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Retrato em Movimento
Concelho
Da Moita C창mara Municipal da Moita 2004
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> FICHA TÉCNICA Título: Retrato em Movimento do Concelho da Moita Estudo e elaboração de textos: Maria Clara Santos, Carlos Matos, José Manuel Figueiredo, Maria João Castel-Branco, Paula Cristina Silva e Vitor Pereira Mendes Colaboradores: Conceição Lopes, Nuno Serralheiro e Rosa Lia Nogueira Coordenação: Maria Clara Curado Santos Revisão: Carlos Coutinho Fotografias: José Presumido e arquivo da CMM Design: Carlos Jorge Edição: Câmara Municipal da Moita/Departamento de Acção Sócio-Cultural 1ª edição Data da edição: 2004 Tiragem: 1000 exemplares Impressão: Tip. Belgráfica, Lda. Depósito Legal Nº 209760/04
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Índice
13 | PORQUE NADA ESTÁ PARADO 15 | PREFÁCIO 17 | 1. A MARGEM SUL DO ESTUÁRIO DO TEJO 19 | 2. O CONCELHO DA MOITA 19 | 2.1. CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA 26 | 2.1.1. LOCALIZAÇÃO, ÁREA E POPULAÇÃO 27 | 2.2. O BRASÃO DE ARMAS E A BANDEIRA DO CONCELHO DA MOITA 28 | 2.3. EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA 32 | 2.4. CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA 34 | 2.5. A DINÂMICA DE TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM 34 | 2.5.1. OCUPAÇÃO FLORESTAL 37 | 2.5.2. A ZONA RIBEIRINHA 38 | 2.5.3. As ZONAS URBANAS 38 | 2.5.4. AGRICULTURA E PECUÁRIA 40 | 2.5.5. AS POTENCIALIDADES
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41 | 2.6. ESTRUTURA E CRESCIMENTO URBANO 41 | 2.6.1. MOITA 44 | 2.6.2. ALHOS VEDROS 46 | 2.6.3. SARILHOS PEQUENOS 47 | 2.6.4. GAIO/ROSÁRIO 48 | 2.6.5. BAIXA DA BANHEIRA 51 | 2.6.6. VALE DA AMOREIRA 54 | 2.7. O PATRIMÓNIO 55 | 2.7.1. O PATRIMÓNIO HISTÓRICO-ARTÍSTICO 55 | 2.7.1.1. Colecção Régia 57 | 2.7.1.2. O Pelourinho de Alhos Vedros 59 | 2.7.1.3. O Poço «Mourisco» 60 | 2.7.1.4. Arquitectura Religiosa 79 | 2.7.1.5. Arquitectura Civil 85 | 2.7.2. O PATRIMÓNIO FLÚVIO-MARÍTIMO 85 | 2.7.2.1. Embarcações Tradicionais 87 | 2.7.2.2. Estaleiro Naval do Gaio 89 | 2.7.2.3. Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos 91 | 2.7.2.4. Cais da Moita 93 | 2.7.3. O PATRIMÓNIO INDUSTRIAL 93 | 2.7.3.1. Moinhos de Maré 98 | 2.7.3.2. Moinhos de Vento 99 | 2.7.3.3. Fábricas
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100 | 2.7.4. O PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO 100 | 2.7.4.1. Jazida Arqueológica do Gaio/Rosário 100 | 2.7.5. O PATRIMÓNIO ETNOGRÁFICO 100 | 2.7.5.1. Festas Tradicionais 103 | 2.7.5.2. Festa Brava 104 | 2.7.5.3. Ranchos Folclóricos 106 | 2.7.5.4. Artesanato/Miniaturas de Barcos 107 | 2.7.6. A PAISAGEM E PATRIMÓNIO NATURAL 107 | 2.7.6.1. Vegetação 111 | 2.7.6.2. Fauna 116 | 2.8. REGISTO CRONOLÓGICO DE ACONTECIMENTOS NO CONCELHO 139 | 2.9. ROTEIROS CULTURAIS 139 | 2.9.1. ROTEIRO RIBEIRINHO 148 | 2.9.2. OUTROS PONTOS DE INTERESSE 150 | ANEXOS 165 | BIBLIOGRAFIA
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Porque nada está parado >Inserido na Área Metropolitana de Lisboa e na Península de Setúbal, interagindo com ambas mas não descurando o seu próprio impulso de desenvolvimento num processo que sofre estímulos e constrangimentos de todos os lados, o Concelho da Moita conheceu nas últimas décadas uma dinâmica que rapidamente tem desactualizado todos os retratos fixos da sua realidade. É por isso que esta publicação tem sofrido várias edições e actualizações e, em mais esta, sob o título Retrato em Movimento do Concelho da Moita, acrescenta novos dados ao que na última edição ainda se chamou apenas Caderno Sócio-Cultural. Pretendeu-se com esta reedição, quer no plano da História e do Património, quer no plano da imagem e da realidade actual, dar ao leitor mais informações e uma actualização de elementos que, de algum modo, possam contribuir para abordagens temáticas mais específicas. Esperamos que este conhecimento do passado e do presente do Concelho da Moita seja para cada um dos seus visitantes uma estimulante carta de apresentação, mas fazemos votos ainda mais calorosos de que, para os nossos munícipes, esteja nestas páginas mais um sinal de que a sua terra evolui, merece o seu afecto e, sobretudo, conta com o seu contributo no amplo processo de desenvolvimento.
Miguel Francisco Canudo Vereador
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Prefácio
> Este livro retrata com rigor a realidade histórica e actual em desenvolvimento, em mudança, enfim, em "movimento" de um município que, durante séculos, cresceu voltado para o estuário do rio Tejo. O leitor é atraído pela sua leitura e facilmente se apercebe da realidade multifacetada de um concelho que foi, simultaneamente, rural, marítimo e industrial. A natureza e a história estão aqui exemplarmente assinaladas com as várias marcas culturais que ajudam a descobrir e a conhecer as diferentes identidades do concelho. A leitura é cativante, didáctica e de fácil assimilação. É este tipo de trabalho que ajuda as populações a descobrirem o território onde estão inseridas e, ao mesmo tempo, a olharem de maneira diferente para a realidade que as cerca. Contribui igualmente para alterarem o comportamento em relação aos testemunhos do património cultural (tangível e intangível) e do património ambiental, preservando-os e utilizando-os. De facto, a situação geográfica privilegiada do concelho da Moita, onde o rio Tejo se expandiu pela terra adentro, permite apresentar múltiplos exemplos desses patrimónios que o Homem de várias épocas soube construir e utilizar, sem destruir a paisagem e o ambiente. O livro aberto que é todo o território do município, encontra agora nesta obra um guia orientador para a descoberta, para a aprendizagem e para o aprofundamento dos conhecimentos das realidades histórico-culturais da Moita. Esta publicação não só descreve temas sobre as diferentes facetas do município, como também, abre caminhos para visitas ao território do município através de roteiros culturais temáticos e incentiva o desafio para outros trabalhos mais específicos. A Câmara Municipal da Moita coloca, assim, à disposição dos munícipes e dos visitantes um instrumento cultural que contribuirá para uma intervenção mais activa da comunidade municipal para as questões de salvaguarda e valorização dos seus valores culturais e garantir a protecção das suas identidades.
António Nabais (Museólogo e Historiador)
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Panorâmica sobre o estuário do Tejo e a cidade de Lisboa.
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1. A MARGEM SUL DO ESTUÁRIO DO TEJO «(...) o desenvolvimento da Margem Sul do Estuário do Tejo continua a ser reflexo das necessidades e frustrações lisboetas. Enquanto à Capital e ao seu porto interessaram fundamentalmente produtos rurais, foi reserva de lenhas, solo de vinhas e, num dado sector, litoral salgado. Quando a indústria mecanicista se gerou em Lisboa com reflexo da revolução industrial europeia, já então velha de um século, a região foi assento de fábricas cujos arranjos vários interferiram com as ancestrais heterogeneidades (...)»1 Temos o estuário de um grande rio. Numa das suas margens temos uma grande cidade, a capital do império, Lisboa. Na outra margem está uma região que cresce à sombra da cidade. É a "borda d’água", onde crescem Alhos Vedros, a Moita, Montijo, Alcochete, Sarilhos Grandes, Baixa da Banheira, Barreiro e Lavradio. Todas vivem do Tejo e de Lisboa e para o Tejo e para Lisboa. Os esteiros ajudam a aproximação do rio às vilas. Mas ainda é necessário atravessar o Mar da Palha para chegar a Lisboa onde se deixa o vinho, o sal, o trigo moído, a lenha, os vidros, a cerâmica, a cal, os biscoitos, o sabão, a cortiça e o gás. E da grande cidade, na viagem de regresso, os barcos trazem o lixo. Tudo isto é fruto de uma actividade que liga o homem à terra, ao mar, à indústria. A paisagem da Margem Sul é, assim, a paisagem que o homem transforma, de acordo com as suas necessidades económicas e em particular com as necessidades da grande metrópole que é Lisboa.
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Maria Alfreda Cruz, A Margem Sul do Estuário do Tejo. Factores e Formas de Organização do Espaço, Lisboa, 1973, p. 329
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Fotografia gentilmente cedida pelo Sr. Victor Manuel
Entrada da vila da Moita, no final do sĂŠculo XIX.
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2. O CONCELHO DA MOITA > 2.1. Caracterização Histórica O Concelho da Moita inscreve-se numa vasta área ribeirinha da Margem Sul do Estuário do Tejo, com uma extensão superior a vinte quilómetros. Com excepção do Vale da Amoreira, todas as outras freguesias (Baixa da Banheira, Alhos Vedros, Moita, Gaio/Rosário e Sarilhos Pequenos) estão em contacto com o rio e separadas entre si por sapais, encontrando-se as funções ribeirinhas na origem dos núcleos primitivos. As origens da ocupação humana no Concelho da Moita remontam aos inícios do Neolítico e correspondem a uma ocupação de carácter habitacional com cerca de seis mil anos, como atestam os achados arqueológicos da jazida do Gaio. Contudo, não se conhece uma continuidade da ocupação do espaço, na medida em que só a partir de meados do século XIII podemos apontar a existência de um núcleo humano em Alhos Vedros, pois o mais antigo documento2, que se conhece referente a esta localidade, datado de 30 de Janeiro de 1298, confirma já a existência desse lugar com um capelão chamado Fernão Domingues. O povoamento da faixa ribeirinha, na qual se integra o território do actual concelho da Moita, só terá ocorrido de uma forma mais ou menos contínua com a pacificação de toda esta zona, o que nos faz supor que apenas terá sucedido após a reconquista definitiva de Alcácer do Sal em 1217, quando se suprimiu um dos últimos focos da ameaça almóada3 na Península de Setúbal. Só a partir de então, e uma vez deslocada a linha de fronteira mais para o Sul do Alentejo, foi possível garantir às populações do litoral ribeirinho uma maior segurança e estabilidade política. Toda esta extensa região (doada por D. Sancho I, no ano de 1186) que se estendia desde o Sul do rio Tejo até à extrema do Alentejo estava na dependência directa da Ordem Militar de Santiago. É neste contexto que surge a designação de Riba Tejo, termo utilizado pelos freires de
ANTT, Santos-o-Novo, Caixa 18, Nº1346, Maço 3º, Nº2 A dinastia almóada sucedeu aos almorávidas, dominaram o Sul da Península no tempo dos nossos primeiros reis.
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Santiago para denominarem o vasto território compreendido entro o rio Coina e a ribeira das Enguias e no qual nasceram e se foram desenvolvendo vários núcleos populacionais, atraídos pela força atractiva do estuário. A criação desta divisão administrativa impôs-se pela necessidade de se efectuar, não só uma melhor e mais facilitada gestão de todas essas terras, como também de favorecer o seu povoamento. Segundo Virgínia Rau4, os lugarejos que foram surgindo ao longo desta orla da margem esquerda do Tejo estavam dependentes da paróquia de Nossa Senhora de Sabonha, desde 1249 e dedicavam-se na sua maior parte à exploração de salinas. É no âmbito desta estrutura organizacional que surge a freguesia de São Lourenço de Alhos Vedros, confirmada documentalmente por uma sentença, datada de 5 de Outubro de 1319, em que se condenava os moradores «de Ribatejo freiguezes de S. Lourenço de Alhos Vedros, a que pagassem a dizima do sal pertencente ao Cabbido5 dos ditos seos rendeeyros»6. O período que medeia os séculos XIV e XVI é propício ao desenvolvimento económico e populacional de Alhos Vedros, de tal forma que vê crescer a sua importância no contexto regional, ao receber o estatuto de vila (1477)7, o poder municipal (1479)8 e a carta de foral (1514). Esta sua relevância, enquanto centro aglutinador do poder religioso e político-administrativo que detinha sobre as terras que estavam sob a sua autoridade, estende-se à fama dos seus ares saudáveis e aprazíveis, funcionando também como um local de veraneio para algumas famílias da nobreza. É exemplo, o palácio que D. Afonso, o Conde de Barcelos, filho de D. João I, tinha nesta vila em 1415, facto que levou o rei, aquando da peste que grassava em Lisboa e após a morte de sua esposa, Dona Filipa de Lencastre, a refugiar-se nele: «(...) e brevemente o conselho feito, determinaram que todavia el-rei se devia partir d’alli, e passar-se além do Tejo, a um logar que chamam Alhos Vedros, como de feito logo partiu.»9 Mais tarde, os Virgínia Rau, Estudos sobre a História do Sal Português, Lisboa, Editorial Presença, 1984, pp. 64-65 Trata-se do Cabido da Sé de Lisboa. 6 Documentos para a História da Cidade de Lisboa, Livro 1º, Título VI, p. 59 7 Dados colhidos do estudo de José Manuel Vargas «De Alcochete ao Barreiro Alguns Elementos para o Estudo do Antigo Concelho do Ribatejo» in colecção Estudo Locais, p. 201 8 Dados colhidos do estudo de José Manuel Vargas, Ibidem, p. 201 9 Gomes Eanes de Azurara, Crónica da Tomada de Ceuta por El-Rei D. João I, Lisboa, Liberal Officina Typopgraphica, Vol.I, Cap. XLIII, 1899, p. 67 4 5
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infantes, não sabendo qual a decisão que seu pai havia tomado sobre a conquista da praça de Ceuta, «(...) acordaram que era bem de irem falar seu padre, a qual couza logo em aquella noite seguinte pozeram em obra, cá pouco mais de meia noite mandaram fazer prestes os batéis, e se foram a Alhos Vedros, em tal guisa, que quando era manhã estavam com seu padre, o qual acharam mui anojado, vestido de panos tintos, e quando outrosim viu os filhos vestidos de burel, renovou-se em sua vontade uma mui dorosa lembrança da rainha sua mulher, e com elle estava o conde de Barcellos seu filho, e Gomes Martins de Lemos.»10 Esta descrição minuciosa que o cronista Azurara nos dá, referente a um dos episódios mais salientes da nossa história, leva-nos a inferir que a decisão da conquista de Ceuta terá sido, de alguma forma, também avaliada em Alhos Vedros, o que demonstra, mais uma vez, a importância do lugar na Margem Sul do Estuário do Tejo. Esta sua relevância como principal centro populacional da orla ribeirinha é corroborada por um outro documento, datado do ano de 1417, referente ao apuramento de dezasseis besteiros em Alhos Vedros.11 Contudo, no final da centúria de quatrocentos e início de quinhentos, é que terá assumido o seu período áureo, abrangendo o seu termo um extenso território que compreendia os actuais concelhos do Barreiro e da Moita, estendendo-se desde a ribeira de Coina até Sarilhos Pequenos. Embora detivesse uma área de jurisdição, o antigo concelho de Alhos Vedros estava na dependência directa da Ordem Militar de Santiago, a sua donatária, pelo que constituía uma comenda12 da Mesa Mestral da Ordem. A este propósito refira-se o documento de 1527 que nos faculta a seguinte informação: «esta villa e do mestrado de são tyaguo he comenda ajurdição he do mestre.
Gomes Eanes de Azurara, Crónica da Tomada de Ceuta por El-Rei D. João I, Lisboa, Liberal Officina Typopgraphica, Vol.I, Cap. XLVI, 1899, p. 80 Este apuramento foi feito por todo o reino, por uma comissão que o rei D. João I deu a Vasco Fernandes de Távora. 12 A comenda era um benefício eclesiástico concedido ao clero regular ou secular, com o fito de pagar serviços ou de conceder favores. O agraciado, neste caso a Ordem Militar de Santiago, ficava a ser administradora e senhora dos bens do benefício, cujos rendimentos constituíam património da referida Ordem. 10
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Has Remdas sam dell Rey nosso senhor as sysas e terças do concelho e a mais renda do comedador tem obispo deuora ho terço dos dizimos somete do vinho tem huua freguesia tem moradores 138.»13 A Ordem além de exercer os seus direitos jurisdicionais, recebia algumas rendas do concelho, as quais não estão descriminadas neste documento. É neste contexto espáçio-temporal que vão surgindo pequenos aglomerados, constituídos por pouco mais que uma dezena de habitantes. De facto, em 1527 a Moita era ainda apresentada como uma pequena povoação com 14 moradores e a Quinta de Martim Afonso com 10, enquanto que as restantes localidades (Lavradio 34 moradores,Verderena 23,Telha 33 e Palhais 48) são já identificadas como aldeias e com um número de residentes superior às primeiras.14 Estes dados demonstram que a humanização, nas terras do actual concelho da Moita, se fez muito lentamente, o que se deveu, em grande parte, à estrutura do solo. Os terrenos eram quase exclusivamente cobertos por matas e extensos pinhais e o seu arroteamento apenas se fez, de um modo mais intenso, no século XIX.A este propósito refira-se a descrição que é feita no século XIV de toda a zona compreendida entre o rio Tejo e a Arrábida: «Começava em Benavente para baixo e compreendia toda a Ribeira de Canha até Marateca, seguindo por Valle Longo até Cezimbra e pela Serra da Arrábida até Almada contra o mar, com todo o Ribatejo, sobraes e pinhais de Palmela e seu termo e todas as outras mattas que se viam por Azeitão até ao mar.»15 Estes vastos tractos de charneca, que caracterizaram a paisagem rural da Margem Sul do Estuário do Tejo, conferindo-lhe uma personalidade físico-geográfica única, mantiveram-se nas centúrias seguintes, o que nos leva a crer que as culturas apenas se faziam nos terrenos mais férteis e em redor das povoações. Dados os imperativos geográficos, os aglomerados que nasceram no termo de Alhos Vedros cresceram em estreita articulação com o trabalho no rio, através de uma rede efectiva de liga«Cadastro da População do Reino (1527)» citado por Braamcamp Freire in Arquivo Histórico Português, Vol. IV, pp. 78-79 «Cadastro da População do Reino (1527)» citado por Braamcamp Freire in Arquivo Histórico Português, Vol. IV, p. 79 Gama Barros, História da Administração Pública em Portugal nos Séculos XII a XV, 1ª edição, Tomo III, p. 26 (citado por Maria Alfreda Cruz, A Margem Sul do Estuário do Tejo. Factores e Formas de Organização do Espaço, Lisboa, 1973, p. 29) 13 14 15
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ções fluviais com a outra margem, o que permitia uma rápida circulação de pessoas e de bens. Aliás, o desenvolvimento da Moita está indissociavelmente ligado ao transporte de cabotagem, actividade que a converteu numa terra de passagem e num importante nó de ligação entre o Sul do país e a cidade de Lisboa. Este seu crescimento deu-se no período da dominação Filipina, entre 1580 e 1640, quando as viagens entre Madrid (centro político) e Lisboa se intensificaram, sendo o caminho mais fácil o seguido pelo Alentejo. Neste movimento de pessoas e mercadorias o Rio era um obstáculo natural a transpor, apresentando-se então a Moita, com o seu cais fluvial, como um importante ponto de escala para a outra banda. Assim, à medida que assistimos ao crescimento da Moita, que culmina com a sua elevação a vila em 1691, Alhos Vedros vai lentamente declinando, situação que se reflecte na desintegração do seu território16 e consequentemente no decréscimo da população, de modo que, no século XVIII Alhos Vedros tinha apenas 124 moradores, enquanto que a Moita já registava 225 vizinhos e o lugar de Sarilhos Pequenos 55 vizinhos17. Nos finais do século XVII, passámos a ter duas vilas e dois concelhos com as respectivas áreas jurisdicionais, administradas individualmente por dois juizes ordinários, vereadores, um procurador do concelho, escrivão da Câmara, juiz dos órfãos com o seu escrivão, dois tabeliães, um alcaide e uma companhia de ordenança18. No século XIX, no decorrer das reformas administrativas empreendidas pelo governo liberal, Alhos Vedros perdeu definitivamente a sua autonomia municipal e foi integrado como freguesia, num primeiro momento, no Barreiro (1855)19 e, num segundo momento, na Moita (1861)20. Na última década do século, com a segunda extinção do concelho da Moita (1895)21,
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Alhos Vedros viu nascer três concelhos: Barreiro em 1621, Lavradio em 1670 e Moita em 1691. «Informações Paroquiais de1758 de Alhos Vedros e Moita» publicadas pelo Padre Carlos Póvoa Alves in Subsídios para a História de Alhos Vedros, 1992, p. 12 e pp. 79-80 18 Padre António Carvalho da Costa, Corografia Portuguesa (1706-1708), 2ª edição, Tomo III, Braga, Typographia de Domingos Gonçalves Gouveia, 1869, pp. 226-227 19 Decreto de 24 de Outubro de 1855 20 Decreto de 18 de Setembro de 1861 21 Decreto de 26 de Setembro de 1895 17
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Fotografia gentilmente cedida pelo Sr. Victor Manuel
Largo e edifício da Câmara, no final do século XIX.
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a freguesia de Alhos Vedros voltou a ser anexada, por mais três anos, ao Barreiro, para ser de novo reintegrada e definitivamente no concelho da Moita (1898)22. Durante muitos séculos, a economia do espaço geográfico que corresponde hoje ao concelho da Moita assentava, em grande parte, na exploração salineira, na cabotagem, no trânsito de produtos e de pessoas, oriundas do Sul do país, na cultura da vinha e na exploração dos produtos da charneca: lenha, matos e carvão que iam abastecer os fornos de cerâmica, bem como a população lisboeta. Entretanto, este sistema económico tradicional entrou em ruptura com a construção dos caminhos de ferro, em Junho de 1861, com o processo de arroteamento das terras e com a instalação de indústrias, nomeadamente as unidades ligadas à cortiça, na Moita,Alhos Vedros, Barreiro, Seixal e Montijo. Paralelamente, foi atraída ao concelho uma população migrante que se foi estabelecendo em bairros, na zona de Alhos Vedros e Baixa da Banheira. Logo após o 25 de Abril, a actividade corticeira começou a decair e cedeu lugar às fábricas de confecções, as quais se encontram presentemente num processo de encerramento por motivos de insolvência. Actualmente o concelho da Moita reparte-se por seis freguesias, com uma população estimada, pelos censos de 2001, em 67 446 habitantes e com tendência para um crescimento moderado.
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Decreto de 13 de Janeiro de 1898
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> 2.1.1. LOCALIZAÇÃO, ÁREA E POPULAÇÃO Município urbano de 1ª. ordem, incluído na Área Metropolitana de Lisboa e pertencente ao distrito de Setúbal. Área do Concelho: 55,38 km2 (incluindo o rio). Sede do Município: Moita Número de Freguesias: 6 Área das Freguesias: • Alhos Vedros, 1 798 hectares • Baixa da Banheira, 394 hectares • Gaio/Rosário, 352 hectares • Moita, 2 494 hectares • Sarilhos Pequenos, 256 hectares • Vale da Amoreira, 244 hectares População Residente: 67 446 habitantes (censos de 2001) Densidade Populacional: 1 219 hab/km2 Localização:
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2.2. O BRASÃO DE ARMAS E A BANDEIRA DO CONCELHO DA MOITA Em 1929, por parecer da Secção de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses, o qual transcrevemos na íntegra, foram concedidos à vila da Moita do Ribatejo o uso do brasão de armas e a respectiva bandeira. «Em satisfação do pedido feito pela Câmara Municipal da Moita em 13 de Novembro de 1929, e, estudadas as características especiais da mesma vila e seu concelho; Vila que foi Comenda importante da Ordem de Santiago e Concelho que é rico em agricultura e que tem desenvolvido extraordinariamente a indústria da cortiça, proponho que o seu Selo e por conseguinte as suas Armas e respectiva Bandeira, sejam assim constituídas: De prata com um sobreiro arrancado de verde e frutado de ouro com tronco e raízes de negro realçados de prata. Em chefe uma Cruz de Santiago de púrpura acompanhada de dois cachos de uvas de púrpura, folhados de verde. Coroa mural de quatro torres de prata. Listel branco com letras pretas. Bandeira esquartelada de amarelo e de verde. Cordões e borlas de ouro e verde. Lança e haste douradas. Proponho que o campo das armas seja de prata porque em heráldica este metal significa humildade e riqueza, características essenciais da região da Moita. O sobreiro, representante da vegetação e riqueza local é verde, sua cor natural, frutado de ouro, metal que significa poder e força vital. Indico que o tronco e raízes do sobreiro sejam de negro realçados de prata, porque o negro representa, e na própria terra que existe, a principal riqueza local. A prata que realça o tronco e as raízes, dá-lhe heraldicamente a significação de humildade e riqueza.» Assim, e por solicitação desta Câmara foi publicado em Diário do Governo de 13 de Maio de 1940 a Portaria Nº.9523 que aprovava a constituição heráldica das armas, bandeira e selo deste Município.
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2.3. EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA O crescimento da população tem-se processado de uma forma contínua, notando-se na última década uma diminuição desse crescimento, que se fica a dever à própria dinâmica da Área Metropolitana de Lisboa na qual o Município se insere. O Concelho da Moita registou nos últimos dez anos um abrandamento da sua taxa de crescimento demográfico que passou de 22,2% na década de 81/91 para 3,6% na de 91/01. Esta situação explica-se, em parte, por uma diminuição do crescimento natural.
Fonte: Recenseamento da população– INE
A evolução demográfica do Concelho apresenta períodos de desenvolvimento bem marcados: • de 1900 a 1920, caracterizado por um crescimento moderado; • de 1920 a 1981, com um crescimento elevado (superior a 30%); • de 1981 a 1991, crescimento moderado; • de 1991 a 2001, crescimento baixo.
