TCC O Desafio da Reciclagem do Lixo Eletrônico

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TERÇA-FEIRA, 25 DE NOVEMBRO DE 2008

O desafio da

reciclagem

do lixo eletrônico Trabalho de Conclusão de Curso Ana Paula Flores

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02 < Apresentação

Carta ao Leitor

Índice

Alto consumo de eletrônicos impulsiona mercado de sucatas Os avanços tecnológicos aumentam descarte e movimentam mercado de reaproveitamento de aparelhos fora de uso Páginas 4 e 5

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Reciclagem de sucata eletrônica obtém cobre com alto valor agregado Método para reciclar cobre de lixo eletrônico ganhou prêmio do CNPq Páginas 10 e 11

Apenas Paraná possui lei exclusiva para lixo eletrônico Por que a falta de clareza nos projetos de lei dificulta o emprego da legislação Página 6

Duas alternativas para minimizar o lixo tecnológico se destacam no Sul Inclusão digital é a meta de projetos que recondicionam computadores e máquinas caçaníqueis Páginas 12 e 13

Variedade de componentes dos eletrônicos dificulta reciclagem Reciclagem geralmente ocorre com as partes facilmente desmontáveis, o restante é enviado para aterros Página 7

Lei federal amplia recolhimento de pilhas e baterias Nova regulamentação pretende facilitar o descarte dos itens pelos consumidores obrigando varejo a instalar caixas coletoras Páginas 14 e 15

Do berço ao túmulo Contracapa Os impactos que a produção, o uso e o descarte O desmanche de um notebook passo-a-passo causam ao meio ambiente Página 16

Páginas 8 e 9

Expediente

Trabalho de Conclusão de Curso - Jornalismo Universidade Federal de Santa Catarina Reportagem, edição e fotografia Ana Paula Flores Orientação Profª Tattiana Gonçalves Teixeira Diagramação Dirceu Getúlio Cunha Neto Infografia Alunos da disciplina de Infografia, orientados pelo professor Lucio Baggio Página centrais: Páginas centrais: Diego Cardoso, Isabela Rosa, Laryssa D’Alama, Lygia Esper, Marcelo Mendes, Nayara D’Alama e Rosielle Machado. Páginas 10 e 11: Andréia Lubini, Jéssica Lipinski, Mariana Della Justina, Mayara Rinaldi, Rafaella Paschoal, Thiago Victorino e Yara Kuszka. Novembro - 2008

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Em abril deste ano eu estava em busca de um tema para desenvolver meu projeto de trabalho de conclusão de curso. Ao folhear uma edição do DC, uma pequena matéria que divulgava um debate sobre lixo tecnológico na Assembléia Legislativa de SC me chamou a atenção. Desde então, meu interesse por tudo que dissesse respeito à tecnologia, reciclagem e meio ambiente se multiplicou. O resultado da apuração jornalística que você encontra nesse caderno mostra uma realidade marcada pela ausência de regulamentação e informação, e por esparsas iniciativas de reaproveitamento. O tema compreende questões que vão desde interesses do setor produtivo até a consciência ambiental do consumidor. É exatamente aí, no conhecido dilema entre avanço tecnológico e preservação ambiental, que o tema desse trabalho se insere. Através de uma série de reportagens pretendo esclarecer aspectos pouco divulgados, como as conseqüências ambientais do descarte inadequado desses resíduos, suas possibilidades de reciclagem e a discussão em torno da responsabilidade pós-consumo dos equipamentos eletrônicos. Tenha uma boa leitura!

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Apresentação > 03 ANA PAULA FLORES

Vida útil curta e destino final incerto

Essa é a realidade atual dos indispensáveis equipamentos eletrônicos

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s custos reduzidos e as facilidades de compra est imulam a proliferação de novos produtos tecnológicos, como computadores pessoais, notebooks e celulares, que se tornam obsoletos de forma acelerada. O esgotamento da vida útil de um eletrônico pode acontecer por vários fatores: quando há necessidade de substituição por outro com mais funções, por modismos, estimulados pelos constantes lançamentos de produtos, relegando aspectos como durabilidade e utilidade, ou ainda quando o equipamento estraga e a compra de um produto novo custa mais barato do que o conserto. O ciclo de vida de um celular é de cerca de três anos e de um computador está entre três e cinco anos, mas a tendência atual é que a substituição seja cada vez mais rápida. A expectativa é que sejam vendidos 13 milhões de desktops e notebooks até o final do ano, 23% a mais que em 2007. A Anatel prevê que o país vai encerrar o ano de 2008 com mais de 150 milhões de usuários de celulares, um aumento de quase 30 milhões sobre o número registrado em 2007. Esse crescimento no consumo amplia também o descarte de

equipamentos usados, contribuindo das na separação e reaproveitamenpara a produção do lixo tecnológico to de materiais usados em celulares, ou eletrônico, que aumenta a uma computadores, televisores. taxa três vezes maior do que o lixo A discussão do tema no âmbito comum. acadêmico ainda é escassa. ExisOs produtos tecnológicos não tem alguns trabalhos sobre a recisão planejados pensando no seu clagem dos componentes na área descarte: eles possuem uma gran- de engenharia de materiais. Já no de variedade de componentes di- campo jurídico, a abordagem vem ferentes (ligas de metais e diversos sendo feita tomando como base os plást icos) que resíduos sólidos dificultam a desde maneira geral. montagem para o A reciclagem do reaproveitamento lixo tecnológico As pessoas não cuidam dos componentes. foi tema de um seda bituca do cigarro nem do papel de bala, como Apesar disso, iniminário na Pontivão se preocupar com o ciativas que usam fícia Universidade lixo tecnológico? o e - l i xo como Católica do ParaCarlos Garcias matér ia-pr ima ná, em Curitiba, para confecção de no dia 31 de outuacessórios e para bro. O evento teve a indústria dão a participação de mostras do que é possível fazer pa- sete palestrantes, entre professores ra evitar o lançamento desses resí- pesquisadores de universidades e duos em aterros. representantes do setor produtivo Na medida em que o consumo tecnológico e de reciclagem. aumenta, um ramo de atividade Na opinião do professor de Engeganha espaço: o setor de recicla- nharia Ambiental da PUC/PR Cargem de resíduos de aparelhos ele- los Mello Garcias, um dos maiores trônicos é um nicho do mercado desafios para a implantação de um com potencial e que já começou a mecanismo eficiente de coleta do ser ocupado. Desmontar, triturar e e-lixo é a falta de consciência amtransformar diversos equipamentos biental da sociedade: “Eu diria que é o que as empresas de remanufatu- é um problema de cultura e de edura fazem. São empresas especializa- cação. Tecnicamente nós não temos

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dificuldade nenhuma. O nosso conhecimento tecnológico é suficiente para resolver o problema. Então, o problema está na formação do cidadão. As pessoas não cuidam nem da bituca do cigarro, do papel de bala, como vão se preocupar com esse tipo de lixo?”. Outro ponto destacado pelo professor foi a necessidade de pensar a questão do lixo de maneira mais abrangente: “Pensa-se num sistema de coleta especial isolado. Não se resolve o problema do lixo só pensando no lixo. Não há como fazer uma coleta especial, dar destino adequado para esses resíduos se apenas uma área do conhecimento achar que tem a solução na mão”. O papel do cidadão também foi destacado por representantes do setor produtivo. Para o gerente de sustentabilidade da Itautec, João Carlos Redondo o consumidor deve pressionar o as empresas de tecnologia por alternativas de reciclagem: “Tanto a decisão da compra, quanto a do destino a ser dado é do usuário. O poder está nas mãos do consumidor. É ele quem decide se o mercado vai adotar ou não iniciativas de recolhimento para os computadores obsoletos”. Ele explica que, desde 2006, a empresa tem feito alterações nos componentes de informática que desenvolve, retiran-

do, por exemplo, o chumbo e o mercúrio e substituindo elementos tóxicos por outros com menor impacto. Essas mudanças estão de acordo com as diretivas em vigor desde 2003 na Europa. O plano ambiental da empresa inclui o recebimento de computadores Itautec dos usuários para a reciclagem das partes. No estado de São Paulo, aconteceu no dia 30 de outubro o Mutirão do Lixo Eletrônico, que instalou cerca de duas mil caixas de coleta nos municípios paulistas para recolher celulares, pilhas, baterias e carregadores dos cidadãos paulistas. Foi uma iniciativa válida, mas insuficiente, porque durou apenas um dia e em apenas um estado. No sul do país existem outras ações sociais de ONGs e instituições que recolhem esses equipamentos, mas são dificultadas pela burocracia e pela falta de continuidade. É possível perceber que duas questões chave cercam esse tema: como instaurar um mecanismo constante de recolhimento desses resíduos e fazer com que o consumidor se preocupe com a destinação adequada? Como você verá após a leitura desse caderno, as mudanças vão muito além da ampliação da consciência ambiental do cidadão.


