INTRODUÇÃO A O EVANGELHO SEGUNDO
MARCOS Autoria Desde os primeiros séculos a Igreja Cristã atribui a autoria do segundo evangelho do Novo Testamento a João Marcos, filho de Maria, uma mulher de posses e muito prestígio em Jerusalém (At 12.12). Marcos era primo de Barnabé, amigo e companheiro de ministério dos apóstolos Paulo e Pedro. A igreja primitiva também nos informa que Pedro teve participação decisiva na evangelização e no discipulado de João Marcos, e que ambos desen-volveram laços de profunda amizade e respeito mútuo. Pedro se referia a Marcos como “meu filho Marcos” ((1Pe 5.13).) É de aceitação geral que Marcos recebeu de Pedro grande parte das informações contidas no Evangelho que leva seu nome. Com a autoridade apostólica de Pedro subjazendo este livro sagrado, ele jamais sofreu qualquer contestação à sua inclusão no cânon das Escrituras. Isso em muito cooperou para o rápido reconhecimento deste livro sagrado, bem como sua extraordinária disseminação por toda a Itália e regiões do império romano. Segundo Papias (por volta do ano 140 d.C.), citando uma fonte ainda mais antiga, Marcos foi grande cooperador de Pedro e seu amigo íntimo, de quem ouviu sobre os ensinos e realizações de Jesus Cristo. O comitê de tradução da Bíblia King James acredita que o Evangelho Segundo Marcos consiste, basicamente, na pregação e no ensino do apóstolo Pedro, ordenada e interpretada por João Marcos (At 10.37). Ainda muito jovem João Marcos teve o privilégio de acompanhar Paulo e Barnabé em sua primeira viagem missionária. Depois viajou com Barnabé para Chipre, pregando a Palavra do Senhor (At 15.38-40). Cerca de doze anos mais tarde, é convidado por Paulo para acompanhá-lo (Cl 4.10; Fm 24). Pouco antes de ser executado pelo império romano, Paulo manda chamar João Marcos (2Tm 4.11) para seguir anunciando o Evangelho a todos os povos. Propósitos Enquanto Mateus teve como principal propósito levar o Evangelho aos judeus, Marcos escreveu objetivando evangelizar e discipular os gentios, particularmente, ensinar os cristãos da Igreja de Roma. Por isso Marcos se preocupa em explicar alguns dos costumes judaicos (Mc 7.2-4; 15.42), traduz palavras aramaicas, idioma falado na Palestina na época de Jesus e muito diferente do hebraico antigo (Mc 3.17; 5.41; 7.11-34; 15.22) e dá ênfase à perseguição e ao martírio dos crentes ocorrida por volta dos anos 64 e 67 d.C. O grande incêndio de Roma, um plano diabólico do próprio imperador romano Nero, para acentuar a adoração do seu povo à sua pessoa, lançando a culpa sobre os cristãos e justificar uma perseguição que condenou sumariamente milhares de pessoas ao martírio e à morte. Marcos, antevendo essa chacina, procurou preparar os cristãos – de forma explícita e velada – durante todo o seu texto do Evangelho (Mc 1.12,13; 3.22,30; 8.34-38; 10.30,33-45; 13.8-13). Data da primeira publicação Os primeiros estudiosos das Sagradas Escrituras acreditavam que o Evangelho Segundo Mateus tinha sido escrito e publicado antes da obra de Marcos. Entretanto, atualmente, muitos teólogos e biblistas são unânimes em afirmar que o Evangelho Segundo Marcos foi o primeiro dos Evangelhos a chegar ao grande público leitor. Isso por volta do final da década de 50 d.C. Devido ao fato de Marcos ter sido o intérprete do apóstolo Pedro, havendo preparado sua obra sobre o Evangelho em estreita sintonia com os ensinos e orientações do seu querido mestre, tanto Mateus quanto Lucas utilizaram os textos de Marcos como principal fonte documentária na produção dos seus relatos sobre a vida e a obra de Jesus Cristo em seus Evangelhos. De acordo com alguns pais da Igreja, como Irineu e Clemente de Alexandria, o Evangelho Segundo Marcos foi escrito nas regiões da Itália, mais precisamente, em Roma. Pesquisas históricas indicam que Pedro e Marcos estavam em Roma, pouco antes do martírio de Pedro que se deu na mesma cidade e no qual o apóstolo teria solicitado que sua crucificação se desse de cabeça para baixo, pois acreditava não ser digno do mesmo tipo de martírio e morte que foram impostos ao Senhor Jesus.
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No final de sua primeira carta, Pedro indica claramente que está com Marcos, em Roma, criptografando (codificando) a palavra “Roma” por “Babilônia” (1Pe 5.13) a fim de proteger a Igreja que se reunia naquela cidade das perseguições do império. Esboço Geral de Marcos 1. O ministério do Servo (1.1 –10.52) A. A preparação para o ministério de Jesus (1.1-13) B. Por meio da vida e obra de João Batista (1.1-8) C. Por meio do seu próprio batismo (1.9-11) D. Por meio da vitória sobre a tentação (1.12, 13) 2. Seu ensino e poder (1.14 – 3.12) A. Sobre uma espécie de demônio (1.21-28) B. Sobre a doença (1.29-39) C. Sobre a impureza e a lepra (1.40-45) D. Sobre toda a paralisia (2.1-12) E. Sobre a corrupção (2.13-20) F. Sobre doutrinas equivocadas (2.21, 22) G. Sobre o uso do sábado (2.23-28) H. Sobre as deformidades (3.1-6) I. Sobre os demônios (3.7-12) 3. Ministério posterior na Galiléia (3.13-6.29) A. Escolha e convocação dos Doze (3.13-21) B. Condenação dos rejeitadores (3.22-30) C. A família espiritual de Jesus (3.31-35) 4. As parábolas de Jesus (4.1-34) A. O semeador (4.1-34) B. A candeia (4.21-25) C. O desenvolvimento do grão (4.26-29) D. A semente de mostarda (4.30-34) 5. As virtudes do Senhor Jesus (4.35 – 9.1) A. Sobre as tempestades (4.35-41) B. Sobre os demônios (5.1-20) C. Sobre a doença e a morte (5.21-43) D. Ao comissionar os apóstolos (6.7-13) E. Afetando o assassino Herodes (6.14-29) F. Ao alimentar 5.000 homens (6.30-44) G. Ao caminhar sobre as águas (6.45-52) H. Sobre as enfermidades (6.53-56) I. Sobre as tradições religiosas (7.1-23) J. Para com uma mulher gentia (7.24-30) K. Para com um homem surdo (7.31-37) L. Ao alimentar mais 4.000 homens (8.1-9) M. Ao condenar os fariseus (8.10-13) N. Em seu ensino sobre o fermento (8.14-21) O. Sobre a falta de visão (8.22-26) P. Sobre a vida do apóstolo Pedro (8.27-33) Q. Sobre todos os discípulos (8.34 – 9.1) 6. Suas profecias (9.2-50) A. Quanto a Sua glória (9.2-29) B. Quanto a Sua morte (9.30-32) C. Quanto às recompensas (9.33-41) D. Quanto ao inferno (9.42-50) 7. Seus ensinos na região da Peréia (10.1-52) A. Sobre o divórcio (10.1-12) B. Sobre os pequeninos (10.13-16) C. Sobre a vida eterna (10.17-31) D. Sobre Sua morte e ressurreição (10.32-34)
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E. Sobre a ambição humana (10.35-45) F. Quando da cura do cego Bartimeu (10.46-52) 8. A Paixão de Cristo (11.1 – 15.47) A. Domingo: A entrada triunfal (11.1-11) B. Segunda-feira: Purificação (11.12-19) C. Terça-feira: Ensinos (11.20 – 13.37) D. Sobre a fé (11.20-26) E. Sobre Israel (12.1-12) F. Sobre os deveres cívicos (12.13-17) G. Sobre a ressurreição (12.18-27) H. Sobre o maior dos mandamentos (12.28-34) I. Sobre a divindade de Jesus (12.35-37) J. Sobre a questão da arrogância (12.38-40) K. Sobre as ofertas e ajudas (12.41-44) L. Sobre o futuro (13.1-37) M. Quarta-feira: A unção e a traição (14.1-11) N. Quinta-feira: A ceia e a traição (14.12-52) O. Preparativos para a ceia (14.12-16) P. A última Páscoa com Jesus (14.17-21) Q. Rumo ao Getsêmani (14.26-31) R. Oração e pranto no Getsêmani (14.32-42) S. Traição e prisão no Getsêmani (14.43-52) T. Sexta-feira: Juízo e execução (14.53 – 15.47) U. Cristo julgado por Caifás (14.53-65) V. Pedro nega a Jesus (14.66-72) W. Cristo julgado por Pilatos (15.1-15) X. O martírio de Cristo (15.16-20) 9. Crucificação, morte e ressurreição (15.21 – 16.20) A. A crucificação do Senhor Jesus (15.21-32) B. A morte de Jesus Cristo (15.33-41) C. O sepultamento e o Sábado (15.42-47) D. Domingo: A ressurreição de Jesus! (16.1-8) E. Jesus prova que está vivo (16.9-18) F. Jesus ascende ao Céu de onde voltará (16.19, 20) Observação ç O Evangelho Segundo Marcos também pode ser sumarizado a partir dos deslocamentos geográficos feitos por Jesus Cristo durante sua peregrinação na terra: 1. Os preparativos para a vinda de Deus encarnado (1.1-13) 2. A pregação do Filho de Deus na Galiléia (1.14 – 9.50) 3. A pregação de Jesus, o Cristo na Peréia (10.1-52) 4. A Paixão do Filho do homem em Jerusalém (11.1 – 16.20).
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O EVANGELHO SEGUNDO
MARCOS João Batista revela o caminho (Mt 3.1-12; Lc 3.1-18, Jo 1.19-28)
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Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus.1 2 Conforme está escrito no livro do profeta Isaías: “Eis que Eu envio o meu mensageiro diante de ti, a fim de preparar o teu caminho; voz do que clama no deserto: 3 ‘Preparai o caminho do Senhor, tornai retas as suas veredas’”.2 4 E foi assim que chegou João, batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para perdão dos pecados.3 5 Vinham encontrar-se com ele pessoas de toda a região da Judéia e todo o povo de Jerusalém, e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando seus pecados. 6 João vestia roupas tecidas com pêlos
de camelo, usava ao redor da cintura um cinto de couro e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.4 A mensagem de João (Mt 3.11-12; Lc 3.15-17; Jo 1.19-28)
E esta era a pregação de João: “Depois de mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno sequer de curvar-me para desamarrar as correias das suas sandálias. 8 Eu vos batizei com água; Ele, entretanto, vos batizará com o Espírito Santo”.5 7
Jesus é batizado (Mt 3.13-17; Lc 3.21-22; Jo 1.32-34)
Aconteceu, naqueles dias, que chegou Jesus, vindo de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no rio Jordão. 9
1 A expressão “Evangelho” no grego mais antigo significa “um prêmio conferido a quem levava boas notícias”. Com o tempo, essa palavra passou a significar “boas novas”. Cristo é em si a “boa notícia” para a humanidade e, ao mesmo tempo, é portador das “boas novas” de Salvação (cada indivíduo precisa ser salvo, liberto, do poder do pecado original, do sistema mundial dirigido por Satanás e do inferno eterno). A palavra “princípio” indica a introdução do Evangelho. O livro de Marcos teria sido o primeiro a ser escrito, servindo como base para Mateus e Lucas, sendo os três, conhecidos como os “Sinóticos” (termo de origem grega que significa: “análise dos fatos a partir de um determinado ponto de vista” ou “estudo comparativo”). A palavra “Cristo” é um adjetivo de origem grega que significa “Ungido” (em hebraico, Messias). No AT, reis, sacerdotes e profetas foram “ungidos”, o que confirmava sua escolha divina. “Filho de Deus” tem um sentido amplo no NT, mas quando aplicado a Jesus salienta sua Deidade (Sl 2.7; Jo 10.38; 14.10; Hb 1.2) e sua Missão (10.45). 2 “Está escrito”, frase muito usada para lembrar ou citar passagens do AT. Marcos faz alusão às profecias de Is 40.3; Ml 3.1. Conforme a tradição entre os mestres judaicos, citava-se apenas o nome do “profeta maior” ou mais antigo. Fica claro, no contexto, que o Senhor (Jeová ou Javé) do AT é plenamente identificado com Jesus Cristo no NT (Rm 10.9-13). 3 João é a forma simplificada do nome hebraico Johanen, que significa “dom de Jeová”. Era parente de Jesus, porquanto suas mães eram primas (Lc 1.36). Seu ministério público teve início por volta do ano 27 a.C., proclamando a vinda iminente do Messias e Seu Reino. João insistia na urgência do “arrependimento” (em grego, metanoia, quer dizer: “mudança radical de pensamento e volta ao juízo”) devido à aproximação da vinda do Senhor. A mesma necessidade impreterível dos nossos dias. O ato simbólico de João “mergulhar” (palavra derivada da expressão grega baptizô) as pessoas nas águas, após confissão pública e oral dos pecados, entrou para a história da Igreja. 4 As roupas e o tipo de alimentação de João revelam sua austeridade e desprendimento dos interesses materiais deste mundo. Seu jeito de vestir-se era típico dos profetas e lembrava Elias (2 Rs 1.8; Zc 13.4), a quem João muito se assemelha (9.13). Alimentar-se de gafanhotos era uma prática comum entre as comunidades pobres (Lv 11.22), especialmente as que viviam a oeste do mar Morto, entre cujos habitantes (a seita dos essênios) estão os que escreveram e preservaram os Rolos do mar Morto (a mais importante descoberta arqueológica do século XX e que muito ajudou nesta tradução da Bíblia King James). Alguns grupos de beduínos ainda hoje comem gafanhotos tostados ou salgados. 5 João batiza apenas com água, simbolizando a purificação dos pecados reconhecidos e renunciados. Entretanto, Jesus Cristo oferecerá o dom do Espírito e com Ele a filiação adotiva e perene de Deus (em hebraico Yahweh), nosso Pai (em aramaico, Abba, que significa: pai querido), conforme Jo 3.3-6. O batismo cristão é muito mais importante que o batismo judaico de prosélitos, dos essênios (que batizavam os judeus que entravam para sua seita) e o praticado por João. Isso porque somente no batismo cristão está implícito o ato simbólico de identificação do pecador restaurado com a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.
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E, imediatamente após deixar a água, viu os céus rasgando-se e o Espírito descendo até Ele na forma de uma pomba. 11 Então houve uma voz vinda dos céus: “Tu és o meu Filho amado; em ti muito me agrado”.6 10
Jesus é tentado (Mt 4.1-11; Lc 4.1-13)
Logo em seguida, o Espírito o dirigiu para o deserto. 13 Ali esteve Ele por quarenta dias sendo tentado por Satanás; viveu entre as feras selvagens, e os anjos o serviram.7 12
Jesus convoca seus discípulos (Mt 4.12-22; Lc 4.14,15; 5.1-11; Jo 1.35-42) 14 E depois que João foi levado à prisão, Jesus partiu para a Galiléia, pregando a todos as boas novas de Deus:8 15 “Cumpriu-se o tempo e está chegando o Reino de Deus; arrependei-vos e crede no Evangelho”.9
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Caminhando pela praia do mar da Galiléia, viu Jesus a Simão e seu irmão André lançando suas redes ao mar, pois eram pescadores. 17 Então, dirigiu-se a eles Jesus dizendo: “Vinde em minha companhia, e Eu vos tornarei pescadores de pessoas”. 18 Naquele mesmo momento, eles abandonaram as suas redes e seguiram Jesus. 19 Andando um pouco mais adiante, Jesus avistou Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Eles estavam num barco consertando as redes. 20 Sem demora os chamou. E eles, deixando o pai, Zebedeu, com os empregados no barco, partiram seguindo a Jesus.10 16
Jesus ensina na sinagoga (Lc 4.31-37) 21 Dirigiram-se para Carfanaum e, assim que chegou o sábado, tendo entrado na sinagoga, Jesus passou a ensinar.11
6 Jesus insistiu em ser batizado para endossar a autoridade de João; identificar-se com os pecadores que sinceramente buscavam o perdão de Deus (2 Co 5.21); anunciar e confirmar publicamente seu ministério; permitir que João o apresentasse ao mundo como o Messias prometido (Jo 1.53) e que ele (Jesus) recebesse a plena unção do Espírito de Deus (Lc 3.22). A forma de pomba era real e visível e não apenas uma analogia espiritualizada para descrever romanticamente o fenômeno, pois Lucas ainda é mais preciso, usando a expressão “em forma corpórea” (Lc 3.22). Esse mesmo fenômeno ocorreu também por ocasião da Criação (Gn 1.2). O próprio Deus fala sobre o amor e a alegria que sente por Jesus, Seu Filho (Jo 12.28), e Suas palavras relembram Gn 22.2; Sl 2.7 e Is 42.1. Temos aqui uma visão clara da Trindade, doutrina cristã que só pode ser bem aceita após o verdadeiro encontro com a pessoa de Cristo, o Filho de Deus. 7 Sem dúvida foi o próprio Jesus quem relatou aos seus discípulos os detalhes desta batalha histórica (Mt 4.1-11; Lc 4.1-14). Todos os sinóticos dão ênfase à relação existente entre o “batismo” e a “tentação” de Cristo. Jesus, dirigido (ou impelido) pelo Espírito, foi ativo no Seu batismo e passivo na tentação. Por meio do batismo Ele cumpriu toda a justiça, e pela tentação Sua justiça foi provada. Antes de iniciar seu ministério de destruir o poder de Satanás nas vidas dos seres humanos, foi necessário que Ele vencesse o Inimigo no campo de batalha da sua própria vida na terra (Hb 2.18; 4.15). A magnitude de toda essa batalha se observa no fato de que anjos vieram servi-lo (Mt 4.11, Lc 22.43). Em menor grau, cada discípulo que é chamado a uma missão desafiadora no Reino e impactante no mundo deve estar preparado para semelhante conflito e vitória. 8 Entre a tentação de Jesus e a execução de João Batista ocorreram os eventos registrados em Jo 1.19 – 4.54. Os fatos que levaram à prisão estão narrados em Mc 6.17-20. 9 A palavra grega metanoia (que significa mudar de mentalidade e voltar ao juízo correto) reflete a expressão hebraica shub que freqüentemente (cerca de 120 vezes) ocorre no AT com a conotação espiritual de “retornar” a Deus. No contexto da conversão cristã, aponta para uma mudança radical de vida, em conseqüência da fé depositada na pessoa e obra de Jesus Cristo (At 3.19; 26.20; 1Ts 1.9). 10 Marcos emprega (cerca de 50 vezes) em seus escritos, como parte do seu estilo, uma palavra grega traduzida de várias maneiras: “sem demora, logo, então, assim, em seguida, rapidamente” e outras semelhantes, que revelam seu senso de urgência em comunicar o Evangelho ao mundo (especialmente aos gentios). Jesus ensina que a vocação do discípulo missionário implica: no discipulado (“vinde em minha companhia” ou “após mim”); em ser capacitado por Cristo (“Eu vos tornarei”); num esforço pessoal para explicar as boas novas às pessoas (“pescadores”) e na disposição de colocar as ambições e os interesses seculares em segundo plano (“abandonaram as suas redes”). 11 A sinagoga sempre teve uma importância vital para as comunidades judaicas em todo o mundo desde sua fundação, na época do exílio, até nossos dias. Uma sinagoga podia ser estabelecida em qualquer cidade ou povoado onde houvesse ao menos dez homens judeus casados, e seu propósito maior era ensinar as Escrituras e adorar a Deus. Era costume entre os líderes das sinagogas, convidar os mestres visitantes a participarem da adoração e ministrarem a Palavra na reunião do sábado (em hebraico
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E todos ficavam maravilhados com o seu ensino, pois lhes ministrava como alguém que possui autoridade e não como os mestres da lei.12 23 Mas, naquele exato momento, levantou-se na sinagoga um homem possuído de um espírito imundo, que vociferava: 24 “O que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nossa destruição? Conheço a ti, sei quem tu és: o Santo de Deus!” 25 Mas Jesus o repreendeu severamente: “Fica quieto e sai dele!”13 26 Então, o espírito imundo, sacudindo aquele homem violentamente e gritando com poderosa voz, saiu dele. 27 Todos ficaram atônitos e assustados perguntavam uns aos outros: “O que é isto? Novo ensinamento, e vejam quanta autoridade! Aos espíritos imundos Ele dá ordens, e eles prontamente lhe obedecem!” 28 Assim, rapidamente as notícias sobre a sua pessoa se espalharam em várias direções e por toda a região da Galiléia. 22
O poder de Jesus sobre doenças e demônios (Mt 8.14-15; Lc 4.38-39)
E assim que saíram da sinagoga, dirigiram-se para a casa de Simão e André, juntamente com Tiago e João.14 30 A sogra de Simão estava deitada, com 29
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muita febre, e logo falaram com Jesus a respeito dela. 31 Então, aproximando-se, Ele a tomou pela mão e a levantou. A febre imediatamente a deixou e ela se pôs a serví-los. 32 Ao final da tarde, logo após o pôr-dosol, o povo levou até Jesus todos os que estavam passando mal e os dominados por demônios. 33 E, assim, a cidade inteira se aglomerou à porta da casa. 34 Jesus curou a muitos de várias enfermidades, bem como expulsou diversos demônios. Entretanto, não permitia que os demônios falassem, pois eles sabiam quem era Ele.15 Jesus retira-se para orar (Lc 4.42-44)
De madrugada, em meio a escuridão, Jesus levantou-se, saiu da casa e retirouse para um lugar deserto, onde ficou orando.16 36 Simão e seus amigos saíram para procurá-lo. 37 Então, quando o acharam, informaram: “Todos estão te procurando!” 38 E Jesus os instruiu: “Vamos seguir para outros lugares, às aldeias vizinhas, a fim de que Eu pregue ali também. Pois foi para isso que vim”. 35
shabbãth que significa: o dia do descanso). Jesus, assim como Paulo mais tarde (At 13.15; 14.1; 17.2; 18.4), aproveitou essa oportunidade cultural para anunciar as novas e boas notícias do Reino de Deus (o Evangelho). Jesus escolheu Carfanaum, importante centro de comércio e distribuição de peixes, como sede do seu ministério após a rejeição que sofreu em sua terra natal, Nazaré (Lc 4.16-31). Os romanos mantinham um centurião na cidade (8.5) e uma coletoria de impostos (Mt 9.9). 12 Marcos dedica boa parte dos seus escritos a salientar o quanto os ensinos e as atitudes de Jesus tocavam os corações das pessoas e as deixavam impressionadas (2.12; 5.20,42; 6.2,51; 7.37; 10.26; 11.26; 11.18; 15.5). Sua autoridade provinha direta e absolutamente de Deus e por isso não citava os grandes mestres da Lei como era costume dos rabinos. 13 Com exceção do texto correspondente de Lc 4.34, o título “O Santo de Deus” foi usado apenas em Jo 6.69 e se refere à origem divina de Jesus, mais do que ao seu messianato (Lc 1.35). Esse título foi usado pelos demônios com base na crença do ocultismo de que o uso exato do nome de uma pessoa permitia certo controle sobre ela. O homem estava possesso de mais de um demônio, mas apenas o líder deles gritou e falou. Entretanto, Jesus, em plena autoridade divina, ordena que o demônio “fique impedido de expressar-se”, literalmente em grego que significa “seja amordaçado!” ou “fique imobilizado e com a boca amarrada”. 14 Jesus e seus discípulos certamente foram almoçar com a família de Pedro (1Co 9.5), pois a refeição principal do sábado era tradicionalmente servida logo após o encerramento do culto matinal das sinagogas. 15 O povo aguarda o final do pôr-do-sol e, conseqüentemente, o encerramento do sábado, para carregar seus enfermos e possessos (Jr 17.21,22) e os levar à presença de Cristo a fim de serem curados e libertos. Marcos retrata com clareza a perfeita humanidade e divindade de Jesus. Ele sentiu compaixão pelo povo (6.34) e os curou, mas sabia da Sua prioridade: anunciar o Reino e a Salvação (1.15). Soube evitar a publicidade e não permitiu que pessoas nem o Inimigo o enganassem com falsa adoração ou lisonja (1.24,34; 3.11; 5.7). 16 A expressão grega transliterada proii indica a última vigília da noite, das três às seis horas da manhã. Jesus reage ao crescente aumento de sua popularidade e se retira para um lugar tranqüilo e isolado onde possa conversar a sós com o Pai.
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E aconteceu que Ele percorreu toda a Galiléia, pregando nas sinagogas e expelindo os demônios. 39
A cura do leproso que creu (Mt 8.1-4; Lc 5.12-16)
Certo leproso aproxima-se de Jesus e suplica-lhe de joelhos: “Se for da tua vontade, tens o poder de purificar-me!” 41 Movido de grande compaixão, Jesus estendeu a mão e, tocando nele, exclamou: “Eu quero. Sê purificado!” 42 No mesmo instante toda a doença desapareceu da pele daquele homem, e ele foi purificado.17 43 Em seguida Jesus se despede dele com forte recomendação: 44 “Atenta, não digas nada a ninguém; contudo vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação os sacrifícios que Moisés prescreveu, para que sirvam de testemunho”.18 45 Contudo, assim que o homem saiu, começou a proclamar o que acontecera e a divulgar ainda muitas outras coisas, de modo que Jesus não mais conseguia entrar publicamente numa cidade, mas via-se obrigado a ficar fora, em lugares desabitados. Mesmo assim, pessoas de todas as partes iam ter com Ele.19 40
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Jesus perdoa e cura (Mt 9.1-8; Lc 5.17-26)
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Chegando de novo em Cafarnaum, depois de alguns dias, o povo ficou sabendo que ele estava em casa.1 2 E foram tantos os que se aglomeraram ali, que já não havia lugar nem à porta; e Ele lhes pregava a Palavra.2 3 Vieram trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro homens. 4 Não conseguindo levá-lo até Jesus, por causa da multidão, removeram parte da cobertura sobre o lugar onde estava Jesus e, por essa abertura no teto, baixaram a maca na qual se achava deitado o paralítico.3 5 Observando a fé que eles demonstravam, declarou Jesus ao paralítico: “Filho! Estão perdoados de ti os pecados”. 6 Entretanto, alguns dos mestres da lei que por ali estavam sentados, julgaram em seu íntimo: 7 “Como pode esse homem falar desse modo? Está blasfemando! Quem afinal pode perdoar pecados, a não ser exclusivamente Deus?”4 8 Jesus imediatamente percebeu em seu espírito que era isso o que eles estavam urdindo e lhes questionou: “Por que cogitais desta maneira em vossos corações?
17 O termo grego usado no original não se refere apenas e especificamente à lepra ou hanseníase (como se conhece hoje), mas a vários tipos de doenças e cânceres de pele. Todavia, como implicou em imundícia, segundo o AT (Lv 13 e 14), era natural que se tornasse um símbolo do pecado: ambos são repugnantes; espalham-se pelo corpo e são contagiosos; são incuráveis, a não ser pela misericórdia de Deus; só Cristo pode oferecer plena solução, e isso por causa do seu compadecimento, do seu poder que vem de Deus (Jo 3.2) e porque foi para cumprir essa missão que Ele veio ao mundo (10.45). 18 Os sacrifícios serviam de comprovação diante dos sacerdotes e para o povo de que a cura era genuína (e que Jesus respeitava a Lei). A cura era um testemunho concreto e visível do poder divino de Jesus, pois os judeus acreditavam que somente Deus podia curar uma doença de pele como a lepra (2Rs 5.1-4). 19 A inevitável popularidade de Jesus Cristo (1.28; 3.7,8; Lc 7.17) e a inveja e oposição cada vez mais intensa dos líderes religiosos (2.6,7,16,23,24; 3.2,6,22) forçaram Jesus a se retirar da sua amada Galiléia e peregrinar pelos territórios circunvizinhos. No entanto, o povo, sedento, viajava de todas as partes para receber a bênção da Sua Palavra e Poder. Capítulo 2 1 Pedro e sua família (1Co 9.5) faziam questão de hospedar Jesus sempre que ele estava em Cafarnaum, e Jesus se sentia em casa (1.21,29). 2 A Palavra é o Evangelho: Cristo e as boas novas da Salvação eterna (1.15). As multidões estavam à espera do Senhor e o receberam com o mesmo entusiasmo de antes (1.32,33,37). 3 Uma casa típica da Palestina daqueles tempos tinha o telhado plano, onde se podia chegar por uma escada externa. O telhado era geralmente coberto com uma camada de barro apoiada por esteiras feitas de ramos de palmeiras e sustentadas por vigas de madeira. 4 Na teologia judaica, nem mesmo o Messias teria poder para perdoar pecados, somente e exclusivamente o Altíssimo (Deus, em hebraico Yahweh). Jesus, de forma simples e natural, age como perfeito ser humano (compassivo e solidário em relação ao próximo), e perfeitamente como Deus (oferecendo solução à mais profunda e dramática necessidade humana: o perdão). Essa demonstração prática, pública e visual da deidade de Jesus foi considerada pelos teólogos locais (escribas ou mestres da lei) como uma grave e escandalosa blasfêmia.