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De uma forma geral, podemos afirmar que todo o crescimento é induzido do exterior, na medida em que a instalação de actividades e consequente criação de postos de trabalho do Concelho, a partir de 1940, não justifica o crescimento populacional. O grande surto populacional verificado na década de 60 explica-se pela oferta de emprego no sector industrial do Barreiro, Setúbal e Área Metropolitana de Lisboa. Nos anos após 1975, o Município viu a sua população aumentar, em parte, devido à chegada de residentes das ex-colónias. Este aumento foi principalmente sentido nas freguesias da Moita, Baixa da Banheira e Vale da Amoreira. População Residente Freguesias
1981
1991
2001
Número eleitores 200123
Área em ha
200224
Terra
Água
Total
Alhos Vedros
9947
11421
12614
10566
10533
1500
298
1798
Baixa Banheira
22045
22966
23712
20498
20299
211
183
394
Gaio-Rosário
1032
876
987
852
854
352
-
352
Moita
12235
15138
16727
13675
13637
1802
693
2494
Sarilhos Pequenos
1246
1163
1049
1030
1029
256
-
256
Vale da Amoreira
6735
13522
12360
9902
9636
244
-
244
Total
53240
65086
67446
56523
55988
4365
1174
5538
Fonte: Censos 81, 91 ,01 – INE
A freguesia da Baixa da Banheira é a que regista maior concentração, com uma densidade populacional de 6 053 hab/km2, com 23 712 habitantes, o que corresponde a 35% da população do Município. A freguesia do Gaio-Rosário é a que regista menor expressão demográfica, com apenas 987 habitantes.
23 24
Eleições autarquicas de 16/12/01 Eleições legislativas de 17/03/01
30 | RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA
Evolução da população por grupos etários Jovens %
Adultos %
Idosos %
Freguesias
1991
2001
1991
2001
1991
2001
Alhos Vedros
17.3
15.6
69.1
68.6
13.6
15.8
Baixa Banheira
17.9
15.7
71.3
70.7
10.8
13.5
Gaio-Rosário
13.9
13.3
70.5
68.6
15.6
18.1
Moita
19.2
16.4
70.4
71.1
10.4
12.5
Sarilhos Pequenos
12.3
12.4
66.4
62.2
21.3
25.4
Vale da Amoreira
30.0
20.7
65.3
71.1
4.7
Concelho
22.0
16.7
67.8
70.4
10.2
8.2 12.9
Fonte: Censos 91, 01 – INE
Analisando a evolução da população por grupos etários, é evidente a redução da natalidade na última década, com diminuição do número de jovens e aumento dos adultos e dos idosos, o que traduz o envelhecimento da população, como se pode comprovar através da análise do quadro seguinte onde se regista um aumento do índice de envelhecimento e do índice de dependência de idosos. Em 1981 o Município registava um índice de envelhecimento de 31,5%, verificando-se nas décadas seguintes uma subida bastante significativa, como se pode comprovar através da leitura do quadro seguinte. Analisando a evolução deste índice por freguesia, verifica-se que o envelhecimento da população se sentiu em todas as freguesias. No entanto, salienta-se o caso das freguesias do Gaio-Rosário e de Sarilhos Pequenos. É de referir que o índice de envelhecimento do Município é inferior ao do Continente.
RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA |
Índice de Envelhecimento %
31
Índice de dependência total %
Freguesias
1991
2001
1991
2001
Alhos Vedros
70.6
101.0
48.5
45.76
Baixa Banheira
54.6
85.9
29.9
41.4
Gaio-Rosário
102.0
136.6
46.0
45.8
Moita
48.8
76.6
44.3
40.7
Sarilhos Pequenos
156.0
205.0
53.4
60.9
Vale da Amoreira
15.9
39.5
52.5
40.7
Concelho
46.3
77.7
47.3
42.2
Fonte: Censos 91, 01 – INE
O índice de dependência total (jovens e idosos) registou na última década uma diminuição (passou de 47,3% de 1991 para 42,2% em 2001), explicada pelo envelhecimento da população e pela diminuição da população potencialmente activa. Jovens – População com idade inferior a 14 anos Adultos – População com idade compreendida entre os 15 e os 64 anos Idosos – População com idade igual ou superior a 65 anos Índice de envelhecimento – Quociente entre a população com > 65 anos e a população com < 15 anos Índice de dependência total – Quociente entre a população com <15 anos e > 65 anos e a população dos 15 aos 64 anos (potencialmente activos)
32 | RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA
2.4. CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA A população do Concelho da Moita exerce a sua actividade nos concelhos limítrofes da Área Metropolitana de Lisboa, predominantemente no sector industrial e terciário, realizando migrações diárias entre o local de trabalho e o de residência, utilizando transportes públicos (rodoferroviários e fluviais) e viatura própria. Sectores de Actividade
1981
1991
2001
Primário
4.2 %
2.0 %
1.3%
Secundário
50.8 %
42.0 %
33.6%
Terciário
44.0 %
56.0 %
65.1%
Fonte: Censos 81, 91 – INE
Salienta-se a fraca expressão do sector primário que viu sua população diminuir na última década (81-91). A actividade agrícola efectua-se em pequenas propriedades (dimensão média da propriedade no concelho 2 800 m2) que se localizam na zona Norte da vila da Moita – gado leiteiro de pastoreio e, a Sul, nos Brejos e Barra Cheia. A criação de gado leiteiro e a produção de produtos hortícolas são as actividades mais significativas deste sector. No sector secundário existem 124 unidades industriais (quadros de pessoal, DEMTS - 1996) de pequena e média dimensão, de produção bastante diversificada, que representam cerca de 4 000 postos de trabalho, localizadas na sua maioria nas freguesias de Alhos Vedros e Moita. As indústrias mais significativas são a construção civil, as alimentares e a da cortiça. No sector do comércio e serviços, a dependência do Município relativamente a outros centros urbanos reflecte, por um lado, o tipo de serviços prestados e a fragilidade do comércio local, e, por outro, no número diminuto de postos de trabalho que oferecem.As unidades comerciais são, em regra, pequenas e de comércio pouco especializado. Este sector apresenta um maior peso nas vilas da Moita e Baixa da Banheira.
RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA |
Freguesias
Primário %
Secundário %
Terciário %
Alhos Vedros
3
48
49
Baixa Banheira
1
46
53
Gaio-Rosário
4
45
51
Moita
4
41
55
Sarilhos Pequenos
5
50
45
Vale da Amoreira
1
32
67
Total
2
42
56
33
Fonte: Censos 91 – INE
O Município tem vindo a desenvolver uma política industrial de captação de investimentos, fomentando a oferta de terrenos industriais infra-estruturados a baixo custo. As novas áreas comerciais e de serviços são de iniciativa privada e prendem-se com as novas áreas residenciais. As perspectivas de desenvolvimento do Plano Director Municipal apontam para um crescimento equilibrado do Município. Neste sentido, é necessário atenuar a tendência para a constituição de um subúrbio residencial, dependente de Lisboa, e corrigir os efeitos negativos já provocados por este fenómeno. Assim, dependendo o Concelho da evolução da região de Lisboa e Vale do Tejo, bem como do processo de mudança na AML, deverá explorar as suas potencialidades a nível das acessibilidades, recursos humanos, recursos naturais e da sua tradição associativa e cultural, ultrapassando assim debilidades que resultam da sua posição periférica na Área Metropolitana e na sua dependência de emprego em concelhos limítrofes. O Município da Moita integra a região mais rica e que apresenta grandes potencialidades em termos económicos e sociais.
34 | RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA
2.5. A DINÂMICA DE TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM A humanização da paisagem do concelho tem-se desenvolvido em dois campos diferentes: por um lado, o das actividades agrícolas e florestais, por outro, o da ocupação urbana e industrial. Como veremos mais adiante, este segundo campo de acção é o que apresenta uma dinâmica mais forte na transformação do uso do solo no concelho. Trata-se de um fenómeno que não se circunscreve ao Concelho da Moita, mas faz parte e é consequência do actual estádio de desenvolvimento da região de Lisboa. A transformação da paisagem rural é um fenómeno relativamente recente, dado que neste concelho, bem como noutros da Península de Setúbal, as matas e os pinhais predominaram por um vasto período de tempo. Nos últimos cinquenta anos houve primeiramente uma transformação da paisagem rural florestal numa paisagem agrícola e com uma componente hortícola muito forte. De facto, a estrutura dos solos, a presença de água e a disponibilidade de matéria orgânica permitiram a fixação de novas populações que, transformando a capacidade de produção dos solos, transformaram totalmente a paisagem do concelho. Para compreender a dinâmica de transformação, ocorrida sobretudo nos últimos tempos, poderemos analisar a evolução de quatro vertentes principais da paisagem concelhia:
> 2.5.1. OCUPAÇÃO FLORESTAL As matas representam actualmente uma pequena fracção da área do concelho e continuam a regredir de forma acentuada, constatando-se dois fenómenos distintos: por um lado, a regressão por desbaste, mantendo-se o uso, mas sem replantio da mata, e, por outro, o desaparecimento total, com substituição por agricultura ou por zonas expectantes de urbanização. As matas do concelho começaram a regredir entre 1967 e 1977 e nesse período desapareceram cerca de 200ha, mas em 1980 ainda havia cerca de 480ha de mata. Em 1996 desses 480ha já existiam apenas 196ha de coberto florestal estável, estando em regressão 75ha e tendo desaparecido por completo 209ha e, destes, cerca de 110ha passaram a agricultura.
RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA |
OCUPAÇÃO DO SOLO NO CONCELHO DA MOITA (áreas em ha) Espaços urbanos e industriais Espaços agrícolas
989 2161
Espaços florestais e semi-naturais
339
Matos e pastos espontâneos
465
Areais e afloramentos rochosos nús
5
Zonas húmidas interiores
1308
TOTAL
5267
(Fonte: AFLOPS)
35
36 | RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA
Pinhal do Forno.
RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA |
37
Esta situação é particularmente grave, não só porque a floresta desempenha um papel fundamental como mitigador da poluição atmosférica, mas também devido à alteração do regime hidrológico e do sistema de drenagem natural que será cada vez mais em regime torrencial, com o consequente arrastamento de terras e problemas de erosão superficial. De facto, a desflorestação das cabeceiras das bacias hidrográficas da região foi um fenómeno grave nestes últimos anos. A desflorestação e desmatação tornam os terrenos mais impermeáveis e propiciam fenómenos de erosão e dificuldades na drenagem natural. O regime hidrológico é afectado e passa a ser torrencial, com riscos de cheias em algumas linhas de água.
> 2.5.2. A ZONA RIBEIRINHA A zona ribeirinha do Concelho da Moita constitui uma das mais extensas frentes de rio concelhias. Com mais do que 20km de extensão é constituída por um enorme conjunto de estruturas laboriosamente trabalhadas pelo homem para defesa das terras e produção de sal e peixe: antigas marinhas e viveiros, bem como alguns moinhos de maré e respectivas caldeiras são frequentes na paisagem ribeirinha. A grande beleza panorâmica e paisagística destas zonas vocaciona-as para o uso lúdico ou como santuários de vida selvagem, sempre que a sua exploração não seja economicamente viável ou ambientalmente sustentável. Actualmente verifica-se um acentuado estado de abandono e degradação em praticamente toda a zona ribeirinha, com uma exploração residual dessas salinas e viveiros. De 1980 a esta parte essa tendência só se inverteu com a intervenção da Câmara Municipal, que promoveu a transformação de uma vasta área de salinas em abandono numa zona pública verde de 34ha, nomeadamente o Parque José Afonso, na Baixa da Banheira. As únicas actividades económicas que se mantêm em estreita dependência da zona ribeirinha são os estaleiros navais de Sarilhos Pequenos e Gaio-Rosário e, ainda, o estaleiro de des-
38 | RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA
mantelamento de navios em Alhos Vedros, este último com uma vertente poluidora, tendo expandido a área das suas actividades à custa da zona húmida envolvente. Em termos de áreas degradadas registou-se também um forte aumento de aterros clandestinos e deposição de entulhos em diversas áreas, que contribuem para a desvalorização paisagística e patrimonial da zona ribeirinha.
> 2.5.3. AS ZONAS URBANAS Quanto à humanização dominante introduzida pela dinâmica do crescimento urbano, verificamos existirem dois tipos de zonas comprometidas com o processo de desenvolvimento urbanístico: umas são as zonas urbanas consolidadas, outras são as zonas urbanas programadas. Estas últimas, pela sua dimensão e características, retratam o fenómeno de crescimento urbano, com as suas etapas de transformação do uso do solo. As zonas urbanas ocupam uma totalidade de 1 481ha. Destes, 1 039ha estão consolidados; 41ha correspondem a zonas verdes urbanas da estrutura verde principal; cerca de 136ha estão degradados e cerca de 265ha estão degradados em áreas críticas para a construção, ou seja, localizam-se em zonas impróprias para tal. Estas últimas constituem o sinal mais evidente da transformação do uso do solo e raramente se traduzem numa qualificação da paisagem. Esse processo foi muito violento na década de 70, tendo no entanto sofrido um abrandamento a que não foi alheio o efeito benéfico da existência de instrumentos de planeamento e gestão desenvolvidos pela Câmara Municipal.
> 2.5.4. AGRICULTURA E PECUÁRIA Dentro da área com uso agrícola no concelho, podemos distinguir duas zonas quanto à sua estabilidade, face ao processo de crescimento urbano: A primeira zona corresponde às áreas com aptidão agrícola espartilhadas pelas transformações urbanas envolventes. Como exemplos, o Vale do Grou e o Vale Trabuco apresentam sinais
RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA |
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de uma forte regressão da actividade agrícola, mesmo complementar, que se traduz em maiores zonas abandonadas e degradadas; no entanto no Vale da Amoreira ainda subsistem pequenas hortas. Este tipo de áreas pode ser muito sensível, de elevada produção e com lençóis freáticos altos, pelo que em grande parte devido a estes condicionalismos, ainda não atingiram o limiar de inversão de uso. Estas são áreas prioritariamente a proteger em termos de expansão urbanística, devido à sua importância para o equilíbrio ecológico e biofísico do concelho, pelo que muitas foram classificadas como Reserva Agrícola Nacional ou Reserva Ecológica Nacional. A segunda zona, pela sua dimensão e unidade, considera-se estável em relação ao seu uso agrícola. Nesta zona é possível distinguir duas sub-zonas, uma a Norte da vila da Moita até ao Esteiro Furado e a outra que se estende pela zona dos Brejos. Na primeira, sobretudo na zona do Esteiro Furado, tem-se registado uma diminuição da actividade agrícola, não se tendo no entanto verificado ainda acções de transformação de uso do solo. Na zona dos Brejos verifica-se um aumento de construções dispersas que, no entanto, se fazem parcela a parcela e não em loteamento, mantendo assim as explorações agrícolas e correspondendo a uma maior fixação da população, o que garante a exploração do solo a tempo parcial. Diremos, portanto, que em termos de utilização agrícola a zona dos Brejos é a mais intensificada e a zona do Esteiro Furado a mais extensiva. Em termos globais, os usos agrícolas e agro-pecuários têm-se mantido relativamente estáveis em termos paisagísticos, tendo em termos de ocupação do solo uma área significativa de 5 013ha.
Flamingo-comum.
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> 2.5.5. AS POTENCIALIDADES Em termos paisagísticos, o Concelho da Moita apresenta a grande potencialidade da sua frente ribeirinha como elemento mais atractivo para o recreio e lazer. Por outro lado, a frente ribeirinha constitui um elemento forte de identidade cultural do Concelho, tendo grande parte da sua população uma forte relação com o estuário. Os próprios aglomerados urbanos sempre se estabeleceram preferencialmente nessa zona: Sarilhos Pequenos, Gaio, Rosário, Moita, Alhos Vedros e Baixa da Banheira. A Câmara Municipal tem desenvolvido diversos esforços para a valorização da zona ribeirinha do Concelho, que determinaram que no início de 2002 o Estado apoiasse a requalificação da frente urbana da vila da Moita, através do programa POLIS. No entanto, a valorização da zona ribeirinha terá de envolver esforços concertados de várias entidades e agentes e dependerá decisivamente da melhoria da qualidade da água do estuário. A melhoria da qualidade dos espaços urbanos é fundamental, como forma de estabilizar o tecido urbano e melhorar a qualidade de vida das populações. A zona mais carenciada é o Vale da Amoreira, mas também a Baixa da Banheira e a Baixa da Serra possuem zonas onde é fundamental intervir qualitativamente. Nesse sentido, a Câmara Municipal desenvolveu ao longo dos anos programas apoiados por fundos municipais e estatais, sendo o mais recente a Operação de Revitalização Urbanística do Vale da Amoreira e da Baixa da Banheira. A criação e manutenção de espaços verdes na zona urbana é um dos aspectos mais visíveis deste esforço de qualificação. A construção de uma nova paisagem equilibrada passa pela defesa das zonas mais sensíveis, por forma a poder vir a desenvolver-se um sistema urbano de acordo com as potencialidades paisagísticas do território e com os agentes económicos que determinam as transformações do solo.
RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA |
41
2.6. ESTRUTURA E CRESCIMENTO URBANO 2.6.1. MOITA Pela posição que ocupa, e como a maioria dos aglomerados ribeirinhos da borda d’água, o organismo urbano formou-se e desenvolveu-se numa relação directa e dependente do esteiro onde se implantou. Estiveram na base da formação urbana e prevaleceram até ao século XIX as funções litorais que deram suporte económico ao estabelecimento humano. Assim, reflecte-se na sua estrutura urbana essa relação, ainda evidente no núcleo antigo e no seu prolongamento linear, paralelo ao esteiro. Uma característica notável destes aglomerados é a existência de enfiamentos transversais na direcção do esteiro, formalizada através de travessas ou atravessamentos ortogonais ao sentido do crescimento urbano axial, fechando-se o organismo urbano, no sentido oposto ao do esteiro, a qualquer formalização de expansão. Isto pode observar-se no núcleo antigo da Moita, pela existência de uma rua direita, com travessas na direcção do esteiro, que organiza a forma urbana, ligando os elementos mais significativos desta, alargando-se para receber os acontecimentos sociais e urbanos e dando ao todo uma estrutura com homogeneidade tipológica. A ruptura desta regra no crescimento urbano da Moita tem uma relação directa com a decadência estrutural das funções ribeirinhas, apesar de a atracção no sentido da estação de caminho de ferro e o crescimento ao longo das estradas de Palmela e Brejos se terem vindo a processar tendo como directrizes esses mesmos eixos. Pode, assim, afirmar-se que a evolução da estrutura urbana da Moita foi marcada por três elementos que têm mantido uma forte presença e influência ao longo do tempo: • A caldeira do Rio da Moita à qual está ligado o núcleo inicial, actualmente integrado na área central da vila e que, constituindo, simultaneamente, uma barreira física do crescimento urbano e um elemento de atracção e de interesse, vai definindo um dos sentidos dominantes do desenvolvimento urbano.
42 | RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA
Perspectiva aérea da vila da Moita, com a praça de touros no plano central.
RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA |
43
• A avenida que com o Largo do Município e a Praça de Touros constitui o elemento central e marcante do tecido urbano sem ter, no entanto, influenciado significativamente a estrutura e a morfologia urbanas. • A rede viária nacional e municipal que converge na Moita, a qual determinou, em grande medida, os sentidos e as directrizes do crescimento urbano – e à qual se adaptaram as malhas habitacionais de matriz predominantemente reticuladas – que se manteve ao longo de diversas épocas. O tecido urbano resultante diferencia-se sobretudo, pela tipologia dos edifícios, pela dimensão da malha viária e pela presença de espaços e edifícios singulares como a praça de touros, o parque da Moita e edifícios de equipamento que pontuam o espaço urbano. Pode dizer-se que a "contenção" volumétrica que se verificou a partir de 1982, com a realização do Plano Director Municipal, evitou rupturas significativas e garantiu ao tecido e à imagem da vila uma unidade evidente, que é enriquecida pela densidade tipológica das habitações e pela coexistência de diversas épocas históricas, ainda hoje identificáveis. Aliás, a tipologia dos edifícios permite identificar as duas fases marcantes da construção da vila, a do período anterior a 1970, correspondente a edifícios de um e dois pisos e a do período referente às três últimas décadas, correspondente a edifícios de três e quatro pisos, conforme se localizem em áreas consolidadas de expansão. É curioso salientar que, embora seja previsível a expansão da área urbana para Nascente, no sentido apontado pelos seus principais elementos urbanos – a avenida e o parque urbano, expansão considerada no PDM, o crescimento tem-se verificado fundamentalmente para Norte e Sul, apesar do seu afastamento progressivo da zona central da vila e de se interporem barreiras físicas importantes entre estas novas expansões e o centro. Mantém-se, assim, em aberto a possível expansão da vila para as cotas mais altas onde habitação e parque urbano poderiam manter uma estreita proximidade. Fora do perímetro urbano da vila desenvolve-se uma ocupação periférica de áreas habitacionais ligadas a espaços rurais e apoiadas na rede viária envolvente da área urbana. A
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tipologia dominante é a de moradias isoladas ou pequenas bandas de habitação com quintal, integradas, em geral, em malhas reticuladas de arruamentos estreitos. Nestas malhas coexistem, frequentemente, as habitações com pequenos armazéns, oficinas e instalações agrícolas. Na periferia imediata da área urbana permanecem alguns edifícios de grande dimensão inicialmente ocupados com indústrias e hoje ocupados com outros usos. Desta ocupação é especialmente significativo o eixo que liga a vila à estação de caminho de ferro.
> 2.6.2. ALHOS VEDROS A implantação do aglomerado urbano primitivo está, como no caso da Moita, intimamente relacionada com as funções ribeirinhas que lhe serviram de suporte económico. Assim, a formação urbana paralela ao esteiro, apoiando-se nos caminhos rurais, como directrizes de crescimento, foi uma constante nestes aglomerados ribeirinhos. O desenvolvimento urbano do núcleo antigo fez-se, primeiramente, nos primeiros decénios do século XX, por preenchimento da malha urbana, originando uma organização morfológica em quarteirão. Com o aparecimento do caminho de ferro foram induzidas outras funções, prevalecendo, em meados do século XX (anos 40), a actividade corticeira que transformou radicalmente a imagem urbana do aglomerado, fazendo-o aparecer como vila-indústria, onde esta actividade rivalizava, em ocupação do solo, com as actividades residenciais. Muitas das unidades fabris que ocupavam grandes áreas, tanto no extremo Norte do aglomerado como a Poente, marcavam a estrutura da vila. Foi nesta época que se deu o grande crescimento urbano, com base na formação de bairros operários, sendo o organismo urbano atraído na direcção da estação de caminho de ferro e igualmente, no sentido oposto ao esteiro, apoiado na Estrada Nacional Barreiro-Montijo. Foi
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também durante este período (anos 40 a 70) que se alterou profundamente a estrutura urbana do núcleo antigo, de modo que hoje apresenta alguma descaracterização, embora, ainda, proporcione uma leitura que traduz a sua historicidade. Nas décadas de 60 e 70 surgiram, a Sul da linha de caminho de ferro, alguns bairros, ocupados originariamente por ferroviários: Gouveia, Francisco Pires, Lagoa da Pega, Arroteias, que integram actualmente cerca de 40% do espaço urbanizado. Nestes bairros periféricos de formação espontânea, a tipologia de habitação dominante são as moradias unifamiliares de um e dois pisos. Mais recentemente verifica-se uma nova ocupação periférica às malhas iniciais, assente no mesmo tipo de estrutura viária, formada a partir de novos loteamentos urbanos com edifícios plurifamiliares, com maior número de pisos, que tendem portanto a densificar e consolidar a sua ocupação. A expansão urbana para Nascente, apoiada na Rua Damão e na Avenida Humberto Delgado, debate-se com o problema da ligação dos tecidos urbanos em formação ao núcleo urbano, contrariando o prolongamento axial do núcleo, apoiado nos caminhos paralelos ao esteiro. A ocupação das áreas urbanas de Alhos Vedros é na sua generalidade, muito marcada, por dois aspectos: por um lado as vastas áreas ocupadas com instalações fabris, dispersas por várias zonas; por outro, os vazios a provocar descontinuidade, que dificultam a articulação urbana. A vila de Alhos Vedros constitui a maior parte da malha urbana consolidada, com uma área estimada de 106 hectares, 55,7% do total das áreas urbanizadas, embora a ocupação seja descontínua no interior do seu perímetro. Nos anos 80 a urbanização da Fonte da Prata (Contrato de Desenvolvimento de Habitação) abriu uma nova frente urbanizada, desligada dos núcleos pré-existentes e mais recentemente desenvolve-se uma grande urbanização na área envolvente à mesma, em zona de expansão já definida desde 1982, a qual contribuirá com infra-estruturas e equipamento que irão reforçar esta freguesia.
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> 2.6.3. SARILHOS PEQUENOS Como os aglomerados anteriores, o núcleo urbano de Sarilhos Pequenos forma-se numa relação directa com o rio, organizando-se numa dependência do esteiro. Encontra-se praticamente envolvido por grandes unidades agrícolas que espartilham o seu crescimento urbano, condicionando-o a uma actividade agrícola e salineira na dependência dessas mesmas unidades, além da actividade ribeirinha, de pesca e cabotagem. Todo o crescimento que se operou no sentido do esteiro traduz uma forma urbana e uma tipologia de edificação próprias de uma povoação ribeirinha das margens do Estuário do Tejo: uma cozinha, um quarto de dormir e uma sala comum com porta e uma ou duas janelas. A malha urbana de Sarilhos Pequenos em estrela, com as ruas a desembocar num largo central e com o rio nas traseiras, tinha por função proteger as casas, dos ventos desagradáveis de Norte. É também notória a existência de ruas/caminhos que acabam radicalmente em portões de quintas, nas salinas, na área de embarque e no estaleiro naval. A dimensão e estrutura de organização morfológica de Sarilhos Pequenos, com grande generosidade de espaços públicos, conduzem-nos a admitir que já teve maior importância do que hoje traduz. A decadência das actividades ribeirinhas, assim como a situação excêntrica aos actuais fluxos e eixos de ligação viária e também o declínio e sub-aproveitamento das unidades agrícolas confinantes devem ser procuradas entre os factores mais importantes do envelhecimento e fraca vitalidade de Sarilhos Pequenos. A estrutura urbana linear, de antiga fundação, conserva uma homogeneidade de traçado e uma identidade com o crescimento urbano futuro ao longo dos caminhos, na direcção do esteiro e da Quinta do Esteiro Furado. É, no entanto, perfeitamente conseguida a ligação dos dois tecidos e a assimilação do núcleo antigo.
