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Diretrizes para Submissão e Publicação de Trabalhos
Ano II, Volume II Dezembro/2013
Estas diretrizes editoriais têm o objetivo de garantir instruções para submissão
e publicação na revista
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, a qual é uma iniciativa do Grupo de Estudo de
Educação a Distância (GEEaD) do Centro Paula Souza, de periodicidade semestral, cujo objetivo é realizar a promoção e divulgação de pesquisas na área de educação a distância. Comissão Editorial Sasquia Hizuru Obata Dilermando Piva Júnior José Vitório Sacilotto Luiz Antônio Koritiake Rogério Teixeira
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sUMÁRIO
Esta edição é composta por artigos que foram enviados na chamada de trabalhos. Recebemos vários artigos, todos de excelente qualidade, e tivemos que optar por alguns em virtude da limitação do número de páginas da revista. Agradecemos à todos que nos enviaram seus trabalhos e queremos continuar contando com a colaboração de todos no desenvolvimento deste projeto. Equipe Geead
A Docência e o Processo de Avaliação na EaD. ..............................
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Comunicação e Interatividade na Mediação Pedagógica nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem. ..................................
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O Papel do Designer Instrucional na EaD como Gestor no Processo de Aprendizagem. ..................................
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Inovaçoes Tecnológicas para EaD: Necessidade ou Opção? ..................... 23
Objetos de Aprendizagem na Construção de Material Didático para Educação a Distância: Uso do EDUCAPLAY. ...................................
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Determinação e Permanência dos Estudantes nos Cursos Técnicos a Distância: Um Estudo de Caso. .......
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A DOCÊNCIA E O PROCESSO DE AVALIAÇÃO NA EAD. Profa. Giulliana Panzer Sobral
Resumo O presente trabalho procura identificar e analisar o processo de avaliação e as características da modalidade de ensino a distância, bem como o papel da docência nesse processo. Ressalta a necessidade e recorrência desse método de ensino, pelo forte apelo social das novas tecnologias de informação e comunicação. Introduz uma relação com as práticas de ensino nos cursos a distância, as concepções fundamentais de avaliação e o que dizem alguns especialistas e o que a literatura versa sobre esse tema. Em seguida, descreve o papel dos tutores, orientadores e docentes, o método de ensino e da avaliação de aprendizagem e a importância das etapas deste processo, na constituição de uma educação de qualidade. Espera-se, assim, os ensaios de alternativas que viabilizem uma educação cada vez mais voltada para o aprender a aprender, no tocante ao uso dessa metodologia, para que faça cada vez mais parte da prática docente e da vida cotidiana dos alunos. Palavras-chave: Educação a Distância; Tutor; Orientador de Aprendizagem; Formação Docente; Avaliação.
1. Introdução Em toda a sua história, a humanidade tem passado por constantes processos de evolução e transformações, porém, mesmo diante de tantas mudanças, um aspecto acompanha o ser humano desde o seu aparecimento: a busca incessante pelo conhecimento. Constata-se, que o conhecimento adquirido, sobretudo desde a segunda metade do século XX, é demasiadamente expressivo de maneira que não é mais possível adquiri-lo, gerenciá-lo ou transmiti-lo nos moldes tradicionais. Daí a utilização das várias tecnologias de informação e comunicação, possibilitando a modalidade de ensino a distância, permitindo que o processo de ensino-aprendizagem se transforme paradigmaticamente, ou seja, comece a ser empregada na construção do conhecimento. Tendo em vista a formação do aluno nos cursos técnicos presenciais e, baseado na metodologia de EAD proposto pelo programa Telecurso TEC, surge a necessidade de analisar e rever as formas de avaliar o aluno. Assim, organizou-se este artigo, cuja abordagem vale-se de pesquisa empírica a partir dos resultados obtidos nas atividades pedagógicas de cursos técnicos da área de gestão e negócios do Telecurso TEC, bem como de uma revisão bibliográfica embasada em publicações científicas em torno do assunto em questão, com a finalidade de analisar o processo de avaliação do Telecurso TEC, compreender a metodologia de ensino-aprendizagem acerca das práticas de ensino na EAD, identificar as etapas do processo de avaliação do aluno, comparar os métodos, instrumentos e critérios de avaliação nos cursos técnicos presenciais com os utilizados nos cursos técnicos EaD, problematizar a expectativa e dificuldade do aluno em 4
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compreender o processo de avaliação formativa, discutir a necessidade de diversificar instrumentos, critérios e métodos de avaliação, considerando-os como parte integrante da menção do aluno, ao longo do semestre letivo. Nesse sentido, o papel do docente é fundamental, afinal nesta modalidade de ensino surge o Tutor, o Orientador de Aprendizagem e, portanto, o docente passa a ser o sujeito mediador no processo de ensinoaprendizagem, deixando de atuar nos moldes tradicionais, conduzindo o aluno a uma aprendizagem significativa. Além disso, objetiva-se apontar direções de como o EaD pode contribuir no avanço do processo de ensino-aprendizagem, analisando criticamente a avaliação processual, sobretudo no campo do ensino dos cursos técnicos em EaD. A metodologia da EaD pressupõe uma atitude proativa e empreendedora por parte do aluno – o protagonismo. Para apoiá-la, é fundamental que a pessoa também apresente uma postura diferenciada e autônoma na atuação como tutor/orientador de aprendizagem, conhecendo os alunos e identificando a forma mais estimulante de trabalhar com eles. E isso só será possível se cada um adotar uma forma própria de fazer, de ensinar e aprender. (TELECURSO TEC, 2010). Neste artigo, encontraremos informações sobre as atribuições das atividades e a descrição de papel e funções do tutor e do Orientador de Aprendizagem. Com o intuito de analisar a docência, o processo de avaliação e o Ensino a Distância no processo de ensinoaprendizagem na educação profissional, este documento ora intitulado “A docência e o processo de avaliação na EaD”, a presente pesquisa, se organizou em torno de três tópicos. O primeiro tópico aborda a docência na concepção de mediação na modalidade EaD. Em seguida, retrata o papel do tutor, do orientador de aprendizagem no ambiente virtual como instrumento de auxílio no fortalecimento de novas metodologias de ensino. Nesse sentido, o terceiro e último tópico visam detalhar os métodos utilizados e o processo de avaliação nessa modalidade de ensino, realizando uma análise crítica ao critério de avaliação para a aprovação do aluno ao próximo módulo do curso, justificando a importância do ensino à distância no processo ensino-aprendizagem em cursos técnicos.
2. A docência “O exercício da docência nunca é estático e permanente: é sempre processo, é mudança, é movimento, é arte; são novas caras, novas experiências, novo contexto, novo tempo, novo lugar, novas informações, novos sentimentos, novas interações”. (CUNHA, 2004)
Na EaD, a relação professor-estudante ganha um novo significado: o professor é um mediador do processo de ensino-aprendizagem; ele se descobre como aprendiz de si mesmo ao mediar essa relação junto aos seus estudantes. Concebendo a docência como uma especificidade humana, na modalidade EaD importa destacar que essa presença se materializa na linguagem, por isso é importante que a escrita que se dirige ao estudante, independente da ferramenta utilizada, seja constituída de palavras de gentileza, sem perder o rigor. A docência tem caráter interativo e socioconstrutivo, cujas características essenciais são: domínio do conteúdo em nível científico e didático e sensibilidade para estimular a busca de repostas por parte do estudante, reduzindo e/ou eliminando as distâncias que definem os estudos por essa modalidade.
rede de aprendizagem, espera-se que o aluno tenha um perfil específico, adequado às diretrizes do programa, e que desempenhe suas atribuições com responsabilidade, agindo sempre colaborativamente. A rede de aprendizagem trata-se do processo de aprendizagem em rede, em que o conhecimento é adquirido e compartilhado através de interações e mediações, por meio das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), principalmente através de computadores e internet.
LUCKESI (2011), nos promove uma reflexão dizendo que “O educador tem o papel de “puxar” o educando para frente, uma vez que, na área em que atua e na constituição da sua própria individualização, deve estar mais desenvolvido do que ele. No exercício do papel de mediador da cultura elaborada, é aquele que disponibiliza para o educando experiências que o auxiliem na construção de sua própria individualidade – mas, para isso, precisa já ter processado a sua, ao menos num nível aceitável, pois ajudará o outro a fazê-lo até onde já tiver constituído a própria”. Dessa forma, o educador como adulto na relação pedagógica, propõe conteúdos, recursos e atividades que, respectivamente aprendidas e exercitadas, ajudam os alunos a desenvolver-se, na perspectiva de sua própria autonomia.
• Disposição para o aperfeiçoamento permanente;
Através dos conceitos e abordagens sobre a docência, surge o tutor, na EaD. Segundo Moran (2000), o papel principal do tutor é amparar os alunos em todos os momentos, sanando as dúvidas, orientando-os na resolução dos exercícios, estimulando a pesquisa e a leitura de livros e artigos. Também é sua função acompanhar o aluno durante toda a caminhada, de modo que ele não se sinta desamparado ou sozinho ao longo do processo de aprendizagem.
3. O papel do tutor As tecnologias de informação e comunicação estão ocupando um papel importante dentro da educação, pois além de trazer benefícios pelo compartilhamento de informações, servem também como suporte de acesso e difusão dos recursos de informação, ou seja, uma relevante ferramenta de apoio ao ensino e aprendizagem para a sociedade. Em relação à EaD o aluno é o protagonista do aprendizado, e ao tutor, como educador do programa, compete orientar esse processo, auxiliando-o a desenvolver as competências exigidas pela formação que ele escolheu. O tutor deve apoiá-lo no aprofundamento e no estudo dos conteúdos disponíveis nos materiais didáticos, contribuindo para a formação de um profissional com perfil apropriado para vivenciar as modernas relações de trabalho e os desafios da cidadania. Para desempenhar esse papel de forma eficaz, o tutor também deve ter uma postura proativa e empreendedora, utilizando-se de sua experiência e procurando trocar e aprimorar práticas pedagógicas com os outros educadores do programa, para depois por as ideias em prática nos espaços de interação com seus alunos. Para compor essa grande
O tutor deve possuir formação e perfil específicos, avaliados com base em seu currículo e desempenho profissionais. Além disso, algumas características pessoais, competências e habilidades específicas são necessárias: • Capacidade de organização dos métodos de trabalho; • Capacidade de liderança, aliada à postura proativa e à autonomia intelectual; • Capacidade de expressão e comunicação oral e escrita, especialmente na mediação de debates, na orientação de atividades e na elaboração de sínteses; • Aptidão para o desempenho do papel de orientador e dinamizador de conhecimento; • Capacidade de interpretação, análise e aplicação de recursos didáticos em diferentes linguagens; • Facilidade para a análise de contextos educativos distintos, pautados em conhecimentos pedagógicos, em especial de educação a distância; • Disponibilidade para o planejamento de aplicação da metodologia proposta. Nesse contexto, as escolas desempenham um papel importante na concretização dos objetivos educacionais, pois atuarão ativamente no processo de aprendizagem por meio de variedade de recursos tecnológicos, midiáticos, áudio, softwares em um espaço virtual (Internet) de total interação entre professores e alunos com trabalhos individuais ou em grupo, contribuindo para o desenvolvimento educativo e no atendimento das necessidades de aprendizagem. O tutor oferece apoio e subsídios pedagógicos e metodológicos para que o aluno desenvolva competências e habilidades necessárias e adequadas ao conteúdo curricular do curso pelo qual ele optou.
Em relação aos seus alunos, o tutor deverá:
• Mediar o processo de aprendizagem dos alunos, estimulando o trabalho em grupo e uma postura crítica e empreendedora; • Conhecer o conteúdo do curso de seus alunos, tanto por meio do material didático como de atualizações disponíveis nos meios de comunicação, livros e demais publicações da área; • Realizar o planejamento dos encontros presenciais com antecedência, pautado na metodologia proposta; • Organizar as atividades do grupo de alunos, registrando seus trabalhos e acompanhando o desenvolvimento das competências requeridas nessas atividades; • Orientar os alunos, individualmente e em grupo, para
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a sistematização de seus hábitos e métodos de estudo; • Motivar e orientar os alunos para a necessidade de se aprofundar nos conteúdos estudados no material didático, usando meios diversos de conhecimento (livros, artigos, textos de imprensa, por exemplo); • Oferecer apoio permanente às dúvidas e às sugestões dos alunos em relação à aprendizagem e encaminhar soluções; • Avaliar o desempenho dos alunos por meio da Avaliação Formativa, oferecendo retornos constantes sobre suas dificuldades e êxitos no desenvolvimento das competências e habilidades requeridas, contribuindo para a superação de dificuldades. Estamos falando nos papéis do tutor e, nesse sentido, as atribuições são, da mesma forma, cabíveis ao Orientador de Aprendizagem. De acordo com a metodologia adotada pelo Telecurso TEC, o papel do tutor é semelhante ao desempenhado pelo orientador de aprendizagem que organiza seu encontro com os alunos, perpassando inicialmente por momentos de Sensibilização (mobilizando sentidos, através da contextualização do saber, são momentos de despertar os alunos para o estudo do tema proposto. Iniciando a abordagem do assunto e antes de voltar-se para o conceito, a “teoria”, o orientador adota uma estratégia de contextualização, suscitando associações com experiências e referências culturais deles e relacionando-as, também, às competências e habilidades que eles já possuem. Desta forma, o que poderia a princípio parecer abstrato ou complicado, torna-se familiar e pode despertar o interesse do aluno e a vontade de saber mais. Em seguida, temos os momentos de Organização voltados à investigação e ao aprofundamento do assunto abordado. O ponto de partida é sempre uma situação problema, cuja solução exigirá dos alunos a mobilização dos seus próprios conhecimentos e o raciocínio lógico. E, finalmente, chegamos ao momento da Sistematização do aprendizado e avaliação do desempenho e o desenvolvimento das competências e das habilidades propostas em determinado tema para os alunos. É importante que o orientador os apoie na sistematização do conceito estudado, procurando também identificar pontos a serem retomados posteriormente. O percurso cognitivo que os alunos fazem, ao tentar resolver uma situação problema, no momento anterior, só se completa quando eles compreendem o caminho percorrido e a sequencia lógica dos procedimentos adotados. Desta forma, ele poderá aplicar esses mesmos procedimentos na resolução de outros problemas, em outras situações e contextos. As linhas mestras de referência pedagógica da EaD apontam no sentido contrário a uma pedagogia, que se baseie na transmissão de conhecimentos, no monopólio do saber pelo professor e na consequente passividade dos alunos, considerados meros receptores de informações. O sentido para o qual nos dirigimos em termos de metodologia na condução do processo de ensinoaprendizagem encontra uma boa definição no que Edgar Morin (2002), diz sobre a vantagem de se ter uma “cabeça bem-feita” em lugar de uma “cabeça bem cheia”: O significado de “uma cabeça bem cheia” é óbvio: é uma cabeça onde o saber é acumulado, empilhado, e não dispõe 6
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de um princípio de seleção e organização que lhe dê sentido. “Uma cabeça bem-feita” significa que, em vez de acumular saber, é mais importante dispor ao mesmo tempo de: • Uma aptidão geral para colocar e tratar os problemas; • Princípios organizadores que permitam ligar os saberes e lhes dar sentido. Ao orientar os grupos, é necessário que o tutor perceba as características e competências já desenvolvidas de cada um dos seus alunos: quem desempenha o papel do líder, quem colabora com novas informações, quem organiza o trabalho, quem se preocupa em ir além do que está proposto, quem é original e criativo, quem controla o tempo, quem instiga o grupo, quem resume as ideias. Observa também os alunos apáticos, pouco participativos, ansiosos, apressados, que aceitam qualquer ideia, que criticam sem oferecer alternativa. Quanto mais conhecê-los, melhor poderá orientá-los para que possam desenvolver-se e, principalmente, envolver-se cada vez mais.
4. A avaliação A conceituação de avaliação e sua função é motivo de estudo por inúmeros autores e é parte importante de todo planejamento e durante o processo pedagógico. Conforme Bloom et al. (1971), define: “Avaliação é a coleta sistemática de evidências por meio das quais determinam-se mudanças que ocorrem nos alunos e como elas ocorreram Inclui uma grande variedade de evidências que vão além do tradicional exame final de lápis e papel. É um sistema de controle de qualidade pelo qual pode ser determinada, em certa etapa do processo de ensino – aprendizagem, a efetividade ou não do processo e, em caso negativo, que mudanças precisam ser feitas para assegurar sua efetividade antes que seja tarde.” Avaliar o aluno é uma das principais formas de se comprovar a seriedade e a credibilidade de um processo de ensino, por isso torna-se necessário que num sistema de ensino a distância seja realizado um acompanhamento mais detalhado da evolução da aprendizagem. Segundo Bloom et al. (1971), de acordo com a função que desempenha, as avaliações classificam-se em três modalidades: Avaliação Diagnóstica, Avaliação Formativa e Avaliação Somativa. A Avaliação Diagnóstica encontra-se contextualizada no planejamento de um aprendizado, podendo ser aplicada inicialmente como ferramenta de diagnóstico do prévio conhecimento existente sobre o assunto; durante o aprendizado com uma função Formativa, aproveitando seus resultados como parte para aprimoramento da formação contínua e, ao final dos estudos como Avaliação Somativa para indicar se os objetivos de aprendizagem foram atingidos, e os conhecimentos pelos alunos adquiridos. Na Educação a Distância, assim como exercer a docência através da mediação, uma avaliação mediadora também se faz necessária. Segundo Hoffmann (2012): “A avaliação mediadora exige a observação individual de cada aluno, atenta ao seu momento
no processo de construção do conhecimento. O que exige uma relação direta com ele a partir de muitas tarefas (orais ou escritas), interpretandoas, refletindo e investigando teoricamente razões para soluções apresentadas, em termos de estágios evolutivos do pensamento, da área de conhecimento em questão, das experiências de vida do aluno”. Desenvolver metodologias a serem empregadas na avaliação a distância é um desafio, pois embora o ensino à distância tenha evoluído como um sistema educacional válido, formas de avaliação inovadoras que se adaptem a este modelo são quase inexistentes. Sousa (2005) reforça a ideia de que é possível, por meio das ferramentas disponíveis nos ambientes de aprendizagem, acompanhar de forma sistemática o desempenho do aluno. A seu ver, com as Tecnologias de Informação e Comunicação, abriu-se a possibilidade de uma avaliação processual, por meio do acompanhamento do aluno, por meio de diários, portfólios, nível e quantidade de interação, incidência e qualidade de mensagens, dia, data e horário do envio de atividades e trabalhos, entre outros.
