Teste de Compreensão do oral Vê e ouve com atenção a reportagem da RTP em http://ensina.rtp.pt/artigo/minderico-e-piacao-na-memoria-do-mundo-da-unesco/ e, de seguida, assinala a opção correta de acordo com a informação transmitida. 1- O minderico surgiu como um socioleto… a) Na região de Minde, nos finais do século XVIII. b) Na região de Minde, nos finais do século XVII. c) Na região de Minde, nos inícios do século XVII. 2- Foi inventado e inicialmente apenas usado… a) Entre comerciantes de produtos têxteis. b) Entre habitantes do Ribatejo. c) Entre um grupo de linguistas de Munique. 3- Vera Ferreira é uma linguista que entra num edifício em cuja fachada exterior se pode ler … a) Honra teu mestre (lema dos avós). b) Honra teus avós (lema do mestre). c) Honra teus avós ( mestre do leme). 4- Atualmente há cerca de duas centenas de pessoas que… a) Estudam esta língua. b) São falantes passivos desta língua. c) São falantes ativos desta língua.
5- Segundo Vera Ferreira, uma das causas para o atual número reduzido de falantes de minderico é que… a) As gerações mais jovens o acham desinteressante. b) As gerações mais jovens são menos numerosas. c) As gerações mais jovens não o aprendem na escola.
6- As palavras mindericas “planeta cópio”, “chaveca” e “talha-mar” significam respectivamente…
Dina Maria Gonçalves de Jesus
a) Boa noite, ombros e nariz. b) Bom dia, cabeça e ombros. c) Boa tarde, cabeça e nariz. 7- A “Piação dos Charales do Ninhou” é… a) O nome da escola frequentada por crianças que estudam minderico. b) O primeiro dicionário de minderico com seis centenas de palavras e expressões. c) O nome escrito numa tabuleta em frente ao café da vila de Minde. 8- O minderico é apresentado como uma língua dinâmica… a) Que se adaptou aos tempos modernos, tendo mesmo sido inventadas novas palavras. b) Mas que não conseguiu acompanhar as novas invenções, principalmente no domínio das novas tecnologias. c) Que não evoluiu e, por isso, tem de ser ensinada nas escolas. 9- As palavras “televisão”, “computador” e “Internet” dizem em minderico, respectivamente… a) figurona do mindinho, ancho e tece-tece. b) bruxo, tece-tece e ancho. c) figurona do mindinho, bruxo e tece-tece. 10- Uma das formas que os mindericos encontraram para promover actualmente esta língua foi… a) Escrevendo os nomes dos produtos, dos locais e das instituições em português e em minderico. b) Falar unicamente esta língua em horário pós laboral e nos momentos de lazer. c) Fazer um requerimento para que o minderico seja formalmente reconhecido como Património de Portugal.
Para aprenderes mais sobre este assunto vai a http://minderico2010.blogspot.pt/ . Lá encontrarás uma lista imensa de vocabulário! Diverte-te! Texto de Apoio (também em http://ensina.rtp.pt/artigo/minderico-e-piacao-namemoria-do-mundo-da-unesco/) Minderico é Piação na Memória do Mundo da UNESCO Dina Maria Gonçalves de Jesus
Na ribatejana Minde fala-se uma língua estranha, que poucos conseguem descodificar. Gíria, calão ou dialeto, era a alma do negócio no século XVII. Dominada por comerciantes, caiu nas ruas da vila e ficou a Piação dos Charales do Ninhou. Quase desapareceu. Património valioso dos mindenses e, agora, também do mundo – lá chegaremos no fim deste artigo -, o minderico, que nasceu para ser código secreto de fabricantes e comerciantes de mantas, acabou por conquistar uma vila inteira. Assim foi durante anos, décadas e séculos, até o português se tornar na língua comum e o dialecto de Minde passar a um exercício de memória praticado outra vez só por alguns, os mais velhos. Não tivessem sido eles, o trabalho de uma linguista e o apoio de uma fundação, a tradição perdia a piação, que é o mesmo que dizer, deixava de ser falada. É aqui que na história do minderico entra Vera Ferreira, uma portuguesa que não nasceu em Minde mas que abraçou esta causa. A partir da Alemanha, a docente de documentação linguística e línguas ameaçadas da Universidade de Munique fundou o Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento Linguístico e Social (CIDLeS) com outros investigadores, para documentar, estudar e promover estas línguas esquecidas da Europa. O projeto para preservar o minderico obteve apoio financeiro da Fundação Volkswagen em 2009 e, dois anos depois, a língua foi internacionalmente reconhecida como uma estrutura individual, autónoma e viva. De língua em risco de extinção, o minderico, para orgulho dos mindenses, renasceu para ser ainda mais da terra: das conversas de café às salas de aula, o entusiasmo agregou novos e velhos, agora mais conscientes e sensibilizados para a necessidade de preservar um bem único, que só a eles pertencia. Publicaram-se livros, um dicionário multimédia, recolheram-se fundos para garantir a continuidade do projeto de revitalização, que passa também por ter uma aula semanal nas turmas do primeiro ciclo da escola de Minde. Podia ficar por aqui a história do socioleto, variante de língua surgido num grupo socioprofissional no século XVII. Mas não, há mais para contar e para celebrar: em outubro de 2015 o minderico foi inserido no Registo da Memória do Mundo da UNESCO,, um programa para sensibilizar o público sobre a necessidade de preservar o património documental. O pedido de integração partiu do The Language Archive, na Holanda. Material linguístico da humanidade, o minderico, tal como o mirandês, é património imaterial português e uma das 3 000 línguas em risco de desaparecerem no mundo. Um risco que a Piação dos Charales do Ninhou não quer correr, como mostra a reportagem da RTP realizada em 2010, que recolheu declarações da linguista Vera Ferreira, da diretora do Centro de Artes do Museu Roque, Maria Alzira Roque Gameiro e registou o orgulho dos mindenses na sua língua secreta.
Dina Maria Gonçalves de Jesus