RETRATO EM MOVIMENTO DO > CONCELHO DA MOITA |
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De igual modo, a tendência actual de crescimento no sentido da estrada do Rosário apresenta-se em ruptura tipológica e morfológica com a formação urbana onde se apoia. Uma das unidades confinantes com Sarilhos Pequenos, a Quinta do Esteiro Furado, tem uma relação muito directa com o aglomerado, na estrutura de caminhos rurais e nas actividades económicas assentes na exploração das salinas. Esta casa agrícola, em decadência, tem uma notável implantação, ao fundo dum pequeno esteiro, organizada em pátio, onde se destaca a Capela de S. Giraldo, fundada em 1600, e uma torre, tipo senhorial abastardada, que trazem a insígnia da Ordem de Santiago, traduzindo a tutela desta Ordem sobre o território.
> 2.6.4. GAIO-ROSÁRIO A freguesia, constituída pelos dois núcleos urbanos, Gaio e Rosário, parte de uma implantação alcandorada, com formação em anfiteatro, aberto para o rio, criando um espaço de recepção de actividades ligadas às funções ribeirinhas, de passagem de mercadorias, para um crescimento no sentido do interior do território, apoiado nos caminhos e estradas que lhe servem de ligação regional. O núcleo do Gaio, de génese mais recente, emerge numa estreita faixa ao longo do rio. Em Julho de 1994, foram aí feitas escavações arqueológicas que puseram à superfície indícios de povoamento humano datáveis do Neolítico, com cerca de seis mil anos. Pensa-se que o Gaio, nos seus primórdios, deverá ter funcionado como estaleiro de apoio às actividades ribeirinhas, sobretudo ligadas à arte da construção e reparação navais, só aparecendo com alguma expressão no princípio do século XX. O crescimento dos dois núcleos urbanos foi no sentido de os aproximar, embora permaneçam aspectos das suas ocupações mais antigas, importantes na configuração das identidades locais.
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A Freguesia do Gaio/Rosário organiza o seu crescimento apoiando-se no cruzamento dos caminhos e desenvolve-se no sentido da Moita. Por esta razão, apresenta uma morfologia assente numa estrutura viária orgânica, estruturada pelas duas estradas que interligam as duas localidades. Tal como Sarilhos Pequenos, também a malha urbana do Gaio/Rosário se desenvolveu em íntima relação com as condições climáticas e as actividades dos seus habitantes, podendo observar-se o tipo de habitação em correnteza e em pátio. Nos espaços mais antigos predominam as casas de pequena dimensão, unifamiliares e com um piso. Nos novos loteamentos ou através da construção isolada surgem moradias unifamiliares de maiores dimensões e com dois pisos. Com a construção de um novo bairro habitacional, pela Cooperativa de Habitação «Che» Banheirense, estamos em crer que esta freguesia criará uma nova dinâmica e expectativas de crescimento, aliadas a outras melhorias que têm vindo a ser efectuadas em termos ambientais.
> 2.6.5. BAIXA DA BANHEIRA A origem toponímica do nome deve-se à configuração geográfica da terra, ou seja, eram as terras baixas ao redor da pequena enseada do Tejo designadas por Banheira de Alhos Vedros que lhe deram o baptismo e através da evolução do Sítio da Banheira,Terras Baixas da Banheira do Tejo passou à designação actual. A ocupação urbana da Baixa da Banheira remonta ao princípio do século XX, pois a primeira licença de construção concedida pela Câmara da Moita para o lugar da Banheira, ocorreu em 31 de Julho de 1935. Nos seus primórdios, constituía uma área residencial de ferroviários e operários que se formou numa faixa fronteiriça ao Lavradio e ao longo do caminho de ferro, um sítio denominado como Cabeço de Alhos Vedros.
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Entre os anos 30/40 assistiu-se a uma forte migração de populações oriundas principalmente da Beira Baixa e, a partir dos anos 50, do Algarve, do Alentejo e de outras regiões do país que procuravam trabalho nas grandes unidades industriais da região, como a CP, a CUF, a Siderurgia, a indústria naval e as corticeiras. Nos anos 40, o número de fogos era de 347, atingindo nos anos 60, 4 193 fogos, sendo portanto nos anos que medeiam as datas indicadas o grande salto de crescimento urbano, induzido pela transferência e desenvolvimento de grande parte das unidades fabris da CUF de Lisboa para o Barreiro. Entre 40 e 60, a Baixa da Banheira absorveu praticamente todo o crescimento urbano do Concelho da Moita. De 60 para cá, a Baixa da Banheira tem tido um crescimento a ritmo quase constante, atingido 5 227 fogos em 1970 e 6 835 em 1980. É a freguesia do concelho da Moita com densidade populacional mais elevada, com 109 habitantes/hectare. Situada na zona ribeirinha do Tejo e atravessada pelo caminho de ferro, o seu crescimento inicial deu-se predominantemente para Sul. As zonas de ocupação anteriores a 70 constituem a maior parte da malha urbana consolidada, com uma área estimada de 65,8 hectares, 31,2% do total da freguesia. A ocupação inicial centrou-se particularmente ao longo dos eixos de atravessamento, nomeadamente ao logo da Estrada Barreiro-Moita e a sua maior expansão foi para Sul da linha do caminho de ferro. No seu crescimento, a Baixa da Banheira absorveu alguns núcleos de formação espontânea, entre eles Baixa da Serra, Alto da Serra e Vale da Amoreira. Este último, talvez o seu núcleo mais antigo. A ocupação dos anos 70/80 fez-se, em grande parte, nos espaços contíguos ao consolidado, sendo a última fase de ocupação aquela que unifica os dois núcleos urbanos iniciais, na envolvência da Baixa da Serra, até à EN 11. Esta área ainda não está completamente urbanizada, sendo a zona ribeirinha porventura a área mais desqualificada da freguesia e, como tal, a menos valorizada do ponto de vista imobiliário.
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Perspectiva aérea da Baixa da Banheira e do parque José Afonso.
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A ocupação das primeiras décadas (anos 50/60 e mesmo 70) desenvolveu-se assente em padrões de baixa qualidade, tendo sido protagonizada por agentes cuja lógica de intervenção seria o máximo rendimento, no mais curto prazo, e com o mínimo de custo. Sem instrumentos de planeamento urbanístico eficazes, o crescimento deu-se sem ter em grande conta aspectos como a qualidade do espaço público, a criação de zonas verdes ou de equipamentos sociais. A zona ribeirinha seria porventura a área mais desqualificada da freguesia e, como tal, a menos valorizada do ponto de vista imobiliário. Em função desta realidade, a Câmara Municipal tem feito uma grande aposta de requalificação do espaço ribeirinho, nomeadamente do contíguo à área urbana da Baixa da Banheira, através da construção do Parque José Afonso. A 1ª. fase ficou concluída em 1990, com 2,5 hectares, totalizando actualmente uma área de cerca de 20 hectares de jardins e espaços arborizados, que se estendem ao longo de 2km da margem do Tejo. Este Parque é, sem dúvida, actualmente, um dos elementos mais marcantes da freguesia e mesmo do Concelho da Moita. O rápido crescimento da Baixa da Banheira e a sua forte componente operária levaram ao nascimento de muitas colectividades - sociais, de cultura, desporto e de recreio - que lhe dão uma forte dinâmica e uma expressão popular muito activa.
> 2.6.6. VALE DA AMOREIRA O Vale da Amoreira é a mais recente freguesia do Concelho da Moita, pois foi criada em 11 de Março de 1988, possuindo actualmente características acentuadamente urbanas. O núcleo habitacional mais antigo, criado pelos trabalhadores das quintas que compunham aquele território, remonta a meados do século XIX, sendo o seu crescimento muito lento, pois no recenseamento da população, efectuado em 1911, apenas acusava 24 habitantes e139 no de 1960.
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Todavia, a partir de 1970, com o aparecimento do Bairro Fundo Fomento de Habitação, começaram, paralelamente, a surgir novas urbanizações que vieram aglutinar os pequenos núcleos urbanos pré-existentes – Vale da Amoreira, Fontainhas e Bairro Paixão – e a "absorver" o loteamento das moradias existentes, transformando a morfologia urbana e a tipologia de edificação (prédios de seis a nove pisos). A ocupação de habitação de promoção pública, após o 25 de Abril de 1974, por alguns milhares de pessoas, oriundas das ex-colónias portuguesas, marcou a estrutura social da freguesia, hoje caracterizada por uma grande presença de população de origem africana. Nos censos de 1991, a sua população atingiu 13 584 habitantes, o que traduz o seu crescimento em flecha. Por via disso, o Vale da Amoreira apresenta-se-nos hoje como a freguesia com densidade populacional mais elevada do Concelho, com 60 habitantes/hectare e com um índice mais jovem, pois estima-se que cerca de 40% dos seus habitantes tenham menos de 25 anos. A sua diversidade cultural transmite-lhe um carácter muito próprio de vivência e a alegria contagiante dos povos de África. A área urbana actualmente consolidada corresponde a 89,6 hectares, 40% da área total da freguesia. A sua envolvente imediata é ainda predominantemente constituída por espaços rurais, onde se mantém actividades pecuárias, agrícolas e florestais. Estes espaços rurais provocam descontinuidades nos espaços urbanizados entre o Vale da Amoreira e o Barreiro – Vila Chã e Quinta da Lomba. Contudo, as tendências de crescimento e de urbanização vão no sentido de ligar os espaços urbanos de um e de outro lado dos concelhos do Barreiro e Moita, perspectivando uma via estruturante primária que fará a ligação entre a via rápida IC 21 e o IC 13 e dará novas e interessantes acessibilidades à freguesia. Um dos aspectos mais marcantes do Vale da Amoreira é o facto de constituir uma área quase exclusivamente residencial, construída enquanto expansão habitacional da Baixa da Banheira, freguesia à qual pertencia, ou seja, integrando poucos espaços para comércios e serviços e de outras actividades, o que decorre também da promoção pública que esteve na base da maioria da sua construção.
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Entretanto, a dimensão demográfica que alcançou e que justificou a criação de uma nova freguesia, não foi acompanhada dos necessários reajustamentos funcionais. A falta de infraestruturas e do arranjo de alguns espaços exteriores, associados a uma visível degradação dos edifícios, contribuíram para a degradação da imagem da localidade e para a consequente desvalorização imobiliária. A sua principal característica em termos sócio-urbanísticos é o facto de se tratar de uma área na sua maioria de promoção pública, destinada a populações de fracos recursos e com uma dimensão considerável. Consubstancia, assim, uma política habitacional, marcante dos anos 70 em Portugal e já em reconversão na maioria das áreas metropolitanas europeias. A freguesia é actualmente objecto de uma Operação de Revitalização Urbana, criada com o objectivo de melhorar as condições do espaço urbano, através de construção de novos equipamentos e espaços públicos, e de apoiar o desenvolvimento social e a coesão.
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2.7. O PATRIMÓNIO «(...) monumentos serão (...) o frasco de faiança, a armadura, e o castelo, o pelourinho e o sítio arqueológico, a renda e a imagem de madeira, a catedral e o ostensório, o azulejo, o paramento, o galeão submerso, ou a zona histórica de um aglomerado urbano. Serão também monumentos no plano dos bens materiais, o jardim, o conjunto de uma paisagem urbana, certa árvore. Alargando o conceito aos bens culturais de um povo, igualmente teremos que considerar como "monumento", os tipos de moinhos de água, as alfaias agrícolas, a solução constuitiva tradicional do vigamento de um telhado, a ferramenta e o barco caído em desuso pelo avanço tecnológico e prestes a desaparecer (...)» «(...) Caberá a cada cidadão, empenhado no esforço de salvaguarda, manter-se alerta e ter a lucidez bastante para em cada caso decidir (...) e para o docente de História ou de Educação Visual em particular poder assumir, nas melhores condições, a responsabilidade que, quer queira, quer não, lhe cabem como defensores do património histórico-artístico, entendido como conjunto de bens da colectividade nacional.»25
25 Jorge Henrique Pais da Silva, Pretérito Presente - Para uma Teoria de Preservação do Património Histórico-Artístico, elaborado em 1974/75 por ocasião do Ano Europeu do Património Arquitectónico.
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2.7.1. O PATRIMÓNIO HISTÓRICO-ARTÍSTICO 2.7.1.1. Colecção Régia No âmbito do património histórico-artístico é de destacar o acervo de pintura que integra um conjunto de retratos dos reis de Portugal, do artista Miguel António do Amaral, professor de desenho do século XVIII. A colecção é constituída por vinte e seis telas, a saber: Conde D. Henrique, D. Afonso Henriques, D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II, D. Afonso III, D. Dinis, D. Afonso IV, D. Pedro I, D. Fernando, D. João I, D. Duarte, D. Afonso V, D. João II, D. Manuel I, D. João III, D. Sebastião, Cardeal D. Henrique, D. Filipe II, D. Filipe III, D. Afonso VI, D. Pedro II, D. João V, D. José, D. João VI e Dona Carlota Joaquina. Embora a série termine nos reis D. João VI e Dona Carlota Joaquina, o artista só pintou até ao quadro D. José, reinado em que faleceu, não sendo, portanto, da sua autoria aquelas duas últimas telas. No século XVIII, a pintura de retrato foi, a seguir à pintura religiosa, o género que mais se cultivou em Portugal. Era um tipo de arte, feita por encomenda e que satisfazia as necessidades estéticas dos consumidores da época, o rei, algumas casas nobres e as instituições religiosas. Aliás, a clientela conventual, de acordo com a sua capacidade financeira, foi uma das principais solicitadoras de obras de arte, quer de temática religiosa, quer retratística. É no contexto do ciclo pictórico setecentista que se enquadra a encomenda da série régia, feita pelo Mosteiro de Alcobaça a Miguel António do Amaral. Para o efeito, o autor baseou-se em estampas, com reproduções de outros pintores, um expediente muito utilizado nos séculos XVII e XVIII, em consequência da necessidade de se produzirem obras baratas e rápidas. Em termos de composição cromática, são as vestes que marcam as figuras, com o peso e as dobras dos tecidos, pintados em fundo escuro, isento de adereços, com excepção da tela referente a D. Afonso Henriques, em cujo fundo se apresenta pintada a fachada gótica do Mosteiro de Alcobaça.
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Pelourinho manuelino de Alhos Vedros, testemunho material da política de reorganização administrativa do rei Venturoso.
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Miguel António do Amaral foi, no seu tempo, um retratista muito apreciado e, segundo se diz, muito bem remunerado. A sua formação artística decorreu do processo tradicional de aprendizagem oficial, como aliás era comum no tempo, com o mestre Francisco Pinto Pereira. O conhecimento de desenho deu-lhe o domínio do traço, tão necessário na pintura de retrato. Outro aspecto a salientar na história desta colecção régia, foi a sua transferência da Sala dos Reis do Mosteiro para o Depósito da Academia Real de Belas Artes de Lisboa, com a supressão das ordens religiosas em 1834. Na segunda metade do século XIX e por intervenção de um proprietário do concelho, Salvador José Castanha26, foi possível a aquisição deste ciclo de telas sobre os monarcas portugueses. A portaria de 17 de Agosto de 1874, assinada pelo ministro do Reino A. M. de Fontes Pereira de Melo, autoriza a sua concessão à Câmara da Moita, com o objectivo de adornar a Sala dos Paços do Concelho.
> 2.7.1.2. Pelourinho de Alhos Vedros Segundo Alexandre Herculano, na sua História de Portugal, os pelourinhos teriam origem na «columna moenia» romana, a qual conferia à cidade que a possuía determinados privilégios. Em Portugal, a partir dos finais do século XII, quando se começou a erguer pelourinhos no fórum dos centros urbanos (cidades ou vilas), também estas colunas de pedra significavam o distintivo da jurisdição administrativa de um concelho e da sua autonomia municipal. Além do seu poder jurisdicional, serviam ainda como locais onde eram aplicados castigos públicos aos delinquentes. Estes eram amarrados à coluna e aí eram açoitados ou mutilados, de acordo com a gravidade do delito praticado. Mas, a partir do século XV, os pelourinhos deixaram de estar associados à ideia de castigo e passaram a designar o local onde se liam os alvarás e éditos reais.
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Sessão de Câmara, de 16 de Maio de 1875, Fls.106-107
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Poço «Mourisco», da época quinhentista. Em primeiro plano são visíveis os elementos decorativos naturalistas: a flor-de-lis, a cabaça e o ramo de oliveira com azeitonas.
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Na generalidade, a construção de tais monumentos vinha sempre na sequência da outorga da carta de foral. O pelourinho de Alhos Vedros é disso exemplo, pois resulta da concessão do foral à vila (1514), enquadrando-se na acção política de reorganização administrativa, encetada por D. Manuel I (ao reformar os forais, compilados na «Leitura Nova», mandou construir novos pelourinhos). Por esta razão, o referido pelourinho não só constitui o símbolo do poder municipal da vila de Alhos Vedros sobre as terras vizinhas, como também é um testemunho material da política reformista, empreendida por esse monarca. Além do seu significado político, reúne em si valor artístico e arquitectónico, relacionado com o estilo da época. Trata-se de um monumento manuelino do século XVI: a base de planta circular apresenta-se decorada por um singelo entrelaçado, a coluna alta de secção oitavada e plana é sobrepujada pelo capitel, de forma prismática e lisa, o qual termina no remate, decorado com a esfera armilar em ferro forjado (símbolo emblemático do rei Venturoso), suporte de um catavento. O pelourinho está classificado como imóvel de interesse público, pelo Decreto Nº.23 122, do Diário do Governo 231, de 11 de Outubro de 1933.
> 2.7.1.3. Poço «Mourisco» Perto da estação ferroviária de Alhos Vedros existe um velho poço, considerado monumento histórico. Trata-se do chamado poço «mourisco» que, segundo a tradição oral, teria sido construído durante a dominação árabe. Mas, na verdade, trata-se de um poço quinhentista, decorado com elementos colhidos da Natureza, sendo de realçar o ramo de oliveira com azeitonas, a flor de lis e a cabaça, símbolo do peregrino de Santiago. Ao longo dos tempos teceu-se uma lenda a respeito do mesmo: «quando algum rapaz ou rapariga com a cabeça conseguir partir a cabaça que nele se encontra esculpida, dele sairá um tesouro imenso de moedas em ouro que o tornará feliz por toda a vida». As pedras cimeiras apresentam profundos sulcos que teriam sido abertos pelo roçar das cordas no vai vem dos baldes, o que demonstra grande utilização.
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Na década de 60 do século passado, não sabemos a que propósito, o poço foi atulhado e nem as históricas pedras do resguardo escaparam ao «camartelo», indo jazer no fundo sob o entulho. No entanto, o bom senso viria a vencer a incoerência e, algum tempo depois, o poço «mouro» foi reaberto e o resguardo, um tanto danificado, foi reposto no seu lugar. E lá está, atestando a passagem remota de gentes pela vila de Alhos Vedros.
> 2.7.1.4. Arquitectura Religiosa Os vestígios patrimoniais existentes no Concelho da Moita reflectem a vivência económica e social que caracteriza a Região da Borda d’Água. Por esta razão, o património construído não apresenta a monumentalidade do de outros concelhos, restringindo-se a alguns exemplares de arquitectura religiosa ou, então, está relacionado com a actividade produtiva local. Esta região fortemente dependente, entre os séculos XIII e XVI, de Palmela e da Ordem de Santiago, conseguiu, através do foral concedido por D. Manuel, uma autonomia jurídica, justificada pelo crescimento permanente que conheceu. Aqui se instalaram gentes ligadas ao mar, através do sal, da pesca e dos transportes de cabotagem, bem como à agricultura. Também se instalou e se desenvolveu uma pequena nobreza que, no século XVI, Camões, no Auto de El-Rei Seleuco, caracteriza: «Eis, Senhores, o Autor, por me honrar nesta festival noite, me quis representar ua farsa; e diz que, por não se encontrar com outras já feitas, buscou uns novos fundamentos pera a quem tiver um juízo assi arrazoado satisfazer. E diz que quem se dela não contentar, querendo outros novos acontecimentos, que se vá aos soalheiros de escudeiros de Castanheira, ou de Alhos Vedros e Barreiro, ou converse na Rua Nova em casa do boticário, e não lhe faltará que conte.»27
Luís de Camões, Obras Completas, Vol. III, Lisboa, Livros Sá da Costa, s/d, p.
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Fruto desta estrutura social e económica e da ausência de grandes instituições religiosas ou políticas, o património histórico-artístico da área do Município da Moita, relacionado com a religiosidade das populações e construído até inícios do século XIX, reflecte, duas atitudes interligadas: a devoção dos mecenas locais e a devoção das populações residentes ou de passagem e que tinham no mar ou na terra as suas fontes de subsistência.
Capela do Rosário Exemplo da iniciativa de um mecenas local é a capela do Rosário, dedicada a S. João Evangelista e mandada construir em 1532 por Cosmo Bernardes de Macedo, proprietário da Quinta de Martim Afonso, fidalgo da Casa Real, tal como é referido na inscrição epigráfica28, colocada sobre a porta que dá acesso à sacristia. Uma outra inscrição diz-nos ainda que: «Esta capela e sepultura he de Cosmo Bernaldes de macedo e de sua molher Isabel». Em 1966, o imóvel sofreu obras de recuperação, promovidas por uma empresa local, as quais alteraram profundamente a espacialidade interior do monumento, sendo mesmo demolidos o coro e o púlpito. A capela é de planta simples, orientada para Nascente, apresenta na fachada principal elementos da primitiva fábrica, como o óculo e um interessante portal gótico de arco trilobado, enriquecido com elementos ornamentais característicos da arte manuelina, sendo de destacar os colunelos de fustes lisos, com os capitéis decorados com flores, os entrançados e as cabaças nas bases. No interior, o corpo da capela é separado do santuário por um belo arco triunfal de volta perfeita, talhado em meia cana côncava, onde estão esculpidas quatro flores em relevo de folhagens sobrepostas. Do conjunto fazem parte dois colunelos, um de cada lado do arco, com capitéis também decorados com a gramática decorativa manuelina. Existem ainda outros elementos que reflectem os ideais desta época, como são as pias de água benta e baptismal. 28
«Em Louvor do Snor Deus e da Virgem Samta Maria sua Madre e do bem avemturado Sam Joam Avangilista fez Cosmo Bernaldes de Macedo esta igreija ano de 1532 anos.»
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Capela de Nossa Senhora do Rosรกrio com portal manuelino.
Arco triunfal em estilo manuelino da Capela de Nossa Senhora do Rosรกrio.
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Nas paredes laterais do altar-mor, são de realçar os dois painéis de azulejos azuis e brancos do século XVIII, nos quais figuram cenas da Senhora com o Menino ao colo. Os referidos painéis são rodeados por uma cercadura laboriosamente trabalhada com um remate de dois anjos. Por parecer do Instituto do Património Arquitectónico, foi determinada a classificação da Capela de Nossa Senhora do Rosário como imóvel de interesse público.
Igreja Matriz de S. Lourenço de Alhos Vedros A Igreja Matriz de Alhos Vedros reflecte também as iniciativas privadas, apresentando um conjunto de capelas onde é possível fazer uma leitura das mentalidades e da religiosidade, desde o século XV ao século XVIII. Estas iniciativas privadas estão bem patentes na arquitectura, na escultura, no azulejo e na pintura, transmitindo um conjunto estilístico heterogéneo que são, no fundo, resultado de modos diferentes de encarar a morte, a vida e a devoção. É uma igreja de nave única com cinco capelas laterais e capela-mor, a sua fundação remonta possivelmente aos finais do século XIII, mas da construção primitiva nada resta, pois ao longo dos tempos foi sujeita a alterações no plano da volumetria e da espacialidade geográfica. Nesta sequência, o corpo da igreja sofreu intervenções no século XVII. A fachada do templo, orientada para poente, recebe um portal tardo-renascença, com a data de 1602 e, no século XVIII, teve beneficiações no revestimento de azulejos (1749) e na pintura do tecto, ostentando o caixotão central uma pintura de intensa policromia sobre o martírio de S. Lourenço (patrono da igreja). Também a capela-mor foi valorizada com a integração de um altar de talha dourada, de estilo nacional (1680-1725) e com o revestimento dos panos laterais por dois lambris de azulejos azuis e brancos setecentistas. Numa perspectiva de valorização e de enquadramento do património histórico e ambiental, a Câmara melhorou a envolvência paisagística do monumento, ao proceder à construção da 6ª. fase do Parque José Afonso.
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Igreja Matriz de S. Louren莽o de Alhos Vedros. Destaca-se, do seu lado direito, a volumetria de uma capela g贸tica.
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Capelas laterais: Capela de S. Sebastião – Primeira do lado direito, destaca-se exteriormente do conjunto pela volumetria gótica: sistema de contrafortes, cobertura em terraço rematado por merlões pentagonais, duas janelas em arco quebrado e um pequeno óculo. Esta capela, fruto da «devotium moderna» (religiosidade interiorizada e o assumir do individual da morte), foi mandada edificar na segunda metade do século XV, por Pero Vicente29, o Velho, criado da Casa do Infante D. Fernando30 e destinada a ser o panteão da família. Encontram-se nela os túmulos dos fundadores (Pero Vicente e Constança Vaz), bem como o túmulo com estátua jacente do filho, Fernão do Casal, cavaleiro da Casa do mesmo Infante, morto na batalha de Zamora31, no dia 1 de Março de 1476, no reinado de D. Afonso V. Trata-se de um belo exemplar da tumulária nobre quatrocentista, única no distrito de Setúbal: a estátua, sobrepujada por um brasão de armas com cinco flores de lis, apresenta Fernão do Casal com uma armadura, empunhando uma espada, com a cabeça repousada sobre uma almofada bordada e pés assentes numa mísula lavrada. Posteriormente fez-se uma nova leitura daquele espaço, pois em 1730 uma nova iniciativa particular32 mandou revestir as paredes da capela de azulejos azuis e brancos, reflectindo uma religiosidade barroca (uma atitude religiosa mais exteriorizada, em que, a comunicação sob todas as formas e a ocupação dos sentidos têm uma função primordial na transmissão da mensagem religiosa).
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Pero Vicente foi o juiz da Sisa de Alhos Vedros, Coina, Aldeia Galega e Alcochete. Constança Vaz foi a sua primeira mulher e mãe de Fernão do Casal. Após a morte daquela, casou-se pela segunda vez, com Catarina Lopes Bulhoa, dama de honor da Infanta Dona Leonor, irmã de D. Afonso V. 30 Este Infante D. Fernando era filho do rei D. Duarte, 1º. Duque de Viseu e Mestre da Ordem de Cristo. 31 A batalha de Zamora travada entre o rei D. Afonso V e os futuros reis Católicos, Fernando e Isabel, deveu-se ao envolvimento do monarca português na causa de sua sobrinha, Dª. Joana, a Beltraneja, após a morte de Henrique IV, e às suas pretensões ao trono de Castela. Esta acção militar traduziu-se num autêntico fracasso para Portugal. 32 Uma legenda cerâmica sobre o arco de separação do corpo da igreja diz-nos que: «Esta obra se fes no anno de 1730 sendo administradora desta capela Francisca da Mola».
