CARTA DO PATRIMÓNIO DO CONCELHO DA MOITA VOLUME I
FICHA TÉCNICA
TÍTULO: Carta do Património do Concelho da Moita – Volume I
PreParaçãO da CarTa e eLabOraçãO de TexTOs: Adélia Queirós; António Gonzalez; Maria Clara Santos e Rui Correia
CarTOgrafia: Rita Costa
fOTOgrafias: Adélia Queirós; António Gonzalez; José Presumido; Jorge Feiteira; Rui Correia e Vitor Mendes
imagens / agradeCimenTOs: Gabriela Arroja; João Vitorino Lopes Coelho; José Manuel Vargas; Marcolino Fernandes; Sociedade Moitense de Tauromaquia e Victor Manuel Dias da Silva. digiTaLizaçãO e TraTamenTO de imagens: José Presumido e João Hortelão
revisãO de TexTO: Adélia Queirós, António Gonzalez; Ivone Barracha; Maria Clara Santos e Rui Correia COnCeçãO grÁfiCa: Carlos Jorge
ediçãO: Câmara Municipal da Moita / DASC / Divisão de Cultura daTa da ediçãO: Outubro de 2018
imPressãO: Belgráfica, Lda. isbn: 978-989-99952-2-2
dePÓsiTO LegaL: _______________ Tiragem: 150 exemplares
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ÍNDICE
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1. aPresenTaçãO
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2. agradeCimenTOs
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3. meTOdOLOgia UTiLizada
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4. enqUadramenTO 4.1 Quadro Geográfico e Administrativo 4.2 Quadro Físico e Ambiental
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5. PerÍOdOs CrOnOLÓgiCOs
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6. CrOnOLOgia dO COnCeLhO da mOiTa
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7. PaTrimÓniO nO COnCeLhO da mOiTa 7.1 União das Freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira 7.1.1 Brasão e História da Freguesia Mapa com os Sítios Patrimoniais da Freguesia 7.1.2 Listagem dos Sítios Patrimoniais da Freguesia 7.2 Freguesia de Alhos Vedros 7.2.1 Brasão e História da Freguesia Mapa com os Sítios Patrimoniais da Freguesia 7.2.2 Listagem dos Sítios Patrimoniais da Freguesia 7.3 Freguesia da Moita 7.3.1 Brasão e História da Freguesia Mapa com os Sítios Patrimoniais da Freguesia 7.3.2 Listagem dos Sítios Patrimoniais da Freguesia 7.4 União das Freguesias do Gaio Rosário e Sarilhos Pequenos 7.4.1 Brasão e História da Freguesia Mapa com os Sítios Patrimoniais da Freguesia 7.4.2 Listagem dos Sítios Patrimoniais da Freguesia
45 46 48 51 52 75 77 82 84 192 194 198 200 279 282 288 290
8. COnCLUsãO
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9. gLOssÁriO
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10. referênCias bibLiOgrÁfiCas
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APRESENTAÇÃO
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s bens patrimoniais existentes no concelho da Moita, na sua vertente histórica e arqueológica, apresentam-se agora reunidos e organizados, de forma sequencial, pelas quatro freguesias, na presente Carta do Património, editada pela Câmara Municipal da Moita. Trata-se de uma edição, onde se procurou identificar, referenciar geograficamente e caracterizar todos os espécimes patrimoniais de relevante significado e interesse para a construção do conhecimento histórico e arqueológico do território que hoje habitamos. Considerando a amplitude e a diversidade patrimonial do concelho, a Carta do Património procurou dar uma visão alargada desses testemunhos, dando a conhecer não só os locais onde foram encontrados os vestígios arqueológicos, alguns pertencentes à Pré-História e desconhecidos, da maior parte da população, mas também revelando alguns desses materiais, de inesperado interesse para o estudo do povoamento deste
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território. Além do património arqueológico, incluiu-se neste inventário todos os testemunhos do património edificado, de natureza erudita e popular, sem esquecermos os exemplares patrimoniais que não conseguiram resistir ao tempo e sobreviver ao Homem. Também estes, foram, igualmente, assinalados, fazendo parte desta Memória Global que, procurámos aqui reconstituir, com base nas referências documentais, os únicos registos a provar a sua existência. Através deste inventário que se consubstanciou na edição da Carta, identificaram-se e preservaram-se memórias e patrimónios, construímos mais uma página da nossa história e identidade cultural. Deu-se a conhecer à população, a riqueza do legado patrimonial do seu concelho, expressão de diferentes memórias históricas que marcaram este espaço, através do quotidiano, da devoção, da superstição, do trabalho, da diversão e do lazer. Conhecer melhor o território onde se vive ou trabalha, vai permitir uma maior consciencialização e um melhor aproveitamento, em termos de fruição, do acervo patrimonial que se afirmou neste concelho, ao longo do tempo histórico. Em suma, a Carta do Património do Concelho da Moita constitui um precioso instrumento de trabalho que não só perspetiva novas linhas de investigação, como permite delinear estratégias de salvaguarda, valorização e promoção desse património intemporal que faz parte integrante do nosso território. Rui Garcia Presidente da Câmara Municipal da Moita
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AGRADECIMENTOS
uando numa conferência de história em Alhos Vedros, mais concretamente no Moinho de Maré, ouvíamos os contributos de história local de diversos oradores, surgiu no pensamento, a ideia de realizarmos uma obra que abordasse a temática do património do concelho da Moita. Uma obra que faltava a um concelho que tem orgulho na sua história. De imediato, pensámos se esta ideia seria realizável e contactámos a Câmara Municipal, na pessoa do Vereador da Cultura, o Dr. Daniel Vaz Figueiredo. Para nossa felicidade, a ideia foi bem aceite e demos início ao processo de elaboração da obra. Para a realização de um documento desta magnitude, o trabalho em equipa foi essencial, a recolha de inúmeros contributos foi imprescindível. Durante a realização deste projeto, a nossa equipa contou com o apoio de vários especialistas que nos auxiliaram em diversos momentos e muito nos honraram com a sua colaboração. Gostaríamos de destacar o Dr. Daniel Vaz Figueiredo – Vice-Presidente da Câmara Municipal da Moita e Vereador da Cultura que, desde o primeiro momento, foi um entusiasta da ideia e não poupou esforços para a concretização da mesma. A Dra. Maria Ana Judas, enquanto chefe da Divisão de Cultura e Desporto, da Câmara Municipal da Moita que sempre apoiou e contribuiu para a realização deste projeto. A Engenheira Biofísica Rita Costa Barros, do Gabinete de Desenvolvimento Urbanístico da Câmara da Moita, foi um precioso apoio na disponibilização dos mapas e georreferenciação de todos os locais que identificámos. Ao Professor José Vargas e ao João Vitorino pela transmissão de conhecimentos da História Local e cedência de documentos. Ao Vítor Manuel da Silva pela cedência do material gráfico e fotografias antigas de locais que na atualidade já não existem. A Ivone Barracha, companheira desta aventura e constante apoio em diversas tarefas que contribuíram para a realização desta obra. E, um agradecimento muito especial para nossa família, aos que escolhemos como família, pela compreensão, mas principalmente pela ajuda na fase final do projeto, que nos ocupou muitas horas de reflexão e de trabalho. Um bem-haja a todos, sem os quais esta obra não seria concretizável.
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METODOLOGIA UTILIZADA
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projeto da realização da “Carta do Património do Concelho da Moita Volume I” resultou de um antigo desejo de dotar as populações do concelho com um instrumento que, não só identificasse sítios patrimoniais, mas permitisse igualmente perceber, a forma como o Homem ocupou o território, ao longo dos tempos. Como esta Carta é um trabalho dedicado a toda a população do concelho da Moita, houve a preocupação de utilizar uma linguagem simples e menos técnica, de forma a ser, por todos, entendida. Para algumas descrições de conceitos, utilizados nas áreas de História e da Arqueologia, foi elaborado um Glossário, para o qual remetemos o leitor. Ao longo das fichas de sítios, colocámos notas de rodapé para simplificar também a leitura. A elaboração desta Carta do Património do Concelho teve início, no mês de fevereiro de 2016 e teve o seu término, em julho de 2017. Por uma questão de organização, na apresentação dos resultados, optou-se por utilizar a divisão administrativa do território por freguesias, sendo estas apresentadas individualmente, de Oeste para Este. A Carta abrange um diversificado conjunto patrimonial que, vai desde os vestígios conhecidos do Paleolítico Inferior até alguns testemunhos do século XX, considerados relevantes. Os trabalhos realizados podem ser englobados em vários momentos diferenciados que, passaremos a enunciar: 1. Recolha exaustiva de toda a informação existente que se encontrava dispersa em várias obras já publicadas, em testemunhos orais de quem participou ativamente,
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ao longo dos anos, na recolha de informação no concelho e na recolha de materiais que ainda se encontravam na posse de privados. Contudo, ainda, há muito a fazer, na recuperação desse espólio; 2. Seleção e tratamento da informação a incorporar na carta; 3. Visita para observação de todos os locais existentes, tendo em vista o seu registo gráfico; 4. Escolha dos materiais a constar na carta. Sem dúvida, este foi o nosso maior desafio, a escolha de apenas alguns, entre as centenas de materiais que se encontram na Reserva Arqueológica da Moita. Tentámos escolher aqueles que, a nosso ver, serão os mais significativos, mas certamente que estes objetos terão ainda muito para contar. 5. Compilação final de todos os textos, fotografias dos locais e materiais arqueológicos, mapas com a georreferenciação de todos os sítios e desenhos. Ao delinearmos os critérios espaciais e temporais da Carta Patrimonial, foi necessário definirmos o tipo de informação que iríamos colocar no documento. Após consulta de inumerável documentação especializada e análise de outras cartas existentes em Portugal, optámos por catalogar todos os sítios com evidências patrimoniais, quer fossem materiais ou estruturais. Desta forma, procurámos abranger não só todos os sítios arqueológicos conhecidos, mas também todos os edifícios e estruturas com valor patrimonial, existentes no espaço geográfico do concelho da Moita. Também não negligenciámos os testemunhos que outrora existiram e fizeram parte integrante da história do concelho da Moita, hoje desaparecidos pelo devir dos tempos históricos, mas de grande importância no passado das freguesias. Com a compilação de toda esta informação, iremos proporcionar às populações uma visão mais integrada e completa de todo o património existente e daquele que já existiu, no atual território do concelho da Moita. Para todas as entradas patrimoniais, foi realizado um estudo específico das suas características e procedeu-se à sua georreferenciação na Carta Militar de Portugal nº 432 e 443 na escala 1:25000. Com a realização destes trabalhos, a Carta do Património do Concelho da Moita, apresenta um total de 147 sítios. Deste total, temos sítios identificados na bibliografia existente, sítios já classificados no inventário nacional de sítios arqueológicos (Endovélico), mas também sítios inéditos e não classificados. Como referimos anteriormente, a listagem dos sítios patrimoniais está organizada por freguesias, de Oeste para Este. Todos esses locais foram analisados e caracterizados por um conjunto de descritores que passaremos a enunciar e a descrever: • número de entrada do registo (COdarq): numeração crescente atribuída a cada sítio/monumento ou achado arqueológico na base de dados e na ficha de sítio; • designação: identificação do sítio/monumento ou achado; • freguesia: designação a que freguesia pertence; • Cns – Código nacional de sítio: permite a identificação de cada sítio e/ou monumento patrimonial inventariado na base nacional de dados Endovélico da DGPC (Direção Geral do Património Cultural). Em algumas ocorrências, as entradas
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da Carta Patrimonial não incluem um CNS o que significa, estarmos na presença de um sítio e/ou monumento patrimonial, não inventariado na base nacional de dados da DGPC; • número da Carta militar de Portugal: CMP, na escala 1:25000; • altitude: define a cota do sítio/monumento em relação ao nível do mar; • Coordenadas: identificação das coordenadas geográficas (latitude e longitude) no Sistema WGS84 (World Geodetic System de 1984); • Tipo de sítio: para esta descrição recorreu-se ao Thesaurus1 utilizado pela DGPC por uma questão de uniformização de critérios. Trata-se de atribuir uma categoria ao sítio, ressalvando que um sítio pode ser classificado em mais do que uma categoria; • Período Cronológico: enquadramento num período histórico, tomando como referência a lista do Thesaurus utilizado pela DGPC, por uma questão de uniformização de critérios; • descrição: breve descrição do sítio e das suas características; • bibliografia: regista as referências bibliográficas principais, referentes aos sítios ou vestígios assinalados.
Listagem oficial da DGPC que cataloga todos os tipos de sítio e períodos cronológicos e que podemos consultar na internet no seguinte link: www.patrimoniocultural.gov.pt
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ENQUADRAMENTO
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GEOGRÁFICO 4.1 QUADRO E ADMINISTRATIVO
concelho da Moita situa-se na Margem Esquerda do Estuário do Tejo, com uma frente ribeirinha superior a vinte quilómetros de extensão. Situado no Distrito de Setúbal e integrante da Área Metropolitana de Lisboa. Abrange uma área territorial com 55,26km² e com uma população de 66.029 habitantes (censos de 2011, dados do INE). O concelho teve, ao longo dos séculos, diversas configurações, abrangendo áreas geográficas que foram variando, com as reorganizações territoriais realizadas. No decorrer do século XX, era constituído por seis freguesias, mas com a reorganização administrativa do território, de 28 de janeiro de 2013, ficou subdividido em 4 freguesias: • A União das Freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira, com uma área de 6,46 km² e 30.949 habitantes; • A Freguesia de Alhos Vedros, com uma área de 16,56km² e 15.050 habitantes; • A Freguesia da Moita, com uma área de 19,48km² e 17.653 habitantes; • A União das Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos, com uma área de 14,12km² e 2.377 habitantes. A área do concelho é limitada a Oeste pelo concelho do Barreiro, a Sudeste e Sul pelo concelho de Palmela, a Nordeste pelo concelho do Montijo e a Norte pelo Rio Tejo.
MAPA 1. Mapa da Área Metropolitana de Lisboa
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MAPA 2. Mapa da Divisão Administrativa do Concelho da Moita
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FÍSICO 4.2 QUADRO E AMBIENTAL
território do concelho da Moita integra-se numa região de complexa formação e evolução geológica. Foi moldado por múltiplos e profundos fenómenos de caráter geológico que convergiram para originar o território atual, entre os rios Tejo e Sado. Essas alterações atuaram com vários ritmos, ora rápidos ora muito lentos, das quais sobressaem as seguintes: 1. A elevação de maciços, como os das Serras de Sintra e da Arrábida originaram ou alteraram redes hidrográficas, canalizando assim caudais de rios e ribeiros, provocando erosão e sedimentação nos seus leitos. Veja-se como o levantamento da Serra da Arrábida levou à instalação de uma rede hidrográfica na Península de Setúbal maioritariamente correndo para o Tejo. 2. A instalação de uma rede de falhas profundas, provocou o afundamento da zona onde se veio a instalar o rio Tejo, tendo sido invadida pelo mar várias vezes, provocando alternadamente a acumulação de centenas de metros de sedimentos, trazidos de toda a sua bacia hidrográfica a montante, ou um grande escavamento, quando o nível do mar descia até muito abaixo do atual. Formaram-se assim ravinas e vales escavados, que quando o mar voltava a subir, se enchiam de novos sedimentos. 3. Os derrames de cinzas e lavas de uma rede de chaminés vulcânicas relacionadas com um enorme vulcão, situado na zona de Mafra-Malveira encontram-se por toda a margem norte do Tejo, mas também surgem no seu leito, por exemplo sob os pilares da Ponte 25 abril, a cerca de 80 metros de profundidade. 4. A formação das espessas camadas de sedimentos (seixos, areias e argilas) observáveis hoje na margem sul do Tejo, deveu-se à cíclica subida e descida do nível do mar, provocada, ora por alterações climáticas, ora por movimentos tectónicos relacionados com a deriva das massas continentais. A maior parte destes depósitos formaram-se durante o Pliocénico, na Era Terciária e no Plistocénico e Holocénico, na Era Quaternária. Não tendo o território do concelho da Moita uma topografia como a de Palmela, Setúbal, ou Sesimbra, não se encontram nele, locais onde pudessem ter-se erigido estruturas defensivas, como povoados fortificados ou castelos. A ausência de zonas rochosas não permitiu a formação natural de grutas, o escavamento de grutas artificiais, como as da necrópole da Quinta do Anjo em Palmela, nem a construção de outros tipos de monumentos funerários pré-históricos. No entanto, a existência de extensas matas em planuras arenosas e uma zona ribeirinha com sapais, rica de recursos animais, vegetais e minerais, permitiu a vivência milenar de comunidades humanas, possuidoras de diversas necessidades e diferentes recursos tecnológicos. Abundância de argilas e o movimento cíclico das marés permitiram a instalação de marinhas de sal e moinhos de maré, para além de uma contínua atividade oleira.
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Os seres humanos que deambularam neste território, desde há cerca de um milhão de anos (assim como todos aqueles que lhes sucederam ao longo dos milénios), encontraram nele uma variedade riquíssima de recursos para recoleção, caça, pesca e posteriormente agricultura, pecuária, indústrias extrativas e transformadoras. Desde os acampamentos paleolíticos até às urbes atuais, o território nunca esteve deserto. E a rede de rios e ribeiras navegáveis, interligadas pelo golfo marinho a que chamamos Tejo, foi um dos fatores de desenvolvimento, das comunidades humanas nos últimos milénios. A recoleção, a caça e a pesca, foram sempre atividades económicas principais ou complementares até hoje e o transporte por barco entre as margens do Tejo, desde muito cedo, permitiu a passagem das populações e a troca de alimentos, materiais de construção, lenha e carvão, para o abastecimento de forjas, fornos de pão, cal, cerâmica e vidro e para o uso doméstico. Devido à falta, quase total, de pedra, no espaço geográfico do Concelho da Moita, e no anterior e mais vasto Concelho de Alhos Vedros, foi necessário transportar enormes quantidades de pedra para a construção de todo o tipo de edifícios de maior valor, assim como para os muretes de salinas e para a construção de moinhos de vento e de maré. Em contrapartida as areias e as argilas, abundantes, foram exploradas por toda a região, assim como o arenito ferruginoso do Gaio, para a construção de edifícios com alguma nobreza, durante a Idade Média. Para as casas mais pobres a própria terra foi utilizada para ereção das paredes, seja como tijolo de adobe, ou usada nas construções em taipa. A madeira, o colmo, a cana e a telha cobriram as casas ao longo dos séculos. A abundante madeira de pinheiros e sobreiros permitiu todo o tipo de atividades, nomeadamente a construção de barcos, com florescimento de numerosos estaleiros, ainda hoje reconhecíveis na paisagem. As características geológicas e geomorfológicas do território do Concelho da Moita, são assim responsáveis pelas diferenças encontradas em termos paisagísticos e nas soluções arquitetónicas, económicas e culturais desenvolvidas nos concelhos vizinhos.
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MAPA 3. Carta Geológica de Portugal escala 1:50000, 5ªedição, 1992
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PERÍODOS CRONOLÓGICOS
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PALEOLÍTICO – 1.2 milhões de anos a 10 mil anos a.C. termo Paleolítico surge dos termos Gregos (palaiós="antigo", lithos="pedra", "pedra antiga") e foi empregue pela primeira vez pelo historiador John Lubbock. Neste período, os antepassados do Homem começaram a produzir os primeiros artefactos em pedra lascada, sendo essencialmente caçadores-recolectores e nómadas, sempre em busca de alimentos. Desenvolveram os primeiros instrumentos de caça, feitos em madeira, osso ou pedra lascada. Os historiadores costumam dividir este período da pré-história em três partes:
1. PALEOLÍTICO INFERIOR – 1.2 milhões de anos a 300 mil anos a.C. Foi durante este período que as primeiras espécies de hominídeos surgiram, no continente Africano. Entre estas estavam o Autralopithecus, o Homo Habilis e o Homo Erectus. Foi nesta época que os homens dominaram o fogo e supõe-se que já existisse alguma noção de comunidade. Em Portugal, ao longo do século XX e já no século XXI, foram realizados inúmeros trabalhos de estudo das realidades do Paleolítico. Os primeiros a realizarem um estudo sistemático das indústrias, atribuíveis ao Paleolítico Inferior, foram Henri Breuil e Georges Zbyszewski que, identificaram seis zonas distintas e com particularidades específicas: litoral norte e centro, área de Peniche até Cascais, arredores de Lisboa, terraços fluviais do interior sul, do litoral da Península de Setúbal até ao Baixo Alentejo e por fim Litoral Algarvio. Nos anos mais recentes, tivemos novos contributos e muito valiosos, com os estudos do professor Vítor Oliveira Jorge, com os trabalhos realizados na área de Vila Velha de Ródão, Alpiarça, Alcochete e na bacia do rio Lis, estes últimos conduzidos pelo professor João Pedro Cunha Ribeiro. Imperdoável seria não reconhecer aqui o trabalho dos Professores João Luís Cardoso, João Zilhão e Luís Raposo, fundamental para o conhecimento dos nossos mais antigos antepassados. 2. PALEOLÍTICO MÉDIO – 300 mil a 30 mil anos a.C. Neste período, surgiu o homem de Neandertal, já mais evoluído que os seus antepassados. Ao nível tecnológico, as técnicas de talhe foram sendo aperfeiçoadas, com uma indústria lítica classificada maioritariamente como Mustierense. Esta indústria caracteriza-se pelo elevado número de utensílios sobre lasca, mais concretamente raspadores, denticulados, entalhes e pontas. Os materiais são, cada vez mais, aperfeiçoados e isso é observável, através da técnica Levallois. O homem começou a depositar ritualmente os restos mortais dos entes queridos e todos os seus pertences, como as vestes, adornos e utensílios. Em Portugal, a grande maioria dos sítios, atribuíveis ao Paleolítico Médio, situam-se à superfície, em terraços fluviais, praias e grutas. Destacamos os sítios da Gruta Nova da Columbeira (Bombarral), a Gruta de Salemas (Loures), a Gruta de Almonda (Torres
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Novas), a Gruta da Furninha (Peniche), a Gruta da Figueira Brava (Sesimbra), o Alto da Pacheca (Alcochete) e Vilas Ruivas (Vila Velha de Rodão). No nosso concelho destacamos a Ponta da Passadeira e a Ponta do António. 3. PALEOLÍTICO SUPERIOR – 30 mil a 10 mil anos a.C. Foi neste período, em que ocorreu nova glaciação que o Homo Sapiens Sapiens se expandiu e teve necessidade de sobreviver, num meio em transformação. Face a este constrangimento, houve a premência de capturar animais maiores, para que a carne pudesse durar mais tempo. Porém se nos períodos frios os caçadores perseguiam animais em manada, como cavalos ou bisontes, nos quentes e com o aparecimento de vastas e cerradas florestas, a caça transformou-se numa perseguição, entre o arvoredo de animais isolados, veados ou javalis o que levou ao desenvolvimento de flechas e lanças, mais leves e certeiras, assim como à utilização de armadilhas. Em algumas escavações arqueológicas, foram encontrados anzóis primitivos, pontas de seta, lanças, machados de mão, agulhas de osso, botões, entre outros. Este período é também caracterizado pela arte móvel e arte rupestre. Em Portugal, entre os sítios arqueológicos, atribuíveis ao Paleolítico Superior, destacamos os seguintes: Grutas da Casa da Moura e da Furninha (Peniche), Gruta de Salemas (Loures), Pinhal da Charneca (Lisboa), Monte da Rainha (Évora Monte), Rossio do Cabo (Torres Vedras), Vale dos Porcos (Rio Maior) e Abrigo do Lagar Velho (Leiria). No que respeita, à arte rupestre, os principais sítios são os seguintes: Gruta do Escoural (Montemor-o-Novo), o importante Complexo do Vale do Côa (Vila Nova de Foz Côa) com os seus 18 quilómetros de extensão, com os sítios da Canada do Inferno, Vale de Figueira, Ribeira de Piscos e Vale dos Cabrões. MESOLÍTICO – 10 mil a 6000 a.C. O Mesolítico é o termo usado, para denominar um período da pré-história que só existiu em algumas regiões do mundo, onde não houve transição direta entre os períodos Paleolítico e Neolítico. As regiões onde se fizeram sentir mais os efeitos das glaciações tiveram este período mais representado. A indústria lítica mostra uma tendência para o fabrico de pequenos utensílios, adaptados às novas necessidades e usos específicos, os micrólitos. Neste período cronológico, temos pontas de flecha, raspadores, buris, etc. Encontramos, ainda, outros materiais e utensílios, como os arcos, feitos de madeira e tendões de animais, com flechas que incorporavam na sua ponta, micrólitos de variadas formas geométricas: triângulos, trapézios, etc. As populações continuaram a procurar os recursos do bosque (pequenos mamíferos, aves, frutos), mas iniciaram uma intensa exploração do litoral e dos estuários dos rios, onde a sua atividade deu origem a grandes concheiros (acumulações de conchas de moluscos, como a ostra e o berbigão). Estas populações mesolíticas alternavam as suas ocupações, em sítios de inverno e acampamentos de verão, embora em algumas regiões, tenham começado a viver de um modo mais sedentário.
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Em Portugal existem vários sítios, atribuíveis ao Mesolítico, quer no estuário do rio Tejo, mais concretamente em Muge (Cabeço da Arruda, Moita do Sebastião, Cabeço da Amoreira…), quer no estuário do rio Sado, próximos de Alcácer do Sal (Poças de S. Bento, Cabeço do Pez, Arapouco, Vale de Romeiras, Cabeço das Amoreiras). NEOLÍTICO – 6000 a 2600 anos a.C O Neolítico também conhecido pelo Período da Pedra Polida, é uma fase da Pré-história que ocorreu entre o VI e o III milénio a.C. na Península Ibérica. A datação do seu início é ainda alvo de acesos debates e grandes incertezas, devido ao facto de se tratar de uma mudança gradual com variadas nuances geográficas. Este período marca a alteração de paradigma por parte das civilizações. O processo de sedentarização acelerado, o início das comunidades, o aparecimento da agricultura, a domesticação de animais e a olaria são realidades constatáveis. As primeiras comunidades privilegiavam locais próximos da água (rios, ribeiras…), devido à proximidade dos solos férteis. Os primeiros habitats eram sobretudo casas de argila, palha e madeira. Deu-se início ao processo de liderança, com o aparecimento de um chefe da aldeia, bem como à divisão social de tarefas: normalmente os homens ficariam com o trabalho de caça, pesca e defesa, ao passo que as mulheres com o trabalho de agricultura, de moagem dos cereais, confeção dos alimentos, tecelagem e cuidados com os idosos e crianças. No Neolítico há também uma alteração nos utensílios utilizados, passámos a ter cerâmica para a confeção e armazenamento de alimentos, a mó e o almofariz para a moagem dos cereais. Com a domesticação dos animais, rapidamente estas comunidades tiraram o máximo proveito destes, nomeadamente o uso das peles e da lã (iniciando-se o processo de tecelagem). Aparecem os primeiros teares, provavelmente de madeira, dos quais chegaram até nós, os pesos em cerâmica. Em relação, às ferramentas utilizadas, feitas em pedra polida e, por essa razão, mais eficientes, destacamos os machados, as enxós, as goivas e as primeiras enxadas. Neste período, desenvolvem-se as trocas comerciais e dá-se o aparecimento das primeiras grandes civilizações, como por exemplo a Egípcia e a Mesopotâmica. Em Portugal surgem as primeiras grandes construções, de carácter funerário e ritual, em que destacamos: • dólmens/antas serviam para enterrar os habitantes locais mais importantes, sendo formados por uma câmara subterrânea, à qual se tinha acesso através de um corredor. Algumas destas câmaras eram, no seu interior, ornamentadas com pinturas. Neste tipo de estruturas, os mortos eram colocados em posição fetal para o renascimento do defunto, já que a câmara simbolizava o útero materno. • menires/Cromeleques são pedras isoladas ou a formar conjuntos, de grandes dimensões, com tamanhos e formatos variados, fincados no solo, com funções diferenciadas. Em Portugal, podemos destacar os seguintes sítios: Conjunto Megalítico do Monte dos Amantes (Vila do Bispo), Cromeleque dos Almendres (Évora), Cromeleque
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da Portela de Modos (Évora), Cromeleque do Xerez (Reguengos de Monsaraz), Cromeleque do Tojal (Montemor o Novo), Anta Grande do Zambujeiro (Évora). CALCOLÍTICO – 2600 a 1200 a.C O Período Calcolítico situa-se entre o Neolítico e a Idade do Bronze. É caracterizado pelo início do uso dos metais, com o aparecimento dos primeiros objetos em cobre, embora se mantenha a continuidade da utilização dos objetos em pedra. Nas práticas funerárias, o ritual de inumação coletiva torna-se evidente, nomeadamente em sepulturas familiares. Em Portugal, na zona da Estremadura, temos três momentos deste período: o Calcolítico Antigo ou Horizonte da Cerâmica Canelada, de cerca de 2500 a 2300 a. C., um segundo momento, denominado Calcolítico Médio ou Pleno ou Horizonte da Cerâmica "Folha de Acácia", ocupando o período entre cerca de 2300 e 2000 a. C., e por fim, um último momento, a chamada fase "campaniforme", desenvolvido de forma geral, entre aproximadamente 2000 e 1500 a. C. Como exemplos dos inúmeros sítios existentes em Portugal, destacamos: Castelo Velho (Freixo de Numão), Castro de Vila Nova de São Pedro (Azambuja), Penedo de Lexim (Mafra), o Castro do Zambujal (Torres Vedras) e o Castro de Leceia (Oeiras). IDADE DO BRONZE – 1500 a 1200 a.C A idade do Bronze foi o período que ficou conhecido pela proliferação e desenvolvimento de ferramentas, produzidas em metal. Como o nome indica, ficou conhecida pelo desenvolvimento da liga metálica, feita a partir da junção de dois metais: o cobre e o estanho. O primeiro já era vulgarmente utilizado na Idade do Cobre. Esta liga era um material muito resistente e, por isso, era ótimo não só para o fabrico de ferramentas de uso quotidiano, mas também para o fabrico de armas. Cada civilização começou a usar esta liga em épocas diferentes, por esta razão, torna-se muito difícil balizar este período cronológico, contudo podemos datar entre 4000 a 1300 a.C. e crê-se que tenha surgido no espaço geográfico do Médio Oriente. O aparecimento desta liga e a sua utilização foi um enorme avanço tecnológico porque os instrumentos que anteriormente eram fabricados em pedra, como os machados, lâminas, pontas de setas, começaram a ser produzidos em bronze, aumentando assim a sua produção, qualidade, durabilidade, rentabilidade e eficiência. Mesmo os produtos que eram, inicialmente, produzidos em cobre, começaram também a ser fabricados em bronze, devido ao facto de ser um metal mais resistente. Com o incremento do equipamento bélico, além da figura do metalúrgico, surgiu a figura do guerreiro que foi assumindo importância e notoriedade, no contexto social da sua comunidade. Mas não foram só produzidos materiais, com funções utilitárias para uso na vida quotidiana, foram também elaborados objetos artísticos que estariam na posse das principais figuras, dessas comunidades, tais como máscaras, estatuetas, pulseiras, colares e anéis. As rotas comerciais que tiveram início na época neolítica e calcolítica, foram incrementadas na Idade do Bronze, devido ao desenvolvimento de centros e áreas
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mercantis, bem como ao aparecimento de novas áreas geográficas que passaram a integrar essas redes de comércio. Em Portugal, as estações que destacamos são Almonda e Vila Nova de São Pedro, Castro Marim, Alcaria de Pocinho e Santa Maria de Lobelhe. IDADE DO FERRO – 1200 a 550 a.C. O período que define a Idade do Ferro é estabelecido pelos primeiros vestígios conhecidos e registados em sociedades que já dominavam as técnicas do manuseio do metal. Podemos balizar a Idade do Ferro entre 1200 a 550 a.C., nas regiões do Oriente e Sudeste da Europa. Contudo, estas datas mudam muito de região para região, ou seja, nem todas as culturas dominaram ao mesmo tempo a tecnologia deste novo metal. A técnica é bastante complexa, envolvia não só a capacidade de produção do minério, mas também a remoção das suas impurezas e a regulação da quantidade de carbono. O início da idade do ferro não envolve uma rotura brusca com a liga de metal anterior, mas é marcada por uma continuidade. Neste processo do domínio dos metais, assistimos a um aproveitamento conjunto do bronze e do ferro, a sua substituição deu-se de forma progressiva. Porém, a sua utilização propagou-se sistematicamente nos diferentes espaços culturais, por ser um metal mais abundante na natureza, pela sua dureza e por permitir vantagens tecnológicas, em relação aos outros metais. Este metal depressa se converteu num elemento essencial de todas as civilizações. Em Portugal, a Idade do Ferro terá surgido cerca de 500 a.C. e perdurou até ao domínio Romano. No Norte, podemos destacar a cultura castreja, caracterizada pelos povoados fortificados, em locais de difícil acesso e com vantagens defensivas. As suas habitações tinham forma circular, construídas em pedra, com revestimento e telhados de palha e madeira. No nosso país, podemos destacar como sítios relevantes deste período, a Estação Arqueológica de Monte Molião (Lagos), Citânia de Briteiros (Guimarães), Castro de Palheiros (Murça) e o Povoado de Mesas de Castelinho (Almodôvar). PERÍODO ROMANO – 509 a.C. a 476 d.C. A cidade italiana de Roma, berço do grande Império Romano que remonta ao século VIII a.C. (753 a.C.), tornou-se centro de uma civilização dominadora de vasto território. O derrube deste império pelos povos germânicos marca o início da Idade Média. Durante os seus doze séculos de existência, a civilização romana transitou de monarquia para república, que por sua vez se transformou em império, dominando a Europa Ocidental em torno do Mar Mediterrânico através da conquista e assimilação cultural. Contudo, uma série de fatores sociopolíticos agravou o seu declínio e o império dividiu-se em dois: o Ocidental que entrou em colapso definitivo no século V e o Oriental, governado a partir de Constantinopla, que caiu em 1453 quando esta cidade foi tomada pelos turcos otomanos. O império romano foi, no período pós-republicano caracterizado pela governação autocrática, liderada por um imperador e pela conquista de extensas áreas geográficas em volta do Mar Mediterrânio, englobando a Europa e partes da África e da Ásia.
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A conquista da Península Ibérica iniciou-se por volta do ano 218 a.C., durante a Segunda Guerra Púnica, entre Roma e Cartago, em que tropas comandadas por Cneu Cipião desembarcaram em Ampúrias. Durante vários anos lutaram contra o domínio de Cartago, acabando por derrotá-lo na Península em 206 a.C., com a conquista de Cádis, passando a dominar o litoral mediterrânico. Contudo, esta vitória não garantiu definitivamente a conquista da Península Ibérica, visto que a partir de 194 a.C. ocorreram guerras contra os povos nativos, nomeadamente os Lusitanos, que se estenderam até 138 a.C. O início da fase imperial, fez-se sentir na Península Ibérica através da proclamação da Pax Romana de Augusto, com o fim da guerra a partir do ano 19 a.C. A romanização ocorreu progredindo desde a costa do Mediterrâneo, ao interior e até à costa do Atlântico através da conquista de territórios, mas também pela expansão do idioma – latim, do direito romano, da fundação constante de cidades e de uma complexa rede viária, tendo como principais agentes os comerciantes e os legionários. A constituição de famílias mistas, misturando usos e costumes conduziu à miscigenação entre as várias culturas. As povoações, conhecidas por Castros, que originalmente ocupavam os cumes dos montes e das montanhas, foram abandonadas por pressão romana, para melhor controlo das suas populações, forçadas assim a descer para as planícies e os vales. Surgiram as primeiras cidades como Bracara Augusta (Braga), Pax Iluia (Beja), Miróbriga (Santiago do Cacém), Aqua Flaviae (Chaves) e Conímbriga. A exploração mineira, a agricultura (em especial cereais e vinha), a pesca e a transformação dos seus produtos (por exemplo: garum), a salicultura, a olaria, a tecelagem, levaram ao incremento das indústrias e do comércio, da construção naval e portos e ao desenvolvimento dos centros urbanos, tudo isto apoiado pela cunhagem e circulação de moeda e pela referida extensa rede viária e portuária que ligava todo o império romano, vindo daqui a famosa expressão: “todos os caminhos vão dar a Roma”. Em termos religiosos, os romanos eram politeístas, aceitando, integrando e disseminando os cultos das divindades dos povos que conquistavam. Este facto facilitou a aculturação dos povos indígenas. A cultura romana, herdeira da cultura grega, cujos conhecimentos e técnicas aplicou e desenvolveu, disseminou-se por todo o império, sendo este vasto património cultural ainda hoje reconhecível nos territórios que ocupou. O vínculo administrativo com Roma terminou em 411 quando o imperador Honório, após um prolongado período de guerra civil, estabeleceu um pacto com os Alanos a quem concedeu a Lusitânia. Dois anos mais tarde, porém, seriam os Visigodos a dominar a Lusitânia, a sul do Tejo, enquanto a norte, os Suevos continuaram com o seu reino, com capital em Braga. Em Portugal, podemos destacar como principais cidades romanas conhecidos, Ammaia (Marvão), Aquae Flaviae (Chaves), Ebora (Évora), Olisipo (Lisboa), Bracara Augusta (Braga), Conímbriga (Coimbra) e Pax Iluia (Beja). Convém ainda mencionar os sítios de Balsa (Tavira), Miróbriga (Santiago do Cacem), Milreu (Faro), Troia (Setúbal), Villa Romana de Pisões (Beja), como sítios visitáveis cujos vestígios romanos são consideráveis.
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PERÍODO VISIGÓTICO – 415/419 a 711 d.C O Reino Visigótico fundado pelo rei germânico Vália, expandiu-se ocupando o Sudoeste da Gália (atual França) e o sul da Península Ibérica nos séculos V-VIII. Os Visigodos, povo pagão, foi-se lentamente convertendo ao cristianismo no início da Idade Média. Visigodos, Ostrogodos e Vândalos, vivendo nos limites do Império Romano adotaram o arianismo, uma versão primitiva do cristianismo, considerada herética pela Igreja Católica. Na Península Ibérica, os visigodos mantiveram-se arianistas até 589. Os Visigodos influenciados pela cultura e política romanas, desenvolveram as bases da estrutura jurídica medieval na Península Ibérica. Desenvolveram também formas artísticas originais, como o arco de ferradura, a planta cruciforme das igrejas, o uso de colunas e pilares com capitéis coríntios, as abóbadas com cúpulas e decoração com motivos vegetais e animais. Em Portugal os vestígios da arquitetura deste período são visíveis na ermida e igreja de Santa Maria de Lara, na capela de São Frutuoso em Braga e na Igreja de São Gião na Nazaré. PERÍODO ÁRABE – 711 a 1242 (território Português) e 1492 (território Espanhol) O período Árabe na Península Ibérica inicia-se com a invasão islâmica, em 711, quando tropas vindas do Norte de África, cruzaram o estreito de Gibraltar, derrotando o Rei Recaredo I, último rei visigodo na Hispânia e provocando a deslocação para norte das populações das áreas invadidas. É interessante saber que em Portugal estes povos foram sendo nomeados de várias maneiras: Muçulmanos (aqueles que se submetem a Deus); Islamitas (os que praticam o islamismo); Sarracenos (os que conquistaram a Península Ibérica) e os Mouros (os naturais do Magrebe que se instalaram na Península Ibérica). Ao chegar à Península Ibérica (Al-Ândalus), os exércitos islâmicos aproveitando a decadência do reino visigótico, avançam até às Astúrias (montanhas a noroeste da Península Ibérica). A estratégia de ocupação, por parte deste povo, no território correspondente ao Portugal de hoje, baseou-se no estabelecimento de consensos com as populações que procuraram islamizar, sendo estas denominadas de Moçárabes. A Reconquista Cristã, iniciada no século VIII, determinou um longo período de batalhas constantes, a partir das montanhas das Astúrias, que gradualmente foi empurrando para sul, com avanços e recuos, a fronteira entre os dois povos. Apesar da derrota dos exércitos islâmicos, muitas populações islâmicas, ou islamizadas mantiveram-se no território português, tendo inclusive recebido proteção dos reis portugueses, que se defrontariam com um país vazio e carente de braços, se toda essa população fosse expulsa. É exemplo disso a carta de foral em 1170 que o rei D. Afonso Henriques deu às populações mouriscas de Lisboa, Almada, Alcácer do Sal e Palmela que se submeteram à soberania portuguesa. Estas comunidades viviam em bairros vulgarmente designados como Mourarias. No território que hoje é Portugal, o domínio árabe terminou em 1249 com a conquista definitiva da cidade de Faro pelas forças do Rei D. Afonso III. Na vizinha Espanha a reconquista durou toda a Idade Média e só terminou no
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início da Idade Moderna, em 1492, quando os muçulmanos foram definitivamente derrotados pelos reis Católicos, D. Fernando e D. Isabel. As principais cidades islâmicas em Portugal foram Al-Uśbuna (Lisboa), Santarin (Santarém), Kulūmriyya (Coimbra), Mārtula (Mértola) ou Silb (Silves). IDADE MÉDIA – 476 a 1453 A idade Média, injustamente conhecida no passado como a Idade das Trevas, cobre o período vivido na Europa entre os séculos V e XV, iniciado com a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.) e terminando na transição para a Idade Moderna. Os historiadores dividem-na em Alta Idade Média e Baixa Idade Média, tendo a primeira abarcado os anos de 476 a 1000 e sendo marcada pelas invasões bárbaras no território Romano e pela consolidação do sistema Feudal. A Baixa Idade Média vai do século XI ao século XV, tendo o sistema feudal entrado em decadência devido aos avanços tecnológicos, nomeadamente no sector agrícola. O desenvolvimento da produção alimentar e industrial, levou a um aumento populacional e à evidente insuficiência de terras para acolher tanta população, iniciando-se por esse facto um fluxo migratório para os centros urbanos, rodeando castelos, mosteiros/conventos e igrejas, desenvolvendo atividades e rotas comerciais, e originando os primeiros burgos. Este fluxo leva à queda do feudalismo e cria novas atividades comerciais como o câmbio e a banca. Na Idade Média, a Igreja Católica aumenta o seu poder e influência sobre a população, deixando essa marca nas Artes, na Arquitetura (com o românico e o gótico), na Política e na Guerra. As principais características da Idade Média são: • O Feudalismo (sistema pelo qual as terras eram divididas, em feudos, atribuídas a nobres e onde os servos trabalhavam quase como escravos, para os seus senhores); • As relações de suserania e vassalagem; • As Cruzadas (investidas militares dos cristãos contra os muçulmanos pelo domínio da Terra Santa); • O aparecimento de ordens militares como a dos Templários; • Uma alteração climática extrema, embora curta, de tipo glaciar, que afetou as produções agrícolas e pecuárias, ocasionando carências alimentares, fome e doenças endémicas, como a Peste Negra, que dizimou cerca de dois terços da população da Europa. A transição para a Idade Moderna está relacionada com a ascensão das monarquias nacionais europeias e a diminuição demográfica provocada pela Peste Negra, a redescoberta das civilizações grega e romana, os descobrimentos marítimos e a contestação religiosa. A tomada da cidade de Constantinopla, em 1453, pelos turcos otomanos marca o fim da Idade Média. IDADE MODERNA – 1453 a 1789 Na História da Europa, a Idade Moderna inicia-se com a tomada da cidade de Constantinopla, em 1453, pelos turcos otomanos e o seu término é marcado pela Revolução Francesa de 1789. Este período cronológico é caracterizado por uma época de revolução social, em
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que o feudalismo é substituído pelo capitalismo, criando as bases para as viagens marítimas, para a abertura de novas rotas comerciais, e para a descoberta e exploração de novos territórios e dos seus povos, acrescentando novos produtos ao comércio internacional e adquirindo vastos conhecimentos científicos e humanísticos. Este quadro altera a situação política, económica e social da Europa com o crescimento da riqueza resultante do aumento da produtividade, do volume e da variedade dos produtos exóticos transacionados. Só um pouco desta riqueza cabia no entanto aos trabalhadores e artesãos especializados. O capitalismo inicial como sistema político e económico, teve como principais características: • O apoio nas monarquias, • Uma produção voltada para os mercados, e para as relações monetárias, valorizando o lucro e os salários, • O fortalecimento crescente da burguesia. Novas rotas comerciais, foram alcançando territórios cada vez mais distantes e esse mérito coube aos países ibéricos, Portugal e Espanha. Foram eles que conseguiram reunir as condições técnicas e económicas para a exploração de novos mundos. Em Portugal, as viagens marítimas foram essenciais para esta gigantesca aventura. A expansão de Portugal inicia-se no Norte de África com a conquista, em 1415, de Ceuta, um importante entreposto comercial de cereais e onde confluíam as rotas das caravanas, com o ouro do Sudão, os escravos do interior africano e as especiarias orientais da Índia e da Arábia. Seguiu-se a descoberta e o povoamento das ilhas dos Açores e da Madeira. Gradualmente, os portugueses foram alongando as rotas das suas naus, junto e contornando a costa africana, atravessando o Atlântico e navegando no Índico e nos mares da China e do Japão: Bartolomeu Dias dobra em 1488 o Cabo da Boa Esperança; em 1498, Vasco da Gama chega a Calecute, na costa Ocidental da Índia; em 1500, Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, mais tarde, em 1513 chegam à China e em 1543 ao Japão. A descoberta destes novos mundos representou uma enorme despesa com as frotas, mas também resultou no acumular de elevados lucros económicos, graças à chegada a Portugal de novas e valiosas mercadorias, como as especiarias, a seda, as porcelanas, o ouro e as pedras preciosas, para além de inúmeros escravos… Na Arquitetura subsistiu a linguagem gótica na construção dos edifícios que, na sua fase final, foi enriquecida com os elementos decorativos manuelinos. Em termos culturais, a Idade Moderna foi palco do movimento cultual denominado de Renascimento, período caracterizado pela valorização das referências da antiguidade clássica, no tocante aos ideais humanistas e naturalistas. Esta corrente artística manifestou-se primeiro na Toscânia, Itália, tendo como principais centros as cidades de Florença e Siena, difundindo-se depois, para praticamente todos os países da Europa. O florescimento cultural e científico renascentista deu origem a um sentimento global de otimismo, abrindo positivamente o Homem para o Novo, incentivando-o para a pesquisa e para o aumento dos conhecimentos científicos e técnicos. A Revolução Francesa, de 1789, detentora de ideais que chegaram até aos nossos dias, marca o fim da Idade Moderna e dá início à idade Contemporânea.
