3 minute read
MENOS IMPACTO AMBIENTAL
Sustentabilidade em condomínios passa por práticas como gestão eficiente de resíduos e vai além, por exemplo, providenciando para que haja carregadores de veículos elétricos e meio de locomoção que não emite gases poluentes na atmosfera
Por Luiza Oliva
Advertisement
À esq. José Alexandre Araújo
Negrini, síndico do Portal do Morumbi: dez toneladas de reciclados ao mês; ao lado, o síndico Vladimir de Oliveira Gimenez, do Bosque do Jaraguá, e o reservatório de tratamento de esgoto local
UM TEMA aparentemente trivial ainda gera inúmeras dúvidas nos condomínios: a coleta de resíduos, em especial dos recicláveis. Vale lembrar que a gestão de resíduos sólidos foi disciplinada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – Lei 12.305/10, vigente desde agosto de 2014, que trouxe a responsabilidade pela destinação correta do lixo para pessoas físicas e jurídicas. “Legislação existe, o desafio é conseguir que ela seja praticada”, sustenta Adriana Jazzar, geógrafa especializada em gerenciamento de resíduos sólidos e gestão para a sustentabilidade.
Segundo Moira de Toledo Bossolani, vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, hoje, no Brasil, somente 4% dos resíduos são reciclados. Ela acredita que diversos fatores podem colaborar para um baixo engajamento dos condomínios na coleta de resíduos recicláveis – por exemplo, estar localizado em uma região da cidade não atendida pela coleta municipal ou mesmo estar fora da área de cobertura de empresas que operam a logística reversa (sistema em que fabricantes ou comerciantes coletam produtos como pilhas, lâmpadas e baterias).
A spRegula (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Município de São Paulo), informa que as concessionárias de coleta da capital paulista – Loga e EcoUrbis – oferecem consultorias gratuitas, treinamento de funcionários e palestras para os moradores. Ambas também disponibilizam gratuitamente contêineres de coleta seletiva para os condomínios da capital. Para contatar a Loga (que atende as zonas norte, oeste e o centro), disque 080077011; a EcoUrbis (zonas sul e leste), acesse https://www.ecourbis.com.br/conteiner-coleta-seletiva.
Gigante e diversa, a cidade de São Paulo reúne inúmeras soluções e realidades quando se trata da gestão dos resíduos e aspectos relacionados ao meio ambiente. O condomínio Bosque do Jaraguá, com 11 mil m² de área verde preservada e seis torres com 372 unidades, possui três estações de tratamento de esgoto, condição exigida para a construção do empreendimento. “Cada estação serve duas torres. Uma fossa capta o esgoto. Um sistema de bombas destina o material para um reservatório, onde ele é tratado e direcionado para a rede da Sabesp”, explica o morador e síndico profissional Vladimir de Oliveira Gimenez. “Diariamente produzimos 20 mil litros de esgoto tratado. Sem o sistema de tratamento, esse material seria jogado in natura na rede”, diz.
Já no Portal do Morumbi, com 160 mil m² de área verde, oito torres e 3.200 moradores, a chave é muita organização e boas iniciativas para dar conta dos resíduos gerados. “Mensalmente saem do Portal pelo menos dez toneladas de recicláveis. Como a coleta da Prefeitura não passa por aqui, uma empresa externa retira o material e remunera o condomínio. O valor é destinado ao fundo de amparo aos funcionários do Portal”, relata o síndico José Alexandre Araújo Negrini. São separadas ainda cápsulas de café, pilhas e baterias e até material hospitalar. Sobre a reciclagem, ele é taxativo: “Basta o condômino separar o orgânico do reciclável, que nossas faxineiras retiram nos andares, mas muitos têm preguiça. Há uma dificuldade cultural em fazê-lo.” Mais uma opção para os moradores do Portal do Morumbi é colocar seu material orgânico na compostagem, localizada numa área da jardinagem. O produto obtido é depois utilizado para adubar os jardins.
Na imagem, caminhão de coleta seletiva da capital paulista; concessionárias de coleta também disponibilizam contêineres para condomínios
Cada vez mais a questão da sustentabilidade vem se ampliando nos condomínios. Para Moira Bossolani, vice-presidente do Secovi-SP, há diversos exemplos de edifícios onde a sustentabilidade surge como uma estratégia de sobrevivência e gestão no longo prazo. “Uma visão mais global, holística - a autossustentabilidade – inclui práticas como a produção local de energia, reuso e conservação de água, hortas e jardins comestíveis, além de propostas de outros usos dos espaços condominiais em função de novos comportamentos que emergem na sociedade”, aponta. É o caso do crescimento da frota de veículos elétricos.
O Portal do Morumbi, por exemplo, homologou em assembleia uma única empresa para que o morador interessado contrate (e pague) a instalação do carregador em sua vaga. “Assim a empresa administra a energia enviada para cada veículo, através de um sistema inteligente de recarga, evitando problemas nas instalações elétricas do condomínio”, resume o síndico Negrini. Há ainda um carregador elétrico na área comum para bicicletas e motos.