INTRODUÇÃO
EFÉSIOS Autoria Os eruditos antigos já atribuíam ao apóstolo Paulo a autoria dessa carta à Igreja em Éfeso. Devido ao seu caráter eminentemente circular, alguns teólogos modernos chegaram a cogitar que a falta das tradicionais saudações e outros detalhes quanto ao estilo e conteúdo pudessem ser fatos questionadores da autoria paulina. Entretanto, o próprio Paulo se identifica claramente como o autor dessa epístola universal (1.1-15; 3.1-13; 4.1; 6.19-23). Propósitos p É possível que o fato de esta carta de Paulo não ter por foco nenhum erro, pecado ou heresia específica, o que era um traço comum nas missivas do apóstolo, tenha levado alguns estudiosos a suspeitar da autoria paulina. A primeira parte deste tratado teológico apresenta a forte e complexa base doutrinária cristã, enquanto que, na segunda parte, Paulo escreve como pastor que se preocupa em encorajar seus filhos na fé. Entretanto, essa linha divisória não é tão simétrica e de fácil contorno. O discurso doutrinário é exercido mediante uma situação prática, e as exortações são iluminadas por diamantes da verdade. Paulo escreveu para ampliar os horizontes espirituais de seus leitores de todas as épocas e culturas, com o objetivo de ajudá-los a compreender um pouco melhor as dimensões do plano eterno de Deus Pai e da sua Graça. A profunda e abrangente iluminação que o leitor possa receber da leitura atenta de Efésios, o estimulará a valorizar os alvos mais sublimes que o Senhor estabeleceu para a Sua Igreja. Paulo inicia sua mensagem com um louvor que se transforma em exultação pelos propósitos de Deus para com seus santos, por meio da obra redentora de Jesus Cristo, o Messias, Filho de Deus, bem como pela ação cotidiana do Espírito Santo na vida dos crentes. O apóstolo faz uma pausa para duas orações (1.15-23 e 3.14-19), e segue ensinando aos seus leitores sobre o que está envolvido na redenção: o livramento total do poder do pecado, a vida regenerada e espiritualmente vitoriosa, o ministério de unidade de todos os santos (separados para o louvor e a adoração de Deus) e a união eterna do crente com Jesus Cristo. Deus, portanto, reconciliou o ser humano consigo num ato da Sua Graça leal e eterna (2.1-10). Reconciliou também entre si esses indivíduos, porquanto Cristo, por meio de sua morte e ressurreição, rompeu todas as barreiras entre todos os povos da terra (2.11-22). E mais ainda, o Senhor uniu todas essas pessoas, agora devidamente reconciliadas, num único corpo: a Igreja de Jesus Cristo, a fim de que a Igreja seja o meio pelo qual Deus demonstra sua “multiforme sabedoria” aos “principados e autoridades nas regiões celestiais” (3.7-13). Portanto, fica evidente – até pela redundância proposital da expressão “nas regiões celestiais”, ao longo do texto do apóstolo – que a vida cristã não se restringe somente ao plano terrestre, mas igualmente tem toda a relevância no céu (lugar celestial), onde Cristo está entronizado à direita de Deus Pai (1.3,20; 2.6; 3.10; 6.12). Contudo, Paulo não nos deixa esquecer da dura realidade que todos os cristãos devem viver durante o tempo de sua peregrinação nesta terra, levando com coragem e galhardia o bom testemunho de Jesus. O Senhor exaltado concedeu “dons” aos membros da Igreja, capacitando-os para cooperar uns com os outros, promovendo a união e crescendo em maturidade espiritual a cada dia (4.1-16). A maravilhosa unidade da Igreja, sob o governo amoroso e supremo de Cristo, prenuncia a universal unificação de “convergir em Cristo tudo quanto existe” (1.10). A nova vida, repleta de pureza, humildade, altruísmo e poder espiritual, entra em flagrante contraste com a velha e moribunda maneira de vaguear sem Cristo pela vida (4.17 – 6.9). Os realmente “fortes no Senhor” conquistam a plena vitória sobre Satanás e suas hostes por meio do poder da oração e da consagração pessoal (6.10-20). Data da pprimeira ppublicação ç O ppovo ppagão g de Éfeso teve contato com a mensagem g da salvação ç e com o cristianismo ppor meio do ministério de evangelização realizado pelo casal Áquila e Priscila, quando Paulo teve ali uma breve, mas profícua, estada durante sua segunda grande viagem missionária (At 18.18-19). Em sua
terceira viagem, g , o apóstolo p morou na cidade ppor qquase três anos,, época em que a boa nova de Cristo se disseminou ppor toda a pprovíncia romana da Ásia ((At 19.10).) Éfeso foi a cidade mais importante do oeste da Ásia Menor (atual Turquia). Possuía um porto muito desenvolvido e que, naquela época, dava acesso ao rio Caister, o qual desaguava no mar Egeu. Como a cidade, a exemplo de Corinto, fica numa espécie de encruzilhada entre as mais importantes rotas comerciais, logo se tornou um notável centro comercial cosmopolitano. Os efésios tinham orgulho do templo p pagão que haviam construído em louvor à deusa romana Diana, chamada pelos ggregos g de Ártemis ((At 19.23-31).) Paulo logo g percebeu p o potencial p evangelístico g da cidade e acabou fazendo de Éfeso seu centro avançado de evangelização e missões, durante todo o tempo em que esteve ensinando e discipulando naquela cidade. A Igreja logo se enraizou e floresceu ali. Entretanto, mais tarde, com o surgimento de falsos mestres, judaizantes e místicos de muitos lugares, o Espírito Santo precisou advertí-la severamente quanto ao grave perigo do esfriamento espiritual (Ap 2.1-7). Vários historiadores e biblistas de renome defendem a idéia de que o apóstolo Paulo escreveu Efésios na mesma época em que produziu sua epístola aos Colossenses, por volta do ano 60 d.C., durante seu aprisionamento em Roma (3.1; 4.1; 6.20). Esboço geral de Efésios 1. Saudação e louvores ao Senhor pelo Plano da Salvação (1.3-14) A. Objetivo maior de Deus para Sua Igreja (1.4-6) B. A redenção em Jesus Cristo une todos a Deus (1.7-12) C. O cristão é selado com o Espírito Santo (1.13,14) 2. Oração para que os cristãos tenham uma vida santa (1.15-23) 3. Em Cristo, todos os crentes do mundo são um só Corpo (2.1 –3.21) A. Plenamente livres do pecado e da morte (2.1-10) B. Os gentios compartilham da herança toda (2.11-22) C. O mistério da união dos santos em Cristo (3.1-13) D. Oração para que a união seja real na Igreja (3.14-19) E. Doxologia ao Senhor por Sua Graça infinita (3.20,21) 4. Encorajamento para que os crentes andem em Cristo (4.1 – 6.9) A. Caminhando na unidade do Espírito Santo (4.1-16) B. Caminhando como regenerados em Cristo (4.17-32) C. Caminhando no exercício do amor fraternal (5.1-21) 5. Encorajamento para que os crentes sejam fortes (6.10-17) A. Coragem e firmeza contra o Maligno (6.10-13) B. Perfeitamente capacitados para vencer (6.14-17) 6. A oração é nossa arma mais poderosa (6.18-20) A. Saudações finais e bênção apostólica (6.21-24)
EFÉSIOS Prefácio e saudações Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso.1 2 Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.
