TRATADO de
NEUROLOGIA da Academia Brasileira de Neurologia
2a edição Rubens J. Gagliardi Osvaldo M. Takayanagui
O Tratado está dividido em grandes seções, que foram coordenadas pelos departamentos científicos da ABN em conjunto com especialistas de destaque nas respectivas áreas. As seções são subdivididas em capítulos, para os quais foram convidados renomados especialistas (nacionais e internacionais) de cada área, o que resultou em textos claros e didáticos, conforme a experiência e pesquisa pessoal de cada autor, sempre com alicerce na literatura atualizada. As indicações e conclusões, sempre que possível, foram baseadas em evidências clínicas e nos consensos nacionais e internacionais. Todos os capítulos apresentam uma seleção de referências bibliográficas atualizadas e de maior destaque no assunto, permitindo aos leitores interessados aprofundarem seu conhecimento específico. Na 2a edição foram incluídos alguns novos temas que são de interesse na prática clínica, assim como condutas baseadas em pareceres de órgãos públicos que possibilitam a adequação de procedimentos à prática clínica.
Classificação de Arquivo Recomendada Neurologia
Gagliardi Takayanagui
Rubens José Gagliardi Osvaldo Massaiti Takayanagui editores
TRATADO de NEUROLOGIA
Realizado por profissionais com comprovada experiência e conhecimento específico sobre os temas, os textos abordam aspectos epidemiológicos, prevenção, exames complementares, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Todo o trabalho foi feito dentro dessa óptica, trazendo conceitos clássicos ao lado do que há de mais novo.
da Academia Brasileira de Neurologia
O Tratado de Neurologia, 2a edição, aborda as principais áreas da Neurologia, permitindo a sistematização e o conhecimento das doenças neurológicas, além de sua atualização.
TRATADO de
NEUROLOGIA da Academia Brasileira de Neurologia
Rubens J. Gagliardi Osvaldo M. Takayanagui
2a edição www.elsevier.com.br
AF_TratadoNeuroABN2019.indd 1
18/04/19 15:11
Tratado de Neurologia da Academia Brasileira de Neurologia
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 1
24/04/2019 08:57:20
Tratado de Neurologia da Academia Brasileira de Neurologia SEGUNDA EDIÇÃO
Rubens Gagliardi Professor Titular de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Chefe da Neurologia da Santa Casa de São Paulo, Presidente da Associação Paulista de Neurologia
Osvaldo M. Takayanagui Professor Titular Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 3
24/04/2019 08:57:20
© 2019 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. ISBN: 978853528938-1 ISBN versão eletrônica: 978853528939-8 Capa Studio Creamcrackers Editoração Eletrônica Studio Castelani Ilustrações Margareth Baldissara (Figuras 4.22, 104.4, 104.6, 104.7, 105.1, 106.1, 107.1 a 107.6, 119.1, 129.1, 129.3, 129.7, 129.8, 130.1 a 130.3, 145.1, 147.1 e mapa de dermátomos) Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua da Assembleia, nº 100 – 6º andar – Sala 601 20011-904 – Centro – Rio de Janeiro – RJ Av. Doutor Chucri Zaidan, nº 296 – 23º andar 04583-110 – Brooklin Novo – São Paulo – SP Serviço de Atendimento ao Cliente 0800 026 53 40 atendimento1@elsevier.com Consulte nosso catálogo completo, os últimos lançamentos e os serviços exclusivos no site www.elsevier.com.br NOTA Esta obra foi produzida por Elsevier Brasil Ltda. sob sua exclusiva responsabilidade. Médicos e pesquisadores devem sempre fundamentar-se em sua experiência e no próprio conhecimento para avaliar e empregar quaisquer informações, métodos, substâncias ou experimentos descritos nesta publicação. Devido ao rápido avanço nas ciências médicas, particularmente, os diagnósticos e a posologia de medicamentos precisam ser verificados de maneira independente. Para todos os efeitos legais, a Editora, os autores, os editores ou colaboradores relacionados a esta obra não assumem responsabilidade por qualquer dano/ou prejuízo causado a pessoas ou propriedades envolvendo responsabilidade pelo produto, negligência ou outros, ou advindos de qualquer uso ou aplicação de quaisquer métodos, produtos, instruções ou ideias contidos no conteúdo aqui publicado.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ T698 Tratado de neurologia da Academia Brasileira de Neurologia / [organizadores] 2. ed. Rubens Gagliardi, Osvaldo M. Takayanagui; [ilustração Margareth Baldissara]. – 2. ed. – Rio de Janeiro : Elsevier, 2019. 1184 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia e índice ISBN 978853528938-1 1. Neurologia. I. Gagliardi, Rubens. II. Takayanagui, Osvaldo M. III. Baldissara, Margareth. 19-56293 CDD: 616.8 CDU: 616.8 Vanessa Mafra Xavier Salgado – Bibliotecária – CRB-7/6644
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 4
24/04/2019 08:57:20
Colaboradores
Abelardo de Queiroz Campos Araújo
Alzira Alves de Siqueira Carvalho
Neurologista
Doutora em Medicina pela FMUSP na Disciplina de Neurologia Pós-doutora em Doenças Neuromusculares na Faculdade de Medicina do ABC (FMABC)/Universidade Paris Sorbonne Coordenadora do Serviço de Doenças Neuromusculares da FMABC
Abouch Valenty Krymchantowski Diretor e Fundador do Centro de Avaliação e Tratamento da Dor de Cabeça do Rio de Janeiro Fellow da American Headache Society Mestre e Doutor em Neurologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) (Dissertação e Tese em Cefaleia)
Acary Souza Bulle de Oliveira Doutor em Neurologia/Neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Pós-doutor em Neurologia/Neurociências pela Columbia University Médico da UNIFESP
Adriana Conforto Doutora e Livre-docente em Neurologia pela Universidade de São Paulo (USP) Chefe do Grupo de Doenças Cerebrovasculares do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) Professora Visitante, Cleveland Clinic
Adriana Maluf Elias Sallum
Amilton Antunes Barreira (in memorian) Ana Carolina Coan Professora Doutora de Neurologia Infantil do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Membro Titular da ABN e da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil
Ana Cristina da Silva Cotta Mestre e Doutora em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Membro da Sociedade Brasileira de Patologia e da Sociedade Brasileira de Citopatologia Patologista Membro da Equipe de Doenças Neuromusculares da Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação
Anamarli Nucci
Alan Luiz Eckeli
Neurologista e Neurofisiologista Clínica, Doutora em Neurologia Professora do Departamento de Neurologia na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da UNICAMP
Neurologista, Especialista em Medicina do Sono, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, SP
André Clériston José dos Santos
Neurologista
Alexandra Prufer de Queiroz Campos Araujo Diploma Course in Neurology Queen Square London Mestra em Pediatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Doutora em Neurologia pela UFF Pós-doutora pela University College Dublin Professora Associada de Neuropediatria na UFRJ Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil
Aline M. Kozoroski Kanashiro Neurologista
Álvaro Pentagna Mestre pelo Departamento de Psiquiatria do HCFMUSP Médico Responsável pelo Ambulatório de Sono do Departamento de Neurologia do HCFMUSP Coordenador da Neurologia do Hospital e Maternidade Rede D’Or São Luiz – Unidade Itaim
Neurologista
Andre Russowsky Brunoni, MD, PhD Professor Associado da FMUSP Livre-docente do Departamento de Psiquiatria da FMUSP Professor Visitante CAPES – Humboldt (2017-2018), Departamento de Psiquiatria e Psicoterapia, Universidade de Munique Chefe do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação, Laboratório de Neurociências (LIM-27) Editor Associado da Rev Bras Psiquiatria
André Sobierajski dos Santos Neurologista e Neurofisiologista clínico Mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Doutor em Medicina-Neurologia pela Universidade de São Paulo (USP) Professor de Neurologia da UNISUL Coordenador do ambulatório de distúrbios do movimento e bloqueio neuroquímico do Centro Catarinense de Reabilitação v
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 5
24/04/2019 08:57:20
vi
Colaboradores
Andrea Bacelar
Camila de Aquino Cruz
Mestra e Doutora em Neurologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) Diretora Médica da Carlos Bacelar Clínica Membro Titular da ABN Presidente da Associação Brasileira do Sono (2018-19)
Neurologista
Antônio Lopes da Cunha Júnior Radiologista da Rede Sarah Membro do Colégio Brasileiro de Radiologia Mestre em Saúde da Criança e Doutorando em Saúde do Adulto pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Camila Galvão Lopes Neurologista com Complementação Especializada em Doenças Cerebrovasculares pelo HCFMUSP Especialização em Cuidados Paliativos pelo Hospital Sírio-Libanês Médica Assistente da Equipe de Cuidados Paliativos do Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP) Membro da Associação Nacional de Cuidados Paliativos Membro Titular da ABN
Antonio Pereira Gomes Neto
Carla Jevoux
Membro Titular da ABN Chefe do Serviço de Neurologia da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte Coordenador do Programa de Residência em Neurologia da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte Coordenador do Centro de Atenção aos Pacientes Portadores de Esclerose Múltipla e Doenças Relacionadas (CAPPEM) – Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte
Carla Heloisa Cabral Moro
Mestra e Doutora em Neurologia pela UFF Especialista em Neurologia Membro Titular da ABN
Neurologista
Neurologista Coordenadora das Unidades de AVC Agudo e Integral e do Programa de Residência Médica em Neurologia do Hospital São José de Joinville, SC Presidente do Conselho Fiscal e Consultivo da Associação Brasil AVC Membro Titular da ABN e da Academia Americana de Neurologia
Beatriz Helena Miranda-Pfeilsticker
Carlo Domênico Marrone
Bárbara Arduini Fernandes Corrêa
Neurologista
Beatriz Hitomi Kiyomoto Mestra e Doutora em Neurologia pela Escola Paulista de Medicina, UNIFESP Médica e Pesquisadora do Laboratório de Neurologia Molecular da Disciplina de Neurologia Clínica da Escola Paulista de Medicina (EPM) da UNIFESP Membro Titular da ABN
Beny Schmidt Professor Adjunto do Departamento de Anatomia Patológica da EPM/UNIFESP Chefe do Laboratório de Doenças Neuromusculares da EPM/UNIFESP Membro Titular da ABN
Bernardo A. de Monaco Neurologista
Bernardo de Sampaio Pereira Júnior Médico Psiquiatra Doutor em Psiquiatria pela FMUSP Médico Pesquisador no Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação (SIN) no Instituto de Psiquiatria (IPq) do HCFMUSP
Neurologista
Carlos Alberto Mantovani Guerreiro Professor Titular de Neurologia da FCM/UNICAMP
Carlos Otto Heise Mestre e Doutor em Neurologia pela FMUSP Supervisor do Serviço de Eletroneuromiografia do HCFMUSP Supervisor do Serviço de Eletroneuromiografia do Fleury Medicina e Saúde
Carmen Lisa Jorge Neurologista e Neurofisiologista Clínica Mestra e Doutora em Neurologia pela USP Médica do Grupo de Epilepsia, Responsável pela Unidade de Vídeo EEG da Divisão de Clínica Neurológica do HCFMUSP
Carolina Rosadas de Oliveira
Neurologista
Mestra em Biologia Parasitária pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) Doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Faculdade de Medicina da UFRJ Pesquisadora no Imperial College of London, Inglaterra
Bruno Funchal
Carolina Rouanet Cavalcanti de Albuquerque
Bruna Klein da Costa
Neurologista pela EPM/UNIFESP Mestrado na Área de Neurologia Vascular pela EPM/UNIFESP Membro Efetivo da ABN Membro da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares e da World Stroke Organization (WSO)
Médica Neurologista da UFRJ Neurologista Vascular pela UNIFESP Doutoranda pela UNIFESP Membro Titular da ABN
Camila Castelo Branco Pupe
Mestra e Doutora em Neurologia pela EPM/UNIFESP Médica e Coordenadora do Laboratório de Neurologia Molecular da Disciplina de Neurologia Clínica da EPM/UNIFESP Membro Titular da ABN e Membro Correspondente da Academia Americana de Neurologia
Doutora pela UFF Professora Adjunta de Neurologia na UFF Membro Titular da ABN, da Academia Americana de Neurologia e da Sociedade de Nervo Periférico
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 6
Célia Harumi Tengan
24/04/2019 08:57:21
Colaboradores
César Minelli
Débora Palma Maia
Neurologista
Mestra em Saúde da Criança e do Adolescente pela FMUFMG Professora Assistente de Neurologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais e Neurologista do HC/UFMG Membro Titular da ABN
Chien Hsin Fen Médica Neurologista e Fisiatra Mestra e Doutora em Ciência pelo Departamento de Neurologia da FMUSP Professora Colaboradora do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP Coordenadora do Departamento Científico de Transtornos do Movimento da ABN no Biênio 2016-2018 Membro Titular da ABN e Membro Correspondente da Academia Americana de Neurologia
Cláudia Ferreira da Rosa Sobreira Doutora e Livre-docente em Neurologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) Professora Associada da Divisão de Neurologia do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP-USP Membro Titular da ABN
Claudio Manoel Brito Mestre em Neurologia pela UFF Vice-coordenador do Departamento Científico de Cefaleia da ABN Tesoureiro da Associação Latino-Americana de Cefaleia Professor de Neurologia do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA)
Cristiana Pereira Doutora em Ciências pela FMUSP Membro Titular da ABN Coordenadora do Ambulatório de Distúrbios Vestibulares da Divisão de Clínica Neurológica do HCFMUSP
Cristiane Nascimento Soares Mestra e Doutora em Neurologia pela UFF Coordenadora do Setor de Neuroinfecção do Hospital Federal dos Servidores do Estado Membro Titular da ABN
Daniel Ciampi de Andrade Livre-docente em Neurologia pela FMUSP (LIM-62) Médico do Hospital das Clínicas e do Instituto do Câncer da FMUSP Membro Titular, Diretor do Departamento Científico de Dor e Membro da Comissão de Educação Médica da ABN
vii
Delson José da Silva Mestre e Doutor pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG) Chefe da Unidade de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da UFG Membro Titular da ABN
Denise Hack Nicaretta Mestra e Doutora em Medicina/Neurologia pela UFF Membro Titular da ABN Professora Adjunta da Escola de Medicina e Cirurgia (EMC) da UniRio Professora Associada com Pós-graduação em Neurologia da PUC-RJ e da Faculdade de Medicina da Universidade Estácio de Sá (UNESA) Responsável pelo Ambulatório de Distúrbios do Movimento da 24a e 25a Enfermarias da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ), Serviço do Professor Sérgio Novis e do Ambulatório de Doença de Parkinson do Serviço de Neurologia do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) da UniRio
Deniz Doruk Camsari Neurologista
Djacir Dantas Neurologista
Douglas Kazutoshi Sato Pós-doutor em Neurologia pela FMUSP Doutor em Ciências Médicas pela Tohoku University (Sendai, Japão) Superintendente de Ensino, Pesquisa e Inovação do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) e Professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Membro Titular da ABN e do Comitê Executivo da Sociedade Internacional de Neuroimunologia (ISNI)
Douglas Teixeira Leffa Médico pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Doutor em Ciências Médicas pela UFRGS Pós-doutor em Psiquiatria e Ciências do Comportamento pela UFRGS
Eduardo Ferracioli Fusão Neurologista
Daniel G. Abud Neurologista
Daniel de H. Chistoph Neurocirurgião e Neurossonologista do Hospital Quinta D`Or
Daniela Vianna Pachito Mestra em Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP/USP Doutora em Saúde Baseada em Evidências pela UNIFESP Pesquisadora do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Hospital Sírio-Libanês
David Feder Neurologista
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 7
Egberto Reis Barbosa Livre-docente do Departamento de Neurologia da FMUSP
Elcio Juliato Piovesan Médico Neurologista Mestre e Doutor em Clínica Médica com Ênfase em Neurologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) Professor Associado de Medicina da UFPR Pré-Clinical Fellow pelo Thomas Jefferson Headache Center (EUA)
Elder Machado Sarmento Mestre em Neurologia pela UFF Responsável pelo Departamento Científico de Cefaleia da ABN Presidente da Associação Latino-americana de Cefaleia Professor do Curso de Neurologia do UniFOA
24/04/2019 08:57:21
viii
Colaboradores
Eliana Meire Melhado
Francisco Tellechea Rotta
Neurologista
Neurologista
Neurologista e Neurofisiologista Clínico e do Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Membro Titular da ABN e da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC)
