>>Abril >>ano I >>Director: António Pedro
>>Director Executivo: Victor Jorge >>Periodicidade: Mensal >>Propriedade: Score Media
Conferência Associação de distribuição discutida em debate aberto
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Os mais ricos são … Saiba quem são os mais abastados da distribuição, fashion e produção
Vinhos Conheça a estratégia dos vinhos portugueses para Angola
E ainda… • A opinião dos VIP • 24 horas com • E as novidades no mercado nacional
Estudo
O que esperar do consumidor angolano até 2020
2013
>>Preço capa: 700 Kz
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editorial Distribuição moderna no top 100 dos maiores contribuintes fiscais
O
sector da distribuição moderna em Angola começa a marcar pontos em vários sentidos, na organização e no fomento empresarial. E, desta vez, somou pontos ao figurar na lista das 100 maiores empresas contribuintes fiscais no ranking de 2012, no nosso país. Estamos a falar da Maxi, uma empresa da distribuição moderna voltada para o retalho alimentar, que, ao lado de gigantes dos sectores petrolífero e diamantífero nacional, “registou” a sua marca orgulhando players do sector que, com certeza, quererão atingir certo nível em facturação que lhes permita entrar para o top 100. O órgão do Ministério das Finanças que vela pela tributação levou em consideração todos os tipos de impostos inerentes às actividades das empresas, segundo o seu segmento de negócios. Este facto constitui, à partida, um regozijo para todos os players da distribuição moderna em Angola, e para outros que lutam quotidianamente contra todas as adversidades do mercado, desde a burocracia que vezes sem conta os impede de trabalhar adoptando a 100% os melhores padrões de gestão e transparência. É muito importante realçar, nestas linhas, que os primeiros 24 contribuintes do top 100 são empresas petrolíferas e diamantíferas, com excepção de Unitel, BPC e Unidade Técnica da Dívida Pública, que conseguiram marcar lugar naquele subtop. A Maxi, Comério Geral Import Export, desponta na posição 29 do ranking, atrás de Cuca, Odebrecht, Rio Frio e Direcção Nacional dos Impostos, com o contributo fiscal de 4,6 mil milhões Kz. Tratando-se de um valor perto dos 44,9 milhões USD, é caso para dizer que o Executivo não deve descartar as atenções voltadas para a criação de infra-estruturas que visem melhorar e modernizar o trabalho dos players deste sector. Abaixo da posição da Maxi constam empresas de sectores estruturantes da economia, no caso do sector financeiro, com bancos que compõem os Big Five do nosso sistema bancário e até seguradoras de renome no mercado. É, mais uma vez, um orgulho o sector da distribuição despontar dessa forma e mostrar que afinal pode contribuir muito mais para uma economia que já cresceu acima de dois dígitos e que desde 2009 abrandou esse ritmo mas procura a tudo o custo voltar a crescer acima dos 10%. Fazendo fé nas intervenções dos participantes à primeira conferência organizada pela revista Distribuição em Expansão, em Luanda, em Março último, sobre “A Organização do Sector da Distribuição Moderna em Angola”, feita em simultâneo com o lançamento da edição número um da revista, a distribuição moderna no nosso País tem um caminho: crescer e consolidar o respectivo crescimento. É verdade que diariamente existem barreiras para se afirmar num mercado onde a energia
António PedrO, Director
eléctrica não é suficiente mas é muito essencial para a conservação de bens de retalho alimentar, bem como a água, que é abundante mas ainda não chega regularmente às superfícies comercias. Apesar disto, o nosso encorajamento vai para os players da distribuição moderna no fito de não desistirem das suas ambições empresariais e, deste modo, se faça fé que as atenções do Executivo visando a criação de condições práticas para o vosso trabalho sejam concretizadas e isso favoreça o aumento de empresas da distribuição moderna no top 100 dos maiores contribuintes fiscais em Angola. E porque o sector tem tudo para crescer? É uma das questões que muito se coloca. É fácil lembrar que as empresas do segmento da distribuição voltada para o retalho moderno, quanto à segmentação do Produto Interno Bruto (PIB), figuram no item “serviços mercantis”. Já em 2008, os serviços mercantis chegaram a representar 17,9% na segmentação do PIB, ao passo que no ano seguinte subiu 3,3 pontos percentuais, para em 2010 descer para uma taxa de 21%, menos 0,2 pontos percentuais. A estimativa de 2012 fixada em 23,3% para os serviços mercantis fica comprometida face à própria economia, que não atingiu os 12,8% previstos no OGE do ano passado. Reflectindo apenas sobre o PIB de 2010, calculado em 90 mil milhões USD, segundo dados do Executivo, facilmente se conclui que os serviços mercantis, onde figuram as empresas da distribuição moderna, contribuíram com 18,9 mil milhões USD. Olhando também para as taxas de crescimento já descritas, e para o facto de o Ministério das Finanças conseguir resultados visíveis com a reforma tributária a partir de 2012, altura em que o projecto fiscal alargado completou dois anos de implementação, acreditamos que o contributo fiscal da distribuição moderna alimentar, não alimentar e até especializada vai registar maior crescimento na facturação, com incidência na tributação. Não é um desafio de se enfrentar sem arregaçar mangas, pois estamos lembrados de que há menos de ano e meio a Administração Tributária manifestava preocupação porque 70 mil contribuintes, empresas colectivas públicas e privadas de diferentes sectores da economia, estavam em situação irregular junto do fisco, com declarações de imposto em falta, originando situação de incumprimento das suas obrigações tributárias. Não deixa de ser um alerta para a navegação governamental o facto de empresas de retalho alimentar como a Maxi, o Jumbo e outras do retalho especializado, voltado para vestuário e calçado, figurarem entre os 100 maiores contribuintes do País, numa altura em que se procura diversificar ao máximo as fontes de receitas tributárias fora do sector petrolífero. As 100 empresas cotadas como maiores contribuintes fiscais em Angola, em 2012, atingiram um peso equivalente a 26% do Produto Interno Bruto.
ficha técnica Director António Pedro • Director Executivo Victor Jorge • Directora geral de revistas Nilza Rodrigues Conselho de Gerência Alexandre Mealha Colaboram neste número André Samuel, Eunice Sebastião, José António Rousseau, Nelson Rodrigues e Pedro Silva Fotografia Edson Chagas (Subeditor), César Magalhães, Lídia Onde Projecto Gráfico Rui Sampaio • Impressão Printer • Distribuidora VASPE, SA • Direcção Comercial Tânia Vasconcelos, Carina Amuedo, Cátia Amado Direcção Administrativa e Financeira Renato Moreira (Director), Garcia José, Herlander Tomás, Katila Denise, Rosa Ngola, Stanislau Pataca Contactos 244 222 322 665 / 244 222 322 654 / 244 222 322 674 • Fax: 244 222 443 453 • Rua Damião de Góis, n.º 81 – Bairro de Alvalade, Luanda – Angola Contactos E-mail distribuicaoemexpansao@scoremedia.co.ao Representação em Portugal Estratégia Media • Direcção-Geral Nilza Rodrigues • Departamento Administrativo Amélia Saavedra • Contactos +351 927747062 Registo MCS-520/B2009
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
índice #
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Quiz
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Distribuição
06-07 C onferência - Ministério do Comércio preocupado com o sector da
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distribuição em Angola
08-09 Conferência II - Associação da distribuição como principal preocupação do empresariado nacional
10-11 Fotoreportagem Conferência 12-13 E os mais ricos do Retalho/Fashion/Produção são… 14-15 Promoções no retalho: olhos postos na personalização 16-17 O que esperar do consumidor angolano até 2020 18 ADN da Distribuição
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Produção
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Bebidas
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24 HORAS COM…
20-21 Entrevista a Ana Bastos, business unit manager da Intermarcas 22-23 Produção de banana aumenta 67% 27 Opinião José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA)
28
28-29 Entrevista a Luís Nunes, director-geral de vendas da Luanday 30-31 Drinco traz Capri-Sun para Angola 32-33 “24 Horas com …”, Estevão Daniel, Presidente do Conselho de Administração da Refriango
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VINHOS
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INOVAÇÃO
40 42
Novidades de produto
44 46
VIP
36-37 Entrevista Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal
36
38 Tetra Pak inova nas embalagens
OPINIÃO
42 Opinião de Luís Rasquilha, CEO da AYR Consulting
Leituras
46 Novas Tendências em Marketing Intelligence 46 O Despertar da África - 900 milhões de consumidores africanos têm mais para dar do que se julgao
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
quiz Isabel dos Santos entrou na lista dos mais ricos, elaborada pela revista norte-americana Forbes. Qual a posição que ocupa, enquanto mulher mais rica de África? a) 750.ª b) 324.ª c) 736.ª d) 798.ª
Para atender as suas lojas em Angola, a Stara, insígnia de sapatarias que se dedica à venda de calçado e que inaugurou, recentemente, em Luanda a sua primeira loja fora de Portugal, prevê abrir um armazém de logística que contará com uma capacidade para quantos pares de sapatos? a) 430 000 b) 80 000 c) 55 000 d) 27 000
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Qual o país africano que se juntou aos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) para formar os BRICS? a) África do Sul (South Africa) b) Senegal c) Sudão d) Somália Respostas: 1 – c); 2 – b); 3 – c); 4 – a)
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De acordo com o Decreto Presidencial n.º 275/1, que estabelece a sujeição de determinadas mercadorias importadas ou produzidas em território nacional à análise laboratorial obrigatória pela Bromangol, quanto tempo é que os importadores se comprometem a não abrir os contentores? a) 12 horas b) 24 horas c) 36 horas d) 48 horas
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
distribuição
/conferência
Na abertura da conferência, o Secretário de Estado do Comércio apresentou algumas acções do Executivo para responder aos desafios do escoamento dos produtos agrícolas
Ministério do Comércio preocupado com o sector da distribuição em Angola O sector tem vindo a crescer, quer seja em termos de alargamento da rede comercial, quer em termos de logística e de distribuição em todo o território nacional.
>> texto: Eunice Sebastião >> fotos: Edson Chagas
A
distribuição moderna e, especificamente, o retalho alimentar têm conhecido, ano após ano, um fortíssimo dinamismo, ao mesmo tempo que o mercado se torna mais competitivo e as decisões de compra dos consumidores mais selectivas e atraentes em termos de preços, numa base de procura e oferta equilibrada.” Foi desta forma que Álvaro Paixão Júnior, secretário de Estado do Comércio, abriu a conferência da revista Distribui-
ção em Expansão, realizada em finais do mês de Março, dedicada à “Organização do Sector da Distribuição Moderna em Angola”. Na ocasião, o secretário de Estado falou sobre o reconhecimento do sector que o Estado tem vindo a ter, apresentando-se como um importante parceiro social na cadeia logística e comercial do País. Para tal, o Executivo apresenta como principais objectivos o asseguramento e o alargamento da rede formal, comercial, logística e de distribuição em todo o ter-
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
ritório nacional, a preços estáveis e a um nível que satisfaça as necessidades das populações e da actividade produtiva, referiu o membro do Governo. Álvaro Paixão Júnior apresentou ainda algumas acções do Executivo que estão a ser levadas a cabo a fim de responder a estes desafios que têm que ver também com a criação de corredores regionais para o escoamento dos produtos agrícolas e a criação de uma rede nacional de plataformas logísticas. Além destes desafios, o Executivo aposta
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Associação da distribuição como principal preocupação do empresariado nacional
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Fotorreportagem da conferência da distribuição
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Os mais ricos da distribuição/ fashion/produção
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Promoções no retalho
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O que esperar do consumidor angolano até 2020
Infra-estruturas físicas comerciais que já começaram a ser desenvolvidas em Angola – Centros de Logística e de Distribuição (CLOD); – Mercados Abastecedores; – Rede Integrada de Logística/Entrepostos Comerciais, de Logística e de Frio; – Hipermercados Grossistas; – Subprograma de Organização do Mercado Retalhista, para o apoio e asseguramento da recolha, transporte, limpeza, selecção, normalização, calibragem, embalagem, beneficiação e valorização da produção nacional, particularmente camponesa, familiar e do produtor tradicional, através da: • Rede Comercial de Proximidade, com identificação e disponibilização de terrenos por parte dos órgãos com-
na diversificação da economia, acrescentando, contudo, que as empresas devem diversificar os negócios em função das diferentes oportunidades estratégicas. Álvaro Paixão Júnior apontou o sector agrícola como uma das áreas prioritárias do Executivo no que concerne ao investimento estratégico, que, no seu entender, podem ter efeitos transformadores na diversificação da economia. Para o secretário de Estado do Comércio, uma maior produtividade das culturas não só se traduz em melhores condições
petentes dos Governos Provinciais, para construção, a curto e médio prazo, de estabelecimentos comerciais, à razão de uma loja em cada município. • Rede de Mercados Municipais Urbanos, Suburbanos e Rurais, com reabilitação dos Mercados Municipais e construção de raiz em todos os municípios do País. – Formação, Capacitação e Profissionalização dos Agentes Económicos e Comerciantes; – Implementação do Programa Nacional Integrado do Comércio e Serviços, traduzido na: • Criação de lojas pedagógicas para formação, capacitação e profissionalização de comerciantes, • Capacitação de recursos humanos do sector do comércio;
de vida para os agricultores, aumentando assim a oferta de produtos nos mercados, assim como proporciona uma maior procura de bens e serviços nas zonas rurais. Álvaro Paixão Júnior aproveitou a ocasião para exortar as empresas ao engajamento do sector da distribuição moderna no processo de alavancagem da produção agrícola nacional, tendo como garantia as vantagens próprias de uma economia de escala e outros incentivos previamente aprovados pelo Estado em benefício do sector privado.
Factores críticos de sucesso para competir de forma eficaz no mercado angolano Aspectos críticos do sector • Os produtores locais possuem um acesso limitado ao conhecimento e meios operacionais e financeiros necessários à produção agrícola • Faltam pólos agregadores de pequenos produtores (e.g. cooperativas) que agilizem o escoamento da mercadoria para os mercados • A rede de armazenagem e transporte de mercadorias é deficiente, em particular para produtos que requerem logística de frio
• Promoção e criação de incentivos fiscais e financeiros para reabilitação e construção de estabelecimentos comerciais, de armazenamento, de beneficiação ou conservação e de venda a retalho; • Promoção e criação de incentivos fiscais e financeiros para as actividades de transporte e transformação de produtos agrícolas; • Promoção e criação de incentivos fiscais e financeiros para a aquisição, por parte de comerciantes, de POS (terminal de pagamento automático) e mercadorias específicas para o campo e escoamento da produção, agro-pecuária do campo ou zonas de produção para os mercados de consumo ou centros urbanos.
O Secretário de Estado do Comércio exortou as empresas ao engajamento do sector da distribuição moderna no processo de alavancagem da produção agrícola nacional
Presença dos players de retalho por segmento de consumo
Desafios colocados às empresas de Distribuição • Planear, executar e controlar os elevados investimentos logísticos – armazéns, lojas e frotas de transporte – necessários ao abastecimento contínuo e fiável de uma rede alargada de pontos de venda • Actuar como vector de desenvolvimento e modernização da produção local • Alavancar incentivos públicos ao desenvolvimento de infraestruturas e competências no meio rural
Para além da importância do desenvolvimento de uma cadeia de abastecimento eficiente, como patente neste quadro, Pedro Miguel Silva, senior manager da Deloitte, apontou a estratégia eficaz de produto que necessita de considerar a especificidade e a diversidade do consumidor, bem como a relevância da experiência de loja, que constituirá um factor cada vez mais de diferenciação entre empresas concorrentes e onde a formação dos recursos humanos desempenhará um papel fundamental.
