Ordenação do territorio

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Geologia 11º ano – Tema IV Ocupação antrópica e problemas de ordenamento Bacias Hidrográficas, Zonas Costeiras e Zonas de Vertente O crescimento da população gerou a ocupação de grandes áreas da superfície terrestre pelo Homem – Ocupação Antrópica – que acarretou alterações nas paisagens naturais. A ordenação desordenada do território, considerando os espaços urbanos e rurais, trouxe vários impactos negativos ao meio ambiente. Para evitar que a ocupação antrópica acentue cada vez mais os impactos negativos, é necessário definir regras de Ordenamento do Território. O Ordenamento do Território é o conjunto de processos integrados de organização do espaço biofísico, tendo com objetivo a sua ocupação, utilização e transformação de acordo com as capacidades do referido espaço. Assim, o aumento da população no nosso planeta tem determinado uma série de desequilíbrios entre a Terra e o Homem, tais como:  A desflorestação e a exploração exaustiva dos solos;  Ocupação excessiva de zonas litorais e de zonas de leito de cheias dos rios;  A expansão de zonas urbanas e de vias de comunicação, com consequente impermeabilização dos solos;  A necessidade constante de mais recursos energéticos, nomeadamente de combustíveis fósseis;  A exploração desenfreada de recursos minerais;  A aceleração das mudanças climáticas a nível global.

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Variando de região para região, em função das características geológicas e climáticas de cada local, a maior parte das situações que comportam risco geológico podem ser definidas em associação com: 

Bacias hidrográficas: é o caso da erosão fluvial, das cheias e da exploração de inertes.

Zonas costeiras: a erosão costeira, conjugada com a pressão urbanística, pode induzir sérios prejuízos às populações.

Zonas de vertente: declives acentuados podem provocar a erosão das vertentes e grandes movimentos de massa.

Bacias hidrográficas

O rio é um curso de água, superficial e regular, que pode desaguar noutro rio, num lago ou no mar. É parte integrante da hidrosfera e constitui um sistema aberto que, de alguma forma, estabelece relações com os restantes subsistemas terrestres. O rio principal com os seus afluentes e subafluentes formam a rede hidrográfica e a área drenada por esta rede constitui a bacia hidrográfica.

 Aspetos geomorfológicos dos rios O leito de um rio corresponde ao canal por onde ocorre a drenagem da água e do material transportado, podendo ser rochoso, ou constituído por areias e cascalhos ou por acumulação de lodos. Quando os rios são suficientemente largos podem formar-se ilhas que podem ser cultiváveis. A faixa de terreno contiguo ao leito ou sobranceiro à linha que limita o leito das águas designa-se margem. 2


Leito normal, aparente ou ordinário – sulco por onde normalmente correm as águas e os materiais que elas transportam.

Leito de cheia, de inundação ou maior – espaço do vale inundável em épocas de cheia, quando o nível das águas ultrapassa os limites do leito aparente.

Leito de estiagem, de seca ou menor – zona mais profunda do canal por onde correm as águas no verão, ou seja, é zona ocupada por uma menor quantidade de água.

 Atividade geológica de um rio

A ação do rio depende de vários fatores como o declive, área de secção do leito, velocidade média da água e da sua carga sólida. Os rios são os principais agentes modeladores do relevo superficial, pois estão associados a processos de meteorização/erosão, transporte e deposição. 

Meteorização As águas em movimento e em contacto com as rochas do leito e das margens provocam o desgaste físico e químico das mesmas.

Erosão A Erosão consiste na remoção dos materiais rochosos resultantes da meteorização. Esta remoção deve-se à pressão exercida pela água em movimento sobre as saliências do leito e das margens dos rios. É mais intensa nas regiões junto da nascente (montante) pois os desníveis e a velocidade da corrente são maiores. Este desgaste vai provocando alterações na morfologia dos rios, assim vai aprofundando o canal fluvial (verticalmente) e alargando o leito (lateralmente), ou seja, a erosão vai provocando o rebaixamento da superfície, desgastando os relevos. A evolução do relevo reflete-se nos perfis longitudinal e transversal de um rio. 3


Na fase inicial ou no curso superior, os rios correm geralmente entre montanhas, o declive dos terrenos é muito acentuado e a força das águas é muito significativa. O desgaste na vertical é acentuado e os vales apresentam vertentes abruptas, os vales são em V fechado, nesta fase podem surgir cataratas e rápidos.