04 < Sucata

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DC Documento ANA PAULA FLORES

Descarte de eletrônicos impulsiona mercado de sucatas Lixo tecnológico é fonte de renda para empresas e associações de catadores

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s vendas de computadores batem recordes no Brasil - a expectativa é que sejam vendidos 13 milhões de desktops e notebooks até o final do ano, 23% a mais que em 2007 -, mas também contribuem para a produção de um resíduo que aumenta a uma taxa três vezes maior do que o lixo comum. O descarte dos equipamentos usados ainda é uma incógnita para muitos consumidores, mas empresas do setor e ONGs começam a atuar no ramo de reaproveitamento do lixo tecnológico. A Recicla Mais comercializa equipamentos eletrônicos usados há 10 anos em Florianópolis. A empresa compra eletrônicos de empresas e pessoas físicas, mas a maior parte do depósito possui materiais provenientes de compras em leilões. O último arremate resultou na aquisição de 300 gabinetes de computador (carcaça sem as placas, somente com a fonte), carga que será desmontada

e revendida para uma empresa de quebrada. Mas como tu pagou o loreciclagem de ferro. Os cinco fun- te, tem que trazer tudo”. Os poucos cionários da empresa – dois deles equipamentos que ainda funcionam técnicos em informática – testam os são vendidos para a Recicla Mais, já equipamentos, que vão desde telefo- os restantes são desmontados pelo nes a computadores e seus periféri- único funcionário da empresa e os cos. Aqueles que ainda funcionam componentes são repassados para vão para a loja, que vende produtos outros sucateiros e ferros-velhos. O usados, já os que não têm conserto lixo que não tem valor comercial é são desmontados e separados para depositado numa caixa coletora da posterior venda aos recicladores de Brooks Ambiental, empresa de gemetais e plásticos. renciamento de re(veja tabela na pásíduos sólidos, onde gina ao lado) a empresária diz Outra empresa que pode “colocar Empresas apenas que trabalha com tudo, sem restrição”. desmontam equipamentos e resíduo eletrôniEsses resíduos são revendem componentes co é a Sucainfo, encaminhados para para outros sucateiros que atua há um o aterro sanitário ano em São José. da ProActiva, em Os equipamentos Biguaçu. No dia da também são arrevisita feita pela rematados em leilões de equipamen- portagem, enquanto o funcionário tos eletrônicos. Mas, de acordo com desmontava uma máquina de escrea sócia da firma, Miriã Nascimento, ver, o conteúdo do último lote arrenem tudo que se compra é resíduo matado aguardava pelo desmonte eletrônico: “num lote vem de tudo no chão de brita da empresa. São que tu imagina, ferro podre, mesa dezenas de monitores e CRT’s depo-

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sitados a céu aberto, expostos à chuva e às enchentes que são comuns no bairro. Clóvis Caires é proprietário de uma empresa que atua com sucata eletrônica há um ano no Campeche, sul de Florianópolis. Ele compra a sucata de ferros velhos, depósitos e empresas de manutenção de computadores. Quando o material chega dois funcionários fazem a descaracterização: componentes como placas-mãe, placas de circuito impresso, discos rígidos, cabos, fios, processadores, fontes de alimentação são separados e revendidos para empresas que aproveitam o cobre, o aço e outros metais nobres que possam ser fundidos. Uma prática muito comum é queimar os cabos e fios de cobre, para separar o plástico do metal, já que o preço sem o plástico isolante é cerca de três vezes maior (o quilo do cobre não revestido é vendido pelos catadores por cerca de R$ 10 o quilo). Caires, no entanto, garante que vende o fio para uma empresa que separa por meio

de moagem, já que a queima libera gases prejudiciais ao homem e à atmosfera. Os equipamentos levados pelos consumidores e empresas são comprados por peso, com preços que variam de R$ 0,30 a R$ 3,5. Na opinião do empresário, o retorno que o consumidor tem ao levar seu equipamento estragado ou velho para empresas especializadas na reciclagem de lixo tecnológico “não é financeiro, mas está no fato de não sermos responsável pelo passivo ambiental que esse lixo acarreta”. Destino do monitor Um dos problemas relatados pelos empresários é o acúmulo de monitores. De acordo com o gerente da Recicla Mais, os monitores guardados no depósito – cerca de 200 – prejudicam a logística da firma. Já o proprietário da Campeche Recicláveis envia esses equipamentos para a única empresa no Brasil que faz a descontaminação, processo que separa os resíduos tóxi-


DC Documento cos do vidro. O empresário aceita recolher esses equipamentos, mas não reembolsa o consumidor. Já os tubos de imagem da Sucainfo vão para o aterro da ProActiva. Como o aterro é sanitário, e, portanto, só pode receber resíduos urbanos domésticos, a empresa encaminha os resíduos eletrônicos para aterros industriais existentes em Blumenau e Joinville. Monitores, placas de circuito impresso, pilhas e baterias contêm metais pesados em sua composição e, por isso, são considerados resíduos perigosos, devendo ser encaminhados, depois de sua vida útil, para aterros industriais. Nesses locais eles são depositados, juntamente com outros resíduos classe I, nas chamadas células de estocagem, que são escavadas no solo a uma profundidade de cerca de cinco metros e impermeabilizadas com argi-

ONDE ENTREGAR SEU EQUIPAMENTO USADO

Comitê para Democratização da Informática (CDI) – Aceita doações de computadores e periféricos para programas de inclusão digital. A ONG cria Escolas de Informática e Cidadania em parceria com organizações comunitárias e disponibiliza os equipamentos em comodato. A configuração mínima deve ser igual ou superior a Pentium III com 256 Mb de memória e HD de 10 Gb. Fone: (48) 3322-2020 www.cdisc.org.br

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la e uma camada dupla de manta de polietileno (plástico isolante). Alternativa para coletores A Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap/Florianópolis) recolhe equipamentos eletrônicos por meio da coleta seletiva, que atende 87% da população, cerca de 300 mil habitantes. Os materiais recicláveis recolhidos, entre eles os eletrônicos, são distribuídos para os galpões de triagem de três associações de coletores: a Associação de Coletores de Materiais Recicláveis (ACMR), localizada na sede da Comcap, no Itacorubi, a Associação de Recicladores Esperança (AREsp), situada no bairro Chico Mendes, e a Associação Aparecida, em São José. São recolhidas 1800 toneladas por ano de materiais recicláveis, provenientes da coleta seletiva da Comcap, de associações de catadores e de catadores que atuam isoladamente nos bairros. Nilson de Souza trabalha há seis anos na AREsp, onde se divide entre a esteira de separação manual e o controle de vendas. Ele explica que cada componente é vendido a um preço específico aos atravessadores, que compram separadamente o plástico, as placas e o ferro resultantes do desmonte. Volmir dos Santos é o presidente da ACMR e diz que os associados costumavam quebrar os equipamentos para tirar “só o que é bom”. O que eles consideram como “bom” são os fios de cobre, ferro, plástico e alumínio; o restante se junta ao lixo comum e era enviado em caminhões para o aterro sanitário. Desde junho, a associação se comprometeu a conservar os computadores inteiros para vender para a Compuciclado Reciclagem de computadores e periféricos, situada no bairro João Paulo. Steve Rae, dono da empresa, paga R$ 0,90 pelo quilo dos equipamentos. No galpão, ele desmonta os computadores que compra de diversos coleto-

Sucata > 05

res e sucateiros da PREÇO DE COMPRA capital. De acordo com ele, as peças EQUIPAMENTO CAMPECHE RECICLÁVEIS RECICLA MAIS que ainda funcionam são utilizaCPU completa R$ 0,60 R$ 0,50 das para remontar Gabinete (carcaça) R$ 0,15 R$ 0,10 computadores que Impressoras, faz, scanner R$ 0,30 R$ 0,20 podem ser vendiPlacas em geral (rede, R$ 3,75 a 4,50 R$ 2,00 (depende dos a preços mais acessíveis à pose tiver ou não conectores) vídeo, som) pulação de baixa R$2,50 R$4,00 Placa mãe renda. Outros maR$0,05 Coleta, mas não paga Monitores CRT teriais como ferro, R$1,00 R$2,80 a 4,50 (depende Cabos diversos plástico e alumínio são vendidos para se for cabo da rede, de sucateiros especiaforça ou lógico) lizados. O objetiR$0,10 Caixa de som/mouse R$0,20 vo de Steve não é R$0,05 Plástico de informática/teclados R$0,20 “ser sucateiro, mas R$1,75 R$0,50 Celular com bateria sim, prestar um serviço ambienR$3,30 R$0,80 Celular sem bateria tal”. Ele considera R$0,15 R$0,05 Aparelho telefônico fixo inadequada a atitude dos catadores de “arrebentar” os equipamentos e acha que deve- peça de museu. A Comcap possui ção da ONG Comitê para Democraria existir uma lei que proibisse a um programa de educação am- tização da Informática (CDI – SC). utilização desse tipo de resíduo por biental que inclui visitas de estu- A Semana da Inclusão Digital, proquem não sabe tratá-lo. Assim como dantes ao chamado Museu do Lixo. movida simultaneamente em 24 outras empresas, Steve enfrenta di- O responsável pelas visitas é Valdi- sedes da organização no Brasil em ficuldades com o acúmulo de tubos nei Marques, monitor de Educação março desse ano, teve como tema de imagem de monitores. Ele man- Ambiental da companhia. O Museu Lixo Tecnológico: o que fazer com tém cerca de 30 deles guardados no foi montado e organizado por ele há ele? O CDI recebe doações de equidepósito “esperando surgir uma uti- seis anos. O local abriga televisores, pamentos em boas condições de lidade ambientalmente correta”. microondas, tocadores de LPs, rá- empresas privadas e pessoas físiDentre as quatro empresas loca- dios, máquinas de costura, máqui- cas. Dois técnicos voluntários fazem lizadas pela reportagem, nenhuma nas de escrever, telefones fixos, fer- revisão e manutenção e os equipadelas atua, efetivamente, na reci- ros de passar roupa, celulares, além mentos são distribuídos para 21 clagem dos resíduos eletrônicos. O de bonecos e esculturas feitos de aço Escolas de Educação e Informática que elas fazem é o desmanche dos e restos de embalagens. Alguns apa- mantidas pela ONG em comunidaequipamentos para revender mate- relhos eletrônicos ainda funcionam. des de baixa renda na Grande Floriais como metais e plásticos para É possível assistir TV, ouvir rádio, rianópolis e em Tubarão, onde são outras empresas de sucatas. A reci- tocar LPs e ligar o ventilador. Duran- oferecidos cursos de capacitação clagem seria o reaproveitamento de te a visita, os estudantes, de acordo para crianças, jovens e adultos. Mas, materiais que constituem os resí- com Valdinei, são levados para “um como nem todos os equipamentos duos como matéria-prima para um túnel do tempo” onde ele ensina que que recebem têm condições de ser novo produto. “a modernidade tem um preço”. Ele reaproveitados, de acordo com Ancostuma alertar as crianças para te- tônio Póvoas, presidente da organiReuso pode ser opção nham um consumo responsável e zação em SC, a idéia é formar um para que levem uma vida mais zen: centro de triagem de equipamentos, Enquanto para alguns as sucatas “Zen poluição, zen barulho”. onde seria possível a utilização das eletrônicas servem como fonte de O descarte adequado do lixo tec- componentes que não funcionam renda, para outros elas se tornam nológico também é uma preocupa- em obras de artesanato.