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Deus nos abençoou em Cristo 3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo.2 4 Porquanto, Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença.3 5 E, em seu amor, nos predestinou para sermos adotados como filhos, por intermédio de Jesus Cristo, segundo a benevolência da sua vontade, 6 para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos outorgou gratuitamente no Amado.4
Nele, temos a redenção, o perdão dos nossos pecados pelo seu sangue, segundo as riquezas da graça de Deus,5 8 e que Ele fez derramar sobre nós com toda a sabedoria e entendimento. 9 E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que Ele estabeleceu em Cristo, 10 isto é, de fazer convergir em Cristo tudo quanto existe, todos os elementos que estão no céu como os que estão na terra, na dispensação da plenitude dos tempos.6 11 Nele, fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que cria absolutamente tudo de acordo com o propósito da sua própria vontade, 12 com o objetivo de que nós, os que primeiro esperamos em Cristo, sejamos para o louvor da sua glória. 13 Nele, igualmente vós, tendo ouvido a 7
1 O vocábulo grego original, aqui traduzido por “santos”, não se refere a pessoas que não erram ou não pecam, mas a pecadores salvos pela misericórdia e graça de Deus, que também manifestam fé sincera (por isso fiéis) em Jesus Cristo. 2 Paulo nos garante que os cristãos, na união com o Cristo exaltado (ressurreto e entronizado à destra do Pai), já passaram a ser beneficiários de todas as bênçãos que Deus destinou ao céu e aos seus habitantes. A expressão “regiões celestiais” aparece cinco vezes nessa carta de Paulo à Igreja em Éfeso (um dos principais centros urbanos do Império Romano na Ásia). Esta expressão só é encontrada em Efésios (1.3; 20; 2.6; 3.10 e 6.12), sendo que nos dois últimos versículos têm a ver com o âmbito das operações demoníacas. Para os cristãos, entretanto, indica um determinado lugar no mundo espiritual que, após a morte e ressurreição do crente com Cristo, lhes proporcionará o mais agradável e permanente acolhimento (Cl 3.1,2). A expressão “em Cristo” é o termo chave de toda a carta, na qual ocorre mais de dez vezes. Refere-se à vida espiritual entre Cristo e os crentes, que Paulo costuma simbolizar por meio da metáfora “corpo de Cristo” (v.23; 2.6; 4.4,12,16; 5.23,30). 3 A eleição divina é um conceito teológico sempre presente nas cartas paulinas (Rm 8.29-33; 9.6-26; 11.5,7,28; 16.13; Cl 3.12; 1Ts 1.4; 2Ts 2.13; Tt 1.1). Deus nos escolheu por meio de sua determinação soberana, na qual Ele nos deu Sua graça salvadora sem considerar quaisquer possíveis méritos e deméritos nas pessoas escolhidas (Jo 6.37; 17.6). 4 A expressão original grega transliterada echaritõsen significa literalmente “manifestar Sua graça”. No NT, só aparece aqui e em Lc 1.28. Uma vez ligados ao “Amado” (Cristo, o Deus-Filho), somos abençoados com todo o tipo de riquezas espirituais provenientes do amor de Deus. Muitas vezes, contudo, não dispomos nossa vontade (fé) no sentido de percebemos os tesouros divinos e, por isso, vivemos na periferia do Reino de Deus. Salvos, porém, vivendo como incrédulos (1Pe 1.13-25). 5 Paulo usa um exemplo bem dramático e conhecido dos efésios. A redenção era uma prática jurídica greco-romana por meio da qual alguns escravos ganhavam a liberdade mediante o pagamento de certo valor como resgate. Semelhantemente, o resgate necessário para libertação dos pecadores da pena de morte pela desobediência à Palavra de Deus, e sua conseqüente sucessão de pecados (Gn 3; Gl 3.13), era o improvável e alto custo do derramamento do sangue de um humano sem pecado. A única alternativa de Deus foi enviar-se à Terra, na pessoa humana de Seu Filho, Jesus, que – sem pecado algum – entregou sua vida em sacrifício eterno pela redenção de todos quantos crêem no poder remidor do Seu sangue na cruz do Calvário (2.13; 1Pe 1.18,19). 6 A expressão original grega, aqui traduzida por “convergir”, transmite a idéia de absoluta e inquestionável liderança, mas também a idéia de “somar uma coluna de valores”. Ou seja, a reconstituição geral do universo está em pleno curso, com Cristo à cabeça de todo o processo e que alcançará seu auge e estabelecimento eterno quando toda a oposição for colocada debaixo dos Seus pés, por ocasião do Seu iminente e glorioso retorno (v.22; Hb 2.8; Rm 8.18-21).