Apesar de os players do retalho se terem focado no topo da pirâmide, é o segmento central – rendimentos entre 100 e 750 USD – que deverá ser explorado. Para tal, os players deverão adaptar-se às especificidades de Angola. Os desafios-chave que deverão ser ultrapassados são: Necessidade de reeducar o consumidor (comunicar as vantagens do retalho moderno vs. mercado de rua); Construir a cadeia de distribuição (garantir qualidade e controlo dos produtos vs. expectativas do consumidor); Definir produtos a comercializar (oferecer produtos nas dimensões adequadas vs. necessidades do consumidor); Formar pessoas (desenhar programas específicos que potenciem formação de talento local).
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
distribuição /conferência
A ausência de uma associação no sector da distribuição pode afectar de alguma forma o sector económico de um país, admitiram os empresários na conferência.
No debate foi notória a necessidade e vontade do sector da distribuição moderna criar uma associação que represente os players presente no mercado angolano
Associação da distribuição como a principal preocupação do empresariado nacional >> texto: Eunice Sebastião >> fotos: Edson Chagas
N
a conferência organizada pela revista Distribuição em Expansão, e antes do debate, a directora-geral da Associação Portuguesa de Empresas da Distribuição (APED), Ana Isabel Morais, explicou o que é e como funciona uma associação da distribuição moderna. No caso português, a APED resultou
da transformação ocorrida em 1994 da ANS – Associação Nacional de Supermercados, que havia sido fundada em 1981. Constituída como uma associação patronal, de âmbito nacional, que agrega os principais players da distribuição moderna, alimentar e retalho especializado. A APED tem como principais valores a defesa da livre concorrência e liberdade
de acesso ao mercado de todos os agentes económicos, contribuir para as soluções legais que regulam o sector do comércio e a venda de produtos de grande consumo em sistema de livre serviço e representação dos interesses dos seus associados junto das entidades públicas e privadas, nacionais e estrangeiras. No debate que se seguiu à apresentação
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
da responsável da APED, os intervenientes começaram por destacar a necessidade de criação e existência de uma associação da distribuição moderna em Angola. Nas palavras do economista Carlos Cunha, o sector atravessa uma fase de organização para a constituição de uma entidade que os represente. “O sector de distribuição necessita neste
momento de uma associação totalmente privada, uma vez que o Estado detém a maior cadeia de distribuição no mercado nacional.” Para o economista, o Estado deixou de assumir o papel de distribuidor, passando neste momento a ser assumido maioritariamente pelo comércio informal e, consequentemente, pelos comerciais, fenómeno que tem vindo a crescer dia após dia. No seu entender, quem comanda a distribuição no País não é a grande distribuição, que, segundo o mesmo, não resolve 5% da distribuição em Angola. Em vez disso, este processo fez com que alguns empresários continuassem a investir no País, enquanto a maior parte dos investidores acabaram por não resistir ao mercado. “Os interesses da distribuição moderna são muito diferentes do comércio precário”, admitiu Carlos Cunha, avançando, que, “neste caso, deveríamos criar uma estratégia do médio prazo, criar uma associação virada para a distribuição moderna e para a grande distribuição”. Carlos Cunha mostrou-se, no entanto, satisfeito com o interesse do Governo em querer actuar no consumo e na produção nacional, enfatizando, contudo, que “o mesmo não deve penalizar quem já paga 65% da quota no mercado”. “Nós temos de ser competitivos na região e temos de dar incentivos para quem investe neste País. Queremos concorrência, mas uma concorrência leal.” O economista acrescentou que as empresas que surgem de forma desleal não estão somente a fazer concorrência desleal à produção nacional, mas também às empresas que agem honestamente no mercado. Para isso, Carlos Cunha acredita que, além da criação da associação de grandes empresas, há também a necessidade de se criar uma associação de pequenos comerciantes. Por sua vez, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, disse que a criação de uma associação dentro do sector será benéfica e fará com que o mercado seja mais interactivo e com maior participação social, desde que a mesma cumpra com as normas impostas às associações já existentes. Na sua intervenção, José Severino apontou alguns constrangimentos enfrentados pelos empresários nacionais no que toca ao investimento nacional, encorajando-
Áreas de intervenção da APED GOVERNO • Audições periódicas com membros do Governo e gabinetes • Participação em grupos de trabalho • Consultas sobre legislação • Defesa das posições sectoriais • Assento em comissões e conselhos consultivos e estratégicos • Resposta a consultas oficiais • Sensibilização do Governo em matérias de direito laboral ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA • Intervenções em audições parlamentares • Resposta a consultas oficiais • Reuniões com grupos parlamentares e deputados SINDICATOS • Negociação do contrato colectivo de trabalho • Manutenção de um diálogo conciliador com os sindicatos AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE • Contribuir para a melhoria do desempenho ambiental e social do sector • Contribuir para a inovação do sector e para uma economia eficiente na utilização dos recursos ALIMENTAR • Intervir em processos legislativos, a nível nacional e europeu, em matéria de rotulagem e higiene e segurança alimentar e apoiar a sua implementação • Participar activamente no debate em torno das relações na cadeia de abastecimento alimentar ASSUNTOS FISCAIS • Intervir junto das autoridades competentes nos assuntos relacionados com o cumprimento das obrigações fiscais • Contribuir para a resolução das questões com que as empresas se defrontam em matéria de fiscalidade SEGURANÇA NO PONTO DE VENDA • Reforçar ligação operacional entre empresas e forças de segurança • Desenvolver mecanismos de partilha de informação sobre segurança entre as empresas associadas RECURSOS HUMANOS • Tratar os assuntos relacionados com o cumprimento das obrigações laborais e apreciar os problemas com que as empresas se defrontam em matéria laboral • Promover o diálogo social com os sindicatos contribuindo para um debate sustentável e conciliador CARTÕES DE PAGAMENTO • Efectuar diligências junto das autoridades competentes visando o objectivo de tornar o mercado de cartões de pagamento concorrencial • Promover a disseminação e utilização de novos meios de pagamento
-os a continuarem a investir no País. “O País tem muitos constrangimentos e, para nele se investir, atravessa-se riscos. Por isso, é preciso que haja o encorajamento entre os empresários, com vista a não deixar falir quem já investe no País” salientou. Se, por um lado, existe a necessidade de se criar uma associação privada na área de distribuição, por outro, existe uma vontade do Governo de desenvolver os pequenos comerciantes, dando oportunidades à classe empresarial, desde que os mesmos estejam legalmente no mercado. Foi desta forma que o director-geral da Alimenta Angola, Luiz de Mattos, interveio no debate, acrescentando que, “representados por uma associação, passa a ser papel da mesma trazer os pequenos comerciantes para junto das empresas que fazem o mercado nacional”. Ponto quente durante o debate foi, também, a questão relacionada com os assuntos fiscais e impostos, a propósito da entrada em vigor da nova pauta aduaneira, adicionando a esta as análises laboratoriais obrigatórias levadas a cabo pela Bromangol. Estando todos de acordo que é necessário dar um impulso à produção nacional, os valores em causa foram discutidos, afirmando Carlos Cunha, para o efeito, que “o que se está a pretender fazer é dar mais força a quem já tem muita força”. “De certa forma, o que se está a fazer é um assalto a quem quer prosseguir com uma actividade profissional e que no fundo torna acessíveis os produtos de bens de grande consumo à população.” E, para confirmar o peso do sector da distribuição moderna no País, os números apresentados foram bastante elucidativos: dos 100 maiores contribuintes, depois dos 26 primeiros lugares, detidos por petrolíferas e diamantíferas, o primeiro contribuinte não pertencente a esta “classe” é um retalhista – Maxi.
A directora-geral da APED veio de Portugal explicar como funciona uma associação da distribuição moderna
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
distribuição /conferência
As imagens da conferência
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A conferência organizada pela revista Distribuição em Expansão juntou vários profissionais do retalho e produção a actuar no mercado angolano. No final da tarde e a culminar a conferência, houve ainda espaço para um cocktail de apresentação oficial da revista. Ficam aqui as imagens do evento
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distribuição /Os + ricos ...
E os mais ricos são… Existem sectores que se destacam dos outros pela sua relevância no nosso dia-adia. E basta ver a mais recente lista dos multimilionários da revista norte-americana Forbes para descobrir onde estão os mais ricos do planeta e que empresas detêm. >> texto: Victor Jorge
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
A
importância do sector do retalho e produção, seja de bens alimentares ou não alimentares, nas economias é confirmada pela presença de nomes ligados às operações dos maiores players da distribuição mundial e fabricantes na mais recente lista dos multimilionários da revista norte-americana Forbes.
Outro dos aspectos a destacar nesta listagem, elaborada anualmente, é que a mesma era, antigamente, constituída maioritariamente, senão exclusivamente, por nomes europeus e americanos. Hoje em dia, é possível verificar que, cada vez mais, aparecem nomes originários de outras geografias. Países como Japão, China, Índia, Brasil,
México, Chile, África do Sul aparecem em cada vez maior número e basta ver que, a liderar a lista há alguns anos não está um norte-americano ou europeu, mas um mexicano, Carlos Slim. Destaque ainda para o facto de Isabel dos Santos – apesar dos negócios não se inserirem exclusiva e maioritariamente no negócio do retalho – aparecer não
só como primeira mulher angolana, mas como primeira mulher africana a constar na lista da Forbes. A actual incerteza económico-financeira vivida em todo o mundo não deverá alterar de forma significativa este actual ranking, até porque para quem consta dele, o que são uns poucos milhões?
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distribuição /promoções no retalho
Qual é o segredo para executar uma boa promoção no retalho? Actualmente, a palavra certa para esta pergunta será personalização. Ou seja, todo o consumidor é único e quer ser reconhecido como tal.
Promoções no retalho: olhos postos na personalização >> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.
O
s retalhistas que desenvolveram promoções personalizadas obtiveram reacções, no mínimo, curiosas, e isso não se deve somente ao esforço que é investido em várias vertentes. Deve-se, também, e sobretudo, à precisão: a história de um consumidor a entrar num supermercado nos EUA a perguntar por que razão a sua jovem filha estava a receber cupões de desconto para produtos de bebé prova como é que a análise pode ajudar a personalizar esta estratégia e fazer com que a campanha seja direccionada ao alvo certo. De uma forma simples: é vantajoso conhecer-se o cliente, e isso literalmente. De acordo com números avançados pelo Harvard Business Review, a personalização das campanhas pode dar cinco a oito vezes mais retorno que os custos com marketing, além de poder aumentar as vendas em 10% ou mais. Desenvolvidas de forma adequada, as promoções personalizadas com base em dados analíticos deverão estar no topo das prioridades de qualquer player. Eis algumas sugestões para colocá-las em prática: •E scolha uma solução de análise que recolha os dados de que necessita: Recolher dados relativamente ao cliente
e compra em diversos pontos de contacto no retalho é actualmente crucial – no fim, os consumidores omnicanal compram em lojas, websites e nos telemóveis. É importante que o parceiro escolhido possa intervir a qualquer
momento nos dados recolhidos de todas as fontes e efectuar as ligações certas para o consumidor. Conseguir esses dados com rapidez e de forma eficiente é meia batalha ganha nas promoções personalizadas.
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
• Explore preços personalizados: O facto de existirem tantos canais de compra também adiciona pressão extra sobre os retalhistas para manter consistência – ajudando, contudo, a experiência do retalhista. Cerca de 49% dos retalhistas revelam que praticam preços diferentes em canais diferentes, trazendo luz sobre um novo ângulo de abordagem às promoções personalizadas. Os retalhistas podem agora personalizar os preços de acordo com os hábitos e história de compra. • SoLoMo: Social, local e móvel são três das palavras-chave no mercado do retalho. São, igualmente, meios importantes para os quais as promoções personalizadas devem ser desenhadas. As promoções personalizadas para os media sociais encorajam os consumidores a partilhar ofertas e estabelecer ligações/relações de modo a beneficiar delas; as promoções localizadas oferecem promoções especiais ou únicas a uma comunidade com base no comportamento colectivo ou padrões de consumo; e as ofertas móveis atingem o consumidor que está sempre ligado e que pode comprar e tirar partido das promoções personalizadas, literalmente, a cada momento.
distribuição /a classe média em Angola
O que esperar do consumidor angolano até 2020 O mais recente estudo sobre tendências de consumo em África, da consultora internacional McKinsey & Company, “The Rise of the African Consumer”, prevê crescimento económico acelerado até 2020 e inclui Angola nos 10 maiores de África. Há uma inquietação de analistas sobre como a classe média no nosso País vai seguir as tendências do estudo. >> texto: António Pedro >> fotos: D.R.
