O MUNICIPAL N.º 351 - Abril/2010
entrevista E m a n u e l S a b i n o V i e i r a G o m es P r es i d e n t e d a C â m a r a M u n i c i p a l d e M a c h i c o
MA C HI C O Elevada à categoria de cidade a 2 de Agosto de 1996, Machico é a localidade mais antiga da ilha da Madeira e foi aqui que desembarcaram, pela primeira vez, os descobridores da Madeira, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, entre 1418 e 1420. A origem do nome de Machico não é pacífica. Há quem o associe à serra de Monchique, no Algarve, pela semelhança com a região, mas há também quem o ligue à lenda dos amantes ingleses Robert Machim e Ana d´Arfet. O crescimento económico a que Machico assistiu no século XV, principalmente com a exportação de cana de açúcar, favorece a expansão de várias famílias machiquenses, entre as quais, a família dos Capitães-Donatários, a qual vai erigir a Igreja Matriz de Machico, em finais do século XV, tendo como orago Nossa Senhora da Conceição. Com uma população de 21.747 habitantes (Censo 2001) e uma área de 68,3 km2, Machico é composto pelas freguesias de Água de Pena, Caniçal, Machico, Porto da Cruz e Santo António da Serra. É na freguesia de Caniçal que existe a única praia de areia de origem vulcânica de toda a ilha. Situado no extremo oriente da ilha da Madeira, o município é limitado a sul pelo de Santa Cruz, a oeste por Santana, sendo banhado pelo oceano Atlântico a norte e a leste. Apesar de ser uma área de costa, a sua morfologia é marcada por vários montes e serras, como a do Castanho, a do Pedreiro, a do Pico da Coroa e Penha de Águia.
O Municipal - “Cousas de mercar, de manjar, de beber e de folgar”, é a expressão que caracteriza o Mercado Quinhentista, que teve início no dia 4 de Junho de 2010. Qual é o envolvimento e a receptividade da população de Machico nesta iniciativa, que já vai na sua 5.ª edição? Emanuel Sabino Gomes - O envolvimento da população do concelho tem vindo a crescer em termos qualitativos e quantitativos, numa prespectiva que entendemos ser sustentada e que de alguma forma dá-nos garantias de continuidade, através da participação das escolas básicas do 1º ciclo, das associações culturais e recreativas e de uma instituição que é nossa parceira no projecto “Mercado Quinhentista”, a escola Básica e Secundária de Machico. Este projecto ultrapassou o espaço escolar, hoje, ele é um projecto da comunidade; um cartaz turístico-cultural que a cada edição que passa ganha maior pujança no panorama cultural da Região, por ser único.
O Municipal - O Museu da Baleia da Madeira, sob tutela do Município de Machico, é um testemunho de toda a história da caça à baleia e das actividades a ela associadas, desenvolvendo um conjunto de estudos sobre os cetáceos no arquipélago da Madeira. Quando foi criado? Que tipo de apoios obtém de outras entidades? Emanuel Sabino Gomes - O Museu da Baleia foi criado por deliberação municipal em 1989 e a sua inauguração veio a concretizarse em 1990. Actualmente, todo o espólio do museu está a ser transferido e instalado num novo espaço, desenhado para testemunhar a memória colectiva de uma comunidade piscatória associada à Caça da Baleia. Esta foi uma actividade económica que outrora fora o ganha-pão de muitas famílias da Vila do Caniçal. O Museu da Baleia é uma instituição que alia a vertente educativa, enquanto, equipamento museológico à componente de investigação científica, projectando-se
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Porto da Cruz
para o futuro como uma mais-valia regional e nacional como componente de turismo científico no estudo dos cetáceos, o que permite à Direcção do Museu da Baleia dispor de apoios comunitários que financiam a sua actividade científica e toda a produção teórica resultado da investigação. O Municipal - Sendo Machico a localidade mais antiga da ilha da Madeira, é de crer que existam muitos vestígios arqueológicos. Quais as medidas tomadas para a sua recolha e preservação? E quais as áreas que estão a ser alvo de intervenção? Que género de iniciativas são tomadas como forma de consciencializar a população para a conservação do património arqueológico? Emanuel Sabino Gomes - O Município de Machico tem um gabinete de arqueologia afecto à autarquia. Este facto tem-nos permitido uma intervenção mais incisiva no domínio da recolha de vestígios arqueológicos, os quais são um contributo funda
mental para conhecermos a história local. Os trabalhos arqueológicos levados a cabo no concelho, têm permitido a recolha, o estudo, a conservação e divulgação de importantes artefactos, e mais importante, possibilitou que fossemos capazes de instalar dois núcleos museológicos na cidade: o da Junta de Freguesia de Machico e o do Solar do Ribeirinho. O trabalho de consciencialização da comunidade tem-se realizado com recurso à edição de várias publicações temáticas no âmbito do património cultural material e imaterial do Concelho de Machico, ainda com acções de formação junto da população estudantil, visitas de estudo pelo roteiro patrimonial de Machico, entre outras medidas que achamos adequadas.
