Vida & Saúde Março de 2015

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• OS TIPOS MAIS COMUNS • SINTOMAS • TRATAMENTOS

CÂNCER nas mulheres

CADERNO ESPECIAL MARÇO 2015 Banco de Imagens Google


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27 de março de 2015

Os tipos mais comuns Diogo Daroit Fedrizzi

Marilha Zanon e médica Clarice Prado Lopes participaram do Panorama Saúde, da Rádio Encantado AM

No mês da mulher, nada mais justo que tratarmos sobre os tipos de câncer que afetam o público feminino. A reportagem conversou com a ginecologista Clarice Prado Lopes durante o Panorama Saúde, na Rádio Encantado AM, no sábado (21). A médica, juntamente com a presidente da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Encantado, Marilha Zanon, esclareceu dúvidas sobre as doenças. Abaixo, você confere os três tipos de câncer que mais afetam as mulheres, sintomas, prevenção, fatores de risco, como é realizado o diagnóstico e tipos de tratamento. Boa leitura!

Textos: VITÓRIA STÜRMER BORTOLETTI

Colo do Útero O câncer do colo do útero, também chamado de cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos (chamados oncogênicos) do Papilomavírus Humano (HPV). A infecção genital por este vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares que poderão evoluir para o câncer. Estas alterações das células são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolau), e são

Tipos de tumor

Os dois tipos mais frequentes de tumor maligno de colo de útero estão associados à infecção pelo HPV. São eles: os carcinomas epidemoides (80% dos casos) e os adenocarcinomas (20% dos casos).

Fatores de risco

A infecção pelo HPV, responsável pelo aparecimento das verrugas genitais, representa o fator de maior risco para o surgimento do câncer de colo de útero. Apesar de existir mais de uma centena de subtipos diferentes desse vírus, somente alguns estão associados ao câncer de colo uterino. Podem ser citados, ainda, como fatores de risco: início precoce da atividade sexual; múltiplos parceiros sexuais ou parceiros com vida sexual promíscua; baixa da imunidade; cigarro; e más condições de higiene.

Sintomas

Nas fases iniciais, o câncer de colo de útero é assintomático. Quando os sintomas aparecem, os mais importantes são: 1) sangramento vaginal especialmente depois das

curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso é importante a realização periódica deste exame. É o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Prova de que o país avançou na sua capacidade de realizar diagnóstico precoce é que na década de 1990, 70% dos casos diagnosticados eram da doença invasiva. Ou seja: o estágio mais agressivo da doença. Atualmente 44% dos casos são de lesão

relações sexuais, no intervalo entre as menstruações ou após a menopausa; 2) corrimento vaginal (leucorreia) de cor escura e com mau cheiro. Nos estágios mais avançados da doença, outros sinais podem aparecer. Entre eles, vale destacar: 1) massa palpável no colo de útero; 2) hemorragias; 3) obstrução das vias urinárias e intestinos; 4) dores lombares e abdominais; 5) perda de apetite e de peso.

Diagnóstico

A avaliação ginecológica, a colposcopia e o exame citopatológico de Papanicolaou realizados regular e periodicamente são recursos essenciais para o diagnóstico do câncer de colo de útero. Na fase assintomática da enfermidade, o rastreamento realizado por meio do Papanicolaou permite detectar a existência de alterações celulares características da infecção pelo HPV ou a existência de lesões prémalignas. O diagnóstico definitivo, porém, depende do resultado da biópsia. Nos casos em que há sinais de malignidade, além de identificar o subtipo do vírus infectante, é preciso definir o

precursora do câncer, chamada in situ. Esse tipo de lesão é localizada. Em Encantado, Clarice afirma que atende cada vez menos pacientes diagnosticadas com câncer de colo uterino. "Felizmente o número está caindo. Porém, se tem um grande número de lesões pré malígnas. Se a paciente faz o controle não diagnosticamos na hora o câncer, mas lesões que têm o potencial de se transformar em câncer", explica.

tamanho do tumor, se está situado somente no colo uterino ou já invadiu outros órgãos e tecidos (presença de metástases). Alguns exames de imagem (tomografia, ressonância magnética, raio-x de tórax) representam recursos importantes nesse sentido.

Prevenção

A prevenção do câncer de colo de útero está diretamente associada ao esclarecimento e avanço educacional da população a respeito dos fatores de risco e de como evitá-los. Dada a importância do diagnóstico precoce, as mulheres precisam ser permanentemente orientadas sobre a necessidade de consultar o ginecologista e fazer o exame de Papanicolau nas datas previstas, como forma de identificar possíveis lesões ainda na fase de pré-malignidade. No entanto, a vacinação das meninas nos primeiros anos de vida contra o HPV continua sendo medida preventiva bastante eficaz, apesar de não proteger contra todos os subtipos do vírus.

Tratamento

Parte das mulheres

sexualmente ativas, que entra em contato com o HPV, pode debelar a infecção espontaneamente ou com tratamento médico pertinente. Caso isso não ocorra, o tratamento tem por objetivo a retirada ou destruição das lesões precursoras pré-malignas. No entanto, uma vez confirmada a presença de tumores malignos, o procedimento deve levar em conta o estágio da doença, assim como as condições físicas da paciente, sua idade e o desejo de ter, ou não, filhos no futuro. A cirurgia só deve ser indicada, quando o tumor (carcinoma in situ) está confinado no colo do útero. De acordo com a extensão e profundidade das lesões, ela pode ser mais conservadora ou promover a retirada total do útero (histerectomia). A radioterapia externa ou interna (braquiterapia) tem-se mostrado um recurso terapêutico eficaz para destruir as células cancerosas e reduzir o tamanho dos tumores. Apesar de a quimioterapia não apresentar os mesmos efeitos benéficos, pode ser indicada na ocorrência de tumores mais agressivos e nos estádios avançados da doença.