Elmano Henrique Torres de Carvalho
Francisco Tomaz Meneses de Oliveira
Eliane Correa Miotto
Neurologista
Elza DiasTosta Doutora pela Universidade de Londres Neurologista do Hospital de Base do Distrito Federal
Elza Márcia Targas Yacubian Livre-docente em Neurologia Professora Adjunta do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da UNIFESP
Emanuelle Roberta da Silva Aquino Neurologista
Eralda Luiza de Castro Concentino Neurologista
Ester Nakamura Palacios Neurologista
Felipe Fregni Neurologista
Fernando Cendes Professor Titular e Chefe do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP
Fernando de Mendonça Cardoso
Médico Assistente do Ambulatório de Manifestações Neurológicas das Doenças Sistêmicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Membro Titular da ABN
Gabriel R. de Freitas Coordenador de Pesquisa em Neurologia do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) Neurologista da UFF
Geraldo Rizzo Especialista em Neurologia e Neurofisiologia pela Associação Médica Brasileira (AMB) Habilitado em Medicina do Sono pela Associação Brasileira do Sono (ABS) Médico do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Responsável Técnico pelo SONOLAB – Laboratório de Sono – Porto Alegre
Gilmar Fernandes do Prado Professor Associado Livre-docente da EPM
Gisele Sampaio Silva Professora Adjunta da Disciplina de Neurologia da UNIFESP Gerente Médica do Programa Integrado de Neurologia do Hospital Israelita Albert Einstein
Membro Titular da ABN Secretário do Departamento Científico de Neuropatias Periféricas da ABN
Giseli da Silva Quintanilha
Fernando Morgadinho Santos Coelho
Guilherme Alves Lepski
Neurologista
Neurologista e Especialista em Medicina do Sono Professor Adjunto de Neurologia da UNIFESP
Neurologista
Flávio Alóe (in memorian)
Neurologista
Francisca Goreth Malheiro Moraes Fantini
Hélio Afonso Ghizoni Teive
Neurologista
Francisco Antunes Dias Mestre em Neurologia pela FMRPUSP Neurologista Assistente do Serviço de Neurologia Vascular e Emergências Neurológicas do HCFMRPUSP Membro Titular da ABN, Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares e World Stroke Organization
Helena Resende Silva Mendonça
Chefe do Serviço de Neurologia do HC-UFPR Professor Adjunto de Neurologia da UFPR Coordenador do Programa de Pós-graduação em Medicina Interna da UFPR Coordenador do Setor de Distúrbios do Movimento do Serviço de Neurologia do HC-UFPR
Hélio van der Linden Júnior Neurologista
Francisco de Assis Aquino Gondim Neurologista
Henrique Ballalai Ferraz Livre-docente da Disciplina de Neurologia Clínica da UNIFESP
Francisco Cardoso Setor de Neurologia do Departamento de Clínica Médica da FMUFMG Membro Titular da ABN
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 8
Henrique Carneiro de Campos Neurologista
24/04/2019 08:57:21
Colaboradores
Henrique Leonel Lenzi
Jamary Oliveira Filho
Doutor em Patologia pela Universidade de Minas Gerais Pesquisador Titular da FIOCRUZ
Médico pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) Residência em Neurologia pela USP Especialização em Doenças Cerebrovasculares e Neurointensivismo pela Universidade de Harvard Doutor em Neurologia pela USP Professor Adjunto da UFBA Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (PPgCS) da Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA
Henry Koiti Sato Mestre pela PUCPR e Universidad Autónoma de Barcelona Coordenador do Setor de Neuroimunologia do Instituto de Neurologia de Curitiba
Hideraldo Luis Souza Cabeça Mestre em Medicina, Área de Neurologia, pela FMUSP Preceptor de Neurologia da Residência de Neurocirurgia do Hospital Ofir Loiola, Belém, PA Doutorando pelo Laboratório de Investigação em Neurodegeneração e Infecção do Hospital Universitário João de Barros Barreto, Belém, PA Vice-coordenador do DC de Moléstias Infecciosas da ABN
ix
Jano Alves de Souza Mestre e Doutor em Neurologia pela UFF Professor Adjunto de Neurologia da UFF Membro Titular da ABN
Jayme Antunes Maciel Neurologista
Ida Fortini Neurologista do HCFMUSP Responsável pelo Ambulatório de Cefaleias e Liga de Cefaleia do HCFMUSP
Joana Rosa Marques Prota
Igor de Assis Franco
João José Freitas de Carvalho
Neurologista
Igor Silvestre Bruscky Neurologista
Ingrid Faber Neurologista
Irina Raicher Neurologista
Neurologista
Neurologista
Joaquim Pereira Brasil Neto Membro e Diretor Científico da ABN Docente Coordenador da Disciplina Neurofisiologia Médica da Universidade de Brasília (UnB) Doutor em Ciências pela UFRJ Ex-Visiting Fellow do National Institute of Neurological Disorders and Stroke, Bethesda, MD, EUA
Jonas Alex Morales Saute
Isabel Conceição
Neurologista
Neurologista
Jorge Almeida
Isabella de Souza Menezes Neurologista
Iscia Lopes Cendes Médica Geneticista Doutora em Neurociências pela Universidade McGill, Canadá Professora Titular do Departamento de Genética Médica e Medicina Genômica da UNICAMP
Jaderson Costa da Costa Professor Titular da Disciplina de Neurologia da Faculdade de Medicina da PUCRS Professor do Curso de Pós-graduação da Faculdade de Medicina da PUCRS Diretor do Instituto do Cérebro (InsCer) da PUCRS Coordenador e Diretor Médico do Programa de Cirurgia da Epilepsia Chefe de Serviço de Neurologia do Instituto do Cérebro da PUCRS
Jaime Lin
Neurologista
José Antonio Fiorot Júnior Neurologista
José Luiz Pedroso Doutorando do Setor de Neurologia Geral e Ataxias da UNIFESP Membro Titular da ABN Membro da The Movement Disorder Society Médico Assistente do Pronto-socorro de Neurologia da UNIFESP
José Roberto Tude Melo Doutor em Medicina pelo Programa PDEE Brasil/França (UFBA e Assistance Publique Hôpitaux de Paris – Hôpital Necker Enfants Malades, Université Descartes Paris 5) Neurocirurgião do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos da UFBA
Joseph Bruno Bidin Brooks Neurologista
Neurologista
Juliana Gamba
Jaisa Klauss
Mestra em Neurociências pela EPM/UNIFESP Pós-graduanda do Laboratório de Neurologia Molecular da Disciplina de Neurologia Clínica da EPM/UNIFESP
Neurologista
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 9
24/04/2019 08:57:21
x
Colaboradores
Juliana Gurgel Giannetti
Lívia Almeida Dutra, MD, PhD, FACP
Professora Associada do Departamento de Pediatria da UFMG Chefe do Setor e da Residência de Neurologia Pediátrica do HCUFMG Doutorado em Neurologia pela USP Pós-doutora na Columbia University, Nova York (EUA)
Department of Neurology and Neurorehabilitation, Genolier Swiss Medical Network, Clinique Valmont-Genolier, Glion sur Montreaux, Suíça
Neurologista, Doutora em Ciências pela UNIFESP Professora da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein Professora Afiliada, Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da UNIFESP Membro Titular ABN Membro da American Academy of Neurology Fellow no American College of Physicians
Karen dos Santos Ferreira
Luciana de Oliveira Neves
Julien Bogousslavsky
Neurologista
Katia Maria da Rocha Graduação em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências e Doutorado em Bioquímica pelo Instituto de Química pela Universidade de São Paulo Pós-doutorado pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Center.
Kleber Paiva Duarte Neurologista
Lauren Naomi Spezia Adachi Neurologista
Lauro Figueira Pinto Neurologista
Leandro da Costa Lane Valiengo
Coordenadora do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital São Carlos, Fortaleza, CE Paliativista Titulada pela AMB Atuando no Serviço de Cuidados Paliativos do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar do Hospital Geral Doutor Waldemar Alcântara (ISGH/HGWA) Membro Efetivo da ABN, Secretária do DC de Reabilitação Neurológica
Luciana Mendonça Barbosa Neurologista
Luciano de Paola Mestre e Doutor em Medicina Interna (Neurologia) pela UFPR Chefe do Serviço de Epilepsia e EEG do HCUFPR Diretor do EPICENTRO Centro de Atendimento Integral de Epilepsia – Hospital N. Sra. das Graças, Curitiba, PR Membro Titular da ABN/SBNC
Luciano Ribeiro Pinto Junior
Neurologista
Neurologista e Médico do Sono pela ABN Neurofisiologista Clínico pela SBNC Mestre em Neurologia pela USP e Doutor em Ciência pela UNIFESP Coordenador da Unidade de Medicina do Sono do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Leonardo Ierardi Goulart
Luis Henrique de Castro Afonso
Neurologista
Leonardo Cruz de Souza
Neurologista, Neurofisiologista Clínico, Especialista em Medicina do Sono do Hospital Israelita Albert Einstein
Leonel Tadao Takada Médico Neurologista e Doutor em Ciências pelo Departamento de Neurologia da FMUSP Médico Assistente do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do HCFMUSP Membro Titular da ABN
Leopoldo Antônio Pires Professor Adjunto IV e Chefe do Serviço de Neurologia da Faculdade de Medicina de Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Chefe do Setor Neuromuscular do Hospital Universitário da UFJF/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) Mestre em Neurologia pela EPM/UNIFESP Membro Titular da ABN
Leticia Pereira de Brito Sampio Neurologista
Liselotte Menke Barea Mestra e Doutora em Farmacologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) Professor Adjunto de Neurologia – UFCSPA Membro Titular da ABN
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 10
Doutor em Medicina e Pós-doutor em Neurorradilogia Intervencionista Médico Assistente do HCFMRP/USP Membro Titular da SBNR
Luiz Antonio de Lima Resende Mestre e Doutor pela na FMRPUSP Livre-docente na Universidade Estadual Paulista (UNESP) Professor Titular de Neurologia na Faculdade de Medicina de Botucatu da UNESP
Luiz Celso Pereira Vilanova Neurologista
Luiz Eduardo Betting Professor Adjunto (Livre-docente) do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) da UNESP
Luiz Paulo de Queiroz Neurologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Mestre em Ciências Médicas pela UFSC Doutor em Neurologia pela UNIFESP Membro Titular da ABN e Membro da Sociedade Internacional de Cefaleia
Magno Gonçalves Neurologista
24/04/2019 08:57:21
xi
Colaboradores
Manoel Jacobsen Teixeira
Marco Antônio Troccoli Chieia
Neurocirurgião Professor Titular da Disciplina de Neurocirurgia do Departamento de Neurologia da FMUSP Diretor Técnico da Divisão de Neurocirurgia do HCFMUSP
Mestre em Neurociências pela UNIFESP Membro Titular da ABN Médico Responsável pelo Ambulatório de Doenças do Neurônio Motor da EPM/UNIFESP
Mara Lucia Schmitz Ferreira Santos
Marco Orsini
Especialista em Neuropediatria pela Sociedade Brasileira de Neuropediatria e pela ABN Neuropediatra Responsável pela Residência de Neuropediatria do Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, PR
Marcel Simis Pós-doutor pela USP e pela Harvard Medical School Responsável pelo Laboratório de Neuromodulação do Instituto de Medicina Física e Reabilitação (IMREA) do HCFMUSP Membro Titular da ABN e da SBNC
Marcela Capucho Chiarantin Médica Infectologista com Graduação pela Universidade Federal de São Carlos e Residência Médica no Instituto de Infectologia Emílio Ribas
Marcela Lima Silagi Neurologista
Marcelo Cedrinho Ciciarelli Mestre e Doutor em Neurologia pela FMRP/USP Membro Titular da ABN e da Sociedade Brasileira de Cefaleia Docente de Neurologia da Faculdade de Medicina Barão de Mauá – Ribeirão Preto
Marcelo de Melo Aragão Médico Neurologista e Neurologista Infantil Mestre pela UNIFESP Médico Assistente da Disciplina de Neurologia da UNIFESP
Marcelo Masruha Rodrigues Professor Associado Livre-docente e Chefe do Setor de Neurologia Infantil do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da EPMUNIFESP
Marcelo Moraes Valença Neurologista
Márcia Lorena Fagundes Chaves Neurologista
Márcia Pradella-Hallinan Mestra pela Universithe Catholique de Louvain (Bélgica) Doutora pela UNIFESP em Ciências – Medicina do Sono Especialização em Cuidados Integrativos pela UNIFESP e Acupuntura (AMB) Membro Titular da ABN e do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura
Márcia Rúbia Gonçalves
Neurologista Doutor em Neurologia pela UFF Pós-doutor em Mapeamento Cerebral e Eletroencefalograma (EEG) do Instituto de Psiquiatria da UFRJ Membro Titular da ABN Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Iguaçu (UNIG) Mestre em Ciências Aplicadas à Saúde pela Universidade de Vassouras
Marcondes C. França Jr. Doutor e Pós-doutor em Neurologia da FCM/UNICAMP Professor do Departamento de Neurologia da FCM/UNICAMP Membro Titular da ABN
Marcos de Freitas Professor Emérito da UFF Professor Colaborador da UFRJ Mestre e Doutor pela UFRJ
Marcos Martins da Silva Mestre em Neurologia pela FM-UFRJ Professor Assistente da FM-UFRJ
Marcos Masini Doutor em Neurocirurgia pela UNIFESP Especialização em Neurocirurgia pela Universidade de Nottingham, Inglaterra Professor Titular da Faculdade de Medicina do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (UNICEPLAC) Diretor Técnico da Clínica de Neurologia e Neurocirurgia Queóps Millenium, DF Diretor Responsável do Instituto para Procedimentos Minimamente Invasivos da Coluna Vertebral, DF Vice-presidente do Comitê de Coluna da Federação Mundial de Sociedades de Neurocirurgia Ex-presidente da Federação Latino-americana de Sociedades de Neurocirurgia Ex-presidente da ABN Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia
Marcos Vinicius Calfatt Maldaun Neurocirurgião do Hospital Sírio Libanês, São Paulo
Marcus Tulius Teixeira da Silva
Neurologista
Mestre e Neurologista pela UFRJ Doutor em Neurologia pela UFF Membro Titular da ABN Pesquisador da FIOCRUZ
Marco Antônio Arruda
Marcus Vinicius Della Coletta
Neurologista
Márcia Waddington Cruz
Neurologista da Infância e Adolescência Mestre e Doutor em Neurologia pela FMRPUSP Membro do Comitê de Cefaleias na Infância da International Headache Society
Marco Antonio Sales Dantas de Lima Neurologista
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 11
Neurologista e Mestre em Medicina Interna pela UFPR Professor Assistente de Neurologia da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) Membro Titular da ABN Coordenador do Departamento Científico de Transtornos do Movimento da ABN
24/04/2019 08:57:21
xii
Colaboradores
Marcus Vinicius Magno Gonçalves
Mário Emílio Teixeira Dourado Júnior
Doutorando em Neurologia pela UFF Membro Efetivo da ABN Professor Adjunto de Neurologia da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE)
Mestre e Doutor em Neurologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Professor Adjunto de Neurologia UFRN Membro Titular da ABN
Maria Eduarda Nobre Neurologista Mestra e Doutora em Neurologia pela UFF
Maria Elisa Pimentel Piemonte Mestra e Doutora em Neurociência pela USP Professor Associado da FMUSP Membro Titular da ABN Presidente do Allied Health Group – Pan American Section da Parkinson’s disease and Movement Disorders Society
Mario Fernando Prieto Peres Neurologista
Mariz Vainzof Mestra e Doutora em Genética pela USP Professora Titular de Genética do Instituto de Biocências (IB) da USP Coordenadora do Laboratório de Proteínas Musculares e Histopatologia Comparada, Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano e Células-Tronco do IBUSP Membro da Diretoria da World Muscle Society
Marleide da Mota Gomes
Neurologista
Mestra e Doutora em Neurologia pela UFRJ Professora Associada de Neurologia FM-UFRJ Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia
Maria Luiza G. de Manreza
Marzia Puccioni Sohler
Maria Fernanda Mendes
Mestra e Doutora em Neurologia pela FMUSP Médica Supervisora do Serviço de Neurologia Infantil da Divisão de Clínica Neurológica do HCFMUSP Membro Titular da ABN e membro da Liga Internacional contra Epilepsia
Maria Valeriana Leme de Moura Ribeiro Professora Titular de Neurologia Infantil do Departamento de Neurologia da FMUNICAMP Professora Associada do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP/USP Membro da International Pediatric Stroke Study (IPSS) – Toronto, Canadá
Mariana Callil Voos Neurologista
Mariana F. G. Lucena Neurologista
Marília Niedermeyer Fagundes Médica Pneumologista Médica Diarista da UTI Neurológica do Hospital Espanhol, Salvador, Bahia Doutora em Pneumologia pela USP
Marilisa Mantovani Guerreiro
Mestra em Neurologia pela UFF Doutora em Neurologia pela Universidade Georg August, Goettingen, Alemanha Pós-doutora em Neurovirologia pelo National Institutes of Health, Bethesda, EUA Professora Associada pela Escola de Medicina e Cirurgia da UniRio Professora de Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias da FMUFRJ Membro Titular da ABN
Maurice Borges Vincent Neurologista
