Editorial
Diogo Maia Gabriela Araujo
A revista Olha o Passarinho é feita por alunos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e vem com o intuito de divulgar o trabalho de fotógrafos brasileiros. Lalo de Almeida, Sebastião Salgado, Claudia Jaguaribe, Cássio Vasconcellos, Boris Kassoy e Araquém Alcântara são algumas das personalidades brasileiras escolhidas para a primeira edição da revista. Olha o Passarinho é a vitrine do Brasil, onde a vida de seu povo é retratada e interpretada por grandes nomes da fotografia.
Sumário
Lalo de Almeida
Sebastião Salgado
Claudia Jaguaribe
Cássio Vasconcellos
Boris Kossoy
Araquém Alcantara
Lalo de Almeida por Diogo Maia
Nascido em São Paulo, Lalo de Almeida estudou fotografia no Instituto di Design em Milão, Itália. Sua experiência em fotografia jornalística começou em uma pequena agência de fotojornalismo na Itália, onde ele percorria pelas ruas de Mobilete, atrás de acontecimentos que dessem boas fotos e interessassem as redações de jornais e revistas locais. No Brasil, contribuiu com o jornal Estado de S. Paulo, com a revista Veja e atualmente está no jornal Folha de S. Paulo. As fotos de Lalo trabalham fortemente o lado jornalístico, isto é obviamente percebido quando nos deparamos com o material puro e real, porém seu olhar direcionado se faz presente de uma maneira totalmente artística. O projeto de documentação fotográfica sobre as populações tradicionais brasileiras, intitulado O Homem e a Terra, é um desses exemplos. O artista utiliza o preto e branco de uma forma muito tocante
e poética em sua composição. Em Periferia, um ensaio sobre a vida nas favelas de São Paulo, tudo é retratado para nos mostrar que ainda há uma sensibilidade no meio do caos. Lalo de Almeida também consegue manter esse lado sensível quando utiliza das cores naturais, como em seu Futebol pelo Brasil, trabalho resultado de uma série de reportagens para o jornal The New York Times sobre o futebol em várias partes do país. O fotojornalismo lhe deu a oportunidade de observar mundos diferentes e com suas fotografias expõe muito mais que as imagens, histórias reais.
Sebastião Salgado
por Gabriela Araujo
Quem poderia imaginar que o consagrado economista Sebastião Ribeiro Salgado, viesse a se tornar um dos fotógrafos brasileiros mais famosos do mundo? Nascido em oito de fevereiro de 1944, em Aimorés – MG, Salgado se graduou economista concluindo mestrado e doutorado na mesma área. Foi trabalhando para a Organização
Internacional do Café que ele descobriu sua paixão pela fotografia e sua vontade de documentar a realidade econômica de vários locais do mundo. Para ele, as fotos em sí falam mais do que textos cheios de números e estatísticas . Em Paris, começou a trabalhar como free-lancer de fotojornalismo, em agências como Sygma, Gamma e
Magnum e contribuiu com seu trabalho também para inúmeras organizações humanitárias. Sua principal meta é fazer as pessoas refletirem sobre a situação econômica do local retratado, gerarando debates ao redor de questões como desigualdade social e globalização. Sua fotografia é uma arma de denúncia da pobreza, violência, guerra e da fome em
regiões miseráveis do mundo. Sebastião é influenciado pelo fotógrafo francês Henri Cartier Bresson, onde o que vale é o “momento decisivo”, que são fotos tiradas no momento crucial da cena real. Outro ponto de análise do trabalho dele é que suas fotografias são sempre feitas no preto e branco, que enfatiza o drama da situação retratada.
Claudia por Diogo Maia
Natural do Rio de Janeiro e formada em História da Arte, Artes Plásticas e Fotografia, Claudia Jaguaribe (1955), é uma fotografa que busca conhecer melhor o seu espaço ao redor, penetrando e se apropriando da história, para depois entregar o seu trabalho completo ao publico. Sua fotografia é contemporânea, frontal e contrastante. E além das fotos externas, Cláudia também trabalha em estúdio, com montagens sobre as imagens. Na sua exposição Entre Morros, ela mostra uma perspectiva diferente do Rio de Janeiro, que ao mesmo tempo em que coloca em foco o caos de concreto dos prédios da cidade e os amontoados de casas das favelas, inclui também partes da natureza que ainda sobrevive ali. Ainda na área do Rio, sua série sobre Topografias é trabalhada com montagens das paisagens postais da cidade, criando uma visão inovadora. Outra série, não menos importante, é Sobre São Paulo que mostra a cidade de ângulos altos, uma selva de pedra de tamanho exorbitante que causa forte impacto.