No curso médio, o declive do terreno não é tão acentuado, o desgaste faz-se na horizontal, alargando o leito do rio, formamse vales mais abertos.

No curso inferior, o rio perde velocidade e dá-se a deposição dos materiais (aluviões) que o rio transportou durante o percurso. Formam-se vales em caleira e as planícies aluviais ou terraços fluviais.

Transporte Os detritos resultantes do desgaste físico das rochas são removidos e transportados por longas distâncias. A distância percorrida pela carga sólida depende do tamanho dos detritos e da capacidade transporte das águas, assim, a elevada velocidade das 4


correntes nas regiões montanhosas permite o transporte da maioria dos sedimentos, incluindo os de maior granulometria. Quando a velocidade diminui, em consequência da diminuição do declive, apenas os sedimentos mais finos são transportados.

Deposição Quando a capacidade de transporte de um rio diminui, ou seja, a energia da água diminui, ocorre a deposição dos detritos (sedimentos). Assim, concluísse que, nas áreas montanhosas, ocorre a deposição de sedimentos mais grosseiros, enquanto que, nas regiões a jusante, ocorre a deposição dos sedimentos mais finos. A jusante, a deposição dos detritos pode originar os terremos fluviais, estuários ou deltas.

Quando o rio atravessa uma planície pode desenvolver curvas chamadas meandros. Estes surgem porque o rio desgasta as margens côncavas e acumula nas margens convexas.

Na foz do rio, em locais onde as marés e as correntes marinhas têm pouca força faz com que a corrente vá depositando os aluviões junto à foz, constituindo um depósito de sedimentos de forma triangular – os deltas.

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 Principais fatores de risco associados às Bacias Hidrográficas 

Cheias As cheias são fenómenos naturais extremos e temporários provocados por precipitações longas e moderadas; precipitações repentinas e de elevada intensidade; fusão de grandes massas de gelo ou ainda por rutura de barragens e de diques. Provocando desta forma, o excesso de água, conduzindo ao aumento de caudal dos cursos de água, ocorrendo assim o extravasamento do leito normal e inundação das áreas circunvizinhas, trazendo elevados prejuízos materiais e humanos. Por ação do Homem, nas zonas urbanas, a construção de estradas e de habitações, conduz à impermeabilização dos solos contribuindo assim, para o aumento de volume das águas de escorrência, que vão aumentar os caudais das ribeiras e outras linhas de água, cujos leitos tantas vezes se encontram estrangulados ou mesmo ocupados por construções. A desflorestação contribui também para o aumento de risco de cheias pois, a existência de vegetação favorece a infiltração das águas das chuvas e permite a evapotranspiração de parte dá água infiltrada.

Medidas de prevenção:  Ordenamento e controlo da ocupação humana dos leitos de cheias.  Impedimento de construções e urbanização de potenciais zonas de cheia.  Construção de sistemas integrados de regularização dos cursos de água com a construção de barragens. 

Construção de barragens As Barragens são intervenções antrópicas que correspondem a construções transversais a um curso de água, com o objetivo de reter grandes quantidades de água a montante da barragem, formando albufeiras.

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Vantagens

Desvantagens

 Permite regular o caudal dos rios.

