Distribuicão em Expansão 1

Page 1

>>Março >>ano I >>Director: António Pedro

>>Director Executivo: Victor Jorge >>Periodicidade: Mensal >>Propriedade: Score Media

2013

>>Preço capa: 700 Kz

+

Mercado Tudo sobre o franchising no País

Dicas de gestão

Como fazer um pequeno e-commerce

01

Logística Os 18 projectos que vão revolucionar a cadeia de abastecimento

Saiba quais são As 10 tendências de consumo para 2013

E ainda… • A opinião dos VIP • As novidades do mercado

Vinhos

Conheça a estratégia Moët & Chandon para Angola

A Luanday tornou-se, recentemente, no importador exclusivo de uma das mais prestigiadas marcas de champanhe do mundo. Pedro Paneiro, responsável pelo marketing da Moët-Hennessy, revela-nos os planos para o Moët & Chandon em Angola.

9 772727 000021

00001



editorial Mercado atrelado ao agravamento de taxas aduaneiras

E

m 1817, o químico alemão Johann Döbereiner observou que muitos elementos da tabela periódica podiam ser agrupados três a três (tríades) de acordo com certas semelhanças com as massas atómicas, o que ficou conhecido como a Lei das Tríades. A Triada de Döbereiner, que se aplicava a 54 elementos químicos, buscou agrupar os elementos químicos com massas atómicas muito próximas (ferro, cobalto, níquel), com diferença comum igual a 16 (lítio, sódio, potássio) e com média aritmética (cálcio, estrôncio e bário). O contributo de Döbereiner tem ajudado até hoje nas grandes pesquisas da química universal, sobretudo no sector agro-industrial. Na verdade, cogita-se que foi um projecto, inocente ou não, pensado no muito longo prazo. O exemplo da química é para aqui chamado devido às fortes divergências que têm gerado acesos debates sobre o agravamento de taxas aduaneiras sobre produtos importados para se dar protecção à produção interna. A não aprovação até agora da nova pauta aduaneira, submetida à Assembleia Nacional há mais de um ano, tem gerado no seio de produtores e importadores a presunção de que os legisladores estão a analisar à lupa os reais benefícios, embora o Executivo já tenha feito anúncio oficial de que a medida vai avançar. Acontece que, na nova pauta aduaneira, as taxas poderão subir de 20% ou 30% para 50% para cerveja, sumos, detergentes, gel de banho e alguns alimentos. A indústria nacional, no entanto, não garantiu ainda que baixará preços, e a tabela fica aquém do esperado pela própria indústria. A Associação Industrial de Angola (AIA), o “sindicalista” dos produtores nacionais, gostaria de ver aplicadas taxas mais altas, próximas dos 55%, onde se passaria as taxas para o gel de banho de 15% para 60%, nos detergentes, de 10% para 60%, na área alimentar os aumentos seriam de 20% e 30% para 50%. A AIA queria imposto ao consumo diferenciado: produtos nacionais ou gerados no País sem, e produtos importados com 10% a 20%. O modelo não é novo, e muitos países já o fizeram, no caso concreto do Brasil, que é a sexta maior economia global, segundo o guru brasileiro da gestão Idalberto Chiavenato, embora os grandes pensadores da economia admitam este modelo mas apenas por certo período. Persiste a suspeita de que o agravamento de taxas venha a retirar um ganho que o Executivo conseguiu com muito trabalho e barreiras: a redução histórica da taxa inflação, ou seja, do custo de vida do cidadão, de 110,3% em 2002 para um dígito de 9,9% em Agosto de 2012. É desta forma que se vaticina que o agravamento de taxas venha a afectar, directamente, o custo de vida dos cerca de 19,5 milhões de consumidores que Angola possui, pois os importadores

António PedrO, Director

vão, com certeza, aumentar preços com justificação similar à dos produtores. m caso mais recente e concreto, a título de exemplo, está intrinsecamente ligado ao projecto agro-industrial Sociedade Aldeia Nova, no município do Waku Kungo, no Kwanza Sul, que anunciou ter nos seus armazéns 1,5 milhões de ovos susceptíveis de apodrecer por falta de mercado. Os ovos de produção nacional não concorrem com os importados, devido ao factor preço. Uma embalagem de 30 ovos de produção nacional custa em média 900 Kz nos mercados, ao passo que a mesma embalagem para ovos importados é cotada a 600 Kz. A produção de ovos do megaprojecto Aldeia Nova é menos de 30 milhões/ano, o que não é comparável às quantidades importadas, que só no primeiro semestre de 2012, segundo o Conselho Nacional de Carregadores, quando convertidas, atingiram 33,5 mil milhões de ovos. Outra questão que inquieta é se, agravando a taxa de importação sobre determinados produtos, para que haja mercado, no caso dos ovos, os produtores nacionais vão baixar preços, ou vão continuar a justificar que têm tido gastos em combustível, ração animal, electricidade, água, transporte, o que tornará sempre o produto caro para o consumidor final? Em Fevereiro de 2012, os produtores nacionais receberam com desagrado uma posição anunciada pelo Executivo que visou a taxação para redução de produtos como arroz, açúcar, feijão, fuba de milho, fuba de mandioca, farinha de trigo, massa alimentar, carne seca, óleo de soja, sabão em barra, sal, leite em pó, pois constituem o cabaz da cesta básica e a produção interna não satisfaz a demanda nem a curto prazo. A AIA defende que quem importa não cria empregos e contribui para a saída de divisas do País. O administrador-delegado do grupo Castel, Philippe Fredéric, defende que a indústria deve ser protegida pelo Executivo, no caso das cervejas, que é auto-suficiente. Carlos Marques Santos, CEO da Refriango, afirma que, com o consumo, as indústrias de matérias-primas começam a desenvolver-se e é importante dar protecção, mas controlada, senão criam-se monopólios, e a concorrência é necessária. Afinal, até que ponto caberia ao Estado melhorar as infra-estruturas (tecnologia, logística, energia), de modo a possibilitar que as empresas tenham menos custos na produção e, assim, baixem os preços? As poucas exportações nacionais também reclamam por redução de taxas. Não restam dúvidas de que uma solução bem próxima da de Johann Döbereiner, no caso de dar incentivo à produção nacional e seleccionar à risca os produtos menos dos mais taxáveis, com foco no custo de vida do consumidor final, vai ajudar o País a desenvolver-se no longo prazo. Portanto, mãos à obra!

ficha técnica Director António Pedro • Director Executivo Victor Jorge • Directora Geral de Publicações Nilza Rodrigues Colaboram neste número Estêvão Martins, Eunice Sebastião, José Rousseau, Pedro Silva e Luís Rasquilha Fotografia Edson Chagas (Subeditor), César Magalhães, Lídia Onde Projecto Gráfico Rui Sampaio • Impressão Printer • Distribuidora Distripress • Direcção Comercial Tânia Vasconcelos, Carina Amuedo, Cátia Amado Direcção Administrativa e Financeira Renato Moreira (Director), Garcia José, Herlander Tomás, Katila Denise, Rosa Ngola, Stanislau Pataca Contactos 244 222 322 665 / 244 222 322 654 / 244 222 322 674 • Fax: 244 222 443 453 • Rua Damião de Góis, n.º 81 – Bairro de Alvalade, Luanda – Angola Contactos E-mail expansao@scoremedia.co.ao / comercial@scoremedia.co.ao Representação em Portugal Estratégia Media • Direcção-Geral Nilza Rodrigues • Departamento Administrativo Amélia Saavedra • Contactos +351 927747062 Registo MCS-520/B2009

#03

Distribuição em Expansão • Março 2013


índice #

05

Quiz

06

Distribuição

28

Produção

30

Bebidas

32

VINHOS

06-08 O que impede o franchising de vingar em Angola 10 O mercado imobiliário no sector retalhista 12-13 10 Tendências de consumo para 2013 14-17 Top 250 Retalho – Retalho mundial gera mais de 4 biliões USD 18 Opinião Pedro Miguel Silva (Deloitte) – Global Powers of Retailing 20 Como fazer um pequeno e-commerce 21 Balança comercial Portugal-Angola 24 Opinião José António Rousseau - ADN da Distribuição

28-29 Parceiros Sociais clamam remodelação da Lei de investimento privado

06

14

28

30 Embargo aos importadores

32-34 Entrevista a Pedro Paneiro, Marketing Manager da Luanday dos produtos Moët&Hennessy

36

Transportes

38

Logística

36 Nissan – Ver para todos os lados 37 Auto-Sueco expande operação

38-41

30

Os investimentos nos centros de logística e distribuição

42 Novidades de produto 44

VIP

46 Leituras

46 The Retail Revival: Reimagining business for the new age of consumerism 46 Nada é grátis – Estratégias de lucro num mundo novo

32 #04

Distribuição em Expansão • Março 2013


1 2

Nas palavras da ministra do Comércio, Rosa Pacavira, quantas lojas Poupa Lá deverão ser construídas nos próximos cinco anos? a) 100 b) 121 c) 133 d) 97

Qual o país que vai realizar o 5.º Fórum Económico com Angola, em Junho próximo? a) Estados Unidos da América b) China c) Brasil d) Alemanha

3

A estreia dos supermercados Continente, numa parceria com a Condis (empresa detida maioritariamente por Isabel dos Santos), acontecerá… a) em 2014 b) no último trimestre de 2013 c) 2015 d) 2016

4

Os Projectos Estruturantes de Prioridade Nacional irão receber um total de 6253,3 mil milhões Kz. Quanto está reservado ao cluster da alimentação e agro-indústria? a) 120 mil milhões Kz b) 153,3 mil milhões Kz c) 171,7 mil milhões Kz d) 300,1 mil milhões Kz

Respostas: 1c); 2d); 3a); 4b)

quiz

#05

Distribuição em Expansão • Março 2013


distribuição

/franchising

O que impede o franchising de vingar em Angola >> texto: António Pedro >> fotos: D.R.

O franchising tornou-se nos últimos anos um bom modelo para expandir negócios. Em Angola, quase tudo está por começar. Poucas tentativas foram feitas, mas sem sobrevivência empresarial: Pastelândia, Nando’s, Wimpi, Steers e demais marcas são prova disto. Aos poucos, o mercado vai recebendo novos players, como KFC ou Magnata Group. Entretanto, persistem os problemas conjunturais que ajudam a afogar o negócio do franchising.

#06

Distribuição em Expansão • Março 2013


pág.

10

Relatório espelha tendências do retalho, indústria e logística

pág.

12

10 tendências de consumo para 2013

pág.

14

Retalho mundial gera mais de 4 biliões USD

pág.

20

Como fazer um pequeno e-commerce

pág.

21

Angola confirma-se como 4.º parceiro comercial de Portugal

Barreiras de mercado

M

uito se tem questionado se o mercado angolano está, ou não, preparado para abraçar em força o modelo franchising, quer na cadeia alimentar, quer na nãoalimentar. Algumas marcas estrangeiras tentaram instalar-se no mercado, mas não sobreviveram por muito tempo. A Distribuição em Expansão abordou empresários para falarem sobre esta realidade do franchising e perceber o que impede as empresas de vencerem as barreiras, pois muitos estarão lembrados de projectos com êxito como Wimpi, Nando’s, Pastelândia, Steers, só para citar alguns. Afinal, por que razão estas e outras marcas não resistiram à conjuntura de mercado? O País possui muitos problemas conjunturais, sem descartar a falta de capital humano qualificado, desde a produção, logística e distribuição, entre outros, mas também pouco incentivo à produção nacional e a sua protecção, a definição da reforma tributária e da lei geral do trabalho, tal como avançou um empresário à

Para Jorge Baptista, presidente da Associação dos Empreendedores de Angola, não é fácil mudar mentalidades, visto que se vive num país que está a descobrir agora novas oportunidades, e, nesta óptica, é preciso incutir nas novas gerações a necessidade da criação de marcas próprias nacionais. Mas as probabilidades de darem certo são quase inexistentes. “Temos muitos problemas conjunturais que passam pela formação, incentivo à produção nacional, protecção da produção nacional, reforma tributária, reforma da lei geral do trabalho, requalificação dos sectores da economia”, afirma. Na óptica de Baptista, sem desprezo pelo modelo franchising, é preciso valorizar o que é feito em Angola, e ser uma obrigatoriedade dos diversos sectores públicos comprarem o made in Angola. Contudo, esclareceu que é preciso incentivar a cultura do franchising e até promover várias formações para os empreendedores compreenderem que, ao estruturar um negócio por franchising, se pode chegar com o produto ou marca a todo o território, sem a necessidade da presença física do dono da marca em toda a parte em que ela existir. Hirondino Garcia aponta o caso da McDonald´s – maior rede mundial de fast food – como uma referência na expansão de negócios neste modelo, salientando que quem pretende adoptar uma marca estrangeira como negócio encara como menor a necessidade de investimento de capital, pois “não é igual para quem está a começar agora”. Primeiro, trata-se de negócios que já têm visibilidade, não é igual para quem pretenda começar de base. É mais fácil vender, assegura o empresário, porque a imagem já está feita, e vaticina que, se a McDonald´s entrar hoje no mercado nacional, não vai enfrentar muitas dificuldades, tal como é o caso do KFC, que é um franchising que já possui nome. “O KFC já trouxe uma imagem feita, um negócio estruturado”, admitiu, tornando-se vantajoso para quem lhe vai ser repassado o negócio. Contudo, Hirondino Garcia recorda que há regras muito concretas a seguir e extremamente exigentes para quem se torna franchisado. Geralmente, o franchising obriga à exclusividade do modelo de funcionamento, impedindo que o empresário que adoptou a marca invente ou inove na qualidade do produto. O empresário revelou que está a trabalhar sobre um processo de franchising com uma empresa portuguesa que tem interesse no mercado nacional. Actualmente, tais empresas em negociação estão a analisar se avançam para um acordo como joint-venture ou em franchising, pois a parte angolana, segundo Garcia, está a rever as vantagens e desvantagens, tendo em conta as características do mercado nacional, repleto de dificuldades não enfrentadas nos mercados originários das marcas que pretendem entrar em Angola. “Nós, angolanos, gostamos de ter marcas próprias. E, ao contrário do franchising, não posso colocar o meu toque, o meu gosto no negócio, porque não foi estruturado por mim. Se a marca própria tem a nossa identidade, no franchising até a logística é padronizada e as compras são feitas em cadeia, os produtos são sempre importados da casa-mãe, ou seja, do país onde reside a marca”, explicou o presidente da Prestígio. Adverte, de forma insistente, que não é o franchisado que decide as coisas, por isso, é preciso analisar muito friamente antes de se partir para um negócio de franchising, porque em rigor é necessário ter-se a certeza de que se vai cumprir com o que está estabelecido nas cláusulas contratuais.

revista. Na visão do empresário Celso Arsénio, o nosso País apresenta um nível de dificuldade neste sentido, maior do que se considera normal. Justifica que o País tem pouca ou nenhuma produção de matériaprima, facto que obriga a que quase tudo seja importado, tornando o produto final mais caro. Apesar disto, acredita que se deve aprovei-

tar a experiência das grandes marcas que souberam adaptar-se em diferentes países e diferentes culturas através do franchising, que não passa de uma forma de investimento do dono da marca, sem grandes riscos imputados a si próprio. “O mercado angolano está no início da era do franchising e com uma evolução rápida”, considera Celso, pois a sua adaptação e preparação será proporcional às necessidades

do consumidor final. Acredita também que um dos principais motivos pelos quais algumas grandes marcas não tiveram o sucesso pretendido no mercado angolano foram os elevados custos de implementação do negócio, o que leva a encarecer o produto final, tornando este não acessível ao número esperado de potenciais clientes. Assegura que as grandes marcas querem

Marcas vs. logística No sector alimentar do franchising, nem sempre a carne importada tem a mesma origem, excepto se o país que aloja a marca venha a dar mostras de que possui o produto com as mesmas características e exigências que a proveniente na origem, mas raramente isto acontece. Para uma coroação de êxitos, entram no jogo factores diversos e, tal diz o empresário Hirondino Garcia, a logística não pode falhar. “Se o McDonald´s estiver cá, em Angola, seria um absurdo chegar a uma loja e receber a resposta de que não há carne para fazer hambúrgueres, porque é suposto estar lá.” Actualmente, já existem marcas estrangeiras que permitem uma pequena alteração no menu original, desenhado no país que criou a marca, face à realidade cultural do país franchisado, refere Garcia, ao indicar que em Portugal, a título de exemplo, a McDonald´s inseriu a bifana no seu menu, “mas é controlada pela matriz”.

No curto prazo, havendo a tendência de criação de marcas próprias, com o mesmo foco de marcas franchisadas, será um risco para o negócio no primeiro caso, assegura Garcia, já que para o primeiro caso se requer um estudo, uma avaliação, de fundo, pois qualquer negócio tem pontos fortes e fracos, para que se possa balancear se vale a pena ou não. “É claro que criar uma marca nova é sempre mais difícil, porque é o início do negócio, exige um estudo de viabilidade mais apurado, já que se precisa dar a conhecer o negócio. No franchising não é assim, e até, se for um bom franchising, pode servir de âncora. Nota-se muito isto”, esclarece. As marcas-âncora são de venda muito mais fácil do que as que estão a começar de raiz. Quando se é novo, é preciso identificar o público-alvo, e pode dar certo, ou não.