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Palavra da verdade, o Evangelho da vossa salvação, e nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da Promessa, 14 que é a garantia da nossa herança, para a redenção da propriedade de Deus, para o louvor da sua glória.7 Paulo agradece a Deus e ora 15 Por esse motivo, também eu, tendo ouvido falar da fé no Senhor Jesus que existe entre vós, e do vosso amor fraternal para com todos os santos, 16 não cesso de dar graças por vós, recordando-me de vós em minhas orações, 17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele. 18 Oro, ainda para que os olhos do vosso coração sejam iluminados, para que saibais qual é a real esperança do chamado que Ele vos fez, quais são as riquezas da glória da sua herança nos santos 19 e a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, conforme a atuação da sua portentosa força. 20 Esse mesmo poder que agiu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e entronizando-o à sua direita, nas regiões celestiais, 21 muito acima de toda potestade e auto-
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ridade, poder e domínio, e de todo nome que possa ser pronunciado, não somente nesta era, mas da mesma forma na que há de vir. 22 Também sujeitou tudo o que existe debaixo de seus pés e o designou cabeça sobre absolutamente tudo o que há, e o concedeu à Igreja, 23 que é o seu Corpo, a plenitude daquele que satisfaz tudo quanto existe, em toda e qualquer circunstância.8 Somente pela graça somos salvos Ele vos concedeu a vida, estando vós mortos nas vossas transgressões e pecados,1 2 nos quais andastes no passado, conforme o curso deste sistema mundial, de acordo com o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.2 3 Anteriormente, todos nós também caminhávamos entre eles, buscando satisfazer as vontades da carne, seguindo os seus desejos e pensamentos; e éramos por natureza destinados à ira. 4 No entanto, Deus, que é rico em misericórdia, por meio do grande amor com que nos amou, 5 deu-nos vida com Cristo, estando nós
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7 O Espírito Santo não é somente o “sinal de entrada”, pago de forma adiantada, e que confirma a legitimidade de propriedade por parte daquele que nos comprou e, portanto, selou (marcou), mas representa a própria garantia da qualidade de vida que teremos plenamente no céu e que podemos experimentar durante nossa caminhada cristã na Terra (4.30; 2Co 1.22; 5.5; Fp 1.6). 8 No final da história da humanidade como a conhecemos, o Filho do Homem, o Cristo, reinará soberanamente sobre todos os elementos do universo (Sl 8.5,6; Hb 2.6-9; 10.13). A igreja é a plenitude de Cristo, especialmente no sentido de que Aquele que preenche todas as coisas também a satisfaz perfeitamente. Capítulo 2 1 Paulo começa essa carta comentando sobre os grandes planos do Senhor, que culminam na supremacia absoluta de Cristo (1.10). Agora, passa a explicar as principais etapas dos propósitos de Deus para o universo, a partir da salvação do ser humano. A morte espiritual tem vários sentidos, por exemplo, em Adão (Rm 5.12); em nossos delitos e pecados (Cl 2.13), que podem levar à segunda e derradeira morte (Ap 20.6,14); com Cristo, quando Ele morreu (Gl 2.20; Rm 6.8; Cl 2.20); na simbologia do batismo (Rm 6.4; 2.12); durante a contínua caminhada cristã (Rm 6.11; Cl 3.5). O fim da existência é a razão porque dependemos completamente de Jesus, o único que pode nos dar uma nova vida e a vitória sobre a morte. 2 Satanás é um ser criado, mas não possui qualquer característica humana. É um ser angelical, rebelado contra Deus e toda a criação divina. Desde a queda de Adão (Gn 3), tem domínio sobre a terra e a sociedade mundial. É o príncipe do mal, em cuja pessoa não existe a menor possibilidade de bem; general ardiloso e sanguinário, comanda imenso exército de anjos caídos, que muitas vezes se fazem passar por espíritos iluminados ou anjos de luz, a fim de levarem a efeito os planos diabólicos do seu líder. A matéria-prima usada pelo Diabo e seus seguidores é sempre um amálgama envolvendo dinheiro (poder econômico), prestígio (poder político e cultura promíscuos), e as religiões (falsos mestres e teologias). Contudo, já foi derrotado por Cristo na cruz do Calvário, tem conhecimento da destruição do seu reino e da sua condenação eterna, e não tem qualquer poder para resistir ao Espírito Santo. Paulo usa o “ar” como metáfora para significar toda a massa atmosférica que circunda a Terra, bem como para referir-se ao ambiente (sistema mundial) que acompanha cada novo século (Jo 12.31; 14.30; Jó 1.6; Ez 28.15; Is 14.12-15).
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ainda mortos em nossos pecados, portanto: pela graça sois salvos! 6 Deus nos ressuscitou com Cristo, e com Ele nos entronizou nos lugares celestiais em Cristo Jesus, 7 para revelar nas eras vindouras a suprema riqueza da sua graça, por intermédio da sua bondade para conosco em Cristo Jesus. 8 Porquanto, pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus;3 9 não vem por intermédio das obras, a fim de que ninguém venha a se orgulhar por esse motivo.4 10 Pois somos criação de Deus, realizada em Cristo Jesus para vivermos em boas obras, as quais Deus preparou no passado para que nós as praticássemos hoje.5 A nova humanidade em Cristo 11 Portanto, lembrai-vos de que, anteriormente, éreis gentios por natureza, chamados Incircuncisão pelos que se chamam
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Circuncisão, feita no corpo por mãos humanas; 12 estáveis naquela época sem Cristo, separados da comunidade de Israel, estranhos às alianças da Promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. 13 Todavia, agora, em Cristo Jesus, vós que antes estáveis distantes, fostes aproximados mediante o sangue de Cristo.6 14 Porquanto, Ele é a nossa paz. De ambos os povos fez um só e, derrubando o muro de separação, em seu próprio corpo desfez toda a inimizade, ou seja,7 15 anulou a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças, para em si mesmo criar dos dois um novo ser humano, realizando assim a paz,8 16 e reconciliar com Deus os dois em um só Corpo, pelo ato na cruz, por intermédio do qual Ele destruiu toda a irreconciliabilidade. 17 E vindo Ele, proclamou a paz para vós que estáveis longe e, da mesma forma, para os que estavam perto;
3 Definitivamente, nenhum sentimento ou esforço da parte de qualquer ser humano tem valor ou capacidade para influir em sua salvação pessoal. A salvação é simplesmente uma dádiva (dom) de Deus. A expressão grega original “salvos” traduz vários significados; incluindo, servos salvos (livres) da ira de Deus contra toda a impiedade e seus seguidores (pecadores). O tempo do verbo revela uma ação já concluída, cujo efeito presente é enfatizado (v.5). A única forma de acesso à justificação divina e, portanto, ao perdão de Deus e à salvação eterna da alma, é a sincera fé em Jesus Cristo (Rm 3.21-31). 4 Nenhuma pessoa humana pode merecer a salvação mediante bom comportamento ou a “observância da Lei”. Essa forma legalista de compreender a salvação, ou mesmo o processo de santificação (separação das garras ideológicas do sistema mundial para uma vida de acordo com a direção do Espírito Santo), é sistematicamente condenada nas Escrituras (Rm 3.20,28). Portanto, ninguém pode se orgulhar da salvação como se houvesse conquistado uma medalha de honra ao mérito ou sido aprovado em um exame. 5 O ser humano somente é capaz de realizar “boas obras” de acordo com a perspectiva de Deus e real valor celestial depois de ser transformado em “nova criação” (a expressão grega original tem o sentido de “uma nova obra de arte”), por meio do Espírito Santo de Cristo (2Co 5.17; Gl 5.22-25). As Escrituras conferem toda a glória a Deus por haver planejado o ser humano e seu desenvolvimento santo em sociedade. 6 Depois de haver explicado o maravilhoso plano da salvação dos indivíduos, Paulo passa a argumentar sobre um outro aspecto fundamental da salvação: a união de todos os povos, raças e culturas diante do único Deus. A partir do sacrifício vicário do Deus-Filho, o Messias; judeus e não-judeus (gentios), antes hostis uns com os outros e separados de Deus, agora, em todo o mundo e por toda a história da humanidade, estão reconciliados entre si e com o Senhor, mediante o Cordeiro, Jesus (vv.11-16). Deus, portanto, uniu esses povos num só Corpo, princípio este detalhado por Paulo nos vv.19-22 e no cap.3. A distinção entre judeus e gentios, completamente cancelada em Cristo, tornou obsoletos os termos “Circuncisão” e “Incircuncisão” que, ao longo do tempo e da tradição, haviam assumido a função de títulos e nomes para distinguir (e fazer separação) entre judeus e todos os demais povos da terra. Apesar de muitos ainda não viverem sob a liberdade dessa nova ordem em Cristo, a separação só é possível no coração dos incrédulos (Cl 3.11). 7 Paulo usa, como ilustração à sua explanação, a barreira que havia na corte dos gentios no templo em Jerusalém, e que servia para separar os judeus (puros) dos gentios (impuros). Arqueólogos descobriram, em meados dos séc. XX, fragmentos de pedra com inscrições proibindo, sob pena de morte, a entrada de gentios nas áreas destinadas aos judeus no templo. 8 O padrão moral exigido na Lei do AT não se altera pela vinda e obra de Cristo. O que é cancelado é o efeito das ordenanças específicas, e que serviam para separar os judeus dos gentios que não guardassem as leis judaicas, e, por isso, os gentios não convertidos ao judaísmo eram considerados ritualmente impuros. O “novo ser humano”, criado em Cristo, é a Igreja, que é o Corpo de Cristo (4.13), a “nova criação” de Gl 6.15. Esta unidade de fé só é possível mediante o ministério do Espírito Santo (vv.18,22).
