca de uma dúzia de gladiadores marchando para dentro da arena. Duas colunas de madeiras começaram a se levantar no piso da arena, uma para o centro esquerdo e outra para o centro direito. Um arqueiro estava empoleirado no topo de cada coluna de cerca de dez pés para cima. A porta começou a se fechar, mas não antes de um cavaleiro solitário vir galopando com sua espada erguida. Eles ficaram no centro da arena com os gladiadores circulando eles. Eles formaram um círculo ombro a ombro para fora. — Escudos! — Dakota ordenou. Dakota arremessou sua moeda que se transformou em um enorme escudo redondo. Reyna e Hazel tocaram em seus braceletes se transformando com magia em brilhantes escudos dourados. Bobby tocou em um anel em seu dedo, e se modificou em um escudo de metal preto. Percy tocou seu relógio de pulso e ele se espiralou para fora em um escudo de bronze polido. — Uau! — Percy gritou em choque do que havia acabado de fazer.
— Isso, moleque! — Dakota disse para Percy. — Eu... eu não... como eu fiz... — Percy gaguejou. — Não há tempo de se preocupar com isso agora — Dakota disse. — Plano de ataque? — Hazel perguntou. — Reyna, tire os arqueiros. Percy, você pega o cavaleiro. Bobby, Hazel, os gladiadores. Eu vou pegar a biga. Nós lutamos ao meu sinal. Dakota tirou seu chapéu e o atirou no ar transformando-o em um elmo de gladiador de metal. Eles levantaram seus escudos para cima e tinham suas armas em mãos. Eles se apoiaram em seus calcanhares aguardando a sua deixa. — Firmes, firmes — Dakota disse. — Lutem! — Cômodo gritou, e seus gladiadores investiram. — Vão! — Dakota gritou, e eles desfizeram o círculo. Reyna correu atrás de Hazel com seu escudo as protegendo das flechas voadoras. Hazel usou sua espada e escudo atacando os gladiadores. Reyna usou Hazel como uma distração para manter os gladiadores ocupados enquanto ela tirava seu arco, e alçava fogo no arqueiro. Ela o acertou, e ele desapareceu, também. Dakota estava de pé ao lado de uma coluna esperando a biga rodando ao seu redor. Reyna correu velozmente até ele, e logo antes de chegar ele se abaixou nos joelhos e arqueou suas costas. Ela pisou em suas costas se lançando no ar para o topo da plataforma da coluna. Dakota cronometrou o carro passando acabando de passar pela direita e pulou dentro do cesto e derrubando um piloto ao mesmo tempo. Ele bateu no piloto com o escudo até ele cair, também. Dakota pegou as redias e se direcionou para o grupo de gladiadores em que Hazel e Bobby estavam lutando. Dakota usava seu escudo como uma arma, batendo em todos os gladiadores que ele passava ao chão. Percy rodopiava sua espada em sua mão como o homem que estava sendo carregado pelo cavaleiro. No último segundo, Percy revidou a parte de cima do cavalo nocauteando o cavaleiro ao chão. O cavaleiro rapidamente se levantou, e Percy levantou seu escudo a tempo de bloquear seu golpe. Percy o empurrou para longe com seu escudo então passou para a ofensiva golpeando e atravessando sua espada. Percy aparou os golpes e respondeu com sua própria espada, até finalmente achar uma brecha na armadura do cavaleiro, e ele irrompeu em pó. Percy assobiou e o cavalo veio galopando. Ele pegou a sela e empurrou a si mesmo no cavalo em um movimento vasto. Ele direcionou o cavalo para a luta esquartejando os gladiadores enquanto galopava por eles. Dakota ouviu Cômodo gritando:
— Soltem os leões! As portas abaixo do palco se abriram novamente, e dois leões enormes saltaram para fora. Do outro lado da arena, Dakota viu Reyna atirando fogo em suas flechas aos leões, mas foi muito tarde. Um já havia saltado em direção dela. O leão a atingiu, lançando-a ao chão. Ainda de costas, ela embainhou sua adaga e cortou a besta. O leão foi capaz de evitar seus golpes e mantê-la no chão. Dakota direcionou a biga em direção a ela em velocidade máxima. Dakota viu o escudo de um gladiador que era do tamanho da capota de um carro deitava no seu caminho. Os cavalos pularam aquilo, mas a biga a acertou como uma rampa. Dakota usou a força do impacto como uma catapulta saltando do cesto e voando pelo ar em direção de Reyna. Ainda no meio do ar, Dakota apontou sua lança e a atirou em direção ao leão que estava atacando Reyna, acertando-o no pescoço, virando pó. Assim que Dakota lançou sua lança ele viu um escudo voando em direção da sua cabeça como um frisbee. Ele levantou seu braço esquerdo para desviar o impacto. O escudo pegou Dakota no antebraço esquerdo e ele urrou de dor. Ele bateu contra o chão duro ao seu lado, e rolou agarrando seu braço esquerdo. Ele se sentou fugindo ele mesmo para trás da parede da arena. Ele tirou seu elmo de sua cabeça e o derrubou no chão. — Você está bem? — ela perguntou. — Aghh! — ele gritou segurando seu braço. — Deixe-me ver — ela disse e tocou em seu braço esquerdo. — Aagghhh! — Dakota gritou então amaldiçoou em latim. — Está quebrado... de novo — Reyna disse. — Droga! — Dakota gritou. Reyna rolou para o lado e Dakota chutou um gladiador em seu peito. Reyna atirou sua adaga e acertou outro gladiador transformando-o em pó. Dakota olhou ao redor da arena. Bobby e Hazel estavam se encarregando de uma luta de espadas com os dois gladiadores restantes e Percy, no dorso do cavalo, estava tendo um impasse com o leão. Percy direcionou o cavalo, em um galope, em direção ao leão. Quando ele chegou perto o suficiente, ele pulou do cavalo em direção ao leão, segurando sua espada com ambas as mãos. Ele pousou na fera, primeiro a espada, e o leão virou pó aos seus pés. Bobby e Hazel fizeram um trabalho rápido com os dois últimos gladiadores, então todos os três correram para Dakota e Reyna. Eles ouviram aplausos do palco. — Muito bem — Cômodo disse batendo palmas. — Nós vencemos; agora nos dia onde encontrar Licaão! — Reyna gritou.
— Ah, mas vocês não venceram ainda, minha querida — Cômodo disse. Ele pulou do palco para a arena, e caminhou em direção deles. — Eu gosto de entrar em ação eu mesmo, às vezes — ele disse colocando seu elmo em sua cabeça. Um por um e eu escolho o meu oponente. Se vocês vencerem eu vou dizer onde encontrar Licaão, se eu vencer vocês todos serão meus gladiadores, para sempre. Todos eles se entreolharam e assentiram em concordância. — De acordo — Reyna disse. — Escolha seu oponente. — Muito bem. — Cômodo sorriu. — Eu escolho Percy Jackson.
P ERCY
De modo algum ele estava preparado para se envolver numa luta de espadas com um Imperador Romano. Ele só tinha estado em uma luta de espadas uma vez em toda sua vida, e tinha sido com o cavaleiro há poucos minutos atrás. ESTAVA ATORDOADO POR OUVIR SEU NOME.
— Apenas mantenha sua guarda alta e fique com os pés leves. Você vai ser sair bem — Reyna tentou tranquilizá-lo, mas não funcionou. Percy estava aterrorizado. O destino de todos jazia em seus ombros, e tudo que Percy podia fazer era tentar não se sentir mal. Dakota jogou seu elmo para Percy. — Coloque isso. Vai te protegê-lo e dar-lhe força e foco — Dakota disse, respirando pesadamente por causa da dor que ele estava sentindo. — Você está pronto, garoto? — Cômodo perguntou a Percy com um sorriso perverso. Percy colocou o elmo de Dakota em sua cabeça e sentiu uma onda de confiança tomar conta dele. Percy desembainhou a espada, a mesma espada que Dakota havia devolvido pra ele no acampamento. Tinha noventa centímetros de ouro que se equilibravam bem em sua mão, embora fosse um pouco pesada. — Estou pronto — Percy disse, caminhando em direção à Cômodo. Cômodo desembainhou sua espada e disse: — Por Roma! Cômodo brandiu sua espada em Percy. Percy bloqueou o golpe com sua espada, empurrando Cômodo pra trás. Ele golpeou novamente, mas Percy esquivou-se do ataque. Percy contra-atracou e Cômodo chocou a lâmina de
Percy com a sua. Ele foi a Percy novamente, atacando sua cabeça. Percy se abaixou e rolou, indo para trás de Cômodo e chutando-lhe por trás. Cômodo cambaleou e Percy podia ouvir Bobby gritando atrás dele. Cômodo recuperou o equilíbrio e golpeou Percy. Percy defendeu e retribuiu com um soco que Cômodo evadiu. Percy brandiu e suas espadas colidiram, fazendo faíscas voarem. Percy continuou a esquivar, atacar e rolar quando Cômodo foi com tudo o que tinha. — Percy — Cômodo disse, mas não era a sua voz. Percy olhou Cômodo mais de perto, e seu rosto estava diferente. Parecia um rosto familiar, mas Percy não se lembrava de tê-lo visto antes. Era o rosto de um treinador. Ele tinha olhos azuis, feições severas e uma cicatriz branca na bochecha esquerda. — Percy — ele disse novamente —, lembre-se da técnica de desarmar. Percy bloqueou e atacou Cômodo , e o rosto do treinador desapareceu, era apenas Cômodo novamente. Cômodo arremeteu, e Percy golpeou sua espada ao mesmo tempo. As lâminas deslizaram juntas, e quando a espada de Percy atingiu a base da espada de Cômodo, Percy torceu a espada e empurrou pra baixo, derrubando a lâmina de Cômodo no chão. Percy chutou a espada para o lado, e num mesmo movimento veio pra frente batendo no rosto de Cômodo com o punho da espada, derrubando-o no chão. Cômodo estava deitado de costas para o chão, desarmado, e com a ponta da espada de Percy em sua garganta. — Onde está Licaão? — Percy exigiu. — Pikes Peak — Cômodo disse, respirando pesadamente. — Você vai encontar Licaão em Pikes Peak. Percy embainhou sua espada. Cômodo levantou-se e perguntou: — Você não vai me matar? — Ao contrário de você, eu sou misericordioso — Percy disse. Cômodo saiu correndo para trás do palco e desapareceu. Percy tirou o Elmo de sua cabeça e caiu de joelhos. Todos correram pra ele. — Você está ferido? — Reyna perguntou. Percy balançou a cabeça e disse: — Vocês já viram isso?