#07

Distribuição em Expansão • Março 2013


Franchisar uma marca é aliciante para qualquer investidor

distribuição /franchising estar bem visíveis dentro de shoppings ou em ruas muito movimentadas. Contudo, “os custos inerentes são elevadíssimos e, em muitos casos, são motivo para não seguir em frente”, apontou. Na análise do empresário Jorge Baptista, quanto a casos de marcas que tentaram o mercado angolano e não tiveram o sucesso pretendido, são poucos os casos que não deram certo. Entretanto, avalia que as marcas internacionais franchisadas pecam por várias

vestuário, supermercados, alimentação, e outros que possam ter consumo no mercado nacional. Segundo o empresário Celso Arsénio, à medida que as marcas forem introduzidas a partir do estrangeiro ou criadas dentro do País, o mercado irá acompanhar, paralelamente, tornando-se cada vez mais propício para que o modelo franchising seja na cadeia alimentar, de outros produtos e até de serviços. A opinião de Arsénio é também sustentada

Franchising vai à feira de empreendedores Luanda acolhe, de 26 a 27 de Março, uma feira do empreendedor, organizada pela Associação dos Empreendedores de Angola (AEA) em parceria com a empresa Luanda Center. A feira Ser Empreendedor reservou um salão de oportunidades de franchising, onde os interessados podem, antes de tudo, aprender mais sobre este fenómeno e aproveitar as oportunidades de franquear uma marca ou de formatar o franchising da sua marca. Este processo decorre com ajuda de consultores especializados, oriundos de países como o Brasil, onde este conceito está bastante maduro. Sendo uma novidade em Angola, a AEA procura dar a importância merecida às conferências sobre o assunto, bem como tornar possível a realização de negócios e interacção de investidores dentro da própria feira. Outro ponto importante dentro do conceito franchising, e o facto de ser novidade, através de consultores parceiros, procura dar-se um acompanhamento coaching às entidades que realizam negócios, para garantir que estes tenham um start up sustentável, até estarem prontos para caminharem com “pernas próprias”. No salão está reservada a realização de workshops sobre o assunto, com a participação de muitas empresas interessadas em franchisar os seus produtos e serviços. O evento conta com a ajuda de especialistas do sector.

razões, “entre elas, a questão da logística, formação de recursos humanos, e também por os agentes que trazem as marcas para o mercado angolano não serem grupos internacionais fortes que acreditem no nosso mercado”. É por esta e outras razões que o empresário Baptista defende que se deve começar a criar marcas próprias angolanas, visto que existem sectores que podem começar pelo consumo que já existe, nomeadamente, no

pelo presidente da Associação de Jovens Empresários de Angola (Prestígio), ao afirmar que é prematuro avaliar o franchising no mercado nacional, apesar do surgimento de algumas marcas estrangeiras cujas tentativas não surtiram o efeito planificado. Nota-se muita ansiedade para adoptar o franchising, na opinião de Hirondino Garcia, mas as regras são duras, uma vez que o parceiro local deve seguir à risca as orientações da marca original, alertando para

Os empresários Jorge Baptista e Celso Arsénio respondem em “linha directa” a duas questões da Distribuição em Expansão. Afinal, como é que um mercado com sérias dificuldades pode atrair players internacionais da produção, logística e distribuição? Distribuição em Expansão (DE): Muitos empresários angolanos preferem conquistar uma marca franchisada a criar uma marca nova. Quais os cuidados que se deve ter para não denegrir a marca e o país que a acolheu? Celso Arsénio (CA): Sabe-se que franchisar uma marca que já existe e tem nome conhecido, normas e fluxos de trabalho padronizados e testados em vários pontos do planeta, é bastante aliciante para qualquer investidor. Muitos deles nem sequer precisam entender profundamente o negócio para que este siga em frente. Todos os aspectos que poderão eventualmente denegrir a marca ou o país acolhedor devem ser analisados durante o estudo de mercado. Daí que, apesar de ser uma marca com boas margens de facturação no resto do mundo, a entrada em novos mercados requer sempre o estudo de mercado, onde, para além de se analisarem os possíveis concorrentes, se devem analisar as leis do país, para garantir que este prevê e aceita as políticas criadas pela marca. Os investidores devem ter em atenção os aspectos culturais, hábitos e costumes, pois estes podem levar a um resultado inesperado. Um exemplo pode ser a procura em massa, causando uma rotura de stock inesperada, o que é mau para a marca. Jorge Baptista (JB): Sou de opinião que, ao invés de sonharmos conquistar o que não é nosso, primeiro devíamos pensar criar algo nosso. As marcas internacionais impõem regras duras, e muitas das vezes as empresas angolanas não estão preparadas para satisfazer tais exigências. Daí pensar que à partida poucos entram numa posição de fraqueza, e fica difícil opinar quais os cuidados a ter para não denegrir a imagem das marcas internacionais. O sonho que os empresários devem ter é de acreditarem que podemos ter marcas boas e 100% nacionais, e que podem ter todo o sucesso no mercado. DE: Tem conhecimento de marcas estrangeiras que buscam actualmente uma oportunidade em Angola? Se for o caso, o que as atrai para um mercado com sérias dificuldades na produção, logística e distribuição? CA: São muitas as grandes marcas consideradas líderes mundiais interessadas no mercado angolano. Sendo um país emergente, produtor de petróleo com grandes reservas, com uma classe média em grande crescimento, para os grandes investidores, estes aspectos são vistos e analisados no ponto de vista estratégico, tornando viável a implementação dos vários negócios. Apesar das grandes dificuldades da produção, logística, distribuição e outros problemas, ainda assim, por se considerarem grandes necessidades, encontra-se a viabilidade da maioria dos negócios reflectida no preço final, que, mesmo sendo bastante elevado, não deixa alternativas para os consumidores. JB: São várias empresas internacionais, mas desistem, pois não encontram solidez no mercado, falta tudo isso que acabou de se referir. É complicado, pois ainda temos de fazer muito no sentido de catapultarmos as marcas nacionais e fazer com que os empresários acreditem que têm de começar a fazer coisas para valorizar o made in Angola. Cabe aos órgãos de decisão fazer a sua parte no sentido de atingirmos este desiderato.

o facto de que muitas empresas nacionais não possuem contabilidade organizada e querem avançar para este tipo de negócio. Garcia contabiliza pelos dedos, enquanto concede a entrevista: “São muito poucas as marcas que desistiram do mercado. Não se sabe se foram problemas ligados à logística, mas sabe-se que, para franchisar uma marca em Angola, o factor mais importante é mesmo a logística. Se um Continente ou o Pingo Doce entra para o mercado ango-

#08

Distribuição em Expansão • Março 2013

lano, em joint-venture ou em franchising, deve levar em conta este factor.” No entanto, avisa o gestor: “Empresas sem contabilidade organizada, não aconselho a lançarem-se no franchising. Aliás, nenhum parceiro externo consente esta falha grave.” “Hoje, só empresas que querem fugir ao fisco ainda têm contabilidade desorganizada, um prejuízo para o próprio Estado angolano. O País tem hoje bons contabilistas e, em último caso, importa-se”, assumiu.



distribuição /Abacus

Relatório espelha tendências do retalho, indústria e logística

A consultora imobiliária Abacus, em associação com a congénere internacional Savills, lançou em relatório as tendências do mercado imobiliário para o corrente ano, nos segmentos do retalho, indústria e logística. O estudo espelha a evolução, positiva e negativa, dos preços de venda e arrendamento de espaços comerciais.

>> texto: André Samuel >> fotos: D.R.

H

oje é possível encontrar em Luanda, nas principais ruas da cidade, lojas que vendem algumas das mais emblemáticas marcas internacionais, como Parfois, Boss, Adidas, Nike, Lacoste, Porsche e Porcelanosa. O mercado com forte procura é o das lojas de rua, aponta o Relatório de Mercado Imobiliário 2013, revelando ainda que, nos dois últimos anos, os valores referentes à renda e venda de imóveis no sector do retalho, composto por centros comerciais, lojas de rua e retail parks – uma sequência natural dos centros comerciais –, tem ganho interesse por parte dos investidores. Actualmente, os retail parks começam a surgir no mercado. O primeiro a ser lançado, e hoje aberto ao público, foi o Lobito Retail Park. Existe também em projecto, na zona de Camama, o Luana Retail Park, cuja execução prática da empreitada está atrasada face aos prazos que haviam sido definidos há anos. Entretanto, em comparação com os estudos realizados em 2011 e 2012, o relatório de 2013 espelha que os projectos previstos, para os segmentos do retalho, logística e indústria, conheceram uma lenta evolução com atraso no cumprimento da meta de lançamento de novos espaços. Os preços praticados, para o arrendamento de retail parks, cifrou-se em 20 a 30 USD por m2 nos dois últimos anos, ao passo que

Valores praticados para venda e arrandamento, em USD Tipo Centro comerciais

Rendas m2/mês

Venda m2

60-130

n.d.

Retail parks

20-35

2.000-2.200

Loja de rua

25-250

2.500-12.000

Fonte: Abacus em associação com Savills

a venda variou entre 2000 e 2200 USD/ m2. As lojas de rua tiveram os preços de renda fixados em 25 a 250 USD/m2, ao passo que a venda ronda os 2500 a 12000 USD/m2. De acordo com o relatório, continua a assistir-se à particularidade, ao contrário do resto do mercado imobiliário mundial, de

as lojas de rua, com algumas poucas excepções, terem valores de transacção (arrendamento ou venda) inferiores aos valores de escritório e por vezes aos de habitação. Destacam-se, entre diferentes projectos, os centros comerciais Luanda Towers – shopping integrado num projecto habitacional e aparthotel, com aproximadamente 30000

Oportunidades de investimentos Sobre as zonas industriais, incluindo a logística e o armazenamento, o estudo cita que “será correcto dizer que, dos vários segmentos do mercado imobiliário, este é, provavelmente, o que se encontra num estado mais embrionário, oferecendo, por isso, mais oportunidades”. A dependência da importação de um conjunto essencial de bens e serviços, apesar do forte compromisso e investimento governamental no segmento industrial produtivo e de transformação, não se vai alterar em breve, o que leva a concluir que o segmento imobiliário industrial será o de maior futuro no País. Para além das emergentes necessidades imobiliárias internas, continuarão a existir necessidades de armazenamento, por força das importações, que, quando aliadas à quase inexistência de produto imobiliário industrial/armazenagem, oferecem uma grande oportunidade de investimento aos promotores. É determinante, para o sucesso de qualquer parque/plataforma logística, a questão da localização, segundo o estudo da Abacus, justificada pela dimensão demográfica do País e pela localização geográfica no continente africano, o que obriga a pensar de forma decisiva em produtos imobiliários interligados com os portos marítimos e com os caminhos-de-ferro. Dada a extensão do País e suas actuais características de funcionamento e de operacionalidade, é correcto afirmar, de acordo com o estudo, que idealmente toda a estrutura logística de Angola terá de ser alicerçada em três dos quatro portos marítimos existentes. A interligação dos referidos portos, com o transporte ferroviário, será, no futuro, determinante para o desenvolvimento sustentado de Angola. Neste sentido, a construção de novas estradas entre as províncias é também outro dos factores determinantes para o segmento acima apontado, constatando-se a intenção de entrada de operadores logísticos internacionais do retail, indústria e logística. “A procura de armazéns está progressivamente a aumentar, particularmente nas zonas de proximidade dos portos. Estes são a porta de entrada das mercadorias em Angola”, aponta a Abacus. Em Luanda, para além da mencionada oferta industrial, na proximidade do porto comercial, destacam-se ainda as zonas de Viana, Benfica, a estrada para a zona de Cacuaco e a estrada para Catete, uma zona que se está industrializar, existindo alguns projectos já edificados e outros em curso, como o Viana Logistics Park, que, além da pequena indústria e distribuição, vai permitir instalar grandes operadores.

#10

Distribuição em Expansão • Março 2013

m² –, e o Luanda Shopping – que, integrado no Projecto Comandante Gika, contará com cerca de 120 000 m² distribuídos por 208 lojas, seis salas de cinema e um health club. A lista inclui o Shopping Fortaleza – empreendimento localizado na marginal, na proximidade da Fortaleza de Luanda, com 90 lojas planificadas, incluindo cinemas. Os projectos citados foram protelados para o período pós-2014. Quanto aos centros comerciais, existem no mercado quatro investimentos e aguarda-se para 2014 a inauguração de mais dois ou três. Actualmente, no mercado destacam-se os empreendimentos que estão a funcionar em pleno, caso do Belas Shopping, que foi inaugurado em 2007, na zona de Talatona. O empreendimento conta com 100 lojas e com oito salas de cinema. Fora de Luanda, realce para o Millennium Shopping, o segundo centro comercial de Angola, inaugurado em 2008, no Lubango, que possui 40 lojas e com a curiosidade de ter sido lançado no mercado para venda. Outras duas cadeias de lojas em funcionamento que complementam as demais foram inauguradas em finais de 2012, tratando-se do Ginga Shopping, situado em Viana e com 70 lojas, e o Atrium Nova Vida, que possui 35 lojas na zona sul de Luanda. Com inauguração prevista para depois de 2014, está ainda o Shopping do Kinaxixi, outro empreendimento comercial a ser implementado no antigo mercado do Kinaxixi, com um espaço reservado de 50 000 m².



distribuição /tendências de consumo

O ano de 2013 será um ano de desafios para a maioria das economias mundiais. Independentemente de todos os factores e geografias, quem conseguir satisfazer as necessidades e expectativas em constante transformação dos seus consumidores terá sempre mais possibilidades de vencer.

10 tendências

de consumo para 2013 >> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.

E

m 2013, a economia mundial viverá um ano de alterações, algumas perceptíveis, outras de grande impacto, e outras ainda que nunca foram experimentadas. Uma economia mundial remapeada, novas tecnologias (ou “velhas” tecnologias aplicadas de maneiras novas), novos modelos de negócio, novas ideias, novos cenários, novos players, desaparecimento de players mais antigos, enfim, 2013 será diferente de 2012. Pelo menos é isso que muitos esperam e desejam. A Trendwatching revelou as 10 principais tendências de consumo para que os players se adaptem e as apliquem… ou não.

1. Presumers & Custowners “Os consumidores vão abraçar ainda mais formas de participar no financiamento e (pré-)lançamento de novos produtos e marcas.” 2013 verá consumidores entusiasmados a abraçar dois inovadores modelos de “consumo”, tornando-se “presumers” e “custowners”. Os “presumers” gostam de se envolver, alavancar, financiar e promover produtos e serviços antes que eles sequer existam. Graças a incon-

táveis novas plataformas de crowdfunding e novas tecnologias de produção cada vez mais acessíveis (e um crescente culto global ao empreendedorismo), os próximos meses irão satisfazer os desejos destes consumidores. Ao lado dos “presumers” surgem os “custowners”, consumidores que deixam de lado o consumo passivo de produtos e passam a financiar e investir (quando não comprando parte) das suas marcas preferidas. Porém, estes consumidores inteligentes ligados a negócios procuram, normalmente, retorno financeiro e emocional. Por isso mesmo, apenas marcas que são acessíveis, amigáveis, honestas, confiáveis, transparentes e de alguma maneira mais “humanas” mostrar-se-ão dignas do entusiasmo dos “custowners”.

2. Emergentes “Marcas emergentes do mundo todo estão a satisfazer os desejos da classe média emergente de todo o mundo.” Enquanto, nas duas últimas décadas, mercados desenvolvidos satisfaziam as necessidades de países emergentes, e mercados emergentes satisfaziam o desejo de países desenvolvidos,

pode-se esperar agora uma explosão de produtos e serviços de mercados emergentes para mercados emergentes. Pense-se só em todas as marcas brasileiras e chinesas que já satisfazem a classe média na Turquia, Índia ou África do Sul. Ou vice-versa. Além disso, como estas marcas de mercados emergentes já possuem experiência de actuação em mercados de rápida ascensão, e já estão acostumadas a satisfazer as classes médias cada vez mais poderosas, é de esperar que as próximas potências de mercado virão, de facto, de mercados emergentes. Os dados são interessantes: em 2013, o PIB de mercados emergentes irá ultrapassar o de mercados desenvolvidos pela primeira vez [de acordo com a Purchasing Power Parity do Fundo Monetário Internacional (FMI) de Outubro de 2012].

3. Mobile moments “Vivendo a vida multi-hyper-tasking: porque microconveniências, mini-experiências e snacks digitais irão dominar 201.3” Para aqueles que se perguntam quais serão os

#12

Distribuição em Expansão • Março 2013

próximos passos do “mobile”, um só insight comportamental já dá muitas dicas: em 2013, os consumidores usarão os seus aparelhos móveis para maximizar cada momento. Agitadas, as vidas urbanas significam que mesmo o menor espaço de (micro)tempo não será efémero, haverá sempre espaço para incluir mais conteúdo, conectar-se, consumir ou simplesmente procurar mais diversão. Isso significa que os próximos 12 meses verão uma explosão de “mobile moments”: produtos, serviços e experiências que permitam os consumidores amantes do mobile adoptar naturalmente um estilo de vida multi-hiper-tasking. Seria possível apresentar uma quantidade de estatísticas, desde o número de utilizadores mobile até à percentagem de “viciados” mobile. Aqui estão apenas três: • Uma pesquisa com utilizadores adultos de smartphones nos EUA concluiu que 63% dos entrevistados do sexo feminino e 73% dos entrevistados do sexo masculino não passam mais de uma hora sem verificar o seu telefone (Fonte: Harris Interactive, Junho de 2012).


• Utilizadores de telemóveis entre 18 e 24 anos trocam, em média, 109,5 mensagens por dia, mais de 3200 por mês (Fonte: Pew Research Centre, Setembro de 2012). • Um estudo académico sobre utilizadores da plataforma Android revelou que, mesmo verificando os telemóveis aproximadamente uma hora por dia, o tempo médio de visita às aplicações é de pouco mais de um minuto (Fonte: DFKI, Novembro de 2011).

4. New life inside – “Vida interior” “É hora dos produtos que retribuem.” Com ou sem recessão, a longo prazo, uma das missões principais das marcas será manter actividades ecologicamente sustentáveis. Esta é apenas uma pequena amostra e sinal dos tempos de uma mini-eco-tendência para 2013: o fenómeno de produtos e serviços que possuem uma vida por dentro. Literalmente. Ao invés de serem descartados ou reciclados (por outras pessoas), podem ser plantados e cultivados. É claro que produtos “New life inside” não irão resolver os maiores desafios de sustentabilidade no mundo. Mas, mais do que nunca, em 2013, haverá um grande valor simbólico em criar o novo, uma vida através de um produto de consumo. Até mesmo declarações simbólicas ou divertidas, sobre os seus valores, farão ruído entre os seus consumidores. Especialmente se elas forem vistas como expressões de uma intenção ainda maior.