EFÉSIOS 2, 3 18 pois por meio dele tanto nós como vós temos pleno acesso ao Pai por um só Espírito! 19 Portanto, não sois mais estrangeiros, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, 20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra angular desse alicerce.9 21 Nele, o edifício inteiro, bem ajustado, cresce para ser um templo santo no Senhor,10 22 no qual também vós, juntos, sois edificados para morada de Deus no Espírito.
Um judeu, apóstolo dos gentios Por essa razão, eu, Paulo, sou prisioneiro de Cristo Jesus por amor de vós, não-judeus!1 2 Se é que sabeis da dispensação da graça de Deus, que me foi concedida em vosso favor, 3 e, como por revelação, me foi manifestado o mistério, conforme vos escrevi acima de forma resumida.2 4 Assim, quando ledes, podeis perceber o meu entendimento sobre o mistério de Cristo.
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6 5 Esse mistério não foi dado a conhecer às pessoas de outras gerações, mas agora foi revelado pelo Espírito aos santos apóstolos e profetas de Deus, 6 significando que, por intermédio do Evangelho, os não-judeus são igualmente herdeiros com Israel, membros do mesmo Corpo e co-participantes da Promessa em Cristo Jesus. 7 Fui nomeado ministro desse Evangelho, segundo o dom da graça de Deus, que me foi outorgada conforme a atuação do seu poder. 8 Embora eu seja o menor dos menores de todos os santos, foi-me concedida a graça de proclamar aos gentios as insondáveis riquezas de Cristo, 9 e revelar a todos qual é a dispensação deste mistério que, desde os séculos passados, foi mantido oculto em Deus, que tudo criou. 10 A intenção dessa graça era que agora, mediante a Igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos principados e autoridades nas regiões celestiais,3 11 conforme o eterno propósito de Deus realizado em Cristo Jesus, nosso Senhor, 12 por intermédio de quem temos livre acesso a Deus em plena confiança, pela fé na sua pessoa.
9 Paulo continua a usar uma linguagem metafórica para comunicar o conceito teológico de uma estrutura sólida e integrada. Os primeiros apóstolos e profetas realizaram uma obra fundamental ao proclamar e ensinar com toda a dedicação a Palavra de Deus (1Co 3.10,11). Toda a estrutura, no entanto, depende de Cristo, a rocha de fundamento (alicerce), pedra angular, como em Is 28.16, que usa a mesma terminologia em sua tradução grega dos antigos manuscritos hebraicos (a Septuaginta), como uma designação messiânica (Mt 21.42). 10 O supremo Arquiteto projetou, e Ele mesmo é a base do templo que constrói, no qual os gentios (não-judeus) fazem parte integral do edifício, não como anexos ou simples dependências (como na tradição judaica no passado). A ilustração de um edifício em construção comunica perfeitamente o sentido do crescimento dinâmico da Igreja e seu propósito (4.16). Capítulo 3 1 Devemos lembrar que Paulo escreveu originalmente cartas, sem as nossas tradicionais divisões em capítulos e versículos; aqui, faz alusão a todo o seu arrazoado anterior. Assim, devemos considerar que, por tudo o que Deus tem realizado, Paulo compreende que é prisioneiro de Cristo e jamais dos homens. Segundo vários historiadores e biblistas, Paulo estava sob prisão domiciliar na época em que escreveu essa carta (At 28.16,30), e isto, por causa da sua insistência em obedecer às orientações de Cristo, apesar das oposições judaicas e romanas. Curiosamente, após esse versículo, Paulo interrompe sua primeira linha de raciocínio para explicar “o mistério de Cristo” (v.4), mas retoma o pensamento inicial no v.14. 2 O mistério é descrito e explicado no v.6, e pode ser assim resumido: “Cristo em vós (não-judeus ou gentios) a esperança da glória” (Cl 1.27). 3 Aprouve a Deus demonstrar seu poder e sabedoria por meio do milagre de unir num único organismo: a Igreja, judeus e gentios convertidos a Cristo. Essa capacidade da Igreja de Cristo de unir todos os povos, raças e culturas, revela a multiforme sabedoria do Senhor, como as diversas facetas do mais belo e puro diamante. Paulo afirma que tanto os anjos fiéis ao Senhor quanto as hostes subjugadas pelo Diabo contemplam a vida da Igreja (1.21; 4.1; 6.12; Jó 1.11). A supremacia de Cristo, revelada por meio da união da sua Igreja, é uma antevisão do plano eterno de Deus: absoluto domínio de Cristo sobre o universo (v.11; Mt 28.18).
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Portanto, rogo-vos que não vos desanimeis por causa das minhas tribulações em vosso benefício, pois nisso está a vossa glória. 13
A oração do apóstolo pela Igreja 14 Por esse motivo, dobro o meu joelho diante do Pai, 15 do qual se deriva toda a paternidade nos céus e na terra.4 16 Oro para que, juntamente com suas gloriosas riquezas, Ele vos fortaleça no âmago do vosso ser, com todo o poder, por meio do Espírito Santo.5 17 E que Cristo habite por meio da fé em vosso coração, a fim de que arraigados e fundamentados em amor, 18 vos seja possível, em união com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade dessa fraternidade, 19 e, assim, entender o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que sejais preenchidos de toda a pplenitude de Deus. 20 Àquele que é poderoso de realizar infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou imaginamos, de acordo com o seu poder que age em nós, 21 a Ele seja a glória na Igreja e em Cristo
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Jesus, por todas as gerações, por toda a eternidade. Amém! A unidade da Igreja Portanto, eu, prisioneiro no Senhor, suplico-vos que andeis de modo digno para com o chamado que recebestes,1 2 com toda humildade e mansidão, com paciência, suportando-vos uns aos outros em amor, 3 procurando cuidadosamente manter a unidade do Espírito no vínculo da paz.2 4 Há um só corpo e um só Espírito, da mesma forma que a esperança para a qual fostes chamados é uma só;3 5 há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, 6 um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos. 7 E a cada um de nós foi concedida a graça, conforme a medida repartida por Cristo. 8 Por isso, é que foi declarado: “Quando Ele subia em triunfo às alturas, levou cativos muitos prisioneiros e distribuiu dons aos homens”.4 9 O que significa “Ele subiu”, senão que também desceu às partes mais baixas da Terra?