Todos sorriram. — Ah sim, nós vimos! — Bobby gritou de excitação. — Você chutou seu... — Bobby — Reyna interrompeu. — Celebraremos depois, mas agora, vamos sair daqui logo. Eles ajudaram Percy se levantar e saíram correndo da arena, parando pra pegar seu equipamento quando eles deixaram o Coliseu. Eles saíram correndo pela rua. Encontraram um banco ao longo da calçada à poucos quarteirões e pararam para descansar e reagrupar. — E agora? — Hazel perguntou. — Primeiro, o braço de Kota precisa de cuidados — Reyna disse, tirando um cantil de suas coisas. — Beba — Ela disse à Dakota, entregando-lhe o cantil. Ele tomou dois goles, e ela entregou-lhe o que parecia ser um pedaço de uma barra de chocolate da Hershey’s. — Coma isto — disse, e ele agradeceu. — Melhor? — ela perguntou. — Um pouco — ele respondeu ainda, obviamente, sentindo dor. — Eu posso curá-lo, mas não aqui — ela disse enquanto estava ajudando a colocar o braço de Kota numa tipoia. — Você pode fazer isso assim que chegarmos na estrada — Dakota disse. — Pikes Peak — Percy disse. — Como é que vamos chegar ao Colorado? — Hazel perguntou. — Dirigindo — Dakota disse. — Nós alugaremos um carro — Reyna disse. — Você trouxe o cartão, Hazel? — Sim — Hazel respondeu. — Bem, vamos nos mexer — Reyna disse.
Desceram a rua, e não demorou muito até encontrarem uma loja de Aluguel de Carros. A placa do lado de fora lia-se: DEVE-SE TER 18 OU MAIS PARA ALUGAR. — Vou pegar o carro — Dakota disse. — Mas você está machucado — Hazel disse. — Alguém aqui tem dezoito? — Ele disse rudemente, mas era a dor falando. — Acho que não. — Você não pode dirigir machucado, Kota — Reyna disse-lhe. — Eu só vou pegar o carro e encontro vocês a alguns quarteirões abaixo, então alguém pode dirigir — Dakota disse. Dakota tirou a tipoia e tomou outro gole do cantil. Hazel entregou-lhe um Cartão Visa. — Vocês tem um cartão de crédito? — Percy perguntou. — É um cartão de débito empresarial — Hazel respondeu. — Ah, as uvas — Percy lembrou. — Ok, quatro quadras. — Reyna apontou na direção em que estariam esperando. Dakota acenou com a cabeça e caminhou para dentro da loja de aluguéis. Todos desceram quatro quadras e encontraram um banco pra descansar enquanto esperavam por Dakota. — Você fez um bom trabalho lá — Reyna disse à Percy. — Bom? Foi incrível! — Bobby disse. — Onde você aprendeu a lutar assim? — Eu não sei. Essa foi a primeira vez que faço algo parecido — Percy respondeu. — Sem chance — Bobby disse. — E sobre o seu escudo, Percy? — Reyna perguntou, com suspeita em sua voz. — Eu não sei. Eu apertei o relógio por instinto. Eu não tenho ideia — Percy explicou.
— Está acontecendo alguma outra coisa com você que nós devíamos saber? — Reyna perguntou. Percy hesitou, mas pensou que poderia muito bem dizer-lhes sobre o Déjà Vu. Talvez eles pudessem ajudá-lo a descobrir o que significava. — Eu tenho tido o que acho que vocês chamariam de déjà vu. No riacho, vi o rosto de minha amiga Thalia, e no meu sonho eu vi Annabeth. Era mais como uma memória do que uma visão, mas o que eu estava vendo na verdade nunca aconteceu. E hoje... essa cidade me deixou tão nervoso, e o Hotel e Cassino Lótus me pareceu tão familiar. Mesmo quando eu estava lutando contra Cômodo, eu vi o rosto e ouvi a voz de alguém que acho que sei quem, mas não me lembro de ter conhecido. Isso faz algum sentido pra vocês? — Não, não faz — Reyna disse. — Não se preocupe, Percy. Nós vamos descobrir — Hazel garantiu. — Então, quem vai dirigir? — Hazel disse, tentando mudar o assunto. Todos olharam pra Reyna. — Não olhem pra mim! A única coisa que eu dirijo é uma biga. — Reyna disse. — Ah, eu vou dirigir. — Bobby disse com entusiasmo. Reyna e Hazel olharam para Percy. — Percy, — Reyna disse. — Você tem carteira de motorista? — Tenho, mas não está comigo. Não estava nas minhas coisas. — Bem Bobby, parece que você vai dirigir. — Reyna disse. — Sim. — Bobby ergueu o punho. Eles sentaram no banco por mais alguns minutos, quando uma Hummer H2 vermelho-cereja parou e estacionou na frente deles. Dakota saiu do banco do motorista e abriu a janela de trás. Hazel sorriu e disse. — É claro, o filho do deus da guerra iria pegar a Hummer. Todos jogaram suas coisas na área de carga. — Era a única grande o suficiente para todos nós. — Dakota sorriu e piscou pra Percy.
— Claro que era. — Reyna sorriu e fechou a janela. — Quem está dirigindo? — Dakota perguntou. — Eu estou — Bobby disse. Dakota olhou para Reyna e levantou uma sobrancelha. Reyna assentiu. — Tudo bem. — Dakota disse e atirou as chaves para Bobby. Todos subiram. Percy sentou na frente com Bobby. Na parte de trás, Reyna sentou-se no meio, Hazel na esquerda e Dakota na direita. — Todo mundo, cinto de segurança. — Bobby disse e saiu dirigindo para o leste. — Percy, programe o GPS para Pikes Peak. Percy programou, então olhou para o banco de trás. Reyna estava voltada para Dakota. — Você está pronto? — Ela perguntou-o. — Como eu sempre estarei — Ele disse. Reyna fechou os olhos e colocou as duas mãos no braço quebrado de Dakota. Dakota gritou com toda a força. — Aagghhh, Aaaggghhhh! Reyna estava respirando pesadamente e estremeceu um pouco. — Aagghhh! — Dakota continuou, mal capaz de recuperar o fôlego. Finalmente Dakota parou de gritar, e Reyna soltou seu braço. Ambos estavam tentando recuperar o fôlego. — O que aconteceu lá atrás? — Percy perguntou a Bobby. — O pai de Reyna é Apolo. A cura é um de seus poderes divinos, e Reyna herdou um pouco disso. Ela foi capaz de deslocar e consertar o braço quebrado de Dakota. Isso a deixa exausta, entretanto. Ela vai ter que dormir um pouco — Bobby explicou. Reyna, ainda respirando pesadamente, perguntou: — Como se sente, Kota? — Ele esticou o braço e flexionou o pulso. — Não mais quebrado — ele disse, ainda recuperando o fôlego.
Ela inclinou a cabeça para trás contra o banco e disse: — Bom. — Obrigado, Reyna — Dakota disse. Ela bocejou e disse: — Agora estamos quites. Ela fechou os olhos e adormeceu instantaneamente.