4.1 Conciliando as funções da Avaliação com ferramentas de ambiente virtual de aprendizagem O ambiente virtual (AV) é um espaço fundamental para que os educadores possam construir e expandir conhecimentos. O tutor tem, à sua disposição, ferramentas de comunicação que possibilitam o intercâmbio virtual com seus superiores e com os outros tutores. Em seu artigo Bassani e Behar (2006) destacam que a avaliação da aprendizagem em AVAs deve levar em consideração três perspectivas: avaliação por meio de testes on-line; avaliação da produção individual dos alunos; e análise das interações entre alunos a partir de mensagens postadas/trocadas no ambiente virtual. Laguardia, Portela e Vasconcellos (2007) sugerem que a avaliação da aprendizagem em AVAs deve contemplar as funções diagnóstica, formativa e somativa. Agrupando, por suas funções podemos analisar algumas ferramentas avaliativas abaixo: • Diagnóstica: questionários on-line. • Formativa: chats, Forum, Blogs, Wikis, Portfolios, Mapa Conceitual. • Somativa: tarefa, análise dos trabalhos realizados individualmente ou em grupo, auto-avaliação.
4.2. Avaliação formativa Na Avaliação Formativa, o tutor parte das competências que ele deve avaliar, referentes à formação técnica requerida. Segundo Perrenoud (1999), uma avaliação formativa é aquela que corresponde a uma prática de avaliação contínua que contribua para melhorar as aprendizagens, desde que esteja acompanhada de certa regulação; regulação esta que garanta ou contribua ao menos para as próprias aprendizagens. Entretanto,
nem toda a avaliação processual ou contínua pretende ser formativa porque em determinadas situações, dependendo das realidades de um determinado cenário, não basta os objetivos estarem ancorados a progressão das aprendizagens. Se não houver as mínimas condições para que isso ocorra, como manutenção de certa ordem, animação na relação de trocas, existência de fato, de trabalho, e assim sucessivamente, a intencionalidade de se atingir uma aprendizagem passa a ser apenas intenção, mas não realização.
4.3. A avaliação No que se refere ao Telecurso TEC, a avaliação, que leva em conta as competências, o aluno é examinado não apenas em relação aos conhecimentos que construiu e às atividades que realizou nas aulas presenciais. Também se considera sua capacidade de mobilizar e aplicar conhecimentos, habilidades, valores e atitudes para solucionar situações-problema que o desafiam. Os exames presenciais são elaborados e avaliados pela equipe de especialistas do Centro Paula Souza de Educação a Distância (CPSEAD). Durante o módulo, o aluno recebe informações sobre as inscrições, as datas e os locais onde os exames serão aplicados. O exame presencial é composto por 30 questões de múltipla escolha, sendo que o aluno deve ter o mínimo de 16 acertos para ser aprovado. As menções serão atribuídas da seguinte forma: 16 a 20 acertos, menção R. De 21 acertos a 25, menção B e, de 26 acertos a 30, menção MB. Considerado aprovado, obtendo as menções MB, B ou R (muito bom, bom ou regular), o aluno recebe o certificado de conclusão do módulo. Em caso de não aprovação, poderá continuar no programa e refazer a avaliação inscrevendo-se no próximo exame presencial. Caso não seja aprovado no segundo exame, o aluno em questão será avaliado pelo Conselho de Classe, que decidirá pela retenção ou aprovação no módulo. O Conselho de Classe será constituído pelo Diretor da Unidade Escolar, pelo Responsável pelo Núcleo de Gestão Pedagógica e Acadêmica, pelo Professor da Classe, pelo Coordenador de Curso, pelo Responsável pela Secretaria Acadêmica, sob a presidência do Diretor da Unidade. As discussões serão realizadas pelo colegiado, entretanto prevalecerá o voto do Professor da Classe. Por legislação, o Exame Presencial é obrigatório para alunos que participam de cursos na modalidade EaD, portanto somente serão submetidos ao Conselho de Classe os alunos que participaram de pelo menos um dos Exames Presenciais. Como indicadores de análise ficam sugeridos os critérios: a) Frequência. Deve ser levada em consideração a frequência do aluno nos encontros presenciais. b) Desenvolvimento de atividades presenciais. Verificar se durante os encontros presenciais o aluno realizou as atividades que foram propostas de forma satisfatória. c) Desenvolvimento de atividades não presenciais. Verificar se o aluno desenvolveu regularmente atividades não presenciais propostas de forma satisfatória.
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d) Menções nas avaliações formativas. Verificar se as menções do aluno nas avaliações formativas foram satisfatórias. e) Interação do aluno no ambiente virtual. Analisar os acessos e interações do aluno no ambiente virtual sob os aspectos da frequência, ferramentas utilizadas, respostas às solicitações feitas pelo professor e diálogo com os colegas e com o professor orientador por meio do ambiente virtual. f) Integração e participação. Analisar o aluno em sua postura proativa, crítica e atitudinal. g) Participação e desempenho nos exames presenciais. Correlacionar o resultado obtido pelo aluno em seus aspectos quantitativos e qualitativos.
4.4. Uma nova maneira de ensinar Um bom curso a distância é aquele que motiva e faz pensar, traz contribuições significativas através de experiências e ideias interessantes. Às vezes um curso que promete muito, tem tudo para dar certo e nada acontece. Em contraposição, outro que parecia servir só para preencher uma lacuna, se torna decisivo. O curso depende de um conjunto de fatores previsíveis e de um entrosamento, uma forma de juntar os ingredientes que faz a diferença. Dessa forma, deve-se contar com profissionais atuantes: administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apoiem os professores inovadores, que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação. (MORAN, 2005). Para tanto, faz-se necessário ambiente rico de aprendizagem, de ter uma boa infraestrutura física: salas, tecnologias, bibliotecas etc. A aprendizagem não se faz só na sala de aula, mas nos inúmeros espaços de encontro, de pesquisa e produção que as grandes instituições propiciam aos seus professores e alunos. Em educação a distância um dos grandes problemas é o ambiente, ainda reduzido a um lugar onde se procuram textos, conteúdo. Um bom curso é mais do que conteúdo, é pesquisa, troca e trabalho em equipe. A principal atribuição do orientador de aprendizagem no Telecurso TEC é apoiar o processo de aprendizagem dos seus alunos, estimulando a postura protagonista na construção do conhecimento e criando situações de co-participação que contribuam para o desenvolvimento de competências, habilidades, valores e atitudes relacionados ao perfil profissional desejado. Para mediar este processo de saberes e práticas dos alunos, que vincula experiências culturais e de vida na discussão e na aprendizagem dos conceitos propostos, o orientador é apoiado por um modelo didático simples e operacional, relacionado à construção dos materiais didáticos do programa. “Um bom curso depende muito da possibilidade de uma boa interação entre seus participantes, do estabelecimento de vínculos, de fomentar ações de intercâmbio. Quanto mais interação, mais horas de atendimento são necessárias. Uma interação 8
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efetiva precisa de ter monitores capacitados, com um número equilibrado de alunos. Em educação a distância não se pode só passar uma aula pela TV ou disponibilizá-la num site na Internet e dar alguns exercícios”. (MORAN, 2005). Segundo Rosa (2005), a escolha teórica do ensino a distância está voltada para uma abordagem construtivista, o que implica em uma pesquisa de soluções específicas para EaD online que, a partir dos especialistas, parece ser um caminho viável na educação à distância. Atualmente, podese caracterizar a tendência da educação brasileira como construtivista, essa abordagem vê o aluno como construtor de seu conhecimento, mas inserido numa dada sociedade, numa dada cultura que determina esse conhecimento. Assim, o ser que aprende - ou que constrói o conhecimento - transforma a realidade. (ROSA, 2005).
5. A avaliação dentro da legislação específica para a EaD Independentemente da abordagem de avaliação da aprendizagem a ser adotada, parece haver concordância entre autores citados quanto ao fato de que essa avaliação deve levar em consideração aspectos qualitativos, bem como quantitativos. Quanto à legalidade, devemos saber que o processo de avaliação possui orientação sobre seu uso, quando estamos lidando com Cursos Técnicos, de Nível Médio (normalizadas pelo MEC), Decreto nº 5.622 de 19/12/2005, que determina em seu art. 4º., que “A avaliação do desempenho do estudante para fins de promoção, conclusão de estudos e obtenção de diplomas ou certificados dar-se-á no processo, mediante: I - cumprimento das atividades programadas; e II - realização de exames presenciais”. Ainda neste artigo no inciso 2º, é descrito que “Os resultados dos exames citados no inciso II deverão prevalecer sobre os demais resultados obtidos em quaisquer outras formas de avaliação a distância.
6. Análise crítica à avaliação Dialogando com Santos (2007), a avaliação do ensino é uma importante ferramenta para quantificar a construção do conhecimento no aluno, no entanto, ela se faz de modo transformador, é ponto de muitas discussões entre professores, alunos, especialistas e administradores de instituições com essa modalidade de ensino. Podemos citar algumas transformações: • Adoção e consequente valoração de uma navegação por hipertexto dentro do contexto da Internet; • Aceitação de múltiplas tecnologias nos diferentes momentos de EaD; • Ênfase em tecnologias que estimulem a ambientação e o apoio sócio-afetivo, como resultado de pesquisas sobre a contextualização nos países latinos e africanos; • Previsão de contínuo e permanente apoio ao estudante, com frequentes feedbacks;
• Entendimento e a prática de vivência de trabalho como um time integrado;
Competências, Habilidades e Atitudes relacionadas ao perfil do curso técnico escolhido.
• Necessidade de coordenação e apoio das atividades em geral e nos diversos ambientes virtuais. (SANTOS, 2007).
Temos que ser adeptos a um novo modelo que preconize a mediação voltada para a construção do conhecimento. Que a avaliação sirva de elemento para o novo, o novo conhecer.
Dessa forma, o autor nos faz refletir, pois ao mesmo tempo em que o ensino EaD faz do aluno ter certa autonomia na realização de muitas das atividades a serem realizadas, traz consigo a necessidade da participação, cooperação, atuação conjunta e colaboração configurandose no equilíbrio entre o individual e o coletivo na busca de igualdade real, sem perda da qualidade, da autoridade, mas, principalmente, sem perda da autoria e da autonomia social e individual construída pela criação de argumentos. É com base na construção de argumentos que se trabalha processualmente a aprendizagem e, nela, a avaliação. Nessa perspectiva, a aprendizagem é continuamente buscada na ação dos sujeitos. (SANTOS, 2007). Contudo, se questiona o modelo de ensino EaD, e por conta da supressão presencial do aluno, coloca-se em cheque a relação entre aluno e professor transmitindo certa desconfiança: “Há situações em que a presencialidade na avaliação é condição de aperfeiçoamento da aprendizagem - aquelas que envolvem algumas habilidades motoras complexas, nestas situações, a não previsão de avaliação ou de avaliação presenciais poderia ser tida como irresponsável” (SANTOS, 2007). Assim, a avaliação no ensino da modalidade EaD muitas vezes é exigida, e não se consegue desenvolver formas de avaliar que superem da presença espacial na sala. Uma situação de avaliação que, por exemplo, permita consultas a documentos de qualquer natureza, não tem porque ser presencial, entretanto a lógica demonstra que, no EaD é muito complicado avaliar mudanças de comportamento, memorização e atitudes que não de forma presencial. Observa-se na prática no Centro Paula Souza, no Telecurso TEC, que o exame final presencial é um momento especial para os alunos, afinal eles aplicam todos os conceitos estudados nas aulas presenciais (momentos de sensibilização, organização e sistematização) e são preparados para o exercício da cidadania e do trabalho. Além disso, relacionam os temas das provas com as avaliações formativas que desenvolveram ao longo do semestre. Contudo, para fins de aprovação, o aluno somente é aprovado caso obtenha, no mínimo 16 acertos em um dos exames presenciais. Nesse sentido, nota-se que o sistema de avaliação, apesar de perpassar pelos processos de avaliação formativa, mediadora, ainda é classificatória, tradicional, preconizada pela padronização da aprendizagem e do ensino, memória, linearização, submissão, e restringe a avaliação e consequente critério de aprovação a um único instrumento: o exame presencial. Isso porque tal processo não está efetivamente emancipando ou colocando uma autonomia nos indivíduos de forma como deveria. Sabemos das limitações sócio-culturais e econômicas de nossa população. Podemos modificar a forma de avaliar os alunos de modo que os critérios e instrumentos de avaliação sejam repensados e posteriormente revistos, atualizados e aperfeiçoados, visto que, adotando estratégias diversificadas de avaliação, e, sendo todos(as) considerados(as) no processo de ensino-aprendizagem, o aluno concluirá o curso motivado, dispondo das
7. Conclusão Após esse estudo, advindo inicialmente de uma apresentação do programa Telecurso TEC (EaD) implantado pelo Centro Paula Souza, conhecendo a estrutura do programa e, finalmente, o processo de avaliação adotado, pode-se concluir que durante a cada revolução, sobretudo a de ordem tecnológica, sempre houve quem temesse os impactos advindos de tal mudança como quem acreditasse e propagasse a ideia de que ela se transformaria em um paradigma. O fato é que a avaliação, segundo Perrenoud e Hoffmann, precisa ser encarada como uma atitude construtiva no que se refere a uma das etapas do planejamento. Isso significa que atentarse para ideia de processos, de interação e comunicação, de diálogo, de perspectivas cognitivas de ampliação de pré-conhecimentos e, enfaticamente, de mudanças comportamentais, trará verdadeiras aprendizagens. A avaliação não pode ser considerada como uma etapa estanque do processo, ou seja, a avaliação faz parte de todo o processo de aprendizagem, o tempo todo. A partir de uma avaliação calcada na interferência e não na prescrição teremos cidadãos críticos e autônomos. Portanto, adotando-se uma avaliação formativa, mediadora e classificatória em todo o processo, o aluno, através de seu desempenho no curso, obterá menções que serão validadas e utilizadas como critério para aprovação no módulo do curso. Nesse sentido, a comunicação e a interação tornar-se-ão efetivamente as mais poderosas habilidades para a construção do conhecimento, poderá promover ampliações de aprendizagens ou desenvolvimento cognitivo real, além de mudanças significativas nos comportamentos dos alunos.
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Profa. Giulliana Panzer Sobral Professora do Centro Paula Souza, onde coordena os cursos Técnicos em Administração e Logística na Etec “Prof. Francisco dos Santos” – São Simão. Graduação em Ciências Contábeis pela UNIFAE/São João da Boa Vista em 2001. Licenciatura em Computação pelo Centro Universitário Claretiano/ Batatais em 2011. Licenciatura em Adminstração pela Fatec de Americana/São Paulo. Pós-Graduação em Tecnologias em Educação à Distância pela UNICID/São Paulo em 2012 e Pós-Graduanda em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação à Distância pela LANTE/UFF.
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COMUNICAÇÃO E INTERATIVIDADE NA MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NOS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM. Profª Eliana Cristina Nogueira Barion
Resumo Com o desafio de compreender a ação docente na modalidade Ensino a Distância, visando uma maior integração entre as relações ensino-aprendizagem-formação, este trabalho busca analisar a importância da comunicação e da interatividade na mediação pedagógica nos ambientes virtuais de aprendizagem, mostrando a necessidade de o professor modificar sua prática docente, como resultado dessas interações. Essa modalidade educacional tem sido discutida sob diferentes aspectos e enfoques; entretanto, para que possa resultar em aprendizagem significativa, é necessária uma pedagogia sustentada pela comunicação interativa, ou seja, uma modalidade que requeira participação, cooperação e colaboração entre os atores envolvidos no processo de ensino. Com esse propósito, discutem-se questões como princípios de interatividade, comunicação e mediação pedagógica, tendo como suporte teórico autores como Marco Silva, Jürgen Habermas, Vani Kenski José Moran, entre outros. Os resultados desta pesquisa apontam que a comunicação dialógica se dá por meio da interatividade e do diálogo problematizador, que aproximam os atores envolvidos no processo de ensino e aprendizagem a ponto de atingirem a construção do conhecimento e do saber. Este texto é um recorte de uma pesquisa mais ampla, de abordagem qualitativa, desenvolvida numa instituição privada do Ensino Superior à Distância, tendo como sujeitos professore-tutores e alunos dos cursos de Pedagogia e Administração, tendo em vista a prática pedagógica do professor de EaD. Palavras-chave: Ensino a Distância, Interatividade, Mediação Pedagógica.
