014 Timoteo 1º

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INTRODUÇÃO

1 TIMÓTEO Autoria Recentemente, alguns biblistas e comentaristas têm questionado a autoria, tradicionalmente aceita, de que Paulo é o autor desta carta endereçada ao seu jovem e fiel discípulo e companheiro de missões. Um dos argumentos levantados é o de que as viagens de Paulo, relatadas nas chamadas “cartas pastorais”, não correspondem a nenhuma época narrada no livro de Atos. A forma de organização eclesiástica, nelas descritas, tem mais a ver com o segundo século. O vocabulário e o estilo empregados são bastante diferentes daqueles usados nas demais epístolas paulinas. Entretanto, é importante notar que Lucas não se dispôs a contar a história da vida de Paulo, mas, sim, os principais momentos das ações dos apóstolos e da Igreja, em que Paulo tem, evidentemente, participação destacada. Uma vez que sua morte não é relatada no livro de Atos, isto sugere que ele foi libertado e deu prosseguimento ao seu sonho de evangelizar na Espanha, continuando por muitos anos ainda a viajar por todo Império romano, até ser preso novamente em Roma e martirizado por ordem do governo de Nero. Quanto às questões concernentes à organização da igreja, nenhuma colocação ou instrução contida nas “cartas pastorais” exige uma data posterior. As orientações sobre liderança espiritual dadas por Paulo, antes do final do primeiro século, valeram perfeitamente para a igreja primitiva, assim como para a Igreja em todos os séculos até a volta iminente de Cristo (At 14.23; Fp 1.1). Assuntos diferentes e específicos necessitam, muitas vezes, de vocabulário próprio e especial. Portanto, não há argumento, até hoje, suficientemente forte que possa alterar a clássica autoria das conhecidas e amadas “cartas pastorais” de Paulo. Além do mais, e sobretudo, as próprias epístolas confirmam a autoria paulina (1Tm 1.1,2; 2Tm 1.1,2). Propósitos Como nos revelam as primeiras linhas da carta, Paulo está escrevendo para Timóteo (1.2), seu “verdadeiro filho na fé” (essa é uma expressão e um conceito de discipulado cristão que deve ser resgatado pela igreja moderna). O jovem líder e missionário Timóteo, natural de Listra (hoje Turquia), era filho de pai grego e de uma piedosa mãe judia cristã, chamada Eunice (At 16.1). Desde seus primeiros dias, Timóteo havia sido instruído sobre a Lei e os Profetas (o Antigo Testamento judaico – 2Tm 1.5; 3.15). O próprio Paulo foi a pessoa a quem Deus dirigiu para levar o Evangelho ao coração de Timóteo, durante a primeira visita do apóstolo à Listra. Já na segunda visita, Paulo o convidou para ser seu companheiro nas viagens missionárias que realizava. Assim, Timóteo participou efetivamente dos esforços de evangelização da Macedônia e da Acaia (At 17.14,15; 18.5). O carinho e o respeito de Paulo por Timóteo era tão expressivo que o apóstolo fez questão de mencionar o querido companheiro de missões como co-remetente em seis das suas epístolas canônicas (2Co, Fp, Cl, 1 e 2Ts e Fm). Ao final da vida, Paulo solicita que seu “filho na fé” vá ao seu encontro em Roma (2Tm 4.9,21). Segundo a carta aos Hebreus, o próprio Timóteo foi também encarcerado e liberto mais tarde (Hb 13.23). Timóteo não chegou a ser reconhecido como apóstolo, mas destacou-se como missionário e líder cristão altamente respeitado por toda a Igreja de sua época. Durante sua qquarta grande g viagem g missionária,, Paulo deu ordens expressas p a Timóteo ppara qque cuidasse espiritualmente p da Igreja g j em Éfeso ((1.3),), enquanto q o apóstolo p seguia g viagem g ppara a Macedônia. No entanto, quando percebeu que provavelmente não voltaria a Éfeso tão logo quanto imaginara, escreveu essa primeira carta a Timóteo para detalhar as atribuições que o jovem líder teria sob sua responsabilidade (3.14,15; 1.3,18), que incluíam uma boa dose de segurança doutrinária e personalidade forte para combater os falsos ensinos e heresias da época, uma mistura de gnosticismo com judaísmo místico (1.3-7; 4.1-8; 6.3-5,20,21). Além disso, Timóteo deveria servir como pastor e bispo das almas dos efésios, enquanto a igreja crescia em número e demandas, a saber: a organização dos cultos e reuniões comunitárias (2.1-15), bem como a nomeação e capacitação de bons e fiéis líderes espirituais para pastorear a Igreja do Senhor (3.1-13; 5.17-25). O