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4 A palavra “família” e “paternidade” derivam do vocábulo grego original paterr (pai). Deus é nosso Pai e o arquétipo de toda a paternidade, a fonte de todos os povos e a divisão familiar na criação. 5 Assim como nosso corpo natural retira força e energia dos alimentos físicos, nosso ser interior, semelhantemente, deve ser alimentado e fortalecido pelo Espírito de Cristo (v.17) que vive (habita) no íntimo de todo crente (Jo 15.5; 1Co 12.8-28). Capítulo 4 1 Paulo ensinou como Deus resgatou judeus e não-judeus (gentios) para um novo e maravilhoso relacionamento com Ele, e como sua Igreja (união de todos os cristãos da terra num único Corpo). Agora, o apóstolo passa a mostrar como os crentes em Cristo devem se desenvolver e amadurecer na fé. Somos chamados a viver de tal modo exemplar que o mundo não possa negar que somos filhos de Deus e cidadãos do céu. As qualidades do v.2 são imprescindíveis (Fl 2.1-4). 2 Os cristãos têm a máxima responsabilidade de evitar que a unidade da Igreja, produzida por Deus mediante o sacrifício expiatório de Cristo, seja de alguma forma perturbada ou difamada (2.14-22). 3 A esperança tem diversos aspectos, mas não deixa de ser uma só, basicamente vinculada ao futuro triunfante e glorioso de Cristo e sua Igreja (1.5,10; 2.7). Paulo não se refere exatamente ao batismo no Espírito (1Co 12.13), que é sempre um milagre interior e, portanto, invisível. Considerando que Paulo está ensinando sobre o novo símbolo de iniciação consciente à verdadeira fé em Deus (abolindo a circuncisão e qualquer outro), o qual identifica todos os crentes como irmãos; naturalmente, está também fazendo referência ao mandamento eclesiástico, segundo o qual todo novo convertido deveria participar publicamente. Na época de Paulo, essa cerimônia e testemunho públicos representavam, mais do que hoje, uma marca evidente de novo nascimento e discipulado em Cristo. Um dos motivos era que tal manifestação pública, certamente, implicaria em perseguições de todo tipo e grande risco de vida. 4 O AT fala do reinado triunfante de Deus no templo de Jerusalém, uma figura do trono do Senhor nos céus (Sl 68.18). Paulo amplia esse conceito ao falar da ascensão de Jesus Cristo ao céu. A expressão em hebraico “receber” ou “trazer” era interpretada pelos antigos rabinos em seu sentido espiritual: “dar e receber” ou “trazer e levar”, como uma pista de duas mãos (Gn 15.9; 18.5; 27.13; Êx 25.2; 1Rs 17.10,11).
EFÉSIOS 4
Aquele que desceu é o mesmo que semelhantemente subiu muito além de todos os céus, para preencher tudo o que existe. 11 Assim, Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12 com o propósito de aperfeiçoar os santos para a obra do ministério, para que o Corpo de Cristo seja edificado, 13 até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da estatura da plenitude de Cristo. 14 O objetivo é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para o outro pelas ondas teológicas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela malícia de certas pessoas que induzem os incautos ao erro.5 15 Longe disso, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. 16 Dele todo corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função. 10
Como devem agir os crentes Sendo assim, eu vos afirmo, e no Se-
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nhor insisto, para que não mais viveis como os gentios, que vivem na inutilidade dos seus pensamentos.6 18 Eles estão com o entendimento mergulhado nas trevas e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, devido ao embrutecimento do seu coração. 19 Havendo perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram a um estilo de vida depravado, cometendo com avidez toda a espécie de impureza. 20 Entretanto, não foi isso que vós aprendestes de Cristo! 21 Se é que de fato o ouvistes e nele fostes discipulados, conforme a verdade que está em Jesus.7 22 Quanto à antiga maneira de viver, fostes instruídos a vos despirdes do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, 23 a serdes renovados no vosso modo de raciocinar e 24 a vos revestirdes do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da Verdade.8 25 Portanto, cada um de vós deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo Corpo. 26 “Estremecei de ira, mas não pequeis”,
5 O surgimento de falsos mestres não é apenas um fenômeno atual, nem exclusivo ao final dos tempos; Paulo e mesmo Jesus já lutavam contra pregadores de má índole, que não eram inocentes mal-orientados, mas pessoas perversas, egoístas, avarentas e fraudulentas; cujo objetivo maior era afastar os crentes imaturos do Caminho do Senhor por meio de sofismas e heresias bem engendradas (deduções falsas e mentirosas a partir de algumas bases reais e verdadeiras). Paulo usa uma figura de linguagem da área náutica para comparar o comportamento confuso e inseguro e de certos cristãos instáveis como pequenas embarcações em meio ao mar revolto (1Tm 4.1,2). 6 Os seres humanos foram criados por Deus para exercer ao máximo e livremente sua capacidade intelectual. Entretanto, quando o uso da inteligência e da criatividade é realizado longe do amor e da direção do Espírito de Deus, torna-se inócuo, frustrante e, muitas vezes, perigoso (Rm 1.21; Ec 1.2). Paulo acaba de considerar a unidade e a maturidade v.13, (literalmente no original grego “homem maduro”), como objetivos gêmeos e simultâneos para o ministério do Corpo de Cristo: a Igreja, a qual Deus gerou pela morte e ressurreição de Cristo. Agora, o apóstolo do Senhor, passa a demonstrar que a pureza também é essencial entre os que pertencem a Deus (4.17 – 5.20). 7 Paulo se refere a Cristo (que é a tradução grega do título hebraico “Messias”), por seu nome humano, Jesus, personificando “a verdade” na vida terrena e no exemplo de Jesus Cristo. Ele incorpora “a verdade” (Jo 14.6), deu testemunho da “verdade” (Jo 18.37) e é a fonte de toda a certeza e de todos os benefícios do Evangelho. 8 As palavras “despirdes” e “revestirdes” lembram a forma do batismo primitivo. Os velhos trajes (figuradamente imundos) do batizando eram abandonados para se vestir novos trajes brancos (como a santidade). Os tempos verbais, no original grego, indicam que se referem a atos definitivos; ao passo que o “serdes renovados” comunica a idéia de um processo diário e permanente. Somente pela renovação contínua promovida no coração do crente pelo Espírito Santo, é possível viver a vida cristã de uma maneira vitoriosa e gloriosa, apesar das fraquezas naturais e das tribulações (Cl 3.8-12).
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acalmai a vossa raiva antes que o sol se ponha, 27 e não deis lugar ao Diabo.9 28 Aquele que roubava, não roube mais; pelo contrário, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com quem está atravessando um período de necessidade. 29 Não saia da vossa boca nenhuma palavra que cause destruição, mas somente a que seja útil para a edificação, de acordo com a necessidade, a fim de que comunique graça aos que a ouvem.10 30 E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o qual fostes selados para o dia da redenção.11 31 Toda amargura, cólera, ira, gritaria e blasfêmia sejam eliminadas do meio de vós, bem como toda a maldade! 32 Pelo contrário, sede bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando uns aos outros, da mesma maneira como Deus vos perdoou em Cristo.