A substituição da tecnologia antiga de televisores e monitores por telas de cristal líquido (LCD, liquid crystal display, em inglês) e de plasma pode causar grande impacto ambiental se não houver um descarte apropriado. Os monitores comuns possuem os chamados tubos de raios catódicos (CRT, sigla para cathode ray tube, tubo de imagem ou cinescópio). No interior do tubo existem fósforo aluminizado e óxido de chumbo – o primeiro é um pó que, em suspensão no ar, pode causar intoxicação se for inalado, ou contaminar o solo quando jogado no aterro; o segundo é um metal tóxico, classificado como resíduo Classe I (perigoso), de acordo com a ABNT. Os tubos de imagem possuem de 18 a 24% do seu peso em chumbo.

Por isso, a reciclagem de monitores e TVs exige a realização de um processo chamado descontaminação. A Ativa Reciclagem de Materiais, situada em Guarulhos - SP começou a atuar no ramo em janeiro desse ano, e é a única empresa do Brasil que realiza esse procedimento. O processo inclui a desmontagem manual do monitor ou televisor, a separação entre o tubo e a tela por um equipamento para corte térmico e a aspiração dos resíduos tóxicos (chumbo do funil e pó de fósforo do painel). O chumbo e o fósforo recolhidos servem como coloríficos para a indústria cerâmica. O vidro limpo que é obtido do painel é moído e encaminhado para reciclagem. De acordo com Edgar Garcia, gerente comercial de projetos, a empresa recebe de qua-

tro a cinco mil monitores por mês, menos de 40% da capacidade produtiva. O valor cobrado para realizar o procedimento varia de R$ 650 a 990 por tonelada de tubos, dependendo do tipo de carga. Já o preço por unidade do monitor completo varia entre R$ 4,5 e 7,5. A empresa também atua na reciclagem e descontaminação de lâmpadas e reatores, pois segundo Garcia “trabalhar só com monitor Tubo ainda não compensa, por conta da baixa demanda, devido à falta de consciência ambiental dos geradores do resíduo”. Ele critica as empresas pequenas que retiram apenas o plástico e o cobre presentes nos monitores: “Essas empresas

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ANA PAULA FLORES

Apenas uma empresa no Brasil faz descontaminação de CRT

de imagem de monitor foi quebrado por catadores para retirar o cobre canibais recolhem e vendem só as partes lucrativas, não têm licenciamento, nem têm a preocupação de dar o destino o certo para o tubo”. Por isso ele considera importante que os municípios se organizem

para criar centrais de resíduos: “Mas isso é diferente de cooperativas de catadores, que não têm capacidade pra lidar com resíduos perigosos, não recebem instrução dos governos”.


06 < Legislação

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Apenas Paraná possui legislação exclusiva para lixo tecnológico

Ausência de menção específica ao e-lixo dificulta aplicação de normas

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única regulamen- Salvato, ainda não existe necessitação brasileira que dade de planejamento para isso, já trata do lixo eletrô- que a empresa atua no mercado de nico é uma resolução varejo há apenas quatro anos. Para do Conselho Nacio- ele, a abertura de um programa de nal do Meio Ambien- recolhimento dos computadores te (Conama), que estabelece limites vai acontecer mais tarde, quando para o uso de substâncias tóxicas houver um volume maior de venem pilhas e baterias e responsabi- das e os computadores vendidos liza os fabricantes pela coleta e re- começarem a ficar obsoletos. ciclagem desses materiais. Tramita Em Santa Catarina, o descarte do desde 1998, no Congresso Nacional lixo eletrônico está sujeito à Política um projeto de lei que regulamenta Estadual de Resíduos Sólidos (Lei a coleta, o tratamento e a destina- nº 13.557), em vigor desde 2005, ção final do lixo tecnológico. Outro que estabelece, entre outras mediprojeto semelhante foi proposto em das, a criação de um Sistema de In2007 e anexado ao primeiro. A re- formações sobre resíduos sólidos. A gulamentação existente nos estados Secretaria de Desenvolvimento Ecodo Sul do país se refere apenas ao nômico Sustentável, órgão respondescarte de pilhas e baterias e para sável pela implantação do sistema, resíduos sólidos em geral. no entanto, não possui previsão paUma legislação mais específica ra o lançamento desse mecanismo. para o lixo tecnológico foi apro- A aplicação efetiva da lei estadual vada no Paraná em é prejudicada por dois junho deste ano. A motivos: além de delei nº 15.851 obripender da aprovação Políticas de ga as empresas de da Política Nacional de resíduos sólidos produtos de inforResíduos Sólidos, que não fazem referência ao e-lixo mática instaladas tramita no Congresso em seus artigos no estado a criarem Nacional há mais de programas de recoum ano, ela foi anexada lhimento, reciclagem ao Código Ambiental ou destruição de equipamentos. A do estado, projeto do executivo que Positivo Informática, sediada no tramita na Assembléia desde julho Paraná, é a maior fabricante de desse ano. Por isso, a PERS não está computadores do Brasil - registrou completamente regulamentada, jusuma produção de 225 mil compu- tifica Cláudio Cameschi, gerente de tadores por mês - e é responsável resíduos sólidos da secretaria. por 25% dos computadores vendiOutra questão que prejudica a dos nos mercado oficial em 2007. eficácia da PERS é a classificação A empresa não possui uma estru- dos tipos de resíduos presentes tura exclusiva para o recolhimen- nessa lei. Eles são classificados em to e reciclagem de computadores urbanos, industriais, de serviço de porque, de acordo com o assessor saúde, de atividades rurais, de serde comunicação da empresa Duda viços de transporte, radioativos e

PROJETO DE LEI PREVÊ LOGÍSTICA REVERSA

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PL nº 1991/07) descreve a logística reversa como “procedimentos destinados a facilitar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos aos seus geradores, para que sejam tratados ou reaproveitados em novos produtos, na forma de novos insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, visando a não geração de rejeitos”. De acordo com o PL, o responsável pelos serviços públicos de limpeza urbana deve priorizar a contratação de organizações de catadores de materiais recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda. O professor de Engenharia Ambiental da PUC/PR, Carlos Garcias, critica o modelo de reciclagem adotado no país, sempre associado à marginalidade e à precariedade de condições de trabalho: “Nós adoramos reciclagem, mas quem tem que fazer é o pobre coitado do cavalo de dois pés. Nós estamos condenando uma parte da sociedade a uma degradação a tal nível que eles são a nossa sustentação!”.

especiais. A ausência de uma menção explícita ao lixo tecnológico pode dificultar o cumprimento da norma pelos responsáveis. Uma alteração feita na PERS em janeiro desse ano estabeleceu “a responsabilização do fabricante e de empresas que comercializem produtos ofertados ao consumidor final”. A lei, nesse caso, dá margem a muitas interpretações, porque não deixa claro nem a que tipo de produto se refere nem de que maneira se dará essa responsabilização. Para o presidente da ONG CDI, Antônio Póvoas, na prática a lei não é cumprida por falta de regulamentação: “Ainda não se sabe se o consumidor deve levar o produto obsoleto ao ponto de venda ou se as empresas precisam criar depósitos específicos para receber esse material”. Por isso ele acredita que a lei é

apenas o primeiro passo: “É preciso ainda estimular os fornecedores a participarem de projetos locais onde as pessoas poderiam descartar esse material. O comerciante, o fabricante e o vendedor que se tornarem responsáveis pelo destino do lixo tecnológico vão ter que criar uma estrutura para dar destino a isso”. Na opinião de José Rubens Morato, coordenador do Grupo de Pesquisa em Direito Ambiental da UFSC, é preciso uma lei específica de responsabilidade pós-consumo que classifique esse resíduo especial e que determine um procedimento de fiscalização que garanta a efetividade da norma. “Para isso, o órgão público precisa criar uma infra-estrutura geral: estabelecer o local onde vai ser feito o depósito, determinar qual a responsabilidade da empresa, quando ela vai ser acionada, como ela vai

gerenciar o custo da poluição e, principalmente criar instrumentos pra fiscalizar o cumprimento da lei”. Há, no entanto, dificuldades em definir o responsável, porque a cadeia de produção de produtos eletrônicos envolve fabricantes, distribuidores, varejistas, e muitas vezes, importadores. O professor defende a existência de uma responsabilidade compartilhada entre os envolvidos na cadeia. “Todos têm que responder pela sua parte no processo produtivo”. A legislação no Rio Grande do Sul demonstra o mesmo ponto fraco da de SC: a falta de clareza na classificação dos resíduos. Os tipos de resíduos previstos na PERS do estado são os provenientes de: atividades industriais, urbanas (doméstica e de limpeza urbana), comerciais, de serviços de saúde, rurais, de prestação de serviços e de extração de minerais.