A
ngola figura no top 10 de um total de 53 países no contexto de mercado africano que em 2011 concentraram 81% do consumo privado, face às oportunidades de negócios proporcionadas pelos seus próprios mercados, atesta o mais recente estudo “The Rise of the African Consumer”, da consultora McKinsey & Company. A oportunidade de mercado em África
está concentrada num núcleo restrito de países, onde Angola desponta com uma taxa de 46% de consumidores na compra de vestuário de moda, de conhecidas marcas internacionais, ocupando assim a quarta posição do top 10 africano. Quanto à preferência dos consumidores angolanos na compra de alimentos (mercearia) com marcas internacionalmente conhecidas, a taxa fica em 26%, na sétima posição do top 10 do estudo da con-
sultora. Na prática, 10 de 53 países, nomeadamente, Argélia, Angola, Egipto, Gana, Quénia, Marrocos, Nigéria, África do Sul, Sudão e Tunísia, contabilizam 81% do consumo alimentar e não alimentar de África em 2011. Em Angola e na Nigéria, países com tendências de consumo diferentes quanto ao vestuário de marcas internacionalmente conhecidas e à escolha de alimentos, o
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
que atrai mais consumidores às prateleiras de retalho alimentar e não alimentar, incluindo o especializado, fenómeno que prevê manter tendência, não é a relação directa preço e qualidade, mas, sim, o ambiente da loja e o design (layout). Na prática, estes são os dois factores mais importantes que determinam a escolha de uma loja e fidelização dos consumidores. Esta é, na verdade, uma oportunidade
Taxa (%) de optimismo no futuro de África
97
Gana 55 Nigéria
74
Senegal
73
Angola
71
Etiópia
71 66
África do Sul 52
Quénia 29
Argélia
Os africanos North do Norte são Africans menos are far less optimistas optimistic
23
Egipto 12
Marrocos
Fonte: McKinsey’s Africa Consumer Insights Center “The rise of the African consumer”
significativa para o mercado do retalho Rise and Rise of the Afrimoderno, especializado ou não, earning no qualmorecan Middle Class”, focado nsumption growth will come from households than $20,000 a year. as empresas podem aproveitar a gritante no consumidor, revela que falta de imóveis adequados aos perfis de a classe média em África Share of total positive growth within each income bracket y income bracket negócios. mais do que duplicou nos %, 2011–16 6 Quanto ao crescente consumo>$20,000 em Áfriúltimos 20 anos, preven$10,000–$20,000 ca, do qual Angola do-se que em 2060 possa CAGRé1 parte integrante e no $0–$5,000 $5,000–$10,000 top 10, é maior2% do que na Índia ou Rúsatingir os 42% de toda a $0–$5,000 2% sia, pois aumentou para 568 mil milhões população mundial, ou USD de 2000 para 2010. A 100 aceleração do100 seja, 1,1100mil milhões de 1 crescimento económico de África, depessoas. 6 6% >$20,000 6% 19 pois do ano 2000, fez do continente a seNisto, surgem as inquieta40 $5,000– 50 4% 4% gunda região do mundo que mais cresce ções de analistas sobre que $10,000 depois da Ásia emergente e equilibra-se tendências no longo prazo $10,000– 5% 5% 22 $20,000 em relação ao Médio Oriente. afectarão ou não o perfil 25 74 As previsões da McKinsey 18 & Company da classe média em Angola. apontam que, desde 2012 até 2020, o No caso angolano, o crescimento da clas24 20 consumo voltado para produtos indusse média, e outras, ficou quase destruído 0 triais acabados, como vestuário, bens de pelo modelo socialista e fuga de quadros 08 2012 2016 South Africa2 Africa Nigeria consumo e alimentos, deve crescer mais de 1975 a 1992, segundo o presidente da 410 mil milhões USD, umlow-income boom nun-consumers, Associação Industrial Angolana. rity of African de consumption still comes from en by higher-income ca antesgroups registado em África. José Severino diz que o tecido social, da classe média e outras, começa a reate. Classe média em Angola constituir-se com chefias dos órgãos de group is projected to show negative growth over the period. me Distribution Database; McKinsey Global Institute; McKinsey analysis Um estudo da consultora Deloitte, “The soberania, instituições e empresas públi-
A oportunidade de mercado em África está concentrada num núcleo restrito de países, onde Angola desponta com uma taxa de 46% de consumidores na compra de vestuário de moda
cas, bem como de bancos, seguradoras e empresas petrolíferas, distribuição, de serviços e tecnológicas e grandes empresas comerciais e industriais, e profissões liberais e pequenos operadores económicos. Nesta vertente, o presidente da Associação Angolana dos Direitos do Consumidor, Diógenes de Oliveira, assume que neste sentido o consumidor mais exi-
Top 10 – Países com maior taxa (%) demográfica
Preferência na compra de vestuário de moda de marcas internacionais conhecidas
Preferência na compra de marcas de alimentos (mercearia)
África
África
14 1417
29
Nigéria
11
Nigéria
Gana
11
Senegal
África do Sul
12
Quénia Senegal Angola Egipto Argélia Etiópia Marrocos
17
38
24
59
45 34 28
30
África do Sul
14 14
22
Gana
16 15
18
Egipto
14 14
36 34
34 46 Quénia
50
99
Angola
63
Etiópia
65 74
Marrocos
32
18
30
21 1924
12 11 44 4 8
3 26 14
25
Sempre que possível Frequentemente
Fonte: McKinsey’s Africa Consumer Insights Center “The rise of the African consumer”
58
gente é o da classe média/alta, porque detém de informação e sabe os seus direitos como consumidor, aliás, “está mais bem informado”. “Esperemos que daqui a 5, 10, 20, 30 ou até mesmo 50 anos não existam, em termos de consumo, consumidores de alta, média e baixa classe, segundo o modelo actual, nem que haja mais hipossuficiência por parte dos mesmos”, vaticinou Diógenes, pois acredita que nesta altura, independentemente de classes sociais, todos saberão os seus direitos dentro da relação jurídica de consumo. Sustenta a lógica de que tudo começa a partir da educação, formação e informação a todos os níveis, e porque cabe ao Estado desenvolver acções visando adoptar medidas tendentes a estes pressupostos, apoiando também as associações de defesa dos consumidores, conforme estipula a Lei de Defesa do Consumidor (Lei n.º 15/03, de 22 de Julho). Severino, quanto à consensualidade, ou não, de que um aumento da classe média significa também mais necessidade de bens de consumo e serviços, indica que os sectores de actividade/bens de consumo que deverão/poderão ter maior procura recaem em residências, automóveis, mobiliário e electrodomésticos. Na perspectiva do gestor dos industriais, não ficam de fora o ensino e a educação dos filhos, saúde familiar, seguros, restauração, diversão e viagens, alimentação e vestuário. Entretanto, adverte que, para responder à crescente evolução da classe média em Angola, por integrar África mencionada no estudo da Deloitte, é preciso “eliminar os factores tóxicos da nossa economia para se melhorar o índice de competitividade, que é muito mau”. #17
Distribuição em Expansão • Abril 2013
ADN da Distribuição
Gene 2
Expansão/ Internacionalização
A José António Rousseau, Docente, consultor e especialista em Distribuição Moderna www.rousseau.com.pt
“
“A expansão é o oxigénio da distribuição”
expansão, o acto de desenvolver e ampliar a rede física de lojas de uma empresa, é o oxigénio da distribuição. Como o Universo, a natureza desta expansão é igualmente isotrópica, isto é, possui as mesmas características ou propriedades independentemente da direcção seguida, é cada vez mais acelerada e também não terá fim. Expandir é crescer organicamente, aumentando o número de lojas e alargando a implantação da empresa a novas regiões dentro do mesmo país ou para outros países, designando-se neste caso a expansão por internacionalização. Não o fazer, isto é, a empresa parar ou estagnar a expansão, será equivalente a uma sentença de morte. E a partir do momento em que se pare a expansão, a morte será uma questão de tempo. Diz a sabedoria popular que “parar é morrer”, e na distribuição é a mais pura das verdades. Não acredito na subsistência dos negócios retalhistas, sejam quais forem os formatos, que estejam limitados a uma única localização ou ponto de venda. Por melhor que seja esse negócio, em termos de vendas ou de rentabilidade, a tendência inelutável será a sua progressiva queda até que se torne impossível a sua continuidade. Tudo se reduz a uma questão de diferença entre proveitos e custos. No início, tudo parece estar bem, porque em regra os proveitos superam os custos. Mas, com o decorrer do tempo, a inflação, o aumento dos custos operacionais e a pressão da concorrência irão retirar espaço de manobra a essa única loja, provocando a progressiva redução das vendas e a consequente erosão das margens e da rentabilidade. Chegarse-á a um ponto de não retorno, em que os custos totais ultrapassarão as receitas, e a partir desse momento pouco ou nada haverá a fazer se não existir expansão e a loja continuar orgulhosamente só no mercado. Este é o processo característico de grande parte do comércio independente que fica preso apenas à sua primeira e única localização e que desconhece o primeiro dos mandamentos da distribuição: Só aqueles que abrirem o seu coração à expansão poderão sobreviver. E mesmo esta por si só nada garante. O presente e, cada vez mais, o futuro pertencem às cadeias e redes de distribuição. É uma questão de escala e de dimensão crítica mínima, entendendo-se por esta o nível de negócio e o patamar de expansão abaixo dos quais a empresa não possuirá as condições de sobrevivência adequadas para sobreviver no mercado em que está a competir. Sem ganhar essa escala, que pode ser regional, nacional ou internacional, nenhuma empresa comercial pode garantir o seu futuro. Mesmo em situações de crise, e principalmente nestas, só o crescimento orgânico permite equilibrar os balanços das empresas e retirálas do vermelho. Só a expansão permitiu, por exemplo, à Tesco e à Wal-Mart, em pleno período crítico de 2009, crescerem 6,1% e 3,4%, respectivamente, para não falar nos anos anteriores à crise financeira, em que atingiram ambas crescimentos de vendas de dois dígitos! (Só a Wal-Mart abriu 158 novos Supercenters em 2009.) E se recuarmos no tempo, no ano 2000, as mesmas empresas realizavam cerca de 15% das suas vendas fora do Reino Unido, e hoje dobraram esse valor, realizando já 30%. O mesmo se pode dizer da portuguesa Jerónimo Martins, que apenas com a sua Biedronka polaca já consegue facturar mais de metade das suas vendas fora de Portugal. De um modo geral, quer no mercado norte-americano quer no europeu, as vendas estão estagnadas, com crescimentos irrisórios ou mesmo negativos. Em 2009, e na Alemanha, por exemplo, o grupo Metro desceu -3,6% das suas vendas em geral e -7,6% só no segmento
#18
Distribuição em Expansão • Abril 2013
do cash and carry. Também em França, o mercado geral teve crescimentos negativos de -0,6%. A insígnia Systeme U, que só opera no mercado francês, teve 0% de crescimento, enquanto o Carrefour decresceu -2,8%, contudo, na América Latina e na Ásia esta insígnia conseguiu crescer 14,6% e 8,8%. De facto, nestas circunstâncias, só a expansão internacional permite às empresas crescer. E esta pode efectuar-se através de várias modalidades, tais como as implantações autónomas, em que a empresa suporta todo o esforço da sua expansão mas também controla totalmente o processo. É o processo preferido pelas empresas de grandes formatos, como a IKEA ou o El Corte Inglés, e também pelos discounters, como, por exemplo, a Biedronka na Polónia ou a LIDL e ALDI, que entraram em Portugal desta forma. Aliás, só as empresas discount que se expandiram para fora do mercado alemão terão condições de sobreviver nos próximos anos, não sendo por acaso que, e por semana, a ALDI abre uma média de cinco novas lojas, e a LIDL abre oito. Uma outra modalidade de expansão consiste em adquirir uma empresa concorrente já existente no mercado através de uma acção de concentração que, podendo ficar mais cara e tendo o ónus burocrático da necessária autorização das respectivas autoridades de concorrência, permite, contudo, poupar tempo e garantir a estabilidade da operação mais rapidamente. Foi assim que fizeram, em Portugal, a Auchan, quando adquiriu o Pão de Açúcar, ou a Sonae, quando comprou as lojas do Carrefour, ou a JM, quando ficou com as lojas da PLUS. Uma outra forma de expansão é através da constituição de joint ventures entre duas empresas do mesmo país ou de países diferentes que permite dividir o esforço de investimento e reduzir os riscos da expansão internacional. Esta forma é a preferida por alguns dos grandes formatos, nomeadamente hipermercados. Desta forma entraram a Promodés e o Euromarché, em Portugal, em associações com a Sonae e com o BES, que hoje já não existem. Porém, a forma mais rápida e mais barata de expansão quer nacional quer internacional faz-se através das franquias de distribuição, principalmente nos segmentos não alimentares. Porém, também as empresas alimentares começam agora a olhar com mais atenção para este sistema comercial (Dia/Minipreço e Sonae), ainda que, e desde sempre, o Leclerc e o Intermarché tenham privilegiado a sua expansão através de um sistema semelhante à franquia: o sucursalismo. De um modo geral, as empresas, em função das características do mercado onde estão a operar ou para onde querem entrar, escolhem a modalidade que melhor servirá, caso a caso, os seus interesses. A gigante Wal-Mart, por exemplo, tanto utiliza as implantações autónomas como a aquisição de concorrentes, tal como a Mercadona em Espanha, que, apesar de restrita apenas ao mercado espanhol, tem aberto a um ritmo de 50/60 novas lojas por ano, o que lhe permite aguentar a crise e crescer, pelo menos, 1%. Mas talvez o melhor exemplo de uma empresa que nos dias de hoje provavelmente já não existiria ou estaria reduzida a uma humilde posição seja o da Delhaize le Lyon, que, no seu país de origem, a Bélgica, realiza apenas 23% das suas vendas, enquanto faz, em seis outros países, o remanescente, com particular destaque para os EUA, que só por si representam 69% do total das vendas da empresa. Mesmo em situações de crise como a que hoje se vive na Europa, expansão ou morte é o mote da distribuição. E quando o mercado doméstico deixar de o permitir, haverá que sair para outros, dando o salto da internacionalização. Ontem, hoje e sempre, será assim.
produção
/Ana Bastos, business unit manager da Intermarcas
“A Intermarcas estrategicamente não estará focada no mercado informal” Tendo “ganho” recentemente a importação e distribuição exclusiva da marcas da multinacional Unilever, a business unit manager da Intermarcas, Ana Bastos, revelou, em entrevista exclusiva à Distribuição em Expansão, que o focus da empresa é ter no portfólio marcas de prestígio.
>> texto: Victor Jorge >> fotos: Edson Chagas
N
um mercado em constante desenvolvimento e mutação, a Intermarcas estabeleceu, recentemente, uma parceria com a Unilever para a importação e distribuição dos produtos da empresa anglo-holandesa para o mercado angolano. O primeiro passo é dado com o dentífrico Pepsodent, mas em breve outras marcas da Unilever se seguirão. Distribuição em Expansão: A Intermarcas vai passar a importar e distribuir a marca Pepsodent, pertencente ao universo Unilever. Como chegaram a esta parceria e o que representa para a vossa empresa?
Ana Bastos: A Intermarcas tem o prazer de relançar a marca Pepsodent, uma marca de prestígio e já conhecida pelo consumidor angolano. Somos uma empresa focada na distribuição moderna, de produtos e marcas de qualidade. Temos uma relação muito próxima com a Unilever para gerir parte do portfólio em Angola. Representamos algumas marcas conhecidas, tais como Omo, Skip, Planta, Blue Band, Cif, Sunlight, Lux, Comfort, Lifebuo, Domestos… e, claro, Pepsodent. Esta parceria surge, fundamentalmente, da vontade que ambas as empresas têm de contribuir para o crescimento e desenvolvimento do mercado angolano.
Que importância tem para a Intermarcas contar com um produto do portfólio da Unilever? Trata-se de uma importação/distribuição entregue em exclusivo à Intermarcas no mercado angolano? O focus da Intermarcas é ter no portfólio marcas de prestígio, que agradem ao consumidor angolano. A Unilever em Angola tem marcas fortes e de qualidade indo ao encontro desta estratégia. Quais foram as exigências da Unilever para a Intermarcas passar a importar e distribuir a Pepsodent? É um projecto que está a ser desenvolvido em conjunto. Está a ser trabalhado em parceria, e, neste caso, no relançamento da Pepsodent. O consumidor angolano já usa o nome da marca, como um nome genérico da categoria de produtos dentífricos. O trabalho da Intermarcas será disponibilizar e realçar a marca dando a conhecer a qualidade da mesma no mercado angolano. De onde é importado o produto? A Unilever é uma multinacional presente em vários continentes. Os produtos podem ser provenientes de vários países, respeitando sempre os mais elevados padrões de qualidade que estão sempre associados às marcas da Unilever.
#20
Distribuição em Expansão • Abril 2013
pág.
22
Produção de banana nacional aumenta 67%
Aposta na comunicação
forte componente educacional junto do consumidor. A componente educativa neste relançamento é de grande importância. A educação da higiene oral será um aspecto a ter em conta para que a população possa sorrir de forma saudável.
Este produto já existia no mercado angolano. O que é que a Intermarcas vai fazer de diferente e melhor que o anterior importador/distribuidor? O tempo o dirá. A distribuição da marca da Unilever será feita a nível nacional? Como? A estrutura actual da Intermarcas garante uma distribuição regular em todo o mercado angolano das marcas da Unilever. O relançamento de Pepsodent será suportado por campanhas above the line (actividades promocionais que utilizam os meios de comunicação de massa como imprensa; televisão; outdoors; rádio; cinema; Internet) e bellow the line (técnica de propaganda que utiliza a comunicação fora dos media como marketing de relacionamento; sponsoring, licenciamento; relações públicas; salões, feiras, exposições; promoções; Internet).