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Túmulo com estátua jacente de Fernão do Casal, pertencente à capela gótica, dedicada a S. Sebastião.
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Este empenhamento piedoso laico reflecte-se nas restantes capelas, que se vão afirmando em estrita articulação com o espaço religioso e com a crença numa vida «post mortem». Esta capela está classificada como imóvel de interesse público, pelo Decreto Nº.38 147, de 5 de Janeiro de 1951.
Capela de Santo António – Segunda do lado direito. Não se sabe ao certo a data da sua construção. Apresenta nas paredes painéis de azulejos do século XVIII, com cenas do martírio de Santo Estevão Capela de S. João Baptista – Terceira da ala direita. Apresenta uma abóbada de nervuras em estilo manuelino e uma pia de água benta ricamente decorada com elementos vegetalistas.As suas paredes estão revestidas de azulejos hispano-árabes, segundo a técnica de aresta, da primeira metade do século XVI. O frontal do altar encontra-se revestido de um silhar de azulejos, tipo tapete (padrão maçaroca), do século XVII. Na parede Sul existe uma inscrição epigráfica33 que nos dá a informação de ter sido Pero Gomes de Faria, cavaleiro fidalgo da Casa de D. Manuel I, o fundador da capela.
Capela de Nossa Senhora do Rosário – Primeira do lado esquerdo. Ignora-se a data da sua fundação. Apresenta nas paredes laterais dois painéis do século XVIII, não datados, onde estão representadas cenas da vida da Virgem. A frente do altar exibe a réplica recente (século XX) de um painel de azulejos policromados, tipo tapete, do século XVII. Capela de Nossa Senhora dos Anjos – Segunda do lado esquerdo. Abre-se em dois arcos renascentistas para a nave da igreja, foi instituída na primeira metade do século XVI, o que está documentalmente comprovado pelas informações insertas nas Visitações da Ordem de Santiago de 152334. 33 «Esta capela mandou fazer Pero Gomez de Faria cavaleiro fidalgo da casa delrei Dom Manuel. Finou-se a 11 de Março de1517 e nela se hãode dizer em cada hum anno pra sempre 52 misas per sua alma e de Fernão Gomez, seu pai, e de Biatriz Gomez, sua may, começase quarta feira de cinza e acabam se segunda feira de Pascoela e serão ditas pela renda da metade de huma herdade que hé na Ribeira de Canha e de huma vinha que hé alem da ponte. Segundo e mais largamente se contem no testamento da dita Biatriz Gomez e hum compromisso e tombo feito por Aires Gomez de Faria seu filho e do dito Fernão Gomez, e seu testamenteiro e primeiro administrador da dita capela.» 34 Ana de Sousa Leal e Fernando Pires, Alhos Vedros nas Visitações da Ordem de Santiago (1523), Comissão Organizadora das Comemorações do 480º. Aniversário do Foral de Alhos Vedros, 1994, p. 17
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Azulejos hispano-árabes da Capela de S. João Baptista.
Imagem em pedra policromada da Nossa Senhora dos Anjos, da primeira metade do século XVI.
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Porém, terá sofrido obras posteriores, datáveis entre 1590 e 1610, já que a capela se destaca por uma volumetria em cúpula, típica das construções maneiristas. Aí se encontra sepultada a família pertencente aos Mendonças Furtados35. Apresenta silhares de azulejos policromados do século XVII e no altar pode admirar-se uma bela imagem em pedra da Nossa Senhora dos Anjos com o Menino ao colo, do princípio da centúria de quinhentos. Associada a esta imagem fazia-se uma procissão, realizada no Dia de Ramos, em honra e devoção da Senhora e à qual eram obrigados a assistir «(...) o Prior, e povo da Villa do Barreiro, os Curas do Lavradio, Mouta, Telha, e Palhaes, com suas Cruzes, e huma peffoa de cada cafa, por huma Provifão do Duque Meftre D. Jorge, paffada no anno de 1513, impondo de multa aos moradores da Villa do Barreiro hum toftão a cada hum, fe faltarem, e para a execução da multa manda, que o Efcrivão da Camera de Alhos Vedros tome a rol todos, para fe ver os que faltão, e fe cobrar delles a dita multa; (...)»36. Esta informação prova não só a antiguidade da Procissão de Nossa Senhora dos Anjos, como nos dá a indicação de que seria, no século XVI, a mais importante da Margem Sul do Tejo, pela concorrência de pessoas provenientes de diferentes lugares.
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem A Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem reflecte, igualmente, o empenho das gentes locais e de passagem, tendo no seu orago um elemento significativo, pois a travessia do Tejo, bem como os longos e perigosos caminhos a percorrer para o Sul do país, necessitavam da protecção divina, invocando a Virgem Maria. As razões invocadas pelos moradores do então designado lugar da Mouta, para a construção de uma igreja em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem, estavam relacionadas com a distância da capela de S. Sebastião e com o grande movimento de pessoas, tal como é declara-
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Existe uma inscrição epigráfica numa das colunas de separação da nave da igreja que nos fornece a seguinte informação: «Esta capela he de Nosa Senhora dos Amjos e de seus comfrades foi dado licemça a Tristão de Mendonça pera ter sua sepultura e pera seus erdros» 36 «Informações Paroquiais de Alhos Vedros», publicadas pelo Padre Carlos Póvoa Alves in Subsídios para a História de Alhos Vedros, 1992, p.14
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Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Interior da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, em que são visíveis os altares laterais de estilo nacional e o altar-mor segundo o gosto pós terramoto.
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do na escritura de obrigação, lavrada pelo tabelião João Cordeiro Zagalo:«(...) dizem os moradores do lugar da Mouta freguesia de Sam Lourenço da Villa de Alhos Vedros da Ordem de Santiago que a dita Igreja37 está longe do lugar junto aos matos e dela levão o Santíssimo aos doentes do dito lugar da Mouta per caminhos de Barrancos e entre valados em muito perigo endecencia e pouco acompanhamento e per que a mor parte da freguesia está no dito lugar da Mouta donde há grande concurso de gente que vai e vem de caminho de muitas partes deste reino dalentejo e de Castela e por não terem freguesia donde frades e clérigos possam dizer missa se vam sem a dizer e os passageiros sem a ouvirem pelo que eles suplicantes por serviço de Deus e de V. Magestade tem edificado no dito lugar da Mouta hua Ermida pera dela o Cura lhe levar o Santíssimo Sacramento quando estiverem doentes sem mais decencia e juntamente pera os frades e clérigos passageiros dizerem aos dias Santos Missa a gente que caminha e per que eles Suplicantes fizeram a dita Ermida sem licença de V. Magestade ignorando mantenansa sendo a obrigação que tinham de pedirem licença a V. Magestade pedem a V. Magestade lhe faça merce de dar licença pera se acabar a dita Ermida e nela lhes dizer Missa (...)»38. Verifica-se que a construção da igreja já estava a decorrer no momento em que este documento foi lavrado, ou seja, os moradores procuraram, através da elaboração da escritura, legalizar um projecto que já tinham iniciado, fazendo então o pedido de autorização ao monarca, Filipe III de Portugal. Assim, a primitiva ermida de Nossa Senhora da Boa Viagem, construída em 1631 a expensas dos moradores da Moita, teve posterior autorização régia por uma provisão, passada a 22 de Maio de 1631: «Hey por bem e me praz de lhes dar licença que elles possão de novo edeficar e fazer a sua propria custa e despeza dentro no dito lugar hua ermida de invocação de Nossa Srª da Boa Viagem a qual fabricação e ornamentação a sua custa de tudo o que tiver necessidade (...)»39.
37
Refere-se à Capela de S. Sebastião Livro do Cartório Notarial de Alhos Vedros 1630-1634, Fl.74 ANTT, Chanselaria da Ordem de Santiago, Livro Nº13, Fl.273 v
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Painel de azulejos com uma cena da vida da Virgem, retratando esta com o menino sentado ao seu colo.
Imagem em madeira policromada da Nossa Senhora da Boa Viagem.
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Com a elevação da Moita a vila, passou a ser igreja matriz, sofrendo posteriormente obras de ampliação e beneficiação. A primeira intervenção, conhecida documentalmente, terá sido em 1719, pois os arrais dos barcos da vila da Moita e do seu termo, que tomavam carreira no cais, fizeram um documento, no qual se obrigavam «a dar e entregar todo o frete que cobrarem da gente da terra na semana da carreira pera ajuda das obras que fazem na Igreja desta dita villa e farião exacta dellegência pello cobrarem que he hum vintem de hirem pera Lisboa, e outra de vinda pera esta dita villa(...)»40. Pelas Informações Paroquiais de 175841, sabemos que a capela-mor ruiu com o terramoto de 1755, bem como a capela do Senhor dos Passos e a torre sineira da igreja. Mas, enquanto que a capela-mor foi logo recuperada, com o contributo dos homens do mar e de algumas esmolas, a capela do Senhor dos Passos e a torre só foram reconstruídas em data posterior à elaboração das Informações Paroquiais, devido à falta de meios e pobreza dos moradores da vila da Moita. A data de 1872, assinalada num dos degraus da porta principal, está certamente relacionada com outras obras, remodelação ou recuperação, efectuadas no edifício da igreja. Se nos basearmos nas referências documentais, concluiremos que estas intervenções a nível do restauro e do embelezamento interior sempre foram realizadas à custa da população local, conforme as obrigações consignadas na escritura de construção, já atrás mencionada. De acordo com os programas construtivos que imperavam no século XVII, resultantes dos novos princípios religiosos e espirituais, emanados do Concílio de Trento42, a igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem segue as habituais regras de orientação e de organização funcional do espaço, apresentando a fachada principal direccionada a Poente, com portal rematado por um frontão triangular, segundo o gosto maneirista. O interior consta de uma só nave, com púlpito de
Livro de Vereações de 1715-1720, Fl.64 v Informações Paroquiais da Moita, Publicadas pelo Padre Carlos Póvoa Alves in Subsídios para a História de Alhos Vedros, 1992, p. 80 42 O Concílio de Trento celebrou-se em três fases que decorreram entre 1545-1563 e marcou o começo da Contra Reforma. Em Portugal teve grande importância, uma vez que os seus decretos foram promulgados como leis do Reino, passando a regular as instituições e a vida eclesiástica e social do país. 40 41
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pedra localizado no centro. Em termos de tipologia arquitectónica, este edifício constitui um bom exemplo do «Estilo Chão», uma arquitectura despojada de elementos decorativos, fria e funcional, que marcou as construções religiosas entre o fim do século XVI e meados do século XVII. A austeridade e a economia decorativa que caracterizam a arquitectura chã, foi colmatada, mais tarde, no século XVIII, por uma fase de ostentação e de sumptuosidade que se reflecte quer no esplendor das talhas douradas, quer no vasto programa cromático e decorativo dos azulejos. Na igreja da Moita esta tipologia barroca está patente nos altares laterais de estilo nacional, nos painéis de azulejos da nave, datados de 1719 e que relatam cenas da vida da virgem, no tecto com a usual cobertura de caixotões, em madeira, com pinturas de ornatos na nave e com os símbolos da ladainha de Nossa Senhora, na capela-mor e ainda no gosto pós terramoto, reconhecível no altar-mor. O interior do templo abre-se ainda, através de dois arcos, para uma capela lateral, do lado direito, na qual exibe um altar de talha dourada do século XVIII que contém as imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores. Esta capela, como já foi anteriormente referido, ficou totalmente destruída com o terramoto de 1755 e só mais tarde foi reconstruída.
Igreja da Santa Casa da Misericórdia A Igreja da Santa Casa da Misericórdia foi construída em 1587, a deduzir pela leitura da inscrição sobre o portal: «Ioam Amriques Pimentel deu este portal desmola a esta caza sendo Provedor dela o ano que se comesou de fazer na era de 1587». Embora se desconheça a história da fábrica desta igreja, pensamos que terão sido os rendimentos da instituição, bem como os donativos e doações de benfeitores, as principais fontes de receita que custearam as obras da sua construção. Associada à necessidade do serviço religioso, a Igreja da Misericórdia reflecte as ideias da época e da comunidade, profundamente marcadas pela perspectiva religiosa, uma vez que o país estava a atravessar uma remodelação nos seus esquemas mentais, imposta pelo Concílio de Trento.
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Assim, a conjugação de linhas clássicas no portal (pilastras toscanas com frontão triangular rematado por cruz), com a nova corrente artística, o maneirismo, sobretudo ao nível da planta, testemunha o pensamento de então e as novas exigências físicas e funcionais do espaço religioso. Cria-se, deste modo, uma nave única, um espaço público de vivência comunitária, onde as funções litúrgicas são profundamente marcadas pela pregação. Daí o púlpito estar situado, sensivelmente, a meio da nave, para que a voz do orador pudesse ser escutada na totalidade do espaço. A capela-mor apresenta-se num nível superior ao do corpo da igreja, como era costume nas construções das confrarias da Misericórdia e acolhe o altar-mor de talha dourada que evidencia características maneiristas tardias (fim do século XVII). Do conjunto destacam-se pela sua concepção os dois pares de colunas torsas que imitam o lápis-lazúli, com capitéis coríntios e fustes ligeiramente lavrados com algumas ramagens. Estes pares de colunas marcam as edículas que ladeiam a abertura central do altar. O remate superior do retábulo é preenchido por uma imagem do Sagrado Coração de Jesus e por anjos nas zonas laterais, o que ajuda a unificar toda esta belíssima composição, com pronúncios do barroco. A azulejaria que reveste as paredes da igreja data da primeira metade do século XVIII, reflectindo já uma religiosidade barroca. Os temas abordados nestes painéis estão relacionados com a vida da Virgem, os quais foram concebidos como autênticos cenários teatrais, de forma a transmitirem uma intensa fulgurância visual. No interior, sobre a porta principal, é de realçar o coro alto, revestido de azulejos setecentistas e com uma balaustrada assente em duas colunas de fuste cilíndrico, em pedra. A nave é coberta por um tecto de madeira de três planos, desprovido de elementos ornamentais. Dado o grande interesse deste imóvel para o Património do Concelho, em 1995, a Santa Casa da Misericórdia, com a colaboração da Câmara da Moita, apresentou uma proposta de candidatura ao Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico (IPPAR), para financiamento das obras de recuperação e conservação da igreja. Porém, o indeferimento desta candidatura impediu a intervenção neste monumento. Foi classificada como imóvel de valor concelhio, pelo Decreto Nº.2 do Diário da República 56, de 6 de Março de 1996.
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Capela de S. Sebastião A Capela de S. Sebastião foi construída por iniciativa particular. Segundo as Visitações da Ordem de Santiago de 1523, foram os moradores de Alhos Vedros e da Moita que fizeram a referida ermida. A inscrição epigráfica43 mais antiga, datada de 1453, leva-nos a inferir que a referida capela teria sido construída por volta de 1450/52. Esta inscrição, gravada em caracteres góticos, numa lápide votiva, situada na parede da ala Norte, refere-se à primeira sepultura aí feita, pertencente a Catarina Martins Moreira, filha de Martins Vasques Moreira, escudeiro criado do rei D. Duarte. A já citada Visitação da Ordem de Santiago dá-nos um precioso testemunho da ermida, no início do século XVI: «E o corpo da dita Igreija tem as paredes de pedra e barro madejrada de castanho e cuberta de telha vaam. E no corpo da dita Igreija estaa huum altar d’azulejos e em cima delle huua imagem de Sam Roque, e huum retavolo de pano piqueno. E asy ho corpo da dita Igreija como a Capella e Samcristia he tudo ladrjlhado de tijolo.»44 Pelos restauros que a capela foi sofrendo, ao longo dos séculos, verificamos que a organização do seu espaço geográfico se foi alterando, pois o altar de azulejos, de que fala o documento atrás citado, com a imagem de S. Roque e o pequeno retábulo de pano, já não existem no corpo da ermida. Segundo as Informações Paroquiais de 175845, a capela sofreu grandes danos com o terramoto de 1755, sendo logo reedificada pela população da Moita. Tendo como base a mesma fonte, sabemos que em 1758, o local era «o divertimento da terra», pois «dele se avista toda a cidade de Lisboa, Almada, Azeitão, Palmela, Alhos Vedros e todo o Tejo que medeia desta terra até Belém nunca se acha sem gente, assim da terra como das suas vizinhanças;(...)»46. 43 «aqui jaz caterina martinz filha de martin vasquez moreira criado delrey dom eduarte e seu vasalo. E finou na gram pestenença nesta ermida en idade de XX anos moça escosa a XII de julho era do Senhor de mil iiii Liii anos: a primeira aqui sepultada deos aja sua alma: amen» 44 Ana de Sousa Leal e Fernando Pires, Alhos Vedros nas Visitações da Ordem de Santiago,1994, p. 28 45 «Informações Paroquiais da Moita», publicadas pelo Padre Carlos Póvoa Alves in Subsídios para a História de Alhos Vedros, 1992, p. 81 46 Idem, Ibidem, p. 81
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Actualmente a capela é composta por nave e capela-mor. Caracteriza-se pela sua simplicidade arquitectónica e despojamento decorativo, apresentando, no entanto, um belo conjunto de painéis de azulejos azuis e brancos do século XVIII, nas paredes laterais da capela-mor, onde figuram cenas do martírio de S. Sebastião. O corpo é coberto por um tecto de madeira tipo caixotão e tem um coro alto sobre a porta principal, com balaustrada também em madeira. Na sequência das obras de que foi beneficiando, através dos tempos, foram removidas as lajes tumulares, sendo estas colocadas a esmo. Com a proibição dos enterramentos nas igrejas, o cemitério47 foi transferido para a área envolvente da ermida, deixando esta definitivamente de servir o culto. Actualmente e no âmbito de um projecto de intervenção integrada (arqueologia, arquitectura e museologia) do imóvel, foram firmados dois protocolos, um com a Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (2001) e outro com o Instituto de Estudos Regionais e do Municipalismo «Alexandre Herculano» da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2000).
Capela de Nossa Senhora da Graça As Informações Paroquiais de 1758 dizem-nos o seguinte sobre esta ermida: «Tem outra capela no meio do lugar de Sarilhos Pequenos, termo paroquiano desta Vila; tem um só altar sem sacrário, nele S. Pedro, que é o Patrão, Santa Catarina, S. Tiago, S. João Baptista; na tribuna Nossa Senhora da Graça; é administrada pelos moradores do mesmo lugar.»48 A capela sofreu obras de restauro que desvirtuaram a sua anterior traça arquitectónica. Na sequência dessas adulterações, possui uma nave de acrescentamento moderno.
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A fundação do cemitério, na zona envolvente da capela, terá ocorrido em 1875, a deduzir pela data que se encontra gravada sobre o portão do mesmo. 48 «Informações Paroquiais da Moita», publicadas pelo Padre Carlos Póvoa Alves in Subsídios para a História de Alhos Vedros, 1992, p. 82
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Fachada da Igreja de Nossa Senhora de Fรกtima
Altar da Nossa Senhora da Piedade.
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Igreja de Nossa Senhora de Fátima A Igreja da Baixa da Banheira, projectada pelo arquitecto Júlio Gil, foi erguida em louvor de Nossa Senhora de Fátima e foi inaugurada em 12 de Junho de 1960, pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, sofrendo algumas alterações em 1972, sob a orientação do Padre Ricardo Lopes. Em 10 de Outubro de 1976, foi entregue pelo Bispo de Setúbal à Província Portuguesa dos Capuchinhos nas pessoas de Frei Manuel Rito Dias, Frei Miguel de Negreiros e Frei Manuel Chamusco.
Altar de Nossa Senhora da Piedade O altar de Nossa Senhora da Piedade localiza-se numa das travessas com o mesmo nome, no primitivo aglomerado urbano da vila da Moita. Consta de um painel de azulejos azuis e brancos, onde está representada Nossa Senhora com o filho morto nos braços.Trata-se de uma reprodução relativamente recente do antigo painel que, segundo as fontes orais, foi construído por uns carvoeiros que aqui residiram em tempos remotos. Na verdade e isto se considerarmos que a réplica foi fidedigna ao antigo painel, o altar datará do século XVIII.
> 2.7.1.5. Arquitectura Civil Palacete da Fonte da Prata O palacete da Quinta da Fonte da Prata é um belo exemplar da arquitectura revivalista, na medida em que procura imitar as casas solarengas do século XVIII, como diz a revista de arquitectura Construção Moderna: «(...) pode dizer-se que é uma residência do século XVIII edificada no século XX, mas que, parece ter, realmente a antiguidade que a sua arquitectura indica (...)».49
Construção Moderna, de 25 de Julho de 1915, p. 106
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Fachada principal do palacete da Fonte da Prata.
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Esta casa, edificada cerca de 1910, foi projecto do arquitecto Guilherme Eduardo Gomes que procurou construir uma mansão de arquitectura requintada, conforme o modelo setecentista e de forma a evidenciar a abastança, o gosto e o estilo de vida do seu titular, Eloy Castanha. É um pequeno mundo que contém as comodidades que a vida da época exigia. Assim, o andar térreo seria destinado a serviços indispensáveis, arrecadações e, o primeiro andar, a parte nobre da casa, seria habitada pela família. Mas a concepção da casa passa não só por exigências de conforto, como também de arte e, deste modo, vemos paredes revestidas de azulejos, uma grande varanda que se abre para o exterior para permitir a contemplação da Natureza, uma escadaria interior requintadamente trabalhada em madeira, a cantaria que envolve as janelas e portas ricamente decorada, procurando imitar a ornamentação manuelina; bem como o emprego do estuque em magnífica obra artística para os tectos de algumas das salas. A já mencionada revista Construção Moderna dedicou-lhe em 1915, um artigo em que nos dá a seguinte descrição do interior e exterior desta imponente mansão: «A sala de música e a sala de meza são as melhores peças de habitação. A primeira é de této alto, à antiga, com decorações em estilo manuelino, azulejada em lambris, com azulejos, perfeita reprodução com outros encontrados no Convento de Santa Marta. Nesta sala nota-se um interessante fogão de canto. É de estilização antiga, também revestido de azulejo. As portas e janelas nesta sala, como de resto em todas as outras dependências estão na estilisação antiquada que se deu ao conjunto. No terraço descoberto, tambem existe um lambris azulejado, reprodução de azulejos do convento da Madre de Deus. A janela de angulo é reprodução da que existe no Paço de Cintra. A sala de meza é tambem uma das melhores peças da solarenga vivenda. É dividida por um arco que a separa da cópa. O arco é todo revestido de azulejo, tendo no alto, a um dos lados, o escudo com o brazão de armas e as iniciais do proprietário.A um dos lados existe uma lareira.»50
Construção Moderna, de 25 de Julho de 1915, p. 106
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Facto curioso nesta habitação é a agregação da capela na fachada da casa, o que traduz a importância da religiosidade no ambiente familiar. O desenvolvimento da casa no sentido do comprimento, com a fachada enriquecida pela colocação de colunas que ladeiam a entrada principal, constitui outra inspiração na arquitectura de setecentos, utilizada pelo arquitecto, a fim de conferir ao edifício um certo ar de monumentalidade. A partir de duas plantas divulgadas na citada revista, verificamos que inicialmente existia um pátio interior com uma pequena fonte e que dava acesso a um portal de largura considerável, o que nos leva a crer que seria um lugar de passagem para carros. Presentemente esse espaço apresenta-se muito mais reduzido e completamente adulterado em relação ao desenho primitivo. No espaço exterior e junto da mansão encontramos um poço, cuja água seria provavelmente extraída por meio de uma nora e um tanque de linhas simples e funcional. Estes elementos combinam-se agradavelmente com árvores exóticas51, conferindo a todo o conjunto um inegável requinte. Em suma, é uma construção que reflecte antes de mais a estrutura agrária que o Concelho da Moita conheceu no século XX, uma grande propriedade altamente rentabilizada e conhecida por uma classe de latifundiários já bastante esclarecidos. Em 1979, a Câmara Municipal da Moita adquiriu este edifício à Companhia Imobiliária de Turismo Comitur, mas dada a situação de eminente ruína, a Câmara cedeu, em 1995, este espaço com o intuito de ser recuperado na sua traça arquitectónica original. Presentemente está a funcionar como uma instituição particular de solidariedade social (Centro Fonte da Prata), com vista ao tratamento/reabilitação de toxicodependentes.
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Um destes exemplares, a Phoenix dactylifera L., vulgarmente conhecida por Tamareira, foi classificada árvore de interesse público, por aviso do Instituto Florestal, publicado no Diário da República Nº.44, II Série, de 21 de Fevereiro de 1995.
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Palacete do Morgado da Casa da Cova Palacete localizado no Largo do Descarregador em Alhos Vedros e assim designado por ter pertencido aos bens do Morgado da Casa da Cova. Embora não se conheça a data da sua construção, o edifício apresenta características arquitectónicas do século XVIII: planta rectangular, dois andares, volume simples com cobertura de quatro águas e escada exterior que conduz a uma «loggia». É um edifício de linhas sóbrias que se caracteriza pela sua simplicidade arquitectónica, desenvolve-se no sentido da horizontalidade, apresentando as janelas e as portas envolvidas por cantarias em pedra, desprovidas de elementos decorativos. Na fachada principal orientada a Norte, as janelas do primeiro andar abrem-se para varandas em ferro forjado, ajudando a valorizar, deste modo, a zona superior do imóvel. Outro elemento arquitectónico associado ao palacete e digno de menção é o pórtico em mármore que se encontra adossado à parede da fábrica «Guston» e que em tempos daria, certamente, acesso ao jardim da mansão.
Portal Manuelino Portal dos séculos XV/XVI, localiza-se na Travessa do Alferes-Mor, no núcleo antigo da vila da Moita. É o único portal de tipologia manuelina que chegou até hoje, nesta zona, numa construção civil. Cantarias de vão, manuelinas pelo recorte e lavor, em arco conopial, com umbrais e lintel biselados.
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Portal manuelino.
