D O M U S E U PA R A A S R UA S SADOMASOQUISMO FAT I S B E A U T I F U L G U N S M I T H C AT
Foto: Junichi Hakoyama
ARTE.CULTURA.SOCIEDADE
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ART.URBe se apresenta para colaborar, agregando conteúdo e qualidade ao contexto que envolve inúmeras publicações existentes, acreditando sempre que a Cultura é acima de tudo, um valor maior e potencialmente transformador. Arte, cultura e sociedade são apenas referências cognitivas, marcos lógicos de um universo realmente infinito. Nesta edição, apresentamos uma pequena parte de nosso conteúdo já preparando você, para inúmeras novidades em um futuro bem próximo. Obrigado por prestigiar nosso trabalho. Dimas Mendes Jr. ART URBe
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NESTA EDIÇÃO
DO MUSEU PARA AS RUAS
FOTOGRAFIA É ARTE?
MAIS QUE PRAZER E DOR
CUBISMO = TATOOS SURREAIS
FAT IS BEAUTIFUL
FOTOGRAFIA: ROGER BALLEN
ILUSTRAÇÕES DE GUNSMITHCAT
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Foto: Junichi Hakoyama
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FOTOGRAFIA É ARTE? Este dilema acompanha várias formas contemporâneas de expressão artística. A questão é que o conceito de arte varia de acordo com o tempo, cultura e valores. Quando se faz referência à arte estamos na verdade falando de uma construção conceitual instável e que fica de certo modo submissa à retórica, ao sentido das palavras que lhe inferem o sentido e o valor. Como disse Marcel Duchamp "será arte tudo o que eu disser que é arte." Desta forma, o conceito e o valor da arte correspondem a elementos que são exógenos à sua produção, dependendo assim de que lhe seja de alguma forma, atribuído este sentido.
“Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração.”
Cartier Bresson
A Fotografia pode ser uma forma de arte. Mas como isso acontece?
O que define uma foto como elemento de expressão artística? ART URBe - #01
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storyville prostitutes E.J. Bellock, 1912 ART URBe - #01
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A palavra “fotografia” tem sua origem no idioma grego, mais precisamente nas palavras photós (luz) e graphía (escrita), “escrita da luz” ou “desenhar com luz”. A luz desenha a sombra e registra uma imagem no fotograma. Nossa rotina está repleta de objetos em movimento, alquimias de vidas e signos, vazias de sentido até o momento em que um obturador, extensão mecânica do olhar humano, aprisiona e congela um determinado instante. Na verdade, se a fotografia é mais que o registro de um momento no tempo e no espaço e a imagem apresentada pode ter sua representação definida estética e conceitualmente, o resultado pode ser considerado arte. Se a foto for tratada como peça única e devidamente elaborada , manifestar além da visão interior do fotógrafo alguma habilidade, despertar um certo tipo de prazer e senso de beleza, por que não defini-la como arte? Pode-se considerar que a invenção da fotografia tenha alterado a natureza conceitual da arte. É um argumento válido, observando que até o começo do séc. XIX os instrumentos de produção e reprodução da realidade estavam concentrados na habilidade, nas ferramentas e nas mãos dos artistas plásticos através de pinturas e esculturas. Com a invenção da fotografia transfere-se o eixo da criação para o olhar do artista que define o que, quando e como a câmera vai efetuar o registro. Para encerrar poderíamos pontuar da seguinte forma: se por trás da câmera estiver um artista, a fotografia será arte. Dimas Mendes Jr. / ART. URBe
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DalĂ Atomicus, de Philippe Halsman ,1948
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DO MUSEU PARA AS RUAS
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DO MUSEU PARA AS RUAS Em Paris, pinturas de artistas pouco conhecidos ou mesmo esquecidos nos corredores de algum museu, ganharam as ruas e puderam ser apreciadas. O artista francês Julien de Casabianca teve este insight ao apreciar no Louvre, uma pequena menina no canto de uma das obras menos conhecidas. Segundo ele, imediatamente veio o impulso de liberta-la daquele claustro e dar-lhe uma “segunda vida”. Simplesmente pegou seu telefone tirou uma foto, imprimiu em papel de parede e aplicou em um edifício da periferia da capital francesa, onde agora, a menina do quadro acompanha o passo apressado dos transeuntes. Depois disso, diversos amigos e conhecidos seguiram o exemplo e atualmente estampam em muros e paredes, geralmente em estado de abandono ou deteriorados, recortes das obras de artistas anônimos da pintura clássica. A ideia se transformou em um projeto que ganhou o nome de WORLD PARTICIPATIVE PROJECT. Casabianca explica: “Nossa missão não é para reparar o mundo, mas podemos ajudar", disse ele. "Temos sempre grandes momentos enquanto aplicamos as obras, interagindo com moradores e vendo como eles adoram estas grandes pinturas." Os artistas podem até mesmo receber pequenas doações para ajudálos com o custo da impressão da artwork. Eles são incentivados a usar cola e papel de parede, não danificando o patrimônio alheio e optar por paredes sujas e em decomposição - estas são mais bonitas e a arte lá provavelmente vai durar mais tempo, uma vez que seus proprietários aparentemente não se preocupam em mantê-los limpos. Para participar é preciso apenas acessar o site do projeto – www.outings-project.org - e seguir as instruções. Fonte e fotos: outings-project.org e Instagram ART URBe - #01
Dimas Mendes Jr.