Mauricio André Gheller Friedrich Doutor em Medicina/Neurociências da PUCRS 2002 Membro Titular da ABN Membro da Academia Americana de Neurologia
Mauro Eduardo Jurno Doutor em Neurologia pela UFF Coordenador do Núcleo de Pesquisa e Extensão da Faculdade de Medicina de Barbacena Coordenador da Residência em Neurologia do Hospital Regional de Barbacena – Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG)
Milena Sales Pitombeira
Professora Titular de Neurologia Infantil pela UNICAMP Membro Titular da ABN
Neurologista pelo Hospital Geral de Fortaleza Neuroimunologista pelo HCFMUSP Membro Titular da ABN
Marina Coelho Gonsales
Millene Rodrigues Camilo
Mestra em Fisiopatologia Médica pela FCM/UNICAMP Doutora em Ciências pela FCM/UNICAMP Pesquisadora de Pós-doutorado em Fisiopatologia Médica da FCM/UNICAMP
Marina Koutsodontis Machado Alvim Médica Neurologista, Neurofisiologista e Doutora pela UNICAMP Membro Titular da ABN e da Sociedade de Neurofisiologia Clínica
Mário André da Cunha Saporta Neurologista
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 12
Mestra e Doutora em Neurologia pela FMRP-USP Coordenadora da Unidade de AVC do Hospital das Clínicas da FMRP-USP Membro Titular da ABN
Mônica Santoro Haddad Mestra em Neurologia pela USP Médica Assistente da Divisão de Clínica Neurológica da FMUSP, Grupo de Distúrbios do Movimento Membro Titular da ABN Membro da American Academy of Neurology e da International Parkinson´s Disease and Movement Disorders Society
24/04/2019 08:57:21
Colaboradores
Monize Lazar Graduação em Ciências Biológicas e Doutorado em Genética pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo
Neurologista e Pesquisadora do Hospital Israelita Albert Einstein e Colaboradora do Setor de Transtornos do Movimento da UNIFESP Membro Titular da ABN
Murilo Santos de Souza
Paula Marques Lourenço
Neurointensivista na Unidade de Recuperação Neurocardiológica do Hospital Espanhol, Salvador, BA
Norma Beatriz Diaz Rangel Mestra em Fisioterapia Doutoranda em Ciências Médicas pela UFSC Membro associado da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (ABRAFIN) Professora Colaboradora do Curso de Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Octavio Marques Pontes Neto Neurologista, Professor Associado da FMRP/USP Doutor e Livre-docente em Neurologia pela FMRP-USP Presidente da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (2016-2018)
Orlando Graziani Povoas Barsottini, MD, PhD Professor Livre-docente de Neurologia do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da EPM/UNIFESP Chefe do Setor de Neurologia Geral e Ataxias da EPM/UNIFESP Coordenador Geral do Programa de Residência Médica em Neurologia da EPM/UNIFESP
xiii
Neurologista
Paulo Breno Noronha Liberalesso Sócio-fundador do Centro de Reabilitação Neuropediátrica (CERENA) do Hospital Menino Deus, Curitiba Mestre em Neurociências Doutor em Distúrbios da Comunicação Humana Presidente do Departamento de Neurologia Infantil da Sociedade Paranaense de Pediatria
Paulo Caramelli Doutor em Neurologia pela FMUSP Professor Titular da FMUFMG Membro Titular da ABN Bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Paulo César Santos Soares Membro Titular da ABN Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) Médico Plantonista da Unidade Neurointensiva do Hospital Espanhol, Salvador, BA
Paulo Henrique Pires de Aguiar
Osorio Lopes Abath Neto
Doutor e Livre-docente, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Doutor em Neurologia pela USP Membro Titular da ABN
Paulo Marcelo Gondim Sales
Osvaldo J.M. Nascimento Neurologista
Osvaldo M. Takayanagui Professor Titular de Neurologia do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP/USP Membro da Comissão de Ética da ABN Delegado Superintendente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP)
Otávio Augusto Moreno de Carvalho
Médico Residente em Psiquiatria da SUNY Downstate Medical Center, Department of Psychiatry and Behavioral Sciences, Nova York, EUA
Paulo Sérgio Faro Santos Neurologista
Paulo Pereira Christo Professor da Pós-graduação da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, MG Coordenador do Ambulatório de Neuroinfecção do HCUFMG Neurologista do Hospital de Doenças Infecciosas Eduardo de Menezes (FHEMIG)
Especialista em Neurologia pela ABN em Líquido Cefalorraquidiano e Neurologia Tropical pela USP e Patologia Clínica pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC) Chefe do Laboratório de Líquido Cefalorraquidiano da Fundação José Silveira, Salvador, BA Ex-residente de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da FMUSP
Paulo Victor Sgobbi de Souza
Otoni Cardoso do Vale (in memorian)
Professor Associado III de Neurologia da Faculdade de Medicina da UFF Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cefaleia
Patrícia Aline Oliveira Ribeiro de Aguiar Araújo Mestra e Doutora em Fisiopatologia Médica, Área de Concentração Neurociências pela FCM/UNICAMP Bióloga Responsável pelo Laboratório de Genética Molecular da FCM/UNICAMP
Patricia de Carvalho Aguiar Mestra e Doutora em Neurologia pela UNIFESP com Período Sanduíche no Albert Einstein College of Medicine (EUA) Pós-doutora em Neurociências na F. Hoffman – La Roche (Suiça)
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 13
Médico pela EPM/UNIFESP Residência Médica em Neurologia Clínica EPM/UNIFESP Médico Assistente do Ambulatório de Doenças Neuromusculares da EPM/UNIFESP
Pedro Ferreira Moreira Filho
Pedro Henrique Lucena Neurologista
Pedro Sampaio Rocha Filho Doutor em Neurologia pela USP Professor Adjunto de Neurologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Médico Responsável pelo Ambulatório de Cefaleias do Hospital Universitário Oswaldo Cruz da UFPE
24/04/2019 08:57:21
xiv
Colaboradores
Pedro Schestatsky
Roberto Dias Batista Pereira
Doutor pela UFRGS-Barcelona e Pós-doutor por Harvard em Neurologia Professor da Medicina da UFRGS
Mestre e Doutor pelo Departamento de Neurologia da UNIFESP Diretor Presidente da Associação Verde Vida Saúde Fisioterapeuta Assistente do Setor Neuromuscular da UNIFESP
Pedro Telles Cougo Pinto Departamento de Neurociências e Comportamento da FMRP/USP
Rodrigo Secolin
Péricles Maranhão-Filho
Doutor em Fisiopatologia Médica na Área de Neurociências pela UNICAMP Pesquisador Colaborador na UNICAMP
Mestre e Doutor em Neurologia pela UFRJ Professor Associado de Neurologia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) Membro Titular da ABN e Membro Correspondente da Academia Americana de Neurologia
Quézia Anders Neurologista
Raimundo Nonato Delgado Rodrigues Professor Adjunto de Neurologia da FM/UnB Membro Titular da ABN Especialista em Medicina do Sono pela ABN
Raimundo Pereira da Silva Neto Mestre e Doutor em Neurologia pela UFPE Professor Adjunto de Neurologia na Universidade Federal do Piauí (UFPI) Membro Titular da ABN
Raquel Campos Pereira Mestra em Neurologia pela FMRPUSP Membro Titular da ABN Membro Titular da SBNC
Regina Maria França Fernandes Mestra e Doutora em Neurologia pela FMRP/USP Professora Doutora do Departamento de Neurociências da FMRP/USP Membro Titular da ABN e da SBNC
Renata Brant de Souza Melo Membro Efetivo da ABN Médica Assistente do Ambulatório de Doenças Desmielinizantes da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte Mestra em Imunopatologia pela UNESP/Botucatu e Doutoranda em Neurociências pela PUCRS
Renato Anghinah Mestre em Neurologia pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual Doutor em Ciências (Neurologia) pela FMUSP Professor Livre-docente de Neurologia da FMUSP Chief of Neurology – Americas Serviços Médicos Membro Titular da ABN
Ricardo Ferrareto Iglesio Neurologista
Ricardo Nitrini Professor Titular de Neurologia da FMUSP Diretor Científico da ABN
Roberta Arb Saba Mestra e Doutora em Neurologia pela UNIFESP Membro Titular e da Comissão de Ensino da ABN Coordenadora da Residência Médica de Neurologia do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE)
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 14
Rogério Adas Ayres de Oliveira Neurologista
Ronaldo Abraham Mestre e Doutor em Ciências, Área de Neurologia, pela FMUSP Membro Titular da ABN
Rosa Hasan Membro Titular da ABN Médica Neurologista e Especialista em Medicina do Sono Coordenadora do Laboratório de Sono e Ambulatório de Sono (ASONO) do Instituto de Psiquiatra do HCFMUSP
Rosana Hermínia Scola Professora Adjunta em Neurologia do Departamento de Clínica Médica da UFPR Neurofisiologista Clínica Chefe do Setor de Doenças Neuromusculares do HCUFPR
Rosana S. Cardoso Alves Médica Neurofisiologista Clínica Professora Colaboradora da Disciplina de Neurologia Infantil do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
Rubens José Gagliardi Professor Titular de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Chefe da Neurologia da Santa Casa de São Paulo Ex-presidente da ABN Presidente da Associação Paulista de Neurologia
Rubens Morato Fernandez Neurologista da Secretaria de Saúde do Distrito Federal Preceptor de Residentes do Hospital de Base do Distrito Federal
Rubens Paulo Araujo Salomão Médico Neurologista com Residência de Especialização em Neurologia Geral e Ataxia pela UNIFESP Membro Titular da ABN Fellow no Departamento de Genética na Erasmus University – Rotterdam Doutorando do Setor de Neurologia Geral e Ataxia na UNIFESP
Rui Kleber Martins Mestre em Neurologia pela FMRP/USP Membro Titular da ABN Neurologista Assistente do Serviço de Urgências Neurológicas e Neurologia Vascular do HCRP/USP
Samira Luisa dos Apóstolos Pereira Doutora em Neurociências pela USP Médica Assistente do HCFMUSP Membro Titular da ABN
24/04/2019 08:57:21
xv
Colaboradores
Samuel Katsuyuki Shinjo Professor Doutor da Disciplina de Reumatologia pela FMUSP Responsável pelo Ambulatório de Miopatias Inflamatórias do Serviço de Reumatologia do HCFMUSP Coordenador da Comissão de Miopatias Inflamatórias da Sociedade Brasileira de Reumatologia
Sarah Teixeira Camargos
Membro Titular da ABN e Membro Correspondente da Academia Americana de Neurologia
Umbertina Conti Reed Professora Titular da Disciplina de Neurologia Infantil do Departamento de Neurologia da FMUSP
Valéria Santoro Bahia
Professora Associada de Neurologia do Departamento de Clínica Médica da UFMG Coordenadora do Serviço de Neurologia do Hospital de Clínicas da UFMG Membro Titular da ABN e Membro da Movement Disorder Society
Neurologista Pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento (GNCC) do HCFMUSP Docente da Universidade Cidade de São Paulo Coordenadora do Departamento de Neurologia do Hospital Heliópolis
Saulo Nardy Nader
Vanderci Borges
Neurologista Subespecializado em Distúrbios Vestibulares e do Equilíbrio Neurologista Colaborador do HCFMUSP Membro Efetivo da ABN
Professora Afiliada Doutora do Setor de Transtornos do Movimento da Disciplina de Neurologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Sheila Bernardino Fenelon
Vanessa Daccach Marque
Neurologista
Neurologista
Sheila Cristina Ouriques Martins
Victor Gonçalves Lopes
Mestra em Ciências Médicas pela UFRGS Doutora em Neurologia pela UNIFESP Professora Adjunta da UFRGS Membro Titular da ABN Vice-presidente da World Stroke Organization
Neurologista pelo Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro Especialização Complementar em Distúrbios Vestibulares e do Equilíbrio pela USP Membro Titular da ABN
Simone Consuelo de Amorim
Vivian DB Gagliardi
Neurologista Infantil Doutora em Neurologia pela USP Membro Titular da ABN e da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil
William Luciano de Carvalho
Sonia Maria Dozzi Brucki Livre-docente em Neurologia pela FMUSP Cocoordenadora do Grupo de Neurologia Cogntiva e do Comportamento do HCFMUSP Responsável pelo Ambulatório de Neurologia Cognitiva do Hospital Santa Marcelina
Soraia Ramos Cabette Fabio Mestre e Doutora em Neurologia (MD, PhD) pelo Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de medicina de Ribeirão Preto, USP
Soraya Pulier da Silva Neurologista do Hospital Quinta D’Or
Stella Tavares Médica Neurofisiologista, Clínica, Coordenadora do Laboratório de Sono do Serviço de Neurofisiologia Clínica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFM-USP) Responsável pelo Setor de Polissonografia do Departamento de Neurofisiologia Clínica do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo
Suely Kazue Nagahashi Marie Doutora em Neurologia pela FMUSP Professora Associada de Neurologia da FMUSP
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 15
Neurologista Membro Titular da ABN Preceptor da Residência de Neurologia do Hospital Geral de Goiânia, GO Coordenador do Ambulatório de Distúrbios Vestibulares e do Equilíbrio do Hospital Geral de Goiânia, GO
Wilson Marques Júnior Professor Titular de Neurologia da FMRPUSP Responsável pelos Setores de Neurogenética, de Eletromiografia e pelo Labaratório de DNA Grupo de Doenças Neuromusculares
Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto Médico Neurologista Assistente do Ambulatório de Doenças Neuromusculares da EPM/UNIFESP Especialista e Pós-graduado em Doenças Neuromusculares pela EPM/UNIFESP Membro Titular Efetivo da ABN
Wolnei Caumo Neurologista
Yára Dadalti Fragoso Mestra e Doutora em Medicina pela Universidade de Aberdeen, Escócia Membro Titular da ABN Coordenadora do MS & Headache Research, Santos, SP
24/04/2019 08:57:21
Apresentação
O nome deste livro é bastante pretensioso – Tratado de Neurologia – e a intenção dos editores e dos autores é exatamente esta: oferecer uma obra escrita que envolva as principais áreas de neurologia, permitindo sistematização das doenças neurológicas, conhecimento destas afecções e atualização. Todo o trabalho foi realizado dentro desta óptica, trazendo conceitos clássicos ao lado do que há de mais novo, descritos por colegas com comprovada experiência e conhecimento específico. Os textos abordam aspectos epidemiológicos, prevenção, exames complementares, diagnóstico, tratamento e reabilitação. O livro está dividido em grandes seções, que foram coordenadas pelos departamentos científicos da ABN, junto com especialistas de destaque nas respectivas áreas. Cada seção é subdividida em vários capítulos, para os quais foram convidados renomados especialistas (nacionais e internacionais) de cada área descrita, que apresentam o conteúdo de modo claro e didático, usando a sua experiência pessoal, alicerçada na literatura atualizada. Sempre que possível, procurou-se basear as indicações e conclusões em evidências clínicas e nos consensos nacionais e internacionais. Todos os capítulos apresentam uma seleção de referências bibliográficas atualizadas e
de maior destaque no assunto, permitindo aos leitores interessados aprofundarem o conhecimento específico. Nesta edição, foram incluídos alguns temas novos, que não constavam na edição anterior, que têm ganhado espaço na literatura atual e são de interesse da prática clínica. Também foram incluídos resultados de aprimoramento de conduta baseado em pareceres do ministério que possibilitam adequação de procedimentos na prática clínica. Este tratado é fruto de intenso trabalho de mais de dois anos de uma grande equipe composta pelos coordenadores das seções, autores e coautores dos capítulos, por toda a equipe da Elsevier e pelas secretarias da ABN, aos quais somos imensamente gratos. Finalmente, gostaríamos de dedicar este livro a um dos colaboradores mais dedicados, o saudoso Prof. Amilton Antunes Barreira. Rubens José Gagliardi Osvaldo Massaiti Takayanagui Editores
xvii
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 17
24/04/2019 08:57:21
Prefácio
A ABN já possui um grande patrimônio histórico, mais de meio século de existência. Em uma sociedade em que tantas instituições nascem e desaparecem, isso, sem dúvida, já é uma vitória. Mas, para além da nossa história, a trajetória da ABN tem se consolidado em duas importantes frentes. A primeira tem sido a de congregar a categoria dos médicos neurologistas e neurocientistas. A segunda, de empreender esforços para transformar os saberes de várias partes do planeta em saberes da comunidade neurológica. Pensar essa comunidade implica buscar os conhecimentos mais avançados onde quer que eles estejam e, ao mesmo tempo, compreender as nossas particularidades, isto é, sobretudo, as advindas das influências étnicas e ambientais. Cada avanço, cada descoberta de uma técnica nova, de um método mais eficiente, de um novo remédio, de novos questionamentos são fundamentais para aliviar a dor de quem está na ponta, de quem mais precisa do saber médico e científico, o paciente local. Problemas de saúde pública não podem ser esquecidos quando tratamos de neurologia no Brasil.