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2.7.2. O PATRIMÓNIO FLÚVIO MARÍTIMO > 2.7.2.1. Embarcações Tradicionais Ligada a uma tradição de transportes entre as duas margens do Tejo, a actividade naval fez com que no território da Moita (tal como em toda a zona do Estuário do Tejo) se desenvolvessem embarcações que, pelo seu tamanho e características, respondessem às necessidades exigidas. Assim, entre os barcos que nesta área tiveram mais desenvolvimento destacam-se os botes, as faluas, os varinos e as fragatas. Destes barcos possui a Câmara Municipal da Moita dois exemplares; um varino «O Boa Viagem» e um bote de meia quilha «A Pombinha». A recuperação destas embarcações tradicionais teve a Câmara Municipal da Moita como pioneira: em 1981 restaurou-se o varino e em 1985 o bote. O bote é uma embarcação com cerca de dez metros de comprimento, utilizado para o transporte de mercadorias. Possui, entre outras características, uma vela latina e um mastro fortemente inclinado sobre a popa. O varino é uma embarcação maior, embora mais pequeno que a fragata.Tem cerca de vinte metros de comprimento por cinco de largura, podendo transportar até duzentas toneladas. Numa perspectiva de valorização deste património, «O Boa Viagem» foi dotado de um motor marítimo e de instalações sanitárias. A beneficiação destas melhorias tem em vista não só uma maior qualidade dos passeios fluviais, mas também a necessidade da sua realização, independentemente da existência ou não de ventos favoráveis. Da actividade fluvial ligada ao transporte de produtos para a cidade de Lisboa resta hoje o Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos e o núcleo oficinal, no Gaio, formado pelo estaleiro, oficina de velas e ferreiro naval. Ambos os estaleiros estão, actualmente, vocacionados para a reconstrução das antigas embarcações do Tejo, convertendo-as em barcos de recreio. Nestas embarcações salientam-se as pinturas tradicionais efectuadas pelo mestre José Lopes e pelos seus primos José e Luís Raimão.
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Painel pintado pelo Mestre José Lopes, com as habituais ornamentações em cercadura de flores, artisticamente desenhadas em cores garridas e utilizadas nas pinturas das embarcações.
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Esta arte que nasceu na Moita, tem aqui os seus melhores artistas, de forma que vêm aos estaleiros do concelho, as embarcações de Vila Franca de Xira, Seixal, Alcochete e Lisboa receber as flores, as letras, os números, os ornamentos geométricos ou figuras de barcos, de sereias, de santas, de touros e de paisagens, pintados em cores vivas por mestres que receberam dos pais os segredos desta arte. Estas pinturas marcaram, sem dúvida, a história das embarcações tradicionais do concelho da Moita, as quais passaram a ser conhecidas, nos restantes concelhos ribeirinhos, pelas temáticas decorativas, funcionando como um cartão de visita. Na generalidade, eram os proprietários que escolhiam os temas para as anteparas das suas embarcações, pelo que todos os anos entravam em disputa uns com os outros, com vista a terem as melhores pinturas, especialmente nas épocas das festas de sua devoção.
> 2.7.2.2. Estaleiro Naval do Gaio A história do Estaleiro do Gaio é indissociável da história da família do seu actual proprietário, o Mestre José Lopes, remontando, pelo menos, ao seu tio avô. O mestre foi o herdeiro de uma forte tradição de saberes técnicos ligados à construção naval, transmitidos de geração para geração. O estaleiro foi construído de raiz no fim da década de vinte, pelo pai do Mestre Lopes, constituindo-se numa verdadeira escola de profissionais da arte naval. Aqui foi construída a última embarcação tradicional do Tejo, o bote de meia quilha «Sejas Feliz» e, no início da década de oitenta, foram recuperadas as primeiras embarcações com funções de lazer, entre as quais se destaca o varino «O Boa Viagem» da Câmara Municipal da Moita, já atrás mencionado. Nos tempos áureos, em que o estaleiro estava em grande actividade, trabalhava aqui um grande número de profissionais da arte de construção naval, como carpinteiros, serradores e calafates; hoje apenas resta o Mestre e mais uma ou duas pessoas que se dedicam a fazer trabalhos de recuperação/manutenção. Por esta razão, o Estaleiro do Gaio constitui um valioso
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Estaleiro do Gaio, com o Mestre José Lopes a fazer a manutenção de um pequeno barco.
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legado patrimonial, não só pelo conjunto de saberes técnicos tradicionais, como também por toda a herança material (instrumentos e utensílios de trabalho) de que ainda dispõe e que é de grande importância para o estudo da arquitectura naval e para o entendimento da história local. O Estaleiro é constituído por uma zona de área coberta, formada por um telheiro, onde estão instaladas várias máquinas e outros equipamentos próprios deste tipo de fábrica e por um armazém construído em alvenaria na sequência da rua, segundo uma tipologia de casa de carácter campesino, de piso térreo, alongado, rude e simples, caiado com alçados rasgados por minúsculas janelas. É nestas instalações que se armazenam as matérias primas e se constróem as peças de madeira próprias da arquitectura naval. No exterior, na zona da baía onde se concentram os barcos, existe uma estrutura de carris que conduz ao rio e que tem a finalidade de levantar a embarcação, com vista a ser tratada toda a zona abaixo da linha de água.
> 2.7.2.3. Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos O Estaleiro de Sarilhos Pequenos foi comprado pelo seu actual proprietário, o Mestre Jaime Ferreira da Costa, no ano de 1957, numa época em que a construção naval era uma actividade florescente. Com o declínio e desaparecimento do transporte fluvial, o estaleiro deixou de estar vocacionado para a construção de embarcações tradicionais do Tejo e o seu trabalho passou a incidir na recuperação e manutenção de diferentes tipos de barcos, entre os quais se destacam os das Câmaras Municipais. O estaleiro situa-se junto ao esteiro e é constituído por um escritório, oficinas e estruturas de protecção para as embarcações que se encontram em fase de recuperação. Contrariamente ao seu congénere do Gaio, este reúne todas as condições físicas, consideradas necessárias, para funcionar, na medida em que lhe foi conferida uma nova dinâmica de inovação, quer em termos de introdução de novas ferramentas e máquinas de trabalho, quer na criação de estruturas de apoio à execução da actividade. A sua sobrevivência poderá ser também garantida por um dos filhos do Mestre Jaime, o sucessor da cadeia de aprendizagem familiar.
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Estaleiro de Sarilhos Pequenos, com o Mestre Jaime a trabalhar a peรงa de um leme.
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> 2.7.2.4. Cais da Moita O cais da Moita desempenhou ao longo de séculos um papel de grande relevância. Por essa razão, constitui hoje um documento material de grande interesse histórico. Cais e embarcações tradicionais estão intimamente ligados, já que o movimento fluvial a caminho de Lisboa, com mercadorias ou com passageiros, atribuiu a este ancoradouro uma grande importância económica e social. Durante séculos o cais foi o coração da vila da Moita e como tal toda a vida gravitava em seu torno. Era a grande porta para o exterior, na medida em que os barcos o punham em contacto com as novidades, levando e trazendo as novas notícias. Aqui chegavam viajantes, carroças e carretas de bois carregadas de produtos, a fim de tomarem a carreira do barco para a cidade de Lisboa. Devido a toda essa movimentação diária de passageiros e mercadorias, cujo aumento se verificou a partir do século XVII, o cais transformou-se num verdadeiro posto de trabalho, onde um grande número de homens desempenhavam as tarefas de carregadores, vivendo das necessidades dos carregamentos que cada maré permitia efectuar. Reflexo da sua evolução crescente foi a substituição das antigas estruturas de madeira por pedra, no ano de 1722, tendo sido paga a obra, pelos donos dos barcos e das bateiras da vila e seu termo, bem como pelos seus arrais. Para assinalar este facto, foi colocada uma placa em pedra, numa das paredes da muralha, com a seguinte inscrição: «Em utilidade pública por arbitrio do Senado desta villa da Mouta acusta dos donos dos Barcos e dos navegantes delles teve principio a 4 de Agosto de 1722 e findo a 5 de Fevereiro de 1723». Em termos de tipologia, o cais apresenta-se como uma estrutura rudimentar, de planta rectangular, de linhas rígidas e formas robustas, mas funcional para a atracagem das embarcações, sendo edificado com grandes lajes de pedra, ao qual se tem acesso por uns degraus também de pedra.
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Cais da Moita.
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2.7.3. O PATRIMÓNIO INDUSTRIAL > 2.7.3.1. Moinhos de Maré Os moinhos de maré constituem importantes construções industriais da Idade Média, não só pela sua forma arquitectónica, com arcadas voltadas para o rio, mas devido sobretudo, à sua mecânica e utilização de todo um sofisticado equipamento de moagem. Estes edifícios instalaram-se nas margens dos principais rios portugueses para aproveitarem a força das marés ou a velocidade das águas correntes, utilizando esta fonte de energia potencial para fazer funcionar os engenhos mecânicos. Porém, foi na margem Sul do estuário do rio Tejo que se edificou o mais importante complexo de moinhos de maré, António Nabais, no seu trabalho Moinhos de Maré do Concelho do Seixal, dá-nos uma minuciosa descrição histórica sobre o desenvolvimento da actividade moageira: «Foi a partir do início do século XIV que no estuário do rio Tejo se assistiu ao aproveitamento da energia das marés. Em 1313, em Alcântara (Lisboa) foram aforadas "pera todo o sempre a uos Estêvão Martins Carpenteiro vezinho de beja as minhas azenhas d’alcantara." E Estêvão Martins estava autorizado a "remouer as dictas azenhas ou fazer outras azenhas ou moinhos de nouo que vos has posades fazer delas dictas azenhas a fondo ate o mar." Em 1405, no mesmo local, o moinho de maré necessitava de obras, conforme se conclui do aforamento das azenhas "so a ponte d’alcantara que ora som derribadas no termo da dicta cidade com seu esteiro que uay da ponte d’alcantara ataa o mar e com todas as suas prayas que uaao contra restello o uelho o que perteencer pera fazer moendas (...) e pera uos joham dobidos fazerdes acenhas ou moynhos com suas casas pelo foro annual da 6ª parte do que renderem as ditas acenhas ou moynhos." Em 1403, em Corroios, instalou-se o primeiro moinho de maré da área do Seixal, e depois, ainda no mesmo século, se instalaram outros nos esteiros da região.»
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Moinho de Maré de Alhos Vedros. Na sua fachada destacam-se os seis arcos em pedra, característica arquitectónica destes edifícios.
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«No Montijo, em 1386, já existia um moinho de maré na Quinta da Lançada, de acordo com os elementos estudados por António de Oliveira no seu trabalho «Um Moinho de Maré em Aldeia Galega do Ribatejo no século XVI». No esteiro da Lançada outros moinhos de maré foram construídos nos princípios do século XV. Em 1405, por carta régia, D. João I concedeu licença a Álvaro Gonçalves para levantar "huas moendas de pam no esteiro da alançada que he a par daldea galega de Ribatejo que moesem com agoa de maree que entrar em o dito esteiro e que se trabalharia de as fazer se a nossa mercee fosse de lhe darmos pera ello lugar e consentimento sem foro nenhuu por que lhe seriam muyto custosas a fazer por quanto lhe he dicto que como quer que ho dicto steiro entra polla terra da hordem de Santiago que a nos pertence de lhe darmos o dicto consentimento por que o mar e os esteiros del a que chegam as marees pertencem aos reis. E nos veendo o que nos assy dízia e pedia considrando nos como de seerem he feictas as dictas moendas seria grande nobreza e prol e bem cidade de lixboa e da dicta comarca de Ribatejo e dos moradores dellas como nom he memória que nunca hi fossem edificadas as dictas moendas como he necessario fazer grandes despesas em as edificar e fazer porem por todas estas cousas acordamos de lhe darmos pera ello lugar e consentimento se lho dar podemos de dereito ou de costume sem nos pagando dellas foro nenhum." No território do concelho do Barreiro foram construídos vários moinhos de maré desde o sítio de Alburrica, área do Mexilhoeiro, Verderena até ao Vale de Zebro e Coina. Não possuímos ainda muitos dados sobre as datas de instalação nem da história de alguns destes moinhos, que foram muito importantes para a economia local e regional. De qualquer modo, no século XVI, já se registavam moinhos de maré no Barreiro, como se pode confirmar pela Carta de Foral de 1521, que refere "os moinhos de Gaspar Correa dentro do termo da dita villa do Barreiro." Na margem direita do rio Coina, no início do século XVI, existiam já outros moinhos de maré: em Vale de Zebro, junto dos fornos de biscoito, em 1521, lavrou-se decreto, ordenando a Álvaro Raposo, Recebedor dos fornos e moinho de Vale de Zebro, para dar a Duarte Gama 4 moios de trigo; em Coina, como documenta o Foral dado por D. Manuel em 1516 a esta vila,
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eram dadas facilidades para a instalação de moinhos de maré nos sapais: "Porém se em alguns sapaes sam já feitos alguns moynhos nam seram desfeitos mas estarão assy como estam visto como ao tal tempo que foram feitos os autores nam se agravaram nem tomaram estormentos degravo E como taes moynhos sam proveitosos para suas moendas." Em 1758, o lugar da Telha, segundo a descrição feita pelo pároco Sacramento e Sousa, possuía dois moinhos de maré "neste (porto) entram ambarcações no tempo da factura dos vinhos, e em todo o anno os q. servem os dois moinhos, q. ficam dentro do dito porto." Em Alhos Vedros e Moita do Ribatejo também se ergueram moinhos, como nos documentam as «Memórias Paroquiais»: "o Rio que há é o dito braço do Tejo, em que há dois moinhos, um de cinco pedras ou engenhos, outro que se demoliu e já tem princípio de reedificação. Em noutro braço ou Rio da parte do nascente que divide o termo desta vila do da Moita está outro moinho do mesmo lote e melhor (...) só neste braço que sai do Tejo tem esta terra quatro moinhos, um chamado Esteiro Furado com três aferidos, outro o Moinho Novo com oito aferidos no sítio do Rosário, outro chamado Quinta da Freira com três aferidos, outro chamado o Sítio do Alimo com três aferidos, no qual finda o dito rio." Em 1709, o Padre António Carvalho da Costa na sua «Corografia Portuguesa», ao descrever as quintas do Montijo refere a existência dos seguintes moinhos de maré: "a quinta de Francisco de Novaes Casado, que tem boas casas (...) e hum bom moinho de seis engenhos"; "A quinta das Portas (...) tem um moinho de quatro pedras"; "Ao Lessudueste da Villa está outra quinta (...) chamão-lhe a quinta do Casado, ou Forno do vidro (...) e hum moinho, tudo místico a esta quinta da Lançada." O Padre António Carvalho da Costa inventariou cinco moinhos junto ao Montijo e um já na fronteira com o antigo concelho de Alhos Vedros (hoje concelho da Moita): "O rio desta villa, que começa com o termo da ponta, que chamão do Montijo, he muy espaçoso (...) he bem navegavel quasi com todo o vento, com bayxamar espraya, mas nem por isso, sendo necessário, deixará de poder vir de Lisboa embarcação a toda a hora pelos canais os quaes procedem de cinco moinhos, que a Villa tem em seu termo desde a quinta da lançada em o qual rio estão dous, e à vista do Porto tres. Fora estes moin-
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hos há outro, que devide o termo da Villa de Alhos Vedros do desta Villa; tem quatro pedras, duas de hum termo, e duas do outro."»52 O estabelecimento desta rede moageira por toda a zona sul do estuário do Tejo explica-se não só pela facilidade de acesso, mas também pela proximidade de dois grandes centros consumidores de farinhas, os fornos de biscoito de Vale de Zebro e a cidade de Lisboa. Integrados neste complexo industrial moageiro situavam-se os moinhos de maré do concelho da Moita: o Moinho do Cais de Alhos Vedros, propriedade da Câmara, o Moinho Novo, o Moinho da Charroqueira, o Moinho do Alimo, o Moinho da Quinta da Freira, o Moinho do Rosário, o Moinho do Esteiro Furado e o Moinho de Entre os Termos. A concentração destes engenhos dá para compreender a importância que tradicionalmente deteve a moagem de cereais nesta zona. Presentemente, apenas dois desses edifícios se encontram em bom estado de conservação: o Moinho do Cais de Alhos Vedros, propriedade da Câmara, e o Moinho Novo, situado também em Alhos Vedros e propriedade de um particular. Os restantes estão em ruínas53 ou desapareceram54 completamente. O moinho de maré do Cais de Alhos Vedros fazia parte dos bens do Morgado da Casa da Cova. Foi construído no início do século XVII, havendo já notícia da sua existência em 1631. Padeceu grande ruína com o terramoto de 1755 e foi posteriormente reedificado e ampliado, pelo administrador do Palácio da Cova, Luís de Albuquerque de Mendonça Furtado. Entre 1939-1940 o moinho deixou de laborar, altura em que foi construído o piso superior. Em 1986, foi adquirido pela Câmara da Moita, com a intenção de se proceder a um programa de recuperação que vise o seu aproveitamento museológico com objectivos de divulgação cultural, pedagógica e sua reutilização.
António Nabais, Moinhos de Maré do Concelho do Seixal, Seixal, 1981, pp. 32-34 Moinho da Charroqueira, Moinho da Quinta da Freira e Moinho do Esteiro Furado. Moinho do Alimo, Moinho do Rosário e o Moinho de Entre os Termos.
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> 2.7.3.2. Moinhos de Vento Ernesto Veiga de Oliveira, na sua obra Tecnologia Tradicional Portuguesa, apresenta-nos um estudo bastante pormenorizado sobre os moinhos de vento existentes em Portugal, quer em termos de estrutura construtiva quer em termos de localização geográfica: «Os moinhos de vento situam-se sempre em pontos altos, cumes ou flancos de elevação de pequena altitude, ou em terrenos planos e abertos, de modo a ficarem sujeitos aos ventos, a cujo quadrante se adaptam, conforme destes, por meio do seu sistema rotativo; e localizam-se geralmente no meio de um terreiro circular. Na generalidade dos casos, os moinhos portugueses armam com velas de pano, triangulares, em número de quatro, presas a outros tantos pares de varas irradiando do mastro. Os moinhos antigos têm, com efeito, na sua maioria, apenas rés-do-chão e um piso, e raras vezes atingem 5 m de altura; e esta é ainda a situação predominante no sul e litoral alentejanos e Algarve. O desejo de aumentar o rendimento do moinho pelo emprego de velas maiores e pela possibilidade de instalação de mais pedras, levou ao seu alteamento, os que agora se encontram com dois pisos e 6 a 7 m de altura ou são recentes, ou resultaram de um acrescendo feito nos antigos moinhos, que eram baixos. (..) o edifício destes moinhos é ligeiramente cónico; existem porém por toda a parte – nomeadamente na região a Norte de Lisboa – moinhos cilíndricos; há-os também abaulados, mormente em exemplares mais antigos, cilíndricos até meia altura, estreitecendo para cima, ou mesmo em forma de barril. As paredes, na maioria dos casos, são de pedra e cal, e tão grossas que interior fica por vezes muito acanhado; na verdade, raras são as que têm menos de 1,40 m de espessura; (...). Estes moinhos têm geralmente uma porta só, em princípio virada ao lado oposto ao do quadrante do vento dominante – que é o vento da maré (poente) –, para o qual se volta o velame. (...) Na zona estremenha a sul do Tejo, contudo, aparecem frequentemente moinhos com duas portas, que se utilizam conforme a posição do velame. A janela maior do sobrado situa-se, como regra quase geral, sobre a porta, enquanto que o postigo (ou um deles) fica normalmente no local em que ilumine melhor a moega e o tremonhado ou o
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espaço onde tem lugar a picagem das mós. As mais das vezes, estas pequenas aberturas ficam logo por baixo do capeado que faz de frechal, mas em certos casos elas vêem-se um pouco mais abaixo.»55 No concelho da Moita também existiu um conjunto importante destes moinhos, com a função de moerem os cereais, complementando, assim, o trabalho dos de maré. Por esta razão, a sua construção só se efectuou por volta do século XIX. Entre esse conjunto, são de referir os moinhos do Largo da Freira, do Alto do Moinho e do Gaio, propriedade da Câmara.
> 2.7.3.3. Fábricas Com uma tradição industrial anterior à Revolução Industrial, as actividades transformadoras têm na Moita e Alhos Vedros uma presença desde o século XVI através das fábricas de cerâmica, dos fornos de cal e das oficinas de vidro. Mas é com a industrialização do século XX que o fenómeno da Revolução Industrial mais se faz sentir neste Concelho. A implantação no Barreiro de inúmeras actividades industriais ligadas à indústria química e corticeira e a construção do caminho de ferro e suas oficinas fizeram chegar os seus efeitos a Alhos Vedros e à zona que se tornou, mais tarde, na vila da Baixa da Banheira. Alhos Vedros, com a instalação, desde o início do século, de inúmeras unidades industriais ligadas à cortiça e aos têxteis, e a Baixa da Banheira, com a instalação do operariado vindo de todas as partes do país para as indústrias do Barreiro, formaram os principais núcleos industriais ligados ao Concelho. Possui actualmente a Câmara Municipal a fábrica de aglomerados de cortiça «Socorquex»56, em adiantado estado de ruína; ainda assim, espera pela oportunidade de, um dia, poder vir a recuperá-la como memória industrial da Moita e complexo sócio-cultural.
Ernesto Veiga de Oliveira e outros, Tecnologia Tradicional Portuguesa, Lisboa, 1983, p. 251 e pp. 279-280 Em 1948, a fábrica iniciou a produção de aglomerado negro de cortiça que se manteve até 1982, ano da sua falência. Em 1987, a Câmara da Moita adquiriu o imóvel. 55 56
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2.7.4. O PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO > 2.7.4.1. Jazida Arqueológica no Gaio-Rosário As escavações realizadas pelo Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal, dirigidas por António Gonzalez e Joaquina Soares, directora daquele museu, puseram a descoberto uma jazida arqueológica pré-histórica, na freguesia do Gaio/Rosário, em Julho de 1994, sendo a primeira estação a ser identificada no concelho. Os trabalhos revelaram, segundo a Drª. Joaquina Soares, uma camada arqueológica dos inícios do Neolítico, com cerca de seis mil anos, correspondente a uma ocupação humana de carácter habitacional. Durante as escavações foram recolhidos diversos materiais: lareiras com evidente acção do fogo; uma grande densidade de fragmentos cerâmicos, decorados por incisão, impressões e motivos plásticos, destinados à confecção de alimentos e armazenamento; bem como numerosos instrumentos de sílex, de pequenas dimensões, utilizados quer como flechas e arpões, quer como objectos cortantes. Este espólio arqueológico documenta não só a ocupação do local, como também a estabilidade do grupo humano que aí permaneceu. A localização deste povoado junto à margem do Tejo sugere um tipo de economia baseado, essencialmente, na exploração dos recursos aquáticos. Após o Neolítico Antigo, o local foi abandonado e voltou a ser utilizado com lixeiras domésticas, nos finais do século XVI, inícios do século XVII.
2.7.5. O PATRIMÓNIO ETNOGRÁFICO > 2.7.5.1. Festas Tradicionais O ciclo das festas religiosas no concelho da Moita tem o seu início com os festejos em honra de S. José Operário (Baixa da Banheira – Julho). Estas festividades remontam aos anos 60 e estão associadas à criação da Paróquia de S. José Operário naquela vila, então grande centro operário, desde pelo menos os finais dos anos 40.
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As festas em honra de Nossa Senhora dos Anjos (Alhos Vedros – Julho) confundem as suas origens com uma lenda: «Nos primórdios da nacionalidade, em Dia de Ramos, estando os moradores do lugar de Alhos Vedros a celebrarem na Igreja, a referida cerimónia, com os ramos de palma bentos, foram subitamente surpreendidos por um exército de mouros que havia descido o castelo de Palmela com o intuito de saquear e cativar os cristãos. Não detendo grandes armas o povo saiu com os ramos de palma e invocando a protecção da Nossa Senhora dos Anjos, pelejaram com grande bravura, provocando um grande horror e confusão entre a moirama que para salvarem as suas vidas bateram em retirada para Palmela. Como pagamento da promessa e em acção de graças por essa vitória, o povo de Alhos Vedros passou a celebrar todos os anos, no Dia de Ramos, Nossa Senhora dos Anjos.»57 Esta lenda parece relacionar-se com a grande ofensiva almóada58 do final do século XII. A aproximação dos exércitos de Almansor (emir almorávida que lançou, em 1190, uma ofensiva a partir de Marrocos, com o objectivo de recuperar as terras conquistadas por D. Afonso Henriques) ao castelo de Palmela59 levou a que parte da população daquele castelo fugisse, provavelmente, para as terras que hoje são Alhos Vedros, por estas oferecerem melhores condições naturais de defesa. Interpretando esta lenda à luz dos actuais conhecimentos, sabemos que para o homem da Idade Média esta fuga e entrega do castelo não teria sido uma acção digna de ser recordada, pelo que houve necessidade de se criar uma narrativa lendária, revestida de uma simbiose de humano e sobrenatural, de forma a colmatar a dureza da realidade e a ocultar o resultado dos factos históricos.
57 «Informações Paroquiais de Alhos Vedros», publicadas pelo Padre Carlos Póvoa Alves in Subsídios para a História de Alhos Vedros, 1992, pp. 25-26 58 Os Almóadas eram berberes do Norte de África, desembarcaram em 1146 na Península Ibérica e foram-se aproveitando da debilidade dos reinos de taifas para se imporem no espaço peninsular. Enquanto nos primeiros anos a sua intervenção se limitou à defesa, no fim do século XII assiste-se aos grandes ataques almóadas. 59 Entre as antigas praças reconquistadas, destacou-se Palmela como sendo um importante ponto estratégico, no acesso ao estuário do Tejo. Um cronista árabe, Al-Idrisi, conta-nos a este respeito o seguinte: «Os defensores quiseram-se render mediante a entrega do castelo, se tivessem a vida salva e pudessem retirar-se para o país dos cristãos. O soberano (Al-mansur) consentiu nisso e eles puseram-se a caminho desse país, deixando os seus bens, que foram objecto de saque.» in História de Portugal sob a direcção de José Hermano Saraiva, Vol. I, Lisboa, Publicações Alfa, 1983, p. 283
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Largada de touros na vila da Moita, por ocasi達o das Festas em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem.