5. Appscriptions “Tecnologias digitais são a nova medicina.” Tecnologias digitais são a nova medicina, médicos passam a recorrer a aplicações e outros serviços para melhorar os resultados de tratamentos. Além de já ser possível encontrar mais de 13 mil aplicações de saúde disponíveis na App Store da Apple, o que mais importa agora é encontrar o melhor delas. Já que é uma questão de saúde, elas devem ser precisas e seguras. Portanto, em 2013, consumidores voltar-se-ão para profissionais e instituições médicas para pedir conselhos sobre essas novas tecnologias e aplicações médicas. Será esperado que os profissionais receitem as melhores apps (assim como remédios) como parte de tratamentos. Além disso, para provedores de saúde, estes “remédios digitais” prometem reduzir custos tornando o consumidor mais consciente sobre a sua saúde, melhorar resultados, e permitir monitorização remota e captação de sinais antecipados. Mesmo que não esteja na indústria da saúde, e achar-se que “appscriptions” não é relevante, podemos apostar que uma hora gasta observando a tendência fundamental por trás disso tudo – serviços delivery baseados em mobile – pode gerar alguns novos insights rentáveis.

6. Celebration nation

“não ter nada a esconder” a provar e mostrar proactivamente que não têm mesmo nada a esconder. Isso significa, mais do que apenas fazer declarações grandiosas sobre “valores” e “cultura”, assumir uma posição clara e directa com resultados concretos. Não, nem todos os consumidores são tão exigentes assim. Porém, conforme a ideia de transparência se consolida como um factor “higiénico”, mesmo aqueles que não fazem questão esperam que as marcas mostrem as suas credenciais éticas e ambientais aos que realmente se preocupam com isso. Alguns números: • A percentagem de consumidores globais que confiam em negócios que fazem “a coisa certa” caiu de 56% em 2011 para 53% em 2012 (Fonte: Edelman, Janeiro de 2012). • A proporção de pessoas que acreditam que as marcas fazem uma contribuição notável para a melhoria das suas vidas é de 8% na Europa e 5% nos EUA. Dados interessantes de serem comparados com 57% e 30% na China e América Latina, respectivamente (Fonte: Havas, Fevereiro de 2012). • 69% dos consumidores norte-americanos dizem-se inclinados a comprar marcas que discutem abertamente os seus resultados, contra 31% que comprariam marcas que falam das suas missões e propostas (Fonte: Cone Communications, Outubro de 2012). • Apenas 44% dos norte-americanos acreditam nos planos ecologicamente correctos de empresas (Fonte: Cone Inc., Março de 2012). Apenas marcas que confiam no seu produto (e nelas mesmas) serão capazes de assumir o “full frontal”.

“Ostentando as culturas que estão na moda.” Em 2013, o capital cultural global continuará a ser alterado tão dinamicamente quanto o seu equivalente financeiro. Um resultado? Mercados emergentes exportarão orgulhosamente e inclusive farão questão de disseminar a sua cultura e história nos próximos meses. Símbolos, estilos de vida e tradições que antes eram menosprezadas (quando não negadas) serão fonte de orgulho para consumidores locais e objecto de interesse para consumidores globais. Talvez seja a hora certa de criar parcerias locais com marcas inovadoras de mercados emergentes e trazer parte desse mundo para o seu negócio.

7. Data Myning “Porque consumidores querem ‘bons’ dados, não ‘muitos’ dados.” Se dados são uma nova espécie de recurso, em 2013 espera-se que os consumidores comecem a exigir o valor da sua fatia. Até aos dias de hoje, as discussões ao redor do “big data” (abundância de informações sobre o consumidor e seus hábitos de compra) resumiam-se ao uso de dados de consumidores a favor dos negócios. Em 2013, compradores perspicazes irão reverter essa lógica: esperam ter controlo e fazer o melhor uso possível dos seus próprios dados, e procurar marcas que usem esta informação proactivamente para oferecer ajuda e conselhos sobre como melhorar o seu estilo de vida e/ou economizar dinheiro. Apenas um aviso: a fronteira entre marcas que oferecem serviços válidos (e idealmente quase invisíveis) e aquelas que sufocam consumidores com ofertas agressivas de serviços assustadores é uma linha muito ténue. Sim, os compradores gostam de se sentir servidos, mas não querem sentir-se observados.

10. Demanding brands – “Marcas exigentes”

8. Again made here – “Mais uma vez, produzido aqui” “Produção local é a nova economia de serviços.” Em 2013, a produção voltará para casa, isto é, se “casa” significar um mercado desenvolvido. O que está por trás desta tendência? A tempestuosa busca dos consumidores por “newism”; a expectativa de poder ter o produto certo na hora certa, ou seja, “agora!”; preocupações com sustentabilidade e o desejo por status stories. Tudo isso combinado com a popularização de tecnologias de produção local, como impressão 3D ou objectos feitos sob medida. Além disso, é claro, consumidores abraçando a causa “Again made here” serão muito bem-vindos por executivos preocupados com o aumento do custo da mão-de-obra chinesa e cadeias de abastecimento globais cada vez mais frágeis. Apenas uma estatística para alavancar esta questão: • Quatro em cada cinco consumidores norte-

-americanos (76%) prestam atenção à frase “Produzido nos EUA” em avisos ou etiquetas e estão mais dispostos a comprar estes produtos (Fonte: Perception Research, Julho de 2012).

9. Full frontal ” “Não apenas transparentes, mas nus e orgulhosos.” Então o que é que se espera da megatendência de transparência? As marcas devem passar de

“O desejo das marcas será uma ordem para os consumidores.” Espera-se uma mudança ousada na relação entre marcas responsáveis e ambiciosas e os seus clientes em 2013. Marcas conectadas que já embarcaram na busca por um futuro mais sustentável e socialmente responsável irão exigir que os seus consumidores também contribuam, ganhando assim o respeito até dos mais exigentes. Por outro lado, os consumidores não tomarão partido de marcas a não ser que realmente acreditem na causa. Portanto, ao posicionar-se como uma “demanding brand”, é preciso ter a certeza de que é 100% transparente e sincero, senão só resta continuar a ser uma “servile brand”. Apenas uma consideração a respeito de “demanding brands” em 2013: uma coisa é ser exigente temporariamente apenas para chamar a atenção dos seus consumidores, outra é fazer exigências fundamentadas e de forma frequente. #13

Distribuição em Expansão • Março 2013


distribuição /GPR’13 Pela primeira vez, os 250 maiores retalhistas do mundo ultrapassaram a barreira dos 4 biliões USD de vendas num ano, cabendo ao top 10 do ranking 29% dessa facturação. Sem surpresas, os norte-americanos da Wal-Mart continuam a liderar este ranking, a grande distância do segundo.

Retalho mundial gera mais de 4 biliões USD >> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.

C

om a economia global a desacelerar ao longo de 2011 em muitos dos mercados mais importantes do mundo, o Global Powers of Retailing 2013 (GPR’13) da Deloitte vem demonstrar que o sector do retalho é dos que (ainda) conseguem resistir e manter um registo positivo. Globalmente, os 250 maiores retalhistas do mundo geraram, em 2011 (período fiscal analisado pela consultora e que para algumas companhias só terminou em Junho de 2012), uma receita de 4,271 biliões de dólares (4 271 000 000 000 USD), representando um crescimento de 5,1% face ao ano anterior, depois de em 2010 ter registado uma evolução de 5,3% (ver gráfico 1). De acordo com as contas efectuadas pela Deloitte e publicadas no Global Powers of Retailing 2013, mais de 80% dos players (203 companhias) presentes no relatório apresentaram um aumento das vendas, referindo a consultora que os retalhistas que registaram baixa de vendas tiveram como causas reestruturações do negócio, desinvestimentos em negócios considerados non-core e/ou não deterioração da sua operação principal. Neste GPR’13, em que o ranking é obtido, pela primeira vez, através das vendas totais das companhias e não só pelas vendas do retalho, a Deloitte avança que, para fazer parte deste grupo de 250 empresas, é preciso chegar a uma facturação mínima de 3,721 mil milhões USD, sendo que a facturação média dos 250 players que compõem este ranking é ligeiramente superior a 17 mil milhões USD.

Domínio norte-americano Sem surpresas, é no continente norte-americano que está a maior facturação deste GPR’13, cabendo aos EUA e ao Canadá 43,3% das vendas totais (ver gráfico 2 e #14

Distribuição em Expansão • Março 2013


Gráfico 1 - Top 250 do retalho mundial Nome

País

Vendas no retalho (Mil. USD)

Vendas totais do grupo (Mil. USD)

Lucros líquidos do grupo (Mil. USD)

Taxa de crescimento média 2006-2011

1

Wal-Mart

EUA

446 950

446 950

16 387

5,1%

2

Carrefour

França

113 197

115 277

563

0,9% 8,3%

3

Tesco

RU

101 574

103 244

4 502

4

Metro

Alemanha

92 905

92 905

1 032

2,2%

5

The Kroger

EUA

90 374

90 374

596

6,5%

6

Costco

EUA

88 915

88 915

1 542

8,1%

7

Schwarz

Alemanha

87 841

87 841

n.d.

8,0% 5,5%

8

Aldi

Alemanha

73 375

73 375

n.d.

9

Walgreen

EUA

72 184

72 184

2 714

8,8%

10

The Home Depot

EUA

70 395

70 395

3 883

-2,3%

11

Target

EUA

68 466

69 865

2 929

3,4%

12

Auchan

França

60 515

61 804

1 194

4,8%

13

Aeon

Japão

60 158

66 014

1 147

1,5%

14

CVS

EUA

59 599

107 100

3 457

8,1%

15

Edeka

Alemanha

59 460

63 458

n.d.

6,1% -2,2%

16

Seven

Japão

57 966

60 691

1 782

17

Woolworths

Austrália

54 614

57 077

1 877

5,0%

18

Wesfarmers

Austrália

52 208

59 980

2 196

59,2% 6,4%

19

Rewe

Alemanha

51 331

56 123

371

20

Best Buy

EUA

50 705

50 705

22

7,1%

21

Lowe's

EUA

50 208

50 208

1 839

1,4%

22

Casino

França

47 107

47 859

1 033

8,9%

23

Amazon

EUA

46 491

48 077

631

34,8%

24

E.Leclerc

França

45 407

56 549

n.d.

5,7%

25

Safeway

EUA

42 758

43 630

518

1,7%

50

AS Watson

Hong Kong

18 444

18 444

n.d.

7,7%

76

Jerónimo Martins

Portugal

13 508

13 703

498

18,6%

93

Shoprite

A. do Sul

10 717

10 717

394

16,3%

100

Fast Retailing

Japão

10 028

10 057

690

12,8%

133

Steinhoff

A. do Sul

7 761

10 419

783

45,5%

135

Pick n Pay

A. do Sul

7 560

7 560

152

7,1%

148

Sonae

Portugal

6 382

7 992

194

8,2%

150

Dillard's

EUA

6 194

6 400

464

-4,1%

165

SPAR

A. do Sul

5 607

5 607

138

17,7%

200

Jumbo

Holanda

4 503

4 503

n.d.

27,2%

250

Williams-Sonoma

Japão

3 721

3 721

237

0,0%

Fonte: Global Powers of Retailing 2013; Deloitte

3), encontrando-se nos Estados Unidos da América – e, novamente, sem surpresas – o maior retalhista mundial: Wal-Mart. Só a companhia liderada por Mike Duke facturou 446,9 mil milhões USD, correspondendo a mais de 10% das vendas globais dos 250 maiores retalhistas do mundo. De resto, o maior retalhista mundial aumentou a sua distância relativamente ao segundo da lista (Carrefour), tendo registado um crescimento de 6% face ao período anterior, enquanto os franceses viram as suas vendas cair 9,8%, muito por consequência da operação de spin off da sua cadeia de hard discount Dia. Refira-se que o top 10 dos 250 maiores re-

talhistas do mundo não registou alteração, admitindo os analistas da Deloitte que o fosso entre Wal-Mart e os restantes players irá aumentar, já que, com a aquisição da sul-africana Massmart, as vendas da companhia deverão incrementar significativamente. O top 10 do GPR’13 é dividido entre empresas norte-americanas e europeias, embora do lado europeu sejam três os países representados (Reino Unido, Alemanha e França). A globalidade do GPR’13 tem, contudo, mais retalhistas europeus (35,2%) do que norte-americanos (34,4%), reconhecendo-se, no entanto, que, no caso europeu, os #15

Distribuição em Expansão • Março 2013


distribuição /GPR’13 Gráfico 2 - Quota do Top 250 do retalho mundial por região/país (Vendas) 1,1% 2,9%

Gráfico 3 - Quota do Top 250 do retalho mundial por região/país 4,0% 2,8%

África/Médio Oriente

9,0%

Japão

6,0%

África/Médio Oriente Japão

16,0%

Outros Ásia/Pacífico 30,4%

França

9,3% 40,4%

Outros Ásia/Pacífico França 7,2%

Alemanha Reino Unido

Reino Unido 5,2%

Outros Europa

10,5%

América Latina

2,2%

Fonte: Global Powers of Retailing 2013; Deloitte

países presentes são em maior número do que os dois da América do Norte (ver gráfico 4). No caso do continente africano, encontramos cinco players, todos da África do Sul, aparecendo a Shoprite – a actuar no mercado angolano – como mais bem posicionada, no 93.º lugar (ver gráfico 5).

Exposição ao exterior Conclusão simples a que chega este

GPR’13 é a de que “no exterior é que está o ganho”. Ou seja, se no GPR’12 23,4% das vendas provinham de operações internacionais, esse valor subiu para 23,8% no actual relatório, destacando-se mesmo que as oportunidades de crescimento estão nos mercados externos e principalmente emergentes, e não tanto nos mercados domésticos e desenvolvidos. Os dados deste estudo da Deloitte indicam que o top 250 do retalho mundial opera,

em média, em nove países (8,2 países em 2010), enquanto a percentagem de players que operam somente no seu mercado doméstico desceu de 40% para 38%. De referir que o GPR’13 aponta para a Europa Central e África/Médio Oriente como as regiões mais atractivas/apetecíveis para a expansão internacional por parte dos retalhistas, constituindo o franchising o método mais utilizado para a entrada em mercados ainda não explorados pelos players, sendo responsável por 40% da actividade. O crescimento orgânico foi o segundo método mais utilizado para entrada num mercado ainda não explorado, seguindo-se as aquisições e, por fim, as joint-ventures/parcerias. Assim, não será de estranhar que 80% dos retalhistas que optaram por alargar a sua zona de operações, em 2011, provenham de mercados maduros e, de alguma forma, já saturados: EUA, Japão e players das três maiores economias europeias fo-

N.º empresas

% de vendas no retalho de operações externas

Top 250

250

17 085

7

6 474

58

11 009

11,6%

Japão

40

9 608

Outros Ásia/Pacífico

18

14 124

88

18 685

França

13

Alemanha Reino Unido

Ásia/Pacífico

Europa

Média de páises

% de operadores num único mercado

Taxa de crescimento média 2006-2011

23,8%

9

38,0%

26,9%

10,3

0,0%

5

51,7%

6,6%

3,4

60,0%

19,2%

8,5

33,3%

38,2%

15

19,3%

30 555

43,2%

30

0,0%

18

24 977

42,9%

14,6

11,1%

15

18 320

23,0%

17,1

20,0%

América Latina

11

8 518

17,8%

2

54,4%

América do Norte

86

21 504

15,3%

6,2

48,8%

76

22 713

15,3%

6,8

44,7%

EUA

ram os principais “emigrantes”, embora o GPR’13 avance que a maioria se deu no conceito fashion.

FMC a é rei Tendo analisado quatro conceitos de retalho – Fast Moving Consumer Goods (FMCG), Fashion, Electrónica e Entretenimento e Diversificado (retalhistas a actuarem em diversos conceitos), o GPR’13 conclui que o crescimento das vendas dos

“O franchising é o método mais utilizado para a entrada em mercados ainda não explorados, seguido do crescimento orgânico, aquisições e joint-ventures/parcerias”

Gráfico 4 - Perfil Região/País Vendas médias retalho (Mil. USD)

África/Médio Oriente

América Latina

Canadá

16,8%

Fonte: Global Powers of Retailing 2013; Deloitte

Outros Europa

EUA 6,0%

Canadá

12,2%

7,2%

4,4%

EUA

6,4%

Alemanha

Fonte: Global Powers of Retailing 2013; Deloitte

#16

Distribuição em Expansão • Março 2013

players a actuarem nestas áreas foi maior que no ano anterior (+5,6% em vez dos 5,1% de evolução de 2010). Contudo, é na moda que está o maior ganho, com os operadores que exploram diversos conceitos a registarem os crescimentos mais fracos. Indiscutível continua a ser o peso dos retalhistas de FMCG neste estudo, representando 54% do total das companhias em análise, enquanto, por vendas, esse valor sobe para 67,8%. Contudo, a análise efectuada pela Deloitte aponta que, embora estas companhias apresentem a maior média de vendas, com 21 mil milhões USD, também são as menos globais: em 2011, quase metade operava somente no mercado doméstico. Ao invés, no conceito fashion estão os mais “aventureiros”, verificando-se que quase 80% dos operadores estão no estrangeiro,