Responsabilidade gera dilema Sete anos se passaram desde a criação da primeira Comissão Especial da Política Nacional dos Resíduos na Câmara dos Deputados. Em 2007, finalmente um projeto de lei (PL 1991/07), proposto pelo poder executivo (Ministério do Meio Ambiente) institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). O projeto tramita em regime de urgência no Congresso há um ano e dois meses. A questão central que impede a aprovação de uma Política Nacional de Resíduos Sólidos é a falta de consenso entre o governo e o setor empresarial quanto ao modelo de responsabilização pós-consumo a ser adotado no país. O PL que cria a Política estabelece que os resíduos sólidos reversos coletados pelos serviços de limpeza urbana deverão ser dispostos em instalações ambientalmente adequadas, “para que seus geradores providenciem o retorno para seu ciclo ou outro ciclo produtivo”, o que, em outras palavras significa a adoção da Responsabilidade Ampliada do Produtor (RAP), modelo em vigência na União Européia. A atribuição do gerenciamento dos resíduos aos fabricantes força-os a repensar a concepção dos novos produtos, a ampliação do tempo de vida útil e a facilidade de reciclagem dos equipamentos. Para o professor de Engenharia Ambiental da PUC/PR Carlos Mello Garcias a responsabilidade compartilhada é fundamental. “Não adianta responsabilizar só uma parte da sociedade”, acredita.

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A Gestão Compartilhada norteia o modelo de responsabilidade pós-consumo dos Estados Unidos. Esse padrão divide a responsabilidade pelos resíduos entre produtores, revendedores, consumidores e governos. A adoção da gestão compartilhada atende aos interesses econômicos dos produtores, já que, ao responsabilizar todos os envolvidos, acaba causando a ausência de definição quanto às competências de cada uma das partes nessa co-responsabilidade. Além disso, a cadeia de pós-consumo de um eletrônico é complexa, pois envolve desde fabricantes, redes varejistas, empresas de manutenção, de coleta de resíduos, catadores, comerciantes de sucatas, recicladores, até o próprio consumidor final. Eventualmente, a maior parte da responsabilidade acaba recaindo sobre o poder público municipal, que já é responsável pela gestão de resíduos municipais urbanos. Para Ângela Cássia Rodrigues, autora de uma dissertação de mestrado sobre os resíduos eletrônicos, “A ausência de regulamentação quanto à responsabilidade por esse tipo de resíduo faz com que o fluxo desses produtos ocorra de forma caótica, difusa e sem controle”. Na opinião de José Rubens Morato, coordenador do Grupo de Pesquisa em Direito Ambiental da UFSC, a falta de regulamentação gera incertezas, “tanto por parte do fabricante, quanto por parte do próprio órgão público, que deveria agir e não age. Então, fica um jogando a

responsabilidade para outro e acaba ninguém fazendo”. Na União Européia, duas diretivas sobre o uso e descarte desse lixo estão em vigor desde 2003. A WEEE (Waste Electrical and Electronic Equipment) disciplina a gestão de resíduos eletroeletrônicos, responsabiliza financeira e fisicamente os fabricantes e importadores por essas atividades e estabelece metas de coleta e prazos para a instalação de sistemas de tratamento e recuperação dos equipamentos descartados. A outra diretiva é a RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substances), que restringe o uso de determinadas substâncias tóxicas e perigosas na fabricação dos produtos. Ambas integram a Política Integrada de Produtos, que se baseia em nos princípios da precaução, da ação preventiva, do poluidor-pagador e da RAP. De acordo com a política, os produtos devem conter informações sobre os materiais que os compõem e a localização interna das substâncias perigosas. No Brasil, produtores e distribuidores envolvidos na questão dos resíduos eletrônicos não concordam com a adoção de modelos do exterior. Para eles as particularidades do país devem ser consideradas. A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) defende a implantação da gestão compartilhada, onde as empresas poderiam assumir a responsabilidade exclusivamente sobre o produto que elas próprias fabricam.


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Setor Produtivo > 07

Variedade de componentes dos eletrônicos dificulta reciclagem Reaproveitamento de metais e plásticos lidera mercado secundário

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com que a reciclagem ocorra de sucata quanto à procedên- com plásticos reciclados. Isso somente com as partes facil- cia, à origem e ao conteúdo. Já faz com que a matéria-prima mente desmontáveis, cujos ma- a reintegração ao ciclo produ- secundária seja utilizada em teriais tenham valor no merca- tivo de outros materiais, como proporções diferentes, variando secundário de materiais; o plásticos, é diferenciada. Exis- do em função do tipo de aplirestante é considerado rejeito e tem restrições técnicas ao pro- cação do produto final. Pau l o Ro b e r t o L e i t e , au enviado para destinação final, cessamento e ao desempenho geralmente em aterros desti- final dos produtos fabricados tor do livro Logística Reversa, nados a resíduos domiciliares. A lém disso, a faci l idade de transporte, a conservação das propriedades originais e o número de reutilizações possíveis são outros fatores que determinam a capacidade de reciclagem de um produto. Os metais são os materiais cujo mercado de reciclagem é mais desenvolvido, pois, de acordo com Hugo Veit, professor de engenharia de materiais, esses elementos não perdem as propriedades físico-químicas originais. O ferro e o aço são os mater iais com maior índice de reciclabilidade, cerca de 70% da sucata disponível é reciclada. A ABNT estabelece normas ao comércio desse tipo Desmonte de equipamentos é oportunidade de renda para presos

ANA PAULA FLORES

ciclo de vida dos produtos eletrônicos não termin a qu a n do e l e s são descartados. A re c i c l a g e m e o reaproveitamento dos materiais utilizados na fabricação desses itens são for mas de diminuir o impacto trazido pelo alto nível de consumo de tecnologia. A logística reversa é um mecanismo que prevê o retorno dos produtos – depois de extinta a vida útil – ao ciclo produtivo ou de negócios. Dessa forma, eles readquirem valor em mercados secundários por meio do reuso de componentes e a reciclagem dos materiais constituintes. Um dos f atore s que l i m i tam o retorno dos resíduos de equipamentos eletrônicos é a complexidade desses produtos, tanto pela forma como são fabricados como pelo número de materiais componentes, o que dificulta a separação. Isso faz

Reciclagem de computador emprega detentos As carcaças de monitores, teclados, mouses e caixas de som podem ser feitas de dois tipos de plásticos: o ABS (acrilonitrila butadieno estireno) e o HIPS (poliestireno de alto impacto). Quando descartados, esses materiais demoram cerca de 400 anos para se decompor. Esses materiais são considerados polímeros termoplásticos, aqueles, que, quando sujeitos à ação de calor, facilmente se deformam podendo ser remodelados e novamente solidificados. Por isso, esses tipos de plásticos podem

ANA PAULA FLORES

ser reciclados. Ou seja, essas carcaças podem voltar para a indústria e servir de matériaprima para produção de novas resinas plásticas. É nesse tipo de atividade que cinco detentos da Colônia Penal Agrícola, em Palhoça estão envolvidos há cinco meses. Eles fazem o desmonte dos equipamentos, provenientes, em sua maioria, da Recicla Mais, que recebe de volta os tubos de imagem, cabos e placas. Além disso, mais de uma dezena de sucateiros, como a Associação de Recicladores Esperança, vendem o plástico separado a R$ 0,35 o quilo. O trabalho dos presos consiste na desmontagem dos equipamentos, e n a re t i r a da de todas as impurezas com o ade si vos, parafusos e b or rachas, para que o Máquina extrusora: aplica temperatura e pressão na mistura plástico fique

completamente limpo. A Colônia possui uma parceria com a Resume Reciciclagem, que paga aos detentos um salário mínimo por mês dividido por dia trabalhado, o que significa em média R$ 13 por dia, descontando-se 25% do total que vai para o fundo rotativo, previsto na Lei de Execuções Penais, para custear despesas dos detentos no presídio. Depois que o plástico é limpo, ele é enviado para a sede da empresa, em São José, na Grande Florianópolis, onde é triturado e lavado. O proprietário da Resume, Carlos Eduardo Sarkis, é engenheiro químico e mestrando em Engenharia de Materiais e desenvolveu uma mistura de plástico de computador e EPS (poliestireno expandido, o conhecido Isopor®) que é utilizado por uma empresa como matéria-prima para a fabricação de molduras para quadros e porta-retratos e rodapés decorativos. O processo executado na empresa consiste em adicionar o plástico e o isopor moídos em uma máquina que aquece e aglutina os dois componentes.