grande tema, portanto, desta carta é: “lutar o bom combate” (1.8), quer em relação à vida e atitude pastoral do próprio Timóteo, quer em relação ao comportamento dos efésios como Igreja – Corpo de Cristo (3.15). Data da primeira publicação ç Paulo escreveu sua primeira carta a Timóteo na Macedônia (norte da Grécia), em Filipos, algum tempo depois dos acontecimentos narrados em Atos 28, por volta do ano 64 d.C., durante o intervalo entre a primeira e a segunda prisão do apóstolo em Roma. Esboço geral de 1 Timóteo 1. Saudação ao discípulo amado e filho na fé (1.1,2) 2. Orientações referentes à sã doutrina (1.3-11) A. A natureza das heresias (1.3-7) B. O objetivo da Lei (1.8-11) 3. Testemunho sobre a graça de Deus (1.12-17) 4. O objetivo das orientações de Paulo (1.18-20) 5. Instruções sobre o culto da Igreja (2.1-15) A. Oração e adoração (2.1-8) B. Procedimento das mulheres cristãs (2.9-15) 6. Preparação de uma liderança pastoral (3.1-13) A. Presbíteros (3.1-7) B. Diáconos (3.8-13) 7. A Igreja é a coluna da verdade (3.14-16) 8. Advertências quanto à apostasia (4.1-16) A. Descrevendo o mal do esfriamento espiritual (4.1-5) B. Como se deve combater a apostasia (4.6-16) 9. Orientações sobre os diversos grupos na Igreja (5.1 – 6.21) A. Homens e mulheres, jovens e idosos (5.1-2) B. Viúvas, e pessoas sem amparo (5.3-16) C. O comportamento dos anciãos deve ser exemplar (5.17-25) D. A atitude dos escravos – trabalhadores (6.1,2) E. Cuidado com o engano dos falsos mestres (6.3-10) F. Apelo pessoal e final ao jovem líder Timóteo (6.11-21)


1 TIMÓTEO Prefácio e saudação Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, a nossa esperança,1 2 a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.2

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Cuidado com os falsos mestres 3 Conforme te solicitei, q quando p partia para a Macedônia, permanece em Éfeso para advertires a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas,3 4 e que parem de dar atenção a mitos e genealogias intermináveis, que causam discórdias em lugar de propagarem a obra de Deus, que tem como fundamento a fé. 5 O alvo dessa orientação é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera. 6 Alguns, contudo, se desviaram desses princípios, e se entregaram a discussões sem valor algum, 7 intentando ser mestres da Lei, quando não compreendem nem o que propalam nem os assuntos sobre os quais fazem afirmações com tanta convicção. A Lei e os seus reais objetivos 8 Sabemos, todavia, que a Lei é boa, se alguém a usa de forma adequada.

De igual modo, sabemos que ela não é feita para os justos, mas para os transgressores e insubmissos, para os perversos e pecadores, para os profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os assassinos, 10 para os que vivem na prática de imoralidades sexuais e os homossexuais em geral, para os seqüestradores, para os mentirosos e os que fazem juramentos falsos; e para todo aquele que se revolta contra a sã doutrina. 11 Esta sã doutrina encontra-se no glorioso Evangelho que me foi outorgado, a saber, o Evangelho do Deus bendito! 9

A eficácia da graça de Deus 12 Sou grato para com aquele que me for-

taleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me concedeu forças e me considerou fiel, designando-me para o ministério, 13 a mim, que em tempos passados fui blasfemo, perseguidor e insolente; contudo, Ele me concedeu misericórdia, porquanto fiz o que fiz mediante minha ignorância e incredulidade; 14 e a graça de nosso Senhor transbordou sobre mim, com a fé e o amor que há em Cristo Jesus.4 15 Esta declaração é fiel e digna de plena aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo

1 Paulo registra a formalidade da carta ao afirmar sua autoridade apostólica, isto é, especialmente comissionado por Jesus Cristo como seu mensageiro e missionário (Mc 6.30; 1Co 1.1; Hb 3.1). Ao usar a expressão “esperança”, Paulo não está apenas “desejando”, mas expressando claramente sua “certeza futura” quanto ao estabelecimento perfeito da vontade e do Reino do Senhor (Tt 2.13). O termo grego “Salvador” tradicionalmente se aplicava à pessoa de Deus Pai. Em hebraico, no AT, a mesma expressão tem o sentido de “Libertador” (Fp 3.20-21). 2 Timóteo, cujo nome significa “aquele que adora a Deus”, tornou-se cristão e filho espiritual de Paulo por ocasião do apedrejamento sofrido pelo apóstolo em Listra (At 14.19-20). Mais tarde, Timóteo se tornaria também seu “companheiro de lutas” na causa do Evangelho (At 16.1-4; 1Co 4.17; 2Tm 1.2; 2.1; Fm 10). 3 Paulo usa literalmente a expressão grega heterodoxia, “radicalmente diferente”, para admoestar os mestres heréticos que estavam na Igreja em Éfeso, cujas atitudes gnósticas e anticristãs se caracterizavam por: ensinar falsas doutrinas e inverdades (6.3), pregar mitos judaicos (Tt 1.14), arrogar-se como mestres da Lei (v.7), ensinar práticas ascéticas (4.3), fazer uso da posição para obter lucros pessoais ilícitos (6.5), pregar histórias mentirosas sobre a origem do povo judeu (4.7; Tt 3.9), orgulho e arrogância (1.7; 6.4), promover polêmicas com finalidades escusas (6.4; 2Tm 2.23; Tt 3.9). 4 Paulo é uma demonstração evidente do amor e misericórdia de Deus que pode transformar o mais vil dos homens num santo para sua glória (At 9.4; 22.4,5,19; 26.10,11; 1Co 15.9; Gl 1.13; Fp 3.6).