O futuro do retalho A indústria do retalho está no meio de uma revolução do consumidor. O choque entre os mundos físico e virtual está a mudar os hábitos de consumo e compra, com os consumidores a procurar, cada vez mais, experiências de compra integradas em todos os canais, esperando que os retalhistas lhes proporcionem essa mesma experiência. E a conclusão é simples: o falhanço coloca os retalhistas em risco de se tornarem irrelevantes. O ponto-chave desta revolução do consumidor está na rápida adaptação dos dispositivos móveis, media digital e tablets equipados com aplicações de compras. Por exemplo, o número de utilizadores de smartphones nos EUA aumentará de 82 milhões (em 2010) para 159 milhões (em 2015). Isto fará com que os retalhistas tradicionais tenham de encontrar oportunidades para aplicar o mundo virtual nas suas estratégias e serem obrigados a desenvolver tecnologia in-store e online que permita criar e/ou manter-se relevantes junto dos consumidores. O futuro já chegou O paradigma do retalho mudou de um simples ponto de conexão físico com o consumidor para um conceito multifacetado que cruza tanto os canais físicos como digitais. A loja de retalho física tradicional já não é o meio predominante para comprar produtos. Em vez disso, serve somente como um dos pontos de contacto entre o consumidor e a insígnia do retalhista. Contudo, muitos são os retalhistas que estão a lutar para aproveitar os múltiplos canais disponíveis para se conectarem com o consumidor. Além disso, estão mesmo a negligenciar efectuar investimentos em tecnologia, operações e talento que lhes permitam estar mais bem equipados para controlarem esses canais. Os retalhistas estão, actualmente, obrigados a conquistar o consumidor não só pelo preço. Terão de fazer das compras em todos os canais uma experiência mais estimulante e agradável, em vez de se preocuparem somente com conseguir o preço mais baixo para determinado produto. Novos players estão a entrar no mercado com estratégias modernas e disruptivas e a ganhar quota de mercado através dos seus modelos de negócio inovadores. Isso passa, muitas vezes, por estar verticalmente integrado ao controlar toda a cadeia de abastecimento, aparecendo, dessa forma, uma nova geração de e-commerce que entregue o produto rápida e directamente do armazém à casa do consumidor por preços significativamente mais baixos. Os caminhos para a relevância O consumidor actual está cada vez mais ligado tanto ao espaço físico como digital e capaz de interagir com o retalhista através de múltiplos canais ao mesmo tempo. Para manter-se competitivo neste ambiente de constante evolução, torna-se imperativo que o retalhista dê ao consumidor uma experiência semelhante em todos os canais e forneça os serviços e produtos certos no tempo certo. Por isso, os retalhistas devem desenvolver uma estratégia integrada que alinhe talento, espaço físico, processos, marketing e merchandising para ir ao encontro das necessidades do consumidor. Essa estratégia deve ser suportada por tecnologias emergentes e uma continuada adaptação, de modo a manter-se relevante para o

consumidor do futuro. Uma estratégia robusta deverá incluir: Uma forte visão da experiência que o consumidor deseja em todos os canais; Um modelo de operação ágil, capaz de se adaptar às constantes mudanças do ambiente de retalho; Um profundo conhecimento de como sustentar essa visão através de soluções digitais inovadoras e tecnologia de retalho. Crie uma experiência relevante A transformação da loja de retalho inicia-se com um profundo conhecimento do consumidor e uma estratégia para personalizar a experiência desse mesmo consumidor em todos os pontos de interacção. As tecnologias mais apropriadas deverão aumentar essa experiência tanto na loja física como no mundo digital. O mobile-commerce é um importante canal para muitos retalhistas, contudo, a sua aplicação pode e deve ser estendida de uma simples forma de efectuar compras online para uma ferramenta que proporcione uma ligação entre a marca e o consumidor. O mobile é actualmente responsável por 5,1% das vendas totais do universo do retalho e deverá crescer exponencialmente para 17% a 21% (entre 628 e 752 mil milhões USD) do total das vendas já em 2016. Mas também o social-commerce está a ganhar uma importância cada vez maior junto do consumidor, e os retalhistas deverão alocar equipas para sustentar essa estratégia de media social. Uma gestão apropriada de Facebook, Twitter e outras redes sociais é vital. Invista no core Estar junto do actual consumidor pode requerer alterações estruturais na organização de retalho, de modo a oferecer uma experiência semelhante em todos os canais e aumentar a competitividade diferenciada para a insígnia. A chave está na flexibilidade. Com as mudanças constantes e rapidez com que aparecem aplicações e dispositivos no mercado, os futuros líderes de mercado do retalho serão os que mais rapidamente conseguirão adaptar-se operacionalmente às mudanças que as novas tecnologias trazem e, assim, antecipar a integração de soluções emergentes. Inove Está na altura de os retalhistas irem para além das fronteiras e oferecer uma experiência interligada ao consumidor. E poderão fazê-lo, começando nestas três áreas: Nova estratégia de talentos; Mudar o espaço físico; Soluções emergentes. Avaliação constante Os retalhistas devem comprometer-se em alterar o “novo normal” no seu modelo operacional. Isso significa que deverão avaliar e analisar continuamente o seu negócio para determinar se estão a fornecer a experiência desejada pelo consumidor. Trabalhar os dados do consumidor dará ao retalhista a melhor forma de compreender, antecipar e adaptar-se às constantes mudanças do consumidor. A informação é rainha, e a utilização de análises preditivas pode ajudar o retalhista a ter melhor conhecimento do valor que está a gerar para o consumidor.

Gráfico 4 - Perfil Região/País Posição

Posição no ranking

Nome

Vendas no retalho (Mil. USD)

País

1

93

Shoprite

10 717

A. do Sul

2

133

Steinhoff

7 761

A. do Sul

3

135

Pick n Pay

7 560

A. do Sul

4

165

SPAR

5 607

A. do Sul

5

185

BIM

4 907

Turquia

6

198

Landmark

4 518

UAE

7

213

Emke

4 250

UAE

8

222

Woolworths

3 666

A. do Sul

Fonte: Global Powers of Retailing 2013; Deloitte

apesar de as vendas globais terem descido de um crescimento de 7,4% (em 2010) para 4,8% (em 2011). A incerteza quanto ao desfecho da economia global e da recessão verificada em diversos países faz com que se coloque um ponto de interrogação no que diz respeito ao futuro de várias das mais importantes economias mundiais.

Certo é que os mercados emergentes continuarão a ter um papel fundamental nas contas dos mais diversos players deste ranking, destacando-se países como China, Índia, Brasil, Rússia, mas também o continente africano, no qual a oferta continua limitada e para onde os responsáveis dos grupos retalhistas olham ou começam a olhar de forma diferente. #17

Distribuição em Expansão • Março 2013


opinião

“A região que agrupa África e Médio Oriente foi a que registou o maior crescimento”

Pedro Miguel Silva, Senior Manager de consultoria da Deloitte pmsilva@deloitte.pt

Global Powers of Retailing D

esde há 16 anos que a Deloitte publica numa base anual o estudo Global Powers of Retailing, no qual partimos da análise dos relatórios e contas das 250 maiores empresas de distribuição para realizar um diagnóstico geral ao sector e identificar as suas principais tendências. A última edição foi publicada em Janeiro de 2013 e refere-se às demonstrações financeiras submetidas até Junho de 2012. O ranking é habitualmente dominado pelas multinacionais americanas e europeias da distribuição. O top 3 mantém-se inalterado há cinco anos e inclui: 1. A Wal-Mart, maior retalhista mundial e terceira maior empresa do mundo, que, individualmente, contabiliza mais de 10% das vendas totais do ranking das 250 maiores empresas. No ano em análise, a empresa obteve um volume de negócios de 446,9 mil milhões USD, para os quais contribuiu a aquisição em Junho de 2011 da Massmart, na altura a terceira maior empresa de distribuição em África; 2. O Carrefour, com pouco mais de um quarto das vendas da Walmart (113,2 mil milhões USD). Esta empresa francesa é habitualmente vista como a fundadora do conceito de distribuição moderno, nomeadamente do formato hipermercado e das MDD (marcas de distribuição, vulgo “marca branca”). No período analisado, o Carrefour registou um pequeno declínio das vendas resultante do spinoff da sua unidade de hard discount Dia (Minipreço em Portugal). O Carrefour é a cadeia de retalho alimentar mais internacionalizada, obtendo perto de 57% das suas vendas nos 32 países, além de França, em que está presente; 3. A Tesco, principal representante britânico no ranking, com 101,6 mil milhões USD de facturação. Reconhecida como a empresa mais inovadora do universo de grandes retalhistas, trepou 15 lugares no ranking desde que este é publicado em resultado da introdução bem-sucedida de estratégias de fidelização, e-commerce e mobile commerce. O ranking inclui quatro empresas sediadas em África, todas elas sul-africanas: Shoprite (93.º), Steinhoff (133.º), Pick n Pay (135.º) e SPAR (165.º). Apesar da sua baixa representatividade,

#18

Distribuição em Expansão • Março 2013

a região que agrupa África e Médio Oriente foi a que registou o maior crescimento: as empresas do ranking sediadas nesta região viram as suas vendas aumentar 29% no período em análise. Seguiu-se a América Latina (21,3%) e a Ásia (11,2%, valor que exclui as empresas japonesas). O reconhecimento do potencial da região africana é evidenciado pela aquisição em 2011 pela Wal-Mart de uma participação de 51% na sul-africana Massmart por 2,4 mil milhões USD. Foi a maior aquisição realizada pela empresa americana fora do seu mercado doméstico desde a aquisição em 1999 da Asda no Reino Unido. A Massmart detém nove insígnias de retalho e cash & carry através das quais comercializa bens de consumo e produtos de bricolage em 13 países africanos: África do Sul, Botsuana, Gana, Lesoto, Maláui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Nigéria, Suazilândia, Tanzânia, Uganda e Zâmbia. De notar também a baixa representatividade em Angola das empresas deste ranking. Nas 250 empresas listadas encontramos cá apenas a francesa Auchan (12.º), com o hipermercado Jumbo, a sul-africana Shoprite e, cumprindo-se os anunciados planos de entrada, a portuguesa Sonae (148.º). Quanto às perspectivas de evolução do retalho, o estudo aponta o crescimento em mercados emergentes como o desafio crítico a endereçar pelas principais empresas do sector. Além das oportunidades já referidas nas regiões de África, Ásia e América Latina, observa-se também: • A ascensão no ranking de empresas chinesas (11 empresas no top 250, 7 das quais dentro do grupo de 48 que cresceu acima de 12% ao ano desde 2006) e mexicanas (6 empresas no ranking global e 3 no ranking de crescimento); • Um número significativo de movimentos de entrada (20) em mercados da Europa Central (e.g. Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Polónia, República Checa), em particular via a consolidação regional de retalhistas alemães, actualmente mais avessos ao risco apresentado por outras geografias; • A crescente adopção de modelos alternativos de entrada – franchising, licenciamento e joint-ventures – como veículo de expansão rápida num contexto de menor disponibilidade dos recursos financeiros necessários ao crescimento orgânico.



distribuição /e-commerce

Como fazer um pequeno e-commerce

Uma empresa que tenha 10 milhões USD para investir no e-commerce não deverá encontrar muitas barreiras. Mas quem desenvolve um pequeno negócio, com escassos recursos, também tem maneira de ultrapassar os problemas.

>> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.

F

alar em grandes projectos de e-commerce, com recursos abundantes, várias e fartas fontes de financiamento é muito fácil. Difícil é a realidade do pequeno e médio empreendedor que vive do seu negócio com uma precisão e uma visão quase milimétrica. Por isso, a proposta de inclusão do pequeno e médio empresário no comércio virtual deve levar em consideração as limitações de recursos que estes empreendedores enfrentam. A pergunta passa assim a ser: É possível criar um e-commerce de sucesso com um baixo orçamento? A resposta é sim, e a segunda pergunta é óbvia: Como? Eis algumas dicas importantes:

já estabelecidos nunca foi um bom negócio. Procure actuar em nichos de mercado em que possua vantagens comparativas. Muitas grandes empresas não se interessam actualmente por alguns nichos de mercado por não oferecerem a rentabilidade necessária para as suas estruturas. Isso não significa que esses mercados não sejam viáveis para o seu negócio. No livro A Cauda Longa, Chris Anderson, editor chefe da revista Wired, deixa esse aspecto do e-commerce bem claro. Além da actuação num determinado nicho de mercado, também se deve destacar por um atendimento diferenciado e exclusivo. As pessoas adoram sentir-se únicas, principalmente num ambiente tão massificado quanto a Internet.

• Ser profissional O e-commerce é uma coisa séria. Não tente entrar neste segmento se não quiser encarar o projecto de forma séria e com muito compromisso. A Internet não é uma “terra de coisas baratinhas” que pode ser desbravada com soluções improvisadas e subterfúgios. O grátis na Internet é apenas um custo que ainda não foi revelado. Por isso, informe-se sobre custos de serviços que serão envolvidos no seu projecto de e-commerce e prazos de execução. Planeamento no mundo virtual tem tanta ou mais importância que no mundo físico.

• Evitar o confronto A disputa por mercado com grandes players

• Conhecer os recursos A primeira coisa é conhecer o ambiente em que está a entrar. Procure conhecer as ferramentas (sistemas) já disponíveis no mercado. Existem hoje em dia vários sistemas prontos que podem ser comprados ou alugados para a criação de um negócio de sucesso na Internet. Lojas virtuais com recursos de última geração podem ser criadas a partir de soluções já disponíveis no mercado e personalizadas de forma a passar aos seus clientes a identidade e prestígio que o seu negócio já possui no mundo físico. O custo é compatível com a realidade do pequeno e médio empresário, e, contando com uma boa orientação, o projecto pode estar pron-

to num curto espaço de tempo. Comércio electrónico não é exclusividade de grandes empresas, e boas plataformas de e-commerce estão disponíveis também para o pequeno e médio empreendedor.

• Aprender a divulgar O marketing no mundo digital tem formatos diferentes, mas a mesma essência do marketing tradicional, o convencimento. A grande diferença está no meio. No marketing online, tudo acontece de forma mais rápida e, por isso, o tempo para convencer o seu potencial comprador é muito menor. Assim, o marketing digital requer conhecimento dos padrões de comportamento dos usuários e precisão nas campanhas. Não adianta veicular uma peça publicitária num meio de comunicação que é ignorado pelo seu potencial consumidor. Por vezes, o que funciona para um segmento não funciona para o outro. A grande vantagem do marketing digital é que qualquer acção pode ser mensurada por ferramentas de monitorização acessíveis a todos. Por isso, o conhecimento das ferramentas de divulgação e suas aplicações é tão importante para o sucesso de um e-commerce.

• Conquistar a confiança O seu cliente precisa de ser conquistado e reconquistado a cada compra. Torne o e-commerce num ambiente agradável para os visitantes. Trabalhe bem as fotos da sua

#20

Distribuição em Expansão • Março 2013

loja virtual, deixe-a com uma navegação fácil, rápida e intuitiva. Tenha um cuidado extremo com as fotos, pois elas na verdade são a primeira venda da sua loja. Para que o utilizador ganhe confiança na loja, é necessário que a apresentação e a navegação sejam impecáveis.

• Manter-se actualizado Não é porque a loja virtual está pronta, a funcionar e a facturar bem que a tarefa de pesquisa acabou. O e-commerce é um ambiente em constante mutação e sofre influência de todas as órbitas da Internet. Novas tecnologias e hábitos surgem a cada semana, e você precisa de estar actualizado para não ser ultrapassado. Acompanhe sites que falam sobre tecnologias e tendências do comércio electrónico e marketing digital. Fique atento ao que se passa nas medias sociais.

• Facilitar a jornada Para facilitar o acesso a todas essas técnicas e fontes de informação, é disponibilizada uma variedade completa de cursos nas áreas do e-commerce e marketing digital nos formatos presencial e online. Estes cursos ajudam o pequeno e médio empresário a compreender o funcionamento do comércio electrónico e as formas de divulgação para a loja virtual. Caso prefira realizar estes cursos no formato online, existem opções em plataformas interactivas e especialmente desenhadas para o ensino a distância.


/Balança comercial Portugal-Angola

Angola confirma-se como 4.º parceiro comercial de Portugal

>> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.

A

ngola parece ter arrepiado caminho. Pelo menos é essa a conclusão que se pode retirar da recente publicação dos dados estatísticos referentes ao comércio internacional de Portugal. No boletim publicado recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) português, verifica-se que Angola ganhou terreno nas exportações de produtos para Portugal, passando de 1,177 mil milhões EUR (151,1 mil milhões Kz – 1,579 mil milhões USD) para 1,781 mil milhões EUR (228,7 mil milhões Kz – 2,389 mil milhões USD). Ou seja, uma diferença de 604 milhões EUR (77,7 mil milhões Kz – 812 milhões USD) a favor de Angola. Já no campo oposto, ou seja, nas importações, Portugal ganha, tendo enviado produtos para Angola no valor de 2,998 mil milhões EUR (385 mil milhões Kz – 4 mil milhões USD), bem mais que os 2,331 mil milhões EUR (299,3 mil milhões Kz – 3,127 mil milhões USD) do ano anterior. Ou seja, uma diferença de 667 milhões EUR (85,9 mil milhões Kz – 897 milhões USD) que favorece Portugal. Estes números fazem com que a balança comercial entre os dois países tenha ficado a pender ainda mais para o lado português, ditando que o saldo tenha passado de 1,153 mil milhões EUR (148,1 mil milhões Kz – 1,547 mil milhões USD) para 1,217 mil milhões EUR (156,3 mil milhões Kz – 1,633 mil milhões USD) a favor de Portugal. Angola aparece, de resto e (talvez) sem surpresa, como o principal parceiro económico de Portugal fora do contexto europeu, colocando-se bem à frente dos outros países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) (ver quadro). Só mesmo Espanha, Alemanha e França conseguem bater Angola nos produtos exportados por Portugal, verificando-se que, do lado da importação portuguesa,

Os últimos números disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística de Portugal, relativamente ao comércio internacional em 2012, revelam que Angola não recuperou terreno no que toca à balança comercial dos dois países.

Angola aparece atrás da Espanha, Alemanha, França, Holanda e Itália, ou seja, mais uma vez como principal cliente extra-europeu. Entre os produtos mais comercializados por Portugal para Angola estão os produtos alimentares e maquinaria, além da construção, enquanto de Angola para Portugal viajam, fundamentalmente, combustíveis e minerais. Com a situação económica vivida em Portugal a fazer com que a exportação seja encarada como a única via para resolver os problemas de muitas empresas e empresários, também é

verdade que são cada vez mais os capitais angolanos a entrar em Portugal para, de alguma forma, viabilizar certos e determinados players que actuam no mercado. Contudo, ainda existem problemas a resolver de um lado e de outro, verificando-se que os receios quanto à alegada falta de transparência dos investimentos angolanos poderão resultar em maiores resistências na abertura de sectores económicos, considerados sensíveis. A falta de um acordo de dupla tributação e a constante burocracia em torno da emissão de

vistos – uma questão sensível dados os novos fluxos migratórios de Portugal, rumo a Angola – acarretam, de igual forma, o risco de bloquear futuros desenvolvimentos das relações económicas bilaterais. Mas as vantagens nas relações cada vez mais profundas e a resolução destes problemas entre os dois países são óbvias: se devidamente ultrapassados, as trocas entre Portugal e Angola podem alcançar um crescimento cada vez mais sustentado e, em última análise, ser bastante proveitosas para ambas as economias.