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O que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Estão perdoados de ti os pecados’, ou falar: ‘Levanta-te, toma a tua maca e sai andando’?5 10 Todavia, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados...” – dirigiu-se ao paralítico – 11 “Eu te ordeno: Levanta-te, toma tua maca e vai para tua casa”. 12 Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando sua maca saiu andando à frente de todos, que, estupefatos, glorificaram a Deus, exclamando: “Nunca vimos nada semelhante a isto!”6 9
Jesus convoca Mateus (Mt 9.9-13; Lc 5.27-32) 13 Uma vez mais, saiu Jesus e foi caminhar na praia, e toda a multidão vinha ao seu encontro, e Ele os ensinava. 14 Enquanto andava, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado à mesa da coletoria, e o chamou: “Segue-me!” Ao que ele se levantou e o seguiu.7
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Jesus à mesa com pecadores (Mt 9.10-13; Lc 5.29-32)
Aconteceu que, em casa de Levi, publicanos e pessoas de má fama, que eram numerosas e seguiam Jesus, estavam à mesa com Ele e seus discípulos.8 16 Quando os mestres da lei que eram fariseus o viram comendo com os publicanos e outras pessoas mal afamadas, perguntaram aos discípulos de Jesus: “Por que Ele se ali-menta na companhia de publicanos e pecadores?” 17 Ao ouvir tal juízo, Jesus lhes ponderou: “Não são os que têm saúde que necessitam de médico, mas, sim, os enfermos. Eu não vim para convocar justos, mas sim pecadores”.9 15
Jesus explica o jejum (Mt 9.14-17; Lc 5.33-39) 18 Os discípulos de João e os fariseus estavam
jejuando. Algumas pessoas vieram ter com Jesus e inquiriram: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, mas os teus discípulos não jejuam?”10
5 Para Jesus seria mais fácil apenas curar o paralítico e chamar a atenção do público para sua pessoa. Mas perdoar tinha a ver com a glória de Deus e lhe custaria uma vida de sacrifício e seu próprio holocausto na cruz (10.45). E para os mestres? O que seria mais fácil? Curar ou perdoar? A expressão de Jesus: “Estão perdoados de ti os pecados”, é a tradução literal dos melhores originais, em grego . 6 Jesus intitulou a si mesmo de “Filho do homem” por cerca de 80 vezes nos evangelhos. Segundo o profeta Daniel (Dn 7.13,14), o filho de um ser humano é retratado como personagem celestial a quem, no final dos tempos, Deus confiou plena autoridade, glória máxima e poder soberano. Fica claro que um dos propósitos dos muitos milagres, sinais e prodígios realizados por Jesus era apresentar provas indiscutíveis da sua divindade (Jo 2.11; 20.30,31). Com certeza o paralítico e a multidão presente compreenderam claramente quem era Jesus e sua atitude, pois glorificaram a Deus. 7 Levi era o nome de infância de Mateus e nome apostólico que significa “dádiva do Senhor” (Mt 9.9; 10.3). Levi era publicano e cobrador de impostos (Lc 5.27), sujeito às ordens de Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia. A coletoria era quase sempre uma espécie de bilheteria onde eram cobrados pedágios para aqueles que transitassem pela estrada internacional que ligava Damasco ao litoral do Mediterrâneo e ao Egito, passando por Cafarnaum. A maioria dos publicanos cobrava impostos além da lei e prestava falsos relatórios ao governo de Roma. Eram odiados pelo povo; para os fariseus eram iguais aos pecadores (literalmente: gente de má fama) que desprezavam a Lei. Em vista de viverem na companhia dos gentios eram excluídos da sinagoga. 8 Na cultura oriental e especialmente na judaica, fazer uma refeição na casa de alguém era um grande sinal de amizade entre os participantes. O termo “pecadores” era em geral uma maneira de se referir aos cobradores de impostos, mentirosos, enganadores, adúlteros, assaltantes, criminosos, e pessoas de má reputação. Jesus e seus discípulos eram os convidados de honra de um grupo com essas qualificações gerais. Jesus compartilha as bênçãos de sua mesa com os pecadores remidos (Ap 3.20). 9 Os fariseus eram um grupo de religiosos e sucessores dos hassidins, judeus piedosos que juntaram suas forças às dos macabeus durante a guerra pela liberdade da Síria (166 a 142 a.C). Os fariseus surgiram no reinado de João Hircano, entre 135 e 105 a.C. Embora alguns realmente fossem homens de Deus, a maioria dos que conflitaram com Jesus eram hipócritas, invejosos, formalistas e envenenados por sórdidos interesses políticos. Segundo o farisaísmo, a graça de Deus era oferecida somente para aqueles que cumprissem a Lei. 10 Os discípulos de João jejuaram porque seu mestre estava preso, por estarem em oração pela redenção proclamada por João e por causa da doutrina (ascetismo) de purificação e arrependimento pregada por João como preparação para a vinda de Cristo. Entretanto, a Lei de Moisés prescrevia apenas um jejum obrigatório: no Dia da Expiação (Lv 16.29,31; 23.27-32; Nm 29.7). Após o Exílio na Babilônia, quatro outros jejuns anuais eram observados (Zc 7.5; 8.9). Na época de Jesus os fariseus tinham o costume de jejuar duas vezes por semana (Lc 18.12).
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Explicou-lhes Jesus: “Como podem os convidados do noivo jejuar enquanto o têm consigo?11 20 Contudo, virão dias quando o noivo lhes será arrancado; e então, nessa ocasião, jejuarão. 21 Ninguém costura remendo de pano novo em roupa velha, porquanto o remendo novo forçará o tecido velho e o rasgará ainda mais, aumentando a ruptura. 22 Assim como não há pessoa que deposite vinho novo em recipiente de couro velho; caso o faça, o vinho arrebentará o recipiente, e dessa forma, tanto o vinho novo quanto o recipiente se estragarão. Ao contrário, põe-se o vinho novo em um recipiente de couro novo”.12 19
Jesus é Senhor do Sábado (Mt 12.1-14; Lc 6.1-11) 23 E aconteceu que, passava Jesus num dia
de sábado pelas plantações de cereal. Os seus discípulos, enquanto caminhavam, começaram a colher algumas espigas. 24 Então os fariseus advertiram-no: “Vê! Por que teus discípulos fazem o que não é permitido aos sábados?”13
MARCOS 2, 3 25 Mas Ele esclareceu: “Nunca lestes como
agiu Davi e seus companheiros, quando sofreram necessidade e tiveram fome? 26 Na época do sumo sacerdote Abiatar, Davi entrou na casa de Deus e se alimentou dos pães dedicados à oferta da Presença, que somente aos sacerdotes era permitido comer, e os ofereceu também aos seus companheiros”.14 27 E então concluiu: “O sábado foi criado por causa do ser humano, e não o ser humano por causa do sábado. 28 Assim sendo, o Filho do homem é Senhor inclusive do sábado”.15 Jesus cura as deformidades (Mt 12.9-14; Lc 6.6-11)
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Em outra ocasião, Jesus entrou na sinagoga e encontrou ali um homem que tinha atrofiada uma das mãos. 2 Alguns dos fariseus estavam procurando uma razão para acusar Jesus; por isso o observavam com toda a atenção, a fim de constatar se Ele iria curá-lo em pleno sábado. 3 Então convidou Jesus ao homem da mão atrofiada: “Levanta-te e vem aqui para o meio”.
11 A expressão “noivo” refere-se a Cristo (Ef 5.23-32). No AT, o “noivo” é Deus (Os 1.1-11; Is 54.5; 62.45; Jr 2.2). Os casamentos judaicos eram uma ocasião para alegria geral e a sua celebração chegava a durar uma semana. Não fazia o menor sentido pensar em jejum durante essas festividades. O jejum sempre esteve relacionado a momentos de dificuldade, grandes desafios e tristeza. Enquanto o “noivo” estava na festa era tempo de regozijo, o tempo triste e amargo chegaria, quando Jesus seria “tirado com violência” (literalmente em grego aparthç) ç , e naqueles dias, sim, os discípulos jejuariam. Certamente que a analogia de Jesus foi bem compreendida pelos inquiridores. 12 Estas duas parábolas (Mt 9.16,17; Lc 5.36) ensinam claramente sobre a impossibilidade de se misturar o velho ritualismo da Lei (o Judaísmo em todas as suas formas e ramificações) com a Nova Aliança da graça e da liberdade em Cristo: o Evangelho (Gl 5.1,13). 13 A lei mosaica permitia a todo viajante colher espigas de trigo ao longo das estradas com o objetivo específico de comêlas, na hora, para matar a fome (Dt 23.25). Os fariseus não estão criticando essa prática, mas, sim, o fazer isso no sábado. É impressionante a calma e a segurança de Jesus diante das sucessivas investidas dos seus inquiridores, pois segundo o Talmude judaico, a ofensa de trabalhar (colher) no sábado incorria em pena de morte por apedrejamento, desde que o acusado fosse advertido e sua falta ficasse comprovada pelo testemunho de duas ou três autoridades religiosas, por isso o “Vê!” dos fariseus, tem o sentido de: “Atenção! Foste pego em flagrante delito”. 14 Jesus busca em sua defesa um episódio ocorrido com o venerado (pelos judeus fariseus especialmente) rei Davi (1Sm 21.16). A relação entre os acontecimentos está no fato de homens de Deus terem feito algo proibido pela Lei. Como no direito judaico é sempre permitido praticar o bem e salvar vidas (ainda que seja no sábado), tanto Davi quanto os discípulos estavam dentro do chamado “espírito da lei” (Is 58.6,7; Lc 6.6-11; 13.10-17; 17.1-6). Havia, portanto, uma jurisprudência formada e os fariseus tiveram de aceitar a argumentação pública de Jesus. De acordo com 1 Sm 21.1-9, Aimeleque, pai de Abiatar, era sumo sacerdote na ocasião (2Sm 8.17; Mt 12.4). 15 A tradição judaica havia criado tantas restrições e normas sobre a guarda do dia do sábado, que a maioria das pessoas sentia-se culpada por não conseguir cumprir rigorosamente todas as ordenanças estabelecidas. Jesus enfatiza o propósito que Deus tem para o sábado: um dia para descanso; restauração espiritual, mental e física. Jesus conclui sua alusão à história judaica, mostrando que se a lei do sábado não tinha aplicação no caso do servo do templo, muito menos teria qualquer restrição sobre Cristo, o Senhor do Templo. Somente no evangelho de Marcos encontramos a importante definição “O Filho do homem é Senhor inclusive do sábado”, um dia especial consagrado a Deus.
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Em seguida Jesus indaga deles: “O que nos é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal? Salvar vidas ou matar as pessoas?” No entanto, eles ficaram calados.1 5 Indignado, olhou para os que estavam ao seu redor e, profundamente entristecido com a dureza do coração deles, ordenou ao homem: “Estende a tua mão”. Ele a estendeu, e eis que sua mão fora restaurada. 6 Diante disso, retiraram-se os fariseus e iniciaram, em acordo com os herodianos, uma conspiração contra Jesus, e tramavam um meio de condená-lo à morte.2 4
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evitar que a massa de pessoas o apertasse, tirando-lhe os movimentos. 10 Pois Ele havia curado grande multidão, de modo que todos os que padeciam de alguma enfermidade se acotovelavam na tentativa de vê-lo e tocá-lo. 11 E acontecia que todas as vezes que as pessoas com espíritos imundos o viam, atiravam-se aos seus pés e berravam: “Tu és o Filho de Deus!” 12 Todavia, Jesus repreendia tais espíritos severamente, ordenando que não revelassem quem era Ele. Jesus convoca os Doze (Mt 10.1-4; Lc 6.12-16)
Jesus cura multidões na praia 7 Jesus retirou-se com seus discípulos e foi na direção do mar, e uma numerosa multidão vinda da Galiléia o seguia. 8 E assim que ouviram a respeito de tudo o que Ele estava realizando, grande quantidade de pessoas provenientes da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, das regiões do outro lado do Jordão e das cercanias das cidades de Tiro e Sidom, veio ter com Jesus.3 9 Então, por causa das multidões, Ele pede aos discípulos que passem a manter um pequeno barco à sua disposição, para
Jesus subiu a um monte e convocou para si aqueles a quem ele queria. E eles foram para junto dele. 14 E escolheu doze, qualificando-os como apóstolos, para que convivessem com ele e os pudesse enviar a proclamar. 15 E tivessem autoridade para expulsar demônios.4 16 Ele constituiu, pois, os Doze: Simão, a quem atribuiu o nome de Pedro. 17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer, “filhos do trovão”. 18 E depois, André; Filipe; Bartolomeu; 13
1 O argumento de Jesus é claro: ser capaz de fazer o bem e preferir fazer o mal é pecado (em aramaico o sentido geral da palavra “pecar” é “errar”), pois há pouca diferença entre fazer o mal e deixar de fazer o bem (Tg 4.17). Os mestres judaicos pregavam que o sábado era um dia dedicado ao descanso, amor e misericórdia, por isso, o socorro a quem estivesse em perigo era permitido. Entretanto, Jesus os confronta com suas próprias e cruéis intenções, uma vez que estavam usando o sábado para tramar o seu assassinato. 2 A partir desta controvérsia, os mestres e as autoridades eclesiásticas judaicas foram tomados por terrível ódio contra Jesus, a ponto de se juntarem com os herodianos, um partido político nacionalista muito influente que apoiava Herodes e sua dinastia contra Roma (Mt 22.16). Os fariseus (que significa “os separados”) formavam um partido do povo, com pessoas de classe baixa, e se opunham aos herodianos e aos saduceus, ricos e aristocratas (12.18-23). Entretanto, para matar Jesus todo conchavo foi aceito entre eles. 3 A popularidade de Jesus crescia assustadoramente. Essa rápida lista de Marcos mostra que as multidões vinham não apenas das áreas adjacentes a Cafarnaum, mas também de longas distâncias. As regiões mencionadas incluem praticamente a totalidade das principais regiões de Israel e países vizinhos. Iduméia (forma grega da palavra hebraica Edom) aqui se refere a uma grande área da Palestina ocidental ao sul da Judéia, e não ao antigo território edomita de Edom. 4 O próprio Jesus discipulou os Doze por meio do ensino constante e de estreita convivência, por isso foram designados apóstolos (em grego appostellç forma verbal de “apóstolo”, ou seja “comissionado”, “designado para uma missão”). Além dos discípulos esse termo se aplica à pessoa de Jesus (Hb 3.1), a Barnabé (At 14.14), a Paulo e a Matias (At 1.16-26), a Tiago, irmão do Senhor (Gl 1.19), e a alguns outros discípulos (Rm 16.7). No NT essa palavra é usada muitas vezes com um sentido mais genérico (Jo 13.16), sendo traduzida por “mensageiro”. O apostolado foi o dom principal concedido pelo Espírito Santo para estabelecer a Igreja de Cristo. Era necessário que o apóstolo fosse testemunha ocular da ressurreição ou comissionado por Jesus (1Co 1.1). Nem as Escrituras (AT e NT), nem a tradição da Igreja, desde os primórdios, apóiam a hierarquia eclesiástica com a instituição de um papa soberano e infalível no comando de apóstolos, bispos e ministros paroquianos.
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Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o zelote; 19 e Judas Iscariotes, que o traiu. O pecado sem perdão (Mt 12.22-32; Lc 11.14-23)
Foi então Jesus para casa. E uma vez mais grande multidão se apinhou, de tal maneira que Ele e os seus discípulos não conseguiam nem ao menos comer pão. 21 Quando os familiares de Jesus tomaram conhecimento do que estava acontecendo, partiram para forçá-lo a voltar, pois comentavam: “Ele perdeu o juízo!”5 22 Mas os mestres da lei, que haviam descido de Jerusalém exclamavam: “Ele está possuído por Belzebu!”, e mais: “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios”. 23 Foi então que Jesus os chamou mais para perto e lhes admoestou por parábolas: “Como é possível Satanás expulsar Satanás? 24 Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá subsistir. 25 Se uma casa se dividir contra si mesma, igualmente não conseguirá manterse firme. 26 Portanto, se Satanás se atira contra si próprio e se divide, não poderá subsistir, mas se destruirá. 27 De fato, ninguém pode entrar na casa do homem forte e furtar dali os seus bens, sem que primeiro o amarre. Só depois conseguirá saquear a casa dele. 20
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Com toda a certeza Eu vos asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serão perdoados. 29 Todavia, quem blasfemar contra o Espírito Santo jamais receberá perdão. Pelo contrário, é culpado de pecado eterno”. 30 Jesus explicou isso porque eles estavam exclamando: “Ele está possesso de um espírito imundo”.6 28
Jesus, sua mãe e seus irmãos (Mt 12.46-50; Lc 8.19-21)
Foi quando chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. E ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo. 32 E havia grande número de pessoas sentadas em torno dele; e lhe avisaram: “Olha! Tua mãe, teus irmãos e tuas irmãs estão lá fora e buscam por ti”. 33 Então, Ele lhes respondeu com uma questão: “Quem é minha mãe, ou meus irmãos?” 34 E, repassando com o olhar a todos que estavam sentados ao seu redor declarou: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos! 35 Pois qualquer pessoa que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe”.7 31
A parábola do semeador (Mt 13.1-9; Lc 8.4-8)
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Retornou Jesus à beira-mar para ensinar. E a multidão que se juntou ao seu redor era tão numerosa que o forçou a entrar num barco, onde assentou-se. O
5 Um grupo de parentes e amigos de Jesus parte de Nazaré (terra natal de Jesus e sua parentela) e viaja cerca de 48 km para tentar levá-lo à força de volta para a casa de seus pais e irmãos (José já havia morrido nessa época), pois se preocupavam muito com a maneira como ele se entregava ao ministério de servir às multidões (Mt 1.25; Mt 12.46-50; Lc 2.7; Lc 8.19). Em hebraico, a maneira como Jesus responde não é agressiva, mas enaltece os laços espirituais que devem unir a família de Deus para que sejam ainda mais seguros, leais e duradouros, pois devem ter como princípio a obediência à Palavra. Esse foi o conceito-base que originou a Igreja. 6 Belzebu é uma antiga expressão hebraica (Baal-zebude significa “senhor das moscas”, 2Rs 1.2,16) ligada ao líder máximo dos demônios. A declaração de Jesus sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo é das mais solenes. Entretanto, o pecado imperdoável não é um pensamento, ato ou palavra isolada, mas sim a persistente atitude de arrogância, oposição intencional e rejeição explícita a Jesus Cristo e Sua Palavra. Essa é a maneira de ser de todos aqueles que amam mais as trevas do que a Luz (Jo 3.19). Jesus não declarou que os mestres e líderes religiosos haviam efetivamente cometido esse pecado, mas que estavam em iminente perigo. 7 Os parentes de Jesus ainda não acreditavam na Sua pessoa como Filho de Deus e Senhor dos Senhores (Jo 7.5). Não há razão para concluir que os irmãos e irmãs de Jesus pudessem ser primos, filhos de José antes de seu casamento com Maria. Assim como não há base bíblica e histórica para se aceitar a doutrina da virgindade perpétua de Maria, mãe de Jesus, dogma católico instituído pelo Papa Pio IX em 1854.
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barco estava no mar e todo o povo agrupava-se na praia.1 2 E, assim, Ele lhes transmitia muitos ensinamentos por parábolas, e enfatizava ao ministrar:2 3 “Escutai! Eis que o semeador saiu a semear. 4 Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e chegaram as aves e a devoraram. 5 Outra parte caiu em solo pedregoso e, não havendo terra suficiente, nasceu rapidamente, pois a terra não era profunda. 6 Contudo, ao raiar do sol, as plantas se queimaram; e porque não tinham raiz, secaram. 7 Outra parte ainda caiu entre os espinhos; estes espinhos cresceram e sufocaram as plantas, e por isso não pôde dar frutos. 8 Finalmente, outras partes caíram em terra boa, germinaram, cresceram e ofereceram grande colheita, a trinta, sessenta e até cem por um”.3 9 E alertou: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!”
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Jesus explica a parábola (Mt 13.10-23; Lc 8.9-15)
Quando se afastaram das multidões, os Doze e alguns outros que o seguiam lhe pediram para elucidar as parábolas. 11 Então, lhes revelou: “A vós foi concedido o mistério do Reino de Deus; aos de fora, entretanto, tudo é pregado por parábolas,4 12 com o propósito de que: ‘mesmo que vejam, não percebam; ainda que ouçam, não compreendam, e isso para que não se convertam e sejam perdoados’”.5 13 Então Jesus os questionou: “Se não compreendeis essa parábola, como podereis entender todas as outras? 14 O semeador semeia a Palavra. 15 Algumas pessoas são como a semente à beira do caminho, onde a Palavra foi semeada. Mas assim que a ouvem, Satanás vem e toma a Palavra nelas semeada. 16 Assim também ocorre com a que foi semeada em solo pedregoso: são as pessoas que, ao ouvirem a Palavra, logo a recebem com alegria. 17 Entretanto, visto que não têm raízes em si mesmas, são de pouca perseve10
1 Jesus posicionou-se de forma a facilitar a transmissão do ensino para um grande número de pessoas de uma só vez. Precisava evitar também o assédio das massas que literalmente o sufocavam na busca exclusiva da cura física. Jesus deseja ensinar seu povo a viver em plena comunhão com Deus, e esse era um desafio maior do que curar as enfermidades do corpo. Sentar-se era a postura tradicional dos mestres judeus da época (Mt 5.1; Lc 5.3; Jo 8.2). 2 As parábolas eram histórias tiradas da vida diária e usadas para ilustrar verdades espirituais e morais (Mt 13.3). Muitas vezes na forma de comparações, analogias ou ditos proverbiais. Essas histórias eram um valioso recurso didático usado pelos grandes mestres (2Sm 12.1-7 e Talmude). Conquistavam a atenção, prendiam o interesse, tornavam concretas idéias abstratas, levavam o ouvinte a uma decisão correta, e, no caso de Jesus, guardavam em sigilo o mistério do Reino para os desprovidos de interesse em adorar sinceramente a Deus e desenvolver uma sociedade justa (Mt 4.11-12; Lc 4.23, 15.3). 3 As sementes eram lançadas com o auxílio das mãos naquela época, e isso para que caíssem exatamente nas covas preparadas para o plantio. Entretanto, algumas caíam em terreno improdutivo. Todavia, Jesus anuncia uma colheita excepcional (Gn 26.12), chegando a render 100 plantas produtivas por semente plantada. A colheita sempre foi uma figura (símbolo) da consumação dos tempos e do Reino de Deus (Jl 3.13; Ap 14.14-20). 4 Em grego, a expressão “mistério” tem o sentido de “oculto”, “insondável”, “secreto”. No NT refere-se ao conhecimento do verdadeiro Deus. Verdade essa, outrora oculta, mas agora revelada na pessoa e obra de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Porém, esse mistério não é acessível exclusivamente à razão humana; mas, sim, ao mais profundo dos sentimentos humanos (simbolizado no ocidente pelo coração, por ser um órgão vital, além do cérebro). A vontade de buscar a Deus e submeter-se à Sua Palavra, ilumina o coração do crente. O principal mistério é a revelação de Deus e Seus propósitos na pessoa de Cristo (Mt 16.17). Por isso, todos nós que fomos contemplados com essa revelação, devemos sentir grande júbilo e comemorar a Salvação todos os dias, agindo para com Deus e na sociedade como cidadãos do Reino: com amor e reverência, graça e justiça. Compreendese o “Reino” em dois momentos: o presente reino reconhecido pelos cristãos sinceros e que reside nos mesmos, os quais se submetem à vontade de seu Rei, Jesus Cristo, e o chamado “Reino Milenar”, que será inaugurado por ocasião da segunda (e iminente) volta de Cristo (Ap 20.2). 5 O estilo de pregação e ensino de Jesus se assemelha ao ministério de Isaías, o qual conquistou muitos discípulos (Is 8.16), mas igualmente desmascarou a falsidade e a dureza de muitos corações incrédulos face aos inúmeros apelos de Deus.
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rança. Ao surgir alguma tribulação ou perseguição por causa da Palavra, rapidamente sucumbem. 18 Outras ainda, como a semente lançada entre os espinhos, escutam a Palavra, 19 porém, quando chegam as preocupações da vida diária, a sedução da riqueza e todas as demais ambições, agridem e sufocam a Palavra, tornando-a infrutífera.6 20 Todavia, outras pessoas são como as que foram semeadas em terra boa: estas ouvem a Palavra, acolhem-na e oferecem farta colheita: a trinta, sessenta e até cem por um”.
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A parábola do Reino (Mt 13.31-35; Lc 13.18-21)
Então contou-lhes que: “O Reino de Deus é semelhante a um homem que lançou a semente sobre a terra. 27 Enquanto ele dorme e acorda, durante noites e dias, a semente germina e cresce, embora ele desconheça como isso acontece. 28 A terra por si mesma produz o fruto: primeiro surge a planta, depois a espiga, e, mais tarde, os grãos que enchem a espiga. 29 Assim que as espigas amadurecem, o homem imediatamente lhes passa a foice, pois é chegado o tempo da colheita”.8 26
A parábola da luz encoberta (Lc 8.16-18)
A parábola do grão de mostarda
E lhes propôs: “Quem, porventura, traz uma candeia para colocá-la sob uma vasilha ou debaixo de uma cama? Ao invés, não a traz para ser depositada no candelabro? 22 Pois nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia. 23 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça!” 24 E seguiu ensinando: “Ponderai atentamente o que tendes ouvido! Pois com a medida com que tiverdes medido vos medirão igualmente a vós; e ainda mais vos será acrescentado! 25 Porquanto, ao que tem mais se lhe dará; de quem não tem, até o que tem lhe será retirado”.7
(Mt 13.31-35; Lc 13.18-21)
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E contou-lhes mais: “Com o que compararemos o Reino de Deus? Que parábola buscaremos para p representá-lo? p 31 É como um grão de mostarda, que é a menor das sementes que se planta na terra. 32 Porém, uma vez semeada, cresce e se transforma na maior das hortaliças, com ramos tão grandes, a ponto de as aves do céu poderem abrigar-se sob a sua sombra”.9 30
O ensino parabólico de Jesus (Mt 13.34-35) 33 Assim, por meio de muitas parábolas semelhantes Jesus lhes comunicava a Palavra, conforme a medida das possibili-
6 A prosperidade, a cultura e a boa formação acadêmica podem oferecer uma falsa e temporária sensação de auto-suficiência e segurança (10.17-25; Dt 8.17,18; 32.15; Ec 2.4-11; Tg 5.1-6). Por outro lado, a pobreza, as perdas e os sofrimentos, podem produzir rancor e mágoas injustas contra Deus (Ec 7.29; Rm 8.28). 7 Aqui temos uma exortação para não ficarmos reclamando do que nos falta, mas juntarmos tudo o que temos – no sentido de condições humanas e recursos vários – e investirmos em nosso crescimento espiritual e humano no Reino de Deus. Deus conhece bem todas as nossas limitações e não espera que venhamos a ser perfeitos, ou consigamos isso ou aquilo, para vivermos plenamente (Jo 10.10). Quanto mais nos apropriamos da Verdade (a Palavra) agora, tanto mais recebe-remos no futuro. Se não valorizarmos e correspondermos ao pouco de revelação que temos recebido, aqui e agora, nem isso nos adiantará no futuro. 8 Esta parábola foi registrada apenas no livro de Marcos. Enquanto a história do semeador revela a importância de um solo fértil para receber a boa semente (a Palavra); aqui se evidencia o poder misterioso da própria semente: com o passar do tempo, vai realizando seu trabalho de fazer germinar, crescer e dar frutos (1Pe 1.23-25). Devemos, portanto, semear sempre e em todos os corações humanos sobre a face da terra. 9 Embora possua uma das menores sementes dentre as hortaliças, a mostarda palestina pode crescer até uma altura de 4 metros. A parábola ilustra a expansão poderosa e impressionante do Cristianismo em todo o mundo, apesar do seu humilde início: um pobre mestre vindo de uma inexpressiva família e cidade da Galiléia que, seguido por um pequeno grupo de homens – quase todos incultos – pregou durante alguns anos sobre a chegada do Reino, afirmando ser Deus encarnado.