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IDADE CONTEMPORÂNEA – 1789 à atualidade A Idade Contemporânea teve início no século XVIII, tendo como baliza histórica a Revolução Francesa em 1789 e prolongou-se até aos nossos tempos. Esta revolução teve enorme impacto nas sociedades, uma vez que os seus princípios e valores, exaltados na primeira Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, difundiram-se por toda a Europa. O início da Idade Contemporânea foi marcado pelo Iluminismo, movimento cultural, filosófico da elite intelectual europeia, baseado na Razão, pelo que este período ficou conhecido como o Século das Luzes. Abarcou inúmeras tendências, mas todas elas buscando o conhecimento do Homem e da Natureza, com o objetivo de o tornar esclarecido e progressista. Promoveu, também o intercâmbio cultural entre os povos e combateu a intolerância do Estado e o obscurantismo da Igreja. O Iluminismo nasceu na França, de onde rapidamente se espalhou por toda a Europa, e culminou com a publicação da grande Enciclopédia (1757-1772), coleção com 35 volumes e para cuja concretização foi necessária a contribuição de centenas de filósofos, cientistas e matemáticos. De acordo com Denis Diderot, um dos seus editores, no artigo "Enciclopédie", o objetivo da obra era "mudar a maneira como as pessoas pensam". Em Portugal, destacamos a figura do Marquês de Pombal, importante estadista que procedeu a importantes reformas por todo o país, nos campos social e cultural, mas principalmente no industrial, sendo também emblemática a reconstrução da cidade de Lisboa, após do sismo de 1755. Neste período Napoleão Bonaparte, detentor do poder e em nome dos valores revolucionários da Revolução Francesa, iniciou uma série de conflitos contra várias alianças europeias. Portugal, sofreu a pressão e as destruições decorrentes de três invasões, ordenadas por Napoleão Bonaparte. A primeira em 1807, atravessou a península chegando a Lisboa a 30 de novembro de 1807, tendo a família real fugido no dia anterior, para o Brasil. Com a ajuda dos ingleses, Portugal conseguiu derrotar os franceses nas batalhas de Roliça e Vimeiro. A segunda invasão ocupou o norte do País, chegando ao Porto a 24 de março, libertado, porém, mais uma vez, com a ajuda dos ingleses. A terceira invasão, em 1810, ocupou de novo o norte do País, com o objetivo de conquistar Lisboa. Os exércitos, inglês e português, entrincheirados nos fortes e fortins do sistema defensivo, das Linhas de Torres Vedras, delineado pelos ingleses e construído com o enorme esforço das populações locais, travaram o avanço do exército francês, ali chegado a 14 de outubro e obrigado a retirar, derrotado por essa barreira intransponível, defendida por milhares de homens e canhões, mas também pela fome, pelas doenças e pelos rigores do Inverno. Desde então este período cronológico será marcado pelo desenvolvimento e consolidação do regime capitalista no ocidente e pelo aumento das tensões sociais, politicas e militares, como resultado da pilhagem de matérias-primas e outros recursos, levada a cabo sobre povos e nações mais fracas. Com o eclodir das duas Grandes Guerras já no século XX e dos horrores nelas testemunhadas, o ceticismo marcou o mundo, por se constatar que mesmo civilizações
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tão avançadas, científica, tecnológica e culturalmente, eram capazes de enormes atrocidades. O crescimento exponencial da população mundial está a ter como consequência, a procura sempre crescente de todo o tipo de recursos, alimentares, mineiros, energéticos, conduzindo evidentemente à sua previsível escassez, quando não esgotamento. Uma das consequências resultante do intenso uso dos combustíveis fósseis como fonte de energia, (contrariando ou em oposição às mudanças climáticas naturais e cíclicas do nosso planeta), traz ao ser humano um dos maiores desafios pela sobrevivência que já enfrentou, enquanto espécie de crescimento incontrolável: alterações climáticas extremas com efeito de estufa planetário, poderão introduzir dramáticas mudanças em todos os sectores da vida na Terra. E é perante este previsível cenário, que concluímos que um novo período histórico deve ser iniciado, urgentemente agora, um Neo-Iluminismo de carácter científico, cultural, político e ambiental que ponha nas mãos dos povos, esclarecidos sobre o seu passado, o leme do seu futuro.
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CRONOLOGIA DO CONCELHO DA MOITA
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onsideramos pertinente fazer uma pequena descrição cronológica dos momentos mais importantes da história da região, com foco no concelho da Moita, desde a Idade Média até ao início do século XX. Para o efeito, foi utilizada uma cronologia já publicada2, à qual acrescentámos novos elementos:
1147 • Na sequência da tomada da cidade de Lisboa, D. Afonso Henriques conquistou Almada e Palmela. 1185 • D. Afonso Henriques deu Carta de Foral a Palmela. 1186 • D. Sancho I doou os castelos de Alcácer, Palmela, Almada e Arruda, com os seus termos, ao Mestre da Ordem Militar de Santiago, Sancho Fernandes. O termo de Palmela abrangia um extenso território: à região compreendida entre o rio Coina e a Ribeira das Enguias, designaram os freires de Santiago por Ribatejo, à região entre a Ribeira das Enguias e o Rio Lavre, foi denominado Chacoteca. Nesses tempos, o termo de Palmela apenas incluía dois núcleos populacionais com alguma importância, Coina e Alcochete. 1191 • Os almóadas reconquistam Palmela e Almada. 1195 • D. Sancho I recupera os castelos de Palmela e Almada. 1227/32 • Moeda de D. Sancho II, encontrada nas escavações, efetuadas no adro da Igreja Matriz de Alhos Vedros, no ano de 1992. 1249 • Estabelecimento da Paróquia de Santa Maria de Sabonha. século xiii • A partir de meados deste século, aponta-se a existência de um núcleo Humano em Alhos Vedros. fins do século xiii • Criação do concelho de Ribatejo, o qual tinha sede nas freguesias de Alhos Vedros e Sabonha e onde eram igualmente pagas as rendas. O concelho de Ribatejo era uma Comenda da Mesa Mestral da Ordem de Santiago. 1293 • O documento mais antigo que faz referência a Alhos Vedros, data de 20 de outubro de 1293 e refere-se à entrega de metade de um herdamento, situado em Alhos Vedros, feita por Martim Peres à sua antiga mulher, Clara Martins, freira no Mosteiro de Santa Maria de Celas. 1297 • O segundo documento mais antigo, datado de 21 de fevereiro de 1297, refere-se a um arrendamento estabelecido por seis anos, de duas courelas de vinha, existentes em Alhos Vedros, feito por Maria Anes a Maria Martins. • O terceiro documento, datado de 17 de setembro de 1297, menciona a venda de um quinhão de vinha no lugar de Alhos Vedros, feita por António Eanes, clérigo, a Clara Martins, filha de Clara Martins, monja de Celas. 1298 • Os dois documentos dos finais do século XIII que, até há uns anos, foram considerados os primeiros mais antigos, ajudam a complementar a informação dos documentos mencionados anteriormente, comprovando a ocupação deste território. • Quarto documento com referências a Alhos Vedros, data de 30 de janeiro de 1298 e reporta-se à troca de uma vinha em Alhos Vedros por outra no Lavradio, entre Pero Infante e João Domingues. 2 SANTOS, Maria Clara – “Registo Cronológico de Acontecimentos no Concelho” In Retrato em Movimento do Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2004, pp.116-129
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• Pelo mesmo documento, confirma-se a existência da Paróquia de S. Lourenço, cujo clérigo se chamava Fernão Domingues. • Um outro documento, datado de 14 de fevereiro de 1298, refere-se ao aforamento de uma vinha e charneca no sítio de Alfeirã, em Alhos Vedros, efetuado por Pero Infante e sua mulher Maria Domingues, a Fernão Domingues, clérigo em Alhos Vedros. 1299 • O Mestre da Ordem de Santiago confirma a apresentação do prior da Igreja de S. Lourenço de Alhos Vedros. 1306 • Primeira referência ao lugar de Aldeia Galega. 1316 • A Igreja de Alhos Vedros tinha um raçoeiro chamado Lourenço Domingues. 1319 • Existência documentada da freguesia de S. Lourenço de Alhos Vedros. 1320 • Com a Bula de 1 de março de 1320, o Papa João XXI esclarece a questão do direito de padroado da Igreja de Alhos Vedros como pertencente à Ordem de Santiago. 1321 • A Igreja de Alhos Vedros tinha um reitor, coadjuvado por um vigário e raçoeiros. • Tanto S. Lourenço de Alhos Vedros como Santa Maria de Sabonha tinham o mesmo reitor (pároco principal). 1323 • D. Dinis elevou Palmela a vila. 1329 • Há notícia de um tabelião em Alcochete, nomeado pelo rei para o Concelho de Ribatejo. 1338 • Há um tabelião em Alhos Vedros, nomeado para o Ribatejo. 1355 • Por um documento, datado de 29 de março de 1355, temos a informação de que Alhos Vedros era uma terra senhorial, com jurisdição independente do Concelho de Ribatejo. O documento reporta-se à posse do Senhorio de Alhos Vedros que Lopo Vasques vendeu a Gonçalo Martins. 1363 • O Concelho do Ribatejo tinha dois juízes, um em Alhos Vedros e outro em Alcochete. 1368 • Por determinação régia, datada de 25 de março de 1368, D. Fernando manda guardar a antiga postura, dada ou confirmada por D. Afonso IV, a qual proibia a entrada de vinhos de fora para o Concelho de Ribatejo. 1396 • Alhos Vedros já caminhava para a sua autonomia, pois há a informação de uma audiência frente ao Paço do Concelho do Lugar de Alhos Vedros. • Primeira referência ao Lugar de Palhais. 1399 • Por carta régia, de 1 de setembro de 1399, D. João I concedeu privilégios aos homens bons dos lugares do concelho de Ribatejo. 1403 • Primeira referência ao Lugar da Banheira. 1415 • D. João I refugiou-se em Alhos Vedros, para fugir à peste que então grassava na cidade de Lisboa. Aqui, segundo o testemunho do cronista Gomes Eanes de Azurara, na Crónica da Tomada de Ceuta, realizou-se a entrevista com seus filhos sobre a expedição a Ceuta. 1422 • Alhos Vedros dava 16 besteiros. • Substituição da era de César pela era de Cristo em Portugal. 1423 • Por disposição régia, de 25 de abril de 1423, D. João I ordenou o pagamento da dízima nova do pescado aos juízes de todo o Concelho de Ribatejo. 1435 • A 13 de fevereiro de 1435, o Infante D. João, Mestre da Ordem de Santiago, concedeu a Pero Vicente, uma carta de sesmaria, para construir uma azenha, em Alhos Vedros. 1439 • Há notícia de uma carta do regente D. Pedro, endereçada aos juízes, vereadores
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e homens bons do Lugar de Alhos Vedros, facto que nos leva a pensar que o Concelho de Alhos Vedros se teria formado por volta desta data. 1450/52 • A inscrição epigráfica existente na Capela de S. Sebastião, sita na Moita, leva-nos a inferir que a referida capela teria sido construída por volta desta data. Segundo as Visitações da Ordem de Santiago de 1523, foram os moradores de Alhos Vedros e os da Moita que a construíram. 1453 • A informação mais antiga sobre a Capela de S. Sebastião refere-se à primeira sepultura aí feita, pertencente a Catarina Martins Moreira, filha de Martins Vasques Moreira, escudeiro criado de El-rei D. Duarte. 1457 • Por um documento de 12 de maio de 1457, há notícia do aforamento de uma praia no Lugar da Moita. 1464/65 • É extinto o Concelho de Ribatejo. 1477 • Alhos Vedros aparece mencionada na documentação já com a categoria de vila, possuindo um tabelião e um escrivão. 1479 • É nomeado o juiz dos órfãos de Alhos Vedros. 1484 • Por carta de sesmaria, de 15 de outubro de 1484, passada pela Ordem de Santiago, Pero Vicente recebeu uma praia e sapal, junto à caldeira da sua azenha, para fazer marinha. Este documento dá-nos, assim, a confirmação da existência do Moinho de Maré da Azenha, como também é revelador da utilização comum da água da caldeira na exploração da marinha. 1485 • É nomeado o alcaide-mor. 1497 • Há a informação de que o concelho da vila de Alhos Vedros lançou impostos aos seus moradores. 1500 • Criação da primeira Santa Casa da Misericórdia, inicialmente instalada na ermida de Nossa Senhora da Vitória. 1501 • A 29 de dezembro de 1501, Luís da Costa, fidalgo da Casa Real, apresentou a D. Jorge, Grão Mestre da Ordem de Santiago, uma carta de sesmaria sobre um esteiro de sapais, junto da Quinta de Martim Afonso, para se fazer um moinho de maré. 1514 • D. Manuel I concedeu foral à vila de Alhos Vedros, a 15 de dezembro de 1514. O Lugar da Moita beneficiou do foral manuelino de Alhos Vedros, a cujo concelho pertencia. 1518 • Por uma provisão, datada de 12 de abril de 1518, D. Jorge, Grão Mestre da Ordem de Santiago, determinou que todos os moradores fossem à procissão no Dia de Ramos, em Alhos Vedros. • Nesta mesma provisão, dada em Setúbal, pelo Infante D. Jorge, Grão Mestre das Ordens de Santiago e de Avis, chama-se aldeia à Moita. 1521 • D. Manuel I, no seu itinerário pelos termos de Alhos Vedros e Barreiro, ofereceu dois mil reis para o ladrilhamento da Capela de Nossa Senhora da Vitória, em Alhos Vedros. 1523 • Pelas Visitações da Ordem de Santiago, sabe-se que a vila de Alhos Vedros e seu termo tinham 240 vizinhos. 1527 • Primeiro recenseamento da população, mandado realizar por D. João III. Nas terras dos mestrados, os censos só começaram em 1532. Segundo este cadastro, a vila de Alhos Vedros e seu termo possuíam 317 moradores, assim repartidos: Alhos Vedros 138; Moita 14; Quinta de Martim Afonso 10; Lavradio 33; Verderena 23; Telha 33; Palhais 48 e nas Quintas Apartadas 18. 1530 • Extinção da freguesia de Sabonha.
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1532 • Cosmo Bernardes de Macedo, proprietário da Quinta de Martim Afonso e fidalgo da Casa Real, mandou construir a Capela do Rosário, dedicada a S. João Evangelista. 1552 • O Mestrado da Ordem de Santiago é incorporado na Coroa. 1571 • Na descrição da sua visita, o Cardeal Alexandrino, emissário do Papa, refere-se a Alhos Vedros como tendo 300 fogos, enquanto Coina possuía 30 e Barreiro 300. 1580/1640 • Com a união das coroas ibéricas, o centro político passa de Lisboa para Madrid. Neste período de sessenta anos, as viagens entre estas duas cidades intensificaramse e o caminho mais fácil era pelo Alentejo. A Moita e Aldeia Galega surgem como as povoações ribeirinhas da margem sul do estuário do Tejo com os melhores portos fluviais e consequentemente as que conhecem maior crescimento, pelas atividades de navegação fluvial. 1584 • Primeira escritura de arrendamento conhecida, feita a 1 de junho de 1584, por Tristão de Mendonça Furtado, a João Gomes, moleiro, de um moinho em Alhos Vedros que tinha cinco engenhos moentes e correntes e com um deles não moente, por tempo de três anos. O moleiro e rendeiro tinha que pagar, ao senhorio, em cada ano, cinco moios de pão: três moios de trigo do mar, um da terra e outro de centeio. 1587 • Construção da Igreja da Misericórdia, no local de uma antiga ermida, dedicada ao Espírito Santo. 1590/91 • Construção da Santa Casa da Misericórdia na praça da vila de Alhos Vedros. 1614 • Com a data de 15 de agosto, o juiz dos Tombos das Comendas da Mesa Mestral da Ordem de Santiago dá-nos a informação de que a vila de Alhos Vedros e seu termo tinham 544 vizinhos. 1630 • É construída a Capela da Quinta do Esteiro Furado. 1631 • Por provisão de 22 de maio de 1631, o rei D. Filipe III de Portugal autorizou a construção da ermida sob a invocação de Nossa Senhora da Boa Viagem. 1691 • A Moita recebeu a categoria de vila, por carta régia, passada por D. Pedro II a 7 de novembro de 1691 e foi doada ao Conde de Alvor, Francisco de Távora. A Moita desintegra-se do Concelho de Alhos Vedros. No decorrer deste processo, cria-se a Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira da vila. 1692 • A 2 de fevereiro de 1692, Francisco de Távora tomou posse do Senhorio da Moita. 1693 • A 25 de abril de 1693, foi demarcado o termo da vila da Moita, por petição dos seus moradores. 1698 • Até 1698 a Capela de S. Sebastião foi sede de um Curiato. 1706 • A vila de Alhos Vedros tinha 200 vizinhos e a vila da Moita e seu termo 227. 1712 • A vila da Moita tinha 170 fogos e a Freguesia de Alhos Vedros 200 fogos. 1719 • A Igreja Matriz da Moita sofreu obras de ampliação, com o auxílio monetário dos homens do mar. 1722 • Construção do cais de pedra na vila da Moita, em substituição do anterior cais de madeira, com a contribuição dos homens do mar. • A vila da Moita tinha 185 vizinhos e o lugar de Sarilhos Pequenos 45. 1730 • A Capela de S. Sebastião, inserida na Igreja Matriz de S. Lourenço de Alhos Vedros, foi revestida de azulejos. 1736 • Primeira referência conhecida à Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem. Parece-nos, no entanto, que a festa já decorria há anos atrás, mas a escassez de documentação
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não nos permite datá-la com rigor, o que nos leva a remontá-la hipoteticamente aos inícios do século XVII, aquando da consagração do templo. • Primeira referência ao Lugar de Nossa Senhora do Rosário. 1739 • A vila da Moita tinha 170 fogos e Alhos Vedros tinha 200 fogos. 1749 • A nave da Igreja de S. Lourenço de Alhos Vedros é revestida de azulejos. 1755 • Memória Paroquial de que a Moita sofreu grande ruína, com o terramoto de 1755, ficando muito danificadas a Igreja Matriz, as Capelas, bem como 74 casas. Oliveira Freire atribui-lhe 170 fogos. • Moita e Alhos Vedros faziam parte da Comarca de Setúbal. 1757 • Referência que, neste ano, a Moita tinha 225 fogos. 1758 • Pelas Informações Paroquiais sabemos que a vila da Moita possuía 225, vizinhos, mas com pessoas grandes e pequenas, 727. O Lugar de Sarilhos Pequenos possuía 55 vizinhos, com pessoas grandes e pequenas 148. Temos também a informação de que havia 76 pessoas de fora que trabalhavam nas fazendas e fábricas do concelho da Moita. Alhos Vedros possuía 124 moradores. • Notícia de 3 fornos de cal e telha pertencentes ao Conde da Ribeira e mais 3 fornos de cal de Leonardo Pinto. 1762 • Moita e Alhos Vedros eram vilas na correição de Santarém, província da Estremadura. 1798• Pelo censo de Pina Manique, a Moita possuía 330 fogos e a freguesia de S. Lourenço 119. 1801 • A Moita possuía 365 fogos e 1 261 almas, a vila de Alhos Vedros 111 fogos e 206 almas. 1811 • Alhos Vedros e Moita pertenciam à Comarca de Setúbal, diocese de Lisboa, província da Estremadura e a sua donatária era a Coroa. 1816 • Por carta régia, de 7 de setembro de 1816, D. João VI autorizou a transferência de uma feira que até então se realizava em Sarilhos Pequenos para a vila da Moita, na forma e dias indicados pela Confraria de Nossa Senhora da Boa Viagem. Ficou igualmente definido que o produto dos terrados revertesse em benefício do culto de Nossa Senhora da Boa Viagem. 1821 • Alhos Vedros tinha 537 habitantes e 153 fogos e a Moita 1 258 habitantes e 443 fogos. 1822 • A vila da Moita tinha 1 231 habitantes. 1823 • O Concelho de Alhos Vedros tinha 537 habitantes e 4 recrutas e o Concelho da Moita 1 258 moradores e 8 recrutas. 1824 • D. João VI agraciou com o título de 1º. Conde da Moita, D. José Aragon Azler Pignatelli de Aragon, por decreto de 13 de maio de 1824. • A 14 de abril de 1824, nasceu na vila da Moita João dos Santos Silva, parlamentar e distinto orador. 1832 • Os concelhos de Alhos Vedros e Moita pertenciam à comarca de Setúbal e província do Alentejo. 1835 • As vilas de Moita e Alhos Vedros passaram a pertencer à Comarca de Aldeia Galega do Ribatejo, província do Alentejo, distrito de Lisboa. 1836 • Pelo decreto, de 26 de janeiro de 1836, António Hypólito da Costa foi agraciado com o título de Barão de Alhos Vedros. • O concelho de Alhos Vedros tinha 825 fogos. 1839 • A vila da Moita possuía 1 842 habitantes.
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1842 • A vila de Alhos Vedros tinha 172 fogos e o concelho 481 fogos. O Concelho da Moita tinha 403 fogos. • Os concelhos de Alhos Vedros e Moita eram da província da Estremadura e distrito de Lisboa. 1855 • Pelo decreto, de 24 de outubro de 1855, foi extinto o Concelho da Moita e anexado ao do Barreiro, tal como o Concelho de Alhos Vedros. 1861 • Por decreto, de 18 de setembro de 1861, o concelho da Moita foi restaurado. Pelo mesmo decreto, Alhos Vedros foi anexado, como freguesia, ao Concelho da Moita. • A Freguesia de Alhos Vedros tinha 459 fogos. • Foi concluída a linha do caminho de ferro Barreiro/Setúbal/Vendas Novas. 1862 • Por decreto, de 24 de abril de 1862, o rei D. Luís concedeu o título de 2º. Conde da Moita a D. Marcelino Aragon Azler Pignatelli de Aragon. 1864 • Pelo censo deste ano, o concelho da Moita tinha 4 400 habitantes, assim repartidos: Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem 3 096 moradores e 779 fogos; Freguesia de Alhos Vedros 1 304 habitantes. 1869 • São fundadas a Sociedade Filarmónica Recreio União Alhosvedrense a 2 de Agosto e a Sociedade Filarmónica Estrela Moitense a 2 de outubro. 1872 • Foi inaugurada a primeira Praça de Touros na Moita. 1875 • O concelho da Moita, (freguesias de Alhos Vedros e Moita), tinha 1 100 fogos. 1878 • Pelo censo deste ano, o Concelho da Moita tinha 4 808 habitantes e a Freguesia de Alhos Vedros 1 566. 1890 • Segundo o Inquérito Industrial de 1890, o Concelho da Moita possuía uma fábrica corticeira da firma Thomaz Grewell na Quinta do Esteiro Furado com 8 operários. • O censo desse ano registava no concelho 5 612 habitantes e 1 321 fogos, assim repartidos: › Freguesia de Alhos Vedros 1 678 habitantes e 359 fogos; › Freguesia da Moita 3 934 habitantes e 962 fogos. 1895 • Por decreto, de 26 de setembro de 1895, foi de novo extinto o Concelho da Moita, sendo a Freguesia da Moita integrada no termo de Aldeia Galega e a Freguesia de Alhos Vedros no Concelho do Barreiro. 1898 • A 13 de janeiro foi novamente criado o Concelho da Moita, com duas freguesias: Moita e Alhos Vedros. • Em agosto de 1898, morreu o último morgado da Casa da Cova, nascido em Alhos Vedros e batizado na Igreja de S. Lourenço. Era o quinto Conde de Sampaio, António Pedro Maria da Luz de São Paio e Albuquerque Mendonça Furtado de Mello e Castro Moniz e Torres de Lusignan. Com base no inventário orfanológico, os bens que a família possuía no concelho da Moita, foram vendidos em arrematação, pelo tribunal judicial da comarca de Lisboa. 1900 • Pelo censo deste ano o Concelho da Moita tinha 6 381 habitantes e 1 455 fogos, assim repartidos: Freguesia de Alhos Vedros 1 794 habitantes; Freguesia da Moita 4 587 habitantes e 1 074 fogos. Nas primeiras décadas do século XX e pela beneficiação do caminho de ferro que aproximava a margem sul dos montados alentejanos e da serra algarvia, verificou-se uma concentração de unidades industriais corticeiras na vila de Alhos Vedros.
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PATRIMÓNIO NO CONCELHO DA MOITA
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DAS FREGUESIAS 7.1 UNIÃO DA BAIXA DA BANHEIRA
E DO VALE DA AMOREIRA
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FOTOGRAFIA 1. Perspetiva do Parque José Afonso na vila da Baixa da Banheira. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 2. Perspetiva da Avenida José Almada Negreiros no Vale da Amoreira. Fotografia de Adélia Queirós .
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7.1.1 – BRASÃO E HISTÓRIA DA FREGUESIA
Escudo de prata, cinco baluartes, sendo duas de azul, uma de púrpura e duas de vermelho, as hastes de negro ligadas por um ramo de hera, de verde passado em aspa: contra chefe ondeada de azul e prata. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas: Baixa da Banheira3.
Escudo de ouro, amoreira arrancada de negro, folhada de verde e frutada de púrpura, em chefe, duas candeias de vermelho, acesas do mesmo, e da dextra volvida. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas: Vale da Amoreira4. 3 4
SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006, p.149. Idem, ob. cit., p.185.
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HISTÓRIA DA FREGUESIA
or decreto-lei nº 11 A, de 28 de janeiro de 2013, procedeu-se à reorganização administrativa do território, estabelecendo a união de freguesias, nomeadamente a União de Freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira, com sede na Baixa da Banheira. Contudo, a história destas freguesias não se pode prender apenas com esta união. Isoladamente, ambas têm um longo percurso. A Baixa da Banheira tinha estatuto de freguesia desde 1967 e Vale da Amoreira desde 1988. A Baixa de Banheira tem 394 hectares com 21.085 habitantes (dados dos censos de 2011, fonte INE), situa-se entre Alhos Vedros e o Vale da Amoreira. A Oeste confina com o concelho do Barreiro e a Norte é banhada pelo Estuário do Tejo. O Vale da Amoreira tem 244 hectares com 9.864 habitantes (dados dos censos de 2011, fonte INE), é delimitado a Norte pela Baixa da Banheira e Alhos Vedros e a Sul pelo concelho do Barreiro. Os primeiros relatos conhecidos do Lugar da Banheira reportam-se a 1403, surgindo com diversos topónimos: Sítio da Banheira, Lugar da Banheira, Terras Baixas da Banheira do Tejo. O seu topónimo descreve terrenos baixos à volta do alongamento duma pequena enseada do Tejo, designada por "Banheira de Alhos Vedros". Embora a freguesia seja recente, em termos arqueológicos temos o vestígio mais antigo do Concelho da Moita, uma lasca em quartzo leitoso, datado de 1.2 milhões anos, encontrada no Vale da Amoreira. Existe ainda um povoado, com uma ocupação que vai desde o Paleolítico Médio até ao Neolítico, no sítio da Ponta da Passadeira (cerca de 5 mil anos), onde foram encontrados vestígios que testemunham o fabrico de olaria. Neste local, foram registados vários fornos de cozer cerâmica e respetivas entulheiras, pedaços informes de argila das coberturas e grandes quantidades de fragmentos de cerâmica que atestam um importante centro de produção oleira, destinada à obtenção do sal, por evaporação da água salgada, por ação do fogo. Ainda se podem ver na maré vazia as raízes conservadas dos pinheiros dessa época. Foram ainda encontrados outros elementos ligados à agricultura, nomeadamente mós manuais, para a moagem das gramíneas. No início do séc. XIX, a área destas freguesias era constituída por pinhal e montado, sendo a lenha, a extração de sal e alguma agricultura, as únicas atividades económicas conhecidas. A primeira licença de construção concedida pela Câmara da Moita para este lugar, ocorreu em 31 de julho de 1935, a Henrique Amado, numa pequena porção de terreno na Freguesia de Alhos Vedros, num sítio denominado Cabral de Cima. Foram nos anos 30 e 40 do século passado que esta freguesia registou um forte aumento demográfico, em virtude do desenvolvimento da linha ferroviária e do incremento industrial na zona do Barreiro e Alhos Vedros. O sítio designado como Cabeço de Alhos Vedros, a faixa que se formou ao longo do caminho-de-ferro até ao
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MAPA 4. Carta Topográfica Militar do Terreno da Península de Setúbal, de Jozé Maria das Neves Costa (1813-1816), onde é visível o topónimo Banheira. Direção-Geral do Território / Cota CA138
Lavradio, tornou-se uma área residencial de ferroviários e operários corticeiros. Nas décadas de 50 e 60 do século XX, assistiu-se a uma nova explosão demográfica, devido aos fluxos migratórios de pessoas, oriundas da Beira Baixa, Alentejo e Algarve. Estas gentes foram importantes recursos humanos que enfileiraram a massa operária das grandes unidades fabris, nomeadamente a CUF, a CP e a Siderurgia, mas também na indústria naval e corticeira. Na Quinta de São Pedro chegaram a existir três fábricas de cortiça e um forno de cal. Convém realçar que esta quinta historicamente pertenceu à freguesia de Alhos Vedros. A partir dos anos 60, a Baixa da Banheira teve um ritmo de crescimento constante, atingindo, em 1970, 24 mil habitantes (5.227 fogos) e em 1980, 30 mil habitantes (6.835 fogos). No ano de 1984, atingiu cerca de 35 mil habitantes (fonte Censos do INE). Pelo seu aumento demográfico e por todas as características urbanas e multiculturais, a Baixa de Banheira, pelo decreto-lei de 16 de maio de 1984, foi elevada à categoria de vila. Com a criação da freguesia do Vale da Amoreira, a 11 de março de 1988, a vila da Baixa da Banheira passou a ser constituída por duas freguesias. Se a área da Baixa da Banheira era uma zona de montado, a freguesia do Vale de Amoreira era constituída por uma zona agrícola, sendo que os seus primeiros habitantes eram trabalhadores das quintas que existiam nesta área. Em 1970, com a construção do Bairro Fundo de Fomento de Habitação, as características urbanas acentuaram-se. A sua demografia modificou-se radicalmente com a chegada, após 25 de abril de 1974, de milhares de pessoas das ex-colónias, definindo a identidade do Vale da Amoreira. A dimensão demográfica justificou a sua elevação a freguesia em 1988, abrangendo uma área marcadamente residencial, urbana e multicultural. Aqui situa-se a maior comunidade Cabo-Verdiana da área metropolitana de Lisboa e cerca de 40% da população tem idade inferior a 25 anos, sendo a freguesia mais jovem do concelho.
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MAPA 5. Mapa com a georreferenciação dos locais da União das Freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira
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7.1.2 – LISTAGEM DOS SÍTIOS PATRIMONIAIS DA FREGUESIA
MAPA 5. Mapa com a georreferenciação dos Sitios Patrimoniais nº1 ao nº 6
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CODARQ: 1 DESIGNAÇÃO: Ponta da Passadeira N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 11549 TIPO: Estação ao Ar Livre FREGUESIA: União das Freguesias Baixa da Banheira e Vale da Amoreira LATITUDE: 38:40:38,977 LONGITUDE: -9:02:41,029 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Paleolítico Médio/Neolítico DESCRIÇÃO: Povoado ao ar livre e aberto que se estabeleceu sobre uma restinga5 da margem sul do Tejo, tendo sido identificado, em 1995, pelo arqueólogo António Gonzalez. A sua ocupação inicia-se no Paleolítico Médio e prolonga-se até os finais do Neolítico e Calcolítico inicial. Os seus vestígios permitem observar a existência de uma economia agro-marítima em que a produção de sal seria a sua principal atividade, desenvolvendo igualmente, uma enorme produção de olaria. Foram identificados inúmeros artefactos cerâmicos, dos quais destacamos um conjunto muito peculiar, designado como corniforme, de tipologia simples e por vezes decorado. Foi ainda identificada uma indústria lítica (lamelas e lâminas de sílex, enxós, machados em pedra polida e elementos de mós manuais); carvões; ossos de mamíferos, peixes e conchas de moluscos marino-estuarinos. Foram ainda identificados vários fornos para cozedura das cerâmicas. Na Ponta da Passadeira já decorreram 4 campanhas de escavação arqueológica: 1995, 1998, 1999 e 2000. A primeira considerada como de emergência devido à erosão fluvial. As seguintes já se encontravam integradas no projecto de investigação “Povoamento e Arqueologia da paisagem durante a Pré-História recente e a Proto-História no sector ocidental da Arrábida”, pela Professora Doutora Joaquina Soares, em parceria com o Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal. Todos os materiais arqueológicos que dispomos são de recolhas de superfície, ao longo de vários anos, resultantes da erosão provocada pela passagem da navegação. Os materiais recolhidos, nas várias campanhas arqueológicas, fazem parte do acervo do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS). BIBLIOGRAFIA: SILVA, Carlos Tavares da e SOARES, Joaquina – “Os recursos marinhos nas estratégias de subsistência da pré-história do sul de Portugal” In AlMadan, Almada, 2ª Série: 7, 1998, p. 7182. SOARES, Joaquina – “A Ponta da Passadeira e a diversidade do registo arqueológico dos IV/III Milénios a.C.” In Actas das 1ªs Jornadas Arqueológicas e do Património da Corda Ribeirinha Sul, Câmara Municipal do Barreiro, 2000. SOARES, Joaquina – Barreiro Pré-Histórico Ponta da Passadeira, Câmara Municipal do Barreiro, 1996. SOARES, Joaquina – “O povoado pré-histórico da Ponta da Passadeira: economia ribeirinha dos IV/III Milénios a.C.” In Arqueologia e História Regional da Península de Setúbal. Lisboa, Universidade Aberta e Centro de Estudos Históricos Interdisciplinares, (Discursos. Língua, Cultura e Sociedade, 3ª Série, 8), 2001. 5
Restinga – Espaço geográfico formado por depósitos arenosos.
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FOTOGRAFIAS 3 E 4. Na imagem à esquerda, perspetiva geral da Ponta da Passadeira na atualidade. Fotografia de Rui Correia. Na imagem à direita, vestígios de um concheiro e raíz na Ponta da Passadeira. Fotografia de António Gonzalez.
FOTOGRAFIAS 5 E 6. Na imagem à esquerda, percutor em quartzo leitoso, percutor em quartzito e núcleo em quartzo. Na imagem à direita, biface em quartzito. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 7 E 8. Na imagem à esquerda, crista sobre lâmina em sílex, lamela em sílex e lamela em quartzito. Na imagem à direita, lasca em sílex com encoche, lasca em quartzito com encoche, lasca em sílex, núcleo em quartzito com levantamentos e pequeno encoche. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 9 E 10. Na imagem à esquerda, um raspador em sílex, dois raspadores em quartzito, sendo um circular. Na imagem à direita, núcleos em quartzito. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 11 E 12. Na imagem à esquerda, conjunto de núcleos em quartzito e sílex esgotados. Na imagem à direita, três furadores em sílex e três furadores em quartzito. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 13 E 14. Na imagem à esquerda, conjunto de lascas e esquírolas em sílex e quartzito. Na imagem à direita, conjunto de fragmentos de “corniformes” com e sem decoração. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 15 E 16. Na imagem à esquerda, conjunto de fragmentos de bordos de cerâmica neolítica, de pasta vermelha e pasta negra, com e sem furos de suspensão. Na imagem à direita, martelo em xisto anfibolítico com marcas de bigorna. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 17 E 18. Na imagem à esquerda, sete fragmentos de pesos de rede. Na imagem à direita, fragmento de ânfora romana de tipo Dressel 14, do século I d.C., segundo o Dr. Guilherme Cardoso. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 2 DESIGNAÇÃO: Palafitas N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União das Freguesias Baixa da Banheira e Vale da Amoreira LATITUDE: 38:40:12,662 LONGITUDE: -9:02:39,730 ALTITUDE: 0m CRONOLOGIA: Paleolítico Médio/Paleolítico Superior/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: As palafitas são construções de madeira, feitas pelos pescadores, para suporte da atividade piscatória. Foi identificado neste local, pelo arqueólogo António Gonzalez, um conjunto de materiais arqueológicos, de tipologias e cronologias diversas, dos quais destacamos, duas lascas em sílex; uma lasca em sílex retocada, com utilização de furador; uma lasca em sílex, tipicamente levallois, com um pequeno denticulado; um biface em quartzito; fragmentos de cerâmica comum, de pasta vermelha; um fragmento de azulejo do século XVII; fragmentos de cachimbos em cerâmica vermelha (um deles ainda com a base de assentamento visível) e em caulino, em que um deles apresenta decoração geométrica e um grande conjunto de fragmentos de faianças, dos séculos XVI, XVII e XVIII. Estes materiais resultam de recolhas de superfície, numa antiga praia hoje desaparecida. BIBLIOGRAFIA: Inédito
FOTOGRAFIA 19. Perspetiva geral do sítio Palafitas. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 20 E 21 . Na imagem à esquerda, dezassete fragmentos de faianças, com decoração azul-cobalto e manganês, do século XVII. Na imagem à direita, um furador em sílex, uma lasca com denticulado em sílex, de tipo Levallois, três lascas em sílex retocadas. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 22 E 23. Na imagem à esquerda, um seixo em sílex com levantamentos e retoque que seria uma tentativa de biface. Na imagem à direita, onze fragmentos de haste de cachimbo (três em cerâmica vermelha e oito em caulino). Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 24 E 25. Na imagem superior, fragmento de azulejo, do século XVII. Na imagem inferior, sete fragmentos de bordos de cerâmica comum, de pasta vermelha. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 3 DESIGNAÇÃO: Moita C ou Moita 3 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 22603 TIPO: Navio FREGUESIA: União das Freguesias Baixa da Banheira e Vale da Amoreira LATITUDE: 38:40:10,676 LONGITUDE: -9:02:39,189 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Foram identificadas neste local as estruturas que restavam de uma embarcação, estando as mesmas paralelas à base de uns muretes existentes. Quando em outubro de 2001, uma equipa do CNANS6 procedeu à verificação da realidade anteriormente identificada, observou-se que a embarcação encontrava-se disposta ao longo da margem do rio, com o bordo de estibordo sob as pedras tombadas, de um murete de uma antiga salina e o bordo de bombordo voltado para a margem. As estruturas desta embarcação estendem-se ao longo de 14 metros de comprimento e têm uma largura máxima de 4,5 metros. Nestes destroços foi possível observar, duas peças axiais com 12 centímetros de espessura, próximas da popa (entre os 0 e 1 metros), uma outra peça com 6 centímetros de espessura que corresponderia ao painel de popa e por fim um conjunto de estruturas do forro exterior e interior e vários elementos do cavername. A presença deste barco justifica-se pela necessidade de construir muros de salinas, onde a argila não se encontrava consistente. Apresenta-se preso por estacaria cheio com sedimentos e o murete assim constituído, coberto com pedras. BIBLIOGRAFIA: RODRIGUES, P.; RODRIGO, R.; BETTENCOURT, J.; CALEJA, P.; GODINHO, J. e ALVES, F. – Missão de verificação a dois sítios arqueológicos de embarcações tradicionais na Moita, outubro 2001.
FOTOGRAFIA 26. Perspetiva geral do sítio da Moita C ou Moita 3. Fotografia de Rui Correia.
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CNANS – Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática
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CODARQ: 4 DESIGNAÇÃO: Ponta do António N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Estação ao Ar Livre FREGUESIA: União das Freguesias Baixa da Banheira e Vale da Amoreira LATITUDE: 38:39:48,253 LONGITUDE: -9:02:04,389 ALTITUDE: 0m CRONOLOGIA: Paleolítico Médio DESCRIÇÃO: A Ponta do António localiza-se numa antiga praia. Em 1995, o arqueólogo António Gonzalez identificou, neste local, um conjunto de materiais arqueológicos, atribuíveis ao Paleolítico Médio. Em 2006, o arqueólogo Tiago do Pereiro realizou um estudo das indústrias líticas ali encontradas, entre as quais podemos destacar, um conjunto de lascas retocadas e não retocadas em quartzito, quartzo e sílex, esquírolas, lamelas, núcleos com levantamentos, percutores e raspadores. Trata-se de um conjunto de materiais muito rico e variado, representativo da cultura material do homem, no paleolítico. Neste momento, esta antiga praia encontra-se em risco de desaparecer, devido à erosão marítima. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – O Paleolítico Médio da Ponta do António (Baixa da Banheira): Integração cultural, cronológica e regional, 2006. PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 27. Perspetiva geral do sítio da Ponta do António. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 28 E 29. Na imagem à esquerda, esquírolas e lascas em sílex e quartzito. Na imagem à direita, núcleos em quartzito esgotados. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 30 E 31. Na imagem à esquerda, furador em quartzito e furador em sílex. Na imagem à direita, ponta em sílex e lasca em sílex, de tipo Levallois. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 32 . Núcleo em sílex de extração de lamelas e três raspadores em sílex. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 5 DESIGNAÇÃO: Moita B ou Moita 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 22602 TIPO: Navio FREGUESIA: União das Freguesias Baixa da Banheira e Vale da Amoreira LATITUDE: 38:39:35,307 LONGITUDE: -9:02:08,279 ALTITUDE: 0m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Neste local, foram identificadas as estruturas que restavam de uma embarcação e em outubro de 2001, uma equipa do CNANS7 procedeu à verificação da realidade anteriormente identificada. Esta embarcação desenvolvia-se ao longo de 16 metros e tinha provavelmente uma largura máxima de 3 metros. Do lado de estibordo eram visíveis os contornos, ao passo que a bombordo, estavam quase todos debaixo do murete da salina. Foi ainda possível observar que as pontas das cavernas do bordo de estibordo, afloravam quase ininterruptamente, entre os 3,3 e os 14 metros, bem como uma tábua do casco que é visível, entre os 2 e os 8,5 metros. Já do lado de bombordo, foi apenas visível a presença de quatro peças de cavername, situadas entre os 1,75 metros e os 4 metros. A sua presença é justificada pela mesma razão que se apresenta para o Moita C ou Moita 3. BIBLIOGRAFIA: RODRIGUES, P.; RODRIGO, R.; BETTENCOURT, J.; CALEJA, P.; GODINHO, J. e ALVES, F. – Missão de verificação a dois sítios arqueológicos de embarcações tradicionais na Moita, outubro 2001.