O
encarando uma casa branca de mármore. Tinha colunas pesadas de pedra na frente e portas de bronze polido. Havia um número 1 em bronze na porta. Alguém saiu dela; era Jason. Reyna gritou por ele, mas ele não respondeu; era como se ele não pudesse ouvi-la. Ela queria correr para ele, mas não podia se mover. Uma garota avançou para Jason, e começou a conversar com ele. Reyna não podia distinguir o que eles diziam. A garota tinha cabelo castanho cotado com muita irregularidade e algumas tranças nos lados. Ela usava calça jeans azul surrada e uma jaqueta de esqui. Ela era uma garota muito bonita, mesmo parecendo que tentava não ser. Ela apertou a mão dele, e Reyna começou a irritar com a visão. Quem essa galinha pensa que é? SONHO DE REYNA COMEÇOU COM ELA
Reyna tinha uma queda por Jason. Eles sempre foram amigos próximos, mas aparentava que estavam ficando mais próximos ainda desde o fim do verão, desde a batalha. Reyna nunca contou a Jason o que ela começava a sentir por ele, e agora ela se culpava por não ter contado. Eles continuaram a conversar, e Reyna pôde começar a entender algumas palavras: memória, romanos, gregos. Ela não conseguia entender o que significava, mas soube que era importante. Quando a garota terminou de conversar com Jason, ela o beijou na bochecha e se afastou. Jason voltou para a casa de mármore, e um lobo apareceu onde ele estivera. Lupa. — Olá, minha pupila — falou Lupa. — Madame Lupa — Reyna disse e curvou a cabeça. — Não temos muito tempo, então serei rápida — disse Lupa. — Essa missão sua de me resgatar é só o começo. Sinto que algo grande está prestes a acontecer, a grande profecia pode estar começando. Temo que você tenha um longo e duro caminho pela frente e sacrifícios terão que ser feitos. Me encontre,
Reyna, e lhe levarei para o que procura. Boa caça, pupila. — Assim que Lupa terminou, Reyna acordou. Sua cabeça estava descansando no ombro de Dakota. Ela olhou para cima e notou que ele estava adormecido. Ela olhou para todo o Hummer, e não havia ninguém nele. Eles haviam parado num posto de gasolina. Bobby estava enchendo o tanque enquanto Percy e Hazel davam uma olhada na loja de conveniência. Bobby pendurou a bomba e voltou para o Hummer. — Brrrrr, está frio lá fora — comentou. — Onde nós estamos? — perguntou Reyna. — Ah, você acordou! — exclamou Bobby. — Estamos a umas duas horas do Pikes Peak. Dakota bocejou e esticou os braços. — Já chegamos? — Em duas horas — falou Reyna. Percy e Hazel riam durante a volta ao Hummer, cada um segurando um saco. Eles entraram e Hazel disse: — Comida e bebida. Reyna olhou numa mochila. — Comida gordurosa. Bobby ligou o motor e dirigiu de volta para a estrada. — Tem bolinhos aí? — perguntou Dakota. Percy jogou um pacote de bolinho sobre o ombro para os assentos traseiros e Dakota o pegou. — Excelente — murmurou. — Cadê o meu Red Bull? — perguntou Bobby. — Aqui — falou Hazel, passando para ele. Reyna pegou uma garrafa de suco de maçã e um saco de rosquinhas nutritivas. Eles comeram e ouviram um pouco de rock’n’roll no rádio. Estavam dirigindo por uma pista de asfalto serpeante no coração das Montanhas Rochosas. Neve fina começou a cair e Bobby ligou os limpadores de vidro. Passaram por uma placa que lia-se: COLORADO SPRINGS A 60 QUILÔMETROS. A
tempestade de neve começou a engrossar, e o vento começou a uivar. Não ia demorar muito até eles entrarem numa nevasca. Bobby teve que diminuir a velocidade consideravelmente. A estrada começava a ficar lisa, assim Bobby pressionou um botão no painel para engatar tração nas quatro rodas. A visibilidade era quase zero até com os faróis no máximo e os limpadores em potência total. Houve um lampejo claro de luz azul na frente deles, depois outro. E outro. Bobby diminuiu a velocidade para quase um rastejo. — Que luz foi aquela? — perguntou Bobby. — Alguém sabe? — Não posso ver nada por essa neve — falou Percy, semicerrando os olhos, olhando pelo para-brisa. Subitamente, a neve na frente do Hummer começou a redemoinhar violentamente como um tornado. — Que inferno...? — praguejou Bobby e pisou no breque, parando completamente. O tornado de neve movimentava-se pela estrada aspirando a neve cortante e aumentando a visibilidade. O tornado de neve alcançou as lampejantes luzes azul então desapareceu revelando uma nuvem de tempestade escura com forma de cavalo no meio da pista. A nuvem em forma de cavalo olhou para o Hummer, batendo os cascos no pavimento. — O que é isso? — Percy perguntou. — O que quer que seja, não deve ser coisa boa — respondeu Bobby. A nuvem de cavalo empinou-se e raios crepitaram pela sua crina. — É Tempestade! — gritou Reyna enquanto o cavalo começava a correr até eles. Bobby colocou o Hummer na ré e pisou quase que perfurando o acelerador. Ele colocou sua mão direita atrás do encosto de cabeça de Percy e a sua mão esquerda no volante. Olhou para trás para ver pelo vidro de trás. — Tira a cabeça, Reyna! — gritou e ela se abaixou. Bobby voou baixo pela estrada de ré. Ele olhou para frente para frente Tempestade aproximando-se deles. Fumaça soprou das suas narinas e raios faiscaram no seu dorso. Quando Tempestade estava a centímetros do capô do Hummer, Bobby gritou:
— Segurem-se! Ele lançou o volante para a esquerda e o Hummer deu uma volta de trezentos e sessenta graus. As garotas gritaram, e Tempestade passou correndo direto pelo Hummer na hora em que ele girava para fora do seu caminho. Bobby jogou o carro de volta para a pista e acelerou. O velocímetro marcava cem, cento e dez, cento e trinta quilômetros por hora. Tempestade estava justamente no para-choque deles. A estrada fez uma curva para a direito e Bobby jogou o volante deslizando o Hummer na curva usando todas as quatro rodas. — Uuuuuuh, huuuuuuu! — gritou Bobby enquanto todos se seguravam pelas suas queridas vidas. Tempestade agora estava galopando pelo lado direito do Hummer. Ele bateu sua cabeça na porta de Percy escorregando o Hummer pela rodovia. Bobby retomou a direção então direcionou o volante para Tempestade, chocando-se nele e diminuindo sua velocidade, mas só por um segundo. A estrada fez uma curva para a esquerda, e Bobby tomou-a num completo deslize lateral e saiu da curva totalmente de frente. Tempestade se movera para o lado esquerdo do Hummer agora. Sua cabeça estava plana com a porta do motorista. Bobby olhou para fora da janela para ver Tempestade prestes a golpear sua cabeça na porta. Bobby pisou no freio e Tempestade voou para a direita, na frente deles, não acertando o Hummer por centímetros e voando para fora da estrada no lado direito. Bobby pisou novamente no acelerador girando todas as quatro rodas enquanto saía disparado. Tempestade emergiu de volta na estrada atrás deles. — O teto lunar! — gritou Bobby. Dakota olhou para Reyna. — Pegue seu arco. Reyna desafivelou seu cinto de segurança e pegou seu arco e aljava da mala traseira do carro. Percy pressionou o botão para abrir o teto lunar. Reyna ficou de pé no console central e passou seu corpo para fora do teto lunar. Ela puxou o arco e atirou uma flecha em Tempestade. A flecha o atingiu, e ele recuou em dor. Então voltou normal correndo atrás deles. Ela atirou várias outras flechas diminuindo a velocidade de Tempestade, mas sem matá-lo. Ela agachou de volta ao Hummer. — Não funcionou — falou enquanto se sentava de volta no banco e afivelava o cinto.
Bobby ainda estava dirigindo a cento e trinta quilômetros por hora e deslizando nas curvas. Tempestade ainda estava ganhando deles. Eles podiam ver as luzes de uma cidade alguns quilômetros adiante. Se eles pudessem simplesmente chegar lá, talvez Tempestade não os seguisse numa área povoada. Estavam a só um quilômetro da cidade quando Tempestade os alcançou. Bobby olhou pelo retrovisor para ver a cabeça dele na janela de trás, então desapareceu de vista. Subitamente ouviu um ruído alto no para-choque traseiro e o Hummer saiu girando fora de controle. Bobby tentou manejar o volante, mas estava indo rápido demais. O Hummer ficou girando, girando, e todos gritaram mais alto do que qualquer outra coisa. O Hummer saiu girando da rodovia, desceu um desfiladeiro, e acertou uma grande árvore de pinho, fazendo os airbags se encherem. Todos se sentaram ali ofuscados por alguns segundos. — Onde ele foi? — berrou Reyna. Todos olharam em volta, mas nenhum sinal de Tempestade foi visto. — Acho que ele tenha pensado que nos matou — sugeriu Dakota. De repente, houve uma voz dentro do Hummer... Eu sou Onstar. Recebemos um alerta de que vocês bateram. Precisam de assistência médica? — Hã... não madame, estamos bem, mas você poderia mandar um guincho para levar o carro? — falou Bobby.
Ele estará aí em uma hora, a voz disse. — Obrigado — falou Bobby. Todo mundo pulou para fora do Hummer. Eles estavam doloridos, mas ninguém machucado. Dakota olhou para o Hummer quebrado e disse: — Estou muito contente por ter o seguro extra. Bobby começou a gargalhar mas logo rompeu numa risada. — Foi muuuuito incrível! Podemos fazer de novo? — Não! — todos gritaram ao mesmo tempo. — Vamos pegar nossas coisas e ir para aquela cidade que vimos lá na frente. Talvez a gente consiga achar algum lugar pra sair dessa nevasca — falou Reyna.
Eles caminharam para a pequena cidade e rapidamente localizaram um pequeno resort que tinha uma loja de esqui e chalés para alugar. Entraram no saguão e foram para o balcão, tirando a neve dos casacos. O homem atrás do balcão disse: — Tá frio aí fora, hein? — Sim, senhor — todos disseram. — O que posso fazer por vocês hoje à noite? — perguntou o homem. — Gostaríamos de alugar um chalé, por favor — falou Reyna. — Bem, vocês têm sorte; só sobrou uma. Quantas noites? — perguntou ele. — Só uma — respondeu Reyna. — Vocês estão de férias? — o homem perguntou enquanto digitava no seu computador. — Reunião de família — disse Hazel com um sorriso. — Ah, precisaram se afastar de adultos malucos um pouco. Entendo — disse. — Ok, vou precisar de uma carteira de motorista e um cartão Visa ou Master Card. Dakota passou ao balconista sua carteira e um cartão Visa. O homem imprimiu a papelada e Dakota assinou. — Chalé um — informou o homem —, assim que saírem, vão para a direita. — E deu a chave para Dakota. — Obrigado — falou Dakota. Avançaram para um grande chalé de toras de madeira de dois andares com um número 1 de bronze sobre a porta. Tinha grandes colunas de madeira na varanda da frente que sustentavam a sacada do segundo andar. Parecia surpreendentemente similar à casa de mármore que Reyna vira no sonho. — Eu sou a primeira no chuveiro — disse Hazel enquanto passavam pela porta da frente. Todos derrubaram suas coisas e fizeram-se em casa. Havia uma imensa área de estar e cozinha. Lenha queimava na lareira deixando o clima agradável e aconchegante. Haviam dois quartos embaixo e dois quartos, então alguém teria que dormir no sofá. Reyna subiu as escadas e abriu uma porta de vidro
deslizante. Ela saiu para a sacada fechando a porta às suas costas. Cruzou os braços descansando-os no parapeito da sacada e encostou-se nela, olhando para a nevasca. Alguns minutos passaram antes dela ouvir a porta deslizar e depois fechar-se. Dakota encostou-se na sacada ao seu lado. Só ficou ali por um momento fitando a tempestade. — Compartilhe seus pensamentos — falou, finalmente. — O que você pensa sobre Percy? — perguntou Reyna. — Eu gosto do cara — respondeu Dakota. — Você não? — Eu gosto, mas... — começou ela. — Você não acha que ele seja quem diz ser — disse Dakota. — Eu acho que ele pensa que é — respondeu Reyna. — Mas você acha que ele é grego — falou ele. — Como soube? — perguntou ela. — Vamos lá, Reyna. Você contou para Jess. Você sabe que ela não pode manter a boca fechada sobre nada. — Eu vou costurá-la quando voltarmos. Para quem mais ela contou? — perguntou em frustração. — Só eu, e ela não vai contar para mais ninguém — garantiu Dakota. — Como pode ter tanta certeza? — perguntou Reyna. — Eu falei para ela que se mantêssemos isso entre nós, eu levaria ela para jantar e ver um filme. — Ele sorriu. — Você é um malandro mesmo — falou Reyna, sacudindo a cabeça. — O quê? Eu tive que fazer alguma coisa. Além disso, ela é um pouco bonita — argumentou ele. Reyna inclinou a cabeça e levantou uma sobrancelha. — É, ela não é realmente do meu tipo. Você sabe, você deveria ter contado isso para mim — disse ele. Reyna assentiu. — Então qual é a sua teoria? — ele perguntou.