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SINTOMAS

Caroço nas axilas

Mamografia é um dos exames mais comuns para o câncer na mama

Mama Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. "Tipicamente, o câncer de mama é uma doença da terceira idade. A partir dos 65 ou

70 anos existe o maior número de casos. Porém, quando está dentro da faixa etária habitual é mais lento o crescimento e, às vezes, pode haver uma mamografia com um sinal um pouco suspeito, repete-se o exame em seis meses e confere que mudou apenas um pouquinho e, a partir disso, faz-se o diagnóstico e tratamento da paciente", esclarece a ginecologista Clarice. Segundo a médica, o maior problema atual é a ocorrência de casos em pacientes jovens. "A mamografia deve ser feita a partir dos 40 anos. Então uma paciente de 20 ou 30 anos não vai fazer mamografia rotineiramente. Até por que a mamografia não é o exame específico para identificar câncer em pacientes jovens devido à densidade

Sintomas

O primeiro sinal da doença costuma ser a presença de um nódulo único, não doloroso e endurecido na mama. Outros sintomas, porém, devem ser considerados, como a deformidade e/ou aumento da mama, a retração da pele ou do mamilo, os gânglios axilares aumentados, vermelhidão, edema, dor e a presença de líquido nos mamilos.

Diagnóstico

A mamografia (raios-X das mamas) é o exame mais indicado para detectar precocemente a presença de nódulos nas mamas. O exame clínico e outros exames de imagem e laboratoriais também auxiliam a estabelecer o diagnóstico de certeza. "Infelizmente, na maioria das vezes, diagnosticamos o câncer de mama quando já está em forma de tumor. Raramente

da mama, ou seja, sua quantidade de tecidos. Há outros métodos, a ecografia ou a ressonância magnética. Diferente das idosas, a tendência é que o tumor mais agressivo avance rapidamente em jovens", orienta. Estatísticas indicam aumento de casos tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. No estado, a ginecologista acredita que a grande incidência da doença deve-se à alta expectativa de vida e à dieta da população à base de gordura animal e laticínios. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes.

descobre-se antes", afirma Clarice. Apesar de a maioria dos nódulos de mama ter características benignas, para afastar qualquer erro de diagnóstico, deve ser solicitada uma biópsia para definir se a lesão é maligna ou não e seu estadiamento (análise das características e da extensão do tumor).

Dor no mamilo ou inversão do mamilo (para dentro)

Inchaço em parte do seio

Irritação na pele ou aparecimento de irregularidades que fazem a pele parecer uma casca de laranja

Tratamento

As formas de tratamento variam conforme o tipo e o estadiamento do câncer. Os mais indicados são: quimioterapia (uso de medicamentos para matar as células malignas), radioterapia (radiação), hormonoterapia (medicação que bloqueia a ação dos hormônios femininos) e cirurgia, que pode incluir a remoção do tumor ou mastectomia (retirada completa da mama). O tratamento pode, ainda, incluir a combinação de dois ou mais recursos terapêuticos.

PANORAMA SAÚDE Sábados, 10h

Saída de secreção (de não leite) pelo mamilo

Vermelhidão ou descamação do mamilo ou pele da mama


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27 de março de 2015 Banco de Imagens Google

Ovário Pouco frequente, o câncer de ovário é o tumor ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e o de menor chance de cura. Cerca de 3/4 dos cânceres desse órgão apresentam-se em estágio avançado no momento do diagnóstico. A maioria dos tumores de ovário são carcinomas epiteliais (câncer que se inicia nas células da superfície do órgão), o mais comum, ou tumor maligno de células germinativas (que dão origem aos espermatozoides e aos ovócitos - chamados erroneamente de óvulos.

Sintomas

A maioria das mulheres com câncer de ovário não apresenta sintomas até a doença atingir estágio avançado. Nesse caso, os mais característicos são dor e aumento do volume abdominal, constipação, alteração na função digestiva e massa abdominal palpável.

Diagnóstico

Medição do marcador tumoral sanguíneo CA 125 (80% das mulheres com câncer de ovário apresentam CA 125 elevado) e ultrassonografia pélvica são dois exames fundamentais para estabelecer o diagnóstico da doença. A laparoscopia exploratória seguida de biópsia do tumor, além de úteis para confirmar o diagnóstico, permite observar se há comprometimento de outras regiões e órgãos. Raios-X torácico, tomografia computadorizada, avaliação da função renal e hepática e exames hematológicos

podem auxiliar no diagnóstico dos casos avançados.

Tratamento

Se houver suspeita de tumor de ovário, a paciente deve ser submetida a uma avaliação cirúrgica. Para câncer de ovário em estágio inicial, é preciso realizar o estadiamento do tumor por meio de cirurgia e promover a remoção do útero e ovários. Em estágios avançados da doença, é possível aumentar a taxa de sobrevivência com a remoção agressiva de todos os tumores visíveis. Exceção feita às mulheres portadoras de câncer de ovário de baixo grau em estágio inicial, as pacientes devem ser submetidas à quimioterapia após a cirurgia. Elas podem contar com vários regimes de quimioterapia disponíveis, como a combinação de cisplatina ou carboplatina com paclitaxel, que oferecem taxas de resposta clínica de até 60% ou 70%.

"Do jeito que estamos levando a vida é mais difícil escaparmos do câncer. Muito mais difícil que há 90 ou 100 anos. Estamos expostos a uma quantidade de substâncias oncogênicas muito maior, como corantes, conservantes e ao excesso de luz solar", CLARICE LOPES ginecologista


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