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Vida Presbiteral
Padre Cristiano Aparecido de Sousa
Representante dos Presbíteros
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Rezar pelos sacerdotes, apostolado urgente!
Na última edição do nosso jornal Folha Diocesana, nesta mesma coluna, trouxemos como reflexão: Para que rezar pelos padres? Gostaria de continuar esta reflexão por se tratar de um tema muito caro a nós. Rezar é uma obra de amor. E quando amamos os nossos sacerdotes, o presente mais valioso que lhe oferecemos são as nossas orações. Como sabemos, nossa vida está marcada por uma série de lutas. A cada dia um novo desafio se apresenta. Em meio a essas lutas sabemos que o socorro vem do céu, de Deus. Por isso, na liturgia das horas, rezamos sempre esta invocação: Vinde, ó Deus, em meu auxílio! Com toda certeza, a oração é a grande arma e, ao mesmo tempo, o nosso sustento em meio a essas lutas diárias. Quantas vezes já não dissemos a alguém: reze por mim! E quantas vezes já não pedimos ao nosso sacerdote: Padre, reze por mim! Pois é, os sacerdotes também enfrentam suas lutas. E muitas dessas lutas são por causa da lgreja que é cada um de nós. O sacerdote está lutando por você! É justo ou não rezar pelos sacerdotes? Certa vez li, de um famoso exorcista, que a queda dos sacerdotes é o fetiche que mais deleita Satanás. É lógico que a queda de um sacerdote abala toda e qualquer comunidade. Chacoalha todo o corpo de Cristo, a Igreja. Logo, se nos sentimos corpo, também somos chacoalhados. Urge, portanto, este apostolado tão necessário: rezar pelos sacerdotes. Como é possível que coloquemos o sacerdote a lutar e não o sustentemos na oração? Há algumas congregações religiosas cujo carisma consiste em sustentar a Igreja e os sacerdotes por meio da oração. Mas, esta é uma função de todos na Igreja. Se há amor pelo Cristo sacerdote deve haver amor também pelos sacerdotes, rezando, portanto, por eles. Em algumas paróquias de nossa diocese, Deus tem suscitado pequenos núcleos que têm rezado pelos sacerdotes. Deus faça esta obra se multiplicar! Alguns desses núcleos rezam a chamada Passio Domini - as horas de sofrimento e de agonia de Nosso Senhor. Na última hora, há uma oração onde se pede uma gota do preciosíssimo sangue sobre as realidades da vida sacerdotal. Quais são estas realidades? Por meio da oração você verá que são várias e, portanto, carecedoras de muitas orações. Uma gota sobre as tentações das dúvidas e incertezas que rondam a vida sacerdotal. Sobre os sacerdotes que não mais imploram a graça e a luz para as tentações. Para os sacerdotes que se entregam somente às obras descuidando-se de sua vida espiritual. Uma gota sobre aqueles que se envaidecem no seu saber. Para os sacerdotes mundanizados. Para os que desprezam o trabalho humilde do confessionário e do atendimento. Uma gota de sangue preciosíssimo pelos sacerdotes que se deixam dominar pelas paixões e pelos sentidos. Pelos sacerdotes que recusam a cruz. Pelos sacerdotes que têm cargos de chefia. Pelos sacerdotes que são orientadores de grupos. Uma gota de sangue sobre os sacerdotes que estão no ensino. Sobre os sacerdotes que têm que responder perante os meios de comunicação. Uma gota de sangue sobre os sacerdotes que são superiores de casas religiosas. Sobre os sacerdotes que estão ligados às obrigações de pastorear. Sobre os sacerdotes encarregados de pregar. Sobre os sacerdotes que lidam com a burocracia. Pelos sacerdotes que cederam à tentação. Pelos que se arrependeram. Pelos que resistem, rezam e cumprem seus deveres. Pelos sacerdotes fatigados, cansados, deprimidos. Pelos que se sentem abandonados pela comunidade. Assim, meus irmãos, contemplamos algumas lutas interiores e exteriores de nossos padres. Precisamos rezar pelos sacerdotes, um apostolado extremamente necessário.
Direito e Família Cristã
Marcos Antônio Favaro
Procurador Jurídico, pós-graduando em Teologia, mestre em Direito pela PUC-SP
Boas Obras que implementam o Reino
Nas lições do Apóstolo Paulo, compreendemos que somos salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de nós, é dom de Deus (Ef. 2, 8-9). Todavia, a partir do encontro com Jesus Cristo, que perdoa os pecados, como viver como cristãos? É o mesmo Apóstolo que, prosseguindo, nos responde que “fomos feitos por ele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, previamente preparadas por Deus para que andásse mos nela (Ef. 2,10). É desejo do próprio Jesus que a luz dos cristãos resplandeça a partir de boas obras para que o Pai seja glorificado (Mt. 5,16). Nós, católicos, por muitas vezes praticamos boas obras nos lares, nos hospitais, nas escolas, nas comunidades carentes, mas, por muitas vezes, não nos sentimos a vontade para atuar junto aos governos, em especial quan do formulam as políticas públicas e elaboram as leis civis. Por que excluir essa área da vida da prática de boas obras dos católicos? Ora, a política é a mais perfeita forma de caridade. Esta expressão foi pronunciada pelo Papa Pio XI, reforçada pelo Papa Paulo VI e recentemente retomada pelo Papa Francisco. É a perfeita forma de caridade porque está a serviço do bem comum, o objetivo primeiro da política segundo a Doutrina Social da Igreja. Precisamos seriamente refletir se a nossa omissão não colabora com o abismo que se criou entre os valores cristãos e a prática política, o que pode ter permitido as situações que temos acompanhado. Parte de nossos representantes nos poderes legislativo e executivo estão envolvidos com situações contrárias a justiça e ao bem comum. Jesus ordena que amemos o próximo como a nós mesmos (Mt. 22). Isso
implica que lutemos por boas leis que protejam os bebês desde o útero mater no; que protejam o casamento e a família tradicional; que afastem as crianças da corrupção moral que pretende utilizar as salas de aula para desconstruir a sua identidade sexual, implodir os padrões morais ensinados pela suas famílias e induzi-las à promiscuidade. As sagradas escrituras estão repletas de exemplos de homens fiéis a Deus que influenciaram os governos de sua época. Assim Daniel perante Nabucodonosor (Dn. 4); José e Moisés perante o Faraó (Gn. 41 e Ex. 8); Ester diante do rei Xerxes, dentre tantos outros profetas que denunciaram o pecado das nações. No novo Testamento, João Batista perante Herodes (Mt. 14) e mesmo Paulo diante de Félix (At. 24). Governos bons ou maus podem interferir drasticamente na vida espiritual dos cristãos. Como exemplos extremados e contrapostos, pensemos na Coréia do Sul e na Coréia do Norte. No primeiro, uma democracia robusta, há liberdade religiosa, a igreja cresce e envia missionários pelo mundo todo. No segundo, uma ditadura repressiva, impera a perseguição religiosa, há pouquíssima atividade missionária, nenhum culto público ou publicação cristã, e milhões de pessoas nascem, vivem e morrem sem jamais ter ouvido o anúncio do Evangelho de Jesus. Assim, firme-se em nós a convicção de que, em algum grau, a depender da vocação e chamado de cada um, devemos exercer com ardor e fidelidade nossa missão de agentes de transformação social a partir de uma sincera conversão aos valores do Reino. Tenhamos coragem de, como o Profeta Isaías, responder: “eis-me aqui, envia-me!”.