Enfim, para alcançar nossos objetivos, neurologistas e neurocientistas devem estar atentos aos avanços tecnológicos nas áreas de genética, imunologia e imagem, que, bem aplicados, vêm permitindo mudanças importantes nas ciências neurológicas, da visão diagnosticista para a fase de terapêutica medicamentosa e reabilitadora e, mais recentemente, a fase preventiva. Esta atualmente tem a ênfase necessária para trazer alento aos portadores de doenças genéticas ou degenerativas. Ao longo de todos esses anos foi possível vivenciar o crescimento e a expansão da neurologia com a produção científica e a mudança da prática médica hoje baseada em evidências. Com o mesmo entusiasmo de sempre e com a visão da ciência já globalizada, sem menosprezar a individualidade tão importante ao tratar de seres humanos, a ABN concebeu este livro e entrega-o aos usuários desejando que seja um marco para a prática neurológica e, principalmente, um incentivo aos estudantes de medicina para abraçar esta especialidade. Elza Dias Tosta
xix
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 19
24/04/2019 08:57:21
Agradecimentos
Aos colegas da Academia Brasileira de Neurologia e à Elsevier pela importante colaboração e apoio, tornando possível a materialização deste projeto. Rubens Gagliardi
Aos amigos da Academia Brasileira de Neurologia e do Departamento de Neurociências da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Osvaldo M. Takayanagui
xxi
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 21
24/04/2019 08:57:21
Dedicatórias
À minha esposa Eloisa, às minhas filhas Tamara e Vivian e aos meus pais (in memoriam) Luiz e Elida. Rubens Gagliardi
À esposa Angela, aos filhos Alexandre e Talita e aos netos Pedro, Lorenzo, Sarah, Marina e Antonella. Osvaldo M. Takayanagui
xxiii
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 23
24/04/2019 08:57:21
Sumário
Colaboradores, v Apresentação, xvii Prefácio, xix Agradecimentos, xxi Dedicatórias, xxiii Siglas e Abreviaturas, xxxi
SEÇÃO 1 Introdução e Considerações Gerais, 1 1 História da Neurologia – Visão Panorâmica, 1 Hélio A. Ghizoni Teive e Francisco Cardoso
2 História da Neurologia Brasileira e as Tendências Geodemográficas, 7 Marleide da Mota Gomes e Péricles Maranhão-Filho
3 A Neurologia como Especialidade Médica: Uma Interpretação Histórica, 12 Ricardo Nitrini
Seção 2 Semiologia, 17 4 O Exame Neurológico, 17 Péricles Maranhão-Filho e Marcos Martins da Silva
Seção 3 Cefaleias, 61 5 Fisiopatologia das Cefaleias Primárias, 61 João José Freitas de Carvalho e Maurice Borges Vincent
6 Epidemiologia e Impacto das Cefaleias Primárias, 64 Luiz Paulo Queiroz, Henrique Carneiro de Campos e Yára Dadalti Fragoso
7 Semiologia e Investigação Complementar das Cefaleias, 68 Liselotte Menke Barea e Jano Alves de Souza
8 Migrânea (Enxaqueca), 73 Marcelo Cedrinho Ciciarelli, Karen dos Santos Ferreira e Pedro Ferreira Moreira Filho
9 Cefaleia do Tipo Tensional, 80 Jayme A. Maciel Jr. e Mauro Eduardo Jurno
10 Cefaleias Trigeminoautonômicas, 83 Maria Eduarda Nobre e Mario Fernando Prieto Peres
11 Outras Cefaleias Primárias, 87 Pedro Augusto Sampaio Rocha Filho e Elcio Juliato Piovesan
12 Cefaleias Secundárias: Cefaleia Pós‑traumática, Cefaleia Atribuída a Hipertensão Liquórica e Cefaleia Atribuída a Hipotensão Liquórica, 91 Paulo Sergio Faro Santos, Djacir Dantas P. de Macedo e Marcelo Moraes Valença
13 Neuropatias Cranianas Dolorosas, 96 Elder Machado Sarmento e Claudio Manoel Brito
14 Situações Especiais em Cefaleia, 99 Marco Antônio Arruda (Cefaleia na Criança e no Adolescente), Eliana Meire Melhado (Cefaleia na Mulher) e Raimundo Pereira Silva-Néto (Cefaleias Primárias e Secundárias no Idoso)
15 Cefaleia na Unidade de Emergência, 106 Ida Fortini e Renata Londero
16 Cefaleia por Uso Excessivo de Medicamentos, 110 Abouch Valenty Krymchantowski e Carla da Cunha Jevoux
Seção 4 Doenças Cerebrovasculares, 113 17 Acidente Vascular Cerebral: Considerações Gerais e Iniciais, 113 Rubens José Gagliardi
18 Epidemiologia das Doenças Cerebrovasculares, 115 Cesar Minelli
19 Acidente Vascular Cerebral Maligno, 119 Bruno Funchal e José A. Fiorot Jr.
20 Síndromes Vasculares Isquêmicas, 121 Soraya Pulier da Silva, Daniel de H. Christoph, Julien Bogousslavsky e Gabriel R. de Freitas
21 Doenças Vasculares de Importância Nacional: Doença de Chagas e Anemia Falciforme, 131 Jamary Oliveira-Filho e Gisele Sampaio Silva
22 Vasculites do Sistema Nervoso, 135 Lívia Almeida Dutra xxv
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 25
24/04/2019 08:57:21
xxvi
Sumário
23 Escalas Neurológicas Utilizadas para Avaliação dos Pacientes com Doenças Cerebrovasculares, 139 Octávio Marques Pontes Neto, Carla Heloísa Cabral Moro e Pedro Telles Cougo Pinto
24 Organização do Atendimento Integrado ao Paciente com Acidente Vascular Cerebral, 146 Carla Heloisa Cabral Moro e Maurício Friedrich
25 Tratamento da Fase Aguda do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, 153 Maurício André Gheller Friedrich
26 Prevenção do Acidente Vascular Cerebral, 162 Rubens José Gagliardi
27 Antiagregação Plaquetária no Tratamento e na Prevenção Secundária do AVC Isquêmico, 168 Francisco Antunes Dias, Gabriel Rodríguez de Freitas e Octávio Marques Pontes Neto
28 Anticoagulantes Orais na Prevenção do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, 176 Millene Rodrigues Camilo e Rui Kleber do Vale Martins Filho
29 Trombose Venosa Cerebral, 183 Adriana Bastos Conforto
30 Principais Indicadores para o Tratamento do Acidente Vascular Cerebral (AVC), 186 Soraia Ramos Cabette Fabio e Sheila Cristina Ouriques Martins
31 Hemorragia Subaracnóidea, 188 Carolina Rouanet e Gisele Sampaio Silva
32 Tratamento Endovascular do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, 196 Luís Henrique de Castro-Afonso, Octávio Marques Pontes Neto e Daniel Giansante Abud
33 AVC Isquêmico Criptogênico, 203 Vivian D. B. Gagliardi
Seção 5 Distúrbios do Movimento, 207 34 Doença de Parkinson, 207 Egberto Reis Barbosa e Henrique Ballalai Ferraz
35 Tremor Essencial, 218 Vanderci Borges e Marcia Rubia Rodrigues Gonçalves
36 Distonias, 222 Patricia de Carvalho Aguiar e Sarah Camargos
37 Doença de Huntington e Síndromes Huntington‑Like, 229 Roberta Arb Saba e Monica Santoro Haddad
38 Transtornos do Movimento Associados a Doenças Infecciosas, Autoimunes e Metabólicas, 233
39 Transtornos do Movimento Induzido por Drogas, 237 Marcus Vinicius Della Coletta e Delson José da Silva
40 Distúrbios Funcionais dos Movimentos, 242 Andre Sobierajski dos Santos e Denise Hack Nicaretta
Seção 6 Transtornos do Sono, 245 41 Fisiologia do Sono, 245 Rosa Hasan e Flávio Alóe (in memorian)
42 O Sono Normal e a Monitorização do Sono, 253 Rosa Hasan e Stella Tavares
43 Insônia, 256 Luciano Ribeiro Pinto Jr. e Andrea Bacelar
44 Transtornos do Sono e Doença Cerebrovascular, 270 Leonardo Ierardi Goulart e Octávio Marques Pontes Neto
45 Parassonias do Sono não REM, 275 Andrea Frota Bacelar e Alvaro Pentagna
46 Parassônias do Sono REM, 280 Raimundo Nonato Delgado Rodrigues e Alan Luiz Eckeli
47 Hipersonias, 286 Fernando Morgadinho Coelho
48 Sono e Demências, 290 Fernando Morgadinho Coelho, Geraldo Nunes Vieira Rizzo, Leonardo Ierardi Goulart e Daniela Vianna Pachito
49 Transtornos do Sono na Infância, 296 Márcia Pradella-Hallinan e Rosana S. Cardoso Alves
Seção 7 Epilepsia, 303 50 Definição e Classificação das Crises Epilépticas e das Epilepsias, 303 Elza Márcia Targas Yacubian e Maria Luiza G. de Manreza
51 Etiologia e Investigação de Pacientes com Epilepsias, 308 Fernando Cendes
52 Tratamento Medicamentoso das Epilepsias, 314 Luiz Eduardo Betting e Carlos A. M. Guerreiro
53 Cirurgia de Epilepsia e Outras Modalidades Terapêuticas, 319 Carmen Lisa Jorge e Jaderson Costa da Costa
54 Crises não Epilépticas Psicogênicas, 327 Luciano de Paola
Débora Palma Maia e Francisco Eduardo Costa Cardoso
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 26
24/04/2019 08:57:21
Sumário
Seção 8 Esclerose Múltipla e Outras Doenças Desmielinizantes do Sistema Nervoso Central, 333 55 Epidemiologia, Fisiopatologia e Fatores de Risco da Esclerose Múltipla, 333 Bruna Klein da Costa e Douglas Kazutoshi Sato
56 Fenótipos Clínicos e Diagnóstico da Esclerose Múltipla, 338 Douglas Kazutoshi Sato, Marcus Vinícius, Magno Gonçalves e Henry Koiti Sato
57 Tratamento da Esclerose Múltipla, 344 Yára Dadalti Fragoso, Joseph Bruno Bidin Brooks e Maria Fernanda Mendes
58 Espectro da Neuromielite Óptica, 353 Milena Sales Pitombeira, Samira Pereira Apóstolos e Douglas Kazutoshi Sato
59 Encefalomielite Disseminada Aguda, 363 Renata Brant de Souza Melo e Antonio Pereira Gomes Neto
60 Encefalites Autoimunes e Síndromes Paraneoplásicas do Sistema Nervoso Central, 367 Bruna Klein da Costa e Douglas Kazutoshi Sato
Seção 9 Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento, 373 61 Comprometimento Cognitivo Leve, 373 Márcia L. F. Chaves
62 Demências, 383 Sonia Maria Dozzi Brucki
63 Demência Frontotemporal, 391 Leonel Tadao Takada, Valéria Santoro Bahia e Ricardo Nitrini
64 Doença de Alzheimer, 402 Paulo Caramelli e Leonardo Cruz de Souza
Seção 10 Doenças do Sistema Nervoso Periférico, 409 Parte I Esclerose Lateral Amiotrófica e Doenças do Neurônio Motor, 409 65 Doenças do Neurônio Motor – Esclerose Lateral Amiotrófica, 409 Marco Antonio Troccoli Chieia, Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto, Paulo Victor Sgobbi de Souza e Acary Souza Bulle Oliveira
66 Miastenia Grave Adquirida, 426 Elza Dias-Tosta, Henrique Leonel Lenzi e Rubens Morato Fernandez
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 27
xxvii
Parte II Doenças da Transmissão Neuromuscular, 434 67 Síndrome Miastênica de Eaton-Lambert, 434 Elza Dias-Tosta, Henrique Leonel Lenzi e Rubens Morato Fernandez
Parte III Neuropatias Periféricas, 436 68 Avaliação Clínica de Pacientes com Neuropatias Periféricas, 436 Marcos R. G. de Freitas, Fernando Cardoso e Marco Orsini
69 Avaliação Eletroneuromiográfica nas Neuropatias Periféricas, 448 Wilson Marques Jr e Vanessa Daccach Marques
70 Eletrofisiologia e Outros Métodos no Estudo das Neuropatias de Fibras Finas, 454 Pedro Schestatsky
71 Plexopatias Braquial e Lombossacral, 457 Carlos Otto Heise, Vanessa Daccach Marques, Wilson Marques Jr. e Amilton Antunes Barreira
72 Radiculopatias, 466 Mário Emílio Teixeira Dourado Junior
73 Neuropatias de Fibras Finas, 474 Osvaldo J. M. Nascimento e Camila Pupe
74 Doença de Charcot‑Marie‑Tooth e Neuropatias Correlatas, 478 Wilson Marques Júnior
75 Amiloidose ou Neuropatias nas Amiloidoses, 486 Márcia Waddington Cruz, Isabel Conceição e Mário André da Cunha Saporta
76 Neuropatias Secundárias a Doenças Sistêmicas, 492 Francisco de Assis Aquino Gondim, Otoni Cardoso do Vale (in memoriam) e Paulo Marcelo Gondim Sales
77 Neuropatias Secundárias a Doenças do Trato Digestivo, 499 Francisco de Assis Aquino Gondim e Raquel Campos Pereira
78 Neuropatias Periféricas Associadas à Uremia, 503 Luiz Antonio de Lima Resende
79 Neuropatias Carenciais, 505 Giseli da Silva Quintanilha
80 Neuropatias Infecciosas, 510 Marcos R. G. de Freitas e Fernando M. Cardoso
81 Síndrome de Guillain-Barré (Polirradiculoneuropatia Inflamatória Aguda), 517 Francisco de Assis Aquino Gondim e Amilton Antunes Barreira (in memorian)
82 Polirradiculoneuropatia Inflamatória Desmielinizante Crônica, 522 Francisco Tellechea Rotta
24/04/2019 08:57:21
xxviii
Sumário
83 Neuropatia Motora Multifocal, 526 Paula Marques Lourenço e Amilton Antunes Barreira
84 Poliganglionopatias, 535 Marcondes C. França Jr e Anamarli Nucci
85 Neuropatias Paraneoplásicas, 540 Amilton Antunes Barreira (in memoriam)
Parte IV Miopatias, 545 86 Definição e Classificação das Miopatias, 545 Osório Abath Neto e Cláudia Ferreira da Rosa Sobreira
87 Avaliação Clínica no Contexto das Miopatias, 548 Cláudia Ferreira da Rosa Sobreira, Rosana Hermínia Scola e André Clériston José dos Santos
88 Histopatologia Muscular, 557 Beny Schmidt e Roberto Dias Batista Pereira
89 Exames de Imagem de Músculo nas Miopatias, 566 Antônio Lopes da Cunha Junior, Ana Cotta e Elmano Carvalho
90 Análise Genética e Molecular das Miopatias, 576 Mariz Vainzof, Monize Lazar, Katia Maria da Rocha e Juliana Gurgel-Giannetti
91 Distrofia Muscular de Duchenne, 583 Alexandra Prufer Q. C. Araujo
92 Distrofias Musculares Cintura-membros, 587
102 Miopatias Endócrinas, 658 Sheila Bernardino Fenelon
103 Miopatias Tóxicas e Iatrogênicas, 667 Alzira Alves de Siqueira Carvalho e David Feder
Seção 11 Distúrbios Vestibulares e do Equilíbrio, 677 104 Semiologia do Sistema Vestibular, 677 Saulo N. Nader e Cristiana B. Pereira
105 Episódio Único e Prolongado de Vertigem, 683 Emanuelle R. S. Aquino e Cristiana B. Pereira
106 Vertigem Recorrente, 688 William Luciano de Carvalho, Aline M. Kozoroski Kanashiro e Cristiana B. Pereira
107 Vertigem Posicional, 697 William Luciano de Carvalho e Cristiana B. Pereira
108 Vertigem Central, 704 Victor Gonçalves Lopes e Cristiana Borges Pereira
109 Situações Especiais – Tontura Perceptual-Postural Persistente, Vestibulopatia Bilateral, Oscilopsia, Cinetose e Mal do Desembarque, 708 Saulo Nardy Nader
Ana Cotta, Elmano Carvalho e Antônio Lopes da Cunha Junior
93 Distrofia Facioescapuloumeral, 600 Camila de Aquino Cruz e Cláudia Ferreira da Rosa Sobreira
94 Distrofias Musculares Congênitas, 603 Umbertina Conti Reed
95 Distrofias Miotônicas, 615 Anamarli Nucci, Beatriz Helena Miranda-Pfeilsticker, Helena Resende Silva Mendonça e Marcondes Cavalcante França Jr.