FOTOGRAFIA 33. Perspetiva geral do sítio Moita B ou Moita 2. Fotografia de António Gonzalez.
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CODARQ: 6 DESIGNAÇÃO: Moita A ou Moita 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 22601 TIPO: Navio FREGUESIA: União das Freguesias Baixa da Banheira e Vale da Amoreira LATITUDE: 38:39:33,668 LONGITUDE: -9:02:09,363 ALTITUDE: 0m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Neste local, foram identificadas as estruturas que restavam de uma embarcação, estando as mesmas paralelas à base de uns muretes existentes. Quando em outubro de 2001, uma equipa do CNANS8 procedeu à verificação da realidade anteriormente identificada, observou-se que a embarcação tinha a proa voltada para sul e a popa para norte. Tratava-se de uma pequena embarcação com 8 metros, tendo o forro exterior, de espessura 283 centímetros e as espessuras das cavernas visíveis, variavam entre os 6 e os 12 centímetros.Tinha as estruturas soterrados na camada sedimentar, apenas as extremidades das peças afloravam o lodo. Os destroços identificados, estendiam-se ao longo de 5,80 metros e tinham o bordo a estibordo visível. Neste bordo, foram observadas as extremidades de dezoito peças do cavername. Mesma utilização do Moita B ou Moita 2. BIBLIOGRAFIA: RODRIGUES, P.; RODRIGO, R.; BETTENCOURT, J.; CALEJA, P.; GODINHO, J. e ALVES, F. – Missão de verificação a dois sítios arqueológicos de embarcações tradicionais na Moita, outubro 2001.
FOTOGRAFIA 34. Perspetiva geral do sítio Moita A ou Moita 1. Fotografia de António Gonzalez.
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MAPA 7. Mapa com georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 7 ao nº 10
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CODARQ: 7 DESIGNAÇÃO: Jardim da Rua Fernando Pessoa N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achado Isolado FREGUESIA: União das Freguesias Baixa da Banheira e Vale da Amoreira LATITUDE: 38:39:21,476 LONGITUDE: -9:02:55,675 ALTITUDE: 22m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: Durante uma passagem no local, o arqueólogo António Gonzalez identificou um seixo em quartzito que terá servido como percutor e bigorna, apresentando ainda traços de polimento em ambos os lados. Foram ainda identificados alguns fragmentos de cerâmica comum, de cronologia indeterminada. BIBLIOGRAFIA: Inédito
FOTOGRAFIAS 35 E 36. Na imagem à esquerda, perspetiva geral do sítio, no Jardim da Rua Fernando Pessoa. Na imagem à direita, seixo em quartzito, de tipo percutor e bigorna. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 8 DESIGNAÇÃO: Vale da Amoreira 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achados Isolados FREGUESIA: União das Freguesias Baixa da Banheira e Vale da Amoreira LATITUDE: 38:38:40,356 LONGITUDE: -9:02:43,421 ALTITUDE: 28m CRONOLOGIA: Paleolítico Inferior DESCRIÇÃO: Numa visita ao local, o arqueólogo António Gonzalez identificou uma lasca alongada em quartzo leitoso, pertencente a uma antiga praia, do período quaternário. Esta lasca apresentava numa das faces, um bolbo de percussão e o seu plano de percussão cortical e na outra face, a superfície de separação de lasca, com a mesma direção e sentido. Esta lasca foi estudada, pelo Professor Doutor João Luís Cardoso, juntamente com outros artefactos da região de Setúbal e é apontada com a datação de 1.2 Milhões de anos, dando uma prova da presença humana no nosso território de pelo menos 1.5 Milhões de anos. BIBLIOGRAFIA: CARDOSO, João Luís – “As praias Calabrianas da Estremadura Portuguesa e as primeiras comunidades Peninsulares: o estado da Questão” In Mediterrâneos e Atlânticos: Encontros de Civilizações, Atas dos 2ºs Cursos Internacionais de Verão de Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 1995. PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIAS 37 E 38. Na imagem à esquerda, perspetiva geral do sítio Vale da Amoreira 1. Fotografia de Rui Correia. Na imagem à direita, lasca em quartzo. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita.
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DESENHO 1: Lasca de quartzo obtida intencionalmente, recolhida in situ no Vale da Amoreira 1. Desenho de B. Ferreira, publicado no artigo “Praias Calabrianas da Estremadura Portuguesa e as Primeiras Comunidades Peninsulares: O estado da questão” In Mediterrâneos e Atlânticos Encontros de Civilizações, Actas dos 2º Cursos Internacionais de Verão de Cascais, João Luís Cardoso.
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CODARQ: 9 DESIGNAÇÃO: Quinta da Ratinha 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União das Freguesias Baixa da Banheira e Vale da Amoreira LATITUDE: 38:38:38,210 LONGITUDE: -9:01:48,173 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Indeterminada DESCRIÇÃO: Junto a uma linha de água, o arqueólogo Tiago do Pereiro identificou em trabalho de prospeção, um conjunto de fragmentos de bordos de cerâmica, de cronologia indeterminada. Este conjunto era composto por dois fragmentos de cerâmica de pasta vermelha e um de pasta escura. BIBLIOGRAFIA: Pereiro, Tiago do, – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIAS 39 E 40. Na imagem à esquerda, perspetiva geral do sítio Quinta da Ratinha 2. Na imagem à direita, três fragmentos de bordos de cerâmica comum, dois de pasta vermelha e um de pasta escura. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 10 DESIGNAÇÃO: Quinta da Ratinha 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 12625 TIPO: Achados Isolados FREGUESIA: União das Freguesias Baixa da Banheira e Vale da Amoreira LATITUDE: 38:38:29,308 LONGITUDE: -9:01:45,866 ALTITUDE: 9m CRONOLOGIA: Paleolítico Superior/Idade Moderna DESCRIÇÃO: Em 2007, o arqueólogo Tiago do Pereiro identificou, neste local, um conjunto de materiais arqueológicos, mais concretamente, um núcleo de sílex com dois levantamentos; uma lasca de sílex com talão cortical e um núcleo prismático; fragmentos de azulejos do século XVIII; um fragmento do forninho de cachimbo em cerâmica branca, caulinifera, com a marca do carimbo do fabricante (JG); fragmentos de faianças do século XVIII, com decoração em azul cobalto; fragmentos de fundos de bilhas de cerâmica comum com marcas; um fragmento de um gargalo; um fragmento de uma garrafa e um pequeno sino em cobre. Posteriormente, no ano de 2009, aquando da realização do Estudo Impacto Ambiental (EIA) 11-2 Barreiro/Moita, a equipa responsável identificou um núcleo de quartzo leitoso com alguns levantamentos e um pequeno encoche. BIBLIOGRAFIA: POLICARPO, Ana Raquel Augusto e CASTANHEIRA, Inês Granchinho – Relatório de Prospeção do EIA – ER11-2 Barreiro/Moita, 2009. PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 41. Perspetiva geral do sítio Quinta da Ratinha 1. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 42 E 43. Na imagem à esquerda, seis fragmentos de azulejos com decoração azul, do século XVIII. Na imagem à direita, forninho de cachimbo caulino, com a marca do fabricante numa face. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 44 E 45. Na imagem à esquerda, fragmento de bordo de cerâmica comum e fragmento de asa de cerâmica comum, decorados a azul-cobalto. Na imagem à direita, três fragmentos de fundos de bilhas de cerâmica comum com marcas e um fragmento de gargalo de uma bilha de cerâmica comum. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 46 E 47. Na imagem à esquerda, fragmento de garrafa em grés. Na imagem à direita, pequeno sino em bronze. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 48. Lasca em sílex, núcleo em sílex denticulado e seixo em quartzo leitoso com encoche. Fotografia de Rui Correia.
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7.2 FREGUESIA DE ALHOS VEDROS
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FOTOGRAFIA 49. Perspetiva atual da Igreja Matriz de São Lourenço. Fotografia de Rui Correia.
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7.2.1 – BRASÃO E HISTÓRIA DA FREGUESIA
Escudo de prata, dois remos passados em aspa, acompanhados em chefe da cruz da Ordem de Santiago, de púrpura, de duas flores-de-lis de vermelho nos flancos e de uma cabaça de verde em ponta. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas: Alhos Vedros9.
A
HISTÓRIA DA FREGUESIA
freguesia de Alhos Vedros tem uma área de 1.798 hectares e uma população de 15.050 habitantes (censos de 2011, fonte INE). É delimitada a Oeste pela união de freguesias Baixa da Banheira e Vale de Amoreira, a Este pela freguesia da Moita, a Sul pelo concelho de Palmela e a Norte é banhada pelo Estuário do Tejo. Na segunda metade do século XIII, na parte mais a ocidente do velho concelho de Ribatejo, Alhos Vedros surge como uma das principais povoações ribeirinhas. O povoamento deste território ter-se-á dado de forma lenta e contínua, após a pacificação da zona da Península de Setúbal, com a reconquista de Alcácer do Sal (1217). Somente a partir de meados da centúria de duzentos, podemos
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SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006, p.125.
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apontar a existência de um núcleo humano em Alhos Vedros, pois os documentos mais antigos que se conhecem, referentes a esta localidade, datam de 1293, 129710 e 129811. O primeiro refere-se a uma herança e os seguintes são alusivos a um arrendamento e a uma venda de vinhas, enquanto o de 1298, confirma a existência do lugar já com um capelão, chamado Fernão Domingues. No âmbito da estrutura organizacional do concelho de Ribatejo, foi criada a freguesia de São Lourenço de Alhos Vedros, confirmada documentalmente por uma sentença, datada de 5 de Outubro de 131912, em que se condenava os moradores de Ribatejo, fregueses de S. Lourenço de Alhos Vedros, a pagarem a dízima do sal pertencente ao Cabido. O período que medeia os séculos XIV e XVI é propício ao desenvolvimento económico e populacional de Alhos Vedros, de tal forma que vê crescer a sua importância no contexto regional, ao receber o estatuto de vila (1477)13, o poder municipal (1479)14 e a carta de foral (1514). No final da centúria de quatrocentos e início de quinhentos, terá assumido o seu período áureo, abrangendo o seu termo um extenso território que compreendia os atuais concelhos do Barreiro15 e da Moita, estendendo-se desde a ribeira de Coina até Sarilhos Pequenos. Confrontava com os concelhos de Coina, a Sudoeste; de Palmela, a Sul; de Aldeia Galega, a Nordeste e do lado Norte confinava com o rio Tejo. Embora detivesse uma área de jurisdição, o antigo concelho de Alhos Vedros estava na dependência direta da Ordem Militar de Santiago, a sua donatária, pelo que constituía uma comenda da Mesa Mestral da Ordem, à qual tinha que pagar anualmente os foros (das terras e marinhas) e os dízimos que recaíam sobre um conjunto variado de bens de primeira necessidade. A administração da comenda da freguesia de Alhos Vedros e das suas rendas, estava a cargo do Comendador, nomeado pela Ordem. As gentes que aqui se instalaram aproveitaram os recursos naturais do esteiro e da terra, dedicando-se à agricultura, sobretudo ao plantio da vinha, à exploração do sal, ao tráfego fluvial, à moagem e à construção naval. Em 153216, Alhos Vedros era uma vila com 138 moradores, correspondente a uma população que rondaria os 552 habitantes17. Fora da vila, no território correspondente ao termo, tinha 179 moradores, ou seja, 716 habitantes. No total, Alhos Vedros tinha uma população que rondaria os 1.268 habitantes.
VARGAS, José Manuel – “Alhos Vedros no século XIII: Novos Documentos” In Revista Foral, Nº.8, junho de 2012, pp.12-13 VARGAS, José Manuel – “Fontes Documentais para a História de Alhos Vedros” In Revista Foral, Nº.1, dezembro de 2007, pp.9-10 12 Documentos para a Cidade de Lisboa, Livro 1º, Título VI, p.59 13 Dados colhidos do estudo de José Manuel Vargas “De Alcochete ao Barreiro alguns elementos para o estudo do Antigo Concelho do Ribatejo” In Colecção Estudo Locais, Palmela, 1987, p.201 14 Idem, Ibidem, p.201 15 Exceto Coina. 16 BRAAMCAMP, Anselmo Freire – Archivo Historico Portuguez, Lisboa, Volume IV, 1906, p.354 17 Sistema de contagem de um morador, enquanto chefe de família, para uma média de quatro pessoas. 10 11
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O número de residentes na vila só foi ultrapassado em 157118, com um registo de 300 moradores, isto é, 1.200 habitantes. Além de ser o principal aglomerado urbano do termo, era também a sede do poder político e administrativo, na vila estavam instaladas a Casa de Câmara, a Cadeia, o Pelourinho, a Misericórdia e várias Capelas, dotadas de rendas, pelos seus instituidores, a fim de garantir a sua futura administração. Um amplo conjunto de funcionários administrativos e judiciais assegurava o quotidiano da vida das populações, da vila e seu termo: o alcaide e carcereiro; o tabelião de notas e judicial; o tabelião do paço e judicial; o juiz dos órfãos; o escrivão da Câmara da vila de Alhos Vedros, assim como o escrivão dos órfãos; oito almotacés; um porteiro do concelho; além dos dois Juízes ordinários e dos três vereadores que faziam parte do elenco camarário. O seu declínio inicia-se com a perda do Barreiro, em 1521; assistindo, a partir daí, sobretudo no século XVII, à desintegração do seu território, de uma forma progressiva, com a separação do Lavradio, em 1670, seguida da Moita, em 1691. O desmembramento do território, acompanhado da diminuição da população, trouxe consequências nefastas para este concelho que viu reduzidas as suas receitas municipais. No início do século XIX, com o regime liberal e no decorrer das reformas administrativas, Alhos Vedros perdeu a sua autonomia municipal, sendo o concelho extinto, pelo decreto de 24 de outubro de 1855. Com o aparecimento dos caminhos-de-ferro, no final do século XIX e com o incremento da indústria corticeira, nas primeiras décadas do século XX, deu-se início a uma época de recuperação e de sucesso económico. Em 1930, o periódico “Cortiças de Portugal”, referia-se deste modo a Alhos Vedros: «(…) pela sua invejável situação no estuário do Tejo e que teve o condão de ter chamado a si uma importante colónia algarvia que a dotou com grande número de fábricas de cortiça, elevando-a à categoria de povoação industrial, cujos produtos propagam pelas várias cidades do mundo o seu nome. Além, da fábrica de velas de estearina e de cal cozida a mato, conta Alhos Vedros com umas 20 fábricas de cortiça, tendo algumas outras em construção, o que demonstra claramente o seu desenvolvimento industrial e o augúrio de um próspero futuro muito próximo.» Efetivamente a indústria da cortiça foi importante para a entrada de novas gentes, vindas do Algarve, sobretudo de S. Brás de Alportel. A proximidade à cidade de Lisboa e as facilidades de transporte, quer da matéria-prima através da via ferroviária, quer do escoamento do produto pela via fluvial, foram fatores de atração para estes empresários algarvios que aqui se estabeleceram. Com eles veio também a mão-de-obra para trabalharem nas fábricas e para alojar essas famílias, alguns
VENTURA, António – “Algumas Considerações Acerca da População de Alhos Vedros Durante o Antigo Regime” In Revista Foral, Nº.2, Abril de 2008, pp.22-25
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industriais construíram bairros de casas económicas. Alhos Vedros assiste, assim, não só a um fluxo demográfico, com a construção de bairros operários, como vai presenciar o aparecimento de uma nova arquitetura urbana, representada com alguns exemplares, construídos ao longo da Estada Nacional e representativos do poder económico desse grupo social que aqui se instalou. Ao longo do século XX, Alhos Vedros converteu-se na vila indústria do concelho da Moita e paralelamente uma população migrante foi sendo para aqui atraída, para trabalhar, não só na indústria local (cortiça e posteriormente confeções), mas também nas unidades fabris da região, CUF, Caminhos-de-Ferro, Siderurgia e Lisnave. Presentemente, Alhos Vedros está a atravessar um período de menor fulgor, fruto do encerramento de muitas unidades industriais e do abandono das atividades económicas ditas tradicionais. Mas imperativos históricos, converteram Alhos Vedros na vila mais antiga do concelho da Moita, detentora de um importante património construído, aliado às vivências do quotidiano das gentes, quer na vertente religiosa, quer na vertente do trabalho.
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MAPA 8. Carta Topográfica Militar da Península de Setúbal, de Jozé Maria das Neves Costa (1813-1816), onde estão assinalados, além da vila de Alhos Vedros, os moinhos de maré, as salinas, os campos cultivados e os lugares considerados relevantes, como o sítio da Forca e a fábrica das chitas, localizada na quinta de S. Pedro. Direção-Geral do Território / Cota CA138
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MAPA 9. Mapa com a georreferenciação dos locais da freguesia de Alhos Vedros
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7.2.2 – LISTAGEM DOS SÍTIOS PATRIMONIAIS DA FREGUESIA
MAPA 10. Mapa com a georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 11 ao nº 14
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CODARQ: 11 DESIGNAÇÃO: Quinta Nossa Senhora das Dores 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achados Isolados FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:36:05,736 LONGITUDE: -9:00:40,657 ALTITUDE: 51m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Durante a realização de uma pequena prospeção em 1999, o arqueólogo António Gonzalez identificou um fragmento de um bordo de cerâmica vidrada com decoração melada, bem como um fragmento de um fornilho, pertencente a um cachimbo de cerâmica vermelha, cuja decoração apresenta uma forma geométrica, uma seta. BIBLIOGRAFIA: Inédito
FOTOGRAFIA 50 . Perspetiva geral do sítio da Quinta da Nossa Senhora das Dores 1. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 51 E 52. Na imagem superior, fragmento de bordo de cerâmica, de pasta vermelha vidrada. Na imagem inferior, fragmento de fornilho de cachimbo, com decoração em setas. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 12 DESIGNAÇÃO: Quinta Nossa Senhora das Dores 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achados Isolados FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:36:03,837 LONGITUDE: -9:00:40,634 ALTITUDE: 56m CRONOLOGIA: Paleolítico DESCRIÇÃO: Durante uma pequena prospeção, realizada em 1999, o arqueólogo António Gonzalez identificou um seixo em quartzo leitoso com retoque e com um encoche. BIBLIOGRAFIA: Inédito
FOTOGRAFIA 53. Perspetiva geral do sítio Quinta Nossa Senhora das Dores 2. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 54. Seixo em quartzo leitoso com retoques e encoche. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 13 DESIGNAÇÃO: Capela de Nossa Senhora da Atalaínha N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Capela FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:36:25,918 LONGITUDE: -9:00:11,329 ALTITUDE: 29m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Esta capela foi edificada, em honra de Nossa Senhora da Atalaínha, entre os anos de 1864 e 1865, após a doação do terreno para a sua construção, feita através de escritura, datada de 27 de novembro de 1864. O terreno doado, cerca de cinco mil metros, fazia parte da Quinta da Louça, onde em tempos tinha existido uma pequena capela, designada como “Alminha”, edificada pelos primeiros habitantes da Barra Cheia, a qual continha duas imagens, a de Santa Comba e a de São "Carário" ou “Eucarário”. Aquando da construção da Capela, o espaço correspondente a esta Alminha foi transformado no altar da Ermida, onde essas imagens terão ficado guardadas, sendo apenas retiradas para sair na procissão. Aí terão permanecido, até à data em que a capela novecentista ruiu, a 24 de dezembro de 1941, devido aos fortes ventos e intensas chuvadas desse inverno. Como o altar manteve-se intacto, passou a funcionar, a partir de então, como local de oração e foi nesse período de tempo que as referidas imagens terão desaparecido. Entretanto a nova Capela só foi construída na década de cinquenta, através de uma campanha de fundos, realizada pelos moradores locais, tendo a sua inauguração ocorrido, no dia 26 de setembro de 1954. Ao longo dos anos, esta capela foi sofrendo remodelações, sendo a última, efetuada no ano de 2002, com a requalificação e conservação do telhado. BIBLIOGRAFIA: MIGUEL, Manuel Fernando Santos - http://www.r-etnograficobarracheia.pt/localok.txt. SILVA, Victor Manuel Dias da - As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008, pp.298-302.
FOTOGRAFIA 55. Perspetiva geral da Capela de Nossa Senhora da Atalaínha. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 14 DESIGNAÇÃO: Pinhal do Forno N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 30430 TIPO: Mancha de Superfície FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:37:45,960 LONGITUDE: -9:00:28,382 ALTITUDE: 21m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Este local, em 2007 e 2009, foi prospetado no âmbito do Estudo Impacto Ambiental (EIA) e foi possível identificar uma mancha de dispersão de materiais cerâmicos, mais concretamente fragmentos de cerâmica comum, cerâmica vidrada e faiança de cronologias provavelmente pertencentes à época contemporânea. BIBLIOGRAFIA: POLICARPO, Ana Raquel Augusto e CASTANHEIRA, Inês Granchinho – Relatório de Prospeção do EIA – ER11-2 Barreiro/Moita, 2009.
FOTOGRAFIA 56. Perspetiva geral do sítio do Pinhal do Forno. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 57 E 58. Na imagem à esquerda, fragmento de panela com asa de pasta escura. Na imagem à direita, fragmento de fundo de recipiente, do século XX. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 59 . Fragmento de fundo e fragmento indeterminado de faianças, do século XVIII. Fotografia de Rui Correia.
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MAPA 11. Mapa com georreferenciação dos Sítios Patrimoniais do nº 15 ao nº 20
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CODARQ: 15 DESIGNAÇÃO: Bairro Gouveia N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios de Superfície FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:38:49,769 LONGITUDE: -9:01:19,591 ALTITUDE: 13m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Em março de 1999, o arqueólogo António Gonzalez realizou uma prospeção no local, tendo sido possível identificar um conjunto de materiais arqueológicos, mais concretamente, um conjunto de fragmentos de faianças de períodos diversos, bem como outros vidrados. BIBLIOGRAFIA: Inédito
FOTOGRAFIA 60. Perspetiva geral do sítio do Bairro Gouveia. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 61. Dois fragmentos de faianças, com decoração azul-cobalto, do século XVIII. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 62. Fragmentos de cerâmica comum. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 16 DESIGNAÇÃO: Campo da Forca N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Outros FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:38:53,904 LONGITUDE: -9:01:36,763 ALTITUDE: 8m CRONOLOGIA: Idade Média/Idade Moderna DESCRIÇÃO: O Campo da Forca localizado no atual Bairro Gouveia, é uma denominação que está por certo associada ao local onde se realizavam as execuções públicas dos condenados (por enforcamento ou degolação), quando Alhos Vedros detinha o poder e a administração municipal. A sua localização vem assinalada na Carta Topográfica Militar do Terreno da Península de Setúbal, de Jozé Maria das Neves Costa (1813-1816). Com um olhar mais atento, é possível observar-se dois pequenos traços verticais paralelos que poderão representar o referido patíbulo19 (ver mapa 8). Hoje não existe qualquer vestígio desta estrutura, nem do seu topónimo. Atualmente é um bairro habitacional. BIBLIOGRAFIA: Inédito
FOTOGRAFIA 63. Perspetiva atual, onde se localizaria o sítio Campo da Forca. Fotografia de Rui Correia.
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Patíbulo ou cadafalso: estrutura tipicamente em madeira, usada para a execução pública.
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CODARQ: 17 DESIGNAÇÃO: Ribeira do Trabuco 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:01,631 LONGITUDE: -9:01:42,626 ALTITUDE: 6m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Neste local foram identificados pelo arqueólogo António Gonzalez alguns materiais arqueológicos, nomeadamente, fragmentos de cerâmica comum; fragmentos de faiança do seculo XVII com decoração em manganés; faianças dos séculos XIX e XX e fragmentos de escórias. Atualmente existe um bairro habitacional. BIBLIOGRAFIA: Inédito
FOTOGRAFIA 64. Perspetiva atual, onde se localizava o sítio Ribeira do Trabuco 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 65 E 66. Na imagem superior, fragmento de faiança, com decoração em manganês, do século XVII. Na imagem inferior, fragmentos de faianças dos séculos XIX e XX. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 18 DESIGNAÇÃO: Ribeira do Trabuco 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:02,358 LONGITUDE: -9:01:47,614 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Paleolítico Médio/ Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Neste local, junto da Ribeiro do Trabuco, foram identificados, pelo arqueólogo António Gonzalez, alguns materiais arqueológicos, mais concretamente um núcleo em quartzito com retoque aparentemente do Paleolítico Médio; fragmentos de azulejo vidrado; um fragmento de fundo de faiança do século XVIII e fragmentos de escórias. BIBLIOGRAFIA: Inédito
FOTOGRAFIA 67. Perspetiva geral do sítio Ribeira do Trabuco 1. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 68. Núcleo em quartzito com levantamentos e lasca em quartzo. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 69. Fragmento de fundo de faiança do século XVIII. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 19 DESIGNAÇÃO: Estação Ferroviária de Alhos Vedros N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:04,551 LONGITUDE: -9:01:41,174 ALTITUDE: 7m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Desconhecemos a data de edificação da Estação de Alhos Vedros, mas tudo leva-nos a crer que se enquadra no programa de construção do troço ferroviário, iniciado em 1859, Barreiro/Vendas Novas e concluído em 1861. No início da década de trinta do século XX, com a duplicação da linha ferroviária, entre Barreiro e Pinhal Novo, terá sofrido obras de renovação, à semelhança da sua congénere na Moita, assumindo uma tipologia arquitetónica que caracterizou algumas das estações desta linha. Do edifício destacavam-se os azulejos, de cor verde, dispostos a formar as iniciais A e V, referentes à identificação de Alhos Vedros. A estação foi demolida com a eletrificação da linha, em 2008. BIBLIOGRAFIA: Diário do Governo Nº. 202, de 29 de Agosto de 1854.
FOTOGRAFIA 70. Perspetiva geral da antiga Estação Ferroviária de Alhos Vedros. Fotografia cedida por Victor Manuel.
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CODARQ: 20 DESIGNAÇÃO: Poço “Mourisco” N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 3907 TIPO: Poço FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:06,382 LONGITUDE: -9:01:42,849 ALTITUDE: 6m CRONOLOGIA: Época Quinhentista DESCRIÇÃO: Localiza-se num largo, junto à estação ferroviária de Alhos Vedros. Segundo a tradição oral, remonta ao "tempo dos mouros", à ocupação árabe. Mas a verdade é que a sua construção remonta ao século XVI, quando a vila recebeu o foral manuelino. No decorrer dos séculos, o poço teve uma utilização longa e constante, testemunhada pelos sulcos profundos, visíveis nas pedras cimeiras e provocados pelo roçar das cordas, no vai e vem, de subir e descer os baldes de água. O Poço “Mourisco”, num dos seus lados, encontra-se decorado com elementos, em relevo, colhidos da natureza: um ramo de carvalho, sobreiro ou azinheira, com bolotas, (elemento decorativo muito frequente no Manuelino), uma flor-de-lis e a cabaça, símbolo do peregrino de Santiago. Recentemente e após, uma análise pormenorizada e comparativa, chegámos à conclusão que o elemento vegetalista, identificado e publicado no passado como sendo um ramo de oliveira com azeitonas, é na realidade, um ramo com bolotas, de uma espécie arbórea abundante, decerto, neste território, correspondente ao antigo termo de Alhos Vedros. Integrado no contexto urbano da vila, o Poço “Mourisco” teve, inegavelmente, uma grande importância no abastecimento de água às gentes de Alhos Vedros, estando-lhe associado uma pequena lenda: "Quando algum rapaz ou rapariga com a cabeça conseguir partir a cabaça que nele se encontra esculpida, dele sairá um tesouro imenso de moedas em ouro que o tornará feliz para toda a vida.” BIBLIOGRAFIA: SANTOS, Maria Clara –“Do Gótico ao Manuelino” In Ciclo de Conferências A Memória do que foi, O Registo do que é, O Projecto do que será, Câmara Municipal da Moita/CACAV, 2015, p.68. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2004, pp.59-60.
FOTOGRAFIA 71. O Poço “Mourisco”. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 72 E 73. Na imagem à esquerda, bala de mosquete. Na imagem à direita, fragmento de haste de cachimbo em porcelana, com decoração em motivos florais. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 74. Fragmento de testo e fragmento de fundo de cerâmica comum, fragmento de asa com vidrado verde, do século XVI e fragmento de faiança com decoração manganês, do século XVII. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 75. Lasca em sílex de tipo Levallois. Fotografia de Rui Correia.
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MAPA 12. Mapa com georreferenciação dos Sítios Patrimoniais do nº 21 ao nº 43
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CODARQ: 21 DESIGNAÇÃO: Igreja Matriz de São Lourenço N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 15516 TIPO: Igreja/Necrópole FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:09,729 LONGITUDE: -9:01:47,929 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Idade Média / Idade Moderna DESCRIÇÃO: Igreja de nave única com cinco capelas laterais e uma capela-mor. A sua fundação remonta aos finais do século XIII, mas da construção primitiva não resta quaisquer testemunhos. Ao longo dos séculos foi sofrendo alterações, remodelações, de que resultou um conjunto estilístico heterogéneo. A fachada da igreja, orientada para poente, recebeu um portal tardo-renascentista, em 1602, o interior da nave apresenta azulejos datados de 1749, onde podemos observar passagens de São Lourenço. A capela-mor tem um altar em talha dourada, de estilo nacional, com azulejos nas paredes do século XVIII. As cinco capelas laterais, de iniciativa privada, são dedicadas a santos diferentes: a Capela de São Sebastião, fundada nos finais do século XV; a capela de Santo António, instituída no início do século XVI; a capela de São João Baptista, fundada no segundo quartel da primeira metade do século XVI; a capela de Nossa Senhora do Rosário, construída no século XVII e a capela Nossa Senhora dos Anjos, instituída nos finais do século XV. No ano de 1992, sob a direção científica do arqueólogo Luís Barros com a colaboração do arqueólogo António Gonzalez, foi organizado pela CACAV, um campo de férias arqueológicas, destinado a jovens de todo o país. Depois de uma formação básica, os trabalhos arqueológicos iniciaram-se na Igreja Matriz de Alhos Vedros, com o objetivo de recolher dados sobre os vestígios do passado, ainda conservados, em redor e sob o edifício da Igreja. Foram detetados vestígios de duas épocas bem distintas, a mais recente e superficial, em que os esqueletos estavam orientados com a cabeça para Norte e os pés para Sul; e, a mais antiga e profunda, em que as ossadas estavam orientadas com a cabeça para Oeste e pés para Este. Este facto, foi comprovado pelas várias moedas aí encontradas, junto aos esqueletos. Deste espólio numismático, foram encontradas moedas, dos reinados de D. Sancho II a D. Sebastião, mas a maior incidência correspondeu ao reinado de D. João I, D. Afonso V, D. Manuel I e D. João III. Foi ainda encontrada uma moeda de D. Pedro II e uma de Napoleão. Estes vestígios comprovaram que a igreja teve a sua construção inicial no século XIII e perdurou por toda a Idade Média, tendo inclusive utilização na Idade Moderna. Infelizmente, estas moedas encontram-se em parte incerta, desviadas por mão criminosa, da exposição em que estiveram exibidas. Durante a intervenção arqueológica foi ainda possível concluir que muitos esqueletos eram de crianças, foi possível identificar um anel de criança; um caixão ainda forrado com tecido e pregos com cabeça em cobre; muitas das ossadas tinham dentes bem conservados, o que indiciam uma população jovem. Numa das sondagens foi possível
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identificar uma zona sem enterramentos, mas local de despejo de materiais, nomeadamente materiais de construção, cerâmicas, escórias e restos de comida. BIBLIOGRAFIA: BARROS, Luís e GONZALEZ, António – “Intervenção Arqueológica no Adro da Igreja de S. Lourenço” In Ciclo de Conferências A memória do que foi, o registo do que é, o projeto do que será, CACAV e Câmara Municipal da Moita, 2015. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2004, pp.63-69. SILVA, Victor Manuel Dias da – As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008.
FOTOGRAFIA 76. A Igreja Matriz de São Lourenço. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 77. Interior da Igreja Matriz de São Lourenço. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita.
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FOTOGRAFIA 78. Escavações na Igreja Matriz de São Lourenço. Fotografias de António Gonzalez.
FOTOGRAFIA 79. Fragmento de fundo e fragmento de asa de pasta branca do período árabe, segundo o arqueólogo Luís Barros. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 80 E 81. Na imagem à esquerda, fragmentos de testos de cerâmica comum, de pasta vermelha. Na imagem à direita, onze fragmentos de azulejos com decoração azul-cobalto e motivos florais, do século XVIII. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 82 E 83. Na imagem à esquerda, peça de jogo. Na imagem à direita, fragmentos de faianças com decoração azul-cobalto e manganês, do século XVII. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 84 E 85. Na imagem à esquerda, fragmento de fundo de pasta vermelha e três fragmentos de cerâmica comum, de pasta escura, do período medieval. Na imagem à direita, três fragmentos de cerâmica comum, de pasta vermelha, decoradas com caneluras. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 86 E 87. Na imagem à esquerda, dois fragmentos de fundos de cerâmica comum. Na imagem à direita, bala de mosquete. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 88 E 89. Na imagem à esquerda, conta em pasta de vidro e anel de criança. Na imagem à direita, quatro fragmentos de cerâmica comum, vidrada verde e fragmento de bordo de cerâmica comum, vidrada verde, do século XVI. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 90 E 91. Na imagem à esquerda, cinco tachas, três alfinetes e um objeto metálico com função de adorno. Na imagem à direita, três moedas, uma com furo intencional retangular, um ceitil e outra indeterminada. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 22 DESIGNAÇÃO: Misericórdia 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:10,806 LONGITUDE: -9:01:45,871 ALTITUDE: 5m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Durante a abertura de umas valas, nas proximidades da Igreja Matriz de São Lourenço, em 2005, foram identificados um conjunto de materiais arqueológicos de tipologias e cronologias diversas, dos quais destacamos um fragmento de azulejo hispano-árabe, fragmentos de faianças do século XVIII com decoração em azul-cobalto, fragmentos de porcelanas do século XVIII, restos osteológicos de animais, conchas, vidros e xisto luzente. Esta obra não teve qualquer acompanhamento arqueológico, mas o arqueólogo António Gonzalez esteve presente aquando da abertura das valas, de forma a poder “acompanhar” a obra o quanto lhe foi possível. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 92. Perspetiva geral do sítio Misericórdia 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 93 E 94. Na imagem superior, fragmento de azulejo de aresta, de estilo hispano-árabe. Na imagem inferior, doze fragmentos de faianças, com decoração azul-cobalto. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 23 DESIGNAÇÃO: Misericórdia 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:12,148 LONGITUDE: -9:01:46,419 ALTITUDE: 5m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: No ano de 2005, durante a abertura de umas valas, defronte ao lar da Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros, com vista à colocação de tubagem com fios de eletricidade, o arqueólogo António Gonzalez observou a realização das mesmas. Aqui foram identificados vários despejos de forja ou fundição e junto destes materiais encontrou-se conchas de moluscos (berbigão, mexilhão e burriés). Existem relatos orais que existiria uma oficina ou forja, mas na atualidade não identificámos nenhuma estrutura que comprove este facto. As escórias recolhidas parecem ter sido vertidas ainda quentes, no estado líquido, pois apresentam superfícies lisas e escorridas e preenchem de forma perfeita as irregularidades da areia, onde foram despejadas. Foram ainda identificados um conjunto de materiais arqueológicos, mais concretamente fragmentos de faianças do século XVII, decoradas com azul-cobalto, fragmentos de cerâmica comum preta importada, alguns ferros, conchas, ossos e escórias de forja. Reforçamos que esta obra não teve qualquer acompanhamento arqueológico, mas o arqueólogo António Gonzalez esteve presente aquando da abertura das valas, de forma a poder “acompanhar” a obra o quanto lhe foi possível. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 95. Perspetiva geral do sítio Misericórdia 1. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 96 E 97. Na imagem à esquerda, seis fragmentos de faianças, com decoração azul-cobalto, do século XVII. Na imagem à direita, fragmento de pente. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 98. Fragmento de cerâmica comum preta, provavelmente importada e oito fragmentos de bordos de cerâmica comum. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 24 DESIGNAÇÃO: Hospital Concelhio de Alhos Vedros N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:13,452 LONGITUDE: -9:01:44,119 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: O Hospital do Espírito Santo localizava-se, em 1523, no adro da Igreja de São Lourenço em Alhos Vedros, mas em 1534, o visitador da Ordem de Santiago, referia que tinha sido, entretanto, transferido para o centro da vila, para uma casa sobradada. Era administrado pela Câmara e estava agregado à Ermida de invocação ao mesmo orago. Nas Visitações, realizadas em 1534 e 1553, temos uma descrição pormenorizada do edifício e dos seus haveres. Posteriormente, o hospital e albergaria do Espírito Santo deram lugar à Misericórdia. Esta mudança terá ocorrido no final da década de sessenta do século XVI, uma vez que na Visitação de 1571 e noutros documentos, como doações em dinheiro, autorizações de pagamentos a terceiros e cartas de procuração dadas pela Mesa da Misericórdia, encontramos referências diretas à Misericórdia de Alhos Vedros. Ao longo dos séculos XVII e XVIII, são inúmeras as fontes escritas ligadas à Misericórdia, como por exemplo o registo de propriedade dos bens. Presentemente, o edifício apresenta uma fachada arquitetónica do século XIX e já não desempenha funções de hospital, em virtude do seu encerramento, no ano de 2006. BIBLIOGRAFIA: SANTOS, Maria Clara e VARGAS, José Manuel – Foral de Alhos Vedros, Câmara Municipal da Moita, 2ª Edição, 2014, p.35. SILVA, Victor Manuel Dias da – As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008.
FOTOGRAFIA 99. Perspetiva geral do Hospital Concelhio de Alhos Vedros. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 25 DESIGNAÇÃO: Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Igreja FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:14,179 LONGITUDE: -9:01:43,819 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: A Igreja da Santa Casa da Misericórdia, de origem quinhentista, foi erguida no local de uma antiga ermida dedicada ao Espírito Santo e referida, nas Visitações de 1534, 1553 e 1565, como estando agregada a um hospital de assistência e caridade, de invocação ao mesmo orago. Situada na praça da vila, supõe-se que a Igreja da Misericórdia tenha sido construída em 1587, a deduzir pela leitura da inscrição sobre o portal: «Joam Amriques Pimentel deu este portal desmola a esta caza sendo Provedor dela o ano que se comesou de fazer na era de 1587». Terão sido os donativos, doações e rendimentos da própria Misericórdia que terão custeado as obras da sua construção. A descrição, inserta no Retrato em Movimento do Concelho da Moita, oferece-nos com detalhe, as características do interior desta igreja: «A capela-mor apresenta-se num nível superior ao do corpo da igreja, como era costume nas construções das confrarias da Misericórdia e acolhe o altar-mor de talha dourada que evidencia características maneiristas tardias (fim do século XVII). Do conjunto destacam-se pela sua conceção os dois pares de colunas torsas que imitam o lápis-lazúli, com capitéis coríntios e fustes ligeiramente lavrados com algumas ramagens. Estes pares de colunas marcam as edículas que ladeiam a abertura central do altar. O remate superior do retábulo é preenchido por uma imagem do Sagrado Coração de Jesus e por anjos nas zonas laterais, o que ajuda a unificar toda esta belíssima composição, com prenúncios do barroco. A azulejaria que reveste as paredes da igreja data da primeira metade do século XVIII, refletindo já uma religiosidade barroca. Os temas abordados nestes painéis estão relacionados com a vida da Virgem, os quais foram concebidos como autênticos cenários teatrais, de forma a transmitirem uma intensa fulgurância visual. No interior, sobre a porta principal, é de realçar o coro alto, revestido de azulejos setecentistas e com uma balaustrada assente em duas colunas de fuste cilíndrico, em pedra. A nave é coberta por um teto de madeira de três planos, desprovido de elementos ornamentais.» No seu interior, temos ainda a destacar, o púlpito em pedra, com a data de 1601, localizado, sensivelmente, a meio da nave. Quanto à fachada principal do edifício, tem significado o portal de linhas clássicas, formado por duas pilastras toscanas, sobre as quais repousa o lintel epigráfico, encimado por um frontão triangular, com uma cruz. No lado esquerdo da frontaria, destaca-se ainda a torre sineira.
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A Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros foi classificada como imóvel de valor concelhio, pelo Decreto Nº.2, do Diário da República 56, de 6 de março de 1996. BIBLIOGRAFIA: SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2004, pp.74-75. SILVA, Victor Manuel Dias da – As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008.
FOTOGRAFIA 100. Perspetiva geral da Igreja da Santa Casa da Misericórdia. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita.
FOTOGRAFIA 101. Pormenor do interior da Igreja da Santa Casa da Misericórdia. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita
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CODARQ: 26 DESIGNAÇÃO: Misericórdia 3 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:14,476 LONGITUDE: -9:01:43,280 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Em 2005, durante a abertura de umas valas para a colocação do gás natural, defronte ao Hospital Concelhio de Alhos Vedros, o arqueólogo António Gonzalez acompanhou esta obra. As valas tinham cerca de um metro de altura e devido à rapidez como eram abertas e fechadas, os dados recolhidos foram escassos. Mesmo assim, foi identificado, imediatamente abaixo do alcatrão, um típico e antigo pavimento de basalto, com cerca de vinte centímetros de espessura, constituído por blocos irregulares e muito polidos pelo uso. Sob este pavimento de uma antiga estrada, mesmo defronte do hospital, encontrou-se cerca de oitenta centímetros de níveis castanhos, constituídos por restos de construção (ladrilhos, telhas e argamassas) e lixos urbanos. Foram identificados um conjunto de materiais arqueológicos, de tipologias e cronologias diversas, dos quais destacamos, um fragmento de azulejo do século XVIII; dois fragmentos de asas em grés; três fragmentos de tampa de cerâmica comum; dois fragmentos de cerâmica comum de pasta escura e um conjunto de fragmentos de faianças, do século XVII, com decoração a azul-cobalto. Reforçamos que esta obra não teve qualquer acompanhamento arqueológico, mas o arqueólogo António Gonzalez esteve presente aquando da abertura das valas, de forma a poder “acompanhar” a intervenção o quanto lhe foi possível. Foi ainda identificado um nível de carvão, seguido de um nível de areia branca, mas como o tubo do gás já se encontrava colocado, infelizmente não foi permitido avançar com a pequena sondagem de emergência, realizada no local. Ficou por compreender, se esses níveis tinham ou não vestígios de ocupação humana. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
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FOTOGRAFIA 102. Perspetiva geral do sítio Misericórdia 3. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 103 E 104. Na imagem à esquerda, fragmento de azulejo com decoração azul-cobalto, com motivos florais, do século XVIII. Na imagem à direita, dois fragmentos de asas de cerâmica de grés. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 105 E 106. Na imagem à esquerda, três fragmentos de testos de cerâmica comum. Na imagem à direita, fragmento de bordo de cerâmica comum, de pasta escura e fragmento de bordo de cerâmica comum, de pasta vermelha, com marcas de utilização de fogo. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 107. Quinze fragmentos de bordos de faianças, com decoração azul-cobalto, de várias épocas. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 27 DESIGNAÇÃO: Pelourinho de Alhos Vedros N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Pelourinho FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:13,867 LONGITUDE: -9:01:43,344 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: O Pelourinho de Alhos Vedros é um monumento manuelino, do século XVI, que se enquadra na ação política da Reforma dos Forais, empreendida pelo rei D. Manuel I. Surge na sequência da atribuição do Foral à vila de Alhos Vedros, no ano de 1514. Fortemente imbuído de significado político, o pelourinho simboliza o poder municipal e assume-se como instrumento de propaganda régia, através dos emblemas nele inscritos, como é o caso da esfera armilar. Além do seu significado político, o pelourinho reúne valor artístico e arquitetónico, relacionado com a época da sua produção. Apresenta-se apoiado sobre uma base, constituída por três degraus, o primeiro de planta quadrada e os restantes de forma circular, sendo o último decorado por um singelo entrelaçado; a coluna alta de secção oitavada e plana é sobrepujada pelo capitel, de forma prismática e lisa, o qual termina no remate, uma esfera armilar em ferro forjado (símbolo emblemático do rei Venturoso) que serve de suporte a um cata-vento. Encontra-se localizado, sensivelmente, em frente à Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros. Foi classificado como Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto Nº.23122, do Diário do Governo 231, de 11 outubro 1933. BIBLIOGRAFIA: SANTOS, Maria Clara –“Do Gótico ao Manuelino” In Ciclo de Conferências A Memória do que foi, O Registo do que é, O Projecto do que será, Câmara Municipal da Moita/CACAV, 2015, p.68. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2004, p.57 e 59.
