negócios
www.aecic.org.br | Edição 03 - Ano 01 | Janeiro 2013 | Bimestral
Case de Sucesso: Hübner Visão Estratégica
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Case: 3M Líderes visionários
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INOVAÇÃO A cultura da mudança invade as empresas Tecnologia & Capacitação Senai Nacional implanta Institutos para facilitar a inovação nas empresas.
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Desafios Globais
Pesquisa Global Competitiveness Report 2012
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ASSOCIAÇÃO DAS EMPRESAS DA CIDADE INDUSTRIAL DE CURITIBA PRESIDENTE CELSO LUIZ GUSSO Campodoro Participações e Empreendimentos Ltda
Gestão 2011-2013 Rua Manoel Valdomiro Macedo, 2445 Cidade Industrial Curitiba (PR) 81170-150 Tel | Fax: (41) 3347-1011
VICE-PRESIDENTE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS NELSON ROBERTO HUBNER Hubner Indústria Mecânica Ltda
www.aecic.org.br aecic@aecic.org.br Edição 03 – Ano 01 Outubro 2012
VICE-PRESIDENTE PATRIMÔNIO CARLOS ANTONIO GUSSO Risotolandia Ind. e Com. De Alimentos Ltda
Editor Executivo Moacir Moura Jornalista Responsável Meri Rocha DRT 3735/PR Direção de Arte e Diagramação Juliana Deslandes
VICE-PRESIDENTE ADMINISTRATIVO MARINO GAROFANI Brafer Construções Metálicas S.A
Impressão Gráfica Capital Errata O crédito das fotos da pág. 21 da edição anterior pertence a Rogério Marcos de Freitas da empresa MEMORY VÍDEO PRODUÇÕES E EVENTOS www.memoryvideo.com.br Fones (41)3023-4094 9973-1807 2
VICE-PRESIDENTE FINANCEIRO MARCELLO LUPÁRIA Maclínea S/A Máquinas e Engenharia
VICE-PRESIDENTE JURÍDICO JOÃO CASILLO Casillo Advogados
EXPEDIENTE DIRETORES ADJUNTOS: DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL MARTINHO FAUST
Stockholm Adm. e Participação Ltda RECURSOS HUMANOS JOSÉ ANTÔNIO FARES SESI Paraná EXECUTIVO CARLOS VIVALDI RODRIGUES
CONSELHEIROS:
ALAIDES FRANCISCO DE OLIVEIRA Itaeté Construtora De Obras Ltda BALDOINO SENS Siemens Enterprise Communications CARLOS MORASSUTTI Volvo do Brasil Veículos Ltda DUILO DAMASO Robert Bosch Ltda
João Barreto Lopes SENAI – PR José Ribamar Brasil dos Reis CIEE - Centro Integração Empresa-Escola do PR Luiz Ben-Hur Loures Transtupi - Transp. Coletivo Ltda Luiz Olívio Bortolli Denso do Brasil Ltda
Franscesco Pallaro CNH Latin America Ltda
Osmar Antonio Migdaleski Cassol Pré Fabricados Ltda
Jackson Lenzi Pires Plásticos do Paraná Ltda
Wanclei Benedito Said Condor Super Center Ltda
Editorial Lei de Inovação CNI/SENAI AECIC em Ação Pesquisa Internacional Pesquisa Internacional Artigo | Paulo Guedes 3M Gestão Hubner
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30 31 32 34 36 39 40 42 44 45
Artigo | Eloi Zanetti
ÍNDICE
BR-376 Grupo RIC Entrevista | João Batista Araujo e Oliveira Pesquisa Artigo | André Saito Parceria Pesquisa Comemoração Entrevista | Senador Cristovam Buarque 3
Celso Luiz Gusso Presidente da AECIC
Perspectivas Plano de Voo. Poderemos comparar uma empresa como uma
circuitos de alerta acendem sinalizando que temos
aeronave, pequena, média ou grande, o tamanho que
problemas de outra ordem a serem resolvidos com
for. Estratégia, orçamento anual, recursos, logística e
urgência, como infraestrutura, inovação, tecnologia,
todos os demais preparativos para os próximos anos
gestão da aeronave, educação e capacitação de pessoal,
representam o nosso Plano de Voo que nos levará
além de investimentos e renovação de processos, sem
ao destino, ou seja, conquistar mercados, atender a
os quais continuaremos voando baixo e colocando em
determinados clientes, alcançar melhores resultados e
risco nosso negócio.
a preservação de uma empresa sustentável e preparada para servir.
Retornando à base para refletir, reunimos os melhores especialistas em “aeronaves lucrativas”
Como pilotos dessa aeronave-empresa temos
que, em artigos, entrevistas e dicas consistentes e
à disposição um grande painel com inúmeros botões
inspiradoras, produziram informações riquíssimas que
que podemos acionar. Seguindo os manuais dos
fazem desta edição da AECIC NEGÓCIOS verdadeiro
melhores instrutores de voo, apertamos o dispositivo
manual de gestão de voo, o qual temos o prazer de
“baixar juros” para acelerar o consumo. Motivados
brindar nossos leitores e patrocinadores.
pelo estimulo da tecnologia, apertamos vários botões como redução de IPI, crédito abundante, imposto de importação e outros que dizem respeito ao ambiente externo do nosso sistema de voo. De repente, o painel começa a sacudir e alguns 4
EDITORIAL
Fato Novo. Símbolo de luta, determinação e pautado pela ética, Gustavo Fruet conquistou o direito de administrar a cidade pelos próximos quatro anos, materializando assim essa onda de renovação que permeia a sociedade. As pessoas querem inovar também. Apesar de a inovação
Renovação. “A esperança é o sonho que caminha”, ensinou
nascer nas empresas, as mudanças são geradas a partir das pessoas e com o objetivo de servi-las.
Aristóteles há 500 anos aC, nos animando a seguir em
Não moramos no país ou no estado. Moramos
frente, acreditando em melhorias e lutando com novas
na cidade onde nascemos ou escolhemos para viver,
ferramentas feitos guerreiros da paz. E temos razões de
estudar e prosperar com qualidade de vida. A riqueza
sobra para acreditar num futuro melhor. O renascimento
fica onde os produtos e serviços são produzidos, não
de instituições como o STF cujo julgamento dos
onde eles são consumidos apenas, daí a importância do
envolvidos no Mensalão fez sua lição de casa e sinalizou
desenvolvimento local e da necessidade de incentivar o
que temos uma democracia na qual podemos confiar.
crescimento das empresas que operam aqui.
Muitas vezes, basta um fato positivo para
Além de parabenizar e desejar o mais amplo
reacender os ânimos e fazer correr esperança no sangue
sucesso para
administração do prefeito Gustavo
da população. Somos movidos à esperança. Além das
Fruet, estaremos sempre à sua disposição para firmar
instituições públicas, temos outras nas quais podemos
parcerias permanentes e produtivas com a Prefeitura,
depositar nossas fichas com segurança, como CNI, FIEP,
visando contribuir e encaminhar as soluções das
CNC, FECOMERCIO-PR, Sindicatos empresariais, cujo
grandes questões que envolvem a Região da Cidade
leque de prestação de serviço sempre à disposição dos
Industrial de Curitiba.
empresários segue os melhores padrões internacionais. União de Esforços.
Basta usar sem moderação.
Sempre com o intuito de colaborar, teremos uma extensa agenda de trabalho a ser cumprida, iniciando com sugestões referentes à iluminação pública, transporte coletivo mais eficiente, segurança, conservação de praças e vias públicas e regularização das áreas pendentes, dentre outras demandas de extraordinária importância para uma “Curitiba que quer mais e merece
mais”, como você nos inspirou, Gustavo. 5
LEGISLAÇÃO
Lei de
Inovação Ela institui o Sistema Paranaense de Inovação, integrado por empresas e instituições com atuação na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação
Júlio Felix, do Tecpar: “era um anseio antigo da comunidade científica, finalmente concretizado”
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A Lei Estadual de Inovação sancionada pelo governador do Paraná, Beto Richa, em setembro conta com entidades como o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), a Fundação Araucária e as incubadoras tecnológicas existentes no Estado. A nova legislação prevê a participação do Estado em fundos de investimentos de empresas paranaenses cuja atividade principal seja a inovação tecnológica. Projetos aprovados pelo governo, por meio da Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), poderão ser beneficiados com subvenção econômica, financiamento ou participação societária do governo. Além disso, a nova lei permite a concessão de incentivos fiscais para o desenvolvimento de projetos inovadores. Para isso, haverá regulamentação específica. Outra medida prevista é que o Estado ceda servidores públicos e espaços apropriados para o incentivo à inovação nas empresas. De acordo com a lei, ao aplicar as medidas de incentivo o governo deverá dar prioridade a Arranjos Produtivos Locais (APL) e às micro, pequenas e médias empresas de regiões menos desenvolvidas, que não possuem capacidade científica adequada. Conforme o governador Richa, “esta lei mostra o compromisso da nossa gestão com a inovação e a modernidade, bases de um Paraná forte e avançado. É uma importante medida para tornar o Estado mais produtivo e contribui para gerar riquezas e empregos”. Ele enfatiza que o
governo, por meio da Fundação Araucária, concederá bolsas para que estudantes de mestrado e doutorado desenvolvam seus projetos e pesquisas dentro de empresas paranaenses. Serão investidos R$ 2,9 milhões neste programa. Segundo Júlio Félix, diretor-presidente do Tecpar e responsável pela elaboração do texto da lei, a sanção da nova legislação é um marco histórico para o Estado. “Trata-se de um marco extremamente importante. Sem dúvida o maior legado que o governador deixa à ciência e tecnologia do Estado”.
Análises A lei permitirá ao Estado participar como societário em empresas inovadoras, além de possibilitar que pesquisadores públicos sejam remunerados por suas inovações. “Atualmente o mérito dos pesquisadores é medido pelo número de trabalhos publicados. A lei vai incentivá-los a se voltar também para o mercado, permitindo que atuem em parceria com a iniciativa privada desenvolvendo tecnologias e recebendo por isso”, destaca Felix. Segundo ele, “a Lei de Inovação vai preencher um vácuo na área científica e criar um dispositivo legal eficiente que contribuirá para a inovação no Paraná. Era um anseio antigo da comunidade científica, finalmente concretizado”. O Paraná era o único Estado das regiões Sul e Sudeste que ainda não tinha aprovado uma lei de inovação, que oferece segurança jurídica e define a política de propriedade intelectual,
além de criar benefícios e estabelecer mecanismos de cooperação entre setor público, setor privado e academia, para o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento científico e tecnológico. De acordo com o secretário da Seti, Alípio Leal, a legislação aproveita o que existe de melhor nas leis federais, estaduais e municipais de incentivo à inovação. Ele explica que um grupo formado por representantes do governo, universidades e da iniciativa privada foi instituído para elaborar o texto final. Leal afirmou que é necessário que o Estado apoie a inovação para que possa crescer e desenvolver sua área científica. “Inovação demanda investimentos e riscos, mas não garante lucros. O incentivo estadual é inteligente, pois gera empregos, competitividade e fortalece a parceria público-privada”. Segundo o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo Martins, a Lei de Inovação demorou para ser instituída, mas corrigiu grandes falhas da legislação federal. Ele disse que é importante que o governo integre a proposta com as outras iniciativas do Estado, como o programa Paraná Competitivo. “Inovação não é mais opção das empresas. Para serem competitivas, elas precisam investir em pesquisa. O apoio do governo é fundamental para isso”. Ele lembra também que a Lei de Inovação articula e regulamenta a atuação dos três vértices do processo de pesquisa e desenvolvimento: o setor privado, o setor público e a academia. 7
“A legislação aproveita o que existe de melhor nas leis federais, estaduais e municipais de incentivo à inovação” Alípio Leal, da Seti: “a minuta do decreto para a regulamentação da lei deve ser entregue ao governador ainda neste ano”
Andamento Os trabalhos da comissão especial responsável pela regulamentação da Lei Estadual de Inovação já avançaram. Eles estão concentrados em avaliar artigo por artigo da lei, detalhar como os dispositivos previstos serão colocados em prática e, nos casos em que esta operacionalização depender de alteração de outras leis ou regulamentos, é registrado o que precisa ser feito. Conforme o secretário da Seti, Alípio Leal, “a minuta do decreto para a regulamentação da lei deve ser entregue ao governador ainda neste ano”. A Lei Estadual de Inovação tem 33 artigos estabelecendo mecanismos de cooperação entre o setor público e privado e universidades para o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento científico e tecnológico e também oferecendo segurança jurídica, além de definir a política de propriedade intelectual.
De acordo com Júlio Felix, coordenador da comissão, o trabalho avança de forma criteriosa e com participação ativa de representantes de várias entidades.“É um trabalho minucioso, mas que está caminhando em ritmo acelerado com contribuições valorosas de todos os membros no sentido de que a regulamentação efetive os avanços previstos na lei”. Além do secretário Alípio Leal e Júlio Felix, participam da comissão o presidente da Fundação Araucária, Paulo Brofman, o coordenador geral da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF) Gérson Koch, o diretor da Fiep – Federação das Indústrias do Paraná – Rodrigo Martins, o diretor executivo do Centro de Inovação da Fiep (C2i) Filipe Cassapo, o assessor jurídico da Seti Arnaldo Baracat, o assessor técnico e secretário da comissão, Aroldo Messias de Melo Jr e a assessora jurídica do Tecpar Rosana Gaertner.
Beto Richa, governador do PR: “é uma importante medida para tornar o Estado mais produtivo e contribui para gerar riquezas e empregos”
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A Fecomércio representa o fortalecimento do comércio paranaense. Defende o empreendedorismo e a expansão das atividades econômicas. Veja abaixo alguns dos programas que são desenvolvidos no Paraná. E como a sua empresa pode se beneficiar deles.
FORTALECIMENTO E UNIÃO DO EMPRESARIADO São 59 sindicatos filiados à Fecomércio PR. A instituição fortalece a representatividade desses empresários no cenário nacional, o incremento de suas ações e o desenvolvimento de uma atuação integrada junto ao Sesc e Senac: o primeiro mais voltado à transformação social, o segundo direcionado à educação profissional de alta qualidade.