Comunicação,
Introdução O século XX foi marcado por muitas transformações tecnológicas e científicas, exigindo da sociedade novos modos de pensar, agir e participar do processo de mudanças. O advento da globalização econômica e o impacto de novas tecnologias digitais e da informação influenciam de alguma maneira todos os segmentos da sociedade. No campo da educação essas mudanças se expressam diretamente no processo do conhecimento, na formação, e a tecnologia passa a ser um instrumental necessário para atender às novas demandas do mundo do trabalho. Com o desafio de compreender a ação docente na modalidade de Ensino a Distância, este trabalho busca analisar a importância da comunicação e da interatividade na mediação pedagógica nos ambientes virtuais de aprendizagem, na perspectiva de uma maior integração entre as relações ensino-aprendizagemformação, diante da necessidade de o professor modificar sua prática docente, como resultado dessas interações. Essa modalidade educacional tem sido discutida sob diferentes aspectos e enfoques; entretanto, para que possa
resultar em aprendizagem significativa, que, segundo Moreira (1997), baseado em David Paul Ausubel, é o processo através do qual uma nova informação (um novo conhecimento) se relaciona de maneira não arbitrária e substantiva (não-literal) à estrutura cognitiva do aprendiz, é necessária uma pedagogia sustentada pela comunicação interativa, ou seja, uma modalidade em que se torna necessária uma ação comunicativa e interativa, tendo em vista as características próprias dessa modalidade da educação, como: participação, cooperação e comunicação entre os atores envolvidos no processo de ensino. Com esse propósito, discutimos, aqui, questões que vão de encontro às necessidades da EaD, como os princípios de interatividade, comunicação e mediação pedagógica, que necessitam de discussões e críticas, tendo em vista o novo cenário político e econômico, onde se situam as novas exigências da configuração desse novo espaço de aprendizagem, e as condições que possibilitam a formação de profissionais, via modalidade da Educação a Distância. Tendo em vista a grande necessidade de esboçar a definição do papel do professor on-line e suas competências mediadoras e dialógicas, permeando a interatividade e a comunicação, a discussão apresentada pelos debates e estudos sobre essa temática tem impulsionado a análise crítica sobre a formação docente para EaD. Nesse sentido, tomando como base as políticas educacionais que implementam e regulam os cursos de EaD e as críticas apontadas, os debates seguem expressando propostas e alternativas para a consolidação de políticas afins de modo a viabilizar o funcionamento e a criação de novos cursos a distância no Brasil. Os debates a respeito da EaD, que acontecem no País, sobretudo, na última década, têm oportunizado reflexões importantes a respeito da necessidade de ressignificações de alguns paradigmas que norteiam nossas compreensões relativas à educação, escola, currículo, estudante, professor, avaliação, gestão escolar, dentre outros. (BRASIL, 2007, p. 3). As alterações provocadas pelas novas possibilidades pedagógicas, principalmente pelo advento das tecnologias de informação e comunicação, pelas discussões teóricometodológicas e pelos diferentes modelos de oferta de cursos a distância, no Brasil permeiam os debates acadêmicos e contribuem para a ressignificação do papel do professor on-line e suas práticas pedagógicas. Este artigo é um recorte de uma pesquisa realizada em uma Instituição de Ensino Superior privada, localizada no interior do Estado de São Paulo, em três faculdades nas quais funcionam os polos de Educação a Distância, estruturada sob a forma multicamp¹ , em dois municípios
¹ Instituição com várias sedes espalhadas pelo país.
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onde são desenvolvidas as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Os instrumentos de coleta de dados foram entrevistas e questionários. O universo de participantes foi de vinte alunos, dez alunos do curso de Administração e dez do curso de Pedagogia, e quatro professores-tutores a distância, totalizando vinte e quatro participantes. Os dados levantados nesta pesquisa tiveram como sujeitos os professores-tutores a distância, localizados no polo de coordenação de tutoria no interior do estado de São Paulo, e alunos dos cursos de Administração e Pedagogia de três polos pertencentes à IES pesquisada. Os alunos participantes encontravam-se em diferentes estágios e/ ou períodos do curso: ingressantes nos anos de 2009, 2010 e 2011, o que nos oportunizou conhecer as opiniões de alunos nos diversos estágios dos cursos. A pesquisa trouxe como objetivo identificar e analisar as percepções do professor-tutor e do aluno, na perspectiva das TIC e da interatividade no processo da mediação pedagógica em cursos de graduação EaD.
Comunicação e Interação Verbal em Atividades Virtuais Diante do novo cenário da EaD, há uma grande preocupação com relação às formas de ensino e aprendizagem, no que diz respeito às formas de comunicação e interatividade entre professores e alunos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Para Silva (2009), o diálogo virtual não pode limitar-se à capacitação meramente técnica sobre o funcionamento das interfaces comunicacionais, mas precisa considerar o desenvolvimento da capacidade comunicativa do educador para as interações verbais que possam promover a aprendizagem significativa. A educação dialógica é baseada em intervenções pedagógicas fundamentadas nos discursos interativodialógicos. Segundo Freire (1983, p.45): A educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados...É então indispensável ao ato comunicativo, para que este seja eficiente, o acordo entre os sujeitos, reciprocamente comunicantes. Isto, é, a expressão verbal de um dos sujeitos tem que ser percebida dentro de um quadro significativo comum ao outro sujeito. (FREIRE, 1983, p.45). As ideias de Freire (1983) inferem que a presença de múltiplas vozes no diálogo promove a compreensão em torno da significação do signo, levando, consequentemente, à aprendizagem. Para Silva (2009), a educação não se faz em sentido unilateral, com alunos isolados em suas tarefas e num ambiente centrado apenas no professor. É necessário um modelo comunicacional baseado na participação ativa do aluno, na colaboração e na interação entre todos os participantes do processo de ensino-aprendizagem. Habermas propõe um modelo ideal de ação comunicativa, em que as pessoas interagem e,
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através da utilização da linguagem, organizamse socialmente, buscando o consenso de uma forma livre de toda a coação externa e interna [GONÇALVES, 1999, p. 9]. Embora Habermas não tenha tratado sobre os estudos da EaD, sua contribuição no campo da educação tem sido fundamental, para ampliar a compreensão entre professor e aluno, na forma de um novo paradigma, como designa o próprio autor, por meio da ação comunicativa; e, no caso da EaD, essa questão é fundante, e o autor propõe uma valorização da comunicação como possibilidade do consenso entre os participantes do processo de ensino e aprendizagem. A ação comunicativa proposta por Habermas propõe ações coletivas, participativas e democráticas, com o objetivo de formar indivíduos críticos e participativos, capazes de exporem suas opiniões, organizarem-se socialmente e coordenarem suas ações (Habermas, 1997). Também Freire (1983, 1987), em suas obras, faz críticas à concepção bancária de educação e à transferência do saber. A educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados. (FREIRE, 1983, p. 46). Assim, Freire e Habermas contribuem ao conceito de interatividade como exigência da participação daquele que deixa o lugar da recepção para experimentar a cocriação (SILVA, 2010). É com base nas afirmações dos autores citados acima e no embasamento das experiências vivenciadas nos ambientes virtuais de aprendizagem realizados até o momento, nesta pesquisa, que podemos inferir que o ensino e a aprendizagem realmente acontecem em um ambiente de constantes trocas entre professores e aprendizes e a participação do aluno como coautor da construção de seu conhecimento, considerando os conteúdos como ponto de partida para as reflexões no processo de aprendizagem.
O Uso das Tecnologias de Informação na Mediação Pedagógica Na era digital em que vivemos, os conhecimentos, saberes, informações e comportamentos se alteram com extrema rapidez, refletindo sobre as tradicionais formas de pensar e educar. Para que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) possam proporcionar mudanças significativas ao processo educativo, elas precisam ser compreendidas, analisadas criticamente e incorporadas ao processo pedagógico. (KENSKI, 2009). Contudo, é necessário muito discernimento na escolha das tecnologias a serem utilizadas no processo de ensinoaprendizagem. As técnicas devem ser escolhidas de acordo com as reais necessidades e adequadas aos objetivos que se pretende atingir. Além disso, deverão estar coerentes com os papeis, tanto do aluno como do professor: estratégias que fortaleçam o papel de sujeito da aprendizagem nos diversos ambientes de aprendizagem. (MORAN, 2009).
O sucesso do uso das TIC está diretamente relacionado com a forma com que o professor as utiliza em suas práticas pedagógicas, integrando as tecnologias a seus procedimentos metodológicos. Não se trata de dar receitas, porque as situações são muito diversificadas. É importante que cada docente encontre sua maneira de sentir-se bem, comunicar-se bem, ensinar bem, ajudar os alunos a aprender melhor. É importante diversificar a forma de dar aula, de realizar atividades, de avaliar. (MORAN, 2009, p. 32). Para melhor usufruir dos recursos tecnológicos, é importante que o professor amplie seu poder de comunicação, tenha maior sensibilidade, mais intuição, um senso crítico mais apurado e maior iniciativa para integrar as várias tecnologias em suas práticas pedagógicas cotidianas. Estas características podem contribuir para o professor compreender o processo de aprendizagem dos alunos e estabelecer relações empáticas com ele numa posição de igualdade, onde ambos possuem conhecimentos específicos e relevantes. Nesse contexto, as TIC se destacam como peças chaves para que haja intensa comunicação e interação entre alunos e professores, criando os meios para que esses aprendizes troquem ideias, reflitam sobre diferentes pontos de vista e constituam comunidades que passem a funcionar como suporte ao processo de aprendizagem. (VALENTE, 2010, p.232). Na EaD, as tecnologias de informação e comunicação trouxeram novas perspectivas, devido às facilidades de design e produção sofisticados, rápida emissão e distribuição de conteúdos e interação com informações, recursos e pessoas (ALMEIDA 2003, p. 1). Diante dessas perspectivas, muitas instituições educacionais e organizacionais oferecem cursos a distância por meio dos recursos tecnológicos, assumindo diferentes abordagens. Valente (2010) define três abordagens para a EaD. Primeiramente a abordagem “broadcast”, onde as informações são apenas transmitidas pelo professor, por meio do aparato tecnológico, não havendo momentos de interação entre professor e alunos. Uma segunda abordagem definida por Valente é a “virtualização da sala de aula presencial”, onde o professor transfere para o espaço virtual a mesma dinâmica da aula presencial. No escopo dessas abordagens, Barreto (2006) faz uma forte crítica ao “modus operandi”, questionando sobre o uso das TIC como meio de “operacionalização” da modalidade de ensino e descrevendo a EAD como forma de “barateamento” do ensino. Por fim, Valente também descreve a abordagem “estar junto virtual”, onde é contemplada a dinâmica comunicacional como proposta de maior interação, no sentido de acompanhar e assessorar constantemente o aprendiz, abrindo espaço para o diálogo, para a interação e para a produção coletiva do conhecimento. Essa abordagem vem de encontro com a Teoria das Ações Comunicativas de Habermas, em meio à vertente dialógica, e contradiz o “modus operandi” implícito nas duas últimas abordagens descritas.
Resultados da Pesquisa A importância da comunicação e da interatividade na mediação pedagógica no ambiente virtual de aprendizagem tem função primordial na Educação a Distância. Por isso, a análise das dificuldades e sucessos que o professor-tutor a distância tem com seus alunos, por meio da comunicação que acontece no AVA, torna-se uma exigência, tendo em vista que são categorias importantes, sem as quais o processo de aprendizagem a distância não acontece. A interatividade é uma perspectiva de modificação da comunicação entre professores e alunos, que busca diminuir o abismo entre a postura de “novo espectador”, ativo e participativo do aluno e a postura fechada da escola em seus rituais de transmissão, enquanto ao seu redor modifica-se fundamentalmente em nova dimensão comunicacional (SILVA, 2010). Segundo esse mesmo autor, para promover a sala de aula interativa é preciso que o professor se reformule, não transmita conteúdos prontos, mas disponibilize um campo de possibilidades, de caminhos que se abrem quando elementos são acionados pelos alunos, numa pedagogia baseada em coautoria.
Nesse viés, Santos (2002) afirma que: São urgentes a crítica e a criação de novas propostas de educação no ciberespaço que contemplem a ressignificação da autoria do professor e do estudante como coautor. O currículo em rede exige a comunicação interativa onde saber e fazer transcendam as separações burocráticas que compartimentalizam a autoria em quem elabora, quem ministra, quem tira dúvidas e quem administra o processo da aprendizagem. Então, é preciso investir na formação de novas competências em comunicação (SANTOS, 2002, p. 120).
Quando os professores-tutores foram questionados sobre a forma como se comunicam com seus alunos no Ambiente Virtual de Aprendizagem, foi possível perceber que, quando são chamados pelos alunos para esclarecimentos de dúvidas sobre o assunto das aulas, todos se preocupam em chama-los para o diálogo, levá-los à reflexão e mobilizá-los em função do assunto estudado, não oferecendo as respostas prontas, apenas transferindo seus conhecimentos aos alunos, mas levando-os à reflexão, abrindo um campo de possibilidades para o aluno trilhar o caminho para a construção de sua aprendizagem. Os professores-tutores a distância, no momento em que interagem com o aluno, dando feedback ao estudante para responder sobre sua aprendizagem, buscam chamá-lo para o discurso, convidando-o para o diálogo, trazendo exemplos para ilustrar a definição dos conceitos em questão, aproximando o aluno de seus conhecimentos prévios e mais próximos de sua realidade, para um melhor entendimento. Os tutores tentam, ainda, problematizar o assunto e promover o diálogo, solicitando o retorno do aluno para a continuidade do discurso. Tais práticas vêm ao encontro de Silva (2010), quando diz que é preciso modificar o modelo de comunicação na sala de aula, tanto na presencial quanto nas aulas on-line, promovendo as bases da comunicação “livre e plural, a participação, a bidirecionalidade e a multiplicidade de comunicações”.
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Para Gutierrez e Prieto (1994), o diálogo é a base que orienta todas as ações, pois é por meio dele que os agentes envolvidos no processo de ensino e aprendizagem podem trocar as experiências, os conhecimentos, as informações, por fim, a cultura. De acordo com Moran (2007), na percepção de alguns professores que trabalham com cursos superiores a distância, não basta serem especialistas em sua área; é necessário que os professores saibam escrever de forma coloquial para os alunos, comuniquem-se afetivamente com eles e preparem atividades de maneira mais detalhadas. Esses professores constatam, ainda, que a organização de atividades a distância exige comunicação, planejamento, dedicação e avaliação bem executados; caso contrário, os alunos se desmotivam e desaparecem. Tem que tomar muito cuidado com a forma que a gente se comunica com o aluno. Às vezes o aluno é muito direto e já vai pedindo as coisas antes mesmo de dizer um bom dia, mas a gente tem que entender que o aluno não está sendo mal educado, mas é a maneira dele escrever, ele não tem a mesma habilidade que a gente tem para escrever. Assim o tutor não vai escrever da mesma forma. O aluno não está tão habituado a se comunicar pela escrita (T2). Gutierrez e Pietro (1994, p. 72) trazem uma importante contribuição a respeito do estilo coloquial da linguagem. Para os autores, “o estilo coloquial está sempre mais próximo da expressão oral”. Os autores recomendam “escrever com a fluidez e a riqueza da narração oral” e ressalta que “com frequência, por traz de um discurso “frio” esconde-se uma incapacidade de comunicação com os outros, da mesma maneira como acontece na vida cotidiana” (p. 72-73). Nos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), temos que desenvolver a habilidade de usar expressões que correspondam ao sentido da comunicação que se quer produzir entre aluno e professor na forma escrita. Para isso, é fundamental conhecer o perfil do aluno; assim, estará mais capacitado para comunicar-se efetivamente com ele. Quando se fala em comunicação on-line, a maior preocupação das pessoas é a falta do contato físico, do “olho-no-olho”, do tato e da percepção das expressões. A escrita tem um problema, não é? As pessoas só se comunicam através das palavras. Quando a gente está conversando, a gente percebe se a pessoa está sorrindo, como a pessoa está recebendo sua mensagem, tem que tentar ser o mais brando possível e mesmo assim a pessoa pode interpretar de maneira diferente (T3). Emergiu, também, dos discursos dos alunos e dos professores-tutores, a importância da afetividade nas interações entre os participantes. As falas apontaram que, para haver uma boa comunicação no AVA, é preciso criar um ambiente de acolhimento, onde também haja espaço para falar sobre o pessoal, para criar e manter relações de amizade, companheirismo e cooperativismo. Para Pimenta e Anastasiou (2010, p. 188), “além do componente cognitivo, intelectual, os professores da sociedade da informação também possuem aspectos sociais, emocionais e afetivos”. 14
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Durante as entrevistas os professores-tutores foram questionados sobre a maneira como costumam lidar com seus alunos, não podendo intervir pessoalmente, e como o professor-tutor a distância lida com o “silêncio virtual” daqueles alunos que se ausentam do AVA. Foi observada a preocupação com a postura mediadora desses tutores diante dessa questão, na tentativa de aproximar o aluno, fazendo um tratamento individualizado e mais humanizado. O depoimento preocupação:
abaixo
exemplifica
essa
Aquele aluno que vejo que tem pouco acesso, eu mando uma mensagem pra ele pra ver se eu consigo fazer com que ele entre mais no ambiente virtual. Por exemplo, eu vejo que tenho dez alunos que não estão acessando o AVA, então eu mando uma mensagem um por um para tentar trazê-los para o AVA. Eu costumo personalizar as mensagens porque sei que eles gostam disso, então eu coloco lá: “Bom dia, fulano de tal” para eles saberem que atrás daquela máquina tem uma pessoa, tem um ser humano preocupado com ele, que lhe dá atenção. Eles gostam disso, eu percebo esta carência o tempo todo. Eles querem alguém ali com eles, mesmo que for para falar “Bom dia, professora!” “Tudo bem?” Eles gostam desse contato (T4 - grifos nossos). O ambiente virtual de aprendizagem (AVA) é a sala de aula do aluno e por isso deve ser um espaço de acolhimento, devendo proporcionar uma boa integração entre alunos e professores-tutores, bem como manter o acesso fácil aos diferentes materiais didáticos disponíveis. O AVA não deve ser apenas ambiente veiculador de conteúdos, mas deve, principalmente, permitir a interação e o envolvimento entre os atores do processo educativo de forma que se sintam próximos, utilizando a linguagem verbal de afiliação, demonstrando zelo, proteção e afetividade, conforme evidencia o último depoimento, do tutor 4. Uma das bases da mediação é a comunicação, mas o que propicia essa comunicação é a forma como a interação é construída entre os sujeitos. É preciso repensar a forma de ensinar estreitando mais as distâncias entre alunos e professores. É preciso que os professores desçam dos “palcos”, sejam humildes e confiantes, percam a voz autoritária, mostrando aquilo que sabem e estando dispostos a novas aprendizagens, que sejam pessoas maduras intelectual e emocionalmente, que saibam motivar e dialogar, que incentivem o estudo (SILVA, 2010). É preciso que professores e alunos façam do espaço escolar uma aprendizagem permanente e que valorizem a construção da identidade pessoal e profissional por meio da reelaboração mental-emocional das experiências pessoais. Foi possível perceber, durante as conversas com os entrevistados, que os tutores a distância estão sempre mantendo contato com os alunos por meio das ferramentas de correio de mensagens, tentando a aproximação com os alunos. Contudo, observou-se a necessidade do aluno ter mais autonomia para autogovernar-se e induzir a adquirir, por si mesmos, novos conhecimentos. Na EaD, os conceitos de interatividade, participação, colaboração e autonomia são fundamentais
para que aconteça o ensino-aprendizado significativo. A autoaprendizagem é um dos fatores básicos para que o aluno aprenda a distância, exigindo, portanto, um perfil mais autônomo e proativo. A fala do professor-tutor a distância abaixo complementa essa discussão: A EaD exige um aluno proativo, um aluno que consiga controlar seu tempo e que tenha motivação para aprender, motivação em buscar o conhecimento, que na verdade é o perfil do profissional de agora, do profissional que o mercado tem exigido, que seja proativo, que busque, que estude, que procure, que esteja sempre em busca de novas informações, das novidades e assim por diante” (T1). A sociedade contemporânea exige um “trabalhador multicompetente, multiqualificado, capaz de gerir situações de grupo, de se adaptar a situações novas, sempre pronto a aprender. Em suma, um trabalhador mais informado e mais autônomo” (BELLONI, 2008, p. 39). A aprendizagem, para a sociedade do conhecimento, focaliza o aluno como sujeito crítico e reflexivo, propiciando-lhe situações de busca, de investigação, de autonomia (BEHRENS, 2009, p. 128).