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dades de compreensão de seus ouvintes. 34 E nada lhes transmitia sem usar alguma parábola. Entretanto, quando estava em particular com os seus discípulos, explicava-lhes tudo clara-mente. A tempestade se submete a Jesus (Mt 8.23-27; Lc 8.22-25)
Naquele mesmo dia, ao cair da tarde, pediu aos seus discípulos: “Passemos para a outra margem”.10 36 Eles, então, despedindo-se da multidão, o levaram no barco, assim como estava. E outros barcos o seguiam. 37 Aconteceu que levantou-se um tremendo vendaval, e as grandes ondas se jogavam para dentro do barco, de maneira que este foi se enchendo de água.11 38 Jesus estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro. Os discípulos o despertaram e suplicaram: “Mestre! Não te importas que pereçamos?”12 39 Então, Ele se levantou, repreendeu o vento e ordenou ao mar: “Aquieta-te!
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Silencia-te!” E logo o vento serenou, e houve completa bonança. 40 E indagou aos seus discípulos: “Por que sois covardes? Ainda não tendes fé?” 41 Os discípulos, contudo, estavam tomados de terrível pavor e comentavam uns com os outros: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”13
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A libertação de um possesso (Mt 8.28-34; Lc 8.26-39)
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E assim, atravessaram o mar e foram para a região dos gerasenos.1 2 Logo que Jesus desceu do barco, veio dos sepulcros, caminhando ao seu encontro, um homem possuído por um espírito imundo. 3 Esse homem vivia em meio aos sepulcros e não havia quem conseguisse dominá-lo, nem mesmo com correntes. 4 Muitas vezes já haviam acorrentado seus pés e mãos, mas ele arrebentava os grilhões e estraçalhava algemas e correntes. Ninguém tinha força para detê-lo. 5 E, noite e dia, sem repouso, perambula-
10 Jesus partiu do território da Galiléia com o objetivo de ir até a margem leste do mar da Galiléia; a região dos gerasenos (5.1). 11 O mar (ou grande lago) da Galiléia, localizado numa bacia cercada por montanhas, onde se destaca o monte Hermon, ainda
hoje é sujeito a grandes tempestades, que descem às vezes dos altos montes e atingem com violência o lago de Quinerete (ou Tiberíades), que fica 200 metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo. 12 A impetuosidade e o temor dos discípulos ilustram claramente o comportamento humano diante das várias situações adversas da vida. Temos a tendência de perguntar: Por quê? Ou de instigar a Deus como se Ele fosse nosso segurança pessoal: O Senhor não está vendo? Em contraste, temos a segurança tranqüila de Jesus ao nosso lado (Lc 8.23). Mais tarde, a Igreja Primitiva veria nesta experiência um grande consolo, diante das terríveis perseguições que sofreria por amor a Cristo e à evangelização dos povos. Por isso, desde os primórdios, a figura do barco passou a ser identificada como um dos símbolos da Igreja, na arte cristã. É compreensível que sintamos medo e insegurança. Todavia, Jesus não admite que seus filhos sejam covardes (literalmente em grego , pessoas que perdem o ânimo, a vontade de lutar, e se desesperam; tímidos - no sentido de medrosos – pois não confiam em um amigo que os possa ajudar). Nossa fé deve ir além da certeza de que Jesus está conosco e pode sanar qualquer dificuldade; devemos crer que – haja o que houver – Ele nos ajudará a atravessar os problemas e a chegar em terra firme (Sl 23). 13 Esta é a grande e angustiante pergunta da humanidade. Todas as pessoas, um dia, terão de dar uma resposta objetiva a essa questão. Se respondermos a ela como fez Marcos (1.1), devemos seguir a Jesus como Nosso Rei e Filho de Deus. Se nossa resposta for qualquer coisa diferente disso, devemos assumir as conseqüências da incredulidade (3.28-29). Deus demonstrou Sua presença em Cristo, e não apenas o Seu poder (Sl 65.7; 107.25-30; Pv 30.4). Jesus ainda investiria muito tempo e energia em ensino e discipulado; realizaria também muitos outros milagres e sinais até que seus seguidores se dessem conta da Sua plena divindade; de que eram pessoas salvas e cidadãos do Reino, e da missão para a qual foram escolhidos e chamados como discípulos. Capítulo 5 1 Gerasa ficava cerca de 60 km a sudeste do mar da Galiléia e chegou a possuir terras no litoral leste do mar, dando seu nome à pequena aldeia onde Jesus e seus discípulos aportaram. Hoje é conhecida como Khersa. Próximo dali, menos de 2 km ao sul, há um precipício íngreme, e não distante encontram-se ruínas de cavernas que abrigaram antigos túmulos. Algumas pessoas, especialmente gentios (não judeus), doentes e sem família costumavam viver nessas cavernas em meio aos sepulcros. Alguns manuscritos gregos de Mateus (Mt 8.28-34), denominam os habitantes desse território de “gadarenos”, outros originais dizem “gergesenos”. A maioria da população dessa região era formada por gentios, como revela a grande criação de porcos. Animais considerados impuros pelos judeus e, portanto, proibidos de servirem como alimento ou sequer serem tocados.
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va por entre os sepulcros e pelas colinas, gritando e cortando-se com lascas de rocha.2 6 Ao avistar Jesus, ainda de longe, correu e atirou-se aos seus pés. 7 E clamou aos berros: “Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Suplico-te por Deus que não me atormentes!”3 8 Pois Jesus já lhe havia ordenado: “Sai deste homem, espírito imundo!” 9 Todavia, Jesus o interrogou: “Qual é o teu nome?” Respondeu ele: “Meu nome é Legião, porque somos muitos”.4 10 E implorava insistentemente para que Jesus não os mandasse para fora daquela região.5 11 Enquanto isso, perto dali, numa colina vizinha, uma grande manada de porcos estava pastando. 12 Foi então que os demônios rogaram a Jesus: “Manda-nos para os porcos, para que entremos neles”. 13 E Jesus lhes deu permissão, e os espíritos imundos deixaram o homem e entraram nos porcos. E a manada com cerca de dois mil porcos atirou-se pre-
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cipício abaixo, em direção ao mar, e nele se afogaram. 14 As pessoas que apascentavam os porcos fugiram e relataram esses fatos na cidade e nos campos, e todo o povo correu para ver o que se havia passado. 15 Quando chegaram próximo de Jesus, observaram ali o homem que fora tomado por uma legião de demônios, assentado, vestido e em perfeito juízo. E ficaram assustados. 16 Os que presenciaram os fatos narraram ao povo o que havia ocorrido com o endemoninhado, e contaram também sobre os porcos. 17 Então o povo começou a implorar a Jesus que se afastasse daquela região que lhes pertencia. 18 E, quando Jesus estava entrando no barco, o homem que fora possuído pelos espíritos imundos, rogava-lhe que o deixasse seguir com Ele. 19 Jesus não consentiu; entretanto, orientou-o: “Vai para tua casa, para a tua família e anuncia a eles tudo quanto Deus tem realizado a teu favor, e como teve misericórdia de ti”.6
2 A descrição do estado deste homem, invadido e dominado por um exército de demônios, representa em detalhes a situação da humanidade em todas as partes do mundo. O propósito e a força de Satanás e seus espíritos fica igualmente bem evidente (Jo 10.10). O ser humano é a mais preciosa obra de Deus; no qual projetou Sua própria imagem (em grego eikõn cujo significado é “semelhança derivada, que implica num arquétipo” – Gn 1.27; 9.6). Os demônios têm a missão de atormentar e destruir a semelhança divina (em latim imago Dei) nos seres humanos. 3 O sentido original da frase em hebraico traz a idéia de “O que temos a ver um com o outro?” Expressões semelhantes são encontradas no AT (2Sm 16.10; 19.22), e que podem significar: “Cuide dos seus assuntos!” Ao perceber que seria castigado severamente, o líder dos demônios ironizou um apelo, reconhecendo com precisão a majestade da pessoa de Cristo. A expressão “Altíssimo” era um vocábulo muito especial, usado principalmente por gentios, para se referir à soberania de Deus. Em grego transliterado Hupistos e, em hebraico Elyon (Gn 14.18-22; Nm 24.16; Is 14.14; Dn 3.26; 4.2). 4 A expressão latina “legião” era muito conhecida na época, pois representava uma força militar romana composta de até 6.000 soldados. O termo indica que o homem estava possuído por grande quantidade de demônios. Era comum entre os mestres em exorcismo, procurar conhecer o nome individual dos espíritos que haviam tomado o corpo de determinada pessoa. Eles acreditavam que só assim podiam dominar totalmente cada um desses demônios e expulsá-los. Jesus demonstrou que incorporava em si o poder de Deus, expulsando milhares de espíritos sem lhes pedir qualquer identificação. Apenas mencionando o nome do líder, que estava absolutamente fragilizado e apavorado com a simples presença de Jesus. 5 Satanás e seus demônios são estrategistas sagazes, podem se organizar em exércitos para tentar o domínio de territórios e regiões (o termo grego chõran, foi traduzido em algumas versões da Bíblia como “país”, entretanto, sua tradução mais apropriada é “região”). Porém, o grande temor desses espíritos é serem mandados para o castigo eterno. Ou seja, “para o abismo”, lugar de confinamento destinado aos espíritos malignos e ao próprio Satanás (Ap 9.1-11). 6 Jesus envia o homem gentio, agora salvo, como missionário (Mt 28.19), para pregar aos seus. Entre os gentios pagãos não havia necessidade de guardar temporariamente o segredo messiânico que tantas vezes Jesus pediu aos seus irmãos judeus (Mt 8.4; Mc 1.34,44; 3.12). A palavra “Senhor” (Lc 8.39), em hebraico e no dialeto aramaico, refere-se a “Deus” (nome que os judeus não pronunciam em sinal de respeito, e quando o escrevem em português o fazem com um hífen no lugar da letra “e”, ou seja: “D-us”, tendo em mente o tetragrama hebraico impronunciável do AT ).
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Então, partiu aquele homem, e começou a pregar por toda a Decápolis as coisas que Jesus havia feito por ele. E todos ficavam maravilhados.7 20
Jesus vence a doença e a morte (Mt 9.18-26; Lc 8.40-56)
E retornando Jesus de barco para a outra margem, numerosa multidão, uma vez mais, se formou ao seu redor, enquanto estava na praia. 22 Foi quando chegou ali um dos dirigentes da sinagoga local, chamado Jairo. Ao ver Jesus, prostrou-se aos seus pés.8 23 E lhe pediu aos prantos e com insistência: “Minha filha pequena está à beira da morte! Vem, impõe tuas mãos sobre ela, para que seja curada e viva”. 24 Então Jesus foi com ele. E uma enorme multidão o acompanhava, apertando-o de todos os lados. 25 E estava por ali certa mulher que, havia doze anos, vinha padecendo de hemorragia. 26 Ela já tinha sofrido demasiado sob os cuidados de vários médicos e gastara tudo o que possuía; porém, em vez de melhorar, ia de mal a pior.9 27 Tendo ouvido falar a respeito de Jesus, passou pelo aglomerado de pessoas e conseguiu tocar em seu manto. 28 Pois dizia consigo mesma: “Se eu puder ao menos tocar as suas vestes, ficarei curada”.10 21
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E, naquele instante, se lhe estancou a hemorragia, e a mulher sentiu em seu corpo que estava liberta do seu sofrimento. 30 No mesmo momento, ao sentir que do seu interior fora liberado poder, Jesus virando-se em meio à multidão, inquiriu: “Quem tocou em meu manto?”11 31 Ao que os discípulos alegaram-lhe: “Vês a multidão que te comprime de todos os lados e perguntas: ‘Quem me tocou?’” 32 No entanto, Jesus continuou olhando ao seu redor, esperando ver quem havia feito aquilo. 33 Então, a mulher, assustada e trêmula, sabendo o que lhe tinha sucedido, aproximou-se e prostrando-se aos seus pés declarou-lhe toda a verdade. 34 E Jesus afirmou-lhe: “Minha filha, a tua fé te salvou! Vai-te em paz e estejas liberta do teu sofrimento”. 35 Enquanto Jesus ainda estava falando, chegaram algumas pessoas vindas da casa de Jairo, o dirigente da sinagoga, a quem informaram: “Tua filha já está morta! Não adianta mais incomodar o Mestre”. 36 Mas Jesus não deu atenção àquelas notícias, e voltando-se para o dirigente da sinagoga o encorajou: “Não temas, tão somente continue crendo!”12 37 E ordenou que ninguém o acompanhasse a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.13 29
7 Decápolis era uma confederação formada por dez cidades gregas, localizadas ao nordeste da Palestina, e incluía a famosa cidade de Damasco. 8 O dirigente de uma sinagoga, ou numa forma arcaica: “o principal”, era comumente um leigo com habilidades e responsabilidades administrativas, entre elas: zelar pelo patrimônio, atender às necessidades legais e sociais exigidas e cooperar para que os rabinos pudessem dedicar-se completamente ao ministério pastoral e do ensino. Em grandes sinagogas podia haver até uma equipe de “administradores” (At 13.15). 9 Além do sofrimento físico crônico, a mulher ainda sofria o desprezo da sociedade da época por ser considerada impura. Pela lei qualquer pessoa que se aproximasse dela ficaria igualmente impura (Lv 15.25-33). O Talmude (interpretação e aplicação da Lei de Moisés ao contexto da vida diária dos judeus) registrava uma série de remédios e tratamentos receitados para doenças de vários tipos. 10 Mateus especifica que o toque ocorreu “na orla” do manto (Mt 23.5). 11 A palavra grega aqui traduzida como “poder” é dunamis, o termo mais usado para designar “milagre” e significa o poder sobrenatural e pessoal de Deus. Curiosamente, o termo grego, usado por Jesus, está no feminino, indicando assim que o Senhor tinha conhecimento de “quem” o tocara, porém, desejava que a mulher testemunhasse e solidificasse sua fé em Deus. Embora a cura tivesse sido importante (como sempre é), Jesus fez uso de um jogo de palavras para revelar claramente ao coração daquela mulher que ainda mais importante do que a saúde física é a salvação eterna da alma, e por isso escolheu a palavra “salvou” (vs.34), no original em grego . 12 Os tempos verbais no original grego formam a seguinte frase literal: “Pára de temer; continua crendo”. 13 Pedro, Tiago e João tinham um relacionamento especial, mais chegado com Jesus (At 3.1). Jesus permitiu a presença de
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Assim que chegaram à casa do dirigente da sinagoga, Jesus observou grande agitação, com muitas pessoas consternadas, chorando e se lamentando em alta voz. 39 Ao entrar na casa lhes questionou: “Por que estais em alvoroço e pranteais? A criança não morreu, mas está dormindo!” 40 E todos ali menosprezaram o juízo feito por Jesus. Ele, contudo, mandou que saíssem, chamou para perto de si o pai e a mãe da criança, bem como os discípulos que estavam em sua companhia, e adentrou o recinto onde jazia a criança. 41 Então, pegando na mão da menina, ordenou em aramaico: “Talitha koum!”, que significa “Filhinha! Eu te ordeno, levanta-te!”14 42 E no mesmo instante, a menina que tinha doze anos de idade, ergueu-se do leito e começou a andar. Diante disso, todos ficaram assombrados. 43 Então Jesus lhes recomendou expressamente para que nenhuma outra pessoa viesse a saber do que haviam presenciado. E mandou que dessem algo de comer à menina. 38
Jesus é rejeitado pelos seus (Mt 13.53-58; Lc 4.16-30)
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Então, partiu Jesus dali e foi para sua terra natal, na companhia dos seus discípulos.
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2 Com a chegada do sábado, começou a ensinar na sinagoga local, e muitos dos que o escutavam ficavam admirados e exclamavam: “De onde lhe vem tudo isto? E que sabedoria é esta que lhe foi outorgada? 3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não convivem conosco suas irmãs?” E ficaram escandalizados por causa dele.1 4 Contudo Jesus lhes afirmou: “Somente em sua própria terra, junto aos seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não é devidamente honrado”.2 5 E, por isso, não podia realizar ali nenhum milagre, com exceção feita a alguns doentes, que ao impor de suas mãos foram curados. 6 E perplexo com a falta de fé por parte dos seus, passou a percorrer os povoados vizinhos e os ensinava.
Jesus envia os Doze em Missão (Mt 10.5-15; Lc 9.1-6)
Convocou então os Doze para junto de si e os enviou de dois em dois, concedendo-lhes autoridade sobre os espíritos imundos.3 8 E determinou que nada levassem pelo caminho, a não ser um cajado somente; nem pão, nem mochila de viagem, nem dinheiro em seus cintos. 9 Que andassem calçados com sandálias, 7
apenas cinco testemunhas, na ocasião deste milagre. Isso para evitar uma divulgação imediata e incontrolável da notícia. Era de vital importância, para sua Missão, que Jesus não fosse alvo da atenção das autoridades religiosas judaicas, especialmente na Judéia. 14 Marcos é o único dos Evangelhos que, nesse caso, conserva a expressão original em aramaico, dialeto hebraico falado mais precisamente na cidade de Nazaré, por Jesus, seus familiares e discípulos. A expressão transliterada Talitha koum! (pronuncia-se “Talita cumi!”), e significa literalmente “Cordeirinha, levante-se!” Capítulo 6 1 Mateus apresenta Jesus como “o filho do carpinteiro” (Mt 13.55), Marcos informa que ele também foi carpinteiro. A palavra grega usada por Marcos descreve o trabalho de um artesão, análise que leva à conclusão de que Jesus poderia igualmente ter trabalhado como escultor, ferreiro ou marceneiro, juntamente com seus familiares. O termo “escândalo” foi literalmente usado nos originais em grego para descrever a reação de alguns parentes e conhecidos de Jesus, que sabendo que ele era um trabalhador braçal (como a maioria deles), nascido em uma família humilde, não conseguiam compreender, nem aceitar, como Jesus podia pregar com tanta unção e sabedoria. Justino Mártir (por volta de 160 d.C.) relata em seus escritos que em sua época era comum às pessoas procurarem artigos de madeira feitos por Jesus. 2 Jesus revelou várias profecias antigas que anteviam sua chegada e ministério messiânico, uma delas é sobre o Profeta de Dt 18.15,18. O primeiro dos grandes sermões de Pedro, em Atos, mostra claramente que Jesus é o sucessor maior de Moisés e Davi (At 3.22). 3 Os discípulos saíram para ministrar em duplas, isso reforçaria a credibilidade dos testemunhos, conforme a lei (Dt 17.6), além de oferecer encorajamento mútuo durante o tempo de ministério no campo missionário. Eles receberam autoridade da mesma fonte que abastecia Jesus (Jo 17.2), a qual Ele concede aos seus discípulos ainda hoje (Lc 9.1; Jo 20.21-23).
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mas não carregassem duas túnicas.4 10 E recomendou-lhes: “Sempre que entrardes em uma casa, nela permanecei até vos retirardes de lá. 11 Contudo, se alguma aldeia não vos receber nem vos quiser ouvir, ao partirdes desse lugar, sacudi a poeira de debaixo de vossos pés como testemunho contra eles”.5 12 Eles partiram e pregavam que todos se arrependessem. 13 E expulsavam muitos demônios; ungiam com óleo a inúmeros doentes e os curavam.6 João Batista é executado (Mt 14.1-12; Lc 9.7-9)
E essas notícias chegaram aos ouvidos do rei Herodes, porquanto o nome de Jesus já havia se tornado célebre. Algumas pessoas estavam comentando: “João Batista ressuscitou dos mortos! Essa deve ser a razão pela qual através dele se operam poderes milagrosos”. 15 Entretanto, outros alegavam: “Ele é Elias!”. E ainda outros declaravam: “Ele é profeta, como um daqueles profetas do passado”.7 16 Mas quando Herodes tomou conheci14
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mento do que se comentava, exclamou: “João, a quem mandei decapitar, ressuscitou dos mortos!”. 17 Porque o próprio Herodes havia expedido as ordens para que prendessem João e o acorrentassem no cárcere por influência de Herodias, esposa de Filipe, seu irmão, com a qual viera a se casar. 18 Pois, na ocasião, João havia admoestado a Herodes: “Não te é lícito viver com a mulher do teu irmão!”.8 19 E por esse motivo Herodias o odiava e tencionava matá-lo. Contudo não conseguia realizar seu intento. 20 Porquanto Herodes temia a João, e sabedor de que era um homem justo e santo, o protegia. E quando o ouvia ficava admirado, e o escutava com prazer.9 21 Finalmente Herodias teve a ocasião oportuna que ansiava. No dia do aniversário dela, Herodes ofereceu um banquete aos seus líderes mais destacados, aos comandantes militares e às principais personalidades da Galiléia. 22 E aconteceu que a filha de Herodias se apresentou dançando e muito agradou a Herodes e aos convidados. Então, o rei brindou a jovem: “Pede-me o que desejares, e eu te darei!”.
4 Ganhar a vida comunicando mensagens de otimismo e legalismo, sem uma sólida base bíblico-teológica não é uma invenção do capitalismo, nem apenas prática comum nos dias de hoje. Na época de Cristo já havia muitos mestres que cobravam altos cachês para pregar mensagens meramente humanas, mas apresentadas como divinas (2Co 2.17). Uma característica desses falsos mestres era a preocupação exagerada com o próprio suprimento financeiro. Por isso, Jesus mandou que seus discípulos se preocupassem exclusivamente em servir a Deus proclamando o Evangelho, e descansassem absolutamente na provisão divina quanto à totalidade das suas demais necessidades (Mt 10.10; 1Co 9.7-11; Gl 6.6). Dependeriam da sua fé no Senhor, que tocaria o coração dos seus ouvintes para suprí-los do pão, das vestes e do alojamento de cada dia. Uma túnica, extra, poderia servir de cobertor durante as frias noites no deserto, mas Jesus prometeu-lhes uma família para compartilhar as Boas Novas, e uma casa onde se alimentar e repousar. Não ficariam ao relento e sem amparo, como muitos falsos mestres. 5 Os pagãos eram tão repugnantes para os judeus, que até o pó de suas sandálias era motivo de rejeição. Jesus usa essa metáfora para ilustrar o mal que a rejeição ao Evangelho e aos verdadeiros ministros do Evangelho pode causar. Recusar as Boas Novas reduz qualquer pessoa, inclusive um judeu, ao nível do mais asqueroso dos pagãos. E essa é uma advertência igualmente válida para os nossos dias. Isso aumenta a responsabilidade do povo de Deus de não dar motivos para que os que ainda não crêem rejeitem a mensagem das Boas Novas. 6 Jesus curou inúmeras pessoas e multidões sem jamais ter usado óleo, mas recomendou aos discípulos que assim o fizessem, pois era uma prática antiga dos judeus, e esse deveria ser mais um sinal de dependência do Senhor (Is 1.6; Lc 10.34; Tg 5.14). 7 João passou a vida pregando e preparando o coração das pessoas para a vinda de Jesus (Ml 4.5-6), sem nunca ter realizado um milagre (Jo 10.41), mas havia o temor de que, se ele viesse a ressuscitar, todos os milagres lhe seriam possíveis (Mt 12.39-40). Marcos usou o título popular de Herodes, uma vez que ele não era rei de fato, mas o tetrarca da região. 8 Flávio Josefo relata em seus escritos que João ficou encarcerado em Maquero, uma fortaleza localizada na Peréia, a leste do mar Morto. Herodias era neta de Herodes, o grande, e Marianne; sobrinha de Herodes. Enquanto o irmão de Herodes vivia, este último não podia se casar com sua cunhada ainda que divorciada do marido; visto que, pela lei, isso é considerado adultério (Lv 18.16; 20.21).
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19 23 E sob juramento lhe assegurou: “Se pedires, ainda que seja a metade do meu reino, eu te darei!”.10 24 Diante disso, saiu a moça e consultou sua mãe: “O que devo pedir?”. Ao que ela recomendou: “A cabeça de João Batista!”. 25 Sem demora, retornando imediatamente à presença do rei, formalizou seu pedido: “Quero que me dês agora mesmo a cabeça de João Batista sobre um prato!” 26 Então, grande angústia sobreveio ao rei, mas devido ao juramento que fizera e aos convivas que se reclinavam ao redor da sua mesa, não quis deixar de atendê-la. 27 Mandou, portanto, imediatamente um carrasco com ordens para trazer a cabeça de João. O executor foi e decapitou João na prisão. 28 E, trazendo a cabeça de João sobre um prato, a entregou à jovem, e esta, em seguida, a ofereceu à sua mãe. 29 Assim que souberam do fato, os discípulos de João foram até lá, resgataram o corpo e o depositaram em um sepulcro.
Jesus multiplica o pão (Mt 14.13-21; Lc 9.10-17; Jo 6.1-15) 30 Retornaram os apóstolos e reuniramse com Jesus para lhe relatar tudo quanto haviam realizado e ensinado. 31 Então convidou-lhes Jesus: “Vinde somente vós comigo, para um lugar deserto, e descansai um pouco”. Pois, a multidão dos que chegavam e partiam
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era tão grande que eles sequer tinham tempo para comer. 32 E saindo de barco foram para um local despovoado. 33 Entretanto, muitos dos que os viram retirar-se, tendo-os reconhecido, saíram correndo a pé de todas as cidades e chegaram lá antes deles. 34 Quando Jesus desceu do barco e observou aquele enorme ajuntamento de pessoas, sentiu compaixão por elas, porquanto eram como ovelhas sem pastor. E, sem demora, passou a ministrar-lhes muitas orientações.11 35 Com o passar das horas, o final da tarde estava chegando, e por isso, os discípulos se aproximaram de Jesus e avisaram: “Este lugar é deserto e a hora já muito avançada!12 36 Despede, pois, a multidão para que possam ir aos campos e povoados vizinhos comprar para si o que comer”. 37 Jesus porém os instruiu: “Provede-lhes vós mesmos de comer”. Ao que lhe replicaram: “Devemos ir e comprar cerca de duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?”13 38 Mas Jesus lhes indaga: “Quantos pães tendes? Ide verificar!”. E tendo-se informado, comunicaram: “Cinco pães e dois peixes”. 39 Então Jesus determinou-lhes que fizessem com que todo o povo se acomodasse em grupos, reclinados sobre a relva verde do campo.14
9 Herodes gostava de ouvir a mensagem de João e chegava a ficar confuso em relação à sua vida e à proposta do Reino. Entretanto, como infelizmente ocorre com muitas pessoas, seu coração não se arrependia e, portanto, não podia haver conversão (At 26.28). Gostar dos princípios bíblicos ou acreditar que a vida cristã é um bom caminho não é o suficiente para salvar qualquer pessoa. 10 Oferecer metade do reino era uma força de expressão antiga e típica dos monarcas que durante celebrações especiais gostavam de demonstrar sua generosidade com a finalidade de bem impressionar seus convidados (Et 5.3,6). Herodes não era rei, embora apreciasse ser considerado assim, segundo os escritos de Josefo. Meio embriagado, prometeu a Salomé, filha de Herodias, o que não podia dar, pois era vassalo de Roma. 11 Jesus viu as pessoas como ovelhas sem pastor (Sl 23.1,2), pois: 1) Carecem de alimento espiritual e da água da vida (Jo 6.35). 2) Necessitam de direção para encontrar o aprisco eterno (Jo 10.16) e 3) Precisam de proteção contra o Inimigo (Jo 10.28). 12 O vocábulo “deserto”, embora signifique apenas um lugar não habitado, e que se situava a nordeste do grande lago (chamado de mar) da Galiléia, liga o milagre de Jesus à provisão de Deus para seu povo no deserto, quando lhes enviou o maná (Êx 16). 13 Um dia de trabalho braçal correspondia, em geral, a um denário (Mt 20.2). Os discípulos estavam calculando um valor equivalente a cerca de oito meses de trabalho de uma pessoa. 14 Ao redor da Galiléia é comum a grama ficar bem verde nos finais de inverno. Jesus usou a expressão “reclinar”, que era a maneira típica como os povos orientais da época se postavam às refeições. Era como se os discípulos estivessem avisando que o almoço seria servido em breve.