GUERREIRO DO COMÉRCIO O troféu Guerreiro do Comércio foi criado em 2006. A premiação destaca empresários e líderes de sucesso ligados aos sindicatos filiados à Fecomércio PR. Tempo de mercado, projeção, reconhecimento da comunidade e notoriedade empresarial são alguns dos critérios utilizados. Confira no site da instituição a última edição do prêmio e os homenageados.
IFPD O Instituto Fecomércio de Pesquisa e Desenvolvimento promove ações de natureza educacional, na área de pesquisa e na coordenação de programas de estágio. Ele representa uma ponte entre o estudante e o mercado de trabalho, mantendo convênios com grandes instituições de ensino.
CERTIFICADO DIGITAL Uma parceria com a Certisign. A certificação digital que a Fecomércio PR oferece é a solução para sua segurança no mundo virtual. Sem doer no bolso: a partir de R$ 165,00*, você garante a segurança virtual do seu negócio, nas transações on-line, na assinatura de contratos e na validade jurídica dos documentos. Tudo com redução de custos operacionais. Para adquirir o seu certificado digital, entre em contato com a Fecomércio PR. *plano e-CNPJ válido por um ano.
PROGRAMAS O programa Varejo Mais é realizado em parceria com o Sebrae. O programa é desenvolvido há sete anos com a finalidade de melhorar o desempenho das empresas paranaenses. Aberto às micro e pequenas empresas que comercializam bens de consumo, seu dinamismo é garantido pelas visitas técnicas que possibilitam a troca de informações sobre tecnologias e modelos que deram certo. Em 2011, os participantes estiveram em Nova York.
MISSÕES EMPRESARIAIS Grandes objetivos precisam de grandes facilitadores. Para isso, a Fecomércio coordena rodadas de negócios, encontros e missões empresariais. Uma extensa agenda de eventos promove a internacionalização da instituição e do comércio paranaense, permitindo o intercâmbio comercial, tecnológico, científico e cultural.
CÂMARAS SETORIAIS As câmaras setoriais que constituem a Fecomércio PR são órgãos consultivos que auxiliam na concepção, formulação e execução das políticas direcionadas para o fortalecimento e ampliação das competitividades do mercado. Elas estão relacionadas aos segmentos do comércio de bens, serviços e turismo e são referência no desenvolvimento econômico. Seu padrão de qualidade é modelo em todo o país.
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3883 450 0
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PESQUISAS: CONJUNTURAL E DE OPINIÃO Realizada mensalmente, a pesquisa apresenta os resultados do comércio varejista no Paraná. Ela retrata a realidade econômica do estado. Utiliza como base dados fornecidos pelas próprias empresas paranaenses, divididas em macrorregiões. A Fecomércio também é responsável pela Pesquisa de Opinião do Empresário do Comércio, que coleta e divulga por semestre as perspectivas e opiniões do empresariado.
www.fecom erc io p r. c o m . br
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NCM 10/12
UM MUNDO CHAMADO FECOMÉRCIO.
CNI/SENAI
Um passo mais que
necessárIO Boa parte dos 23 Institutos Senai de Inovação começam a operar em 2014. Eles vão formar profissionais de nível superior para suprir as necessidades do setor produtivo
Rafael Lucchesi, da CNI e Senai: “vamos dar um grande salto de qualidade no ensino tecnológico”
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Com atuação transversal que atenderá a todos os setores da indústria e às demandas específicas de cada região do País, os Institutos Senai de Inovação serão focados em oito áreas do conhecimento. Das 23 unidades previstas no programa, nove serão voltadas para produção, uma para microeletrônica, duas para engenharia de superfícies e fotônica, quatro para materiais e componentes, duas para tecnologia da comunicação e da informação, uma para tecnologias construtivas, três para energia e uma para defesa. Todo o processo de implantação, certificação e avaliação do trabalho dos Institutos serão acompanhados pelo Instituto Fraunhofer, da Alemanha, uma instituição que congrega 60 centros de pesquisa em todo o mundo e presta serviços para importantes indústrias alemãs da área da tecnologia. De acordo com o diretor de educação e tecnologia da CNI e diretor geral do Senai, Rafael Lucchesi, esses institutos são um novo e importante mecanismo de inovação - historicamente praticada no País em ambiente acadêmico e quase sempre dissociada das demandas da indústria. “Vão gerar conhecimento para áreas estratégicas. Os alunos, focados em pesquisa aplicada, serão estimulados a trabalhar na antecipação de tendências tecnológicas. Haverá também cursos de pós-graduação. Em suma, vamos dar um grande salto de qualidade no ensino tecnológico”. Lucchesi ressalta que as possibilidades de parceria e cooperação com as empresas industriais são ilimitadas. Afinal, os institutos estão sendo criados justamente para
atender as empresas. A parceria se dará no atendimento das necessidades de pesquisa aplicada e de serviços especializados da indústria. “A parceria pode ocorrer inclusive na chamada fase de implantação, quando os investimentos ainda não estão aprovados”. Segundo ele, os institutos estarão abertos a todas as empresas, independente do porte e da atividade. “Atenderemos tanto a empresa de grande porte, que financia seus processos de inovação com recursos próprios, quanto a pequena empresa, bem mais carente de inovação, e que depende de apoio de organismos públicos para desenvolver suas pesquisas”. Lucchesi insiste em enfatizar que os institutos de inovação vão dar um grande up grade à educação profissional e ao ensino tecnológico no País. Os 23 Institutos de Inovação atuarão integrados com 42 Institutos de Tecnologia, que farão testes laboratoriais, boa parte dos quais realizado hoje no exterior, e certificações, dando soluções integradas em serviços principalmente aos setores de metalmecânica, eletroeletrônica e alimentos e bebidas. Aos institutos se somarão 81 novas unidades móveis e 53 centros de formação profissional. Esta nova fase do Programa de Apoio à Competitividade da Indústria Brasileira prevê investimentos de R$ 1,9 bilhão, dos quais R$ 1,5 bilhão financiado pelo BNDES. “É um esforço gigantesco para alinhar o Brasil com sucesso na economia globalizada”.
mudar, pois o Senai tem de responder com maior amplitude e com mais rapidez as demandas da indústria por inovação. O setor produtivo brasileiro precisa de mão de obra altamente qualificada e de soluções tecnológicas de ponta para enfrentar uma concorrência global cada vez mais feroz, especialmente numa conjuntura como a atual, de estreitamento dos mercados provocado pela queda na demanda gerada pela crise econômica internacional”. Em sua análise sobre a inovação no setor industrial brasileiro, Lucchesi diz que ainda há um longo e difícil caminho a percorrer para que a inovação seja uma prática corrente na maioria das empresas brasileiras. “A última Pintec, a Pesquisa de Inovação Tecnológica, realizada pelo IBGE, revela uma taxa de inovação na indústria de 38,1% no período 2006/2008. Significa dizer que de 100,5 mil empresas industriais pesquisadas pelo IBGE, pouco mais de 38 mil eram inovadoras, isto é, executaram produto ou processo novo ou substancialmente aprimorado”. Ele continua a análise argumentando que a tímida taxa de inovação explica, em parte, a 58ª posição do Brasil, numa listagem de 141 países, no ranking de inovação, elaborado todo ano pela escola de negócios francesa Insead em parceria com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), vinculada à ONU. O chamado Índice Global de Inovação leva em consideração mais de 50 critérios, entre os quais ambiente regulatório, acesso ao crédito, indicadores de educação básica e superior, registro de patentes por milhão de habitantes. “O País patina em vários desses critérios. Na 58ª posição em 2012, o Brasil está à frente da Índia, na 64ª posição, mas atrás da África do Sul, no 54º lugar, e longe do Chile, que ocupa a 39ª colocação. Inovar, portanto, é vital se quisermos ter um Brasil protagonista no mundo”.
Situação Conforme analisa Lucchesi, o modelo do Senai, criado há 70 anos, foi muito bem sucedido ao formar operários qualificados e técnicos de nível médio especializados. De acordo com ele, a instituição atendeu 55 milhões de trabalhadores desde 1942. “Entretanto, esse modelo precisa
LOCALIZAÇÃO DOS 23 INSTITUTOS SENAI DE INOVAÇÃO 1 Microeletrônica 2 Tecnologias Minerais
1
3
2
6 7 8 12 14
10 13
9
4
3 Tecnologias Construtivas
5
4 Energias Renováveis 5 Tecnologia da Informação e
Comunicação 6 Conformação e Soldagem
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Sistemas de Produção 7 Logística 8 Biomassa
10 Tecnologia de
Micromanufatura Engenharia de Cerâmicas Biotecnologia Defesa
11 Automação da Produção
Química Aplicada 12 Eletroquímica 13 Tecnologia Laser
Tecnologia de Segurança Integrada 14 Soluções Integradas em
Metal-Mecânica Engenharia de Polímeros
9 Engenharia de Superfícies
Metalurgia e Ligas Especiais Energia elétrica de extra alta potência
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UM NOVO TEMPO PARA SESC
Com o lançamento das novas marcas do Sesc e do Senac, as duas instituições passam e um compromisso permanente com o futuro. Veja abaixo alguns dos programas que
Esporte
Preocupado com a saúde e qualidade de vida, o Sesc realiza diversos projetos na área de esporte. Entre eles destacase a Maratona Internacional de Foz do Iguaçu Sesc PR, realizada anualmente, e o Circuito Sesc Caminhada e Corrida de Rua, que leva a todo o estado provas de 10km e 5km, além das corridas juvenis e da caminhada da família.
Educação
No Programa de Comprometimento e Gratuidade (PCG) são oferecidas bolsas gratuitas na Educação Infantil, no Ensino Médio, na Educação de Jovens e Adultos e em cursos de atualização e desenvolvimento. Outro destaque é o Contraturno Escolar, realizado em parceria com o Senac e a Secretaria Estadual de Educação.
41 3304 2266 12
Saúde e Ação Social
São diversos os projetos de saúde e de cunho social realizados pelo Sesc. Um deles é o Mesa Brasil. O programa repassa donativos de empresas e entrega às entidades cadastradas. Já o Justiça no Bairro Sesc Cidadão atende comunidades com serviços jurídicos, emissão de documentos e o tradicional casamento coletivo, tudo gratuito.
w w w. sescp r. co m. b r
Cultura
Para levar a cultura a diferentes classes sociais e regiões, o Sesc realiza uma vasta programação. Uma delas é o Palco Giratório, que contribui para a difusão das artes cênicas e democratização da cultura. São várias companhias vindas de todas as partes do Brasil que levam espetáculos à capital e às cidades do interior.
Fotos Ivo Lima | NCM 11/12
E SENAC NO PARANÁ.
a viver um novo tempo. Uma era de inovações, com a competência de sempre ar deles.
Programa Senac de Gratuidade (PSG)
Direcionado à população de renda baixa, o Programa Senac de Gratuidade (PSG) representa a oportunidade de uma vida melhor para milhares de paranaenses. Em três anos de funcionamento, o
Qualificação profissional em casa
Não é mais preciso sair de casa para Senac oferta diversos cursos a distância, inclusive pós-graduações. E, com a Webtv é possível aperfeiçoar e atualizar
pessoas em cursos que preparam para de videoaulas, que estimulam a prática e a interação entre tutor e aluno. o trabalho.
0800 643 6 346
Pronatec
O ingresso como uma das instituições ofertantes de cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) reforça o papel do Senac como importante agente de inclusão e desenvolvimento social,
Cursos Técnicos
O Senac é referência em cursos técnicos de nível médio nas áreas do comércio, saúde, moda e turismo. o caminho mais rápido para a inserção no mundo do trabalho.
melhoria da educação no estado.
w w w. p r.senac. b r 13
AECIC EM AÇÃO
Centro Estadual de Educação Profissional será inaugurado em 2014 O CEEP-CIC está consolidado e com previsão para iniciar as aulas no primeiro semestre de 2014. A Prefeitura de Curitiba, através do Decreto 1.267, de 04/09/2012, fez a Outorga de Permissão de Uso de uma área de 4.290 m2 na Vila Nossa Senhora da Luz - Cidade Industrial de Curitiba, para a Secretaria de Educação do Estado Paraná. O Centro será construído com recursos do Programa Brasil Profissionalizado, do Governo Federal. A entrega do documento foi realizada na sede da AECIC com a presença do Secretário de Educação do Estado do Paraná Flávio Arns, do Secretário do Governo Municipal Luiz Fernando Jamur, do Secretário Municipal do Trabalho e Emprego Paulo Afonso Bracarense, da Secretária Municipal da Educação Liliane Casagrande Sabbag, de representantes do Sistema SESI/SENAI e da diretoria da AECIC. Em mais de seis mil metros quadrados de área construída, o projeto arquitetônico do CEEP-CIC tem características próprias,
Celso Gusso, presidente da AECIC 14
diferenciando do padrão do MEC. O prédio principal foi concebido em três pavimentos (mais subsolo com aproximadamente 35 vagas de estacionamento) interligados através de escada interna e rampa de acessibilidade e abrigará toda infraestrutura para administração da escola, 12 salas de aulas, uma sala de múltiplo uso e laboratórios de informática. O anexo, Bloco dos Laboratórios, abrigará os Laboratórios de Instalação Predial, de Instalação Industrial, Eletrônica Industrial e Metalmecânica. O Centro contará também com uma Quadra Poliesportiva Coberta. O CEEP-CIC atenderá até 1.200 alunos nas modalidades integrado, subsequente e concomitante, com dois eixos de cursos: controle e processo industrial e produção industrial. Serão investidos R$ 8 milhões e a previsão de entrega é até o final de 2013. O projeto pedagógico será do SEED, com parceria com o SENAI e o SENAC do Paraná, que fornecerá metodologia de ensino profissionalizante. O detalhamento do projeto do CEEP-CIC foi apresentado à comunidade da região pela Secretaria Estadual da Educação no Colégio Municipal Albert Schweitzer, localizado na mesma área onde será construído o novo empreendimento. Vale ressaltar que os alunos desse colégio serão beneficiados com a oportunidade de continuar seus estudos dentro de um aprendizado profissional. No mesmo local, simultaneamente com a construção do CEEP-CIC, a Fundação Cultural de Curitiba construirá um Centro Cultural com espaço para qualificação profissional abrangendo várias áreas da cultura.