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de st a c a a l g u m a s con d i ç õ e s essenciais para que estab elecimento do fluxo reverso: o preço de venda dos reciclados deve ser inferior ou compatível com as matér ias-pr imas virgens que vão substituir; a qualidade dos mater iais recicláveis e as quantidades de recicláveis devem ser constantes, garantindo atividades em esca la econômica e empresarial. De acordo com ele, a freqüência de fornecimento do pós-consumo e em quantidades satisfatórias é uma das maiores dificuldades nas cadeias reversas. A substituição de matér ias-pr imas v irgens por recicladas permite obter economia em dois campos: na quantidade de energia elétrica ou térmica, pelo fato de essas energias já terem sido gastas na primeira fabricação do material e na diferença entre os investimentos em fábricas de matérias-primas primárias e de matérias-primas recicladas.

ENTENDA OS CONCEITOS

Reuso: Extensão do uso de um produto com a mesma função para a qual foi originalmente fabricado, ou seja, sem nenhum tipo de remanufatura Reciclagem: Reaproveitamento de materiais como matéria-prima para um novo produto. Desmanche: Os componentes em condições de uso ou de remanufatura são enviados ao mercado de peças usadas, enquanto as partes que não têm condições de revalorização são destinadas a aterros sanitários ou são incineradas. A reciclagem agrega valor econômico, ecológico e logístico aos bens de pós-consumo, criando condições para que o material seja reintegrado ao ciclo produtivo substituindo as matériasprimas novas; o reuso agrega valor de reutilização ao bem de pós-consumo; e a incineração agrega valor econômico, pela transformação dos resíduos em energia elétrica. Fonte: Logística reversa, Meio Ambiente e Competitividade, obra de Paulo Roberto Leite

Depois disso o composto é fundido na extrusora e passa através de vários orifícios, onde a mistura adquire a forma de fios finos acinzentados. Por meio de uma esteira os fios são mergulhados em água fria, para que se solidifiquem. Em seguida são moídos novamente. A partir daí, o material está pronto para ser reutilizado na fabricação de outros produtos. Ao contrário do plástico, que é

comprado de sucateiros, a maior parte do EPS coletado pela Resume é proveniente de doação de empresas que tem este material como resíduo de suas atividades, por exemplo, sobras de produção e corte de blocos, rebarbas de recortadoras de EPS para construção civil, empresas de embalagens e câmaras frias. Sarkis também compra de sucateiros e cooperativas, mas em volume menor.


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Do berço ao túmulo

ARTE: TURMA DE INFOGRAFIA 2008/2

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DIÁRIO CATARINENSE > TE


Meio-Ambiente > 08-09

ERÇA-FEIRA | 25 | NOVEMBRO | 2008

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Metais podem atingir a cadeia alimentar humana

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ocê já se deu conta da variedade de materiais que são utilizados na produção dos equipamentos tecnológicos que nos rodeiam? Cerca de 30 elementos químicos da tabela periódica podem ser encontrados nesses aparelhos. Mas, de todos esses compostos, os metais e os plásticos são os que mais causam danos ao meio ambiente. Metais pesados como cádmio, mercúrio e chumbo são empregados na produção de placas de circuitos impressos e de pilhas e baterias. Os plásticos são utilizados nos revestimentos de quase todos os equipamentos tecnológicos. O chumbo é um elemento tóxico, que pode ser encontrado de várias formas nos aparelhos tecnológicos: como metal, nas soldas das placas de circuito impresso (liga de chumbo e estanho), como óxido, no vidro dos tubos de imagem de monitores e televisores e ainda é incluído no PVC (cloreto de polivinila), que reveste os fios e cabos de energia dos eletrônicos em geral, para estabilizar o calor. A falta de descarte adequado para esses resíduos pode causar danos ambientais e fisiológicos. Os metais não se degradam com facilidade no ambiente, e, mesmo que sejam descartados em aterros sanitários, podem ser arrastados pelo chorume – líquido ácido proveniente da decomposição dos compostos orgânicos – e atingir as águas subterrâneas, córregos e rios e assim chegar à cadeia alimentar do homem. A professora do curso de Engenharia Ambiental da PUC/PR, Patrícia Sottoriva explica que o pH ácido do chorume é um dos mais importantes fatores que afetam a mobilidade dos metais. Esses elementos não são digeridos pelos organismos animais e, por isso, vão se acumulando. O processo, chamado de bioacumulação, pode se dar de forma direta através do ambiente que os envolve, seja solo, ar ou

água (bioconcentração) ou indiretamente a partir da alimentação (biomagnificação). Como a reciclagem de eletrônicos ainda é um mecanismo pouco utilizado no país, esses resíduos, depois de sua vida útil, devem ser encaminhados para aterros industriais. Nesses aterros que recebem resíduos classe I, não há produção de chorume, porque esses locais não recebem matéria orgânica, proveniente do lixo doméstico, como os aterros classe II ou sanitários. De acordo com a professora, a intoxicação por essas substâncias não é aguda, mas sim crônica: “Eles não são letais, não costumam causar morte, mas são nocivos à saúde, já que sua acumulação pode causar problemas no sistema nervoso central, fígado, pâncreas e rins”. Grande parte dos cabos de força utilizados nos equipamentos eletrônicos é recoberta pelo plástico PVC e sua remoção pela queima para a recuperação do cobre libera gases tóxicos, como ácido cianídrico e dioxinas. O ABS (resina de acrilonitrila) e o HIPS (poliestireno de alto impacto) são outros exemplos de plásticos utilizados na fabricação de equipamentos como monitor de computador e televisor, impressora, teclado, caixa de som, mouse e CD’s. De acordo com o professor Guilherme de Oliveira, pesquisador do Grupo de Estudos de Materiais Poliméricos (Engenharia de Materiais - UFSC), é difícil estimar o tempo de decomposição desses materiais na natureza, mas a grande variedade de plásticos existentes no mercado pode fazer o processo demorar entre 100 e 500 anos. Desde 2006 em vigência na União Européia, a Diretiva RoHs (Restrição de certas substâncias perigosas, tradução do inglês) proibiu a presença no mercado europeu de equipamentos eletrônicos que contenham chumbo, cádmio, mercúrio, cromo hexavalente, retardantes de chamas, entre outras substâncias. A diretiva exigiu ainda que os fabricantes substituam os metais pesados e os retardantes de chamas nos dispositivos eletro-eletrônicos fabricados depois da aprovação da lei. Dessa maneira, a liga de chumbo presente nesses equipamentos foi substituída por uma solda a base de estanho, cobre e prata; o cádmio foi substituído por substâncias permitidas, como o lítio; já o cromo hexavalente, utilizado como anti-corrrosivo e na blindagem elétrica, foi trocado por cromo trivalente, que deixa de ser tóxico após sofrer redução.


10 < Pesquisa

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Reciclagem de placas obtém cobre com alto valor agregado

Economia de energia é o diferencial do método desenvolvido por pesquisador ANA PAULA FLORES

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quipamentos utilizados na indústria de processamento de dados ou de entretenimento, como computadores e celulares, podem conter mais de 30% de placas de circuito impresso (PCI). Essas placas são formadas por unidades isoladas e integradas e cerca de 40 % do peso total desses componentes é composto de metais como o cobre, ferro, estanho, níquel, chumbo, entre outros. Além disso, as placas de circuito impresso contêm polímeros (plásticos) e cerâmicos. O desenvolvimento de um método inédito para reciclar PCI rendeu ao engenheiro Hugo Marcelo Veit o terceiro lugar no Prêmio Jovem Cientista do CNPq em 2006. A técnica desenvolvida pelo pesquisador permite a recuperação dos metais separadamente, o que viabiliza seu reaproveitamento por indústrias. O objetivo da pesquisa foi recuperar o cobre, metal presente em maior quantidade nas PCI. O trabalho, intitulado Reciclagem de Cobre de Sucatas de Placas de Circuito Impresso, foi realizado no Programa de pós-graduação em Engenharia de Materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O método de reciclagem proposto pelo pesquisador envolve dois processamentos: o mecânico (magnético e eletrostático) e o eletroquímico (ver infográfico). Um dos diferenciais do processo é a economia de energia: o consumo necessário para a extração direta do minério (produção primária) é de 116 GJ/ton de metal, enquanto a reciclagem de sucata (produção secundária) gasta 19 GJ/ton de metal. A diferença de consumo de energia se explica, de acordo com Veit, pelo fato de a produção secundária não incluir nenhum processo térmico

O processo foi desenvolvido durante o doutorado do engenheiro Hugo Marcelo Veit (queima), ao contrário da primária. Nos europeus é comum a reciclagem das sucatas eletrônicas por meio de processo térmico, a chamada pirometalurgia. A técnica consiste em derreter o material em fornos de altas temperaturas. Nesse procedimento, no entanto, é mais difícil controlar a emissão de gases provenientes da queima dos polímeros, que segundo Veit é “extremamente complexa e cara”, o que dificulta sua realização no Brasil. “Os equipamentos de controle de gases não garantem 100% de eficiência e o alto custo de operação energética (queima nos fornos) são fatores que tornam a pirometalugia de difícil utilização no Brasil”. A única diferença entre o cobre oriundo de minérios para o reciclado é que o primeiro, cha-

mado cobre eletrolítico, alcança 99,9% de pureza e é utilizado em fiações elétricas por ser um excelente condutor de eletricidade. O cobre recuperado alcança 99% de pureza e por isso não é considerado eletrolítico. De acordo com o pesquisador, o cobre reciclado pode retornar para as indústrias de manufatura: “É uma matériaprima que tem um valor agregado alto, por que já está extremamente puro, muito melhor do que extrair cobre que vem do minério”. O conteúdo de cobre existente nas minas oscila entre 0,7% e 2,5% e sua extração normalmente requer processos pirometalúrgicos. Para a utilização industrial do cobre reciclado basta fazer um processamento de refino (eletrorefino) que aumenta a pureza do material de 99% para 99,9%.