96 Miopatias Congênitas, 620 Juliana Gurgel-Giannetti, Eralda Luiza de Castro Concentino e Mariz Vainzof
97 Hipertermia Maligna e Outras Reações Anestésicas Atípicas em Doentes Neurológicos, 628 Helga Cristina Almeida da Silva
98 Intolerância ao Exercício nas Miopatias Metabólicas Hereditárias, 635 Elmano Carvalho
99 Miopatias Mitocondriais, 643 Célia Harumi Tengan, Beatriz Hitomi Kiyomoto e Juliana Gamba
100 Doença de Pompe, 649 Carlo Domênico Marrone
101 Miopatias Inflamatórias, 652 Suely Kazue Nagahashi Marie, Adriana Maluf Elias Sallum e Samuel Katsuyuki Shinjo
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 28
Seção 12 Neuroinfecção, 711 110 Meningite Bacteriana Aguda, 711 Marcus Tulius Teixeira da Silva e Abelardo de Queiroz‑Campos Araújo
111 Meningites Crônicas, 716 Marco Antonio Sales Dantas de Lima e Abelardo de Queiroz Campos Araújo
112 AIDS e Sistema Nervoso, 720 Paulo Pereira Christo e Barbara Arduini F. Corrêa
113 Encefalite Viral, 733 Marzia Puccioni-Sohler e Carolina Rosadas, PhD
114 Complicações Neurológicas das Arboviroses, 739 Cristiane Nascimento Soares
115 Neurocisticercose, 748 Ronaldo Abraham
116 Neuroesquistossomose, 755 Otávio Augusto Moreno de Carvalho
117 Raiva Humana, 762 Hideraldo Luis Souza Cabeça
118 Hanseníase, 766 Marcos R. G. de Freitas e Marco Orsini
24/04/2019 08:57:21
Sumário
Seção 13 Neoplasias do Sistema Nervoso, 773 119 Neoplasias do Sistema Nervoso Central, 773 Marcos Masini, Paulo Henrique Pires de Aguiar e Marcos Vinicius Calfatt Maldaun
seção 14 Neurointensivismo, 787 120 Monitorização Clínica e Neurofisiológica, 787 Murilo Santos de Souza e Jamary Oliveira Filho
121 Infecções em Neuro UTI, 795 Paulo César Soares e Marília Niedermeyer Fagundes
seção 15 Traumatismo Cranioencefálico, 805 122 Traumatismo Cranioencefálico, 805 José Roberto Tude Melo e Jamary Oliveira Filho
123 Reabilitação Cognitiva Pós-traumatismo Cranioencefálico, 811 Renato Anghinah
seção 16 Manifestações Neurológicas de Doenças Sistêmicas, 817 124 Coma e Morte Encefálica, 817 Regina Maria França Fernandes e Osvaldo Massaiti Takayanagui
125 Complicações Neurológicas em Imunossuprimidos, 825 Francisco Tomaz Meneses de Oliveira e Marcela Capucho Chiarantin
xxix
132 Erros Inatos do Metabolismo, 892 Juliana Gurgel Giannetti e Mara Lucia Schmitz Ferreira Santos
133 Acidente Vascular Cerebral na Infância, 906 Maria Valeriana Leme de Moura Ribeiro e Ana Carolina Coan
134 Síndromes Neurocutâneas, 912 Paulo Breno Noronha Liberalesso e Marcelo Masruha Rodrigues
Seção 18 Manejo da Dor, 921 135 O Raciocínio Clínico e os Princípios da Avaliação do Doente com Dor, 921 Rogério Adas Ayres de Oliveira e Daniel Ciampi Araújo de Andrade
136 Fisiopatologia da Dor, 926 Manoel Jacobsen Teixeira
137 Síndromes Dolorosas Frequentes, 939 Daniel Ciampi A. de Andrade e Luciana Mendonça Barbosa
138 Neuropatias Periféricas Dolorosas, 945 Irina Raicher, Daniel Ciampi A. de Andrade e Manoel Jacobsen Teixeira
139 Dor Central Encefálica, 950 Rogério Adas Ayres de Oliveira
140 Manejo da Dor, 955 Lauro Figueira Pinto
141 Terapêutica Farmacológica da Dor Neuropática, 959 Daniel Ciampi A. de Andrade e Luciana Mendonça Barbosa
142 Neuromodulação no Manejo da Dor Crônica, 964 Lauren Adachi e Bernardo A. de Monaco
Seção 17 Neurologia Infantil, 835 126 Particularidades do Exame Neurológico na Criança, 835 Letícia Pereira de Brito Sampaio e Hélio van der Linden Júnior
127 Epilepsia na Infância, 838 Ana Carolina Coan e Marilisa Mantovani Guerreiro
128 Síndrome da Criança Hipotônica, 848 Juliana Gurgel Giannetti e Umbertina Conti Reed
129 Alterações do Volume e da Forma do Crânio, 860 Igor de Assis Franco e Marcelo Masruha Rodrigues
130 Paralisia Cerebral, 872 Simone Amorim
131 Transtornos do Neurodesenvolvimento, 878 Eduardo Ferracioli Fusão e Luiz Celso Pereira Vilanova
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 29
143 Tratamento Neurocirúrgico Funcional da Dor, 970 Manoel Jacobsen Teixeira e Kleber Paiva Duarte
Seção 19 Neuromodulação, 989 144 História e Definição da Neuromodulação, 989 Joaquim Pereira Brasil Neto
145 Princípios da Estimulação Magnética Transcraniana, 992 Joaquim Pereira Brasil Neto
146 Princípios da Estimulação Elétrica Transcraniana por Corrente Contínua, 995 Douglas Leffa, Marcel Simis e Pedro Schestatsky
147 Outras Formas de Neuromodulação com Estimulação Transcraniana, 998 Marcel Simis e Felipe Fregni
24/04/2019 08:57:22
xxx
Sumário
148 Plasticidade Neuronal e Neuromodulação, 1000 Marcel Simis
149 Segurança das Principais Técnicas não Invasivas de Neuromodulação, 1003 Marcel Simis, Mariana F. G. Lucena, Pedro Henrique Lucena e Felipe Fregni
150 Aspectos Regulatórios das Principais Técnicas não Invasivas de Neuromodulação, 1005 Marcel Simis e Hideraldo Luis Souza Cabeça
151 Estimulação Periférica Repetitiva na Reabilitação Motora de Indivíduos com Acidente Vascular Cerebral, 1007 Adriana B. Conforto
152 Estimulação Cerebral não Invasiva na Reabilitação Cognitiva, 1009 Marcel Simis, Jorge Almeida e Felipe Fregni
153 Neuromodulação nas Lesões do Sistema Nervoso Central, 1012 Marcel Simis
154 Estimulação Cerebral não Invasiva no Tratamento da Dor Crônica, 1014 Luciana Mendonça Barbosa, Daniel Ciampi A. de Andrade e Wolnei Caumo
155 Estimulação Cerebral não Invasiva nos Distúrbios do Movimento, 1018 Deniz Doruk Camsari, Marcel Simis e Felipe Fregni
156 Estimulação Cerebral não Invasiva no Tratamento da Epilepsia, 1022 Douglas Leffa e Pedro Schestatsky
157 Estimulação Cerebral não Invasiva na Depressão, 1024 André Russowsky Brunoni e Bernardo Sampaio-Júnior
158 Estimulação Cerebral não Invasiva nas Dependências Químicas, 1027 Ester Miyuki Nakamura-Palacios, Jaisa Klauss e Quézia Anders
159 Estimulação Cerebral não Invasiva em outras Síndromes Psiquiátricas, 1030 Leandro da Costa Lane Valiengo
160 Neuromodulação Invasiva: Estado da Arte e Principais Indicações da Estimulação Cerebral Profunda, 1032 Manoel Jacobsen Teixeira
161 Estimuladores Medulares e Periféricos Implantados, 1038 Ricardo Ferrareto Iglesio e Guilherme Alves Lepski
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 30
Seção 20 Neurorreabilitação, 1041 162 Reabilitação de Distúrbios Vestibulares e do Equilíbrio, 1041 Cristiana B. Pereira
163 Reabilitação Cognitiva, 1044 Eliane Correa Miotto e Marcela Lima Silagi
164 Cuidados Paliativos em Neurologia, 1049 Camila Galvão Lopes e Luciana de Oliveira Neves
165 Tecnologia Assistiva – O que o Neurologista Precisa Saber, 1051 Norma Beatriz Diaz Rangel e Isabella de Souza Menezes
166 Reabilitação Pós-acidente Vascular Cerebral, 1055 Cesar Minelli e Adriana B. Conforto
167 Reabilitação de Distúrbios do Movimento, 1060 Chien Hsin Fen, Maria Elisa Pimentel Piemonte e Mariana Callil Voos
Seção 21 Neurogenética, 1067 168 Ataxias, 1067 Rubens Paulo Araújo Salomão, José Luiz Pedroso e Orlando Graziani Povoas Barsottini
169 Genética das Epilepsias, 1073 Rodrigo Secolin, Marina K. Alvim, Marina C. Gonsales, Joana Prota, Patricia A.O. R. Araújo e Iscia Lopes-Cendes
170 Erros Inatos do Metabolismo no Adulto, 1085 Marcelo de Melo Aragão, Jaime Lin e Marcelo Masruha Rodrigues
171 Paraparesias Espásticas Hereditárias, 1124 Ingrid Faber, Jonas A. M. Saute e Marcondes C. França Jr.
Apêndice Avaliação Neurológica Ampla, 1129 Igor Silvestre Bruscky, Francisca Goreth Malheiro Moraes Fantini, Fernando Morgadinho Santos Coelho, Elmano Henrique Torres de Carvalho, Leopoldo Antônio Pires, Sarah Teixeira Camargos, Rogério Adas Ayres de Oliveira, João José Freitas de Carvalho e Gilmar Fernandes do Prado
Índice, 1135
24/04/2019 08:57:22
Siglas e Abreviaturas
ADEM
encefalomielite disseminada aguda
AIDS
síndrome da imunodeficiência adquirida
BCNU
bromoetilclornitrozureia
BHE
barreira hematoencefálica
BO
banda oligoclonal
CET
complexo esclerose tuberosa
DNET
tumores desembrioblásticos primitivos
DVP
derivação ventriculoperitoneal
EMP
encefalopatia mioclônica precoce
GCV
ganciclovir
GFAP
glial fibrilar astrocytic protein
HAART
terapia antirretroviral altamente ativa
HPIV
hemorragia peri-intraventricular
INTR
inibidores nucleosídeos da transcriptase reversa
IRIS
síndrome inflamatória de reconstituição imune
LCR
líquido cefalorraquidiano
LPV
leucomalacia periventricular
LPSNC
linfoma primário do sistema nervoso central
MDM
murine double minute
NOM
neuromielite óptica
NT
neurotuberculose
PC
paralisia cerebral
PCR
reação em cadeia da polimerase
PCV
procarbazina, vincristina, carboplastina
PDGF
fator de crescimento derivado das plaquetas
PTEN
phosphatase and tensin homolog
RIFFT
soroneutralização
SGB
síndrome de Guillain-Barré
SIV
vírus da imunodeficiência do símio
SLG
síndrome de Lennox-Gastaut
SNC
sistema nervoso central
SO
síndrome de Ohtahara
SW
síndrome de West
TAC
tomografia computadorizada de crânio
TK
timidina quinase
xxxi
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 31
24/04/2019 08:57:22
44
Transtornos do Sono e Doença Cerebrovascular Leonardo Ierardi Goulart e Octávio Marques Pontes Neto
TRANSTORNOS RESPIRATÓRIOS DO SONO FISIOPATOGENIA DA INTERAÇÃO ENTRE TRS E DOENÇAS CEREBROVASCULARES TRS E RISCO DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO (AVCI) IMPACTO DOS TRS NA FASE AGUDA DE AVCI DRS E AVC HEMORRÁGICO INSÔNIA CRÔNICA TEMPO TOTAL DE SONO E DOENÇA VASCULAR CEREBRAL TRANSTORNOS DO RITMO CIRCADIANO SONOLÊNCIA EXCESSIVA TRANSTORNO COMPORTAMENTAL DO SONO REM SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS (DOENÇA DE WILLIS-EKBOM)/ MOVIMENTOS PERIÓDICOS DOS MEMBROS CONCLUSÃO
O acidente vascular cerebral (AVC) é a segunda maior causa de morte no mundo e a principal causa de incapacidade no adulto. Tanto os transtornos cerebrovasculares como os transtornos do sono têm considerável prevalência na sociedade moderna sendo, frequentemente, comórbidos. As doenças respiratórias do sono assim como outros transtornos do sono são encontradas, respectivamente, em 50%-70% e 10%-50% dos pacientes com doenças cerebrovasculares. Nesses casos, a coexistência dessas patologias pode envolver interações fisiopatológicas influenciando o prognóstico do paciente. Neste capítulo, além de revisarmos a fisiopatologia desta interação, abordaremos o impacto dos transtornos do sono na incidência, no risco de recorrência e no prognóstico de pacientes com AVC.
TRANSTORNOS RESPIRATÓRIOS DO SONO A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) tem prevalência estimada em 9% das mulheres e em 24% dos homens, sendo o mais conhecido e estudado transtorno respiratório do sono. Pacientes com AVC ou SAOS frequentemente compartilham inúmeros fatores de risco cardiovascular como hipertensão, obesidade, dislipidemia e diabetes. Não obstante estas características variadas, há evidências científicas crescentes de que a coexistência destas condições não ocorre de modo inesperado. Ademais, os transtornos respiratórios do sono (TRS) e as doenças cerebrovasculares têm interação independente, que eleva o risco mútuo de ocorrência e piora o prognóstico de ambas as condições.
FISIOPATOGENIA DA INTERAÇÃO ENTRE TRS E DOENÇAS CEREBROVASCULARES A SAOS é um fator de risco para morbidade e mortalidade cardiovascular. Os episódios de apneia levam a hipoxemia intermitente, retenção de CO2, alterando as respostas hemodinâmicas e autonômicas durante o sono. Além disso, ocorrem mudanças bruscas na pressão intratorácica e aumento da atividade simpática com vasoconstrição periférica e consequente elevação da pressão arterial. O estresse hipoxêmico recorrente leva à liberação de
peptídeos vasoativos e de substâncias tróficas que, como a endotelina, podem estar relacionadas com a gênese ou com o agravamento da hipertensão arterial crônica. Concomitantemente, há aumento da resposta inflamatória sistêmica, com elevação dos níveis de moléculas inflamatórias como interleucina 6 (IL-6), fator de necrose tumoral alfa (TNF-a) e proteína C-reativa (PCR), moléculas de adesão e amiloide A sérico, com maior ativação leucocitária. Os episódios de hipoxemia e reoxigenação característicos da SAOS também produzem mecanismos de estresse oxidativo reforçando possivelmente a disfunção endotelial. Além disso, acredita-se que o aumento de catecolaminas e a privação de sono, relacionados com a SAOS, contribuem para o desenvolvimento de resistência à insulina e intolerância à glicose, de modo independente da obesidade. O risco para síndrome metabólica na população com transtornos respiratórios do sono é de nove vezes o da população geral. A SAOS tem sido associada a aumento da ativação plaquetária, aumento do fibrinogênio e de outros potenciais marcadores para trombofilia. Ademais, as alterações bruscas da pressão intratorácica durante os episódios de apneia obstrutiva têm sido associadas a disfunção ventricular cardíaca, instabilidade autonômica e hemodinâmica, além de exacerbar shunts intracardíacos facilitando a embolia paradoxal. Em relação às alterações hemodinâmicas, estudos sobre o fluxo sanguíneo cerebral durante apneias sugerem aumento da pressão intracraniana durante as pausas obstrutivas que, associado à instabilidade da pressão arterial, resulta em redução transitória
Hipoxemia Reoxigenação
APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
Hipercapnia
Disfunção endotelial MECANISMO DE DOENÇA
Inflamação sistêmica Hipercoagulabilidade
Aumento átrio esquerdo
Hipertensão arterial Insuficiência cardíaca
Despertares Privação do sono
Hiperatividade simpática Disregulação metabólica
Pressão intratorácica
Doença renal DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Doença cerebrovasculares Síndromes coronárias
Arritimias cardíacas MORTE SÚBITA
FIGURA 44.1. Fisiopatologia do acometimento hemodinâmico pela ap-
neia obstrutiva do sono com potencial progressão para morbidade/mortalidade por mecanismos cárdio e cerebrovascular. Adaptado de Sommers et al., 2008.