Nesse sentido, Belloni (2008) corrobora: Por aprendizagem autônoma entende-se um processo de ensino e aprendizagem centrado no aprendente, cujas experiências são aproveitadas como recurso, e no qual o professor deve assumirse como recurso do aprendente, considerado como um ser autônomo, gestor do processo de aprendizagem, capaz de autodirigir e autoregular este processo. (TRINDADE, 1992, p. 32; CARMO, 1997: p. 300; KNOWLES, 1990, citado por BELLONI, 2008, p. 39-40) (grifo da autora).
Verifica-se, aqui, a grande necessidade do aluno interagir com o professor-tutor a distância e com o grupo, por meio do AVA, expondo suas ideias, trocando experiências e contribuindo para a aprendizagem coletiva. Os alunos estão ainda muito presos à educação baseada na pedagogia bancária, na figura do professor detentor do conhecimento e do aluno receptor, digerindo informações transmitidas. Para Paul, 1990, citado Belloni 2008, p. 40, o estudante autônomo é ainda uma exceção, tanto na EaD como na educação convencional, e a única unanimidade em torno do assunto seja, talvez, transformar a educação, para que dê “condições de encorajar uma aprendizagem autônoma que propicie e promova a construção do conhecimento”. Assim, o diálogo entre alunos e professores e entre alunos, possibilitado pela mediação pedagógica, é fundamental no processo de ensino e aprendizagem, por ser este um ato relacional e indispensável.
Considerações Finais Configurou-se neste estudo a importância da interatividade e da comunicação dialógica na mediação pedagógica, mostrando a necessidade de o professor modificar sua forma de comunicação na educação, ou seja, a forma como deve proceder em suas atribuições, com o intuito de identificar princípios para o perfil
do professor, que estimulem o aprender a apreender nas relações de ensino e aprendizagem. Também, a necessidade do acompanhamento constante do aluno por meio de múltiplas interações que o apoiam e o assessoram constantemente, criando meios para que o aluno aplique, transforme, interaja com o professor e demais alunos do grupo, construindo o conhecimento colaborativo, buscando, dessa forma, novos saberes. Foi possível constatar, ainda, que a habilidade do professor on-line em provocar o diálogo discursivo garante o retorno do aluno ao ambiente virtual de aprendizagem e permite dar continuidade ao diálogo e às reflexões, desencadeando o processo de ensino e de aprendizagem. Assim, a comunicação dialógica impulsionada pelo professor on-line consegue promover a sala de aula interativa, proposta por Silva (2010), e desencadeia na interação discursiva dialógica, ligando múltiplas vozes para a construção do discurso. Podemos considerar que é possível criar relações de colaboração e construção coletiva do conhecimento em ambientes virtuais de aprendizagem. Contudo, afirmamos que isso somente é possível por meio da adoção de uma pedagogia sustentada pela comunicação dialógica, que garanta a interatividade que possibilite a participação, cooperação, colaboração e o rompimento da modalidade comunicacional baseada na transmissão de informações e centrada no “falar-ditar” do professor. Este estudo revelou a importância do tema sobre os cursos de educação a distância, que proporciona curso de formação de professores, de formação profissional por meio da modalidade on-line.
Referências ALMEIDA, M. B. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Ed. Pesq. 2003, vol.29, n.2, p. 327-340. BARRETO, R. G. Política de Educação a Distância: a flexibilização estratégica; Políticas de currículo em múltiplos contextos; Editora Cortez, 2006. BEHRENS, M. A. Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente. In Novas Tecnologias e mediação pedagógica, 16ª ed. Campinas: Papirus, 2009, pp. 67-132. BELLONI, M. L. Educação a Distância. 5ª Ed. Campinas: Autores Associados, 2008. FREIRE, P. Extensão ou Comunicação. 8ª Edição, Editora Paz e Terra, 1983. _________. Pedagogia do Oprimido. 17ª Edição, Editora Paz e Terra, 1987. GONÇALVES, M. S. Teoria da ação comunicativa de Habermas: Possibilidades de uma ação educativa de cunho interdisciplinar na escola. Educação e Sociedade, ano XX, nº 66, abril 1999. GUTIERREZ, F.; PRIETO, D. A Mediação Pedagógica. Educação a Distância alternativa. Campinas, SP: Papirus, 1994.
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Profa. Eliana Cristina Nogueira Barion Professora do Centro Paula Souza, responsável por projetos do Grupo de Estudos de Educação a Distância. Graduação em Tecnologia em Processamento de Dados pela FATEC (1997), Mestrado em Educação pelo Centro Universitário Moura Lacerda (2012), especialização em Educação a Distância pela PUC-SP (2010) e em Sistemas de Informação pela UNICEP (2004).
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O papel do designer instrucional na EaD como gestor no processo de aprendizagem. Profa. Ana Paula Batista do Carmo
Resumo O presente artigo tem como objetivo demonstrar o trabalho do Designer Instrucional efetuado para o curso Inovação, Criatividade e Atividade Inventiva, aplicado aos professores do Centro Paula Souza na Escola Técnica Doutora Ruth Cardoso no ano de 2013. O trabalho apresenta as ferramentas utilizadas pelo designer, denominadas mapa de atividades, matriz de design instrucional e story board. Para o seu desenvolvimento foram efetuadas consultas bibliográficas, análises das necessidades do cliente, público-alvo e resgate ao histórico da EaD, visando demonstrar a importância de um curso ou disciplina bem planejado para a construção do conhecimento de forma inovadora, utilizando ferramentas pedagógicas adequadas, coerentes e inclusivas. Palavras-chave: Designer Instrucional. EaD. Ferramentas pedagógicas.
Introdução A EaD (Educação a distância) é uma modalidade de ensino onde alunos e professores estão separados fisicamente, distinguindo da modalidade presencial. “A EaD prescinde, portanto, da presença física, em um lugar físico, para que ocorra a educação” (VALENTE, 2007, p. 19). No Brasil, Guarezi (2009) e Alves (2011) afirmam que esta modalidade de ensino surgiu em 1904 com os cursos por correspondência anunciados no Jornal do Brasil, onde instituições privadas ofereciam iniciação profissional em áreas técnicas. Este modelo consagrou-se na metade do século com criação de instituições como o Instituto Universal Brasileiro. Este período é conhecido como a primeira geração da EaD. Com o advento do rádio e da televisão surge a segunda geração da EaD com o aparecimento de programas educacionais e telecursos em meados dos anos sessenta. A internet e as novas tecnologias da informação e comunicação (TICs) marcaram o inicio da terceira geração da EaD, a qual vivencia-se o momento atual, onde, através de softwares de aprendizagem inovadores, agregados a recursos midiáticos e atividades educacionais é possível o desenvolvimento de novas práticas onde é alinhada a informática a comunicação em rede. Segundo Valente & Mattar (2007), não há diferença significativa nos resultados de aprendizagem dos alunos, quando se compara a EaD com educação presencial. Isso quer dizer que a EaD não é inferior ao estudo presencial, e, assim como este, apenas estudar a distância não garante melhores resultados para o aluno. O que determina o sucesso da construção do conhecimento é todo o processo: educador, discente e um ambiente de ensino apropriado, adequado e prazeroso.
Valente & Mattar (2007, p.20) ainda completam: [...] o estudo à distância implica, portanto, não apenas a possibilidade de aprendizado sem que, no mesmo instante, os personagens envolvidos estejam participando das atividades, ao contrário do que ocorre normalmente no ensino tradicional e presencial. No entanto, esse distanciamento físico não implica um distanciamento humano. A EaD, portanto, possibilita a manipulação do espaço e do tempo em favor da educação. A educação presencial tem passado por uma crise constante em seu processo educativo. Não obstante, encontra-se a necessidade de inovação neste modelo educacional. Com o surgimento da EaD, muitos apostaram na solução de problemas encontrados no processo de aprendizagem. Contudo, é necessário inovar constantemente nos processos de aprendizagem sejam eles presenciais ou EaD. De acordo com Carbonell (2002, p. 19) “[...] inovação é um conjunto de intervenções, decisões e processos, com certo grau de intencionalidade e sistematização, que tratam de modificar atitudes, ideias, conteúdos e práticas pedagógicas”. Nas práticas pedagógicas o designer instrucional – DI – é o profissional adequado para desenvolver novas propostas pedagógicas que auxiliem no desenvolvimento e conhecimento dos discentes de forma autônoma e inovadora. O presente artigo visa demonstrar a experiência de DI e sua importância como fator inovador no desenvolvimento de cursos EaD com base no curso “Inovação, Criatividade e Atividade Inventiva” aplicado aos professores na Escola Técnica Doutora Ruth Cardoso uma das unidades de ensino do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. O Artigo apresenta o papel do profissional designer instrucional desde o planejamento até a execução do curso, assim como a necessidade de uma equipe multidisciplinar durante este desenvolvimento, além dos recursos de design instrucional utilizados durante todo o processo de planejamento e desenvolvimento.
1 – Dados gerais do curso “Inovação, Criatividade e Atividade Inventiva” aplicado aos professores na Etec Dra. Ruth Cardo. Conteúdo, ou matéria de estudo, não faz um curso. Em um curso, o conteúdo é organizado em uma estrutura elaborada cuidadosamente, que tem por finalidade torna-la o mais fácil possível (isto não é o mesmo que “fácil”!) para o aluno aprender (MOORE & KEARLEY, 2007 p. 15). Ao idealizar uma capacitação e/ou curso é necessário pensar nos objetivos a serem atingidos. Diante do surgimento da Agência de Inovação INOVA Paula
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Souza, percebeu-se a necessidade de fomentar a cultura da inovação no ambiente educacional estimulando alunos e professores a pensar e praticar atitudes inovadoras dentro e fora do ambiente educacional. Partindo deste princípio, iniciou-se o planejamento do curso “Inovação, Criatividade e Atividade Inventiva” um tema pertinente ao momento que a instituição tem vivenciado com a política inovadora sendo implementada dentro de suas unidades educacionais. Aproveitando a experiência de coordenação do curso técnico de informática, coordenação agente local de inovação e finalização a especialização de design instrucional na Universidade Federal de Itajubá, aplicou-se os conceitos da teoria e prática na elaboração da capacitação, seguindo os preceitos de DI aplicado a EaD. A capacitação contou com 40 horas, sendo 36 á distância e 4 presenciais. O AVA utilizado em sua aplicação foi o Moodle, software livre que proporciona um ambiente de criação, participação e administração de cursos na Web. O projeto foi voltado para educadores e professores de diversas áreas em ambiente educacional ou corporativo. Como pré-requisito solicitou-se na inscrição conhecimento básico do pacote office, navegação e pesquisa na Web. Logo, o objetivo geral da capacitação é proporcionar uma oportunidade de um novo olhar a frente da educação reflexiva através da inovação e criatividade. Abaixo segue o conteúdo do curso e a respectiva carga-horária: 1. Conhecendo o AVA (5 horas) 2. Inovação e Atividade Inventiva (20 horas) • Como a inovação pode contribuir para o aprendizado? • Qual a importância da inovação dentro das escolas? • Definições sobre Inovação • O que é o INOVA Paula Souza • Leis de Incentivo a Inovação • Propriedade Intelectual • Propriedade Autoral x Propriedade industrial • Tipos de Inovação • Invenção X Proteção X Inovação • Definição de Patente • O que pode ser patenteado? • Atividade Inventiva x Novidade • Período de duração de uma patente • Patente Verde • O que é uma marca? • Qual a diferença entre Marca e Patente? • Software pode ser patenteado? • A importância do registro de software • Atividades práticas e teóricas 3. Criatividade (15 horas) • A importância da criatividade. • Criatividade x Inovação. • Ferramentas que auxiliam no desenvolvimento da criatividade. De acordo com Carbonell (2002, p.10), “A inovação educativa, em determinados contextos, associa-se 18
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à renovação pedagógica”. Desta forma, o presente projeto pretende ampliar a visão inovadora dentro do ambiente educacional estimulando a criatividade na aprendizagem do profissional reflexivo. Shön (2000) afirma que a reflexão gera o experimento imediato e, desta forma, pode-se refletir no meio da ação, tornando-a mais ativa e trazendo liberdade ao conhecimento na prática. O autor ainda afirma que aqueles que exercem uma profissão são diferentes entre si em suas subespecialidades e em seus estilos de operação e desenvolvimento. Assim, compartilhar e refletir na ação, traz experiências ricas entre todos os envolvidos nos processos de desenvolvimento de projetos e aprendizagem. Com relação a criatividade, Lubbart (2007) diz que a capacidade de avaliar ideias e identificar aquelas que deverão ser seguidas é uma capacidade importante para criatividade. Assim, o projeto desenvolvido uniu estas três vertentes importantes para o profissional do futuro: inovação, criatividade e reflexão.
2 – O profissional Designer Instrucional e seu papel na aprendizagem O planejamento é a espinha dorsal para o desenvolvimento de um produto de qualidade dentro do âmbito educacional. Para se transmitir conteúdo, basta possuir o recurso tecnológico que permita este procedimento. No entanto, transformar informação em conhecimento exige trabalho em equipe e planejamento exemplar. Carbonell (2012, p. 55) afirma que “[...] na sociedade atual, o valor mais apreciado já não são as mercadorias, mas a informação. Comprar e adquirir informação, distribuí-la, controla-la e convertê-la em conhecimento.” O design instrucional é de suma importância para o desenvolvimento e planejamento de um curso que atenda as necessidades dos discentes e docentes envolvidos no processo de aprendizagem, visando a transformação da informação em conhecimento. De acordo com Filatro (2003) o design instrucional reflete a articulação entre forma e função, a fim de que os objetivos educacionais propostos sejam cumpridos. Sendo que o design é a ação de estabelecer uma agenda de objetivos futuros e encontrar meios e recursos para cumpri-los. Não basta simplesmente utilizar o conteúdo de um curso presencial e aplicá-lo em um curso a distância, afinal as modalidades são diferentes umas das outras. Por isso, é importante a presença de um profissional com conhecimento, competência e expertise para que as necessidades do educando sejam atendidas de acordo com os objetivos da aprendizagem. Filatro (2003), afirma que o profissional designer instrucional possui a responsabilidade de planejar, desenvolver e aplicar métodos, técnicas e atividades de ensino de forma a facilitar a aprendizagem. Atuando como um especialista em tecnologia educacional, é o responsável pela análise das necessidades do curso/ disciplina, pelo design e desenvolvimento. “A elaboração completa de uma disciplina/curso envolve o trabalho de diversos profissionais cujas atividades são coordenadas pelo DI” (GORGULHO JÚNIOR, 2012, p.13).
Assim, para que o trabalho do DI esteja completo, é necessária a existência de uma equipe multidisciplinar que auxilie desde o desenvolvimento do material até a aplicação do curso/disciplinas aos alunos participantes. Os profissionais que compõe esta equipe estão no Quadro 1 abaixo, o qual foi elaborado pela autora baseado nas referências Gorgulho Junior (2012) e Franco et al. (2010): PROFISSIONAL
SUAS PRINCIPAIS FUNÇÕES
Conteudista
Fornece conteúdo e possui a expertise em determinado campo de conhecimento
Revisor
Analisa os materiais elaborados em busca de falhas na escrita.
Professores Formadores e Tutores Editor de som/Músico
Responsáveis pelo processo de ensino durante a aplicação do curso/disciplina. Elabora, Busca e edita sons. Preocupa-se com os direitos autorais e busca a melhor solução.
Animador
Desenvolve as animações necessárias para o ambiente/material de aprendizagem
Equipe de vídeo
Elaboração, desenvolvimento e busca de vídeos adequados para o ambiente Web.
Web Designer
Cria sites, apresentações interativas, formulários e cuida do banco de dados
Designer Gráfico
Define visual dos materiais didáticos e ambiente virtual.
Ilustrador/Fotógrafo
Fornece imagens para materiais didáticos, apresentações, etc. Preocupa-se com direitos autorais.
É necessário que o DI possua uma orientação transdisciplinar e esteja apto a trabalhar em equipe. Desta forma, será capaz de permitir a ponte entre os especialistas de diversas áreas. [...] Os designers juntam coisas e fazem com que outras coisas venham a existir, lidando, no processo, com muitas variáveis e limites [...] reconciliam valores conflitantes e manobram em torno de limitações (SHON, 2000, p. 44). Quadro 2 – Mapa de Atividades – Aula 1
2.1 Recursos de Design Instrucional “O design instrucional reflete a articulação entre forma e função, a fim de que se cumpram os objetivos educacionais propostos” (FILATRO, 2003, p. 56). Para que o profissional DI consiga cumprir o design do curso proposto é necessário a utilização de recursos de design instrucional para auxiliar o trabalho entre a equipe multidisciplinar.
2.1.1 Mapa de Atividades De acordo com Franco et al (2010), o mapa de atividades é um recurso de suma importância que servirá como orientação ao professor na elaboração do curso virtual, demonstrando o planejamento detalhado das atividades de um curso ou disciplinas que serão disponibilizadas dentro de um ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Abaixo segue o mapa de atividades (quadro 2) da aula 1 desenvolvido para o “Inovação, Criatividade e Atividade Inventiva”. Quadro 2 – Mapa de Atividades – Aula 1
Aula/Semana (periodo) Aula 1 4h 5 dias
Unidade (Tema principal) Conhecendo o AVA
Sub-unidades (Sub-temas) Características do AVA utilizado Primeiros contatos com o AVA
Objetivos Especifícos Conhecer os colegas que farão parte do curso.
Identificar as principais Cronograma do curso características do AVA utilizado. Aula inaugural Dinâmica em equipe
Atividades teóricas e recursos/ferramentas de EaD Atividade 1: Video “O que é EaD” por José Moran Ferramenta: Atividades Recurso: Video-link (http://www. youtube.com/ atch?v=sitLJEFPmok Atividade 2: Apresentar curso, calendário, normas e principais características do AVA utilizado Ferramenta: Leituras Recurso: arquivo PDF
Atividades práticas e recursos/ ferramentas de EaD Atividade3: Dinâmica (colagem). Quem eu sou? Para o que vivo? Qual a impressão que possuo da EaD? O aluno deverá responder as questões e, abaixo de cada resposta, inserir uma imagem que descreva os seus sentimentos. O arquivo não poderá ultrapassar 20 mb. Ferramenta: Portfólio individual Avaliativa: Sim - (DIAGNÓSTICA) Valor/Peso: 10 pontos. Peso 1 Duração: 2 dias Atividade 4: Discussão sobre as facilidades e desafios em um curso EaD Ferramenta: Fóruns de discussão Avaliativa: Não Duração: 3 dias
As atividades sugeridas, assim como as avaliações, possuem uma diversidade de modo a contemplar as abordagens pedagógicas que sustentam a pesquisa, assim como as diversas formas de aprendizagem e inteligências dos discentes que participarão do curso, seguindo os estudos de Gardner (2009).
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Em todas as aulas foram inseridas atividades teóricas e práticas para auxiliar na fixação do conteúdo atendendo às diferentes formas de aprendizagem. As atividades teóricas utilizaram mídias diferenciadas, tais como vídeos, hiperlinks, arquivos PDF e animações em flash. Desta forma pode-se comtemplar necessidades diversificadas tanto de aprendizagem como de custo para o cliente, visto que o desenvolvimento do material e uso de mídias precisa de profissionais adequados que componham a equipe multidisciplinar. De acordo com Kenski (2005), o desenvolvimento de projetos para EaD requer sensibilidade, conhecimento e cuidados em muitos sentidos na escolha das mídias adequadas. Para as atividades práticas, deu-se maior abertura aos alunos para desenvolverem seus conhecimentos utilizando imagens, textos, filmes e arquivos em PDF. Assim, existe a oportunidade para o desenvolvimento da criatividade e autonomia do educando. As atividades práticas foram divididas entre individuais, dupla e grupo, de forma a proporcionar oportunidade de troca de conhecimentos. Visando atender os diversos estilos de aprendizagem, preocupou-se na diversificação dos recursos. Como exemplo, tem-se a aula 1 que possui vídeo (Atividade 1), leitura (Atividade 2), dinâmica (Atividade 3) e fóruns de discussão (Atividade 4).
2.1.2 Matriz de design instrucional “A matriz de design instrucional é mais um método ou recurso de Design Instrucional, geralmente utilizada como um documento complementar ao mapa de atividades por conter informações mais detalhadas” (FRANCO et al, 2010, p.102). “Por várias razões, as pessoas diferem entre si em seus perfis de inteligência, e esse fator tem consequências significativas na escola e no local de trabalho”. (GARDNER, 2007, p.13). Divergências também ocorrem na equipe multidisciplinar envolvida no planejamento e desenvolvimento de um curso. Logo, a matriz de design instrucional é um recurso importante porque oferece mais detalhes sobre atividades que apresentam maior complexidade. O detalhamento da atividade é necessário na identificação do tema a ser transmitido, seu objetivo, conteúdo abordado e suas referências. A matriz de DI a seguir pertence à Atividade 14 da Aula 3 (Quadro 3). Ambiente virtual de aprendizagem: Moodle
Curso/disciplina: Inovação, Criatividade e Atividade Inventiva Designer Instrucional: Ana Paula Batista do Carmo
Identificação da Atividade
Detalhamento da Atividade Descrição / proposta da dinâmica: Em dupla, os alunos deverão escolher imagens .JPG que representem criatividade para cada um deles e escrever o seu significado. A dupla deverá utilizar sua criatividade para apresentar o trabalho desenvolvido, escolhendo a ferramenta mais adequada para sua exibição. Objetivo(s): Trabalhar os conceitos sobre criatividade. Interagir com outro colega do curso. Descrever a criatividade associada ao trabalho e texto desenvolvido.
Aula 3 Atividade 14
Critérios / avaliação: 1 – Escolha da imagem adequada ao significado dado a mesma; 2 – Realização da atividade dentro do prazo estipulado; 3 - Interação com sua dupla; 4 – Utilização de uma ferramenta para inserção do texto e imagem (PPT, Flash, etc.) Tipo de interação: grupo
Prazo: 3 dias
Ferramenta: Portfólio do grupo
Conteúdo(s) de apoio e complementar(es): Vídeo “Porque as crianças são menos criativas na escola? “ - link: http://www.youtube.com/ watch?v= aCImhdUk-ss. Leitura do texto “Criatividade é mais importante do que pesquisa científica para inovação”. Vídeo “A melhor apresentação do mundo” - link: http://www.youtube.com/watch?v=k18rBYvWgmc Produção dos alunos / avaliação: Formar as duplas, escolher uma imagem que represente criatividade para a dupla, explicar o significado da imagem através de um arquivo de texto, animação ou outro recurso que a dupla venha a escolher. Feedback: 1 nota N1: Entrega do arquivo em formato .DOC .PPT ou outro formato escolhido pela dupla. 5 dias após a data limite para entrega. Quadro 3 - Matriz de design instrucional da Atividade 14
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2.1.3 Storyboard
Segundo Franco et al (2010), o Storyboard (SB) é um recurso muito utilizado dentro da área de publicidade e serve como um roteiro desenhado em quadros, representando as ações desenvolvidas, muito semelhante à história em quadrinhos. No contexto da EaD ele serve como um roteiro para auxiliar na resolução de dúvidas e tomada de decisões com relação a ação educacional que está sendo proposta. Filatro (2008) afirma que o storyboard é de suma importância para a equipe de design instrucional por tratar-se de um esboço detalhado do projeto multimídia, o qual possui o intuito de indicar, tanto para a equipe de design e desenvolvimento, como aos clientes, quais os recursos e funcionalidades do produto final que será apresentado/desenvolvido. A figura 1 abaixo apresenta o storyboard da aula 2 do curso “Inovação, Criatividade e Atividade Inventiva”.
Figura 1 - Storyboard da Aula 2 – Inovação
De acordo com o SB demonstrado acima, tem-se que a aula 2 apresenta atividades teóricas e práticas. O acesso ao AVA se dará através do login e senha de usuário. A Agenda demonstrará a navegação necessária para que o aluno possa acessar o conteúdo e caminho para o melhor desenvolvimento e aprendizagem dos conteúdos. Com base nestas informações, a equipe multidisciplinar torna-se apta a desenvolver o material didático e recursos midiáticos para melhor planejamento e criação do curso. “Ao assumir que a instrução é uma atividade de ensino e que se utiliza da comunicação para facilitar a compreensão da verdade, devemos ir além e ter o cuidado de diferenciá-la da distribuição eletrônica de informações e da instrução programada”. (FILATRO, 2003, p. 61).
Considerações Finais A EaD é uma excelente oportunidade de aprendizagem e de transmissão de cultura, visto que, com esta modalidade de ensino, não existe distância. Qualquer pessoa de qualquer parte do país e do mundo pode participar. A diversidade cultural é uma experiência única e desenvolver trabalhos em equipes com esta heterogeneidade que além de proporcionar o aprendizado colaborativo, também engrandece a multiplicidade cultural entre os envolvidos. O desenvolvimento de um curso a distância requer comprometimento, profissionalismo, conhecimento e competência de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Muitos são os cursos oferecidos no mercado atual. Contudo, nem todos possuem a preocupação de ter em sua equipe, profissionais que realmente dediquem-se a construir a aprendizagem de forma colaborativa e com qualidade educacional. Um curso de qualidade envolve uma
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equipe multidisciplinar, onde o DI é o elo de ligação entre os envolvidos para que o trabalho possua planejamento, mídias adequadas, analise das avaliações e, acima de tudo, recursos financeiros e equipamentos que atenda as necessidades do cliente e público-alvo a ser alcançado. O DI é o profissional que compõe um dos pilares da aprendizagem, seja presencial ou EaD, pois é responsável por todo o desenvolvimento do projeto educacional desde o seu planejamento até a implementação. Desta forma, este projetista instrucional é capaz de aplicar de forma estratégica os conhecimentos sobre as teorias da aprendizagem com o objetivo de manter de forma ativa a motivação da comunidade virtual dos aprendizes em torno de sua própria aprendizagem. Um curso elaborado sem a experiência deste profissional corre o risco de ser apenas um transmissor de informação, o que qualquer site de busca da internet pode fazê-lo sem a necessidade de um curso para este procedimento. Logo, o DI é um gestor dentro do processo de aprendizagem EaD e está apto a auxiliar na transformação do conhecimento através dos recursos, equipamentos, mídias e profissionais envolvidos nos cursos por ele planejados.
LUBBART, Tood. Psicologia da criatividade. Porto Alegre: Editora Artmed, 2007. MOORE, Michael; KEARSLEY, Greg. Educação a distância – uma visão integrada. Ed. Thomson. 2007. SCHON, Donald A. Educando o profissional reflexivo – um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Editora Artmed, 2000. VALENTE, Carlos e MATTAR João. Second Life e Web 2.0 na educação: o potencial revolucionário das novas tecnologias. Ed. Novatec – 2007.
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Profa. Ana Paula Batista do Carmo Professora do Centro Paula Souza, onde coordena o curso técnico de Informática na Etec Dra. Ruth Cardoso e participa da coordenação de projetos Agentes Locais de Inovação/INOVA Paula Souza. Graduação em Pedagogia(Unimes-Santos) e Processamento de Dados (Fatec-BS). Pós Graduação (Latu Sensu) em Formação de Orientadores da aprendizagem EaD (PUC-SP) e Design Instrucional para EaD (UNIFEI).
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS PARA EAD: NECESSIDADE OU OPÇÃO? Prof. Guilherme H. Souza Profa. Jaqueline F. Domenciano Prof. Maicon Pires
Resumo Neste trabalho foram abordadas as facilidades trazidas para a Educação a Distância através das tecnologias de informação e comunicação. Foi feito um levantamento de algumas tecnologias que podem ser aplicadas de maneira eficaz no processo de ensino-aprendizagem a distancia. Dentre as informações levantadas, os recursos disponíveis na internet aliados aos equipamentos de celulares, tablets, ou computadores, podem contribuir de maneira positiva na preservação da relação entre aluno, professor e material didático, enriquecendo o processo, evitando o isolamento e caminhando para um ensino que se enquadre dentro do perfil dos alunos atuais. Palavras-Chave: Tecnologia; Educação a distância; Ensino; Aprendizagem.
Introdução Conforme citado por MORAN (2003) é comum as pessoas associarem o termo tecnologia a máquinas, computadores, softwares e internet. O uso de tais recursos não se limita às atividades profissionais, como também estão presentes no dia-a-dia das pessoas na vida familiar. Porém, o conceito de tecnologia é muito mais abrangente e pode ser tratado como “um conjunto de conhecimentos, princípios científicos, que se aplicam em um determinado ramo de atividade”. (FERREIRA, 2010). No processo de educação, podemos classificar a tecnologia como sendo os meios, os apoios, as ferramentas utilizadas para que os alunos possam se desenvolver. Nos primórdios do ensino a distância (EaD), eram comuns os relatos de estudos por correspondência, sendo as cartas, as apostilas, os programas de rádio, as tecnologias utilizadas para se diminuírem as distâncias geográficas. As primeiras experiências com a educação a distância foram através do ensino por correspondência e foram realizadas no final do século XVIII, (NUNES, 1993). No Brasil temos como o maior exemplo de ensino a distancia o Telecurso 2000 que atendeu a 500.000 alunos por ano através de canal aberto na televisão e material impresso (LITTO, 2003). A educação a distância teve seu reconhecimento intensificado após a inserção das novas tecnologias de informação e comunicação, que vieram para oferecer suporte para que fosse possível levar educação e cultura a milhões de pessoas, que, por inúmeros motivos, não puderam frequentar uma instituição de ensino presencial.
Sendo assim, a educação a distância evolui à
medida que as tecnologias disponíveis em cada momento histórico evoluem, mostrando desta forma, que as tecnologias de informação e comunicação possuem grande influência no ambiente educativo e na sociedade. O objetivo central deste artigo é levantar as principais tecnologias e inovações que podem ser aplicadas no processo de educação à distância.
Tecnologia de informação e comunicação As tecnologias de informação e comunicação podem ser classificadas como as formas utilizadas para estabelecer a comunicação. MORAN (2003) descreve que o giz que escreve na lousa, a forma de olhar, de gesticular, de falar com os outros, o livro, a revista, o jornal, o gravador, o retroprojetor, a televisão, são exemplos de tecnologia de comunicação. Pensando em inovações tecnológicas para comunicação, podem ser citados os modernos aparelhos eletrônicos: internet, celulares, TV digital, laptop, tablets e computadores. Para LOPES (2007), os computadores, as novas tecnologias digitais de comunicação e a internet, invadiram o cotidiano das pessoas, independente de classe social e as escolas não ficaram alheias a isso.
Por que utilizar as novas tecnologias de informação e comunicação na educação? É fato que o momento é de transição da educação, seja ela presencial ou à distância, onde os métodos tradicionais estão aos poucos sendo substituídos por novas metodologias mediadas pelas tecnologias digitais. Desta forma, existe uma necessidade de inserir as novas tecnologias de informação e comunicação no ambiente escolar, e isso não é mais uma opção, pois, conforme citado por PRENSKY (2001): as escolas públicas precisam fazer algo para fugirem do processo de declínio que estão enfrentando, pois, os jovens de hoje nunca viveram em mundo sem internet, computadores, satélites ou celulares. “Nossos alunos mudaram radicalmente. Os alunos de hoje não são os mesmos para os quais o nosso sistema educacional foi criado”. (PRENSHY, 2001). Esta mudança se refere ao fato de que os alunos de hoje, do maternal à faculdade, representam a geração dos nativos digitais, ou seja, a primeira geração que cresce em meio às novas tecnologias de informação e comunicação. Eles cresceram entre computadores, vídeo games, câmeras digitais, telefones celulares, reprodutores de músicas digitais, e todas as ferramentas da era digital, incluindo a Internet.