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E assim o fizeram, assentando-se em grupos de cem em cem e de cinqüenta em cinqüenta.15 41 E, tomando Ele os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu, rendeu graças e partiu os pães. A seguir, os entregou aos seus discípulos para que os servissem ao povo. Da mesma maneira repartiu os dois peixes entre toda a multidão ali reunida. 42 Todas as pessoas comeram à vontade e ficaram satisfeitas.16 43 Os discípulos ainda recolheram doze cestos repletos de pedaços de pão e de peixe. 44 E foram alimentados cinco mil homens naquele dia. 40
Jesus caminha sobre as águas (Mt 14.22-36; Jo 6.16-24)
Logo em seguida, insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e seguissem adiante dele para Betsaida, enquanto Ele se despedia do povo.17 46 Tendo-o despedido, subiu a um monte para orar. 45
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Chegando a noite, o barco estava no meio do mar, e Jesus encontrava-se sozinho em terra. 48 Ele notou que os discípulos remavam com dificuldade, pois o vento soprava contra eles. Em plena madrugada, Jesus vinha na direção deles, andando sobre o mar; e já estava prestes a passar por eles.18 49 Assim que o viram caminhando sobre as águas, logo pensaram se tratar de um fantasma. E por isso gritaram.19 50 Pois todos o tinham visto e ficaram apavorados. Contudo, Jesus lhes anunciou: “Tende coragem! Sou Eu! Não tenhais medo!”. 51 Então logo subiu no barco para junto deles, e o vento se acalmou; e eles ficaram pasmos. 52 Afinal, eles nem tinham entendido o milagre dos pães, porquanto seus corações se mantinham endurecidos.20 47
Muitos creram e foram curados (Mc 14.34-36)
Depois de atravessarem o mar, chegaram a Genesaré e ali aportaram.21 53
15 Essa formação relembra a ordem do acampamento mosaico no deserto (Êx 18.21). A palavra “grupos” (em grego,
) significa: “canteiros de jardim”. 16 O antigo ato de graças judaico pelo pão era baseado na Torá: “Louvado sejas Tu, ó Senhor, nosso Deus, Rei do mundo, que
tiras pão da terra” (Lv 19.24). Os pães e os peixes passaram a representar a ceia do Senhor nas obras de arte da igreja primitiva, e muitas delas foram encontradas nas catacumbas de Roma. Alguns historiadores e teólogos tentam diminuir o impacto deste milagre de Jesus alegando que ele teria repartido seu almoço com os discípulos, e esses orientado os grupos para, da mesma forma, dividir entre si o alimento que cada pessoa teria trazido. Entretanto é sugestivo que o próprio Jesus tenha pedido aos discípulos para verificarem quantos pães e peixes havia entre eles (v.38); e foi a partir da multiplicação dessas poucas unidades que se produziu o suficiente para fartar 5.000 homens (na época não se contavam as mulheres e crianças) a ponto de sobrar doze cestos cheios de pedaços que, conforme a tradição judaica, deveriam ser recolhidos do chão (Mt 15.37). Além disso, havia profecias por meio das quais Deus prometera que com a chegada do verdadeiro Pastor, o deserto se tornaria em pastagens verdejantes onde as ovelhas seriam acolhidas e alimentadas (Ez 34.23-31), e aqui o Messias celebra um banquete com seus seguidores no deserto (Is 25.6-9). Considerando que as cidades vizinhas, Cafarnaum e Betsaida, tinham uma população de cerca de 2500 pessoas cada, a multidão que se reuniu com Jesus veio de vários lugares e representou um ajuntamento significativo para os padrões da época. E essas notícias abalaram os líderes judaicos e romanos. 17 João informa que o povo estava disposto a levar Jesus à força, e coroá-lo rei dos judeus (Jo 6.14,15), por isso, ele mandou seus discípulos para o outro lado do lago enquanto, sem ser notado, subia o monte para orar só. 18 A expressão “por volta da quarta vigília da noite”, como consta dos originais, significa um período de tempo que vai das três às seis horas da manhã (Mt 14.25). Ao andar sobre as águas, Jesus demonstra uma vez mais o poder majestoso e transcendente do Senhor, que reina sobre o mar (grande motivo de temor dos judeus) e todas as demais forças da natureza (Sl 89.9; Is 51.10,15; Jr 31.35). 19 As lendas e superstições alimentadas entre a população judaica afirmavam que a visão de um fantasma perambulando durante a noite, era sinal de grande desgraça iminente. Somado ao medo natural que os judeus tinham do mar, é certo que os discípulos ficaram aterrorizados com a impressão de que estavam sendo atacados por um terrível espírito das profundezas das águas. 20 Para Deus é mais fácil dominar as forças da natureza e do cosmo, do que fazer o coração humano acreditar em Jesus com fé e obediência amáveis. Como os israelitas no deserto, os discípulos presenciaram muitos milagres portentosos; mesmo assim, em seu íntimo, eram incrédulos; seus corações estavam empedernidos, à semelhança dos opositores de Jesus (8.17-21; Êx 4.21). 21 Genesaré era uma planície muito fértil, localizada a sudoeste de Cafarnaum. Uma analogia à fertilidade da fé que as
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Logo que desembarcaram o povo reconheceu Jesus. 55 Multidões viajavam por toda aquela região, levando seus enfermos em macas, para onde ouviam que Ele estava. 56 E onde quer que Ele fosse ministrar, povoados, cidades ou campos, a população trazia os doentes para as praças. E imploravam-lhe que pudessem ao menos tocar na borda do seu manto; e todos os que nele tocavam eram curados. 54
Jesus e os mestres da lei (Mt 15.1-20)
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E ocorreu que alguns mestres da lei e fariseus, vindos de Jerusalém, reuniram-se em volta de Jesus.1 2 Observaram que alguns dos seus discípulos comiam os pães com as mãos impuras, isto é, sem lavá-las.2 3 Pois os fariseus e todos os judeus não se alimentam sem lavar as mãos de forma cerimonial, preservando a tradição dos antigos. 4 Quando chegam da rua, não tocam nos alimentos sem antes se banharem. Além disso há muitos outros costumes que guardam, tais como o lavar de copos, jarros e vasilhas de metal.3
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Então os fariseus e os mestres da lei questionaram a Jesus: “Por qual razão os seus discípulos não andam em conformidade com a tradição dos anciãos, mas tomam o pão com mãos impuras?” 6 Ele, entretanto, lhes afirmou: “Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas; pois assim está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. 7 Em vão me adoram; as doutrinas que ensinam não passam de ordenanças humanas’.4 8 E assim abandonais o mandamento de Deus, apegando-vos às tradições dos homens”.5 9 E acrescentou-lhes: “Sabeis sempre encontrar um meio de negligenciar os mandamentos de Deus, com o propósito de estabelecerdes a vossa própria tradição! 10 Porquanto Moisés afirmou: ‘Honra a teu pai e a tua mãe’. E mais: ‘Quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe será condenado à pena de morte’. 11 Contudo, vós afirmais: ‘Se uma pessoa disser a seu pai ou a sua mãe: ‘Os bens com os quais eu vos poderia ajudar são Corbã’, isto é, uma oferta dedicada ao Senhor, 5
pessoas daquela região demonstraram em Jesus. Tanto que, ao tocar na borda do manto do Senhor, eram imediatamente salvas de suas enfermidades. Capítulo 7 1 Os líderes religiosos dos judeus na época, movidos principalmente por inveja e motivos políticos escusos, mandaram uma delegação de mestres da lei (fariseus) para fazer uma espécie de auditoria teológica e devassa no comportamento social e privado de Jesus, com o objetivo de encontrar ou forjar um motivo pelo qual Jesus pudesse ser condenado à pena de morte (Mt 2.4; 15.1-11). 2 A visão dos judeus, notadamente os líderes religiosos, sobre a pureza espiritual era extremamente cerimonial. Portanto, facilmente perdiam de vista o espírito da lei (o principal propósito) e restringiam-se ao cumprimento de ritos e procedimentos. Assim, para eles, todo contato com pagãos (inclusive respirar muito próximo o mesmo ar), ou mesmo com outros judeus que não guardavam as leis cerimoniais, se constituía numa imundícia (ou contaminação) espiritual; e, por isso, se fazia necessário passar pelos ritos cerimoniais de lavar as mãos e os braços até os cotovelos, derramando sobre eles água pura e fresca (v.4). Portanto, era comum nas festas prolongadas e com muitos hóspedes, reservarem-se grandes recipientes com água. 3 O cerimonial de purificação, realizado todas as vezes que um judeu retornava para casa, era repleto de detalhes ritualísticos. Algumas versões da Bíblia trazem a expressão “se aspergirem” em vez de “se banharem”, cujo significado literal é “se batizarem”, ou seja, observar um ritual de imersão. 4 A hipocrisia, ao lado da arrogância, é um dos mais perversos e sutis dos pecados; e ataca especialmente aos líderes religiosos. Quanto maior expressão um líder granjeia, mais vulnerável se torna. Hipócrita é toda pessoa falsa e dissimulada, cujas palavras de apologia à moral e ao cumprimento rígido das leis, normas, convenções e rituais (especialmente religiosos) não têm qualquer respaldo ou correspondência direta com suas atitudes públicas e vida íntima. Isaías denunciou severamente os líderes religiosos de sua época (Is 29.13). Malaquias, embora muitos pensem que seu principal tema fosse o dízimo, na verdade, era a corrupção e a hipocrisia generalizada do povo de Israel, a começar por seus líderes e mestres (sacerdotes) religiosos. 5 Os mandamentos de Deus estão todos registrados na Bíblia e são obrigatórios. As tradições, normas de conduta e estatutos dos antigos mestres, não são bíblicos e, portanto, não são autorizados, muito menos, obrigatórios. Os anciãos (líderes da religião
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vós o desobrigais do dever de prestar qualquer ajuda de que seu pai ou sua mãe necessite.6 13 Assim, conseguis anular a eficácia da Palavra de Deus, por intermédio da tradição que vós próprios tendes transmitido. E, dessa mesma maneira, procedeis em relação a vários outros assuntos”.7 14 Jesus conclamou novamente a multidão para junto de si e lhes anunciou: “Ouvi-me, todos, e entendei! 15 Nada existe fora da pessoa humana que, entrando nela, a possa tornar impura. Ao contrário, o que sai do ser humano é que o faz impuro. 16 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça!”. 17 Então, após haver deixado a multidão e entrado em casa, os discípulos lhe pediram uma explanação sobre aquela parábola.8 18 Ao que Ele lhes declarou: “Ora, pois nem vós tendes tal entendimento? Não conseguis compreender que nada que 12
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entre no homem tem o poder de tornálo impuro? 19 Porque efetivamente não entra em seu coração, mas sim em seu estômago, sendo digerido e depois expelido”. Ao fazer essa afirmação, Jesus proclamava puros todos os alimentos.9 20 E disse mais: “O que sai do ser humano é o que o torna impuro”. 21 Pois é de dentro do coração dos homens que procedem aos maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os furtos, os homicídios, os adultérios, 22 as ambições desmedidas, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a difamação, a arrogância e a insensatez. 23 Ora, todos esses males procedem do interior, contaminam a pessoa humana e a tornam impura.10 Uma gentia manisfesta sua fé (Mt 15.21-28) 24 Então, partiu Jesus daquele lugar e foi para os arredores de Tiro e de Sidom.
judaica) se ocupavam da interpretação e exposição da Lei de Moisés, mais tarde codificada num manual chamado de Mishná, que por sua vez, deu origem ao Talmude, que é um comentário extenso e detalhado da Mishná. 6 “Corbã” é a transliteração de uma palavra hebraica que significa “oferta”. Muitos judeus religiosos estavam afirmando que haviam feito “Corbã” com seus bens, ou seja, doado o dinheiro da aposentadoria dos pais para Deus (mais propriamente para os sacerdotes do Templo) e, por isso, não tinham como ajudá-los. Ocorre que a Lei não prescrevia que todo o dinheiro devia ser doado. Além disso, muitos jovens judeus estabeleciam um acordo com os sacerdotes e recebiam parte da “oferta” de volta. 7 A mente humana é facilmente enredada por falsos juízos em função de suas muitas ambições. Por isso devemos agir sempre como os cristãos bereanos (At 17.11). Os fariseus estavam recorrendo a um texto isolado da Lei (Nm 30.1,2) para defender o voto do “Corbã”. Jesus aproveita para ensinar uma regra básica de interpretação bíblica: a obediência a um mandamento específico das Escrituras jamais pode anular os outros mandamentos gerais de Deus. A conclusão tirada pelos anciãos sobre Nm 30.1,2 satisfazia a letra do texto bíblico, mas era contrário ao sentido (espírito) global da Lei. 8 Em hebraico, mashal, o termo traduzido aqui por “parábola”, significa “ilustração, figura, imagem” e tem o sentido de uma expressão proverbial ou história de moral, que acompanha a vida de uma pessoa como um sinal luminoso. Este acende sempre que necessário, para avisar de algum perigo iminente ou trazer à memória uma maneira sábia de agir. 9 Marcos, primo de Barnabé e grande amigo dos apóstolos Pedro e Paulo, preocupa-se em fazer comentários sobre a Lei, usos e costumes dos judeus. Seu objetivo era esclarecer sua principal audiência: os gentios, mais precisamente, o número elevado de romanos que estavam sendo convertidos pelo Espírito Santo (entre 50 e 70 d.C.). Os discípulos tiveram de aprender com Jesus sobre a desobrigação de os cristãos guardarem as leis e cerimônias do AT referentes às comidas puras e impuras (Lv 11; Dt 14; At 10.15). 10 Jesus ensina e adverte que a fonte do pecado humano é o coração (centro das emoções e da razão), e não o estômago. O coração tem para o mundo ocidental o mesmo significado que “as entranhas” ou “os intestinos” têm no mundo oriental. Ou seja, representam o centro da personalidade, incluindo o intelecto, a volição, e todas as emoções e desejos humanos. Por isso, a comunhão (amizade reverente) com Deus não pode ser interrompida por causa de mãos ou alimentos com impurezas, mas, sim, pelo pecado consciente, intencional e renitente. Mais do que lavar as mãos, é necessário limpar (lavar, purificar) a mente, pois Deus não faz distinção entre pecados elaborados e alimentados nos pensamentos, e os consumados por ação. Segue-se uma lista, como exemplo, de alguns pecados comuns, mas que não deveriam fazer parte da vida diária de um cristão pleno do Espírito Santo. A palavra “inveja” no original grego é: “olho mau”, cujo sentido não é apenas o desejo ardente pelas posses de outrem, mas igualmente a falta de generosidade, literalmente, o ser “pão duro”. A palavra “insensatez”, traduzida em algumas versões por “loucura”, não tem o sentido de uma enfermidade mental, mas sim, de total negligência do pecador (aquele que aprecia seu estilo de vida mundano) em relação às suas responsabilidades para com Deus, com seu próximo e com a sociedade (religião e ética).
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Entrou em uma casa e desejava que ninguém o soubesse; porém, não foi possível manter sua presença em segredo.11 25 De fato, assim que ouviu falar sobre Ele, certa mulher, cuja filha pequena estava com um espírito imundo, chegou e atirou-se aos seus pés. 26 A mulher era grega, de origem siro-fenícia, e implorava a Jesus que expulsasse o demônio de sua filha.12 27 Mas Jesus lhe explicou: “Deixa primeiro que os filhos se alimentem até ficarem satisfeitos; pois não é justo tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos”.13 28 Ao que replicou-lhe a mulher: “Sim, Senhor, mas até os filhotes dos cães, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças!”14 29 Então Ele lhe declarou: “Por causa dessa tua resposta, podes ir em paz; o demônio já saiu de tua filhinha”. 30 Ao retornar ela para sua casa encontrou a criança jogada sobre a cama, pois o demônio a havia abandonado.
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Então, algumas pessoas lhe apresentaram um homem que era surdo e mal podia falar, e lhe suplicaram que impusesse sua mão sobre ele. 33 Jesus conduziu o homem, a sós, para longe da multidão, e colocou os dedos nas orelhas dele. Em seguida, cuspiu e tocou na língua daquele homem. 34 Depois, levantando os olhos para o céu e, com um profundo suspiro, ordenou: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!”15 35 Imediatamente, os ouvidos do homem se abriram, sua língua desprendeu-se e ele começou a falar fluentemente.16 36 Entretanto, Jesus ordenou-lhes que não dissessem a ninguém o que ali se passara. Contudo, quanto mais Ele recomendava, tanto mais eles o divulgavam. 37 As multidões ficavam sobremodo maravilhadas e proclamavam: “Ele faz tudo de forma esplêndida! Faz tanto os surdos ouvirem como os mudos falarem”.17 32
Nova multiplicação dos pães (Mt 15.32-39)
A cura de um surdo-gago 31 Outra vez, saindo Jesus das terras de Tiro, seguiu em direção ao mar da Galiléia, passando por Sidom e atravessando a região de Decápolis.
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Naqueles dias, uma grande multidão novamente se ajuntou, e não tendo as pessoas com o que se alimentar, chamou Jesus os discípulos e lhes compartilhou:1 2 “Tenho compaixão desta multidão; já
11 Tiro era uma cidade povoada por gentios. Localizada na Fenícia, onde hoje é o Líbano, fazia fronteira com a Galiléia, a noroeste. Jesus viajou cerca de 50 km de Cafarnaum até os arredores de Tiro. Desde o milagre da multiplicação dos pães e peixes (6.30-44), Jesus e seus discípulos passaram a evitar os grandes centros e a ministrar nas periferias da Galiléia. Jesus procurava evitar os confrontos infrutíferos com os fariseus e escribas, e dedicar-se cada vez mais ao discipulado dos Doze (9.30,31). A palavra grega koinos, aqui traduzida por “contaminam”, significa “comum”, e seu sentido tem a ver com o fato de os pecados poderem assumir a condição de parte integrante do ser humano, caso não haja arrependimento, confissão e perdão. O Espírito Santo é o grande aliado dos cristãos na tarefa de manter suas mentes sensíveis e purificadas (Jo 14.16-27). 12 A mulher apresentada por Marcos falava grego e vivia numa cultura grega, mas era de nacionalidade siro-fenícia, uma vez que naquele q tempo p a Fenícia pertencia p administrativamente à Síria. 13 Jesus se refere aos israelitas que, pela primeira aliança eram os filhos prediletos de Deus (Êx 4.22; Dt 14.1). Jesus segue a missão designada ao Servo (Is 49.6), trazendo, em primeiro lugar, Salvação aos judeus (Rm 15.8). 14 Essa é a única ocasião, no evangelho segundo Marcos, em que Jesus é chamado “Senhor”. 15 Jesus usa uma palavra do seu dialeto hebraico, o aramaico Efatá, que o próprio Marcos logo traduz em benefício da compreensão dos seus leitores gentios. 16 Jesus estava realizando, na prática, o que Deus prometera há muitos séculos por meio das profecias (Is 35.5,6). Ele procurava, porém, manter seu ministério, especialmente o de curas e sinais, longe da propaganda de massa, a fim de não atrair tão cedo a perseguição dos líderes religiosos e políticos da época (Mt 8.4; 16,20; Mc 1.44; 5.19,43). 177 Tanto o Pai, quanto q o Filho, fazem tudo muito bem (maravilhosamente ( perfeito p – Gn 1.31; Jo 5.17).) Um dia toda a terra reconhecerá esse fato. É importante lembrar que Deus criou a terra e o ser humano, mas o Diabo criou este mundo caótico no qual vivemos. Hoje, pela fé, os cristãos devem assumir sua condição de embaixadores do Rei, cuja missão é proclamar a Salvação e os valores do Reino de Deus por toda a terra. Capítulo 8 1 O próprio Senhor nos afirma (vv.18-20) que este relato (8.1-10) é distinto do ocorrido anteriormente (6.34-44), muito embora sejam notáveis as semelhanças dos fatos.
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se passaram três dias que estão comigo e não têm o que comer.2 3 Se Eu os enviar de volta às suas casas, em jejum, vão desfalecer pelo caminho, pois alguns deles vieram de longe”. 4 Entretanto, os discípulos alegaram: “Onde, neste lugar desabitado, seria possível alguém conseguir pão suficiente para alimentar a todos?” 5 Indagou-lhes Jesus: “Quantos pães tendes?” Ao que afirmaram eles: “Sete”. 6 Então Ele orientou o povo a reclinar-se sobre o chão. E, após tomar os sete pães e dar graças, partiu-os e os entregou aos seus discípulos, para que estes servissem à multidão; e assim foi repartido entre todas as pessoas. 7 Havia também alguns peixes pequenos; da mesma forma Ele deu graças e ordenou aos discípulos que os distribuíssem. 8 Todas as pessoas ali reunidas comeram até se saciar; e ainda recolheram sete cestos grandes, cheios de pedaços que sobraram. 9 Na multidão havia cerca de quatro mil homens. Então, Jesus despediu-se do povo. 10 Logo depois, entrou no barco com seus discípulos e dirigiu-se para a região de Dalmanuta.3 Os fariseus querem um sinal (Mt 16.1-4)
Os fariseus se aproximaram e começaram a questionar Jesus. Então o tentaram
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e, para prová-lo, pediram que lhes apresentasse um sinal miraculoso do céu.4 12 No entanto, Jesus suspirou profundamente e lhes afirmou: “Por que pede esta geração um sinal dos céus? Com certeza vos asseguro que para esta geração não haverá sinal algum”. 13 E, deixando-os, voltou a embarcar e rumou para o outro lado. O perigo das más influências (Mt 16.5-12) 14 Aconteceu que os discípulos se esqueceram de levar pães e, no barco, tinham consigo apenas um único pão. 15 E Jesus passou a recomendar a eles: “Cuidado! Guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes”.5 16 Eles, p porém, especulavam p entre si, argumentando: “É por que não trouxemos pão!” 17 Ao notar a discussão, Jesus questionou: “Por que discorreis sobre o não terdes pão? Até agora não considerastes, nem ainda compreendestes? Permaneceis com o coração petrificado? 18 Tendo olhos, não vedes? E, possuindo ouvidos, não escutais? Não vos recordais? 19 Quando dividi os cinco pães para os cinco mil homens, de quantos cestos cheios de pedaços que sobraram recolhestes? E, afirmaram-lhe: ‘Doze!’
2 Como este episódio aconteceu na Decápolis (7.31), certamente havia um grande número de gentios na multidão. Jesus se compadece (em grego: agapç) do povo que demonstrava grande fome da Palavra, pois há três dias o seguia e ouvia seus ensinos sem se alimentar. Um grande exemplo para os cristãos atuais. 3 Dalmanuta ficava ao sul da Planície de Genesaré, local em que Jesus desembarcou. Mateus chama a região de Magadã ou Magdala (Mt 15.39). Da mesma maneira como agiu na primeira multiplicação dos pães (Mt 14.13-21; Mc 6.30-44; Lc 9.10-17; Jo 6.1-15), Jesus usa uma expressão original (vs.6 – em grego: , “a reclinar-se”), que tem a ver com a atitude cultural dos judeus daquela época de quase deitarem sobre almofadas diante de mesas baixas, um ao lado do outro, em círculos, para fazerem suas refeições cotidianas. Ao solicitar que as pessoas “reclinassem sobre o chão” (se assentassem), Jesus estava comunicando a todos que o desjejum seria servido em seguida. 4 O pedido dos fariseus brotava da incredulidade. Tentaram fazer com que Jesus provasse ser um profeta maior do que Elias (1Rs 18.20-40). Queriam apenas ver um show cosmológico, mas Jesus apontou para o povo e sua longa história de fome espiritual e de justiça; assim como ocorreu no deserto com Moisés. O pão partido e multiplicado era o maior sinal para aquela “geração” (maneira de se referir a um tipo de gente mesquinha e hipócrita). 5 Os judeus, por causa dos mandamentos de Deus (Êx 13.7) evitam o uso de qualquer tipo de levedo (agentes de fermentação empregados na preparação de algumas bebidas alcoólicas não destiladas, tipo cervejas, e na panificação) na semana imediatamente após a Páscoa. Na época de Cristo a levedura era um símbolo comumente usado pelos mestres para se referir à má inclinação humana. Jesus faz uso desta metáfora para mostrar a procedência maligna dos pedidos dos fariseus e de Herodes Antipas (Lc 23.8) por um sinal espetacular nos céus para comprovação da sua divindade. Jesus enfatiza que o grande sinal estava na terra, junto à vida das pessoas a quem Deus amava.