PESQUISA INTERNACIONAL
Análise dos resultados O Global Competitiveness Report 2011-2012 mostrou que o Brasil ganhou cinco posições competitivas em relação ao ano anterior, chegando à 53ª colocação no ranking
Em termos gerais, os resultados analisados no Global Competitiveness Report 2011-2012 apontam para um cenário de incertezas sobre as perspectivas econômicas das nações estudadas. Começando pelas principais observações assinaladas pelo WEF (2011), destaca-se a contínua queda da economia norte-americana, proveniente do enfraquecimento dos setores público e privado, e redução na confiança do governo. A mistura de economias diferentes que marca a economia europeia engloba tanto aquelas mais fortes (dentre as dez mais competitivas, sete são europeias), quanto algumas fracas. E o grupo, como um todo, tem enfrentado muitas dificuldades para se recuperar da crise econômica de 2008-2009, notadamente em função das preocupações em torno da sustentabilidade da dívida de economias mais periféricas da zona do euro. Já o continente asiático está verificando o crescimento de sua relevância no cenário mundial. A região possui as economias mais diversas em termos de competitividade, com destaque para Cingapura, China e Kwait. A África, por sua vez, tem apresentado uma série constante de conflitos políticos que afeta sobremaneira a sua competitividade, impedindo que demonstre as mesmas melhoras verificadas na década anterior. Por fim, a América Latina mostrou crescimento estável desde 2009, com destaque para as economias mexicana, brasileira e chilena. Entretanto, o relatório não deixa de apontar quatro desafios à competitividade da região (apesar da maneira particular com que cada um deve afetar os diversos países do grupo): fraca estrutura institucional, desenvolvimento raso do setor de infraestrutura, alocação ineficiente dos recursos humanos e produtivos e atraso
nos níveis de educação e inovação em comparação com as economias avançadas e demais economias emergentes (grande obstáculo generalizado na América Latina). A tendência de maior destaque no relatório deste ano é a redução do gap competitivo entre as economias avançadas e as economias emergentes, como resultado da combinação entre o declínio ou estagnação das economias avançadas em função da crise econômica e o crescimento estável das economias emergentes (com mudanças no perfil de suas atividades econômicas). Vale observar que nessa equação o peso maior foi dado ao crescimento registrado pelas economias em desenvolvimento.
Dez economias mais competitivas GCI 2011-2012 País Suíça Cingapura Suécia Finlândia Estados Unidos Alemanha Holanda Dinamarca Japão Reino Unido
GCI 2011-2012 GCI 2010-2011 1 1 3 2 2 3 7 4 4 5 5 6 8 7 9 8 6 9 12 10
Fonte: Elaborado pelos autores com dados do WEF (2011).
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Brasil Especificamente em relação ao desempenho da economia brasileira, pode parecer estranho que a 7ª economia do mundo fique apenas na 53ª posição competitiva, atrás de países menos significativos, como Estônia e Hungria, ou países com sérios problemas econômicos como Portugal, Espanha, Irlanda e Itália. Os próprios analistas do Fórum Econômico Mundial, e também a Fundação Dom Cabral, têm dificuldades para explicar essa posição. A princípio, deve-se ressaltar que, com a alteração do perfil de desenvolvimento do Brasil, o País passou a ser ponderado de maneira diferente em cada um dos doze pilares da pesquisa. Isso acabou favorecendo seu posicionamento geral e por grupo de fatores no ranking, retirando peso estatístico dos fatores de pior desempenho, como educação básica, infraestrutura rodoviária, eficiência nos gastos públicos e outros, e dando mais ênfase a fatores historicamente positivos como qualidade empresarial, potencial para inovação, qualidade do sistema bancário e financeiro e outros. Entretanto, a resposta pode estar na definição adotada do que seja competitividade, e como um país como o Brasil se comporta em seu dia a dia não apenas na dimensão tamanho da economia, mas nos diferentes fatores analisados pelo relatório, que incluem a estrutura regulatória, o sistema tributário, a eficiência das ações do governo, os investimentos e a qualidade
da educação, saúde e infraestrutura, a disponibilidade e qualidade de tecnologias de informação e comunicação, e o desempenho do setor empresarial (seja ele de bens, serviços e financeiro). E ainda todas as questões relativas a corrupção, sonegação de impostos, governança pública e privada, valores e segurança pessoal e patrimonial. A lista de variáveis é extensa e, agrupada em doze pilares, procura avaliar como um determinado país cria condições para que suas empresas, em condição de livre mercado, possam ser competitivas nos mercados doméstico e internacional. Essa definição adotada no relatório sugere que competitividade é a capacidade para competir, e não a competição propriamente dita. Assim, o Brasil com seus inúmeros potenciais se mostra apenas o 53º entre os 142 países analisados. Ainda mais crítico do que a posição ocupada é o fato de que os pontos fracos são exatamente aqueles que já são conhecidos há décadas. E os pontos fortes são aqueles que foram estabelecidos ao longo dos anos. O Brasil é grande e está sendo capaz de incluir a cada ano milhões de novos brasileiros que até poucos anos atrás viviam em condições miseráveis, resultado de uma ação construída por governantes comprometidos com o bem-estar social e com a redução da pobreza. O Brasil está entre os países mais
Desempenho Competitivo Brasil GCI 2011-2012 Índice/Pilar GCI 2011-2012 Requerimentos Básicos Instituições Infraestrutura Ambiente Macroeconômico Saúde e Educação Primária Propulsores de Eficiência Educação Superior e Capacitação Eficiência do Mercado de Bens Eficiência do Mercado de Trabalho Desempenho do Mercado Financeiro Prontidão Tecnológica Tamanho do Mercado Inovação e Fatores de Sofisticação Sofisticação dos Negócios Inovação Fonte: Elaborado pelos autores com dados do WEF (2011).
16
2011-2012 53 83 77 64 115 87 41 57 113 83 43 54 10 35 31 44
2010-2011 58 86 93 62 111 87 44 58 114 96 50 54 10 38 31 42
Movimentações +5 +3 +16 -2 -4 0 +3 +1 +1 +13 +7 0 0 +3 0 -2
competitivos no mundo em todas as dimensões associadas às atividades empresariais. O esforço coletivo de criar um ambiente empresarial sofisticado, com qualidade e desempenho acima da média, faz com que o país tenha empresas reconhecidas em todo o mundo e que seja um ambiente atrativo para novos investimentos estrangeiros. O Brasil também está entre os dez principais países do mundo na geração de conhecimento científico de relevância internacional. Apesar de ter somente uma universidade classificada entre as 200 melhores do mundo, nossos professores se destacam na publicação científica especializada. Se há tantas qualidades, por que estar apenas na 53ª posição nesse ranking de competitividade? Talvez seja porque houve avanço onde deveria avançar para o futuro, mas não onde deveria ter avançado no passado. O marco regulatório e o sistema tributário estão defasados. Os investimentos em infraestrutura, educação básica e saúde não têm sido suficientes
para deslocar o Brasil para níveis superiores de qualidade. A ineficiência e o desrespeito no uso do dinheiro público têm sido uma marca histórica que, apesar de todos os avanços e esforços pessoais, institucionais e tecnológicos, ainda não ser possível superar. É preciso como nação saber avançar em direção ao futuro. A superação dessas deficiências exigirá um comprometimento não apenas dos governantes, mas também de toda a sociedade. Os partidos políticos, o setor empresarial, a sociedade civil organizada precisam participar em conjunto da discussão, promovendo as reformas e os compromissos necessários para que sejam capazes de fazer os ajustes nos sistemas regulatórios e os investimentos imprescindíveis, sejam na infraestrutura, na educação ou ainda em ciências, tecnologia e inovação. É preciso comemorar o ganho de cinco posições no ranking de competitividade internacional, mas se preparar para ser de fato competitivo no curto, médio e longo prazos.
Global Competitiveness Report Lançado anualmente pelo World Economic Forum (WEF), o relatório GCR analisa alguns dos fatores fundamentais para o crescimento econômico sustentado e considera, também, as consequências de decisões tomadas no presente para a prosperidade das economias no longo prazo. Desde 2005, as análises de competitividade possuem como índice básico o Global Competitiveness Index (GCI) (ver box), uma ferramenta capaz de medir tanto fatores macroeconômicos como fatores microeconômicos que interferem na competitividade nacional. Foi criado em 2004 pela equipe do WEF, em conjunto com o professor Xavier Sala-i-Martin da Columbia University. O índice é formado por dados hard, ou secundários, e por dados soft, ou primários. Os dados hard são provenientes de fontes públicas internacionais, e sua grande maioria é referente ao ano anterior da publicação do relatório ou o dado mais recente disponível. Os dados soft são provenientes da pesquisa de opinião de executivos conduzida pelas instituições parceiras nos países considerados. No caso do Brasil, quem realiza essa etapa é a Fundação Dom Cabral e o Movimento Brasil Competitivo. Em 2011, a pesquisa envolveu mais de 14.000 executivos e abrangeu 142 países. As nações incluídas neste ano são Belize, Haiti e Iémen. O Suriname, que ano passado havia sido retirado do estudo por não alcançar a meta de respostas da survey, retornou ao relatório. Por outro lado, a Líbia foi removida, pois não foi possível executar a pesquisa de opinião devido aos problemas políticos e sociais no país. As mais de 100 variáveis analisadas no estudo são agrupadas em doze pilares que, por sua vez, são agrupados em três grupos subíndices, a saber: Requisitos Básicos, Propulsores
de Eficiência e Inovação e Sofisticação Empresarial. Para o WEF (2011), a competitividade é definida como o conjunto de instituições, políticas e fatores que afetam o nível de produtividade de um país. Esse nível de produtividade é determinante tanto da prosperidade econômica alcançada por uma nação quanto das taxas de retorno obtidas pelos investimentos na economia. Em linhas gerais, economias mais competitivas tendem a gerar altos níveis de renda para a população, e a ponte desse processo está nos ganhos de produtividade auferidos pela economia. Em um raciocínio mais retilíneo, países mais competitivos terão maiores níveis de produtividade que geram, no médio e longo prazos, maiores níveis de renda e de retorno dos investimentos. Esses são considerados os fatores-chave para se explicar o potencial de crescimento de uma nação, e quanto maior for esse potencial, mais competitiva será a economia. Até então explicitada como componente de um contexto macro, a produtividade é entendida pelo relatório como a combinação de componentes microeconômicos, como a sofisticação das companhias, a qualidade do ambiente de negócios e das externalidades que dão suporte às indústrias. Em uma nação que possui esses três fatores microeconômicos básicos, pode-se esperar que a produtividade do trabalho e do capital aumente e, a partir daí, incremente-se o produto interno gerado e a renda nacional. Assim, um ambiente competitivo gera condições macroeconômicas, políticas e sociais adequadas, que se traduzem em um ambiente microeconômico favorável ao aumento de sua produtividade e, consequentemente, do nível de renda e produto. Fonte: Caderno de Ideias – Fundação Dom Cabral 17
PESQUISA INTERNACIONAL
AVANÇOS
E RETROCESSOS
DO BRASIL
Os maiores ganhos da nação foram nos pilares instituições (16 posições), eficiência do mercado de trabalho (13 posições) e desempenho do mercado financeiro (7 posições) Os doze pilares competitivos sugeridos pelo Global Competitiveness Report 2011-2012 são Instituições, Infraestrutura, Estabilidade Macroeconômica, Saúde e Educação Primária, Educação Superior e Capacitação, Eficiência no Mercado de Bens, Eficiência no Mercado de Trabalho, Desempenho no Mercado Financeiro, Prontidão Tecnológica, Tamanho do Mercado, Sofisticação dos Negócios, Inovação. Veja abaixo a análise e tabelas que trazem informações sobre alguns desses pilares em termos de Brasil. Os pilares Saúde e Educação Primária, Educação Superior e Capacitação, Prontidão Tecnológica, Sofisticação dos Negócios e Inovação por se tratarem de assuntos abordados nesta edição da Revista AECIC Negócios estão destacados logo abaixo através de análises:
Pilar - Saúde e Educação Primária (veja abaixo informações apenas sobre o item Educação Primária)
O pilar saúde e educação primária mantiveram o mesmo posicionamento competitivo do ano de 2010. Em comparação com os demais pilares, as movimentações gerais percebidas nos indicadores foram pequenas. Em relação à Educação Primária o principal ganho competitivo foi no número de matrículas no ensino fundamental, que colocou o país em posição intermediária no ranking do indicador. Contudo, é interessante aproveitar a questão e fazer um contraponto com a qualidade do ensino primário brasileiro, apontado pelo estudo como uma das piores do mundo. Esse diagnóstico 18
mostra que os investimentos em educação básica, que são a garantia de melhorias na capacidade do capital humano que se forma, não estão sendo realizados de maneira eficiente e satisfatória no Brasil.
Pilar - Educação Superior e Capacitação O pilar educação superior e capacitação perdeu apenas uma colocação em relação ao ano anterior. Entretanto apresentou duas variáveis com ganhos significativos e duas variáveis com perdas significativas de posições competitivas. Os destaques do pilar foram os indicadores de qualidade das escolas de negócios e treinamento dos funcionários, que foram bem avaliados na pesquisa e refletem a importância dada pelas empresas à capacitação do seu corpo funcional a partir do aumento de seus investimentos em treinamentos e processos de desenvolvimento dos funcionários. O indicador de acesso à internet nas escolas reflete as condições inadequadas do país. Apenas metade das escolas brasileiras tem acesso à internet (em 2009, eram 56%), taxa inferior à média das economias avançadas. E a comparação com outros países latino-americanos também não é satisfatória. No Chile, a taxa é de mais de 65%, e no Uruguai o governo conseguiu garantir que 100% das escolas tenham acesso à internet de alta velocidade. E, mais uma vez, a qualidade do sistema educacional é negativamente avaliada pelos empresários, não sendo considerada adequada às necessidades de um ambiente competitivo.