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para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior. 16 Todavia, por este motivo mesmo, me foi concedida misericórdia, para que em mim, o pior dos pecadores, Cristo Jesus, demonstrasse toda a grandeza da sua paciência, e me tornasse num modelo para todos quantos haveriam de crer nele para a vida eterna. 17 Portanto, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, sejam honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém! Combater o bom combate 18 Timóteo, meu filho, dirijo essa orientação a ti, levando em consideração o que as profecias anunciaram a teu respeito; com base nelas, luta o bom combate,5 19 preservando a fé e a boa consciência; porquanto algumas pessoas, vindo a rejeitá-la, naufragaram na fé. 20 Entre esses estão Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar.6

1 TIMÓTEO 1, 2

Adoração e intercessão Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças, em favor de todas as pessoas;1 2 pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.2 3 Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, 4 o qual deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.3 5 Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e o ser humano, Cristo Jesus, homem. 6 Ele se entregou em resgate por todos, para servir de testemunho a seu próprio tempo.4 7 Afirmo-vos a verdade, e não minto ao declarar que para isso fui designado pregador e apóstolo, mestre dos gentios na fé e na verdade.5

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5 Era comum, na igreja primitiva, Deus revelar sua vontade específica de várias maneiras; uma delas era por intermédio dos profetas. Em At 13.1-3, por exemplo, temos a participação de alguns profetas de Deus no envio de Paulo e Barnabé, em missão aos gentios. Em relação a Timóteo, profecias acerca da sua notável liderança cristã, foram entregues muito antes de sua ordenação formal ao ministério, durante a segunda viagem missionária de Paulo (4.14; At 16.3). Segundo historiadores, depois que Paulo foi solto da prisão em Roma, voltou a Éfeso, deixando ali Timóteo como missionário e líder espiritual; obra que realizou de maneira esplêndida, enquanto o apóstolo seguiu para a Macedônia (v.3). 6 Himeneu, por exemplo, foi um cristão que decidiu criar uma teologia própria, e pregava que a ressurreição já havia ocorrido (2Tm 2.17-18). Alexandre, outro exemplo, era um empresário crente que havia criado muitos problemas, e não aceitava conselhos nem admoestações dos irmãos (2Tm 4.14,15). Paulo foi obrigado a exercer mais severa “disciplina eclesiástica” (Mt 18.17), isto é, a exclusão desses homens do âmbito da proteção da Igreja, considerada com “santuário contra o poder de Satanás e seus demônios”. Fora da comunhão da Igreja – com a ação do seu ministério de consolar, exortar e admoestar em Cristo – seriam “disciplinados” (ensinados), por meio dos sofrimentos que o Diabo naturalmente impõe ao mundo. É preciso notar que o alvo desse corretivo de Paulo era mais restaurador do que punitivo (1Co 5.5,13; Lc 13.16; 2Co 12.7). Capítulo 2 1 Paulo exorta a todo cristão que leve ao Senhor, por meio de orações e súplicas, todas as suas petições, com “ações de graças”, no original grego eucharistias (Fp 4.16). 2 Os cristãos são incentivados a orar por todas as autoridades, quer sejam boas ou más. O diabólico imperador Nero exercia seus plenos poderes na época em que Paulo escreveu essa carta (54 – 68 d.C.). O apóstolo usa a palavra “piedade”, exclusivamente em suas cartas pastorais, a fim de recomendar que os crentes, especialmente os líderes espirituais, sejam profundamente reverentes a Deus (3.16; 4.7,8; 6.3,5,6,11; 2Tm 3.5; Tt 1.1). 3 Deus alimenta o sentimento de que sua infinita graça encontre morada em todos os corações humanos, por isso a expressão grega usada por Paulo aqui é thelõ, que tem a conotação de “desejo sentimental”, e não boulomai, que seria “deliberação ou determinação”. Embora o Senhor aspire pela salvação de todos, sua onisciência o faz saber que nem todas as pessoas se apropriarão da graça em Cristo, como filhos eleitos (1Pe 1.2; Rm 8.29). 4 A expressão original grega lutron, que significa “preço pago para libertar” (resgate), aparece em Mt 20.28 e Mc 10.45, e refere-se ao testemunho apostólico de que Cristo se entregou a si mesmo para pagar toda fiança exigida para nossa liberdade (Gl 4.4-5). 5 Paulo assevera que foi convocado por Deus para anunciar o Evangelho da Salvação ao mundo e testificar que, por meio da morte e ressurreição de Cristo, o Senhor construiu uma ponte, única e exclusiva, capaz de superar o abismo existente entre Deus e a humanidade, por conta da Queda (Gn 3).