Este é um mercado com fortes possibilidades de crescimento, ou trata-se de um mercado de alguma forma já maduro? Este é um mercado em constante desenvolvimento e mutação. E como analisam este mercado angolano? Há muita concorrência? A concorrência neste tipo de mercado, se considerarmos o mercado formal, assenta em dois ou três players, em que a Pepsodent assume um lugar de destaque. Recentemente houve a discussão relativamente às taxas aduaneiras que poderão/irão onerar demasiado os produtos importados. Este tipo de produtos está abrangido? E que tipo de aumento poderá ser aplicado caso as taxas aduaneiras entrem em vigor? As taxas correspondem unicamente a produtos alimentares e a bebidas. Neste caso, os produtos dentífricos não estão abrangidos.
Quais os canais preferenciais para a venda de Pepsodent e como vão comunicar a marca? Programámos uma campanha que irá cobrir os vários canais de distribuição com SKU específicos para cada canal, tendo em conta as especifidades dos mesmos. Que investimentos efectuaram ou irão efectuar nessa comunicação/promoção? E que tipo de comunicação/promoção irão levar a cabo nos diversos pontos de venda? Neste momento não podemos partilhar dados de investimentos, no entanto, acrescentamos, porém, que em Angola os estudos indicam que o ambiente de loja, layout, arrumação de produtos, e conveniência são os factores mais importantes na escolha do consumidor. Serão, portanto, estes os valores que iremos levar em consideração, dando maior destaque promocional ao produto. Existe alguma estratégia diferenciada para a distribuição moderna e para o canal informal? A Intermarcas tem uma estratégia específica e portfólio para a distribuição moderna, onde iremos distribuir o formato básico com valor acrescentado, oferecendo assim ao consumidor e ao negócio uma vasta gama de artigos. A Intermarcas estrategicamente não estará focada no mercado informal.
Educar o consumidor Que tipologia de embalagem irão comercializar no mercado? E que tipo de referências irão estar disponíveis no mercado angolano?
Unilever e não só
O estado de maturação actual do mercado angolano tem características próprias de packaging que estão a ser consideradas na gama de produtos, nomeadamente, aposta em formatos mais pequenos. Em termos de consumidor, como caracterizariam o consumidor angolano deste tipo de produtos? O consumidor angolano é um consumidor brand addict. O mesmo é muito aberto a inovação e variedade. O consumo per capita tem vindo a aumentar, sendo esta uma excelente oportunidade
de crescimento. E 72% da população tendencialmente consome marcas de qualidade e já com expressão no mercado. O consumidor prefere estas marcas às que estão associadas a preço baixo. Existe de alguma forma uma exigência em chamar a atenção para a necessidade de utilização deste tipo de produtos junto da população? O mercado angolano está em constante desenvolvimento e crescimento. Esse mesmo desenvolvimento passa por uma
Oferta Pepsodent no mercado angolano Pepsodent Total Protection Cavity Fighter 35 g/25 ml Pepsodent Total Protection Cavity Fighter 65 g/50 ml Pepsodent Total Protection Cavity Fighter 175 g/125 ml Pepsodent Total Protection Complete 8 Action (NI) 130 g/100 ml Pepsodent Total Protection Complete 8 Action White 130 g/100 ml
O universo Unilever é muito vasto e abrange diversas categorias de produtos. Existe a possibilidade de a Intermarcas importar e distribuir mais produtos da Unilever? Quais? O principal objectivo da Intermarcas é fazer chegar ao consumidor um forte portfólio de marcas em várias categorias. Algumas serão marcas da Unilever como nosso parceiro estratégico, no entanto, iremos ter outras parcerias internacionais. Quais são essas outras parcerias internacionais que irão ter? De momento não posso revelar as parcerias internacionais que irão estar disponíveis no portfólio da Intermarcas. Existe alguma possibilidade de esta parceria extravasar a fronteira angolana e a Intermarcas distribuir os produtos da Unilever para outros países? Estão a ser considerados outros países emergentes africanos onde o grupo está a operar há mais de 23 anos com vasta experiência. Fazendo futurologia, o que seria um bom resultado para esta parceria dentro de um ano? Clientes e consumidores felizes. #21
Distribuição em Expansão • Abril 2013
produção /feira da banana
Produção de banana nacional aumenta 67% O valor da produção nacional de banana em 2012 registou um aumento de 34,6 mil milhões Kz sobre o total da facturação de 2011, isto no comércio feito no campo pelas empresas agrícolas familiares e empresariais. O ganho registado está essencialmente ligado ao aumento de 47,9% do preço da banana, desproporcional à produção, que cresceu 13%.
>> texto: António Pedro >> fotos: César Magalhães
O
mercado nacional da banana atingiu uma facturação de 86,1 mil milhões Kz (cerca de 896,5 milhões USD) no ano passado, segundo dados do Ministério da Agricultura, justificado pelos produtores pela subida do preço em função de vários factores que a revista Distribuição em Expansão aborda nesta matéria. Na prática, o preço da banana por quilograma deixou a “casa” dos 19,44 Kz para crescer a uma taxa de 47,9%, traduzindo-se num ganho adicional de 9,33 Kz, o que proporcionou aos produtores uma venda aditiva de 34,6 mil milhões
Kz (360,7 milhões USD) em relação ao total da facturação da campanha agrícola 2010/2011. A área de 112,2 mil hectares destinada em todo o País para a produção da banana, cresceu apenas 13% em 2012, representando, em termos absolutos, um aumento de 189,6 mil toneladas, o que proporciona ao País uma produção anual de 3 milhões de toneladas, contra os 2,5 milhões de toneladas de banana de 2011. A banana é o principal produto da fileira das fruteiras em Angola e representa 83% neste segmento, enquanto os 17% compostos por citrinos, mangueiras, ananás e
1. Volume e valores da produção de banana (2010/2011 – 2011/2012) Produção (toneladas)
2010/2011
2011/2012
2 646 073
2 991 454
Preços (Kz/kg)
19,44
28,77
Valor da produção (milhões Kz)
51 439
86 067
Fonte: Ministério da Agricultura de Angola
2. Indicadores segmentados da produção de banana Período agrícola
2010/2011
2011/2012
Área total de cultivo (ha)
112 295
128 392
Produtividade (kg/ha) de EAF*
22 941
24 136
Produtividade (kg/ha) de EAE**
31 714
30 880
Área colhida (ha) EAF e EAE
104 750
115 749
Produção total (toneladas)
112 295
128 392
Legenda: * Empresas Agrícolas Familiares ** Empresas Agrícolas Empresariais Fonte: Ministério da Agricultura de Angola
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
abacateiro representam, juntos, um total de 614,4 mil toneladas face ao global de 3,6 milhões de toneladas. Na campanha agrícola 2011/2012 (o ano agrícola inicia oficialmente em Setembro e termina em Agosto, todos os anos), as empresas familiares colheram 93% dos 166,6 mil hectares em exploração, ao
passo que as empresas agrícolas empresariais atingiram 96% de colheita dos 45,8 mil hectares que exploraram, em relação a banana. João Macedo, administrador da Agrolíder – uma empresa que opera na área da fruticultura – avançou à revista Distribuição em Expansão, durante a seg-
3. Oferta per capita de banana por província Província
unda edição da feira da banana, realizada em Março na província do Bengo, que as empresas modernas melhoraram as técnicas de produção, facilitando, sobremaneira, a distribuição com padrões similares aos da Europa. Nesta vertente, as empresas agrícolas empresariais superaram a produtividade, no ano passado, em termos absolutos, ao adicionarem à sua produção 7 mil quilogramas por hectare face ao total das empresas agrícolas familiares, conforme ilustra a tabela 2.
População estimada
Kg per capita/ano
Cabinda
394 620
644,4
Zaire
354 627
444,9
Aumento do preço
Uíge
945 196
305,9
Manuel Monteiro é um empresário com credibilidade na abordagem do mercado
NORTE
Malanje
653 618
76,5
Kwanza-Norte
330 979
192,1
Bengo
308 333
694,3
Luanda
5 046 323
2,1
Lunda-Norte
684 417
73,1
Lunda-Sul
342 063
89,3
nacional de produção de banana. É gestor da FertiAngola – uma das empresas mais prósperas na produção de banana, sediada em Benguela. O considerado “rei das bananas” – assume-se como pioneiro da inovação na plantação de banana no País, desde a importação de plantas, a forma de irrigação e processamento completo desde a colheita, embalagem e maturação – assegura que o preço da banana nos mercados de produção não é caro, mas, sim, nos mercados de distribuição, formal e informal, onde Luanda desponta como maior consumidor. Contudo, actualmente existem certos factores a nível das empresas agrícolas empresariais que concorrem para um ligeiro aumento de preços, “mas sem peso, nos mercados produtores, para os compradores tradicionais”, explica. A título de exemplo, aponta o empresário de Benguela, embalagens para bananas, caixas de papelão, são importadas, bem como meios agrícolas para melhorar as técnicas de cultivo, e têm custos alfandegários. Refira-se que Benguela é a maior produtora de banana em Angola, com uma taxa perto de 20% do total nacional de 3 milhões de toneladas. No entanto, quanto ao consumo per capita anual por quilograma, Benguela, a terceira província mais habitada de Angola, depois de Luanda e Huíla, tem uma produção que lhe permite um indicador de 538,9 kg/ por pessoa ao ano para um universo de 1,7 milhões de habitantes, mas ocupa a terceira posição do ranking de 18 províncias. Bengo e Cabinda lideram o ranking, enquanto Luanda, a província com maior número de consumidores, perto de 5,04 milhões de habitantes, ocupa a última posição face à sua produção, que se reflecte em 2,1 kg per capita/ano.
Contribuição percentual da cultura da fileira das fruteiras em Angola (%)
CENTRO Kwanza-Sul
1 198 758
491,5
Benguela
1 726 057
538,9
Huambo
1 443 388
70,6
Bié
1 003 042
90
493 019
84,8
Huíla
1 818 382
22,2
Namibe
324 673
134,8
Moxico sul
Cunene
570 918
37,8
Kuando Kubango
353 619
34,6
Fonte: Ministério da Agricultura de Angola
Fonte: Ministério da Agricultura de Angola
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
opinião
A nova Pauta Aduaneira H
á muito que não se falava tanto da Pauta Aduaneira como nestas últimas semanas e em função de ela estar prestes a ser aprovada pela Assembleia Nacional, presumindo-se que tal possa suceder exactamente nestes dias. Mas, se aprovada, devem os leitores saber que o que se vai decidir num dia é o corolário de um trabalho de muitos meses que a Direcção Nacional das Alfândegas (agora Serviço Nacional) desenvolveu em estreita colaboração com todos os sectores da economia, quer empresariais, estatais e privados, quer com os governamentais, com destaque para gabinetes de planeamento e direcções nacionais e direcções provinciais e despachantes, com participação muito intensa de associações empresariais, nacionais e locais, e centrais sindicais. As expectativas são grandes, em particular pelas empresas do ramo produtivo, que entendem ser hora de a pauta ser mais imperativa perante a agressividade do comércio internacional e até perante a presunção de subfacturações e mesmo de dumping por alguns exportadores em vários produtos, empresas que, por força da estagnação ou mesmo recessão económica em seus países, precisam a todo o custo de exportar para poderem sobreviver. A AIA definiu desde logo a sua estratégia baseada muito em discussões havidas para a pauta em vigor desde 2007 e agora em vias de ser mandada para o arquivo histórico do actual SNA, que em restruturação e modernização desde 2005 é hoje ente de prestígio no concerto da Organização Mundial das Alfândegas. Essa estratégia da AIA tem pilares mais robustos nos seguintes princípios e com alguns exemplos que citamos para se clarificarem os pensamentos: – Agravar taxas ao máximo compatível com preceitos recomendáveis pela Organização Internacional do Comércio, lá onde há capacidade e recursos nacionais em que a importação deve ser muito restringida por ilógica e contraproducente, como nos casos de pedras para calçadas, tijolos e telhas de construção, materiais de betão, tubos de plástico e aço, frutas tropicais e alguns hortícolas, peixe e sal. Apenas alguns exemplos! – Aumentar taxas com forte impacto só onde houver produção real que possa garantir o mercado, cabendo às importações um papel complementar, como cimento e produtos de betão, tubos de plástico e aço, e tantos outros, ou sobre produtos com impacto negativo na saúde, como as bebidas alcoólicas, cigarros de marcas estrangeiras e artigos confirmadamente de luxo. – Aumentar taxas só ligeiramente onde já há capacidade de produção, mas ainda sem a possibilidade de assegurarem o mínimo de 30% do consumo, mas com perspectivas de crescimento rápido da oferta pela disponibilidade de recursos naturais ou competências, como farinha de milho, carnes, ovos, iogurtes, gelados, sabão em barra. – Não aumentar taxas onde a produção nacional é exígua mas promissora, mas encontrar formas de dar incentivos a essas empresas para o aumento tão rápido quando possível das suas
competências, como nos casos de produtos lácteos, vestuário, calçado e conforme se pode ler mais adiante. – Reduzir taxas sobre produtos de que não há produção nacional significativa e tenham impacto nas populações mais carenciadas, como farinha de trigo, arroz, leite em pó, livros académicos, roupa de Inverno. – Eliminar taxas sobre matérias subsidiárias que entram na produção nacional e que na importação continuam a ser taxadas, de que é caso flagrante a penalização sobre as subsidiárias para os refrigerantes, cervejas, detergentes, produtos Nestlé e Lactiangol, varão de aço e tantos outros. Agrava ainda mais a aplicação de esta taxa arrastar consigo a cobrança obrigatória do Imposto de Consumo no próprio despacho aduaneiro.– Eliminar taxas sobre produtos importados a granel ou em concentrados desde que não haja produção nacional para que possam ser embalados ou desdobrados cá com a montagem de linhas de embalagem e a transferir conhecimento para trabalhadores angolanos. – Eliminação de taxa aduaneira sobre produtos que, de uma ou doutra forma, terão de ser industrializados e em segmentos onde é preciso contrapor àqueles países que pretendem destruir as economias dos menos desenvolvidos, como no caso das confecções e têxteis-lar. – Eliminação de taxa aduaneira sobre peças e componentes para linhas de montagem, elas que são grandes empregadoras de mão-de-obra, e depois, como se disse atrás, começar a incorporar materiais e peças de origem local, como poderá ser o caso de bicicletas, motorizadas, geradores, fogões, etc., etc., até se chegar à montagem de viaturas e tractores. No caso do Imposto do Consumo, competência da DNI (Direcção Nacional de Impostos), para além de cobrado nas importações atrás referidas, ele também é cobrado nas aquisições locais de matérias-primas e produtos intermédios (exemplo das embalagens), tidos pela AIA como uma desconexão muito grave, pois com isso agrava-se ainda mais o custo dos produtos nacionais. Mais agrava pois, no produto final onde estes impostos já estão incorporados nos custos, eles têm de pagar novamente o Imposto de Consumo, o chamado imposto em “hipercascata”! Assim, a produção nacional está inevitavelmente a tornar-se menos competitiva que a importação, que está isenta na origem por se destinar a exportação (medida inteligente), e aqui só paga uma vez no despacho aduaneiro. Com isso levantam-se também e naturalmente vozes dos consumidores sobre tais preços da produção nacional, o que está em discussão com o PERT. Assim, e até lá, temos a importação a reinar em nossa casa e os produtores nacionais a xinguilar! Lembrar, por fim, que o nosso País precisa de andar rápido para se tornar um país competitivo e garantir melhor qualidade de vida à população. Este é, como dizemos na AIA, “O Desafio Angola”!
José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA)
“
“As expectativas são grandes, em particular pelas empresas do ramo produtivo, que entendem ser hora de a pauta ser mais imperativa perante a agressividade do comércio internacional e até perante a presunção de subfacturações e mesmo de dumping por alguns exportadores em vários produtos”
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
bebidas
/Luís Nunes, director-geral de vendas da Luanday
“A Luanday e a Diageo têm no seu ADN valores comuns”
Depois dos produtos da Moët & Hennessy, a Luanday conquistou mais uma parceria para o mercado angolano. Desta feita, são as bebidas pertencentes à Diageo que serão importadas e distribuídas em exclusivo pela Luanday. >> texto: Victor Jorge >> fotos: Edson Chagas
S
eis meses de negociações resultaram numa nova parceria internacional para a Luanday. Marcas como Johnny Walker, J&B, Gordon’s, Smirnoff ou Baileys terão, a partir de agora, o cunho da empresa angolana. Distribuição em Expansão: A Luanday tornou-se no distribuidor oficial e exclu-
O que é a Diageo Empresa global com actividade em 180 países Quota de mercado superior a 40% em África Comercializa as suas marcas em 40 países da África subsariana Líder do sector em África A Diageo África emprega mais de 6000 pessoas, ou seja, um em cada quatro colaboradores a nível mundial
sivo dos produtos da Diageo. Que significado tem esta parceria para a Luanday? Luís Nunes: Fundamentalmente, reconhecimento da empresa líder nas bebidas premium da capacidade de distribuição da Luanday, além de reconhecer a nível internacional uma empresa angolana com capacidade comercial e logística nos mais altos padrões mundiais. Porquê os produtos Diageo? Porque, na sua maioria, são as marcas líderes nos seus segmentos de mercado e porque a Luanday e a Diageo têm no seu ADN valores comuns. Esta parceria permite fortes sinergias com as nossas capacidades (distribuição, activação de marcas, marketing operacional, trade marketing…) Ter o líder das bebidas espirituosas a con-
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
fiar a distribuição dos seus produtos é uma grande responsabilidade. Foi difícil chegar a acordo? Que tipo de exigências houve por parte da Diageo? A negociação durou mais de seis meses. A Diageo fez uma extensa análise das empresas de distribuição de bens de grande consumo presentes no mercado angolano. Na selecção, utilizou como critérios a capacidade de distribuição, presença nacional, capacidade de activação de marcas e capacidade financeira. Que alterações ou novidades vão apresentar face ao anterior distribuidor? Pretendemos garantir a continuidade de abastecimento do mercado. Vamos apoiar os nossos clientes com a activação das marcas, elevando o nosso papel para além de um simples distribuidor. O objectivo é ter uma distribuição nacional
pág.
30 dos produtos, chegando realmente a todas as províncias angolanas.
Whiskies como estrelas Quais os produtos da Diageo com maior notoriedade no mercado angolano? Todos os produtos têm elevada notoriedade, mas os que mais vendem são os whiskies: Johnny Walker, J&B, Vat 69 e White Horse. Que produtos da Diageo irão distribuir no mercado? Toda a gama de bebidas espirituosas. Existe algum produto-estrela que destacasse no portfólio da Diageo no mercado de Angola? A gama de produtos reserva do Johnny Walker
Drinco traz Capri-Sun para Angola
na aquisição da frota dedicada.
Produtos comercializados pela Luanday no mercado angolano Baileys Original Gordon’s Gin Smirnoff (Red Label) Dimple 15 Years Johnny Walker Black Logan de Luxe Johnny Walker Blue Johnny Walker Gold/Platinum Johnny Walker Green/Gold Reserve
Johnny Walker Swing VAT 69 J&B Rare Johnny Walker Red White Horse Ciroc Tanqueray 10
A atribuição da distribuição dos produtos Diageo requereu alguma formação especial dos recursos humanos da Luanday? Em que medida? Basicamente, formação nos produtos e seu posicionamento que foi ministrada pela Diageo.
Como caracterizaria o mercado das bebidas espirituosas em Angola? É um mercado em expansão? Estamos há pouco tempo presentes neste mercado, mas acreditamos que, como toda a economia angolana, este mercado também está a crescer. O facto de a Refriango possuir entre o seu portfólio algumas bebidas/refrigerantes que funcionam como mix para alguns dos produtos Diageo também foi importante? Não foi o factor principal, mas não deixa de ter o seu interesse comercial. Temos vindo a desenvolver algumas acções de trade marketing como o Angola Best Cocktails. Nesta iniciativa desenvolvemos cocktails com as bebidas da Refriango e de outras marcas. Esta acção será certamente, a partir desta parceira, alongada e desenvolvida para incorporar os produtos da Diageo. Para os clientes que se pretendem distinguir e oferecer aos seus clientes inovação, esta será claramente uma das acções a implementar.
On-trade vs. off-trade Qual o canal preferencial para os produtos da Diageo? Horeca ou distribuição moderna? Em que percentagem estão presentes num e noutro mercado? A Luanday tem uma presença recente neste mercado, mas acreditamos que o off-trade (grossistas, híperes, súperes…) será o canal com maior peso nas vendas. Normalmente, os produtos Diageo estão muito ligados à noite. É esse o posicionamento? Que tipo de acções vão ter? Vamos ter equipas de activação para dinamizar as marcas no mercado de consumo. A Luanday é muito forte em tudo o que diz respeito às activações nos pontos de venda. A máxima de que o sucesso do cliente é também o sucesso do distribuidor tem total coerência neste mercado.
Os preços vão sofrer alguma alteração? Este é um mercado pouco regulado, em que os players praticam os preços que “querem”? O facto de garantirem o fornecimento contínuo dos produtos poderá levar a uma baixa dos preços? Acreditamos que, garantindo a continuidade de fornecimento, conseguiremos reduzir o nível de especulação que acontece quando há escassez de oferta.
Que equipa vão ter dedicada aos produtos Diageo? Vamos ter uma equipa de vendas dedicadas e iremos utilizar a nossa actual equipa de vendas. Além disso, teremos uma equipa que fará a gestão e activação da marca e cerca de 40 profissionais dedicados ao negócio, quase todos angolanos. Efectivamente, temos uma larga experiência e temos o know-how necessário para alcançar o sucesso. Não deixando, obviamente, de parte a promoção do consumo moderado de bebidas alcoólicas. Peter van As, gerente geral para Angola da Diageo, revelou que o on-trade ainda possui a maior fatia das vendas dos produtos Diageo. Em sua opinião, essa posição irá manter-se, ou a Luanday/Diageo quererão inverter essa realidade e aumentar o peso do off-trade? Em que medida e como? Com a garantia de continuidade de fornecimento e a capacidade de entrega nacional, o comportamento das vendas será o natural do mercado. No entanto, o on-trade é um canal muito importante de consumo e de divulgação de
mos que são produtos que nos permitem aproveitar e rentabilizar as nossas competências e capacidades (presença nacional, capacidade de distribuição…). Que tipo de serviço prestará a Luanday, além da distribuição pura aos locais de venda? De forma concreta: garantia de continuidade de fornecimento, garantia de presença a nível nacional, activação das marcas ao nível de marketing e comunicação e equipa de profissionais/comerciais dedicados em exclusivo a este negócio.
O investimento Terão alguma frota dedicada exclusivamente aos produtos Diageo? E a nível de distribuição, o facto de a Luanday ter
“Acreditamos que, garantindo a continuidade de fornecimento, conseguiremos reduzir o nível de especulação que acontece quando há escassez de oferta”
tendências. Teremos equipas dedicadas à activação das nossas marcas neste segmento. Trata-se de um novo posicionamento da Luanday, depois de terem conseguido a distribuição dos produtos Moët & Hennessy. É importante conseguir este tipo de parcerias? Foi muito importante, porque acredita-
a capacidade de distribuir produtos em todo o território nacional angolano é um garante de que também os produtos Diageo chegarão a todos os angolanos? Teremos uma frota dedicada e aproveitaremos a frota que actualmente utilizamos para distribuir os nossos restantes produtos. Fizemos um investimento de cerca de 50 000 000 Kz na adaptação dos nossos armazéns e
Qual o investimento feito pela Diageo e Luanday, respectivamente, nesta parceria? O orçamento de marketing estimado ronda os 5 milhões USD (cerca de 500 milhões Kz).
Acompanhar a evolução O facto de a economia de Angola estar entre as mais promissoras para 2013 é um garante de que a distribuição dos produtos da Diageo terá sucesso? Acreditamos que a melhoria do nível de vida da população angolana elevará o nível de consumo dos produtos da Diageo por troca com produtos alcoólicos de baixa qualidade, com elevada presença no mercado. A procura por produtos de qualidade tende a aumentar, diminuindo naturalmente a procura de produtos de baixa qualidade. Esta parceria limita-se ao território angolano, ou pode ser extensível a outros países, nomeadamente, africanos e de língua portuguesa? Neste momento, prevê apenas o mercado angolano. No entanto, o sucesso do resultado desta parceria em Angola poderá ser analisado a médio e longo prazo para ser extensível a outros mercados. Que resultados seriam considerados bons/positivos para este primeiro ano de distribuição Diageo? Garantir o aumento da quota de mercado da Diageo, bem como a continuidade de fornecimento. #29
Distribuição em Expansão • Abril 2013
bebidas /Drinco Uma das bebidas mais emblemáticas do mundo chega agora ao mercado angolano pelas mãos da Drinco. Numa primeira fase, a produção deverá rondar 12 milhões de unidades, mas o objectivo é chegar a 480 milhões embalagens.
Drinco traz Capri-Sun para Angola >> texto: Victor Jorge >> fotos: Edson Chagas
P
elo mundo fora, são milhões as crianças que se lembrarão de ir para a escola com a sua lancheira cujo conteúdo era composto por uma sandes e um Capri-Sonne ou Sun, dependente do país e língua em que estava e falava. Em Angola, essa responsabilidade cabe, a partir do início do ano, à Drinco, uma empresa angolana que chegou a acordo com a empresa alemã Deutsche SiSi-Werke, detentora dos sumos. Tudo começou quando Walter Pontes, proprietário e administrador da Drinco, com uma vasta experiência no universo das bebidas (alcoólicas e não alcoólicas) a nível nacional e internacional, reconheceu a força de Capri-Sun na Nigéria (e não só), procurando contacto directo com a sede em Heidelberg-Eppelheim (estado de BadenWürttemberg, Alemanha). “Mostrámos a nossa experiência e demonstrámos o interesse de montar uma fábrica em Angola”, reconhecendo que a jogo foram “várias propostas de outros grupos internacionais, de empresas importadores de bebidas, que importavam a partir da Europa”. Contudo, o responsável pela Drinco admite que o interesse e a agressividade que mostraram foi a razão para os terem escolhido.
Para essa escolha foi, também, importante o investimento que a Drinco estava disposta a efectuar numa nova fábrica, perto de Viana, rondando os 20 milhões USD. Com o contrato celebrado em finais de 2012 e com uma franquia para todo o País, Walter Pontes dá o exemplo da força de Capri-Sun na Nigéria, que passou da venda de 50 000 caixas/ano no final dos anos 1980 para as actuais 3 000 000, para justificar a aposta neste produto no mercado angolano. “Estamos a falar de um produto de massas, com um target muito específico: as crianças.” Admitindo que essa é uma, se não a grande, vantagem de Capri Sun, o responsável adianta que estará no mercado com quatro sabores (maçã, laranja, tutti-frutti e ananás), embora a matéria-prima seja toda importada.
Produzir com fruta nacional Na realidade, essa é uma das grandes dificuldades que a Drinco encontrou para sustentar esta operação, já que Angola não possui matéria-prima suficiente que garanta à empresa o concentrado para a produção de Capri-Sun. Assim, o concentrado é importado da Alemanha e produzido o sumo em Angola, revelando Walter Pontes que o objectivo, naturalmente, é
Exportar Capri-Sun a partir de Angola Apesar de o projecto ainda estar no início, o responsável da Drinco não descarta a exportação de Capri-Sun a partir de Angola. Contudo, o primeiro objectivo é chegar com o produto ao País todo, só depois se poderá pensar noutros voos. Walter Pontes destaca, no entanto, a linha-férrea projectada e que liga Lobito à República Democrática do Congo. “Essa será, sem dúvida, uma grande maisvalia para o País e para escoamento dos nossos excedentes. Para além disso, falamos de um país com mais de 60 milhões de habitantes, o que nos poderá levar, na altura certa, a olhar com algum interesse para ele.”
#30
Distribuição em Expansão • Abril 2013
Importação, sim, mas só se for de qualidade Um dos assuntos levantados por Walter Pontes foi o da importação (desmesurada), colocando grande evidência no facto de “pensarmos e sabermos que temos um produto angolano a ser produzido em Angola”. “Não sou contra as importações”, frisou o responsável da Drinco, fazendo, contudo, referência à necessidade que tem de existir na protecção de quem desenvolve efectivamente o País e se preocupa em fazer o seu investimento, dando emprego em Angola. “Nós preocupamo-nos com esse objectivo. Continua-se a importar produtos de péssima qualidade. O produto importado tem de trazer qualidade ao mercado. Não me importo que exista importação, desde que traga mais-valia e qualidade. Importação desmesurada e sem qualidade, não.”
produzir com matéria-prima nacional. “São custos elevados e não existem garantias de fornecimento. Não nos podemos dar ao luxo de não ter produção que chegue ou que falte.” No entanto, os responsáveis da Drinco sabem que existem algumas empresas/ produtores no Sul de Angola que estão a trabalhar com concentrado de laranja, pelo que vai contactar essas empresas para saber a sua produção. “Temos de estabelecer acordos com esses produtores para que a produção e o fornecimento não falhem. Eles terão de ter a capacidade de produzir quando e quanto for necessário.” A localização da fábrica também não foi ao acaso, referindo Walter Pontes que a sua instalação aconteceu numa zona de agroindústria, de elevada produção de manga, quiçá o futuro sabor para Capri-Sun em Angola, diz o responsável, sem, contudo, levantar muito o véu sobre este assunto. De resto, é nos frutos tropicais que a Drinco deverá apostar no futuro, indo, assim, ao encontro dos gostos do consumidor angolano, que prefere um produto mais doce, ao contrário dos europeus. “Em África, é quase impossível colocar no mercado um produto com a quantidade de sacarose que é utilizada na Europa”, dando como exem-
plo o BRIX (escala numérica que mede a quantidade de compostos solúveis numa solução de sacarose, utilizada geralmente para sumos de fruta) que em Angola é de 11,5, enquanto na Europa não ultrapassa os 8,5.
A importância das crianças Com as crianças como consumidor mais importante, Walter Pontes destaca o mercado de 8 milhões de crianças que existem em Angola e que são potenciais consumidores de Capri-Sun. Assim, não é de estranhar que um dos pontos fulcrais para a promoção do sumo sejam as escolas onde a Drinco irá fazer
degustações. O objectivo parece claro: “colocar em cada lancheira das crianças um Capri-Sun”. No entanto, não é só nas escolas que a Drinco quer e irá fazer as acções de promoção, já que se as escolas e as crianças são um “alvo” importante, também os pais dessas crianças não poderão ser esquecidos.
A famosa embalagem Rudolf Wild, fundador da empresa alemã, foi o percursor na área de recipientes descartáveis com bebidas na década de 1960. A embalagem tipo bolsa que se aguenta de pé acabou por se tornar a marca comercial de Capri-Sun. É feita de alumínio de multicamadas extremamente fino. Isto significa que a embalagem de bebida é fina e leve e fornece igualmente uma excelente protecção ao conteúdo contra a luz, oxigénio e cheiros externos. O alumínio é extraordinariamente resistente a rasgões e durável, apesar de ser constituído por camadas extremamente finas de material.