Pilar - Prontidão Tecnológica O pilar prontidão tecnológica é um dos pilares em que a posição do Brasil em todos os indicadores é compatível com a posição do país no ranking geral, qual seja colocações que se encontram próximas ao primeiro terço da lista. Os indicadores hard considerados em 2011 mostram que o país está em uma posição intermediária no que diz respeito ao acesso da população em geral aos recursos de computação e internet. O problema é que, ao invés de melhorar, nos últimos três anos esses indicadores vêm apresentando perdas competitivas frente às demais economias. Dados externos mostram que estatisticamente o número de pessoas conectadas cresceu, mas não parece ter sido tão significativo quanto os demais. Parece que o acesso à banda larga foi o verdadeiro destaque, sendo que esse crescimento do número de pessoas com acesso à banda larga foi apenas
um upgrade daqueles que já possuíam internet. Por isso, o pequeno impacto significativo. O grande destaque do pilar é o posicionamento do indicador investimentos estrangeiros e transferência tecnológica. Apesar da perda de cinco posições competitivas em relação ao ano anterior, os empresários continuam acreditando na importância dos investimentos estrangeiros como um fator-chave para a transferência de novas tecnologias e práticas para o País e acreditam que os mesmos não se resumem apenas aos fluxos financeiros. Asseguradas as adequadas condições educacionais, o país poderia aproveitar o incremento nos investimentos para avançar no processo de adaptação e desenvolvimento de novas tecnologias de ponta. O incremento da competitividade das empresas favoreceria o crescimento econômico do País.
Pilar Instituições - Indicadores GCR 2011-2012
1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.10 1.11 1.12 1.13 1.14 1.15 1.16 1.17 1.18 1.19 1.20 1.21
Indicadores Posição geral no pilar Direitos de propriedade Proteção à propriedade intelectual Desvio de verbas públicas Confiança nos políticos Pagamentos irregulares e suborno Independência do poder judiciário Favoritismo nas decisões de autoridades governamentais Desperdício nos gastos governamentais Peso da regulação governamental Eficiência do quadro legal na resolução de litígios Eficiência do quadro legal quanto à contestação de regulações governamentais Transparency of government policymaking Custos impostos pelo terrorismo Custos impostos por crimes e violência Crime organizado Confiança nos serviços policiais Comportamento ético das empresas Força de normas de auditoria e relatórios Eficácia dos conselhos de administração Proteção dos interesses dos acionistas minoritários Força de proteção dos investidores*
2011-2012 77 59 84 110 105 61 71 65 136 142 75 66 78 23 126 120 66 83 49 49 49 60
2010-2011 Movimentações 93 +16 72 +13 89 +5 121 +11 127 +22 71 +10 76 +5 75 +9 136 0 139 -3 83 +8 71 +5 87 15 123 15 74 94 64 67 64 59
+9 -8 -3 +5 +8 +11 +15 +18 +15 -1
Fonte: Elaborado pelos autores com dados do WEF (2011).
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Pilar Infraestrutura - Indicadores GCR 2011-2012
2.01 2.02 2.03 2.04 2.05 2.06 2.07 2.08 2.09
Indicadores Posição geral no pilar Qualidade da infraestrutura geral Qualidade das rodovias Qualidade da infraestrutura ferroviária Qualidade da infraestrutura portuária Qualidade dos transportes aéreos Capacidade de transporte aéreo de passageiros* Qualidade do fornecimento de energia elétrica Linhas de telefone fixo* Assinaturas de telefone celular*
2011-2012 64 104 118 91 130 122 9 69 57 66
2010-2011 Movimentações 62 -2 84 -20 105 -13 87 -4 123 -7 93 -29 9 0 63 -6 62 +5 76 +10
Fonte: Elaborado pelos autores com dados do WEF (2011).
Pilar - Sofisticação dos Negócios O pilar sofisticação dos negócios foi apontado pelo WEF como o de melhor posicionamento do Brasil e também como uma das melhores qualidades da competitividade brasileira. A maior movimentação positiva do pilar diz respeito ao indicador de amplitude da cadeia de valor, cujo resultado apresenta a percepção dos executivos em relação ao posicionamento do Brasil na cadeia de valor mundial. Apesar do ganho de oito posições, a atual colocação no ranking do indicador mostra que o país ainda é marcado pela baixa diversificação de suas cadeias produtivas (por exemplo, a forte presença do setor primário), em detrimento
de uma presença que se estende ao longo de todos os elos da cadeia (não apenas na produção, como no design, marketing, logística e serviços pós-venda). O novo plano de política industrial do país (Plano Brasil Maior, ver pilar de inovação) tem como um de seus objetivos estratégicos o adensamento produtivo e tecnológico das cadeias de valor. A finalidade é ampliar o valor agregado nacional, a partir da elevação da participação dos setores intensivos em conhecimento no PIB, do fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas e da produção limpa.
Eficiência no Mercado de Trabalho - Indicadores GCR 2011-2012
7.01 7.02 7.03 7.04 7.05 7.06 7.07 7.08 7.09
Indicadores Posição geral no pilar Cooperação nas relações empregado-empregador Flexibilidade na determinação salarial Rigidez dos empregos* Práticas de contratação e demissão Custos de demissão* Remuneração e produtividade Confiança na gestão profissional Evasão de talentos (“fuga de cérebros”) Participação feminina na força de trabalho*
Fonte: Elaborado pelos autores com dados do WEF (2011).
20
2011-2012 83 79 115 118 128 84 83 39 30 78
2010-2011 Movimentações 96 +13 90 +11 116 +1 114 -4 131 +3 80 -4 85 +2 52 +13 39 +9 80 +2
Pilar - Inovação O pilar inovação foi marcado pela perda de duas posições competitivas em relação ao ano de 2010. Entretanto, apenas um indicador teve um desempenho negativo considerável. As demais movimentações foram pequenas e, em geral, os indicadores encontram-se em posição intermediária nos rankings específicos. A principal perda competitiva do pilar está relacionada à disponibilidade de engenheiros e cientistas, com uma queda de 23 posições. Esse desempenho negativo está bastante relacionado à escassez de mão de obra devidamente qualificada, muito em função ao aquecimento da economia brasileira. A demanda por trabalhadores qualificados aumentou consideravelmente, mas não foi acompanhada de perto pelo número de profissionais formados. Tomando por exemplo o caso dos engenheiros, um estudo da Confederação Nacional da Indústria mostra que o Brasil tem hoje seis engenheiros para cada grupo de 100 mil pessoas. O valor necessário ao preenchimento do número de vagas abertas deveria ser de pelo menos 25 para cada 100 mil habitantes. A escassez de engenheiros, uma constante para todas as nações atualmente, é ainda mais crítica em se tratando de nações em desenvolvimento, que demandam maior trabalho em infraestrutura. Ou seja, apesar dos óbvios benefícios econômicos e sociais que acompanham a positiva geração de postos de trabalhos, os mesmos não estão sendo adequados para a reestruturação e o crescimento do setor produtivo brasileiro. Na busca pelo equilíbrio, a economia brasileira deveria alocar seus recursos de maneira mais eficiente. Para resultados mais imediatos, esses recursos precisam ser destinados,
principalmente, à melhoria no ensino do País, que carece de mão de obra qualificada. Considerando o longo prazo, o investimento na educação básica dos alunos é fundamental para garantia de melhorias na capacidade do capital humano que se forma. Impossível discorrer sobre a questão da inovação do Brasil e não mencionar a nova política industrial apresentada pelo Governo Federal. O Plano Brasil Maior prevê uma série de ações, mais especificamente 35 iniciativas, voltadas para o investimento, inovação, comércio exterior e defesa do mercado interno. Dentre as principais medidas relacionadas à inovação destacam-se a ampliação da capacidade de financiamento da Finep e do BNDES; a previsão de medidas de investimento em P&D para aumentar a agilidade na concessão e reduzir os custos dos mesmos e a introdução de mudanças no quadro legal. David Kupfer, professor do Instituto de Economia da UFRJ, ressalta a importância das mudanças introduzidas no marco legal da inovação. O professor afirma que a regulamentação de contratos com cláusulas de risco tecnológico que, embora previstos na Lei de Inovação, não vinham sendo celebrados devido à insegurança jurídica que os cercava, poderá tornarse um elemento importante de disseminação de encomendas tecnológicas. Juntamente com o aumento do escopo de atuação das Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT) públicas e privadas, constituem iniciativas que, embora relativamente tímidas, apontam na direção correta de buscar conferir maior verticalidade ao processo de alocação de recursos destinados a essa finalidade. Fonte: Caderno de Ideias – Fundação Dom Cabral
Desempenho do Mercado Financeiro - Indicadores GCR 2011-2012
8.01 8.02 8.03 8.04 8.05 8.06 8.07 8.08 8.09
Indicadores Posição geral no pilar Disponibilidade de serviços financeiros Acessibilidade dos serviços financeiros Financiamento através do mercado de ações local Facilidade de acesso a empréstimos Disponibilidade de venture capital Restrição aos fluxos de capital Solidez dos bancos Regulamento de bolsas de valores Índice de direitos legais*
2011-2012 83 25 52 33 47 52 16 9 105
2010-2011 Movimentações 96 +13 27 +2 52 0 45 +12 65 +18 60 +8 73 14 -2 9 -4 103 -2
Fonte: Elaborado pelos autores com dados do WEF (2011).
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ARTIGO
Paulo Guedes - Economista e Consultor Financeiro. Articulista da Revista Época Negócios.
O mundo parou para conserto. Em meio à desaceleração econômica global, prossegue a guerra mundial por empregos. Tempos difíceis a exigir reflexões sobre o futuro da economia brasileira. De olho em americanos e europeus, há uma ilusão a ser evitada. E, de olho nos chineses, há que fugir de uma armadilha. A ilusão é a de que basta dar crédito e transferir renda para garantir a prosperidade. Deflagramos à base do crédito popular e de programas sociais de transferência de renda o surgimento de um formidável mercado de consumo de massas. A democratização do acesso ao crédito e as políticas públicas de redistribuição de renda são importantes ferramentas das modernas democracias liberais. Mas é fundamental evitar excessos, como os praticados tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, a ponto de ameaçar sua própria sustentabilidade. Do ponto de vista econômico, a prosperidade de um país é apenas outro nome para a produtividade de sua população. São duas faces de um mesmo fenômeno. A expansão do consumo de uma classe média emergente deve estar lastreada por aumentos de produtividade dos trabalhadores, sob pena de ter fôlego
curto. Da mesma forma, a ampliação das transferências de renda e dos subsídios aos pobres é também financeiramente insustentável quando se descola desses aumentos de produtividade. Vem daí a importância de investimentos maciços em educação e treinamento, ampliando capacitações e habilitações do trabalhador brasileiro, para sustentar o aumento contínuo de nossa produtividade. Estão em jogo a empregabilidade de nossa mão de obra e a vantagem competitiva de nossas empresas nos mercados globais. E temos aqui a armadilha a ser evitada. Experimentamos flagrante processo de desindustrialização, enquanto disparam nossas importações. O capitalismo eurasiano, sem encargos trabalhistas e previdenciários, pode nos reduzir a um simples produtor especializado de commodities e também a um mercado de importações em massa. Transformar nosso mercado de consumo de massa em um verdadeiro mercado de produção em massa é o grande desafio. E aqui, de novo, a importância crucial dos maciços investimentos em educação. Garantindo maior produtividade, mais empregos, melhores salários, competitividade industrial e prosperidade.
“Do ponto de vista econômico, a prosperidade de um país é apenas outro nome para a produtividade de sua população. São duas faces de um mesmo fenômeno.”
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Fonte: O Globo
CASE: 3M
A inovação deve fazer parte
da cultura Os líderes são o principal ingrediente para tornar a organização uma verdadeira máquina de inovação. A 3M é um dos grandes exemplos de aplicação desse princípio Quando se pensa em uma empresa inovadora é quase impossível não citar como exemplo a 3M, reconhecidamente um ícone internacional da inovação. Mas, além de lembrar, as empresas precisam também conhecer e seguir os princípios que garantem a ela esse status. De acordo com Luiz Eduardo Serafim, gerente de marketing corporativo, serviços ao consumidor & e-business da 3M, a inovação só acontece nas empresas quando se desenvolve uma cultura favorável que estimula a curiosidade e a busca incansável pela excelência, permite o livre acesso de ideias e pessoas, tolera erros e reconhece resultados. Segundo ele, algumas empresas nascem com líderes visionários que, intuitivamente, cultivam e estabelecem valores, crenças e princípios essenciais para inovar, como a 3M, GE, Google e Natura. Outras, como a Whirlpool, deram esta guinada para inovação após décadas de existência. De qualquer forma, esta transformação cultural é sempre possível, desde que patrocinada pela alta liderança. Uma vez comprometidos com esta bandeira, Serafim ressalta que os líderes tomam
decisões vitais no rumo da inovação que vão impactar a estratégia, a alocação de investimentos, o estabelecimento de processos e KPIs, entre outros. Além disso, seu papel é crítico para dar exemplo, manter foco, ditar ritmos e dar visibilidade à mudança desejada. “São os líderes que consolidam uma visão inspiradora para seus negócios e estabelecem objetivos desafiadores em suas áreas; montam equipes que devem contemplar a diversidade de ideias e experiências e estimulam o aprendizado constante; garantem um ambiente positivo para troca de ideias; assumem riscos enquanto defendem projetos com potencial e reconhecem os profissionais de alto rendimento. O investimento no desenvolvimento das lideranças é um dos pilares principais para transformar a organização, com poder para moldar uma nova cultura com os princípios e valores bem como para instituir processos que regem as empresas inovadoras”. Entretanto, ele salienta que a inovação é uma estratégia de longo prazo, que requer enorme comprometimento, tempo e recursos. “Por um lado, não se deve encarar a transformação para a inovação como algo tão complexo. A inovação está conectada a um grau de flexibilidade, liberdade, empreendedorismo. Por outro lado, não vale ser simplista, achando que uma caixa de ideias e uma palestra motivacional bastam”. Conforme Serafim, o grande desafio é forjar a cultura de inovação e manter o foco no desenvolvimento permanente deste sistema, com alocação de recursos suficientes, adoção de processos definidos, estabelecimento de expectativas claras ao mesmo tempo em que se busca o equilíbrio entre curto e longo prazo, estratégias e implementação, criatividade e disciplina. 23
Um pouco da história de inovação da 3M
Líderes Ele enfatiza que os líderes inovadores são entusiasmados com um ambiente de mudança constante que lhes proporcione objetivos que desafiem seus potenciais; praticam a fuga da familiaridade para colher referências e associam ideias para gerar novos pensamentos; buscam se conectar com as transformações da sociedade; desejam autonomia ao mesmo tempo em que também delegam responsabilidades, sem medo; são acessíveis e promovem o intercâmbio de conhecimento entre grupos, abertos a posições opostas que lhes farão refletir; assumem riscos enquanto aceitam e aprendem com erros que, inevitavelmente, são cometidos em processos de descoberta; aceleram na implementação e valorizam os profissionais que trazem resultados diferenciados. Serafim diz que para uma liderança inovadora é fundamental ter uma visão de mundo aberta, respeitando todo o conhecimento que a organização possui internamente, mas mantendo os canais com o exterior, além de uma conexão muito forte com os clientes. “Também se destaca a habilidade de questionar o status quo, romper paradigmas e se mobilizar para a transformação permanente. Por fim, outro atributo valioso para a inovação é a capacidade de inspirar e engajar pessoas em torno de um projeto, uma ideia, contribuindo para o desenvolvimento da equipe a fim de atingir um propósito comum. Naturalmente, não se pode esquecer em nenhuma lista de atributos, a importância da ética, da transparência, da comunicação fluente e honesta”. 24
• A 3M foi fundada em 1902 para ser uma empresa mineradora (3M significa, na tradução do inglês, Mineração e Manufatura de Minessota – Minne Mining and Manufacturing). Logo em seus primeiros anos, mudou seu escopo e se tornou uma fabricante de lixas. • Por conta de seus primeiros líderes, a 3M foi desenvolvendo uma cultura de colaboração, de incentivo à pesquisa e ao empreendedorismo, de grande intimidade com seus clientes, o que gerou um fluxo intenso e permanente de tecnologias e produtos com objetivo de tornar a vida melhor. • Sua primeira inovação radical foi a lixa d’ água em 1921, dando início a sua reputação como empresa altamente inovadora. Em 1925, nascia a fita crepe e em 1930, a fita adesiva de celofane, conhecido como Durex. • Nos anos 30, a 3M não era mais uma empresa de lixas, e já tinha cinco linhas de produtos. Estava criado o alicerce para uma empresa que hoje tem 40 divisões de negócios e oferece soluções para todos os mercados. • A 3M também inventou em 1960 a primeira fita hipoalergênica para curativos, o Micropore, a primeira resina para dentes com cor natural em 1964, a esponja Scotch-Brite em 1959, os famosos blocos Post-it em 1980, as películas para controle de temperatura e luminosidade para automóveis e construções, e tantos outros produtos. • Recentemente foi lançado o primeiro microprojetor, a primeira resina de restauração de dentes com nanopartículas, um cabo de transmissão de energia muito mais eficiente, o ACCR, os adesivos Command que fixam objetos na parede sem precisar de pregos ou furadeiras. São mais de 2 mil patentes e centenas de lançamentos por ano, que compõem um portfólio global de 55 mil itens de produtos. • São mais de 7 mil cientistas, 35 laboratórios e 32 Centros Técnicos para Clientes distribuídos pelo mundo. • Com US$ 30 bilhões em vendas globais em 2011, a 3M emprega mais de 4 mil funcionários no Brasil e 84 mil no mundo, e mantém operações em mais de 67 países. A subsidiária brasileira registrou faturamento bruto de R$ 2,7 bilhões em 2011 e conta com seis unidades fabris no País, nos estados de São Paulo e Amazonas, além de deter o controle da Incavas, instalada no Rio Grande do Sul.