O Municipal - À semelhança de outros municípios por todo o País, também Machico tem uma especial preocupação com os temas relacionados com o ambiente e qualidade de vida. Que género de campanhas de sensibilização tem sido feita junto dos jovens e da população em geral?
Machico
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Emanuel Sabino Gomes - Acreditamos que a sensibilização da comunidade através de campanhas temáticas com recurso a diferentes linguagens publicitárias é um processo eficaz e apropriado para veicular uma mensagem de compromisso comunitário em matéria de defesa e promoção do ambiente e da qualidade de vida. Estas são matérias da responsabilidade de todos. O Departamento de Ambiente do município tem desenvolvido um trabalho pedagógico com as instituições educativas locais, no sentido de que o programa de educação ambiental autárquico não seja apenas um projecto no papel, seja partilhado por todos os cidadãos. Quando falamos de jovens cidadãos, a mensagem é transmitida essencialmente através de jogos pedagógicos de cariz ambiental porque entendemos que a linguagem lúdica é o meio privilegiado para transmitir e mais importante incutir valores ambientais na população juvenil. O Municipal - Machico é um dos municípios contemplados com “A Loja de Juventude”, criada pelo Instituto de Juventude de Madeira. Em que consiste este projecto? Qual tem sido a adesão por parte da população jovem? Emanuel Sabino Gomes - “A Loja da Juventude” assumese como um projecto de vanguarda para os concelhos da Região. Este espaço caracteriza-se pela multiplicidade de serviços de apoio aos jovens e ao próprio movimento associativo juvenil do Concelho de Machico. A “Loja de Juventude” disponibiliza aos seus utilizadores um espaço multimédia que permite o mais variado tipo de consultas na Internet, apoio especializado em matéria da criação e funcionamento de uma associação, espaço de leitura, entre outras funcionalidades. Destaco o facto da loja ser gerida por jovens residentes no concelho que disponibilizam algumas horas ao serviço da comunidade. É um projecto cuja adesão tem sido satisfatória, é um conceito de gestão diferente do clássico, o que no nosso entender beneficia pela sua informalidade. O Municipal - Em termos de infra-estruturas, quer
Ribeira Seca - Machico
educativas, quer desportivas, considera que o Município de Machico está bem equipado? Emanuel Sabino Gomes - Sim. O concelho hoje está dotado de um parque escolar e desportivo significativo. A população de todas as freguesias dispõe de condições físicas para o desenvolvimento de uma prática desportiva saudável, com recurso aos mais modernos sistemas de ginástica de manutenção, de equipamentos que outrora eram impensáveis disporem no seu quotidiano. As crianças não têm que se deslocar para a freguesia vizinha, pois, as nossas escolas estão apetrechadas significativamente para oferecerem as condições ideais aos alunos durante o período de aulas. O Municipal – A criação de muitas e boas acessibilidades na ilha da Madeira tem sido notória e satisfatória? E a nível municipal? Emanuel Sabino Gomes - Sim. Apostou-se nas pessoas e na sua qualidade de vida. Isso está à vista de todos. A ausência de uma boa rede viária é sinónima de atraso económico caracterizado pela paralisação do desenvolvimento das zonas mais rurais e pela desertificação humana. Foram criadas as infra-estruturas necessárias para uso da população e para potenciar o investimento privado. Este é um trabalho comunitário e de proximidade com o Governo Regional.