História Capri-Sun 1956 Deutsche SiSi-Werke é adquirida pela Rudolf Wild Werke, Heidelberg-Eppelheim 1962 A marca comercial Capri-Sun é registada pela Deutsche SiSi-Werke 1969 Capri-Sun, na sua embalagem tipo bolsa que se aguenta de pé, é lançada no mercado alemão nos sabores laranja, limão e maçã 1975 Capri-Sun torna-se líder de vendas na Alemanha no segmento “bebidas de sumo de frutas em embalagens flexíveis” 1976 Capri-Sun começa a ser comercializado a nível internacional 1978 Começa a produção de Carpi-Sun nos EUA 1979 Muhammad Ali, campeão de boxe de pesos-pesados, torna-se porta-voz da Capri-Sun. O primeiro centro de produção fora da Alemanha é inaugurado em Columbus, Ohio (EUA) 1980 Expansão para África e Ásia: São inaugurados os centros de produção na Nigéria e no Japão
1983 Produção começa na ilha de Reunião e nos EAU 1984 Início da produção na Indonésia 1989 Capri-Sun torna-se líder de vendas na Irlanda e começa a produção na Guiné e na Martinica 1992 C apri-Sun torna-se líder de vendas na Europa 1994 Capri-Sun torna-se líder de vendas nos EUA e começa produção na Turquia 1997 Início da produção na Coreia do Sul e República Checa 1998 P rodução na Ucrânia 1999 P rodução na Arábia Saudita 2002 Produção na China e Jamaica. Capri-Sun torna-se líder de venda no Reino Unido 2010 Mais de 7 mil milhões de embalagens tipo bolsa de Capri-Sun vendidas por ano. Produção começa no Sudão 2011 P rodução inicia-se no Brasil e na África do Sul 2013 Capri-Sun é lançado no mercado em Angola, Marrocos, México e Índia. Existem actualmente 23 países com centros de produção a nível mundial
Desse modo, as acções programadas para a distribuição moderna (super e hipermercados) são importantes, não só através da exposição do produto, mas com as acções de degustação. Presente em 80% das grandes superfícies em Angola, Walter Pontes não esquece, contudo, o mercado informal, que continua a ter a sua relevância e que não pode ser ignorado, colocando na rua seis equipas para realizarem todo o tipo de promoção nos mais diversos canais de venda. Um dos pontos destacados por Walter Pontes neste projecto da Drinco, além do investimento, são os postos de trabalho criados (120), salientando que 98% dos funcionários são de nacionalidade angolana. Mas esta aposta da Drinco não teve só factores positivos, já que a falta de apoio do lado do Executivo foi um dos aspectos apontados pelo empresário. “As pequenas indústrias também têm de ser apoiadas. Nós obtivemos apenas o parecer favorável das entidades que nos deram suporte. A electricidade é 24 sobre 24 horas com gerador, na água temos algumas dificuldades de abastecimento, apesar de termos um furo a cerca de 200 metros que nos dá um certo suprimido. As vias de acesso foram feitas por nós, o asfalto, as linhas de alimentação.” E Walter Pontes vai mais longe: “Este projecto nasceu por causa da nossa insistência e força de vontade em fazer algo pelo País.” Com expectativas de obter uma receita de 12 milhões USD a breve prazo, a capacidade de produção da fábrica é de 12 milhões caixas/ano (contendo cada caixa 40 unidades de Capri-Sun). Para o ano 2013, no entanto, está prevista uma produção de 300 mil caixas, o equivalente a 12 milhões de unidades, e para breve estão prometidas mais novidades. #31
Distribuição em Expansão • Abril 2013
24Horas com...
Estevão Daniel, Presidente do Conselho de Administração da Refriang >> fotos: César Magalhães
07:30 horas
08:15 horas
Saída de casa para o trabalho depois do pequeno-almoço caseiro
08:30 horas
Chegada à Refriango
11.30 horas
Breve reunião com o Director de Recursos Humanos, Hugo Horta
12:30 horas
Visita aos laboratórios de análise da empresa
Momento de convívio com os colaboradores na empresa
16:30 horas Continuação do trabalho diário no gabinete. Ver relatórios, e-mails, etc.
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
17:30 horas Visita à área de produção de bebidas
10:00 horas Breve reunião com o Director de Relações Laborais, Yello Jorge nas instalações da Refriango
09:00 horas Tempo para despachar assuntos prioritários no gabinete
13.15 horas
15:00 horas
Hora de almoço aproveitada para reuniões com as diferentes direcções
Início de tarde com várias reuniões de trabalho
19:35 horas Convívio com os filhos
18:45 horas Regresso a casa num percurso de 30 a 45 minutos
19:30 horas
20:15 horas
Chegada a casa
Jantar em família após um longo dia de trabalho
#33
Distribuição em Expansão • Abril 2013
vinhos
/Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal
“É importante que o consumo de vinhos em Angola dê lugar a vinhos de maior qualidade” Apresentado que foi o plano de promoção para os vinhos de Portugal para o ano de 2013, Angola ocupa um lugar de destaque para a exportação dos vinhos portugueses. Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, explica, em entrevista, o que a entidade responsável pela promoção e comunicação dos vinhos portugueses a nível internacional pretende fazer no mercado angolano. >> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.
D
os 7 milhões EUR do plano de promoção da ViniPortugal, 6% destinam-se ao mercado de Angola. O objectivo actual da associação interprofissional para a promoção dos vinhos portugueses passa não só pela extensão do seu plano de acções para outras cidades, para além de Luanda, como é o caso de Benguela, Huambo e Lubango, mas, fundamentalmente, pela promoção dos vinhos de gama média ou alta. Distribuição em Expansão (DE): A ViniPortugal apresentou recentemente o seu plano de promoção para os vinhos de Portugal para o ano 2013, juntamente com as CVR (Comissões Vitivinícolas Regionais) e IVDP (Instituto dos Vinhos do Douro e Porto). Como classificaria ou caracterizaria este plano face aos anteriores? Jorge Monteiro (JM): Um dos princípios fundamentais adoptados pela direcção da ViniPortugal, com o apoio do sector, é que uma estratégia só produz resultados se, após estabelecida, for garantida a sua estabilidade e implementada num período não inferior a 3 anos. Ora, o plano estratégico para os vinhos de Portugal foi aprovado para o triénio 20122014, pelo que não seria de esperar grandes alterações no que diz respeito aos mercados seleccionados, públicos-alvo, mensagem e valores a transmitir, etc. Ou seja, o plano 2013 não será substancialmente diferente do do ano que acabou. Porém, na operacionalização, há uma evolução muito positiva que resulta de uma crescente articulação entre as CVR e o IVDP, responsáveis pela promoção genérica
das denominações de origem, e a ViniPortugal, que tem a responsabilidade da comunicação da marca Wines of Portugal. E esta articulação permite evitar sobreposições ao mesmo tempo que estimula um maior número de presenças conjuntas, permitindo uma imagem de Portugal mais forte e eficaz. DE: Na apresentação é referido que um dos objectivos globais da marca Wines of Portugal é “criar apetência pelos vinhos
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, gostaria de manter uma taxa de crescimento acima dos 10%
de Portugal, tornando-os mais competitivos”. Como é que isso é alcançável? JM: Apesar de os vinhos de Portugal serem já muitíssimo conhecidos no mercado angolano, o mesmo não acontece noutros
links úteis: www.viniportugal.pt
países do mundo como, por exemplo, na China. Há um trabalho importantíssimo de construção de marca que é necessário fazer para dar a conhecer a excelência e a diversidade dos vinhos portugueses, que, para além disso, são bastante competitivos quando comparados com outros vinhos internacionais. A missão da ViniPortugal é, através da construção da imagem da marca Wines of Portugal, criar apetência para os vinhos portugueses, mostrando, aos consumidores dos mercados onde estamos presentes, que temos vinhos de excelente qualidade e com características únicas, ao nível de qualquer bom vinho internacionalmente reconhecido. Posicionando os vinhos portugueses como um concorrente directo de outros vinhos internacionalmente reconhecidos em termos de qualidade e diferenciação, a competitividade em termos de valor passará a ser ainda mais evidente. No caso particular do mercado angolano, passa, igualmente, por demonstrar a versatilidade e a diversidade dos vinhos portugueses noutros momentos de consumo. Para além do enorme potencial gastronómico dos vinhos portugueses, a diversidade de vinhos portugueses permite-nos oferecer uma vasta gama de vinhos para momentos de puro lazer fora das refeições. É, assim, nosso objectivo promover o consumo de vinhos portugueses em festas, momentos de celebração, locais de diversão nocturna e locais de lazer. DE: O Plano de Promoção para 2013, em conjunto, destina 15 milhões EUR para a promoção dos vinhos de Portugal, cabendo à ViniPortugal 7 milhões. Este é o orçamento possível, ou desejável? JM: É mais o orçamento possível do que o desejável. Atendendo ao modelo de financiamento, quer da ViniPortugal quer do IVDP e das CVR, mesmo que estivessem disponíveis mais fundos públicos – nacionais ou comunitários –, um reforço daquele montante exigiria maior esforço financeiro da parte dos agentes económicos. Ora, embora não dispondo de dados objectivos, temos, porém, uma clara percepção de que o actual esforço financeiro privado é já muito elevado, pelo que, mesmo desejando um maior envelope financeiro, tal não seria prudente. No entanto, se a situação financeira nacional, nomeadamente com recuperação do poder de compra dos consumidores domésticos, recuperar e as exportações mantiverem a actual dinâmica, poder-se-á admitir uma expansão daquele montante nos próximos anos.
Angola não é só Luanda DE: 6% dos 7 milhões EUR do plano de promoção da ViniPortugal destinam-se ao mercado de Angola. Em concreto, o
Evolução das exportações de vinhos portugueses para África Destino
HL
Estrutura (%)
Jan-Dez
Jan-Dez
2012 / 2011 Jan-Dez
2010
2011
2012
2010
2011
2012
HL
Angola
492 920
629 765
687 038
71,1
73,7
74,4
9,1
Estrutura 1
Moçambique
66 423
71 211
77 896
9,6
8,3
8,4
9,4
1,2
Guiné Bissau
44 154
61 861
67 635
6,4
7,2
7,3
9,3
1,2
Cabo Verde
41 332
39 783
37 165
6
4,7
4
-6,6
-13,5
S. Tomé e Príncipe
37 920
39 702
37 468
5,5
4,6
4,1
-5,6
-12,7
Nigéria
1 482
1 932
3 753
0,2
0,2
0,4
94,2
79,7
África do Sul
1 606
2 431
2 448
0,2
0,3
0,3
0,7
-6,8
Suazilândia
1 932
2 544
3 339
0,3
0,3
0,4
31,3
21,5
Zaire
2 656
1 855
2 063
0,4
0,2
0,2
11,2
2,9
Namibia
227
156
540
0
0
0,1
245,6
219,9
Outros
2 437
2 910
3 522
0,4
0,3
0,4
21
12
TOTAL
693 091
854 152
922 867
26
27,8
27,6
8
-0,7
Fonte: Instituto da Vinha e do Vinhos (IVV)
que é que a ViniPortugal pretende fazer ao longo do ano em Angola? JM: Mais de 80% do vinho engarrafado consumido em Angola é vinho português, fruto não só das boas relações entre os dois países mas também do trabalho e investimento que o sector tem feito no mercado. Consideramos que a estratégia adoptada tem produzido bons resultados, pelo que o plano de 2013 é um plano de continuidade. Continuaremos a investir em educação, comunicação e promoção. DE: O mercado angolano representou mais de 72% das exportações totais dos
vinhos portugueses para o continente africano em valor e 59,7% em volume. A que se deve este peso? É uma questão de identificação com o País, cultura e gentes? JM: Sim, de facto, sente-se que existem fortes razões de natureza cultural, e a presença portuguesa nestes territórios, hoje países independentes e em processo de forte desenvolvimento, terá tido também a sua influência. Note-se que, embora sem a mesma expressão que Angola, países como Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe são já importantes mercados de destino dos vinhos portugueses e até com elevados consumos per capita, quando
Evolução das exportações de vinhos portugueses para África Preço Médio (€ / l) Destino
Jan-Dez
2012/2011
2010
2011
2012
%
Angola
1,14
1,16
1,26
8,4
Moçambique
0,57
0,71
0,91
28,8
Guiné Bissau
0,51
0,62
0,58
-6,3
Cabo Verde
0,92
0,84
0,88
4,1
S. Tomé e Príncipe
0,72
0,76
0,86
11,9 30,4
Nigéria
1,95
1,76
2,29
África do Sul
2,39
2,52
2,73
8,4
Suazilândia
2,41
2,55
1,96
-23,1
Zaire
1,04
1,33
1,35
1,6
Namibia
1,74
1,28
4,44
247,8
Outros
2,25
1,74
2,39
37,7
TOTAL
1,02
1,06
1,17
9,6
Fonte: Instituto da Vinha e do Vinhos (IVV)
comparados com a maioria dos mercados africanos. DE: Em sua opinião, este peso/percentagem poderá ainda aumentar mais? JM: Num estudo efectuado pela Wine Inteligence sobre tendências de evolução do consumo de vinho, não se prevê um acentuado aumento do consumo de vinho em Angola, nos próximos anos. Porém, sabe-se que Luanda terá o dobro do consumo per capita do resto do País, pelo que, mantendo-se o actual ritmo e padrão de desenvolvimento económico, é natural que venha a verificarse algum aumento de consumo. Nesse sentido, a ViniPortugal tem como objectivo estender o seu plano de acções para outras cidades, para além de Luanda, como é o caso de Benguela, Huambo e Lubango. No entanto, e por outro lado, não podemos perder de vista um outro objectivo, de aumento do valor e que passa pela promoção dos vinhos de gama média ou alta, por regra engarrafados na origem, ou seja, sendo importante o aumento de consumo de vinho português em Angola, não menos importante é que o actual consumo de vinhos de entrada de gama dê lugar a vinhos de maior qualidade. DE: E os produtores portugueses estão a explorar bem esse conceito? Como é que os produtores portugueses poderão refor#35
Distribuição em Expansão • Abril 2013
vinhos /Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal
DE: O vinho mais exportado por Portugal, na generalidade, é, no entanto, o Vinho de Mesa, sem denominação. Essa é também a realidade para o mercado de Angola? E o que é que a ViniPortugal se propõe fazer para inverter esta realidade? JM: Enquanto responsável pela promoção da imagem dos vinhos de Portugal, a ViniPortugal estimula essencialmente a presença nos seus eventos dos vinhos de melhor qualidade, podendo ser vinhos com DO (Denominação de Origem), ou IG (Indicação Geográfica) ou mesmo não certificados (que anteriormente eram designados por Vinhos de Mesa), mas de consistente qualidade. Procuramos que o consumidor se oriente para produtos mais diferenciados, mais distintivos, de gama superior. O próprio conceito de vinho “a copo” tem esse objectivo. Não se trata de consumir vinho em garrafão ou da pipa, mas, sim, de vinho engarrafado, de superior qualidade, mas servido a copo, e assim proporcionar um consumo mais moderado mas de vinhos de melhor qualidade.