1 TIMÓTEO 2, 3

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Recomendações aos homens 8 Portanto, determino que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões.6

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Contudo, a mulher será restaurada dando à luz filhos, desde que permaneçam na fé, no amor e na santidade, com bom senso.9

Recomendações às mulheres 9 Semelhantemente, recomendo que as mulheres se vistam com decência, modéstia e discrição, não com tranças; nem com ouro ou pérolas, nem com roupas muito caras, 10 mas que se vistam de boas obras, como convém a mulheres que professam servir ao Senhor.7 11 A mulher deve aprender em silêncio, com toda a reverência. 12 E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre o homem. Esteja, portanto, em silêncio. 13 Porque Adão foi criado primeiro, e Eva depois. 14 E mais, Adão não foi enganado; mas a mulher é que foi enganada e caiu em transgressão.8

Recomendações aos líderes Esta é uma declaração digna de todo crédito: Se alguém almeja o episcopado, de fato, deseja j algo g excelente.1 2 É fundamental, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só esposa, equilibrado, tenha domínio próprio, seja respeitável, hospitaleiro, capacitado para ensinar; 3 não deve ser apegado ao vinho, nem violento, mas sim amável, pacífico e não amante do dinheiro. 4 O bispo deve também governar bem sua própria família, sabendo educar seus filhos a lhe serem submissos com todo o respeito. 5 Porquanto, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da Igreja de Deus?

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6 Paulo usa a expressão original grega boulomai, “determinar”, para enfatizar seu pedido solene, algo como um decreto real. O termo grego usado para “homens”, neste versículo, não se refere à humanidade como um todo, mas especificamente ao gênero masculino adulto, apesar de ser evidente que as mulheres também oravam em público (1Co 11.5). 7 Os apóstolos usavam a expressão original grega katastole, que significa “traje”, para referir-se ao comportamento geral do cristão, e não apenas a um estilo único de se vestir. Paulo e Pedro, por exemplo, recomendam às mulheres, especialmente, que usem a moda e não sejam usadas por ela, pois a maneira como nos vestimos revela muito sobre o que pensamos de nós mesmos e como gostaríamos de ser tratados. Portanto, as mulheres cristãs devem, de certa forma, criar a própria “moda”, testemunhando seu “bom senso cristão”, no original grego kosmios, “decência”. Paulo as exorta a uma atitude marcadamente feminina, de bom gosto, sensibilidade e simplicidade; em contraste com o conceito de moda propagado pelo sistema mundial, e que sempre envolve luxo, exibicionismo, sensualidade apelativa e falsidade (1Pe 3.3-4). 8 Paulo refere-se à vontade ideal do Senhor (Gn 2 e 3). O desejo de Deus é que não houvesse outro governante (reis, chefes de estado) sobre os homens além dele próprio (teocracia). Também não é da vontade de Deus que haja divórcios entre homens e mulheres que um dia juraram amor e fidelidade até a morte (Jz 21.25; 1Sm 8.4-9; Mt 5.31-32; 19.3-9). Da mesma forma, originalmente, a mulher foi criada para ser a melhor amiga e companhia do homem, que, por sua vez, deve amar e respeitar sua esposa todos os dias de sua vida. Contudo, à medida que nos aproximamos da volta de Cristo, o homem se afasta do plano ideal do Senhor, e as sociedades passam a exercer mais pressão para que as Escrituras Sagradas se encaixem às suas normas e procedimentos seculares do que para que o ser humano compreenda e se submeta à vontade de Deus. As mulheres foram criadas para respeitar, ajudar e cooperar com seus maridos; os homens, para amar suas esposas como Cristo amou a sua Igreja (Ef 5.25). As mulheres de Éfeso, por influência do pensamento pagão que permeava a cultura helênica daqueles dias, tornaram-se pessoas autoritárias e tiranas. A sociedade grega vivia, em termos práticos, sob um sistema matriarcal. As mulheres mandavam na família e ditavam o que seus maridos deviam ou não fazer. 9 Paulo enfatiza a piedade da mulher que se entregou plenamente ao amor e à autoridade do Espírito Santo em Cristo, e que, portanto, se realiza na sua missão prioritária de ser esposa, mãe e administradora do lar. O apóstolo ainda faz um paralelo com a preciosa salvação espiritual que veio do nascimento mais importante de todos: a encarnação de Deus em Jesus Cristo. Capítulo 3 1 A expressão grega original ejpiskoph'", “episcopado” era usada para identificar o dirigente de uma organização pública ou religiosa. Aqui, se refere ao “supervisor” espiritual de uma congregação cristã, equivalente à expressão judaica “ancião”. Os termos “bispo” e “presbítero” (derivado de “ancião”) são empregados de forma intercambiável em várias passagens do NT. A função do líder espiritual é pregar e ensinar, dirigir o ministério geral da igreja (3.2-5; 5.17), pastorear com amor e zelo o rebanho que pertence a Deus (At 20.28) e cuidar para que a igreja seja abençoada com uma teologia bíblica, livre de heresias (At 20.28-31).