Colaboradores Luiz Eduardo Serafim acrescenta que os mecanismos para estimular o empreendedorismo e boas ideias são muito importantes dentro do sistema de inovação. “Na 3M cultivamos um ambiente de autonomia e tolerância ao erro, que encoraja a tomada de iniciativas pelos funcionários, incluindo a regra dos 15% de tempo livre para a inovação desde os anos 1950. Também utilizamos avaliações de desempenho que consideram a performance dos funcionários na dimensão da inovação”. Ele cita outra ferramenta muito aplicada na 3M que é o job rotation, viabilizando com que os profissionais mudem de área, renovem seu repertório e desenvolvam novas habilidades. Segundo Serafim, canais para ideias, mecanismos de colaboração e ferramentas de planejamento contribuem muito para tornar o ambiente da empresa favorável à inovação. “Por fim, outro fator importante é a valorização dos profissionais que atingem resultados diferenciados, com premiações honrosas, ao mesmo tempo em que tais realizações são consideradas nas avaliações de desempenho, impactando carreiras. O reconhecimento monetário pode ser atraente, mas certamente não deve ser a única forma de estimular os colaboradores a inovarem. Não se pode esquecer que os mecanismos de reconhecimento devem estar sintonizados com a cultura da organização”. Ele enfatiza que apesar da inovação depender de muitos elementos que compõem um sistema, o fator-chave é o ser humano. “A inovação floresce com profissionais que usam sua imaginação e energia para um propósito que lhes motiva e desafia, encorajados por grandes líderes, que rompem paradigmas e viabilizam a implementação das ideias, em empresas que colocam o cliente no centro de sua atenção. Enfim, são sempre pessoas”.
Luiz Eduardo Serafim, da 3M: “a inovação floresce com profissionais que usam sua imaginação e energia para um propósito que lhes motiva e desafia”
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GESTÃO
Gestão em
sustentabilidade Nova ferramenta oferece solução para demandas diferenciadas nas organizações A SOFHAR Gestão&Tecnologia está desenvolvendo, em parceria com a PUC-PR, um projeto para a gestão de sustentabilidade com foco nas grandes empresas. Uma novidade no mercado, a solução vai trazer para a realidade das organizações, de forma ágil, fácil e organizada as informações sobre indicadores de sustentabilidade dentro da empresa. Segundo Roberto Clementi, diretor de operações da SOFHAR Gestão&Tecnologia, “esse será um projeto vital para as indústrias, pois atende pontos estratégicos para o desenvolvimento de grandes corporações”. O destaque dessa solução que está em desenvolvimento é o atendimento às demandas que o mercado corporativo vem tendo, como a inclusão de processos e ações sustentáveis em sua atuação corporativa. “O produto é inovador, pois busca integrar objetivos estratégicos de desempenho econômico, social e ambiental da empresa numa única plataforma integrada ao BI”, explica Carla Machado, pesquisadora da PUC-PR e integrante do projeto. De acordo com Clementi, hoje as empresas sofrem para encontrar essas informações quando necessárias, pois elas não fazem parte dos atuais escopos utilizados em suas ferramentas de gestão de informação.
Projeto O projeto, que já está em andamento, vai identificar junto às empresas as necessidades para que possam atender aos principais indicadores quando o assunto é sustentabilidade. Cada segmento tem diferentes abordagens quando se trata desse assunto, por isso para o trabalho de desenvolvimento, que une profissionais da SOFHAR com representantes da PUC-PR, está sendo feito um estudo junto às empresas para identificar quais são os pontos que se destacam dentro dessa área e que fazem a diferença dentro da gestão de sustentabilidade. “A ação conjunta para identificar todas as variáveis existentes faz parte do projeto de desenvolvimento”, completa Clementi. Esta solução terá como característica poder ser customizada à medida das necessidades de cada empresa. O 26
objetivo é fornecer um produto que atenda horizontalmente, ou seja, a diversos segmentos empresariais, com a mesma qualidade e foco para todos. “A solução está sendo projetada para atender além do básico, indo fundo nas necessidades específicas, abrindo a possibilidade de customização do produto para cada realidade em que for implantado”, comenta o diretor de inovação da SOFHAR, que prevê a utilização do software com consultoria e suporte. A nova ferramenta em business intelligence vai estar à disposição do mercado, já para comercialização, no início de 2013. O foco inicial do projeto é a utilização no ramo empresarial privado, na busca em atender demandas nacionais e internacionais. “Esse software também vai poder atender demandas governamentais, em um segundo momento, pois esse nicho de atuação também deve buscar, nos próximos anos, se adequar as demandas de sustentabilidade”, defende Clementi. Em apresentações informais do projeto, muitas empresas já sinalizaram o interesse na solução, pelos diferenciais e resultados que pode trazer, em curto prazo, para a administração das empresas. “A receptividade demonstra a grande demanda das empresas em ferramentas que apoiem a gestão sustentável que traz comprovadamente ganhos econômicos em produtividade, otimização de recursos e valoração de produtos”, afirma Carla.
Roberto Clementi, da Sofhar: “a ação conjunta para identificar todas as variáveis existentes faz parte do projeto de desenvolvimento”
CASE DE SUCESSO
Visão
estratégica Há 30 anos no mercado, o Grupo Hübner é dirigido sob a ótica da diferenciação e da diversificação através de parcerias que possibilitam ampliar e inovar os negócios Quando chegou em Curitiba com quase 15 anos de idade, Nelson Roberto Hübner, diretor do Grupo Hübner, almejava ir além do conquistado até então nas lavouras catarinenses. Mas era preciso ter uma profissão para isso acontecer. Matriculou-se no Senai, cursou escola técnica e atuou como vendedor técnico em empresas do setor metal mecânico. Segundo ele, foi no Senai que a sua vida de industrial teve início. “Quando num torno mecânico comecei a modelar as primeiras peças”. Além dessa habilidade, o empreendedorismo estava latente. Ele relata que quando trabalhava como vendedor técnico constatou a necessidade
Foto: Gilson Abreu
Nelson Hübner: “vamos trabalhar para fortalecer o que tem sido feito até agora”
das empresas instaladas na Cidade Industrial em comprar componentes metálicos. “E aí, em 1980, foi o início da Hübner, quando foi adquirida a primeira máquina, um torno mecânico marca Romi”. Resumidamente, esse foi o início da trajetória de sucesso. Mas ao conversar com o empresário Nelson Hübner é possível perceber algumas das características decisivas para essas conquistas. Entre elas estão humildade, conhecimento do mercado, determinação, visão, esforço e empreendedorismo. Como resultado, passadas três décadas, o Grupo Hübner se destaca no País, exporta para 35 países e emprega 1,1 mil funcionários. Atuação Hoje, o Grupo atua através das empresas AutoLinea, RodoLinea, Hübner Fundição (matriz e filial), Hübner Fundição Alumínio, Hübner Siderurgia (unidade Minas Gerais), Hübner Indústria Mecânica e Bricarbrás. Uma das estratégias da empresa nos últimos anos para ampliar a atuação de mercado e também se diferenciar tem sido o estabelecimento de parcerias com empresas de outros países na transferência de tecnologia. Até o momento, o Grupo Hübner já estabeleceu quatro parcerias. A primeira delas firmada com esse objetivo foi com uma empresa da Bélgica. “Com eles nós fazemos implementos rodoviários para alta tonelagem, que são cargas de 100, 200, 300 toneladas ou mais. Algo que ainda não é fabricado na América Latina. Nós fabricamos uma parte e outra parte nós importamos”, explica o empresário. De acordo com Nelson Hübner, a segunda parceria realizada foi com uma empresa italiana. “Nessa parceria fazemos 27
implementos rodoviários de alumínio para transportes de adubos, açúcar, sal, produtos químicos e outros”. Ele ressalta que essa produção no Brasil também é pioneira. A parceria mais recente do Grupo (Bricarbrás) é com uma empresa do Canadá para transformar a biomassa em gás. “Então, onde existe uma indústria usando gás, que é um combustível fóssil, ela pode comprar o gaseificador e transformar a biomassa em gás com uma economia de 30% a 40% nesse quesito”. Além do gaseificador, o Grupo Hübner (Bricarbrás) tem investido e desenvolvido outros produtos que preservam o meio ambiente, como por exemplo, as células de carbonização (forno de fazer carvão vegetal) sem poluição. “Já estamos comercializando esses fornos no Brasil, vendendo para siderúrgicas, para empresas fabricantes de ligas metálicas, e para alguns produtores de carvão que estão conscientes do papel deles”, conta Nelson. Segundo ele, a cada tonelada de carvão vegetal produzida pelo processo tradicional 50 kg de metano vai para o meio ambiente. Sendo que no processo Bricarbrás é zero metano. Outra iniciativa da empresa que beneficia diretamente a natureza é a fabricação de máquinas de briquetar. Trata-se de uma máquina que transforma, sob auta compactação, a serragem, entre outros resíduos, em briquetes para utilização nas caldeiras. “Já estamos vendendo esta máquina que evita a derrubada de inúmeras árvores”. O empresário destaca também a produção de um motor a combustão, que pode utilizar vários tipos de gás (natural, de biomassa, dos biodigestores, dos aterros sanitários, entre outros) como combustível. Ele enfatiza que esse produto vai compor um gerador de energia elétrica que será utilizado em múltiplas finalidades, atendendo desde pequenas localidades retiradas (fazendas, vilas), até condomínios, restaurantes, supermercados e demais locais. A quarta parceira é com a alemã FEBE, tradicional fabricante de autopeças na Europa. Serão centenas de itens automotivos (hoje importados) a disposição dos clientes. Outra notícia recente do Grupo é de que a NOMA do Brasil S/A, importante fabricante de carretas com sede na cidade de Maringá, adquiriu uma participação na RodoLinea,
uma das empresas do grupo Hübner. “O grande benefício disso é o aproveitamento da sinergia que existe entre as empresas”, destaca Nelson. Expectativas Em relação aos desafios, o empresário Nelson Hübner diz que eles são constantes. “Se antes o industrial tinha que ser herói para sobreviver no mercado, agora tem que ser super-herói”. Ele analisa que o principal desafio é sobreviver num mercado muito competitivo. Entretanto, enfatiza que o trabalho fica mais ou menos difícil de acordo com algumas ferramentas disponíveis. “Tirando a linha de automóveis, o nosso segmento sofreu bastante com a recessão (mais ou menos com um PIB de 1.2%). Para driblar os desafios e avançar, a Hübner estabeleceu parcerias com o setor metal mecânico de implementos rodoviários, desenvolveu produtos na àrea de energia e meio ambiente, entre outras ações”. O empresário analisa que a economia tem dado sinais de melhora e por isso acredita que o próximo ano será mais promissor. Segundo Nelson Hübner, é imprescindível sair da vala comum. E isso deve ser buscado de diversas maneiras, seja por meio de parcerias ou desenvolvendo tecnologias, é uma questão de sobrevivência. Ele destaca também que o grupo investiu recentemente na aquisição de novas máquinas para renovação do parque industrial. “O BRDE tem sido o grande parceiro para isso”. Em relação à expansão de seus negócios, Hübner diz que o Paraná é a sua casa. “No momento de ampliação do Grupo Hübner nós tivemos muitas propostas de outros estados. Apesar das propostas serem vantajosas, aqui é a nossa casa, estamos bem localizados dentro do Mercosul, perto de portos, rodovias e daqui alguns anos com ferrovias também. E não temos intenção de alterar isso”. De acordo com o empresário, os planos do Grupo são claros, “vamos trabalhar para fortalecer o que tem sido feito até agora. Vamos fortalecer com crescimento, consolidando as parcerias, aumentado a capacidade produtiva e internacionalizando a empresa em alguns países da América Latina”, finaliza.