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No século XVI a romaria de Nossa Senhora dos Anjos devia ser a mais importante da margem sul do estuário do Tejo. Quando em 1521, foi criado o concelho do Barreiro, o rei D. Manuel determinou que os vizinhos do novo município contribuíssem para a procissão em honra da Senhora. As festas em honra de Nossa Senhora do Rosário (Rosário – Agosto), Nossa Senhora da Graça (Sarilhos Pequenos – Setembro), Nossa Senhora da Boa Viagem (Moita – Setembro) têm como origem a devoção dos marítimos. Esta última festa é hoje a que tem maior projecção dentro do concelho, sendo uma das mais importantes do Sul do Estuário do Tejo. Remonta provavelmente à primeira metade do século XVII, sendo nos nossos dias uma síntese entre as festividades religiosas e profanas, marítimas e rurais. As celebrações religiosas e marítimas centram-se, sobretudo, no primeiro domingo das festas com a procissão, benção das embarcações e cortejo de barcos tradicionais do Tejo onde se incluem, além das embarcações municipais «A Pombinha» e o «O Boa Viagem», catraios e canoas de todo o concelho, de Alcochete, Montijo, Barreiro, etc. O lado profano e rural tem na festa brava a principal manifestação, pois no decorrer das festividades realizam-se largadas de toiros, sendo certo que as suas corridas se cotam como das mais importantes do país. Quanto à festa de Nossa Senhora da Atalainha (Barra Cheia – Outubro) parece remontar a 1850, derivando o seu nome da grande devoção a Nossa Senhora da Atalaia do Montijo. A festa realiza-se sempre no final da época das colheitas, período do ano em que os trabalhadores estão mais disponíveis para uns momentos de encontro com a história e a realidade local.
> 2.7.5.2. Festa Brava Na dependência económica de Lisboa, a Moita experimentava também a influência cultural da capital, nutrindo igualmente uma grande simpatia pelos festejos com touros, até final do século XVIII praticamente circunscritos ao protagonismo de nobres e clero. Na sequência da vitória liberal (1834), os festejos com touros conhecem uma implantação mais alargada e, mercê da concorrência popular, sobrevem a configuração do espectáculo tauromáquico moder-
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no. Na Moita, em 1837, os festeiros da Festa em Honra de Nossa Senhora da Boa Viagem realizam duas corridas de touros. Passadas três décadas o desenvolvimento da «aficion» local permitirá perspectivar a exploração económica do espectáculo com touros, edificando-se para o efeito a Praça de Touros Nª. Sª. da Boa Viagem, em 1872, também designada, por vezes, como Praça da Caldeira. Em 1947 a velha praça de touros conclui a sua função na história da tauromaquia moitense. De 1872 a 1947 foram cumpridos 75 anos ao serviço da festa brava, interrompidos pela vistoria que detectou carências ao nível das condições de segurança. Sem praça de touros que estimulasse festeiros não se realizaram as Festas em Honra de Nossa Senhora da Boa Viagem em 1948 e 1949. Sendo uma circunstância insustentável para os moitenses, tem início um movimento para a construção da nova praça de touros, constituindo-se a Sociedade Moitense de Tauromaquia, proprietária da actual praça de touros, que tomou a denominação Daniel do Nascimento. A inauguração da Daniel do Nascimento ocorreu em 16 de Julho de 1950 e contou com a presença dos ministros da Educação e da Economia, subsecretários de Estado do Comércio e Indústria e da Agricultura, governador-civil, entre outras individualidades. Ao longo dos anos a Moita tem consolidado uma posição cimeira no panorama tauromáquico, detendo actualmente aquela que é conhecida como a mais importante feira taurina de Portugal, que se realiza em Setembro, aquando as Festas em Honra de Nossa Senhora da Boa Viagem. De salientar, ainda, na forma de festejo popular, as tradicionais largadas de touros, na Avenida Dr. Teófilo Braga, Moita; as largadas na Praia do Rosário; em Sarilhos Pequenos; em Alhos Vedros e na Barra Cheia.
> 2.7.5.3. Ranchos Folclóricos A palavra folclore é de origem inglesa, folk (povo) e lore (ciência), o que significa ciência do povo. O termo foi utilizado pela primeira vez, em 1846, na Inglaterra. Foi também no século XIX, sob a influência do Romantismo que em Portugal se começou a dar importância ao estudo dos usos e costumes populares. Estes eram então a prática social do povo, fruto da situação histórico-cultural desse tempo.
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A partir de 1930 (implantação do Estado Novo), com o aparecimento da Rádio e do Teatro de Revista (com as suas músicas bem trabalhadas), foram-se alterando rapidamente as danças, cantares, usos e costumes tradicionais das populações, em especial as que viviam perto de Lisboa. O espaço geográfico que constitui hoje o concelho da Moita assistiu, a partir do século XIX, a movimentos migratórios: os caramelos da Beira Litoral, que beneficiaram da distribuição das terras foreiras, fixaram-se na zona da Barra Cheia, Brejos e Arroteias; mais tarde, alentejanos e algarvios instalaram-se na zona da Baixa da Banheira e Alhos Vedros. Estas gentes, portadoras dos valores culturais das terras de origem, influenciaram grandemente esta região com as suas superstições e crenças religiosas, com as suas músicas e instrumentos musicais, com o seu vestuário e adornos.Alberto Pimentel, na sua obra «A Extremadura Portuguesa», dá-nos um interessante exemplo sobre este assunto: «O traje dos caramelos é calça de boca de sino, jaqueta, barrete e cinta de côr.»60 Estes bens culturais contribuíram para o enriquecimento e valorização cultural do concelho. Os herdeiros desses bens procederam à recolha das tradições dos seus antepassados, com vista à sua divulgação, dando assim origem à criação das seguintes formações: Rancho Folclórico «Os Fazendeiros da Barra Cheia e Arredores», Rancho Etnográfico de Danças e Cantares da Barra Cheia, Rancho Folclórico do Clube Recreativo Sport Chinquilho Arroteense e Rancho Folclórico «Corações Unidos» da Sociedade Recreativa da Baixa da Serra/Baixa da Banheira. Estes grupos de folclore, expressão da cultura dita popular, têm procurado defender e preservar os costumes e tradições das suas gentes, nas suas danças e cantares, na sua música, no seu trajar e nas suas fainas diárias. Pesquisando estes valores, os ranchos mostram aos mais novos a maneira de ser e de estar dos seus antepassados, permitindo, ao mesmo tempo, a existência de um folclore autêntico. Alguns destes grupos estão filiados na Federação do Folclore Português e todos promovem e participam em festivais concelhios, nacionais e até internacionais.
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Alberto Pimentel, «A Extremadura Portuguesa» in Portugal Pittoresco e Ilustrado, Lisboa, Empreza da História de Portugal, 1908, p. 10
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> 2.7.5.4. Artesanato / Miniaturas de barcos Da actividade fluvial ligada ao transporte de produtos (vinho, sal e lenha) para cidade de Lisboa, resta hoje a memória dos marítimos, homens que começaram a trabalhar nas embarcações, aos oito, nove e dez anos, como moços para mais tarde passarem a camaradas e a arrais. Essa memória vive nas miniaturas de barcos – varinos, botes e fragatas –, laboriosamente construídas, em madeira ou cortiça, pelos artesãos de Sarilhos Pequenos, Gaio/Rosário, Moita e Alhos Vedros. O quotidiano desse trabalho rico de histórias é ainda relembrado nos próprios nomes dos barcos em que foram marítimos: «Auxiliar», «Serra Velha», «Quinze», «Pimpão», «Maria Rosa», «O Boa Viagem» e «A Pombinha». A recriação do imaginário fluvial é também visível nas pinturas tradicionais, o que confere às embarcações cor e graciosidade. A Câmara Municipal da Moita tem vindo a adquirir alguns destes exemplares.
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2.7.6. A PAISAGEM E PATRIMÓNIO NATURAL O Concelho da Moita apresenta um clima que pode considerar-se como temperado, húmido e moderadamente chuvoso. Fazendo parte da bacia do Estuário do Tejo, constitui-se como uma das componentes de ligação entre o Tejo e a Arrábida. Assim, pode distinguir-se na área do concelho três zonas naturais: as zonas húmidas, ribeirinhas (de cota até 10 metros), as zonas húmidas dos vales interiores (de cotas de 10 a 25) e as zonas de encosta e planaltos (de cotas não inferiores a 40). Morfologicamente o concelho constitui-se como que em anfiteatro em torno da depressão central representada pelo esteiro da Moita. Além desta unidade paisagística central, é possível ainda distinguir duas unidades: uma onde se localiza Alhos Vedros e a Baixa da Banheira e outra em Sarilhos Pequenos. Estas unidades paisagísticas estão intimamente relacionadas com o sistema de drenagem do território do Concelho da Moita, mas excedem largamente a sua área.Trata-se da bacia central do Rio da Moita, cuja bacia hidrográfica se inicia na vertente norte da cadeia montanhosa da Serra da Arrábida e de duas outras pequenas bacias: a do Vale da Amoreira e a do Vale do Grou, na zona poente do concelho.
> 2.7.6.1. Vegetação Reflexo das características físicas referidas, a vegetação pode agrupar-se em três grandes conjuntos, de acordo com a situação ecológica em que ocorre: Zonas húmidas ribeirinhas Nas zonas húmidas ribeirinhas de sapais e salgados, onde as marés e os níveis de salinidade são determinantes, verifica-se a predominância de espécies adaptadas ao sal, chamadas halófitas. No "alto sapal", mais longe da linha de água ou nos taludes das marinhas, domina a salgadeira (Atriplex halimus); mais abaixo surgem as gramatas Salicornea radicans Sarcocornia sp.,
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Garรงa-branca-pequena.
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Suaeda vera e Halimione portucaloides e finalmente pode surgir, nas margens mais naturalizadas, a Spartina maritima, designada popularmente por morraça, que fica submersa na preiamar. Nas zonas sob influência de água salobra e água doce, podem desenvolver-se caniçais (Phragmites sp.), cujas raízes contribuem para a remoção de poluentes de águas e solos. As canas (Arundo donax) crescem onde há abundância de água doce, desenvolvendo-se abundantemente perto de linhas de água e zonas marginais a estradas e terrenos. Tanto os sapais como os lodos postos a descoberto durante as marés baixas constituem importantes ecossistemas, quer para o fornecimento de alimentos para as aves, quer como esconderijo e local de reprodução para as diferentes espécies marinhas.Aliás, a importância dos sapais como habitat natural de uma avifauna específica que procura estas zonas nos seus percursos migratórios é atestada pela diversidade e abundância de espécies, particularmente no período de Inverno. Zonas húmidas interiores Nas zonas húmidas interiores, correspondentes às baixas dos vales, surgem como espécies arbóreas dominantes os freixos (Fraxinus angustifolia), os salgueiros (Salix sp.), os amieiros (Alnus glutinosa), os choupos (Populus sp.) e como espécies arbustivas e herbáceas mais frequentes o sabugueiro (Sambucus nigra), os juncos (Juncus sp.), o loendro (Nerium oleander), o Litrum salicaria e as silvas (Rubus sp.). Nas zonas planálticas e de encosta, as formações dominantes são de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e de sobreiro (Quercus suber), surgindo pontualmente grupos de pinheiro-manso (Pinus pinea), outrora muito abundante em toda a Península de Setúbal. No coberto arbustivo dominam espécies como as estevas (Cistus sp.), as urzes (Calluna sp.), os tojos (Ulex sp.), o rosmaninho (Lavandula sp.), o pilriteiro (Crataegus monogyna), o sanguinho (Rhamnus sp.), a aroeira (Pistacia lenticus), e as santolinas (Santolina sp., da família das margaridas). Apesar de não fazerem parte da flora local, destacam-se algumas árvores exóticas isoladas assinalando antigas quintas, sobretudo a palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis). Junto ao palacete da Fonte da Prata encontra-se uma tamareira (Phoenix dactylifera) de grande porte, árvore que se encontra classificada e é bem visível da estrada nacional.
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Perna-longa.
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> 2.7.6.2. Fauna No território do concelho pode observar-se aves selvagens em diversos locais, mas sobretudo em determinadas áreas que proporcionam o habitat apropriado. É o caso das zonas ribeirinhas, os parques e jardins e as zonas ainda florestadas, de que se destaca a área de montado de sobro na Zona de Protecção Especial (ZPE) em Sarilhos Pequenos. Esta área foi delimitada ao abrigo do Decreto-Lei nº.46/97 de 24 de Fevereiro, para ampliação da ZPE do Tejo, a qual, por sua vez, surgiu no âmbito da Directiva Aves (79/409/CEE). Através destas zonas protegidas pretende-se preservar o habitat de aves, podendo manter-se usos tradicionais do solo. A área ribeirinha pertencente à Reserva Ecológica Nacional é constituída na sua maior parte por antigas marinhas, sapais, caniçais, lodos e areias. Actualmente as marinhas não se encontram em funcionamento, exceptuando um ou outro caso em que funcionam parcialmente, sem fins de exploração comercial. Estas áreas constituem um excelente habitat para a avifauna aquática do estuário que aí encontra refúgio, alimentação e local para reprodução e nidificação. Durante todo o ano, mas sobretudo durante o Outono e o Inverno, pode observar-se uma grande quantidade de aves na zona ribeirinha, muitas das quais são protegidas por directivas europeias. Indicam-se seguidamente algumas espécies que habitam na área do concelho e o tipo de locais onde é mais frequente aparecerem. Perna-longa (Himantopus himantopus) – Sobretudo em antigas salinas. Alfaiate (Recurvirostra avosetta) – Nas zonas de lodo entre-marés. Flamingo-comum (Phoenicopterus ruber) – Nas antigas salinas e lodos entre-marés. Garça-branca-pequena (Egretta garzetta) – Nos lodos, antigas salinas e sapais. Garça-real (Ardea cinerea) – Nos sapais e zona entre-marés. Pilrito-comum (Calidris alpina) e outros – Nos lodos e areias entre-marés. Maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa) – Nas antigas salinas e zona entre-marés.
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Pato-real (fêmea).
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Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus) – Idem. Corvo-marinho (Phalacrocorax carbo) – Nas ilhotas do estuário ou pontas de areia. Guincho-comum (Larus ridibundus) – Nos lodos, areias e antigas salinas. Gaivota-de-asa-escura (Larus fuscus) – Nos lodos, areias e antigas salinas. Gaivota-argêntea (Larus argentatus) – Nos lodos, areias e antigas salinas. Pato-real (Anas platyrhynchos) – Em antigas salinas. Galinha-de-água (Gallinula chloropus) – Em caniçais, lagoas ou charcos de água doce. Galeirão-comum (Fulica atra) – Idem. Relativamente a outros recursos faunísticos da zona ribeirinha, são em geral comuns ao restante estuário do Tejo. Nos lodos podemos encontrar invertebrados como a lambujinha (Scrobicularia plana), a minhoca-de-pesca (Hediste diversicolor), caranguejos (Carcinus sp.), entre muitos outros organismos, nomeadamente de reduzidas dimensões que, em conjunto, com a microflora, são de elevado valor para as cadeias tróficas do estuário. Quanto aos peixes, a sua entrada na baía do Montijo e esteiros da Moita e Alhos Vedros dependerá sobretudo do estado da maré, sendo mais comuns os seguintes, que também aparecem noutros pontos do estuário: taínhas (Liza sp.), robalo (Dicentrarchus labrax), dourada (Sparus aurata), solha (Platichthys flesus), linguado (Solea sp.), enguia (Anguilla anguilla), biqueirão (Engraulis encrasicholus), congro (Conger conger) e savelha (Alosa fallax), entre outros. Nos caniços e canaviais dos terrenos junto da zona ribeirinha surgem também outras espécies de aves, nomeadamente passeriformes como os pintassilgos (Carduelis carduelis), os rouxinóis dos caniços e felosas (Acrocepahus sp. e Locustella sp.), pintarrôxo-comum (Carduelis cannabina) e o guarda-rios-comum (Alcedo atthis). Nas zonas interiores, sobretudo nas zonas rurais com campos cultivados, sebes, ou em zonas de pinhal ou montado de sobro, podemos encontrar espécies como a andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), o lugre (Carduelis spinus), o tordo-comum (Turdus philomelos), a calhandrinha-comum (Calandrella brachydactyla), o picanço (Lanius sp.), a petinha (Anthus sp.), a alvéola
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Pilrito-comum.
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(Motacilla sp.), o verdilhão-comum (Carduelis chloris), o estorninho-malhado (Sturnus vulgaris), o tentilhão-comum (Fringilla coelebs), o chamariz (Serinus serinus), a trepadeira-comum (Certhia brachydactyla), o trigueirão (Miliaria calandra), etc. A poupa (Upupa epops) é uma das aves mais bonitas que se pode encontrar em zonas arborizadas com clareiras e orlas de campos cultivados. Entre as aves de maior porte da zona rural, destaca-se a cegonha-branca (Ciconia ciconia) que pode ser vista frequentemente sobretudo nos Brejos e Barra Cheia e algumas aves de rapina, que surgem ocasionalmente: o peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus), o tartaranhão-ruivo-dos-paúis (Circus aeruginosus) e a coruja-das-torres (Tyto alba). A gralha-preta (Corvus corone) pode aparecer em zonas florestais e campos cultivados adjacentes. Nos parques e jardins são comuns o melro-preto (Turdus merula), o pardal-comum (Passer domesticus), o chapim (Parus sp.), etc. Nas zonas edificadas urbanas é também frequentemente a andorinha-dos-beirais (Delichon urbica) e o pombo doméstico (Columba livia). No que respeita a outro tipo de fauna selvagem, nomeadamente pequenos mamíferos, podemos encontrar espécies como o ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus), a toupeira (Talpa europaea), a lebre (Lepus europaeus), o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), o rato-de-água (Arvicola sapidus), o rato-do-campo (Apodemus sylvaticus), a ratazana (Rattus norvegicus), o rato-caseiro (Mus musculus), o rato-das-hortas (Mus sxetus), a doninha (Mustela nivalis) e o morcego. A existência da fauna selvagem depende da conservação do habitat, nomeadamente da existência de suporte vegestal – matas ou outra vegetação. O progressivo desaparecimento do coberto vegetal que se tem verificado ao longo dos anos, origina perda e fragmentação do habitat, que a nível local ou regional pode comprometer a biodiversidade natural.
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2.8. REGISTO CRONOLÓGICO DE ACONTECIMENTOS NO CONCELHO 1147
• Na sequência da tomada da cidade de Lisboa, D. Afonso Henriques conquistou Almada e Palmela.
1185
• D. Afonso Henriques deu Carta de Foral a Palmela.
1186
• D. Sancho I doou os castelos de Alcácer, Palmela, Almada e Arruda, com os seus termos, ao Mestre da Ordem Militar de Santiago, Sancho Fernandes. O termo de Palmela abrangia um extenso território: à região compreendida entre o rio Coina e a Ribeira das Enguias, designaram os freires de Santiago por Ribatejo, à região entre a Ribeira das Enguias e o Rio Lavre, foi denominado Chacoteca. Nesses tempos, o termo de Palmela apenas incluía dois núcleos populacionais com alguma importância, Coina e Alcochete.
1191
• Os almóadas reconquistam Palmela e Almada.
1195
• D. Sancho I recupera os castelos de Palmela e Almada.
1227/32
• Moeda de D. Sancho II, encontrada nas escavações, efectuadas no adro da Igreja Matriz de Alhos Vedros, no ano de 1992.
1249
• Estabelecimento da Paróquia de Santa Maria de Sabonha.
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Século XIII
• A partir de meados deste século, aponta-se a existência de um núcleo humano em Alhos Vedros.
Fins do Século XIII
• Criação do concelho de Ribatejo, o qual tinha sede nas freguesias de Alhos Vedros e Sabonha e onde eram igualmente pagas as rendas. O concelho de Ribatejo era uma Comenda da Mesa Mestral da Ordem de Santiago.
1298
• O documento mais antigo que faz referência a Alhos Vedros, data de 30 de Janeiro de 1298 e reporta-se à troca de uma vinha em Alhos Vedros por outra no Lavradio, entre Pero Infante e João Domingues. • Pelo mesmo documento, confirma-se a existência da Paróquia de S. Lourenço, cujo clérigo se chamava Fernão Domingues. • O segundo documento é de 14 de Fevereiro de 1298 e refere-se ao aforamento de uma vinha em Alhos Vedros.
1299
• O Mestre da Ordem de Santiago confirma a apresentação do prior da Igreja de S. Lourenço de Alhos Vedros.
1306
• Primeira referência ao lugar de Aldeia Galega.
1316
• A Igreja de Alhos Vedros tinha um raçoeiro chamado Lourenço Domingues.
1319
• Existência documentada da freguesia de S. Lourenço de Alhos Vedros.
1320
• Com a Bula de 1 de Março de 1320, o Papa João XXI esclarece a questão do direito de padroado da Igreja de Alhos Vedros como pertencente à Ordem de Santiago. • Primeira referência ao Lugar da Telha.
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1321
• A Igreja de Alhos Vedros tinha um reitor, coadjuvado por um vigário e raçoeiros. • Tanto S. Lourenço de Alhos Vedros como Santa Maria de Sabonha tinham o mesmo reitor (pároco principal).
1323
• D. Dinis elevou Palmela a vila.
1329
• Há notícia de um tabelião em Alcochete, nomeado pelo rei para o Concelho de Ribatejo.
1338
• Há um tabelião em Alhos Vedros, nomeado para o Ribatejo.
1355
• Por um documento, datado de 29 de Março de 1355, temos a informação de que Alhos Vedros era uma terra senhorial, com jurisdição independente do Concelho de Ribatejo. O documento reporta-se à posse do Senhorio de Alhos Vedros que Lopo Vasques vendeu a Gonçalo Martins.
1363
• O Concelho do Ribatejo tinha dois juízes, um em Alhos Vedros e outro em Alcochete.
1368
• Por determinação régia, datada de 25 de Março de 1368, D. Fernando manda guardar a antiga postura, dada ou confirmada por D.Afonso IV, a qual proibia a entrada de vinhos de fora para o Concelho de Ribatejo.
1376
• Primeira referência ao Lugar do Barreiro.
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1379
• Primeira referência à Quinta da Verderena.
1396
• Alhos Vedros já caminhava para a sua autonomia, pois há a informação de uma audiência frente ao Paço do Concelho do Lugar de Alhos Vedros. • Primeira referência ao Lugar de Palhais.
1399
• Por carta régia, de 1 de Setembro de 1399, D. João I concedeu privilégios aos homens bons dos lugares do concelho de Ribatejo.
1403
• Primeira referência ao Lugar da Banheira.
1415
• D. João I refugiou-se em Alhos Vedros, no palácio do Conde de Barcelos, para fugir à peste que então grassava na cidade de Lisboa. Aqui, segundo o testemunho do cronista Gomes Eanes de Azurara, na Crónica da Tomada de Ceuta, realizou-se a entrevista com seus filhos sobre a expedição a Ceuta.
1422
• Alhos Vedros dava 16 besteiros. • Substituição da era de César pela era de Cristo em Portugal.
1423
• Por disposição régia, de 25 de Abril de 1423, D. João I ordenou o pagamento da dízima nova do pescado aos juizes de todo o Concelho de Ribatejo.
1439
• Há notícia de uma carta do regente D. Pedro, endereçada aos juizes, vereadores e homens bons do Lugar de Alhos Vedros, facto que nos leva a pensar que o Concelho de Alhos Vedros se teria formado por volta desta data.
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1450/52
• A inscrição epigráfica existente na Capela de S. Sebastião, sita na Moita, leva-nos a inferir que a referida capela teria sido construída por volta desta data. Segundo as Visitações da Ordem de Santiago de 1523, foram os moradores de Alhos Vedros e os da Moita que a construíram.
1453
• A informação mais antiga sobre a Capela de S. Sebastião refere-se à primeira sepultura aí feita, pertencente a Catarina Martins Moreira, filha de Martins Vasques Moreira, escudeiro criado de El-Rei D. Duarte.
1457
• Por um documento de 12 de Maio de 1457, há notícia do aforamento de uma praia no Lugar da Moita.
1464/65
• É extinto o Concelho de Ribatejo.
1477
• Alhos Vedros aparece mencionada na documentação já com a categoria de vila, possuindo um tabelião e um escrivão.
1479
• É nomeado o juiz dos órfãos de Alhos Vedros.
1485
• É nomeado o alcaide-mor.
1497
• Há a informação de que o concelho da vila de Alhos Vedros lançou impostos aos seus moradores.
1500
• Criação da primeira Santa Casa da Misericórdia, inicialmente instalada na ermida de Nossa Senhora da Vitória.
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1501
• A 29 de Dezembro de 1501, Luís da Costa, fidalgo da Casa Real, apresentou a D. Jorge, Grão Mestre da Ordem de Santiago, uma carta de sesmaria sobre um esteiro de sapais, junto da Quinta de Martim Afonso, para se fazer um moinho de maré.
1513
• Por uma provisão, datada de 12 de Abril de 1513, D. Jorge, Grão Mestre da Ordem de Santiago, determinou que todos os moradores fossem à procissão no Dia de Ramos, em Alhos Vedros.
1514
• D. Manuel I concedeu foral à vila de Alhos Vedros, a 15 de Dezembro de 1514. O Lugar da Moita beneficiou do foral manuelino de Alhos Vedros, a cujo concelho pertencia. • No alvará, de 12 de Abril de 1514, dado em Setúbal, pelo Infante D. Jorge, Grão Mestre das Ordens de Santiago e de Aviz, chama-se aldeia à Moita.
1521
• D. Manuel I, no seu itinerário pelos termos de Alhos Vedros e Barreiro, ofereceu dois mil reis para o ladrilhamento da Capela de Nossa Senhora da Vitória, em Alhos Vedros. • Criação do Concelho do Barreiro.
1523
• Pelas Visitações da Ordem de Santiago, sabe-se que a vila de Alhos Vedros e seu termo tinham 240 vizinhos.
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1527
• Pelo censo deste ano, a vila de Alhos Vedros e seu termo possuíam 318 moradores, assim repartidos: Alhos Vedros 138; Moita 14; Quinta de Martim Afonso 10; Lavradio 34; Verderena 23; Telha 33; Palhais 48 e nas Quintas Apartadas 18.
1530
• Extinção da freguesia de Sabonha.
1532
• Cosmo Bernardes de Macedo, proprietário da Quinta de Martim Afonso e fidalgo da Casa Real, mandou construir a Capela do Rosário, dedicada a S. João Evangelista. • Segundo o cadastro joanino, a vila de Alhos Vedros e o concelho tinham, neste ano, 1 260 almas.
1552
• O Mestrado da Ordem de Santiago é incorporado na Coroa.
1571
• Na descrição da sua visita, o Cardeal Alexandrino, emissário do Papa, refere-se a Alhos Vedros como tendo 300 fogos, enquanto Coina possuía 30 e Barreiro 300.
1580/1640
• Com a união das coroas ibéricas, o centro político passa de Lisboa para Madrid. Neste período de sessenta anos, as viagens entre estas duas cidades intensificaram-se e o caminho mais fácil era pelo Alentejo. A Moita e Aldeia Galega surgem como as povoações ribeirinhas da margem sul do estuário do Tejo com os melhores portos fluviais e consequentemente as que maior crescimento conhecem, pelas actividades de cabotagem.