7 6 Não deve ser recém convertido, a fim de

que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que caiu o Diabo. 7 Também é necessário que tenha bom testemunho dos de fora, para que não seja envergonhado nem caia na armadilha do Diabo. 8 Quanto aos diáconos, da mesma forma, devem ser honrados, de uma só palavra, não dados a muito vinho, nem tampouco dominados pelo amor ao dinheiro.2 9 Devem permanecer no ministério da fé com consciência pura. 10 Devem também, antes de tudo, passar por experiência; depois, se não houver nada que os desabonem, que exerçam o diaconato. 11 As mulheres, da mesma maneira, devem ser respeitáveis, não caluniadoras, moderadas e fiéis em tudo. 12 Os diáconos devem ser maridos de uma só esposa e governar bem os filhos e a própria casa. 13 Pois todos aqueles que servirem bem como diáconos alcançarão uma posição de honra e muita intrepidez na fé que há em Cristo Jesus. 14 Ainda que alimente a esperança de ver-te em breve, escrevo-te estas orientações;

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contudo, se eu demorar, fiques ciente de como as pessoas devem comportar-se na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade. 16 Sem dúvida, grande é esse mistério da fé: Aquele que se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, contemplado pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo e recebido acima da glória.3 15

Recomendações a Timóteo O Espírito Santo afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns se desviarão da fé e darão ouvidos a espíritos enganadores e à doutrina de demônios,1 2 sob a influência da hipocrisia de pessoas mentirosas, que têm a consciência cauterizada.2 3 São líderes que proíbem o casamento e ordenam a abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e estão bem firmados na verdade.3 4 Pois tudo o que Deus criou é bom, e, nada deve ser rejeitado, se puder ser recebido com ações de graças. 5 Porquanto é santificado pela Palavra de Deus e pela oração.

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2 O significado do termo grego original “diácono” (servo) está ligado ao “serviço dedicado” de alguém em qualquer área de necessidade da igreja ou da comunidade por amor a Cristo. Esse ministério se iniciou formalmente na igreja primitiva por motivos práticos, visando a ajuda e a cooperação, a fim de que nenhum membro da igreja passasse falta de assistência espiritual e material (At 6.1-7). As qualificações espirituais e morais exigidas são semelhantes às exigidas dos pastores (bispos, presbíteros ou anciãos). 3 Paulo gostava de se valer das letras de hinos e cânticos conhecidos pela igreja primitiva para ilustrar suas teses teológicas. Aqui ele usa a poesia da letra de parte de um credo que se tornou hino (Ef 5.19; Cl 3.16). O Espírito Santo de Deus capacitou Jesus a expulsar demônios, a operar milagres, e foi responsável por ressuscitar Jesus dentre os mortos (Mt 12.28; Rm 1.4; 1Pe 3.18); sendo Cristo louvado e admirado pelos anjos na sua ressurreição e ascensão (Mt 28.2; At 1.10). Capítulo 4 1 A “apostasia” (rebeldia e afastamento dos verdadeiros ensinos de Deus) já era um tema tratado pela igreja primitiva. Todo o período compreendido entre a primeira vinda de Jesus Cristo e sua volta gloriosa é chamado de “a Era da Igreja” ou “os últimos tempos”, anunciado por profetas do AT e do NT, inclusive pelo próprio Cristo (Dn 7.25; Mt 24.4; 2Ts 2.3; 2Pe 3.3; Jd 18). Os cristãos são capazes de distinguir os “falsos mestres” ou “apóstatas” por meio do Espírito Santo que habita em suas almas (1Jo 4.1). A apostasia tem três características principais e visíveis: surge a partir de “espíritos enganadores”; é alimentada por “ensinos demoníacos”, e alguns de seus mais importantes agentes estão, infelizmente, dentro da própria comunidade eclesiástica. Uma visita pela história da Igreja até nossos dias não deixa a menor dúvida sobre isso. 2 Um cristão que não avalia e corrige sua vida e comportamento à luz da Palavra de Deus e dos conselhos do Espírito Santo, entrega-se progressivamente ao encantamento do pecado, que usa, como anestesia da consciência cristã, a mentira. Com o passar do tempo, instala-se na alma dessa pessoa uma crosta de insensibilidade ao Espírito e às pessoas, sua consciência entra em profundo processo de cauterização, como resultado da constância (escravidão) no pecado (1Co 11.28; 2Co 13.5; Tg 5.16; 1Jo 1.6). A conseqüência será sempre o afastamento e a rebeldia a tudo quanto se refere ao Senhor e à sua Igreja. 3 Paulo refere-se tanto aos alimentos quanto ao matrimônio; bênçãos de Deus para a humanidade, que são intrinsecamente todas boas e saudáveis (Mc 7.15).