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Como o trabalho foi feito em nível laboratorial, o pesquisador conseguiu obter aproximadamente 530 gramas de cobre, provenientes de 10 quilos de PCI. Mas ele explica que o processo é economicamente viável para as indústrias: “Se há um fluxo de matéria-prima, ou seja, cerca de uma tonelada por mês de placas, é possível uma quantidade suficiente de produto final que pague o processo e dê lucro”. As placas utilizadas na pesquisa foram conseguidas gratuitamente de empresas de assistência técnica. Como não se sabe o que fazer com as PCI irrecuperáveis, a maioria é posta no lixo comum: “Não há orientação nenhuma, não tem legislação nem sistema de coleta”. De acordo com o engenheiro, o desenvolvi-

mento de iniciativas de reciclagem e reaproveitamento de eletrônicos no Brasil ainda é lento por que a responsabilidade não recai sobre nenhuma entidade: “Nem o fabricante, nem o importador, nem o revendedor são responsáveis pelo produto depois do tempo de vida útil. Como não há legislação, ninguém é obrigado a fazer nada”. O pesquisador busca agora definir processos de reciclagem para aparelhos celulares. A pesquisa Caracterização e Reciclagem de Aparelhos Celulares, financiada pela Fapergs, procura identificar os materiais que podem ser reciclados ou reaproveitados e definir a disposição final mais adequada para eles. Trabalhando com celulares de marcas e modelos variados, o grupo de pesquisa coordenado pelo professor Veit descobriu que quanto mais novo o celular, mais chumbo existe nas soldas das placas. A solda é o que cola os componentes eletrônicos na placa e tradicionalmente é composta de 60% de estanho e 40% de chumbo. Na contramão da tendência atual de reduzir ou extinguir o uso de metais perigosos, as empresas brasileiras mantém e até aumentam a utilização do chumbo nos aparelhos. Na Europa entrou em vigor em 2006 a chamada RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substances) ou simplesmente Lead-free (sem chumbo), que proíbe o uso de chumbo, entre outras substâncias perigosas, em processos de fabricação de produtos eletrônicos. Os países que se adaptaram à regra utilizam a prata, o cobre e o bismuto como substitutos do chumbo. O grupo de pesquisa também já realizou testes de dureza, impacto e tração nos polímeros reciclados dos celulares. A próxima etapa é pensar na aplicação prática do plástico obtido.


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Pesquisa > 11

ARTE: TURMA DE INFOGRAFIA 2008/2


12 < Inclusão Digital

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Duas alternativas para minimizar o lixo tecnológico se destacam no Sul Projetos envolvem o recondicionamento de computadores e a conversão de máquinas caça-níqueis para doação

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depósito do Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC/RS) de Porto Alegre chama a atenção pela quantidade de equipamentos que ocupam o piso superior do galpão: centenas de monitores, gabinetes, estantes com fontes e drivers de CDs usados. O centro faz parte do programa Computadores para Inclusão, que recupera equipamentos usados de órgãos públicos e empresas para posterior doação. Ali quase tudo é reaproveitado: na oficina de robótica os componentes que não têm condições de serem recondicionados dão origem a sensores, robôs e carros de controle remoto. No setor de serralheria os gabinetes são reutilizados por jovens, que, por meio da metareciclagem, cortam, moldam e pintam as chapas para fazer troféus, quadros e porta-retratos com o metal. O programa Computadores para Inclusão, do Governo Federal, forma parcerias com instituições locais que se responsabilizam pela manutenção das unidades. A sede do CRC no Rio Grande do Sul, primeira inaugurada no Brasil, funciona no Centro Social Marista (Cesmar), localizado no bairro Mário Quintana, subúrbio de Porto Alegre. Desde a sua implantação, em abril de 2006, a unidade já recondicionou cerca de 1100 máquinas, que foram entregues a projetos de inclusão digital do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Ceará e Ser-

gipe. O espaço do galpão – de 720 programas, limpeza e embalagem. m² – já está limitado pelo acúmulo O CRC de Porto Alegre atende 35 de máquinas à espera de recondicio- jovens no período matutino e 35 no namento e de computadores comple- vespertino, que permanecem certos empacotados à espera do frete. As ca de dois meses em cada oficina obras de ampliação do galpão come- através de um sistema de rodízio de setores. Esses alunos participam do çaram em julho. O centro recondiciona aproxi- Programa Jovem Aprendiz, por meio madamente 200 computadores por do qual trabalham quatro horas por mês, dependendo do estado de con- dia e ganham meio salário mínimo servação das doações, recebidas de por mês. Além de estarem estudanórgãos da Administração Pública do, os jovens selecionados precisam Federal e de parceiros da iniciativa ter acima de 15 anos e possuir coprivada. Um exemplo da parceria do nhecimentos básicos de informática. Cristiane de Aguiar Silva, de 19 CRC com a iniciativa privada ocorre há dois anos com o anos, fez parte da prihipermercado Big. A meira turma de jovens filial da empresa em aprendizes do CRC e Porto Alegre realizou agora atua no prograDesde a implantação em em agosto deste ano ma como educadora 2006, a unidade na oficina de sistemas. uma promoção para já recondicionou a venda de computaPara ela a atividade cerca de 1100 oferecida pelo CRC se dores: o consumidor máquinas que trouxesse seu destaca porque não se preocupa só com a computador usado teria R$ 300 de desprodução, mas tamconto na compra de um novo. O bém com a formação profissional equipamento, no valor de R$ 998, dos jovens. Na opinião de Edson Luiz sairia por R$ 698. Só esse ano, por Pellenz, coordenador administrativo meio da promoção, o CRC conse- do CRC, um dos méritos do projeto guiu arrecadar 51 computadores. é o estímulo à destinação adequada O Centro é dividido em oficinas dos computadores. de hardware, imagem, sistemas, peO Projeto Computadores para Inriféricos, robótica e de pintura. Ali, clusão possui outros quatro centros 70 jovens da comunidade recebem de recondicionamento nas cidades qualificação através de cursos de de Brasília (DF), Guarulhos (SP), hardware e software livre e aprendem Belo Horizonte (MG) e Niterói (RJ). a fazer desmanche, triagem, recondi- Os equipamentos recondicionados cionamento, montagem, instalação são doados a telecentros, bibliotecas,

escolas e outros projetos de inclusão digital. O programa federal é coordenado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento. A Comissão Nacional avalia os pedidos de doação encaminhados por entidades de todo o país e decide se atendem aos requisitos exigidos pelo projeto. As solicitações de equipamentos são feitas por formulário padrão disponível no endereço: www.governoeletronico.gov.br/projetoci Revitalização de máquinas O destino dado às máquinas caça-níqueis apreendidas em operações da PF e do MP aos poucos vem mudando. As máquinas, que costumavam ser destruídas por rolos compressores, estão sendo convertidas em computadores e doadas para escolas de cidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina o projeto Rede Piá (Reciclagem Digital Educativa Pró Infância e Adolescência) foi criado há um ano com o objetivo de promover a inclusão digital de alunos de escolas públicas de SC. Além disso, a iniciativa pretendia resolver a dificuldade de armazenamento das máquinas e os freqüentes saques aos depósitos da polícia. A idéia surgiu a partir de uma parceria entre o Laboratório de Experimentação Remota (RExLab) da Unisul em Araranguá que, desde 2002 já desenvolvia um projeto

de reciclagem de computadores e a Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de SC (SATC). Após a abertura da carcaça de madeira que reveste as máquinas, a equipe se deu conta que a grande maioria delas eram computadores convencionais, modernos e possuíam monitores de tela plana de 17 e 19 polegadas que, de acordo com o coordenador do laboratório, Juarez Bento da Silva, chegavam a custar cerca de R$ 1500. Atualmente no Laboratório da Unisul, dois professores e dois bolsistas trabalham no projeto, retirando alguns componentes e instalando softwares nas máquinas. O procedimento de reconversão dos equipamentos é simples. Os jogos da maioria das máquinas ficam armazenados num cartão de memória de 512 Megabytes, e para fazer a conversão, explica o professor, o cartão é formatado e nele são gravados softwares livres e educativos, que de acordo com ele, têm a vantagem de se ajustarem às características das máquinas: “Temos diversas máquinas com configurações diferentes e o fato de poder alterar o software ajuda bastante”. O passo seguinte consiste na retirada dos itens que caracterizam os jogos, como o display eletrônico e o contador de cédulas. Em seguida são incluídos um teclado e um mouse. A carcaça de madeira das máquinas, mantida para evitar custos extras com mesa de computador, ganha um novo aspecto com os adesivos desenANA PAULA FLORES