“O grande benefício disso é o aproveitamento da sinergia que existe entre as empresas”
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Linha do Tempo 1980 Ano de fundação da então chamada Mecânica Hübner, em Curitiba (PR). 1983 A Mecânica Hübner passa a produzir peças de maior complexidade. Para isso foi preciso adquirir novas máquinas e ampliar as instalações. 1987 A empresa muda de nome e passa a chamar-se Hübner Indústria Mecânica. É nesse ano também que acontece a transição para sede própria, de 7 mil metros quadrados, na Cidade Industrial de Curitiba. 1990 Acontece o lançamento da marca Autolinea, passa a fabricar e fornecer blocos para motores, inicialmente para a Mercedes Bens. Desta forma ampliando o mercado e tornando menos dependente das oscilações. 1996 Dá-se início a uma nova fase de desenvolvimento, onde houve mudanças no controle acionário da empresa e uma priorização no mercado de reposição. 2000 Aquisição da fundição Trutzcheir, que posteriormente passa a ser chamada Hübner Fundição, localizada em Ponta Grossa (PR). Neste ano a Hübner também adquiriu a Metalúrgica Gammteal, que passou a se chamar Hübner Fundição de Alumínio.
2002 Foi o ano que foi adquirida a nova Planta Industrial – Hübner Fundição - unidade ímpar, também localizada em Ponta Grossa, em frente as suas instalações, fato que aumentou a capacidade produtiva. 2003 A diversificação e integração dos negócios no mesmo segmento levou o grupo a adquirir a Hübner Siderúrgica em Minas Gerais. 2004 Com a marca RodoLinea, a Hübner iniciou atuação em um novo mercado, e passou a produzir implementos rodoviários para diversos segmentos de transporte. 2005 Ano de inauguração da Empresa Bricarbrás, que representa um novo conceito na fabricação de biomassa, briquetagem e carvoejamento inovando com tecnologia de responsabilidade ambiental e social. 2011 O Grupo Hübner segue sua história em constante evolução em busca da excelência nos produtos e serviços que oferece, bem como na absorção de novas tecnologias e novas parcerias para atender cada vez melhor seus clientes. 29
ARTIGO Eloi Zanetti –
especialista em marketing e
comunicação corporativa, escritor, palestrante
eloi@eloizanetti.com.br
Inovação e serviços Tenho observado em palestras e workshops sobre criatividade que um número muito reduzido de pessoas se considera criativa e quando toca no assunto sempre pensa que a criatividade é privilégio das pessoas mais expostas à mídia: artistas, cineastas, publicitários, músicos, etc. Por outro lado, hoje, fala-se muito em inovação e esta, sempre que abordada, é direcionada ao desenvolvimento de produtos - objetos tangíveis. Quase não vejo ninguém falando que um processo de vendas ou um sistema de serviços possa ser um ato criativo. Ora, quando nos debruçamos em equipe - brainstorm - para pensar e gerar ideias em como vender melhor, criamos situações de vendas mais rápidas, mais fáceis e com melhores lucros. Empresas ficam anos e anos vendendo da mesma maneira, com isso perdem tempo precioso, oportunidades e, é claro, dinheiro. No que se refere a serviços observamos horrorizados usuários e clientes sofrerem em processos medievais, burocráticos e kafkanianos porque ninguém se dá ao trabalho de parar para pensar em como atender melhor. Cria-se um sistema e este não pode ser mudado nunca. O poder público é especialista em impor tais procedimentos. Funcionários, quando questionados, dizem: sempre foi assim, foi o gerente que mandou ou é norma da empresa. Mudar para melhor, jamais. O absurdo está à vista de todos, mas ninguém tem a coragem de olhar o assunto de outra maneira. Gosto de observar nos intervalos para café nos workshops e convenções que os organizadores não fazem o mínimo esforço para facilitar a circulação das pessoas e o acesso às mesas. Veja que elas sempre ficam com um lado encostado em uma parede, nos lugares de pior circulação, não dando a mínima chance para quem quer pegar alguma 30
coisa. Idem para os restaurantes a quilo. Empresas quando pensam em mudar processos e sistemas sempre consideram primeiro as facilidades para si próprias. Atende-se as necessidades internas e jamais a dos clientes finais. A ordem é economizar, cortar custos e facilitar a vida dos chefes. Com isso perdemos tempo, dinheiro e paciência. Tais atitudes nos fazem sofrer em filas demoradas, fazer o mesmo trabalho duas vezes, estressarmos com a burrice alheia e gritar com a moça do atendimento. Nos últimos tempos, apesar das novas ferramentas da informática e da web os serviços e processos pioraram de maneira assustadora. O país do “carimbador maluco” está cada vez mais sedento em nos impor suplícios desnecessários. Criamse dificuldades para vender facilidades. Como uma das características do povo brasileiro é a resignação - ato religioso de se aceitar os desígnios como eles são - pouca gente reclama e a vida segue o seu ritmo torturante. Sofremos aqui invejando países com menos impostos, procedimentos, leis, taxas e sistemas mais abertos, transparentes e mais fáceis de serem usados. Para sairmos desse estado de coisas precisamos envolver nossos funcionários mais criativos e com firme determinação de mudança a começar a pensar; primeiro em nossos clientes, processos externos; depois em nossos funcionários, processos internos; para depois nos fixarmos nos resultados da empresa. É um paradoxo, ao facilitar a vida dos outros, mais clientes teremos e em conseqüência melhores resultados operacionais. Empresa realmente boa para se trabalhar é aquela que facilita seus processos e sistemas, busca a simplicidade e dá oportunidade para seus funcionários pensarem em melhoria o tempo todo.
BR-376
DNIT entrega
passarela da BR-376 Estrutura permitirá travessia segura de milhares de usuários No final de novembro o Departamento Nacional de Infraestrutura de Trasnportes (DNIT) realizou a entrega da passarela sobre a BR-376, no Contorno Sul de Curitiba. A obra era uma antiga reivindicação da comunidade e de milhares de trabalhadores que cruzam a rodovia até as indústrias do outro lado da pista. Agora, a travessia pode ser realizada com total segurança. A passarela permite a ligação entre as vias marginais da rodovia duplicada, tendo extensão total de 116,56 m e largura de 2,2 m, passeio de concreto com plataformas intermediárias, além de ser totalmente coberta. A altura mínima em relação ao nível da pista de rolamento é de 5,5 m e o peso total da estrutura de 96.376,6 kg. A definição por uma passarela metálica foi tomada em função da otimização de recursos, melhor controle de qualidade, redução do tempo de execução e menor intervenção no tráfego da rodovia, cujo volume médio diário é superior a 50 mil veículos. A localização levou em consideração a necessidade de interligação das vias marginais para acesso dos pedestres,
a proximidade dos pontos de transporte coletivo e a mínima interferência com as instalações das indústrias da região. A estrutura atende todas as normas técnicas, em especial a de acessibilidade (ABNT NBR-9050). As obras foram licitadas em R$ 1.903.512,61 e iniciadas em junho de 2011.
Foto: DNIT
Na ordem da esquerda para direita: José Agnaldo Pereira - presidente do Sindicato Montelez (Kraft) - SINTRAFCARB, Murilo Bhering - gerente de RH da Montelez (Kraft), Celso Gusso - presidente da AECIC, Rolando Marreta - DNIT e José Tiago da Silva - superintendente do DNIT dos Funcionários da
EXPECTATIVAS
Sonho que se sonha junto é realidade A frase é de Raul Seixas, o poeta que andava um passo a frente imaginando o futuro em suas canções. Nossa cidade acaba de passar pelo Portal do Futuro cuja população está pronta não apenas para imaginar e cobrar melhorias, mas para junto construir um futuro promissor. Assim como a sociedade como um todo, em especial o setor produtivo coloca-se à disposição para colaborar na promoção da maior integração possível entre população, iniciativa privada e a administração pública. Nesse sentido, senhor prefeito Gustavo Fruet, a Diretoria da AECIC - Associação das Empresas da Cidade Industrial de Curitiba, seus Associados e a Revista AECIC Negócios desejam que sua administração seja coroada
de êxitos no atendimento dos anseios dos curitibanos, e coloca-se à sua disposição para trabalhar de forma integrada com os objetivos da sua gestão. As portas da AECIC estarão sempre abertas para a administração Gustavo Fruet. Por maiores que sejam nossas expectativas, temos certeza que elas serão superadas com larga margem, tendo em vista a sua trajetória política pautada pelo bom senso e pela honradez. Curitiba, janeiro de 2013. Celso Gusso, presidente da AECIC 31
CASE: GRUPO RIC
Trajetória de
sucesso
Presente no PR e SC, o Grupo RIC é um dos maiores conglomerados de comunicação do País. Ao longo dos 25 anos de existência, a inovação tem sido sua forte aliada
O Grupo RIC conta com mais de 1,2 mil colaboradores e está presente no Paraná e Santa Catarina, atualmente alcança mais de 16 milhões de pessoas
Basta olhar um pouco a trajetória do Grupo RIC para constatar que ele passou por uma constante evolução desde o nascimento. A preocupação foi crescer sempre, agregando novos veículos e novas plataformas. Conta com mais de 1,2 mil colaboradores e está presente no Paraná e Santa Catarina, atualmente alcança mais de 16 milhões de pessoas. Hoje o Grupo RIC composto por multiplataformas: 11 emissoras de televisão (10 Record e 1 Record News SC); dois jornais impressos; cinco emissoras de rádio; seis portais de internet e uma plataforma multimídia para o público jovem composta por revista, programas de TV e rádio, portal na internet, ações presenciais e SMS. “Buscamos o tempo todo estar inseridos em todos os meios, desde os mais tradicionais, aos mais modernos, sabendo da importância de atender às expectativas do público que anseia por evolução tecnológica 32
e de programação”, enfatiza o vice-Presidente Executivo do Grupo RIC Paraná, Leonardo Petrelli. Segundo Petrelli, a maior inovação do Grupo RIC ao longo de mais de duas décadas é a regionalização. “Entendemos o nosso público e sabemos de sua preferência ao que é local. O paranaense dá mais valor ao que é da terra e não temos a pretensão de apresentar a quem nos assiste programação inteiramente nacional. Pelo contrário, como retransmitimos o sinal da Rede Record temos sim em nossa grade de programação muito conteúdo nacional e internacional. Mas, em nossa grade local priorizamos o tempo todo a regionalização”. Ele cita como case de sucesso nesse quesito, por exemplo, o programa RIC Rural, que é transmitido para mais de 150 países pela Record Internacional. Vale ressaltar que é um programa paranaense, feito com conteúdo 100% local, que leva para
todos esses países o que acontece no estado do Paraná. “Obviamente, para chegar aonde chegamos, investimos muito em tecnologia de ponta. Trabalhamos com o que há de melhor em tecnologia, sendo uma das primeiras emissoras de Curitiba a transmitir o sinal em high definition (HD). Isso demonstra a nossa preocupação em trazer ao nosso público o que há de melhor em sinal e em programação”, ressalta.
Inovação Para Petrelli, uma empresa inovadora é aquela que se questiona o tempo inteiro e jamais está satisfeita, tendo sempre em mente que é possível melhorar. “Até porque o movimento do mercado é veloz e para se manter entre os melhores é necessário, acima de tudo, comportar-se como os melhores”. Segundo ele, isso significa investir no que há de mais moderno, estar atendo ao que é novo, ouvir de todos os lados ideias inovadoras e dar espaço ao que, num primeiro momento pode parecer irrelevante, mas que pode fazer uma grande diferença. “Uma empresa inovadora é aquela que tem olhos e ouvidos bem atentos, que está vigilante às ideias de seus talentos e que, obviamente, valoriza cada talento que tem em casa. Se fosse para sintetizar uma empresa inovadora numa frase, diria que é uma empresa nervosa, com os pés no presente e o olho no futuro”. Para Leonardo Petrelli entre os desafios enfrentados no processo de inovação está o timing, já que as coisas na área de comunicação, principalmente, acontecem numa rapidez exorbitante. De acordo com o empresário, atender ao público com a velocidade que ele demanda é a maior dificuldade de uma empresa de comunicação hoje em dia. “E é exatamente
1987
1994
Implantação da TV Independência Norte do Paraná, em Maringá e início da operação em rede do chamado SSC – Sistema Sul de Comunicação.
Estreia da Rádio Jovem Pan em Curitiba, com a nova programação digital da FM 103,9. Amplitude do SSC, unindo emissoras de rádio e televisão e cobertura das mais importantes regiões do Estado.
1989 Inauguração da TV Independência de Guarapuava, primeira TV da cidade, que mais tarde se tornou retransmissora do SSC.
1990 Início da TV Independência Oeste do Paraná, na cidade de Toledo, com retransmissoras em Foz do Iguaçu e Cascavel.
1995 O Sistema Sul de Comunicação passa a se chamar Rede Independência de Comunicação, com as emissoras: TV Independência, Rádio Independência e a Rádio Jovem Pan FM. Foi neste ano que as emissoras TV
Independência, no Paraná, deixa de transmitir a programação da Rede Manchete, passando a transmitir a programação da Rede Record.
1998 A TV Independência foi a primeira emissora do Paraná a utilizar fibra ótica para a transmissão de sinal, ampliando a recepção para as cidades de Paranaguá, Antonina, Pontal do Paraná e Guaraqueçaba.
