revista gastação #3
editorial
Terceira edição da Revista Gastação. Pra quem não sabe, essa é uma revista digital criada por amigos com a finalidade de ser um espaço alternativo para nós, artistas em geral, divulgarmos um pouco do nosso trabalho. Nessa edição o tema retratado foi SILÊNCIO. Cada pessoa representou o silêncio de maneira diferente. Veja esse silêncio e espalhe para seus amigos e amigos de amigos, rumo ao mundo inteiro. Obrigada a todos que contribuíram para a revista sair.
Editora Andréa Cebukin
#andréa cebukin
Não há nada mais silencioso que o cemitério. Caminhando por ele, escutei o silêncio e assisti ao teatro das estátuas.
“TEMPO PAR A O SILÊNCIO” Eu não entendia o porque de ficar quieto. Barulho é muito bom. Falar é muito bom. Eu ainda não tinha entendido pra que serve o silêncio. Na companhia de alguns amigos mais sábios do que eu, foi que eu vi o quanto é importante calar a boca e fechar os olhos. Aprendí com esses amigos pra que serve o silêncio. Entendi que ficando quieto a gente começa a ouvir muito mais coisas. Do lado de fora da cabeça da gente o silêncio pode ser pleno, absoluto, mas dentro da mente descobri minha própria voz. É no silêncio que temos a chance de conhecer quem somos de verdade. É de boca fechada e com os ouvidos tapados que eu ouço o que eu tenho a dizer a mim mesmo. O silêncio é um momento excencial para nossa existência ... é quando você entende porque está aqui. O silêncio faz parte da nossa natureza
#ak47
#carolina alves
poesia: El Silencio de Federico Garcia Lorca
#elisa campos
enjoy the silence traduz uma das minhas opçþes de vida, minha rotina.
#gustavo cassano Meninas do Jequitinhonha
#ivone torres poesias
Cego Silêncio Ouço um absurdo silêncio oculto Que canta com mãos bailarinas desenhando em cada céu Vejo o som de uma boca muda e úmida Os passos da estrada que formam pegadas no tempo Viro o compasso do avesso em êxodo e toco nos olhos presos às cordas do vento Eu sinto cheiro de alma Enquanto houver sentido, O mistérios não deixarão de habitar o universo da minha mente sagrada Sangrarão palavras inúteis das minhas veias profanas em versos gritantes Num eco constante Que me fazem maior do que uma gota de sangue
As vozes arfantes do mundo mudo e os sinais das línguas Me apontarão sentidos mais profundos Oriundos do céu que a minha alma cega nem consegue alcançar Ah, como eu me sinto longe de tão perto E essas mãos abertas que decerto Fazem-me fulminar e caminhar por sobre suas linhas... ...à todos os sentidos Meus olhos cheiram passos cautos onde fielmente em meus ouvidos plenos Ouço a canção do silêncio absurdo e claro Da omissão, a mais estrídula das cegueiras Que me cala os tímpanos, e me parte o coração
Moleca, cuidado, a calçada te pega! Moleca melada Sapeca safada Levada da breca Que tira meleca Eca moleca virada sem mestra Rueira só pensa em zoeira Só come besteira Moleca que trepa no muro no escuro Dá duro dá mole a barriga de embrulho Que furo o futuro criança de engulho Nascida do cedo do enredo do muro Moleca sem crisma sem casa sem reza Sem cacho sem tempo Sem graça sem galho Moleca sinistra sem prazo sem vista Sem história e canção Que dorme na pista do bicho papão Moleca sem festa sem beca sem nada Cuidado, a calçada te pega e te leva! Que merda!