— A experiência dele com uma espada e aquele escudo... ele foi treinado — Reyna respondeu. — Concordo, mas ele diz que não — falou Dakota. — Ele me disse que esteve tendo visões, como déjà vu — Reyna contou. — É como se estivesse lembrando de coisas que na verdade nunca aconteceram. Acho que alguém mexeu com a memória dele. — Alguém quer que ele pense que leva uma vida mortal normal? — perguntou Dakota. — Ou querem que nós pensemos que ele leva. Pense sobre isso. Se ele soubesse que era grego quando veio ao nosso acampamento... você pode imaginar? — perguntou ela, sacudindo a cabeça. — É, isso provavelmente não teria sido muito legal, mas por que fazê-lo achar que é um mortal? Por que só não apagar toda a sua memória? — quis saber Dakota. — Isso seria um ponto muito suspeito — ela raciocinou. — Eu não me convenceria, você iria? É mais provável que não teríamos sido tão gentis com ele. — Sim, provavelmente teríamos jogado-o num fosso e o deixado lá — concordou Dakota. Reyna assentiu. — Então você acha que suas memórias reais foram sobrepostas por memórias de uma vida mortal, assim seria mais fácil para ele se infiltrar no nosso acampamento... é um pouco elástico, Reyna... e Jason? — Se percy está aqui com a gente, então... — começou ela. — Você acha que Jason está com os gregos — ele disse com um olhar duvidoso. — Você tem uma teoria melhor? — perguntou Reyna. — Não, e meu cérebro dói só de pensar na sua. — Eu esqueci que pensar é um processo muito esforçado para você. — Ela sorriu. — Cale-se. Ambos sorriram.
— Também tem mais uma coisa, Kota. — O quê? — perguntou Dakota. — Lupa veio a mim num sonho. Ela disse que essa missão era só o começo de algo maior. — Jano disse algo assim para mim, algo sobre minha importante jornada ter começado. E ele perguntou se eu responderia ao chamado. Reyna assentiu. — Lupa acredita que a grande profecia começou. — Pensei ao máximo, mas temos que nos focar na tarefa em mãos que é encontrar Lupa — falou Dakota. Ela assentiu. — Você tem razão. — É claro que tenho — disse. — Agora, vamos voltar para dentro. Está frio aqui. — Eles entraram de volta no chalé. — Bom, eu vou tomar um longo banho quente. Descanse um pouco, Kota. Amanhã será um longo dia.
D AKOTA
ACORDOU COM ALGUÉM SACUDINDO SEU OMBRO.
— Dakota, Dakota — disse Hazel discretamente, sacudindo seu ombro enquanto ele dormia no sofá. — Hum... — Ele abriu os olhos e viu Hazel de pé à sua frente. Ela estava com o cabelo enrolado num toalha no topo da cabeça. — Bom dia, raio do dia. — Ela sorriu. — Que horas são? — Ele bocejou. — Sete — respondeu ela passando para ele um aparelho de barbear. — O banheiro está livre. Dakota esfregou o rosto. Sua barba estava ficando um pouco grossa. A última vez que a tinha feito era a muito tempo atrás. — Obrigado, Hazel — disse e pegou o aparelho. Dakota aparou a barba, tomou banho e vestiu roupas novas que tinha na sua mala. Todos estavam reunindo as coisas e se preparando para ir embora. Reyna olhou para Dakota enquanto ele fechava o zíper do seu casaco. — Você cortou — ela disse para ele. — É — ele disse tocando a própria bochecha. — Estava ficando muito ruim.
Reyna deu de ombros. — Eu pensava que era muito bonito. O coração de Dakota pulou uma batida. Ela não havia dito algo tão bom para ele há um longo tempo. — Então, qual é o plano? — Percy perguntou. — A gente precisa achar um jeito de ir pro Pikes Peak — informou Reyna. — Mas primeiro, café da manhã — disse Bobby. Eles saíram do chalé e a neve estava firme. Devia ter nevado uns trinta centímetros durante a noite, e ainda estava nevando, embora não tanto quanto estava na noite passada. Todos entraram no saguão do resort. Dakota foi para o balcão para devolver as chaves do chalé, e todos se serviram de um café da manhã de cortesia. Eles se sentaram numa mesa e comeram mingau de aveia, panquecas e beberam suco de laranja. — Vamos para a loja de esqui quando acabarmos aqui — disse Dakota. — Talvez possamos arranjar algumas dicas de qual é a melhor maneira de ir ao Peak. — Boa ideia — falou Hazel. — Podemos precisar de instrumentos de caminhada também. Acabaram o café da manhã e rumaram para a loja de esqui. O lugar era o país das maravilhas dos esportes de inverno. Pranchas de esqui estavam penduradas no teto e alinhavam prateleiras nas paredes. Esquis, casacos e botas preenchiam prateleiras em toda a loja. Uma vitrine no balcão do caixa continha compassos, facas e vários GPS de mão. A caixeira da loja saiu de trás do balcão. Ela era jovem, talvez tivesse vinte anos. Tinha cabelo marrom-escuro e encaracolado, e olhos gentis. Parecia atlética como se provavelmente tivesse esquiado essas montanhas a vida inteira. — Posso ajudá-los em algo? — perguntou ela. — Qual é a distância do Pikes Peak daqui? — Dakota perguntou para ela. — Não é longe à base da montanha, agora chegar ao pico é outra história — respondeu ela. — Vocês vão assim mesmo? Eles assentiram.
— Bem, de carro vocês poderiam chegar à base da montanha em uma hora, mas por causa da nevasca a polícia bloqueou todas as estradas — ela explicou. — A tempestade ainda é ruim no pico? — Reyna perguntou. — Temo que sim — respondeu a caixeira. — A previsão do tempo diz que a tempestade passou, e amanhã provavelmente tudo ficará livre. Vocês podem querer esperar até a tempestade passar para ir ao Peak. — A tempestade está conectada a Licaão de algum modo — Reyna sussurrou para os amigos para que a caixeira não ouvisse. — Se a tempestade ainda está aí, então ele provavelmente está também. — Isso nos dá por volta de vinte e quatro horas para achá-lo — disse Dakota. — Mas a montanha é imensa, como conseguiremos localizá-lo? — perguntou Hazel. — Aqueles lobos irão provavelmente encontrar a gente antes que nós encontremos eles — respondeu Reyna. — Vocês sabem, se tiverem pressa para chegar lá, só levaria umas três horas numa motoneve — sugeriu a caixeira. Dakota esfregou uma cicatriz na parte de trás do seu pescoço. Ele esteve um acidente realmente mau com um ATV numa missão no Vale da Morte seis anos atrás, e desde então, ele tem feito tudo o que podia para ficar longe de ATVs, de qualquer tipo que fosse. Reyna olhou para as pranchas de esqui penduradas no teto. — E que tal uma prancha? — Sim, é uma opção. Mas a viagem levará metade de um dia. Não é uma viagem mau daqui até lá agora. Com esses montes de neve, deve ser uma viagem razoavelmente simples, mas longa — a caixeira disse. — E quando chegarmos à base da montanha? — perguntou Hazel. — Vocês terão que escalar até o pico — respondeu a caixeira. — O que vocês acham, galera? — perguntou Reyna para eles. — Com ânimo para esquiar as Rochosas? — Ah, claro — falou Bobby com um vasto sorriso no rosto.
Todos assentiram em concordância. — Muito bem então, peguem o que precisarem — disse Reyna. Todos pegaram uma prancha, óculos de proteção, shorts de esqui e outros itens que precisavam. Dakota olhou para a vitrine. — Desculpe-me, senhorita — Dakota falou à caixeira. — Carmen, me chame de Carmen — ela lhe disse. — Carmen, posso ver uma dessas facas na vitrine? — pediu Dakota. — Claro. Ela abriu a vitrine e entregou uma das facas para Dakota. Ele a desembainhou. Era uma típica faca de escalador. Tinha um cabo de metal, e a lâmina tinha aproximadamente quinze centímetros de comprimento com uma navalha afiada num lado e uma parte pequena e serrilhada no outro. — A lâmina é de aço inoxidável? — perguntou Dakota. — Ah, não, liquidamos as de aço inoxidável. Essas são de prata de lei — respondeu Carmen. — Acabamos de recebê-la, foi entregue ontem. Devem ajudar vocês com o problema dos lobos. Dakota olhou para ela em surpresa. — Quem é você? Como você... Ela sorriu. — Um passarinho me contou. Dakota olhou para a faca novamente. — Vamos levar cinco. Todos pegaram o que precisavam. Enquanto fechavam a conta, Hazel suspirou. — Vocês sabem por quanto tempo poderemos pagar por essa viagem? Bobby olhou para ela e disse: — Nem me lembre. Carmen levou-os para fora da loja até a lateral da estrada num declive coberto de vários metros de neve.