2006 Estreia do RIC Notícias e do Paraná no Ar.
por isso que é fundamental estar à frente, adiantando-se às expectativas de quem nos consome”. Segundo ele, outro grande desafio para o Grupo RIC é estar preparado para os novos hábitos do público. “Hoje não é mais comum, por exemplo, que Leonardo Petrelli, do Grupo RIC famílias se reúnam na frente da PR: “buscamos o tempo todo estar TV num determinado horário, inseridos em todos os meios, desde os em busca das notícias do dia. mais tradicionais, aos mais modernos” Quando nosso jornal começa, o telespectador já buscou a informação em outras fontes, principalmente na internet”. Mas, Petrelli ressalta que não vê isso como uma concorrência, pelo contrário, vê como um agregador. “Não por menos, lançamos recentemente o Portal RIC Mais, que agrega todo o conteúdo que já exibimos em nossa programação, com outros conteúdos vindos de fontes diferentes, como do próprio telespectador e colunistas conceituados no Paraná”. A regionalização, bandeira que o Grupo RIC defende desde sua fundação, é apontado por ele também como desafio. Mesmo assim, enfatiza que continuará sendo prioridade o que é local, atendendo e valorizando a expectativa do público. “A mobilidade é algo que vemos com uma atenção especial, já que o futuro será permeado pela acessibilidade em qualquer lugar. A informação correrá ainda mais rápida e precisamos estar preparados para isso, buscando inovar cada vez mais para alcançar as demandas que surgirão com toda essa mobilidade”, conclui.
Jornal da Record. 2007 Incorporação da “Dance Unificação das Paradise”, webrádio de empresas no Paraná música eletrônica. e Santa Catarina, Estreia do Balanço sob a mesma Geral e do RIC Rural. denominação: RIC – Rede Independência de 2009 Comunicação, operando Estreia da “Boa da nos dois Estados como Pan” e do Programa afiliadas da Rede Ver Mais. Como Record. Implantação da reconhecimento do Rádio Jovem Pan Ponta trabalho, inovação e Grossa, FM 103,5. resultados efetivos, a Inauguração do centro RICTV Paraná é eleita de Produção em como “A mais Record Londrina e Cascavel, e das Emissoras”. aumento da produção Lançamento oficial no local de Maringá. Paraná do Instituto RIC de Atitude Social, 2008 que tem como missão, Inauguração do colaborar com a newsroom, com conscientização da exibição ao vivo, em sociedade, promovendo rede nacional, pelo
e apoiando projetos relacionados à saúde, educação e ao meio ambiente.
2011 Integração da Plataforma Its, ao mix de produtos e veículos do Grupo RIC Paraná. Reativação da unidade de jornalismo na Capital Federal, para cobertura diária sobre os movimentos de Brasília. Implantação do sinal HD para mais de 2 milhões de telespectadores da capital e região metropolitana. Exibição do RIC Rural para mais de 150 países, pela Record Internacional.
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ENTREVISTA
Educação em debate
O educador João Batista Araujo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto (IAB), analisa o ensino brasileiro e a importância da educação no processo de inovação Qual o principal problema do ensino brasileiro?
João Batista - A falta de percepção por parte da sociedade de que a educação brasileira tem sérios problemas de qualidade, eficiência e, sobretudo, de equidade. As políticas de educação contribuem para reproduzir e ampliar as desigualdades sociais. Quais as discrepâncias entre o ensino público e o privado?
João Batista - São as mesmas que existem em relação aos demais aspectos da sociedade: há uma educação para os que podem e outra educação para os que não podem. São os dois Brasis. As diferenças começam cedo, mas se ampliam no final do ensino fundamental, quando as diferenças entre as redes públicas e privadas se ampliam. O desastre no ensino médio é consequência disso. Quantas décadas seriam necessárias para o avanço da educação no País?
João Batista - Depois que o País iniciar uma reforma educativa, leva pelo menos de 20 a 30 anos. Esse é o prazo mínimo para renovar o plantel de professores e implementar reformas de maneira progressiva. Nenhum país do mundo conseguiu abreviar esse tempo.
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Será possível um dia se orgulhar de ter um ensino público de qualidade?
João Batista - Futurismo não é minha especialidade, mas não estarei vivo para participar dessa comemoração. Qual a importância da educação no estímulo da inovação?
João Batista - A educação é fundamental, mas num sentido amplo. A educação na família e nos anos iniciais da vida da criança é vital para estimular a curiosidade da criança em relação aos outros e ao mundo. A educação estimula a inovação quando ensina as pessoas a não se conformar com a mediocridade. A tomar iniciativas. A querer se autosuperar. Trata-se mais da forma de encarar as oportunidades e o conhecimento do que de conteúdos. Mas é claro que as pessoas mais competentes em suas áreas também são as que mais inovam, – inovar é sempre 99% de transpiração e 1% de inovação, parafraseando Einstein. O senhor tem conhecimento de alguma ação voltada a estimular a inovação dentro da escola?
João Batista - Professores adoram novidades, a inovação muitas vezes é praticada como pretexto para não provocar mudanças. Inovar por inovar não melhora resultados. Os conhecimentos sobre como aprendemos e como devemos ensinar evoluíram muito, mas a evolução é bastante lenta. Em educação é mais fácil evoluir introduzindo novos modelos – como a educação à distância ou o auto-ensino – do que tentando alterar as estruturas e práticas existentes. Colocar computadores na escola e na sala de aula é fácil, alterar as formas do professor ensinar e incorporar esses instrumentos ao ensino é trabalho para gerações. E não é óbvio que os resultados sejam promissores. Alguns especialistas no assunto dizem que INOVAÇÃO é a aplicação prática da criatividade? Isso poderia acontecer dentro do ambiente escolar desde cedo? Como?
João Batista - Não sou especialista no assunto, e creio que deve haver definições rigorosas e possivelmente úteis desses conceitos. Da mesma forma que há uma distribuição de temperamentos e uma pequena parcela de indivíduos com propensão ao empreendedorismo ou à liderança, em qualquer
sociedade humana, é possível que haja indivíduos com maior propensão a arriscar, a criar, a inovar, a sair da caixinha. A boa escola – quaisquer que sejam os seus defeitos – constitui um elemento fundamental para o processo de inovação, pois a boa escola dá ao indivíduo conhecimentos e hábitos que lhe permitirão inovar. A maioria das inovações não são grandiosas, são pequenos aprimoramentos que exigem profundo conhecimento de uma atividade. A Suiça e os países asiáticos são famosos por uma educação bastante formal e rigorosa, no entanto a Suiça é campeã em Prêmios Nobel e os asiáticos são tremendos inovadores. Quais as transformações que precisariam acontecer?
João Batista - Uma boa escola é o melhor instrumento que podemos ter para formar bons cidadãos, pessoas produtivas e capazes de contribuir. Basta a escola ser boa. A formação científica, por exemplo, é um rigoroso processo de preparar pessoas para inovar. A maioria dos pesquisadores inova dentro de um marco – traz um grãozinho de areia para um corpo de conhecimentos. Alguns poucos inovam mudando os marcos, alargando os horizontes. A formação é a mesma – mas indivíduos percebem diferentes oportunidades e aspectos na realidade. Num ambiente favorável , muitos indivíduos - não apenas aqueles rotulados como criativos trarão enormes contribuições na forma de inovações. De que forma a iniciativa privada poderia ajudar?
João Batista - A grande contribuição do setor privado é cobrar do governo e alertar a sociedade para a necessidade do País promover uma revolução na educação. O setor privado pode contribuir demonstrando o quanto gasta na reeducação dos trabalhadores, no retrabalho, no rodízio de pessoal. Pode contribuir estimulando análises objetivas dos resultados da educação nos ambientes em que atua. Um nicho especialmente promissor é a área da Primeira Infância, onde ainda há espaço para inovações institucionais e para uma forte presença do setor privado, lucrativo ou não. Aqui o espaço para atuação direta e indireta do setor privado é ilimitado – e de alto retorno. E, claro, o setor privado pode contribuir criando organizações criativas, que estimulam e dão oportunidade às pessoas para se desenvolver. A demanda por postos qualificados e estimulantes de trabalho tem a incrível força de gerar a sua própria oferta. E isso o setor privado pode fazer. 35
PESQUISA
Dossiê
Universitário Perfil dos universitários mudou consideravelmente nos últimos dez anos. Confira alguns dos dados divulgados na pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular
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Os universitários brasileiros Nos últimos dez anos houve movimentam, com o próprio uma ampliação da fatia de salário, R$ 84,7 milhões. universitários matriculados em instituições de ensino 55,9% dos universitários pretende particulares. abrir um negócio próprio. São 80,8% do O percentual de total. universitários considerados chefes de família cresceu em dez anos. Abrangem mais de um milhão de estudantes. Número de UNIVERSITÁRIOS no país 2002
2012
10 milhões
Total de RENDA dos universitários brasileiros 2002
2012
Universitários TRABALHADORES
Universitários CHEFES DE FAMÍLIA
2002
2002
100 bilhões
2012
100%
2012 1,203 milhões
1 milhão
R$ 84,7 bilhões 70% 6,2 milhões
66% 553 mil R$ 48,7 bilhões
3,5 milhões
Em dez anos o número de universitários matriculados em instituições públicas e privadas do país cresceu
77,1%.
No mesmo período, de 2002 para 2012, o total de renda recebida pelos universitários no país aumentou
74,0%.
De cada dez universitários brasileiros, pelo menos sete trabalham. Em uma década esse percentual teve um pequeno avanço: 66% do total em 2002
O percentual de universitários considerados chefes de família cresceu em dez anos. Representavam 15,8% do total em 2002. Agora, abrangem 19,4% dos estudantes. 37
Empreendedorismo entre os UNIVERSITÁRIOS Prazo para isso: Não sabe 7,6% A partir de 11 anos 25,5% De seis a dez anos 12,3% De dois a cinco anos 1,2% Em até um ano 9,3%
A maioria dos universitários pretende abrir um negócio próprio:
55,9%
Distribuição dos universitários por REGIÃO DO PAÍS 2002
2012
6,0%
9,4% 17,2%
9,7%
23,0% 8,5%
48,1% 19,0%
43,4% 15,7%
A participação dos universitários do Nordeste em relação ao total cresceu em dez anos: de 17,2% para 23,0%. A região Norte também avançou sobre o total. Em contrapartida perderam participação as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. 38
ARTIGO André Saito - Ph.D. em Ciência do Conhecimento, coordeFGV e coordenador do curso de gestão SENAC, é diretor de Educação da SBGC - Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (www.sbgc.org.br). E-mail: linksbgc@linkportal.com.br
nador acadêmico da
estratégica de pessoas do
GESTÃO DO CONHECIMENTO E INOVAÇÃO: CAMINHO
DA LUCRATIVIDADE Atualmente é fato que os conceitos de gestão de conhecimento e inovação devem ser incorporados como ativo estratégico das empresas, seja para manter o padrão ou melhorar a competitividade das organizações e corporações. No Brasil, esses temas são debatidos e discutidos com regularidade, mas sua adoção na prática está longe de ser vista. O País ocupa uma desconfortável 58ª posição no ranking de inovação, publicado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual. Perdemos nove posições, se compararmos com o ano de 2011. O ranking é liderado pela Suíça, seguida por Suécia, Cingapura e Finlândia. Até aí, nenhuma novidade, pois são países com tradição em inovação. Mas – sem desmerecer nação alguma –, o Brasil fica atrás de Portugal, Sérvia, Romênia, África do Sul e Bulgária, Estados com pouca tradição na área. Até na América Latina, perdemos; o Chile ficou com a 39ª posição. Os principais empecilhos continuam sendo a falta de qualidade do ensino superior e a escassez de investimentos em ciência e tecnologia por parte do governo brasileiro. Mas muitas empresas também não colaboram para reverter o quadro, uma vez que não investem em pesquisa e desenvolvimento ao priorizar resultados de curto prazo. Ignorar a inovação é andar para trás no caminho da lucratividade. É ir na contramão do empreendedorismo, tão defendido nos discursos de políticos, governantes e empresários. A informação cada vez mais disponível e acessível gera conteúdo, experiência. Estes se transformam em conhecimento, que por sua vez, tem o seu valor consolidado como ativo estratégico nas empresas. Por isso é necessário
criar uma cultura para a inovação. Assim, as organizações terão, ainda mais, acesso a novos mercados, o que traz aumento de receitas e fortalecimento da vantagem competitiva. E, então, a inovação pode ocupar o seu papel chave na trajetória de sucesso rumo à qualidade das empresas e ao desenvolvimento tecnológico do País. Um outro ponto importante: quais as vantagens da gestão do conhecimento para o colaborador interno? Ela abre oportunidades para que ele seja mais ativo dentro das corporações, para que receba reconhecimento pelo compartilhamento do conhecimento e para que tenha a chance de conseguir uma capacitação mais específica. Para passar com sucesso pelos desafios do mercado atual e atingir a expansão dos negócios e sua lucratividade, a estruturação de processos internos tem as ferramentas de gestão do conhecimento e inovação como fortes aliadas. Com a sua adoção, o ambiente fica mais aberto e dinâmico, as pessoas percebem o valor da mudança e a empresa pode colher frutos saudáveis de estar à frente do mercado.
