4 minute read

SEGURANÇA: TENDÊNCIA E TECNOLOGIA

Em uma década, o sistema de portaria remota se consolida no mercado de segurança eletrônica, estima crescer quase 19% este ano, e passa a contar com capacidade aprimorada para atender aos grandes condomínios

Por Isabel Ribeiro

Advertisement

SOLUÇÃO de segurança eletrônica para edificações que integra vários tipos de sistemas inteligentes, a portaria remota veio para ficar. Iniciou timidamente dez anos atrás, passou a ganhar corpo como modelo de negócio mais estruturado há seis anos, e hoje está consolidada no mercado. Prova disso é que neste ano a expectativa de crescimento no setor é de quase 19%, como adianta Selma Migliori, presidente da ABESE (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança). “A portaria remota é o maior sistema integrado de segurança que temos”, avalia a especialista em segurança.

Selma explica que o nível de segurança é obtido por um conjunto de fatores, e elenca alguns: proteção perimetral por meio de câmeras com inteligência artificial embarcada ou vídeo analítico das situações do entorno do prédio; controle de acesso ao condomínio por leitura biométrica, digital ou reconhecimento facial – este, com bastante celeridade na entrada do morador; e sistema de alarme nos principais pontos de acesso ao empreendimento, mais câmeras internas, integrados a outras tecnologias que conectam a edificação ao serviço de monitoramento ininterrupto de uma central que funciona 24 horas.

Especialista em segurança e futuro condominial, Odirley Rocha observa que um dado apontado no livro ‘Técnicas de Segurança em Condomínios’, escrito pelo Tenente-Coronel José Elias de Godoy, em 2002, ajudou a impulsionar o advento das portarias inteligentes. Isto porque a informação contida na obra (hoje na 5ª edição; ed. Senac), dá conta que 90% das invasões em condomínios verticais ocorrem pela porta da frente. O próprio autor relata à reportagem que o percentual se encontra atualizado, e explica que o invasor se vale de ardis para ludibriar o porteiro em posto físico e adentrar o condomínio. “Nesse aspecto a portaria remota minimiza os riscos, desde que esteja bem estruturada e cumpra os protocolos de liberação de acesso”, diz o oficial da PM-SP, especialista em segurança em condomínios.

Quanto aos protocolos, Odirley salienta que no sistema de portaria inteligente das boas empresas do setor os porteiros que atendem na base estão preparados para segui-los, possuem o regimento interno de cada condomínio atendido, são supervisionados no posto de operação e contam com treinamentos. “Fica mais fácil seguirem regras porque a pressão é menor. Vou dar um exemplo: se no regulamento de um condomínio diz que entregadores não podem entrar, com exceção do apartamento 402 que está autorizado a receber o galão de água de 20 litros na porta da unidade porque a moradora tem deficiência física, a exceção vale só para esse apartamento. O porteiro interfonará para essa pessoa e mediante autorização dela, irá liberar a entrada do entregador”, diz Odirley.

A prevenção a um tipo de violência crescente nos residenciais do país, na qual condôminos agridem física ou verbalmente porteiros e entregadores de alimentos ante a negativa de receberem a encomenda na porta do apartamento, acaba sendo um trunfo das portarias remotas. “Se existe proibição de entrada determinada no regimento, o software vai avisar na tela do porteiro remoto, e o entregador de pizza não vai subir, o porteiro remoto não vai autorizar, e não adianta o morador vir com grosseria. Há gravação de vídeo e áudios para conferência do síndico e para gerar provas caso o gestor precise aplicar uma notificação”, ressalta Odirley Rocha.

Evolu O Tecnol Gica

Selma Migliori diz que o nível de segurança proporcionado pelas portarias remotas não é mais privilégio só das edificações menores, o que corrobora a ideia de maturação da modalidade. Atualmente, as empresas mais capacitadas atendem tanto edifícios pequenos quanto grandes empreendimentos. “O tomador de serviços não encontra mais essa barreira, não existe mais limite de apartamentos para implantação da portaria remota. Antes, não havia uma tecnologia de software tão desenvolvida que permitisse assimilar um maior fluxo de pessoas em condomínios. O mercado evoluiu e muitas soluções foram aprimoradas.

A partir do momento que você tem toda uma inteligência operacional e estrutura, se torna possível distribuir os atendimentos automáticos nas mesas operadoras disponíveis sem ocorrer filas de espera”, comenta.

Nos acessos, a boa nova dos últimos anos é a popularização do reconhecimento facial integrado ao sistema global de segurança das portarias remota e híbrida. Odirley Rocha comenta que esse método é mais eficiente do que o biométrico com impressão digital. “A precisão é maior porque no dedo, às vezes pode haver um pequeno ferimento ou suor, isto interfere na identificação”, aponta. Ele comenta que esse tipo de leitor existe faz mais de 20 anos, mas entrou no mercado condominial brasileiro apenas quatro anos atrás. “Há 15 anos, custava R$ 30 mil; hoje está mais viável implantar”.

Já o leitor de íris não é realidade em condomínios. Lembrando que, segundo Selma, esse sistema, que possui muita tecnologia bem desenvolvida, ainda está passando por ajustes para adequar-se ao formato dos olhos dos orientais.

A presidente da ABESE adianta, a título de curiosidade, que futuramente a aferição de identidade possa ser feita pela biometria vascular. Por ora, o leitor facial é o que se tem de mais aplicável. “A pandemia colaborou bastante para acelerar soluções não táteis, então a indústria, especialmente a nacional, acelerou muito e viabilizou os custos de produtos como o leitor facial, em que não é preciso tocar no leitor”, explica Selma. “Os leitores faciais cada vez mais terão softwares com inteligência, vão evoluir, mas eu não vejo aqui no Brasil em menos de cinco anos a implantação de algo que seja melhor do que o reconhecimento facial”, completa Odirley.

Para o síndico que deseja trocar a portaria física pela remota, ou trabalhar com ambas – para redundância na segurança ou alternância de modelos de portaria no período diurno e noturno, vale saber que a ABESE disponibiliza um manual sobre procedimentos para implantação. Acesse https://abese.org.br/

This article is from: