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Bonecas negras: representatividade importa

Deniria Falero e sua fabricação de bonecas negras

Brincadeira de criança é sempre um passo para formar consciência social. Se no passado era quase impossível ver bonecas negras, hoje elas nascem através das mãos habilidosas da servidora Deniria Falero, 50 anos, e trazem consigo a representatividade negra. Logo, o que começou como um passatempo em 2016 tornou-se sinônimo de resistência e reconhecimento. Deniria é agente de serviços externos na Gerência de Gestão de Consumo (GCON) no Dmae. Porém, a servidora viajou para o Rio de Janeiro em 2015, onde desenvolveu sua aptidão, participando de cursos de fabricação de bonecas. “Dentro desse universo de fazer bonecas, eu senti a necessidade de fazer bonecas negras, porque é um pertencimento”, complementou Deniria.

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Nos quatro anos em que esteve no Rio, a artesã participou de feiras e eventos, o que possibilitou que ela criasse uma boneca própria e também bonecas chaveirinho, como uma alternativa mais barata. Já em Porto Alegre, Deniria esteve na feira afro em homenagem ao Dia da Consciência Negra na Câmara de Vereadores. O processo para a criação de bonecas de pano, feitas com corda e lã acrílica é árduo, entre banhos de água quente e minutos no forno somente para deixar o cabelo enrolado. “Como é manual, nenhuma vai ficar no mesmo tamanho. Daí tu deixa uma de cabelo solto, põe laço, põe turbante ou um black”, comenta Deniria. Cada boneca é única, tem sua própria personalidade e parece saber o que quer.

Deniria conta que, quando criança, tinha uma única boneca negra. Sendo assim, reconhece em suas bonecas a importância da representatividade e do empoderamento do indivíduo negro. “As crianças negras se reconhecem, é a minha cor de pele e meu tipo de cabelo. E as crianças brancas também gostam das bonecas”, conta. Logo, as discussões sobre preconceito racial ficam para os adultos. Nesse sentido, Deniria pretende fazer oficinas e workshops em comunidades carentes. O intuito da servidora é criar um ambiente para que mulheres negras possam trocar experiências, criar seus próprios modelos de boneca e assim contribuir para a identificação e a afirmação do individuo negro na sociedade.

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