EFÉSIOS 4, 5
Caminhando em amor fraternal Portanto, sede imitadores de Deus, como filhos amados; 2 e andai em amor como Cristo, que também nos amou e se entregou por nós a Deus como oferta e sacrifício com aroma suave.1 3 Entre vós não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma espécie de impureza e de cobiça; pois essas atitudes não são adequadas aos santos. 4 Não haja obscenidades, nem conversas tolas, nem gracejos imorais, que são inconvenientes, mas, ao invés disso, portaivos com ações de graça. 5 Porquanto, podeis estar bem certos disto: nenhum imoral, ou impuro, ou ganancioso, que é idólatra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus. 6 Ninguém vos engane com palavras destituídas de sabedoria; porque é justamente devido a esse comportamento
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9 O ser humano não é desprovido de suas emoções naturais quando se torna um cristão convicto e fiel. Todavia, há uma bênção poderosa reservada para os crentes que confiam na direção do Espírito Santo e submetem aos seus cuidados todos os sentimentos e vontades. O pecado em geral se deve aos nossos maus desejos, regados à vaidade, egoísmo, avareza e arrogância, muito mais do que às tentações promovidas diretamente pelo Diabo e seus demônios. No entanto, é evidente que Satanás se vale das nossas fraquezas e da falta de sabedoria em agir sob a iluminação do Espírito, e nunca apenas de acordo com nossos próprios sentimentos (Tg 1.14). A ira (com suas filhas: amargura e vingança) tem sido, ao longo da história, uma das principais fraquezas humanas catalisadas pelas forças diabólicas. Por isso, Paulo exorta os cristãos a terem cuidado com a raiva e o furor, os quais devem ter sua expressão purificada pelo Espírito antes de provocarem mais destruição, pois nossa tendência natural é sempre pagar em dobro pelo mal que nos causaram. Portanto, os crentes são advertidos a exercerem a humildade e a paciência (como demonstrações de fé na perfeita ação de Deus) e a não deixarem que sua indignação ultrapasse o período máximo de um dia (Sl 4.4; Mt 5.22). 10 O cristão é uma criação de Deus absolutamente nova e diferente do ser humano natural. Por isso, ao crente não basta abandonar as práticas imorais e irracionais do “velho homem”, mas cooperar de todas as formas (palavras e atitudes práticas) para a transformação desse sistema mundial decaído e fadado a destruição. Quem roubava ou extorquia, agora, como cristão, deve deixar-se levar pelo Espírito à prática de boas obras. Aquele que usa a palavra para expressar rancor e impropriedades, não apenas cessa com esse mau costume, mas passa a conhecer o poder da palavra e usá-la de forma assertiva, construtiva e abençoadora (Rm 12.5; Cl 3.9). 11 O verbo grego original aqui usado demonstra que o Espírito Santo é uma pessoa, não meramente uma energia, sentimento ou influência, porquanto somente uma pessoa pode ser “entristecida”. São nossas palavras e atitudes (v.29,31) que podem alegrar ou entristecer o Espírito de Deus que vive em nós, por causa de Cristo, como garantia eterna (selo) de que somos novas criações e já estamos separados para habitarmos o novo mundo que se iniciará com o iminente e glorioso retorno do Senhor (Ap 21.1-4). Capítulo 5 1 Paulo nos orienta a imitar a Deus por meio de um espírito perdoador e agir como Seu Filho Jesus agiu nas diversas situações da vida (4.32; Sl 103.8-13). O amor sacrificial de Cristo pode ser notado não somente na grandiosa obra da Salvação (cap.2), mas também como exemplo de como devemos exercer o amor fraternal. Na Torá (basicamente os primeiros cinco livros do AT), a frase “aroma suave”, referindo-se à oferta do sacrifício a Deus, aparece mais de 40 vezes, enfatizando o quanto esse ato de profunda devoção e entrega era agradável ao Senhor (Gn 8.21; Êx 29.18,25,41; Lv 1.9,13,17). A mesma atitude que Deus teve em relação à salvação da humanidade (Rm 8.32).
EFÉSIOS 5
que a ira de Deus vem sobre os filhos da desobediência.2 7 Portanto, não sejais participantes com eles.3 Caminhando na luz 8 Pois, no passado éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Assim, andai como filhos da luz, 9 porquanto, o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade; 10 e aprendei a discernir o que é agradável ao Senhor.4 11 E não vos associeis às obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as; 12 pois é vergonhoso até mesmo mencionar as coisas que fazem às escondidas. 13 Mas todas essas atitudes, sendo condenadas, manifestam-se pela luz, pois absolutamente tudo se torna visível diante da luz. 14 Por isso é que foi dito: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo resplandecerá sobre a tua pessoa”.5
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Caminhando em sabedoria 15 Portanto, estai atentos para que o vosso procedimento não seja semelhante aos insensatos, mas andai em sabedoria, 16 aproveitando bem cada oportunidade, porque os dias são maus. 17 Portanto, não sejais faltos de juízo, mas buscai compreender qual é à vontade do Senhor. 18 E não vos embriagueis com vinho, que leva à devassidão, mas deixai-vos encher pelo Espírito,6 19 falando entre vós com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, 20 e cotidianamente dando graças por tudo a Deus, o Pai, em o Nome de nosso Senhor Jesus Cristo,7 21 sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.8 Caminhando na vida conjugal 22 Esposas, cada uma de vós respeitai ao vosso marido, porquanto sois submissas ao Senhor;
2 A expressão grega “filhos da desobediência”, mantida aqui em sua forma original, como aparece na Septuaginta (a tradução grega do AT), é um hebraísmo, e significa: “pessoas que propositalmente se colocam contra e permanentemente rebeldes ao apelo do Evangelho” (2.2; Cl 3.6). 3 Embora os cristãos não possam se alienar do sistema mundial vigente, e precisem conviver nos diversos relacionamentos sociais normais com seus próximos, como também acontecia com Jesus Cristo (Lc 5.30-32; 15.1,2), não devem partilhar do mesmo estilo de vida pecaminoso dos incrédulos. A pessoa que persiste na cobiça (sexual e de todos os outros tipos) exclui a ação do Espírito de Deus de sua vida; em conseqüência, Deus a exclui da participação em seu Reino (1Co 6.9,11). 4 O fruto da luz é oposto às obras das trevas (Gl 5.22,23). Cristo é a Luz (Jo 1.9; 3.19; 8.12). Fazer a sua vontade é, portanto, não apenas caminhar na luz (1Jo 1.7; 2.10), mas refletir a Luz para as áreas mais escuras da alma e da sociedade humanas (Mt 5.14). 5 Paulo cita uma estrofe de um conhecido hino cristão do primeiro século, baseado em Is 60.1, que apela aos incrédulos para que não deixem passar a grande oportunidade de aceitar o Evangelho, isto é, o Messias e Salvador Jesus Cristo (Cl 4.5). 6 Assim como a embriaguez domina uma pessoa e altera sua razão e atitudes, o Espírito transforma o comportamento do crente. O álcool, as drogas e todos os vícios, conduzem seus escravos para as trevas infernais, ao passo que o Espírito Santo garante, ao seu servo, vida eterna e todos os benefícios do Reino de Deus. O tempo presente do verbo grego no original é usado para mostrar, que a plenitude do Espírito Santo não é uma experiência. Repetidas vezes, conforme requeira cada ocasião, o Espírito revestirá o coração do crente para o testemunho, a evangelização, a adoração, a contribuição e o serviço cristão em geral (Cl 3.15; 4.1 de acordo com Ef 5.18 – 6.9). 7 O cristão que aprendeu a andar diariamente na plenitude do Espírito Santo não tem porque viver se queixando ou amargurado, mesmo em meio às mais difíceis provações. Esse comportamento vitorioso, grato e otimista não tem a ver com forças do pensamento positivo, mas com a correta compreensão da pessoa de Deus-Pai, do seu amor inalterável e de que todos os seus propósitos são bons e contribuem para nossa verdadeira felicidade hoje e, mais ainda, na eternidade (Rm 8.28; 1Ts 5.18; Hb 12.3-11). 8 Nos capítulos 2 a 4, Paulo demonstrou como Deus pode unir judeus e gentios cristãos num novo relacionamento com Sua Pessoa por meio de Jesus Cristo. Em 4.1-6, ressaltou a importância da unidade. Agora revela como os crentes, plenos do Espírito Santo, podem conviver satisfatoriamente nos vários relacionamentos humanos. Essas orientações práticas quanto às responsabilidades mútuas dos cristãos fiéis é semelhante às que são ministradas em Cl 3.18 – 4.1 e em 1Pe 2.13 – 3.12, de acordo com Rm 13.1-10. A chave para todos os relacionamentos humanos é a humildade (mútua submissão dos crentes), virtude que só é plenamente possível por meio do revestimento (pleno controle) do Espírito de Deus.