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25 20 E quando Eu parti sete pães para aque-
les quatro mil, quantos cestos grandes, repletos de sobras recolhestes do chão?” Responderam eles: ‘Sete!’6 21 Ao que lhes concluiu Jesus: “E então, ainda não compreendeis?” Um cego em Betsaida é curado E, chegando a Betsaida, algumas pessoas trouxeram um cego à presença de Jesus e rogavam-lhe que o tocasse.7 23 Então, Ele tomou o cego pela mão e o conduziu para fora da aldeia. Em seguida, cuspiu nos olhos daquele homem e lhe impôs as mãos. E indagou: “Vês alguma coisa?” 24 O homem levanta os olhos e afirma: “Vejo pessoas; mas elas se parecem com árvores caminhando”. 25 Mais uma vez, Jesus colocou suas mãos sobre os olhos do homem. E, no mesmo instante, tendo sido completamente restaurado, via com clareza, e podia discernir todas as coisas. 26 Então Jesus enviou aquele homem para casa, recomendando-lhe: “Nem sequer no povoado entres!” 22
Pedro confessa Jesus como Messias (Mt 16.13-20; Lc 9.18-21)
Jesus e seus discípulos partiram para os povoados nas cercanias de Cesaréia 27
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de Filipe. No caminho, Ele lhes inquiriu: “Quem dizem as pessoas que Eu Sou?”8 28 Ao que eles informaram: “Alguns comentam que és João Batista, outros, Elias; e ainda há quem afirme que és um dos profetas”. 29 Então lhes questionou: “Mas vós, quem dizeis que Eu Sou?” E, asseverando Pedro, declarou: “Tu és o Cristo!” 30 Jesus, por sua vez, lhes recomendou que nada divulgassem a seu respeito. Jesus anuncia sua Paixão (Mt 16.21-23; Lc 9.22)
Então, passou Jesus a ensinar-lhes que era imperioso que o Filho do homem fosse vítima de muitos sofrimentos, viesse a ser rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei; então fosse assassinado, para depois de três dias ressuscitar.9 32 E Jesus falou sobre esse assunto de maneira clara. Mas Pedro, chamandoo em particular, começou a censurá-lo energicamente. 33 Entretanto, Jesus voltou-se, olhou para seus discípulos e repreendeu severamente a Pedro, exclamando: “Para trás de mim, Satanás! Pois não estais pensando na obra de Deus, mas sim nas ambições humanas”.10 34 Em seguida, convocou Jesus a mul31
6 Mais uma prova de que Jesus fala de dois eventos parecidos, mas distintos é que no primeiro a palavra grega usada para “cestos” indica um pequeno cesto da época, feito de junco; e no segundo, a palavra grega usada para “cestos” refere-se a um tipo de cesto grande, feito de tecido e capaz de suportar o peso de uma pessoa, como foi o caso ocorrido com o apóstolo Paulo (At 9.25). 7 Betsaida significa “casa de pesca” e se localizava numa planície ao norte do mar da Galiléia. Era a cidade natal de Pedro, André e Filipe (Jo 1.44). 8 Com a confissão de Pedro tem início a segunda metade de Marcos. A partir de agora Jesus muda a direção principal dos seus ensinos, deixa as grandes multidões e concentra-se no discipulado dos Doze. Ao grupo dos discípulos passa a revelar mais e mais sobre sua missão, morte e ressurreição. 9 A necessidade do sofrimento expiatório de Jesus é claramente apresentada no AT (Sl 22, 69, 118; Is 50.4, 52.13-53.12; Zc 13.7). Jesus costumava se referir a si mesmo como “Filho do homem” (81 vezes nos evangelhos). Título jamais usado por qualquer outra pessoa. Em Daniel (Dn 7.13,14), o filho de um homem é retratado profeticamente como personagem celestial a quem, no final dos tempos, Deus confiou autoridade, glória e poder soberano. O próprio Jesus passa a reforçar esse título junto aos seus discípulos. Pedro compreendeu que Jesus era o Messias prometido pelo uso que faz do termo grego “Cristo” (Messias, em hebraico). Os líderes religiosos eram os membros leigos (anciãos) do Sinédrio (Supremo Tribunal dos Judeus), os chefes dos sacerdotes (Mt 2.4), entre eles o sumo sacerdote em exercício, Caifás; o sumo sacerdote anterior, Anás, e as respectivas famílias sacerdotais. 10 O sofrimento e a humilhação não correspondiam ao “Messias” que estava na mente de Pedro: o Libertador de Israel. Ao tentar persuadir Jesus a ter compaixão de si mesmo para não se entregar ao martírio e à morte, Pedro incorreu no mesmo discurso usado por Satanás no início do ministério do Senhor (Mt 4.8-10), e por isso Jesus precisou mostrar a todos os discípulos
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tidão e os discípulos, e os desafiou: “Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e venha após mim.11 35 Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo Evangelho salvala-á! 36 Portanto, de que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? 37 Ou ainda, o que uma pessoa pode-ria dar em troca de sua alma? 38 Assim sendo, numa época como esta, de incredulidade e perversidade, se alguém tiver vergonha de mim e dos meus ensinamentos, então o Filho do homem, quando voltar na glória do seu Pai, juntamente com os santos anjos, também a essa pessoa não oferecerá honra”.12 A transfiguração de Jesus (Mt 17.1-8; Lc 9.28-36)
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Então lhes falou Jesus: “Com toda a certeza vos asseguro que alguns dos
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que aqui estão de modo algum passarão pela morte, até que vejam o Reino de Deus chegando com poder”. 2 Passados seis dias, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João e os conduziu a um lugar retirado, no alto de um monte, onde puderam ficar a sós. E ali Ele foi transfigurado diante deles.1 3 Suas vestes tornaram-se alvas, de um branco reluzente, como nenhum lavandeiro em toda a terra seria capaz de alvejá-las. 4 Então, apareceu à sua frente Elias com Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5 E Pedro, tomando a palavra, sugeriu: “Rabi, é muito bom estarmos aqui! Vamos erguer três tabernáculos: um será teu, um para Moisés e um para Elias”.2 6 Pedro não sabia o que falar, pois eles haviam ficado aterrorizados. 7 Em seguida, surgiu uma nuvem que os envolveu, e dela soou uma voz, que declarou: “Este é o Meu Filho amado, a Ele dai ouvidos!”3
que tentar se desviar da vontade de Deus – não importa a razão – é cair nas artimanhas de Satanás e “errar o alvo” (expressão que em hebraico significa: pecado). 11 Jesus faz um convite não apenas aos Doze, mas a todas as pessoas. Devemos permitir que o Espírito Santo assuma o controle total das nossas vidas, antes dirigida pelo “eu” ou “ego” (fonte das nossas vontades, quase sempre contrárias à vontade de Deus). Tomar a cruz é a disposição de começar a seguir ao Senhor do jeito que somos e com aquilo que temos; e depois, aceitarmos a glória de vivermos e morrermos por Ele. Ao concluir, conclamando todos a segui-lo, Jesus estava dizendo que mostraria pessoalmente o caminho da verdadeira entrega a Deus, do sofrimento, do martírio, da morte e da ressurreição para uma vida eterna de comunhão com o Pai (Sl 49.8, Hb 9.27, Ap 21.8). 12 O mundo é um sistema globalizado de valores e princípios (filosóficos, políticos, econômicos e sociais) que, a cada geração, se afasta mais e mais da Palavra de Deus. Por isso, desde a Queda (Gn 3), Deus tem procurado corrigir a rota dessa humanidade perdida (Hb 1.1-2). Quem preferir se ajustar à sua geração (aos ditames do mundo de sua época) mais do que seguir a Cristo e aos princípios da Sua Palavra não poderá fazer parte do Reino de Deus, tanto aqui e agora, como na Nova Jerusalém, na eternidade futura e iminente (Ap 21.1-4). Ter “vergonha” de Jesus é muito mais que um simples ato externo de usos e costumes, timidez ou inabilidade de expressão. Esta palavra, em seu sentido original, tem a ver com a “honra de cultivar um caráter idôneo e amoroso em relação a Deus e ao próximo em todas as atitudes pessoais”. Ou seja, envergonhar-se do Evangelho é não aceitar o compromisso com o discipulado de Cristo e preferir levar a vida conforme a ordem mundial impõe às pessoas de todas as culturas (Rm 1.16, 12.1). Entretanto, na volta triunfal de Cristo, todos aqueles que creram no Senhor o suficiente para enfrentar o mundo com um estilo de vida verdadeiramente cristão, serão honrados por Jesus e participarão da Sua glória eterna (1Ts 1.6-10). Capítulo 9 1 No NT, a palavra grega metamorphothe foi usada apenas em Mt 17.2, Rm 12.2 e 2Co 3.18, sempre com o sentido de transformação radical de um ser em outro ser. Em relação à vida diária dos cristãos, significa uma mudança total de caráter, abandonando os costumes mundanos e adotando um estilo de vida próprio dos cidadãos do céu. O objetivo da transfiguração foi manifestar, ainda que brevemente, aos discípulos mais chegados, a glória de Jesus encoberta por causa de sua encarnação. Jesus antecipou a visão da sua ressurreição e do seu glorioso retorno. 2 Rabii ou Rabbii é a p palavra hebraica comumente traduzida por p “Mestre”. Pedro se prontificou, p ainda que q estarrecido, a recriar o antigo ponto de encontro de Deus com seu povo (conhecido como tenda, cabana ou tabernáculo – Êx 29.42; Lv 23.42). 3 O sentido mais amplo da expressão: “a Ele dai ouvidos”, ou simplesmente, “a ele ouvi”, como aparece em algumas versões, está relacionado à profecia de Dt 18.15, onde o termo “ouvir”, nos originais hebraicos significa “ouvir e obedecer”. Quando se trata da voz de Deus a única maneira correta de ouvir é obedecendo (Tg 1.22-25).
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27 8 E, de repente, quando olharam ao redor,
a ninguém mais viram, a não ser Jesus. 9 Durante a caminhada, descendo o monte, Jesus lhes ordenou que a ninguém revelassem o que haviam presenciado, até que o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10 Eles mantiveram esse assunto exclusivamente entre si, mas comentavam sobre qual o significado da expressão “ressuscitado dos mortos”. 11 Então questionaram-lhe: “Por que os mestres da lei afirmam que é preciso que Elias venha primeiro?” 12 E Jesus lhes esclareceu: “Realmente, Elias vindo primeiro, restaura todas as coisas. Agora, por que está escrito também que é necessário que o Filho do homem sofra penosamente e seja rejeitado com desprezo? 13 Pois Eu lhes digo: Elias também já veio, e fizeram contra ele tudo o que desejaram, como está escrito a respeito dele”.4 Jesus cura um menino possesso (Mt 17.14-23; Lc 9.37-45)
Assim que chegaram onde estavam os demais discípulos, observaram um grande aglomerado de pessoas ao redor deles e os mestres da lei discutindo com eles. 15 Logo que a multidão percebeu Jesus, tomada de surpresa correu para Ele e o saudava. 16 Então, Jesus dirigiu a palavra aos escri14
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bas e os inquiriu: “O que discutíeis com eles?” 17 Contudo, um homem, no meio da multidão, replicou: “Mestre! Trouxe-te o meu filho, que está tomado por um demônio que o impede de falar.5 18 Onde quer que este o toma, joga-o no chão. Então ele espuma pela boca, range os dentes e fica todo enrijecido. Roguei aos teus discípulos que expulsassem o tal espírito, p mas eles não conseguiram”. g 19 Admoestou-lhes Jesus: “Ó geração sem fé, até quando estarei Eu junto a vós? Até quando vos supor-tarei? Trazeio a mim!” 20 E logo o trouxeram. Assim que o espírito viu Jesus, no mesmo instante provocou uma convulsão no menino. Este caiu no chão e começou a rolar, espumando pela boca. 21 Então Jesus indagou ao pai do menino: “Há quanto tempo isto lhe está acontecendo?” E o pai declarou: “Desde a infância. 22 Muitas vezes esse demônio o tem jogado no fogo e na água, para matálo. Todavia, se Tu podes fazer algo, tem compaixão de nós e, de alguma maneira, ajuda-nos!” 23 “Se podes?”, contestou-lhe Jesus: “Tudo é possível para aquele que crê!”6 24 Imediatamente o pai do menino asseverou: “Creio! Ajuda-me a vencer a minha falta de fé”.
4 Jesus faz referência à vinda de João Batista (Mt 17.10-13). João, assim como Elias, sofreu a oposição de um rei inseguro, influenciado por uma rainha pagã e perversa. Elias realizou a obra de restauração do culto a Deus, especialmente no monte Carmelo, e foi uma prefiguração de João, que veio iniciar (preparar o caminho) a restauração total do ser humano. Obra essa concluída por Jesus (Ef 1.7-10). As ameaças de Jezabel em relação a Elias concretizaram-se na vida e no ministério de João e preanunciaram a chegada do Messias (1Rs 19.1-10). 5 Possessão demoníaca é a ação de demônios (seres espirituais, anjos caídos, comandados por Satanás, e absolutamente malévolos), que invadem e dominam o sistema nervoso, a consciência sensorial, a sede da vontade humana; e que, enfim, tomam posse do corpo físico de uma pessoa, na qual ainda não habita o Espírito Santo, controlando suas ações e, por vezes, submetendo esse corpo humano a todo tipo de humilhações e sofrimentos. 6 Os discípulos, que já haviam expelido vários espíritos malignos, não puderam expulsar aquele demônio por absoluta incredulidade (Mt 17.14-21). Jesus adverte para o fato de que há graduação de poderes nas trevas, e que certa espécie de inimigos espirituais só podem ser expulsos por meio de profunda comunhão com Deus em oração e persistente devoção, que inclui o jejum. Apesar de a palavra “jejum” não aparecer em muitos originais gregos, é certo que Jesus e a Igreja primitiva praticavam o jejum como disciplina espiritual. Jesus aproveita aquele momento tenso e constrangedor para evidenciar que todas as coisas são realizáveis mediante a fé, e que a grande questão do ser humano é exatamente esta: a falta de fé. Deus pode tudo e a qualquer momento, mas as pessoas costumam “crer duvidando” e, por isso, o Senhor não pode honrar uma “fé falsa” ou “incompleta”. A verdadeira fé elimina todas as barreiras espirituais na vida (Tg 1.5-8).
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MARCOS 9 25 Percebendo que o povo estava se ajuntando, repreendeu o espírito imundo, determinando: “Espírito mudo e surdo, Eu te ordeno: Deixa este jovem e jamais o tomes novamente!” 26 Então o demônio berrou, agitou o jovem violentamente e o abandonou. O menino ficou desfalecido, a ponto de todos afirmarem: “Ele morreu!” 27 Entretanto Jesus, pegando a mão do menino, o levantou, e ele ficou em pé. 28 Mais tarde, quando Jesus estava em casa, seus discípulos o consultaram em particular: “Por que razão não fomos capazes de expulsá-lo?” 29 E Jesus lhes advertiu: “Essa espécie de demônios só é expelida com oração e jejum”.
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que no caminho haviam discutido sobre quem era o maior. 35 Assentando-se, Jesus reuniu os Doze e lhes orientou: “Se alguém deseja ser o primeiro, será o último, e servo de todos”. 36 E, conduzindo uma criança, colocoua no meio deles e, tomando-a nos braços, revelou-lhes: 37 “Quem recebe uma destas crianças, por ser meu seguidor, do mesmo modo estará a mim recebendo; e qualquer que me recebe, não está apenas me recebendo, mas igual-mente àquele que me enviou”.8 Quem não é contra, está a favor (Lc 9.49,50)
Contou-lhe João: “Mestre, vimos um homem que, em teu nome, estava expulsando demônios e procuramos impedi-lo; pois, afinal, ele não era um dos nossos”. 39 “Não o impeçais!”- ponderou Jesus. “Ninguém que realize um milagre em meu nome, é capaz de falar mal de mim logo em seguida. 40 Portanto, quem não é contra nós, está a nosso favor.9 41 Com toda a certeza vos asseguro, qualquer pessoa que vos der de beber um copo de água, pelo fato de pertencerdes a Cristo, de maneira alguma perderá a sua recompensa”. 38
O segundo anúncio da Paixão (Mt 17.22-23; Lc 9.43-45)
Eles partiram daquele lugar e atravessaram a Galiléia. E Jesus evitava que qualquer pessoa soubesse onde se achavam.7 31 Pois estava dedicado ao ensino dos seus discípulos e lhes revelava: “O Filho do homem está prestes a ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, mas três dias depois ressuscitará”. 32 Todavia, eles não conseguiam entender o que Ele desejava comunicar, mas tinham receio de inquiri-lo a este respeito. 30
Quem é o maior no Reino? (Mt 18.1-5; Lc 9.46-48)
Então chegaram a Cafarnaum. Quando já estavam em casa, indagou-lhes: “Sobre o que discorríeis pelo caminho?” 34 Eles, porém, ficaram em silêncio; por33
Evitar o pecado a todo custo (Mt 18.6-9) 42 “Se alguém fizer tropeçar um destes pe-
queninos que crêem em mim, seria me-
7 Jesus havia completado seu período de ministério às grandes massas na Galiléia e regiões vizinhas. Agora estava a caminho do seu próprio holocausto em Jerusalém (10.32-34). Jesus passou então a concentrar, ainda mais, seus ensinos e discipulado na vida dos seus Doze seguidores mais próximos. 8 Dúvidas sobre a posição hierárquica no Reino ocupavam a mente dos discípulos. A posição social sempre foi uma grande ambição humana, especialmente na cultura judaica daquela época e em função da possibilidade da instauração de um novo “reino” (sistema político-religioso). Entretanto, Jesus esclarece que a honra e o poder no Reino de Deus são conquistados por amor, humildade, generosidade e serviço ao próximo. Como os bons pais cuidam de seus filhos pequenos (Lc 9.47). Por “pequeninos” pode-se entender: as crianças, os novos convertidos e os cristãos em fase de amadurecimento espiritual (Rm 14; 1Co 8 e 9). 9 Jesus desaprova o sectarismo (partidarismo ferrenho das doutrinas e preceitos de uma seita) e o proselitismo (ação ostensiva visando mover pessoas de uma seita para outra). Devemos manter comunhão com todos os cristãos que foram regenerados pelo Espírito de Deus, isto é, com todos os Salvos, independentemente do seu grupo doutrinário. Por outro lado, é inadmissível
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lhor que fosse lançado no mar com uma pedra de asno amarrada ao pescoço.10 43 E, se a tua mão te fizer tropeçar, cortaa, pois é melhor entrares para a Vida mutilado do que, possuindo as duas mãos, ires para o inferno, onde o fogo que arde jamais arrefece.11 44 Naquele lugar, os teus vermes devoradores não morrem, e as chamas nunca se apagam. 45 E, se o teu pé te fizer tropeçar, cortao, pois é melhor entrares para a Vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno. 46 Onde o teu verme não morre, e o fogo é inextinguível. 47 E ainda, se um dos teus olhos te levar a pecar, arranca-o. É melhor entrares no Reino de Deus com um dos teus olhos do que, possuindo os dois olhos, seres atirado no inferno. 48 Naquele lugar, os teus vermes devoradores não morrem, e as chamas nunca se apagam. Os cristãos são o sal da terra (Mt 5.13; Lc 14.34-35) 49
Pois todos serão salgados com fogo.12
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O sal é bom; mas se o sal perder o seu sabor, como restaurar as suas propriedades? Tende o bom sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros”.13 50
Casamento e Separação (Mt 19.1-12)
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Partindo dali, foi Jesus para a região da Judéia e para o outro lado do Jordão. E, outra vez, grande multidão chegou-se a Ele e, como era seu costume, passou a ensinar as pessoas ali reunidas.1 2 Alguns fariseus se aproximaram de Jesus e, p para colocá-lo à prova p questionaq ram: “É permitido ao homem separar-se de sua esposa?” 3 Inquiriu-lhes Jesus: “O que lhes ordenou Moisés?” 4 E eles replicaram: “Moisés permitiu que o homem desse à sua mulher uma certidão de divórcio e a mandasse embora”. 5 Esclareceu-lhes Jesus: “Moisés vos deixou escrita essa lei por causa da dureza dos vossos corações!”2 6 Entretanto, no princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’. 7 ‘Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua esposa,
que um cristão verdadeiro seja neutro em relação ao senhorio de Cristo. Ou se é, ou não se é cristão. Para Jesus não existe o “cristão nominal”, ou seja, aquela pessoa que crê em Deus, mas não procura viver uma vida em comunhão com o Espírito Santo. A unidade da Igreja nem sempre será obtida por meio de uma unanimidade teológica; porém, muitas vezes, no serviço humilde, generoso e compreensível do amor fraternal em Cristo (Mt 25.34-46 conforme Mt 18.1-10 e Lc 17.1). 10 O amor de Deus por seus filhos é tão grande que o suicídio seria a melhor solução para alguém que deliberadamente tentasse desviá-los do verdadeiro Caminho. Jesus usa literalmente o termo “pedra de asno”, para referir-se a uma grande placa de pedra, comumente girada por jumentos, para moer grãos e cereais. 11 Jesus usa uma hipérbole (figura de linguagem que transmite um ensino por meio do exagero das afirmações ou comparações) para ressaltar a necessidade de uma ação drástica. Muitas vezes o pecado ou um mau hábito só poderá ser vencido por uma “cirurgia espiritual radical”. A palavra grega geenna é traduzida por “inferno” e aparece apenas nos Evangelhos e em Tg 3.6. Seu sentido original corresponde a um “grande depósito de lixo”. Jesus cita a última palavra de advertência proferida por Isaías em relação ao perigo da condenação eterna daqueles que teimam em viver rebeldes ao Espírito de Deus (Is 66.24). Num “grande depósito de lixo” há sempre vermes se revolvendo (Mt 5.22). 12 No AT era exigido que se colocasse sal sobre o sacrifício (Lv 2.13 com Ez 43.24). Todo cristão deve ser um sacrifício para Deus (Rm 12.1). Na vida cristã, o sal é representado, por provas, purificação pelo fogo da justiça divina, perseguições do Inimigo e deste mundo (1Co 3.13; 1Pe 1.7; 4.12). 13 Na época de Jesus o sal era vital para temperar, dar sabor e conservar os alimentos, especialmente as carnes vermelhas e os peixes. Ele se compara, portanto, à firme convicção do cristão que vive corajosa e intensamente o Evangelho (8.35-38). Capítulo 10 1 Os capítulos de 1 a 9 relatam o ministério de Jesus na Galiléia. De 10 a 15 focalizam a outra parte da missão do Senhor, já na Judéia. 2 O ser humano, por causa de sua pecaminosidade inata, tem a forte tendência de se ater mais ao teor da Lei do que ao seu espírito. Tanto Jesus como todo judeu convicto reconhecem a plena autoridade da Bíblia. Cristo não nega o ensino registrado em Dt 24.1, mas revela que a separação ou divórcio, jamais foi plano de Deus para os matrimônios. Os fariseus não estavam conseguindo discernir entre a vontade absoluta de Deus e Sua permissão, levando em conta a fraqueza humana diante do pecado. A
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e os dois se tornarão uma só carne’. Dessa forma, eles já não são dois, mas sim uma só carne.3 9 Portanto, o que Deus uniu, não o separe o ser humano!” 10 Mais tarde, quando estavam em casa, uma vez mais os discípulos indagaram Jesus sobre o mesmo assunto. 11 Então Ele lhes explicou: “Todo homem que se separar de sua esposa e se unir a outra mulher, estará cometendo adultério contra a sua esposa. 12 Da mesma maneira, se uma mulher se divorciar de seu marido e se casar com outro homem, estará igual-mente caindo em adultério”.4 8
Jesus abençoa as crianças (Mt 19.13-15; Lc 18.15-17)
E aconteceu que as pessoas traziam crianças para que Jesus lhes impusesse a mão, mas os discípulos repreendiam o povo. 14 Todavia, quando Jesus notou o que se passava, ficou indignado e lhes advertiu: “Deixai vir a mim os pequeninos. Não os impeçais, pois deles é o Reino de Deus. 15 Com toda a certeza vos asseguro: aquele que não receber o Reino de 13
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Deus como uma criança, jamais terá acesso a ele”. 16 Em seguida, abraçou as crianças, impôs-lhes as mãos e as abençoou.5 O homem que deseja possuir tudo (Mt 19.16-30; Lc 18.18-30)
E, colocando-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, indagou-lhe: “Bom Mestre! O que devo fazer para herdar a vida eterna?” 18 Replicou-lhe Jesus: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus!6 19 Tu conheces os mandamentos: ‘Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não enganarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe’”.7 20 Ao que o homem declarou: “Mestre, tudo isso tenho obedecido desde minha adolescência”. 21 Então Jesus o olhou com compaixão e lhe revelou: “Contudo, te falta algo mais importante. Vai, vende tudo o que tens, entrega-o e receberás um tesouro no céu; então, vem e segue-me!”8 22 Diante disso, o homem abateu-se profundamente e retirou-se entristecido, pois possuía muitos bens. 17
separação entre marido e mulher nunca contou com a aprovação de Deus, a não ser como o menor entre dois males. O termo grego “sklerokardia”, sempre usado no sentido espiritual para denotar um tipo de “coração inflexível e arrogante”, traduz um estilo de vida permanentemente em rebelião contra Deus e Sua Palavra. 3 O casamento cria um novo tipo de relação familiar (Gn 29.14), onde o amor e a vida conjugal são exclusivos (Ef 5.30). A santidade no casamento faz parte do plano original de Deus para o homem e a mulher. 4 Jesus usa sua autoridade para invalidar a doutrina rabínica da época que não considerava o adultério do homem contra sua esposa. Na prática judaica, o marido podia mandar sua mulher embora de casa, por qualquer motivo e sem qualquer direito ou mediação jurídica. Por isso, Jesus salienta que Deus, nosso Juiz, é quem promove a união das pessoas. O homem, ao separar-se de sua esposa, coloca-se igualmente sob condenação divina. 5 Só aquele que aceitar o Reino de Deus com o coração receptivo e puro de uma criança, como um dom gracioso do Senhor, poderá desfrutar plenamente de todos os seus privilégios (Ef 2.8,9). 6 Jesus procura ajudar o homem a refletir sobre a soberania de Deus. Só Ele é bom no sentido absoluto. Assim, referir-se a Jesus como “bom” seria o mesmo que chamá-lo de Deus. Ele é o único caminho para todo ser humano, independentemente do seu grau de instrução, nacionalidade, cultura ou poder econômico, político e financeiro. Lucas (18.18,19) informa que este homem era “importante”, e a expressão no original nos leva a pensar em um membro do concílio ou do tribunal oficial dos judeus. Mateus diz que era um “jovem rico” (Mt 19.20). Religioso, cheio de planos e vontade de acertar, pronto a pagar pelo que desejava adquirir. 7 Os judeus e cristãos são proibidos de cometer fraudes. Este mandamento tem a ver com a cobiça. Nesse trecho Jesus decidiu mencionar seis ordenanças contra atitudes erradas em relação ao próximo (Êx 20.12-16; Dt 5.16-21). 8 Jesus não está interessado em que o homem se torne pobre, mas, sim, que humildemente se lembre de que a ordenança mais importante é amar a Deus sobre todas as coisas. Exatamente o primeiro mandamento da Lei (Dt 6.4,5). O jovem tinha a idéia de um tipo de obediência exterior (Fp 3.6), normalmente ensinada nas sinagogas aos meninos, a partir dos 13 anos, idade em que passavam a assumir a responsabilidade de cumprir os mandamentos da Lei.
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Com Deus tudo é possível (Mt 19.23-30; Lc 18.24-30)
Então, Jesus, observando ao redor, declarou aos seus discípulos: “Quão difícil é para aqueles que possuem muitos bens ingressar no Reino de Deus!” 24 Os discípulos ficaram perplexos diante de tais palavras; no entanto, Jesus insistiu em lhes afirmar: “Filhos, entrar no Reino de Deus é, de fato, muito difícil! 25 É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. 26 Os discípulos ficaram muito assustados e comentavam uns com os outros: “Sendo assim, quem conseguirá se salvar?”9 27 E Jesus, fixando neles o olhar lhes revelou: “Para o homem isso é impossível; todavia, não para o Senhor. Pois para Deus tudo é possível!” 28 Então Pedro começou a declarar para Jesus: “Eis que nós tudo abandonamos para te seguir”. 29 Garantiu-lhes Jesus: “Com toda a certeza vos asseguro que ninguém há que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou bens, por causa de mim e do Evangelho, 30 que não receba, já no presente, cem vezes mais, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e propriedades, e com eles perseguições; mas no mundo futuro, a vida eterna. 31 Todavia, muitos primeiros serão úl-
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timos; e muitos últimos serão primeiros”.10
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Jesus outra vez prediz sua Paixão (Mt 20.17-19; Lc 18.31-34)
E sucedeu que estavam no caminho, subindo para Jerusalém. Jesus à frente os conduzia. Os discípulos estavam admirados, enquanto os demais seguidores sentiam medo. Uma vez mais Ele reuniu à parte os Doze e compartilhou o que lhe aconteceria:11 33 “Eis que subimos para Jerusalém, e o filho do Homem será entregue nas mãos dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios, 34 que zombarão dele, lhe cuspirão, torturarão e finalmente o matarão. Contudo, após três dias Ele ressucitará”. 32
No Reino o servo é o mais poderoso (Mt 20.20-28)
Foi então que Tiago e João, filhos de Zebedeu, chegaram mais perto dele e lhe solicitaram: “Mestre, desejamos que nos concedas o que vamos te pedir”. 36 E lhes indagou Jesus: “Que quereis que Eu vos faça?” 37 Ao que rogaram: “Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda”. 38 Ponderou-lhes Jesus: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis vós beber do cálice que Eu vou beber e ser batizados 35
9 Para alguns arqueólogos havia nos muros de Jerusalém uma porta muito pequena, chamada de “agulha”, através da qual um camelo só conseguia passar de joelhos. Por outro lado, é evidente que Jesus procura mostrar o contraste que havia entre o maior animal da Palestina, na época, e a abertura diminuta de uma agulha comum, usada na confecção das redes e roupas. Isso para mostrar que não há obra ou habilidade humana que possa granjear mérito suficiente para que alguém tenha acesso ao Reino. Isso só é possível a Deus, que, por sua vez, oferece esse dom graciosamente aos Seus (Jó 42.2; Zc 8.6; Jo 3.3-6). 10 Nenhuma obra ou ministério tem valor a menos que esse trabalho seja movido pelo amor a Deus e ao próximo (1Co 13.1-3). A fraternidade produzida pelo Evangelho faz dos cristãos uma grande família (At 2.44-47; 4.32-35; Rm 16.13). Juntamente com as imensas e deliciosas bênçãos, virão as provas, perseguições e o sofrimento, a fim de moldar o caráter do discípulo à imagem de Cristo. O julgamento final trará muitas surpresas. É preciso ficarmos alertas em relação ao pecado da arrogância e do orgulho. Lembremo-nos dos destinos finais de Judas Iscariotes, (que fora escolhido por Jesus como um dos seus Doze apóstolos), e Paulo, anteriormente um perseguidor de cristãos, e que trocaram de posição no Reino, mesmo nesta vida. O importante não é começar bem, mas terminar bem. 11 Esta é a última viagem de Jesus a Jerusalém. Iniciada na cidade de Efraim (Jo 11.54), indo para a Galiléia (Lc 17.11), mais ao sul a Jericó, passando pela região da Peréia (Lc 18.35), depois até Betânia (Lc 19.29), chegando a Jerusalém (Lc 19.41). Jesus estava sendo seguido por uma multidão de romeiros a caminho das celebrações da Páscoa em Jerusalém. Comparando-se mais essa predição da Paixão de Cristo com as demais, encontramos vários detalhes proféticos, todos cumpridos nos últimos dias e horas do ministério de Jesus na terra.