Ela apontou para o sul. — O Peak é para o sul. Esse declive é bastante reto, e vai levá-los para a base da montanha. Vocês podem não serem capazes de ver o pico ao chegarem lá por causa da nevasca. Basta continuarem indo para o sul e devem alcançá-lo antes do cair da noite. Todos olharam para o declive. — Boa sorte, pupilos — Carmen falou para eles. Todos viraram para Carmen surpresos, mas ela partira. — Quem era ela? — perguntou Reyna, confusa. — Acho que era Carmenta — respondeu Dakota —, uma das Camenae. — As ninfas proféticas? — perguntou Hazel. Dakota assentiu. — Eu acho que Pico lhe disse que estávamos vindo. — Pássaro tão amigável. — Hazel sorriu. Todos viraram para Hazel. — Que foi? — Ela deu de ombros. — Ok, gente, vamos vistam as coisas — ordenou Reyna. — Eles colocaram seus shorts de esqui, luvas e mochilas, e fecharam o zíper dos casacos. Puseram elmos sobre as toucas e se prenderam nas pranchas. — Percy, você já esquiou na vida? — Dakota perguntou para ele. — Não — respondeu Percy. — Mas você anda de skate, certo? — perguntou Reyna. — Sim — respondeu Percy. — É o mesmo princípio, basta começar devagar e você deve dominar rapidamente — lhe disse Reyna. — Você faz parecer fácil — disse Percy. — Aprender é a parte mais difícil — explicou Reyna. — Você só tem que manter sua percepção na prancha e no terreno.
— Não se preocupe, Percy. Eu te ajudo — falou Dakota colocando a mão no ombro de Percy. — Estão todos prontos? — perguntou Reyna. — Uuuh, sim! Isso vai ser tão divertido! — gritou Bobby, animado. Dakota lançou seus óculos de sol no ar, e um óculos de esqui pousou na sua mão. Ele o colocou e todos colocaram seus óculos sobre os olhos. — Será uma longa viagem, então mantenham o passo. Se precisarem parar, avisem e descansaremos. A visibilidade nessa tempestade de neve é limitada, então tentem ficar à vista um do outro. Não quero perder ninguém — ordenou Reyna. Todos assentiram. — Ok, vamos lá. Eles subiram suas pranchas e começaram a descer o declive. Dakota ficou lado a lado com Percy, ensinando-o a como usar o lado traseiro e dianteiro da prancha. Dakota o ensinou a deslizar lateralmente, transversais e manobras circulares. Percy era inato. Ele logo estava tentando pequenos truques como ollies e giros de frente e trás. — Está pronto para mostrar a eles como se faz? — Dakota sorriu para Percy. — Ah, claro. — Percy sorriu. Eles foram para Reyna, Bobby e Hazel. Dakota e Percy alcançou-os bem na hora que iam para uma saliência no declive. Dakota e Percy passaram voando pelos outros rapidamente passando a saliência. Percy estourou num method air, segurando a borda da prancha entre as tiras com sua mão de liderança no meio do ar. Dakota saiu da saliência num salto mortal para trás na parte traseira da prancha. Ambos fincaram no chão novamente. — Uuuh, isso, Percy! — gritou Bobby. Percy jogou os braços para cima em celebração e todos o encorajaram. Depois disso, cada pequena saliência que encontravam, faziam manobras de esqui e alguns truques. Todos estavam numa incrível disposição. Algumas horas na viagem e a tempestade de neve começou a ficar muito mais pesada, e eles tiveram que diminuir a velocidade e ficarem juntos. Pararam
para respirar debaixo duma porção de árvores no declive para sair do vento e da neve. Comeram ração e se hidrataram. Eles continuaram viajando para o sul por algumas horas. A tempestade estava ficando ruim. — Devemos estar chegando perto — disse Reyna. — Estamos — falou Dakota. — Eu consigo ver a base da montanha. É só a um quilômetro daqui. — Como você pode ver nessa nevasca? — perguntou Percy. — Esses óculos — explicou Dakota — têm um poder mágico de visão clara. Chegaram á base do Pikes Peak na tarde, mas parecia que era noite por causa da tempestade. Eles tiraram as pranchas de esqui e as amarraram nas mochilas. Dakota deu a cada um uma faca de prata que compraram na loja de esqui. — Então — disse Hazel —, subimos? — Subimos — respondeu Reyna. — Fiquem alerta — gritou Dakota. — Podemos cair facilmente numa emboscada nessa tempestade. Eles começaram a subir. Continuaram próximos um ao outro para que não se separassem na tempestade. Escalaram até o cair da noite, e a tempestade ainda assolava. O vento silvava e neve soprava de todos os lados. Era frio, muito frio, e estava começando a afetá-los. — Eu tô congelando — resmungou Bobby. — Não dá pra parar agora — falou Reyna. — Estamos perto. Temos que continuar andando. Escalaram mais a montanha. Repentinamente, todos pararam na subida ao som de lobos sibilantes. Eles ficaram parados, ouvindo enquanto os sibilos ficavam mais altos. Olhos vermelhos brilhanntes se tornaram visíveis na tempestade. Todos puxaram as facas. Então um som de assobio rasgou o ar, depois de novo e de novo. Uma flecha acertou uma árvore ao lado de Dakota. — Abaixem-se — disse Dakota e eles se prepararam para ação, e se arrastarem, escondidos atrás duma grande pedra.
Eles espiaram em volta da pedra para verem o que estava acontecendo. Um grupo de aproximadamente meia dúzia de garotas jovens vestidas com camuflagem cinza e branca estavam atirando flechas de prata numa grande matilha de lobos negros. — Quem são elas? — sussurrou Bobby. — Caçadoras — falou Reyna como se a palavra tivesse um gosto ruim na sua boca. — Caçadoras? — perguntou Percy. — Donzelas imortais que caçam monstros — disse Dakota. — Eu... ouvi histórias, mas nunca realmente vi elas antes. Eu sempre pensei que eram só um mito. É melhor ficarmos escondidos. Elas vão nos matar se acharem que estamos interferindo na caça. Reyna olhou de espreita no lado da pedra. — Não vejo Licaão em lugar nenhum. — Mas ele deve estar perto — Hazel disse. Percy espiou pela pedra e subitamente tinha um olhar confuso no rosto. — O que foi, Percy? — perguntou Dakota. — Aquela garota — respondeu Percy —, eu conheço ela. É a minha amiga Thalia, e ela realmente está aqui. Não é apenas uma visão. O que ela está fazendo aqui? — Percy começou a se levantar de trás da pedra. — Tha... — Percy começou a gritar o nome de Thalia, mas Bobby o agarrou e puxou-o de volta para trás da pedra cobrindo sua boca. — Você é louco? — perguntou Bobby. — Ela é minha amiga — retrucou Percy. — Eu não quero que ela se machuque. Ela não devia estar aqui. — Vamos pensar nisso depois, Percy — disse Bobby. Reyna olhou para Percy, e Dakota podia dizer que as engrenagens estavam girando na cabeça dela. — Nós precisamos descer para que elas não vejam a gente — disse Dakota. — Licaão não está com esses lobos, mas é provável que ele ainda esteja na montanha. Deveríamos tentar encontrar seu rastro. Eles estavam prestes a descer quando Hazel perguntou:
— Cadê Reyna? Ela não estava mais com o grupo. Dakota abaixou seus óculos de proteção e viu ela a uns quarenta metros de distância, andando furtivamente para uma Caçadora. — O que ela está fazendo? Esperem aqui enquanto eu pego Reyna, então vamos achar um lugar pra nos abrigar fora da tempestade — ordenou Dakota. Dakota continuou abaixo andando silenciosamente entre as árvores na direção de Reyna. Ele estava a poucos metros dela quando Reyna pulou nas costas da Caçadora. Elas rolaram e Reyna cobriu a boca da Caçadora enquanto lutavam. Dakota sabia que ele tinha que fazer algo drástico. Eles não podiam simplesmente soltá-la agora, ela contaria para as outras Caçadoras que eles estavam ali. Dakota se aproximou delas. Ainda lutavam. Em desespero, Dakota cerrou o punho e socou a Caçadora no rosto, adormecendo-a. — O que pensa que está fazendo? — perguntou Reyna, frustrada. — Salvando a sua viva, venha! — respondeu ele levantando-a do chão. Eles correram para a pedra e se encontraram com Percy, Bobby e Hazel, depois se afastaram silenciosamente das Caçadoras e dos lobos. Encontraram uma caverna rasa e correram para lá como esconderijo. — Acendam uma fogueira e peguem ração — disse Dakota. — Vamos descansar aqui um pouco. — Dakota olhou para Reyna e pegou seu braço entre o cotovelo e o ombro. — Você, venha comigo. Dakota levou Reyna para fora da caverna, de volta á tempestade. Ele continuou puxando-a e ela lutou. — Me solte! Você não tem o direito! — gritou ela. — Cale-se — disse Dakota com dureza. — Qual é o seu problema? — perguntou Reyna. Eles chegaram a um grupo de árvores que quebrava o vento e a neve, e Dakota colocou Reyna na sua frente soltando seu braço. — No que você estava pensando lá atrás? Você podia ter matado todos nós! — repreendeu Dakota. — No que eu estava pensando? Seu burro, você socou aquela garota — disse Reyna. — Você não me deu escolha. E o que você ia fazer com ela, Reyna?