FOTOGRAFIA 108. Perspetiva geral do Pelourinho de Alhos Vedros. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita
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CARTA DO PATRIMÓNIO DO CONCELHO DA MOITA VOLUME I
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CODARQ: 28 DESIGNAÇÃO: Casas de Câmara e Ouvidoria N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:14,438 LONGITUDE: -9:01:42,926 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Defronte do Pelourinho de Alhos Vedros, existia um edifício muito antigo que se presume ter sido o espaço, onde no passado estiveram as casas de câmara e da ouvidoria da vila. Em 1984, o Centro de Arqueologia de Almada, realizou uma intervenção no largo da misericórdia no nº5, r/c., e, apesar da quase esterilidade arqueológica da área, foram identificadas umas pedras trabalhadas, pertencentes a um arco gótico, o que nos leva a supor terem pertencido ao antigo edifício dos Paços do Concelho de Alhos Vedros. Nestes trabalhos, procedeu-se à recolha e numeração dessas mesmas pedras. A corroborar a informação arqueológica, temos a descrição de António Augusto Lopo de Miranda, no Comércio de Portugal, em 1887: «O velho edifício dos Paços do Concelho está situado no Largo do Pelourinho, cujo monumento ali existe (…). Este edifício, em que tantas vezes se reuniu o senado da vila para deliberar sobre negócios do município, está em ruínas, testemunhando assim o completo olvido e desprezo a que o votaram. Na parte exterior do mesmo e em frente ao Pelourinho, ainda se veem as armas do município, em alto relevo, em uma pedra de cantaria, singelamente embutida na parede, representando na parte superior, uma concha de romeiro, ao centro, e colocados em forma de cruz, dois bastões, e dos lados as cruzes de Santiago da Espada.» Este brasão de armas, referente ao antigo concelho de Alhos Vedros, encontra-se, presentemente, colocado na parede a tardoz da Igreja matriz de S. Lourenço. BIBLIOGRAFIA: Almada, Revista Semestral, Centro de Arqueologia de Almada, nº 3 maio/novembro, 1984. MIRANDA, António Augusto Lopo de – Comércio de Portugal, [XIII – Interesses Locais], 24 de agosto de 1887. SANTOS, Maria Clara – Alhos Vedros no Século XVI, Câmara Municipal da Moita, 2014, pp.31-32.
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FOTOGRAFIA 109. Edifício de construção recente, implantado na antiga localização das Casas de Câmara e Ouvidoria. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 110. Vestígios do arco gótico em pedra que pensamos pertencer às Casas de Câmara e Ouvidoria. Fotografia cedida por José Manuel Vargas.
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CODARQ: 29 DESIGNAÇÃO: Ornatos da Rua António da Silveira N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Marco FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:12,363 LONGITUDE: -9:01:38,648 ALTITUDE: 5m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: Implantado na esquina da Rua António Silveira com a Travessa do Mercado, em Alhos Vedros, temos um Portão de uma antiga quinta senhorial que se destaca pela imponência dos seus elementos arquitetónicos. É uma entrada magnífica, definida superiormente por um remate de ornatos espiralados num jogo de formas contracurvas, intervalados por quatro pináculos em pedra, de forma piramidal, no remate das pilastras. É de referir ainda que, as duas últimas pilastras que ladeiam esta composição, a deduzir pelo vestígio danificado existente, seriam encimadas por um outro elemento ornamental que, nos faz parecer uma jarra. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 111. Perspetiva geral do sítio dos Ornatos da Rua António da Silveira. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 30 DESIGNAÇÃO: Largo da Republica 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Canal FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:17,771 LONGITUDE: -9:01:46,277 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Durante a realização de umas obras no Largo da República, o arqueólogo António Gonzalez identificou, aquando da abertura de umas valas, um corredor com sessenta centímetros de altura, por sessenta centímetros de largura, constituído por dois alinhamentos em pedra perfeitos e cobertos por uma série de lajes. Pela descrição, consideramos que este túnel poderia ser uma estrutura que permitiria o escoamento de águas do núcleo urbano de Alhos Vedros. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIAS 112 E 113. Na imagem à esquerda, perspetiva atual do sítio do Largo da República 1. Fotografia de Rui Correia. Na imagem à direita, pormenor da estrutura de pedra, no sítio do Largo da República 1. Fotografia de António Gonzalez.
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CODARQ: 31 DESIGNAÇÃO: Largo da Republica 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:18,730 LONGITUDE: -9:01:46,047 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: No decorrer de umas obras, onde foram abertas valas na rua, foi possível identificar um conjunto de materiais arqueológicos, nomeadamente um conjunto de fragmentos de faianças dos séculos XVIII/XIX; um fragmento de azulejo do século XVIII e uma amostra de calcário com sílex encrustado. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIAS 114 E 115. Na imagem à esquerda, perspetiva atual do Largo da República 2. Na imagem à direita, fragmento de azulejo, com decoração azul, do século XVIII. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 116 E 117. Na imagem à esquerda, três fragmentos de faianças, com decoração azul-cobalto, do século XVIII. Na imagem à direita, fragmento de fundo de faiança, com decoração azul-cobalto e motivos florais. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 118 E 119. Na imagem à esquerda, fragmento de faiança, com decoração azul-cobalto. Na imagem à direita, fragmento de faiança, peça provavelmente importada. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 32 DESIGNAÇÃO: Sociedade Filarmónica Recreio e União Alhosvedrense "A Velhinha" N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:14,438 LONGITUDE: -9:01:42,926 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: A Sociedade Filarmónica “A Velhinha” é a mais antiga coletividade do concelho da Moita, tendo sido fundada a 2 de agosto de 1869, pelo 4º. Conde de Sampaio, Manuel António de Sampaio e Albuquerque Mendonça Furtado de Melo e Castro Moniz e Torres Lusignan, Senhor da Casa da Cova. A criação deste espaço teve como propósito promover distrações aos associados e famílias, mas também permitir a instrução escolar com aulas de alfabetização, música e dança. A sua primeira sede situou-se na Rua Cândido dos Reis, inaugurada a 2 de agosto de 1871. A mudança da sede, para a Rua 5 de outubro, onde estão as atuais instalações, ocorreu em 2 de agosto de 1932, com a aquisição do terreno (1929) e a construção do edifício que integrava sala de espectáculos, palco e biblioteca. A partir de então, foi sofrendo obras de renovação e ampliação, sendo visível a preocupação de manter a traça arquitetónica da construção primitiva. Ao longo de século e meio de existência, esta instituição tem desempenhado um papel determinante na promoção de atividades culturais e desportivas, na vila de Alhos Vedros. BIBLIOGRAFIA: Historial do Associativismo de Alhos Vedros, Junta de Freguesia de Alhos Vedros, 1995. MENDES, Vitor Pereira – Monografia do Movimento Associativo do Município da Moita – II Alhos Vedros, Câmara Municipal da Moita, 1999, pp.125-131.
FOTOGRAFIA 120. Perspetiva atual da Sociedade Filarmónica Recreio e União Alhosvedrense "A Velhinha". Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 33 DESIGNAÇÃO: Rua 5 de Outubro N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 32490 TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:19,863 LONGITUDE: -9:01:45,330 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Idade Média/ Idade Moderna DESCRIÇÃO: Em outubro de 2007, o arqueólogo Tiago do Pereiro conduziu a realização de trabalhos arqueológicos, num quintal, entre a Rua 5 de Outubro e a Rua Doutor Jaime de Noronha, situado no núcleo urbano antigo de Alhos Vedros. Estes trabalhos passaram pela realização de três sondagens. Destacamos na primeira, um pavimento de calçada, atribuível ao século XVII, que poderia ter a finalidade de dar acesso a um poço ali existente; já na segunda sondagem, foi identificado um muro, onde estavam duas moedas (ceitil) do século XV e vários fragmentos de cerâmica, enquadráveis no final do século XV e inícios do XVI. Nestes trabalhos foram ainda identificados, inúmeros restos de fauna animal, bem como de outros fragmentos cerâmicos, nomeadamente fogareiros, malgas, taças, pratos de faiança, porcelana chinesa e cerâmica vidrada, enquadráveis nos séculos XIV a XVIII. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Trabalhos arqueológicos na Rua 5 de Outubro, Alhos Vedros, 2007.
FOTOGRAFIAS 121 E 122. Na imagem à esquerda, entrada do sítio da Rua 5 de Outubro. Fotografia de Rui Correia. Na imagem à direita, perspetiva aquando dos trabalhos arqueológicos. Fotografia de António Gonzalez.
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CODARQ: 34 DESIGNAÇÃO: Estalagem do Morgado da Casa da Cova N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:21,675 LONGITUDE: -9:01:53,207 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Entre as várias propriedades e bens, pertencentes ao Morgado da Casa da Cova, conta-se a estalagem que ficava “fronteira ao cais” ou “junto ao porto” da vila de Alhos Vedros. A estalagem tinha duas cavalariças grandes; dois sobrados, localizando-se no segundo piso, os aposentos onde os passageiros se acomodavam; um forno de cozer pão e palheiro. O Livro do Tombo fornece-nos esta interessante descrição: «(…) ao Nasente humas cazas de Estalagem, com suas cavallarissas e suas serventias para este mesmo campo areal para donde tem huma porta Larga com hum Alpendre que lhe serve de serventia corria com seis janelas pelos sobrados que deitão para este mesmo campo com sinco cazas bachas hua que serve de cozinha e as mais para acomodação das pessoas desta Estalagem, em sima sete, para acomodação dos pasageiros com seu forno na Entrada junto e metido com o Alpendre (…).» Era arrendada por tempo de três anos e funcionou entre os séculos XVII e inícios do XIX. BIBLIOGRAFIA: Livro do Tombo do Morgado da Casa da Cova de 1769; Fls.9v-13 e 61-61v.
FOTOGRAFIA 123. Perspetiva atual da localização da Estalagem do Morgado da Casa da Cova. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 35 DESIGNAÇÃO: Palacete do Morgado da Casa da Cova N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:19,609 LONGITUDE: -9:01:54,743 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Média/Idade Moderna DESCRIÇÃO: Este edifício localiza-se no Largo do Descarregador em Alhos Vedros e recebeu a designação de Palacete do Morgado da Casa da Cova, uma vez que pertencia aos bens do referido morgadio. Não sendo possível confirmar com total exatidão a data da sua construção, o edifício apresenta características arquitetónicas enquadráveis no século XVIII, ou seja, uma planta retangular, com dois andares, volume simples com cobertura de quatro águas e uma escada exterior que conduz a uma «loggia». As suas janelas e portas são compostas por cantarias em pedra, sem elementos decorativos. Na fachada principal, as janelas do primeiro andar abrem-se para varandas em ferro forjado. Associado a este conjunto, podemos ainda destacar o pórtico em mármore que se encontra adossado à parede da fábrica «Guston» e que provavelmente daria acesso ao jardim da mansão. Na documentação consultada, este palácio é descrito como sendo a habitação dos administradores do morgadio. Esses documentos fornecem-nos também uma preciosa descrição do edifício, cuja traça original nada tem a ver com o seu aspeto arquitetónico atual, bastante alterada em relação ao século XVIII, tal como podemos constatar neste interessante excerto: «(…) hum Palacio de abitação dos Adeministradores destes Morgados, junto ao Cais (…) com a frontaria para o mesmo Campo e Cais com outo janelas de sacada para sima (…) E na Entrada principal sinco Arcos de pedra a donde prencipia huma grande escada da mesma entrada principal deste Palacio e para este mesmo Campo tem este Palacio tres portas e huma janela e tres meias janelas com grades e debacho dos Arcos tem sinco Portas e duas janelas e tem esta frontaria de comprido por esta parte sincoenta e quatro varas athe a esquina donde se acha huma pedra de Armas muito antiga compoem-se este Palacio de treze // Cazas e huma Capela, hua varanda de pedra sobre Arcos desta para a Horta com nove janelas que deitão para esta e Caldeira de Moinho contiguo a este Palacio com sua cozinha e mais cazas bachas e duas cavallarissas huma Coelheira e Pombal com sua Horta por detras murada e outras mais couzas immemoráveis (…).» Em relação a esta citação, acresce-nos ainda dizer que é possível observarmos os arcos em pedra, devidamente definidos nas paredes, em que foram adossados, na fachada do edifício. Este mesmo documento faz alusão à existência de um palácio anterior ao século XVIII, que já apresentava-se na época, muito arruinado, somente com paredes e com uma capela também arruinada, tinha uma pedra de armas sobre
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a porta principal, pertencente ao Instituidor do Morgado. Ora sabendo que foi Pedro Mendonça Furtado o fundador do Morgado da Casa da Cova, no século XVI, estamos certamente a falar de uma casa senhorial quinhentista que serviu de morada aos administradores do morgadio, nos séculos anteriores ao XVIII. BIBLIOGRAFIA: Livro do Tombo do Morgado da Casa da Cova de 1769, Fls.11v e 12. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2004, p.83.
FOTOGRAFIA 124. Perspetiva atual do Palacete do Morgado da Casa da Cova. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 36 DESIGNAÇÃO: Moinho de Maré da Azenha N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 23749 TIPO: Moinho de Maré FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:19,287 LONGITUDE: -9:01:56,154 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Média / Idade Moderna / Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: O Moinho de Maré da Azenha, situado no cais da vila de Alhos Vedros, foi construído na primeira metade do século XV, por Pero Vicente, na sequência de uma carta de sesmaria, concedida pelo Infante D. João, Mestre da Ordem de Santiago, a 13 de Fevereiro de 1435. Esta carta dá-lhe a posse de um chão e sapal para construir uma azenha, no período de oito anos e na condição de pagar à Ordem, o dízimo de todo o pão que viesse a produzir. Com a instituição do Morgado da Casa da Cova, no século XVI, o Moinho da Azenha passou a integrar o conjunto dos bens do Morgadio, tal como é referido nas escrituras de arrendamento. Após a morte do último morgado, em 1898, o moinho de maré foi vendido em hasta pública, pelo tribunal judicial da comarca de Lisboa, deixando de pertencer à família Mendonça Furtado e Sampaio que o tivera na sua posse, durante quatrocentos e sessenta e três anos. O moinho laborou até 1940, altura em que foi vendido a José Viegas Valagão, um industrial de cortiça, morador em Alhos Vedros, gerente e representante da sociedade, “Corchera Portuguesa, Limitada”. Com este novo proprietário, o moinho de maré foi transformado num armazém para as caixas da fábrica e na sequência dessa nova função, foi ampliado com a construção do piso superior. Em 1986, foi adquirido pela Câmara da Moita, com a intenção de se proceder à sua recuperação. Este propósito foi concretizado, entre os anos 2006 e 2007, quando foi alvo de um projeto de reabilitação do imóvel que o converteu num espaço cultural polivalente. No âmbito desta intervenção, da responsabilidade técnica dos Monumentos Nacionais e acompanhada por António Gonzalez e Tiago do Pereiro, foi encontrado no espaço de entrada do moinho, na fase da picagem do chão, uma cavidade, correspondente a um antigo pejadouro e direcionada numa posição diferente aos pejadouros existentes. Este registo levou-nos logo a crer que fazia parte da construção primitiva do moinho, anterior à atual, agora confirmada pela documentação quatrocentista. A cavidade encontrava-se entulhada com restos de materiais arqueológicos, de diferentes períodos cronológicos, dos quais destacamos, restos de duas cruzes de pedra calcária, faianças do século XVII, restos de cerâmica comum e outros fragmentos cerâmicos. O relógio de sol, presentemente, exposto no moinho, foi encontrado no lodo, defronte da saída de um dos arcos, numa outra intervenção que ocorreu, no ano de 1992. Supomos que este relógio, com a data de 1596, terá feito parte da casa quinhentista, referida no ponto anterior, mas devido
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ao seu estado de ruína no século XVIII, as suas pedras poderão ter sido reutilizadas na consolidação da estrutura do moinho. BIBLIOGRAFIA: Escrituras de Arrendamento, do século XVI ao século XX. Inventário Orfanológico do Conde Sampaio. SANTOS, Maria Clara – “O Moinho de Maré de Alhos Vedros e a Exposição Temporária “O Ciclo do Pão” In Musa – museus, arqueologia e outros patrimónios, Volume 3, FIDS/MAEDS, Setúbal, 2010, pp.34-42. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2004, p.97.
FOTOGRAFIA 125. Perspetiva atual do Moinho de Maré da Azenha. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 126. Perspetiva do Moinho de Maré da Azenha, no início da década de quarenta do século vinte. Fotografia cedida por Victor Manuel.
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FOTOGRAFIA 127 . Dois fragmentos de cruz em calcário. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 128. Fragmentos de um prato em faiança, com decoração em azul-cobalto, do século XVII. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 129. Ladrilho cerâmico. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 130. Fragmento de canalização com vidrado no interior. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 37 DESIGNAÇÃO: Cais de Alhos Vedros N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Cais FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:22,615 LONGITUDE: -9:01:57,305 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Média DESCRIÇÃO: As referências documentais mais antigas do Cais de Alhos Vedros remetem-nos para o século XV. Porém, tudo nos leva a crer que o aproveitamento fluvial do esteiro, com a instalação de um cais primitivo, terá sucedido em simultâneo, com a ocupação humana do espaço, na segunda metade do século XIII. Terá sido na sua origem, um cais de madeira, tipo palafítico, construído provavelmente em outro local do esteiro, para desempenhar a função portuária. À semelhança de outros portos fluviais, encontra-se integrado no contexto estuarino do Tejo, sendo a cidade de Lisboa o centro de gravitação de toda a atividade económica desta margem. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
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FOTOGRAFIA 131. Perspetiva atual do Cais de Alhos Vedros. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 132. Perspetiva do antigo Cais de Alhos Vedros, ainda em pleno funcionamento, nas décadas de cinquenta e sessenta do século vinte. Fotografia cedida por Gabriela Arroja.
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CODARQ: 38 DESIGNAÇÃO: Ermida da Quinta de São Pedro N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Ermida FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:18,450 LONGITUDE: -9:02:01,758 ALTITUDE: 0m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: A Ermida de S. Pedro aparece referida na Visitação de 1553, como tendo sido edificada há poucos anos, pelo povo de Alhos Vedros, com as esmolas que haviam sido oferecidas, em devoção ao santo apóstolo. É mencionada como estando localizada fora da vila, além da ponte, na estrada que vem do Barreiro. A mesma Visitação fornece-nos uma descrição minuciosa do edifício e do espaço interior: a capela era de alvenaria sextavada, com o chão ladrilhado de tosco e o teto abobadado em alvenaria, com chaves de pedraria, o altar tinha sobre ele a imagem de S. Pedro em madeira e no meio uma “alampada de folha de framdes"; a ermida era quadrada, prolongada, com o teto em madeira de castanho, tinha uma pia de pedra lioz; o arco cruzeiro era redondo e chanfrado. Segundo as Informações Paroquiais de 1758, esta Ermida era administrada pelo Senado da Câmara de Alhos Vedros e ter-se-á arruinado com o tempo, sem nunca ter sido reparada, ainda antes do terramoto de 1755. BIBLIOGRAFIA: ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Mesa da Consciência e Ordens, Ordem de Santiago Convento de Palmela, Concelho de Alhos Vedros, Visitação à Ermida de São Pedro em 1553, B 50 – 195. SANTOS, Maria Clara e VARGAS, José Manuel – Foral de Alhos Vedros, 2ª Edição, Câmara Municipal da Moita, 2014, p.36. SILVA, Victor Manuel Dias da – As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008, pp.215-216.
FOTOGRAFIA 133. Sítio onde se localizaria a Ermida de Quinta de São Pedro. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 39 DESIGNAÇÃO: Quinta de São Pedro N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:21,561 LONGITUDE: -9:02:04,281 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: A Quinta de S. Pedro deve a sua designação a uma ermida que foi construída nas suas proximidades, por meados do século XVI, sob a invocação do referido apóstolo. Hoje é possível verem-se as ruínas de um velho edifício que, em tempos, terá sido a residência do senhor da quinta. Trata-se de uma casa assobradada que ainda conserva alguma imponência da sua arquitetura quinhentista. Nas proximidades desta ruína encontra-se um poço que daria serventia à casa. Junto às ruínas da Quinta de São Pedro, o arqueólogo António Gonzalez identificou um conjunto de materiais arqueológicos, mais concretamente uma lasca em sílex retocada; um fragmento de cerâmica vidrada verde, do século XVI; fragmentos de faianças, do século XVII e fragmentos de porcelana chinesa, do século XVI. Antes que todo o edifício desabe, seria importante fazer-se uma sondagem no local, com vista a pôr a descoberto os segredos que esta quinta esconde nas suas pedras. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 134. Perspetiva atual das ruínas do edifício, da Quinta de São Pedro. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 135 E 136. Na imagem à esquerda, lasca em sílex retocada. Na imagem à direita, fragmento de fundo e fragmento indeterminado, com decoração cor verde, do século XVI. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 137 E 138. Na imagem à esquerda, dois fragmentos de porcelana chinesa, com decoração azul, do século XVI. Na imagem à direita, quatro fragmentos de faianças, com decoração azul-cobalto, do século XVII. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 40 DESIGNAÇÃO: Fábrica das Chitas N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Complexo Industrial FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:32,504 LONGITUDE: -9:02:12,253 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: A Fábrica das Chitas foi instalada em 1793, na Quinta de S. Pedro, em Alhos Vedros, através de alvará régio, concedido pela rainha D. Maria I, a Dohrman de Garon, em sociedade com Nicolau Tur e João Michelin, todos de nacionalidade estrangeira. Desconhece-se o ano do seu encerramento, apenas sabemos que em 1823, já se encontrava muito danificada. No mapa 7, na Carta Topográfica Militar do Terreno da Península de Setúbal, de Jozé Maria das Neves Costa (1813-1816), é possível observar-se a localização desta fábrica. Presentemente não existe qualquer vestígio da fábrica, o local foi preenchido por armazéns. BIBLIOGRAFIA: MENDES, Vitor Pereira – “A Fábrica de Estamparia em Alhos Vedros” In As Mulheres e o Trabalho: A indústria de Vestuário no Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2017, pp.38-45.
FOTOGRAFIA 139. Perspetiva atual do sítio, onde se localizaria a Fábrica das Chitas. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 41 DESIGNAÇÃO: Cadeia N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:21,157 LONGITUDE: -9:01:41,888 ALTITUDE: 5m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Este edifício situava-se no núcleo central da vila de Alhos Vedros, mais concretamente, na esquina da Rua do Cortiço com a Rua Cândido dos Reis. Aqui terá funcionado a Cadeia de Alhos Vedros e é provável que tenha sido construída no século XVII, embora os vestígios, identificados no subsolo, remontem a períodos anteriores. A cadeia de Alhos Vedros é igualmente mencionada no Livro do Tombo da Misericórdia de Alhos Vedros, de 1780 e 1781. Em 2004, foram realizadas umas sondagens de emergência, dirigidas pelos arqueólogos António Gonzalez e Guilherme Cardoso, que identificaram restos da existência de um piso de argamassa na área, inúmeros fragmentos de cerâmica: faiança portuguesa e holandesa, porcelana, barro vermelho vidrado e fosco, bem como ainda um fragmento de uma panela medieval. Trata-se, por isso, de um local, onde tivemos uma ocupação humana sucessiva que vai da Baixa Idade Média até ao século XX. No presente, a cadeia não existe e deu lugar a uma moradia privada. BIBLIOGRAFIA: GONZALEZ, A. e CARDOSO, G. – Relatório da Escavação de Emergência da Cadeia de Alhos Vedros, 2005.
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FOTOGRAFIAS 140 E 141. Na imagem superior, perspetiva atual do sítio, onde se localizava a cadeia. Fotografia de Rui Correia. Na imagem inferior, perspetiva geral da antiga cadeia de Alhos Vedros. Fotografia cedida por Victor Manuel.
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FOTOGRAFIA 142. Fragmento de vaso de pasta negra medieval. Fotografia de Rui Correia. Desenho da cerâmica medieval da imagem 142. Desenho da Dra. Luísa Batalha.
FOTOGRAFIA 143. Fragmento de bordo plano e asa de panela de pasta vermelha. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 144 E 145. Na imagem à esquerda, fundo de recipiente de pasta vermelha, com decoração verde e melado, do século XVI. Na imagem à direita, fragmento de porcelana chinesa. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 146 E 147. Na imagem à esquerda, fragmentos de fundos, bordos e indeterminados de faianças, com decoração azul-cobalto e manganês, do século XVII. Na imagem à direita, fragmentos de fundos, bordos e indeterminados de faianças, com decoração azul-cobalto e manganês, do século XVII. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 148 E 149. Na imagem à esquerda, seis fragmentos de cerâmica de pasta vermelha, com caneluras, do século XVII. Na imagem à direita, quatro fragmentos de cerâmica comum de paredes finas de pasta vermelha, do século XVI. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 150 E 151. Na imagem à esquerda, três fragmentos de bordos planos de cerâmica comum, de pasta negra. Na imagem à direita, panelinha de paredes finas, de pasta vermelha. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 42 DESIGNAÇÃO: Junta 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achado Isolado FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:24,535 LONGITUDE: -9:01:40,894 ALTITUDE: 7m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: Em 1996, foi identificado neste local, pelo arqueólogo António Gonzalez, uma pedra trabalhada em calcário, de grandes dimensões, provavelmente de estilo gótico ou manuelino, virada para baixo, não sendo possível observar-se as decorações. Não está associada a nenhuma outra estrutura. Segundo alguns relatos, poderá tratar-se de uma pedra que pertenceria a um Palácio que terá existido na área. Até ao momento, não foi possível identificar a pedra, mas não a poderíamos omitir, visto que poderá trazer-nos novas informações sobre este local.20 BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 152. Perspetiva atual do sítio Junta 1. Fotografia de Rui Correia.
Esta pedra trabalhada em calcário poderá fazer parte do mesmo edifício da janela em calcário, ver referência CODARQ 50. Geograficamente não distam muito uma da outra e encontram-se no terreno do mesmo proprietário.
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CODARQ: 43 DESIGNAÇÃO: Junta 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:24,433 LONGITUDE: -9:01:41,493 ALTITUDE: 7m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Durante o início dos anos 90, o arqueólogo António Gonzalez iniciou um curso de técnicas e metodologias, utilizadas numa escavação arqueológica. Neste sentido, o terreno ao lado da Junta de Freguesia de Alhos Vedros (que funciona como parque de estacionamento) foi o escolhido, para ser ministrada uma aula prática. Foi realizada uma pequena sondagem (de 50 centímetros por 50 centímetros), atingindo o máximo de 20 centímetros de profundidade e onde, foi possível identificar alguns materiais arqueológicos, mais concretamente, alguns materiais líticos e alguns fragmentos de faianças. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 153. Perspetiva atual do sítio Junta 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 154. Esquírola em sílex, com denticulado e lasca em sílex retocada. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 155. Fragmento de bordo e fragmento de fundo de faianças, com decoração azul-cobalto, dos séculos XVII/XVIII. Fotografia de Rui Correia.
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MAPA 13. Mapa com a georreferenciação dos Sítios Patrimoniais do nº44 ao nº 48
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CODARQ: 44 DESIGNAÇÃO: Moinho de Maré ou Moinho Novo N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Moinho de Maré FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:44,921 LONGITUDE: -9:01:54,239 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Neste local podemos encontrar um moinho de maré, denominado "Moinho Novo" e referenciado na documentação como tendo cinco pedras. Constituía um dos bens do Morgado da Casa da Cova, aparecendo, muitas vezes, associado ao Moinho da Azenha, nas escrituras de arrendamento, ao longo do século XVII, o que nos leva a supor ter sido edificado no século anterior. Aliás, estas estruturas foram sendo erguidas, ao longo da orla fluvial, entre os séculos XV e XVI, no período da expansão portuguesa, com vista a garantir o abastecimento de farinhas aos Fornos Reais de Vale de Zebro. Foi demolido, antes do terramoto de 1755, pela administradora do morgadio, Catarina do Pilar de Mendonça e voltou a ser reedificado e ampliado para sete pedras, em 1760, por Luís de Albuquerque de Mendonça Furtado e sua mulher Inês Joana de Cárcome. Para a reedificação deste moinho e conserto dos bens pertencente ao morgado (Moinho da Azenha e Palácio) foi feita uma hipoteca, no valor de trinta mil cruzados. BIBLIOGRAFIA: Escrituras de Arrendamento. Hipoteca do Morgado da Casa da Cova, 1759.
FOTOGRAFIA 156. Perspetiva atual do Moinho Novo, com a caldeira e a porta de água. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 45 DESIGNAÇÃO: Quinta do Bacelo 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:47,113 LONGITUDE: -9:01:29,088 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna DESCRIÇÃO: Em setembro de 1999, o arqueólogo António Gonzalez identificou como materiais de enchimento, nos muretes das salinas, um conjunto de materiais arqueológicos de tipologias e cronologias diversas. Deste conjunto, destacamos uma ponta em sílex; uma lasca em sílex, provavelmente um buril; fragmentos de fogareiros; fragmentos de hastes de cachimbo, em pasta vermelha e caulino de origem inglesa ou holandesa; fragmentos de faianças do século XVII, decoradas em azul-cobalto e outras com rendilhados e manganês; fragmentos de porcelana chinesa e meia esfera de chumbo. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 157. Perspetiva atual do sítio Quinta do Bacelo 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 158 E 159. Na imagem à esquerda, meia esfera em chumbo. Na imagem à direita, cinco fragmentos de fundos e quatro fragmentos de bordos de porcelana chinesa, com decoração azul. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 160 . Lasca em quartzito, um furador em quartzito e um furador em sílex e seixo em sílex, com córtex e levantamentos. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 161 E 162. Na imagem à esquerda, onze fragmentos de bordos, fundos e fragmentos indeterminados de faianças, com decorações azul-cobalto e manganês, do século XVII. Na imagem à direita, dezoito fragmentos de bordos, fundos e fragmentos indeterminados de faianças, com decoração azul-cobalto, do século XVII. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 163 E 164. Na imagem à esquerda, fragmento de azulejo, com decoração azul. Na imagem à direita, dois fragmentos de hastes de cachimbos, de cerâmica vermelha e caulino. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 46 DESIGNAÇÃO: Quinta do Bacelo 4 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Mancha de Superfície FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:40:00,597 LONGITUDE: -9:01:20,901 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Paleolítico Médio DESCRIÇÃO: Durante uma visita ao local, o arqueólogo António Gonzalez identificou uma mancha de materiais líticos, depositados nos muretes das salinas, mais concretamente, dois núcleos de quartzito (sendo que um apresentava um pequeno denticulado, o que lhe terá permitido desempenhar igualmente a função de raspador) e lascas em quartzito, sendo uma delas, claramente, um raspador côncavo e a outra provavelmente uma ponta. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 165. Perspetiva atual do sítio Quinta do Bacelo 4. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 166. Núcleo em quartzito, núcleo em quartzito com denticulado, raspador com encoche e lasca em sílex. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 47 DESIGNAÇÃO: Quinta do Bacelo 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:47,644 LONGITUDE: -9:01:23,072 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Paleolítico Médio/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Durante uma visita a este local, o arqueólogo António Gonzalez identificou junto aos muretes das salinas, um conjunto de materiais arqueológicos, de tipologias e cronologias diversas, dos quais destacamos, um núcleo em quartzito de tipo Mustierense; uma lasca em quartzito; fragmentos de fundos e gargalo de cerâmica em grés/ cerâmica holandesa; fragmentos de faianças do século XVIII, com decoração em azul-cobalto e fogareiros de cerâmica de pasta vermelha, quase completos. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 167. Perspetiva atual do sítio Quinta do Bacelo 1. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 168 E 169. Na imagem à esquerda, núcleo em quartzito, de tipo Mustierense. Na imagem à direita, lasca em quartzito, com retoques. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 170 E 171. Na imagem à esquerda, fragmentos de faianças, com decoração azul-cobalto, do século XVII e fragmentos de faianças, com decoração azul-cobalto e manganês, do século XVIII. Na imagem à direita, dois fragmentos de gargalos, de pasta vermelha. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 172. Fragmento de gargalo, fragmento de bordo e dois fragmentos de fundos de cerâmica em grés. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 173. Fragmento de fogareiro, de pasta vermelha. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 48 DESIGNAÇÃO: Quinta do Bacelo 3 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Mancha de Superfície FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:40,935 LONGITUDE: -9:01:22,827 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Foram identificados, pelo arqueólogo António Gonzalez, um conjunto de materiais arqueológicos, junto dos muretes das salinas, dos quais destacamos, fragmentos de faianças, do século XVII e fragmentos de bordos de faianças pintados, dos séculos XIX e XX. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 174. Perspetiva atual do sítio da Quinta do Bacelo 3. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 175. Quatro fragmentos indeterminados de faianças, com decoração de cor azul, do século XVII.Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 176. Dois fragmentos de bordos de faianças, com decoração azul-cobalto, dos séculos XIX/XX. Fotografia de Rui Correia.
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MAPA 14. Mapa com a georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 49 ao nº 54
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CODARQ: 49 DESIGNAÇÃO: Quinta dos Severinos 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:25,878 LONGITUDE: -9:01:29,072 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Aquando de uma passagem, neste local, em 2005, o arqueólogo Tiago do Pereiro identificou um conjunto de materiais arqueológicos, dos quais destacamos, um núcleo em quartzito, de grandes dimensões, com levantamentos bifaciais; um seixo em quartzito, muito rolado com levantamentos; um fragmento de fundo de porcelana chinesa e um fragmento de bordo de cerâmica comum. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 177. Perspetiva atual do sítio Quinta dos Severinos 1. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 178 E 179. Na imagem à esquerda, núcleo de quartzito, de grandes dimensões, com levantamentos bifaciais. Na imagem à direita, núcleo de quartzito, muito rolado, com levantamentos bifaciais. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 180 E 181. Na imagem à esquerda, fragmento de fundo de porcelana chinesa. Na imagem à direita, fragmento de bordo, de pasta vermelha. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 50 DESIGNAÇÃO: Quinta dos Severinos 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achado Isolado FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:25,255 LONGITUDE: -9:01:24,370 ALTITUDE: 5m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: Em 1997, o arqueólogo António Gonzalez identificou um bloco calcário que teria cerca de cinquenta centímetros e que no seu entendimento, poderia ser um fragmento de uma janela biselada curva. Estava a ser usado como marco de propriedade, mas na atualidade não foi possível localizar esta janela, uma vez que toda a área encontra-se coberta por uma camada densa de vegetação e sucessivos despejos de materiais de construção. Este bloco juntamente com o bloco da Junta 2, associados ao topónimo Rua do Paço, podem-nos indicar a existência de um edifício nobre, do século XV ou XVI que, entretanto, fora destruído e as melhores pedras poderão ter sido reutilizadas, pelas populações locais. Torna-se importante assinalar a sua localização, bem como fazer uma prospeção mais detalhada nesta quinta.21 BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 182. Perspetiva atual do sítio Quinta dos Severinos 2, onde poderá estar o fragmento da janela biselada, usado como marco de propriedade. Fotografia de Rui Correia.
Remetemos esta referência para o CODARQ 42: pedra de grandes dimensões em calcário. Pensamos que esta pedra juntamente com a janela poderá fazer parte do mesmo edifício. Ambas encontram-se no mesmo terreno, mas em localizações diferentes.
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CODARQ: 51 DESIGNAÇÃO: Quinta dos Severinos 3 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:25,888 LONGITUDE: -9:01:19,835 ALTITUDE: 6m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Neste local, o arqueólogo António Gonzalez identificou um conjunto de materiais arqueológicos, dos quais destacamos, um fragmento de bordo de cerâmica comum, de paredes finas e fragmentos de faianças, do século XVIII, com decoração azul-cobalto e manganês. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 183. Perspetiva atual do sítio Quinta dos Severinos 3. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 184. Três fragmentos indeterminados de faianças, com decoração azul-cobalto e manganês, do século XVIII. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 185. Fragmento de bordo de cerâmica comum, de paredes finas, de pasta vermelha. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 52 DESIGNAÇÃO: Morçoas 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achado Isolado FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:18,787 LONGITUDE: -9:01:22,514 ALTITUDE: 7m CRONOLOGIA: Paleolítico Médio DESCRIÇÃO: Em outubro de 1998, o arqueólogo António Gonzalez acompanhou a abertura de valas, para a instalação de infraestruturas (esgotos, água…). Pela leitura dos cortes, conseguiu identificar cinco níveis sedimentares, bem diferenciados: primeiro nível de entulhos recentes, a seguir um nível de areias, contendo carvões, seguido de um nível de areias cinzentas, com alguns fragmentos cerâmicos e líticos. Nesta camada, foi possível recolher um biface em quartzo, do Paleolítico Médio; a seguir um nível de areias brancas com seixos e finalmente um nível de arenito ferruginoso, camada geológica.22 BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 186. Perspetiva atual do sítio Morçoas 1. Fotografia de Rui Correia.
22 Esta descrição utiliza a leitura de E. Harris (1979) que identifica a sobreposição das camadas arqueológicas, muito esquematicamente, significa que a camada superficial é mais recente do que a camada que se encontra por baixo e assim sucessivamente, designamos como Matriz de Harris.
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FOTOGRAFIA 187. Biface em quartzito. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 53 DESIGNAÇÃO: Ermida de Santa Maria da Vitória N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Ermida FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:13,686 LONGITUDE: -9:01:15,446 ALTITUDE: 7m CRONOLOGIA: Idade Média/Idade Moderna DESCRIÇÃO: A Ermida de Nossa Senhora da Vitória foi mandada edificar por Pero Vicente, o velho e sua mulher, Catarina Lopes Bulhoa, na segunda metade do século XV. No Termo de Compromisso (1487), a Ermida é denominada de Santa Maria da Vitória, mas nas Visitações da Ordem de Santiago já é designada por Ermida de Nossa Senhora da Vitória. Por aquele documento, os seus instituidores determinaram que por falecimento de ambos, a ermida fosse administrada por um “juiz e vereador que em cada um ano forem na dita vila de Alhos Vedros”. Foi igualmente estabelecido, os dias da semana, segundas, terças e quartas feiras, em que o capelão devia cantar e dizer missa, em honra dos familiares desaparecidos. Quanto à sua localização, o Termo de Compromisso diz-nos que ficava “acerca da vila da parte do norte, junto com a quinta de Santo Agostinho”; a Visitação de 1553 menciona que estava “no cabo da villa, no caminho que vai para os moinhos e marinhas”. Outra informação curiosa, desta Visitação, é a referência a uma mulher velha, a ermitoa Maria Fernandez que, estava responsável de cuidar da ermida. Em todas as Visitações (1523, 1534 e 1553), temos descrições pormenorizadas quer da ermida, quer dos seus paramentos. Convém referir que, nestas relações do património religioso, os visitadores utilizavam o termo capela para designar a capela-mor e o termo ermida para a nave do templo. Assim sendo, a de 1553 refere que, era uma “capella coadrada”, as paredes “da capella e ermida d’alluenaria”; o chão “da capela mal ladrilhado”; enquanto o chão da ermida era “arguamaçado de barro”; o teto da capela era “forado de bordo deésteira mal tratado” e com a indicação de que chovia nele, o teto da ermida era “madeirado d’asnas de castanho”. Tinha ainda um altar de alvenaria forrado de azulejos; um arco cruzeiro redondo, chanfrado, feito em alvenaria; uma pia de água benta em pedra de lioz, do lado direito da porta principal. Esclarece ainda que a ermida tinha “dous portados”, o principal situava-se a poente e o travesso do lado sul. Sobre a porta principal havia um alpendre em alvenaria e na empena desta mesma porta, um capelo de campanário pequeno. As Informações Paroquiais de 1758, ainda fazem referência a esta ermida, mencionando a obrigação de se dizer nela missa “enquanto o Mundo durar”, em honra dos seus instituidores, nos três dias da semana, definidos pelo termo de compromisso. O pároco das Informações Paroquiais alude ainda a existência de um
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hospício, na ermida de Nossa Senhora da Vitória, para socorro dos pobres e das pessoas necessitadas. Esta capela terá sido demolida, em data que desconhecemos. BIBLIOGRAFIA: Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Mesa da Consciência e Ordens, Ordem de Santiago Convento de Palmela, Concelho de Alhos Vedros, Visitação à Ermida de Nossa Senhora da Vitória em 1534, Maço 5, Doc. 370. Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Mesa da Consciência e Ordens, Ordem de Santiago Convento de Palmela, Concelho de Alhos Vedros, Visitação à Ermida de Nossa Senhora da Vitória em 1553, B 50 – 195. ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, pp.15-16 e p.21. LEAL, Ana de Sousa e PIRES, Fernando – Alhos Vedros nas Visitações da Ordem de Santiago, Comissão Organizadora das Comemorações do 480º. Aniversário do Foral de Alhos Vedros, 1999, pp.36-37. SANTOS, Maria Clara e VARGAS, José Manuel – Foral de Alhos Vedros, 2ª Edição, Câmara Municipal da Moita, 2014, p.35. SILVA, Victor Manuel Dias da – As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008, pp.191-196.
FOTOGRAFIA 188. Perspetiva atual do sítio, onde estaria localizada a Ermida de Nossa Senhora da Vitória. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 54 DESIGNAÇÃO: Urbanização Cardador N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:10,934 LONGITUDE: -9:01:11,436 ALTITUDE: 7m CRONOLOGIA: Paleolítico Médio/ Idade Moderna DESCRIÇÃO: Neste local, no âmbito do projeto “Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita”, o arqueólogo Tiago do Pereiro identificou um conjunto de materiais líticos, enquadráveis no Paleolítico Médio, cuja tipologia de talhe pode ser classificável como Mustierense e também alguns fragmentos cerâmicos, datados, muito provavelmente, do século XVII. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 189. Perspetiva atual do sítio da Urbanização Cardador. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 190. Dois fragmentos indeterminados, com vidrado verde, do século XVI. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 191. Lasca em quartzito com encoche e furador; lasca em quartzito com retoque de tipo Levallois e lasca em quartzito retocada de tipo Levallois. Fotografia de Rui Correia.
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MAPA 15. Mapa com georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 55 ao nº 64
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CODARQ: 55 DESIGNAÇÃO: Moinho de Maré da Xarroqueira N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 23755 TIPO: Moinho de Maré FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:39,739 LONGITUDE: -9:00:59,606 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Por carta de sesmaria, passada por D. Jorge, Mestre da Ordem de Santiago, foi concedido a Pero Botelho, no ano de 1516, uma entrada de água salgada, designada das Roseiras, para construir um moinho com sua caldeira, no prazo de seis anos. A concessão foi feita, na condição de Pero Botelho pagar anualmente, no dia de Natal, o foro e a conhecença de trinta alqueires23 de trigo do Alentejo (bom e limpo), à Ordem. Ficou ainda obrigado a abrir um esteiro para as marinhas e viveiros de Tomé Afonso, a fim de receberem água do mar limpa e a permitir a navegação das barcas no carregamento do sal. Caso não cumprisse com estas condições, construir o moinho e proceder ao aproveitamento da entrada do esteiro, ficava sujeito ao pagamento de uma pena, no valor de mil reis para as obras do Convento de Palmela. Posteriormente este moinho passou a ser designado na documentação, escrituras de arrendamento e Rol dos Confessados, por Moinho da Enxarroqueira ou Moinho da Xarroqueira. Ao longo da sua história, esteve na posse dos frades do Convento de Nossa senhora da Graça, e, em 1655, era propriedade de Luiz Correia da Silveira, juiz dos Órfãos da vila de Alhos Vedros. Presentemente ainda mantém as paredes de pé, mas encontra-se num estado crescente de ruína. BIBLIOGRAFIA: Carta de Sesmaria, concedida a Pero Botelho, no ano de 1516. Escritura de Arrendamento que fez Luiz Correia da Silveira, em 1655.
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Alqueire é uma medida importada do domínio árabe. É uma medida que a sua capacidade significaria cerca de 3.4 litros.