1587
• Construção da Igreja da Misericórdia.
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1590/91
• Construção da Santa Casa da Misericórdia na praça da vila de Alhos Vedros.
1614
• Com a data de 15 de Agosto, o juiz dos Tombos das Comendas da Mesa Mestral da Ordem de Santiago dá-nos a informação de que a vila de Alhos Vedros e seu termo tinham 544 vizinhos.
1630
• É construída a Capela da Quinta do Esteiro Furado.
1631
• Por provisão de 22 de Maio de 1631, o rei D. Filipe III de Portugal autorizou a construção da ermida sob a invocação de Nossa Senhora da Boa Viagem.
1633
• Temos notícia da existência do moinho de maré de Alhos Vedros, facto que nos leva a apontar a sua construção no início do século XVII.
1640
• As coroas portuguesa e espanhola separam-se, com a independência de Portugal.
1670
• Criação do Concelho de Lavradio.
1691
• A Moita recebeu a categoria de vila, por carta régia, passada por D. Pedro II a 7 de Novembro de 1691 e foi doada ao Conde de Alvor, Francisco de Távora.A Moita desintegra-se do Concelho de Alhos Vedros. No decorrer deste processo, cria-se a Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira da vila.
1692
• A 2 de Fevereiro de 1692, Francisco de Távora tomou posse do Senhorio da Moita.
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1693
• A 25 de Abril de 1693, foi demarcado o termo da vila da Moita, por petição dos seus moradores.
1698
• Até 1698 a Capela de S. Sebastião foi sede de um Curiato.
1706
• A vila de Alhos Vedros tinha 200 vizinhos e a vila da Moita e seu termo 227.
1712
• A vila da Moita tinha 170 fogos e a Freguesia de Alhos Vedros 200 fogos.
1719
• A Igreja Matriz da Moita sofreu obras de ampliação, com o auxílio monetário dos homens do mar.
1722
• Construção do cais de pedra na vila da Moita, em substituição do anterior cais de madeira, com a contribuição dos homens do mar. • A vila da Moita tinha 185 vizinhos e o lugar de Sarilhos Pequenos 45.
1730
• A Capela de S. Sebastião, inserida na Igreja Matriz de S. Lourenço de Alhos Vedros, foi revestida de azulejos.
1736
• Primeira referência conhecida à Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem. Parece-nos, no entanto, que a festa já decorria há anos atrás, mas a escassez de documentação não nos permite datá-la com rigor, o que nos leva a remontá-la hipoteticamente aos inícios do século XVII, aquando da consagração do templo. • Primeira referência ao Lugar de Nossa Senhora do Rosário.
1739
• A vila da Moita tinha 170 fogos e Alhos Vedros tinha 200.
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1749
• A nave da Igreja de S. Lourenço de Alhos Vedros é revestida de azulejos.
1755
• Memória Paroquial de que a Moita sofreu grande ruína, com o terramoto de 1755, ficando muito danificadas a Igreja Matriz, as Capelas, bem como 74 casas. Oliveira Freire atribui-lhe 170 fogos. • Moita e Alhos Vedros faziam parte da Comarca de Setúbal.
1757
• Referência que, neste ano, a Moita tinha 225 fogos.
1758
• Pelas Informações Paroquiais sabemos que a vila da Moita possuía 225, vizinhos, mas com pessoas grandes e pequenas, 727. O Lugar de Sarilhos Pequenos possuía 55 vizinhos, com pessoas grandes e pequenas 148. Temos também a informação de que havia 76 pessoas de fora que trabalhavam nas fazendas e fábricas do concelho da Moita.Alhos Vedros possuía 124 moradores. • Notícia de 3 fornos de cal e telha pertencentes ao Conde da Ribeira e mais 3 fornos de cal de Leonardo Pinto.
1762
• Moita e Alhos Vedros eram vilas na correição de Santarém, província da Estremadura.
1798
• Pelo censo de Pina Manique, a Moita possuía 330 fogos e a freguesia de S. Lourenço 119.
1801
• A Moita possuía 365 fogos e 1 261 almas, a vila de Alhos Vedros tinha 111 fogos e 206 almas.
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1811
• Alhos Vedros e Moita pertenciam à Comarca de Setúbal, diocese de Lisboa, província da Estremadura e a sua donatária era a Coroa.
1816
• Por carta régia, de 7 de Setembro de 1816, D. João VI autorizou a transferência de uma feira que até então se realizava em Sarilhos Pequenos para a vila da Moita, na forma e dias indicados pela Confraria de Nossa Senhora da Boa Viagem. Ficou igualmente definido que o produto dos terrados revertesse em benefício do culto de Nossa Senhora da Boa Viagem.
1821
• Alhos Vedros tinha 537 habitantes e 153 fogos e a Moita 1 258 habitantes e 443 fogos.
1822
• A vila da Moita tinha 1 231 habitantes.
1823
• O Concelho de Alhos Vedros tinha 537 habitantes e 4 recrutas e o Concelho da Moita 1 258 moradores e 8 recrutas.
1824
• D. João VI agraciou com o título de 1º. Conde da Moita, D. José Aragon Azler Pignatelli de Aragon, por decreto de 13 de Maio de 1824. • A 14 de Abril de 1824, nasceu na vila da Moita João dos Santos Silva, parlamentar e distinto orador.
1832
• Os concelhos de Alhos Vedros e Moita pertenciam à comarca de Setúbal e província do Alentejo.
1834
• Extinção das Ordens Religiosas.
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1835
• As vilas de Moita e Alhos Vedros passaram a pertencer à Comarca de Aldeia Galega do Ribatejo, província do Alentejo, distrito de Lisboa.
1836
• Pelo decreto, de 26 de Janeiro de 1836, António Hypólito da Costa foi agraciado com o título de Barão de Alhos Vedros. • O concelho de Alhos Vedros tinha 825 fogos.
1839
• A vila da Moita possuía 1 842 habitantes.
1842
• A vila de Alhos Vedros tinha 172 fogos e o concelho 481 fogos. O Concelho da Moita tinha 403 fogos. • Os concelhos de Alhos Vedros e Moita eram da província da Estremadura e distrito de Lisboa.
1855
• Pelo decreto, de 24 de Outubro de 1855, foi extinto o Concelho da Moita e anexado ao do Barreiro, tal como o Concelho de Alhos Vedros.
1861
• Por decreto, de 18 de Setembro de 1861, o concelho da Moita foi restaurado. Pelo mesmo decreto, Alhos Vedros foi anexado, como freguesia, ao Concelho da Moita. • A Freguesia de Alhos Vedros tinha 459 fogos. • Foi concluída a linha do caminho de ferro Barreiro/Setúbal/Vendas Novas.
1862
• Por decreto, de 24 de Abril de 1862, o rei D. Luís concedeu o título de 2º. Conde da Moita a D. Marcelino Aragon Azler Pignatelli de Aragon.
1864
• Pelo censo deste ano, o concelho da Moita tinha 4 400 habitantes, assim repartidos: Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem 3 096 moradores e 779 fogos; Freguesia de Alhos Vedros 1 304 habitantes.
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1869
• São fundadas a Sociedade Filarmónica Recreio União Alhosvedrense a 2 de Agosto e a Sociedade Filarmónica Estrela Moitense a 2 de Outubro.
1872
• Foi inaugurada a primeira Praça de Touros na Moita.
1875
• O concelho da Moita, constituído pelas freguesias de Alhos Vedros e Moita, tinha 1 100 fogos.
1878
• Pelo censo deste ano, o Concelho da Moita tinha 4 808 habitantes e a Freguesia de Alhos Vedros 1 566.
1890
• Segundo o Inquérito Industrial de 1890, o Concelho da Moita possuía uma fábrica corticeira da firma Thomaz Grewell e, na Quinta do Esteiro Furado uma pequena fábrica de cortiça com 8 operários. • O censo desse ano registava no concelho 5 612 habitantes e 1 321 fogos, assim repartidos: Freguesia de Alhos Vedros 1 678 habitantes e 359 fogos; Freguesia da Moita 3 934 habitantes e 962 fogos.
1895
• Por decreto, de 26 de Setembro de 1895, foi de novo extinto o Concelho da Moita, sendo a Freguesia da Moita integrada no termo de Aldeia Galega e a Freguesia de Alhos Vedros no Concelho do Barreiro.
1898
• A 13 de Janeiro foi novamente criado o Concelho da Moita, com duas freguesias: Moita e Alhos Vedros.
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Séc. XIX/XX
• Pela beneficiação do caminho de ferro que aproximava a margem sul dos montados alentejanos e da serra algarvia, verificou-se uma concentração de unidades industriais corticeiras junto aos esteiros de Alhos Vedros.
1900
• Pelo censo deste ano o Concelho da Moita tinha 6 381 habitantes e 1 455 fogos, assim repartidos: Freguesia de Alhos Vedros 1 794 habitantes; Freguesia da Moita 4 587 habitantes e 1 074 fogos.
1908
• Notícia da existência de uma serração de cortiça, na Quinta do Esteiro Furado, propriedade do Lord Bucknall e Carlos Creswell. • O rei D. Carlos é assassinado.
1909
• O Concelho da Moita tinha 6 376 habitantes e 1 416 fogos, assim repartidos: Freguesia de Alhos Vedros 1 744 habitantes (936 do sexo masculino e 801 do sexo feminino); Freguesia da Moita 4 632 habitantes (2 346 do sexo masculino e 2 286 do sexo feminino).
1910
• Implantação da República, grande agitação na vila da Moita que se antecipa à proclamação oficial, proclamando o novo regime no dia 4 de Outubro. • Greve dos arrais na Moita e dos corticeiros em Alhos Vedros.
1911
• Greve dos trabalhadores rurais em Alhos Vedros e na Moita. • Pelo censo deste ano, o Concelho da Moita tinha 6 204 habitantes e 1 373 fogos.
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1912
• Greve de solidariedade com a luta dos trabalhadores rurais de Évora, na Moita e em Alhos Vedros. • Na Moita foi morto o administrador do concelho, pela multidão revoltada.
1920
• Pelo censo deste ano, o Concelho da Moita tinha 7 030 habitantes e 1 590 fogos, assim repartidos: Freguesia de Alhos Vedros 2 336 habitantes; Freguesia da Moita 4 694 habitantes e 1 102 fogos.
1926
• Foi criado o Distrito de Setúbal, no qual se integrou o Concelho da Moita. Até 22 de Dezembro de 1926, pertenceu ao Distrito de Lisboa. • O Concelho da Moita tinha 8 000 habitantes e 9 lugares de professores do ensino primário. • Instalação da energia eléctrica.
1927
• Por decreto Nº.13 747, de 1 de Junho de 1927, foram fixados os actuais limites do concelho.
1928
• Fundada a Sociedade Filarmónica Capricho Moitense.
1929
• Aprovado o brasão do Concelho da Moita.
1930
• Pelo censo deste ano, o Concelho da Moita tinha 9 548 habitantes e 1 970 fogos, assim repartidos: Freguesia de Alhos Vedros 2 570 habitantes e 550 fogos; Freguesia da Moita tinha 6 978 habitantes e 1 420 fogos. • Por decreto Nº.18 469, de 17 de Junho de 1930, a Comarca de Aldeia Galega passou a designar-se Montijo.
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131
1935
• Grande número de operários da CUF, indústria corticeira e ferroviários começaram a povoar a zona que será, mais tarde, a Baixa da Banheira.
1938
• Foi fundado o Ginásio Atlético Clube da Baixa da Banheira.
1940
• Foi oficializado o topónimo de Baixa da Banheira (terras baixas da Banheira do Tejo), um aglomerado em rápido crescimento já com 1 638 habitantes.
1943
• A 23 de Julho a PVDE (polícia política) prendeu, na Baixa da Banheira, 123 pessoas, em represália pela greve na CUF.
1946
• Grande luta dos corticeiros de Alhos Vedros.
1947
• Grande luta dos salineiros da Moita.
1948
• Grande luta dos arrais de Sarilhos Pequenos e dos salineiros da Moita e de Alhos Vedros.
1949
• Grande luta dos corticeiros e salineiros de Alhos Vedros.
1950
• Inauguração, em 16 de Junho, da segunda Praça de Touros da Moita.
1951
• Luta dos corticeiros da Moita.
1951/52/53
• Luta dos corticeiros de Alhos Vedros.
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1952
• O Concelho da Moita dispunha de 32 lugares para professores do ensino primário.
1953
• Comemorações do 1º. de Maio, em Alhos Vedros.
1955
• Inauguração de duas escolas primárias, uma em Alhos Vedros e outra na Moita. • Remodelação do edifício dos Paços do Concelho.
1956
• O Concelho da Moita tinha mais de 20 000 habitantes.
1958
• Inauguração das escolas da Barra Cheia, Brejos e Arroteias.
1959
• Realizou-se, na Baixa da Banheira, em 11 de Julho, a primeira Festa em Honra de S. José Operário.
1960
• Inaugurou-se, em 12 de Junho, na Baixa da Banheira, a Igreja de Nossa Senhora de Fátima. • O recenseamento populacional atribuiu à Baixa da Banheira 12 525 habitantes, sendo, assim, o 34º. aglomerado populacional do país. • Inauguração do hospital da Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros. • Foram restaurados os quadros da série régia, pelo pintor Afonso dos Santos.
1961
• Luta dos operários corticeiros da Socorquex, Moita. Grande agitação popular, na Baixa da Banheira, nas comemorações do 1º. de Maio. • Pavimentação das ruas da estação na Moita e Alhos Vedros.
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1962
• Inauguração da estrada da Moita ao Rosário.
1963
• Inauguração das escolas de Alhos Vedros, Carvalhinho, Penteado, Chão Duro, Gaio e Sarilhos Pequenos.
1964
• Novo arranjo no Jardim Conde de Ferreira. • Início da construção da Estrada dos Espanhóis, pavimentação da Rua do Cemitério, na Moita e da Rua Sousa Costa e Largo, no Rosário. • Instalação da Shell no Rosário.
1965
• Luta dos operários da Gazcidla, no Rosário e da Cerâmica Lusitânia, na Moita. A população da Baixa da Banheira, descontente com a Câmara da Moita, cria uma Comissão para passar para o Barreiro e manifesta-se exuberantemente na comunicação social e nas ruas. • Inauguração da estrada da Barra Cheia. • Inauguração de um edifício escolar de oito salas na Baixa da Banheira.
1966
• Construção de um lavadouro no Rosário. • Construção da estrada que liga o Rosário a Sarilhos Pequenos. • Construção de um mercado em Sarilhos Pequenos.
1967
• A 26 de Janeiro, o Diário do Governo publicou a criação da Freguesia da Baixa da Banheira.
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1969
• A 27 de Outubro, a Moita passou de concelho rural a concelho urbano de 1ª. ordem, pelo Decreto/Lei Nº.49 322. • Grande manifestação popular vinda da Baixa da Banheira a pé até aos Paços do Concelho, protestando contra a guerra colonial e reclamando eleições livres. • A 27 de Outubro, foi também criado o Bairro Administrativo da Baixa da Banheira.
1971
• Grande manifestação na Baixa da Banheira com greves nas fábricas têxteis (GEFA) e dos corticeiros de Alhos Vedros, contra o fascismo e a guerra.
1972
• Grandes manifestações pela libertação de antifascistas do concelho da Moita, presos pela PIDE/DGS.
1973
• A 8 de Abril, foi o 3º. Congresso Democrático de Aveiro que motivou uma grande participação da juventude do Concelho da Moita.
1974
• 25 de Abril, grande manifestação de alegria popular em todo o concelho. • É constituída uma Comissão Administrativa para gerir a Câmara até às eleições.
1976
• A 12 de Dezembro, realizaram-se as primeiras eleições livres para os órgãos autárquicos do Concelho, saindo vencedora a FEPU (Frente Eleitoral Povo Unido).
1979
• Construção das escolas Nº.5 e Nº.6 da Baixa da Banheira.
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135
1980
• Aquisição do varino «O Boa Viagem», pelo Município.
1983
• A Câmara Municipal, em reunião ordinária de 11 de Maio, aprova por unanimidade, a declaração do Concelho como zona desnuclearizada e adere ao movimento ZLAN. • Inauguração, no dia 19 de Fevereiro, do monumento em homenagem aos reformados e idosos.
1984
• A 16 de Maio, a Baixa da Banheira passou a vila, por decisão da Assembleia da República. • A 3 de Dezembro, foi publicada, no Diário da República, a constituição da Freguesia de Sarilhos Pequenos. • A 31 de Dezembro, foi também publicada, no Diário da República, a constituição da Freguesiado Gaio/Rosário. • Aquisição do bote de meia quilha «A Pombinha», pelo Município. • A Câmara Municipal e a Assembleia Municipal deliberaram sobre a adesão do Município à Região de Turismo de Setúbal – Costa Azul.
1985
• Construção das escolas Nº.3 da Moita e Nº.3 de Alhos Vedros.
1986
• Conclusão das obras de construção da escola Nº.8 da Baixa da Banheira.
1987
• Criação da Comissão Municipal de Protecção Civil, inserida no sistema nacional de protecção civil.
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1988
• A 11 de Março, foi criada a Freguesia do Vale da Amoreira, separando-se da Baixa da Banheira. • Assinatura do protocolo entre o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor e a Câmara Municipal da Moita para o estabelecimento de uma rede de apoio ao consumidor no Concelho – CIAC (Centro de Informação Autárquica para os Consumidores).
1988/98
• Início da construção, por fases, do Parque José Afonso.
1989
• Inauguração do Núcleo Cultural José Afonso em Alhos Vedros. • Criação do Posto de Turismo e Defesa do Consumidor.
1990
• Abertura da Biblioteca Municipal do Vale da Amoreira. • Construção da escola Nº.9 da Baixa da Banheira.
1991/93
• Comemorações do tricentenário da elevação da Moita a vila.
1992
• Inauguração do Pavilhão Municipal de Exposições.
1993
• Inauguração do Parque das Canoas, sito no Gaio. • Abertura da Biblioteca de Alhos Vedros, após a realização de obras de adaptação no Núcleo Cultural José Afonso. • Inauguração do monumento comemorativo dos 300 Anos da elevação da Moita a vila, implantado na zona do cais, a 7 de Novembro de 1993. • Abertura dos novos mercados municipais da Moita e da zona Sul da Baixa da Banheira.
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1994
• Nas escavações arqueológicas do Gaio/Rosário, comparticipadas pela Câmara Municipal e dirigidas pelo Museu Distrital de Setúbal, em Julho de 94, foram recolhidas provas de ocupação humana, com cerca de seis mil anos. • Criação da Comissão de Protecção de Menores do Concelho da Moita.
1995
• A 17 de Junho o Bispo de Setúbal, D. Manuel Martins, lançou a primeira pedra para a construção da Igreja Paroquial do Vale da Amoreira, em terreno cedido pelo Município. • Participação da Câmara da Moita no Projecto do Metropolitano para a Margem Sul.
1996
• A Câmara Municipal da Moita formaliza a geminação com os municípios do Tarrafal e Pinhel e assina acordos de colaboração com Aveiro, Plaisir e Badajoz. • Participação do Município, em representação da Área Metropolitana de Lisboa, nos Projectos Europeus dos Estuários, Portos e Redes de Áreas Metropolitanas da Europa.
1997
• Inauguração, a 11 de Maio, da Biblioteca Municipal da Moita «Bento de Jesus Caraça», pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio. • Inauguração do monumento a José Afonso, implantado no parque com o mesmo nome, na Baixa da Banheira, a 23 de Fevereiro. • Inauguração do monumento comemorativo da elevação da Baixa da Banheira a freguesia, a 26 de Janeiro.
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1999
• Inauguração do monumento comemorativo dos 25 anos do 25 de Abril, situado na Rotunda Augusto Gil, na Baixa da Banheira.
2000
• Abertura do Mercado Municipal do Vale da Amoreira. • Inauguração da peça escultórica em homenagem à cortiça e ao corticeiro, implantada na Praça Maria Lamas, em Alhos Vedros, a 16 de Dezembro.
2001
• Inauguração, em Janeiro, da Piscina Municipal, situada em Alhos Vedros. • Inauguração da peça escultórica em homenagem ao marítimo e ao trabalho nas antigas embarcações do Tejo, implantada na marginal da vila da Moita, em 25 de Abril. • Inauguração da peça escultórica em homenagem ao operário, localizada no Parque José Afonso, na Baixa da Banheira, em 25 de Abril.
2002
• Abertura do Mercado Municipal da zona Norte da Baixa da Banheira. • Inauguração do busto do Padre João Evangelista, implantado no Largo da Igreja, Moita.
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2.9. ROTEIROS CULTURAIS O património do Concelho possibilita várias explorações temáticas para as disciplinas de História, História de Portugal, Estudos Sociais, Português, Ciências da Natureza e Biologia e que a Câmara Municipal da Moita apoia. Os roteiros culturais passam por uma exploração das construções religiosas (nas suas componentes de arquitectura, escultura, azulejo e pintura), dos edifícios industriais (fábricas, moinhos de maré) e da paisagem natural. Estes roteiros culturais podem ser objecto de percursos interdisciplinares tais como: • Município da Moita: Uma Aproximação ao Século XVI (um percurso pelo trabalho e pela devoção no século XVI); • O Quotidiano no Século XVI: (Exploração da estátua jacente da Capela de S. Sebastião – Alhos Vedros); • Procurar o Século XVIII nos Azulejos das Igrejas do Concelho da Moita; • Os Sapais, os Moinhos de Maré e as Salinas; • A Moita Vista do Tejo (Passeio fluvial a bordo da embarcação tipo varino, «O Boa Viagem», propriedade do Município)
> 2.9.1. ROTEIRO RIBEIRINHO Ao longo da zona ribeirinha do Concelho da Moita pode encontrar um conjunto de elementos de interesse histórico, natural ou de lazer, integrados num circuito que pode percorrer-se na totalidade em viatura ou parcialmente a pé. Poderá começar pela Baixa da Banheira ou por Sarilhos Pequenos.
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Coreto de Alhos Vedros.
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BAIXA DA BANHEIRA: Inicie o seu percurso pelo Parque José Afonso, seguindo a Avenida Capitães de Abril. Trata-se de um extenso parque municipal, com amplos relvados e algumas infra-estruturas de lazer e desportivas: piscina, restaurante, pista de bicicross, campos de ténis e caminhos pedonais. Pode observar o estuário e, sobretudo durante a subida ou descida da maré, poderá avistar aves aquáticas, com destaque para os flamingos, a partir de finais do Verão até ao Inverno. Continue o seu percurso pela estrada nacional em direcção a Alhos Vedros. ALHOS VEDROS: À entrada da freguesia, no cruzamento da estrada nacional, vai encontrar a indicação Alhos Vedros, voltando aí à sua esquerda. Um pouco mais à frente, curva de novo à esquerda, na indicação da placa «Moinho de Maré». No Largo do Descarregador poderá observar alguns barcos tradicionais do Tejo, canoas e catraios, o Moinho de Maré, o Palácio do Morgado da Casa da Cova e a antiga Marinha Grande do Porto Velho. Toda a zona ribeirinha do Concelho foi outrora coberta de salinas, também chamadas marinhas de sal. Actualmente e sobretudo durante o Inverno, esta marinha é local de refúgio de avifauna aquática, podendo observar-se várias espécies com o auxílio de binóculos. A Associação Desportos Náuticos Alhosvedrense «Amigos do Mar» tem serviço de cafetaria com esplanada. Siga pela Rua do Marítimo e corte à esquerda, onde encontrará o edifício da mais antiga colectividade do concelho, a Sociedade Filarmónica Recreio e União Alhosvedrense «A Velhinha». Ao entrar na Praça da República vire à sua direita e deparar-se-á com um Coreto, datado de 1920. Seguindo em frente, pela Rua 5 de Outubro, irá encontrar do seu lado esquerdo a Biblioteca Municipal de Alhos Vedros e do seu lado direito, um pouco mais à frente, o edifício da Igreja Matriz de S. Lourenço de Alhos Vedros. Após visita à Igreja, pode seguir pela Travessa do Mercado e, virando à esquerda, entra na Rua Cândido dos Reis que vai dar acesso ao Largo da Misericórdia, onde encontrará o
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Habitação com as típicas pinturas alusivas à tauromaquia, no núcleo histórico da vila da Moita
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Pelourinho quinhentista e o edifício da Igreja da Misericórdia. Continuando pela Rua Cândido dos Reis, volta à sua esquerda, na Rua D. Dinis de Ataíde que, vai convergir na Praça da República. Aqui, vira à esquerda, seguindo a Rua 5 de Outubro que, continua pela Rua Frei Gaspar da Cruz. Passando por baixo do viaduto, contorna o Jardim do Poço «Mourisco», onde se localiza um interessante poço quinhentista. Ao chegar ao semáforo, volte à sua direita, seguindo pela Estrada Nacional, aqui ladeada de muros de antigas fábricas, nomeadamente de transformação da cortiça e confecções. Na saída da vila de Alhos Vedros, junto às bombas de gasolina, pode ver, do seu lado direito, uma peça escultórica evocativa da cortiça, da autoria de Fernanda Fragateiro. Continuando viagem, irá passar pela antiga Quinta da Fonte da Prata, onde encontrará, do seu lado direito, o respectivo Palacete, assinalado por uma palmeira classificada, de porte considerável. Siga em frente, até chegar à rotunda que dá acesso ao Barreiro e aí tome a terceira saída, à esquerda. Seguindo por esse caminho irá deparar-se com um edifício de serviços camarários à sua esquerda. Junto à parede lateral do edifício há uma azinhaga, ladeada de oliveiras que dá acesso às ruínas de dois fornos de cal, cuja estrutura principal se encontra ainda bem preservada. Regresse à mesma rotunda e prossiga na direcção da Moita. Surgirá uma segunda rotunda, cuja primeira saída dá para a Rua da Classe Operária, ao fundo da qual poderá ver a antiga fábrica de cortiça «Socorquex», onde actualmente funcionam serviços municipais. MOITA: Entrando na vila e seguindo pela marginal, ao seu lado esquerdo encontrará uma peça escultórica, dedicada ao marítimo, da autoria de Pedro Silva. Um pouco mais à frente temos o Cais, assinalado pelo monumento comemorativo dos 300 anos da elevação da Moita a vila, esculpido em pedra, do autor João Afra. No largo defronte do cais, destaca-se uma pintura mural que retrata uma cena da vida quotidiana no cais da Moita, no século passado. Na fachada de um edifício próximo figuram pinturas de cariz popular, reveladoras do gosto moitense pela tauromaquia. A partir deste local, sugerimos um pequeno passeio pedestre pelas
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Entrada do Rosรกrio.