 Destruição

 A retenção de água na albufeira evita

a

produção

dos

ecossistemas aquáticos e terrestres.

de

energia

contribuindo

hidroelétrica.  Permitem

desequilíbrio

 Retenção de sedimentos nas albufeiras,

inundações a jusante.  Permitem

ou

para

a

redução

da

capacidade de armazenamento de água. o

abastecimento

das

 Redução da quantidade de detritos

populações.

transportados pelo curso de água e, por

 Atividades turísticas e desportivas.

conseguinte, diminuem a deposição de sedimentos no litoral arenoso.  Maior ação erosiva vertical a jusante aprofundando o leito do rio.  Problemas de segurança.

Extração de inertes Associada à acumulação de sedimentos nos rios, como consequência da construção de barragens, floresce a atividade de extração de inertes.

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A exploração abusiva de areias e outros granulados do leito ou margens do rio, provoca:  O desaparecimento de praias fluviais;  O descalçamento de pilares de pontes assentes sobre o leito, conduzindo ao desmoronamento das pontes;  Alteração de correntes;  Redução da quantidade de sedimentos que chegam à foz;  Destruição de aluviões e terrenos cultiváveis circundantes;  Modificações irreversíveis ao nível dos ecossistemas.

Zonas Costeiras As zonas costeiras constituem ecossistemas únicos, resultantes de uma longa evolução de muitos milhões de anos. É uma zona de transição entre o domínio continental e o domínio marinho pois, o mar é o recetor final dos sedimentos gerados no continente e constantemente drenados para as bacias oceânicas. A ação mecânica das ondas, das correntes e das marés são importantes fatores modeladores das zonas costeiras, cujos resultados são formas de erosão ou formas de deposição, ou seja, é uma zona complexa, dinâmica, instável e sujeita a vários processos geológicos.  Formas de erosão As formas de erosão resultam do desgaste provocado pelo impacto do movimento das ondas sobre a costa – abrasão marinha - , sendo mais notória nas arribas. Assim, a abrasão marinha é a erosão provocada pelo constante rebentar das ondas (sobretudo se transportarem partículas sólidas) de encontro com as rochas. Esta abrasão faz-se sentir, sobretudo, na base da escarpa em contacto com o mar, onde o material rochoso é removido mais intensamente. Consequentemente, isto leva a um descalce da base da arriba, que, por ação do peso das camadas superiores, abate, originando no sopé da arriba um amontoado de blocos rochosos – a plataforma de abrasão

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Estruturas resultantes da abrasão marinha

 Leixões – é uma formação geológica resultante da erosão de várias falésias ingremes e verticais em coluna, acabando por ficar isolado.  Arco litoral – formação geológica em forma de arco, resultante de uma erosão marinha diferencial pelas ondas numa arriba consolidada.  Caverna ou gruta litoral – formação geológica resultante da erosão marinha de rochas consolidadas, que consiste num escavamento pronunciado da arriba.

 Formas de deposição As formas de deposição resultam da acumulação de materiais removidos pelo mar ou dos materiais transportados pelos rios.

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 Evolução do litoral As zonas costeiras não são estáticas, mas sim muito dinâmicas. Atualmente, a dinâmica litoral é condicionada pela intervenção de diversos fenómenos naturais e por fenómenos antrópicos:  Alternância entre regressões e transgressões marinhas, como a descida e subida do nível médio das águas do mar;  A existência de correntes marinhas litorais variadas que, ao provocarem a Naturais

erosão, o transporte e a deposição de sedimentos, condicionam a morfologia das costas;  A deformação das margens continentais, em resultado de movimentos tectónicos que podem provocar a elevação ou o afundamento das zonas litorais.  Agravamento do efeito de estufa (aumento da frequência e intensidade dos temporais);  Ocupação excessiva da faixa litoral com estruturas de lazer e de recreio;

Antrópicos

 Diminuição da quantidade de sedimentos que chegam ao litoral em consequência da construção de barragens e da exploração de inertes;  Destruição das defesas naturais, como a destruição de dunas devido ao pisoteio, a construção desordenada de habitações, o arranque da cobertura vegetal e a extração de inertes para a construção civil.