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FOTOGRAFIA 192. Perspetiva atual do Moinho de Maré da Xarroqueira. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 193. Perspetiva atual do interior do Moinho de Maré da Xarroqueira. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 56 DESIGNAÇÃO: Poço da Quinta da Xarroqueira N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Poço FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:25,991 LONGITUDE: -9:00:55,036 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: Nas proximidades do Moinho de Maré da Xarroqueira, foi identificado um poço de tipologia simples, construído em tijolo e coberto por uma argamassa de cor acinzentada. Foi ainda possível observar que na estrutura do poço, encontrava-se embutida uma pedra branca, trabalhada numa secção que teria uma abertura, em formato de U. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 194. Perspetiva atual do Poço da Xarroqueira. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 57 DESIGNAÇÃO: Quinta da Fonte da Prata 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achados Isolados FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:20,561 LONGITUDE: -9:00:42,179 ALTITUDE: 5m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: No decorrer de umas obras, na Quinta da Fonte da Prata, no ano de 2003, o arqueólogo António Gonzalez pode observar nos cortes das valas, áreas com coloração preta, possivelmente antigas lareiras, bem como as valas das antigas vinhas, dando provas que esta zona seria uma zona agrícola, identificou ainda um conjunto de materiais arqueológicos, dos quais destacamos, um percutor em quartzo; uma lasca de sílex com levantamentos bifaciais; três fragmentos de bordos de pasta vermelha e um fragmento de uma asa de pasta vermelha. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 195. Perspetiva do corte, do sítio Quinta da Fonte da Prata 1. Fotografia de António Gonzalez.
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FOTOGRAFIAS 196 E 197. Na imagem à esquerda, percutor em quartzo. Na imagem à direita, lasca em sílex com levantamentos bifaciais. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 198. Fragmento de asa de cerâmica, de pasta vermelha; dois fragmentos de bordos de cerâmica comum e um fragmento de bordo de cerâmica comum. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 58 DESIGNAÇÃO: Quinta da Fonte da Prata 6 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:17,835 LONGITUDE: -9:00:24,534 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Paleolítico/Neolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Durante a abertura de umas valas, na Urbanização da Quinta da Fonte da Prata, em 2003, o arqueólogo António Gonzalez identificou um conjunto de materiais arqueológicos, de tipologias e períodos cronológicos diversos, dos quais destacamos, uma lasca de pequenas dimensões; um fragmento de seixo; um crescente em sílex, do Neolítico; dois fragmentos de porcelanas chinesas; um badalo verde de cobre, de período indeterminado e sete fragmentos de faianças de várias épocas (um fragmento de uma tampa decorada, três bordos e três fundos). BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 199. Perspetiva atual do sítio Quinta da Fonte da Prata 6. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 200. Badalo de cobre. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 201 E 202. Na imagem à esquerda, crescente em sílex, do neolítico. Na imagem à direita, seixo em quartzito com levantamentos e lasca em quartzito. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 203 E 204. Na imagem à esquerda, fragmentos de porcelana chinesa. Na imagem à direita, fragmentos de bordos, fundos e fragmentos indeterminados de faianças. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 59 DESIGNAÇÃO: Quinta da Fonte da Prata 3 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:22,664 LONGITUDE: -9:00:18,836 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: No decorrer de umas obras, na Quinta da Fonte da Prata, no ano de 2003, já junto do rio Tejo, o arqueólogo António Gonzalez identificou um conjunto de materiais arqueológicos, dos quais destacamos, uma ponta em sílex negro; um pequeno núcleo em sílex; três fragmentos de azulejo do século XVIII; um fragmento de porcelana chinesa; seis fragmentos de faianças dos séculos XVII, XVIII e XIX; uma haste de cachimbo caulino e um dente de tubarão miocénico24. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 205. Perspetiva atual do sítio Quinta da Fonte da Prata 3. Fotografia de Rui Correia.
24
Época da era Cenozoica que é compreendida entre 24 milhões de anos e 5 milhões de anos.
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FOTOGRAFIAS 206 E 207. Na imagem à esquerda, lasca em sílex negro com pátine e um pequeno denticulado no gume. Na imagem à direita, núcleo em sílex com raspador. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 208 E 209. Na imagem à esquerda, fragmento indeterminado de porcelana chinesa, com decoração azul. Na imagem à direita, três fragmentos de azulejos, com decoração azul, do século XVIII. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 210. Fragmento de bordo de faiança, com decoração azul. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 211 E 212. Na imagem à esquerda, fragmento de haste de cachimbo com marca Glasgow. Na imagem à direita, dente de tubarão miocénico. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 60 DESIGNAÇÃO: Quinta da Fonte da Prata 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:04,320 LONGITUDE: -9:00:23,931 ALTITUDE: 7m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: No decorrer de umas obras, junto a uma rotunda, na Quinta da Fonte da Prata, no ano de 2003, o arqueólogo António Gonzalez procedeu à recolha de materiais arqueológicos, entre os quais destacamos, um fragmento de azulejo do século XVIII; fragmentos de cerâmica em grés; escórias; fragmentos de vidro; carvão pedra e ferros. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 213. Perspetiva atual do sítio Quinta da Fonte da Prata 2. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 214. Fragmento de azulejo, com decoração azul e manganês. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 61 DESIGNAÇÃO: Quinta da Fonte da Prata 4 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:03,046 LONGITUDE: -9:00:18,078 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: No decorrer de umas obras, junto a uma rotunda, na Quinta da Fonte da Prata, no ano de 2003, o arqueólogo António Gonzalez conseguiu observar na estrada, no sentido Moita/Alhos Vedros, duas lajes em pedra calcária, com vestígios de argamassa. Neste local, é possível identificar uma pequena ribeira que, ainda hoje, podemos observar através da existência arbustiva das canas. António Gonzalez crê que, estas lajes possam pertencer a uma antiga ponte existente no local. Depois das obras, estas lajes foram completamente enterradas e infelizmente não temos memória gráfica delas. Neste mesmo local, foi ainda possível identificar um conjunto de materiais arqueológicos. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 215. Pormenor atual do sítio Quinta da Fonte da Prata 4. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 216 E 217. Na imagem à esquerda, furador em sílex com denticulado. Na imagem à direita, fragmento indeterminado de porcelana chinesa, com decoração azul. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 218 E 219. Na imagem à esquerda, fragmento de bordo de cerâmica comum, de pasta vermelha; fragmento de bordo de cerâmica comum, de pasta escura. Na imagem à direita, fragmento de bordo plano de cerâmica comum, de pasta vermelha. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 62 DESIGNAÇÃO: Quinta da Fonte da Prata 5 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Mancha de Superfície FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:36:57,683 LONGITUDE: -9:00:16,264 ALTITUDE: 9m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Numa recolha, realizada em 2007, pelo arqueólogo Tiago do Pereiro, no âmbito do projeto “Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita”, nas proximidades de uma casa rústica ali localizada, foi identificado um conjunto de materiais arqueológicos, mais especificamente fragmentos de faianças dos séculos XVII e XVIII, sendo um fragmento de fundo decorado a azul e três fragmentos de bordos decorados a azul. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 220. Perspetiva atual do sítio Quinta da Fonte da Prata 5. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 221. Fragmento de fundo de faiança; fragmento de bordo com furo e três fragmentos de bordos de faianças, com decoração azul. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 63 DESIGNAÇÃO: Palacete da Quinta da Fonte da Prata N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Palácio FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:39:00,274 LONGITUDE: -9:00:22,306 ALTITUDE: 8m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: O Palacete da Quinta da Fonte da Prata constitui um exemplar da arquitetura revivalista, uma vez que procura imitar as casas solarengas do século XVIII. Esta Casa foi projetada pelo arquiteto Guilherme Eduardo Gomes e construída em 1910. No andar térreo, temos os serviços indispensáveis, arrecadações e no primeiro andar, a habitação da família. Neste palacete temos paredes revestidas de azulejos, uma grande varanda que se abre para o exterior, uma escadaria interior trabalhada em madeira, a cantaria que envolve as janelas e portas decorada com uma ornamentação a imitar a "Manuelina" e ainda o emprego do estuque nos tetos de algumas das salas. No Palacete foi igualmente construída uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora de Lourdes. BIBLIOGRAFIA: SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, 2004, pp.79-82. SILVA, Victor Manuel Dias da – As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008.
FOTOGRAFIA 222. Perspetiva atual do sítio do Palacete da Quinta da Fonte da Prata. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 64 DESIGNAÇÃO: Fornos de Cal da Quinta do Matão N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Forno FREGUESIA: Alhos Vedros LATITUDE: 38:38:58,778 LONGITUDE: -8:59:47,207 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Neste local temos as estruturas dos fornos de cal, sendo ainda possível observar as câmaras de combustão e as casas de apoio. As Informações Paroquiais da Moita, de 1758, dão-nos a informação de que os três fornos de cal aqui existentes, pertenciam ao Conde da Ribeira que, os tinha mandado construir depois do terramoto de 1755. Além dos fornos de cal, tinha também três fornos de telha. As paredes foram construídas com blocos de pedra, revestidos por argamassa. As entradas para as antecâmaras dos fornos, apresentam um arco e uma abóbada construídos em tijolo. A localização destes fornos não é aleatória, instalados junto ao esteiro e ao Cais da Moita, conseguiam com facilidade escoar a cal ali produzida. Presentemente encontram-se ao abandono e cobertos por uma densa vegetação BIBLIOGRAFIA: ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.79.
FOTOGRAFIA 223. Perspetiva atual do sítio dos Fornos de Cal da Quinta do Matão. Fotografia de António Gonzalez..
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7.3 FREGUESIA DA MOITA
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FOTOGRAFIA 224. Imagem aérea da Vila da Moita. Fotografia da Câmara Municipal da Moita.
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7.3.1 – BRASÃO E HISTÓRIA DA FREGUESIA
A
Escudo verde, fragata de negro, vestida do mesmo e realçada de prata navegando sobre uma faixa ondeada de prata coligada de azul, acompanhada em chefe de meia roda dentada, de negro, perfilada de prata. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas: Freguesia da Moita25.
HISTÓRIA DA FREGUESIA freguesia da Moita tem uma área geográfica de 2 494 hectares e uma população de 17 653 habitantes (censos de 2011, fonte INE). Encontra-se rodeada pela freguesia de Alhos Vedros a Oeste, a Este pela União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos, a sul pelo concelho de Palmela e a norte é banhada pelo Estuário do Tejo. A história desta freguesia está indissociavelmente ligada à de Alhos Vedros e consequentemente ao declínio do seu concelho. Em termos de toponímia a designação de Moita deriva da palavra “Mouta”, vocábulo que tem um sentido vegetal, semanticamente significa uma zona cheia de matagal, formada por tufos de vegetação rasteira. Incorporado na freguesia de S. Lourenço de Alhos Vedros, o lugar da Mouta aparece referido, pela primeira vez, em 135526, num documento de Santos-o-Novo, no qual assinala o lugar com a menção “vinhas que foram de Martim da Mouta”. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, volume II, 2006, p.132. Dados colhidos do estudo de José Manuel Vargas “O Antigo Concelho de Ribatejo” In I Jornadas de História e Património Local, CMM, 2004, p.120 T.T. Mosteiro de Santos-o-Novo, Cx.18, Nº.1324, Maço 74 25 26
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Posteriormente, em 136627, num outro documento de Santos-o-Novo, faz-se de novo referência ao lugar com a expressão “caminho que vay pera a Mouta”. Estas referências indiciam que era um lugar recente e que estava a começar a ser explorado economicamente. A comprovar o povoamento do lugar, temos a construção da capela de S. Sebastião que terá ocorrido, no fim da primeira metade do século XV, a inferirmos pela data do primeiro enterramento aí realizado, em 1453. Foi uma obra de iniciativa particular que envolveu os moradores de Alhos Vedros e da Moita. Outro documento antigo que faz menção ao lugar da Mouta, é a carta de sesmaria, concedida pelo Mosteiro de Santos, a João Nunes, datada de 12 de maio de 145728. Refere-se à concessão de uma praia, junto à ponte da Mouta que confinava com a cala, para nela fazer marinha, no prazo de um ano; com a condição de entregar, todos os anos, ao Mosteiro, sete moios de sal. O aproveitamento das praias e esteiros do rio para a construção de marinhas, terá sido no século XV, uma das principais ocupações das primeiras pessoas que aqui se estabeleceram. As reentrâncias do esteiro da Moita ofereciam boas condições naturais, para a exploração do sal. No cadastro da população de 153229, entre as povoações do termo de Alhos Vedros, a Moita era um dos lugares que apresentava menos população, tinha somente 14 moradores, o que corresponderia a 56 habitantes30. Estes registos levam-nos a crer que o povoamento do lugar ter-se-á dado muito lentamente, no período compreendido, entre a segunda metade do século XIV e o segundo quartel do século XVI. Conforme o topónimo indica seria um lugar de mato, de muitas moitas de arbustos, sendo o sítio perfeito para a fixação das gentes que se dedicavam também à exploração das lenhas e dos matos para abastecer a cidade de Lisboa. Diversos géneros de madeira, urze, tojo, estevas e outros, existiam em abundância, sobretudo nas áreas de charneca e pinhais, como o Pinhal da Barra Cheia, o Pinhal da Fonte da Prata, o Pinhal da Água Doce, o Pinhal da Moita, o Pinhal do Forno entre outros e cujas designações chegaram até ao século XX. Além da exploração dos recursos florestais, estes espaços foram também utilizados pela população para pastorear os seus gados. Forneciam o combustível para a vida doméstica, cozinha e aquecimento, como proporcionavam o alimento para os animais. Os pinhais eram de tal forma importantes na economia que as comendadeiras do Mosteiro de Santos, proprietárias desses bens, tinham um guarda nos seus pinhais, com a função de encoimar toda a pessoa que fosse encontrada a cortar neles, aplicando uma pena de 500 reis.31 Associadas a estas atividades, quer da exploração do sal, quer dos recursos florestais, surgiu o transporte fluvial, com a construção de um cais em madeira, só substituído por pedra, no ano de 1722. Esta relação com o trabalho no rio, através da criação de uma rede de ligações fluviais regulares com a outra margem, incrementou T.T. Mosteiro de Santos-o-Novo, Nº. 1329, Maço 2 T.T. Mosteiro de Santos-o-Novo, Cx.16, Nº.1492, Maço 3 29 BRAAMCAMP, Anselmo Freire - Archivo Histórico Portuguez, Lisboa, Volume IV, 1906, p.354 30 Sistema de contagem de um morador, enquanto chefe de família, para uma média de quatro pessoas. 31 LEAL, Ana de Sousa e PIRES, Fernando – Alhos Vedros nas Visitações da Ordem de Santiago, Comissão Organizadora das Comemorações do 480ª Aniversário do Foral de Alhos Vedros, 1994, p.39 27 28
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a circulação de pessoas e mercadorias, convertendo o lugar da Moita num importante nó de ligação entre o sul do país e Lisboa, sobretudo no período de dominação Filipina. Entre 1580 e 1640, a Moita conheceu um grande e rápido crescimento, devido à atividade fluvial e ao seu cais, as viagens entre Madrid e Lisboa eram frequentes e o caminho mais fácil era seguido pela cidade de Badajoz, entrando no Alentejo até à Moita, onde se mudava de transporte, para embarcar no barco da carreira e continuar a viagem até à cidade de Lisboa. Do caminho terrestre ficou o registo toponímico da Estrada dos Espanhóis, ainda hoje conhecida, pelas pessoas mais velhas, por essa designação. A Moita tornou-se num importante lugar de passagem, com conexão entre Lisboa, através via fluvial, e as estradas do sul, interligadas a Castela, via terrestre. As embarcações foram o motor de toda esta dinâmica que aqui se implantou, ajudaram a aproximar as duas margens, levavam e traziam passageiros e ainda transportavam o sal, as lenhas, os matos e o vinho. Deste labor nasceu o culto à Nossa Senhora da Boa Viagem, protetora dos viajantes e dos marítimos, sendo a igreja construída entre 1631-1632. Este seu crescimento culminou com a atribuição do estatuto de vila, concedido por D. Pedro II, através de carta régia, de 7 de novembro de 169132. A partir desta data, a Moita autonomizou-se de Alhos Vedros e constituiu-se como concelho, com um termo e com uma vida administrativa municipal. Aliada à conquista desta sua municipalidade, foi organizada a freguesia paroquial sob a designação de Nossa Senhora da Boa Viagem, convertendo-se a igreja da Moita na matriz da paróquia, à qual estavam agregadas as capelas do Rosário, Esteiro Furado, Sarilhos Pequenos e S. Sebastião. Em 1708, o Padre Carvalho da Costa afirmava: «He esta Villa fértil de vinho, frutas, gado, caça, lenha & peixe. Tem dous Juizes Ordinarios, Vereadores, hum Procurador do Concelho, Escrivão da Camara, Juiz dos Orfãos, & mais Officiaes, hum Alcayde, e & huma Companhia da Ordenança.»33 Deste interessante quadro económico, social e político que, o autor setecentista nos dá, podemos inferir que uma das atividades importantes na Moita era também a cultura da vinha e consequentemente a produção de vinho, cujas referências proliferam na documentação das atas de vereações. No século XIX, no âmbito das reformas liberais, o concelho foi extinto em 1895 e voltou a ser recuperado em 1898, passando a integrar no seu termo a freguesia de Alhos Vedros. Durante séculos, a estrutura económica, deste território, fundamentou-se nas atividades ribeirinhas, associadas ao transporte nas embarcações e à exploração salineira; na produção de vinho e no aproveitamento dos produtos de charneca. Um modelo económico que serviu de suporte ao estabelecimento humano e perdurou até aos inícios da segunda metade do século XX. Os vestígios patrimoniais existentes hoje no núcleo antigo refletem esta vivência económica e social, como podemos ver na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, Altar de Nossa Senhora da Piedade, Portal Manuelino e Cais. T.T. Chancelaria da Ordem de Santiago, Livro 22, Fls.110v-111 COSTA, Padre António Carvalho da – Corografia Portugueza, Tomo III, 2ª. Edição, Typographia de Domingos Gonçalves Gouveia, Braga, 1869, p.227
32 33
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MAPA 16. Carta Topográfica Militar do Terreno da Península de Setúbal, de Jozé Maria das Neves Costa (1813-1816), onde podemos observar a vila da Moita e o lugar São Sebastião. Direção-Geral do Território / Cota CA138
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MAPA 17. Mapa com georreferenciação dos locais patrimoniais da Freguesia da Moita.
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7.3.2 – LISTAGEM DOS SÍTIOS PATRIMONIAIS DA FREGUESIA
MAPA 18. Mapa com a georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 65 ao nº 73
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CODARQ: 65 DESIGNAÇÃO: Vala da Broega 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:18,169 LONGITUDE: -8:58:47,336 ALTITUDE: 20m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Junto a uma linha de água, o arqueólogo Tiago do Pereiro, no âmbito do projeto “Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita”, identificou este sítio, após a limpeza mecânica do local, reconhecendo uma mancha de materiais, de tipologias e cronologias diversas. Segundo o próprio, foi possível identificar fragmentos de cerâmica comum, do século XVIII (potes, alguidares, frigideiras e outros); fragmentos de azulejos azuis; faianças azuis e fragmentos de porcelana chinesa. Este espólio, infelizmente, encontra-se em parte incerta, não sendo possível identificar a sua localização, mas não podíamos deixar de fazer aqui a sua referência. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 225. Perspetiva atual do sítio Vala da Broega 1. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 66 DESIGNAÇÃO: Vala da Broega 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:18,634 LONGITUDE: -8:58:59,556 ALTITUDE: 16m CRONOLOGIA: Paleolítico/Indeterminado DESCRIÇÃO: Foi identificado, pelo arqueólogo Tiago do Pereiro, no âmbito do projeto “Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita”. Trata-se de uma pequena linha de água, onde foi observada uma mancha de materiais, num depósito de areias escuras, de tipologias e de cronologias diversas. Deste conjunto, destacamos material lítico do Paleolítico, como as lascas; material cerâmico, como uma pequena taça de paredes finas que nos remete para o século XVI e um fragmento cerâmico, informe, que nos parece remeter para o Neolítico. Encontramos ainda material cerâmico holandês, como as garrafas em grés. Destacamos um conjunto de fragmentos de azulejos, do século XVIII, em que um deles parece ter representado um edifício, muito semelhante a um forte. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 226. Perspetiva atual do sítio Vala da Broega 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 227 E 228. Na imagem à esquerda, duas lascas em sílex com córtex. Na imagem à direita, fragmento indeterminado, de pasta cinzenta com mica. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 229 E 230. Na imagem à esquerda, quatro fragmentos de azulejo, com decoração azul, tendo um a representação de um edifício. Na imagem à direita, um fragmento de fundo e um fragmento de gargalo em grés. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 231. Pequena bilha em cerâmica de paredes finas, de pasta vermelha. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 67 DESIGNAÇÃO: Carvalhinho 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achado Isolado FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:33,835 LONGITUDE: -8:58:56,362 ALTITUDE: 29m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: Identificada, junto à berma da estrada, pelo arqueólogo António Gonzalez, uma pedra em calcário de grandes dimensões, completamente trabalhada e afeiçoada, poderá ter pertencido a um edifício antigo. Encontra-se quase subterrada pelos deslizamentos de terras e, por isso, torna-se difícil de perceber, se além do afeiçoamento, terá algum tipo de decoração. Torna-se importante a sua remoção deste local. Uma vez que se encontra isolada, não foi possível, até ao momento, perceber qual o seu contexto e origem. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 232. Perspetiva do bloco de calcário, com superfície em bisel, do sítio Carvalhinho 1. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 68 DESIGNAÇÃO: Alto do Carvalhinho 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:47,475 LONGITUDE: -8:58:51,409 ALTITUDE: 26m CRONOLOGIA: Paleolítico/Indeterminado DESCRIÇÃO: Foi identificado neste local, em 2007, pelo arqueólogo Tiago do Pereiro, no âmbito do projeto “Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita”, um conjunto de materiais arqueológicos, mais concretamente fragmentos de cerâmica; algum material lítico, como núcleos em sílex e quartzo e esquírolas em sílex e quartzo; fragmentos de ossos queimados; escórias e um botão em bronze. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 233. Perspetiva atual do sítio Alto do Carvalhinho 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 234 E 235. Na imagem à esquerda, núcleo em quartzito com levantamentos; furador de quartzo leitoso; duas esquírolas em sílex e uma lamela em sílex. Na imagem à direita, fragmento de testo de cerâmica comum, de pasta vermelha e fragmento de testo de cerâmica comum, com pitorro de pasta vermelha. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 236 E 237. Na imagem à esquerda, fragmento de bordo, fragmento de fundo e fragmento indeterminado de faianças, com decoração em azul-cobalto, dos séculos XVII/XVIII. Na imagem à direita, botão em bronze, em mau estado de conservação. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 69 DESIGNAÇÃO: Alto do Carvalhinho 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Fonte FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:49,516 LONGITUDE: -8:58:47,569 ALTITUDE: 34m CRONOLOGIA: Contemporâneo DESCRIÇÃO: Em 2007, o arqueólogo Tiago do Pereiro juntamente com António Gonzalez, aquando de uma prospeção na zona, identificaram uma pequena fonte, no Alto do Carvalhinho. Esta pequena fonte é composta por três lajes de pedra, com duas colocadas na vertical e a terceira no topo destas. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 238. Perspetiva da fonte do Alto do Carvalhinho 1. Fotografia de António Gonzalez.
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CODARQ: 70 DESIGNAÇÃO: Moinho de Vento dos Quatro Marcos N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Moinho FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:02,860 LONGITUDE: -8:58:40,047 ALTITUDE: 44m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Desconhecemos a data de construção do Moinho de Vento dos Quatro Marcos, mas pelas cantarias de pedra das janelas e portas, leva-nos a crer que seja uma construção do século XVIII. Apresenta duas portas, orientadas respetivamente a norte e a sul. A origem do seu topónimo poderá estar relacionada com o facto de estar construído nas proximidades de um cruzamento. O seu aspeto mostra que não se encontra em funcionamento há muitas décadas, hoje em dia encontra-se decrépito. BIBLIOGRAFIA: SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume I, 2005, p.132. PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 239. Perspetiva atual do Moinho dos Quatro Marcos. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 71 DESIGNAÇÃO: Pinhal da Areia N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:11,113 LONGITUDE: -8:58:46,714 ALTITUDE: 22m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Em 2007, os arqueólogos Tiago do Pereiro e António Gonzalez realizaram uma prospeção na zona, identificando um conjunto de materiais arqueológicos, nomeadamente material lítico: lascas em sílex, sendo que uma seria provavelmente um furador; um núcleo discóide em sílex; um núcleo em sílex com levantamentos; um núcleo em sílex de grandes dimensões com levantamentos; fragmentos de azulejos do século XVII; um fragmento de azulejo amarelo do século XVI; fragmentos de cerâmica preta que consideramos ser importada, mas sem análise mais concreta não podemos ainda adiantar uma cronologia; fragmentos de cerâmica chinesa; fragmentos de cerâmica holandesa; fragmentos de faianças do século XVII, com decoração em azul-cobalto; um pitorro em faiança e um botão em vidro. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 240. Perspetiva atual do sítio Pinhal da Areia 1. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 241 E 242. Na imagem à esquerda, núcleo de grandes dimensões em sílex com levantamentos; núcleo em sílex com levantamentos; núcleo discóide em sílex e lasca em sílex de tipo furador. Na imagem à direita, dois fragmentos indeterminados e um fragmento de fundo de grés. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 243 E 244. Na imagem à esquerda, fragmento de botão em vidro. Na imagem à direita, onze fragmentos de azulejos, com decoração azul, do século XVIII e fragmento de azulejo, com decoração amarela, do século XVII. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 245. Pitorro; oito fragmentos de bordos; fragmentos indeterminados e fragmentos de fundo de faianças, com decoração azul-cobalto, do século XVII. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 246. Fragmento de bordo de cerâmica escura, provavelmente importada e dois fragmentos de porcelana chinesa, com representação de pagode. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 72 DESIGNAÇÃO: Quinta do Calcanhar 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achados Isolados FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:13,951 LONGITUDE: -8:58:58,895 ALTITUDE: 31m CRONOLOGIA: Paleolítico DESCRIÇÃO: Neste local e no âmbito do projeto “Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita”, o arqueólogo Tiago do Pereiro identificou material lítico, com vestígios de utilização humana, nomeadamente duas lascas de quartzito com algum retoque. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 247. Perspetiva atual do sítio Quinta do Calcanhar 1. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 248. Duas lascas em quartzito, com marcas de uso. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 73 DESIGNAÇÃO: Mãe de Água da Moita N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Cisterna FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:58,057 LONGITUDE: -8:59:03,570 ALTITUDE: 18m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: A Mãe de Água da Moita é um reservatório que foi construído para receber a água da nascente e depois distribuí-la até ao chafariz. A água era encanada através de canos em pedra, assentes em pilares, mais altos ou mais baixos, conforme o declive do terreno, de forma a facilitar o seu escoamento. A sua construção integra-se no contexto da obra do referido chafariz, com o propósito de melhorar o abastecimento público da água à população da vila da Moita. Foi uma obra muito importante já que envolveu sistemas de captação, manutenção, condução e estrutura para saída da água. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 249. Perspetiva atual da Mãe de Água da Moita. Fotografia de Rui Correia.
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MAPA 19. Mapa com a georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 74 ao nº 99
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CODARQ: 74 DESIGNAÇÃO: Reservatório da Rua Manuel da Fonseca N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Cisterna FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:53,473 LONGITUDE: -8:59:20,090 ALTITUDE: 8m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: O reservatório, localizado no pátio da Escola nº.2 da Moita, enquadra-se no projeto de melhoramentos dos equipamentos de condução de água para o chafariz. Funcionava como uma estação intermédia entre a Mãe de Água e o fontanário, localizado na praça da vila da Moita. Pelas características arquitetónicas terá sido construído no século XIX, para melhorar o aproveitamento público da água. Aliás, numa reunião de Câmara, realizada em 16 de fevereiro de 1828, temos notícia de que foi concedido cem mil reis em metal para as obras relacionadas com o chafariz. BIBLIOGRAFIA: Inédito
FOTOGRAFIA 250. Perspetiva atual do Reservatório da Rua Manuel da Fonseca. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 75 DESIGNAÇÃO: Forno de Vidro N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Forno FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:46,700 LONGITUDE: -8:59:42,462 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Por alvará, datado de 1 de março de 1606, o rei Filipe II concedeu, a Dom Henrique Pereira, licença para construir um forno de vidro, na sua quinta na Moita, termo da vila de Alhos Vedros. A referida autorização veio no seguimento de uma petição, feita pelo Henrique Pereira, na qual expunha como argumento a existência de muitos matos para sustentar o forno, cuja edificação seria de grande utilidade para a vila. Efetivamente, a sua instalação e funcionamento terá sido um processo muito rápido, tendo ocorrido no mesmo ano da outorga do alvará, já que a 7 de outubro de 1606, temos o registo de óbito de João Gorron, mestre do forno de vidro: “Aos 7 dias do mez d’outubro de 606 faleceu no forno do vidro termo desta villa João Gorron, recebidos todos Sacramentos da Sancta Madre Igreja, está enterrado em S. Sebastião da Mouta furtivamente sendo fregues desta villa, por eu estar absente a esse tempo delhe Nosso Senhor a gloria. Amen.” A informação de que João Gorron ocupava o lugar de mestre vidreiro é-nos fornecida, pelo registo de batismo de sua filha Leonor, em 1 de janeiro de 1607: “No primeiro dia do mez de janeiro de 1607, baptizei na Egreja matrix de S. Lourenço desta villa d’Alhos Vedros Lianor filha de João Gorron mestre do forno do vidro que está na quinta de Dom Henrique Pereira termo desta villa, e de Catherina Mendes sua molher, (…).” Ao considerarmos estas referências, podemos admitir que João Gorron, presumivelmente de nacionalidade estrangeira, terá sido o primeiro mestre do forno de vidro. Mas foram vários os mestres, bem como os trabalhadores que laboraram no forno, a exercerem outras funções, como é o caso dos oficiais, dos atiçadores e do tomador. Habitualmente estas oficinas vidreiras, de produção tecnológica medieval, eram lideradas por um mestre que tinha sob a sua dependência uma equipa de cinco a oito homens para executarem o trabalho. Funcionavam de forma rudimentar e produziam um vidro de fraca qualidade. O sistema económico de exploração do forno de vidro, era feito através do arrendamento, normalmente por um período de três anos, como é comprovado pela escritura, datada de 11 de maio de 1692. Neste documento, o proprietário Dom António Jorge de Mello arrendou o referido forno a Manoel dos Santos Oliveira, morador na vila da Moita, pela quantia de cinquenta e cinco mil reis, pagos em duas prestações, uma pelo São João e a segunda pelo Natal. O forno de vidro terá provavelmente funcionado até meados do século XVIII, uma vez que as Informações Paroquiais de 1758, fazem a seguinte menção: “(…) só três
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ou quatro vizinhos se acham juntos no sítio do Forno do Vidro junto à ponte da vila da Mouta; no qual Forno do Vidro há muitos anos se não fabrica vidro e se acha demolido.” Atualmente encontra-se totalmente em ruínas. BIBLIOGRAFIA: Chancelaria de D. Filipe II, Privilégios, Tomo 4, Fl.49. Escritura de Arrendamento, do Livro Nº8/29, do Tabelião Tomé de Mattos Netto (1690-1693), Fls.51v-53. Livro de Óbitos de Alhos Vedros (1599-1627), Fls.120-120v. Livro de Batismos de Alhos Vedros (1599-1629), Fl.25. ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.19. CUSTÓDIO, Jorge – A Real Fábrica de Vidros de Coina (1719-1747) e o Vidro em Portugal nos Séculos XVII e XVIII, Departamento de Estudos/IPPAR, Lisboa, 2002. PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008. PORTELA, Miguel – “Os mestres vidraceiros da Idade Moderna na Estremadura” In Revista MVSEV, IV Série, Nº.22, 2015/2016, pp.47-76. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006, pp.236-240.
FOTOGRAFIA 251. Perspetiva atual das ruínas do Forno de Vidro. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 76 DESIGNAÇÃO: Estação Ferroviária da Moita N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:39,043 LONGITUDE: -8:59:50,323 ALTITUDE: 8m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Embora se desconheça a data de construção da Estação da Moita, pensamos que terá sido edificada no decorrer do projeto do troço ferroviário inicial, em 1859, Barreiro/Vendas Novas, e concluído no ano de 1861. No início da década de trinta do século XX, com a duplicação da linha ferroviária entre Barreiro e Pinhal Novo, a estação terá sofrido obras de renovação, assumindo uma tipologia arquitetónica que caracterizou algumas das estações, nomeadamente na parte decorativa dos azulejos, dispostos a formar as iniciais da localidade. No caso da estação da Moita, os azulejos em azul, estavam colocados a formar a letra M, como identificação do lugar. A estação foi demolida com a eletrificação da linha, em 2008. BIBLIOGRAFIA: Diário do Governo Nº.202, de 29 de agosto de 1854.
FOTOGRAFIA 252. Perspetiva da antiga Estação Ferroviária da Moita. Fotografia cedida por Victor Manuel.
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CODARQ: 77 DESIGNAÇÃO: Praça de Touros Nossa Senhora da Boa Viagem N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:05,367 LONGITUDE: -8:59:40,572 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Este edifício foi edificado em 1872, tendo recebido a designação de Praça de Touros de Nossa Senhora da Boa Viagem ou Praça da Caldeira. Uma parte da praça era construída em madeira e outra em alvenaria, tinha capacidade de quatro mil lugares e acomodava quarenta e dois camarotes. Manteve-se em funções até 1947, o último ano em que se realizaram corridas. Em 1948, a Inspeção Geral dos Espectáculos determinou a sua demolição, por não garantir condições de segurança. Durante dois anos não se realizaram espectáculos taurinos, o período de tempo necessário para adquirir terreno e construir a nova praça de touros, a atual Daniel do Nascimento. Convém ainda acrescentar que na vila da Moita, a tradição taurina existe fervorosamente desde 1835, quando os festeiros do Arraial de Nossa Senhora da Boa Viagem requereram, à Câmara Municipal da Moita, autorização para procederem a uma capação de touros, nas tardes dos dias 9 e 10 de setembro desse ano. BIBLIOGRAFIA: Catálogo da Exposição “Dos Cultos Táuricos à Festa de Touros: A Tauromaquia na Moita (Séculos XVIII-XX)”, Câmara Municipal da Moita, setembro de 2009. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006.
FOTOGRAFIA 253. Perspetiva da Praça de Touros Nossa Senhora da Boa Viagem. Fotografia cedida pela Sociedade Moitense de Tauromaquia.
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CODARQ: 78 DESIGNAÇÃO: Moinho de Vento da Caldeira N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Moinho FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:56,304 LONGITUDE: -8:59:40,556 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Encontra-se inscrita no topo da porta do moinho, a data da sua edificação, 1828, acompanhada por um painel de azulejos que contém o registo da mesma data. Este painel é uma cópia do original e foi aqui colocado, no ano de 2009, após a retirada do painel primitivo que, entretanto, foi submetido a um trabalho de restauro e posteriormente guardado. A temática do painel é religiosa, estando nele representado o Santo António e a Nossa Senhora da Conceição. Em termos construtivos, trata-se de uma torre fixa, cilíndrica, construída em alvenaria de pedra e cal, constituída por piso térreo, sobrado e sótão. Pertencia à família de Dona Antónia Maria de Madureira Borges Carvalho e passou para a posse da Câmara Municipal da Moita em 1980. Na década de noventa do século XX, foi sujeito a uma intervenção, mas devido aos sucessivos arrombamentos da porta, foi emparedado. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume I, 2005.
FOTOGRAFIA 254. Perspetiva atual do Moinho de Vento da Caldeira. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 79 DESIGNAÇÃO: Moinho de Maré do Alimo N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Moinho de Maré FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:53,082 LONGITUDE: -8:59:36,779 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Idade Média/Idade Moderna DESCRIÇÃO: A referência mais antiga que se conhece do Moinho do Alimo, encontra-se na Visitação de 1523, na menção à ponte da estrada da Moita: «(…) na estrada que vay d’Alhos Vedros pera a Mouta era obrigado Antonio de Mendonça fidalgo da casa d’el Rej meu senhor fazer pomte de pedra em hũua alinadoira por onde se despejam os seus moynhos, e nom tem fecta e per jso o pouo recebe perda e opressam por causa da seruintia pollo qual mamdámos aos juízes que lhe requeiram e notefyquem que faça a dita pomte de pedra (…).» Nesta data, o moinho ainda não tinha recebido a designação, pela qual passou a ser conhecido, nos séculos posteriores. Terá sido o Conde de Alvor, no final do século XVII e início do XVIII, a atribuir-lhe o nome, como podemos verificar no seguinte excerto de uma ata de vereação, datada de 27 de março de 1716: «(…) o Excellentissimo Senhor Conde de Alvor queria mandar reedificar hum moinho que tinha chamado o do alimo de cujas reedificassões se seguia a todos os moradores desta dita villa e seu termo muita utilidade e expecialmente a todos os que tem embarcassoens em que de presente se experimenta grande prejuízo em razam de se achar a cal do porto desta villa emtopida por lhe faltar o exercissio do dito moinho pois de não mover delle seguio a dita ruina (…).» Verificamos que no ano de 1716, o Moinho do Alimo encontrava-se não só danificado, como já não exercia a sua atividade de moagem, contribuindo para o assoreamento da cala do porto e consequentemente para prejuízo da navegação. Segundo as Informações Paroquiais da Moita de 1758, o Moinho de Maré do Alimo tinha três aferidos, ou seja, três pares de mós e ficava situado no local onde “finda o dito rio” [da moita]. As escrituras de arrendamento ajudam a acrescentar-lhe outros elementos, como a de 1809 que nos dá a informação, de estar situado no Cais do Tojo e ter como anexos um armazém e casas. Nesta data, era propriedade de Domingos Magalhães Queirós. Entretanto, as escrituras do século XVIII noticiam-nos nomes de outros proprietários, como a Condessa da Ribeira Grande, em 1767 e o Conde de Aveiras, em 1797. Nas descrições do Tombo da Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros de 1781, mais concretamente, a 18 de dezembro do dito ano, no auto em que foram decretadas as medições e demarcações, temos a seguinte descrição do Moinho do Alimo: «(…) três pujadoiros de três pedras que no mesmo moinho existem, e passando a medir o fundo da mesma casa, que faz frente para a porta por onde entram as águas do mar
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para a dita caldeira, (...) até encontrar com o muro de pedra e cal que se edificou para segurança da caldeira, (…). E medindo a largura de um portal que dá serventia para um pequeno cerrado que se acha entre a caldeira e forno [Forno de Cal do Conde da Ribeira] (...) e medindo deste sítio pelo mesmo rumo e lado, à frente de umas casas térreas que ficam místicas ao dito moinho, até onde principiou.» Foi ainda realizado o termo de avaliação deste local com a seguinte referência: «(...), e por eles [os avaliadores] foi dito que avaliaram a propriedade do dito moinho com as suas pertenças, de seu valor na quantia de três mil cruzados, e de foro anual na quantia de seis mil reis (…).» Este moinho terá sido demolido na primeira metade do século XX, uma vez que ainda perdura a sua memória, em algumas pessoas da Moita. BIBLIOGRAFIA: Livro de Vereações da Moita, de 1715-1720, Fls.21 e 21v. ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.84. LEAL, Ana de Sousa e PIRES, Fernando – Alhos Vedros nas Visitações da Ordem de Santiago, Comissão Organizadora das Comemorações do 480º. Aniversário do Foral de Alhos Vedros, 1994, p.40. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume I, 2005, pp.116-120. Tombo da Santa Casa da Misericórdia de 1781, Alhos Vedros.
FOTOGRAFIA 255. Perspetiva do Moinho de Maré do Alimo. Fotografia cedida por Victor Manuel.
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CODARQ: 80 DESIGNAÇÃO: Travessa Conde Ferreira N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Outros FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:57,676 LONGITUDE: -8:59:35,744 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: Já antes do acompanhamento do programa Polis, em 2006, António Gonzalez havia identificado uma roda dentada, em pedra calcária, de grandes dimensões, integrada numa parede de pedra de um grande edifício em ruínas, cuja função e origem permanecem desconhecidas. Persiste também a incógnita de saber se esta roda teve alguma vez utilização. O facto de se localizar na Travessa Conde Ferreira, onde antigamente estava localizada a Fábrica da Sola, leva-nos a suspeitar que tivesse alguma ligação a esta fábrica, mas tal facto carece de confirmação futura. Existe ainda a possibilidade de ter sido utilizada numa máquina ligada à indústria naval ou a operações portuárias. Esta roda dentada foi doada à Câmara da Moita, em 2017, pelo seu proprietário, o senhor Carlos Lopes. Presentemente encontra-se exposta, junto à porta principal da Capela de S. Sebastião. A roda apresenta as seguintes dimensões: tem quarenta dentes; diâmetro um metro e trinta e três centímetros; espessura vinte seis centímetros e no centro dispõe de um buraco quadrado, cujos lados medem vinte e um centímetros por vinte seis centímetros de profundidade. BIBLIOGRAFIA: MENDES, Vitor Pereira – “A Fábrica da Sola da Moita” In As Mulheres e o Trabalho: A Indústria de Vestuário no Concelho da Moita, Câmara da Moita, 2017, pp.27-33.
FOTOGRAFIA 256. Roda dentada integrada na parede da casa, existente na Travessa Conde Ferreira. Fotografia de António Gonzalez.
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CODARQ: 81 DESIGNAÇÃO: Escola Primária Conde Ferreira N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:56,929 LONGITUDE: -8:59:33,297 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: A 26 de junho de 1869, a Câmara da Moita arrematava a obra, para construção da escola pública do sexo masculino, com o legado de 1.200$000 reis, concedido pelo falecido Conde de Ferreira. A 11 de julho de 1870, a escola foi inaugurada, com a presença das autoridades administrativas, judiciais e paroquiais, cidadãos residentes no concelho, professor da instrução primária da freguesia e seus alunos. Foi demolida na década de sessenta do século XX, não restando qualquer vestígio do edifício. BIBLIOGRAFIA: Livro de Vereações da Moita, de 1869-1873. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006, pp.67-69.
FOTOGRAFIA 257. Perspetiva da Escola Conde Ferreira. Fotografia cedida por Victor Manuel.
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CODARQ: 82 DESIGNAÇÃO: Rua da Quintinha N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Aqueduto FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:00,085 LONGITUDE: -8:59:31,700 ALTITUDE: 5m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Neste local, foi identificado pelos arqueólogos António Gonzalez e Ricardo Santos, um fragmento de uma manilha, com um diâmetro total de doze centímetros, que estaria no interior de um muro de alvenaria, feito de pedra e cal, com sessenta centímetros de largura. A manilha estaria coberta com alvenaria em abóbada e fazia parte de uma estrutura (aqueduto) que garantia o abastecimento de água desde a Mãe de Água até ao Chafariz Municipal, situado na praça D. Carlos I, atual Praça da República. BIBLIOGRAFIA: SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume I, 2005 e Volume II, 2006.
FOTOGRAFIAS 258 E 259. Na imagem à esquerda, perspetiva atual da Rua da Quintinha, por onde passava o aqueduto. Na imagem à direita, fragmento de manilha do aqueduto. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 83 DESIGNAÇÃO: Matadouro da Moita N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:03,430 LONGITUDE: -8:59:40,204 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Média/Idade Moderna DESCRIÇÃO: Na travessa do Matadouro, como o seu topónimo indica, existia um edifício vocacionado para o abate e desmanche de animais. Não temos indicações do início da sua atividade, mas seria, muito provavelmente, da Idade Moderna ou Contemporânea. A existência documentada de açougues, nas principais localidades (Alhos Vedros e Moita), confirma a importância económica dos espaços de abate de animais, era através deles que se assegurava o abastecimento de carne às populações. Por esta razão, era uma atividade regulada pelo Senado das Câmaras, por exemplo, para se exercer o ofício de cortador de carnes, havia necessidade de uma licença. Em 1629, foi concedido a Agostinho Gomes uma licença, para cortar carne no açougue de Alhos Vedros e em 1630, Manuel Preto obteve licença para cortar carne na Moita. Desconhecemos a data do encerramento do Matadouro, mas na atualidade o edifício deu lugar a uma nova construção. BIBLIOGRAFIA: Inédito
FOTOGRAFIA 260. Perspetiva atual onde se situava o Matadouro da Moita. Fotografia de Adélia Queirós.