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porque o marido é o cabeça da esposa, assim como Cristo é o cabeça da Igreja, que é o seu Corpo, do qual Ele é o Salvador. 24 Assim como a igreja está sujeita a Cristo, de igual modo as esposas estejam em tudo sujeitas a seus próprios maridos.9 25 Maridos, cada um de vós amai a vossa esposa, assim como Cristo amou a sua Igreja e sacrificou-se por ela,10 26 a fim de santificá-la, tendo-a purificado com o lavar da água por meio da Palavra,11 27 e para apresentá-la a si mesmo como Igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou qualquer outra imperfeição, mas santa e inculpável. 28 Sendo assim, o marido deve amar sua esposa como ama o seu próprio corpo. Quem ama sua esposa, ama a si mesmo! 29 Pois ninguém jamais odiou o próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, assim como Cristo zela pela Igreja,12 30 pois somos membros do seu Corpo. 23
EFÉSIOS 5, 6
31 “Por este motivo, o homem deixará pai
e mãe e se unirá à sua esposa, e os dois se tornarão uma só carne.” 32 Este é um mistério grandioso; refirome, contudo, à união entre Cristo e sua Igreja.13 33 Portanto, cada um de vós amai a sua esposa como a si mesmo, e a esposa trate o marido com todo o respeito. Caminhando como pais e filhos Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, porquanto isto é justo. 2 “Honra a teu pai e tua mãe”; este é o primeiro mandamento com promessa, 3 para que vivas bem e tenhas vida longa sobre a terra.1 4 E vós, pais, não provoqueis a ira dos vossos filhos, mas educai-os de acordo com a disciplina e o conselho do Senhor.2
6
Caminhando como servos 5 Quanto a vós outros, escravos, obede-
9 Paulo aplica o conceito da total submissão dos crentes a Cristo, e da mútua submissão dos cristãos (plenitude do Espírito), ao matrimônio. Sujeitar-se ou submeter-se implicava em abrir mão dos direitos. O termo podia ter o sentido de “obediência”, como na disciplina militar, porém a palavra “obedecer” não aparece em nenhuma parte das Escrituras em relação às esposas, embora seja usada no tocante aos filhos (6.1), e aos escravos e servos (6.5). A expressão “porquanto sois submissas ao Senhor” difere da maioria das antigas versões, por deixar mais claro ao leitor o sentido original da frase, que um homem não pode ocupar o lugar de Deus na vida da esposa. Mas, pelo contrário, que a esposa deve respeitar com carinho a seu marido como um ato de fé e dedicação ao Senhor. A analogia entre o relacionamento de Cristo com a Igreja e do marido com a esposa é fundamental para compreensão integral desse princípio bíblico. Cristo fez por merecer seu relacionamento especial com a Igreja (2.16; 4.4,12,16; 1Co 11.3). 10 Paulo enfatiza que, especialmente no relacionamento conjugal, a submissão não deve ser apenas uma atitude unilateral, mas um relacionamento recíproco entre duas pessoas que amam a Deus e desejam agradá-lo (oferecendo a Deus o sacrifício de uma vida santa). A entrega pessoal de Jesus, por nossa salvação eterna, ilustra de forma dramática a maneira pela qual o marido cristão deve dedicar-se carinhosamente ao bem-estar de sua esposa. Entregar-se à morte a favor da amada é uma manifestação mais sublime de devoção do que a exigida da esposa. Que mulher não seria submissa a um homem capaz de entregar sua própria vida para vê-la feliz? 11 O Senhor Jesus Cristo morreu e ressuscitou, não apenas para nos dar o perdão eterno de que tanto carecíamos, mas para levar sua Igreja a viver uma vida de plena santidade e purificação, como sua “noiva”. Uma análise dos conceitos da lavagem, por meio da água e da Palavra devem considerar os seguintes textos bíblicos: Jo 3.5; 15.3; Tt 1.18; 1Pe 1.23; 3.21. 12 A base dessas afirmações e da doutrina desses versículos é a citação de Gn 2.24. Se o marido e sua mulher se tornam “uma só pessoa”, logo, quando o homem ama a esposa, ama aquela que se tornou parte integrante do seu próprio corpo. 13 O mistério da união do homem com a sua mulher é um eco humano da realidade espiritual mais sublime, que há na união de Cristo com os Seus num só Corpo: a Igreja (Rm 11.25). Capítulo 6 1 No AT, quando esse mandamento, a “promessa” tem a ver com a ocupação da “terra”, ou seja, de toda a Palestina (Êx 20.12; Dt 5.16), desde que Israel se arrependesse de seus pecados e se mantivesse fiel a Yahweh (o nome de Deus em hebraico). Paulo, evidentemente, não está se referindo a esse aspecto particular, mas a uma aplicação geral dos resultados da obediência ao mesmo princípio bíblico. 2 Os pais representam o cuidado de Deus para com seus filhos, especialmente quanto aos menores de idade. Quando cristãos, têm a responsabilidade divina de educá-los na Palavra de Deus, zelar por seu progresso moral, ético e social. Os filhos têm a obrigação de obedecer e respeitar a seus pais, como ao Senhor. Os pais devem evitar submeter seus filhos a qualquer tipo de constrangimento, maus tratos ou injustiça.