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A interação contínua com estes elementos propiciou aos jovens atuais um pensamento bem diferente dos jovens das gerações anteriores, possibilitando utilizar destes recursos para se inserirem em outro contexto de educação – a educação à distância. [...] é bem provável que as mentes dos nossos alunos tenham mudado fisicamente – e sejam diferentes das nossas – sendo resultado de como eles cresceram. Mas se isso é realmente verdade ou não, nós podemos afirmar apenas com certeza que os modelos de pensamento mudaram.Como deveríamos chamar estes “novos” alunos de hoje? Alguns se referem a eles como N-gen [Net] ou D-gen [Digital]. Porém a denominação mais utilizada que eu encontrei para eles é Nativos Digitais. Nossos estudantes de hoje são todos “falantes nativos” da linguagem digital dos computadores, vídeo games e internet. (PRENSKY, 2001) Este tipo de personagem está acostumado a receber informações muito rapidamente e são capazes de realizar múltiplas tarefas, como por exemplo, ler um artigo enquanto ouve uma música ou assiste a um filme. Como lidar com esta nova geração? Quem está apto a trabalhar com eles? O que fazer com as gerações que não nasceram no mundo digital, mas que vivem em meio a todas estas novas tecnologias de informação e comunicação? No lado oposto aos nativos digitais, temos os Imigrantes Digitais, que são aqueles que nasceram antes da década de 80. Para PRENSKY (2001), embora não tenham nascido na era digital, os imigrantes digitais adotaram a maioria dos aspectos da nova tecnologia. Pois, conforme sugere o significado do termo imigrante –“Entrar (num país estranho) para viver nele” (FERREIRA, 2010) – os imigrantes digitais, como todos os imigrantes se adaptam ao ambiente, e mantém seu “sotaque”, ou seja, um pé no passado. Os dados da pesquisa do neurocientista Gary Small, mostram que os imigrantes digitais foram treinados de maneira muito diferente dos nativos digitais. Eles aprendem e executam suas atividades de maneira metódica, sempre uma de cada vez. Apresentam-se mais vagarosos no uso e na adaptação das novas tecnologias de informação e comunicação. É comum para os imigrantes digitais que apresentem alguns “sotaques”: • Leitura de um manual para um programa ao invés de assumir que o programa o ensinará a utilizá-lo; • Impressão de um e-mail para se certificar que o mesmo será armazenado;
Parece engraçado listar estes sotaques, pois, são extremamente comuns. Porém, este é um grave problema para a educação atual, visto que, a maioria dos docentes de hoje são imigrantes digitais, que usam uma linguagem ultrapassada, e estão tentando ensinar conceitos aos nativos digitais que usam uma linguagem totalmente nova. Isto é óbvio aos Nativos Digitais – as escolas frequentemente sentem como nós tivéssemos criado uma população de sotaque forte,estrangeiros incompreensíveis para ensiná-los. Eles geralmente não podem entender o que os Imigrantes estão dizendo. O que “discar” um número significa mesmo? PRENSKY (2001) Então, o que pode ser feito para unir as gerações de “nativos e imigrantes digitais”? Que ferramentas podem ser usadas para minimizar estes problemas enfrentados na educação? Como os recursos disponíveis na Internet podem ser úteis aos docentes para que possam aprender e se comunicar na língua e estilos de seus estudantes?
Internet A Internet tem sido uma companheira inseparável no cotidiano das pessoas. O acesso à Internet está cada vez mais acessível, seja através de computadores, celulares ou tablets. Esta facilidade de acesso fez com que a Internet se tornasse uma excelente ferramenta na educação à distância, com um papel significativo no processo de ensino-aprendizagem, diminuindo as distâncias e fortalecendo o vínculo entre professores e alunos, pois “o ciberespaço é por excelência o meio em que os atos podem ser registrados e transformados em dados exploráveis” (LEVY, 1997). A EAD explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hipermidias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. Mas o essencial se encontraem um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede. Neste contexto, o professor é incentivado a tornarse um animador da inteligência coletiva de seus grupos de alunos em vez de um fornecedor direto de conhecimento (LEVY, 1999). Algumas ferramentas muito úteis no processo de ensino-aprendizagem estão vinculadas ao uso da Internet. Dentre elas, podemos citar: • Ambientes virtuais de aprendizagem
• Não possuem habilidades para executarem mais de uma atividade ao mesmo tempo;
“Ambientes digitais de aprendizagem são sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos.” (ALMEIDA, 2013).
• Não acreditam que seja possível aprender enquanto se ouve música ou assiste TV.
Com tais ferramentas, surgem novas possibilidades de integração através da Internet, tornando
• A necessidade de imprimir um documento feito no computador para que este possa ser editado, ao invés de editá-lo na tela; • Reunir pessoas para mostrar um site interessante ao invés de divulgar o link;
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possível uma organização mais controlada cursos de diversas áreas, sendo possível mesclar aulas presenciais e a aulas desenvolvidas à distância, permitindo os estudos em horários flexíveis ou, em certos casos, até mesmo há a possibilidade de aulas apenas virtuais. Tais fatores são decisivos para uma ampla aproximação entre professores e alunos dentro do processo educativo. Dentro de um ambiente virtual de aprendizagem, muitas ferramentas podem ser utilizadas, podendo citar os e-mails, fóruns, conferências, bate-papos, arquivos de textos, wikis, blogs, sendo que, muitas vezes, tais ferramentas são consideradas ambientes virtuais de aprendizagem. Recentemente a gigante da Internet Google decidiu entrar neste mercado, com o desenvolvimento da plataforma Helpouts¹ . O novo ambiente virtual da Google permite que qualquer pessoa se inscreva para aprender ou ensinar, para isso fornecem videoconferências, as quais podem ser agendadas, e os professores podem cobrar com isso através de outro serviço da própria Google, o Google Wallet. Nas categorias de aprendizagem se encontram computação, educação, culinária, saúde, casa e jardim, entre outras. • Vídeos Atualmente, o vídeo, transcende a televisão. As imagens podem ser transmitidas e reproduzidas em diferentes mídias. Com preços mais acessíveis, o acesso a dispositivos eletrônicos como câmeras fotográficas digitais, celulares, smartphones, webcams e computadores, faz com que o vídeo deixe de ser uma tecnologia restrita a poucos estabelecendo uma democratização do vídeo. Os vídeos resultantes podem ser exibidos na internet, em um arquivo do Ms PowerPoint®, em um computador, em uma TV, etc. Entretanto, ainda existe uma associação do vídeo com o entretenimento e o lazer. Segundo MORAN (1995), essa associação é importante, pois ao se usar o vídeo em sala de aula, na cabeça dos alunos, significa lazer e não aula. Logo, quando usado corretamente, atrai o aluno para os assuntos do componente curricular. A objetividade do vídeo é impressionante, vídeos causam impacto, suas imagens falam por si mesmas. É importante ressaltar que, apesar de todas as oportunidades oferecidas, o uso do vídeo não adianta nada sem uma boa estrutura pedagógica (MORAN, 1995). As tecnologias necessitam de outro elemento que as completem, este elemento é o professor. • Imagem O profissional de educação precisa ter conhecimento das relações entre texto e imagem para melhor adequar seu material didático. Segundo BELMIRO (2000) a alfabetização visual vem contemplar as práticas de aprendizagem para a leitura de imagens. A alfabetização pela imagem é um meio de construir cidadania. Para isso, o aluno deve apreciar a imagem dos livros didáticos como arte, ser capaz de reconhecê-
¹ Mais informações sobre a plataforma disponíveis em: <https://support.google. com/helpouts /#topic=3269999>. Acesso em 26/09/2013.
la e interpretá-la. O uso de imagens fotográficas é muito explorado no método tradicional de educação presencial, estando sempre presente nos livros didáticos. Desta forma, visa aproveitar a força de realidade própria da fotografia para ampliar a consciência social do aluno, estabelecendo uma aproximação com um grupo de dados de informação considerados relevantes para o projeto pedagógico do livro. Na educação à distância, esta mesma prática deve ser adotada, pois, segundo a autora se há textos muito longos, a imagem serve para quebrar o ritmo cansativo da leitura além de poder sugerir outras leituras. SOUZA (2009), valendo dos estudos de outros autores, revela que o sentido da visão é fator de grande importância na inteligência humana, pois, a imagem aparece como recurso muito atrativo, uma vez que a mesma pode significar muito mais do que um texto, já que a partir dela o estudante pode formar um leque de significados, dessa forma, atingir o objetivo pedagógico final, que é a aquisição de conhecimentos e a aprendizagem. Enfim, vale lembrar que utilizando a imagem como recurso didático, é possível explorar a importância da subjetividade e da individualidade que há no significado de cada imagem para cada aluno. Assim questionamentos poderão surgir a partir de imagens presentes em vídeos, filmes, slides, fotografias e ilustrações. • Blog Os blogs podem ser poderosas ferramentas de apoio à Educação a Distância, constituindo um canal de comunicação informal entre o tutor e o aluno, oferecendo ao aluno um meio pessoal para a experimentação de sua própria aprendizagem. O blog é um site cujo dono usa para fazer registros diários, que podem ser comentados por pessoas em geral ou grupos específicos que utilizam a Internet. Em comparação com um site comum, oferece muito mais possibilidades de interação, pois cada post (texto publicado) pode ser comentado. Staa (2012). Por permitir estabelecer a produção, publicação e interação entre o escritor e o público em um único ambiente, facilita sua administração e também torna o ambiente virtual muito mais agradável. Em um blog é possível agregar inúmeros recursos personalizáveis como: arquivos em áudio, vídeos e imagens para estabelecer uma identidade própria a esse ambiente virtual de aprendizagem, de forma relativamente fácil se comparada a outras ferramentas empregadas na EAD. Tais ferramentas, aliadas a Internet, deram origem a um novo perfil de usuários, aqueles que não somente extraem informações na rede, mas também, aqueles que colaboram com depósito de informações. Através desta troca de conhecimentos, a Internet passou a ser considerada um espaço para aprendizado, algumas vezes, denominado e-learning.
E-Learning De acordo com ROSENBERG, e-learning “refere-se à utilização das tecnologias da Internet para fornecer um amplo conjunto de soluções que melhoram o conhecimento
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e o desempenho” (2002, p. 25). Segundo esta afirmação consideraremos o e-learning como uma modalidade de ensino a distância, e ROSEMBERG fundamenta este conceito pelos seguintes critérios: • Transmissão em rede: que possibilita atualização instantânea, arquivamento, distribuição e compartilhamento de instruções e informações. • Disponibilização via computador: utilizando os padrões de tecnologia da Internet. • Foco em uma visão ampla de aprendizado: soluções que vão além dos paradigmas tradicionais de treinamento. Após a expansão da internet o termo e-learning passou a ser sinônimo de ensino à distancia, isto possibilitou uma comunicação mais flexível entre o professor e o aluno. Podemos destacar alguns dos benefícios do e-learning, de acordo com ROSENBERG (2002): • O conteúdo pode ser atualizado com facilidade e rapidez. • O aluno tem acesso ao curso de qualquer lugar do planeta, 24 horas por dia, 7 dias por semana. • A Internet possibilita construir comunidades para compartilhar conhecimentos após o curso. • Do ponto de vista corporativo vai existir a redução de custos com viagens, diminuição do tempo de treinamento, redução da infraestrutura. De acordo com HUTCHINS (2001), podemos citar outra grande vantagem o incentivo a participação do aluno, tendo em vista que barreiras como o preconceito, timidez, medo são facilmente deixados de lado. O ensino online é mais flexível que a sala de aula porque o estudante que não compreende o conteúdo de imediato pode rever o material. (DRUCKER, 2000).
Considerações Finais Todos os meios ou recursos utilizados no processo de ensino-aprendizagem são considerados tecnologias de informação e comunicação. Dentre elas, podemos citar o giz, a lousa, a revista, a televisão... Portanto, com a evolução das tecnologias de informação e comunicação, podemos incluir a estes recursos, os modernos aparelhos de celulares, tablets e computadores, ambos, conectados a Internet. Durante este estudo, foi relatada a importância existente na relação entre o uso das ferramentas de tecnologias de informação e comunicação, associadas aos recursos disponíveis na Internet, para um bom aproveitamento do processo educacional, visto que, através dela, muitos recursos podem ser ampliados, como por exemplo, podem ser criados ambientes virtuais de aprendizagem, que auxiliam na interação entre alunos, professores e material didáticos, sendo este um local onde são hospedados os materiais para estudo, os vídeos, as dicas, onde estão disponibilizadas as atividades e onde 26
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os alunos se reúnem cada um no seu espaço geográfico, e compartilham conhecimentos. Através destas possibilidades que surgem com o auxílio das tecnologias de informação e comunicação, os alunos da educação à distância passam a estudar de acordo com o seu tempo, ou seja, vivem em meio aos avanços tecnológicos, dentro e fora do ambiente escolar, passando assim, a encarar o processo educacional de maneira satisfatória e não como uma obrigação. Esta teoria foi comprovada através desta revisão de literatura, que mostrou que as ferramentas utilizadas no processo educacional há 20 anos, não prendem os alunos atuais, que estão ansiosos por conhecimento, mas que por outro lado, clamam por uma educação independente de hora e espaço. No século passado, a escola era vista como a única fonte de aprendizado. Hoje, com as novas tecnologias digitais de informação e comunicação sendo utilizadas como complemento aos recursos didáticos, este espaço pode ser ampliado, podendo acontecer em qualquer hora e em qualquer lugar, democratizando o acesso à educação. Todos os recursos tecnológicos citados neste levantamento bibliográfico são facilmente aplicados no ensino presencial, podendo fazer desta metodologia de ensino algo prazeroso para a nova geração de nativos digitais.
Referências ALMEIDA, M. E. B. Educação à distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa: vol.29 nº.2 São Paulo, 2003. BELMIRO, C. A. A imagem e suas formas de visualidade nos livros didáticos de Português. Educação & Sociedade, ano XXI, nº 72, 2000. DRUCKER, P. e-ducação. Exame. São Paulo: Editora Abril, p. 64-67, 14 jun. 2000. FERREIRA, A. B. H. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8. ed. Curitiba: Positivo, 2010. p. 410, 730. HUTCHINS, H. M. Enhancing the business communication course through WebCT. Business Communication Quarterly, New York, v.64, n.3, p.87-94, set. 2001. LEVY, P. O que é virtual? Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Ed.34, 1997. ______. Cibercultura; tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999. LITTO, F. M. Jornal da USP. São Paulo: Universidade de São Paulo – Coordenadoria da Comunicação Social, ano XVIII, n. 639, 22 a 27 abr. 2003, Opinião, p.2. LOPES, L. C. Crenças e tecnologias: ensaios de comunicação, cibercultura e argumentação. Porto Alegre: Sulina; São Carlos: EdUFSCar, 2007. MORAN, J. M. O vídeo na sala de aula. São Paulo, jan./abr. de 1995. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/ moran/vidsal.htm>. Acesso em: 23 set. 2013. ______. Gestão inovadora da escola com tecnologia. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/ gestao.htm>. Acesso em: 13 jun 2013.
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Prof. Guilherme H. Souza Professor do Centro Paula Souza. Graduado em Ciência da Computação pela FAFEM em 2003. Especialista em Redes de Computadores e Internet pela Universidade de Franca em 2007. Licenciado em Informática pela FATEC de Americana em 2008. Mestrando em Ciência da Computação pela Universidade Federal de São Carlos. Profa. Jaqueline F. Domenciano Professora do Centro Paula Souza e Agente Local de Inovação da Agência INOVA Paula Souza. Tecnóloga em Informática para a Gestão de Negócios pela FATEC de Mococa em 2008. Licenciada em Informática pela FATEC de Americana em 2010. Especialista em Educação à Distância pelo Centro Universitário Claretiano em 2011. Mestranda em Ciência, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal de São Carlos. Prof. Maicon Pires: Professor do Centro Paula Souza e Auxiliar Docente. Tecnólogo em Informática para Gestão de Negócios pela FATEC de Mococa em 2007. Licenciado em Informática pela FATEC de Americana em 2008. Especialista em Computação Gráfica pelo Centro Universitário Senac em 2010.
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Objetos de Aprendizagem na Construção de Material Didático para Educação a Distância: Uso do Educaplay. Profa. Ms. Eveline Batista Rodrigues
Resumo As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) abrem as portas para uma nova perspectiva de ensino, fortalecendo o enfoque da Educação a Distância, que parte do princípio de que a educação deve ser construída através de ações colaborativas, obtidas através da sinergia entre alunos, professores e tutores que passam a reconstruir virtualmente espaços reais de interação. Para que esta interação possa ocorrer, precisamos dos objetos de aprendizagem, que são qualquer recurso digital, entregues via internet, possibilitando o acesso e uso por qualquer pessoa, simultaneamente a outros usuários e que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino. Os objetos de aprendizagem devem propor atividades que estimulem as competências que se deseja desenvolver nos alunos, dotando-os de habilidades para desempenhar tarefas da disciplina em questão. E estimular a capacidade de concentração, de síntese, de crítica, de planejamento, entre outras. Como exemplo é apresentado o sistema online Educaplay, que possibilita a construção de 13 diferentes tipos de atividades, como objetos de aprendizagem, pelo professor. Palavras-chave: EAD, objetos de aprendizagem, educaplay.
Introdução Inicialmente a Educação a Distancia (EAD) era realizada através de cursos por correspondência e pela televisão. Em meados da década de 80, passou-se a utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) como uma forma de reavivar essa prática. Dentre os fatores que propiciam essa mudança, podemos citar: a possibilidade de interação em tempo real e de colaboração entre os envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem, que são características fundamentais da EAD (SANTOS; FRANCIOSI, 2006). O conceito de Educação a Distância no Brasil é definido oficialmente no Decreto nº 5.622 de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005): Art. 1º Para os fins deste Decreto, caracterizase a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a mediação didáticopedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação,com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Para Garcia Llamas (1994), educação a distância é definida como “uma estratégia educativa baseada na aplicação da tecnologia à aprendizagem, sem limitação 28
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de lugar, tempo, ocupação ou idade dos alunos. Implica novos papéis para os alunos e para os professores, novas atitudes e novos enfoques metodológicos”. Nessa mesma linha caminha a concepção da Unesco, ao definir a educação sem fronteiras como “um ambiente de ensino aberto, flexível, adaptado as diversas necessidades de aprendizagem e facilmente acessível para todos, em distintas situações” (UNESCO, s/d, p. 1) e que busca superar obstáculos relacionados ao espaço, tempo, idade e circunstâncias. Para Riano (1997), a EAD pode ser definida como uma “relação professor aluno ou ensino-aprendizagem mediada pedagogicamente e mediatizada por diversos materiais instrucionais e pela orientação tutorial. Isto é válido tanto para ambientes pedagógicos tradicionais como para aqueles que usam as novas tecnologias”. Segundo o Ministério da Educação (2013), “Educação a distância é a modalidade educacional na qual alunos e professores estão separados, física ou temporalmente e, por isso, faz-se necessária a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação”. Segundo a LDB, artigo 32, o ensino a distância poderá ser utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais no ensino fundamental. Existe legislação que regula a modalidade e ela é muito utilizada hoje em dia, sobretudo na educação superior. As TIC´s compõem papel essencial nesse reavivamento da Educação a Distância, pois através da Internet o acesso chega a qualquer pessoa, e faz o relacionamento entre alunos e professores. É também pela disponibilidade da Internet, que é de 24 horas por dia, 7 dias por semana, que cada vez mais pessoas se interessam por essa modalidade de ensino, pois podem se dedicar no momento do dia que tiverem mais tempo. A aprendizagem do aluno é marcada pela plena autonomia e controle, estimulando o aluno a aprender por conta própria sem depender que alguém lhe diga como ou qual será sua forma de aprender - chamada de autoaprendizagem. A aprendizagem colaborativa - onde um conjunto de pessoas compartilham suas dificuldades e conhecimentos e auxiliam no aprendizado uns dos outros também faz parte do processo. O papel do professor é de mediador e facilitador, ficando separado fisicamente do aluno, enquanto o aluno torna-se o sujeito da aprendizagem, sendo um coautor neste processo.