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CODARQ: 84 DESIGNAÇÃO: Fábrica da Sola da Moita N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Complexo Industrial FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:02,632 LONGITUDE: -8:59:36,880 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: A Fábrica da Sola foi instalada em 1786, junto ao esteiro da vila da Moita, por José Vicente Soares, Capitão do Real Corpo de Engenheiros. Destinava-se a fazer o curtimento das peles e couros, para produção de sola e de peças mais delicadas, necessárias na confeção de vestuário. A decadência desta fábrica é logo assinalada em 1812, mas foi em 1821 que foi arrematada, com a indicação de que já não laborava há muitos anos. Na atualidade não existe nenhum vestígio desta fábrica, o seu lugar foi preenchido por habitações e lojas de pequeno comércio. BIBLIOGRAFIA: MENDES, Vitor Pereira – “A Fábrica da Sola da Moita” In As Mulheres e o Trabalho: A Indústria de Vestuário no Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2017, pp.27-33.
FOTOGRAFIA 261. Perspetiva atual da rua, onde se situava a Fábrica da Sola da Moita. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 85 DESIGNAÇÃO: Clube da Moita N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:04,716 LONGITUDE: -8:59:36,451 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: O Clube Recreativo Moitense, situado na atual Rua Dr. Silva Evaristo, era um local de reunião e de cultura, frequentado pelas famílias de estatuto social mais elevado, da vila da Moita. Por esta razão, era também conhecido pelo Clube dos ricos, uma vez que só os elementos pertencentes às famílias mais abastadas, podiam ser sócios e seus frequentadores. Este Clube foi criado no dia 5 de janeiro de 1915, por um grupo de sócios fundadores que se organizaram com o objetivo de criar um espaço, onde fosse possível dinamizar e incrementar ações culturais e de entretenimento. Curiosamente, foram considerados sócios fundadores, todos aqueles que se inscreveram até ao dia 8 de fevereiro de 1915. Teve os seus estatutos, em 15 de março de 1929 e supõe-se ter recebido alvará, do Governo Civil de Setúbal, em 25 de abril de 1929. Durante muitos anos, o Clube proporcionou horas de convívio social e cultural, com a organização de bailes, recitais, jogos, espectáculos musicais, teatro e biblioteca. Numa época em que as diversões eram poucas ou nenhumas, este espaço foi, sem dúvida, um elemento cultural de referência da vila da Moita. Os eventos aí realizados, chegaram a ser notícia da Ilustração Portuguesa que, em 11 de outubro de 1915, publicou, em uma das suas páginas, um amplo registo fotográfico das suas atividades culturais e desportivas, acompanhado de um apontamento escrito, intitulado “Grandes Festas do Club da Moita”. Um outro programa, referente ao Carnaval de 1923, realça a importância e o brilhantismo das iniciativas que eram promovidas por este Clube. Segundo parece, uma das figuras que se destacou na dinamização cultural do Clube Recreativo Moitense, foi o médico da vila, o Dr. Alexandre Sequeira, considerado por muitos, como sendo a força anímica desta coletividade. Presentemente o edifício encontra-se em ruínas e na iminência de ruir, a qualquer momento, contudo ainda apresenta uma fachada imponente, ritmada por um conjunto de seis grandes janelas e duas portas, com vãos guarnecidas em pedra. A parte superior termina numa platibanda, um elemento horizontal de remate, ricamente decorado por motivos ornamentais, rendilhados e floreados, em cerâmica vidrada. BIBLIOGRAFIA: Ilustração Portuguesa, Nº.503, de 11 de outubro de 1915, p.479. Estatutos do Clube Recreativo Moitense. Programa de Carnaval, de 1923.
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FOTOGRAFIA 262. Perspetiva atual do Clube Recreativo Moitense. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 86 DESIGNAÇÃO: Casarão N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:06,677 LONGITUDE: -8:59:36,341 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: Na antiga Praça do Príncipe D. Carlos, atual Praça da República, existiu um edifício senhorial muito antigo que, além de ter passado por diversos proprietários, desempenhou igualmente diferentes funções, como estalagem, casa de câmara e mais tarde, asilo de Nossa Senhora da Boa Viagem, sendo então administrado pela fábrica da igreja, com o mesmo nome. Desconhecemos a data da sua edificação, mas esta multiplicidade de funções, está claramente interligada com a sua localização privilegiada, junto à praça principal da Vila da Moita, ao cais e às ruas onde se desenvolviam as atividades económicas e a vida política. Na atualidade não existe qualquer vestígio do seu edifício, no seu lugar temos a sede do Banco Santander. BIBLIOGRAFIA: SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006.
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FOTOGRAFIA 263. Perspetiva atual do sítio, onde se situava o Casarão. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 264. Perspetiva da Praça, no século XIX, com o edifício do Casarão. Fotografia Câmara Municipal da Moita.
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CODARQ: 87 DESIGNAÇÃO: Chafariz Municipal da Vila da Moita N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Chafariz FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:08,313 LONGITUDE: -8:59:39,294 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Na antiga Praça do Príncipe D. Carlos, atual Praça da República, existiu um chafariz, cuja obra de construção iniciou-se, em Setembro de 1825 e terminou, em Maio de 1826. Segundo o projeto de 1824, o chafariz estava assente sobre uma plataforma, ao qual se acedia através de uma escadaria, constituída por cinco degraus em pedra. A parte superior era rematada por três elementos decorativos de forma ovoide. A frente em cantaria do chafariz estava virada para o Pelourinho e tinha gravado na pedra as armas reais e a seguinte inscrição "Utilidade Publica". As duas bicas de bronze para uso do povo, ficavam localizadas logo por baixo desta tabela, das quais a água corria permanentemente “para hum recipiente, de donde se repartem para dois tanques lateraes, também de cantaria, para os gados e cavalgaduras, sendo tudo circundado de calçada, para maior conservação da obra, que se ultimou em Maio deste anno; tendo importado em nove contos cento e noventa e seis mil duzentos e vinte e sete réis, parte de cuja quantia sahio efectivamente do Cofre das Sizas daquela Villa, isto he, quatro contos, e o restante foi suprido pelo cofre das Obras das Pontes e Estradas, fiscalizadas pela Repartição das Obras Publicas, a qual ha de ser indemnizada da quantia despendida, por metade da sobra das Sizas da mesma Villa, em conformidade das Reaes Ordens, que estabelecêrão esta providencia, para que os trabalhos se não interrompessem; tendo esta obra sido administrada pela Camara respectiva, e dirigida por diversos empregados na Casa do Risco das mesmas Obras Publicas.” A Gazeta de Lisboa, de 1826, noticiava, assim, a conclusão da obra do chafariz, com esta notável descrição arquitetónica da estrutura, seguida de uma relação pormenorizada da despesa, onde descrimina as entidades envolvidas e o compromisso assumido por ambas, na construção. Este periódico, na abertura da notícia, evidenciava a importância do chafariz para a vila da Moita, cuja construção ia resolver, não só as necessidades de falta de água que a vila carecia, como também um problema de saúde pública, na medida em que a população iria deixar de recorrer à água dos poços que, além de imundos, eram a causa de graves moléstias. O Chafariz recebia água canalizada vinda do Alto do Carvalhinho, mais concretamente o sítio do Quadrado, até à mãe de água, passando depois no Reservatório da Rua Manuel da Fonseca, onde a água era filtrada e distribuída por um cano em barro vidrado, pela rua da quinta, travessa da quintinha e a rua Silva Evaristo.
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Esta estrutura acabou por ser retirada, em 1928, na condição de ser colocada no largo do Arneiro, atual largo do Trabalhador Rural, mas essa montagem nunca se chegou a concretizar. Desconhecemos onde se encontram atualmente as pedras do chafariz. BIBLIOGRAFIA: Arquivo Histórico das Obras Públicas, Projeto do Chafariz de 1824. Gazeta de Lisboa, Nº.160, 8 de Julho de 1828. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006, p.35.
FOTOGRAFIA 265. Perspetiva geral da Praça do Príncipe D. Carlos, com o Chafariz da Vila da Moita. Fotografia Câmara Municipal da Moita.
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CODARQ: 88 DESIGNAÇÃO: Pelourinho da Moita N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Pelourinho FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:12,421 LONGITUDE: -8:59:41,469 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Segundo a sessão de Câmara, de 14 de setembro de 1816, o Pelourinho da vila da Moita ficava localizado em frente à Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, mas devido ao facto de estar situado numa rua estreita, impedia a passagem que devia «ser livre e fronteira à porta principal da Igreja Matris desta villa, sitio portanto improprio para elle, que com mais razão deve estar em huma, digo, em sitio largo e espaçozo para ahi se fazer a praça publica da villa, escolhendo-se para isso aquelle que estiver mais no sentro da villa, como estes requezitos todos eles correm ao sitio que fica fromteiro às Cazas da Camara e Fonte desta villa, e atendendo aos motivos asim expostos: e por isso uniformente acordarão, que o dito Peloirinho se transferisse para o sitio mencionado.» Tudo nos leva a crer que a transferência do Pelourinho, para a futura praça da vila da Moita, foi concretizada, já que na documentação, sobretudo nas atas das vereações, esse local passou a ser designado por Praça do Pelourinho. Porém, ter-se-á degradado com o tempo e devido ao seu estado avançado de ruína, colocava em risco a vida dos transeuntes. Face à iminência de ruir, a qualquer momento, a Vereação de Câmara, na sessão de 29 de agosto de 1872, deliberou retirar o Pelourinho e «conduzir a pedra para um ponto onde não cause estorvo, até ser precizo dar-lhe applicação.» Parece que não chegou a ser dada qualquer aplicação às ditas pedras e estas acabaram por desaparecer para parte incerta. Presentemente no local, onde deveria estar o Pelourinho, encontra-se uma Coluna Padrão que assinala as datas de 1140, 1640, 1690 e 1940, referentes respetivamente, à fundação da nacionalidade, restauração da independência, criação do concelho (cuja data está errada, o concelho da Moita foi criado em 1691) e Comemoração do Terceiro Centenário da Restauração da Nacionalidade. A Coluna é rematada por uma esfera armilar, como forma de evocar a época dos descobrimentos. Trata-se de um projeto de Joaquim Penim Marques e obra do engenheiro Luís Ricardo. Foi inaugurada no dia um de dezembro de 1941. BIBLIOGRAFIA: Livro de Vereações de 1811-1818, Fls.160 e 160 v. Livro de Vereações de 1869-1873, Fls.184, 184 v. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2005, pp.228-238.
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FOTOGRAFIA 266. A atual Coluna Padrão a ocupar o centro da Praça da República, supostamente no lugar do antigo Pelourinho da Moita. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 89 DESIGNAÇÃO: Paços do Concelho da Moita N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:08,205 LONGITUDE: -8:59:40,719 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Os Paços do Concelho foram construídos no início da década de setenta do século XIX, no terreno que a Câmara havia adquirido, na Praça do Pelourinho, a José Joaquim da Silva Evaristo. Em dezembro de 1872, foi nomeado para inspetor encarregado da obra, o Engenheiro Marcelino Faria. No dia 9 de janeiro de 1873, procedeu-se à arrematação da obra, do edifício da Câmara, adjudicada a Joaquim Gonçalves Pereira, pela quantia de sete mil, quatrocentos e noventa reis (7.490$000). Numa sessão de Câmara, realizada em janeiro de 1874, faz-se referência às obras estarem quase terminadas e à intenção de alterar o nome da Praça do Pelourinho para Praça do Príncipe D. Carlos, cuja denominação foi autorizada pelo Governo Civil, em 26 de maio de 1874. Na década de cinquenta do século XX e no âmbito de um projeto de obras de beneficiação, o edifício recebeu o pórtico neoclássico, atribuindo à fachada uma grande imponência. BIBLIOGRAFIA: Livro de Vereações, de 1869-1873. Livro de Vereações, de 1873-1876. Livro de Actas da Câmara Municipal do Concelho da Moita, 1950-1952. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006.
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FOTOGRAFIA 267. Perspetiva atual dos Paços do Concelho da Moita. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 90 DESIGNAÇÃO: Cais da Moita N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Cais FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:11,061 LONGITUDE: -8:59:45,982 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Média/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: O cais da Moita sempre teve um papel primordial na vila da Moita, ao longo dos séculos. Toda a vida da vila gravitava em seu torno. Era daqui que eram feitos os embarques para a cidade de Lisboa, de pessoas e de mercadorias. As ligações regulares com a capital, converteu o Cais da Moita num importante nó de ligação, entre o sul do país e aquela metrópole. Pelo barco afluíam as mercadorias e assegurava-se a passagem de viajantes, provenientes de Castela, do Alentejo, Algarve “e mais terras da beira mar da parte do sul, que fazem tranzito por aquella villa.” Devido ao seu movimento diário, houve necessidade de substituir as suas antigas estruturas de madeira por pedra, no ano de 1722. A obra foi paga pelos donos dos barcos e das bateiras da vila e seu termo, bem como pelos seus arrais. Para assinalar este facto, foi colocada uma placa em pedra, numa das paredes da muralha, com a seguinte inscrição: «Em utilidade pública por arbítrio do Senado desta villa da Mouta acusta dos donos dos Barcos e dos navegantes delles teve princípio a 4 de Agosto de 1722 e findo a 5 de Fevereiro de 1723» Esta placa foi retirada e guardada, aquando da última intervenção que se realizou na caldeira e no cais. Entretanto, foi colocada na zona de entrada para o cais, uma similar com a mesma inscrição. No Retrato em Movimento temos a seguinte descrição tipológica do cais: «Em termos de tipologia, o cais apresenta-se como uma estrutura rudimentar, de planta rectangular, de linhas rígidas e formas robustas, mas funcional para a atracagem das embarcações, sendo edificado com grandes lajes de pedra, ao qual se tem acesso por uns degraus também de pedra.» BIBLIOGRAFIA: SANTOS, Maria Clara – “Contrato celebrado entre os almocreves de Setúbal e os arrais da Moita (1721)” In Musa – museus, arqueologia e outros patrimónios, Volume 2, FIDS/MAEDS, Setúbal 2005/07, pp.112-117. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, 2004, p.91.
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FOTOGRAFIA 268. Perspetiva atual do Cais da Moita. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita.
FOTOGRAFIA 269. Perspetiva antiga do Cais da Moita. Fotografia da Câmara Municipal da Moita.
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CODARQ: 91 DESIGNAÇÃO: Beco do Espanhol N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 32496 TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:10,340 LONGITUDE: -8:59:40,477 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: No âmbito do projeto de obras de requalificação do espaço, sob a responsabilidade da Câmara Municipal da Moita e do arqueólogo Tiago do Pereiro, em 2007, foram realizadas três sondagens de diagnóstico que permitiram a observação do espaço. O Beco do Espanhol, desconhece-se a origem deste topónimo, estende-se por um corredor orientado SO para NE34 que termina num pequeno pátio rodeado de casas antigas e com um poço no meio. Aqui, foram identificados vestígios de ocupação local que remonta ao século XV. As sondagens efetuadas, permitiram concluir que: «as estruturas de habitações identificadas não foram construídas todas ao mesmo tempo, e a sua organização supõe que este local nem sempre teria sido um beco, mas uma pequena rua semelhante a muitas que ainda compõem o núcleo histórico da Moita. A primeira ocupação do espaço terá ocorrido por volta do século XIV ou XV, devido às características das cerâmicas identificadas. A quantidade de cerâmica exumada, levou a considerar que em finais do século XVI e inícios do século XVII, os indivíduos que ali habitavam, deviam utilizar muita cerâmica nas suas atividades, podendo mesmo existir uma taberna ou uma olaria. Foi ainda identificado um poço de água. Posteriormente aos despejos do século XVI - XVII, a configuração do beco começou a desenvolver-se tal qual se conhece hoje». Do material arqueológico exumado, desta intervenção arqueológica, destacamos o material cerâmico, como as panelinhas que podemos observar nas fotografias, as faianças do século XVII, as moedas e as hastes de cachimbo de cerâmica vermelha e em caulino. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Relatório final da escavação arqueológica do Beco do Espanhol, 2007.
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SO = Sudoeste e NE = Nordeste
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FOTOGRAFIA 270. Perspetiva atual do Beco do Espanhol. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 271. Panela de bordos planos, de cerâmica vermelha, reconstituída pelo arqueólogo Tiago do Pereiro. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 272. Panela de bordos planos, de pasta vermelha, reconstituída pelo arqueólogo Tiago do Pereiro. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 273. Fragmentos de bordos de cerâmica vermelha e fragmentos indeterminados de cerâmica vidrada verde melado. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 274 E 275. Na imagem à esquerda, seis fragmentos de bordos de faianças com decoração azul-cobalto; oito fragmentos de faianças com decoração azul-cobalto e manganês, do século XVII. Na imagem à direita, três botões em bronze. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 276 E 277. Na imagem à esquerda, três moedas: a maior data de 1883 e duas indeterminadas. Na imagem à direita, dois fragmentos de haste de cachimbo, um em cerâmica vermelha e outro em caulino. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 92 DESIGNAÇÃO: Escola Primária Feminina da Moita N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:11,228 LONGITUDE: -8:59:40,703 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Na sessão de Câmara, de 4 de junho de 1881, fala-se da necessidade de contrair um empréstimo, destinado a construir uma sala do sexo feminino e casa de habitação para a professora. A 15 de setembro do mesmo ano, faz-se a sessão de arrematação da referida obra que consistia na construção de uma casa para escola do sexo feminino e residência para a professora. Esta escola seguiu o modelo arquitetónico da escola Conde Ferreira. Presentemente o edifício foi convertido no Posto de Turismo do Concelho da Moita. BIBLIOGRAFIA: Livro de Vereações da Câmara da Moita.
FOTOGRAFIA 278. Edifício da antiga Escola Primária Feminina da Moita, onde funciona atualmente o Posto de Turismo. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita.
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CODARQ: 93 DESIGNAÇÃO: Altar de Nossa Senhora da Piedade N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Outros FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:11,516 LONGITUDE: -8:59:41,786 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: O altar de Nossa Senhora da Piedade localiza-se no núcleo urbano antigo da vila da Moita, numa das travessas com o mesmo nome. É constituído por um painel de azulejos azuis e brancos, produzidos pela fábrica de Sant’Anna, em 1964. O painel apresenta-se assinado, no canto inferior direito, com o nome Ribeiro. A Nossa Senhora da Piedade está aqui representada com um manto, ricamente bordado, que lhe cobre todo o corpo, tendo na cabeça a coroa real. A figura da Senhora foi reproduzida sentada, segurando no seu colo, o corpo morto do seu filho Jesus. A gravura é rematada na base, por uma pequena flâmula branca, com as seguintes palavras: “Nª. Senhora da Piedade Rogai Por Nós – 1964”. Efetivamente, trata-se de uma reprodução do painel original que, terá sido construído pelos moradores deste núcleo urbano, no século XVIII. Neste a Nossa Senhora apresentava-se sem coroa e com roupas singelas. A pessoa que cuidava deste nicho conservou esses azulejos que ainda foram mostrados ao António Gonzalez, mas com a morte da cuidadora, os azulejos estarão em parte incerta. BIBLIOGRAFIA: SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, 2004, p.79.
FOTOGRAFIA 279. O Altar de Nossa Senhora da Piedade. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita.
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CODARQ: 94 DESIGNAÇÃO: Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Igreja FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:12,766 LONGITUDE: -8:59:40,876 ALTITUDE: 4m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Edificada em 1631, pelos moradores do lugar da Mouta. As razões então invocadas, para a sua construção, estavam relacionadas com a distância e o difícil acesso à Capela de S. Sebastião “esta lonje do lugar junto aos matos” por “caminhos de barrancos e entre vallados em muito perigo e endecencia”; bem como a necessidade de celebrar missa aos viajantes que iam e vinham “das muitas partes deste Reino dalem Tejo e de Castela”. A construção da igreja foi orientada para poente, apresentando na sua fachada principal um portal rematado por um frontão triangular, ao gosto maneirista. É constituída por uma só nave, com o púlpito de pedra localizado no centro, um dos registos da construção do século XVII. Os painéis de azulejos, datados de 1719, revestem todas as paredes da nave, formando um interessante conjunto artístico. Cada painel narra uma cena da vida da virgem, tendo como separador uma moldura muito sóbria de folhas de acanto. Além dos azulejos, o barroco está patente na pintura do teto e no altar-mor em talha, segundo o estilo pós terramoto, sendo de destacar os elementos decorativos em dourado, delicadamente esculpidos, sobre fundo branco, conferindo ao espaço religioso, um ar palaciano. O teto da capela-mor encontra-se pintado com os símbolos da ladainha de Nossa Senhora: a rosa mítica, a torre de marfim, a arca da aliança, entre outros. Destaque também para o teto da nave com a usual cobertura de caixotões, decorados com pinturas de leves ornatos. No interior do templo, a nave abre-se através de dois arcos para uma capela lateral, do lado direito, na qual exibe um altar de talha dourada do século XVIII, pós terramoto, com as imagens do Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores. Pelas Informações Paroquiais de 1758, sabemos que esta capela juntamente com a capela-mor e a torre sineira ruíram, com o terramoto de 1755. Enquanto a capela-mor foi logo recuperada, com o contributo dos homens do mar e de algumas esmolas, a capela do Senhor dos Paços e a torre só foram reconstruídas em data posterior à elaboração das Informações Paroquiais, devido à falta de meios financeiros dos moradores. Aquando da abertura de uma vala, em frente da igreja, António Gonzalez recolheu alguns materiais arqueológicos, entre os quais destacamos, faiança do século XVII e um lápis de ardósia. BIBLIOGRAFIA: ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.80. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, 2004, pp.69-74.
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FOTOGRAFIA 280. Fachada principal da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita
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FOTOGRAFIA 281. Nave com o púlpito ao centro e os painéis de azulejos, datados de 1719, da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita
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FOTOGRAFIA 282. Nave da Igreja com os altares laterais em talha dourada, separada da capela-mor, pelo arco cruzeiro. Ao fundo a capela-mor e o altar da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita
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FOTOGRAFIAS 283 E 284. Na imagem à esquerda, fragmento de lápis em ardósia. Na imagem à direita, um fragmento de vidro. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 285. Dois fragmentos de bordos de faiança, com decoração azul, do século XVII e fragmento de bordo de faiança, com decoração branca e preta. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 95 DESIGNAÇÃO: Travessa dos Alferes 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:13,096 LONGITUDE: -8:59:42,708 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Trata-se de um portal manuelino bastante simples, o único que chegou até hoje na construção civil. As cantarias de vão, manuelinas pelo recorte, em arco conopial, são alguns dos elementos que atestam a tipologia deste elemento que remonta aos séculos XV/XVI. BIBLIOGRAFIA: SANTOS, Maria Clara –“Do Gótico ao Manuelino” In Ciclo de Conferências A Memória do que foi, O Registo do que é, O Projecto do que será, Câmara Municipal da Moita/CACAV, 2015, p.68. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2004, p.83. PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 286. Portal Manuelino, na Travessa dos Alferes 1. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 96 DESIGNAÇÃO: Poço das Bravas N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Poço FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:38:54,821 LONGITUDE: -8:59:29,893 ALTITUDE: 8m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: O Poço das Bravas situava-se no vértice direito do triângulo, do atual Largo dos Combatentes da Grande Guerra, próximo do Largo Conde Ferreira e tem-lhe associado uma história multissecular muito curiosa. Chamavam-se “bravas”, na Idade Média, às mulheres verbalmente agressivas. Uma das fontes de receita dos concelhos consistia precisamente na “renda das bravas”, isto é, as coimas que eram aplicadas a essas mulheres por injuriar e difamar outrem, bem como as multas por sujar água nas fontes e poços. Por exemplo em Alcochete, havia uma postura que estipulava uma coima de 10 reais a cada mulher que injuriasse ou difamasse outrem, pela primeira vez. Nos casos de reincidência, aplicavam-se 20 reais, pela segunda e 30 pela terceira. Esta situação leva-nos a supor que o Poço das Bravas da Moita teria essa designação, por ser um espaço em que eram frequentes as ocasiões para aplicar as referidas multas, tal como no Chafariz das Bravas, ainda existente à entrada de Évora. Presentemente não resta quaisquer vestígios deste poço. BIBLIOGRAFIA: Livro de Posturas de Alcochete e Aldeia Galega (1421-1422).
FOTOGRAFIA 287. Perspetiva do sítio, onde se localizava o Poço das Bravas. Fotografia de Vitor Mendes, Câmara Municipal da Moita.
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CODARQ: 97 DESIGNAÇÃO: Sociedade Filarmónica Estrela Moitense N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:10,222 LONGITUDE: -8:59:32,519 ALTITUDE: 6m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: A Sociedade Filarmónica “Estrela Moitense” foi fundada a 29 de outubro de 1869, por um grupo de moitenses, empenhados em criar uma banda de música. Na liderança deste movimento estiveram José de Sousa e Pedro de Sousa. Desde essa data, esta coletividade tem desempenhado um papel cultural muito importante na vila da Moita. Ainda hoje está em funcionamento. BIBLIOGRAFIA: MENDES, Vitor Pereira – Monografia do Movimento Associativo do Município da Moita – III Gaio-Rosário, Moita e Sarilhos Pequenos, Câmara Municipal da Moita, 2000, pp.113-125.
FOTOGRAFIA 288. Perspetiva atual da Sociedade Filarmónica “Estrela Moitense”. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita
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CARTA DO PATRIMÓNIO DO CONCELHO DA MOITA VOLUME I
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CODARQ: 98 DESIGNAÇÃO: Praça de Touros Daniel Nascimento N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:14,879 LONGITUDE: -8:59:23,286 ALTITUDE: 14m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: A Praça de Touros da Moita do Ribatejo, oficialmente designada Praça de Touros Daniel do Nascimento, foi inaugurada na tarde, do dia 16 de julho de 1950. Para promover a sua construção, constituiu-se a Sociedade Moitense de Tauromaquia. A edificação da nova praça de touros foi um processo muito rápido, apenas durou cinco meses e meio. A 2 de fevereiro de 1950 iniciou-se a obra de construção e foi concluída a 16 de julho do mesmo ano. A Praça de Touros Daniel do Nascimento tem uma área de 3.152 metros quadrados e possui uma arena de 35 metros de diâmetro, a sua capacidade comportava, inicialmente, 5.220 lugares, lotação que foi alterada, em época recente, para 6.000 espectadores. É um edifício que denota preocupações arquitetónicas, sobretudo a nível do exterior com a sua arcaria a envolver uma parte da fachada, o que lhe imprime alguma grandiosidade. Em termos do espaço interior, verifica-se que houve também um certo cuidado, quer na disposição da bancada que se desenvolve ampla e harmoniosamente em torno da arena, sem haver pisos avançados, o que lhe confere uma boa visibilidade em qualquer um dos lugares; quer na organização das dependências necessárias ao funcionamento da praça, como o pátio dos cavalos, a capela, a enfermaria e os curros. No alto da fachada figura o nome da praça, Daniel do Nascimento, atribuído pela Sociedade Moitense de Tauromaquia que, através desse gesto, procurou homenagear o bandarilheiro moitense. BIBLIOGRAFIA: Catálogo da Exposição “Dos Cultos Táuricos à Festa de Touros: A Tauromaquia na Moita (Séculos XVIII-XX), Câmara Municipal da Moita, 2009.
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FOTOGRAFIA 289. Perspetiva do exterior da Praça de Touros Daniel do Nascimento. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 99 DESIGNAÇÃO: Moinho da Moita ou Moinho de Vento da Quinta da Lagoínha N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 23709 TIPO: Moinho FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:10,915 LONGITUDE: -8:59:14,146 ALTITUDE: 32m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Este moinho é também conhecido como o Moinho do Antero. Trata-se de uma torre fixa, cilíndrica, construída em alvenaria de pedra e cal, constituída por piso térreo, sobrado e sótão. Tem duas portas e três janelas. Não sabemos o ano da sua edificação, mas o Registo Predial nº 814 (Montijo), menciona que em 1840, as terras que se encontravam na posse da Marquesa de Terenas, Dona Francisca Joaquina Jácome de Moscoso, já incluíam este moinho. A 20 de maio de 1982, o moinho passou para a posse da Câmara Municipal da Moita, através de uma doação feita, pelos elementos da família: Ana Beatriz Pena de Almeida, Maria Beatriz Pena de Sousa Almeida Barbosa Marinho e do seu marido Francisco Antas Barbosa Marinho e Ercília Marina de Almeida Oliveira. O moinho sofreu obras de renovação que alterou completamente a sua configuração, apresentando-se com um anexo em madeira acoplado. Presentemente, encontra-se inserido no Parque Municipal da Moita e funciona como o espaço sede do Motoclube da Moita. BIBLIOGRAFIA: SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume I, 2005, p.129. PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 290. Perspetiva atual do Moinho da Moita ou Moinho de Vento da Quinta da Lagoínha. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 291. Perspetiva do Moinho da Moita ou Moinho de Vento da Quinta da Lagoínha, antes da sua requalificação. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita.
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MAPA 20. Mapa com georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 100 ao nº 108
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CODARQ: 100 DESIGNAÇÃO: Alto da Moita 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios de Superfície FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:21,955 LONGITUDE: -8:59:21,291 ALTITUDE: 25m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Em 1999, o arqueólogo António Gonzalez numa visita ao local, identificou um conjunto de materiais arqueológicos, mais concretamente, tijolos deformados e rejeitados. Encontravam-se associados a uma estrutura de um antigo forno de tijolo, existente no local. Na atualidade não existe qualquer vestígio deste forno, restando unicamente o registo fotográfico. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 292. Perspetiva atual do sítio, Alto da Moita 2. Fotografia de Adélia Queirós.
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CODARQ: 101 DESIGNAÇÃO: Alto da Moita 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios de Superfície FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:19,911 LONGITUDE: -8:59:16,512 ALTITUDE: 37m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Em 1999, o arqueólogo António Gonzalez numa visita ao local, identificou um conjunto de materiais arqueológicos, mais concretamente, um núcleo de quartzito e uma lasca retocada, bem como alguns fragmentos de faianças, com decoração azul e verde, do século XVII e fragmentos de cerâmica de paredes finas, provavelmente dos séculos XVI e XVII. Posteriormente, em 2007, numa nova prospeção no local, identificou-se uma lasca de quartzito com bastante rolamento e alguns fragmentos de faianças, do século XVII. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 293. Perspetiva atual do sítio, Alto da Moita 1. Fotografia de Adélia Queirós.
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FOTOGRAFIAS 294 E 295. Na imagem à esquerda, núcleo em quartzito com levantamentos e lasca em quartzito, com retoques. Na imagem à direita, lasca em quartzito com patine eólica. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 296 E 297. Na imagem à esquerda, fragmento de bordo e fragmento indeterminado de cerâmica de paredes finas, de pasta vermelha, com decoração, dos séculos XVI/XVII. Na imagem à direita, fragmento de faiança, com decoração azul-cobalto, do século XVII. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 102 DESIGNAÇÃO: São Sebastião 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achados Isolados FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:26,261 LONGITUDE: -8:59:29,975 ALTITUDE: 15m CRONOLOGIA: Paleolítico DESCRIÇÃO: Em fevereiro de 2001, o arqueólogo António Gonzalez fez uma recolha de alguns materiais arqueológicos, em resultado da construção do bairro habitacional. Destacamos, duas lascas em quartzo; uma lasca retocada em quartzito; um núcleo em quartzo; duas esquírolas em sílex e duas lascas em sílex retocadas. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 298. Perspetiva atual do sítio, São Sebastião 1. Fotografia de Adélia Queirós.
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FOTOGRAFIA 299. Núcleo em quartzo leitoso com retoque, duas lascas em quartzo com retoque e lasca em quartzito retocada. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 300. Quatro esquírolas em sílex retocadas, sendo que uma é um furador e outra tem um denticulado. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 103 DESIGNAÇÃO: São Sebastião 3 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:25,676 LONGITUDE: -8:59:19,526 ALTITUDE: 33m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Em 2001, foi identificado neste local, pelo arqueólogo António Gonzalez, uma pequena mancha de superfície, com materiais arqueológicos diversos, junto a uma antiga ruína, nas proximidades da Capela de São Sebastião. Deste conjunto recolhido, destacamos um seixo em quartzito retocado, com levantamentos bifaciais; uma lasca de sílex retocada; uma lasca/lamela em sílex retocada; um fragmento de azulejo do século XVIII e um fragmento de faiança do século XVIII, decorado em azul-cobalto. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 301. Perspetiva atual do sítio São Sebastião 3. Fotografia de Adélia Queirós.
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FOTOGRAFIA 302. Seixo em quartzito retocado, lasca em sílex retocada e esquírola em sílex com denticulado. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 303 E 304. Na imagem à esquerda, fragmento de azulejo com decoração azul-cobalto, dos séculos XVII/XVIII. Na imagem à direita, fragmento de faiança com decoração azul-cobalto, do século XVIII. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 104 DESIGNAÇÃO: Capela de São Sebastião 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achados Isolados FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:28,200 LONGITUDE: -8:59:23,033 ALTITUDE: 34m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: No decorrer da prospeção do arqueólogo Tiago do Pereiro, no âmbito do projeto “Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita”, foram identificados alguns materiais arqueológicos, dos quais destacamos, fragmentos de faianças do século XVII. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 305. Perspetiva atual do sítio Capela de São Sebastião 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 306. Fragmento de fundo e fragmento indeterminado de faianças, com decoração azul, dos séculos XVII/XVIII. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 105 DESIGNAÇÃO: Capela de São Sebastião 1 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: 16641 TIPO: Capela FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:28,094 LONGITUDE: :-8:59:22,295 ALTITUDE: 35m CRONOLOGIA: Idade Média/ Idade Moderna DESCRIÇÃO: A capela de São Sebastião foi fundada, provavelmente, nos finais da primeira metade do século XV, mas o edifício atual remonta ao século XVIII, altura em que foi intervencionado, devido ao terramoto de 1755, mantendo-se, contudo, as dimensões do primitivo edifício. Segundo a Visitação da Ordem de 1523, foram os moradores de Alhos Vedros e da Moita que construíram a referida ermida. A capela é composta por uma nave e uma capela-mor, sendo estes dois corpos separados, por um arco cruzeiro de volta perfeita e pela teia, formada por uma balaustrada de madeira, com uma porta central. A capela-mor apresenta um conjunto de azulejos em azul e branco do século XVIII, onde é possível observar as passagens do martírio de São Sebastião. O teto de madeira, tipo caixotão, desenvolve-se em três planos, sendo reforçado por tirantes de ferro. Na parede lateral norte da nave, encontra-se uma inscrição epigráfica, datada de 1453. Trata-se de uma laje votiva, gravada em caracteres góticos, referente à primeira sepultura aí feita e pertencente a Catarina Martins Moreira, filha de Martim Vasques Moreira, escudeiro de El-rei D. Duarte. O seu enterramento deu-se em 12 de julho de 1453 e faleceu vítima de “pestenença”35. No interior, existe três pedras tumulares que foram retiradas do exterior e integradas no espaço da nave, aquando das obras de intervenção e beneficiação que ocorreram, entre 2006 e 2008. As inscrições destas pedras tumulares remetem-nas para o século XVI. No seguimento destas mesmas obras, compreendemos que a capela tinha recebido pinturas murais, a fresco, pelos vestígios encontrados na parede do fundo, do lado do evangelho (lado esquerdo, para quem entra na capela), onde ainda são visíveis os pigmentos de cor azul e o avermelhado/acastanhado, numa combinação de linhas que delineiam grandes extensões, preenchidas com uma coloração. Da intervenção arqueológica que decorreu nos anos 2001 e 2002, foi possível identificar alguns materiais de revestimento, pertencentes à construção inicial da capela, como azulejos do século XVI e a tijoleira do chão. No âmbito desta intervenção arqueológica, sob a coordenação científica do Professor Doutor Pedro Gomes Barbosa, identificou-se que esta capela havia funcionado como necrópole, entre os séculos XV e XIX. Em termos
35
A palavra “pestenença” remete-nos para a Peste Negra que assolou a Europa nos séculos XIV e XV.
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de espólio recolhido, podemos realçar os restos osteológicos; os objetos de adorno, como contas de colar, alfinetes, medalhas; cerâmica; vidros; metais, como cavilhas e moedas em bronze e ainda materiais de construção, como argamassas e azulejos. BIBLIOGRAFIA: ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.81. BARBOSA, Pedro – Relatório da intervenção arqueológica, IPA, PNTA – 2000. LEAL, Ana de Sousa e PIRES, Fernando – Alhos Vedros nas Visitações da Ordem de Santiago, Comissão Organizadora das Comemorações do 480º. Aniversário do Foral de Alhos Vedros, 1994, pp.28-30. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, 2004, pp.76-77. SILVA, Victor Manuel Dias da – As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008, pp.138-189.
FOTOGRAFIA 307. Perspetiva atual da Capela de São Sebastião 1. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita.
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FOTOGRAFIA 308. Lápide tumular em caracteres góticos, pertencente a Catarina Martins Moreira, filha de Martim Vasques Moreira (1453) que se encontra no interior da Capela de São Sebastião 1. Fotografia de Adélia Queirós.
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CODARQ: 106 DESIGNAÇÃO: São Sebastião 2 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Mancha de Superfície FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:32,550 LONGITUDE: -8:59:21,045 ALTITUDE: 33m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Em fevereiro de 2001, em resultado das construções no local, o arqueólogo António Gonzalez fez uma recolha de alguns materiais arqueológicos, mais concretamente alguns líticos retocados; fragmentos de cerâmica comum, preta e vermelha; fragmentos de faianças do século XVIII, com decoração em azul-cobalto; um fragmento de azulejo do século XVIII; um fragmento de fundo e um fragmento de gargalo em grés; fragmentos de porcelanas e alguns fragmentos de vidros. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 309. Perspetiva atual do sítio São Sebastião 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 310 E 311. Na imagem à esquerda, dois fragmentos de azulejos, com decoração azul-cobalto, do século XVIII. Na imagem à direita, fragmento de fundo e fragmento de gargalo em grés. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 312 E 313. Na imagem à esquerda, três fragmentos indeterminados de faianças, com decoração azul-cobalto e manganês, do século XVII. Na imagem à direita, fragmento de cerâmica comum, de pasta negra decorada, provavelmente importada. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 314 E 315. Na imagem à esquerda, fragmento de bordo em faiança, onde se pode observar uma representação de pagode. Na imagem à direita, fragmento de fundo, dois fragmentos de bordos, fragmento indeterminado de pasta vermelha com decoração e fragmento de bordo de pasta escura. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 316. Fragmento de bordo de cerâmica comum, com caneluras abaixo do bordo. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 107 DESIGNAÇÃO: São Sebastião 4 N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Achado Isolado FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:35,613 LONGITUDE: -8:59:17,825 ALTITUDE: 33m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Numa recolha realizada, em 2008, pelo arqueólogo Tiago do Pereiro, foi identificado e recolhido um fragmento de uma haste de um cachimbo de porcelana, pintado com motivos florais. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 317. Perspetiva atual do sítio São Sebastião 4. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 318. Fragmento de haste de cachimbo em porcelana, com decoração azul. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 108 DESIGNAÇÃO: Moinho de Vento da Bela Vista N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Moinho FREGUESIA: Moita LATITUDE: 38:39:44,387 LONGITUDE: -8:59:21,375 ALTITUDE: 31m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Situado no Alto da Moita, trata-se de um moinho de torre fixa, cilíndrica, construído em alvenaria de pedra e cal, constituído por piso térreo, sobrado e sótão. Estes dois últimos elementos constitutivos do moinho já não existem, mas podemos inferir pela existência das escadas, em pedra, de acesso aos espaços superiores. Tem duas portas e duas janelas. Não temos qualquer informação do ano da sua edificação, mas pelas características das cantarias, apontamos para uma construção do século XIX. Este moinho encontra-se decrépito e à mercê de constantes vandalismos. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume I, 2005, p.133.
FOTOGRAFIA 319. Perspetiva atual do Moinho de Vento da Bela Vista. Fotografia de Rui Correia.
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DAS FREGUESIAS 7.4 UNIÃO DO GAIO ROSÁRIO E DE SARILHOS PEQUENOS
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FOTOGRAFIA 320. Perspetiva geral do Gaio. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 321. Perspetiva geral do Rosário. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 322. Perspetiva geral de Sarilhos Pequenos. Fotografia de Rui Correia.
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7.4.1 – BRASÃO E HISTÓRIA DA FREGUESIA
Escudo de azul, barco varino de ouro, realçado de negro, mastreado e cordoado de ouro e vestido de prata, vogando sobre campanha diminuta ondeada de prata azul de três tiras. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas: Gaio – Rosário36.
Escudo de prata, barco varino preto, mastreado e vestido de branco, vogando sobre campanha diminuta ondeada de verde. Coroa mural de prata de quatro torres. Âncora preta centrada. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúsculas: Freguesia de Sarilhos Pequenos37. 36 37
SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006, p.158 SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006, p.175
P
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HISTÓRIA DA FREGUESIA
or decreto-lei nº 11 A, de 28 de janeiro de 2013, procedeu-se à reorganização administrativa do território, estabelecendo a união de freguesias, nomeadamente a União de Freguesias Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos, com sede no Gaio-Rosário. Contudo, a história destas freguesias não se pode prender apenas com esta agregação. Tanto o Gaio-Rosário, como Sarilhos Pequenos tiveram estatuto de freguesia desde 1984 a 2013, até ao momento da reforma administrativa que anexou as duas freguesias. Atualmente é uma freguesia constituída por três lugares: Gaio, Rosário e Sarilhos Pequenos. Faz limites com a freguesia da Moita e com o concelho do Montijo; a norte são banhadas pelo Estuário do Tejo. Gaio-Rosário tem 352 hectares, com 1227 habitantes (censos de 2011, fonte INE) e Sarilhos Pequenos tem 256 hectares, com 1150 habitantes (censos de 2011, fonte INE). Ambas têm um longo percurso, com uma história própria que vamos apresentar numa breve síntese. No lugar do Gaio foram identificados vestígios arqueológicos que atestam a ocupação humana durante os inícios do Neolítico. Trata-se de uma ocupação de carácter habitacional, com cerca de seis mil anos, onde foram encontrados materiais (estruturas de zonas de combustão e presumíveis orifícios de poste) que dão provas da permanência humana naquele espaço. A sua localização próxima ao Rio Tejo aponta para uma economia baseada na exploração dos recursos marinhos, peixe e moluscos. Depois destes vestígios, só voltamos a encontrar informação da existência de ocupação humana, no território correspondente ao Gaio Rosário, no século XV, mais concretamente em 140438, com a primeira referência documentada à Quinta de Martim Afonso. No cadastro da população do reino, realizado em 1532, a Quinta de Martim Afonso integra o termo de Alhos Vedros, como um dos lugares com menor população, contando apenas com dez moradores, ou seja, 40 habitantes39. Neste mesmo ano, temos referências à construção da Capela de Nossa Senhora do Rosário, erguida em honra de S. João Evangelista, por Cosmo Bernardes de Macedo, fidalgo da Casa Real e proprietário da referida quinta. Trata-se de um interessante exemplar de arquitetura religiosa, quinhentista, com decoração manuelina, testemunho da vivência passada deste lugar. Economicamente a Quinta de Martim Afonso estava muito orientada para a cultura da vinha e consequentemente para a produção de vinho, aliás as atas de vereação do século XVII, da Câmara de Alhos Vedros (1683-1692), dão-nos preciosas indicações dessa cultura, quando fornecem os preços de vinho por almude40, como podemos verificar no quadro abaixo descriminado. Embora o período de tempo seja reduzido, dá para Dados colhidos do estudo de José Manuel Vargas “O Antigo Concelho de Ribatejo” In I Jornadas de História e Património Local, CMM, 2004, p.120 39 Utilizando o sistema de contagem de um morador, correspondente ao chefe de família, para uma média de quatro pessoas. 40 Medida de capacidade para líquidos que correspondia a cerca de 16,8 litros. 38
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compreender a importância da vinha e a comercialização do vinho, na sua maior parte, destinado ao consumo de Lisboa. No quadro41, o que se evidencia são os preços do vinho da Quinta de Martim Afonso, sempre com valores muito mais altos que os vinhos produzidos na Moita ou em Sarilhos Pequenos. Tal facto leva-nos a considerar que o vinho seria de melhor qualidade que o das produções das terras vizinhas ou, então, a sua produção seria menor que nos outros lugares.