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com o batismo com que estou sendo batizado?”12 39 “Podemos!” Replicaram eles. Então Jesus lhes revelou: “Sim, bebereis o cálice que Eu bebo e, de fato, recebereis o batismo com que Eu sou batizado; 40 todavia, o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados”. 41 Assim que os outros dez ouviram esse assunto, ficaram indignados contra Tiago e João. 42 Jesus, por sua vez, os convocou e orientou: “Sabeis que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. 43 Contudo, não é assim que ocorre entre vós. Ao contrário, quem desejar tornarse importante entre vós deverá ser servo; 44 e quem ambicionar ser o primeiro entre vós que se disponha a ser o escravo de todos. 45 Porquanto, nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.13 A cura do cego Bartimeu (Mt 20.29-34; Lc 18.35-43) 46 Chegaram
pois a Jericó. Quando Jesus e seus discípulos, e mais uma grande
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multidão, estavam deixando a cidade, o filho de Timeu, chamado Bartimeu, que era cego, estava assentado à beira do caminho, pedindo esmolas. 47 Assim que ouviu que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: “Jesus! Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” 48 Muitos o advertiam severamente para que se calasse, contudo ele gritava ainda mais: “Filho de Davi! Tem compaixão de mim!”14 49 Foi então que Jesus parou e pediu: “Chamai-o!” E assim foram chamar o cego: “Ânimo, homem! Levanta-te, Ele te chama”. 50 Jogando sua capa para o lado, de um só salto colocou-se em pé e foi ao encontro de Jesus. 51 Indagou-lhe Jesus: “Que queres que Eu te faça?” Rogou-lhe o cego: “Raboni, que eu volte a enxergar!”15 52 E Jesus lhe ordenou: “Vai em frente, a tua fé te salvou!” No mesmo instante o homem recuperou a visão e passou a seguir a Jesus pelo caminho. A entrada triunfal de Jesus (Mt 21.1-11; Lc 19.28-40; Jo 12.12-19)
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Quando estavam se aproximando de Jerusalém, chegando a Betfagé e Betânia, perto do monte das Oliveiras, enviou então Jesus dois dos seus discípulos,1
12 A expressão usada originalmente por Jesus, aqui traduzida por “beber do cálice”, significa em hebraico “compartilhar o mesmo destino de alguém”. No AT o cálice de vinho era sempre usado como uma metáfora em relação à ira de Deus contra o pecado e, especialmente, contra a rebelião deliberada do ser humano (Sl 75.8; Is 51.17-23; Jr 25.15-28; 49.12; 51.7). Portanto, o cálice que Jesus tinha de beber diz respeito ao castigo divino dos pecados que Ele mesmo suportou no lugar de toda a humanidade condenada. Jesus usa a palavra “batismo”, cujo significado tem a ver com “mergulho na água”, para enfatizar seu “mergulho” no mais profundo dos sofrimentos para nos salvar da pena do afastamento eterno do Pai (Lc 12.50; Rm 6.3,4). 13 Esse é considerado por muitos teólogos e exegetas como o versículo-chave de Marcos: Jesus veio ao mundo como o Único Servo (só Ele é bom, Ele é a síntese do bem), que viveria e entregaria sua vida à morte para a redenção de todo ser humano que nele crer; como profetizou claramente Isaías (Is 52.13 – 53.12). A palavra “resgate” em seu sentido original traz o significado do preço total pago pela libertação de um escravo. No original grego, a palavra diakonos é usada para demonstrar essa atitude de Jesus, bem como o serviço voluntário, movido por amor, de um cristão em ajuda ao seu próximo. A expressão grega doulos significa o serviço obrigatório do “escravo” e tem a ver com nosso procedimento dentro da comunidade cristã. 14 Essa é a única passagem em Marcos em que o título messiânico é dirigido a Jesus de Nazaré como forma de tratamento (Is 11.1-3; Jr 23.5,6; Ez 34.23,24; Mt 1.1; 9.27). 15 Bartimeu, falando em aramaico, a língua familiar de Jesus, o chama de rabonii ou rabbúni, que significa: meu mestre. Capítulo 11 1 Aqui tem início a etapa derradeira do ministério de Jesus, que acontecerá dentro dos limites de Jerusalém, chamada de Cidade Sagrada. O monte das Oliveiras fica a leste de Jerusalém, chega a uma altura de 823 metros, um pouco mais alto do que o monte Sião. Do seu cume é possível ter uma linda visão panorâmica da cidade, especialmente do templo.
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e lhes recomendou: “Ide ao povoado que está logo adiante de vós e, assim que entrardes, achareis um jumentinho amarrado, sobre o qual ninguém ainda montou. Soltai-o e trazei-o aqui.2 3 Se alguém vos inquirir: ‘Por que fazeis isso?’ Replicai: ‘O Senhor precisa dele e sem demora o enviará de volta para aqui’. 4 Eles partiram e logo encontraram um jumentinho na rua, amarrado a um portão, e o desprenderam. 5 E alguns dos que ali estavam censuraram-lhes: “Que fazeis, soltando o jumentinho?” 6 Eles, todavia, justificaram-se conforme Jesus os orientara; diante do que lhes permitiram seguir. 7 E, assim, trouxeram o jumentinho até onde estava Jesus, selaram-no com seus mantos, e Jesus o montou. 8 Então, muitas pessoas estendiam seus mantos pelo caminho, outras espalhavam ramos que tinham cortado nos campos.3 9 Tanto os que caminhavam adiante dele, como os que seguiam após, proclamavam: “Hosana! Bendito é o que vem em nome do Senhor! 2
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10 Bendito seja o Reino vindouro de nos-
so pai Davi! Hosana nos mais elevados céus!”4 11 Então, Jesus entrou em Jerusalém e dirigiu-se ao templo. Observou tudo à sua volta e, como já era tarde, partiu para Betânia com os Doze. Jesus purifica o templo (Mt 21.12-17; Lc 19.45-48) 12 No dia seguinte, enquanto estavam saindo de Betânia, Jesus teve fome. 13 E, avistando ao longe uma figueira com folhas, foi verificar se encontraria nela algum fruto. Chegando perto dela, nada encontrou, a não ser folhas, porque não era a época de figos. 14 Então a repreendeu: “Nunca mais, em tempo algum, coma alguém fruto de ti!” E os discípulos escutaram quando proferiu isso.5 15 Assim que chegou a Jerusalém, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os que ali estavam apenas comprando e vendendo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que comercializavam pombas.6
2 A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, evento assim conhecido pela maneira efusiva com que as multidões aclamaram essa chegada de Jesus Cristo à Cidade Santa, abre a Semana da Paixão, lembrada dessa forma para marcar os dias em que Jesus entregou sua própria vida em holocausto, por causa da sua paixão pela humanidade, e para resgatar todo aquele que nele crer da sentença perpétua do abandono de Deus. Mais uma vez as profecias se cumprem até nos detalhes (Zc 9.9; Mt 21.5; Jo 12.15), como foi o caso de Jesus solicitar um jumentinho sobre o qual ninguém ainda houvesse montado, numa demonstração do uso santificado dos elementos para o ritual do sacrifício (Nm 19.2; Dt 21.3). Esse foi um ato messiânico deliberado, de Jesus, revelando-se claramente ao povo como o Messias prometido, e permitindo que os líderes religiosos e políticos que viviam tentando surpreendê-lo em alguma falta, agora passassem a ter um pretexto. 3 Parte das vestes de Jesus foi colocada sobre o lombo do jumentinho. Os profetas do AT foram dirigidos por Deus para ministrarem ao povo por meio de atitudes de grande efeito visual e dramático (Jr 19; Ez 4.1-3). A entrada triunfal, como a purificação do templo, a maldição da figueira, e a ceia do Senhor foram ações dessa natureza. Jesus se apresenta como o Messias. Entretanto, diferentemente de como imaginavam muitos judeus, sem armas ou exércitos, nem mesmo a natural arrogância dos monarcas e grandes líderes. Jesus foi o Messias da Paz (Lc 19.38-40). 4 A expressão hebraica hosana já era de uso comum (e por isso Marcos não a traduz para o grego) e proferida na aclamação de reis e governadores. O verso 10 indica que o povo reconheceu plenamente em Jesus a pessoa do Messias. O vocábulo tem origem na antigüidade judaica e foi usado por Davi em seus salmos de Hallell (Louvor). A passagem do Sl 118.25,26 era cantada na ocasião da celebração da Páscoa e como expressão de boas-vindas proferida pelos sacerdotes aos peregrinos de todas as partes que chegavam a Jerusalém. Portanto, muito adequada para aquele momento. Hosana tornou-se um grito de júbilo e louvor a Deus por seus feitos maravilhosos. 5 As figueiras da região de Jerusalém costumam brotar folhas novas no final de março, mas só produzem frutos quando toda folhagem está completa, por volta de junho. Essa figueira – como Israel – era uma exceção, já estava coberta de folhas muito antes do tempo, na Páscoa, mas sem oferecer nenhum fruto. O episódio serviu de grande recurso didático para que Jesus revelasse especialmente aos discípulos mais uma parábola sobre o Juízo, com a figueira servindo de perfeita ilustração (Os 9.10; Na 3.12). O acontecimento no templo e o evento com a figueira explicam-se mutuamente. 6 Jesus dirigiu-se ao “átrio dos gentios”, a única parte do templo em que os gentios tinham acesso permitido para adorar a Deus e reunir-se para as orações. Os romeiros que vinham de todas as partes da Palestina, para as celebrações da Páscoa, tinham de
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O poder da oração de fé (Mt 21.18-22) 20 E, caminhando eles pela manhã, viram
que a figueira secara desde as raízes.8 21 Pedro, recordando-se do ocorrido, informou a Jesus: “Rabbi! Eis que a figueira que amaldiçoaste secou!” 22 Observou-lhes Jesus: “Tende fé em Deus!9 23 E, com toda a certeza eu vos asseguro, que se qualquer pessoa ordenar a este monte: ‘Levanta-te e lança-te no mar, e não houver dúvida em seu coração, mas crer que se realizará o que pede, assim lhe será feito’. 24 Portanto, vos afirmo: Tudo quanto em
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oração pedirdes, tenhais fé que já o recebestes, e assim vos sucederá. 25 Mas, quando estiverdes orando, se tiverdes algum ressentimento contra alguma pessoa, perdoai-a, para que, igualmente, vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas. 26 Entretanto, se não perdoardes, vosso Pai que está nos céus também não vos perdoará os vossos pecados”. A autoridade de Jesus é divina (Mt 21.23-27; Lc 20.1-8) 27 Mais tarde, chegaram outra vez a Jerusalém. E Jesus, ao caminhar pelo templo, foi abordado pelos chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos, que lhe questionaram: 28 “Com que autoridade ages como vens agindo? Ou quem te outorgou tal autoridade para fazeres o que fazes?10 29 Jesus lhes replicou: “Eu também vos proporei uma questão; respondei-me, e Eu vos revelarei com que autoridade tenho ministrado. 30 O batismo de João provinha do céu ou dos seres humanos? Replicai-me pois!” 31 E aconteceu que eles passaram a discutir entre si: “Se afirmarmos: Do céu, ele nos indagará: ‘Então, por qual razão não acreditastes nele?’
comprar animais que satisfizessem as exigências rituais. Os sacerdotes mantinham um acordo com os vendedores e somente os animais comprados (a preços exorbitantes) dentro dessa área do templo recebiam uma espécie de visto de aprovação sacerdotal: “sem defeito” e, portanto eram aceitos na hora do sacrifício. Ao lado dos abrigos dos animais, os vendedores montavam mesas para troca (câmbio) do dinheiro estrangeiro pela moeda local. As pombas eram oferecidas para a purificação das mulheres (Lv 12.6; Lc 2.22-24) e para determinadas doenças de pele (Lv 14.22), além de outros fins específicos (Lv 15.14,29). Havia também as ofertas que deviam ser entregues pelos pobres (Lv 5.7), e vários outros tipos de sacrifícios. Jesus entrou no templo naquele dia como o verdadeiro Sumo Sacerdote (Ml 3.1) e agiu como responsável que é sobre o Templo do Espírito de Deus. 7 A indignação dos líderes religiosos é compreensível. Afinal eram os sacerdotes e seus chefes, Anás e Caifás, que embolsavam o lucro ilícito do comércio geral no templo. 8 Esta era a manhã de terça-feira da Paixão. O detalhe salientado por Marcos, informando que a figueira estava seca desde as raízes, foi uma admoestação ao grave estado de corrupção do povo de Israel a partir dos seus líderes religiosos máximos, e o aviso de que a destruição seria absoluta (Jo 18.16). Além disso, ninguém mais, em futuro algum, seria beneficiado pelos frutos espirituais de Israel. Uma vívida ilustração do terrível juízo que ocorreria no ano 70 d.C. (Mt 24.2). 9 Pedro observa que a figueira secou completamente, de um dia para o outro, e se dirige a Jesus em hebraico usando a expressão: Rabbi, que significa: “meu mestre”. Jesus ensina que a nossa fé (que em hebraico tem o sentido de depositar toda a confiança), deve ser dedicada de forma pura e absoluta a Deus, o Pai. Mesmo a fé em Jesus é fé em Deus, que o enviou e o declarou Seu Filho pleno em poder (Jo 5.24; Rm 1.4; Fl 2.9). Era comum entre os mestres judaicos da época o uso da expressão “remover montes” em relação à solução de problemas muito complicados de interpretação e aplicação prática da Lei. Do alto do monte das Oliveiras era possível avistar o mar Morto. Quem ora com verdadeira fé em Deus não enfrenta dificuldades insolúveis nem insuportáveis; é vital não duvidar e não guardar rancor (Tg 1.6; 2.4). 10 O Sinédrio perguntava ao Senhor por que ele estava realizando um ato oficial sem reter cargo formal (Lc 20.2).
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35 32 Se, por outro lado, declararmos: Dos seres humanos...” Neste caso, temiam as multidões, pois todos realmente consideravam João um profeta. 33 Finalmente responderam a Jesus: “Não sabemos!” E, Jesus, por sua vez, concluiulhes: “Ora, nem Eu tampouco vos revelarei com que autoridade estou realizando estas obras!”11
Parábola dos vinicultores maus (Mt 21.33-46; Lc 20.9-19)
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Jesus então passou a ministrarlhes por meio de parábolas: “Certo homem plantou uma vinha, ergueu uma cerca ao redor dela, cavou um tanque para esmagar as uvas e construiu uma torre de vigia. Depois arrendou a vinha para alguns lavradores e partiu de viagem.1 2 Chegando a época da colheita, enviou um servo aos lavradores, com o objetivo de receber deles sua parte do fruto da vinha.2 3 No entanto, eles o agarraram, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias. 4 Então lhes enviou um outro servo; e também lhe bateram na cabeça e o humilharam. 5 E enviou outro ainda, o qual assassinaram. Então enviou muitos outros; mas a alguns agrediram e a outros mataram.
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Finalmente, restava-lhe enviar seu próprio e amado filho; a este lhes enviou com a seguinte intenção: ‘A meu filho respeitarão’.3 7 Todavia, aqueles lavradores combinaram entre si: ‘Este é o herdeiro! Ora, venham, vamos matá-lo, e assim a herança será toda nossa’.4 8 Então o agarraram, assassinaram e o jogaram para fora da vinha. 9 Diante disso o que fará o proprietário da vinha? Virá, destruirá aqueles lavradores e outorgará a vinha a outros vinicultores. 10 Ainda não lestes esta passagem nas Escrituras? ‘A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a pedra principal, angular; 11 isto procede do Senhor, e é obra de grande maravilha para todos nós’”.5 12 Por isso começaram a tramar um jeito de prendê-lo, pois perceberam que Ele havia narrado aquela história com o propósito de acusá-los. Contudo, tinham receio da multidão; e acharam melhor se afastarem. 6
Adorar a Deus e honrar o Estado (Mt 22.15-22; Lc 20.19-26) 13 Mais tarde enviaram a Jesus alguns dos
fariseus e herodianos para tentar condená-lo em alguma palavra que proferisse.6
11 Os jjudeus usavam a expressão p “céu” ou “céus”, muitas vezes em substituição ç ao vocábulo divino “Deus” ((ou como muitos judeus grafam ainda hoje: “D-us”), procurando evitar, assim, um possível mau uso do nome de Deus (Êx 20.7). Com sua pergunta Jesus deu a entender que sua autoridade provinha de Deus, da mesma maneira que o batismo de João. Capítulo 12 1 Jesus continua a falar com os mesmos líderes religiosos de 11.27. Esta história ilustrativa e repleta de ensinamentos (parábola) fala dos homens que desconfiam da autoridade divina de Jesus. As expressões hebraicas: “plantou uma vinha”, “cerca ao redor”, “cavou um tanque”, “torre de vigia” vêm citadas na versão grega de Isaías 5.1,2, na tradução das Escrituras chamada Septuaginta ou, simplesmente “LXX”. 2 A palavra “servo” aqui usada é doulos (em grego: escravo). Neste caso indica uma das grandes características do Profeta de Jeová, do AT: “obediente e submisso a Deus” (Jr 7.25; Am 3.7; Zc 1.4). 3 A derradeira possibilidade de reconciliação dos seres humanos com o Criador está na intermediação de Cristo, o Filho amado. A ênfase de todo o NT está na incomparabilidade de Jesus Cristo (Hb 1.1,2). Quem rejeitar o Filho fica sem qualquer esperança de aceitação da parte de Deus, o Pai. 4 Pela lei judaica, em vigor na época, qualquer propriedade não reclamada por seu herdeiro legal passava a ser declarada “terra sem dono”, e poderia ser outorgada propriedade da primeira pessoa que se identificasse como dono dessas terras. Os vinicultores, embriagados pela avareza e cobiça, logo perceberam que assassinando o filho do dono poderiam tornar-se os novos e ricos proprietários das terras. 5 Esta passagem é composta integralmente com expressões extraídas da tradução grega Septuaginta (LXX) do Salmo 118.22,23. A pedra principal ou angular era a pedra que unia e completava as grandes construções da época (At 4.11; 1Pe 2.7,8). Deus permitiu o assassinato de seu Filho único, apenas para, em seguida, exaltá-lo como Senhor supremo e Juiz dos pecadores inveterados (Fp 2.6-11). 6 Este episódio ocorreu na terça-feira da Paixão, em um dos átrios do templo. Os herodianos eram partidários de Herodes
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MARCOS 12 14 E, ao se aproximarem, lhe questionaram: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que não te deixas influenciar por ninguém, pois não te impressionas com a aparência exterior das pessoas, mas ensinas o caminho de Deus em conformidade com a mais pura verdade. Assim sendo, diga-nos, é lícito pagar imposto a César ou não? 15 Devemos pagar ou podemos nos recusar?”. Jesus, porém, conhecendo o quão hipócritas estavam sendo, lhes inquiriu: “Por que me tentais? Trazei-me um denário para que Eu o veja!” 16 E eles lhe trouxeram a moeda, ao que Ele lhes indagou: “De quem é esta imagem e esta inscrição?” 17 “Ora, de César”, replicaram eles. 18 Então Jesus lhes asseverou: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!” E todos ficaram pasmos com Ele.7
A ressurreição de todos os mortos (Mt 22.23-33; Lc 20.27-40) 18 Depois chegaram os saduceus, que pregam não haver qualquer ressurreição, com a seguinte questão:8 19 “Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se um homem morrer e deixar sua esposa sem filhos, seu irmão deverá se casar com a viúva e gerar filhos para seu irmão. 20 Ora, havia sete irmãos. O primeiro
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casou-se e faleceu sem deixar filhos. 21 Então o segundo desposou a viúva, mas também morreu sem deixar descendentes. O mesmo ocorreu com o terceiro. 22 E, dessa forma, nenhum dos sete irmãos deixou filhos. Finalmente, faleceu também a mulher. 23 Na ressurreição, de quem essa mulher será esposa, haja vista que os sete irmãos foram casados com ela?”. 24 Então Jesus os admoestou: “Não é sem motivo que errais tanto, pois não compreendeis as Escrituras nem o poder de Deus!9 25 Quando os mortos ressuscitam não se casam mais, nem são dados em casamento. Pois se tornam como os anjos nos céus. 26 A respeito da ressurreição dos mortos, ainda não tendes lido no livro de Moisés, no texto referente à sarça, como Deus lhe declarou: ‘Eu Sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?’ 27 Ora, Ele não é Deus de mortos, e sim o Deus dos vivos!’. Estais absolutamente enganados!”10 O principal dos mandamentos (Mt 22.34-40; Lc 10.25-28)
Um dos mestres da lei achegou-se e os ouviu argumentando. Observando como
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Antipas, rei da Galiléia. O plano para matar Jesus, tramado logo depois do início do seu ministério na Galiléia, estava agora amadurecendo rapidamente e ganhava força nos meios religiosos e políticos de Jerusalém. 7 O NT apresenta alguns princípios básicos referentes à nossa obediência ao Estado: 1) O Estado não é maior nem mais poderoso que o Senhor. Deve, portanto, ser submisso à vontade expressa de Deus (Rm 13.1). 2) O Estado tem deveres e direitos para com seu povo que, por sua vez, também deve cumprir com suas responsabilidades cívicas. Existem obrigações para com o Estado que não entram em choque com nossas obrigações prioritárias para com Deus (Rm 13.1-7; 1Tm 2.1-6; Tt 3.1,2; 1Pe 2.13-17). 3) O limite dessas responsabilidades para com o Estado não deve ultrapassar a vontade de Deus, claramente expressa pelo Espírito Santo aos cristãos e escrita em Sua Palavra (At 4.19). 8 Os saduceus representavam o partido judaico aristocrata dos sacerdotes e das classes ricas, na época subordinado aos romanos. Estabelecidos principalmente em Jerusalém, fizeram do templo e de sua administração seu interesse principal. Embora pequeno em número, na época de Jesus, esse grupo exerceu poderosa e decisiva influência política e religiosa em Israel, e até em Roma. Negavam a ressurreição dos mortos, aceitavam somente a autoridade divina dos primeiros cinco livros de Moisés (o Pentateuco ou a Torá), e rejeitavam totalmente a tradição oral dos judeus. Essas doutrinas geravam grande conflito entre os saduceus, os fariseus e a fé comum judaica. 9 As doutrinas e pressuposições teológicas dos saduceus os incapacitavam de entender coerentemente (conhecer) o AT como um todo e não apenas o Pentateuco. 10 Era comum os mestres judeus referirem-se ao evento da “sarça” ao falar do maravilhoso encontro de Deus com Moisés no deserto ou para lembrar o texto bíblico de Êx 3.1-6 (ver Rm 11.2, em que “Elias” se refere a 1Rs 19.1-10). Nesta passagem, Jesus confirma a inspiração e a historicidade do texto de Êx 3. Os planos do Criador e Fonte da vida não serão vencidos pela
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Jesus lhes houvera respondido esplendidamente, perguntou-lhe: “De todos os mandamentos, qual é o mais importante?”11 29 Esclareceu-lhe Jesus: “O mais importante de todos os mandamentos é este: ‘Ouve, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus é o único Senhor. 30 Amarás, portanto, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força’.12 31 E o segundo é: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não existe qualquer outro mandamento maior do que estes”. 32 Então o escriba exaltou Jesus: “Muito bem, Mestre! Estás absolutamente certo ao afirmares que Deus é único e que não existe outro que se compare a Ele. 33 E que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento, e com todas as forças, bem como amar ao próximo como a si mesmo é muito mais importante do que todos os sacrifícios e ofertas juntos”. 34 Jesus, por sua vez, vendo que o homem havia respondido com sabedoria, revelou-lhe: “Não estás distante do Reino de Deus!” E, a partir disto, não havia mais alguém que ousasse lhe questionar coisa alguma.
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Cristo é o Senhor de Davi (Mt 22.41-46; Lc 20.41-44)
Mais tarde, Jesus estava ensinando no templo, quando levantou uma questão: “Como podem os mestres da lei pregar que o Cristo é filho de Davi? 36 Sendo que o próprio Davi, expressando-se pelo Espírito, afirmou: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que Eu ponha os teus inimigos debaixo de teus pés’.13 37 Se o próprio Davi o chama de ‘Senhor’. Como é possível, então, ser Ele seu filho?” E numeroso ajuntamento de pessoas o ouvia com grande deleite! 35
Jesus condena os escribas (Mt 23.1-7,14; Lc 20.45-47)
E, continuando seu ensino, advertia Jesus: “Acautelai-vos dos escribas. Pois eles fazem questão de andar com roupas especiais e de receber saudações em praças públicas,14 39 de sentar nos lugares de maior destaque nas sinagogas, e ainda de ocupar as posições mais honrosas à mesa dos grandes banquetes.15 40 Eles devoram as casas das viúvas e, para dissimular, fazem longas orações. 38
morte, nem pelo pecado (Sl 73.23). Deus é Senhor dos vivos, pois ainda que morramos, seremos ressuscitados e estaremos vivos para sempre. 11 Os antigos rabinos judeus contavam 613 ordenanças da Lei e procuravam diferenciar entre mandamentos “pesados” ou “mais importantes” (graves), e aqueles considerados “leves” ou “menos importantes”. Os escribas eram fariseus, teólogos e eruditos da lei, criadores e transmissores da interpretação tradicional dos mandamentos de Deus. 12 Jesus recita o Shema, em razão de ser a primeira palavra hebraica de Dt 6.4, que significa “Ouve” (preste atenção para praticar). Citar este trecho das Escrituras tornou-se uma espécie de confissão de fé judaica, recitada por judeus piedosos e consagrados, todas as manhãs e ao pôr-do-sol. Até hoje é usada para iniciar os cultos nas sinagogas em todo o mundo. No entanto, especialmente na vida dos líderes religiosos que combatiam Jesus, o Shema havia se tornado apenas uma “reza” ou “oráculo”, repetição meramente ritualística de palavras, as quais se imagina que possam tocar a divindade. Jesus resgatou o verdadeiro sentido do Shema e acrescentou-lhe o mandamento de Lv 19.18, para demonstrar que é impossível amar a Deus sem honrar ao próximo com o mesmo sentimento de cuidado que devotamos a nós mesmos. O amor a Deus tem como expressão natural o amor aos irmãos de raça e à terra em geral. O primeiro e o segundo mandamentos são inseparáveis (1Jo 4.20). Agostinho proclamou: “Ama a Deus e faze o que queres”, pois o amor sincero a Deus purifica todas as nossas intenções. A ênfase na unidade absoluta do Deus único é usada para negar qualquer idéia de politeísmo, comum a todos os povos não judeus da antigüidade. 13 Jesus usa habilmente as Sagradas Escrituras para mostrar que o Cristo (o Messias) era mais que descendente de Davi. Era o Senhor de Davi (Sl 110.1). 14 Os escribas (mestres da lei) gostavam de usar túnicas compridas de linho branco com franjas que quase tocavam o chão. Colocavam boa parte de sua respeitabilidade na aparência exterior. 15 Os lugares mais destacados e importantes nas sinagogas ficavam em frente a uma réplica da “Arca” que era usada para guardar os rolos sagrados (cópias manuscritas dos originais). Aqueles que tinham o privilégio de sentar-se ali podiam ser vistos na sinagoga por toda a congregação.
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Estes, certamente, receberão condenação ainda mais severa!”16 A valiosa oferta da viúva pobre (Lc 21.1-4)
E Jesus foi sentar-se em frente ao local onde eram depositadas as contribuições financeiras e observava a multidão colocando o dinheiro nas caixas de coleta de ofertas. Muitos ricos lançavam ali grandes quantias.17 42 Foi então que uma viúva pobre se aproximou e depositou duas moedas bem pequenas, de cobre e, portanto, de bem pouco valor.18 43 E chamando para perto de si os seus discípulos, Jesus lhes declarou: “Com toda a certeza vos afirmo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os demais ofertantes. 44 Porquanto, todos eles ofertaram do que lhes sobrava; aquela senhora, entretanto, da sua penúria deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento”. 41
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Os sinais do final dos tempos (Mt 24.1-35; Lc 21.5-37)
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E ocorreu que ao sair Jesus do templo, observou-lhe um de seus discípulos: “Olhai Mestre! Que pedras enormes. Que construções magníficas!”1 2 Entretanto Jesus lhe revelou: “Vês estas suntuosas construções? Pois aqui não restará pedra sobre pedra; serão todas derrubadas!” 3 Então, havendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras, de frente para o templo, Pedro, Tiago, João e André o consultaram em particular: 4 “Dize-nos quando acontecerão estes eventos, e que sinal haverá quando todos eles estiverem prestes a cumprir-se?” 5 E Jesus passou a preveni-los: “Vede que pessoa alguma vos induza ao erro.2 6 Pois serão muitos os que virão em meu nome, afirmando: ‘Sou eu’; e iludirão multidões. 7 No entanto, assim que ouvirem notícias sobre guerras e rumores de guerras,
16 Os mestres da lei não recebiam um salário fixo e regular. Dependiam de ofertas voluntárias dos irmãos judeus. As senhoras viúvas eram, em geral, as mais generosas e muitas vezes vítimas de exploração. 177 Os gazofilácios ou caixas de ofertas ficavam no átrio das mulheres. Nele se achavam treze receptáculos em forma de trombeta para receber as contribuições trazidas pelos adoradores. De maneira curiosa, os homens tinham permissão para entrar nesse recinto, mas as mulheres não podiam ir a qualquer outra parte do templo. 18 As moedas de cobre (em grego, lepta, “finas”) eram as menores em circulação em toda a Palestina e correspondiam ao mínimo valor monetário, valiam apenas 1/6 de um denário. Todavia Jesus observou o desprendimento da pobre senhora que ofereceu ao Senhor tudo o que tinha (2Co 8.12). Capítulo 13 1 Este capítulo é conhecido por muitos teólogos como “O Sermão Profético”, é também chamado de “Pequeno Apocalipse”. Marcos consegue sintetizar as grandes e dramáticas verdades em relação aos sinais que surgirão na terra prenunciando o iminente e glorioso retorno de Cristo, o final dos tempos e o início de uma nova era (Mt 24; Lc 21 e todo o Apocalipse). O propósito de Marcos não é esclarecer os seus leitores sobre os eventos futuros, mas sim encorajar os cristãos a resistir ao mal; permanecer firmes na fé em Jesus, não importa o quanto às circunstâncias possam ser adversas; manter sempre a Esperança e estar pronto, a todo o momento, para o magnífico encontro com Cristo em glória. O Templo era uma construção suntuosa e exemplar. Refletia o poder e a capacidade do gênio humano. Herodes, o Grande, começou sua reconstrução no século 19 a.C., tornando-a uma das maravilhas do mundo antigo. O historiador judeu Flavio Josefo dizia que as pedras talhadas e usadas na construção eram brancas e muitas mediam até 11,5m de comprimento, 3,7m de altura e 5,5m de largura. Contudo, no ano 70 d.C., antes mesmo da sua conclusão (14.58; 15.29; Jo 2.19, Mt 23.38), o Templo foi completamente destruído, a ponto de não ficar uma só pedra sobre outra. Jerusalém foi toda queimada, as praças públicas tornaram-se lagos de sangue e os soldados romanos cobriram, com sal, os cadáveres e todo o chão da cidade. Esse foi o grande sinal do início dos eventos que marcarão o final dos tempos e da humanidade como a conhecemos hoje. Portanto, a volta triunfal de Cristo pode ocorrer a qualquer momento em nossos dias. 2 Um dos principais propósitos deste sermão é alertar os discípulos quanto ao perigo dos ataques místicos de enganadores e falsos profetas. Durante séculos essas pessoas têm surgido em toda a terra, iludindo e destruindo inúmeras vidas humanas. À medida que o final dos tempos se aproxima, mais defraudadores da verdade arrebanharão multidões de incautos. Por isso Jesus enfatiza o cuidado e o zelo, usando expressões como “ficai vós alertas”, “estai vigilantes” e “vigiai” (9, 23, 33, 35, 37).