O Urubú e o Sabiá A sabiá casou-se com o urubu para dismistificar a imagem pré-estabelecida Sabiá - cantora virtuose, bem vinda, ave de bons presságios Urubu - negro, comedor de carniça, ave de mau agouro Oh ! Fruto do vil preconceito humano! (Urubu desbotado foi lutar por seu reinado, prá se levantar) É...mas o amor uniu os pássaros inocentes E torturou o preconceito até matá-lo sem precedentes Urubu e sabiá casaram-se no civil e religioso E assim, diante da natureza juraram amor eterno E o mundo contemporâneo escutou uma nova melodia Que conta a história do urubu e sua importância no equilíbrio ecológico (Urubu na cor já tem o seu valor)
Porão Hoje de manhã consegui desvencilhar-me A ratoeira funcionou, e não mais vivo o devaneio do inquérito Personagem dissílabo de astúcia inacabada Os dias contados cantaram nas entrelinhas dos seus passos pau a pique Permeados de gravatas e assembléias Toujours, comias a minha porta de madrugada cada dia um pedaço Astuciosamente junto as fugas dos venenos que te preparei Comias se falar Manipulando os ventos e seus cabelos de fogo Passos intercalados de pausas e olhares laterais Lançando, enfim, seu jeito ambíguo na minha fiel inconseqüência Mas de manhã o sol é vão E a poesia habita dia e noite o ar das cantigas que me relataram naquela forca O caos do meu prazer. Mas os passos marcados nessa trilha injúria Cravam teu espinho nos meus pés dormentes Que mesmo assim dançam na brasa do teu coração inóspito. Porém és real, e habitas meu passado hoje, e o meu presente enluarado de um fascínio atemporal Que me dá a luz de não entender Que é um sonho tão real quanto um voluptuoso baobá Na mira de um vulcão erupto de aflição. Mas os teus cabelos caem E os seus olhos esquisitos Mal enxergam meu conflito
Só abraçam minha ternura Que voltou para traçar uma música Na poesia da tua presença Que encontraste sim, dentro da minha caixa escondida. Cansei do teu inverno branco do ano passado Tua compreensão convertida em geleira de séculos Que não transforma mais um ciclo contínuo E vive como rato enforcado pela sua própria astúcia. Mas a vida continua e os girassóis são girassóis por causa do sol que arde na minha cama E nada faz sentido no plec da ratoeira que fechou mais um ciclo industrial Na produção de dezenas e centenas e milhares de arrepios Dos orgasmos verdes Do campo do meu delírio Hoje de manhã o sol não é mais vão Nasceu de uma noite livre Ao som de um violão subindo e descendo numa melodia de rio Profanando o meu frágil papel no desafio de arrancar os braços de Morfeu Para que meu sono seja assassinado a todo momento pela paixão de uma música sempre recomeçada Tornou-se inócuo o comedor da minha porta E a armadilha que o matou converteu-se em poesia Trazida sorrateiramente Por uma perigosa traficante de armas Armadilha escondida nos confins do meu porão Findado o início do caos, fecha-se mais um ciclo E os assuntos pendentes ficam para a próxima reunião Marcada para daqui a um minuto.
#leo cavalcante
#márcia bellotti Após tudo. Quando nada sobra ainda há beleza nas lembranças, na felicidade que já existiu um dia. O silêncio grita risadas de crianças. O cheiro de mofo é um almoço perfumado. Quando nada sobra, sobra o tempo.
Quando te vejo
#marlenita
CrĂŠditos: Foto: Leandro Queiroz Poema: Marcelo Ferrari Montagem: Marlenita
Como vocĂŞ reage quando avista a pessoa amada? Este poema de Marcelo Ferrari mostra o movimento silencioso do corpo ao cruzar o olhar com alguĂŠm especial: o estremecer de dedos, o olhar...
#marcus chrispim
#pedro roloff
Abordei o silêncio de três formas diferentes. Busquei na fotografia o silêncio como algo inspirador, que não necessite de palavras para se explicar, pra mim, foi como observar o nascer do sol e seus raios. No segundo já abordei a questão da violência, da pilantragem, e o vácuo que forma em nós. O silêncio como um grito de agonia. No terceiro,o silêncio como algo a ser quebrado, entendido. As dificuldades que a língua pode oferecer, a segregação. Tentei passar esse sentimento.
Gestos de SilĂŞncio
#raphael fagundez
contatos #AndrĂŠa Cebukin #AK47 #Carolina Alves #Elisa Campos #Gustavo Cassano #Ivone Torres #Leo Cavalcante #Marcia Bellotti #Marlenita #Marcus Chrispim #Pedro Roloff #Raphael Fagundez
andreacebukin@gmail.com rodrigohr@gmail.com carolina.alves@oi.com.br elisa.campos@gmail.com gustavo@estudiomambembe.com.br ivonebtorres@hotmail.com leo-cavalcante@hotmail.com chapa.bellotti@gmail.com marlenesolange@hotmail.com marchrispim@gmail.com pedro.roloff@terra.com.br djrafarj@gmail.com
revista gastacao@gmail.com
Tema da próxima edição
roda
Interessados em participar da próxima edição, enviar seus trabalhos até o dia 20 de julho. Trabalhos fora do prazo poderão ficar fora da revista. Sugestões? Dúvidas? Comentários? Opinões? revistagastacao@gmail.com http://www.orkut.com/Community. aspx?cmm=10057772 Espero que tenham gostado. Obrigada novamente. Andréa Cebukin