— Percy conhece uma delas. Aposto que elas sabem onde está Jason — raciocinou Reyna. — Elas são Caçadoras. Elas não sabem de nada nem ao menos se importam, e além disso, essa missão é para encontrar Lupa, e não Jason — disse Dakota para ela. — A gente ainda pode procurar por ele. Precisamos encontrá-lo. E se ele estiver em apuros? — ela retrucou com desespero na voz. — Jason é o meu melhor amigo, e eu quero encontrá-lo mais do que ninguém, mas você está indo longe demais. Jason não é uma criança. Ele pode cuidar de si — disse Dakota. — Poderíamos ter feito aquela Caçadora nos contar onde estão os gregos. — Deuses, Reyna, ouça o que está dizendo. Eu sei que você acha que está apaixonada por Jason, mas... — Você não sabe de nada! — gritou ela. — Eu sei que ele não te ama. Ele se importa com você, certo, mas não te ama... — Você não do que está falando — disse Reyna. — Esse é o meu negócio. — Não é só o seu negócio quando seus atos põem todos em perigo! — gritou ele. — Desde quando você se importa com alguém a não ser você mesmo? Eu vou achar Jason; eu preciso! Eles estavam gritando um com o outro a um grande ponto. — Por quê? Então você pode falar para ele que o ama? Querida, ele não ama você, não do jeito que você merece! — Ah, o quê, e você acha que pode? — ela gritou enquanto lágrimas escorriam do seu rosto. — Você nunca pôde! — Isso não é verdade e você sabe disso! — ele retrucou. — Se você me amava então por que se afastou? — ela perguntou para ele, desesperadamente querendo a verdade. Dakota queria contá-la a verdade. Ele queria contá-la sobre a visita de Vênus no ano passado quando ela lhe contou que a mulher que amava ele levaria uma dura vida trágica cheia de mágoa e morte. Dakota não podia deixar
Reyna ter aquele tipo de vida, então depois de dois anos juntos, Dakota parou com isso sem dá-la uma verdadeira explicação. — Você não entenderia. — Dakota suspirou. Reyna limpou as lágrimas do rosto. — Você sabe disso, basta esquecer — ela falou e virou para andar de volta à caverna. — Reyna — ele gritou atrás dele. — Me deixe em paz, Kota — ela disse sem olhar para trás. Ela desapareceu na tempestade, deixando Dakota parado ali de pé.
Q UANDO D AKOTA
R EYNA
Percy olhou a sua volta. Era uma caverna pequena com folhas e galhos secos encobrindo o chão. Percy calculou que havia cavernas como essa por toda a montanha. Percy e Bobby recolheram galhos e folhas, e Hazel fez uma fogueira. Eles sentaram-se ao redor do fogo, aquecendo suas mãos e comendo um lanche. Percy não conseguia tirar de sua mente a visão de Thalia. Ele queria correr para a tempestade e tentar encontrá-la. Ele não tinha ideia do que ela estava fazendo em cima dessa montanha lutando com lobisomens, mas havia uma sensação em seu estômago que talvez ela estivesse fazendo o que deveria fazer. E
DEIXARAM A CAVERNA ,
— Pensando na sua amiga? — Hazel perguntou a Percy. — É muito estranho vê-la aqui, mas isso também parece certo. As Caçadoras são semideusas também? — Percy perguntou. — Sinceramente, eu não sei muito sobre elas. Não falam muito a respeito delas. Tudo o que eu sei é que elas ficam jovens para sempre e podem morrer apenas em batalha — Hazel respondeu. — Você acha que ela era uma Caçadora todo esse tempo e eu nunca soube? — Percy perguntou. — Não sei, Percy. Eu não acho que uma Caçadora não pode ter qualquer tipo de vida normal; elas estão sempre caçando — ela supôs.
— Mas ela vai ao meu colégio. Eu a vejo todo dia. Talvez eu possa tentar encontrá-la. Ela pode estar com problemas — Percy disse. — Ela está bem, Percy. Ela sabe o que está fazendo com esses lobos. Você não precisa se preocupar com ela — Bobby disse a ele. — Você é importante para ela, e você se dedica com a segurança dela. Você é um bom amigo, Percy e eu tenho certeza que ela sabe disso — Hazel disse. Percy assentiu. Reyna entrou na caverna, chacoalhando a neve de sua jaqueta. Ela sentou-se junto à fogueira para se aquecer. — Está tudo bem? — Bobby perguntou a ela. — Ótimo — ela disse rapidamente apesar de obviamente não estar bem. Alguns segundos depois Dakota entrou na caverna e se sentou perto de Percy. Ninguém disse uma palavra. Eles ficaram em um silêncio embaraçoso por alguns minutos. — Então — Hazel disse, quebrando o silêncio —, qual será o nosso próximo movimento? — Nós procurarmos a montanha de Licaão — Reyna disse. — Você acha que nós somos capazes de encontrá-lo na tempestade, especialmente nessa escuridão? — Hazel perguntou. — Nós temos que tentar — Reyna respondeu. Reyna deu a Dakota um olhar irritado. Percy sentiu que o que quer que tenha acontecido entre os dois fora da caverna não foi agradável. — Kota, você pode fazer seus óculos serem de visão noturna? — Reyna perguntou a ele. Ele assentiu, mas não disse uma palavra. — Kota tem uma ideia. Ele ficará subindo a montanha até nós encontrarmos Licaão — Reyna disse. — Parece que podemos começar. Se as Caçadoras encontrarem Licaão antes de nós, quem sabe o que vai acontecer com Lupa? — Bobby disse. Eles amarraram seus pacotes, apagaram a fogueira e direcionaram-se para a tempestade. Dakota levou-os até a montanha, sendo capaz de ver através da
neve e o escuro com seus óculos de visão noturna. Eles caminharam por menos de uma hora quando Dakota parou. — Aqui está — Dakota disse, apontando em frente a ele. — Qual é a distância? — Reyna perguntou. — Uns cento e oitenta metros. Parece que ele está ferido. Ele está se movendo devagar e com a mão no ombro — Dakota explicou. — Talvez esperançosamente.
as
Caçadoras
o
tenham
ferido
—
Bobby
disse
— Talvez... Eu só vi dois lobos com ele — Dakota disse. — Nós podemos pegá-lo agora enquanto estamos em maior número que ele — Reyna sugeriu. — Esperem... ele pegou algo do chão. Parece um saco — Dakota disse. — Um saco de tecido? — Percy perguntou. Dakota assentiu. — Pode ser. — Ele colocou Lupa em um saco de tecido quando a pegou — Percy relembrou. — Parece que ela ainda está lá — Dakota disse ainda olhando através dos seus óculos de visão noturna. — Esperem um pouco, o que ele está fazendo? Opa, ele a jogou no penhasco! — O quê? Qual a distância até lá embaixo? — Reyna engasgou. — Eu não sei dizer desse ângulo. Se nós temos que fazer isso nós temos que fazer agora — Dakota sugeriu. — Todos já estavam com suas facas prateadas em mãos. — Vamos lá — Reyna ordenou. Eles correram até Licaão e os dois lobos, pegando-os de surpresa. Eles levaram Licaão e os lobos para a beira do penhasco que não chegava a lugar nenhum. Os lobos rosnaram, mostrando seus dentes afiados, mas eles não atacaram. Eles ficaram no calcanhar de Licaão. — E quem são vocês? — Licaão perguntou a eles.
— Você sequestrou Lupa, e nós estamos aqui para trazê-la de volta — Hazel disse ressentida. — Mais semideuses... interessantes — Licaão sorriu descontroladamente. — Bem, desculpem-me por dizer, mas vocês acabaram de perder Lupa. Ela levou um belo tombo. Dakota apontou sua faca em direção de Licaão. — Eu vi você jogá-la no penhasco. Licaão virou sua cabeça e olhou para o penhasco. — Espero que ela prenda a respiração. É um longo caminho abaixo — Licaão disse e estalou seu dedos. Os lobos atacaram-os. Dakota e Hazel lutaram com o lobo da direita e Bobby e Reyna lutaram com o lobo da esquerda. Eles cortavam suas facas nos lobos e mergulhavam e rolavam dos ataques. Percy ficou cara a cara com o próprio Licaão. Licaão começou a se curvar e se ajoelhar como se estivesse encurvando suas mãos e calcanhares. O rosto de Licaão começou a se transformar como o dos lobos, e então seu corpo começou a se transformar, também. Em apenas alguns segundos, Licaão havia se transforma em um lobo âmbar-escuro do tamanho de um caminhão. — Nada bom — Percy murmurou para si mesmo. Licaão saltou na direção de Percy, e Percy saiu do caminho na hora certa. Percy não teve tempo para ficar de pé quando ele viu uma pata gigante vindo e direção a ele. Percy rolou para evitar ser esmagado. Licaão segurou Percy para ele não ficar de pé. Percy golpeou Licaão com sua faca prateada. Percy estava desejando ter uma espada prateada. Ele se perguntou como alguém usa uma faca como sua principal arma; deve ser um jogador muito hábil e inteligente. Percy ficou na defensiva, golpeando apenas para manter Licaão na beira. Percy lutava e rolava até que quase esteve na beira do precipício. Licaão estava tentando empurrá-lo para a beira. De repente, Percy ouviu um ganido, depois outro. Os outros dois lobos haviam sido golpeados. Isso foi suficiente para distrair Licaão. Quando Licaão estava com baixa guarda por meio segundo, Percy, ainda deitado de costas, usou seus dois pés para derrubar Licaão, dando a Percy tempo o suficiente para se levantar. Os outros dois lobos estavam mortos, e agora eles haviam cercado Licaão. Todos olharam uns aos outros, e foi como se eles pudessem ler as mentes dos outros. Simultaneamente, todos puxaram suas facas de suas mãos agarrando na borda da lâmina e em um mesmo movimento jogaram em Licaão. Licaão urrou de dor quando as cinco facas acertaram seus
globos oculares. O rugido parou quando ele dissolveu em uma poça de escuridão. — Estão todos bem? — Reyna perguntou. — Bom, ótimo trabalho. — Lupa! — Hazel engasgou. Eles correram para a borda do precipício e olharam para baixo. A tempestade estava passando, e a lua cheia brilhou o suficiente para todos verem claramente. Era uma queda de cinquenta metros até o final do penhasco. Um saco de tecido marrom, o qual parecia um saco de batatas, com uma camada de neve no fim. Percy sabia que com a neve para amortecer o impacto, uma queda daquela altura provavelmente seria fatal. Todos ficaram ali com olhares tristes em seus rostos. — Vocês ouviram isso? — Hazel perguntou olhando para o fundo do precipício. — Ouvir o quê? — Bobby perguntou. — Shh... escutem. Um ganido fraco e lamentável ecoou abaixo deles. — Ela está viva! — Reyna disse espantada. — Nós temos que descer. Dakota já estava vasculhando sua bolsa. Ele tirou uma longa corda preta e arreios. Ele entregou os arreios a Reyna. Ela tirou a mochila de suas costas e colocou o pé no arreio, prendendo no quadril e nas coxas. Ela grampeou sua mochila em um gancho em forma de D enquanto Dakota enrolou a corda em torno de um anel de ancoragem e fez um nó. — Nós temos que descer um de cada vez — Dakota disse enquanto ancorava a corda no topo do desfiladeiro. Reyna amarrou a corda em torno do arreio então jogou a corda no penhasco. Percy quis saber se havia algo que esses caras não sabiam fazer. Reyna se agarrou à borda do precipício e disse: — Vejo vocês no fundos. Percy assistiu ela deslizar na corda tão rápido que poderia estar em queda livre. Quando ela estava a dez metros do fundo ela diminuiu equilibrada, fazendo uma aterrissagem suave na neve.