Exportações vs. Importações Portuguesas - Janeiro/Dezembro ZONAS ECONÓMICAS E PAÍSES OU TERRITÓRIOS ESTATÍSTICOS

IMPORTAÇÃO

EXPORTAÇÃO

SALDO

2011

2012

2011

2012

Milh. EUR

Milh. EUR

Milh. EUR

Milh. EUR

Internacional (TOTAL)

59 243

56 015

42 870

45 347

-16 373

-10 668

UE

43 624

40 182

31 910

32 218

-11 714

-7 964

Extra UE

15 618

15 832

10 960

13 130

-4 658

2 702

Alemanha

7 332

6 414

5 811

5 573

-1 521

-841

Espanha

19 117

17 790

10 680

10 194

-8 437

-7 596

França

4 009

3 651

5 213

5 352

1 204

1 701

Itália

3 235

2 992

1 567

1 681

-1 668

-1 311

Holanda

2 829

2 735

1 675

1 896

-1 154

-839

Reino Unido

1 973

1 694

2 234

2 391

261

697

África

4 361

5 452

4 356

5 282

-5

-170

PALOP

1 229

1 807

2 913

3 621

1 683

1 814

Angola

1 177

1 781

2 331

2 998

1 153

1 217

9

9

254

216

244

207

Guiné-Bissau

0,30

0,04

64

71

64

71

Moçambique

41

16

216

288

175

271

São Tomé e Príncipe

0,27

0,24

46

46

46

46

ETA

801

501

467

513

-334

12

OPEP

4 611

5 283

3 192

4 162

-1 418

-1 121

América

3 862

3 472

3 168

3 578

-694

105

Brasil

1 461

1 368

583

679

-878

-689

Cabo Verde

2011

2012 Milh. EUR

EUA

1 134

961

1 496

1 865

362

904

Ásia

5 649

5 414

1 505

2 025

-4 144

-3 388

China

1 499

1 374

396

779

-1 102

-595

42

33

84

90

41

57

Oceânia Fonte: Instituto Nacional de Estatística de Portugal

#21

Distribuição em Expansão • Março 2013


/////////////publireportagem

Revolucionámos o sector da distribuição em anos difíceis 1993

foi um ano muito difícil para Angola. Sob todos os pontos de vista. Mas foi neste clima adverso que emergiram vários empresários angolanos, com destaque para Raul Mateus e outros parceiros que criaram a POMOBEL. Um supermercado pequeno de espaço, mas com milhares de produtos, tendo em vista satisfazer a procura que então se verificava. Por isso, a POMOBEL foi pioneira e até exclusiva na criação de uma nova era de comercialização de bens em Angola, numa época difícil para a sociedade civil. “Já naquela altura, a nossa prioridade era fornecermos, aos nossos clientes, produtos de primeira necessidade, mas com selo de qualidade, para além de apostarmos num horário alargado de atendimento e localização dos nossos pontos de venda”, refere o empresário Raul Mateus. Na POMOBEL, o Cliente é a nossa prioridade absoluta, pelo que investimos ao longo destes últimos 20 anos em pessoal qualificado e na introdução de produtos que pudessem acompanhar as tendências de compra do consumidor. Os próximos 20 anos não serão apenas de consolidação da nossa presença, queremos fazer parte do quotidiano de todos os angolanos, e esse consistirá o nosso maior e mais marcante desafio. “A estratégia está definida, as lojas serão renovadas de acordo com as tendências do nosso mercado, introduz-

iremos novas categorias de produtos, que permitirão uma maior abrangência de cabaz e consequentemente uma maior selecção para o nosso consumidor, que sentirá uma maior comodidade no acto de comprar”. Contudo, há que realçar que a distribuição de hoje não tem nada que ver com o que era há duas décadas. Hoje temos uma segmentação de conceitos alimentares muito mais alargada do que tínhamos na altura. O sector alimentar

em Angola já tem grandes players, o que “para a POMOBEL só traz valor acrescido, porque encaramos a concorrência como um alerta para estarmos com os olhos mais abertos, porque as coisas mudam todos os minutos”. Tal como em 1993, a POMOBEL promoveu uma revolução no sector da distribuição. Raul Mateus mostra-se também atento à nova dinâmica internacional, onde cada vez mais o mercado tradicional tende a desaparecer e dar lugar

Sustentabilidade para novas gerações O negócio da distribuição e da logística tem vindo

Mateus.

a crescer enormemente no País, onde encontramos

De acordo com Raul Mateus, “os nossos activos não

operadores públicos e privados engajados em

são apenas os bens transaccionáveis ou o nosso

prestar um bom serviço aos angolanos que se

património, o que nos distingue mesmo é também a

mostram cada vez mais exigentes de um serviço de

eficiência do nosso pessoal. Queremos que o nosso

excelência.

cliente seja bem atendido. Queremos que o nosso

Para fazer face a essa demanda do mercado,

pessoal tenha um perfeito domínio do seu métier,

mas sobretudo apostando numa visão de médio/

seja na caixa como nos armazéns, no transporte ou

longo prazo, temos vindo a apostar seriamente na

nas operações administrativas, é todo um universo

juventude. “Temos aqui pessoas que entraram como

que nos permite estar disponíveis para prestar um

caixas e hoje são gerentes de lojas”, revela Raul

bom serviço ao mercado.”

#22

Distribuição em Expansão • Março 2013


20.º ANIVERSÁRIO – POMOBEL

Os casos de sucesso na POMOBEL ////// Caso 1 Edith Arcanjo foi recrutada pela empresa em 2001 como operadora de caixa. Quando chegou à empresa, quase nada existia em termos de operação de caixa, participando no processo de operação da mesma. Em finais do mesmo ano é nomeada como supervisora-geral. Actualmente é membro da direcção da POMOBEL, Lda., fazendo parte da tomada das principais rotatividades dos funcionários da empresa. Durante todos esses anos, apresentou como característica ser uma funcionária com bom desempenho e boa performance, ganhando a confiança das várias direcções que passaram pela empresa.

Aposta no mecenato desportivo Para além de empresário, Raul Mateus é um homem ligado ao desporto. Foi atleta de basquetebol e de atletismo e esteve algum tempo ligado ao dirigismo desportivo, seja

////// Caso 2 António Joaquim foi recrutado pela empresa em 2006 como contabilista. Participando no processo de operação da mesma, em finais do mesmo ano é nomeado director financeiro. Durante todos esses anos apresentou como característica ser um funcionário com bom desempenho e boa performance, ganhando a confiança das várias direcções que passaram pela empresa. Actualmente exerce a função de director financeiro.

na Federação Angolana de Atletismo, seja no Progresso Associação do Sambizanga e no Interclube. No fundo, é um homem que traz do desporto alguns valores para o empresariado, como as máximas do olimpismo: citius, altius, fortius, ou seja, mais rápido, mais alto, mais forte.

////// Caso 3 Rafael Guerreiro de Almeida e Silva foi recrutado pela empresa em 2005. Durante todos esses anos evidenciou-se um bom funcionário, com bom desempenho e boa performance, ganhando a confiança das várias direcções que passaram pela empresa. Actualmente exerce a função de gerente da loja Zango.

Para Raul Mateus, o desporto não se reduz à competitividade, mas uma forma de estar na vida que garante bem-estar às pessoas, individual e colectivamente. Foi por isso que a dada altura apostou numa equipa de basquetebol. “Nós apoiávamos os jovens das nossas redondezas – Maculusso ou Maianga – com meios desportivos e logísticos para que participassem de forma condigna nos torneios de basquetebol de rua que eram organizados pela ABRUA, mas, como o movimento acabou, os jovens desmotivaram-se”, conta o empresário, lembrando que o seu apoio era completamente desinteressado. Actualmente, e em face da existência de uma Lei do Mecenato que até confere algumas vantagens, a POMOBEL está a avaliar a possibilidade de participar no movimento de fomento da prática desportiva. Se ainda não tem um programa para apoiar um clube ou associação, a verdade é que Raul Mateus e a sua POMOBEL irão fomentar um torneio desportivo, todos os anos, para

ao recurso às novas tecnologias como o e-commerce ou mesmo o m-commerce. Isto é, as redes sociais, tablets e smartphones fazem cada vez mais parte do nosso diaa-dia e é muito importante que os comerciantes estejam preparados para um marketing viral, tal como hoje quem não estiver na Internet não existe. No futuro, empresa que não esteja nas redes sociais não existe. A POMOBEL já esta disponível na rede virtual através da sua página www.pomobel.com e no Facebook (www.facebook.com/ Pomobel). “É claro que ainda temos um longo caminho a percorrer, mas rapidamente chegaremos lá. Vamos formar pessoal e apostar na celeridade das entregas.” Para os próximos tempos, a POMOBEL pretende apostar na ampliação da rede de supermercados “Pomar belo”, ao mesmo tempo que tem em carteira a construção de centros comerciais e hipermercados.

As lojas POMOBEL

assinalar a data. “Estamos a preparar com uma agência de eventos e uma federação um torneio

Instalações em Luanda Loja I – Rua Rey Katiavala Loja II – Rua Amílcar Cabral Loja III – Rua Futungo Loja IIII – RI20 – Rua Ngola Bandi Loja V – Zango

que atende ou para o desporto escolar e universitário ou para as camadas jovens, sobretudo de juniores”, adiantou Raul Mateus, sem precisar a modalidade nem as datas. “Será ainda neste primeiro semestre de 2013”, concluiu.

Instalações na Província de Huambo Loja I – Rua Mariano Machado, Cidade Baixa do Huambo Loja II – Rua Soromenho, n.º 17, Cidade Baixa

#23

Distribuição em Expansão • Março 2013


ADN da Distribuição

1.º Gene: INOVAÇÃO José António Rousseau, Docente, consultor e especialista em Distribuição Moderna www.rousseau.com.pt

“A distribuição demonstrou que todo o produto é um serviço e que qualquer serviço é um produto”

G

ary Hammel afirmou que “o século XXI favorecerá a adaptação e a inovação contínua”, mas, para o sector da distribuição, o século XXI começou logo em 1906, com uma ideia de Clarence Saunders, que mais tarde, em 1927, um descendente de irlandeses chamado Michael Cullen materializaria através da abolição daquela instituição chamada balcão, permitindo aos próprios clientes a escolha livre dos produtos que desejavam e inventando assim um sistema de compras, novo e revolucionário, designado por livre serviço. O que é a inovação? Converter a necessidade em procura, afirmava Peter Drucker. Parece fácil, descobrir o que as pessoas querem e darlhes isso. Mas às vezes esse “isso” não é suficiente, porque as pessoas ou ainda não sabem bem o que querem ou querem mais do mesmo, e essa situação é contrária à inovação. Henry Ford apercebeu-se bem deste fenómeno quando confidenciou que, se tivesse perguntado, na época, aos seus clientes o que eles queriam, teria obtido como resposta: um cavalo mais rápido! Por isto é que as actuais técnicas de estudos de mercado podem ainda ser úteis mas dificilmente conduzirão à inovação, e só as ideias verdadeiramente disruptivas ou revolucionárias serão capazes de mudar o paradigma das coisas instituídas. De facto, para ser criativo e gerar inovação, é necessário receber a desordem de braços abertos e perceber que a complexidade é a fonte mais confiável das oportunidades criativas. Inovação também pode ser definida como “uma ideia bem executada”. E foi isso que Michael Cullen fez há quase cem anos, e é isso que as empresas de distribuição fazem todos os dias. A distribuição tem sabido sempre cultivar uma espécie de engenharia das experiências, aprendendo a antecipar-se às necessidades dos consumidores, praticando a experimentação e a espontaneidade nas suas lojas como se de laboratórios se tratasse. A inovação não é algo que possa ser ligado e desligado, pelo que a crise económica que hoje atravessamos não deve constituir razão para suspender a inovação, mas, pelo contrário, deveremos é perguntar porquê e como poderemos ser ainda mais inovadores. E a resposta é simples de dar mas difícil de executar: através da sustentinovação, isto é, de conseguir fazer mais com menos, centrar a inovação no ser humano, aplicar um marketing de valores, abrir os olhos e saber ver. Inovar é a chave para nos defendermos dos famigerados “cisnes negros” (Taleb, 2009), metáfora da gestão a que a realidade tem vindo a dar crescente evidência e razão. Tim Brow apresentou recentemente um mapa de iniciativas de inovação que nos ajuda a perceber como funciona a inovação. A distribuição nos seus diferentes formatos está cheia de inovações incrementais e evolucionárias, como, por exemplo, o estranho e espartano conceito discount ou o sofisticado conceito gourmet, mas também revolucionárias, tais como o já referido livre serviço, o quase centenário carrinho de supermercado, as embalagens de móveis planas e rectangulares do Ingvar Kamprad ou o código de barras e a leitura óptica. Quando, em 1963, dois simples comerciantes franceses, chamados Dennis Defforey e Marcel Fournier, juntaram, debaixo do mesmo tecto, sortidos alimentares e não alimentares, expostos numa loja gigante de 2500 m2 e parque de estacionamento gratuito, aplicando promoções agressivas e preços baixos, estavam a inventar o hipermercado, uma inovação que mudou a face do retalho e do consumo mundial. Mesmo hoje, as empresas de distribuição encontram-se entre aquelas

#24

Distribuição em Expansão • Março 2013

que mais e melhor inovam. A Groupon, por exemplo, inovou integrando a Web com o mundo real das experiências de compra, mudando o comportamento do consumidor, democratizando ainda mais a compra e criando um novo modelo de negócio que já deu origem a mais de 500 cópias em todo o mundo. A Marks & Spencer tornou-se um exemplo pelo seu trabalho inovador em prol da sustentabilidade, através de acções pioneiras de redução de resíduos de embalagem e diminuição da factura energética. Nesta área da sustentabilidade, a IKEA é também uma empresa incontornável, pela busca e implementação de soluções inovadoras em matéria de consumo de energia e de resíduos, tendo criado na Suécia a venda electrónica de mobiliário usado para a sua redução como resíduos. A Amazon é líder mundial do comércio electrónico e do desenvolvimento do livro digital, inovação de excepção que irá mudar totalmente o mercado do livro e da edição, e a actividade da eBay no âmbito do comércio móvel irá mudar radicalmente os processos do comércio de hoje. A distribuição demonstrou que todo o produto é um serviço e que qualquer serviço é um produto. A distribuição não pensa, olha, parafraseando Wittgenstein. E olha para os seus clientes porque qualquer processo de inovação começa com a observação, e só assim se pode gerar valor acrescentado que seja perceptível e valorizado pelos consumidores. Não concordo naturalmente que a distribuição retalhista se esteja a tornar na derradeira actividade da raça humana, como afirmava Koolhaus de uma forma manifestamente exagerada, mas subscrevo a opinião de que o espectáculo de consumo em que a actividade retalhista se tornou é um espelho da cultura dos nossos dias (Simon, 1992). Ao longo dos últimos 50 anos, a distribuição tem sido capaz de abordar de forma holística a inovação, identificando os problemas ou oportunidades que exigem a busca de soluções (intuição), gerando os processos de desenvolvimento e teste das nossas ideias (idealização) e conseguindo fazer o caminho que vai da ideia à sua prática (implementação). A Whole Foods, por exemplo, organiza os colaboradores das suas lojas em pequenas equipas para testar as melhores formas de atender os clientes e incentivar a partilha de novas ideias, nomeadamente através de mostruários de produtos frescos, amostras grátis, abundante informação sobre a preparação dos alimentos, chegando ao ponto de permitir que os próprios clientes cozinhem na loja. Claro que, por vezes, por melhor que seja a ideia, existem restrições que as condicionam, como sejam a sua exequibilidade, a possibilidade real de ser aplicada; a sua viabilidade, a capacidade de se integrar num modelo de negócio sustentável; e a sua necessidade, ou seja, a sua apetência para satisfazer as aspirações dos consumidores. Por tudo isto, inovar é sempre mais fácil em equipa. Não é verdade que todos somos mais inteligentes que cada um de nós? E sempre com optimismo e confiança, predicados que não faltam à distribuição moderna, que faz da resiliência e capacidade de vencer as dificuldades uma cultura muito própria e um valor muito seu. Mas, no futuro, a inovação não será apenas das empresas, porque também os consumidores projectarão para si o que desejam e necessitam, pelo que serão igualmente factores activos de inovação. Não serão mais consumidores passivos mas participativos no processo de criação e de inovação, o qual, no fundo, é um processo eterno sem princípio nem fim.





produção

/parceiros sociais

Embora estabeleça os princípios e o regime de acesso aos incentivos fiscais e outras facilidades a conceder pelo Estado, a nova Lei do Investimento Privado (NLIP) é outro dos embaraços que contribuem para a fraca competitividade internacional, diz José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA).

Parceiros sociais clamam remodelação da Lei do Investimento Privado >> texto: Nelson Rodrigues >> fotos: D.R.

A

Associação Industrial de Angola (AIA) defende que é preciso haver maior liberalização de investimentos dos empresários nacionais como dos estrangeiros sem ser necessário recorrer à Lei do Investimento Privado, que prevê uma soma de 1 milhão USD por parte das empresas estrangeiras que pretendam investir no País. De acordo com o presidente da AIA, é preciso que a Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP) dê mais valor ao capital humano, bem como às experiências que trazem. “Não é a lei do milhão que traz o know-how a Angola”, disse o dirigente, sem deixar de referir que a fraca competitividade do país está amarrada à nova Lei do Investimento Privado (LIP). A medida da nova LIP aplicar-se-á aos investimentos cujo montante global seja igual ou superior a 1 milhão USD, realizados em território angolano, por nacionais e estrangeiros. Todo o investimento cujo montante seja inferior a 1 milhão USD não estará sujeito à LIP nem gozará dos benefícios e prerrogativas nela previstos, como sejam o direito a repatriar lucros e/ou dividendos e a possibilidade de ser elegível para efeitos da atribuição de incentivos fiscais e aduaneiros, lê-se no novo texto da LIP. Severino afirma que tal medida é uma das muitas dificuldades que os investidores estrangeiros apontam, quando são con-

José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA).