ANO
MOITA
SARILHOS
MARTIM AFONSO
1683 1684 1685 1686 1687 1688 1689 1690
380 Rs
380 Rs
450 Rs
300 Rs 360 Rs 380 Rs 450 Rs 380 Rs
320 Rs 360 Rs 380 Rs 450 Rs 380 Rs
400 Rs 450 Rs 450 Rs 550 Rs 450 Rs
Esta atividade produtiva continuou a ser fundamental no século XVIII, sendo referida pelas Informações Paroquiais, como um dos maiores proventos dos moradores do Rosário. Além das vinhas, o seu território dispunha ainda de pinhais, cujos matos e lenhas eram transportados para Lisboa e para abastecer os fornos de cal, telha e tijolo, existentes localmente e na área do concelho da Moita. Para a segunda metade do século XVIII, temos também notícia de haver atividades transformadoras no lugar do Rosário: três fornos de cal, pertencentes a Leonardo Pinto, nos quais trabalhavam pessoas de fora do termo da Moita e uma fábrica da sola, fundada pelo mesmo proprietário, em 1790. Destaca-se igualmente a sua vertente ribeirinha, com a exploração de marinhas de sal, o transporte fluvial e a moagem nos dois moinhos de maré, quinta da Freira e quinta do Rosário, este último com oito aferidos, o maior do termo. A sua ligação ao Tejo perpetuou-se até ao século XX, através de diversas atividades, como a depuração de ostras42 e o transporte fluvial entre as duas margens, que permaneceu ativo, pelo menos, até à década de 60. Para apoio às funções ribeirinhas, surgiu o estaleiro de construção e reparação naval, associado à família do mestre José Lopes, inicialmente implantado na praia do Rosário, pelo tio-avô e depois no Gaio, pelo pai do mestre, onde ainda hoje, é possível ver as estruturas do velho estaleiro. Aqui no lugar do Gaio estabeleceu-se um importante núcleo oficinal, articulado à arte naval, como a oficina de produção de velas para as embarcações e a oficina do ferreiro. Presentemente todas estas unidades encontram-se desativadas; em contrapartida
41 42
Quadro extraído da publicação Moita Vila há 300 Anos, de Maria Clara Santos, 1991,p.29 O Posto de Depuração de Ostras do Tejo foi construído no Rosário e inaugurado a 7 de janeiro de 1954.
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tem a fábrica do Bacalhau Ribeiralves, um enorme potencial económico, gerador de postos de trabalho, empregando muita mão-de-obra local e dos arredores, particularmente feminina. As potencialidades turísticas não são de menosprezar já que devido à sua localização alcandorada, aberta para o rio, em forma de anfiteatro, cria um agradável espaço de receção, a partir do qual é possível ter uma ampla perspetiva sobre o estuário do Tejo e a cidade de Lisboa. Outras atrações são sem dúvida, a Capela de Nossa Senhora do Rosário, o Pátio e a arquitetura tradicional das casas, pintadas de cores garridas, conferindo à povoação uma beleza e singularidade únicas. O lugar de Sarilhos Pequenos como o seu topónimo indica, está ligado ao tratamento e extração de sal. Sarilho era um instrumento de força, feito em madeira, utilizado nas salinas para abrir as portas de água. Ao contrário de Sarilhos Grandes, aqui utilizavam-se sarilhos de dimensões mais pequenas, contribuindo para a generalização do uso do topónimo de “Sarilhos o Pequeno”. A primeira referência documentada do lugar, como terra de povoamento recente, data do ano de 140443. O cadastro da população de 1532 omite completamente a existência do lugar. Somente vamos encontrar referências de Sarilhos Pequenos, no início da segunda metade do século XVI, com João Brandão, no Tratado da Magestade, Grandeza e Abastança da Cidade de Lisboa (1552). Na descrição que este autor faz do movimento de tráfego fluvial, no porto de Lisboa, menciona os lugares que detinham barcas, atribuindo a Sarilhos “emtre grandes e pequenos, quatro barcas.”44 Em 1620, Frei Nicolau de Oliveira referia, assim, o número de fogos e pessoas nos lugares da Moita e Sarilhos, freguesia do termo de Alhos Vedros: «A Mouta, & Çarilhos pequeno são de hua freguesia, a qual tem oitenta & seis fogos, & duzentas & setenta & tres pessoas.»45 A atividade fluvial foi igualmente mencionada, por este autor seiscentista, que nos deu o número de dez barcos, para as localidades de Sarilhos, Moita e Barreiro. Além do movimento fluvial das embarcações, corroborada pelos autores da época, a exploração do sal foi naturalmente outra das atividades que ocupou as gentes de Sarilhos, já que se enquadrava no termo de Alhos Vedros, um dos principais centros de produção de Sal do estuário do Tejo e profusamente documentada por todo o século XV. Em Sarilhos Pequenos temos referências à marinha Grande e Pequena, mas certamente outras haveria, com outras designações. Sendo o lugar de Sarilhos envolvido por terrenos agrícolas, a produção de vinho foi outra atividade económica deste lugar e documentada nas vereações de Câmara de Alhos Vedros, como tivemos ocasião de mostrar no quadro acima indicado. Aliás,
Dados colhidos do estudo de José Manuel Vargas “O Antigo Concelho de Ribatejo” In I Jornadas de História e Património Local, CMM, 2004, p.120 44 BRANDÃO, João (de Buarcos) – Tratado da Magestade, Grandeza e Abastança da Cidade de Lisboa na 2ª. Metade do Século XVI (Estatística de Lisboa 1552), Tomo V, Lisboa, Livraria Ferin Editora, 1923, p.66 45 OLIVEIRA, Frei Nicolau de – Livro das Grandezas de Lisboa (1620), Lisboa, Vega Editora, 1991 – Contém fac-símile da edição original de 1620, p.86 e p.5 43
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hoje ainda podemos observar alguns dos portões dessas quintas (quinta do Esteiro Furado e quinta dos Mochos), a envolver o núcleo urbano de Sarilhos Pequenos. Algumas dessas unidades agrícolas mantiveram-se em funcionamento até ao século XX, ocupando muita mão-de-obra feminina nos trabalhos da terra, enquanto os homens trabalhavam no rio. A moagem de cereais também esteve aqui representada, com dois moinhos de maré, provavelmente de construção quinhentista, o da quinta do Esteiro Furado e o de Entre os Termos, com os seus moleiros e carregadores de cereal. Faziam parte de um contexto de produção mais alargado que extravasava o consumo local. Em termos de população, o lugar de Sarilhos Pequenos tinha, no ano de 1758, segundo as Informações Paroquiais da Moita, o registo de cinquenta e cinco vizinhos e cento e quarenta e oito pessoas grandes e pequenas. Entende-se aqui o termo de vizinho como sendo o morador que vive dento e fora do lugar. Tal como no Rosário, as atividades ribeirinhas, suporte da economia da população, perduraram até à década de sessenta/setenta do século XX, sendo a dos transportes fluviais entre as duas margens, a que mais se destacou, pelo número de homens e embarcações que movimentou. Deste trabalho ficaram conhecidos os botes de pinho a “fonte de trabalho e de subsistência da maioria de famílias de Sarilhos Pequenos.”46 Na memória ficaram os seus nomes, como bem recordou Marcolino Fernandes no seu trabalho: “Irene”; “Fernando I” (Gaião); ”Manuel I” e ”Victor Hugo” entre outros. Desta narrativa, da qual o autor participou e testemunhou, vamos deixar aqui o registo de um quadro, sobre o quotidiano dessas décadas: «Aos fins de semana era um e spectáculo sublime, ver entrar na “carreira” de Sarilhos Pequenos botes, varinos e canoas com as velas desfraldadas, seguindo-se uns aos outros, quando os ventos eram de feição.»47 Tradicionalmente associado à atividade de transportes fluviais, surgiu em 1947, na praia de Sarilhos, o estaleiro naval, para proceder à reparação das embarcações. Atualmente, este estaleiro de Sarilhos Pequenos, propriedade de Jaime Manuel Carromeu Costa, constitui um testemunho dessa vivência passada, sendo o único do estuário do Tejo, a trabalhar na madeira. É um museu vivo, onde ainda se podem observar gestos, ferramentas e técnicas ancestrais de construção naval. Pelas suas características, este estaleiro apresenta um cenário muito semelhante aos antigos estaleiros navais que aqui existiram, nesta margem do Tejo, durante o Período dos Descobrimentos, e que prestaram o seu apoio à Ribeira das Naus, na preparação dos navios para as viagens oceânicas. Devido a esta capacidade de ilustrar o ambiente da construção naval, nos séculos em que se desenrolou a epopeia marítima, este estaleiro foi recentemente alvo de um percurso interpretativo.
46 47
FERNANDES, Marcolino – Fragateiros do Tejo, Orfeu Livraria, Bruxelas, 2012, p.49 Idem, Ibidem, p.49
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MAPA 21. Carta Topográfica Militar do Terreno da Península de Setúbal, de Jozé Maria das Neves Costa (1813-1816), onde podemos observar o lugar do Rosairinho. Direção-Geral do Território / Cota CA138
MAPA 22. Carta Topográfica Militar do Terreno da Península de Setúbal, de Jozé Maria das Neves Costa (1813-1816), onde podemos observar o lugar de Sarilhos Pequenos e a Quinta do Esteiro Furado. Direção-Geral do Território / Cota CA138
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MAPA 23. Mapa com georreferenciação dos locais patrimoniais da União das Freguesias do Gaio Rosário e Sarilhos Pequenos
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7.4.2 – LISTAGEM DOS SÍTIOS PATRIMONIAIS DA FREGUESIA
MAPA 24. Mapa com georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 109 ao nº 110
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CODARQ: 109 DESIGNAÇÃO: Alto da Boavista N.º FOLHA C.M.P: 443 CNS: X TIPO: Vestígios de Superfície FREGUESIA: União de Freguesias Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:39:40,166 LONGITUDE: -8:59:41,487 ALTITUDE: 12m CRONOLOGIA: Paleolítico Médio/Neolítico Médio e Final DESCRIÇÃO: O sítio do Alto da Boavista está implantado num terraço fluvial e foi identificado, pelo arqueólogo Ricardo dos Santos, num trabalho de prospeção, em 2004. Trata-se de recolhas de materiais de superfície que correspondem ao Paleolítico Médio e Neolítico Médio/Final. O arqueólogo Ricardo dos Santos, na sua publicação, identifica semelhanças e faz um paralelo entre este sítio pré-histórico e o da Ponta da Passadeira. Foram identificados material lítico, como um raspador sobre lasca em quartzito, associado ao Paleolítico; cerâmica neolítica e crescentes em sílex que apontam para uma ocupação Neolítica. Este material acima descrito, encontra-se na posse do próprio arqueólogo. O material que se encontra nas Reservas Arqueológicas é proveniente de recolhas posteriores, realizadas pelo arqueólogo António Gonzalez (nomeadamente material lítico e cerâmica comum). Seria relevante haver um estudo mais profundo para tentarmos perceber qual a grandeza deste local. BIBLIOGRAFIA: SANTOS, Ricardo Jorge dos – “Ocupação Humana Pré-História na Região da Moita” In Jornadas de História e Património Local, Câmara Municipal da Moita, 2004, pp.67-69. PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 323. Perspetiva geral do sítio do Alto da Boavista. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 324. Lasca em quartzito com retoque e lasca em sílex com retoques. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 325. Dois fragmentos de bordo de panela, de pasta vermelha e fragmento de pega, de pasta vermelha, com decoração melada. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 110 DESIGNAÇÃO: Moinho de Maré da Quinta da Freira N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: 23754 TIPO: Moinho de Maré FREGUESIA: União de Freguesias Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:39:41,431 LONGITUDE: -9:00:07,087 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: O Moinho de Maré da Freira, localizado na quinta com a mesma designação, dispunha de três engenhos de pedra alveira, destinadas somente à moagem do trigo. Os relatos mais antigos que se conhecem deste moinho, remontam ao século XVI, através de uma escritura de arrendamento, datada de 13 de agosto de 1531. Neste contrato, Izabel de Matos, viúva, moradora em Alhos Vedros e proprietária de um moinho “junto ao Lugar da Mouta” no termo da vila, arrendou-o por tempo de três anos, ao moleiro André Jorge, na condição de ele pagar em cada ano, no dia 15 de agosto, trinta alqueires de trigo da terra e trinta do mar e um moio de centeio da terra. Uma outra escritura de arrendamento, datada de 1767, dá-nos a conhecer o nome da sua proprietária, Dona Joaquina e Roza de Sande. Presentemente, ainda é possível identificar esta estrutura, apesar do seu estado avançado de ruína. Há uns seis anos foi alvo de uma intervenção, por parte da Câmara, no sentido de consolidar as paredes que estavam na iminência de ruírem, a qualquer momento. Da estrutura existente, ainda mantém as duas portas, com as cantarias em pedra e as duas janelas, uma virada a nascente e outa a poente, para o rio. Curiosamente nesta janela foi reutilizada uma mó completa, uma outra mó foi também reutilizada no piso. BIBLIOGRAFIA: ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.84. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006, p.102-104.
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FOTOGRAFIA 326. Perspetiva atual do Moinho de Maré da Quinta da Freira. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 327. Perspetiva do interior do Moinho de Maré da Quinta da Freira. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 111 DESIGNAÇÃO: Moinho de Maré da Quinta do Rosário N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: 23753 TIPO: Moinho de Maré FREGUESIA: União de Freguesias Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:10,709 LONGITUDE: -9:00:35,678 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Em 1501, Luís da Costa, fidalgo da Casa de El-rei, recebeu por carta de sesmaria, um esteiro e sapais, junto à Quinta de Martim Afonso, para nele fazer um moinho com suas moendas de pão, na condição de pagar à Ordem de Santiago, vinte cinco alqueires de trigo. Posteriormente passou a ser designado na documentação por Moinho Novo da Quinta do Rosário. Através de um termo de fiança, realizado pelo moleiro Simão Machado, pelo seu carregador de trigo, sabemos que no ano de 1704, o seu proprietário era Pedro de Sousa de Castelo Branco, era também o administrador da Capela de Nossa Senhora do Rosário e da quinta. De todos os moinhos, era o que tinha um maior número par de mós (8 moendas48). Estava localizado em frente ao antigo estaleiro naval do Gaio, não restando quaisquer vestígios do edifício. BIBLIOGRAFIA: Livro de Vereações 1698-1706. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006, p.94-96.
FOTOGRAFIA 328. Perspetiva atual da porta de água e caldeira do Moinho de Maré da Quinta do Rosário. Fotografia de Rui Correia.
48
Moenda – nome dado a todo o instrumento que mói, in Dicionário de Português, Porto Editora.
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MAPA 25. Mapa com georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 111 ao nº 120
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CODARQ: 112 DESIGNAÇÃO: Gaio 2 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:14,518 LONGITUDE: -9:00:27,231 ALTITUDE: 15m CRONOLOGIA: Paleolítico/Neolítico/Idade Média/Idade Moderna DESCRIÇÃO: O sítio arqueológico do Gaio foi identificado pelo arqueólogo António Gonzalez, em 1994. Neste mesmo ano, foram realizadas escavações que puseram a descoberto uma jazida pré-histórica. Esta intervenção foi dirigida pela arqueóloga Joaquina Soares, diretora do Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal (MAEDS). Em 2008, a Câmara Municipal da Moita realizou uma campanha arqueológica, orientada pelo arqueólogo Tiago do Pereiro. Neste sítio, no extremo SE do Alto do Gaio, foram realizadas cinco sondagens: três manuais e duas mecânicas. Nas sondagens foram identificadas estruturas, como zonas de combustão, concheiro e buracos de poste. Toda a intervenção veio corroborar os resultados da anterior, reforçando a ideia da ocupação humana, naquele local, desde o Paleolítico Médio até ao Neolítico. Na Idade Média, entre os séculos XIII e XIV, terá existido uma pedreira de onde foram extraídos blocos de arenito ferruginoso, utilizados nos edifícios da época; na Idade Moderna terá sido local de cultivo e onde posteriormente, já no século XIX, foi construído um moinho de vento. No relatório de escavação é referida a recolha de diferentes tipos de espólio neolítico: cerâmicas manuais de pasta grosseira decorada, material lítico sobretudo em sílex, fragmento de mó movente, uma enxó em pedra polida. No concheiro foi possível identificar restos de berbigão, ostra, lingueirão e ameijoa, num total de cem quilos. Os espólios depositados na Reserva Arqueológica do Concelho da Moita referem-se ao da escavação de 2008 e ao proveniente de recolhas de superfície posteriores, em que destacamos o material lítico: o crescente em sílex; seixo em quartzito tipo furador e fragmentos de faiança do século XVII. BIBLIOGRAFIA: PEREIRO, Tiago do – “O Neolítico do Alto do Gaio – Novos Dados” In Atas do V Seminário de Paleontologia e Arqueologia do Estuário do Tejo, 2008. PEREIRO, Tiago do – Relatório Final dos Trabalhos Arqueológicos no Sítio do Neolítico do Alto do Gaio (Gaio-Rosário), Câmara Municipal da Moita, 2008. SOARES, Joaquina; SILVA, Carlos Tavares da e GONZALEZ, António – “Gaio: Um Sítio do Neolítico Antigo do Estuário do Tejo” In I Jornadas de História e Património Local, Câmara Municipal da Moita, 2004, pp.37-59.
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FOTOGRAFIA 329. Perspetiva atual do sítio Gaio 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 330. Lasca em quartzito com patine eólica, lasca em sílex e crescente neolítico em sílex. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 331. Três núcleos em quartzito, seixo em quartzito tipo furador e duas lascas de quartzito. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 332. Fragmento de bordo de forma aberta de cerâmica comum e fragmento de bordo de um jarro, com esmalte melado. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 333 E 334. Na imagem à esquerda, fragmento de azulejo com decoração azul. Na imagem à direita, fragmento de azulejo, com decoração azul, do século XVIII. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 113 DESIGNAÇÃO: Moinho de Vento do Alto do Moinho N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Moinho FREGUESIA: União de Freguesias Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:17,286 LONGITUDE: -9:00:28,729 ALTITUDE: 19m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: No topo do Alto do Gaio, é possível observar a presença das ruínas de um antigo moinho de vento, cuja construção parece remontar ao século XIX. Este moinho apresenta uma planta circular, sendo ainda visível, em algumas partes das paredes exteriores, o revestimento em reboco, de argamassa simples. É possível também observar a existência de duas portas e de duas janelas, dando a indicação que terá havido um sobrado, para acesso ao soto. Victor da Silva no seu trabalho “Contributos para a História Local do Concelho da Moita”, descreve-nos que numa “escritura de bens em nome de Mariana da Boa Viagem passada na Aldeia Galega49 a 01 de Março de 1899 (…) o moinho já nessa data se apresentava em mau estado de conservação e não fazia serviço”. Encontra-se, atualmente, em avançado estado de degradação. BIBLIOGRAFIA: SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume I, 2005, pp.130-131. PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
FOTOGRAFIA 335. Perspetiva atual do Moinho de Vento do Alto do Moinho. Fotografia de Rui Correia.
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Antiga designação do Montijo.
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CODARQ: 114 DESIGNAÇÃO: Estaleiro Naval / Oficina de Velas e Ferreiro Naval, localizados no Gaio N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Estaleiro Naval/ Oficina de Velas /Ferreiro Naval FREGUESIA: União de Freguesias Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:11,918 LONGITUDE: -9:00:30,901 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: O Estaleiro Naval do Gaio foi construído no fim da década de vinte do século XX, pelo pai do mestre José Lopes. Foi neste estaleiro que se construiu a última embarcação tradicional do Tejo “Sejas Feliz” e no início da década de oitenta, foram recuperadas as primeiras embarcações com funções de lazer, sendo a Câmara Municipal da Moita a pioneira com a compra e recuperação do varino “O Boa Viagem”. O estaleiro encerrou por volta de 2005-2006, findando um ciclo. A oficina de velas do Gaio foi instalada numa casa alugada, em 1927, por Clemente da Silva, pai dos irmãos Braz da Silva e José da Silva. Na época era a única casa de velas a funcionar, fazia o abastecimento das necessidades locais e de toda a área metropolitana de Lisboa. Além das velas, faziam os aparelhamentos das embarcações, quando estas se encontravam na fase de manutenção. No início da década de sessenta do século XX, a oficina do ferreiro naval foi adquirida por Manuel Joaquim Bolinhas ao seu mestre Joaquim Branco, com quem aprendeu a arte de trabalhar o ofício. Nos tempos de grande atividade na construção naval, trabalhou para os estaleiros de Alhos Vedros, Alcochete, Sarilhos Pequenos e Gaio, fornecendo todas as ferrarias necessárias a bordo das embarcações, como âncoras, cadernais, guinchos, chapas dos mastros, rodas para os cadernais, entre outras. BIBLIOGRAFIA: Entrevista ao Mestre José Lopes. Estaleiro Naval do Gaio, 1ª Edição, Câmara Municipal da Moita, 2010. SANTOS, Maria Clara – O Artesanato no Concelho da Moita, 2ª Edição, Câmara Municipal da Moita, 1998, po.62-68 e pp.105-106. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, 2004, p.87-89.
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FOTOGRAFIA 336. Perspetiva do Estaleiro Naval do Gaio. Fotografia da Câmara Municipal da Moita.
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FOTOGRAFIA 337. Interior da Oficina do Ferreiro Naval do Gaio. Fotografia de Jorge Feiteira, Câmara Municipal da Moita.
FOTOGRAFIA 338. Oficina de Velas do Gaio. Fotografia de Jorge Feiteira, Câmara Municipal da Moita.
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CODARQ: 115 DESIGNAÇÃO: Gaio 6 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:16,060 LONGITUDE: -9:00:28,669 ALTITUDE: 19m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Neste local, nas proximidades do Moinho de Vento do Alto do Gaio, o arqueólogo António Gonzalez identificou um conjunto de materiais arqueológicos, mais especificamente, fragmentos de cerâmica comum, de paredes finas, desde o século XVI até ao século XVIII. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 339. Perspetiva geral do sítio Gaio 6. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 340. Fragmentos de bordos, fundos e fragmentos indeterminados de cerâmica comum, de pasta vermelha, dos séculos XVI a XVIII. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 116 DESIGNAÇÃO: Gaio 4 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:17,390 LONGITUDE: -9:00:29,830 ALTITUDE: 17m CRONOLOGIA: Paleolítico/Neolítico/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Neste local, o arqueólogo António Gonzalez identificou um conjunto de materiais arqueológicos, mais concretamente uma ponta em quartzito de tipo mustierense, um núcleo, dois raspadores convexos em sílex, cerâmica comum neolítica, uma peça de jogo em cerâmica vermelha e um fragmento de um bordo estampado dos séculos XIX/XX. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 341. Perspetiva geral do sítio Gaio 4. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 342. Núcleo em quartzito com levantamentos, lasca em sílex, esquírola em sílex e raspador em quartzito. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 343. Dois fragmentos de cerâmica neolítica. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 344 . Peça de jogo em cerâmica vermelha. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 345. Três fragmentos de faianças com decoração azul-cobalto, dos séculos XIX/XX. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 117 DESIGNAÇÃO: Gaio 1 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: 11633 TIPO: Habitat FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:17,867 LONGITUDE: -9:00:30,883 ALTITUDE: 12m CRONOLOGIA: Neolítico DESCRIÇÃO: O sítio foi identificado pelo arqueólogo António Gonzalez, no ano de 1994, sendo intervencionado no mesmo ano, pelo Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), sob a direção da arqueóloga Joaquina Soares, com a colaboração do arqueólogo António Gonzalez e de sócios da ARQA (Associação Arqueologia da Amadora). Esta intervenção teve carácter de salvaguarda do património arqueológico aí existente, uma vez que nesse local ia começar a construção de uma urbanização. Este povoado pré-histórico instalou-se sobre areias dunares, sendo banhado pelo esteiro da Moita. Foram identificadas estruturas de combustão e dois presumíveis buracos de poste, testemunhos materiais que nos remetem para um povoado com carácter habitacional, do período Neolítico. Foram exumados materiais líticos, na sua maioria em sílex e quartzo leitoso e cerâmicas de formas simples, com decoração incisa, mamilos e impressões, utilizando o recurso à concha cardium, incisões finas e caneluras. A arqueóloga Joaquina Soares explica, no que se refere à organização da atividade do talhe da pedra, que esta se encontra concentrada em torno de estruturas de combustão, dando indícios da utilização do aquecimento da matéria-prima, mas também, a sua utilização associada às tarefas domésticas com recurso à olaria. Todo o espólio recolhido desta intervenção arqueológica faz parte do acervo do Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal (MAEDS). BIBLIOGRAFIA: SOARES, Joaquina; SILVA, Carlos Tavares da e GONZALEZ, António – “Gaio: Um Sítio do Neolítico Antigo do Estuário do Tejo” In I Jornadas de História e Património Local, Câmara Municipal da Moita, 2004, pp.37-59.
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FOTOGRAFIA 346. Perspetiva geral do sítio Gaio 1. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 118 DESIGNAÇÃO: Gaio 7 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:19,801 LONGITUDE: -9:00:32,527 ALTITUDE: 11m CRONOLOGIA: Paleolítico/Neolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Em 2003, no âmbito de uma recolha de superfície e nos cortes neste local, o arqueólogo António Gonzalez identificou um conjunto de materiais arqueológicos, de diversas cronologias. Deste conjunto de materiais, destacamos lascas em quartzo e quartzito retocadas, um denticulado em quartzo, um fragmento de haste de um cachimbo caulino, um fragmento de lucerna, fragmentos de cerâmica neolítica, um fragmento de asa de uma ânfora romana, cerâmica de paredes finas, de faianças do século XVII com decoração azul-cobalto, de faianças dos séculos XIX e XX pintadas, entre outros. Presentemente, esta zona encontra-se empedrada e alcatroada. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 347. Perspetiva geral do sítio Gaio 7. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 348 E 349. Na imagem à esquerda, fragmento de lucerna de pasta vermelha, do século XVI. Na imagem à direita, fragmento de haste de cachimbo caulino. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 350 E 351. Na imagem à esquerda, fragmento de asa de ânfora romana, segundo Guilherme Cardoso. Na imagem à direita, quatro fragmentos de faianças, com decoração azul-cobalto, do século XVII. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 352 E 353. Na imagem à esquerda, quatro fragmentos de faianças com decoração azul, dos séculos XIX/XX. Na imagem à direita, fragmento de prato estampado de cor preta, dos séculos XIX/XX. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 354 E 355. Na imagem à esquerda, seis fragmentos de bordos de cerâmica, de pasta vermelha, do século XVI. Na imagem à direita, fragmento de cerâmica neolítica. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 356 E 357. Na imagem à esquerda, fragmento de cerâmica de paredes finas, de pasta vermelha, com possível grafitagem, do século XVI. Na imagem à direita, fragmentos de bordos e fundos de cerâmica de paredes finas, do século XVI. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 358 E 359. Na imagem à esquerda, fragmento de cerâmica, decorada com cordão digitado de pasta vermelha. Na imagem à direita, dois fragmentos de vidro soprado. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 360. Conjunto de lascas em quartzo, quartzito e sílex com retoques e algumas com pequenos denticulados. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 119 DESIGNAÇÃO: Gaio 5 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:21,909 LONGITUDE: -9:00:25,163 ALTITUDE: 10m CRONOLOGIA: Paleolítico/Neolítico/Idade Moderna DESCRIÇÃO: Em 1998, no decorrer de uma visita ao local, o arqueólogo António Gonzalez identificou um conjunto de materiais arqueológicos. Deste conjunto de materiais, destacamos uma lasca em sílex retocada de tipo furador, uma lasca em sílex retocada com encoche, uma lasca em sílex retocada, dois fragmentos de cerâmica neolítica, um machado neolítico e fragmentos de bordos e tampas de cerâmica comum de paredes finas, coincidente com cerâmica do século XVI. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 361. Perspetiva geral do sítio Gaio 5. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 362. Lasca em sílex retocada, lasca em sílex retocada com furador e lasca em sílex retocada com pequeno encoche. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 363. Machado neolítico. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 364. Dois fragmentos de bordos de cerâmica neolítica, de pasta negra. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 365. Conjunto de fragmentos de bordos, testos e fragmentos indeterminados de cerâmica comum, de pasta vermelha. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 120 DESIGNAÇÃO: Gaio 3 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:23,633 LONGITUDE: -9:00:21,907 ALTITUDE: 9m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: No início do século XX, no decorrer de umas obras, realizadas para construção de uma habitação, o arqueólogo António Gonzalez identificou um conjunto de materiais arqueológicos, de tipologias e cronologias diferenciadas, dos quais destacamos cinco lascas em sílex retocadas; dois fragmentos de asas e um fragmento de bordo de cerâmica comum, de pasta vermelha; uma ponta de lápis de ardósia; um fragmento de cerâmica com decoração azul-cobalto, com relevo de uma face humana; fragmentos de faianças com decoração azul-cobalto, do século XVII; fragmento de bordo de faiança com decoração manganês, do século XVII; fragmentos de porcelanas chinesas, do século XVIII e um fragmento de azulejo. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 366. Perspetiva geral do sítio Gaio 3. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 367 E 368. Na imagem à esquerda, esquirola em sílex, lascas em sílex e lasca em quartzito. Na imagem à direita, duas asas de cerâmica comum e fragmento de bordo de cerâmica comum, de pasta vermelha. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 369 E 370. Na imagem à esquerda, dois fragmentos de bordos planos de cerâmica comum e um fragmento de bordo de cerâmica, de pasta negra. Na imagem à direita, fragmento de azulejo com decoração. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 371 E 372. Na imagem à esquerda, fragmentos de bordos, fundos e fragmentos indeterminados de faianças, com decoração azul-cobalto e manganês, do século XVII. Na imagem à esquerda, fragmentos de porcelana chinesa com decoração azul e fragmentos de faianças com decoração azul-cobalto. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 373 E 374. Na imagem à esquerda, fragmento de relevo com face humana e decoração em azul-cobalto. Na imagem à esquerda, fragmento da ponta de um lápis em ardósia. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 121 DESIGNAÇÃO: Rosário 2 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:24,857 LONGITUDE: -9:00:48,498 ALTITUDE: 0m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Em 2017, neste local, o arqueólogo Rui Correia identificou uma grande mancha de materiais arqueológicos, de períodos cronológicos diferenciados, dos quais destacamos uma lâmina em sílex; um raspador em sílex; um núcleo; um furador; um fragmento de peso de rede; fragmentos de porcelana chinesa e fragmentos de faianças dos séculos XVIII e XX. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 375. Perspetiva geral do sítio Rosário 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 376. Núcleo em quartzito com utilização como furador; raspador em sílex com denticulado; lasca em sílex retocada; lasca e esquírola em quartzito. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 377. Fundo de um vaso de pasta vermelha. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 378 E 379. Na imagem à esquerda, fragmento de fundo de porcelana chinesa. Na imagem à direita, fragmentos de faianças, dos séculos XVIII a XX. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 380. Peso de rede. Fotografias de Rui Correia.
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MAPA 26. Mapa com a georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 121 ao nº 129
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CODARQ: 122 DESIGNAÇÃO: Rosário 1 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:34,270 LONGITUDE: -9:00:44,199 ALTITUDE: 3m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: Em 2005, durante a realização de umas obras para a construção de uma esplanada no local, foram observados e registados pelo arqueólogo António Gonzalez e Ivone Barracha, os cortes resultantes da abertura de valas e recolhidos vários fragmentos de cerâmica e de alguns materiais orgânicos. Foi possível reconhecer um pavimento, composto por seixos perfeitamente alinhados e uma parede com blocos de pedra, de grandes dimensões que seriam de um anterior edifício. Além destes elementos, foi ainda identificado um túnel que poderia estar ligado a marinhas de sal, ou ao controlo da admissão e descarga de águas, utilizadas na indústria dos curtumes. Este aspeto remete-nos para a possível existência da antiga Fábrica da Sola do Rosário, de Leonardo dos Santos Pinto. BIBLIOGRAFIA: MENDES, Vitor Pereira – “A Fábrica da Sola do Rosário” In As Mulheres e o Trabalho: A Indústria de Vestuário no Concelho da Moita, Câmara da Moita, 2017, pp.33-37.
FOTOGRAFIA 381. Perspetiva geral do sítio Rosário 1. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 382. Perspetiva da escavação em 2005, no sítio Rosário 1. Fotografia de António Gonzalez.
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CODARQ: 123 DESIGNAÇÃO: Tanque do Pátio do Rosário N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Tanque FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:34,896 LONGITUDE: -9:00:40,935 ALTITUDE: 6m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Junto ao Pátio do Rosário, temos um tanque de grandes dimensões, construído em tijolo e com parte das suas paredes, cobertas por uma argamassa simples e de cor esbranquiçada. Numa das paredes laterais é, ainda possível, ver a estrutura de uma canalização interligada ao tanque, para apoio aos terrenos agrícolas. O tanque conserva ainda dois elementos ornamentais em alto-relevo, provavelmente de cariz simbólico, mais especificamente dois golfinhos e um outro que, nos faz parecer uma cabeça de touro, caiados de branco. Relatos orais indicam-nos que do lado esquerdo do tanque, existia um poço com uma nora, engenho de tirar água que seria utilizado no abastecimento do tanque, da quinta e da casa principal. Infelizmente, este poço já não existe, tendo sido completamente derrubado para dar origem a uma habitação. BIBLIOGRAFIA: SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para história local do Concelho da Moita, volume II, 2006, p.39.
FOTOGRAFIA 383. Perspetiva atual do tanque do Pátio do Rosário. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 384. Pormenor da cabeça de touro do tanque do Pátio do Rosário. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 385. Pormenor dos dois golfinhos do tanque do Pátio do Rosário. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 124 DESIGNAÇÃO: Pátio do Rosário N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Núcleo de Povoamento FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:35,497 LONGITUDE: -9:00:40,983 ALTITUDE: 6m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Neste local, denominado Pátio do Rosário, temos um conjunto de pequenas habitações, dispostas em redor de um pátio central. Tudo nos leva a crer que este pátio esteja na origem do núcleo urbano do Rosário, terá muito provavelmente funcionado como centro habitacional com as suas dependências, da antiga quinta agrícola de Martim Afonso que no ano de 1532, tinha o registo de dez moradores. Cosmo Bernardes de Macedo era, nesta data, o seu proprietário, o que nos leva a supor ter construído também aqui a sua residência, condigna ao seu estatuto, mas só a arqueologia, além dos documentos, nos poderá resgatar esta informação. No início do século XIX, José Gomes Claro teve a intenção de abrir uma estalagem e de criar uma carreira fluvial, no sítio do Rosário, mas mereceu o indeferimento do Senado da Câmara da Moita, alegando que seria propício aos descaminhos dos direitos do rei e a negócios ilícitos, acrescentando que seria um porto franco “para tranzitarem por elle os facinorozos e malevolos à sua vontade”. Terá existido no Rosário uma cruz ou cruzeiro, cujo socalco foi desmontado pelo José Gomes Claro, substituindo-o por barro, para lhe retirar a pedra e utilizá-la nos edifícios que tinha erguido e consertado no dito lugar. Esta memória apenas está registada na documentação, pelo que não há hoje vestígios deste cruzeiro. A falta de pedra para reparar os edifícios, levou José Gomes Claro a aproveitar tudo o que encontrou no lugar, além da cruz, foi igualmente acusado de ter desmantelado o curro de pedra que os devotos de Nossa Senhora do Rosário tinham montado no arraial em honra da mesma senhora, para dentro dele correr touros. O mesmo documento refere que o Rosário tinha nesta data, 1809, entre doze a quinze fogos e era uma povoação, na sua maioria, constituída por trabalhadores, cuja existência se devia a uma fábrica de sola, estabelecida há muitos anos naquele lugar, bem como aos fazendeiros, possuidores de terras e constantemente necessitados de mão-de-obra para os trabalhos agrícolas. Em relação ao pátio é ainda possível observar a existência de um pequeno "nicho", junto ao campanário no muro, ficando a dúvida da sua função específica. Contudo e dado tratar-se de uma quinta agrícola, pensamos que se tratasse de um campanário com o sino do trabalho, manobrado por uma corda, puxada à mão, para marcar o início dos ritmos de trabalho no campo. No ano de 2000, aquando das obras de recuperação do pátio, pela Junta de Freguesia,
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foi necessário fazer-se uma sondagem de emergência, junto a uma das paredes da habitação que consideramos principal. António Gonzalez que esteve a dirigir esta sondagem, não encontrou nenhuma estrutura, apenas despejos, como material lítico, cerâmica de paredes finas, do século XVI, faianças do século XVII, fragmento de haste de cachimbo em caulino, metais e dois pratos completamente inteiros. Os relatos orais referem que, estes pratos são de cronologia contemporânea e teriam pertencido a alguém do pátio que faleceu de uma doença contagiosa, sendo comum, nessa época, enterrar todos os pertences do falecido. BIBLIOGRAFIA: T.T. Desembargodo Poço / Estremadura, Maço 1476, Doc.1 SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para história local do Concelho da Moita, volume II, 2006, p.174.
FOTOGRAFIA 386. Perspetiva atual do sítio do Pátio do Rosário. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 387. Três esquírolas em sílex com pequenos retoques e lasca em quartzito retocada. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 388 E 389. Na imagem à esquerda, dois fragmentos de azulejos, com decoração azul, do século XVIII. Na imagem à direita, fragmento de gargalo com vidrado verde, do século XVII. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 390. Fragmento de bordo de porcelana chinesa, com decoração azul. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIAS 391 E 392. Na imagem à esquerda, fragmentos de bordos e fragmentos indeterminados de faianças, com decoração azul-cobalto e manganês, do século XVII. Na imagem à direita, fragmento de haste de cachimbo caulino. Fotografias de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 393 E 394. Na imagem à esquerda, fragmento de bordo e fragmento indeterminado de cerâmica de paredes finas, de pasta vermelha, do século XVI. Na imagem à direita, dois fragmentos de bordos planos de cerâmica comum, de pasta escura; um fragmento de fundo de cerâmica comum, de pasta vermelha e fragmento de testo de pasta vermelha. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 395. Conjunto de quatro cavilhas em ferro. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 396 E 397. Conjunto de dois pratos completos. Fotografias de Rui Correia.
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CODARQ: 125 DESIGNAÇÃO: Capela de Nossa Senhora do Rosário N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Ermida FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:37,624 LONGITUDE: -9:00:42,546 ALTITUDE: 8m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: A capela do Rosário50 foi mandada construir em 1532, por Cosmo Bernardes de Macedo, proprietário da Quinta de Martim Afonso e fidalgo da Casa Real. Temos esta indicação em duas inscrições epigráficas, estando a primeira colocada sobre a porta que dá entrada à sacristia e a segunda, gravada no degrau de acesso à capela-mor que nos diz o seguinte: «Esta capela e sepultura he de Cosmo Bernaldes de macedo e de sua molher Isabel Serram». Inicialmente esta capela foi dedicada a S. João Evangelista, mas devido aos milagres da Senhora que se começaram a verificar, desde a época da sua fundação, cuja imagem estava também no altar, o Santo Evangelista foi esquecido e o nome de Nossa Senhora tomou preponderância em relação àquele. Em 1758, segundo as Informações Paroquiais, era seu administrador o filho de Pedro de Sousa Castelo Branco que tinha a obrigação de dar duas missas rezadas em cada semana, e uma em cada ano, no oitavário dos Santos, ofertada com cinco alqueires de trigo e cinco potes de vinho. Em 1966, o imóvel sofreu obras de recuperação que alteraram a espacialidade interior do monumento, sendo demolidos o coro e o púlpito. A capela apresenta uma planta simples, orientada para Nascente, tendo na fachada principal o óculo e um portal gótico de arco trilobado, com elementos ornamentais característicos da arte manuelina. Aqui destacamos os colunelos de fustes lisos, com os capitéis decorados com flores, os entrançados e as cabaças nas bases. No interior, destacamos a pia batismal de forma oitavada e a pia de água benta, decorada com motivos vegetalistas, flores e bolotas em relevo. As paredes laterais da capela-mor encontram-se revestidas por dois painéis de azulejos azuis e brancos do século XVIII, rodeados por uma cercadura com um remate de dois anjos. Os azulejos exibem cenas da Senhora com o Menino ao colo. O corpo da capela é separado do santuário por um belo arco cruzeiro ou triunfal, em asa de cesto, talhado em meia cana côncava, onde estão esculpidas quatro flores em relevo de folhagens sobrepostas. O teto é em madeira, tipo caixotão, decorado com motivos muito simples, molduras retangulares, sendo visível no caixotão, junto ao arco triunfal, as armas portuguesas, o escudo e a coroa real.
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Encontra-se classificada como Monumento de Interesse Público.
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BIBLIOGRAFIA: ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.82. Portaria nº 740 – CA/2012, DR, 2ª série, nº 248 (suplemento) de 24/12/2012. SANTA MARIA, Frei Agostinho de – Santuário Mariano, Tomo VII, Título XXIV, Livro II, 1721, pp.261-262. SANTOS, Maria Clara – “Do Gótico ao Manuelino” In Ciclo de Conferências A Memória do que foi, o Registo do que é, o Projeto do que será, Câmara Municipal da Moita / CACAV, 2015, pp.66-67. SANTOS, Maria Clara – Alhos Vedros no Século XVI, Câmara Municipal da Moita, 2014, p. 124 e pp.132-136. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, 2004, pp.61-63. SILVA, Victor Manuel Dias da – As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008, pp.202-210.
FOTOGRAFIA 398. Perspetiva atual da Capela de Nossa Senhora do Rosário. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 126 DESIGNAÇÃO: Fornos de Cal 1 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Forno FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:40,395 LONGITUDE: -9:00:43,211 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Localizam-se numa vertente Oeste da praia do Rosário, a cerca de 30 metros da Ermida de Nossa Senhora do Rosário. Conjunto de dois fornos de cal, de grandes dimensões, em avançado estado de ruína. Neste momento, apenas se observam dois terços das câmaras de combustão, toda a parte da frente do edifício, telhado e plataforma já desapareceram; do lado esquerdo, é ainda possível observar-se uma construção adjacente aos fornos que seria, muito provavelmente, uma estrutura de apoio. Em frente aos dois fornos, quando a maré vaza, é possível verem-se os postes de madeira que constituíam o cais de apoio a esta estrutura pré industrial, mas carecem de um levantamento topográfico específico, para termos a noção da sua tipologia e dimensões. Segundo as Informações Paroquiais de 1758, haviam três fornos de cal neste lugar (o que significa que um dos fornos ou foi destruído na sua totalidade e não há vestígios ou ainda não foi identificado) e eram propriedade de Leonardo Pinto, o fundador da fábrica da sola do Rosário. A matéria-prima viria de Lisboa, os famosos calcários de Alcântara, para serem processados nestes fornos, implantados numa zona rural com muita madeira para a sua combustão. Aliás, as Informações Paroquiais noticiam-nos que nesta data, os frutos que os moradores do Rosário recolhiam em maior abundância, eram, além dos vinhos, os matos e lenhas dos pinhais que se transportavam para todos os fornos de cal, telha e tijolo e cidade de Lisboa. BIBLIOGRAFIA: ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.79 e p.82. PEREIRO, Tiago do – Levantamento Arqueológico do Concelho da Moita, 2008.
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FOTOGRAFIA 399. Perspetiva atual dos Fornos de Cal 1. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 127 DESIGNAÇÃO: Poço dos Fornos de Cal N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Poço FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:40,265 LONGITUDE: -9:00:43,535 ALTITUDE: 0m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Defronte aos fornos de Cal ali existentes, o arqueólogo António Gonzalez encontrou a estrutura de um poço de água doce, enterrado na praia. No decorrer de uns trabalhos ali realizados, foi possível identificar um conjunto de materiais arqueológicos, dos quais destacamos, um ladrilho retangular, fragmentos de telhas, pedaços de madeira, fragmentos de cerâmica em grés e fragmentos de cerâmica, dos séculos XIX e XX. Este poço faria parte do complexo dos Fornos de Cal: fornos com as estruturas de apoio, um poço de água doce, estacaria que faria parte de um cais, onde as embarcações atracavam para descarregar a matéria-prima e para transportar o produto final. Na atualidade o poço foi em parte arrasado para proteção da população, não sendo facilmente identificável por se encontrar coberto pela areia da praia. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 400. Perspetiva atual do Poço dos Fornos de Cal. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 401. O Poço dos Fornos de Cal (2000). Fotografia de António Gonzalez.