Os Objetos de Aprendizagem Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) indicam a necessidade de incorporar ao trabalho da escola “tradicionalmente apoiado na oralidade e escrita, novas formas de comunicar e conhecer” (BRASIL, 1998).
A escola e principalmente os alunos de hoje, requerem novas formas de ensino, pois estão vivenciando uma era onde computadores e smartphones fazem parte do seu dia a dia e já são recursos incorporados naturalmente em seu cotidiano. Pois bem, o computador possibilita o cálculo, a visualização, a modelagem e a geração de simulações, podendo ser considerado o instrumento mais poderoso que, atualmente, dispõem os educadores para proporcionar esses tipos de experiências aos seus alunos (SÁ FILHO; MACHADO, 2004). Dentre os recursos tecnológicos à disposição do educador, destacam-se os Objetos de Aprendizagem (OA). Os Objetos de Aprendizagem são recursos tecnológicos educacionais, que atuam no processo ensino-aprendizagem proporcionando mais dinamismo e interatividade. Devem possuir uma finalidade educacional específica, procurando facilitar o entendimento dos principais conceitos envolvidos no desenvolvimento de um conteúdo. Os objetos visam incrementar as metodologias pedagógicas, podendo ser utilizados no ensino presencial ou na modalidade à distância. Segundo Gonzáles e Ruggiero (2009) a definição de Objetos de Aprendizagem atualmente é tema de debate nas áreas tecnológicas e educacionais. Assim sendo, a definição mais aceita considera: “os objetos de aprendizagem como recursos envolvidos em atividades instrucionais, que carregam funções com objetivos de ensino bem determinados, adaptáveis às necessidades, às habilidades, aos interesses e ao estilo cognitivo de cada aprendiz”. Os Objetos de Aprendizagem são entendidos como qualquer recurso digital, entregues via internet, significando que qualquer pessoa pode ter acesso e uso, simultaneamente a outros usuários e que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino (WILEY, 2000). Ainda, segundo Wiley, essas são as diferenças fundamentais entre a mídia instrucional tradicional e os OA. Os Objetos de Aprendizagem podem ser criados em qualquer mídia ou formato, podendo ser simples como uma animação ou uma apresentação de slides ou complexos como uma simulação, podem utilizar-se de imagens, animações e applets, documentos VRML (realidade virtual), arquivos de texto ou hipertexto, dentre outros. Não há um limite de tamanho para um Objeto de Aprendizagem, porém existe o consenso de que ele deve ter um propósito educacional definido, um elemento que estimule a reflexão do estudante e que sua aplicação não se restrinja a um único contexto (BETTIO; MARTINS, 2004). As primeiras discussões sobre a concepção dos Objetos de Aprendizagem não chegavam a um consenso sobre se os OA poderiam considerar os objetos digitais. Como exemplo, vale citar a apresentação da definição do Learning Technology Standards Committee (LTSC), do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE), um dos primeiros a expor uma definição para OA, que podia ou não ser digital (LTSC, 2006). Com o passar do tempo, as publicações de novas pesquisas referentes ao tema pelos acadêmicos estudantes da área permitiram a exposição de uma certa tendência entre os acadêmicos: um grande número de autores optou por uma definição de OA como objeto preferencialmente (ou
necessariamente) digital: Wiley (2000), Schwarzelmüller e Ornellas (2006), Leffa (2006a), South e Monson (2007), Gallo e Pinto (2010), Garcia (2011), Costa e Fialho (2012), Vetromille-Castro et. al. (2012) e muitos outros. Segundo Favero Et al (2008) alguns pontos podem ser destacados de sua concepção: “(a) a exclusão da conceituação de OA às entidades não-digitais; (b) a referência explícita às características de reutilização (excluindo os nãoreutilizáveis); granularidade e agrupabilidade (combinação); (c) os OA podem apresentar diversos tamanhos (pequenos ou grandes), bem como podem ser agrupados entre si para compor diferentes níveis estruturais entre os OA; (d) ênfase na utilização dos OA para suporte à aprendizagem”. Os objetos de aprendizagem, ainda segundo González (2009), apresentam-se em formato digital, podendo ser compostos por conteúdo instrucional multimídia e ainda complementados por outros objetos de aprendizagem, através das seguintes formas: (a) receptiva, em formatos de vídeos; (b) diretiva, através de exercícios práticos; (c) envolvente, com animações e jogos; (d) exploratório, através de simulações. A essência destes objetos, conforme Rehak e Mason (apud Silva, 2011), consistem sobre quatro características fundamentais: acessibilidade, reutilização, durabilidade e interoperabilidade, definidas a seguir: • Acessibilidade: refere-se à localização e acesso de um local remoto e usá-lo em muitos outros locais, uma identificação padronizada que garanta seu encontro (metadados). • Reutilização: refere-se ao seu desenvolvimento na forma de garantir flexibilidade para incorporar componentes ou compor diversas unidades de aprendizagem. • Durabilidade: refere-se à capacidade de suportar novas tecnologias sem a necessidade de recodificação ou reconfiguração, nas atualizações em hardware ou software. • Interoperabilidade: refere-se que os objetos possam ser operados a partir de diferentes plataformas e sistemas operacionais. Unindo-se os tipos de objetos de aprendizagem definidos por Gonzáles e Ruggiero (2009), com as características apresentadas acima, podemos inseri-los na educação à distância, esta por ser baseada totalmente através da Internet, e os objetos de aprendizagem por ser conteúdo instrucional multimídia, em formato digital e na Internet. Podem juntos permitir ao aluno experiências de interação, exploração através de simulações, garantindo assim um aprendizado mais significativo.
Educaplay como Exemplo de Objeto de Aprendizagem para Construção de Materiais Didáticos Para a apresentação do exemplo, será considerada a definição de Wiley (2000) de que objetos de aprendizagem são entidades digitais que podem ser implementados utilizando uma vasta gama de tecnologia de software.
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Embora existam diversos tipos de entidades digitais como apresentações, planilhas e editores de texto, o foco deste trabalho será nos OAs implementados como componentes de software que tenham a sua aplicação para fins didáticos. Quando um material didático para uso em EAD é elaborado, devemos nos centrar nas seguintes diretrizes: a) Modelo educacional a ser adotado – que define o estilo de aprendizagem, as formas de avaliação e os modelos de tutoria a serem adotados, como presencial e a distância. b) Definição do conteúdo a ser disponibilizado – para tal pode-se fazer uso de mapas conceituais ou ontologias. c) Definição da mídia em que o conteúdo será apresentado: impresso, CD-ROM ou na Web. Para cada forma definir as mídias que serão usadas como: objetos de aprendizagem, hipermídia, Realidade Virtual, vídeo, animação, figuras, textos, entre outros. O modelo educacional parte de questões como o projeto pedagógico ao qual o curso ou a disciplina está inserido. A definição do conteúdo a ser disponibilizado fica a cargo do professor e a definição da mídia neste estudo será a web.
Não há necessidade de download de software, todo o material é desenvolvido no próprio site e a atividade fica salva na área de cada usuário. Após a conclusão da sua atividade, um link é criado e poderá ser incorporado em um site, em um blog ou ainda dentro de plataformas de aprendizagem, como por exemplo, o Moodle. O Moodle é uma plataforma de aprendizagem muito popular por ser gratuita, possuir muitos materiais para suporte, facilidade na aprendizagem e na utilização e ser crescente a quantidade de recursos e atividades, que são anexados a plataforma, pela comunidade acadêmica. O Educaplay é apresentado em três idiomas: inglês, espanhol e francês. Sua utilização em espanhol é compreensível e o conteúdo da atividade a ser desenvolvida poderá ser criado no idioma português. A figura 2 apresenta a tela de criação de atividades, acima em Tipo de Actividad, é preciso escolher um tipo de atividade dentre as 13 opções, escolher o idioma, colocar um título e uma descrição. O último item, um controle deslizante é para regular a idade a que se destina a atividade. Figura 2. Tela de criação de atividades do site Educaplay.
De acordo com Sales (2005) independente da mídia utilizada para elaboração do material didático de EAD, a eleita deve ser um instrumento de aprendizagem que apresente condições para: interatividade, sequenciação de ideias e conteúdos, relação teórico-prática e auto avaliação. E que apresentem também: linguagem clara e concisa, relação prática-teórica na linguagem escrita, glossário, exemplificações cotidianas e/ou específicas, resumos e animações. As animações permitem demonstrar por meio de simulações, algo que o aluno não poderia ver na prática, pelo fato de ele não estar em um campus, e por não haver tal recurso na modalidade EAD. Muitas animações podem permitir interação, onde o usuário pode controlar as entradas de informações no ambiente animado, e visualizar diferentes saídas de acordo com as suas entradas. O site Educaplay (http://www.educaplay.com) é um exemplo de uma ferramenta de produção de material didático que através de um cadastro prévio, permite ao usuário, no nosso caso o professor, criar 13 tipos atividades como: adivinhas, palavras cruzadas, quebra-cabeças, completar textos, diálogos, ditados, ordenar letras, classificar palavras, relacionar elementos, questionários do tipo teste e questões, mapas e videoquiz.
Tela de criação das palavras que formarão a cruzadinha e a pergunta que será feita para o aluno: Figura 3. Tela de criação da atividade cruzadinha do site Educaplay.
Figura 1. Site Educaplay.
A figura abaixo mostra a cruzadinha pronta, é só clicar com o mouse nos quadrados e escrever a resposta para a pergunta que está à direita da tela. É possível dar pistas de uma letra da palavra ou até mesmo a própria palavra. Após a digitação, é só apertar o botão cheque. 30
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Figura 4. Tela de criação da atividade cruzadinha do site Educaplay.
Considerações Finais A Educação a Distância já está instalada em nosso sistema de ensino, já contêm diretrizes e leis reguladoras para o seu correto funcionamento. Os alunos do sistema tradicional de ensino, que estudavam em carteiras em salas de aula com o professor passando matéria no quadro negro com giz, não são mais o aluno dos dias atuais. Os novos alunos nasceram em meio às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICS). Utilizam diariamente celulares dotados de sistemas operacionais e Internet. Operam softwares editores de texto, planilhas e apresentações intuitivamente. Para esses alunos não há qualquer dificuldade em manusear um software de computador, ou fazer pesquisas na Internet ao invés de livros.
A figura 5 mostra atividade pronta. Para testar, é só clicar no botão Começar. Note que na lateral direita da tela (na figura 5), haverá três opções com códigos: url, insertar e insertar iframe. Para inserir na plataforma Moodle você deverá selecionar toda a programação que está dentro da opção: Insertar iframe e depois de selecionada copiar o conteúdo (CTRL+C). Este código copiado poderá ser inserido na plataforma Moodle, através da opção Acrescentar recurso > Criar uma página web. Já dentro da edição do “Criar uma página web”, em texto completo, será o local onde deve ser inserido o código da programação de nossa atividade. Figura 5. Tela de finalização da atividade cruzadinha do site Educaplay.
Não há dúvidas que daqui em diante a Educação a Distância vai se tornar um método tão ou mais utilizado do que o sistema de ensino tradicional. Promover formas de ensino e métodos que garantam o efetivo aprendizado do aluno se tornará cada vez mais desafiador. O professor precisará cada vez mais de recursos para garantir uma aula dinâmica, interativa, que construa efetivamente o conhecimento do aluno, que é feito de forma autônoma pelo ensino a distância. Desta forma, a utilização de Objetos de Aprendizado vem ao encontro dessa necessidade, pois melhora significativamente o modo como as atividades podem ser armazenadas e distribuídas na Internet. No caso, o uso da ferramenta Educaplay possibilita a construção dessas atividades pelo professor, com a vantagem de que tais atividades possam desenvolver no aluno as habilidades e competências da disciplina ou do conteúdo em questão, pois é o próprio professor quem a está desenvolvendo, podendo fazer com que a atividade vá ao encontro do projeto pedagógico e o plano de ensino de um determinado curso. As atividades devem ser previstas no sentido de estimular as competências que se quer desenvolver nos alunos, tais como a capacidade de concentração, de síntese, de crítica, de planejamento, entre outras.
O site ainda disponibiliza algumas atividades de outros usuários. A atividade abaixo é um exemplo de um mapa interativo sobre as partes do olho humano, onde está descrito na parte superior mácula, o usuário deve clicar no quadrado correspondente à opção correta (figura 6). Figura 6. Atividade sobre as partes do olho do site Educaplay. Disponível em: <http://www.educaplay.com/es/recursoseducativos/12097/partes_del_ojo.htm>
Ainda há a necessidade de se instituir um padrão de especificação desses OAs, mas levando em consideração o número de pesquisadores e instituições que estão promovendo estas pesquisas, a tendência é que os OAs tornem-se um padrão mundial de troca de informação entre sistemas de ensino e venham a sobrepujar o quadronegro e o giz.
Referências BETTIO, R. W. de; MARTINS, A. Objetos de aprendizado: um novo modelo direcionado ao ensino a distância. Documento online publicado em 17/12/2004: Disponível em: <http://www.universia.com.br/materia/materia. jsp?id=5938>. Acesso em: 20/07/2013. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC/SEF, 1998.
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______. Decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o artigo 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 20 dez. 2005. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/ Decreto/D5622.htm>. Acesso em: 25/08/2013. ______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l9394.htm>. Acesso em: 28/05/2013. ______. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. O que é educação à distância? 2013. Disponível em: <http://portal.mec.gov. br/index.php?option=com_contento-que-e-educacao-a-di stancia&catid=355&Itemid=230>. Acesso em: 30/09/2013. CASTRO, R.; HEEMANN, C.; FIALHO, V. R. (Org.). Aprendizagem de Línguas - a Presença na Ausência: CALL, Atividade e Complexidade. Pelotas: Educat. 2012. p.241-256. COSTA, A. R.; FIALHO, V. R. Objetos de Aprendizagem para o ensino de Espanhol como Língua Estrangeira: definição e perspectiva teórica. In: XII SEMINÁRIO INTERNACIONAL IN LETRAS. Língua e Literatura na (pós-) modernidade. Anais. Santa Maria, Rio Grande do Sul. 2012. EDUCAPLAY. 2013. Disponível em: <www.educaplay.com>. GALLO, P.; PINTO, M. das G. Professor, esse é o objeto virtual de aprendizagem. Revista Tecnologias na Educação, vol. 2, n. 1, p.1-12, 2010. GARCIA, S. C. Objetos de aprendizagem como artefatos mediadores da construção do conhecimento: um estudo com base na Epistemologia Histórico-Cultural. 2011. 236f. Tese (Doutorado em Letras) - Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, Rio Grande do Sul, 2011. GONZALES, L.A.G; RUGGIERO, W.V. Collaborative e-learning and Learning Objects. IEEE Latin America Transactions, vol. 7, no. 5, September, 2009. Disponível em: <http://www.ewh.ieee.org/reg/9/etrans/ieee/issues/ vol07/vol7issue5Sept.2009/7TLA5_11GarciaGonzalez. pdf>. Acesso em: 01/06/2013.
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Profa. Ms. Eveline Batista Rodrigues Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo. Especialista em Sistemas para Internet pela Universidade Euripides de Marília. Graduada em Ciência da Computação pela Universidade Euripides de Marília. Licenciada em Informática pela Fatec Estudante Rafael Camarinha. Atuo como professora em nível superior e nível técnico, nas disciplinas de programação em C, C#, Java, PHP, linguagem SQL e banco de dados SQL Server e MySQL.