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Orientando aos irmãos quanto a esses assuntos serás bom ministro de Cristo Jesus, nutrido pelas palavras da fé e da boa teologia que tens seguido. 7 Mas rejeita as fábulas profanas e os falatórios dos insensatos. Exercita-te, porém, na piedade. 8 O exercício físico, de fato, é de algum valor; no entanto, a piedade para tudo é proveitosa, porquanto traz consigo a promessa da vida presente e futura. 9 Esta palavra é uma afirmação digna de todo crédito e plena aceitação! 10 Pois é justamente para isso que trabalhamos e lutamos, porquanto temos depositado nossa esperança no Deus vivo, o Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem. 11 Ordena, pois, e transmite esses ensinos! 12 Ninguém menospreze o fato de seres jovem, mas procura ser exemplo para os fiéis, na palavra, no comportamento, no amor, na fé e na pureza.4 13 Enquanto aguardas a minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação e ao ensino.5 14 Não deixes de desenvolver o dom que há em ti, que te foi outorgado por mensagem profética, com imposição de mãos por parte dos presbíteros. 15 Dedica-te plenamente ao cumprimento dessas responsabilidades, para 6

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que todos possam testemunhar o teu progresso. 16 Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nesses deveres, pois agindo assim, salvarás tanto a tua própria vida quanto a todos que te derem ouvidos.6 Recomendações aos pastores Não repreendas o idoso com aspereza, mas admoesta-o como a um pai; bem como aos jovens, como a irmãos;1 2 às mulheres idosas, como a mães; às jovens, como a irmãs, com toda a pureza. 3 Tratai com toda atenção as viúvas que, de fato, são necessitadas de ajuda.2 4 Todavia, se alguma viúva tiver filhos ou netos, que estes aprendam primeiramente a colocar a sua religião em prática, zelando por sua própria família e retribuindo os bens recebidos de seus pais e avós, pois isso é agradável diante de Deus. 5 A viúva realmente necessitada e sem amparo espera em Deus e persevera noite e dia em suas orações e súplicas; 6 no entanto, a que somente busca prazeres, embora esteja viva, na realidade está morta. 7 Ordena esses procedimentos, para que elas sejam irrepreensíveis. 8 Contudo, se alguém não cuida dos seus, especialmente dos de sua própria famí-

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4 Timóteo tinha cerca de trinta anos quando assumiu as responsabilidades de bispo da Igreja em Éfeso. Um cargo de tamanha importância e influência não era, normalmente, entregue a um homem tão jovem. Paulo, entretanto, o conhecia bem, e exorta seu “filho na fé” a mostrar, por meio de um testemunho imaculado, ser um verdadeiro homem de Deus e pastor do rebanho do Senhor (1.2; 1Pe 5.1-4). 5 A quarta viagem missionária de Paulo o levará de Éfeso à Macedônia; contudo, esperava muito em breve poder reencontrar-se com seu discípulo amado em Éfeso (3.14). 6 É claro nas Escrituras que somente Deus tem o poder de perdoar e salvar a humanidade. Todavia, Deus aprecia capacitar os cristãos com seu Espírito para que testemunhem de Cristo e levem a efeito a salvação (libertação) do próximo, numa demonstração evidente de amor e adoração ao Senhor. Somos salvos por ocasião do arrependimento pessoal de nossos pecados e, portanto, da conversão. Entretanto, continuamos a ser salvos (santificação) à medida que nos entregamos cada vez mais aos cuidados do Espírito de Deus e nos tornamos mais semelhantes à Imagem de Cristo (em latim, Imago Dei), em nossos pensamentos e atitudes (1Co 1.18). Capítulo 5 1 Embora a palavra “idoso”, no original grego, seja presbuteros, seu sentido aqui está relacionado a homens com mais de sessenta anos, e não à função eclesiástica do presbítero. 2 Na época da igreja primitiva, as viúvas, assim como os órfãos, de modo geral, viviam em completo desamparo, pois a sociedade não dispunha de mecanismos de assistência social como em nossos dias. Paulo, entretanto, faz duas observações interessantes: a igreja deve cuidar (amparar) dos verdadeiros necessitados em seu meio, de maneira que a ninguém falte o necessário para viver dignamente. Entretanto, adverte aos líderes cristãos para que tenham cuidado com os “falsos desamparados”, pessoas que usam sua situação de penúria e ociosidade para viverem às custas do trabalho do próximo.