Jaguaribe
Cássio Vasconcellos
por Gabriela Araujo
Cássio Vasconcellos nasceu na capital paulista, em 1965. Sua paixão pela fotografia começou muito cedo, mais propriamente numa viagem de final de semana com seus pais. A Pentax SP 1000 com lente 35 mm de seu pai foi a menina dos olhos do adolescente por um bom tempo, pois esta apresentou o mundo totalmente novo através da lente objetiva. Frequentando as aulas do colégio pela manhã, ia para a Escola de Fotografia Imagem-Ação pela tarde. Sempre era o último a sair, pois o conhecimento ofertado nunca era o bastante para saciar sua
sede de informações. Já adulto, trabalhou inicialmente na imprensa, fotografando em 1984 para a revista Isto é e, depois, para o jornal Folha de São Paulo. Na década de 90, voltou-se para a fotografia publicitária, fotografando para a agência DPZ, até montar seu próprio estúdio. Na sua fase de expressão pessoal, Cássio explorou temas urbanos, onde afastou a fotografia de sua função documental e a aproximou do universo da pintura e das artes gráficas. Depois, dedicou-se às manipulações técnicas e
ao uso do processo Polaroid. Na série Panorâmicas Verticais, retrata São Paulo vista de um helicóptero, onde ele apresenta uma visão ordenada da megalópole caótica. Seus métodos criam estranhamento em relação ao que já se conhece da cidade e dão às fotos uma alusão de estampas de tecidos antigos. Em Noturnos, o fotógrafo transita a noite por edifícios, pontes e viadutos os iluminando, como se estivesse colocando filtros diretamente no espaço urbano. Sua arte com uma câmera Polaroid, resulta em fotos
que mais parecem gravuras. Se afastando da dimensão do cotidiano, Cássio mostra uma realidade contrária, na qual a tecnologia das cidades convive com o decadente.
Boris Kossoy por Diogo Maia
Um dos nomes mais importantes da fotografia brasileira do século XX, Boris Kossey (1941), teve sua primeira experiência fotográfica na infância com uma câmera de fole, onde clicou alguns lugares de São Paulo, sua terra natal. Boris não é só reconhecido na área da fotografia, tem também sua parcela de importância no campo da administração cultural, pois esteve à frente de cargos importantes no Departamento de Fotografia
do Museu de Arte de São Paulo, na Comissão de Fotografia da Secretaria de Estado de Cultura, no Museu da Imagem e do Som de São Paulo e outras instituições. Com toda sua passagem por cursos diferentes, em diferentes faculdades e seu olhar curioso, Boris levou a fotografia para um nível mais profundo, ele estudou sua história e trabalhou em cima de pesquisas a respeito. Na sua série Viagem pelo Fantástico, ele desconstrói a
realidade e decide compor tudo como se fosse uma história surreal e mágica. Objetos estranhos, lugares com climas misteriosos e pessoas solitárias são recorrentes nesta fase. O Brasil foi a sua maior fonte de pesquisa fotográfica. Boris fez questão de retratar toda a construção do país e de sua nação, sob o seu olhar minucioso.
Araquém Alcântara por Gabriela Araujo
Araquém Alcântara é considerado um dos mais importantes fotógrafos de natureza do Brasil. Nascido em 1951, em Forianópolis, estudou jornalismo na Universidade de Santos (SP). Começou sua carreira em fotojornalismo nos jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, na década de 1970. Sendo considerado um dos precursores da fotografia ecológica no país, o fotógrafo já publicou mais de 15 livros e participou de várias coletivas e centenas de exposições. Seu livro Terra Brasil, é o livro de fotografia brasileiro mais vendido de todos os tempos, tendo ultrapassado
mais de mil exemplares. O brasileiro é o primeiro a desenvolver, em cerca de 30 anos, um trabalho sistemático de documentação dos parques nacionais do Brasil, com imagens em defesa da causa ecológica. Por mais que tenha fotografado, no início da carreira, degradações ambientais da cidade de Cubatão SP, sua obra não tem como característica mais forte a denúncia, mas a exaltação das belezas naturais. Araquém desvenda a diversidade da natureza do território brasileiro que é
desconhecida até mesmo para os próprios brasileiros. Assim, tenta chamar a atenção das pessoas para a importância da preservação do patrimônio nacional.