FOTOGRAFIA 402. Ladrilho retangular em barro. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 403. Fragmentos de cerâmica em grés, fragmentos indeterminados verde e branco, com elementos decorativos florais, dos séculos XIX/XX. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 128 DESIGNAÇÃO: Fornos de Cal 2 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:40,226 LONGITUDE: -9:00:43,943 ALTITUDE: 0m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Neste local, junto aos fornos de Cal ali existentes, foi detetado, pelo arqueólogo António Gonzalez, um conjunto de materiais arqueológicos, dos quais destacamos, uma lasca em sílex com encoche; um furador com denticulado em sílex; duas lascas em quartzito; uma lasca em quartzito com denticulado; seis núcleos de quartzito; fragmentos de bordos; tampas e fundos de cerâmica de pasta vermelha; um fragmento de azulejo do século XVII e um azulejo praticamente inteiro do século XVIII. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 404. Perspetiva geral do sítio Fornos de Cal 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 405. Núcleos em quartzito, com levantamentos bifaciais. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 406. Três lascas em quartzito com retoques, tendo uma denticulado e uma lasca em sílex com encoche e furador. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 407. Dois fragmentos de azulejos com decoração azul, do século XVIII. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 408. Azulejo padrão, com decoração azul e amarelo, em ponta de diamante, do início do século XVII. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 129 DESIGNAÇÃO: Fornos de Cal 3 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:42,695 LONGITUDE: -9:00:43,058 ALTITUDE: 7m CRONOLOGIA: Neolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Numa plataforma a Este da Capela de Nossa Senhora do Rosário, o arqueólogo António Gonzalez identificou um conjunto de materiais arqueológicos, de tipologias e cronologias diversas, dos quais destacamos, um fragmento de cerâmica neolítica; um fragmento de tampa de pasta escura; um fragmento de uma pequena taça de paredes finas, de pasta vermelha, coincidente com materiais dos séculos XVI/XVII e fragmentos de azulejos do século XVIII. A realização de umas sondagens de diagnóstico, aqui neste local, seria muito importante para se perceber a potencialidade arqueológica do sítio. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 409. Perspetiva geral do sítio Fornos de Cal 3. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIAS 410 E 411. Na imagem à esquerda, fragmentos de azulejos com decoração azul, do século XVIII. Na imagem à direita, fragmento de cerâmica neolítica. Fotografias de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 412. Fragmento de testo de cerâmica comum, de pasta escura; fragmento de bordo de cerâmica comum, de pasta vermelha e fragmento de perfil completo de taça, de pasta vermelha ainda com o bordo e o fundo. Fotografia de Rui Correia.
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MAPA 27. Mapa com a georreferenciação dos Sítios Patrimoniais 130 a 132
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CODARQ: 130 DESIGNAÇÃO: Prainha 1 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:58,320 LONGITUDE: -9:00:36,610 ALTITUDE: 7m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Durante a realização de várias passagens, nesta praia, nos anos 90 do século XX, o arqueólogo António Gonzalez identificou um conjunto de materiais, de tipologias e cronologias diversas, dos quais destacamos, um seixo em sílex retocado; uma lasca em quartzito com encoche e furador; dois núcleos de quartzito (um com levantamentos bifaciais); fragmentos de cerâmica comum, de pasta vermelha; um peso de rede; fragmentos de azulejos, do século XVII; fragmentos de faianças, do século XVII, com decoração azul-cobalto e fragmentos de porcelana chinesa. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 413. Perspetiva geral do sítio Prainha 1. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 414. Dois núcleos em quartzito com levantamentos; uma lasca em quartzito retocada, denticulada e furador; um núcleo em sílex com pequeno encoche; uma lasca em quartzito retocada e denticulada e esquírola em quartzito (leitura da esquerda para a direita e de cima para baixo). Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 415. Cinco fragmentos de azulejo, com decoração azul-cobalto, do século XVIII e um fragmento de azulejo com decoração em lilás. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 416. Fragmento de testo estampilhado, do século XIX e fragmento de porcelana chinesa. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 417. Fragmento de prato, de bordo e fragmento indeterminado de faianças, com decoração azul-cobalto. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 418. Fragmento de testo de cerâmica comum, de pasta vermelha; peso de rede; fragmento de bordo de cerâmica comum, com furo de suspensão. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 131 DESIGNAÇÃO: Cais da Prainha N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Cais FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:41:09,320 LONGITUDE: -9:00:28,480 ALTITUDE: 0m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Neste local existem vestígios de estacaria em madeira que se pressupõe terem pertencido a um ponto de embarque e desembarque. Estava provavelmente ligada à casa em ruínas, ali existente, como podia igualmente servir de estrutura de apoio à antiga marinha da Prainha. Nas proximidades desta estrutura em madeira, há também umas ruínas em alvenaria que poderão corresponder à comporta da antiga marinha da Prainha. No local, ainda, é possível observar a depressão, correspondente ao vestígio da antiga caldeira que era alimentada por aquela entrada de água. Em 1958, na publicação de João Ferreira da Silva, esta marinha é descrita da seguinte forma: “1 viveiro a norte, de forma irregular. Tomada de água de 15 em 15 dias, nas marés vivas, com eixos de 4 metros, por uma comporta de alvenaria precária. Escoamento completo”. BIBLIOGRAFIA: SIMPLÍCIO, Maria Cândida – “Reflexões para uma Carta Arqueológica do Concelho da Moita” In I Jornadas de História e Património Local, Câmara Municipal da Moita, 2004, p.23.
FOTOGRAFIA 419. Perspetiva geral do Cais da Prainha. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 132 DESIGNAÇÃO: Prainha 2 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Achados Isolados FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:41:15,360 LONGITUDE: -9:00:23,460 ALTITUDE: -1m CRONOLOGIA: Paleolítico DESCRIÇÃO: Em 2016, durante uma visita ao local, os arqueólogos Rui Correia e Adélia Queirós identificaram numa pequena cascalheira, junto à praia, um conjunto de materiais arqueológicos, mais concretamente, dois núcleos de quartzito com levantamentos e uma lasca em quartzito com pequenos retoques. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 420. Perspetiva geral do sítio Prainha 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 421. Dois núcleos em quartzito e uma lasca em quartzito. Fotografia de Rui Correia.
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MAPA 28. Mapa com a georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 133 ao nº 137
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CODARQ: 133 DESIGNAÇÃO: Moinho de Maré da Quinta do Esteiro Furado ou do Froje N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Moinho de Maré FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:51,353 LONGITUDE: -8:59:44,533 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Situado na Quinta do Esteiro Furado, o moinho de Maré dispunha de três aferidos, canais em pedra que conduziam a água da caldeira até aos arcos, onde estavam instalados os rodízios em madeira. Era a força do jato de água que fazia girar os rodízios. Não temos indicação da data da sua edificação, mas nas Memórias Paroquiais de 1758, temos já referências a este moinho, com a designação de moinho do Esteiro Furado. Na tradição popular, este moinho é conhecido e designado como Moinho do “Froje”, Victor Silva sugere que este topónimo poderá estar associado ao nome de um moleiro que tenha ali trabalhado. Na época presente, o moinho encontra-se em ruínas, mas ainda podemos observar, embora com alguma dificuldade, devido à densa vegetação, as entradas de água para os rodízios e a caldeira. BIBLIOGRAFIA: ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.84. SILVA, Victor Manuel da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume I, 2005, p.122.
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FOTOGRAFIA 420. Perspetiva da ruína do Moinho de Maré da Quinta do Esteiro Furado ou do Froje. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 423. Perspetiva antiga do Moinho de Maré da Quinta do Esteiro Furado ou do Froje. Fotografia cedida por Marcolino Fernandes.
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CODARQ: 134 DESIGNAÇÃO: Quinta do Esteiro Furado N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Palácio FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:50,625 LONGITUDE: -8:59:41,823 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Esta quinta agrícola situa-se numa propriedade privada, à beira de um dos esteiros do Rio Tejo, sendo também conhecida como a Quinta dos Ingleses. Foi fundada no século XVII e resultou da união da Quinta do Brechão e da Quinta de Martim Afonso. Foi seu senhor, o flamengo, Giraldo Hugens com sua mulher Inês Velloza. Na última década do século XIX, em 1890, Lord Bucknall e Carlos Creswell de nacionalidade inglesa, eram os proprietários desta quinta e nela instalaram uma fábrica de serração de cortiça que empregava oito operários. Este complexo agrícola era constituído por uma casa de habitação com uma torre, tipo senhorial adulterada, uma capela, uma estufa de flores, uma adega com todos os elementos necessários à produção de vinho, casas de habitação dos caseiros e outros trabalhadores, armazéns para guardar as alfaias agrícolas, um tanque, um cais de acostagem para as embarcações, um moinho de maré, anteriormente citado e uma praia privativa. As Informações Paroquiais de 1758 mencionam que esta quinta era também detentora de uma marinha, de grandes pinhais, vinhas, pomares com três poços, todos munidos de nora, sendo que um estava localizado, no pátio da casa nobre. A marinha aqui referida, aparece indicada na cartografia do início do século XIX, como podemos observar na Carta Topográfica Militar do Terreno da Península de Setúbal, de Jozé Maria das Neves Costa (1813-1816) e referenciada neste trabalho como Mapa 22. Atualmente, todos estes edifícios encontram-se em estado avançado de abandono e de ruína e são de propriedade privada. BIBLIOGRAFIA: ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.82. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, 2004, p.47 e pp.128-129. SILVA, Victor Manuel Dias da – As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008, pp.229-231.
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FOTOGRAFIA 424. Perspetiva atual da Quinta do Esteiro Furado. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 135 DESIGNAÇÃO: Cais do Esteiro Furado N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Cais FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:52,479 LONGITUDE: -8:59:40,449 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Neste local existem ainda as estruturas de um antigo cais que seria utilizado para transporte de pessoas e de mercadorias, estando interligado com a fábrica de cortiça ali existente. Neste cais fazia-se também a aguada dos barcos, devido aos furos de boa água que a quinta possuía. Terá sido construído aquando da edificação da própria quinta. BIBLIOGRAFIA: SIMPLÍCIO, Maria Cândida – “Reflexões para uma Carta Arqueológica do Concelho da Moita” In I Jornadas de História e Património Local, Câmara Municipal da Moita, 2004, p.21.
FOTOGRAFIA 425. Perspetiva geral do Cais do Esteiro Furado. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 136 DESIGNAÇÃO: Capela de São Geraldo ou Santíssima Trindade N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Capela FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:51,359 LONGITUDE: 8:59:40,652 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Situada na Quinta do Esteiro Furado, a capela de S. Geraldo ou Santíssima Trindade terá sido mandada fundar em 1600, pela Ordem de Santiago, mas a sua construção só teve início a 16 de julho de 1629. Foi edificada pelos proprietários da quinta, Giraldo Hugens, cidadão de origem flamenga e sua mulher Inês Velloza. A 26 de maio de 1630, no dia da Santíssima Trindade, foi celebrada a primeira missa. No passado foi associada a São Geraldo por ter sido ali sepultado o instituidor da capela, de nome Giraldo com a sua esposa, como era habitual na época, mas essa situação já foi atualmente corrigida. Esta capela apresenta uma planta longitudinal, com uma sacristia em justaposição lateral e escada exterior de acesso ao coro-alto e ao arco sineiro. Tem um telhado de duas águas, as fachadas são rematadas com uma cornija de coroamento contínuo e beiral e desenvolvem-se entre cunhais um pouco vincados. Podemos ainda acrescentar que os vãos de portas e janelas são de tipo rectangular, envolvidas com vergas e ombreiras em pedra. No interior temos uma janela sobrepujada por lápide, com aletas contracurvadas e insígnia da Ordem de Santiago, encimada por cruz sobre plinto como decoração. Nas paredes, temos azulejos com padrões policromados em azul e amarelo sobre esmalte branco, mas também com padronagem tipo tapete. Nesta capela existem duas epígrafes: a mais antiga encontrava-se por cima da porta de entrada (que foi removida) com a seguinte inscrição: “EM LOVVOR DA SANTISSI/ MA TRINDADE SE PRINCI/PIOV ESTA HERMIDA DA SA/TISSIMA TRINDADE A QVAL/EDIFICOV GIRALDO HVGV/ENS E SVA MOLHER INES/VELLOSA NO ANNO DE 1629”51; a segunda corresponde à lápide da pedra tumular (hoje está completamente removida do seu local de origem) que nos informa que Giraldo Hugens faleceu a 2 de Julho de 1657 e que a sua esposa Inês Vellosa e seus descendentes foram os administradores da ermida. No Mapa 22, na Carta Topográfica Militar do Terreno da Península de Setúbal, de Jozé Maria das Neves Costa (1813-1816) podemos observar uma cruz na Quinta do Esteiro Furado, como prova da sua localização. Atualmente esta capela encontra-se em ruínas e ao abandono, sendo o seu estado de tal forma precário que o telhado já abateu e os azulejos já desapareceram. Tradução dos autores: “Em louvor de Santíssima Trindade se principiou esta ermida de Santíssima Trindade e qual edificou Giraldo Hugens e sua mulher Inês Vellosa no ano de 1629”. 51
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BIBLIOGRAFIA: ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.82. SILVA, Victor Manuel Dias da – As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008, pp.226-228.
FOTOGRAFIA 426. Perspetiva atual do exterior da Capela de São Geraldo ou Santíssima Trindade. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 427. Perspetiva atual do interior da Capela de São Geraldo ou Santíssima Trindade. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 137 DESIGNAÇÃO: Fábrica de Cortiça do Esteiro Furado N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Complexo Industrial FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:52,218 LONGITUDE: -8:59:39,081 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Na Quinta do Esteiro Furado foi construída, no final do século XIX, uma fábrica dedicada à transformação e exportação de cortiça. O inquérito industrial de 1890 indica a existência de uma pequena fábrica de Thomaz Creswel, com apenas 8 trabalhadores (1 mestre e 7 operários). Apesar da sua dimensão, estava equipada com uma máquina de vinte cavalos, uma raridade na época. BIBLIOGRAFIA: ALDEIA, Augusto João – Memórias da Indústria da Cortiça em Alhos Vedros, 1897 a 1950. Inquérito Industrial de 1890-1891.
FOTOGRAFIA 428. Perspetiva atual da Fábrica de Cortiça do Esteiro Furado. Fotografia de Rui Correia.
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MAPA 29. Mapa com a georreferenciação dos Sítios Patrimoniais nº 138 ao nº 147
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CODARQ: 138 DESIGNAÇÃO: Cais dos Piqueniques 2 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:41:01,008 LONGITUDE: -8:59:00,878 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Junto ao Esteiro da Marinha Bombassa, foi identificado um conjunto de materiais arqueológicos diversos e de cronologia diferenciada. Este conjunto de materiais era composto, por alguns materiais líticos, por fragmentos de cerâmica, de escória de vidro e de azulejos (datáveis dos séculos XVII e XVIII). BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 429. Perspetiva atual do sítio Cais dos Piqueniques 2. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 430. Cinco fragmentos de azulejos, com decoração azul-cobalto, do século XVIII e um fragmento de azulejo com decoração amarela, do século XVII. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 431. Dois fragmentos de fundos, um fragmento de asa e um fragmento de bordo de cerâmica comum, de pasta vermelha. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 139 DESIGNAÇÃO: Cais da Ponta da Marinha (Marinha Bombassa) N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Cais FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:41:09,471 LONGITUDE: -8:58:49,603 ALTITUDE: 0m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: Segundo relatos orais, este local era utilizado pelas embarcações, para realizarem o embarque e desembarque dos passageiros que procuravam atravessar o rio para o Montijo. Os muros da salina, ali existentes, serviam de cais durante a preia-mar. Na maré vazante como o embarque tinha que ser efetuado na Ponta da Marinha, as pessoas utilizavam um passadiço, feito em pedra que, ia desde o muro da salina até à zona de acostagem das embarcações. Este empedrado permitia a passagem das pessoas e das mercadorias, sem ter que passar pelo lodo. Como afirma Marcolino Fernandes, as pessoas que faziam esta travessia “eram sobretudo trabalhadores da indústria corticeira (muito abundante na época, no Montijo), ou pessoas que iam em visita ocasional ao Montijo, para fazerem compras.” BIBLIOGRAFIA: FERNANDES, Marcolino Cardoso – Sarilhos Pequenos. Marítimos seus Modos de Vida, edição de autor, 1996, p.36. SIMPLÍCIO, Maria Cândida – “Reflexões para uma Carta Arqueológica do Concelho da Moita” In I Jornadas de História e Património Local, Câmara Municipal da Moita, 2004, p.20.
FOTOGRAFIA 432. Perspetiva geral do sítio Cais da Ponta da Marinha (Marinha Bombassa). Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 140 DESIGNAÇÃO: Cais dos Piqueniques 1 N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:41:00,300 LONGITUDE: -8:58:44,126 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Paleolítico/Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: Numa pequena depositação de areia, nas proximidades do Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos, o arqueólogo António Gonzalez identificou uma enorme dispersão de materiais arqueológicos, de diferentes períodos cronológicos. Numa extensão de cem metros aproximadamente, foi possível identificar alguns materiais líticos, bem como fragmentos de cerâmica comum, faianças e porcelanas de diversas épocas. Foi ainda identificado um peso de rede. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 433. Perspetiva geral do sítio Cais dos Piqueniques 1. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 434. Duas lascas em quartzito, tendo a da direita encoche. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 435. Peso de rede, em cerâmica. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 436. Fragmento de fundo em grés. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 437. Conjunto de três fragmentos de bordos de cerâmica comum e um fragmento de asa, de pasta vermelha. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 141 DESIGNAÇÃO: Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Estaleiro Naval FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:53,938 LONGITUDE: -8:58:45,579 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: O Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos foi instalado em 1947, por António Pinto, o “Viana”, para fazer reparações nas embarcações tradicionais do Tejo. Em 1955, foi adquirido pelo mestre Jaime Ferreira da Costa, natural de Pardilhó e pai do atual mestre do estaleiro, Jaime Manuel Carromeu Costa. Implantado na praia do esteiro de Sarilhos, é hoje o único estaleiro a trabalhar em madeira, no Estuário do Tejo, sendo constituído por um escritório, oficinas, plano inclinado, composto por duas carreiras e estruturas de proteção, caldeira, armazéns e cais de acostagem. BIBLIOGRAFIA: FERNANDES, Marcolino Cardoso – Fragateiros do Tejo, Livraria Orfeu, Bruxelas, 2012, p.61. MENDES, Vitor Pereira – Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos, Câmara Municipal da Moita, 2013, p.25. SANTOS, Maria Clara – O Artesanato no Concelho da Moita, 2ª Edição, Câmara Municipal da Moita, 1998, pp.59-61. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2004, p.89.
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FOTOGRAFIA 438. Perspetiva atual do Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos. Fotografia de Rui Correia.
FOTOGRAFIA 439. Embarcação no plano inclinado para trabalhos de recuperação, no Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos. Fotografia de José Presumido, Câmara Municipal da Moita.
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CODARQ: 142 DESIGNAÇÃO: Capela de Nossa Senhora da Graça N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Capela FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:52,757 LONGITUDE: -8:58:59,145 ALTITUDE: 6m CRONOLOGIA: Idade Moderna DESCRIÇÃO: Não temos indicação da data da sua edificação, a primeira referência a esta capela surge nas Informações Paroquiais de 1758, com a seguinte informação: “Tem outra capela no meio do lugar de Sarilhos Pequenos, termo paroquiano desta Vila; tem só um altar sem sacrário, nele S. Pedro, que é o Patrão, Santa Catarina, S. Tiago, S. João Baptista; na tribuna, Nossa Senhora da Graça; é administrada pelos moradores do mesmo lugar”. Do templo primitivo quase nada resta, devido às obras de restauro que nos anos 70, do século passado, desvirtuaram a sua anterior traça arquitetónica e na sequência dessas adulterações, possui duas naves de acrescentamento moderno. A capela apresenta uma planta longitudinal, composta por dois retângulos, um referente à nave e o outro aos anexos. A sua fachada Sul apresenta duas aberturas de janelas, remate em cornija de coroamento e em beiral; a fachada Norte apresenta uma porta simples e três janelas correspondendo a três divisões internas, da sua construção anexa e remate em cornija de coroamento e beiral. Por fim, a fachada principal é rematada por um frontão triangular com um óculo cego, apresenta-se rasgada por um portal simples e por uma janela de duas folhas. No interior, temos o lavabo com espaldar decorado, localizado na sacristia e a pia de água benta, em forma de meia esfera, situada na entrada da capela, dois interessantes testemunhos do edifício primitivo, os únicos vestígios que subsistiram à intervenção e que nos levam a enquadrar a construção da ermida no final do século XVI. BIBLIOGRAFIA: ALVES, Padre Carlos F. Póvoa – Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, 1992, p.82. SANTOS, Maria Clara – Retrato em Movimento do Concelho da Moita, Câmara Municipal da Moita, 2004, p.77. SILVA, Victor Manuel Dias da – As Visitações da Ordem de Santiago – As Igrejas, Ermidas, Capelas e Confrarias, 2008, pp.293-297.
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FOTOGRAFIA 440. Fachada principal e a parede Sul, da Capela de Nossa Senhora da Graça. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 143 DESIGNAÇÃO: Palácio Corte Real N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Edifício FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:50,698 LONGITUDE: -8:58:59,422 ALTITUDE: 6m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: O Palácio Corte Real aparentemente parece ser um edifício da segunda metade do século XIX que no seu conjunto, apresenta uma traça simples e de pouco interesse arquitetónico. De planta retangular e de configuração simétrica, apresenta dois pisos, rasgados por várias janelas, sendo o piso térreo demarcado por duas portas. A sua relevância reside certamente no cruzar da sua história com a da família Corte Real. Segundo a tradição oral, no início do século XX, os descendentes da família Corte Real doaram o palácio à população de Sarilhos Pequenos. O edifício já desempenhou funções de asilo e hoje funciona como um lar. BIBLIOGRAFIA: SILVA, Victor Manuel da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume II, 2006, p.181.
FOTOGRAFIA 441. Perspetiva atual do Palácio Corte Real. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 144 DESIGNAÇÃO: Quinta dos Mochos N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Vestígios Diversos FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:44,455 LONGITUDE: -8:58:56,604 ALTITUDE: 1m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: A Quinta dos Mochos pertenceu à família Corte Real e neste local encontramos um muro, onde estão inseridos dois portões, de arquitetura popular tradicional, mas muito interessantes na sua composição. Um deles tem uma cruz no topo e é rematado por uns elementos espiralados. Na outra extremidade do muro, encontramos o outro portão, com ornatos e coroado por uma espécie de campanário. Foram identificados alguns fragmentos de faiança e cerâmica comum, na área junto aos muros. BIBLIOGRAFIA: Inédito.
FOTOGRAFIA 442. Perspetiva de um portão, na Quinta dos Mochos. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 443. Perspetiva de outro portão, na Quinta dos Mochos. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 444. Um fragmento de fundo de faiança, dois fragmentos de bordos e um fragmento indeterminado de faiança, com decoração azul-cobalto. Fotografia de Rui Correia..
FOTOGRAFIA 445. Fragmento de bordo de cerâmica de paredes finas, de pasta vermelha. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 145 DESIGNAÇÃO: Fontanário da Quinta dos Mochos N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Fonte FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:45,368 LONGITUDE: -8:58:57,904 ALTITUDE: 7m CRONOLOGIA: Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: No interior da Quinta dos Mochos, existe um fontanário, com a inscrição de 1782. O fontanário é acompanhado de um pequeno tanque, construído em alvenaria e argamassa. Mesmo contíguo ao tanque, existe também um poço que abastecia de água, não só o fontanário e o tanque da quinta, como fornecia água à população de Sarilhos Pequenos. BIBLIOGRAFIA: SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moia, Volume II, 2006, p.39.
FOTOGRAFIA 446. Perspetiva geral do Fontanário da Quinta dos Mochos. Fotografia de Rui Correia.
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FOTOGRAFIA 447. Pormenor do Fontanário da Quinta dos Mochos, com a data de 1782. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 146 DESIGNAÇÃO: Montureiras ou Lameiras N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: X TIPO: Lixeira FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:46,838 LONGITUDE: -8:58:40,144 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Idade Moderna/Idade Contemporânea DESCRIÇÃO: O concelho da Moita possuía uma montureira no local, onde se encontra a atual sede da Associação Naval de Sarilhos Pequenos. As montureiras ou lameiras eram locais, onde se despejavam os lixos que vinham de Lisboa, através via fluvial, para serem utilizados como estrume nas terras agrícolas. Segundo os relatos orais, era também comum verem-se embarcações carregados de cacos, a despejarem neste local. Por esta razão, encontra-se nesta zona, não só os restos de lixo doméstico, mas também milhares de fragmentos de cerâmica, faianças e porcelanas, resultantes dos inúmeros despejos que foram aí feitos, ao longo de vários anos. BIBLIOGRAFIA: FERNANDES, Marcolino Cardoso – Sarilhos Pequenos. Marítimos seus Modos de Vida, edição de autor, 1996, p.35. SIMPLÍCIO, Maria Cândida – “Reflexões para uma Carta Arqueológica do Concelho da Moita” In I Jornadas de História e Património Local, Câmara Municipal da Moita, 2004, p.19.
FOTOGRAFIA 448. Perspetiva geral das Montureiras ou Lameiras. Fotografia de Rui Correia.
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CODARQ: 147 DESIGNAÇÃO: Moinho de Maré de "Entre os Termos" N.º FOLHA C.M.P: 432 CNS: 23756 TIPO: Moinho de Maré FREGUESIA: União de Freguesias do Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos LATITUDE: 38:40:47,423 LONGITUDE: -8:58:36,064 ALTITUDE: 2m CRONOLOGIA: Indeterminado DESCRIÇÃO: O Moinho de Maré existente neste local tinha uma dupla função, por um lado permitir a passagem entre os dois termos, mas também garantir o fluxo de água suficiente para manter o esteiro desassoreado. Esta última função era garantida pelo sistema da caldeira e porta de água. Do moinho de maré só restam apenas vestígios, tendo no lugar da antiga construção, sido edificada uma ponte, para continuar a dar passagem às pessoas que vivem nos termos das freguesias de Sarilhos Pequenos e Sarilhos Grandes. A existência deste moinho está provada documentalmente a partir de 1585, através de uma fonte indireta. Trata-se da medição de uma marinha que o morgado António Gama fez, no âmbito do tombo das propriedades que possuía na vila de Aldeia Galega e seu termo. Curiosamente, as Informações Paroquiais da Moita de 1758, não lhe fazem qualquer referência. Contudo, sabemos pelas escrituras de arrendamento que tinha quatro pares de mós, sendo duas pertencentes ao termo de Alhos Vedros e depois Moita (a partir de 1691) e as restantes ao termo de Aldeia Galega. No ano de 1699, o seu moleiro chamava-se João de Matos e fez um termo de fiança, na vila da Moita, como era habitual para os carregadores dos moinhos, pelo seu escravo “por nome Pedro para que possa carregar pão desta villa [Moita] e de seu termo para o dito moinho e elle dito fiador se obriga a dar e pagar todas as faltas que ouver do pão que se lhe entregue (…).” Segundo fontes orais, o Moinho de Maré de Entre os Termos laborou até ao fim da década de quarenta, do século XX. Embora o moinho já não exista, a caldeira e a comporta mantêm-se em funcionamento, de maneira a manter a cala do rio desassoreada para a navegação. Do lado Este da ponte pertence já a Sarilhos Grandes, concelho do Montijo. BIBLIOGRAFIA: Livro de Vereações 1698-1706. SILVA, Victor Manuel Dias da – Contributos para a História Local do Concelho da Moita, Volume I, 2005, p.106-108.
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FOTOGRAFIA 440. Perspetiva atual do local onde se localizava o Moinho de Maré de "Entre os Termos". Fotografia de Rui Correia.
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CONCLUSÃO
realização de um projeto desta dimensão, compreendeu inúmeros desafios que foram ultrapassados por esta equipa de trabalho, ao longo de vários meses de intenso labor, momentos difíceis, mas sempre proveitosos e ultrapassados. Compilar tantos dados e informações, bem como interpretar, selecionar e fotografar, não é tarefa fácil, é sempre um exercício moroso e de grande complexidade, que esperamos seja bem-recebido pelas populações. Com a elaboração deste documento sobre o património do concelho da Moita, foi possível trazer à luz dos conhecimentos atuais, informações e registos materiais de que este território teve uma ocupação humana muito antiga, rica e variada que, remonta ao período da pré-história. Porém, esta Carta não encerra em si, todo o conhecimento das realidades patrimoniais existentes no concelho, muito ainda ficou por descrever, mas devido a questões de tempo, não foi possível deixar aqui todos esses registos. Por esta razão, fica, desde já, o desafio para a elaboração futura, de um segundo volume que possa englobar, não só a atualização de todas as referências patrimoniais presentemente inseridas, mas também todos os elementos patrimoniais que não foram contemplados neste primeiro volume.
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GLOSSÁRIO
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onsideramos relevante a inserção deste glossário, uma vez que permite uma explicitação de termos mais técnicos, utilizados ao longo desta carta52: • Abrigo: Cavidade natural, de pouca profundidade, de ampla abertura com uma parede de rocha e cujo solo é mais ou menos plano. • Abrigo sob a rocha: Local protegido pelas intempéries, por uma inclinação rochosa. Estas estações foram procuradas pelo Homem, durante o período pré-histórico, para estabelecer os seus acampamentos. São também depósitos estratificados, muitas vezes, soterrados por grandes desabamentos de teto e constituem uma parte importante das jazidas escavadas pelos arqueólogos. A par destas encontramos a gruta natural e artificial. • a.C.: Abreviatura de “ante Christum”, ou seja, antes de Cristo. • Achado isolado: Objeto ou pequeno conjunto de objectos, de valor arqueológico, encontrados sem contexto.
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FIGUEIREDO, Paulo – Dicionário de Termos Arqueológicos, Prefácio, Lisboa, 2004.
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• Acheulense (de St. Acheul, França): Tradição de fabrico de instrumentos líticos do Paleolítico Inferior, difundida por quase todo o Velho Mundo. Dela são especialmente característicos os triedros, os bifaces e os machados de mão. • a.D.: Anno Domini – em português é mais usado d.C. (depois de Cristo). • Adobe ou Adobo: Mistura de terra e palha, amassada com água, da qual se fabricam tijolos secos ao sol, usados na construção em zonas pobres de pedra. • Adorno: Enfeite, ornamento. • Adro: Área, aberta ou cercada, em frente das igrejas ou em volta delas. • Afloramento: Qualquer exposição de rochas na superfície da terra. Pode ser formado naturalmente pela erosão do solo ou pela ação humana, como por exemplo, em cortes de estradas, pedreiras e escavações arqueológicas. • Agulha: Ponta fina em osso ou em marfim, que apareceu desde a origem do Paleolítico Superior. Estes objetos, por vezes, de dimensões reduzidas, permitiam já nesta época executar delicados trabalhos de costura, como juntar peles, a partir de fios ou tendões de animais. • Al-Andalus: Designação da Península Ibérica, no tempo dos Árabes. • Alminha: Azulejo isolado ou pequena composição de azulejos, representando as almas no purgatório, envolvidas pelas chamas. Por norma encontra-se na beira de um caminho. • Altitude: Distância, em linha reta, desde o nível do mar até ao lugar considerado. • Aluvião: Argila, areia, cascalho, seixo ou outro material detrítico, depositado pela água. Ou também, acumulação de partículas, como areia e silte, que são carregadas pelo rio, depositando-se abaixo, nas suas embocaduras ou ao longo das suas margens, formando bancos férteis de areia. • Ânfora: Vasilha de duas asas, de origem grega, de forma geralmente ovóide para transporte de vinho, azeite e conservas. • Argamassa: Mistura de cal, areia e água, com que se fixam os azulejos e outros materiais de construção. • Arqueologia: Ciência que estuda o passado do Homem, através dos seus vestígios materiais. • Artefacto: Qualquer objeto móvel que foi manuseado, modificado ou manufaturado por seres humanos, como por exemplo, um utensílio, uma arma ou um recipiente. • Aterro: Enchimento com terra e entulho um espaço normalmente alagado. • Australopithecus: Designação dos primeiros hominídeos que viveram, há cerca de 3.5 – 4 milhões de anos. • Azulejo: Placa cerâmica de tamanho e espessura variáveis, geralmente quadrado ou retangular, constituído por base argilosa (tardoz) e superfície decorada e vitrificada (vidrado), destinado essencialmente a revestimento parietal. • Barroco: Estilo arquitetónico, compreendido entre os finais do século XVI e os finais do século XVIII, cuja característica principal é o exagero decorativo. • Biface: Utensílio de pedra talhada nas duas faces, apresenta o formato de uma amêndoa. Parecem ter sido utilizados para cortar e raspar.
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• Buril: Utensílio de pedra, caracterizado pelo seu estreito bisel, resultante do desbaste de uma ou várias lamelas de um bloco, de uma lasca ou de uma lâmina. O bisel pode ser determinado pela intersecção de dois talhes, por uma fratura ou um desbaste, por uma linha de retoques abruptos e por um ou mais desbastes. Os buris parecem adaptados ao trabalho das matérias ósseas que podem cortar com um dos ângulos ou em toda a largura do seu bisel. • Cabeceiras de sepultura: Estelas em pedra, com uma parte superior em disco retangular ou quadrangular e a inferior em espigão (que ficava enterrada); destinavam-se a homenagear os defuntos e eram colocadas à cabeceira das sepulturas. • Calcolítico: Período que assiste às primeiras manifestações da metalurgia, a par da continuação do trabalho da pedra, acarretando profundas transformações a nível económico e social. Surgem os primeiros povoados fortificados, monumentos funerários de tipos diversos e novas formas de cerâmica, em que se destacam os vasos campaniformes, na fase final. • Campaniforme: No que toca às artes cerâmicas, corresponde à fase final do período Calcolítico, caracterizada por um tipo de cerâmica profusamente decorada, cuja forma típica lembra uma campânula invertida. • Cardial: Tipo de decoração da cerâmica do neolítico, pela impressão na pasta do bordo, de uma concha cardium. • Carena: Em peças cerâmicas, zonas onde há uma quebra acentuada na continuação da parede do recipiente. • Cella: Capela, sala ou espaço sagrado, dentro de um templo, onde se colocava a imagem de uma divindade. • Córtex: Palavra do latim que significa casca. Zona superficial alterada, envolvendo certos blocos de pedra. • Cruzeiro: Grande cruz em pedra, levantada em caminhos, encruzilhadas, adros e cemitérios. • Cultura: Em sentido arqueológico, designa um conjunto de artefactos (objetos móveis ou imóveis) e sítios, recorrentes num determinado tempo e espaço; em sentido antropológico, tem um significado mais vasto, incluindo aspetos relacionados com os comportamentos, os sistemas de valores e, em certos casos, a definição étnica. • d.C.: Abreviatura de “depois de Cristo” • Decoração Impressa: Decoração produzida pela impressão de objetos ou materiais diversos, acionados como se tratasse de um carimbo. O oposto de incisa que implica o corte ou arrastamento na argila, com um objeto cortante. • Denticulado: Diz-se de todas as peças de sílex talhado, cujos gumes apresentam uma série de entalhes contíguos ou não. • Diáclase: Grande fratura natural da rocha. • Encoche: Palavra de origem francesa. É o nome dado a um utensilio lítico. O encoche é obtido através de percussão direta, onde se obtêm um pequeno entalhe com curvatura na parte lateral da peça.
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• Entulho: Resíduos de materiais, provenientes de demolições ou desmoronamentos, de uma ou várias edificações. • Enxó: Instrumento inicialmente produzido em pedra polida e depois em metal, cujo gume era acoplado a um pedaço de madeira e serviria para apoio ao corte e ao desbaste. Trata-se de um instrumento com grande utilidade. • Epígrafe: Designa o texto propriamente dito ou o monumento epigráfico no seu conjunto; podem ser funerárias, votivas ou honoríficas. • Epigrafia: Ciência que estuda as inscrições em materiais duros: pedra, metal, cerâmica, etc. • Escória: Matéria vidrante que se forma à superfície dos metais em fusão; impurezas. • Esquírola: Lasca de pequenas dimensões, resultante do talhe de matérias primas, normalmente em sílex, quartzo, quartzito. • Estação arqueológica: Sítio com vestígios materiais contextualizados e que provam a ocupação do local, em épocas passadas. • Estratigrafia: Os vestígios dos períodos recuados, abandonados pelo homem, foram deixados em solos progressivamente mais fundos, enterrados pelo depósito de novos sedimentos. Deixados ao longo das sucessivas ocupações, no mesmo local, estes testemunhos arqueológicos repousaram a diferentes profundidades e a sobreposição de todos estes níveis forma uma sequência estratigráfica. • Face (cerâmica): Superfície plana do azulejo ou placa pavimentar que fica à vista, opondo-se ao tardoz, parte posterior. • Faiança: Designação que tem origem na cidade italiana de Faenza. Refere-se a um grande grupo de produtos cerâmicos, de pasta mais ou menos porosa e frequentemente branca, recoberta por um revestimento de vidro, com ou sem decoração. Incluem-se neste grupo, uma grande parte da loiça utilitária, de mesa e decorativa. • Fauna: Conjunto de animais existentes numa região do globo, ou numa época determinada. É, muitas vezes, agrupada com a flora correspondente e diz-se, então, fauna e flora de um país ou de uma era. • Fornilho: Parte integrante de um cachimbo. Trata-se do recipiente onde se queimam as diversas misturas de tabaco. • Fresco: Pintura feita sobre os rebocos de estuque das paredes, enquanto estão molhadas, com tintas a têmpera. Os pigmentos são diluídos em água e a pintura é absorvida pela argamassa seca. • Furador: Instrumento de pedra lascada, talhado numa lâmina ou numa lasca e apresentando uma ou mais pontas finas, obtidas pelo retoque. Alguns de reduzidas dimensões, são chamados de micro furadores. • Gótico: Estilo arquitetónico que, na Europa Ocidental, sucedeu ao Românico; é caracterizado pela abóbada de cruzaria de ogivas e arcos quebrados. • Habitat: Área ecológica ou ambiental que é habitada por uma determinada espécie. • Holocénico: Unidade de tempo geológico, iniciada há cerca de 10 000 anos. • Impressão: Técnica de decoração, por meio de pressão, de uma matriz, contra uma superfície mole ou pouco endurecida. • Inumação: Enterramento de um cadáver, numa sepultura ou numa fossa.
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• Inscrição funerária: Epígrafe feita em memória de um defunto. • In Situ: Significa estar na posição original. Diz-se de um elemento encontrado em posição, não perturbada, por alterações posteriores. • Ladrilho: Placa de cerâmica cozida, de pedra natural ou artificial, de forma quadrada, utilizada no revestimento dos pavimentos. • Lâmina: Lasca de pedra, cujo comprimento excede o dobro da largura. • Lamela: Lâminas, cuja largura é inferior a doze milímetros. • Lasca: Fragmento de rocha quebradiça, proveniente do aparelhamento de um bloco de matéria-prima ou de um núcleo. O nome de lasca é, muitas vezes, reservado aos fragmentos, cuja largura é igual ou superior a metade do comprimento. • Lítico: Objeto em pedra. • Macrolítico: Instrumento grande em pedra. • Mãe d´Água: Reservatório, onde são captadas as águas de uma nascente e daí são canalizadas para uma fonte, através de canais secundários. • Manuelino: Conjunto de elementos decorativos, aplicados ao Gótico, na sua fase final. Este estilo adota uma ornamentação que se inspira na fauna e flora, nos elementos usados no quotidiano, como as cordas, no mundo marinho, no aparelho das embarcações e na simbólica do rei D. Manuel, como a esfera armilar. • Mesolítico: Período de transição entre a pré-história e o neolítico. Dá-se a ocupação das áreas, junto aos estuários dos rios e em zonas costeiras, proporcionando às comunidades que aí se estabelecem a exploração sistemática de recursos diversificados, moluscos e peixes, complementados pela caça e recoleção de frutos e sementes. • Morgado: O conjunto dos bens (terras, edifícios, rendas ou outros) de um morgado constitui um vínculo, esses bens assim vinculados permitiam a perpetuação do poder económico da família, ao longo das várias gerações. Cabia ao administrador (o morgado) o usufruto do morgadio e o gozo dos rendimentos proporcionados pelos bens vinculados. No regime de morgado os domínios senhoriais eram inalienáveis, indivisíveis e insuscetíveis de partilha por morte do seu titular. O descendente varão primogénito herdava a totalidade da herança, à falta de filhos, o parente mais próximo. No regime de morgado o objetivo era evitar a divisão e a dispersão das propriedades. • Mustierense (de Le Moustier, França): Tradição de fabrico de instrumentos líticos do Paleolítico Médio, caracterizada por instrumentos sobre lascas, tais como as pontas, os raspadores e os denticulados. Na Europa Ocidental encontra-se relacionado com o Homo Sapiens Neanderthalensis. • Necrópole: Cemitério. • Neolítico: Período que se caracteriza pelo aparecimento da agricultura e domesticação dos animais, acompanhadas de profundas alterações tecnológicas: cerâmica e pedra polida. • Palafita: Edificações assentes em estacas cravadas na água e no subsolo, junto a zonas ribeirinhas. • Paleolítico: Primeiro período da História do Homem que se caracteriza por uma economia de caça e recoleção e por um modo típico de talhar a pedra.
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• Pátina ou Patine: Designação dada ao estado atual da totalidade ou da parte do revestimento de uma peça recolhida. A patine pode sofrer alterações ao longo dos tempos, de acordo com a exposição a que foi sendo sujeita. Fenómenos como o rolamento, o vento e a oxidação, conferem alterações na patine. • Pega: Elemento colocado no topo de uma da tampa de um objeto cerâmico. • Pelourinho: Coluna de pedra, erguida numa praça ou sítio público, como símbolo da autoridade ou do poder daquela terra sobre as outras. Na Idade Média servia para expor e castigar os condenados. • Plistocénico: Primeira época do período quaternário do tempo geológico, iniciou-se há 1.640 milhões de anos e terminou há 10.000 anos. • Pitorro: Ver definição de Pega. • Quaternário: É a quarta divisão dos períodos glaciar e pós-glaciar, na cronologia geológica. Período do tempo geológico que começou há 1.640.000 anos e que ainda decorre. Divide-se nas seguintes épocas: Plistocénico e Holocénico. • Quartzo: O quartzo é um dos minerais mais abundantes na crosta terrestre, inclui variadas macrocristalinas. • Quartzito: Rocha metamórfica, constituída por grãos de quartzo recristalizados. • Raspadeira: Instrumento de pedra talhada, trabalhada na extremidade de uma lasca ou de uma lâmina, apresentando uma frente mais ou menos arredondada, obtida por retoques oblíquos. O gume da raspadeira era capaz de levantar finas aparas de madeira ou de osso, era também utilizada como utensílios de corte. • Retoque: Operação destinada a aguçar ou dar a forma a um objeto de pedra lascada. O retoque efetua-se por percussão ou por pressão. Existem várias classificações para os retoques: os diretos, inversos, alterno, bifacial, abruptos, oblíquos e rasantes. • Românico: Estilo arquitetónico medieval, compreendido entre os séculos V e XII, influenciado pela arte Romana e Bizantina. • Sarcófago: Túmulo geralmente em pedra, embora também possa ser em madeira ou metal. Ou parte de um monumento fúnebre que representa o ataúde, embora não contenha o cadáver. • Seixo: Fragmentos arredondados de rocha e/ou mineral, com diâmetro compreendido, entre os quatro e os sessenta e quatro milímetros. • Sílex: Rocha siliciosa de fratura conchoidal. É uma variante impura de quartzo calcedónia, resultante da concentração de sílica impalpável, contida nos sedimentos calcários. • Sondagem: Escavação arqueológica (ou de outra finalidade) de pequena dimensão, destinada a dar informações preliminares sobre um determinado assunto ou sítio. • Talude: Inclinação que se dá à superfície de um terreno, muro ou fosso. • Topónimo: Designação de um lugar. • Trapézio: Micrólito, obtido a partir de um fragmento de lâmina ou lamela ou a partir de retoques abruptos das truncaduras, nas duas extremidades. • Truncadura: Corte, transversal ou oblíquo, da extremidade de uma lâmina ou de uma lasca, por retoques abruptos.
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