Tintos, mas não só DE: Como caracterizaria o consumidor de vinho em Angola? Estamos a falar de duas classes completamente distintas: uma baixa, de consumo de Vinhos de Mesa, e outra alta, de consumo de vinhos DOC e IG e do Porto? JM: O consumo de vinho de marca engarrafado em Angola é, maioritariamente, feito pela classe alta e pela crescente classe média. São maioritariamente homens com mais de 30 anos. A maior parte do consumo é de vinho tinto, mas tem havido um crescente interesse pelo vinho branco, rosé e espumante. Os vinhos fortificados, como é o caso do Vinho do Porto, têm ainda muito pouca expressão no mercado angolano.
Evolução das exportações de vinhos portugueses para África Destino
1.000 €
Estrutura (%)
Jan-Dez
Jan-Dez
2012 / 2011 Jan-Dez
2010
2011
2012
2010
2011
2012
HL
Estrutura
Angola
56 310
73 217
86 564
79,4
80,6
80,4
18,2
-0,2
Moçambique
3 817
5 050
7 116
5,4
5,6
6,6
40,9
19
Guiné Bissau
2 274
3 834
3 930
3,2
4,2
3,7
2,5
-13,5
Cabo Verde
3 801
3 352
3 261
5,4
3,7
3
-2,7
-17,9
S. Tomé e Príncipe
2 729
3 034
3 206
3,8
3,3
3
5,6
-10,8 113,8
Nigéria
289
339
859
0,4
0,4
0,8
153,2
África do Sul
385
613
669
0,5
0,7
0,6
9,1
-7,9
Suazilândia
465
648
654
0,7
0,7
0,6
1
-14,8
Zaire
276
246
278
0,4
0,3
0,3
13
-4,6
Namibia
40
20
240
0,1
0
0,2
1102,3
915,1
Outros
547
506
843
0,8
0,6
0,8
66,7
40,7
TOTAL
70 932
90 860
107 621
11,5
13,8
15,3
18,4
10,6
Fonte: Instituto da Vinha e do Vinhos (IVV) Edson Chagas
çar ainda mais a sua presença no mercado angolano? JM: A qualidade do produto é inquestionável e, assegurada que esteja a selecção de um bom importador e distribuidores, a educação do consumidor é um factor muito importante. Quando falamos de vinho, e quando a estratégia assenta em propostas de valor, é necessário trabalhar de forma a que o consumidor percepcione que não falamos de um vinho, mas de muitos vinhos diferentes, consoante os momentos, as combinações gastronómicas, etc. Julgamos que, à semelhança de outros mercados como EUA ou Brasil, a informação dos jornalistas (de vinhos ou não) e a formação dos profissionais (restauração, vendedores) são também muito importantes. Assegurados estes tipos de acções, no âmbito da promoção genérica, será muito importante o investimento na notoriedade das marcas privadas, da responsabilidade dos produtores.
DE: Os produtores portugueses têm adaptado os seus vinhos aos consumidores angolanos, ou ainda estamos a falar de um mercado onde a percepção qualitativa do vinho é baixa, e os mercados que “interessam” realmente adaptar os vinhos são os EUA, Reino Unido, Brasil, China, entre outros? JM: Um dos grandes saltos dados pelo sector do vinho em Portugal foi precisamente o termos passado de uma lógica em que o gosto dominante no mercado interno dominava o perfil dos vinhos para uma outra lógica em que é o consumidor nos mercados de exportação quem mais influencia esse perfil. Evidentemente que este esforço foi acompanhado por um aumento impressionante da qualidade dos seus vinhos. Portugal proporciona hoje vinhos diferentes da generalidade dos seus concorrentes, vinhos genuínos (baseados maioritariamente em blends com castas autóctones), de consistente qualidade e com uma relação preço/
beneficio extremamente atractiva. São vinhos que proporcionam prazer quando se bebem, quer acompanhando uma refeição, quer como bebida social, de convívio. DE: Entre os mercados considerados prioritários pela ViniPortugal, Angola ocupa uma posição de destaque. Que acções é que a ViniPortugal vai desenvolver ao longo de 2013 para passar a imagem dos vinhos de Portugal em Angola? JM: Como já referido, continuaremos a investir em educação, convidando profissionais de trade e jornalistas para conhecer em mais profundidade os vinhos portugueses, através de formações e visitas a Portugal. Investiremos em comunicação, dando não só continuidade à nossa campanha de outdoor e rádio, mas também com um plano continuado de relações públicas. Marcaremos ainda presença no mercado, com eventos já emblemáticos como a Prova Anual, destinada a profissionais do sector, que conta com a presença de cerca de 40
Objectivos 1. Consolidar a marca junto do trade 2. Consolidar a marca junto dos consumidores 3. Consolidar o mercado geográfico. Luanda 4. Fortalecer outros mercados geográficos: Benguela e Lubango 5. Crescer 12% em valor num período de 3 anos
#36
Distribuição em Expansão • Abril 2013
produtores, e a Wine Party – sob o lema “Bons Momentos. Bons Vinhos Portugueses”. Um evento que continua a crescer e que pretende posicionar-se como uma das principais festas de consumidor do mercado angolano, em que promovemos o consumo de vinho a copo em novas ocasiões de consumo, como uma festa bem animada e descontraída entre amigos. DE: Entre os objectivos delineados pela ViniPortugal para o mercado de Angola está a consolidação da marca Vinhos de Portugal junto do trade? Que conselhos/ sugestões daria aos produtores portugueses para ajudar a ViniPortugal nessa tarefa? JM: O trabalho das marcas é uma extensão do nosso trabalho. Deverão ser o motor no que diz respeito à educação e promoção no ponto de venda, garantindo um posicionamento forte e um bom abastecimento (continuidade e fiabilidade) não só nos pontos de venda tradicionais, mas também acompanhando o desenvolvimento do novo retalho que surge e começa a ganhar expressão. DE: Quais os resultados que o deixariam satisfeito, com a ideia de missão cumprida, no final do ano 2013, em relação ao mercado de Angola? JM: Depois de um acentuado crescimento, na casa dos 30%, em valor entre 2010 e 2011, os dados do 3.º trimestre de 2012 confirmam a manutenção de um acentuado ritmo de crescimento em valor (19% entre períodos homólogos e 24% no total anual móvel a Setembro de 2012). Sabemos bem que manter estes ritmos de crescimento não é sustentável, mas gostaríamos de manter em 2013 e 2014 uma taxa de crescimento anual, em valor, acima dos 10%, continuando a liderar o mercado de Angola nos vinhos engarrafados na origem e com uma transferência progressiva do consumidor dos vinhos de entrada de gama para vinhos de gamas superiores. Creio que estamos todos a trabalhar, e bem, nesse sentido.
PUB cofaco
inovação
Tetra Pak
Tetra Pak inova nas embalagens A Tetra Pak, principal empresa mundial no universo das embalagens, voltou a inovar, apresentando soluções que permitem acompanhar as mudanças nas necessidades dos consumidores. >> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.
A
Tetra Pak, líder mundial em soluções de tratamento e embalagem para alimentos, divulgou há pouco as mais recentes inovações no seu portfólio de embalagens: a abertura one-step para a embalagem Tetra Evero Aseptic; o kit de reajuste para a máquina de enchimento de embalagens Tetra Brik Aseptic Edge de 200 e 250 ml; e uma nova solução para as embalagens Tetra Prisma® Aseptic. As novidades apresentadas aumentam a capacidade de resposta às necessidades dos consumidores em permanente mudança, minimizando os custos de investimento em equipamentos de enchimento.
Nova abertura para “garrafa de cartão” A Tetra Evero Aseptic, a primeira embalagem de cartão asséptica para leite em forma de garrafa, vai receber um novo sistema de abertura. Tratase do one-step (OSO), que dispõe de um sistema de segurança duplo, com anilha e membrana de segurança removida com o rodar da tampa, proporcionando aos consumidores uma embalagem mais segura e fácil de abrir, de agarrar e de verter.
Mais por menos – Nova embalagem diferenciada
contactos: http://www.tetrapak.com
O kit de reajuste de capacidade para a máquina de enchimento TBA/19 é outra das novidades, permitindo aos clientes transformar o formato e a base da embalagem na mesma plataforma de enchimento. Assim, os clientes que disponham desta máquina para enchimento dos volumes 200 Slim, 250 Base e 125 Slim poderão, em breve, reajustar as suas linhas, permitindo-lhes produzir
a nova Tetra Brik Aseptic 200 e 250 ml Edge. Por outro lado, os clientes que possuem este equipamento e ainda não estão preparados para investir na Tetra Pak A3/ Compact Flex têm a opção, através desta solução, de produzir estas embalagens por uma fracção do custo. Além disso, o kit de reajuste leva menos tempo a instalar do que uma máquina nova, o que significa que é possível colocar os produtos no mercado num espaço de tempo mais curto.
Tetra Prisma Aseptic em volume individual A terceira novidade prende-se com a nova Tetra Pak A3/Speed que está agora disponível para embalagens Tetra Prisma Aseptic individuais de 200 e 250 ml. A Tetra Pak A3/Speed iLine é a linha de enchimento mais rápida da Tetra Pak, com uma capacidade de produção máxima de 24 000 embalagens por hora. Durante a apresentação de todas estas novidades, Charles Brand, vice-presidente de marketing e gestão de produto da Tetra Pak, afirmou que “estes desenvolvimentos demonstram o nosso
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
enfoque na inovação que agrega valor, na oferta de um portefólio de embalagens mais amplo, numa maior eficiência operacional e na rapidez de chegada ao mercado, permitindo aos nossos clientes acompanhar as mudanças nas necessidades dos consumidores”. Estes lançamentos aconteceram durante a Gulfood 2013, certame de tecnologias para alimentos e bebidas, que decorreu no Dubai World Trade Centre, em finais de Fevereiro do presente ano, e aparecem sob o lema “Today, Tomorrow, Together” (Hoje, Amanhã, Juntos).
novidades
Conheça os mais recentes lançamentos de produtos nestas páginas da Distribuição em Expansão
Boursin, para despertar os sentidos! Boursin é um queijo premium e sofisticado, com uma textura cremosa e um sabor intenso. Está presente com dois formatos diferentes: Boursin Original, que apresenta três variedades, e Boursin Saladas e Aperitivos, apenas com duas. As variedades são para todos os gostos. Para os que gostam do sabor intenso a alho, Boursin Alho e Ervas é a opção perfeita! O alho funde-se com a salsa perfumada, cebola e tempero. Este é o sabor original inspirado na tradição francesa de servir queijo fresco com ervas frescas. E, 50 anos depois da sua criação, continua a ser o sabor mais popular da marca.
Fita adesiva com a Scotch
A nova pasta Theramed Pro Electric
A Scotch Magic é a fita indicada para escritórios, casas e escolas. É invisível quando aplicada, como, por exemplo, em fotocópias. Ideal para papel permanente, de fácil corte, pode ser escrita com lápis, caneta ou marcador, e é possível retirar a fita sem problemas. Pode consertar, selar, ou fixar algo com esta fita transparente e permanente! A fita desaparece quando aplicada, fica discreta e não se torna amarelada ao longo do tempo. Para um trabalho que exija maior precisão e/ou mesmo fazer um acabamento perfeito num presente sem danificar o papel, e manter um embrulho bonito, a solução é a fita Scotch Magic! Está disponível numa variedade de comprimentos, larguras e tamanhos.
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
Theramed lança Pro Electric, um dentífrico especialmente concebido para responder às necessidades dos consumidores que utilizam regularmente escovas de dentes eléctricas. A sua fórmula de elevada performance é suave para o esmalte e gengivas, possuindo um elevado teor de substâncias activas, que permite uma prevenção fiável contra bactérias, placa bacteriana, tártaro e cáries, mantendo os dentes limpos e as gengivas cuidadas.
/novidades
Com sabor a Angry Birds Foi criada uma edição especial de um snack Cheetos, com uma embalagem temática 100% Angry Birds, de características nutricionais específicas. Mantendo o sabor extraordinário a queijo, o mais popular entre os consumidores de Cheetos, este novo produto tem ainda a vantagem de ser uma fonte de fibra. Ao combinar o divertimento dos Tazos e a loucura actual pelos Angry Birds, a PepsiCo aproveita para relançar o seu já característico jogo dos Tazos, tirando partido das notórias semelhanças entre os dois jogos: após a construção de torres ou pirâmides com os Tazos Angry Birds, é possível derrubá-las com o lançamento de um Voa Tazo contra a estrutura.
Casa Ermelinda Freitas versus responsabilidade social A Casa Ermelinda Freitas sugere A Vida de Um Vinho, um tinto premium, produzido a partir da colheita criteriosa das melhores uvas das vindimas de 2008, e que tem um objectivo exclusivo de responsabilidade social, revertendo a receita apurada, na totalidade, para a Cáritas e para a União Social Sol Crescente da Marateca. A Vida de Um Vinho foi engarrafado em 1500 garrafas magnum numeradas e acompanhadas pelo CD com uma peça musical do maestro Jorge Salgueiro.
Tratamento masculino com Anne Möller
Cerveja Sagres lança Radler A Sagres acaba de lançar a cerveja Sagres Radler, inspirada numa receita da Baviera que combina cerveja Sagres com sumo de limão natural, uma bebida duplamente refrescante, com baixo teor de álcool. A nova, fresca e saborosa cerveja Sagres Radler, com apenas 2% de volume de álcool, estará disponível numa original garrafa verde com rótulos translúcidos, que permitem transmitir toda a naturalidade e refrescância da bebida. Para a tornar ainda mais fácil de consumir, a garrafa dispõe de uma cápsula easy open e deve ser consumida fresca.
Nestlé lança Iogolino banana/ pêssego e multifrutos A Nestlé acaba de lançar duas novas variedades de Iogolino – inseridos na sua promessa “Começar saudável, crescer saudável”: banana/ pêssego e multifrutos. Num prático boião de 190 gramas, a marca concebeu um alimento que associa os benefícios nutricionais da fruta e do leite, facilitando a introdução de novos sabores e texturas e aumentado a variedade da alimentação dos bebés. Estas duas deliciosas variedades contêm mais de 60% de fruta e não têm adição de açúcares, contendo apenas os açúcares naturalmente presentes na fruta e no leite.