270
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 270
17/04/2019 16:35:45
Transtornos do Sono e Doença Cerebrovascular
da perfusão cerebral. Além disso, existe a hipótese do comprometimento da autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral associado às pausas respiratórias. Conforme ilustrado na Figura 44.1, estes mecanismos, em conjunto, favorecem o desenvolvimento de patologia vascular associada aos TRS, e sua potencial evolução para morbidade ou mortalidade. Por outro lado, uma lesão vascular no sistema nervoso central também pode precipitar, agravar ou ocasionar quadro permanente ou transitório de apneias obstrutivas e/ou centrais. Lesões do sistema nervoso central, difusas ou focais, de naturezas diversas, podem desencadear quadros de transtorno respiratório do sono. Lesões supra ou infratentoriais podem acarretar, direta ou indiretamente (edema perilesional/reação sistêmica), a redução da capacidade de coordenação entre os movimentos respiratórios das vias aéreas superiores, musculatura intercostal e diafragmática, favorecendo pausas respiratórias que, na ausência do controle voluntário da vigília, resultam em apneias durante o sono. Outro mecanismo proposto é a redução da sensibilidade de quimiorreceptores por lesões bulbares. Além disso, a maior prevalência da posição supina durante o sono após o AVC, a presença de comorbidades como insuficiência cardíaca, e a predisposição anatômica para SAOS podem estar relacionadas com o surgimento de transtorno respiratório do sono após lesão cerebral. Em geral, a frequência de pausas respiratórias obstrutivas após o AVC é maior do que as apneias centrais. No entanto, a ocorrência de apneias centrais e a respiração de Cheyne-Stokes restrita ao sono em pacientes com doença cerebrovascular não é rara, independentemente da topografia das lesões, do nível de consciência e da presença de insuficiência cardíaca. Portanto, a detecção de apneias na fase aguda de AVC não significa, necessariamente, presença de SAOS antes do evento vascular ou sua persistência em longo prazo.
TRS E RISCO DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO (AVCI) Diversos estudos sugerem forte associação entre TRS e doenças cerebrovasculares. Dados epidemiológicos já haviam revelado que o ronco alto habitual, um possível marcador de SAOS, era fator de risco para AVCI, independentemente da obesidade ou da idade. Em análise transversal populacional, que incluiu mais de 6.000 indivíduos, Shahar et al. mostraram associação entre os TRS e o AVC isquêmico. Além disso, um índice de apneia-hipopneia (IAH) maior ou igual a 20 foi associado ao risco aumentado de sofrer um primeiro AVC em análise transversal de 1.475 pacientes acompanhados por 4 anos. Dados recentes revelam ainda que a hipoxemia noturna (SaO2 abaixo de 90% por mais de 10% do tempo de sono) independentemente da frequência de pausas respiratórias, constitui fator de risco cerebrovascular. Os mecanismos subjacentes ao aumento do risco de AVCI na população com TRS foram abordados na sessão de fisiopatologia e estão sumarizados no Quadro 44.1. Quadro 44.1. Possíveis mecanismos
cerebrovasculares de suscetibilidade nos transtornos respiratórios do sono
Crônicos
Agudos
Estresse oxidativo Inflamação Disfunção endotelial Hipertensão Aterosclerose Intolerância à hipóxia Disautonomia Síndrome metabólica
Instabilidade hemodinâmica Arritmias cardíacas Flutuação do fluxo sanguíneo cerebral Hipóxia intermitente Disautonomia
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 271
271
O tratamento da apneia do sono com CPAP atenua os mecanismos relacionados aos potenciais insultos vasculares dos TRS, como alterações inflamatórias, disfunção endotelial, arritmias cardíacas e hipertensão arterial. Um estudo controlado, randomizado, envolvendo pacientes com SAOS sem AVC revelou redução da pressão arterial média em 3 mmHg com o uso do CPAP. Em estudos farmacológicos com medicação anti-hipertensiva, para cada 1 mmHg de redução na pressão arterial média há redução relativa do risco para AVC de aproximadamente 5%. Portanto, uma redução de 3 mmHg significaria uma diminuição de cerca de 15% no risco para AVC. Um estudo recente (Sleep Apnea Cardiovascular Endpoints – SAVE), que abordou o papel do tratamento da SAOS com CPAP na prevenção secundária de doenças cérebro e cardiovasculares, não encontrou redução na recorrência de eventos isquêmicos no grupo de pacientes tratado com CPAP quando comparado com o grupo que não recebeu tratamento para SAOS. Alguns pontos que tornam o resultado desse estudo questionável são a reduzida adesão terapêutica dos pacientes ao CPAP (abaixo de 4 horas de uso por dia), espaço amostral inadequado, método de avaliação inadequado (a polissonografia tipo 3 utilizada no estudo não é o método preconizado para pacientes com comorbidades). Diante das sólidas evidências de redução de fatores de risco vascular com o CPAP no contexto de SAOS grave e moderada, os autores desse capítulo recomendam a triagem e o tratamento-padrão dos TRS nos cenários de prevenção primária e secundária para doenças vasculares.
IMPACTO DOS TRS NA FASE AGUDA DE AVCI Os TRS são frequentes na fase aguda de AVCI. Em um estudo realizado na fase aguda, Iranzo et al. realizaram exames de PSG noturna e oximetria contínua por 24 horas em 50 pacientes, na primeira noite após a admissão hospitalar. Os pacientes foram monitorados com parâmetros clínicos durante a internação e até 6 meses após a alta. O déficit neurológico na fase aguda foi avaliado pela escala de AVC da Escandinávia ou SSS (Scandinavian Stroke Scale) e a incapacidade após a alta pelo índice de Barthel. Neste estudo, os pesquisadores observaram que 62% dos pacientes na fase aguda de AVC isquêmico apresentaram apneia obstrutiva do sono (AOS), definida como IAH superior a 10. O início dos sintomas de AVC durante o sono ocorreu em 24 (48%) pacientes e se relacionou com IAH maior que 25. Além disso, 15 (30%) pacientes apresentaram deterioração neurológica precoce (definida como diminuição de dois pontos na SSS), o que se relacionou independentemente com hiperglicemia e a AOS na fase aguda. Bassetti et al. realizaram exames de PSG ou poligrafia respiratória nos primeiros 3 dias após o início dos sintomas, em um estudo que avaliou pacientes com AVC isquêmico agudo. O tratamento com CPAP foi utilizado naqueles pacientes que apresentavam IAH = 15 ou IAH = 10 associado à sonolência diurna excessiva. Os pacientes foram monitorados clinicamente durante a internação e reavaliados por telefone até 60 meses após a alta. O exame de poligrafia respiratória, validado com PSG, foi repetido após 6 meses. O déficit neurológico na fase aguda foi avaliado pela NIHSS e SSS, e a incapacidade após a alta pelo índice de Barthel e pela escala de Rankin. Nesse estudo, 58% dos pacientes apresentaram AOS, definida como IAH superior a 10. Esta esteve mais presente em indivíduos idosos, diabéticos e com AVC ocorrido durante o sono. Ademais, observou-se correlação entre AOS grave (definida como IAH maior que 30) e idade mais avançada, sexo masculino, IMC elevado, história de HAS, diabetes, doença coronariana e maior sonolência diurna excessiva. O tratamento com CPAP foi iniciado durante a fase aguda em 51% dos pacientes e continuado cronicamente em 15% destes. Finalmente, o IAH se associou positiva e independentemente à mortalidade em longo prazo.
17/04/2019 16:35:45
272
SEÇÃO 6 Transtornos do Sono
Não obstante o tratamento com CPAP na fase aguda do AVC ser bem tolerado, ainda é incerto que o tratamento dos episódios de apneia obstrutiva em pacientes na fase aguda do AVC leve à melhora na sua evolução neurológica.
DRS E AVC HEMORRÁGICO Ao contrário do AVC isquêmico, no qual a elevada frequência de SAOS na fase aguda já é bem conhecida, e com evidências crescentes do seu impacto clínico na morbidade e na mortalidade, poucos estudos avaliaram a presença de apneia do sono em pacientes com HIC e seu impacto clínico (Tabela 44.1). Parra et al. avaliaram 161 pacientes com um primeiro AVC ou um AIT com até 48 horas de evolução e realizaram registros de parâmetros respiratórios com um aparelho portátil, entre 48 e 72 horas da admissão hospitalar. Entre os 161 pacientes, 10 (6,2%) haviam apresentado HIC; nove (90%) destes pacientes apresentaram IAH maior que 10; e quatro (40%), IAH maior que 30. Em um estudo que incluiu 106 pacientes nos primeiros 6 dias pós-AVC (73 isquêmicos e 33 hemorrágicos), Szücs et al. utilizaram um aparelho portátil capaz de registrar a saturação de oxigênio e um eletrocardiograma, para a avaliação de dessaturações noturnas, na primeira semana de AVC. Nesse estudo, 15,5% dos pacientes com HIC apresentavam história de roncos habituais e 64% dos pacientes apresentaram índice de dessaturações de oxigênio superior a 10 eventos por hora. Em estudo recente, Pontes-Neto et al. avaliaram 32 pacientes adultos não comatosos na fase aguda de uma hemorragia intracerebral hipertensiva com um estudo de polissonografia nas primeiras 24 horas do quadro
e observaram apneia do sono, definida como IAH superior a 10, em 62,5% deles, com predomínio de apneia obstrutiva do sono. Sintomas prévios de SAOS foram mais frequentes entre pacientes com IAH superior a 10. Além disso, os pesquisadores observaram correlação entre IAH e desenvolvimento de edema peri-hematoma. Em conjunto, esses achados sugerem elevada frequência de SAOS previamente ao íctus, em pacientes com HIC de etiologia hipertensiva. É importante ressaltar que estudos que avaliam a prevalência de sintomas de SAOS em pacientes com AVC tendem a subestimar sua ocorrência, por incluírem somente pacientes que sobrevivem ao íctus e pela dificuldade em obter histórico clínico detalhado de distúrbios do sono de pacientes na fase aguda de AVC. É provável, portanto, que a frequência dos sintomas de SAOS prévia ao AVC esteja subestimada nestes estudos.
INSÔNIA CRÔNICA A insônia é uma síndrome frequente entre pacientes que sofreram AVC. Estudos demonstram incidência de insônia pós-AVC em até 57% dos pacientes nos primeiros meses. Em geral, as queixas com relação à dificuldade de iniciar o sono, sono fragmentado, despertar precoce ou insatisfação com a qualidade de sono em pacientes pós-AVC, têm etiologia multifatorial (Quadro 44.2). A insônia raramente está relacionada de modo direto com as lesões encefálicas. Na maioria desses casos, a insônia é secundária a AVCs subcorticais ou outras topografias relacionadas com o controle sono-vigília, como o prosencéfalo basal.
Tabela 44.1. Comparação entre três principais estudos que avaliaram apneias obstrutivas do sono em pacientes na
fase aguda de hemorragia intracerebral
Características
Pontes-Neto et al., 2010
Szücs et al., 2002
Parra et al., 2000
Número de pacientes com HIC
32
33
10
Parâmetros de avaliação das apneias
Polissonografia
Pulsoximetria, FC e ronco, posição
Poligrafia respiratória
Tempo de inclusão desde HIC
48 horas
6 dias
72 horas
Sexo masculino/feminino
23/9
25/8
ND 73 ± 10,5
Idade (anos)
57 ± 11,8
61 ± 11
IMC (kg/m2)
26,5 ± 4,9
ND
27,3 ± 4,3
Hipertensão arterial
100%
54,5%
ND
Roncos habituais
14 (43,8%)
5 (15,5%)
61 (37,1%)¥
NIHSS na admissão
15 (10-20)
18-19
NA
Glasgow na admissão
14 (12-15)
NA
NA
IAH ou índice de dessaturações O2 (IDO2)
24,27 ± 24,0
25 ± 11*
25 ± 11,9
Índice de apneias obstrutivas
6,6 ± 12,7
NA
5,4 ± 6,7
Índice de apneias centrais
1,1 ± 2,8
NA
11,1 ± 15,1
IAH > 10
20 (62,5%)
21 (64%)*
9 (90%)
Apneia obstrutiva
19 (95%)
NA
ND
Apneia central
1 (5%)
NA
ND
IAH > 20
16 (50%)
13 (40%)*
ND
IAH > 30
9 (28,1%)
ND
4 (40%)
Respiração de Cheyne-Stokes
3 (9,4%)
NA
3 (30%)
Tempo com SpO2 < 90% (%)
5,9 ± 14,5
~12**
5,7 ± 7,1
HIC: hemorragia intracerebral; FC: frequência cardíaca; IMC: índice de massa corporal; NIHSS: do inglês: National Institute of Health Stroke Scale; ND: informação não disponível; NA: informação não avaliada. *Usado índice de dessaturações de oxigênio em vez do IAH. **Informação deduzida dos gráficos do artigo. ¥Informação relativa ao total de pacientes com AVC isquêmico, AIT e HIC.
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 272
17/04/2019 16:35:45
Transtornos do Sono e Doença Cerebrovascular
Quadro 44.2. Principais fatores desencadeantes de
insônia após AVC
•• Condição clínica: cardiopneumonia ou pneumopatia, medicações, infecção, febre, dor
•• Ambiente: UTI, hospitalização •• Limitação de capacidade funcional •• Saúde mental: depressão, estresse, ansiedade •• Má higiene do sono Os resultados de estudos abordando a relação entre o diagnóstico de insônia crônica e o risco de AVC são conflitantes pois, apesar das evidências estatísticas do aumento do risco de eventos cerebrovasculares no contexto de insônia, existem problemas metodológicos na maioria dos estudos no que diz respeito aos critérios diagnósticos de insônia utilizados e na triagem de outros transtornos do sono como a SAOS. Ainda assim, sabe-se que a insônia tem impacto direto na qualidade de vida além de estar associada (quando objetivamente constatada), na população geral, à menor expectativa de vida e ao risco aumentado para hipertensão arterial sistêmica. Possíveis mecanismos comuns entre a fisiopatologia da insônia e a das patologias vasculares seriam o aumento do tônus simpático, atividade inflamatória e desvio do eixo hipotálamo pituitário adrenal. O diagnóstico da insônia deve-se basear na observação e nos relatos do paciente, devendo-se estar atento para a influência de alteração do ritmo circadiano desses pacientes nos sintomas da insônia. A abordagem terapêutica da insônia pós-AVC deve envolver, assim como na insônia, em outras populações, tanto técnicas não farmacológicas quanto medicação indutora do sono, como antidepressivos com poder de sedação. As medidas não farmacológicas devem envolver adaptação do ambiente e controle de estímulos. A fim de prevenir quedas e prejuízo comportamental ou cognitivo, recomendam-se evitar substâncias que causem prejuízo cognitivo ou relaxamento muscular. Em nosso meio podem-se utilizar a Trazodona ou Mirtazapina em baixas doses. Indutores do sono, podem ser usados com cautela caso estritamente necessários.
TEMPO TOTAL DE SONO E DOENÇA VASCULAR CEREBRAL Existe um crescente volume de evidências, proveniente de estudos prospectivos e metanálises recentes, relacionando morbidade e mortalidade além de risco de doenças cerebrovasculares e cardiovasculares tanto a período de sono longo (acima de 9 horas) quanto a um tempo total de sono abaixo de 6 horas. Deve-se ressaltar aqui a importância epidemiológica na síndrome do sono insuficiente (situação em que ocorre privação parcial crônica de sono, voluntariamente) como a maior causa de redução no tempo total de sono da população geral.
TRANSTORNOS DO RITMO CIRCADIANO Existem evidências da influência do período do dia na ocorrência do íctus cerebrovascular. Cerca de 50% dos AVCs (AVCI, AVCH e AIT) ocorrem entre 6 e 12 horas. Possíveis explicações são as alterações na pressão, frequência cardíaca, níveis de catecolaminas e agregação plaquetária que ocorrem após o despertar e/ou associadas ao sono REM no final da noite. Além de participar do contexto etiológico das lesões cerebrovasculares, o ritmo circadiano pode ser influenciado pelo AVC. Algumas topografias de lesões interferem na secreção circadiana de hormônios e na flutuação circadiana de parâmetros autonômicos. As alterações circadianas no paciente com AVC devem ser consideradas na abordagem diagnóstica e na terapêutica de queixas como a sonolência excessiva e a insônia. O tratamento deve ser conduzido conforme o discutido em sessão específica.