#28

Distribuição em Expansão • Março 2013


vidados a investir no mercado angolano. “Se quisermos um país competitivo, a Lei do Investimento Privado não serve”, advertiu. O responsável daquela associação concorda com a iniciativa do Executivo, que tem que ver com o desenvolvimento económico e social do País, para o aumento da competitividade da economia, para o crescimento da oferta de emprego, além da melhoria das condições de vida da população angolana. Entretanto, o presidente da associação considera que, para a afirmação do mercado angolano, é preciso que se pratiquem as normas de mercado, adoptadas por vários países, desde a redução da burocracia à adopção de políticas que baixem o imposto industrial para 20%, que, de acordo com aquele dirigente social, fará com que muitos interessados invistam no País. “Se quisermos ser competitivos num período considerável, precisamos de criar políticas que facilitam a entrada de investidores no País”, apontou aquele líder, que não descurou a iniciativa do Governo, mas alertou para as fragilidades dos serviços administrativos, sobretudo no que se refere à concessão de visto de trabalho e aos impostos aplicados ao sector. Se tal suceder, prossegue, o Executivo sai a ganhar, porque se observará a presença de muitos investidores no País, que, segundo ainda o responsável, só não vêm por causa destas barreiras administrativas. Por forma a garantir melhor celeridade no processo de desenvolvimento e reactivação do tecido produtivo nacional de bens transacionáveis, a AIA advoga que,

à ANIP e aos outros órgãos de apoio do Estado, só devem ser encaminhados projectos de grande dimensão, defendendo que os empresários encontram dificuldades logo no início do processo da sua actividade. “Isto acontece porque nos três primeiros anos da actividade industrial não se ganha dinheiro”, justificou Severino, que considerou de “alto” o imposto industrial praticado pelo Governo, que se situa actualmente nos 30%. Questionado sobre a possibilidade de os grandes grupos comerciais investirem em Angola, o presidente da AIA considera que o Executivo tem de melhorar o índice de competitividade, o problema da transparência, o índice de pobreza, além de outros indicadores internacionais praticados em outras áreas de concentração comercial, que são grandes motivadores de investimento estrangeiro. “Só depois de ver estes indicadores de boa governação estáveis, é que os grupos vêm para o País. Com alguma descentralização do sistema de administração, alguma coisa vai mudar nesse aspecto”, ressalvou. Acresce que, no âmbito do desenvolvimento interno e regional (SADC), dois aspectos predominam no problema angolano: o licenciamento via ANIP e os vistos de trabalho. Por outro lado, reforçou a questão da burocracia verificada muitas das vezes no acto de concessão de vistos e outras documentações importantes para a actividade de investimento industrial. Considera que, à semelhança de outros países, Angola precisa de mudar um pouco mais rápido, e fazer a separação das actividades ligadas à segurança de Estado dos assuntos administrativos, que, segundo o n.º 1 da AIA, são muitas vezes apontadas como as principais barreiras em Angola. No entanto, Severino sugeriu que o Executivo tomasse outras medidas, no sentido de os serviços de segurança actuarem dentro do raio previsto pelo órgão de controlo. “Porque o grande investidor não vai para um país com esses problemas e sem mercados de capitais”, disse.

A questão da LGT Do lado administrativo, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, defende que a Lei Geral do Trabalho (LGT) é outro dos problemas a estudar. Durante a última reunião de concertação social, o presidente daquela agremiação dos industriais de Angola disse acabar por reprimir os próprios interesses do trabalhador. “Porque é uma lei que não incentiva a produtividade”, mas, como disse, se assemelha a uma lei oriunda do modelo da economia socialista, cujos parâmetros se assemelham a países europeus, que hoje vivem em crise. Para se evitar iguais cenários, é preciso mudar a Lei de Investimento Privado e o imposto industrial em 20%. “Mudando a Lei do Investimento Privado, baixar os impostos, resolver os problemas dos vistos e alterando a lei laboral, vamos ter investimentos no País, e daqui a poucos anos somos competitivos face à África do Sul, já que temos recursos naturais e temos mercado”, concluiu.

#29

Distribuição em Expansão • Março 2013


bebidas

/cerveja

Embargo aos importadores Depois do artigo publicado na edição 0 da Distribuição em Expansão, a Associação Industrial de Angola (AIA) posiciona-se sobre o proteccionismo da indústria cervejeira nacional. >> texto: Nelson Rodrigues >> fotos: D.R.

O

Executivo pretende reduzir a importação de cerveja a favor da produção interna, uma posição que já se tornou pública, de modo a limitar a entrada de elevadas quantidades de bebidas importadas pelo País, garantiu recentemente a ministra da Indústria, Bernarda da Silva, apontando o ano de 2017 como período limite para tal concretização. Segundo a governante, o objectivo do Executivo passa por reactivar o tecido produtivo de bens transaccionáveis do País e levar as empresas estrangeiras, que importam para Angola, a produzir no País esses produtos. De acordo com as fontes do mercado das cervejeiras que operam em Angola, a medida

O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) reconhece o peso dos impostos aplicados ao sector industrial, que rondavam os 35% até ao ano passado, mas garante que o imposto continuará a baixar, prevendo, até 2015, uma taxa a rondar os 15%.

que visa reduzir as importações de bebidas através do agravamento das taxas aduaneiras que incidem sobre os produtos estrangeiros constituirá um monopólio do mercado. Consultado a este respeito, José Severino, presidente da AIA, afirma que o aviso está relacionado com uma simples medida de agravar taxas, que, na sua essência, conserva dois aspectos importantes: os grandes investimentos realizados no País, nomeadamente

a construção de seis fábricas de cerveja, três grandes linhas de refrigerantes, além de três fábricas de sumos e oito fábricas de águas, embora não tenha especificado as zonas, e, como referiu, relacionado com os crimes de dumping que as empresas cometem, após a publicação da nova pauta aduaneira. Segundo aquele responsável, que, entre outras situações, saudou a iniciativa do Executivo, os crimes são praticados pelo licenciamento das exportações, através dos seus importadores, a preços abaixo do custo, incentivando a fuga à tributação. “É uma atitude reprovada pela AIA, porque, para além de prejudicar o Estado, acaba igualmente por incentivar a concorrência desleal contra outros exportadores que cumprem com os normativos internacionais”, defendeu o presidente da AIA. José Severino sublinha que exportar abaixo do preço de custo é dumping, crime condenado pela Organização Internacional do Comércio (OIC). Nessa medida, aconselhou as empresas que incorrem em tal prática a abandonarem essa conduta, já que “podem pôr em risco a produção interna”. O responsável pela AIA reconhece o peso dos impostos aplicados ao sector industrial, que rondavam os 35% até ao ano passado, mas garante que o imposto continuará a baixar, prevendo, até 2015, uma taxa a rondar os 15%. Dá-se incentivos às empresas que queiram vir para Angola, manifestando igualmente o apoio da AIA em ajudar esses grupos empresariais. Mas alertou: se existe o tal monopólio, ajudem a combatê-lo. “Nós estamos cientes de que as organizações arranjam os corredores

#30

Distribuição em Expansão • Março 2013

de acordo com as suas conveniências, mas, no que depender da AIA, estamos dispostos a ajudar”, sublinhou. As vantagens desta medida, segundo fontes consultadas no mercado, vão para o grupo Cuca BGI, que detém o monopólio da produção de cerveja em Angola, controlando 80% do mercado nacional, com as marcas Cuca (48%), Nocal (16%), N’Gola (9,6) e EKA (4,8%), entre outras. Para José Severino, os méritos do grupo Cuca BGI devem-se à sociedade que teve com a SABMiller (maior grupo cervejeiro na África do Sul e terceiro player mundial), aquando do relançamento da N’Gola e na fabricação da sul-africana Castle. “O conforto do grupo Cuca BGI é resultante destes investimentos”, concluiu, lançando o desafio às outras empresas que pretendam investir em Angola. Reforça que o Estado não está a proteger empresas, mas a incentivar o desenvolvimento do País. “É apenas um programa de substituição de importações, que visa reduzir a nossa dependência externa de bens”, sustentou o responsável, tendo destacado igualmente que é um sistema aplicado em vários países cujo mercado é assegurado pelo comércio interno. “A ideia do Executivo é desenvolver a competitividade do País, de modo a afirmar-se no contexto da Southern African Development Community (SADC), liderada pelo gigante África do Sul”, considerou. Entre as acções desenvolvidas pela AIA, estão também as negociações com outros grupos comerciais, nomeadamente a Carlsberg e a Vaizer (grupo norte-americano), entre outros.



Vinhos

/Pedro Paneiro, Marketing Manager da Luanday dos produtos Moët Hennessy

“Ambicionamos lutar por uma política de preço constante e competitiva” A Luanday tornou-se, recentemente, no importador exclusivo de uma das mais prestigiadas marcas de champanhe do mundo. Pedro Paneiro, Marketing Manager da Luanday dos produtos Moët Hennessy, revela-nos os planos para o Moët & Chandon em Angola.

>> texto: Victor Jorge >> fotos: Edson Chagas

D

istribuição em Expansão (DE): A Luanday iniciou recentemente a distribuição exclusiva da marca de champanhe Moët & Chandon em Angola. O que representa esta conquista para a empresa? Pedro Paneiro (PP): Considerando que a Moët & Chandon e o grupo de que faz parte, a LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy), é indubitavelmente uma das empresas com maior prestígio do mundo e extremamente exigente no seu modo de trabalhar, é um orgulho muito grande aliarmos o melhor que se faz no mundo com o melhor que o mercado tem reconhecido que se faz em Angola. Representa para nós o reconhecimento de um trabalho que tem sido desenvolvido ao longo de vários anos por uma grande equipa em que conquistámos a liderança em diver-

sas categorias. Pretendemos, com o nosso grande conhecimento do mercado angolano e pela nossa capacidade de distribuição por todo o País, fazer o melhor com este nome com tanto prestígio e história. Devemos destacar ainda que sermos distribuidores da Moët & Chandon não representa apenas a representação desta grande marca, mas também de outras marcas de champanhe e bebidas espirituosas que fazem parte do seu portfólio. Nos champanhes, e além do líder mundial do sector, que é o Moët & Chandon, temos de referir a Veuve Clicquot, com uma gama muito interessante de produtos e uma longa história de prestígio, e o Ruinart, um champanhe muito apreciado por conhecedores e com uma presença muito interessante. Nas marcas de champanhe superpremium

#32

Distribuição em Expansão • Março 2013

deste grande grupo que é a LVMH, temos o muito conhecido Dom Pérignon e a reconhecidíssima Krug, considerada a melhor e mais exclusiva marca de champanhe e com um posicionamento de mercado único. Temos também as bebidas espirituosas com a Hennessy, a marca líder nos conhaques, a Belvedere com a sua vodka superpremium. Nos whiskies, distribuímos os muito apreciados James Martin e o Single Malt Whisky Glenmorangie. DE: Como caracterizaria o mercado de champanhe em Angola? É um mercado em expansão? PP: Angola é um mercado exigente com consumidores atentos, informados e focalizados em produtos de qualidade. É o respeito por estes vectores que tem sempre


norteado a actuação da Luanday e que está na base do nosso sucesso e da conquista desta representação. O mercado do champanhe, e no geral o mercado do luxo em que o cliente adopta valores intrínsecos ao ADN das marcas de que se rodeia e com que se identifica, é especialmente exigente e está, como os restantes sectores da economia, a tornar-se cada vez mais sofisticado. Prova desta exigência e sofisticação é o crescimento importante que verificamos na procura das nossas marcas superpremium como o Don Pérignon e Krug, que, efectivamente, representam o topo da categoria. DE: Quem é o típico consumidor de champanhe e, concretamente, de Moët & Chandon em Angola? PP: O consumidor de champanhe em Angola é constituído por vários grupos diferenciados nos seus hábitos de consumo e capacidade aquisitiva, em que temos os consumidores que consomem num momento especial e de celebração, e consumidores extremamente regulares e fiéis que optam pela frescura do champanhe como a sua bebida de celebração da vida. Cada vez mais, os segundos ganham importância, com o champanhe a tornar-se uma bebida para todos os bons momentos e não apenas para marcar datas especiais. Esta é uma tendência mundial que já se verifica em Angola.

História da Moët & Chandon 1743 – Claude Moët funda a casa Moët 1748 – Moët fornece a Corte Real de França 1750 – 1.ª exportação para Inglaterra 1755 – 1.ª exportação para a Alemanha 1762 – 1.ª exportação para a Rússia 1787 – 1.ª exportação para os EUA 1792 – Jean-Rémy Moët assume o controlo da casa. O seu objectivo foi “partilhar a magia do champanhe com o mundo” Melhorou as vinhas e técnicas de vinificação, aumentou a adega e adquiriu a primeira vinha da casa 1833 – Jean-Rémy Moët entrega o controlo da casa ao filho, Victor, e ao genro, Pierre-Gabriel Chandon. A casa passa a denominar-se Moët & Chandon 1842 – É produzido o primeiro vintage pela Moët & Chandon 1843 – 1.ª exportação para México, China e Índia 1869 – 1.º “Imperial”, pela comemoração do 100.º aniversário do nascimento de Napoleão 1899 – Raul Chandon de Briailles cria o primeiro laboratório vitivinícola e escola de enxerto, a Fort Chabrol, no esforço de erradicação da filoxera 1941 – Além das várias conquistas para a casa, Robert-Jean de Vogüé é o primeiro co-presidente do CIVC (Comité Interprofessionnel du Vin de Champagne – Comité Internacional do Vinho de Champagne) 1971 – Moët & Chandon funde-se com os conhaques Jas Hennessy & Co. para fundar a Moët & Hennessy 1987 – Moët & Chandon e Louis Vuitton fundem-se para criar a LVMH, Moët Hennessy Louis Vuitton

dos operadores. Temos de destacar o papel dos grandes grossistas que ao longo dos anos têm realizado um trabalho muito importante no alargamento dos canais de distribuição e que estão actualmente a modernizar as suas operações para se adaptarem a um mercado em que o papel da distribuição moderna, vulgarmente conhecida como super e hipermercados e praticamente inexistente até poucos anos atrás, se faz cada vez mais sentir. O canal Horeca, ou seja, hotelaria, restauração e cafés, tem um papel muito importante no seu trabalho, com produtos de luxo, e temos procurado dar um acompanhamento forte a nível de apoio em material de promoção e formação.

DE: Quanto representam as vendas globais de champanhe em Angola e que quota possui ou quer possuir a Luanday com a distribuição do Moët & Chandon? PP: Não existem ainda estudos precisos que nos permitam aferir a quota de mercado de cada um dos operadores. Em todo o caso, acreditamos que a Moët & Chandon é líder deste mercado, aliás, à semelhança do que acontece a nível global. O nosso compromisso principal é garantir o fornecimento contínuo ao mercado assegurando que as necessidades dos nossos clientes serão sempre supridas.

DE: A quem pertence a maior fatia deste mercado em termos de vendas: canal Horeca/restauração, ou distribuição moderna? PP: Claramente, na época em que iniciámos a actividade (antes do Natal) com os produtos Moët & Chandon, a mais sazonal para a venda deste tipo de produto, a distribuição moderna ocupa uma fatia importante na distribuição do mesmo, mas o canal grossista e retalho especializado tem a maior fatia do mercado. Como referido anteriormente, o mercado funcionou sempre com muitas distorções e, com menos de seis meses neste segmento, é ainda cedo para definições.

Os canais de distribuição DE: Onde vão distribuir o champanhe? Somente no canal Horeca/restauração, ou também na distribuição moderna? PP: O produto estará disponível nos diversos canais: Horeca, distribuição moderna, grossistas e retalhistas especializados, e vai estar presente em todo o território angolano, sendo que neste momento a Luanday está a alargar a sua rede de distribuição apostando na selecção de parceiros para poder cada vez mais garantir que os produtos que distribui chegam ao consumidor nas condições e preço correctos. Nos diversos canais, a Luanday tem uma presença muito forte trabalhando em grande proximidade com a generalidade

O serviço DE: Que tipo de serviço prestará a Luanday, além da distribuição do champanhe aos locais de venda? PP: Assegurar toda a operação logística, comunicação, pós-venda, formação e trade marketing. Adicionalmente, temos a maisvalia de poder apoiar a activação de marca junto dos nossos parceiros com investimento e acções de comunicação. No fundo, tudo o que a Luanday já faz habitualmente com as #33

Distribuição em Expansão • Março 2013


vinhos /Pedro Paneiro, Marketing Manager da Luanday dos produtos Moët Hennessy marcas da Refriango e com a mais-valia de termos o apoio da casa-mãe Moët Hennessy. Ser-nos dada a missão de guardar e desenvolver estas marcas tão prestigiadas é uma grande prova de confiança na nossa organização e nas nossas pessoas. DE: Na comunicação desta parceria referem que terão uma frota dedicada para a distribuição da marca. Quantos veículos vão ter no total e em que zonas? PP: Para a distribuição em específico da gama de produtos das diversas marcas da Moët & Chandon, a Luanday equipou-se com uma frota que cobre todo o País e que serve este e outros clientes do grupo. Esta frota está equipada com sofisticados equipamentos de GPS que permitem em tempo real saber onde está qualquer veículo, equipados, também, com um sistema de controlo de abertura de portas que indica sempre que existe uma abertura das mesmas fora dos pontos georreferenciados em que a entrega está programada. Adicionalmente, e pela nossa presença em todo o território angolano, conseguimos chegar a (quase) todo o lado. DE: Revelam, também, que garantem preço regular e competitivo. Em que medida? Este é um mercado pouco regulado, em que os players praticam os preços que “querem”? PP: A nossa política comercial é evitar preços especulativos por falhas na distribuição. Vamos ter sempre preços competitivos e assegurar a disponibilidade dos produtos em

Champanhe, o que é? O champanhe é um vinho branco espumante, produzido na região de Champagne, localizada no Nordeste da França. A descoberta da bebida é atribuída ao monge Dom Pérignon, que era o responsável pelas adegas da Abadia de Hautvilleres, na região francesa de Champagne, que fica a 150 km de Paris. Alguns vinicultores afirmavam que certos tipos de vinhos fermentavam novamente depois de engarrafados, e isso atiçou a curiosidade do monge. O que ocorria é que, na segunda fermentação, os gases estouravam as rolhas ou arrebentavam as garrafas, pela força da pressão, foi aí que o monge Dom Pérignon experimentou utilizar garrafas mais fortes e rolhas presas por arames. Com isso, ele conseguiu obter a segunda fermentação dentro do recipiente, e assim surgiu um vinho espumante que mais tarde seria chamado de champanhe. Apesar do sabor apreciado, o champanhe tinha um problema, o acúmulo de resíduos da segunda fermentação. Estes resíduos permaneciam na garrafa, provocando uma aparência desagradável na bebida, turva. O problema foi resolvido quando a viúva Clicquot inventou os processos de remuage (girar as garrafas) e dégorgement (degolar). No processo de remuage, as garrafas são inclinadas e giradas, o que provocava o descolamento dos resíduos das paredes das garrafas, acumulando-as apenas no gargalo, e no dégorgement retira-se todas as impurezas, fazendo que o vinho fique límpido e transparente, com a aparência que tem hoje. Muitas pessoas tendem a confundir champanhe com espumante, o que é um erro, pois o champanhe é, sim, um tipo de espumante, mas nem todo o espumante é champanhe. O champanhe é o mais luxuoso dos espumantes, e é produzido exclusivamente na região de Champagne, na França. Castas utilizadas na produção do champanhe Chardonnay Pinto Noir Pinto Meunier

internamente, pois o nível de serviço exigido é bastante elevado, o que acaba por ser condizente com a imagem que as marcas têm no mercado. Esta formação será também passada para os diversos operadores (distribuição moderna, Horeca e grossistas), pois sabemos que o consumidor angolano, para além de extremamente exigente, gosta de estar informado sobre os produtos que consome e com os quais se identifica.