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
opinião
Inovação: Outra forma de dizer “Pensar e agir para crescer”
N
a maior parte das vezes em que se fala de inovação, muita 3. Arquitectural gente assume que ela é algo que ocorre somente no plano Inovação onde a base não muda. Não é tão radical, mas é suficienteLuís Rasquilha tecnológico, deve“Pensar ser extremanmente disruptiva para ser mente significativa para criar novas oportunidades de negócio em Inovação: Outra forma de dizer e agir para crescer” CEO da AYR Consulting, reconhecida como tal, leva imenso tempo para ocorrer e mercados ou vantagens competitivas. Permite alavancar as comTrends & InnovationNa maior parte das orçamentos vezes emastronómicos que se fala inovação, muita envolve ao de alcance apenas dos paísesgente mais assume petênciasque e as capacidades ainda que assentes numa base já existente. ela é algo que ocorre somente no plano tecnológico, deve ser extremanmente desenvolvidos. Outra noção equivocada em relação à inovação reside em acreditar disruptiva para ser reconhecida como tal, imenso ocorrer e para ser inovadora ou deve ser um génio ou então E acreditar que isto seja verdade é um dosleva maiores erros quetempo qualquerparaque uma pessoa envolve orçamentos astronómicos ao alcance apenas dos países mais quadro ou gestor de uma empresa pode cometer, já que a inovação ser um executivo de personalidade forte que impõe as suas visões e desenvolvidos. é, fundamentalmente, um estado espírito, pode ocorrer verticalideiasquadro a outros. Isto não existe, na medida em que há muito poucos E acreditar que isto seja verdade é um de dos maiores erros que qualquer ou horizontalmente qualquer empresa, já e é, na maioria génios de verdade e de nada adianta impor uma ideia a quem quer ou gestor mente de uma empresa em pode cometer, que a inovação é, esmagadora casos, evolutiva e não custa pode caro. Mais ainda, com o que seja caso fundamentalmente, umdosestado de espírito, ocorrer verticalmente ouela não esteja fundamentada, do princípio ao fim, pela horizontalmente emda qualquer e é, na dos casos, advento Internet, aempresa, interconectividade quemaioria ela gera eesmagadora o volume e observação correcta do mercado e das capacidades da empresa, das evolutiva e qualidade não custa caro. Mais ainda, com o advento da Internet, de informação que ela disponibiliza fazem com que os dias tendências eamentalidades do consumidor, mas, sim, de um conjuninterconectividade ela gera e omais volume e qualidade informação ela de hojeque e de amanhã sejam propícios à geração da de verdadeira to deque características que enumeramos abaixo: disponibiliza fazem com que os dias de hoje e de amanhã sejam mais propícios inovação do que nunca e, assim, de crescimento para empresas, con1. Uma atitude predisposta para a acção, para a mudança e para a à geração da verdadeira inovação do que nunca e, assim, de crescimento para sumidores e sociedades. disruptividade com os pensamentos convencionais; empresas, consumidores e sociedades. Praveen Gupta, umde dos experts mundiais em inovação, define a sua Habilidade cognitiva, jogando com a arte de combinar o impenPraveen Gupta, umOutra dosforma experts mundiais em inovação, define a sua2.existência Inovação: dizer “Pensar e agir para crescer” existência como capacidade de conseguirno ser momento criativo no mosável, observações e ideias dispersas, identificando oportunidades; como “A capacidade de se“Aconseguir serse criativo certo”. Para nós, Na maior parte das vezes em que se fala de inovação, muita gente assume que ela é algocerto”. que ocorre plano tecnológico, deve ser define-se extremanmente da Ayr Consulting, inovação define-se como: mento Parasomente nós, dano Ayr Consulting, inovação como: 3. Observação ampla e direccional que permite revelar ângulos disruptiva para ser reconhecida como tal, leva imenso tempo para ocorrer e diferentes, tal como uma mosca; envolve orçamentos astronómicos ao alcance apenas dos países mais desenvolvidos. 4. Perguntar e perguntar, mesmo que gere irritação e desconforto E acreditar que isto seja verdade é um dos maiores erros que qualquer quadro ou gestor de uma empresa pode cometer, já que a inovação é, entre os mais resistentes à mudança e mais acomodados à situação; fundamentalmente, um estado de espírito, pode ocorrer verticalmente ou horizontalmente em qualquer empresa, e é, na maioria esmagadora dos casos, 5. Experimentar sempre e descobrir novas direcções; “Não há inovação evolutiva e não custa caro. Mais ainda, com o advento da Internet, a 6. Estabelecer contactos em rede com pessoas diversas e fora do interconectividade que ela gera e o volume e qualidade de informação que ela sem que antes se disponibiliza fazem com que os dias de hoje e de amanhã sejam mais propícios nosso grupo mais exclusivo. à geração da verdadeira inovação do que nunca e, assim, de crescimento para
“
I nov ação
Ideias novas (em) acção possam ter ideias, empresas, consumidores e sociedades. Praveen Gupta, um dos experts mundiais em inovação, define a sua existência e a criação de uma como “A capacidade de se conseguir ser criativo no momento certo”. Para nós, Quem tiver e praticar as características acima pode não somente ser da Ayr Consulting, inovação define-se como: Ou seja, não háseja, inovação sem que sese possam ideias, criação como de também ajudar na criação e manutenção de uma Ou não há inovação sem antes que antes possam terter ideias, e a cri-e a inovador cultura de geração uma cultura de geração de ideias dentro de uma empresa é algo não somente de uma cultura de de ideias dentro de uma empresa cultura forte de inovação dentro de uma empresa – seja administrade ideias dentro fundamental ação I geração nov ação para que ela cresça e se destaque como também é perfeitamente é algoenão somenteexistam fundamental para que ela cresça etal se edestaque dor, gestor, executivo ou colaborador sénior ou júnior – até porque possível, sempre quando as condições para que o seu objectivo de uma empresa é comoclaramente. também é perfeitamente sempreapenas e quando existam as 1/3não destassão seis “manias dos inovadores” são fruto dos nossos genes, seja entendido Ideias possível, que criem “novidades” algo não somente inovação. Ideias Ideias (em)seja acção condições tal e que onovas seu valor, objectivo claramente. e 2/3serve podemoadvir da aprendizagem. Mas, para que uma cultura real quepara acrescentem sim. entendido Portanto, a inovação fundamental para desenvolvimento produtos, serviços oue asoluções, Ou seja,de não processos, há inovação sem que antes se possam ter ideias, criação Ideias que criem apenas “novidades” não são inovação. Ideiasdeque traduzindo-se de inovação ocorra, terá de fazer um pouco mais e “sujar as mãos”, uma cultura de geração de ideias dentro de uma empresa é algo não somente na atribuição de valor acrescentado, para quem vende ou para quem compra acrescentem Portanto, a inovação serveé perfeitamente o desenvolviter um “espírito contracorrente”, desafiar constantemente a ”ordem que ela cresça fundamental paravalor, que elasim. cresça e se destaque como também possível, semprepela e quando existam asfórmula: condições para tal e que o seu objectivo algo, e é representada seguinte mento de processos, produtos, serviços ou soluções, traduzindo-se natural das coisas” e reproduzir o “efeito dominó” nas empresas: e se destaque seja entendido claramente. Ideias que criem apenas “novidades” não são inovação. Ideias de quevalor acrescentem valor, sim. a inovação serve o na atribuição acrescentado, paraPortanto, quem vende ou para quem começando por mudar as pessoas, uma a uma, mudando depois as desenvolvimento de processos, produtos, serviços ou soluções, traduzindo-se como também na atribuição de valor acrescentado, para quem vende ou para quem compra compra algo, e é representada pela seguinte fórmula: organizações e até as instiuições e, depois, os países. ∑ ( beneficios E mocionais + b eneficios R acionais) algo, e é representada pela seguinte fórmula: é perfeitamente E para provar que realmente a inovação hoje e mais do que nunca Valor = possível, sempre e pode e deve ocorrer em todos os lugares, coloco aqui o conceito ∑ (beneficios Emocionais + beneficios Racionais) Valor = Custo da inovação aberta como uma fonte de inspiração. Ele baseia-se na quando existam as Custo noção de que o conhecimento se torna mais acessível através da dicondições para tal e das tecnologias de informação e pode e deve ser potenciado A inovaçãoA inovação enquanto forma também não é complicada, efusão assenta, enquanto forma também não é complicada, e assenta, que o seu objectivo fundamentalmente, 3 tipos: fundamentalmente, emenquanto 3 em tipos: A inovação forma também não é complicada, e assenta, e utilizado para a geração de insights de inovação através da ob1. Incremental – A mais frequente seja entendido 1. Incremental – A mais frequente Inovação de desenvolvimento fundamentalmente, em 3 tipos: assente nas alterações relativamente servação e análise das tendências e comportamentos dos consumimenores nos produtos ou nos serviços já existentes, Inovação de desenvolvimento assente nas constituindo-se alterações relativamente claramente” 1. Incremental –A mais frequente dores, utilizando a Internet como um suporte de sucesso e de forte como alavanca para a posição dominante dos líderes dessa indústria. menores nos produtos ou nos serviços já existentes, constituindo-se Inovação de desenvolvimento assente nas alterações relativamente impacto para isto. como alavanca para a posição dominante dos líderes dessa indústria. menores nos produtos ou nos serviços já existentes, constituindo-se como alavanca para a posição dominante dos líderes dessa indústria. 2. Radical – A menos frequente Inovação assente em novas pesquisas e em novos paradigmas e descobertas, dando lugar à descoberta de novos mercados e novas aplicações. É a base para o surgimento de novas empresas no mercado ou para a redefinição de indústrias problemáticas.
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
Poderia estender-me por páginas e páginas a falar de inovação, já que é a razão de ser da Ayr Consulting e um tema fascinante e inesgotável na sua evolução e variedade. Mas deixo-vos aqui a reiterar que a inovação não é privilégio de poucos nem custa muito para ocorrer, mas é, em essência, um processo contínuo e crescente, suportado pela observação de tendências como factor de crescimento sustentado para as empresas, para os consumidores e para as sociedades como um todo.
VIP
Very Important ProfEssional Barómetro dos Notáveis
Um painel de profissionais dará, mensalmente, a sua opinião sobre questões da actualidade colocadas pela redacção da Distribuição em Expansão. Trabalhadas, a posteriori, estatisticamente, ficará a saber o que os profissionais convidados pensam sobre determinado assunto, mas nunca de forma individual, mas em grupo
1. Agostinho Kapaia, Presidente do grupo Opaia 2. Aguinaldo Jaime, Jurista 3. A lbano Lussati, Vice-presidente da UNACA, Confederação das Associações e Cooperativas de Camponeses de Angola 4. Estevão Daniel, Administrador da Refriango 5. F ilipe Lemos, Presidente Executivo da LIDE Angola (Grupo de Líderes Empresariais) 6. Galvão Branco, Consultor empresarial da GB Consultores Reunidos 7. Gomes Cardoso, Presidente do Codex Angola, Comité Nacional para o Código Alimentar Angola 8. Jorge Baptista, Presidente da Associação dos Empreendedores de Angola (AEA) 9. J orge Coelho Pinto, Director da Jotil 10. J osé António Rousseau, Docente, Consultor e especialista em Distribuição Moderna
11. José Macedo, Director-geral da Lactiangol 12. José Severino, Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) 13. Judith Correia, Administradora da FaciCredit 14. Luís Reis, Presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) 15. Luís Sambo, Jurista, Projecto Executivo para a Reforma Tributária 16. Manuel Monteiro, Director da FertiAngola 17. Manuel Victoriano Sumbula, Administrador da Coca-Cola 18. Matos Cardoso, CEO da Feira Internacional de Luanda (FIL) 19. Paulo de Carvalho, Director-geral da ScoreDistribuição 20. Paulo Trindade, CEO da Abacus, Consultora Imobiliária 21. Pedro Miguel Silva, Senior Manager da Deloitte Angola
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
22. Raúl Mateus, Sócio-administrador da Pomobel 23. Regina Santos, Pesquisadora do CEIC, Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola 24. Renato Azevedo, Presidente-executivo da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN) 25. Ricardo Gerigk, Delegado do Escritório da Economia Alemão em Angola 26. Rui Catalo, Administrador da Casa dos Frescos 27. Rui Malaquias, Docente e economista 28. Rui Miguel Nabeiro, Administrador da Delta-Cafés 29. Rui Santos, Presidente da Sistec 30. Victor Kavinokeka Paulo, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria (Huambo)
VIP
1.
A média de crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Angola, nos últimos doze anos (2000/2012), foi de 2,56%, a sexta maior entre os 186 países que comportam o último relatório das Nações Unidas, publicado recentemente. Isto é…
2.
Os BRICS (comunidade económica composta por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) anunciaram recentemente um acordo para a criação de um banco de desenvolvimento comum destinado a financiar projectos de infra-estrutura. Com a entrada da África do Sul neste grupo de países emergentes, Angola pode sair beneficiada?
a) Uma óptima notícia para a economia angolana.
a) Não. b) Sim, claramente.
b) Será de extrema importância na análise de actuais e futuros investidores no mercado.
c) Depende do diálogo e aproximação que Angola fizer a este grupo.
c) Não terá qualquer relevância se não for incentivado o investimento privado.
d) Sim, mas não globalmente. Só em determinadas áreas.
d) Algo normal, dado o subdesenvolvimento do País em muitas e diversas áreas.
3.
Os índices de desenvolvimento macroeconómico registados por Angola permitiram que o Comité de Políticas de Desenvolvimento (CPD) do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) considerasse o País elegível para migrar da lista dos países menos avançados para a dos de rendimento médio, a partir de 2015. Acredita que isso se concretizará?
4.
Em entrevista ao jornal Expansão, Diógenes de Oliveira, presidente da Associação Angolana dos Direitos do Consumidor, admitiu que a “ausência de informação leva o consumidor a cometer erros”. Acredita que o consumidor angolano está bem informado?
a) Sim.
a) Não.
b) Não.
b) Sim.
c) Depende das políticas que o Executivo colocar em vigor durante o presente ano.
c) Está, dentro dos possíveis. d) Nem bem, nem mal. Não existe informação ao consumidor.
d) É indiferente.
5.
Está em discussão e à espera de aprovação a nova Pauta Aduaneira que onerará os produtos alimentares importados. Em sua opinião, os custos com esta nova pauta serão…
6.
Além da Pauta Aduaneira, o Executivo estabeleceu a sujeição de determinadas mercadorias importadas ou produzidas em território nacional à análise laboratorial obrigatória e o regime e procedimento a que a análise laboratorial das mercadorias deverá obedecer, ficando a Bromangol responsável por essas análises. Segundo Sílvio Burity, director nacional das Alfândegas, o “Executivo não vai assumir os custos com as análises laboratoriais dos produtos importados”, afirmando ainda que “o custo relacionado com as análises das mercadorias não será significativo e não deverá reflectir-se nos preços das mercadorias”.
a) Transferidos para o consumidor.
a) Estas análises não têm qualquer cabimento e prejudicam todos os intervenientes.
b) Assumidos pelos importadores. b) Os preços irão, naturalmente, aumentar.
c) Nulos. d) Residuais.
c) É um procedimento normal para salvaguarda do bem social e da qualidade e segurança alimentar. d) Todas estas taxas e impostos poderão levar a que falte oferta nas prateleiras dos híper e supermercados.
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Distribuição em Expansão • Abril 2013
leituras
/livros
Novas Tendências em Marketing Intelligence
O Autor(es): P edro Quelhas Brito, Pedro Campos Edição: 2013 Editora: Actual Editora Págs.: 294 Preço: 16,20 EUR (1.980 Kz)
mundo está hoje dominado pela informação e uma das qualidades dos decisores deve ser a sua capacidade de compreender e antecipar as necessidades do mercado. A Internet e os suportes de decisão associados à nova economia desempenham um papel fundamental na evolução dos sistemas de informação, proporcionando vantagens comparativas a quem os dominar.
O Despertar da África - 900 milhões de consumidores africanos têm mais para dar do que se julga Autor(es): Vijay Mahajan Edição: 2013 Editora: Actual Editora Págs.: 296 Preço: 19,80 EUR (2.430 Kz)
E
ste livro mostra-nos como algumas empresas conseguiram triunfar neste continente, apesar dos desafios políticos, económicos e da falta de recursos com que se deparam. Apresenta-nos ainda um conjunto de empresários locais e investidores estrangeiros que estão a criar oportunidades de negócio rentáveis e sustentáveis no continente, mostrando o poder que a diáspora assume enquanto potenciador de investimento e desenvolvimento. Tendo por base o rendimento nacional bruto per capita, o continente africano é mais rico do que o indiano e, em alguns países, mesmo acima da China. “Este livro traça um retracto poderoso das oportunidades de crescimento em África” (E. Neville Isdell, Presidente e CEO da Coca-Cola, EUA)
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Distribuição em Expansão • Abril 2013