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 273
273
SONOLÊNCIA EXCESSIVA A sonolência excessiva (aumento da necessidade homeostática de sono) e quadros de hipersonia (aumento do período principal de sono nas 24 horas) podem ocorrer em decorrência de alterações estruturais, em geral, diencefálicas. Há relatos de AVCs talâmicos paramedianos cursando com súbito rebaixamento da consciência seguido de quadro arrastado de hipersonia por meses após a recuperação do coma inicial. Em geral, quando supratentoriais, as topografias mais implicadas na origem da sonolência são hemisféricas extensas (esquerdo mais do que direito e regiões anteriores mais do que posteriores). Assim como nos demais sintomas relacionados com lesões vasculares do SNC, a sonolência pode ser secundária à área lesada ou ao edema. Podem haver ainda quadros de narcolepsia ou síndrome de Kleine-Levin sintomáticos secundários, respectivamente, à lesão vascular hipotalâmica posterior ou múltiplos infartos cerebrais. Episódios de sonolência associados a fadiga e/ou a alteração cognitiva não são raros, e podem persistir após a remissão da sonolência. Em casos de sonolência excessiva/hipersonia, recomenda-se triagem para causas conhecidas para esse sintoma (p. ex., transtornos respiratórios do sono, privação de sono, transtornos do ritmo circadiano, SPI, transtorno dos movimentos periódicos dos membros, entre outras) e o tratamento apropriado para etiologias, além da doença cerebrovascular. No que diz respeito ao tratamento sintomático, existem evidências de eficácia e segurança com o uso de modafinila, metilfenidato e antidepressivos estimulantes. A melhor abordagem terapêutica deve levar em consideração essas evidências e, principalmente, as comorbidades e os mecanismos por trás dos sintomas.
TRANSTORNO COMPORTAMENTAL DO SONO REM Lesões vasculares no tegmento pontino e/ou tratos tegmentorreticulares, uni ou bilaterais, foram descritas em pacientes em um contexto clínico e polissonográfico característico de transtorno comportamental do sono REM. O tratamento deve ser instituído conforme preconizado na ausência de comorbidade cerebrovascular, respeitando as contraindicações inerentes a cada caso.
SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS (DOENÇA DE WILLIS-EKBOM)/MOVIMENTOS PERIÓDICOS DOS MEMBROS Em estudo que investigou a prevalência de síndrome das pernas inquietas (SPI) após o AVC isquêmico em 137 pacientes, esse diagnóstico foi constatado em 12,4% dos pacientes até 1 mês após o íctus. Entre o grupo com SPI, 30% apresentavam lesões nos núcleos da base e coroa radiada, 22% na ponte, 14% no tálamo e 12% na cápsula interna, ou seja, regiões relacionadas com o controle motor e circuitos do sono. Dados científicos relacionando SPI/movimento periódicos dos membros durante o sono (MPMS) com risco cardiovascular são controversos. Em recente revisão sistemática sobre a incidência e a mortalidade por eventos cardiovasculares em populações com SPI ou MPMS, foi observado que a presença de MPMS, mas não de SPI, pode ter valor prognóstico na incidência de eventos cerebrovasculares e cardiovasculares e na mortalidade por essas condições. O principal mecanismo fisiopatológico envolvido seria o aumento do tônus simpático observado nos MPMS com algumas evidências apontando também para outros mecanismos como maior ativação plaquetária, estados de hipercoagulabilidade, alterações de remodelamento vascular e aterosclerose. O diagnóstico e o tratamento devem estar de acordo com o que foi abordado em capítulos anteriores.
17/04/2019 16:35:45
274
SEÇÃO 6 Transtornos do Sono
CONCLUSÃO Os transtornos do sono são comorbidades ou consequências frequentes relacionadas com as doenças cerebrovasculares com impacto prognóstico evidente. A triagem e o tratamento adequado para essas patologias são fundamentais na redução do risco e na melhora do prognóstico e da qualidade de vida do paciente com AVC. Além disso, a correlação clínica com a topografia das lesões encefálicas contribui para o maior entendimento de mecanismos relacionados com as doenças do sono.
REFERÊNCIAS Arzt M, Young T, Finn L, Skatrud JB, Bradley TD. Association of sleep-disordered breathing and the occurrence of stroke. Am J Respir Crit Care Med. 2005;172:1447-1451. Askenasy JJ, Goldhammer I. Sleep apnea as a feature of bulbar stroke. Stroke. 1988;19:637-9. Bassetti CL, Milanova M, Gugger M. Sleep-disordered breathing and acute ischemic stroke: diagnosis, risk factors, treatment, evolution, and long-term clinical outcome. Stroke. 2006;37:967-972. Brown DL, Bapuraj JR, Mukherji SK, Chervin RD, Concannon M, Helman JI, et alLisabeth LD. MRI of the pharynx in ischemic stroke patients with and without obstructive sleep apnea. Sleep Med. 2010;11:540-544. Brown DL, Lisabeth LD, Zupancic MJ, Concannon M, Martin C, Chervin RD. High prevalence of supine sleep in ischemic stroke patients. Stroke. 2008;39:2511-4. Brown DL, Mowla A, McDermott M et al. Ischemic stroke subtype and presence of sleepdisordered breathing: the BASIC Sleep Apnea Study. J Stroke Cerebrovasc Dis. 2015;24:388-393. Buda AJ, Pinsky MR, Ingels NB Jr, Daughters GT, Stinson EB, Alderman EL. Effect of intrathoracic pressure on left ventricular performance. N Engl J Med. 1979;301:453-459. Coughlin SR, Mawdsley L, Mugarza JA et al. Obstructive sleep apnoea is independently associated with an increased prevalence of metabolic syndrome. Eur Heart J. 2004;25:735-41. Dawson SL, Manktelow BN, Robinson TG, Panerai RB, Potter JF. Which parameters of beat-tobeat load pressure and variability best predict early outcome after acute ischemic stroke? Stroke. 2000;31:463-468. Dyken ME, Im KB. Sleep-Disordered Breathing and Stroke. Sleep Med Clin. 2008;3:361-376. Dyugovskaya L, Lavie P, Lavie L. Increased adhesion molecules expression and production of reactive oxygen species in leukocytes of sleep apnea patients. Am J Respir Crit Care Med. 2002;165:934-939. Elliott WJ. Circadian variation in the timing of stroke onset: A meta-analysis. Stroke. 1998;29:992-996. Fang J, Wheaton AG, Ayala C. Sleep Duration and History of Stroke Among U.S. Adults. J Sleep Res. 2014;23:531-537 Furtner M, Staudacher M, Frauscher B, Brandauer E, Esnaola y Rojas MM, Gschliesser V, Poewe W, Schmidauer C, Ritsch-Marte M, Högl B et al. Cerebral vasoreactivity decreases overnight in severe obstructive sleep apnea syndrome: A study of cerebral hemodynamics. Sleep Med. 2009;10:875-8-81. Gottlieb DJ, Somers V, Punjabi N et al. Restless legs syndrome and cardiovascular disease: A research roadmap, Sleep Med 2016:http:// dx.doi.org/doi: 10.1016/j.sleep.2016.08.008. Guilleminault C, Kirisoglu C, Ohayon MM. C-reactive protein and sleep-disordered breathing. Sleep. 2004;27:1507-1511. Herman DM, Basseti CL. Sleep-related breathing and sleep-wake disturbances in ischemic stroke. Neurology. 2009;73:1313-1322. Hermann DM, Siccoli MM, Brugger P et al. Evolution of neurological, neuropsychological and sleep-wake disturbances in paramedian thalamic stroke. Stroke. 2008;39:62-6-8. Hublin C, Partinen M, Koskenvuo M, Kaprio J. Sleep and mortality: a population-based 22-year follow-up study. Sleep. 2007;30:1245-12-53. Hung J, Whitford EG, Parsons RW, Hillman DR. Association of sleep ap noea with myocardial infarction in men. Lancet. 1990;336:261-264. Ip MS, Lam B, Ng MM, Lam WK, Tsang KW, Lam KS. Obstructive sleep apnea is independently associated with insulin resistance. Am J Respir Crit Care Med. 2002;165:670-676. Iranzo A, Santamaria J, Berenguer J, Sanchez M, Chamorro A. Prevalence and clinical importance of sleep apnea in the first night after cerebral infarction. Neurology. 2002;58:911-916. Kendzerska T, Kamra M, Murray BJ et al. Incident Cardiovascular Events and Death in Individuals With Restless Legs Syndrome or Periodic Limb Movements in Sleep: A Systematic Review. Sleep. 2017;40(3): http://dx.doi.org/10.1093/sleep/zsx013
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 274
Kourembanas S, Marsden PA, Mcquillan LP, Faller DV. Hypoxia induces endothelin gene expression and secretion in cultured human endothelium. J Clin Invest. 1991;88:1054-1057. Lee SJ, Kim JS, Song IU, An JY et al. Poststroke restless legs syndrome and lesion location: Anatomical considerations. Mov Disord. 2008;24:77-84. Marshall NS, Wong KK, Cullen SR et al. Sleep apnea and 20-year follow-up for all-cause mortality, stroke, and cancer incidence and mortality in the Busselton health study cohort. J Clin Sleep Med. 2014;10:355-362. McEvoy RD, Antic NA, Heeley E et al. CPAP for Prevention of Cardiovascular Events in Obstructive Sleep Apnea. N Engl J Med. 2016;375:919-31. Ohga E, Tomita T, Wada H, Yamamoto H, Nagase T, Ouchi Y. Effects of obstructive sleep apnea on circulating ICAM-1, IL-8, and MCP-1. J Appl Physiol. 2003;94:179-184. Ozdemir O, Beletsky V, Hachinski V, Spence JD. Cerebrovascular events on awakening, patent foramen ovale and obstructive sleep apnea syndrome. J Neurol Sci. 2008;268:193-194. Parra O, Arboix A, Bechich S, Garcia-Eroles L, Montserrat JM, Lopez JA, Ballester E, Guerra JM, Sopena JJ et al. Time course of sleep-related breathing disorders in first-ever stroke or transient ischemic attack. Am J Respir Crit Care Med. 2000;161:375-380. Partinen M, Jamieson A, Guilleminault C. Long-term outcome for obstructive sleep apnea syndrome patients´s mortality. Chest. 1988;94:12001204. Partinen M, Palomaki H. Snoring and cerebral infarction. Lancet. 1985;2: 1325-1326. Pennestri MH, Montplaisir J, Colombo R et al. Nocturnal blood pressure changes in patients with restless legs syndrome. Neurology. 2007;68:1213-12-18. Pepperell JC, Ramdassingh-Dow S, Crosthwaite N. Ambulatory blood pressure after therapeutic and subtherapeutic nasal continuous positive airway pressure for obstructive sleep apnoea: a randomized parallel trial. Lancet. 2002;359:204-210. Petrov MER, Letter AJ, Howard VJ et al. Self-Reported Sleep Duration in Re lation to Incident Stroke Symptoms: Nuances by Body Mass and Race from the REGARDS Study. J Stroke Cerebrovasc Dis. 2014;23:e123-e132. Phillips BG, Narkiewicz K, Pesek CA, Haynes WG, Dyken ME, Somers VK. Effects of obstructive sleep apnea on endothelin-1 and blood pressure. J Hypertens. 1999;17:61-66. Pontes-Neto OM, Fernandes RM, Sander HH et al. Obstructive sleep apnea is frequent in patients with hypertensive intracerebral hemorrhage and is related to perihematoma edema. Cerebrovasc Dis. 2010;29(1):36-42. Qureshi AI, Giles WH, Croft JB, Bliwise DL. Habitual sleep patterns and risk for stroke and coronary heart disease: a 10-year follow-up from NHANES I. Neurology. 1997;48:904-911. Ryan S, Taylor CT, Mcnicholas WT. Selective activation of inflammatory pathways by intermittent hypoxia in obstructive sleep apnea syndrome. Circulation. 2005;112:2660-2667. Shahar E, Whitney CW, Redline S et al. Sleep-disordered breathing and cardiovascular disease: crosssectional results of the Sleep Heart Health Study. Am J Respir Crit Care Med. 2001;163:19-25. Somers VK, White DP, Amin R et al. Sleep Apnea and Cardiovascular Disease. An American Heart Association/American College of Cardiology Foundation Scientific Statement From the American Heart Association Council for High Blood Pressure Research Professional Education Committee, Council on Clinical Cardiology, Stroke Council, and Council on Cardiovascular Nursing Council. Circulation. 2008;118(10):1080-111. Stone KL, Blackwell TL, Ancoli-Israel S et al. Osteoporotic Fractures in Men Study Research Group. Sleep disordered breathing and risk of stroke in older community-dwelling men. Sleep.2016;39:531-540. Svatikova A, Wolk R, Shamsuzzaman AS, Kara T, Olson EJ, Somers VK. Serum amyloid a in obstructive sleep apnea. Circulation. 2003;108:1451-1454. Turnbull F. Blood Pressure Lowering Treatment Trialists’ Collaboration. Effects of different blood-pressure-lowering regimens on major cardiovascular events: results of prospectivelydesigned overviews of randomised trials. Lancet. 2003;362:1527-15-35. Vgontzas AN, Liao D, Bixler EO et al. Insomnia with objective sleep duration is associated with a high risk for hypertension. Sleep. 2009;32:491-49-7. Von KR, Loredo JS, Ancoli-Israel S, Mills PJ, Natarajan L, Dimsdale JE. Association between polysomnographic measures of disrupted sleep and prothrombotic factors. Chest. 2007;131:733-739. Winkelmann JW, Shahar E, Sharief I, Gottlieb DJ. Association of restless legs syndrome and cardiovascular disease in the Sleep Heart Health Study. Neurology. 2008;70:35-42. Wu MP, Lin HJ, Weng SF et al. Insomnia Subtypes and the Subsequent Risks of Stroke Report From a Nationally Representative Cohort. Stroke. 2014;45:1349-1354. Xi Z, Luning W. REM sleep behavior disorder in a patient with pontine stroke. Sleep Med. 2009;10:143-146.
17/04/2019 16:35:45
Seção 19
144
Neuromodulação
História e Definição da Neuromodulação Joaquim Pereira Brasil Neto
O que é Neuromodulação Histórico – Neuromodulação Invasiva Histórico – Neuromodulação Não Invasiva Estimulação magnética transcraniana Estimulação transcraniana por corrente contínua Estado atual das pesquisas e perspectivas
contínua), bem como a estimulação vagal e de nervos periféricos. Neste capítulo nos limitaremos a detalhar a evolução das técnicas conhecidas como estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr) e estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC), por serem as mais estudadas e de maior relevância clínica no momento.1
Estimulação magnética transcraniana O que é Neuromodulação O termo “neuromodulação” vem há muito sendo utilizado para denotar a aplicação terapêutica de correntes elétricas ou fármacos diretamente sobre nervos ou estruturas do sistema nervoso central. Essa aplicação geralmente envolve técnicas invasivas, cirúrgicas, com implante de estimuladores ou bombas injetoras de fármacos no corpo do paciente. A International Neuromodulation Society define neuromodulação terapêutica como “a alteração da atividade nervosa pela aplicação dirigida de estímulos, tais como estímulos elétricos ou agentes químicos, a sítios neurológicos específicos”. Mais recentemente, surgiram tecnologias que permitem a aplicação de correntes elétricas neuromodulatórias ao sistema nervoso de forma não invasiva: a estimulação magnética transcraniana e a estimulação transcraniana por corrente contínua. Neste capítulo faremos um breve relato dos principais marcos no desenvolvimento dessas técnicas.
Histórico – Neuromodulação Invasiva Uma vez dominadas as técnicas de geração e armazenamento de eletricidade, a sua utilização para fins médicos passou por um crescimento explosivo no fim do século XIX, tanto como forma de charlatanismo quanto para aplicações mais sérias, como amortecer a dor durante procedimentos odontológicos. A era moderna da neuromodulação teve início no princípio dos anos 1960, com as primeiras estimulações cerebrais profundas, seguidas pelas estimulações da medula espinhal, sempre com o objetivo de aliviar dores intratáveis por outros meios. A teoria da comporta espinhal da dor de Melzack e Wall levou ao reconhecimento de que a dor crônica resulta de processos dinâmicos e complexos em redes de neurônios, o que motivou a gradual substituição das terapias cirúrgicas destrutivas (secções de nervos e de outras estruturas neurais) por tentativas de modulação terapêutica, reversível, da função neural. A estimulação do córtex motor com eletrodos na superfície cerebral foi introduzida em 1991, após publicações de Tsubokawa et al., e é usada para tratar dor crônica em algumas vítimas de acidentes vasculares cerebrais e em pacientes com neuralgia do trigêmeo.