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não vos assusteis; é necessário que assim ocorra, contudo, ainda não é o fim.3 8 Porquanto nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Sucederão terremotos em vários lugares e muita fome por toda parte. Esses acontecimentos são o início das dores! 9 Ficai vós alertas, pois vos denunciarão aos tribunais e sereis açoitados nas sinagogas. Por minha causa vos farão comparecer à presença de governadores e reis, e isso se constituirá em testemunho para eles.4 10 Contudo, é indispensável que primeiro o Evangelho seja anunciado para todas as nações.5 11 Todas as vezes que fordes presos e levados a julgamento, não vos preocupeis com o que haveis de declarar, porém, o que vos for concedido naquele momento, isso proclamai; porque não sois vós os que falais, mas, sim, o Espírito Santo! 12 E sucederá que um irmão trairá seu próprio irmão, entregando-o à morte, e dessa mesma maneira agirá o pai para com seu filho. Filhos haverá que se revoltarão contra seus próprios pais e os assassinarão. 13 Sereis odiados de todos por minha causa, todavia, aquele que permanecer firme até o seu fim receberá a glória da salvação.
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A grande tribulação (Mt 24.15-28; Lc 21-24)
Então, quando virdes o sacrilégio horrível posicionado no lugar onde não deve estar (aquele que lê as Escrituras entenderá), os que estiverem na Judéia fujam para os montes. 15 Quem estiver sobre a laje que cobre as vossas casas, não desça nem entre para retirar dela qualquer de vossos pertences.6 16 Quem estiver no campo não retorne para apanhar seu manto. 17 Como serão terríveis aqueles dias, principalmente para as grávidas e para as mães que estiverem amamentando! 18 Orem para que estes eventos não venham a ocorrer no inverno. 19 Pois aqueles serão dias de tamanho sofrimento, como jamais houve desde que Deus criou o mundo até agora, nem nunca mais haverá. 20 Portanto, se o Senhor não tivesse reduzido aquele período, nenhum ser de carne e osso sobreviveria. Contudo, por causa dos eleitos por Ele escolhidos, tais dias foram abreviados pelo Senhor.7 21 Se, todavia, alguém lhes anunciar: ‘Eis aqui o Cristo!’ Ou ainda: ‘Ei-lo logo ali!’ Não deis qualquer crédito a isso! 22 Pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, realizando sinais e maravilhas, 14
3 Jesus se refere ao final da História da Criação e encoraja os cristãos a não se desesperarem, pois assim deve prosseguir a História (Rm 8.22; Hb 12.26). Os falsos mestres e a própria perversão do sistema político, religioso, econômico e social mundial apressarão a volta do Senhor. Entretanto, o cristão, por estar salvo, não deve pensar de forma egoísta: “quanto pior, melhor”. Mas, sim, em tornar-se um canal de bênçãos para a salvação do maior número de pessoas possível. 4 Perseguições e incompreensões aguardam todos aqueles que se lançam ao desafio da proclamação do Evangelho em todo o mundo. Os tribunais religiosos eram dirigidos pelos anciãos (administradores) das sinagogas. As infrações dos regulamentos e estatutos judaicos eram sujeitos a uma punição de até 39 açoites (At 8.1; 9.1; 2Co 11.23,24). Contudo, governadores, reis e grandes autoridades (judeus e gentios) terão a oportunidade de receber o Evangelho do Senhor por meio do testemunho dos cristãos. 5 Jesus prediz que o Evangelho será pregado em todas as nações (em grego: ethnç, a mesma palavra para “gentios”). Todos os gentios sobre a face da terra terão ao menos uma oportunidade de ouvir e receber o Evangelho, e não apenas os judeus (Ap 7). Infelizmente, isso não quer dizer que o mundo se tornará melhor e mais cristão com o passar do tempo, mas que é missão da Igreja ir e proclamar. 6 Aquele que perseverar será salvo do Juízo final, não das perseguições temporais em virtude da sua fé em Jesus Cristo. A expressão aqui traduzida por “laje” tem a ver com um tipo especial de cobertura plana das casas judaicas na época de Cristo, muito diferente dos tradicionais telhados brasileiros e europeus (Mt 24.17; Mc 2.4; Lc 17.31). 7 O Senhor toma o cuidado de não ser muito claro em suas profecias para que apenas aqueles fiéis, que se dedicam à oração e ao estudo da Palavra, possam compreender o verdadeiro sentido das predições. Especialmente as dos versos 14 a 20, para as quais, muitos anos mais tarde, Lucas nos legaria sua interpretação (Lc 21), tendo em vista os acontecimentos que culminaram com a destruição de Jerusalém, entre os anos 66 e 70 d.C., de cujos fatos ele foi testemunha ocular. Os ídolos do imperador e as atitudes bárbaras dos soldados romanos, absolutamente tomados pelo ódio, profanaram o Templo em 70 d.C. (Dn 9.27; 11.31;
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com o objetivo de enganar, se possível, os próprios eleitos.8 23 Desse modo estai vigilantes, pois sobre tudo isso vos avisei com antecedência!
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passará esta geração até que todos esses eventos ocorram.10 31 Os céus e a terra passarão, contudo as minhas palavras nunca passarão.
O glorioso retorno de Jesus
Só Deus sabe o dia e a hora. Vigiai!
(Mt 24.29-31; Lc 21.25-28)
(Mt 24.36-51)
24 Porém, naqueles dias, depois do referi-
32 Todavia, a respeito daquele dia ou hora
do período de tribulação, ‘o sol escurecerá e a lua não dará a sua luz;9 25 as estrelas cairão do céu e os poderes celestes serão abalados’. 26 Então o Filho do homem será visto chegando nas nuvens, com grande poder e glória. 27 Ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, das extremidades da terra até os confins do céu.
ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho do homem, senão apenas o Pai. 33 Estai, pois, atentos e vigiai! Porquanto não cabe a vós saber quando será este tempo. p 34 É como um homem que viaja para outro país e, deixando a sua casa, encarrega cada um de seus servos das suas tarefas e ordena ao porteiro que vigie.11 35 Vigiai, pois, uma vez que não sabeis quando regressará o dono da casa: se à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou mesmo ao raiar do dia. 36 E, em vindo repentinamente, que não vos surpreenda dormindo. 37 O que vos tenho dito, proclamo a todos: Vigiai!”12
A parábola da boa figueira (Mt 24.32-44; Lc 21.29-36) 28 Portanto, aprendei com o ensino da fi-
gueira: Quando seus ramos se renovam e suas folhas começam a brotar, sabeis que o verão vem chegando. 29 Dessa mesma maneira, assim que observardes esses eventos ocorrendo, sabei que o tempo está próximo, já às portas. 30 Com toda a certeza vos afirmo que não
Trama para matar Jesus (Mt 26.1-5; Lc 22.1-2)
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Restavam somente dois dias para a Páscoa e para a festa dos pães
12.11) e tornaram-se uma advertência explícita, quanto ao que, no futuro, o anticristo poderá fazer contra os cristãos e a Igreja, o Templo de Deus na atualidade (2Ts 2.4; 1Pe 2.5). 8 Satanás é o pai da mentira, do engano e do ódio. Seu plano é, antes do final do seu domínio sobre o mundo, enganar e iludir o maior número de seres humanos que puder. Com especial empenho em relação àqueles que foram chamados pelo Senhor para a Salvação e uma nova vida em Cristo (Jo 8.44; 1Jo 2.26,27). 9 O foco dessa passagem está sobre o glorioso retorno de Jesus Cristo (Dn 7.13). As profecias anteriores são indicativos do grande evento do fim. Os fenômenos astronômicos e climáticos são registrados sempre do ponto de vista do observador leigo e sem preocupação científica. Pois era vital apresentar aos povos de todas as épocas, culturas e línguas as grandes pistas da volta triunfal de Cristo, o final das eras, o Juízo e o estabelecimento de uma nova ordem na terra sob o governo de Jesus, o Rei do Universo (Is 13.10; 24.4; Am 8.9; Dn 7.13; Ap 1.7; 21.1-4). Deus realizará seu sonho de reunir todo o seu povo disperso (seus eleitos e amados), de todas as partes e épocas, em torno de si, em espírito de adoração e fraternidade absoluta (Gn 16.7; Ap 14.14-16 com Dt 30.3,4; Is 43.6; Jr 32.37; Ez 34.13; 36.24). 10 O cumprimento das profecias referentes à destruição total de Jerusalém foi visto pela geração contemporânea de Jesus Cristo, inclusive por alguns dos seus discípulos. Além disso, o Senhor é o Deus dos vivos; e, portanto, aqueles que nele crêem não morrem (no sentido de serem destruídos ou deixarem de existir), mas – como adormecidos – aguardam seguros o grande dia da volta de Cristo e a ressurreição dos justos para a glória eterna (os ímpios, para o Juízo e a condenação sem fim). 11 Os verdadeiros cristãos recebem os dons do Espírito para capacitá-los a servir ao Senhor, aos irmãos e ao mundo perdido (1Co 12; Rm 12; 1Pe 4.10). O termo “porteiro” tem o mesmo sentido do “mordomo” de Lc 12.42, e refere-se principal-mente aos líderes espirituais da Igreja. 12 Jesus consegue resumir numa única e simples expressão: Vigiai, todas as principais obrigações que qualquer pessoa – que o siga como discípulo (com fé e devoção) – deva cumprir até o seu glorioso retorno.
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sem fermento. Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei buscavam um meio de surpreender Jesus em qualquer erro e assim poder condená-lo à morte.1 2 Entretanto, comentavam: “Que não seja durante as festividades, para que o povo não se tumultue”. Jesus é ungido em Betânia (Mt 26.6-13; Jo 12.1-8) 3E
estando Jesus em Betânia, reclinado à mesa na casa de certo homem conhecido como Pedro, o leproso, achegou-se dele uma mulher portando um frasco de alabastro contendo valioso perfume, feito de nardo puro; e, quebrando o alabastro, derramou todo o bálsamo sobre a cabeça de Jesus.2 4 Diante disso, indignaram-se alguns dos presentes, e a criticavam entre si: “Para que este desperdício de tão valioso perfume? 5 Um bálsamo como este poderia ser vendido por trezentos denários, e o dinheiro ser doado aos pobres”. E a censuravam severamente.3 6 “Deixai-a em paz!”- ordenou-lhes Jesus. “Por que causais problemas a esta mulher? Ela realizou uma boa ministração para comigo”. 7 Quanto aos pobres, sempre os tendes ao vosso lado, e os podeis ajudar todas
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as vezes que o desejardes, todavia a mim nem sempre me tereis. 8 A mulher fez tudo que estava ao seu alcance. Derramou o bálsamo sobre mim, antecipando a preparação do meu corpo para o sepultamento.4 9 Com toda a certeza Eu vos asseguro: onde quer que o Evangelho for pregado, por todo o mundo, será também proclamada a obra que esta mulher realizou, e isso para que ela seja sempre lembrada”. 10 E, depois disso, Judas Iscariotes, um dos Doze, foi encontrar-se com os chefes dos sacerdotes com o propósito de lhes entregar Jesus. 11 Ao ouvirem a proposta, eles ficaram muito satisfeitos e se comprometeram a lhe pagar algum dinheiro. E, por isso, ele procurava uma oportunidade para entregá-lo. A Ceia do Senhor (Mt 26.17-30: Lc 22.7-23; Jo 13.18-30)
E, no primeiro dia da festa dos pães sem fermento, quando tradicionalmente se sacrificava o cordeiro pascal, os discípulos de Jesus o consultaram: “Onde desejas que vamos e façamos os preparativos para ceares a Páscoa?”5 13 Então Ele enviou dois de seus discípulos instruindo-lhes: “Ide à cidade, e certo 12
1 As celebrações da Páscoa (Êx 12.13,23,27) em Jerusalém reuniam até três milhões de pessoas. Considerando que a população média da cidade era de apenas 50 mil habitantes, é compreensível a grande preocupação das autoridades israelenses e romanas com possíveis tumultos e revoluções. A conhecida Festa dos Pães Asmos ou Festa dos Pães sem Fermento ocorria logo após a Páscoa e durava sete dias (Êx 12.15-20; 23.15; 34.18; Dt 16.1-8). 2 A mulher era Maria, irmã de Marta e Lázaro. No evangelho de João, este evento ocorreu antes de começar a Semana da Paixão (Jo 12.1-3). Mateus e Marcos enfatizam o contraste entre o ódio dos líderes religiosos, a covardia dos discípulos e a traição de Judas Iscariotes, e o amor, coragem de se expor e desprendimento material de Maria. O alabastro era um frasco lacrado, de gargalo longo, que continha valioso perfume, normalmente usado na unção de personalidades notáveis da época ou no preparo mortuário de monarcas e pessoas ricas (Sl 23.5; Lc 7.46). Ao narrar este episódio, Marcos se refere a “alguns dos presentes”, Mateus concentra-se nos “discípulos” (Mt 26.8) e João destaca a participação objetiva e comprometedora de “Judas Iscariotes” (Jo 12.4,5). 3 Trezentos denários correspondiam a quase um ano de trabalho de um soldado romano. Jesus prevê que, até o seu retorno, haverá muitas pessoas que dependerão da ajuda de seus semelhantes. Jesus sempre teve um coração compassivo em relação aos pobres (Mt 6.2-4; Lc 4.18; 6.20; 14.13.21; 18.22; Jo 13.29). 4 Era costume judaico ungir um corpo com óleos aromáticos para o sepultamento (16.1). Entretanto, os corpos de pessoas condenadas por crimes não mereciam tal atenção, cuidado e honra. A “antecipação” de Maria revela que Jesus percebeu que ela tinha compreendido o propósito da vinda do Cristo (o Messias) ao mundo como Servo sofredor (Is 53). 5 Os cordeiros eram tradicionalmente sacrificados no dia anterior ao primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento (Êx 12.6), ou seja, no dia 14 de Nisã (mês que corresponde a abril, quando celebramos nossa Páscoa). O cordeiro tinha de ser sacrificado à tarde (por volta das 15h) e comido em grupos de pelo menos dez pessoas, entre o pôr-do-sol e a meia-noite.
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homem carregando um cântaro de água virá ao vosso encontro.6 14 Segui-o e dizei ao proprietário da casa onde ele entrar que o Mestre deseja saber: ‘Onde está a minha sala de jantar onde cearei a Páscoa com os meus discípulos?’7 15 E aquele homem vos mostrará um amplo cenáculo todo mobiliado e pronto; ali fazei os preparativos”. 16 Partiram, pois, os discípulos e chegaram na entrada da cidade onde encontraram tudo como Jesus lhes havia predito. E ali prepararam a Páscoa.8 17 Ao pôr-do-sol chegou Jesus com seus Doze. 18 E quando estavam ceando, reclinados à mesa, Jesus lhes revelou: “Com toda a certeza vos afirmo que um dentre vós, este que come comigo, me trairá”.9 19 Eles ficaram consternados e lhe afirmavam: “É certo que q não serei eu!” 20 Mas, asseverou-lhes Jesus: “É um dos Doze, aquele que come comigo do mesmo prato.10 21 O Filho do homem vai, conforme está escrito a respeito dele. No entanto, infeliz
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daquele que trai o Filho do homem! Melhor lhe fora jamais haver nascido!” O ato de partilhar o pão e o cálice (Mt 26.26-30; Lc 22.19-23; 1Co 11.23-25)
E, enquanto ceavam, tomou Jesus um pão e, tendo dado graças, o partiu, e o serviu aos seus discípulos, declarando: “Tomai, isto é o meu corpo”.11 23 Em seguida, tomou Jesus um cálice, deu graças e o entregou aos discípulos, e todos beberam dele. 24 Então lhes revelou: “Isto é o meu sangue da Aliança, o qual é derramado para o bem de muitos.12 25 Com toda a certeza vos afirmo que não voltarei a beber do fruto da videira, até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus”.13 26 E, depois de haverem cantado um salmo, partiram para o monte das Oliveiras. 22
Jesus prediz a traição de Pedro (Mt 26.31-35; Lc 22.31-34; Jo 13.36-38) 27 Então, Jesus lhes advertiu: “Todos vós
6 Um homem carregando um pote de água poderia ser facilmente reconhecido na cidade; pois, naquela época e região, apenas as mulheres transportavam água dessa maneira. Pedro e João foram encarregados por Jesus para ir ao encontro previsto (Lc 22.8). 7 Outro costume judaico na época da Páscoa em Jerusalém era o de ceder uma grande sala (salão de hóspedes ou cenáculo), disponível, mediante solicitação prévia, aos peregrinos, para que pudessem cear a Páscoa com seu grupo. 8 Uma grande casa judaica sempre tinha seus cenáculos, amplas e bem ventiladas salas no primeiro andar, cujo acesso se dava por meio de uma escada externa. Em geral os preparativos para a ceia de Páscoa incluíam: O cordeiro pascal, lembrando o sangue que protegeu os filhos de Israel do anjo da morte no Egito (Êx 12.2); os pães asmos, isto é, sem levedura (fermento), como sinal de urgência e rapidez na saída do Egito; água salgada, uma recordação do pranto derramado no Egito e das águas do mar Vermelho; ervas amargas, em memória das amarguras passadas na escravidão; uma sopa de frutas, como lembrança da obrigação de produzir tijolos; quatro copos de vinho, recordando as quatro promessas de Êx 6.6,7. 9 No AT, a Páscoa era comida em pé (Êx 12.11), mas nos tempos de Jesus o costume havia mudado e os judeus, mesmo os mais pobres, faziam suas refeições reclinados sobre almofadas, ao redor de uma mesa baixa, em sinal do direito à liberdade do povo judeu. 10 Jesus se refere à sopa de frutas (em hebraico, charosheth) que ambos estavam degustando do mesmo prato, conforme o costume judaico. Judas foi advertido por Jesus sem que os demais discípulos notassem. 11 A Ceia do Senhor é uma celebração dramática do evento do sacrifício do Senhor para nossa total e completa redenção (Jr 27.28; 10,11; Ez 4.1-8), da mesma maneira que a Páscoa judaica. São quatro os relatos da Ceia no NT (Mt 26.26-28; Mc 14.22-24; Lc 22.19,20 e 1Co 11.23-25). A expressão “dado graças”, deriva da palavra eucaristia em grego. 12 A velha Aliança dependia dos israelitas (e dos gentios) guardarem a Lei (Êx 24.3-8). A nova Aliança, em Cristo, não está alicerçada na dependência das obras da lei, mas no sacrifício vicário de Jesus Cristo (Rm 4.23-31). Assim, todos aqueles que aceitam e recebem pela fé, e para si, esse sacrifício expiatório do Filho de Deus, herdam o Reino e deveriam viver como cidadãos da Nova Jerusalém. O cálice com o sumo do fruto da videira (as uvas são ricas em açúcares e por isso fermentam com rapidez, gerando o vinho), representa o sangue de Jesus que significa sua vida derramada pela nossa salvação. As promessas de Deus ao povo da Nova Aliança só podem ser válidas mediante a morte expiatória de Cristo (Jr 31.31-34; Hb 8.8-12; Lc 22.20 com Êx 24.6,8 e Rm 5.15). 13 Jesus entrega-se à morte por seu voto de nazireu (Nm 6.1-21), enquanto antevê sua ressurreição, após o que se reunirá com seus discípulos em outras épocas festivas e ceará com eles (At 1.4; 10.41). A partir desses eventos, teve início a Ceia do Senhor. Na igreja primitiva era costume a realização de uma grande ceia com muita comida para todos. Com o passar do tempo essa
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me abandonareis. Pois está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas’. 28 Contudo, depois da minha ressurreição, partirei adiante de vós rumo à Galiléia”. 29 Pedro exclamou: “Mesmo que todos te abandonem, eu nunca te deixarei!” 30 Replicou-lhe Jesus: “Com toda a certeza te asseguro que ainda hoje, nesta noite, antes que por duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes”. 31 Entretanto, Pedro insistia com eloqüência: “Ainda que seja preciso que eu morra ao teu lado, jamais te negarei!” E da mesma maneira responderam todos os demais. Jesus Cristo no Getsêmani (Mt 26.36-46; Lc 22.39-46)
Então caminharam para um lugar chamado Getsêmani e, tendo chegado, solicitou Jesus aos seus discípulos: “Assentai-vos aqui, enquanto Eu vou orar”.14 33 E levou consigo a Pedro, Tiago e João, e começou a sentir grande temor e profunda angústia. 34 E compartilhou com eles: “Minha alma está extremamente triste até à morte; ficai pois aqui e vigiai”. 35 Caminhou um pouco mais adiante e, prostrando-se, orava para que, se possí32
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vel, àquela hora fosse afastada dele. 36 E rogava: “Abba, Pai, todas as coisas são possíveis para ti, afasta de mim este cálice; todavia, não seja o que Eu desejo, mas sim o que Tu queres”.15 37 Ao voltar para seus discípulos, os surpreendeu dormindo: “Simão!”- chamou Ele a Pedro. “Estais dormindo? Não conseguistes vigiar nem por uma hora? 38 Vigiai e orai, para não cairdes em tentação, pois, de um lado, o espírito está pronto, mas, por outro lado, a carne é fraca”. 39 E, uma vez mais, Ele se afastou e orou, repetindo as mesmas expressões.16 40 Ao regressar, novamente os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados, mas não sabiam como justificar-se. 41 Voltando ainda uma terceira vez, Ele lhes admoestou: “Ainda dormis e descansais? Basta! Eis que a hora é chegada! O filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. 42 Levantai-vos, pois, e vamos! Eis que chegou aquele que me está traindo!” Jesus é traído e preso (Mt 26.47-56; Lc 22.47-53; Jo 18.1-11)
Jesus ainda não havia terminado de falar, quando surgiu Judas, um dos Doze. 43
celebração restringiu-se mais ao seu simbolismo principal, o qual devemos preservar até a volta de Cristo. Antes das orações finais da Páscoa, Jesus e seus discípulos cantaram trechos dos salmos 114, 118 e 136. 14 Um dos significados da expressão hebraica getsêmanii é “prensa de azeite”, e refere-se a um belo jardim, com pomar, situado na encosta inferior do monte das Oliveiras. Um dos locais preferidos por Jesus para oração e meditação. Jesus sabia que Judas iria para lá e foi ao encontro do seu destino. Jesus levou alguns dos seus discípulos mais chegados para que compartilhassem de sua luta espiritual. Anos mais tarde esses discípulos testemunhariam ao mundo sobre esses fatos. Jesus previu claramente a agonia espiritual e física que teria de suportar. Uma nova e decisiva batalha contra o príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30), no fim da qual, ainda teria de suportar, (sustentar sobre as costas), o castigo pelos pecados de toda a humanidade (Is 53.10). 15 A oração alerta, persistente e relevante é o único caminho para vencer as tentações (1Pe 5.8). Abba, que significa, “papai” ou “meu pai querido”, é uma expressão aramaica, a língua natural de Jesus, e que denota um relacionamento fraterno, íntimo e especialmente amigo, de pai para filho e vice-versa. A morte não horrorizava tanto Jesus quanto o motivo e o modo de sua morte: como um criminoso, peçonhento e rejeitado por todos (Rm 8.15; Gl 4.6). Jesus jamais duvidou do amor de Seu Pai, nem mesmo no Getsêmani. 16 Jesus previne os discípulos sobre o perigo de serem desleais, refere-se especialmente a Pedro que havia demonstrado certa arrogância inconseqüente (vv. 29-31). Quando a parte espiritual do ser humano está em perfeita sintonia com o Espírito de Deus, luta contra a carne, ou seja, contra as tendências egocêntricas e pervertidas das fomes (vontades) humanas. Essa expressão é tirada do Sl 51.12. A solução é “vigiar” e para isso é necessário: que se conheça o inimigo e suas artimanhas (2Co 2.11); que nos revistamos de toda a armadura de Deus (Ef 6.11-18); que permaneçamos acordados espiritualmente (Ef 5.14-16; 1Ts 5.6-10). Da mesma forma, é vital “orar”, e isso requer: uma fé inabalável, com toda a confiança depositada em Deus (1Jo 5.14-15); certeza dos propósitos de Deus comunicados a nós pelo Seu Espírito e Palavra (Rm 8.16; Ef 6.18; Jd 20).
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E com ele chegou uma multidão armada de espadas e cassetetes, vinda da parte dos chefes dos sacerdotes, mestres da lei e líderes religiosos.17 44 Ora, o traidor tinha combinado um sinal com eles: “Aquele a quem eu saudar com um beijo, é Ele: prendei-o e levai-o sob forte segurança”. 45 Então, assim que chegou, dirigiu-se imediatamente para Jesus e o saudou: “Rabbi!” E o beijou.18 46 Em seguida, os homens agarraram Jesus e o prenderam. 47 Nesse momento, um dos que estavam bem próximos puxou da espada e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha.19 48 Exclamou-lhes Jesus: “Acaso estou Eu liderando alguma rebelião, para virdes me prender com espadas e cassetetes? 49 Pois diariamente tenho estado convosco no templo, vos ensinando, e não me prendestes. Contudo, é para que se cumpram as Escrituras”. 50 Logo em seguida, todos fugiram e o abandonaram.20 51 Certo jovem, vestindo apenas um lençol de linho, estava seguindo Jesus, quando também tentaram prendê-lo. 52 Mas ele, largando o lençol, fugiu desnudo.21
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Jesus perante o Sinédrio (Mt 26.47-56; Lc 22.47-53; Jo 18.1-11) 53 Levaram Jesus ao sumo sacerdote; e então se reuniram todos os chefes dos sacerdotes, os líderes religiosos e os mestres da lei.22 54 Pedro o seguiu de longe até o pátio do sumo sacerdote. E permaneceu assentado entre os criados, aquecendo-se junto ao fogo. 55 Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam buscando denúncias contra Jesus, todavia não conseguiam encontrar nenhuma. 56 Várias pessoas também testemunharam falsamente contra Ele, contudo, suas declarações não se mostraram coerentes.23 57 Então, outros se levantaram para testemunhar inverdades contra Ele: 58 Nós o ouvimos exclamar: “Eu destruirei este templo construído por mãos humanas e em três dias edificarei outro, não erguido por mãos de homens”. 59 Entretanto, nem mesmo quanto a essa acusação o testemunho deles era congruente. 60 Então o sumo sacerdote levantou-se diante de todos e interrogou a Jesus: “Nada contestas à denúncia que estes levantam contra ti?”