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MAIS QUE PRAZER E DOR
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MAIS QUE PRAZER E DOR. Valores e preconceitos à parte, o underground dos desejos e das taras sempre foi mantido na névoa e na escuridão, talvez por ser o que de mais verdadeiro exista em nós, seres humanos. SADISMO: Sadismo é o termo que designa o ato de alcançar e obter o prazer pelo exercício do domínio sobre o outro, pela imposição do sofrimento físico e moral. Ao contrário do que muitos imaginam o sadismo possui na palavra, na oralidade um dos seus recursos mais eficientes. O conceito remete ao francês Marquês de Sade, escritor e filósofo que dedicou sua produção literária e vida pessoal aos aspectos mais viscerais e venais da sexualidade. O sucesso e a polêmica causadas pelas obras publicadas entre os séculos XVIII e XIX o levaram à prisão e exemplificam o interesse que há muito existe pelo assunto. MASOQUISMO: A expressão masoquismo, tendência a se buscar a obtenção do prazer, ao ser vítima do domínio ou de atos de crueldade e humilhação (sofrimento físico ou moral) tem inspiração no nome de Leopold von Sacher-Masoch. Leopold foi um escritor e jornalista austríaco que viveu no séc. XIX e baseou seu trabalho na observação e descrição desse comportamento. Algumas pesquisas demonstram que durante a prática do sadomasoquismo os níveis de uma substância chamada cortisol – relacionada ao stress – cai drasticamente nos submissos, o que aproxima a dor do prazer. Em outra pesquisa o resultado indica que os níveis de dopamina – neurotransmissor do prazer - acaba sendo liberado em altas doses como recompensa aos estímulos causados pela dor. O resto fica entre quatro paredes. Por ART.URBe ART URBe - #01
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FAT IS BEAUTIFUL
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FAT IS BEAUTIFUL! A ditadura da magreza e da gordura zero, do corpo simétrico sem estrias ou falhas. Este vem sendo o modelo buscado, perseguido e idolatrado nas últimas décadas. Há aqueles que questionam todo esse conceito de perfeição estética e buscam através da produção artística, trazer novas perspectivas e horizontes de reflexão filosófica e ao mesmo tempo objetiva, sobre as nuances da beleza e dos modelos e moldes impositivos da indústria cultural e da sociedade. Como exemplo apresentamos o trabalho do fotógrafo Yossi Loloi e o ensaio batizado de Full Beauty Project. Iniciado em 2006, foi elaborado para como dissemos, desafiar padrões e modelos aceitos de beleza e estética do corpo feminino. São modelos plus size, fotografadas nuas. O fotógrafo explica: "As mulheres de tamanho grande sempre me fascinaram. Eu tive um impulso muito forte para mostrar algo que normalmente as pessoas não conseguem ver. Eu gosto da serenidade das modelos retratadas e para mim, as suas formas são a coisa mais interessante que eu já vi na minha vida. " As modelos retratadas tem entre 25 e 50 anos e chegam a pesar entre 140 e 250 kg. O fotógrafo argumenta que buscou retratar mulheres inquestionavelmente belas em busca de aceitação em um mundo cheio de paradigmas e formas pré determinadas, que mostram com uma dignidade impressionante, aquilo que a maioria das mulheres, não exitaria em gastar somas enormes para consertar. Olhando fixamente para as modelos, somos obrigados a repensar nossos próprios padrões e aceitar que o belo, nem sempre é a beleza que nos apresentam. mais em: FullBeautyProject.com Por ART URBe
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CUBISMO = TATOOS SURREAIS