Monitores usados aguardam recondicionamento. Depois de prontos, os kits com monitor, CPU, caixa de som, mouse e teclado são enviados para projetos de inclusão digital

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Inclusão Digital > 13 DIVULGAÇÃO REDE PIÁ

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Bolsistas do projeto testam as computadores recondicionados, que já foram máquinas caça-níqueis nistério Público, até o mês de novembro apenas as cidades de Itajaí, Joinville e Araranguá haviam efetivamente realizado o processo de reconversão por meio da Rede Piá. Como as máquinas constituem prova para o crime de exploração de jogos de azar, elas só podem ser entregues à conversão depois que o juiz autoriza sua destruição. De acordo com Marcelo Gomes Silva, promotor de Justiça e coordenador do Projeto em SC, o MP não dispõe de dados estatísticos como o número de máquinas convertidas “porque as Promotorias de Justiça das diferentes comarcas do Estado possuem autonomia na articulação com os demais parceiros envolvidos”. O projeto Rede Piá é uma iniciativa do Ministério Público de Santa Catarina (MP/SC), juntamente com o Governo do Estado de Santa Catarina, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Associação Catarinense das Fundações Educacionais (ACAFE) e a Associação das Mantenedoras Particulares de Educação Superior de Santa Catarina (AMPESC).

de madeira para distribuir para escolas da rede estadual. Até o mês de outubro 300 máquinas foram montadas e distribuídas pelo projeto. O reaproveitamento dos caça-níqueis é feito por jovens de baixa renda, que receberam qualificação por meio de cursos oferecidos pelo Centro de Recondicionamento de Computadores

(CRC/RS) de Porto Alegre. De acordo com informações da Receita Federal até 2006 já haviam sido apreendidas cerca de 40.000 máquinas caça-níqueis em todo o Brasil, 2.500 no estado de Santa Catarina. Depois desse ano, a Receita constatou que maioria dessas máquinas de jogos não eram

mais importadas, já estavam sendo montadas no país, por isso, a responsabilidade de apreensão das máquinas passou para a Polícia Civil, que não possui dados completos sobre a apreensão depois desse período. No Rio Grande do Sul até o mês de julho desse ano 2.230 máquinas foram recolhidas. ANA PAULA FLORES

volvidos para o projeto. Depois de prontos, os computadores voltam para a cidade onde foram inicialmente apreendidos, para serem doados a escolas públicas, servindo como terminal de consulta em bibliotecas. Outra aplicação que está sendo desenvolvida pela equipe são softwares diferenciados para educação infantil e especial. As Apae’s de Araranguá e Criciúma receberam cinco desses equipamentos, que mantêm as oito teclas convencionais da máquina caça-níquel para facilitar sua utilização por crianças e pessoas com necessidades especiais. Para aproveitar os computadores que são mais antigos a equipe está montando CPU’s com fonte, placas e memória, com o objetivo de formar um laboratório com cluster, um conjunto de computadores com menor capacidade de processamento, ligados em rede, que trabalham como se fossem uma única máquina de grande porte. Com os displays eletrônicos que são retirados das máquinas caça-níqueis, o professor pretende também desenvolver placas luminosas que indiquem a temperatura e a hora. O programa em Araranguá já entregou 200 máquinas para 26 escolas da comarca de Criciúma e para outras comarcas que não desenvolvem o programa, como Palhoça (10 máquinas). Das oito comarcas do estado que já assinaram o termo de adesão com o Mi-

Escola municipal de Criciúma recebeu um equipamento recondicionado

Trabalho similar no RS

Jovens aprendizes participam de oficinas de aprendizagem de hardware e instalação de softwares

No Rio Grande do Sul, uma iniciativa semelhante vem sendo desenvolvida desde julho desse ano. A diferença é que o Projeto Alquimia retira os computadores da carcaça

Ações isoladas em Florianópolis ANA PAULA FLORES

Depósito está limitado pelo número de máquinas à espera de reparo

A atividade de recondicionamento de PC’s nem sempre consegue aproveitar todos os componentes. Algumas iniciativas de resignificação do lixo eletrônico começaram a trabalhar com esses resíduos, mas enfrentam dificuldades para continuar as atividades. A Rede Casa Brasil é um projeto federal que disponibiliza às comunidades computadores e diversos cursos, entre eles a oficina de metareciclagem, que trabalha com criação de jóias, lixeiras, porta-lápis e ímãs de geladeira utilizando peças de computadores que não podem ser mais usadas. Em Santa Catarina todas as cinco unidades da Casa Brasil tiveram

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iniciativas de meta-reciclagem, mas, de acordo com a técnica da coordenação nacional do projeto, Marlei Grossi, não houve continuidade em virtude de troca de pessoas na gestão do espaço. De acordo com a coordenadora da unidade Casa Brasil Vidal Ramos, em Florianópolis, Emmanuela Ferreira, há dificuldade de encontrar interessados em ocupar a vaga de instrutor da oficina, função que exige formação técnica em informática e oferece bolsa no valor de R$ 300. A escola de Educação e Informática dos Ingleses (EIC), vinculada a ONG CDI também oferece oficinas de metareciclagem para

as crianças atendidas na sede, situada no Centro Comunitário Madre Tereza de Calcutá. Neste ano, cerca de 70 alunos participaram da oficina e confeccionaram peças de artesanato, como brincos, anéis, colares, tiaras, capas para agenda, utilizando peças de aparelhos eletrônicos. A EIC implantou nesse ano um posto de coleta de lixo eletrônico nos Ingleses, onde duas pessoas trabalham na desmontagem dos componentes, separando placas, chips, processadores e fusíveis, que são aproveitados na oficina; o restante é repassado para a Campeche Recicláveis, empresa parceira do projeto.


14 < Consumo

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Norma do Conama determina recebimento dos itens por todo comércio varejista

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mercado brasileiro comercializa 1,2 bilhão de unidades de pilhas e 400 milhões de baterias por ano, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Menos de 1% da quantidade dos itens consumidos é processada e tem um destino ambientalmente correto. A maioria acaba misturada ao lixo comum, já que uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) de 1999 permitia o descarte no lixo doméstico de pilhas e baterias que atendiam aos limites previstos de mercúrio, cádmio e chumbo. (ver tabela comparativa abaixo) Uma mudança na determinação do Conama, no entanto, pretende melhorar esse índice. De acordo com a Resolução 401/08, que revoga a anterior, todos os esta-

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Lei federal amplia recolhimento de pilhas e baterias

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belecimentos que comercializam bém diminuiu o teor de metais pilhas e baterias do país deverão pesados permitido tanto para as ter, dentro de dois anos, postos de pilhas e baterias fabricadas no coleta para receber os produtos país quanto para as importadas. descartados pelos consumidores. Comparado à Resolução 257/99, Os resíduos recebidos devem ser o novo texto reduziu o índice repassados aos fabricantes ou im- de mercúrio, cádmio e chumbo portadores, que serão responsá- em 95%, 87% e 50% respectivaveis pela reciclagem, ou, quando mente. Mesmo acentuada, essa não for possível, pelo descarte de- redução nos índices de produtos finitivo em aterros tóxicos não deve sanitários. O dester grande impaccarte previsto, no to na i nd ú st r i a , Pilhas e baterias entanto, seria válipois a maioria dos ilegais correspondem do se houvesse um fabricantes já proa 40% do mercado gerenciamento adeduz dentro desses - cerca de 400 milhões de unidades quado dos aterros limites. Em agosto sanitários nos mudesse ano a Assonicípios, realidade ciação Brasileira da existente em apeIndústria Eletronas 13% dos aterros brasileiros, Eletrônica (Abinee) enviou um de acordo com a última Pesquisa documento ao Conama com taNacional de Saneamento Básico belas comparativas que demonsdivulgada pelo IBGE em 2000. tram a redução da presença dos Redução de elementos tóxicos das pilhas e baterias chegou a 95% A decisão, publicada no Diário metais no volume anual de pilhas Oficial em 05 de novembro, tam- comercializadas no país. esses itens a norma federal tam- menda ainda que o Ministério da As baterias de níquel-cádmio bém estabelece a implantação de Fazenda adote medidas de incenestão presentes em modelos de programas de coleta seletiva com- tivos para o consumo de pilhas e celulares e notebooks antigos. partilhados pelo Estado e pelos baterias recarregáveis, por meio Já os de chumbo ácido e de óxi- fabricantes, importadores, distri- da redução dos impostos que indo de mercúrio têm aplicações buidores e comerciantes. Trata-se cidem sobre a fabricação desses mais específicas: em veículos e de uma forma genérica de lidar itens. Estima-se que as pilhas reem instrumentos de navegação, com o problema, uma vez que não carregáveis têm vida útil equivarespectivamente. Essas três cate- especifica quem tem a responsa- lente a mil pilhas descartáveis. gorias devem conter identificação bilidade sobre o quê. O Conselho Para ampliar o descarte adena embalagem e indicar o desti- criou um grupo de trabalho para quado de pilhas e baterias, obno correto a ser dado ao produto estudar qual o descarte adequado jetivo da resolução 401, um dos após o fim da vida útil. para esses dispositivos, que não desafios é convencer e acostumar As pilhas e baterias de lítio eram usados na época da primei- os consumidores a deixarem a pi(íon-lítio, usadas em celulares e ra edição da resolução 257/99, lha ou bateria velha na caixa de notebooks; e lítio-manganês, usa- mas hoje são comuns. coleta no momento da compra de das em câmaras digitais; e as de O problema está nas pilhas e ba- uma nova. Por isso, o novo texto formato botão, em alarmes e ba- terias falsificadas, ou importadas do Conama estabelece o incentiterias de circuito interno de com- ilegalmente que, correspondem a vo, por parte poder público e do putadores) não são mencionadas cerca de 40% do mercado nacio- setor privado, a campanhas de diretamente na Resolução. Para nal. Ou seja, cerca de 400 milhões educação ambiental e veiculação Conteúdo de uma caixa coletora na biblioteca da UFSC de pilhas e baterias vêm de informações sobre a responde contrabando ilegal, sem sabilidade pós-consumo. Outro TABELA COMPARATIVA nenhuma garantia de que desafio é fiscalizar a instalação elas seguem as especifi- de caixas de coleta nos estabeleciTotal de resíduos presentes nas 800.000 pilhas comercializadas em 2007 (em quilos): cações oficiais. De acordo mentos. Uma solução seria que o com a Abinee, as pilhas fabricante fosse o responsável por MERCÚRIO (Hg) CHUMBO (Pb) CÁDMIO (Cd) vendidas no mercado pa- disponibilizar os coletores para o 2.263 (100%) 45.263 (100%) Resolução do 3.395 (100%) ralelo, em geral produzidas comércio varejista. A nova lei não estabelece pena China, contêm até dez Conama nº 257/99 na para os estabelecimentos que vezes mais cádmio e mer113 (redução de 95%) Resolução do 452 (redução de 87%) 22.631,5 (redução cúrio que o permitido pela não cumprem a norma. Mas, as de 50%) Conama nº 401/08 resolução 257 do Conama. empresas que não derem desti0,8 (redução de 99,96%) 4,1 (redução de 4.601 (redução de Situação atual das Nesse sentido, a nova re- nação correta a produtos tóxicos solução do Conselho soli- em geral estão sujeitas à Lei de 90%) empresas filiadas a Abinee 99,98%) cita aos órgãos do governo Crimes Ambientais (decreto nº federal maior controle e 6514/2008) que prevê o pagaEMPRESAS FILIADAS fiscalização da importação mento de multa para empresas Importadas: Gillette (fabricante da marca Duracell) e Everyread (marcas Energizer e Everyread); e a repressão do comércio que lançarem resíduos sólidos Brasileiras: Microlit (fabricante das marcas Rayovac e Varta) e Panasonic (marca Panasonic). ilegal de pilhas e baterias. em desacordo com as leis. O vaPara reduzir a geração des- lor da multa varia de R$ 5 mil a Fonte: Abinee ses resíduos, a norma reco- R$ 50 milhões.