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lia, este tem negado a fé e se tornou pior que um descrente. 9 Portanto, deve ser inscrita na relação das viúvas apenas aquela que contar com mais de sessenta anos, e que tenha sido esposa de um só marido, 10 cujas boas obras possam lhe servir de bom testemunho, tais como se criou filhos, se exerceu hospitalidade, se lavou humildemente os pés dos santos, se socorreu os atribulados, e se praticou todo tipo de boa obra. 11 Mas não inclua as viúvas mais jovens, pois quando as paixões sensuais as afastam de Cristo, querem casar-se 12 e, por violar o primeiro compromisso de fé, tornam-se condenáveis. 13 Mais do que isso, aprendem também a ser desleixadas em relação ao trabalho, perambulando de casa em casa, e não somente dadas ao ócio, mas também fofoqueiras e indiscretas, comentando assuntos que não lhes dizem respeito. 14 Sendo assim, aconselho que as viúvas mais jovens se casem, tenham filhos, administrem suas próprias casas e não dêem ao inimigo nenhum pretexto para maledicência.3 15 Algumas, de fato, já se desviaram, seguindo a Satanás. 16 Se uma mulher crente tem viúvas em sua família, esta deve cooperar com elas. Evitai que a igreja seja sobrecarregada com o trabalho de ajudá-las. As viúvas realmente desamparadas são as que de-

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vem receber a ministração desse auxílio por parte da igreja. 17 Os presbíteros que administram bem a igreja são dignos de dobrados honorários, principalmente os que se dedicam ao ministério da pregação e do ensino.4 18 Porquanto, afirma a Escritura: “Não amordaces a boca do boi quando estiver debulhando o cereal”, e ainda, “digno é o trabalhador do seu salário”.5 19 Não aceites acusação contra um presbítero, se não houver mais duas ou três testemunhas. 20 Quanto aos que vivem na prática do pecado, repreende-os na presença de todos, para que os outros, de igual maneira, se encham de temor. 21 Eu te exorto solenemente, diante de Deus, de Cristo Jesus e dos anjos eleitos a que procures obedecer todas essas instruções sem parcialidade; e não faças nada por partidarismo. 22 Não imponhas as mãos precipitadamente sobre alguém, nem participes dos pecados dos outros; conserva-te, pois, em pureza de vida. 23 Por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades, não bebas somente água, mas também um pouco de vinho. 24 Os pecados de alguns homens aparecem antes mesmo de serem julgados; os de outros são descobertos depois. 25 Da mesma forma, as boas obras se tornam evidentes, enquanto as obras más não podem permanecer ocultas.

3 Paulo entende que o cristão vive em constante guerra contra Satanás (o Inimigo) e seus demônios. Aqui, o apóstolo aproveita o contexto para transmitir mediante uma palavra grega tipicamente militar, aphorme (pretexto ou brecha), a perspicácia do inimigo em se aproveitar de toda a “oportunidade estratégica” para desferir seus ataques, especialmente contra os filhos de Deus (Rm 7.8,11; 2Co 5.12; Gl 5.13). 4 É parte vital do serviço episcopal a liderança espiritual, como modelo da congregação; a pregação do Evangelho, o ensino e a aplicação da Palavra de Deus às necessidades dos membros da Igreja (3.2-5). Todos os presbíteros chamados para exercerem esse ministério deveriam receber grande honra por parte da comunidade. Entretanto, aqueles cuja liderança e ensino fossem excelentes, merecem “honra em dobro”, expressão que significa: completo sustento e apoio financeiro (v.18), respeito e comunhão solidária (em grego koinõnia). Considerando que na Igreja não deve haver “maiores e mais importantes” (parcialidade), pois todos são membros do Corpo de Cristo (Tg 2.1 – 4.4). 5 Paulo cita o AT (Dt 25.4) e o NT (Lc 10.7) para reforçar sua tese sobre a importância da Igreja assumir o sustento completo dos pastores e ministros que dedicavam tempo integral à obra. Fica evidente também que, já nessa época, os textos canônicos dos evangelhos, bem como outros que viriam formar o NT, e que circulavam nas comunidades cristãs juntamente com o AT, eram reconhecidos com toda a autoridade de Escrituras Sagradas.


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Recomendações aos que servem Todos os servos que são escravos devem considerar seus senhores dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e o nosso ensino não sejam blasfemados. 2 E os que possuem senhores crentes não devem alimentar por eles respeito menor, isso pelo fato de serem irmãos; ao contrário, devem servi-los ainda melhor, porquanto os que se beneficiam do seu serviço são fiéis e amados. Ensina, pois, essas orientações.1

mos com o que nos alimentar e vestir. 9 No entanto, os que ambicionam ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitas vontades loucas e nocivas, que atolam muitas pessoas na ruína e na completa desgraça. 10 Porquanto, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e por causa dessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se atormentaram em meio a muitos sofrimentos.