— Exibida — Bobby murmurou. Reyna desamarrou-se da arreia, puxou a corda duas vezes, e Dakota começou a puxar a corda e o arreio de volta ao topo do precipício. Hazel foi a próxima a descer, embora ela não tivesse feito o show que Reyna fez. Bobby olhou para Percy. — Já fez escalada antes? — Sim, nós tínhamos uma parede de escalada no departamento de atletismo na minha escola. Escalada era um requerimento para a Educação Física. Aposto que eu escalei essa parede cinquenta vezes — Percy explicou. — Bom. Você não vai ter problemas então. — Bobby sorriu. Dakota desceu depois. Quando ele alcançou o fundo, Bobby puxou o arreio de volta. Percy estava prestes a descer quando a voz de Reyna ecoou do fundo. — Bobby! — ela gritou. — Eu preciso de você aqui embaixo. Bobby olhou para a borda. — Eu vou enviar Percy primeiro. — Eu preciso de você agora. Você precisa olhar para Lupa. Ela está realmente machucada — ela gritou de volta para Bobby. — Não é ela que tem o dom da cura? — Percy perguntou. — É, mas ela não sabe nada sobre caninos. Eu sempre amei animais, e eu quero ser um veterinário, então eu estou estudando fisiologia animal por enquanto — Bobby perguntou enquanto ele se prendia no arreio. — Você tem certeza que você pode fazer isso, Percy? — Eu sei que consigo — Percy respondeu confiante. — Certo, te vejo em um minuto — Bobby disse e desceu para a borda. Percy assistiu enquanto Bobby ia abaixo ao fundo. Ele pensou sobre Bobby querer ser um veterinário. Ele era realmente bom com cavalos e no treinamento de cachorros. Ocorreu a Percy a razão de não haver adultos no acampamento que quando eles chegavam à idade adulta eles faziam outras coisas. O treinamento que eles adquiriam quando crianças era para sobreviverem como adultos fora da proteção do acampamento. Eles finalmente levaram uma vida um pouco normal e Percy teve um pouco de esperança.
Bobby puxou a corda e Percy puxou o arreio. Percy prendeu-se ao arreio, amarrando sua bolsa no gancho, e içou-se no precipício. Ele se lembrou da Educação Física. Percy desceu cerca de um quarto do caminho quando ele sentiu um puxão na corda. Ele parou a descida e olhou para cima. Dois pares de brilhantes olhos vermelhos olhavam para ele. Os lobos começaram a rosnar. Um dos lobos agarrou a corda entre os dentes e começou a puxar rapidamente. — Ei, galera! Estou com um problema! — Percy gritou para eles. Todos olharam para cima e viram o que estava acontecendo. A corda estava sendo puxada para cima do precipício. Já estava alto demais para qualquer um alcançar. — Desça o mais rápido que puder, Percy! — Bobby gritou. Percy desceu rapidamente, mas ele estava a vinte metros do fim quando chegou ao nó no fim da corda, e os olhos estavam puxando-o cada vez mais alto. Percy vasculhou sua bolsa à procura de sua faca, mas ela estava fora de seu alcance. Ele estava apenas a seis metros do topo do desfiladeiro e dos rosnados dos lobos. Ele precisava cortar a corda de alguma forma. Preferia morrer em uma queda do que como comida de lobo. De repente, Percy ouviu uma voz familiar em sua cabeça: Anaklusmos, use somente em emergências . Percy instintivamente pegou sua caneta esferográfica de seu bolso e a destampou. Ela virou uma espada de bronze de dois gumes. — Opa! — Percy gritou de surpresa. Percy olhou para os lobos que agora estavam a dez metros, e olhou para o fundo do penhasco, que era um longo caminho. Ele levantou sua espada hesitante, então ele ouviu outra voz em sua cabeça; era a voz de Annabeth: Lembre de sua linha de vida, bobo! E com isso, Percy oscilou sua espada, cortando a corda, e despencou em uma queda de quinze metros até o fundo do penhasco.
— P ERCY!
— GRITOU
R EYNA
ENQUANTO OBSERVAVA- O CAIR.
Percy se espatifou no chão sobre o seu braço direito. O impacto foi tão intenso que gravou uma cratera na neve, e a espada de Percy foi voando para fora de sua mão. Todos se aproximaram dele. Ele não se moveu. Reyna se ajoelhou ao lado dele e colocou a mão no seu ombro. — Percy? — Ai — gemeu Percy e rolou para ficar de costas para baixo. Os amigos ofegaram em choque por ele ter sobrevivido. — Deuses, Reyna! Você trouxe ele de volta da morte! — falou Bobby em diversão. — Eu não fiz nada demais. Bobby apontou o dedo para ela. — Você tocou nele. — Eu não estava morto, Bobby — disse Percy, se sentando e esfregando os olhos. — Bem, devia estar — falou Dakota. — Deixe-me dar uma olhada em você, Percy — disse Reyna.
Reyna tocou seus braços, pernas, costelas e a espinha. Reyna sacudiu a cabeça em incredulidade. — Nem um único osso quebrado ou dano interno. — Você é um filho de Netuno sortudo — disse Dakota, oferecendo a Percy sua mão para ajudá-lo a se levantar. Reyna olhou para Percy. Ela teve a sensação que havia mais coisas do que só sorte. Eles precisavam descobrir quem Percy realmente era, e depressa. Se eles não percebessem o que realmente estava acontecendo, o motivo real dele aparecer no acampamento, eles podiam estar num mundo de problemas. Percy se levantou e espanou neve da jaqueta. — Inacreditável. — Hazel sorriu. Bobby ainda parecia desconcertado. — Como você não morreu? Percy olhou para o topo da falésia e disse: — Não tenho a mínima ideia. Os lobos começaram a uivar. — Parece que a gente precisa continuar andando antes que eles achem uma maneira de descer para cá — sugeriu Hazel. — Lupa não está estável o bastante para se mexer — avisou Reyna andando de volta a Lupa. O uivo estava ficando mais alto. — Seria melhor você deixá-la estável o bastante — lhe disse Dakota. Todos ficaram de pé em torno de Lupa. Reyna e Bobby se ajoelharam ao lado dela. Ela estava inconsciente e sua respiração era rasa, fazendo um som gorgolejante. — O que tem que ser feito primeiro, Bobby? — perguntou Reyna. — Espinha e os órgãos maiores, os ossos quebrados podem esperar. Reyna levantou o olhar para Dakota. — Você sabe que vai provavelmente me carregar para fora daqui, certo?
Dakota assentiu. — Só faça o que tem que fazer. — A gente precisa carregar Lupa para mantê-la estabilizada — contou Bobby. — As pranchas de esqui — sugeriu Hazel. Dakota pegou um pouco de fita adesiva da mochila e Hazel e Percy começaram a tirar as tiras das pranchas de esqui para que pudessem amarrá-las juntas, fazendo uma maca. Reyna levantou as mãos sobre Lupa. — Aqui vamos nós — ela disse, e pôs as mãos no lado de Lupa, ao longo da sua caixa toráxica. Reyna pôde sentir os ferimentos: pumão perfurado, vértebra fraturada, ruptura do baço, assim como uns quinze ossos quebrados e uma concussão severa. Reyna enfraquecia enquanto curava os ferimentos mais sérios de Lupa. Reyna estava respirando pesado e começando a suar até mesmo no frio penetrante. Bobby levou um cantil à boca de Reyna e a fez beber néctar para repor as energias. O rabo de Lupa tremeu enquanto Reyna reparava os órgãos danificados. Ela tirou as mãos de Lupa e quase desmaiou. Bobby a pegou e ajudou-a a se sentar numa pedra. Bobby colocou a mão na testa de Reyna. — Estou bem — Reyna disse a Bobby. — Os órgãos vitais de Lupa estão estáveis por enquanto, mas ela ainda precisa de muitas coisas. Eu não pude emendar os ossos quebrados, e Bobby, tem severos. Precisamos de ajuda. — Que tal um fauno? — sugeriu Bobby. — Certamente há um nessa montanha em algum lugar. — Boa ideia. Percy andou na direção deles. — A maca está pronta. — Percy, tem um cobertor de sobrevivência emergente e uma injeção sedativa no meu kit de remédios. Pode pegar? — pediu Reyna a Percy. — Claro — respondeu Percy e foi pegar os itens. — Bobby, seda ela — pediu Reyna. — Eu não quero que ela acorde; estaria numa dor excruciante. Enrole-a no cobertor e amarre-a à maca com fita adesiva.