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HISTÓRIAS + CUBISMO = TATOOS SURREAIS A Arte Cubista ou Cubismo teve seu apogeu no início do século XX. Inspiração para os diversos segmentos das artes visuais, há pelo menos duas pessoas tentando reanimá-lo hoje de uma forma diferenciada: com a pele de outras pessoas. A pele no lugar das telas ou plataformas convencionais e a tatuagem como forma de expressão artística, fazem de Jade Tomlinson e Kev James, o duo artístico por trás da Expanded Eye. Utilizandose de uma metodologia toda própria, criam belas tatuagens cubistas, trazendo ao movimento artístico e revolucionário de antes, um certo tempero de contemporaneidade. Eis a explicação dos artistas sobre seu processo criativo: "Cada tatuagem que criamos é única. É a nossa interpretação visual de conceitos e histórias fornecidos pelo cliente e que possuem um significado importante para o indivíduo. Abrangemos o máximo de detalhes pessoais, permitindo a cada projeto evoluir organicamente em uma obra de arte contemporânea, que em seguida é transferida do papel para a pele. “ Seu estilo é considerado especialmente apropriado pelos entusiastas da tatuagem e vem causando impacto positivo ao segmento que cada vez mais, marca território na campo das artes.
Mais em: expandedeye.com Por ART URBe
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Fotografia: ROGER BALLEN
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ROGER BALLEN A obra do norte americano ROGER BALLEN situa-se naquele estranho lugar onde nada é simples ou rotulável. São imagens que reverberam em algum lugar bem no fundo da mente, na ambiguidade das percepções. A sensação de receber um soco inesperadamente. De acordo com o fotógrafo é “crucial que as imagens existam na realidade ambígua; um lugar que não é definido nem por documentação nem por fantasia.” É exatamente isso que encontramos na primeira exposição de Ballen que ocorreu em Setembro no MAC USP (2015), a primeira na América do Sul. A câmera revela o olhar cru e áspero do artista sobre a natureza, loucura e animalidade que vivenciou durante os anos que trabalhou como geólogo em áreas de mineração da África do Sul. A curadoria da exposição apresenta Roger Ballen como “autodidata, inicialmente interessado, pela chamada fotografia de rua (street photography), buscando desde situações fortuitas até a sua primeira proposição temática, o universo dos meninos em diferentes culturas. Em 1982, ao se mudar para a África do Sul - onde vive até hoje -, começou por documentar a arquitetura vernacular das áreas rurais do país e logo trocou as fachadas pelo interior das residências. Da peculiaridade desses espaços íntimos, o enfoque se transpôs, em seguida, aos próprios habitantes. A partir de 1995, com a série Outland, Ballen passou a desenvolver imagens fundamentadas nas teorias junguianas, que resultam no que seria a principal transformação em seu trabalho: Ballen deixou a fotografia documental para investir na criação de imagens híbridas, que mesclam realidade e ficção, o documental e o teatral, o simples retrato e o tableau.” Por ART URBe ART URBe - #01
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AS ILUSTRAÇÕES DE GUNSMITHCAT
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AS ILUSTRAÇÕES DE GUNSMITHCAT Particularmente considero que a Arte tem a função de tirar o espectador, o voyeur, da zona de conforto. Provocar algum tipo de sensação. Em um primeiro e superficial contato, as ilustrações coloridas do artista espanhol Gunsmithcat (aka Luis Quiles) beiram a inocência, até que você se detem um pouco mais. É uma combinação de eventos da vida real e assuntos atuais misturados com numerosas referências à cultura pop, mundo do cinema, jogos, TV e tecnologia. Tudo muito carregado de realismo, embora as cores e os traços nas ilustrações remetam à outro sentido.
Suas ilustrações confrontam e apresentam uma gama de questões complexas e controversas: homofobia, sexismo, censura, a ganância corporativa e até mesmo violência infantil. As ilustrações de Gunsmithcat são um lembrete do lado mais obscuro da sociedade moderna, um olhar cru e inabalável sobre a natureza tortuosa da psique humana. Apenas mais um artista contemporâneo?
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