177 Um bando (ou turba) formado de guardas do templo, com ordens expressas do Tribunal Supremo dos Judeus (Sinédrio), para prender a Jesus e manter a ordem pública; os escravos a serviço do sumo sacerdote, e mais alguns soldados romanos, como nos informa João (18.3). 18 A expressão hebraica Rabbi, que significa “Meu Mestre”, juntamente com um ou mais beijos em cada lado do rosto era um sinal de respeito e gratidão manifestados pelos discípulos judaicos em relação aos seus mestres (Lc 22.47). 19 João nos revela que era Pedro quem estava junto a Jesus e que ele decepou a orelha do servo, que se chamava Malco (Jo 18.10; Lc 22.51). Jesus protesta pela maneira como vieram prendê-lo, uma vez que apenas os revolucionários e criminosos eram agredidos e presos com aquela brutalidade. Aos mestres era destinado um tratamento menos violento e mais respeitoso. 20 O ministério de Jesus em Jerusalém foi bem mais amplo do que Marcos apresenta. Entretanto, João nos oferece uma visão mais completa e detalhada sobre a atividade ministerial do Senhor, na Judéia. Jesus faz uma referência a partes das Escrituras que revelam os acontecimentos da sua missão e sacrifício (Is 53 com Zc 13.7). 21 Historiadores e outros estudiosos bíblicos crêem que este jovem de família rica seja o próprio autor deste evangelho, portanto, João Marcos (At 12.12,25; 13.13; 15.37-39; Cl 4.10; 2Tm 4.11).Em geral, a roupa exterior era de lã, porém, Marcos não teve tempo para vestir-se completamente. 22 O sumo sacerdote chamava-se Caifás e permaneceu nesse ofício desde o ano 18 até 36 d.C. O Supremo Tribunal Judaico (Sinédrio), na época do NT, era composto por 71 membros, divididos em três categorias: os chefes (principais) dos sacerdotes, líderes religiosos (anciãos) e os mestres da lei (escribas). Sob jurisdição do império romano, o Sinédrio tinha grande poder. Entretanto, lhes era vedado o direito de decretar a pena de morte (Jo 18.31 com Mt 27.2). 23 No processo jurídico dos judeus da época, as testemunhas agiam como promotores de acusação. De acordo com a lei (Nm 25.30; Dt 17.6; 19.15), uma pessoa não podia ser jamais condenada à pena de morte a não ser mediante dois ou mais testemunhos. Contudo, esses depoimentos precisavam ter total coerência entre si, sem contradições. O testemunho contra Jesus tinha base falsa, apoiado em uma compreensão distorcida da profecia de Jesus em 15.29 e Jo 2.19.
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Ele, contudo, permaneceu em silêncio e nada replicou. p Mas o sumo sacerdote voltou a indagá-lo: “És tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?”24 62 Jesus asseverou: “Eu Sou! E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso e chegando com as nuvens do céu”.25 63 Diante disto, o sumo sacerdote rasgou suas vestes e esbravejou: “Por que ainda necessitamos de outras testemunhas?” 64 “Ouvistes a blasfêmia! Que vos parece?” E todos o julgaram merecedor da pena de morte.26 65 E assim alguns começaram a cuspir nele; encapuzaram-no, vendando seus olhos e, esmurrando-o, exclamavam: “Profetiza!” E os guardas o levaram debaixo de bofetadas.27 61
Pedro nega a Jesus (Mt 26.69-75; Lc 22.54-62; Jo 18.15-18, 25-27)
Continuando Pedro na parte de baixo, no pátio, uma das criadas do sumo sacerdote passou por ali.28 67 E, vendo a Pedro se aquecendo, fixou bem seus olhos nele e afirmou: “Tu também estavas com Jesus, o Nazareno!”
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Todavia, ele o negou, assegurando: “Não o conheço, nem ao menos sei do que estás falando”. Então foi para fora, em direção ao pórtico. E um galo cantou. 69 Quando a criada o viu lá, começou novamente a falar às pessoas que estavam em derredor: “Este é um deles!” 70 Porém, uma vez mais, ele o negou. E, pouco tempo mais tarde, os que estavam sentados ali perto identificaram Pedro: “Com toda a certeza, tu és um deles, pois és galileu também!” 71 Pedro começou a amaldiçoar-se e a jurar: “Não conheço esse homem de quem falais!”29 72 E, em seguida, o galo cantou pela segunda vez. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: “Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes”. E, percebendo o que fizera, caiu em profundo pranto. 68
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Jesus impressiona Pilatos (Mt 27.1-2.11-26; Lc 23.1-7.13-25; Jo 18.28-19.16)
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Ao raiar do dia, entraram em assembléia os chefes dos sacerdotes com os líderes religiosos, os mestres da lei
24 O sumo sacerdote usa a palavra “Messias” (Cristo, em grego) para fazer com que Jesus se autocondenasse, uma vez que a maioria dos judeus não acreditava que o Messias seria divino e Jesus reivindicava sua plena divindade (v.62). “Bendito”, era uma das maneiras de os judeus se referirem à excelsa pessoa de Deus, sem precisar mencionar o seu nome. 25 O Filho do homem, que estava sendo julgado e condenado por homens ímpios e pecadores, voltará um dia, após Seu reinado à destra de Deus, para julgar definitivamente todos os incrédulos (Dn 7.13 com Sl 110.1 e At 2.34-36). 26 Um antigo costume dos reis e profetas judeus era rasgar as vestes, numa demonstração dramática de horror, escândalo ou ultraje (Gn 37.29; 2Rs 18.37; 19.1). O Sinédrio tinha poder para condenar alguém à pena de morte por apedrejamento(At 7.59), em especial nos casos de cunho religioso. Todavia, ainda assim, precisava de um “referendo” (palavra latina para “autorização”) das autoridades romanas. O crime de blasfêmia incluía não somente a difamação do nome precioso de Deus (Lv 24.10-16), mas também qualquer ofensa à sua majestade ou poder (Mc 2.7; 3.28,29; Jo 5.18; 10.33). Ao ouvir a declaração de Jesus, a multidão presente foi incitada por Caifás para condená-lo à morte. Para Caifás, o fato de Jesus afirmar que era o Messias prometido e que possuía os mesmos atributos de Deus eram razões mais que suficientes para sujeitar Jesus à penalidade estipulada na lei de Moisés: a morte por apedrejamento (Lv 24.16). 27 Uma antiga interpretação judaica dos textos de Isaías (11.2-4) dizia que o Messias seria capaz de conhecer as pessoas e julgá-las ainda que de olhos vendados, apenas pelo olfato. Por isso a zombaria de alguns mais exacerbados (Nm 12.14; Dt 25.9; Jó 30.10; Is 50.6). 28 Enquanto Jesus estava sendo torturado num dos cômodos superiores da casa de Caifás, no pátio, na parte baixa da casa, Pedro procurava não se afastar demais do seu amigo e Messias. A história da negação de Pedro é contada em todos os evangelhos para evidenciar a graça perdoadora e restauradora do Senhor desprezado. 29 Os galileus, como Jesus, eram facilmente identificáveis pelo dialeto marcante que falavam (aramaico). Sua presença no átrio (alpendre) entre os cidadãos de Judá era mais uma evidência de que era um seguidor de Jesus de Nazaré. Essa parte do texto de Marcos foi fornecida diretamente pelo próprio Pedro. As expressões gregas: anathematizein kai amnynai, não sugerem palavras profanas, mas sim que ele teria invocado uma maldição ç divina sobre si mesmo, caso estivesse mentindo, e retirando-se chorou amargamente (em grego: kai epibalon eklaien. É importante lembrar que essa maldição foi quebrada pelo próprio Jesus em um dos seus aparecimentos após a ressurreição (Jo 21.15-19).
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e todo o Supremo Tribunal dos Judeus e tomaram uma decisão: amarraram Jesus, levaram-no e o entregaram g a Pilatos.1 2 Então Pilatos o interrogou: “És tu o rei dos judeus?” Ao que Jesus lhe replicou: “Tu o dizes”. 3 E os chefes dos sacerdotes passaram a levantar várias outras acusações contra Ele. 4 Por isso Pilatos indagou uma vez mais: “Nada respondes? Vê quantas acusações te fazem!” 5 Mas Jesus não respondeu uma só palavra, a ponto de Pilatos ficar muito impressionado.2 6 Ora, por ocasião da festa, fazia parte da tradição libertar um prisioneiro por aclamação popular. 7 Um homem conhecido por Barrabás estava na prisão junto a rebeldes que haviam cometido assassinato durante uma rebelião.3 8 Concentrando-se a multidão, clamaram a Pilatos que lhes outorgasse o direito de costume nessas ocasiões. 9 E Pilatos lhes ofereceu: “Quereis que eu vos liberte o rei dos judeus?” 10 Porquanto ele bem sabia que fora por inveja que os chefes dos sacerdotes lhe haviam entregado Jesus. 11 Então os chefes dos sacerdotes instigaram a multidão a rogar a Pilatos que, ao contrário, soltasse Barrabás. 12 Contudo Pilatos lhes questionou: “Assim sendo, que farei com este a quem
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chamais o rei dos judeus?” Mas eles gritavam: “Crucifica-o!” “Por quê? Que mal fez este homem?” Inquiriu Pilatos. Todavia, eles clamavam ainda mais decididos: “Crucifica-o!” 15 Então, Pilatos, para satisfazer a todo aquele povo reunido, soltou-lhes Barrabás; ordenou que Jesus fosse açoitado e depois o sentenciou à crucificação. 13 14
Jesus é humilhado pelos soldados (Mt 27.27-31)
Em seguida, os soldados agarraram Jesus e o conduziram para dentro do palácio, isto é, ao Pretório, e agruparam toda a tropa. 17 Vestiram-no com um manto de cor púrpura real, depois teceram uma coroa de espinhos e a cravaram sobre sua cabeça. ç 18 E começaram a saudá-lo: “Salve! Ó rei dos judeus!”4 19 Espancavam-lhe a cabeça com uma vara e cuspiam sobre ele. Ajoelhavam-se e lhe rendiam adoração. 20 Depois de haverem zombado dele, despiram-lhe o manto de cor púrpura e o vestiram com suas próprias roupas. Então o levaram para fora, a fim de crucificá-lo. 16
O ato da crucificação (Mt 27.32-44; Lc 23.26-43; Jo 19.16-27) 21 E ocorreu que certo homem de Cirene,
chamado Simão, pai de Alexandre e de
1 A primeira reunião do Sinédrio (Supremo Tribunal dos Judeus) ocorreu informalmente durante a noite, envolvendo apenas alguns integrantes pactuados com a idéia de eliminar Jesus. Logo ao amanhecer, quando começava o dia de trabalho de um oficial romano, foi necessário formalizar, por escrito, a decisão de entregá-lo a Pilatos perante a maioria do Sinédrio reunido. Era sexta-feira (da Paixão, como viria a ser conhecida até hoje) e o sumo sacerdote e alguns outros membros do Sinédrio resolveram denunciar Jesus, a Pilatos, por traição e blasfêmia (Lc 23.1-14). Pilatos era o governador romano da Judéia (de 26 a.C. a 36 d.C.). Sua residência oficial ficava em Cesaréia, no litoral do Mediterrâneo. Todos os anos, quando visitava Jerusalém, costumava hospedar-se no suntuoso palácio construído por Herodes, o Grande, localizado próximo do Templo. Em uma das salas do palácio, chamada Pretório, ocorreu o julgamento romano de Jesus sob a autoridade civil de Pilatos. 2 Conforme profetizado em Is 52.15 e Is 53.7. 3 Barrabás era membro dos zelotes, um grupo judaico revolucionário. Sob o governo dos prefeitos romanos, ações de insurgência e tumulto eram freqüentes, especialmente nos grandes ajuntamentos e festas nacionais como a Páscoa (Lc 13.1). Curiosamente, alguns manuscritos de Mt 27.16 revelam que o outro nome de Barrabás era Jesus, o mesmo nome humano do Senhor. Marcos fala sobre a insurreição liderada por Barrabás como sendo um fato histórico, bem conhecido dos judeus da época. 4 Os oficiais romanos vestiam uma capa, cuja cor, vermelho vivo, representava a realeza e o poder do império romano sobre o mundo. Para zombar da majestade de Jesus, o vestiram com uma velha capa e sobre sua cabeça forçaram uma coroa feita de uma planta (em grego significa “abrolhos”) venenosa e espinhosa comum na Palestina. E para completar a humilhação lhe dirigiam uma paródia da tradicional saudação de reverência a César: “Salve, César!”
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Rufo, passava por ali, vindo do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz.5 22 Levaram Jesus para um lugar denominado Gólgota, que significa local da Caveira. 23 E lhe deram vinho misturado com mirra, mas Ele não o bebeu.6 24 Então o crucificaram. Dividindo suas vestes, jogaram sortes para saber com que parte cada um iria ficar. 25 Eram nove horas da manhã quando o crucificaram.7 26 E assim ficou escrito na acusação contra Ele: O REI DOS JUDEUS. 27 Junto a Jesus crucificaram dois criminosos, um à sua direita e outro à sua esquerda.8 28 Cumpriu-se assim a Escritura que diz: “Ele foi contado entre os malfeitores”. 29 Os transeuntes lançavam-lhe impropérios, gesticulando a cabeça e exclamando: “Ah! Tu que destróis o templo e, em três dias, o reconstróis! 30 Agora desce da cruz e salva-te a ti mesmo!”
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Da mesma maneira os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei zombavam dele entre si, exclamando: “Salvou a tantos, mas a si mesmo não pode salvar-se! 32 Que o Cristo, o Rei de Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos e creiamos!” E, de igual modo, os que com Ele foram crucificados o insultavam.9 31
Jesus brada em sua morte (Mt 27.45-56; Lc 23.44-49; Jo 19.28-30) 33 E aconteceu que toda a terra foi cober-
ta pelas trevas, desde o meio-dia até às três horas da tarde.10 34 Então, por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: “Elohi, Elohi! Lemá sabachtháni?”- que traduzido, quer dizer: “Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonaste?”11 35 Alguns dos que presenciavam o que estava ocorrendo, ouvindo isso, comentavam: “Vede, Ele clama por Elias!”12 36 Então, um deles correu e ensopou uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e a estendeu até Jesus para
5 Este Simão foi o pai do mesmo Rufo de Rm 16.13. Era natural de Cirene, importante cidade da Líbia, na África do norte (At 13.1), onde vivia uma grande população judaica. Era conhecido como “Níger” (negro). 6 Era um costume jjudaico amenizar a dor do martírio, oferecendo ao crucificado uma mistura de entorpecentes p com vinho (Pv 31.6). A mirra é uma especiaria extraída de plantas nativas dos desertos da Arábia e de partes da África (Gn 37.25). Jesus, entretanto, preferiu suportar todo o sofrimento completamente lúcido, pois ninguém estava lhe tirando a vida. Em submissão voluntária ao Pai, Ele a estava ofertando como holocausto pela remissão do pecado de todos aqueles que crêem no seu sacrifício vicário (Zc 13.1; Mc 10.45; Rm 5.8). 7 Em algumas versões da Bíblia aparece a forma judaica usada na época para marcar as horas (traduzido do grego como: “a hora terceira”), e que corresponde às nove horas da manhã (Lc 23.44; Jo 19.14). João, por sua vez, usa a maneira romana (“a hora sexta” ou próximo ao “meio-dia”). Conforme o costume, escrevia-se a acusação numa tábua de madeira, que seguia à frente do sentenciado até o local da execução, quando era então pregada na cruz logo acima da sua cabeça. Marcos sumariza a inscrição, mas João percebe na frase acusatória um relevante dado teológico e profético (Jo 19.19-22). 8 Algumas versões trazem a expressão “ladrões”, todavia o termo grego: evoca o sentido de que aqueles homens eram culpados por crimes de alta traição (insurgência), contra o império romano e por banditismo. O crime de latrocínio não era considerado um delito capital, a não ser quando seguido de morte. 9 Sem perceber, o próprio sumo sacerdote e os principais teólogos da época, estavam afirmando com clareza o poder e a missão do Cristo (o Messias) sobre todo o Israel, ou seja, todo o povo de Deus (Gl 6.16). A verdadeira fé salvadora não se apóia em sinais e maravilhas visíveis, mas na firme convicção criada no coração de cada pessoa pelo próprio Espírito Santo (Jo 20.29). E este é um milagre envolto em grande mistério, graça e maravilha. 10 Algumas versões preservam a maneira grego-judaica de contar as horas: “da hora sexta até a hora nona”. 11 Jesus falou no seu dialeto de família, uma mistura de aramaico com hebraico. Suas palavras, traduzidas aqui por Marcos, continham as expressões proféticas do Salmo 22.1. Ao se identificar com nossos pecados e assumir os erros de cada ser humano (2Co 5.21; Gl 3.13), Jesus, por um momento, teve de sentir a dor da separação do Pai. Enquanto o sacrifício vicário ia sendo aceito por Deus, a humanidade era salva e restaurada. A separação do Pai é o maior sofrimento destinado àqueles que preferem viver em pecado. Deus não pode ter qualquer comunhão com o pecado (o mal), embora ame o pecador e lhe ofereça a salvação pela graça da fé em Cristo, Seu Filho. 12 Algumas pessoas compreenderam mal as palavras de Jesus e pensaram tê-lo ouvido dizer: “Eli, Eli!”, ou seja, “Elias, Elias”. Os judeus, em momentos de grande necessidade, costumavam clamar por “Elias”, pois se cria que Elias, por haver sido arrebatado à presença de Deus, viria em socorro dos justos e inocentes, sempre que estes passassem por grandes aflições.
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que sorvesse. E explicou: “Deixai! Vejamos se Elias vem para tirá-lo daí”. 37 Todavia, Jesus, com um forte brado, expirou.13 38 Então, o véu do Lugar Santíssimo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo.14 39 E, quando o centurião, que estava bem em frente de Jesus, ouviu o seu brado e viu a maneira como expirou, exclamou: “Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus!”15 40 Algumas mulheres acompanhavam tudo de longe. Entre elas estavam Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago, o mais jovem, e de José. 41 Na Galiléia elas tinham seguido e servido a Jesus. Muitas outras mulheres haviam subido com Ele para Jerusalém e, de igual modo, estavam ali presentes.16
do Supremo Tribunal dos Judeus, que também aguardava o Reino de Deus, dirigiu-se corajosamente a Pilatos e solicitou o corpo de Jesus.18 44 Pilatos recebeu com espanto a notícia de que Jesus já havia falecido. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se fazia muito tempo que morrera. 45 Sendo informado pelo centurião, consentiu em ceder o corpo a José. 46 Então José comprou um lençol de linho, desceu o corpo da cruz, envolveu-o no lençol e o colocou num sepulcro cavado na rocha. Depois, fez rolar uma pedra sobre a entrada do sepulcro.19 47 Ora, Maria Madalena e Maria, mãe de José, viram onde Ele fora depositado.
O sepultamento de Jesus
Jesus é ressuscitado
(Mt 27.57-61; Lc 23.50-56; Jo 19.38-42)
(Mt 28.1-10; Lc 24.1-12; Jo 20.1-9)
Este era o Dia da Preparação, isto é, a véspera do sábado.17
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43 E José de Arimatéia, membro honrado
Ao encerrar-se o sábado, Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe
13 João nos revela que o grito de triunfo de Jesus foi: “assim está”, que em grego significa: “consumado” (Jo 19.30). O brado de Jesus é mais uma demonstração de que Ele entregou sua vida e não foi consumido pela morte. Os crucificados passavam, em geral, por longos períodos de intensa agonia, exaustão e perda dos sentidos até que a morte os vencesse. 14 O véu do santuário ou do Lugar Santíssimo (Hb 6.19; 9.3; 10.20) era a cortina que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos (Êx 26.31-33). O partir desse véu tem profundo significado para toda a humanidade. Cristo entra e abre as portas do céu, a fim de que todo cristão sincero tenha acesso à presença de Deus Pai (Hb 9.8-10,12; 10.19,20). Os sacerdotes estavam no templo para a liturgia das tardes. 15 Um centurião era um militar romano que respondia pelo comando de pelo menos cem soldados. O original grego indica que este homem reconheceu Jesus como “O” Filho de Deus, e não apenas “um” filho de Deus (Mt 27.54; Lc 23.47). Seu testemunho de espanto diante do poder de Jesus passou para a história da Igreja de muitas maneiras. 16 Por causa da compaixão e da dignidade com que Jesus tratava as mulheres (marginalizadas pela cultura do seu povo e época), muitas foram salvas, tornaram-se discípulas e seguiram o Senhor. Em 16.9 e Lc 8.2, somos informados de que Jesus expulsou sete demônios de Maria Madalena. Havia também Maria, mãe de Tiago, o mais jovem, e de José (de quem não se sabe mais nada). Salomé era mãe de João e Tiago, mulher de Zebedeu (Mt 27.56). 177 Jesus morreu na sexta-feira (dia em que os judeus se preparam para o sábado), às três horas da tarde (v.34). Restavam apenas três horas para o início do Shabbãth, sábado judaico, no qual todo trabalho era proibido. Por isso a urgência em retirar o corpo da cruz e prepará-lo para o sepultamento. Mais uma forte alusão à urgência com que os judeus tiveram de comer a Páscoa antes de saírem para a terra prometida, e a urgência que temos de nos prepararmos para a segunda vinda do Senhor e do Grande Dia (Mt 22.1-14; 24.32-44; 25.1-13). 18 Muitos historiadores e teólogos afirmam que as informações sobre o julgamento forjado pelo Sinédrio contra Jesus chegaram a Marcos por intermédio de José. Um justo e eminente juiz, da cidade de Arimatéia (Ramataim, Sm 1.1), que ficava cerca de 30 km a noroeste de Jerusalém. José era também um discípulo de Jesus, que manteve sua fé em sigilo até este ato de grande coragem (Mt 27.57; Lc 23.52). Os corpos dos crucificados por crimes de traição não eram liberados para os ritos judaicos de sepultamento nem mesmo aos familiares mais próximos. 19 José ofereceu o próprio túmulo da família, nunca antes usado, cravado na rocha (Mt 27.60). Esse túmulo ficava num jardim, próximo ao local da crucificação (Jo 19.41). No primeiro século esse lugar se transformou-se num cemitério, onde hoje está situada a Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. O sepulcro era fechado por uma grande pedra em forma de disco que girava sobre um sulco e, no caso de Jesus, lacrada com o selo imperial romano.
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de Tiago, compraram especiarias aromáticas para ungir o corpo de Jesus.1 2 Ao raiar do primeiro dia da semana, elas caminharam até o sepulcro. 3 E questionavam umas às outras: “Quem poderá remover para nós a grande pedra que fecha a entrada do sepulcro?”2 4 Contudo, ao se aproximarem do local, viram que aquela enorme pedra, havia sido removida da entrada. 5 E, entrando no sepulcro, viram um jovem vestido de túnica branca, assentado à direita, e ficaram muito assustadas.3 6 “Não vos amedronteis”, disse ele. “Vós buscais a Jesus, o Nazareno, que morreu na cruz. Pois Ele foi ressuscitado! Não está mais aqui. Vede o lugar onde o haviam depositado.4 7 Agora ide, dizei aos discípulos dele e a Pedro que Ele está seguindo adiante de vós para a Galiléia. Lá vós o vereis, assim como Ele vos predisse”.5 8 Apavoradas e trêmulas, as mulheres saíram e fugiram do sepulcro. E não informaram nada a ninguém, pois estavam assombradas e com medo. Jesus aparece primeiro a Madalena (Jo 20.11-18) 9
Quando Jesus ressuscitou, ao alvorecer
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do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, de quem havia expulsado sete demônios.6 10 Então, ela foi e comunicou aos que com Ele tinham estado. Eles, porém, estavam desolados e em prantos. 11 Quando receberam a notícia de que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não conseguiram acreditar. Jesus aparece a outros dois discípulos (Lc 24.13-35)
Depois Jesus apareceu, em uma outra forma, a outros dois seguidores que estavam a caminho do interior.7 13 Então, eles retornaram e informaram tudo isso aos demais. Contudo, também no depoimento deles não creram. 12
Jesus aparece e ordena aos discípulos 14 Mais tarde Jesus apareceu aos Onze, enquanto estavam reclinados, ceando. Repreendeu-lhes a falta de fé e a dureza dos corações, porque não acreditaram no testemunho daqueles que o tinham visto depois de ressurreto. 15 E lhes ordenou: “Enquanto estiverdes indo pelo mundo inteiro proclamai o Evangelho a toda criatura. 16 Aquele que crer e for batizado será
1 Os judeus não tinham o costume de embalsamar (como aparece em algumas versões) os corpos de seus mortos. Logo após as 18 horas, ao encerrar o Shabbãth (período do sábado judaico), as mulheres foram comprar especiarias para ungir o corpo de Jesus como mais um ato de devoção, amor e luto. Entretanto, não havia entre elas qualquer expectativa da ressurreição de Jesus. 2 Rolar aquele tipo de pedra em forma de disco para fechar a entrada do sepulcro era uma ação relativamente fácil. Todavia, depois que a grande pedra era encaixada no sulco cortado na rocha maciça, em frente da entrada, ficava muito difícil e pesado qualquer deslocamento, ainda que mínimo. 3 Os sepulcros dos nobres da época eram espaçosos. Dentro da grande entrada, na frente do sepulcro, havia uma antecâmara e, no fundo desta, uma abertura baixa e retangular que conduzia à câmara da sepultura. Mateus nos informa que um anjo, com a aparência de um jovem humano, estava postado junto ao túmulo vazio do Senhor (Mt 28.2-5). 4 Nos originais gregos o verbo está na voz passiva “foi ressuscitado”, uma ênfase ao poder soberano de Deus Pai (At 3.15; Rm 4.24). O ponto alto da teologia de Marcos é a ressurreição de Jesus, sem a qual todo o trabalho e morte de Jesus teriam sido inúteis à salvação de todos que nele crêem. Por causa da ressurreição, Jesus é declarado Filho de Deus (Rm 1.4). 5 Como já havia revelado, Jesus rumou para a Galiléia, com o propósito de manifestar-se o mais breve possível a muitos dos Seus discípulos (14.28; Mt 28.9,16; 1Co 15.6). Jesus sabia que, apesar dos erros, Pedro o amava com sinceridade. E, por isso, estava desanimado e necessitado de uma cura interior que somente o Senhor, com seu amor e perdão, poderia realizar (Jo 21.15-19). 6 Jesus apareceu em primeiro lugar a Maria Madalena que, juntamente com outras discípulas, foi demonstrar sua devoção e consagrá-lo a Deus, conforme os rituais fúnebres judaicos, logo ao romper da manhã do domingo (Jo 20.11-18). Depois Jesus apareceu às demais mulheres que o seguiam (Mt 28.8-10); em seguida a Pedro (Lc 24.34; 1Co 15.5); aos dois discípulos no caminho de Emaús (Lc 24.13-32); aos discípulos reunidos, mas sem Tomé (Lc 24.36-43; Jo 20.19-25); no domingo seguinte, com a presença de Tomé (Jo 20.26-31); a sete discípulos, no mar da Galiléia (Jo 21); aos apóstolos e a mais de 500 seguidores (Mt 28.16-20; 1Co 15.6); a Tiago, irmão de Jesus (1Co 15.7); e antes da ascensão aos céus, a um grupo de seguidores e discípulos (Lc 24.44-53; At 1.3-12). 7 Jesus assumiu a forma humana de um simples peregrino da época, mas o conteúdo de suas palavras foi revelando Sua pessoa e reanimando Seus desconsolados discípulos, no caminho de Emaús (Lc 24.16). Também a Maria Madalena, sua discípula, surgiu como um humilde jardineiro, mas, ao falar, revelou-se o Cristo amado e poderoso (Jo 20.11-18).
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salvo. Todavia, quem não crer será condenado! 17 E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; em línguas novas falarão.8 18 Pegarão serpentes com as mãos; e, se algo mortífero beberem, de modo nenhum a eles fará mal, sobre os enfermos imporão as mãos e eles serão curados!”9
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Jesus sobe à direita do Pai (Lc 24.50-53; At 1.6-11)
Concluindo, depois de lhes ter orientado, o Senhor Jesus foi elevado aos céus e assentou-se à direita de Deus.10 20 Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a Palavra com os sinais que a acompanhavam. 19
8 Novas línguas e outros sinais chegaram para marcar uma nova época histórica. O tempo da Igreja de Cristo e a nova vida dos salvos (2Co 5.17). 9 Jesus volta, na forma do Espírito Santo, para habitar com poder no corpo dos seus discípulos e apóstolos. E realiza muitas maravilhas por meio deles ao estabelecer Sua Igreja em muitas partes do mundo, até os confins da terra (At 1.8; At 2.42-43; At 28.3-6). 10 Como afirmou Calvino: “Assentar-se à direita do Pai, não se refere à posição do corpo físico de Jesus em algum lugar específico do céu, mas sim à sua posição de majestade e poder como imperador do Universo ao lado de Deus, Seu Pai”, em conformidade com o Sl 110.1 e a palavra profética de Jesus Cristo em Mc 14.62.
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