O mercado DE: Que outras marcas possuem no vosso portfólio e que novidades reserva o futuro

Day Care Cosmetics (Oásis e Pro Derma) e a última novidade, a Dujour, dedicada à produção de produtos de pastelaria e confeitaria. Como grande novidade teremos, brevemente, a representação de uma outra marca muito importante de bebidas espirituosas. DE: O facto de a economia angolana estar entre as mais promissoras para 2013 é um garante de que a distribuição do Moët & Chandon será um sucesso? PP: Ajuda certamente, mas não será por si só o garante do sucesso. Estamos conscientes das dificuldades, e temos a humildade sufi-

ciente para saber interpretar o mercado e garantir os níveis de serviço necessários para nos diferenciarmos dos demais concorrentes e assim ganhar a preferência dos consumidores. DE: Que resultados seriam considerados bons para este primeiro ano de distribuição do Moët & Chandon? PP: Acima de tudo, o que ambicionamos é satisfazer as expectativas do mercado. Resolver os problemas existentes com os abastecimentos irregulares, lutar por uma política de preço constante e competitiva e que gere confiança nos operadores.

Classificações do champanhe

todas as alturas. Esta é a nossa estratégia e estamos confiantes de que rapidamente dará frutos. DE: A atribuição da distribuição do Moët & Chandon requereu alguma formação especial dos recursos humanos da Luanday? Em que medida? PP: Com certeza. Todos os colaboradores envolvidos têm de conhecer em profundidade os produtos e as marcas que distribuímos. Existiu a formação de colaboradores na África do Sul, junto da marca, bem como

do universo Luanday? PP: A Luanday orgulha-se de estar entre as empresas que mais contribuem para o crescimento da economia angolana ao distribuir um grande conjunto de marcas produzidas em Angola, entre as quais se destacam os produtos produzidos pela Refriango. Actualmente, às marcas Refriango (Blue, Welwitshia, Speed, Nutry, Tutti, SuperCuia, Água Pura, Pura Sport, Nice Tea e Gaivota) juntam-se os produtos de limpeza doméstica da Reviva (Viva, Fada, Plim e Kienza), as marcas de higiene pessoal e beleza da

Existem seis classificações conforme o teor de açúcar adicionado para a segunda fermentação: Doux (Doce), Demi-Sec (Meio-seco), Sec (Seco), Extra-Sec (Extraseco), Brut (Bruto) e Extra-Brut (Extra-bruto) e o “Nature” (Pas Dose). Devido às subtis diferenças de paladar, os mais fabricados e vendidos são o Demi-Sec e o Brut. A maioria dos champanhes não são vindimados, apenas nas vindimas excepcionais são produzidos os Millésimes, que declaram a colheita. Quando as Pinot também provêm de uma vindima de grande qualidade, são produzidos os Millésimes Rose, que são os mais caros. O último grande ano foi 2002, mas a colheita de 2009 tem sido apontada como a melhor em muitos anos. Há uma terceira classificação dos champanhes, que são os chamados “Cuvées de Prestige”. Trata-se do melhor vinho que a casa pode oferecer, elaborado a partir de uvas provenientes de Grand Crus e envelhecido por muitos anos. Geralmente, a produção dos Cuvées de Prestige é restrita e, embora o preço de custo não seja tão maior do que um Millésime, o preço final ao consumidor incorpora o factor luxo e pode chegar a dezenas de vezes o preço de produção. Em geral, são “baptizados” com o nome de uma personalidade (Dom Pérignon é o Cuvée de Prestige da Moët & Chandon; La Grande Dame (a viúva Clicquot) é o Cuvée de Prestige da Veuve Clicquot; Sir Winston Churchill é o Cuvée de Prestige da Pol Roger) ou um nome fantasia de reconhecimento mundial (Cristal é o Cuvée de Prestige da Louis Roederer). A busca pela perfeição dos produtores de champanhe atinge o seu ponto máximo com os Cuvées de Prestige de dégorgement tardio (estes vinhos são conhecidos também por “champanhes monumentais”), como a linha Dom Pérignon Oenothèque ou a linha Krug Collection. No caso da Dom Pérignon Oenothèque, por exemplo, o dégorgement tardio fez com que a safra de 1995 só fosse ao mercado em 2009. Existe ainda mais uma classificação importante: a da qualidade do vinhedo de onde provém a uva. Cada região é chamada de cru. Quando temos condições muito boas de solo e microclima, o vinhedo é classificado Premier Cru, e quando estas condições são impecáveis, designam-se de Grand Cru.

#34

Distribuição em Expansão • Março 2013



transportes

/Nissan

Ver para todos os lados Conseguir monitorizar por vídeo todo o seu camião é o que a Nissan propõe com o seu novo sistema Around View Monitor.

>> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.

A

Nissan acaba de instalar um novo sistema de multimonitorização vídeo nos camiões Atlas F24 carroçados quer para transporte seco, quer refrigerado. O sistema de multimonitorização vídeo é uma tecnologia avançada da Nissan que foi apresentada pela primeira vez no Salão Automóvel de Tóquio e no Tokyo Truck Show em 2011. Trata-se de uma versão avançada do monitor de visualização da área circundante (AVM – Around View Monitor) para automóveis de passageiros que foi modificado especialmente para camiões. Câmaras instaladas em quatro pontos no topo do veículo captam imagens do que está em seu redor, mostrando-as num monitor instalado na parte superior do interior da cabina, ajudando a transmitir ao condutor informação relativa à envolvente exterior do camião.

As imagens exibidas mudam automaticamente de acordo com a situação. No modo de condução, por exemplo, a opção “Rearview Mirror View” (vista espelho retrovisor) mostra a imagem que seria mostrada por um espelho retrovisor. Em modo de marcha-atrás, “Top View” (vista superior) – útil em situações de estacionamento – mostra a imagem que o condutor veria a partir do topo do veículo. Adicionalmente, a opção “Roof View” (vista do tejadilho) exibe imagens do topo da traseira do veículo e permite que o condutor verifique a distância em altura, enquanto a “Rear View” (vista da traseira) exibe imagens da traseira do veículo e ajuda a identificar quaisquer obstruções atrás do veículo. Ao utilizar o indicador de mudança de direcção para virar à esquerda ou à direita, a “Side View” (vista lateral) exibe imagens das laterais a partir da frente do

#36

Distribuição em Expansão • Março 2013

veículo, e é especialmente útil para evitar potenciais colisões com outros veículos ou peões. Segundo Hideto Murakami, vice-presidente executivo responsável pela Unidade Comercial de Veículos Comerciais Ligeiros da Nissan, “o sistema de multimonitorização vídeo, que é uma das tecnologias de ponta da Nissan, é um novo sistema visual para camiões que proporciona aos clientes maior comodidade numa variedade de situações durante a condução de um camião”. “Com o novo sistema, esperamos que os nossos clientes sintam uma maior eficiência durante a experiência de condução”, acrescentando Murakami que “este é apenas um exemplo do empenho da Nissan em continuar a melhorar os nossos produtos e que irá resultar numa mais-valia real para os nossos clientes”.


/Auto Sueco

Auto Sueco expande operação No âmbito da sua estratégia de expansão, a Auto Sueco Angola acaba de iniciar operações em Malanje.

>> texto: Eunice Sebastião >> fotos: D.R.

C

om o início das operações em Fevereiro, a Auto-Sueco inaugurou a unidade de pós-venda de Malanje, indo assim ao encontro do que está definido no seu plano de expansão. Esta iniciativa proporcionou um total de 16 novos postos de trabalho directos, maioritariamente preenchidos por jovens quadros angolanos. A nova unidade da Auto-Sueco Angola ocupa uma área total de 90 890 m2, e as instalações têm espaços dedicados para serviços administrativos, armazém de componentes, oficina, e secção de pintura

com 3249 m2. Ainda inseridos neste complexo, é possível encontrar uma zona de lubrificação, estação de serviço (lavagem), ecocentro e um parque que possui uma capacidade para albergar mais de 100 camiões. Esta unidade de Malanje tem como principal objectivo proporcionar aos clientes os serviços regulares de assistência pós-venda, comercialização e contratos de assistência para todo o portfólio de produtos Volvo, representados pela Auto Sueco e Auto Maquinaria (camiões, autocarros, automóveis, grupos geradores SDMO e máquinas industriais VCE).

Nas palavras de Aníbal Barbosa, administrador-executivo do grupo Auto Sueco em Angola, “o arranque de operações na unidade pós-venda em Malanje tem um forte pendor estratégico. A nível regional, o impacto será positivo tanto para o sector como para os nossos clientes, sem esquecer

o factor social da empregabilidade e da formação de recursos humanos nacionais”. De referir que, para além desta nova unidade em Malanje, o grupo Auto Sueco está presente na capital angolana, com a sede e com um stand automóvel, e no Lobito e no Lubango, com unidades pós-venda.

#37

Distribuição em Expansão • Março 2013


logística

/investimentos em infra-estruturas

Mercado aguarda 18 projectos de fomento à distribuição moderna O Estado vai gastar 17,6 mil milhões Kz em novos projectos de pescas, agricultura, indústria, transportes e comércio com ênfase para a produção e logística. É chegado o momento em que players privados precisam de reavaliar os seus planos para melhor retiraram vantagens para os seus projectos com repercussão (positiva) para os consumidores finais.

>> texto: António Pedro >> fotos: D.R.

A

distribuição moderna aguarda por tempos áureos de crescimento e desenvolvimento do mercado nacional. Os motivos são espelhados na carteira de investimentos públicos definida pelo Executivo para o presente. Entre diferentes projectos de sectores estru-

turantes da economia, a serem implementados em certas zonas do País, e que prevêem influenciar maior dinâmica ao sector da distribuição moderna, o destaque vai para a construção de centros de logística e de distribuição, em Luanda e no Huambo. Paralelamente, alguns projectos antigos, mas encravados na fase de execução devido aos efeitos negativos da crise económica e financeira a partir de 2009, recebem agora dinheiro para conclusão. A título de exemplo, a construção de oito entrepostos frigóricos nas províncias do Bié, Huambo, Kuando Kubango, Luanda, Malanje e Moxico esteve paralisada devido à indefinição de políticas de financiamento voltadas para os referidos projectos. A carteira de investimentos não descarta a construção já em curso do matadouro industrial da região planáltica de Camabatela, na província do Kwanza Norte, um empreendimento situado numa zona que abrange também o cultivo de hortícolas, leguminosas, batata e batata-doce, frutos

#38

Distribuição em Expansão • Março 2013

tropicais, arroz, milho, citrinos. Paradoxalmente, as grandes e as médias superfícies comerciais, no caso do Jumbo, Intermarket, Martal, Pomobel, Casa dos Frescos, mantêm os seus negócios concentrados em Luanda, com excepção do Kero e Shoprite, que se expandiram para Benguela e Huíla.

Infra-estruturas e os players privados O economista e docente Rui Malaquias analisa, nesta edição, algumas das motivações que levam players como Jumbo, Intermarket, Alimenta Angola, Martal, e outros, a concentrar os seus negócios em Luanda e aborda as possíveis tendências de médio prazo. “Penso que tais tendências estão ligadas às infra-estruturas de apoio que, infelizmente, apenas Luanda apresenta, o que facilita o processo de transporte até ao aprovisionamento dos produtos”, sustenta. Outra razão fundamental, na opinião do


Edson Chagas

especialista, centra-se no facto de os bens e serviços vendidos nestas superfícies comerciais serem, na sua maioria, importados, e o processo de entrada e provimento destes bens ser mais célere na capital, em relação às demais províncias. “Esta tendência deverá ser de curto prazo”, prevê Rui Malaquias, mas adverte “desde que a produção interna seja estimulada e as vias de transporte sejam uma realidade no País”. Se assim acontecer, admite que deverá ser menos oneroso – para o retalhista e grossistas como Kero, Maxi, Jumbo e todos os outros – receber a mercadoria de um produtor local, na Huíla ou em Malanje, tendo ainda o benefício de que “os bens serão fresquinhos, sem corantes nem conservantes”. O economista ressalta que a motivação para este fenómeno é económica, porque o estabelecimento destas superfícies fora de Luanda deverá “engordar” as suas estruturas de custos em termos logísticos, e a inexistência da produção nacional é também um forte condicionante. Para o presidente da Prestígio, a Asso-

Entrepostos frigoríficos custam 1,8 mil milhões Kz Uma nova fase poderá marcar a construção de entrepostos frigoríficos pelo País, devido do

que Malanje, na região norte, possui um na sua capital, para acomodar 1500 toneladas, e outro

fracasso registado a partir de 2009. A falta de fornecimento de energia eléctrica acelerou a

no município de Calandula, de 300 toneladas.

paralisação dos projectos que já estavam desenhados e financiados.

Através da linha de crédito da China foi também construído o entreposto no município de

Em 2008, o Conselho de Ministros aprovou uma carteira de projectos de construção

Negage, na província do Uíge, com 1000 toneladas de pescado que contempla alguns

de entrepostos frigóricos em diferentes províncias, com vista a reestruturar o circuito de

municípios da província do Kwanza Norte, no caso de Ambaca, perfazendo sete entrepostos já

comercialização de pescado e criar 12 mil postos de trabalho. Até 2011, o projecto havia criado

construídos em todo o País e uma capacidade total de frio instalada de 5350 toneladas.

apenas 4% do total de empregos

Fazendo recurso a declarações do presidente

previstos.

da Prestígio, Hirondino Garcia, a paralisação

Na altura, o então Ministério da

funcional

Agricultura, Desenvolvimento Rural e

faz reforçar a intenção de empresários

Pescas estava responsabilizado pela

encarecerem

execução dos projectos. Actualmente,

pesqueiros nas províncias do Norte, Centro,

os

Leste e Sul do País.

projectos

estão

concentrados

destes o

preço

empreendimentos dos

produtos

apenas no Ministério das Pescas, que

Angola continua a apostar na importação

foi recriado no final de 2012.

de peixe, mas os armadores têm reclamado

A

implementação

do

programa

junto do ministério da tutela, em fóruns

começou em 2009, com recurso

próprios, sobre a falta de infra-estruturas para

a crédito da China avaliado em

conservação de produtos do mar.

20 milhões USD. Entretanto, no

Os players privados do sector das pescas

Orçamento Geral do Estado de 2009,

já sugeriram a criação de parcerias público-

o Governo atribuiu uma verba de

privadas para ver este problema resolvido.

648 milhões Kz, recursos próprios do

Em 2011, as capturas de pescado em

Estado, que representa uma taxa de

Angola das frotas industrial, semi-industrial,

35,6% do financiamento da China.

artesanal e continental atingiram 227,5 mil

Destacando os projectos por províncias,

toneladas.

o empreendimento do Huambo, no centro do País, orçado

Em 2012, registou-se um crescimento na captura

em 6 milhões USD, tem capacidade de conservar 1000

de pescado das mesmas frotas a uma taxa

toneladas de pescado para cobrir as províncias do Bié e do

de 36%. A preocupação em infra-estruturas,

Kuando Kubango.

segundo Jorge Pinto, armador de pescas há

Luanda tem dois entrepostos, um no município de

mais de 30 anos, é premente, visto que os

Cacuaco, com capacidade de 750 toneladas, e outro no

retalhistas adquirem o peixe que, por sua vez, é

de Viana, com capacidade de 500 toneladas.

comercializado nas grandes, nas médias e nas

Na província de Moxico, na zona leste, foi erguido um

pequenas superfícies comerciais, principalmente

entreposto com capacidade de 300 toneladas, ao passo

de Luanda.

#39

Distribuição em Expansão • Março 2013


logística

/investimentos em infra-estruturas

#40

Distribuição em Expansão • Março 2013


Expansão da distribuição alimentar O Ministério do Comércio tem na carteira de investimentos projectos considerados ambiciosos, tendo já referenciado a construção de um centro logístico e de distribuição em Luanda – 5 milhões de consumidores – e no município da Caála, na província do Huambo – 1,5 milhões de consumidores. Os projectos visam atender agentes grossitas, por um lado, e retalhistas, por outro, para benefício do consumidor final. Em Dezembro último, a ministra do Comércio, Rosa Pacavira, afirmou, em exclusivo à revista Distribuição em Expansão, que serão construídos centros logísticos e de distribuição nas 18 províncias, do presente ano até 2017. “Serão implantados centros logísticos e de distribuição (os CLoDs) de grande dimensão, nas províncias de Luanda, Huambo, Malanje, Huíla, Benguela, Uíge, Saurimo e Kwanza Sul. Serão construídas (…) 18 CLoDs provinciais”, assegurou. Os mercados citados, excepto Uíge, possuem 12,5 milhões de consumidores, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística de Angola. O economista Rui Malaquias considera a construção dos CLoDs importante e decisiva para expansão do sector de distribuição alimentar no País, visto que um centro

logístico é a base para a chegada atempada, e com qualidade, dos bens alimentares e não alimentares. Salienta que tem forte vantagem a julgar pela necessidade de abastecimento às prateleiras das grandes e pequenas superfícies comerciais, para além dos postos de trabalho que poderá gerar. “O consumidor final, na sua maioria, não tem noção da máquina complexa que está por trás dos retalhistas finais, e um centro de logístico, devidamente equipado e gerido, melhorará a qualidade e o próprio controlo de qualidade dos produtos à venda, bem como contribuirá para manter uma certa regularidade dos bens à disposição do consumidor final.” A gestão dos centros logísticos deve ser redimensionada, na óptica de Malaquias, pois considera um ponto muito relevante, por forma a desonerar a Administração Pública. O economista insiste nesta advertência, sublinhando que a gestão puramente pública deste tipo de investimentos não se torna recomendável. Sendo assim, o Estado deverá criar ou dar origem ao projecto e, posteriormente, entregar a gestão, sem pre-

Edson Chagas

Edson Chagas

ciação de Jovens Empresários Angolanos, independentemente das dificuldades de transferir-se negócios para fora de Luanda, face aos elevados custos, é altura de as grandes superfícies comerciais arriscarem um pouco, aproveitando as infra-estruturas projectadas no ramo da logística, quando estas estiverem concluídas. Hirondino Garcia argumenta que as barreiras para os players do retalho se instalarem nas províncias, independentemente do grau de dificuldades, continuarão a existir no curto prazo, sendo oportuno avançar-se para certos desafios empresariais no sector sem descurar estudos profundos que alertam sobre riscos de mercado.

cisar de transferir a totalidade do capital social, ao privado. Entretanto, face a modelos que não funcionaram, avisa, mais uma vez, que o privado seleccionado deve ser detentor de experiência neste segmento empresarial e o que melhor e mais rápido se proponha a recuperar e repassar os recursos dos contribuintes.