EFÉSIOS 6
cei a vossos senhores terrenos com todo o respeito e temor, com sinceridade de coração, como a Cristo, 6 não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração, a vontade de Deus,3 7 servindo de boa vontade como se servissem ao Senhor e não aos homens. 8 Certos de que cada um, seja escravo, seja livre, receberá do Senhor a recompensa por todo o bem que fizer. 9 E vós, senhores, de igual modo procedei para com vossos servos. Abandonai as ameaças, pois tendes conhecimento que o mesmo Senhor deles é vosso Senhor também, que está no céu e não faz diferença entre pessoas.4 Caminhando com a Armadura 10 Concluindo, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder!5 11 Revesti-vos de toda a armadura de
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Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do Diabo; 12 Porquanto, nossa luta não é contra seres humanos, e sim contra principados e potestades, contra os dominadores deste sistema mundial em trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.6 13 Por esse motivo, vesti toda a armadura de Deus, a fim de que possais resistir firmemente no dia mau e, havendo batalhado até o final, permanecereis inabaláveis, sem retroceder.7 14 Estai, portanto, firmes, trazendo em volta da cintura a verdade e vestindo a couraça da justiça, 15 calçando os vossos pés com a proteção do Evangelho da paz; 16 embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todas as setas inflamadas do Maligno. 17 Usai igualmente o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.8
3 O escravo ou servo, bem como o funcionário, nos dias de hoje, não deve ter a mesma atitude dos incrédulos em relação ao trabalho. Para os crentes, realizar um trabalho é antes de tudo um culto a Deus e não apenas uma mera obrigação humana. Portanto, deve ser executado com todo o amor e honestidade, como uma oferta sacrificada ao Senhor. Os incrédulos é que fazem apenas o mínimo necessário, e mesmo assim, quando estão debaixo dos olhos de seus patrões e supervisores (Cl 3.22). Tanto o AT quanto o NT incluem normas para algumas situações sociais criadas pelo próprio homem, usando de sua plena liberdade e da “dureza do seu coração”, mas não do agrado nem da vontade de Deus. Os reis e governos, a escravidão e o divórcio, por exemplo, jamais foram projetos de Deus para a humanidade. Os princípios bíblicos não estimulam nem defendem essas práticas sociais, mas Deus os determinou para que os crentes pudessem lidar com essas realidades e evitassem males ainda piores (1Sm 8.5-7; Dt 24.1-4; Mt 19.8). 4 Paulo torna a enfatizar a necessidade de o cristão sincero sempre agir em homenagem ao seu Salvador, Jesus Cristo, exercitando a mutualidade e a reciprocidade cristã (5.21 – 6.4; Tt 2.9). 5 Paulo confere à sua carta uma abrangência cósmica. Desde o início, vem chamando a atenção dos leitores para o mundo invisível, e agora retrata a batalha espiritual travada contra o mal “nas regiões celestiais”. A expressão original grega endunamousthe, que significa “sede fortalecidos”, aparece na Septuaginta (a tradução grega do AT), usada por Gideão (Jz 6.34). Paulo afirma que só teremos vitória sobre os nossos inimigos (e Satanás é o maior deles, seguido da nossa própria carne), se nos “fortalecermos” diariamente no Espírito de Deus. 6 Não estamos em guerra simplesmente contra outras pessoas humanas, mas contra as forças demoníacas organizadas numa hierarquia que domina a humanidade e o sistema mundial: economia, política, religião e cultura de todas as sociedades (Rm 8.19 – 23,38). O príncipe destes poderes é Satanás que detém o controle de todas as camadas sociais na rebelião mundial contra a autoridade do único e verdadeiro Deus (2Co 4.4; Jo 12.3). Somente o supremo poder de Cristo, que venceu todas essas forças na cruz, pode nos dar a vitória plena e eterna (Cl 2.15). 7 A figura de linguagem, usada no grego original por Paulo, expressa a idéia da resistência e avanço individual de cada soldado contra um ataque inimigo, não se refere a uma invasão em massa do domínio do mal. Paulo descreve, simbolicamente, a roupa de guerra do próprio Senhor Jesus, o Messias (Is 11.5), e revela que é o caráter, e não a força bruta ou mesmo a inteligência, que vence a maior das batalhas. Nesse sentido, é o caráter do guerreiro sua principal defesa também. O próprio Deus é descrito simbolicamente, vestindo a couraça da justiça ao apresentar-se na fronteira de guerra, revelando o poder da verdade (Is 59.17). O “dia mau” se refere ao dia em que seremos atacados fortemente pelas dúvidas ou pela tentação de negarmos a fé no Senhor. Esses ataques se tornarão ainda piores durante o “tempo da apostasia”, sob o domínio do “homem da iniqüidade” (2Ts 2.3-5; Mt 24.9-13; Ap 13.7-17). 8 Para vencer “A Guerra dos Séculos”, o cristão sincero precisa de uma estratégia defensiva e ofensiva. Primeiramente, assumir uma posição de defesa, armando-se da verdade (4.15), justiça e santidade (Rm 6.13; Hb 12.14), fé absoluta nas promessas do
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Orai no Espírito em todas as circunstâncias, com toda petição e humilde insistência. Tendo isso em mente, vigiai com toda a perseverança na oração por todos os santos. 19 Orai do mesmo modo por mim para que, quando eu falar, seja-me concedido o poder da mensagem, a fim de que, destemidamente, possa revelar o mistério do Evangelho, 20 pelo qual sou embaixador preso em correntes. Orai para que, permanecendo em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo. 18
EFÉSIOS 6
Saudações e a bênção apostólica 21 E, para que vós também possais saber como estou e o que estou fazendo, Tíquico, irmão amado e fiel ministro no Senhor, vos informará de tudo.9 22 Foi com esse objetivo que eu vo-lo enviei, para que saibais da nossa situação e para que ele vos console o coração. 23 A paz esteja com os irmãos, bem como o amor com fé, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. 24 A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo com amor sincero e incorruptível.10
Senhor, e certeza pessoal da salvação (1Ts 5.8; Hb 6.11). Em seguida, investir contra os inimigos da nossa alma, empunhando a espada do Senhor, que é a Palavra de Deus (Hb 4.12), e com a oração, que abre nossa boca para revelar ao mundo o poder do testemunho e da pregação do Evangelho (vv 19,20). 9 Tíquico era um crente e ministro fiel, amigo e representante de Paulo em vários projetos missionários pelo mundo da época (Cl 4.7; 2Tm 4.12; Tt 3.12). 10 Paulo termina essa epístola sem as costumeiras saudações individuais, o que denota o caráter de “missiva circular” para todos os cristãos (v.1). A expressão grega, aqui traduzida por “com amor sincero e incorruptível” tem o sentido original de “amor que não se deteriora com o passar do tempo”. O amor espiritual é eterno, não diminui por nada, nem tampouco murcha ao longo dos anos, mas permanece viçoso, puro e fiel.