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ruas do núcleo urbano mais antigo da vila, onde poderá admirar o altar de Nossa Senhora da Piedade, a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem e um portal manuelino. Concluída a visita ao núcleo histórico, poderá também passar pela Praça da República, onde está localizado o edifício dos Paços do Concelho e, subindo a Avenida Teófilo Braga, desembocará na praça de touros «Daniel do Nascimento». Prosseguindo o circuito, saia da vila em direcção ao Gaio/Rosário. Se gostar de montar a cavalo, poderá fazê-lo no Centro Hípico da Moita, Miroásis, localizado na Rua da Bela Vista, a caminho do Gaio. O Miroásis oferece-lhe ainda a possibilidade de fazer um passeio de galera, puxada a cavalo, pelo restante percurso ribeirinho. Ao longo deste itinerário, do seu lado esquerdo, estende-se uma área de coberto vegetal próprio dos sapais, zonas de transição do estuário com a terra, que em tempos passados foram dedicadas à construção de salinas ou marinhas de sal. GAIO/ROSÁRIO: No Gaio sugerimos uma visita ao Estaleiro Naval de José Lopes, o que pode fazer entrando à sua esquerda pela Rua Vitorino Nemésio, ao fundo da qual deve virar à direita e estacionar junto ao Parque das Canoas. Aí poderá observar os diferentes tipos de embarcações tradicionais do Tejo que se encontram ancoradas e ver o Esteiro da Moita e a zona ribeirinha de Alhos Vedros, na outra margem. Continue o trajecto pela zona ribeirinha até ao Rosário, onde pode apreciar o alegre colorido das casas e um pitoresco coreto, o qual deverá contornar, seguindo em direcção à praia fluvial. À sua direita encontrará a Capela de Nossa Senhora do Rosário, de onde poderá desfrutar de um magnífico panorama sobre a Baía do Montijo.A partir daqui poderá andar a pé na praia fluvial do Rosário, onde irá encontrar ruínas de fornos de cal e a antiga Estação Depuradora de Ostras do Tejo. Continue a sua viagem seguindo pela Rua 25 de Abril, volte à direita e surgirá um portal, pintado de branco e amarelo que, dá acesso a um típico pátio, recentemente recuperado e embelezado. Prossiga em frente até encontrar uma placa do seu lado esquerdo, com a indicação de Sarilhos Pequenos. Siga por essa estrada.
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Largo de Sarilhos Pequenos, rodeado pela pérgula de buganvílias.
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SARILHOS PEQUENOS: Ao longo deste itinerário, avistará uma extensa área agrícola e à sua esquerda o palacete e anexos da Quinta do Esteiro Furado que em tempos foi uma das mais importantes do concelho. Pertencente à mesma propriedade, há um montado de sobro com alguns pinheiros que, em conjunto com a área da quinta e sapais, foi classificado como zona de protecção especial para aves. Ao entrar na localidade de Sarilhos Pequenos, siga pela Rua 1º. de Maio e volte à sua esquerda até chegar ao Largo Principal, rodeado por uma vistosa pérgula de buganvílias e onde se localiza a Igreja de Nossa Senhora da Graça, padroeira da freguesia. Contorne o edifício religioso e vire à direita pela Rua Estevão de Vasconcelos. Observe as redes de pesca, colocadas nas portas das casas para as protegerem dos insectos. Corte na segunda rua à direita e, ao chegar ao fim, dobre à esquerda, seguindo em frente numa rua que conflui numa zona de piqueniques. Aí encontra-se uma curiosa churrasqueira com a forma de um barco tradicional do Tejo e pode avistar a cidade do Montijo. Poderá ainda observar bandos de aves aquáticas em busca de alimento, no esteiro de Sarilhos, quando ocorrem as marés baixas. Junto a este local existe um outro estaleiro naval, pertencente a Jaime Ferreira Costa. O regresso é feito pela mesma rua. Seguindo sempre em frente, vira à sua esquerda e entra na Rua Teófilo Braga. Prosseguindo até ao fim, corta de novo à esquerda e segue pela Rua S. Domingos que vai desembocar na Associação Naval Sarilhense, onde pode aproveitar para descansar, já que dispõe de serviços de cafetaria e esplanada. À direita da pequena ponte que liga o concelho da Moita ao do Montijo, encontrará uma zona de lodo e sapal confinada, formando uma caldeira, pertencente a um antigo moinho de maré que ainda hoje é utilizada para ajudar a manter a cala de navegação do esteiro de Sarilhos. No final do seu percurso e nas localidades ribeirinhas do concelho, sugerimos que saboreie alguns dos pratos gastronómicos desta zona: caldeirada à fragateiro, ensopado de enguias, enguias fritas, massa de peixe e peixe grelhado, etc.
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> 2.9.2. OUTROS PONTOS DE INTERESSE •
Estátua ao idoso, localizada no Centro de Convívio dos Reformados e Idosos da vila da Baixa da Banheira, da autoria de João Évora Patacão;
•
Busto do Padre José Feliciano, situado na Praceta de Portugal, na Baixa da Banheira;
•
Painel – Pintura alusiva à elevação da Baixa da Banheira a vila, localizado na Alameda do Povo, junto à Estrada Nacional da Baixa da Banheira. É uma obra colectiva, cujos autores são Rogério Ribeiro, Francisco Simões, Kira e Luís Manuel;
•
Monumento a José Afonso, sito no parque com o mesmo nome, na Baixa da Banheira, do escultor Lagoa Henriques;
•
Monumento ao operário, localizado no Parque José Afonso da Baixa da Banheira, do escultor Jorge Pé Curto;
•
Monumento comemorativo dos 25 anos do 25 de Abril, implantado na Rotunda Augusto Gil da Baixa da Banheira, da escultora Maria Morais;
•
Monumento comemorativo da elevação da Baixa da Banheira a freguesia, implantado no Largo da Igreja, da autoria de Hermínio Gil Santos;
•
Busto do Dr. Alexandre Sequeira, situado no início da Avenida Teófilo Braga, na Moita;
•
Monumento ao bombeiro, situado no Parque Municipal da Moita, junto ao Pavilhão Desportivo, da autoria de Custódio Silva;
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•
Busto do Padre João Evangelista, situado no Largo da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, na Moita;
•
Monumento evocativo da cortiça, situado no Largo Maria Lamas, em Alhos Vedros, da autora Fernanda Fragateiro;
•
Monumento comemorativo dos 300 anos da elevação da Moita a vila, localizado no Cais da Moita, do autor João Afra;
•
Monumento evocativo do varino e do marítimo, situado na marginal da Moita, do autor Pedro Silva.
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ANEXO I ESTABELECIMENTOS ESCOLARES O Município da Moita está actualmente dotado de todos os níveis de ensino não superior. Com o lema de valorizar a escola contamos com dois princípios elementares: alargar e requalificar os espaços escolares na procura de um ensino de qualidade. O ensino básico é hoje, uma resposta suficiente para os alunos residentes. Depois de ser alargado de acordo com as necessidades, está agora na fase de melhoramento de espaços interiores e exteriores e de requalificação dos mesmos. No ensino secundário há ainda, alunos deslocados para fora do concelho, tendo em conta a procura de áreas curriculares específicas não existentes nas duas escolas secundárias. Neste capítulo continua em falta a remodelação da Escola Secundária da Moita, prevista para breve e da responsabilidade do Ministério da Educação. O ensino pré-escolar tem sido nas últimas décadas aquele que mais cresceu, continuando no entanto a ser manifestamente insuficiente. A autarquia através do programa de desenvolvimento da rede pré-escolar, tem feito um esforço para alargar a rede dotando todos as freguesias com Jardins de Infância. Este programa conta com a adaptação de salas devolutas de 1º ciclo e com a construção de novos edifícios, prevendo-se anualmente a abertura de novos espaços. FREGUESIA DE ALHOS VEDROS
Pré-Escolar • Estabelecimento Público de Educação Pré-Escolar Nº.1 E. B.1 Nº.2 de Alhos Vedros • Estabelecimento Público de Educação Pré-Escolar Nº.2
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• • • •
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E. B.1 Nº.1 de Alhos Vedros Jardim de Infância do Centro Paroquial de Alhos Vedros Creche, Jardim de Infância e ATL - «O Charlot» Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros Jardim de Infância e ATL - Centro Social Nossa Senhora da Paz Jardim de Infância e 1º. Ciclo – Colégio das Arroteias
1º. Ciclo • E. B.1 Nº.1 de Alhos Vedros • E. B.1 Nº.2 de Alhos Vedros • E. B.1 Nº.3 de Alhos Vedros • E. B.1 Nº.1 das Arroteias • E. B.1 Nº.2 das Arroteias • E. B.1 da Barra Cheia 2º. e 3º. Ciclos • E. B. 2 e 3 José Afonso Educação Especial • Cercimb – Cooperativa de Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas da Moita FREGUESIA DA BAIXA DA BANHEIRA
Pré-Escolar • E. P. de Educação Pré-Escolar Nº.1 da Baixa da Banheira E. B.1 Nº.4 da Baixa da Banheira • Creche, Jardim de Infância e ATL - Centro Bem Estar
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• E. P. de Educação Pré-Escolar Nº.2 da Baixa da Banheira E. B.1 Nº.7 da Baixa da Banheira • Jardim de Infância - «O Papagaio»
1º. Ciclo • E. B.1 Nº.1 da Baixa da Banheira • E. B.1 Nº.2 da Baixa da Banheira • E. B.1 Nº.3 da Baixa da Banheira • E. B.1 Nº.4 da Baixa da Banheira • E. B.1 Nº.7 da Baixa da Banheira • E. B.1 Nº.8 da Baixa da Banheira • E. B.1 Nº.9 da Baixa da Banheira 2º. e 3º. Ciclos • E. B. 2 e 3 D. João I • E. B. 2 e 3 Mouzinho da Silveira Ensino Especial • Externato Arco-Íris FREGUESIA GAIO/ROSÁRIO
Pré-Escolar • Estabelecimento Público de Educação Pré-Escolar do Gaio-Rosário E. B.1 do Rosário 1º. Ciclo • E. B.1 do Gaio • E. B.1 do Rosário
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FREGUESIA DA MOITA
Pré-Escolar • Estabelecimento Público de Educação Pré-Escolar da Moita E.B.1 Nº.3 da Moita • Jardim de Infância - «O Ninho» • Creche, Jardim de Infância e ATL - «O Varino» Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros 1º. Ciclo • E. B.1 Nº.1 da Moita • E. B.1 Nº.2 da Moita • E. B.1 Nº.3 da Moita • E. B.1 de Brejos • E. B.1 de Carvalhinho • E. B.1 de Chão Duro • E. B.1 de Penteado 2º. e 3º. Ciclos • E. B. 2 e 3 D. Pedro II • E. B. 2 e 3 Fragata do Tejo Ensino Secundário • Escola Secundária da Moita Educação Especial • Cooperativa de Ensino Especial - «Rumo»
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Outros • Educação de Adultos – Ensino Recorrente • Delegação Escolar da Moita FREGUESIA DE SARILHOS PEQUENOS
Pré-Escolar • Estabelecimento Público de Educação Pré-Escolar de Sarilhos Pequenos 1º. Ciclo • E. B.1 de Sarilhos Pequenos FREGUESIA DO VALE DA AMOREIRA
Pré-Escolar • Estabelecimento Público de Educação Pré-Escolar do Vale da Amoreira • Jardim de Infância - «Giroflé» 1º. Ciclo • E. B.1 Nº.5 da Baixa da Banheira • E. B.1 Nº.6 da Baixa da Banheira 2º. e 3º. Ciclos • E. B. 2 e 3 da Baixa da Banheira Nº.3 Ensino Secundário • Escola Secundária da Baixa da Banheira Outros • ATL - «Os Pintainhos» do Vale da Amoreira
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ANEXO II ASSOCIAÇÕES / COLECTIVIDADES O Movimento Associativo no Concelho da Moita O Concelho da Moita possui um consistente e enérgico movimento associativo abrangendo diversas áreas culturais, desportivas e sociais. As primeiras associações de cariz popular no Concelho surgiram na segunda metade do século XIX, no contexto de difusão das "filarmónicas" e "mutualidades". Após a implantação da República, novo período de entusiasmo associativista, com a fundação de colectividades de "recreio e instrução" e também, na Moita, um pouco mais tarde, com o surgimento dos primeiros clubes de futebol. As associações reflectem as características sócio-económicas da população, maioritariamente operária, assomando e actuando como complemento à omissão do Estado no desenvolvimento desportivo, cultural e social dos cidadãos.
BAIXA DA BANHEIRA • Associação de Dadores de Sangue • Associação de Geminação da Baixa da Banheira • Associação de Pára-Quedistas do Sul • Associação Portuguesa de Amizade Yuri Gagarine • Banheirense Futebol Clube • Casa do Benfica Nº.102 • Centro de Atletismo da Baixa da Banheira • Centro de Convívio dos Reformados e Idosos da Vila da Baixa da Banheira • Centro Náutico da Barra a Barra • Clube União Banheirense «O Chinquilho»
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Cooperativa de Habitação «Che» Banheirense Cooperativa Pluricoop Corpo Nacional de Escutas – Agrupamento 371 Ginásio Atlético Clube Grupo Columbófilo Banheirense Grupo de Futebol Azul e Ouro Juventude Futebol Clube Movimento Democrático de Mulheres Núcleo de Ciclismo da Baixa da Banheira Núcleo Sportinguista Banheirense «O Norte» - Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos da Zona Norte da B. da Banheira Sociedade Recreativa da Baixa da Serra Sociedade Recreativa e Cultural União Alentejana Sporting Clube Banheirense União Desportiva e Cultural Banheirense Velha Guarda Banheirense
ALHOS VEDROS • Academia Musical e Recreativa 8 de Janeiro • Associação Amizade Arroteense • Associação Desportos Náuticos Alhosvedrense «Amigos do Mar» • Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos da Freguesia de Alhos Vedros • Centro Cultural e Recreativo União Pires • Centro Jovem – Centro Comunitário P.A.R.A.G.E.M. • Clube Desportivo «Os Rolos» • Clube de Recreio e Instrução «CRI» • Clube Recreativo Sport Chinquilho Arroteense
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Cooperativa de Animação Cultural de Alhos Vedros «CACAV» Cooperativa de Consumo «Pluricoop» Corpo Nacional de Escutas – Agrupamento 688 Grupo Columbófilo de Alhos Vedros Grupo Desportivo da Fonte da Prata Grupo Recreativo Familiar Bairro Gouveia Ideias Jovens em Movimento Os Indefectíveis Sociedade Filarmónica Recreio e União Alhosvedrense «A Velhinha» Sporting Clube Vinhense
MOITA • A Mutualidade da Moita – Associação Mutualista • Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos da Freguesia da Moita • Centro Náutico Moitense • Clube Taurino da Moita • Clube Recreativo do Palheirão • Clube Recreativo do Penteado • Cooperativa «Pluricoop» • Corpo Nacional de Escutas – Agrupamento 76 • Grupo Cicloturismo «Os Reis do Pedal» • Grupo de Dadores Benévolos de Sangue do Concelho da Moita • Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores da Câmara Municipal da Moita • Grupo Desportivo Popular do Chão Duro • Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita do Ribatejo • Grupo de Forcados Amadores da Moita • Grupo Tauromáquico Moitense
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Histórico Automóvel Clube de Entre Tejo e Sado Moto Clube da Moita Núcleo de Cicloturismo Moitense Sociedade Filarmónica Capricho Moitense Sociedade Filarmónica Estrela Moitense Sociedade Moitense de Tauromaquia União Futebol Clube Moitense
VALE DA AMOREIRA • Associação de Condomínios e Moradores do Vale da Amoreira • Associação Intercultural do Vale da Amoreira e Baixa da Banheira • Associação de Solidariedade Cabo-Verdiana dos Amigos da Margem Sul do Tejo • Centro de Atletismo do Vale da Amoreira «CAVA» • Centro de Reformados e Idosos do Vale da Amoreira «CRIVA» • Centro HIP HOP • Clube Recreativo Cultural e Desportivo de Brejos Faria • Grupo Desportivo e Recreativo Portugal • Grupo Jovem do Vale da Amoreira • Juventude Sócio-Cultural e Desportiva do Vale da Amoreira / Fontainhas GAIO/ROSÁRIO • ASMODEC • Beira Mar Futebol Clube Gaiense • Centro de Convívio dos Reformados do Gaio-Rosário • Centro Hípico da Moita – MIROÁSIS • Clube Amigos do Atletismo da Moita • Marítimo Futebol Clube Rosarense
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SARILHOS PEQUENOS • Associação Naval Sarilhense • Centro de Convívio dos Reformados, Pensionistas e Idosos de Sarilhos Pequenos • Grupo Columbófilo de Sarilhos Pequenos • 1º. de Maio Futebol Clube Sarilhense
Grupos Artístico/Culturais Como resultante do forte movimento associativo no concelho, existem actualmente, além dos ranchos folclóricos atrás referidos, mais os seguintes grupos: • Banda Musical do Rosário – Gaio/Rosário • Escola de Canto do Centro Cultural e Infantil Luísa Basto da Associação de Moradores da Zona Norte • Escola de Dança Clássica e Ballet da Sociedade Filarmónica Estrela Moitense – Moita • Escola de Toureio da Moita • Escola do Jogo do Pau do Clube Recreativo, Cultural e Desportivo Brejos Faria – Vale da Amoreira • Fanfarra dos Bombeiros Voluntários da Moita • Grupo Coral e Musical «O Norte» da Associação de Reformados Pensionistas e Idosos da Zona Norte - Baixa da Banheira • Grupo Coral Saudades do Alentejo «O Sobreiro» • Grupo Danças de Salão do Clube União Banheirense «O Chinquilho» – Baixa da Banheira • Grupo Danças de Salão da Sociedade Filarmónica Capricho Moitense – Moita • Grupo de Teatro Experimental e Amador «O Norte» da Associação de Reformados Pensionistas e Idosos da Zona Norte - Baixa da Banheira • Grupo Polifónico «Alius Vetus» da Sociedade Filarmónica Recreio e União Alhos Vedrense «A Velhinha» - Alhos Vedros
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ANEXO III INSTITUIÇÕES SOCIAIS • • • • • • • • • • • • • •
Câmara Municipal da Moita Tribunal Bombeiros Centro de Saúde da Moita Centro de Saúde de Alhos Vedros Centro de Saúde da Baixa da Banheira Comissão de Protecção de Crianças e Jovens Paróquias: Baixa da Banheira, Alhos Vedros, Moita e Sarilhos Pequenos Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros Hospital (Santa Casa da Misericórdia) de Alhos Vedros Posto da GNR (Baixa da Banheira, Moita) Posto PSP (Moita) Finanças (Moita) Jornais: «Jornal da Moita», «Jornal da Vila» e «O Rio»
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ANEXO IV EQUIPAMENTOS/INFRAESTRUTURAS SOCIAIS Instalações Desportivas no Concelho da Moita O desporto oferece ao cidadão um amplo campo de liberdade. Contudo ter direito ao desporto não basta. É preciso que as condições materiais existentes se traduzam na aplicação desse direito e possibilitem o seu exercício. Estas condições materiais manifestam-se através da existência de espaços e de tempos disponíveis para a prática desportiva. Sem eles integrados numa política de investimento e distribuição adequada, não é possível apostar num conjunto de meios de intervenção em que o objectivo seja a promoção de melhoria das condições de vida da população. No sentido de obviar este inconveniente e de consubstanciar as suas acções, a Câmara Municipal da Moita decidiu incluir, como preocupação fundamental, a caracterização de instalações desportivas ao nível do Concelho. FREGUESIA DA MOITA • Pavilhão Municipal de Exposições – 1 • Polidesportivos – 4 • Campos de Ténis – 2 • Pavilhão Desportivo Municipal – 1 • Campos de Jogos – 1 FREGUESIA DE ALHOS VEDROS • Polidesportivos – 3 • Campos de Ténis – 1 • Piscina Municipal – 1 • Campo de Basquetebol – 1
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FREGUESIA DA BAIXA DA BANHEIRA
Parque José Afonso: • Campos de Jogos – 3 • Pista de Bicross – 1 • Piscina – 1 • Poço de Skate – 1 • Campos de Ténis – 4 • Campos de Basquetebol – 3 Zona Sul • Polidesportivos – 1 Zona Norte • Polidesportivos – 1 FREGUESIA DO VALE DA AMOREIRA • Polidesportivos – 2 • Campos de Ténis – 1 • Campo Municipal de Futebol – 1 • Campos de Jogos – 1 • Campos de Basquetebol – 1 • Pequeno Campo de Futebol – 1
Bibliotecas Municipais da Moita A Biblioteca Bento de Jesus Caraça, biblioteca central da rede de leitura pública do Concelho da Moita, foi inaugurada em 11 de Maio de 1997. Este equipamento situado no centro da vila da Moita, encontra-se instalado num edifício construído de raiz e reúne um vasto
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conjunto de serviços de modo a satisfazer nesta área as necessidades da população do Concelho. A rede de leitura concelhia é composta também pelos núcleos de leitura do Vale da Amoreira (desde 10 de Junho de 1990) e de Alhos Vedros (aberto ao público desde 30 de Novembro de 1993). Serviços ao Utilizador: Empréstimo domiciliário de monografias, CD’s áudio e cassetes vídeo; Consulta local de monografias, periódicos, CD-Rom’s, CD’s áudio e cassetes vídeo; Acesso à Internet e utilização de computadores para execução de trabalhos em Word e Excel; Serviço de reprografia; Actividade de animação do livro e da leitura, direccionada para os diferentes tipos de público; Actividades lúdicas para crianças (pintura, modelagem, jogos didácticos, etc.); Colóquios, debates, acções de formação e visionamento de filmes para adultos e crianças. FREGUESIA DA MOITA • Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça – Moita Horário: 3ª. a Sábado das 10:00 às 12:30 e das 14:00 às 18:30 horas 4ª. feira – prolongamento até às 20:30 horas FREGUESIA DO VALE DA AMOREIRA • Biblioteca Nº.2 – Vale da Amoreira Horário: 3ª. a Sábado das 10:00 às 12:30 e das 14:00 às 18:30 horas FREGUESIA DE ALHOS VEDROS • Biblioteca de Alhos Vedros – Alhos Vedros Horário: 3ª. a Sábado das 10:00 às 12:30 e das 14:00 às 18:30 horas
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BIBLIOGRAFIA AFLOPS A Poluição Atmosférica e a Gestão e Conservação dos Ecossistemas Florestais na Península de Setúbal. Relatório final do Projecto Life-Ambiente LIFE’98 AMB/P/000556, Vol. 1, Associação de Produtores Florestais de Setúbal, 2002 ALVES, Padre Carlos Fernando Póvoa Subsídios para a História de Alhos Vedros. Informações Paroquiais de Alhos Vedros e Moita, Alhos Vedros, 1992 ANTUNES, José II Jornadas da Estremadura CAMÕES, Luís de Obras Completas, Vol. III, Lisboa, s/d
Crescimento Demográfico, Movimentos Pendulares e os Transportes da Área Metropolitana de Lisboa, INE, Junho/95 CRUZ, João Luís da O Livro dos Meus, Almada, Oficinas de A. Rodrigues Belém, 1924 CRUZ, Maria Alfreda A Margem Sul do Estuário do Tejo. Factores e Formas de Organização do Espaço, Lisboa, 1973
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DUARTE, Ana Igrejas e Capelas da Costa Azul, Setúbal, Região de Turismo da Costa Azul, 1993 FIGUEIREDO, José Rosa A Baixa da Banheira até aos Nossos Dias, Setúbal, Edição da Assembleia Distrital de Setúbal, 1979 GUINOTE, Paulo e PAULO, Eulália de Medeiros A «Banda D’Além do Tejo» na História. Roteiro Histórico da Margem Sul do Estuário do Tejo das Origens ao Fim do Antigo Regime, Lisboa, Edição do Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2000 GONZÁLEZ, G. L. La Guia de Incafo de los Árboles y Arbustos de la Península Ibérica, Madrid, Ed. Incafo, 1995 GOODERS, J. Guia de Campo das Aves de Portugal e da Europa, Ilustrações de Alan Harris, Ed. Temas e Debates, 2000
História da Arte em Portugal, Vol. 3, 4, 6, 7 e 8, Lisboa, Alfa, 1993 Instituto Nacional de Estatística – Censos da População LEAL, Ana de Sousa e PIRES, Fernando Alhos Vedros nas Visitações da Ordem de Santiago, Alhos Vedros, Comissão Organizadora do 480º. Aniversário do Foral, 1994 LEITÃO, D.; CATRY, P.; COSTA, H.; ELIAS, G.L. e REINO, L.M. As Aves do Estuário do Tejo, Ed. Instituto de Conservação da Natureza, 1998 LEITE, Ana Cristina «Pelourinhos» in Dicionário Enciclopédico da História de Portugal, Vol. II, Alfa, 1985, pp. 95-96
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Levantamento Cultural do Concelho, Moita, 1982 Município da Moita - 20 Anos de Poder local, Câmara Municipal da Moita, 1997 NABAIS, António Moinhos de Maré do Concelho do Seixal, Seixal, 1981 OLIVEIRA, Ernesto Veiga de e outros Tecnologia Tradicional Portuguesa. Sistemas de Moagem, Lisboa, INIC, 1983 PIMENTEL, Alberto «A Extremadura Portuguesa» in Portugal Pittoresco e Ilustrado, Lisboa, Empreza da História de Portugal, 1908
Projecto HAMLET, Junta Metropolitana de Lisboa, 1997 RAU, Virgínia Estudos sobre a História do Sal Português, Lisboa , Presença, 1984
Relatório Diagnóstico do Sub-Sistema de Desenvolvimento Sócio-Cultural, Sismet, 1980 SARAIVA, José Hermano (Direc.) História de Portugal, Vol. I, Lisboa, Publicações Alfa, 1983
Site do Instituto de Conservação da Natureza - www.icn.pt SOARES, B. (Coord.) Plano Director Municipal da Moita, Câmara Municipal da Moita, 1998
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TORRES, Ruy d’Abreu «Pelourinhos» in Dicionário de História de Portugal, Vol. V, Porto, Livraria Figueirinhas, 1981, pp. 43-44 VARGAS, José Manuel De Alcochete ao Barreiro Alguns Elementos para o Estudo do Antigo Concelho do Ribatejo, Palmela, 1987