— Entendi. — Bobby assentiu. — E você? Está prestes a ter um piripaque. — Eu vou ficar legal — garantiu Reyna. — Só preciso descansar. Fale para Hazel que precisamos encontrar o lar de um fauno. Se tiver sorte, ela pode encontrar um. Um lobo uivou à distância e todos olharam em volta. — Bobby — Percy gritou para ele. — Vamos, cara. Temos que nos apressar. Bobby correu para Lupa. Percy passou a ele o sedativo e ele injetou-o atrás do pescoço de Lupa. Eles cuidadosamente enrolaram Lupa num cobertor que parecia um lençol de folha de alumínio e deslizou a maca provisória para baixo dela. Usando fita adesiva, prenderam Lupa à maca. Bobby e Percy pegaram, cada um, um lado da maca e a levantaram do chão coberto de neve. Dakota foi para perto de Reyna. — Vamos — ele falou para ela. Ela tentou se levantar e Dakota a ajudou a ficar sobre os pés. Assim que ficou de pé, seus joelhos dobraram, e se não fosse por Dakota, ela teria caído novamente. — Bem, parece que eu vou ter que te carregar para fora daqui — disse Dakota. Reyna colocou o braço em volta do pescoço, e ele colocou um braço nas costas delas e o outro entre seus joelhos e a levantou. Ela descansou a cabeça no ombro dele. — Andando — Dakota falou para todos, e eles começaram a caminhar com Hazel na dianteira. — Obrigada, Kota — sussurrou Reyna. — Durma — ele falou para ela, e Reyna adormeceu instantaneamente. O pesadelo terrível de Reyna começou com ela de pé na neve sobre os tornozelos e olhando para um ponto tão alto que ficou com cãibra no pescoço. O que ela estava vendo era a coisa mais perturbadora e alarmante que ela já vira. A criatura era enorme; devia ter nove metros de altura. A parte de cima do corpo do monstro era humana, um homem muito grotesco. Ele usava armadura de bronze sobre seus músculos, e na sua mão esquerda ele segurava uma lança tão comprida e grossa quanto um poste de luz. Seu rosto era pálido e selvagem. Seus olhos eram de um branco pesado e completamente oco. Seu cabelo escuro
era escombros bagunçados na sua cabeça. A parte de baixo do seu corpo era igualmente apavorante. Suas pernas eram cobertas com pálidos escamas amarelas e reptilianas, e seus pés eram enormes garras. No chão ao seu lado estava uma grande gaiola, como uma usada para transportar animais vivos. A gaiola faiscava tão vivamente na luz do sol que era quase cegante. Parecia que a gaiola era feita de ouro maciço. Reyna sabia que tinha algo na gaiola, mas não pôde descobrir o que era. O monstro começou a rir, revelando presas que colocavam as de Licaão no chinelo. A risada era deprimente, e ecoou por todas as montanhas em volta. — Você está muito atrasada, Reyna Ballard. Eu, o gigante Polibotes, ascendi, e agora nem você nem aquele filho de Netuno irritante pode me impedir de me juntar aos meus irmãos na próxima grande Gigantomaquia — ele se gabou. Reyna sabia que Gigantomaquia se referia à guerra entre os gigantes e os olimpianos. Gaia, procurando revanche pela derrota dos titãs, criou os gigantes para se erguerem contra os deuses. Parecia para Reyna que a história antiga estava se repetindo. Reyna estava quase aterrorizada demais para falar, mas conseguiu dizer: — Como você escapou do Tártaro? — Minha mãe, Gaia, está acordando. Logo, todos os meus irmãos irão ascender. Procuraremos vingança pelos deuses que nos mataram na última Gigantomaquia, e então iremos acabar com o Olimpo pela sua essência. A hipótese que Reyna tinha que a grande profecia havia começado se confirmou. Reyna abaixou o olhar para a gaiola. — O que tem nela? — Ah, belas habilidades, não diria? Já que Midas escapou do Mundo Inferior, eu o mandei me construir essa gaiola mágica feita de ouro sólido. Pode aprisionar qualquer coisa, até um deus. Reyna olhou mais de perto entre as barras da gaiola. Ela encontrou os olhos de uma mulher. A mulher falou fracamente na mente de Reyna: Liberteme da minha prisão e eu, Cibele, lhe ajudarei a destruir esse gigante. O gigante riu. — Me desafie e tente libertar a deusa se tiver tal ousadia, Reyna. Basta me trazer Percy Jackson. O pai dele me matou na primeira guerra, e vou me vingar matando o seu filho.
O gigante bateu a lança com força no chão nevado. A onda de choque chocalhou através das montanhas. Muita neve caiu de uma das montanhas, e uma avalanche de branco veio impelindo para Reyna. Ela tentou se virar e correr, não não pôde se mover. Ela gritou enquanto a avalanche passava sobre ela, e aí ela acordou, ainda gritando. — Ei, está tudo bem. Você está bem. Shh, shh — disse Dakota enquanto pegava os ombros dela para acalmá-la. Ela finalmente tomou fôlego e olhou ao redor. Eles estavam numa caverna. Era grande mas não muito funda. Ela podia ver o sol raiando no lado de fora. Notou que todos estavam dormindo nos sacos de dormir no chão, e um pequeno fogo de lareira queimava no centro da caverna. Ela viu um fauno alto e magro dormindo sobre uma pedra no outro lado da caverna, e ela viu Lupa descansando integralmente perto do fogo. Reyna se levantou completamente numa posição de sentar e seu estômago deu um salto mortal. — Você está bem? — perguntou Dakota. Ela cobriu a boca com as mãos, se levantou e correu para fora da caverna. Se apoiou numa árvore com uma mão e com a outra, colocou o cabelo para trás enquanto vomitava. Ela estava encostada na mesma posição esperando a onda de náusea seguinte quando sentiu a mão de alguém nas suas costas. Ela inclinou a cabeça e viu Dakota. Ele não falou nada, só deu tapinhas nas suas costas. Essa não era a primeira vez que ele a vira ficar doente. Pelo menos ele não tinha que segurar o cabelo dela para trás dessa vez. Às vezes, a cura tirava mais dela do que só força. Reyna se levantou ereta e respirou fundo. — Melhor? — perguntou Dakota. Reyna assentiu. — Deve ter sido algum pesadelo — sugeriu Dakota. O rosto horripilante de Polibotes faiscou na cabeça de Reyna. Ela virou e vomitou novamente. — Ahh — grunhiu enquanto limpava a boca. Dakota passou para ela um tablete de chiclete. — Obrigada — agradeceu ela e pegou o chiclete. — Como está Lupa? — Está bem. Deve ficar novinha em folha quando acordar.
— É algo bom, porque vamos precisar dela — disse Reyna. — O que está acontecendo, Reyna? — perguntou Dakota. — O que você viu? — Problemas estão se agitando, grandes problemas. Vamos — ela disse e eles voltaram para a caverna. Todos já estavam acordando. Lupa se aproximou de Reyna. Reyna curvou-se para ela. — Obrigada, minha pupila, por ter salvo a minha vida — disse Lupa. Reyna assentiu. — Preciso te contar uma coisa, Madame Lupa. Lupa curvou a cabeça, dando permissão para Reyna falar. — A Grande Profecia começou, e eu sei sobre o que ela é. — Reyna respirou fundo. — É a próxima Gigantomaquia. A caverna ficou sinistramente silenciosa por um momento. — Conte-me — disse Lupa para Reyna. Eles se reuniram, até o fauno, enquanto Reyna os contava sobre o sonho. Quando citou Cibele, o fauno interrompeu. — A Mãe Montanha partiu a dias. Os lobos puderam ocupar a montanha sem a sua presença. Eu não deixo a minha caverna há quase uma semana — explicou o fauno. — A Mãe Montanha? — perguntou Percy. — Cibele, a deusa e mãe das montanhas — esclareceu Reyna. — Eu temo que Polibotes possa estar drenando o poder de Cibele para repor o seu próprio — disse Lupa. — Mas como? — Hazel perguntou. — Ela é uma deusa. — Ela é uma deusa aprisionada — explicou Lupa — e isso a faz vulnerável. Se o gigante tiver sucesso em drená-la completamente, ela não irá mais existir. — E o que nós fazemos? — perguntou Dakota.
— Tentamos resgatá-la — disse Lupa. — Percy Jackson, Polibotes quer você, e se você escolher não ir nessa missão, eu entenderei. Mas saiba que você poderia ser nosso maior aliado nessa luta. Reyna teve a sensação que Lupa sabia de algo sobre Percy que mais ninguém sabia, e ela não estava compartilhando a informação. Todo o mundo olhou para Percy e ele falou: — Eu vou. Vocês são meus amigos, e eu quero ajudar. Todo o mundo sorriu e Bobby deu uns tapinhas no seu ombro. Lupa curvou-se para Percy. — Sua lealdade aos amigos é admirável. — Como encontramos esse gigante? — perguntou Hazel. — Vocês acham que ele está aqui, no Pikes Peak? — Creio que sim. Foi aqui que ele pegou Cibele numa armadilha, e ele não se juntará aos irmãos enquanto está num estado enfraquecido. Mas quando drenar Cibele completamente, ele irá embora. Deveríamos tentar encontrá-lo imediatamente — disse Lupa, depois virou para o fauno. — E o fauno irá levarnos até ele. — Eu? — O fauno ofegou. — Ah, não. Eu não quero nem chegar perto daquele gigante. — Você é o único aqui que pode rastrear Cibele, e se você quiser ter algum dia a sua montanha de volta, você irá nos ajudar — disse Lupa com desprezo. O fauno hesitou, mas finalmente disse: — Certo, eu vou rastreá-la, mas quando nós a acharmos, eu vou embora. — Certo — concordou Lupa. — Pupilos, peguem suas coisas; temos um gigante para encontrar.