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DIÁRIO CATARINENSE > TERÇA-FEIRA | 25 | NOVEMBRO | 2008

Operadoras informam sobre descarte de celulares apenas na internet

• Floripa Shopping • Unimed; • UFSC (Possui nove locais de coleta: Biblioteca, Hospital, Centro de Cultura e Eventos, Hall do CTC, Prédio da Mecânica, CFH, NDI, Neti, Colégio de Aplicação); • Hippo Supermercados; • Supermercados Imperatriz; • Banco Real.

No Brasil a reciclagem das pilhas e baterias é realizada apenas na Suzaquim, empresa sediada em São Paulo que tem capacidade para reaproveitar 750 toneladas por mês, mas só recebe 250 toneladas, de acordo com a gerente técnica Fátima Santos. O custo do reprocessamento é de R$ 990 por tonelada. “Quando tivermos uma quantidade razoável que dê pra manter um processo contínuo, aí sim esse custo seria outro”, explica Fátima. O processo começa com a separação dos plásticos que revestem as baterias, que nada mais são que um conjunto de pilhas em série. As pilhas são

guilhotinadas, para que diminuam de tamanho. Em seguida elas são trituradas e peneiradas para que o plástico remanescente possa ser retirado. O material moído, basicamente metais, passa por um reator químico e é enviado para um forno, cuja temperatura (1300 graus), faz com que os metais percam a solubilidade, ou seja, a capacidade de se dissolverem em meio ácido. Após o reprocessamento desses resíduos, são obtidos de 150 a 300 quilos de sais e óxidos metálicos. O material serve como corante e é vendido para indústrias cerâmicas e de fabricação de vidros e tintas. ANA PAULA FLORES

ONDE DEPOSITAR PILHAS E BATERIAS EM FLORIANÓPOLIS

Reaproveitamento de pilhas e baterias

ANA PAULA FLORES

Dados divulgados p ela A natel (Agência Na c i o n a l d e Te l e c o municações) indicam que o Brasil terminou o mês de setembro desse ano com 140.788.562 milhões de celulares. Isso corresponde a 76 celulares para 100 habitant e s . A a g ê n c i a pre v ê que o país vai encerrar o ano de 2008 com m ais de 1 5 0 m i l h õ es de u su á r i os de ce lu lares, uma aumento de qu a s e 3 0 m i l h õ e s sobre os 121 milhões reg ist rados em 2007. E sse número é reflexo d a e s t r at é g i a d a s operadoras de celular, que, na competição p e l a p r e f e r ê n c i a d e Celulares encontrados pela Comcap são novos cl ie ntes e m a nute n ç ã o dos at u ai s , ofe re - é pre c i s o le var at é u m a lo cem novos planos de serviços ja própria da marca e não há e pro g r a m a s d e f i d e l i d a d e , remuneração pela devolução. qu e e s t i mu l a m a con s t a nte O recolhimento e o desmont ro c a p or a p a re l h o s n ovo s , te dos ap a re l h os s ã o fe itos através de ofer tas de apare- por empresas especializadas, lhos a preços reduzidos e até que sep aram os comp onenmesmo sem custo. tes plásticos, circuitos eletrôAs operadoras e fabricantes nicos e metais. Ainda não há de aparelhos informam sobre obrigatoriedade de coleta de como realizar o descarte ape- aparelhos. nas em seus sites. Em geral, Dentre as quatro operadoras

Consumo > 15

mantidos no Museu do Lixo de telefonia móvel que atuam no Sul do país, apenas a Vivo possui dados correspondentes ao descarte e à reciclagem desse t ip o de l ixo elet rônico. De acordo com o relatório anual da empresa, disponível no site, foram recebidos em 2007, nos 20 estados em que atua no Brasil, 131,1 mil celulares: destes 114,1mil foram destinados à reciclagem e 17 mil recuperados para reutilização. A assessoria de imprensa da operadora Tim disse que não tem disponível o número de e qu ip a me ntos re ce bidos e m s eu pro g r a m a p orqu e a empresa faz a coleta das baterias e aparelhos usados e encaminha para os respectivos fabricantes para reciclagem. A Brasil Telecom também informou que não tem como mensurar esses dados. A Claro não respondeu aos contatos realizados pela reportagem.

Habituar o usuário a deixar pilhas na caixa coletora é um desafio

LEGISLAÇÃO SOBRE O DESCARTE DE PILHAS E BATERIAS

RIO GRANDE DO SUL

SANTA CATARINA

Lei nº 11.187/1998 Altera a lei 11.019/97, que legislava apenas sobre pilhas, acrescentando normas sobre o descarte de lâmpadas fluorescentes, baterias de celular e outros artefatos que contenham metais pesados. Os produtos descartados deverão ser separados e acondicionados em recipientes adequados para destinação específica, ficando proibida a disposição em lixo doméstico, comercial, depósitos públicos de resíduos sólidos e a sua incineração. Os estabelecimentos que comercializam esses produtos são obrigados a exigir dos consumidores a pilha ou bateria usadas.

Lei nº 11.347/00 Obriga os comerciantes de pilhas e baterias e a rede de assistência técnica autorizada a aceitar esses produtos e devendo repassá-los aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final. Esses itens não poderão ser dispostos em aterros sanitários destinados a resíduos domiciliares.

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Lei nº 12.863/04 Todo estabelecimento que comercializar esses produtos deverá dispor de local adequado contendo recipiente apropriado, devidamente identificado e sinalizado, para depósito dos mesmos. Determina ainda a instalação de coletores de pilhas e baterias em todas as unidades educacionais das redes públicas municipal, estadual, federal e particular do estado.


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DIÁRIO CATARINENSE > TERÇA-FEIRA | 25 | NOVEMBRO | 2008

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Esse é o valor que os componentes de um notebook desmontado valeriam no mercado de sucatas. O equipamento, fabricado pela Toshiba no fim da década de 90, estava guardado há anos, pois o antigo dono não sabia que destino dar. O plástico estava tão seco que nem foi preciso fazer força para quebrálo. Confira os (ínfimos) valores que a empresa embolsou com a venda das partes:

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NOTEBOOK ANTIGO VALE R$ 4,54

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Peso do HD: 100 gramas. Rende 0,30 centavos (R$ 3 o quilo); Driver de CD: 350 gramas. Rende 0,525 centavos (R$ 1,5 o quilo); Placas: 450 gramas. Rende R$ 2,70 (R$ 6 o quilo); Alumínio: 250 gramas. Rende 0,70 centavos (R$ 2,8 o quilo); Plástico: 900 gramas de plástico. Rende 0,315 centavos (R$ 0,35 o quilo).


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