 Medidas de prevenção: Obras de intervenção na faixa litoral Face aos graves problemas de erosão costeira a que certas regiões estão sujeitas, é necessário efetuar intervenções de modo a promover a proteção e defesa destas áreas. As mais comuns em Portugal são as dragagens e as obras de engenharia como: paredões, quebra-mares, molhes e esporões.

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Paredão – estrutura paralela à linha de costa (sobre a praia) que se destinam a evitar o efeito abrasivo sobre a linha de costa.

Quebra-mar – estruturas longitudinais (paralelos à linha de costa) mas geralmente destacadas.

Esporões – estruturas transversais que se destinam a evitar o efeito abrasivo sobre a linha de costa.

Molhes – estruturas costeira transversal de estrutura alongada que é introduzida nos mares, apoiada no leito submarino pelo próprio peso das rochas ou dos blocos de concretos, emergindo da superfície aquática.

Inconvenientes das obras de intervenção na faixa litoral  Custos elevados, tanto na construção, como na manutenção;  Impactes negativos no litoral, como a alteração estética da paisagem, e, a longo prazo, podem tornar-se estruturas de risco;  Apenas oferecem proteção local e reduzida no tempo.

Alimentação artificial de sedimentos  Menos agressiva para a paisagem;  Dispendiosa, mas é mais económica do que as obras de engenharia;  Em litorais muito energéticos, estes processos pressupõe uma contínua e sistemática alimentação de sedimentos.

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Zonas de vertente Zonas de vertente são locais de desníveis da topografia terrestre, que podem apresentar maior ou menor declive e estão expostos à ação intensa de fenómenos erosivos. Nestas zonas é frequente a ocorrência de movimentos em massa (movimentos de uma grande massa de materiais sólidos, de forma lenta ou impercetível, ou de forma brusca e inesperada). Assim, as alterações que se verificam numa encosta e a forma como ela vai evoluindo devem-se essencialmente a dois tipos de causas naturais:  Erosão hídrica  Movimentos do terreno (movimentos em massa) A erosão hídrica traduz-se em alterações que se processam de forma lenta e gradual, em consequência do desgaste da superfície do terreno provocado pelo impacto das gotas de chuva e pelo escoamento das águas ao longo das vertentes. Os movimentos em massa, correspondem a situações em que é movimentado um grande volume de materiais sólidos, quase sempre de uma forma brusca e inesperada ao longo da vertente.

 Causas dos movimentos em massa: 

Fatores condicionantes – correspondem às condições mais ou menos permanentes que podem favorecer ou não os movimentos em massa.  Força da gravidade;  Características litológicas das rochas;  Orientação e inclinação da vertente;  Grau de alteração e de fracturação dos materiais rochosos.

Fatores desencadeantes – são fatores que resultam de alterações que forma induzidas numa vertente e que podem provocar um movimento em massa.  Precipitação – elevada precipitação durante um curto espaço de tempo ou precipitação moderada durante um longo período de tempo são fatores que alteram o equilíbrio em que se encontram os solos e as formações rochosas pois provoca a desagregação das partículas.  A ação do Homem – a desflorestação da cobertura vegetal das vertentes altera o equilíbrio da vertente pois, as plantas constituem um elemento de fixação do solo. Sem a cobertura vegetal, o solo fica mais suscetível à erosão. 12


 Ocorrência de sismos – a vibração da crosta continental em zonas instáveis provoca a desagregação das partículas levando a derrocadas.  Ocorrência de tempestades nas zonas costeiras – aumentam a erosão nas zonas costeiras mais escarpadas, uma vez que o continuado movimento das ondas vai desgastando as paredes rochosas das escarpas podendo provocar a queda de blocos.

 Medidas de contenção e estabilização  Plantação de vegetação de crescimento rápido (evitar culturas sazonais);  Construção de muros de contenção com sistemas de drenagem;  Pregagens e ancoragens;  Redes de contenção (metálicas);  Monitorização de situações de pequenos deslizamentos e atividade sísmica ou vulcânica que potenciam o deslizamento.

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