Histórico – Neuromodulação Não Invasiva A neuromodulação não invasiva do sistema nervoso atualmente inclui as estimulações transcranianas (magnética e por corrente
O uso medicinal da eletricidade tem uma longa história. Já no século I da era cristã, Scribonius Largus (1-50 d.C.) introduziu a terapia com peixes elétricos (torpedos) para o alívio da gota e da cefaleia. Galeno (130-201 d.C.) também descreveu as propriedades paralisantes e analgésicas do peixe torpedo. Os textos médicos árabes de Avicena também indicavam a terapia com peixes elétricos para a cura de dores de cabeça, melancolia e para interromper crises convulsivas. Na Idade Média, os poderes do peixe torpedo foram considerados mágicos e sobrenaturais. Somente após muitas especulações sobre como um peixe poderia paralisar as suas vítimas de maneira tão rápida foi que Henry Cavendish (1731-1810) observou que a “ferroada” do torpedo era semelhante ao choque produzido por uma jarra de Leyden (tipo primitivo de capacitor elétrico) e construiu um modelo experimental de peixe elétrico composto por uma série de jarras de Leyden abrigadas numa capa de couro do tamanho e formato do peixe. Tecido animal excitável havia sido estimulado eletricamente por volta de 1780 por Luigi Galvani (1737-1798) na Universidade de Bolonha: utilizando uma jarra de Leyden, ele demonstrou que a sua descarga era capaz de induzir movimento de uma perna de rã, estimulando tanto o nervo quanto o músculo. Ao longo dos séculos XVIII e XIX, seguiram-se muitos experimentos comprovando a suscetibilidade do tecido nervoso à estimulação elétrica, e, em 1831, Michael Faraday descobriu a indução eletromagnética. O primeiro relato de estimulação elétrica cortical em seres humanos foi o de Bartholow, em 1874. O experimento, que até hoje levanta questões éticas, foi realizado em Mary Rafferty, uma paciente com exposição do córtex cerebral secundária a uma erosão cancerosa do crânio. A estimulação elétrica do tecido neural também pode ser obtida por indução eletromagnética, como foi demonstrado por d’Arsonval, físico e médico, em 1896. Ele passou correntes elétricas de alta intensidade por bobinas ao redor da cabeça de voluntários e verificou que eram produzidos fosfenos, vertigem e, em alguns casos, síncope. Hoje sabemos que os fosfenos se davam por estimulação eletromagnética da retina e não do cérebro. O fenômeno dos magnetofosfenos tornou-se muito popular quando a corrente alternada estava sendo desenvolvida para fins comerciais e também foi estudado por outros autores, como 1 Nota do Editor: Entre os pioneiros do uso da EMT para estudos neurofisiológicos está o neurologista Joaquim Brasil Neto, autor desse capítulo.
989
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 989
19/04/2019 10:03:33
990
SEÇÃO 18 Neuromodulação
Beer, Sylvanus Thompson, Dunlap, Walsh e Magnusson e Stevens, na primeira década do século XX. Após três décadas de esquecimento, os magnetofosfenos voltaram a ser estudados por Barlow, que comprovou a sua origem retiniana. Em 1965, Reginald Bickford, um eletroencefalografista, descreveu a estimulação de nervos periféricos humanos por um campo magnético pulsado. A primeira descrição de estimulação magnética do cérebro humano foi publicada em 1985 por Barker, Freeston e Jalinous, que desenvolveram um estimulador magnético para substituir a estimulação elétrica transcraniana, dolorosa, na produção dos potenciais evocados motores e avaliação do tempo de condução motora central, exame com grande aplicação no diagnóstico de doenças neurológicas, em especial na esclerose múltipla. Nos anos seguintes, a possibilidade de estimular o córtex motor humano de maneira não invasiva e indolor foi explorada clinicamente, para estudo do tempo de condução motora central, com a técnica de potenciais evocados motores e também como uma ferramenta experimental de estudo da fisiologia e plasticidade do sistema nervoso. Já em 1994, entretanto, ficara claro que estímulos magnéticos repetidos, aplicados sobre o córtex motor humano, eram capazes de produzir alterações da excitabilidade cortical que perduravam após o término da sessão de estimulação. Este achado foi interessante pois era reminiscente dos resultados obtidos por estimulação elétrica do hipocampo e do cerebelo de animais e que resultaram na descrição dos fenômenos de potenciação a longo prazo (LTP) e depressão a longo prazo (LTD). Uma das hipóteses para o mecanismo de ação da EMTr sobre o córtex motor humano é, portanto, a indução de fenômenos semelhantes à LTP e LTD. Entretanto, ações sobre ritmos corticais subjacentes, alterações da liberação de neurotransmissores e ações em circuitos distantes, subcorticais, também têm sido postuladas. Em 1996, Pascual-Leone publicou um artigo clássico, mostrando que a EMT de pulsos repetidos (EMTr) era capaz de produzir melhora em quadros graves de depressão resistente à terapia farmacológica. Desde então, e a partir do estudo das mudanças da excitabilidade cortical que podem ser induzidas pela EMTr, essa forma de estimulação, aplicada em sessões repetidas, passou a ser utilizada em diversos transtornos neuropsiquiátricos, sempre com o intuito de excitar ou inibir de forma duradoura certas regiões do encéfalo que se supõe que estejam implicadas na fisiopatologia desses distúrbios. Após o trabalho pioneiro de Pascual-Leone et al., vários outros pesquisadores confirmaram a eficácia da estimulação de alta frequência sobre o córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) esquerdo, bem como da EMTr de baixa frequência sobre o CPFDL direito para o tratamento de depressão. A EMTr como terapia para a depressão fármaco-resistente foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), bem como pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) no Brasil. O CFM também aprovou a utilização da EMTr para tratamento das alucinações auditivas da esquizofrenia e para monitorização intra-operatória.
Estimulação transcraniana por corrente contínua Mais recentemente, outra técnica de estimulação transcraniana que vem sendo utilizada é a ETCC, que atualmente desponta como ferramenta promissora na indução da neuroplasticidade cortical e como ferramenta neuromoduladora. O uso de correntes elétricas para tratamento dos transtornos psiquiátricos começou no século XVIII com o desenvolvimento da pilha voltaica, embora sua aplicação não tenha sido efetiva. Foi apenas nas décadas de 1960 e 1970 que o método não invasivo de estimulação cerebral conhecido como polarização cerebral, similar à moderna ETCC, pôde proporcionar melhoras
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 990
no humor e no estado de alerta em voluntários sadios, além de tratar depressão. Em pouco tempo, entretanto, esse método foi abandonado, possivelmente em razão do avanço da psicofarmacologia e pelo estigma social da eletroconvulsoterapia (ECT) que prejudicava o desenvolvimento e surgimento de novas formas não invasivas de estimulação cerebral. A ETCC, por sua vez, passou a ser utilizada como ferramenta de neuromodulação apenas no século atual, com os trabalhos de Priori na Itália e de Nitsche, na Alemanha, que retomaram os estudos de “polarização cerebral” e foram capazes de demonstrar que a aplicação de uma corrente elétrica contínua de baixa intensidade através de eletrodos localizados sobre o crânio aumentava (estimulação anódica) ou diminuía (estimulação catódica) a excitabilidade cortical durante e algum tempo após o período de estimulação, o que sugeria que a ETCC provavelmente atuava através da mudança do potencial de repouso da membrana, modificando o limiar de disparo de potenciais de ação e a excitabilidade cortical, podendo, ainda, apresentar mecanismos de ação a nível sináptico. Em analogia com neuromoduladores farmacológicos, a ETCC não induz atividade entre redes neuronais, mas modula a atividade neuronal espontânea. Consequentemente, os efeitos dependem da fisiologia prévia das estruturas neurais a serem moduladas. Entre os pioneiros, em estudos clínicos com a ETCC, está o brasileiro Felipe Fregni, com o uso no acidente vascular cerebral (AVC) e dor crônica.
Estado atual das pesquisas e perspectivas Atualmente podemos dizer que a neuromodulação não invasiva da função cerebral é um dos campos de estudo mais ativos em todo o mundo, e uma simples busca no banco de dados PubMed, da National Library Of Medicine, corrobora esta afirmação. O termo repetitive transcranial magnetic stimulation (rTMS), inserido nessa plataforma de buscas, encontra, até a data que este capítulo foi escrito, 3.622 trabalhos publicados; o termo transcranial direct current stimulation (tDCS), do mesmo modo, resulta em 3.050 itens. Além do transtorno depressivo maior, as pesquisas têm sido dirigidas a muitas outras condições psiquiátricas e neurológicas, inclusive com estudos multicêntricos controlados, e no futuro próximo a neuromodulação não invasiva poderá ser utilizada com base em evidências também em diversas outras patologias. A EMTr tem algumas desvantagens com relação à ETCC: o equipamento é caro, de difícil transporte, e o risco de complicações (principalmente crise convulsiva durante o procedimento) é maior. Há de se ressalvar, entretanto, que o risco de crises induzidas pela EMTr ainda assim é baixo: 1 crise a cada 30.000 sessões. Um paciente submetido a um tratamento com várias sessões de EMTr tem de se deslocar diariamente à clínica ou ao hospital durante semanas, o que implica aumento considerável de custo para o paciente e para o serviço de saúde. Já a ETCC, por sua portabilidade e segurança, abre a possibilidade de tratamentos em domicílio, com autoaplicação das sessões pelo paciente ou por familiares treinados. O baixo custo do equipamento torna possível a sua aquisição pelo paciente e o seu uso a médio e mesmo a longo prazo. Equipamentos programados pelo médico poderão controlar a dose e a frequência das aplicações, evitando o uso excessivo e monitorizando a aderência ao tratamento.
Referências Barker A, Jalinous R, Freeston I. Non-invasive magnetic stimulation of human motor cortex. Lancet 1985;1:1106–1107.
19/04/2019 10:03:33
História e Definição da Neuromodulação Bikson M, Grossman P, Thomas C, et al. Safety of transcranial direct current stimulation: evidence based update 2016. Brain Stimulation 2016;9:641–661. Bindman L, Lippold O, Redfearn J. The action of brief polarizing currents on the cerebral cortex of the rat (1) during current flow and (2) in the production of long-lasting after-effects. The Journal of Physiology 1964;172:369–382. Boechat-Barros R, Brasil-Neto J. Transcranial Magnetic Stimulation in depression: results of bi-weekly treatment. Rev Bras Psiquiatr 2004; 26:100–102. Brunoni A, Chaimani A, Moffa A, et al. Repetitive Transcranial Magnetic Stimulation for the Acute Treatment of Major Depressive Episodes: A Systematic Review With Network Meta-analysis. JAMA Psychiatry 2016. CFM. PROCESSO-CONSULTA CFM no 7.435/08 PARECER CFM no 37/11 2011. Available at:http://www.portalmedico.org.br/pareceres/ CFM/2011/37_2011.htm Accessed January 9 2017. Cohen L, Bandinelli S, Topka H, et al. Topographic maps of human motor cortex in normal and pathological conditions: mirror movements, amputations and spinal cord injuries. Electroencephalogr Clin Neurophysiol Suppl 1991;43:36–50. Cohen L, Roth B, Wassermann, et al. Magnetic stimulation of the human cerebral cortex, an indicator of reorganization in motor pathways in certain pathological conditions. J Clin Neurophysiol 1991;8:56–65. Costain R, Redfearn J, Lippold O. A controlled trial of the therapeutic effects of polarization of the brain in depressive illness. The British Journal of Psychiatry 1964. Dell’Osso B, Oldani L, Camuri G, et al. Augmentative repetitive Transcranial Magnetic Stimulation (rTMS) in the acute treatment of poor responder depressed patients: a comparison study between high and low frequency stimulation. Eur Psychiatry 2015;30:271–276. FDA. Food and Drug Administration Regulatory Guidelines 2011. Available at: http://www.fda.gov/RegulatoryInformation/Guidances/ ucm265269.htm. Accessed January 26, 2017. Fregni F, Santos C, Myczkowski M, et al. Repetitive transcranial magnetic stimulation is as effective as fluoxetine in the treatment of depression in patients with Parkinson’s disease. J Neurol Neurosurg Psychiatr 2004;75:1171–1174. Gomes P, Brasil-Neto J, Allam N, et al. A randomized, double-blind trial of repetitive transcranial magnetic stimulation in obsessive-compulsive disorder with three-month follow-up. J Neuropsychiatry Clin Neurosci 2012;24:437–443. Iannone A, Cruz A, Brasil-Neto J, et al. Transcranial magnetic stimulation and transcranial direct current stimulation appear to be safe
ABN2ed_Tratado_Neurologia_BOOK.indb 991
991
neuromodulatory techniques useful in the treatment of anxiety disorders and other neuropsychiatric disorders. Arq Neuropsiquiatr 2016;74:829–835. INS. Welcome to the International Neuromodulation Society. 2017. Available at: http://www.neuromodulation.com Accessed 30 2017. Janicak P, Dokucu M. Transcranial magnetic stimulation for the treatment of major depression. Neuropsychiatr Dis Treat 2015;11:1549– 1560. Lapenta O, Valasek C, Brunoni AR, et al. An ethical discussion of the use of transcranial direct current stimulation for cognitive enhancement in healthy individuals: A fictional case study. Psychology & Neuroscience 2014;7:175. Melzack R, Wall PD. Pain mechanisms: a new theory. Survey of Anesthesiology 1967;11:89–90. Moliadze V, Fritzsche G, Antal A. Comparing the efficacy of excitatory transcranial stimulation methods measuring motor evoked potentials. Neural Plasticity 2014. Nitsche M, Boggio P, Fregni F, et al. Treatment of depression with transcranial direct current stimulation (tDCS): a review. Experimental Neurology 2009;219:14–19. Nitsche M, Cohen L, Wassermann E, et al. Transcranial direct current stimulation: state of the art 2008. Brain Stimulation 2008;1:206–223. Pascual-Leone A, Rubio B, Pallardo F, et al. Rapid-rate transcranial magnetic stimulation of left dorsolateral prefrontal cortex in drug-resistant depression. Lancet 1996;348:233–237. Pascual-Leone A, Tormos J, Keenan J, et al. Study and modulation of human cortical excitability with transcranial magnetic stimulation. J Clin Neurophysiol 1998;15:333–343. Perera TMS, George G, Grammer P, et al. The Clinical TMS Society consensus review and treatment recommendations for TMS therapy for major depressive disorder. Brain Stimulation 2016;9:336-346. Reis J, Fritsch B. Modulation of motor performance and motor learning by transcranial direct current stimulation. Current Opinion in Neurology 2011;24:590–596. Rosa M, Gattaz W, Pascual-Leone A, et al. Comparison of repetitive transcranial magnetic stimulation and electroconvulsive therapy in unipolar non-psychotic refractory depression: a randomized, single-blind study. Int J Neuropsychopharmacol 2006;9:667–676. Topka H, Cohen L, Cole R, et al. Reorganization of corticospinal pathways following spinal cord injury. Neurology 1991;41:1276–1283. Tsubokawa T, Katayama Y, Yamamoto T, et al. Chronic motor cortex stimulation for the treatment of central pain. In:. Advances in Stereotactic and Functional Neurosurgery 9, Springer; 1991, pp. 137–139.
19/04/2019 10:03:33
TRATADO de
NEUROLOGIA da Academia Brasileira de Neurologia
2a edição Rubens J. Gagliardi Osvaldo M. Takayanagui
O Tratado está dividido em grandes seções, que foram coordenadas pelos departamentos científicos da ABN em conjunto com especialistas de destaque nas respectivas áreas. As seções são subdivididas em capítulos, para os quais foram convidados renomados especialistas (nacionais e internacionais) de cada área, o que resultou em textos claros e didáticos, conforme a experiência e pesquisa pessoal de cada autor, sempre com alicerce na literatura atualizada. As indicações e conclusões, sempre que possível, foram baseadas em evidências clínicas e nos consensos nacionais e internacionais. Todos os capítulos apresentam uma seleção de referências bibliográficas atualizadas e de maior destaque no assunto, permitindo aos leitores interessados aprofundarem seu conhecimento específico. Na 2a edição foram incluídos alguns novos temas que são de interesse na prática clínica, assim como condutas baseadas em pareceres de órgãos públicos que possibilitam a adequação de procedimentos à prática clínica.
Classificação de Arquivo Recomendada Neurologia
Gagliardi Takayanagui
Rubens José Gagliardi Osvaldo Massaiti Takayanagui editores
TRATADO de NEUROLOGIA
Realizado por profissionais com comprovada experiência e conhecimento específico sobre os temas, os textos abordam aspectos epidemiológicos, prevenção, exames complementares, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Todo o trabalho foi feito dentro dessa óptica, trazendo conceitos clássicos ao lado do que há de mais novo.
da Academia Brasileira de Neurologia
O Tratado de Neurologia, 2a edição, aborda as principais áreas da Neurologia, permitindo a sistematização e o conhecimento das doenças neurológicas, além de sua atualização.
TRATADO de
NEUROLOGIA da Academia Brasileira de Neurologia
Rubens J. Gagliardi Osvaldo M. Takayanagui
2a edição www.elsevier.com.br
AF_TratadoNeuroABN2019.indd 1
18/04/19 15:11