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PARCERIA
Hospital
São Vicente no CIC
Ele já foi reaberto para atendimento do SUS e de Convênios. Inicialmente com 40 leitos e projeção para 160 leitos A unidade do Hospital São Vicente na Cidade Industrial já está aberta para atendimento de média e alta complexidade em várias especialidades, inclusive na de Oncologia em todos os seus setores. O plano de reestruturação e reformas do HOSVI-CIC está previsto para o próximo ano, com término em 2015, dotando a região, cuja área de influência é de 200 mil pessoas, com um hospital moderno que se constituirá em marco da assistência médica para Curitiba, Paraná e Brasil. Durante esse período, o Hospital São Vicente – Centro estará contribuindo com a sua expertise e retaguarda até que todos os projetos sejam implantados. Segundo a auditoria do Tribunal de Contas da União há um déficit de 135 equipamentos de radioterapia no setor público no Brasil, fazendo com que em 2010 a produção cobrisse apenas 65,9% da demanda. Para se ter ideia, em 2009 na Inglaterra 99% dos pacientes receberam tratamento com até um mês após o diagnóstico, enquanto que no Brasil em 2010 apenas 15,9% foram submetidos à radioterapia nesse mesmo período, e 36,6% submetidos à quimioterapia no prazo de um mês. Como consequência das dificuldades de acesso dos pacientes, o diagnóstico de câncer de mama foi retardado e consequentemente os casos de câncer avançado, níveis três e quatro, foram respectivamente de 34,7% e 26,4%, diminuindo o tempo de vida desses pacientes. De acordo com o doutor Marcial Carlos Ribeiro, diretor superintendente do Hospital São Vicente, esta é uma das ações que o HOSVI-CIC quer modificar e que contará com a 40
participação dos empresários da CIC, opinião já manifestada pela Associação das Empresas da Cidade Industrial (AECIC). “A lei 1275/2012, consequência da aprovação da Medida Provisória 563, vem permitir a ação das empresas e de pessoas físicas com deduções de imposto de renda com aplicação na área de Oncologia. Por outro lado a entidade beneficiária, no caso a FUNEF (Fundação de Estudos das Doenças do Fígado- Koutoulas- Ribeiro) estará oferecendo o atendimento aos funcionários das empresas participantes. Este serviço de prevenção de enfermidades dentro das empresas tem como objetivo diminuir a sinistralidade, enfermidades consequentes ao tabagismo, obesidade, alcoolismo, hipertensão, diabete, entre outras. Elas estão entre aquelas que receberão atenção especial”. Vieira ressalta também que os benefícios para as empresas serão: diminuição dos custos da assistência médica, retorno ao trabalho após os exames, diagnósticos e terapêuticas efetivadas em tempo aceitável, controle rigoroso nas expedições de atestados médicos, e a certeza de atendimento de qualidade com resultados de uma entidade qualificada ao nível de excelência pela Organização Nacional de Acreditação Hospitalar (ONA). “Os empresários, o poder público, e uma entidade privada propõe minorar o sofrimento dos que sofrem, ao mesmo tempo em que querem proporcionar assistência médica de qualidade, recuperar tempo perdido, diminuindo as abstinências e consequentemente aumentando a produtividade e oportunizando o crescimento individual”.
Hospital São Vicente A Fundação de Estudos das Doenças do Fígado é a entidade mantenedora dos Hospitais São Vicente Centro e CIC, conforme a lei de Utilidade Pública Municipal nº 7374/1989, Estadual nº 9159/1989 e Federal nº 21.796/93 (Decretos) e portadora do Certificado de Filantropia CMAS nº 471. Sob aspecto administrativo é constituída de um Conselho de Curadores, Diretoria, e Conselho Fiscal que obedecem ao seu Estatuto Social, com aprovação do Ministério Público. Em termos de gestão, o sistema se assemelha ao Corporativista. Além dos Hospitais, a FUNEF dispõe de sistemas diagnósticos e de ambulatórios para atendimento clínico. Inicialmente o Hospital São Vicente, no ano de 2002, estava composto por 40 leitos hospitalares, 40 profissionais médicos e 120 colaboradores. Atualmente seu corpo clínico é de 450 profissionais, 990 colaboradores e 180 leitos (acrescidos os 40 iniciais de HOSVI-CIC). Segundo o diretor superintendente, sob o ponto de vista estrutural, nesses doze anos foram reformados e criados novos setores, como Centro de Diagnósticos, Clínica de Especialidades, Serviço de Cardiologia e de Hemodinâmica, com aquisição de equipamentos de última geração (Tomografia, Ressonância Magnética, Ecografia), Serviço de Oncologia e de Transplantes de órgãos, Serviço de Controle de qualidade e de Controle de infecção. Já em termos de inovação, ele ressalta que essa é a grande característica do complexo FUNEF. “Em 1991, o Hospital São Vicente realizou a primeira cirurgia Laparoscópica de Vesícula e de Estômago do Estado do Paraná, especialidade que viria a se desenvolver para tantas outras indicações. Recentemente a FUNEF introduziu no Paraná o Serviço de Diagnósticos das Doenças do Fígado. Trata-se do exame de elastografia hepática (Serviço Pioneiro), que permitirá o diagnóstico das doenças do fígado sem a realização de biópsias. Proximamente em nosso plano estratégico se inclui as salas inteligentes no Centro Cirúrgico, passo inicial para a Cirurgia Robótica”.
Conforme relata o doutor Ribeiro, a FUNEF também se destaca pela sua preocupação constante com todos os participantes da cadeia de saúde: médicos e colaboradores. Ele destaca que os colaboradores são atendidos, por exemplo, com setores de repouso, ensino permanente, cursos e instalações adequadas. E aos médicos são oferecidos centro cirúrgico qualificado e amplo para a realização de grandes intervenções sob absoluta segurança, e, recentemente, uma sala de estar diferenciada e equipada para o bem estar e momentos de descontração. “Contribuímos para a formação dos médicos com serviços de Residência Médica (Radiologia e Serviço de Cirurgia Digestiva), os quais alcançaram grande repercussão pela qualidade de ensino proporcionado. Talvez nossa maior inovação seja a aplicação prática no sentido da humanização, na instituição considerada como grande objetivo e atingida com reconhecimento público, somos classificados pela ONA como Hospital de Excelência”.
“Proximamente em nosso plano estratégico se inclui as salas inteligentes no Centro Cirúrgico, passo inicial para a Cirurgia Robótica”
Doutor Marcial Carlos Ribeiro, diretor superintendente do Hospital São Vicente 41
PESQUISA
Marcas do
coração
Pesquisa revela o ranking das marcas preferidas do consumidor da Nova Classe Média. Entretanto, 46% deles disseram que nenhuma marca conquistou ainda o coração A cada dia mais e mais empresas querem conquistar a Nova Classe Média brasileira. Porém, mais do que ser lembrada, o desafio das marcas é estar presente no coração desses consumidores. O levantamento realizado pelo Data Popular, instituto especializado nas classes emergentes, que entrevistou neste ano 22 mil pessoas em 153 cidades a respeito de 17 categorias, constatou preferências, lacunas e mudanças no comportamento dos consumidores da classe C. De acordo com Renato Meirelles, sócio diretor do Data Popular, “as empresas precisam entender que a Classe C deixou de ser um nicho de mercado para se tornar o próprio mercado. Quem deseja ser líder de mercado hoje, obrigatoriamente, tem que ser líder na Nova Classe Média brasileira. Nossa pesquisa mostra claramente este abismo que ainda existe na comunicação das marcas com este público. São 46% de consumidores sem uma marca preferida, ou seja, este consumidor ainda não conseguiu se identificar com a mensagem que vem enraizada com estes produtos. Ele não se reconhece ali. E se você for pensar que 84% deles são fiéis as marcas, é evidente que esta fidelidade não está sendo aproveitada pelas empresas. É um grande mercado que está à deriva”. Segundo a pesquisa, as famílias da Nova Classe Média brasileira gastaram em 2011 R$ 1,03 trilhão. Com uma ampliação de 228,3% nos gastos com produtos e serviços, tornando-se protagonista do Brasil atual. O levantamento ainda aponta que ela considera importante a recomendação de parentes e amigos para a escolha de uma marca. 42
Conforme o estudo, 79% afirmam confiar mais na indicação de um amigo ou parente do que na propaganda da TV. Sendo que 65% dos adultos emergentes fazem propaganda boca a boca contra 19% na elite. As categorias citadas são: Eletrônicos (72,6%); Automóveis (69,9%); Alimentos (68%); Eletrodomésticos (67,3%); Celulares (61,6%); Restaurantes (59,4%); Produtos de beleza (56,1%); Lojas (54,2%); Roupas (53%); Promoções em geral (66%).
Em relação ao passado, a Nova Classe Média Brasileira tem dado hoje mais importância às marcas de: Alimentos 54% Computadores 47% Automóveis 45% Eletrônicos 41% Celulares 39% Eletrodomésticos 38% Sapatos 37% Produtos de Beleza 36% Roupas 32%
Fidelidade Infiel Fiel 84% 16%
Marcas do coração da Nova Classe Média Brasileira: 1ª
Cartão de crédito
50,9%
2ª
Companhia aérea
50,0%
3ª
Bebidas não alcoólicas
48,8%
4ª
Cosméticos
35,1%
5ª
Alimentos
32,3%
6ª
Telefonia móvel
29,3%
7ª
Material de limpeza
28,1%
8ª
Bebidas alcoólicas
27,1%
9ª
Banco
25,8%
10ª Automóveis
21,2%
11ª
Eletroeletrônicos
20,2%
12ª
Informática
18,1%
13ª
Varejo de moda
15,4%
14ª Higiene pessoal
14,5%
15ª
Roupas
12,0%
16ª Varejo de eletroeletrônicos 10,0% 17ª
Calçados
9,2% 43
COMEMORAÇÃO
Quatro décadas
de história Berço de grandes empresas, a Cidade Industrial de Curitiba precisa de melhorias para continuar crescendo
Neste ano, a Cidade Industrial de Curitiba (CIC) vai completar 40 anos de existência. Considerada um dos mais modernos e diversificados centros de produção do Brasil, a região, praticamente vazia até 1973, concentra hoje aproximadamente 5 mil empresas. No total são 570 indústrias, quase dois mil estabelecimentos comerciais e outras 2.480 empresas de serviços. Juntas, elas geram 60 mil empregos diretos e 170 mil indiretos. As indústrias, muitas pertencentes a grupos multinacionais de destaque no mundo, fazem da CIC a área de maior concentração de tecnologia, produtos estratégicos e empregos de alta qualificação do Paraná. Dentro dos 43,7 milhões de metros quadrados que se destinaram à Cidade Industrial de Curitiba, além do complexo industrial, formou-se o maior bairro populacional de Curitiba, com mais de 160 mil habitantes. O grande desafio para a CIC continuar crescendo é resolver o gargalo de Logística (acesso) existente na região. Sendo o principal dele, o Contorno Sul. Vale ressaltar que a Associação das Empresas da Cidade Industrial de Curitiba (AECIC) vem reivindicando há bastante tempo junto aos 44
órgãos responsáveis, notadamente ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) uma solução para essa questão. E o resultado deste trabalho foi viabilizar que o projeto de revitalização do Contorno Sul finalmente fosse realizado, com a conclusão prevista para fevereiro de 2013 e o início das obras no mesmo ano. Outro acesso que vem causando transtorno é a Linha Verde, principal ligação da CIC com a região norte da cidade. Invariavelmente, nas horas de pico, essa via fica congestionada, dificultando que trabalhadores que a utilizam cheguem atrasados aos seus postos de trabalho. Celso Gusso, presidente da AECIC, enfatiza a importância do acompanhamento político da prefeitura nos trabalhos da primeira etapa (projeto) para revitalização do Contorno Sul que está em fase final de conclusão e na segunda etapa (realização das obras) já prevista no orçamento da União. “Como as soluções para a Linha Verde são importantes para o escoamento da produção e fez parte da Campanha Eleitoral, esperamos que sejam implementadas já no início da gestão do Prefeito eleito, Gustavo Fruet”.
ENTREVISTA
SEM ELA,
como INOVAR? Senador Cristovam Buarque (PDT/DF) diz que empresários devem pressionar o governo para que a educação no Brasil seja prioridade
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Como o senhor avalia o nível da educação no País?
Cristovam Buarque - Trágico. Estamos entre os piores do mundo. Inclusive daqueles países que tem o mesmo tamanho que o nosso Brasil. Essa análise é na totalidade do nosso ensino. A nossa escola no geral é muito ruim. E no ensino público é onde está a nossa maior tragédia. Não adianta termos uma escola ou outra boa no ensino privado. Quando a maioria não tem boa escola não é necessário estudar muito, pois não há concorrência. No nosso País quem fala inglês é poliglota. Quem sabe regra de três é matemático. Quais os principais gargalos da educação?
Cristovam Buarque - O nosso principal gargalo é político. A falta de vontade em querer resolver a educação brasileira. Só cuidamos das coisas do rico. E somos um povo que não gosta de estudar. Em sua opinião, a educação deveria ocupar qual posição no rol de prioridades do governo federal? Hoje ela ocupa qual posição?
Cristovam Buarque - Nos EUA o setor empresarial pressiona o setor político para se ter educação de qualidade. Aqui os nossos empresários pressionam por portos, estradas, hidrelétricas. E não para se pagar bem professores, para se ter professores bem formados. Daqui dois anos teremos eleições presidenciais, vamos ver se teremos entidades industriais, como a CNI, por exemplo, questionando os candidatos em relação a ter a educação como a número um na lista de prioridades. Ao invés disso, teremos discussões sobre incentivos fiscais, infraestrutura. Mas depois, esses mesmos empresários pagam um alto preço. As empresas podem contribuir de que forma para que os atuais e os futuros trabalhadores exerçam suas funções com qualidade?
Cristovam Buarque - Pressionando politicamente para que haja mudança, transformação na nossa educação. E em relação ao preparo tecnológico dos trabalhadores, como a educação através dos cursos profissionalizantes, qual a sua análise?
Cristovam Buarque - O primeiro lugar. Penso que hoje ristovam Buarque - Se não tivermos um ensino esteja entre a oitava ou décima posição. Depois da economia, segurança, saúde... É possível acreditar em empresas competitivas, inovadoras, num País em que não se investe em educação de qualidade?
Cristovam Buarque - Não é possível. Nós apenas executamos. As nossas indústrias produzem automóveis, mas não há nenhum automóvel criado pela nossa indústria brasileira. Nós não criamos, nós não somos um País criador. Nossos empresários não tem atração pela inovação e sim pela cópia. Para que isso mude é preciso uma revolução na nossa educação. A universidade tem pavor de empresário. Isso precisa mudar, pois esses dois segmentos precisam estar em sintonia. Em alguns países, como Alemanha e EUA, a educação é direcionada para entregar os profissionais prontos ou muito perto disso para as empresas. Enquanto que no Brasil, as empresas precisam preparar essas pessoas. Como o senhor analisa isso? 46
fundamental de qualidade não vai dar certo. Não existem mais operários, mas operadores. E eles precisam de conhecimento em matemática. Precisam saber português, inglês. Mas saem das escolas despreparados. O governos não tem que investir em cursos profissionalizantes, mas no ensino fundamental. Precisamos de uma escola de base forte. Não adianta querer consertar depois do desastre feito. Há esperança?
Cristovam Buarque - Prova de que estamos mudando é uma revista direcionada a empresários estar discutindo esse assunto.
Para o Senador Cristovam Buarque o berço da desigualdade está na escola. Ele defende que o caminho da escola igual para todos, igual e de qualidade, é possível por meio da FEDERALIZAÇÃO da educação de base no Brasil.
ANTES DE ALUGAR FALE COM A ELBA...
terceirização de frota
Ligue 2106 2939 | www.elbalocadora.com.br DESDE 1954
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