Reduzir o défice de 50 mil lojas A construção de 11 mil lojas em todo o País nos próximos cinco anos, com características das lojas Poupa Lá, é um projecto que visa reduzir o actual défice de 50 mil lojas a nível nacional. Segundo informação oficial, se o Estado deixar à partida que a iniciativa privada avance para estes indicadores, o processo poderá levar muito mais tempo, face às exigências dos bancos comerciais, aos períodos de reembolso e às taxas de juro que poderão ser aplicadas. Nesta vertente, decidiu tomar a peito a execução de 22% do total de 50 mil lojas, para numa fase posterior deixar a responsabilidade de continuidade do projecto

ao empresariado nacional com iniciativa e interesse em desenvolver projectos semelhantes, com apoio institucional, a exemplo do programa Angola Investe, sob a coordenação do Ministério da Economia. Para Rui Malaquias, o papel do Estado, neste dossiê, não seria o de usar o dinheiro dos contribuintes para construir lojas, mas, sim, viabilizar, na forma de incentivo, o processo de financiamento dos agentes privados. “Caso não surjam projectos desta natureza, o Estado poderá dar o pontapé de saída, edificando os projectos e, em seguida, transferindo a gestão para quem entende, de facto, e mais rápido devolva ao Estado o que foi investido”, advoga. Aponta que a solução óbvia e com menores encargos para o Estado, geradora de empregos directos, catalisadora do aumento do rendimento disponível e poupanças, e, por fim, fomentadora de investimentos, seria o incentivo à iniciativa privada. Entende o especialista que os players comerciais é que, dando luz às suas ideias e ao espírito empreendedor, deverão criar os projectos, arranjar financiamento e abrir os próprios negócios ou as próprias lojas.

Projectos paralisados Os entrepostos frigoríficos, segundo fonte oficial do Ministério das Pescas, nunca paralisaram na totalidade, mas alguns deixaram de funcionar, e prevê-se a sua reactivação com a injecção de 1,8 mil milhões Kz (quase 19 milhões USD) no ano corrente. O facto de os entrepostos terem sido equipados de geradores eléctricos, como fontes alternativas, para manter o funcionamento em regime de 24 sobre 24 horas, tornou os custos muito onerosos. A deficiente distribuição de electricidade nas províncias de Huambo e de Malanje levou à paralisação do funcionamento dos entrepostos frigoríficos. As chuvas que caíram sobre as províncias de Luanda e do Uíge contribuíram para a degradação das infraestruturas, o que levou à execução de obras de reposição de acessórios técnicos.

#41

Distribuição em Expansão • Março 2013


novidades

Conheça os mais recentes lançamentos de produtos nestas páginas da Distribuição em Expansão

Nespresso lança “La Dolce” Maestria A Nespresso apresenta a sua evocativa gama de máquinas Maestria, inspirada no conceito italiano “La Dolce Vita” dos anos 50 e no ritual meticuloso da preparação profissional de café. A gama Maestria – Maestria e Gran Maestria – estão disponíveis em vermelho e branco-creme (Maestria) e em cinza-escuro titânio e platinado (Gran Maestria), possuindo ambas uma ampla capacidade de armazenamento de água – 1,4 L – e um recipiente capaz de comportar até 14 cápsulas usadas. As máquinas informam ainda, via sinal luminoso, quando precisam de descalcificação e são “ecológicas”, na medida em que se desligam automaticamente após nove minutos de inactividade (programáveis para diferentes intervalos de tempo), oferecendo igualmente a possibilidade de configuração da dureza da água.

Roquevale lança Grande Reserva a pensar na exportação

A Roquevale acaba de lançar o primeiro vinho do Alentejo certificado como Grande Reserva. A enóloga Joana Roque do Vale apostou nas castas Alicante Bouschet, Touriga Nacional & Tinta Caiada para este primeiro Grande Reserva que estagiou 24 meses em barricas de carvalho francês. De bouquet complexo com certa austeridade aromática, é um vinho com assinalável finesse e frescura de boca, taninos muito finos e algumas boas notas de evolução. Apesar de poder ser bebido já, apresenta bom potencial para envelhecer. Antes da sua estreia, o vinho já despertou interesse de vários importadores actuais da Roquevale e conta já com uma encomenda para Macau. De resto, o mercado da exportação é considerado prioritário para este novo néctar da casa alentejana com sede no Redondo.

Adega de Borba homenageia Eusébio A Adega de Borba apresentou recentemente o novíssimo DOC Alentejo 2008 Eusébio, um vinho produzido especialmente para homenagear o melhor marcador de sempre do Sport Lisboa e Benfica. Numa edição limitada a 1000 garrafas numeradas, o DOC Alentejo 2008 foi elaborado a partir das castas Trincadeira, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon, com uvas seleccionadas em vinhas velhas de solos xistosos, tendo fermentado em barricas de carvalho francês, americano e castanho, processo ao qual se seguiu um estágio de 12 meses nas mesmas barricas. Com um teor alcoólico de 14,5%, é ideal para acompanhar vitela, borrego, caça ou doces conventuais. Este DOC Alentejo 2008 pode ser consumido de imediato, mas de preferência deve ser guardado até 10 anos.

Persil Black Gel eleito “Produto do Ano 2013” Acabam de ser avançados os vencedores dos prémios “Produto do Ano” em Portugal e a marca Persil foi eleita na categoria Detergente Roupa com Persil Black Gel. Lançado o ano passado, Persil Black Gel é um detergente especialmente desenvolvido para o tratamento da roupa de cor preta ou escura, introduzindo-se assim e pela primeira vez no mercado, uma oferta inovadora, aliando a proteção e o cuidado das cores pretas e escuras, típica deste tipo de produtos, aos melhores resultados ao nível da limpeza.

#42

Distribuição em Expansão • Março 2013


/novidades

Mais glamour no AEG A AEG anunciou o lançamento do novo AEG Glamour 2. Com um design ainda mais elegante em branco e com um teclado com apontamentos cor-de-rosa em que a tecla principal é uma pedra Swarovski Zirconia, o Glamour 2 inova nas especificações técnicas melhorando a conectividade, uma das principais necessidades enumeradas pelas utilizadoras. O novo modelo passou a incorporar Wi-fi e melhorou a câmara para 5 megapíxeis que permite a partilha nas redes sociais. Além da inovação tecnológica, o packaging foi melhorado, oferecendo uma caixa guarda-joias e uma sofisticada bolsa.

Novo queijo Limiano

Quinta do Crasto lança colheitas especiais A Quinta do Crasto, produtor de vinhos Douro Doc, vinho do Porto e azeite, apresenta as novas colheitas dos seus vinhos monovarietais, Touriga Nacional 2010 e Tinta Roriz 2010, vinhos de categoria especial, apenas disponíveis em anos de excecional qualidade e em quantidade limitada. Produzidos exclusivamente a partir de uvas da casta que lhes dá o nome, estes vinhos refletem o perfil diferenciador que a Touriga Nacional e a Tinta Roriz revelam nas vinhas da Quinta do Crasto, com uma média de 30 anos de idade.

A sugestão Limiano Amanteigado Vaca e Ovelha, de sabor suave e textura amanteigada, bem ao gosto de toda a família, vai fazer as delícias de todos. É surpreendente porque concilia várias dualidades: é amanteigado, mas fácil de cortar; é artesanal, mas ao mesmo tempo moderno e sofisticado; é um mimo para mim, mas também para dar à família e aos amigos; é para todos os dias, e para dias especiais

Targus assegura protecção para iPad A Targus lançou a nova película de protecção de ecrã iPad Privacy Screen para as mais recentes gerações do tablet da Apple. Totalmente adaptada para ser usada no novo iPad, e sendo igualmente compatível com o anterior modelo, o iPad 2, a nova película de protecção de ecrã é de aplicação extremamente fácil e duradoura, garantindo uma maior privacidade sobre a informação exibida no ecrã face a visualizações potencialmente indesejadas. Por outro lado, e por ser anti-reflexo, a nova película de protecção contribui para uma utilização mais confortável, na medida em que ajuda a reduzir significativamente a fadiga ocular. Ao mesmo tempo, protege o ecrã contra arranhões, riscos e outros danos que possam eventualmente afectar a superfície do iPad em caso de acidente, mantendo ainda longe de vista as impressões digitais e a transmissão de bactérias.

Delta Cafés renova embalagem Lote Chávena

PlayStation 4 no Verão Será provavelmente no mês de Junho que o mercado receberá a nova PlayStation 4 (PS4) da Sony. Prometendo uma “evolução importante”, os responsáveis da companhia japonesa revelaram que a nova consola de jogos da Sony virá equipada com um processador com oito núcleos, oito gigas de RAM, placa gráfica melhorada e um comando com touchpad. Considerando tratar-se de uma “mudança na concepção”, a nova consola da Sony promete deixar de ser apenas “uma caixa para jogar”. A PS4 terá Ethernet, Bluetooth, e entradas/saídas HDMI, Analog AV e Digital. Ainda não são conhecidos os preços a que a nova PS4 chegará ao mercado, mas os fanáticos pelos jogos e analistas avançam com um preço (nos EUA) de 400 USD.

A Delta Cafés acaba de lançar no mercado uma nova embalagem do Lote Chávena, um dos mais emblemáticos lotes da Delta. A nova embalagem exclusiva torna-se mais moderna e funcional, devido ao novo sistema de abertura fácil, com fecho zip “para que não perca tempo a chegar ao que mais gosta”. O novo Lote Chávena surge no seguimento da implementação da nova imagem global da Delta Cafés em toda a gama, estando já disponível nos diferentes formatos: 250 g grão, moagem máquina e moagem saco. #43

Distribuição em Expansão • Março 2013


VIP

Very Important ProfEssional Barómetro dos Notáveis

Um painel de profissionais dará, mensalmente, a sua opinião sobre questões da actualidade colocadas pela redacção da Distribuição em Expansão. Trabalhadas, a posteriori, estatisticamente, ficará a saber o que os profissionais convidados pensam sobre determinado assunto, mas nunca de forma individual, mas em grupo

1. Agostinho Kapaia, Presidente do grupo Opaia 2. Aguinaldo Jaime, Jurista 3. A lbano Lussati, Vice-presidente da UNACA, Confederação das Associações e Cooperativas de Camponeses de Angola 4. Estevão Daniel, Administrador da Refriango 5. F ilipe Lemos, Presidente Executivo da LIDE Angola (Grupo de Líderes Empresariais) 6. Galvão Branco, Consultor empresarial da GB Consultores Reunidos 7. Gomes Cardoso, Presidente do Codex Angola, Comité Nacional para o Código Alimentar Angola 8. Jorge Baptista, Presidente da Associação dos Empreendedores de Angola (AEA) 9. J orge Coelho Pinto, Director da Jotil 10. J osé António Rousseau, Docente, Consultor e especialista em Distribuição Moderna

11. José Macedo, Director-geral da Lactiangol 12. José Severino, Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) 13. Judith Correia, Administradora da FaciCredit 14. Luís Reis, Presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) 15. Luís Sambo, Jurista, Projecto Executivo para a Reforma Tributária 16. Manuel Monteiro, Director da FertiAngola 17. Manuel Victoriano Sumbula, Administrador da Coca-Cola 18. Matos Cardoso, CEO da Feira Internacional de Luanda (FIL) 19. Paulo de Carvalho, Director-geral da ScoreDistribuição 20. Paulo Trindade, CEO da Abacus, Consultora Imobiliária 21. Pedro Miguel Silva, Senior Manager da Deloitte Angola

#44

Distribuição em Expansão • Março 2013

22. Raúl Mateus, Sócio-administrador da Pomobel 23. Regina Santos, Pesquisadora do CEIC, Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola 24. Renato Azevedo, Presidente-executivo da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN) 25. Ricardo Gerigk, Delegado do Escritório da Economia Alemão em Angola 26. Rui Catalo, Administrador da Casa dos Frescos 27. Rui Malaquias, Docente e economista 28. Rui Miguel Nabeiro, Administrador da Delta-Cafés 29. Rui Santos, Presidente da Sistec 30. Victor Kavinokeka Paulo, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria (Huambo)


VIP

1.

Qual(is) a(s) insígnia(s) internacional(is) de retalho alimentar que gostaria de ver instalar-se em Angola?

2.

E no retalho não alimentar/especializado?

a) Sonae com Continente (Portugal)

a) Zara (Espanha)

b) Jerónimo Martins com Pingo Doce (Portugal)

b) Media Markt (Alemanha) c) Fnac (França)

c) Carrefour (França) d) H&M (Suécia) d) Wal-Mart (EUA) e) AKI (França) e) Lidl (Alemanha) f) Moviflor (Portugal) f) Tesco (Reino Unido) g) Nenhuma. Em vez disso, evolução dos players existentes no mercado

3.

Investidores e empresários alemães de vários segmentos de negócios pretendem pesquisar o mercado angolano, para estabelecer parcerias com empresários locais, quando decorrer o 5.º Fórum Económico Alemão-Angolano em Junho próximo. Em que sectores deverão acontecer essas parcerias?

4.

Angola está a efectuar um forte investimento nos centros de logística e distribuição. Em sua opinião, qual(is) deve(m) ser a(s) prioridade(s)?

a) Agricultura

a) Infra-estruturas rodoviárias

b) Distribuição

b) Capacidade de armazenamento

c) Infra-estruturas rodoviárias c) Dispersão dos centros de armazenamento pelo território nacional

d) Formação

d) Capacidade de entrega rápida

5.

Para a ministra do Comércio de Angola, Rosa Pacavira, o desenvolvimento do sector do comércio no País deverá acontecer através do reforço das parcerias público-privadas (PPP), em que o empresário aparece como “impulsionador da actividade, e o Estado, incentivador e fiscalizador”. Em que áreas deveriam acontecer os incentivos por parte do Estado?

6.

O sector da distribuição moderna em Angola beneficiaria da constituição de uma associação profissional do sector?

a) Fiscal

a) Sim, claramente

b) Aduaneira

b) Sim, se controlada pelo Estado

c) Logística

c) Não

d) Energética

d) O sector ainda está numa fase muito embrionária para a criação de tal associação

#45

Distribuição em Expansão • Março 2013


leituras

/livros

The Retail Revival: Reimagining Business for the New Age of Consumerism

E Autor(es): D oug Stephens Editora: Wiley Língua: Inglês Págs.: 272 Preço: 16,13 USD (pre-order) em www.amazon.com (154,2 Kz) Lançamento: Março 2013

ste livro – The Retail Revival – documenta a ascensão de uma nova e incrível era do consumismo levando a uma redefinição completa do que é o retalho. O livro fornece uma perspectiva de como as mudanças demográficas e económicas, bem como os níveis históricos de ruptura tecnológica e de média, estão a transformar este sector, outrora previsível, num mar de mudanças turbulenta, deixando o comportamento do consumidor permanentemente alterado. A obra examina as mudanças principais no mercado em que até empresas como Wal-Mart e Procter&Gamble lutam para lidar, e explora as tecnologias actuais e futuras que irão mudar completamente a forma como fazemos compras. Da autoria do conhecido autor futurista do consumo Doug Stephens, The Revival Retail fornece clareza no-nonsense sobre as realidades de um mercado completamente novo de retalho, apontando para um renascimento dinâmico e emocionante da indústria. Além disso, oferece esperança e orientação para todos os negócios ansiosos para aproveitar essas mudanças históricas, fornecendo uma visão geral concisa do que realmente importa e como lucrar com isso. O livro: • Oferece uma visão especializada do futuro próximo do mercado de retalho para retalhistas, fabricantes e marketeers; • Escrito pelo fundador do Retail Prophet, os conselhos sobre as tendências do consumidor incluem clientes como Wal-Mart, Citibank, WestJet, Razorfish, milhas aéreas e Ace Hardware; • Apresenta orientação para retalhistas, agências e fabricantes de bens de consumo. The Retail Revival é um divertido e esclarecedor despertar que todos os profissionais do retalho necessitarão, a fim de lucrar com o caos que aí vem.

Nada É Grátis – Estratégias de lucro num mundo novo

O Autor(es): S aul J. Berman Editora: Actual Editora Colecção: Gestão Tema: Administração e Gestão Língua: Portuguesa Ano: 2012 Págs.: 184 Preço: 14,39 EUR (180,4 Kz)

que fazer quando os seus produtos são mais populares do que nunca, mas os consumidores já não querem pagar por eles? Esta obra procura apresentar uma solução para um problema que afecta a generalidade das empresas: como fazer crescer as receitas organicamente a curto prazo. Em vários capítulos que exploram a forma como determinadas empresas usaram com sucesso a segmentação, a inovação na marcação do preço, a inovação no pagador e na embalagem, esclarece-se aquilo que é uma rotura no modelo de negócio, de forma a ajudar a clarificar o caminho para ajudar as empresas a prosperar.

#46

Distribuição em Expansão • Março 2013




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.