O perigo fatal da cobiça 3 Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com a teologia que é segundo a piedade, 4 é arrogante e nada compreende; todavia, delira em questões e controvérsias acerca de palavras. Dessa atitude, brotam as invejas, brigas, difamações, suspeitas malignas, 5 batalhas constantes entre aqueles que têm a mente corrompida e que são privados da verdade, os quais imaginam que a piedade é fonte de lucro. 6 De fato, a piedade acompanhada de alegria espiritual é grande fonte de lucro.2 7 Porque ingressamos neste mundo sem absolutamente nada, e ao partirmos daqui, nada podemos levar;

Exortações aos homens de Deus 11 Porém, tu, ó homem de Deus, foge dessas ciladas e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância e a mansidão. 12 Combate a boa batalha da fé. Toma posse da vida eterna, para a qual foste convocado, tendo já realizado boa confissão diante de muitas testemunhas.3 13 Na presença de Deus, que a tudo dá vida, e de Cristo Jesus, que perante Pôncio Pilatos fez o perfeito testemunho, eu te exorto:4 14 Guarda este mandamento imaculado e irrepreensível até a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, 15 a qual Deus fará com que se cumpra no seu devido tempo. Ele é o bendito e único soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores,5 16 o único que é imortal e habita em luz

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8 por isso, devemos estar satisfeitos se tiver-

1 Aqui Paulo está abordando especificamente o comportamento dos crentes em relação ao trabalho (serviço) para com seus patrões, considerando o sistema escravocrata da sua época. A palavra grega douloi, “servos escravos”, indica que os crentes, em questão, “pertenciam” a mestres pagãos. Paulo vai além e afirma que mesmo os servos crentes de senhores crentes não devem confundir a igualdade espiritual com sua desigualdade social (v.2). Evidentemente, Paulo e as Escrituras não apóiam a escravidão nem a exploração do homem pelo homem. Entretanto, o crente (que é absolutamente livre em Cristo) deve testemunhar também por meio do seu trabalho dedicado, de sua confiança na justiça e intervenção divina (1Co 7.20-24; Gl 3.28; Gl 4.1-7; Fm 16). 2 Paulo usa a palavra grega autarkeia, que significa “aquilo que é suficiente em si mesmo”, para indicar que os crentes são abençoados com tudo o que necessitam para serem felizes, ainda que atravessando momentos de crise e sofrimento (2Co 9.8; Fp 4.11). A fé humilde e resignada (piedade), aliada à satisfação em Cristo (contentamento), produz o grande lucro do crente (At 3.6). 3 Timóteo havia recebido a vida eterna desde quando fora salvo ao confessar sua fé, por ocasião do seu batismo, durante a primeira viagem missionária de Paulo. Contudo, Paulo o encoraja a que agora, mais maduro no Senhor, aproprie-se do segredo de uma vida controlada e capacitada (plenitude) pelo Espírito Santo, que é a absoluta e corajosa entrega do nosso ser nas mãos do Senhor (vv.17-19; 4.16). 4 Jesus proclamou diante das autoridades lideradas por Pôncio Pilatos que seu Reino não é deste mundo (Jo 18.36), e que qualquer poder ou autoridade procedem exclusivamente de Deus (Jo 19.11). 5 Da mesma maneira como a primeira vinda do Senhor Jesus Cristo ocorreu, exatamente, no momento planejado por Deus (cerca de 400 anos após o último profeta do AT), assim também seu glorioso retorno acontecerá no tempo determinado por Deus (Gl 4.4; Ap 19.16).


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inacessível a quem ninguém viu nem pode ver. A Ele sejam honra e poder para sempre. Amém! Recomendações aos ricos 17 Ordena aos que são ricos no presente mundo que não sejam orgulhosos, nem depositem a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus que nos concede generosamente tudo o que precisamos para viver satisfeitos; 18 Orienta-os a praticarem o bem, e que sejam ricos em boas obras, sensíveis, solidários e generosos.

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Dessa maneira, acumularão um valioso tesouro para si mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida. 19

Apelo final e bênção apostólica Timóteo, guarda o tesouro que te foi confiado, evitando as conversas inúteis e profanas, assim como as elucubrações sem fundamento que muitos chamam de “saber”. 21 Ora, alguns professando tal “conhecimento” se desviaram da fé. A graça seja convosco!6 20

6 Paulo chama a atenção de Timóteo para posicionar-se à frente da batalha teológica em defesa da fé. Desde tempos imemoráveis, a verdadeira fé em Deus é considerada alvo de oposição. Na época de Paulo e da igreja primitiva, alguns dos grandes inimigos da fé eram: falsos mestres (vv.3-4), materialismo e paixões da carne (vv.8-10), ciência falsa (v.20). A igreja primitiva sofreu muitas baixas com os ataques do gnosticismo (expressão grega que significa “conhecimento”), corrente de pensamento filosófico segundo a qual as pessoas podem ser salvas mediante o saber. A bênção apostólica soa como um bálsamo de consolo e alívio às almas de todos os crentes contemplados com a divina graça da salvação em Cristo Jesus.


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