DETERMINAÇÃO E PERMANÊNCIA DOS ESTUDANTES NOS CURSOS TÉCNICOS A DISTÂNCIA: UM ESTUDO DE CASO. Profa. Luciana Narciso de Mattos Prof. Onofre Barroca de Almeida Neto Profa. Ronara Martins Bernardino
Resumo Este estudo se constituiu a partir de um recorte de uma pesquisa realizada no primeiro semestre de 2013, referente à busca de um diagnóstico de satisfação e avaliação pelos estudantes que estão em fase de conclusão do curso. Buscouse identificar os motivos que levaram os alunos a persistirem e concluírem os cursos técnicos subsequentes à distância, e principalmente, contribuir para o fortalecimento na qualidade da gestão acadêmica dos cursos. Trata-se de uma investigação de natureza quali-quantitativa de caráter exploratória-descritiva. Quanto aos procedimentos técnicos, classificou-se como bibliográfica e de estudo de caso. A amostragem foi constituída por 164 estudantes dos cursos técnicos subsequentes à distância em Agroecologia, Gerência de Saúde, Logística, Meio Ambiente e Redes de Computadores, oferecidos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Câmpus Rio Pomba (IF Sudeste MG, Câmpus RP). Assim, considerou-se as variáveis que aqui foram destacadas que representam uma pequena amostra de estudantes de EaD do IF Sudeste MG, Câmpus RP, inferindo-se que os aspectos pessoais por uma necessidade intrínseca ao sujeito são fortes elementos para permanência no Ensino a Distância. Palavras-chaves – Educação; Gestão; Qualidade; Motivação
1. Introdução O Câmpus Rio Pomba do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais foi fundado em 16 de agosto de 1962, ao longo de sua trajetória passou por diversas transformações: Ginásio Agrícola; Colégio Agrícola; Escola Agrotécnica Federal; Centro Federal de Educação Tecnológica e finalmente em 30 de dezembro de 2008 com a expansão da Rede Federal de Ensino, tornou-se Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Câmpus Rio Pomba. Em consonância com o desenvolvimento da região, hoje este Instituto oferece uma diversidade de cursos técnicos de nível médio: cerca de onze cursos nas modalidades integrado, concomitante e subsequente; sete cursos técnicos subsequentes na modalidade à distância; sete cursos de graduação tecnológica, bacharelado e licenciatura e um curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu em nível de mestrado profissional, de forma a garantir qualificações que facilitem a colocação desses profissionais no mercado de trabalho. O IF Sudeste MG, campus Rio Pomba a partir da aprovação no Edital nº01/2007 SEED/SETEC/ MEC, publicado em 27 de abril de 2007, começou a
ofertar cursos técnicos à distância. Em 2009, 2010 e 2011 ofertamos 150 vagas para o curso Técnico em Meio Ambiente em três cidades polo. Em 2012 foram ofertados quatro novos cursos técnicos (Agroecologia, Gerência em Saúde, Logística e Redes de Computadores) e iniciamos a participação no programa Profuncionário com o curso Técnico de Secretaria Escolar, ofertando 1260 vagas em 12 cidades polos. A difusão da Educação a Distância (EaD) no Brasil, devido à grande oferta de Cursos Técnicos e de Graduação, pelo incentivo dado do Governo Brasileiro para expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica no qual se inclui o IF Sudeste MG, Campus RP, traz novas preocupações das Instituições Educacionais ofertantes desta modalidade de ensino como: adesão¹ , permanência² e evasão³ , mas sendo o maior desafio, a permanência do estudante até ao final do curso. Entender e investigar os fatores, mas principalmente, fortalecer as razões que contribuem para a permanência dos alunos até ao final do curso, apesar das dificuldades existentes, contribuirá nas ações e estratégias a serem tomadas do ponto de vista político-pedagógico, para o combate do alto índice de evasão. Neste sentido, a pergunta de pesquisa desta investigação é: “Quais são os fatores determinantes para o estudante permanecer até ao final de um curso técnico à distância, ofertado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Câmpus Rio Pomba”. Diante disso, o objetivo deste estudo é identificar os motivos que levaram os estudantes a persistirem e concluírem o curso escolhido, mas principalmente contribuir para o fortalecimento na qualidade da gestão acadêmica dos cursos oferecidos por esse Instituto de Ensino. Ouvir os estudantes que permaneceram até a fase de conclusão do curso certamente estará contribuindo para proporcionar novos horizontes a trabalhos vindouros com maior qualidade, pois para Favero (2006, p.155) “o aluno é o centro disto tudo, o maior motivo pelo qual se está trabalhando na melhoria da educação, para que se possa realmente, ter uma educação com uma qualidade que o sujeito merece.” Aos que permaneceram se forem concedido o direito de expor suas opiniões, sua concepção de educação, os pontos positivos e negativos sobre o curso
¹ Está relacionada à escolha livre do curso pelo estudante, respeitando regras e normas. ² O estudante encontra condições essenciais na Instituição de Ensino para manter-se frequentando regularmente o curso ao qual ingressou até sua conclusão. ³ Consideramos os discentes que não efetuaram sua renovação de matrícula em períodos posteriores a sua efetivação no curso.
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do qual faz parte poderão em muito contribuir para o alavancar do curso, podem ensinar como reorganizar as ações pedagógicas e fortalecer fatores relacionados a permanência e trazendo novas estratégias para se trabalhar.
2. Persistir e permanecer até o fim, o desafio A preocupação das Instituições de Ensino, com a permanência dos alunos até a sua conclusão no curso vem de longos anos, como percebemos no quadro 1. E hoje, a situação não mudou, pois muitas são as opções de escolha de cursos para os estudantes em diversos níveis, em Instituições Públicas e Privadas, no ensino presencial, e, principalmente, à distância, que trazem certas “facilidades” de estudos, como: a possibilidade de estudar sem sair de casa; flexibilidade nos horários de estudo; aulas síncronas4 e assíncronas5; autoaprendizagem6; uso das TIC’s para mediar à comunicação entre professor e aluno; chats para tirar dúvidas; tutoria à disposição; aulas presenciais somente nos finais de semana, por isto cada vez mais as Instituições de Ensino investem na adesão e retenção7. Quadro 1: Síntese do foco de alguns dos estudos teóricos relacionados com a persistência
Autor / ano / teoria
Foco do desenho do estudo
Quando mais envolvido com a Astin (1977, 1985) – teoria do instituição, maior a probabilidade envolvimento. de permanência. Envolvimento de estudantes no planejamento e o apoio de Siqueira de Freitas (1982) – orientadores que ajudem a usar participação no planejamento bem o tempo, aumentam a possibilidade de persistir.
No primeiro semestre de 2012 o Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD) do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Câmpus Rio Pomba (IF Sudeste MG, Campus RP) iniciou seus trabalhos ofertando a todos os interessados, cursos técnicos em: Agroecologia, Gerência em Saúde, Logística, Meio Ambiente e Rede de Computadores. Foram 722 estudantes matriculados, e, ao final do curso apenas 326 alunos persistiram e permaneceram até a finalização dos cursos. Consideramos o ato de persistência como uma atitude de não abandono, seja no inicio, meio e fim dos estudos. Decidir, seguir em frente e ir até ao final com a certeza que está no rumo de seus objetivos, sem se remeter as dificuldades ou fracassos anteriores. E, para (BERGE & HUANG, 2004 apud FIUZA, 2012, p. 70) “a persistência é o resultado de decisões dos estudantes para continuar a sua participação no evento de aprendizagem em análise”. Para Cislaghi (2008, p. 273) a permanência é a “situação na qual o estudante mantém o interesse, a motivação e encontra na Instituição de Ensino as condições que considera essenciais para permanecer frequentando regularmente o curso de graduação no qual ingressou”. É imprescindível que se conheça quais foram os principais motivos que levaram os estudantes a escolherem determinada área do conhecimento e a Instituição ofertante do curso para que se possa imbuir nestes, a certeza de que vale a pena permanecer até o final do curso, ou seja, “entenderem e acreditarem que há mais probabilidade de persistência com sucesso acadêmico do que com o fracasso” (FREITAS,2009, p.261). Os autores SANTOS, TOMOTAKE, NETO, CAZARINI, ARAÚJO E OLIVEIRA (2008, p. 02), afirmam que:
O sucesso de um curso pode ser influenciado por fatores como: uma definição clara do programa, a utilização correta do material didático, o uso correto de meios apropriados que facilitem a interatividade entre professores e alunos e entre os alunos e a capacitação dos professores. Além desses pontos, a evasão pode também ser influenciada por necessidades individuais e regionais e pela avaliação do curso. Dessa maneira, a análise desses fatores pode ser uma ação preventiva na redução da evasão na EaD.
A taxa de sucesso na British Open University – BOU, ou Howkridge (1973) – cuidado e seja, Universidade Aberta da Inglaterra, era bem maior do apoio ao estudante. que poderia ser inicialmente pensado. Kock (1973) – motivacional.
Alto nível de motivação explica persistência com sucesso.
Clarke (1968) – datas definidas Evitar a procrastinação. para entrega dos trabalhos. Hartnet, Clark, Feldmessser, Motivação para matricular. Gieber e Soss (1974) – motivação Fonte: (FREITAS, 2009, p. 254 e 259)
4 Comunicação entre as pessoas em tempo real, ou seja, o emissor envia uma mensagem para o receptor e este a recebe quase que instantaneamente, como numa conversa por telefone.
Dispensa a participação simultânea das pessoas, ou seja, o emissor envia uma mensagem ao receptor, o qual poderá ler e responder esta mensagem em outro momento. 5
6
Tecnologia da Informação e da Comunicação.
7 Entendemos por se tratar de estratégias didático-pedagógicas que incentivem o estudante a permanecer durante todo o curso para que não ocorra sua evasão.
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Os resultados das investigações de Silva (2012) a partir de seus estudos nos apontam vários fatores que garantem a permanência dos alunos, observados no quadro 2. Quadro 2: Modelo Final de Silva (2012, p. 212) para análise da permanência do aluno nos cursos em EaD. • • • • • •
Perfil do Egresso Atributos Individuais Contexto Familiar Aspectos Contextuais Escolaridade Anterior Trabalho e Estágio
• • • •
Estar-em-Rede Interação Discente Interação Docente Uso das TICs
• • •
Condições para a Permanência Compromisso Pessoal Credibilidade Institucional
Permanência do Curso de Administração Modalidade a distância
Portanto, há um conjunto de elementos conectados que colaboram para o sucesso dos estudantes, sob a responsabilidade da Instituição, quais sejam: conhecer quem é o estudante que a frequenta para que haja adaptações no plano do curso e nas condições da escola, seja na dimensão didático-pedagógica, corpo docente e tutorial ou infraestrutura; manter sempre o contato ativo e a interação com o estudante faz com que ele detecte que há uma equipe pedagógica zelosa pelo seu desempenho acadêmico, mesmo estando à distância. A interação acontece de forma síncrona e/ou assíncrona. E, sobretudo, demonstrar compromisso com um ensino de qualidade, e ser o estudante o centro de todo seu trabalho para a obtenção de bons resultados.
3. Método, discussão e resultados Este estudo se dá a partir de um recorte de uma pesquisa realizada no primeiro semestre de 2013, referente à busca de um diagnóstico de satisfação e avaliação pelos estudantes quanto ao curso estudado. Trata-se de uma investigação de natureza quali-quantitativa, de caráter exploratório-descritivo; e quanto aos procedimentos técnicos, classificou-se como bibliográfica e de estudo de caso. A amostragem foi constituída por estudantes dos cursos técnicos subsequentes em: Agroecologia; Gerência em Saúde; Logística; Meio Ambiente e em Rede de Computadores; ofertados em 2012/2013 pelo CEAD do IF Sudeste MG, campus RP, com o apoio do MEC, da Rede e-Tec, e das Prefeituras Municipais, visando democratizar o acesso à educação profissional oferecendo cursos gratuitos de nível técnico com a flexibilidade e dinâmica próprios do ambiente de ensino a distância. Para o ano de 2012, foram matriculados 722 estudantes, oriundos da região Norte, Sul, Leste, Sudeste e Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, ofertados nos polos de Alfenas, Cataguases, Porteirinha, Rio Pomba, Visconde do Rio Branco, Manhumirim e Juiz de Fora. Do universo mencionado, 326 estudantes estão em fase de conclusão do curso. Entretanto, as informações que seguem apresentam e discutem apenas os dados de 164 estudantes que responderam os questionários espontaneamente, com o objetivo de identificar os motivos pelo(s) qual(is) permitiram aos estudantes permanecerem até o final do curso, e, por conseguinte, a não evadir-se ao longo do processo formativo. Os dados foram coletados por meio de um questionário elaborado com perguntas objetivas que tinham como respostas as opções ruim, regular, bom e excelente. Depois de elaborado e estruturado com o auxílio da ferramenta Google Drive, o questionário foi disponibilizado on-line para os estudantes pela Plataforma de Ambiente Virtual de Aprendizagem – Moodle, distribuídas em 6 seções: 1) DO CURSO: Atendimento as Expectativas; Suficiência da Carga Horária do Curso e Qualidade do Curso. 2) DO PROCESSO PEDAGÓGICO, DOS TUTORES, COORDENADORES E PROFESSORES: Atenção, cordialidade; disponibilidade em tirar dúvidas e resolver problemas; Capacidade em motivar os alunos e Cumprimento de prazos. 3) DA INFRAESTRUTURA DO POLO: Acessibilidade ao pólo de atendimento
presencial; Espaço físico da sala de aula; Ambiente de sala de aula (agradável?); Espaço físico da biblioteca e Acervo bibliográfico específico. 4) DA PLATAFORMA MOODLE: Apresentação (aparência); Adequação e equilíbrio de conteúdos; Padronização da apresentação das: notas, trabalhos, avaliações e questionários,; Acessibilidade, compreensão e operação. 5) DO MATERIAL DIDÁTICO: Qualidade da impressão e acabamento; Adequação ao conteúdo; Capacidade de comunicação com o aluno E Compreensão de linguagem. E, por fim, a sexta seção foi uma AUTO-AVALIAÇÃO, que indicaram quais foram os principais motivos pela escolha e permanência no curso.
3.1 Fatores relevantes que contribuíram com a permanência do aluno no curso de EAD Apesar da possibilidade de diferentes modos de organização, um ponto deve ser comuns a todos aqueles que desenvolvem projetos nessa modalidade: é a compreensão de EDUCAÇÃO como fundamento primeiro, antes de se pensar no modo de organização: A DISTÂNCIA. (MEC, 2007, p. 07) Compreender as variáveis que fazem parte do processo, como: infraestrutura, práticas pedagógicas, equipe multidisciplinar, gestão acadêmica, sistemas de comunicação e material didático, interfere na qualidade desejável por todos os envolvidos dentro da instituição, por isto a de se perguntar: Qual o fator que contribuiu para sua permanência no curso? Esta foi a pergunta feita aos alunos em fase de conclusão, no intuito de averiguar o que os manteve com o vínculo, quadro 3 abaixo, sendo que motivo apontado como o mais relevante foi à possibilidade de se conseguir um bom emprego com 27% das respostas, seguido de já terem um conhecimento prévio dos conteúdos aplicados no curso com 22%. Quadro 3: Qual o fator que contribuiu para sua permanência no curso?
Número de respostas
%
1. Necessidade de possuir um diploma
20
12
2.Ajuda dos tutores na realização das atividades
10
6
3.Conhecimentos prévios dos conteúdos aplicados no curso
36
22
4.Possibilidades para conseguir um bom emprego
45
27
5.Estou neste curso, pois trabalho em empresas públicas ou privadas voltadas para o curso.
30
19
6.Outros
23
14
TOTAL
164
100%
Variável
Os dados indicam que há dois objetivos bem definidos pelos estudantes: a necessidade da inserção no mercado de trabalho e de manter-se nele. O que liga estes dois fatores é a busca pela formação profissional por 48% dos entrevistados (quadro 4) e da possibilidade de conseguir um bom emprego por 27% (quadro 3). “A criança, o jovem e o adulto só aprendem quando têm um projeto de vida onde o conhecimento é significativo para eles”. (GADOTTI,1999 apud GOHN, 2009, p.21).
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Contudo, o alcance do que se almeja somente ocorrerá caso exista foco, dedicação, empenho, mas principalmente, a busca constante pelo aprendizado educacional, o que contribuirá para um profissional bem qualificado. Segundo Weschenfelder (2013), “é preciso deixar marcas positivas, ser um diferencial em relação à legião de candidatos potenciais que brigam por uma vaga. Para isso, o jovem precisa fazer a diferença, meta atingível somente através do estudo”. Quadro 4: Qual o seu principal objetivo ao fazer o curso?
Número de respostas
%
1.Adquirir um bom emprego
20
12
2.Aumento do salário
0
0
3.Ampliar o currículo
56
34
4.Formação Profissional
79
48
5.Outros
9
6
TOTAL
164
100%
Variável
Um dos maiores desafios de que se têm é a escolha pela profissão, o desacerto pode ocasionar frustações para o resto da vida de uma pessoa, ao contrário do acerto. Pesquisas mostram que muitos jovens ao prestarem o exame seletivo para concorrem a uma vaga em uma universidade não sabem ao certo qual curso escolher, e são vários os fatores que colaboram com este quadro, como, o desconhecimento pelas profissões, as constantes mudanças por demandas do mercado de trabalho e a valorização/desvalorização pela mão de obra, em determinadas profissões. No quadro 5 45% optaram por estudar no IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba, pela oferta do curso ser de seu próprio interesse. E ao remetermos novamente ao quadro 3, observamos que 22% dos alunos já possuíam um conhecimento prévio sobre o curso e seus conteúdos. Por isso, a busca pela informação do papel de uma profissão na sociedade deverá preceder a sua escolha, pois decisões errôneas podem se tornar um fracasso e ajudar no aumento do índice de evasão e abandono nos cursos. Para além da inserção no mercado de trabalho, a Instituição ao ofertar um curso deverá também atender razões de cunho pessoal do aluno, para que se efetive sua participação até o fim. O aluno somente permanece quando seus objetivos e interesses são atingidos, ninguém permanece quando não se vislumbram vantagens. Estudos feitos por Fernandes, Siqueira, Leite, Eliasquevici e Resque (2013, p.11e 12), apontam que, “...os maiores percentuais, cerca de 82% de ocorrências, referentes as razões que estimularam a persistência dos alunos até a certificação, estão vinculadas ao componente compromisso pessoal que é o maior peso na responsabilidade de manter-se no processo formativo.” Quadro 5: Qual a principal razão para escolha deste Instituto Federal?
Variável
Número de Respostas
%
1.Localização
15
9
2.Oferta do curso pretendido
74
45
3.Aulas nos finais de semana
10
6
4.Gratuidade do Curso
54
33
5.Outros
11
7
TOTAL
164
100%
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As pesquisas mostram que grande parte dos estudantes a distância são formados por adultos entre 25 e 40 anos, muitos trabalham durante o dia e estudam a noite, por terem o tempo reduzido para se dedicarem aos estudos, não conseguem acompanhar as exigências da aprendizagem autônoma, encontram dificuldades em terem hábitos e rotinas de estudos, Belloni (2001). Mas, o quadro 6 nos mostra que este comportamento vem mudando, pois 54% dos entrevistados fazem reservas de horas semanais para se dedicarem aos estudos. É sabido que para obter sucesso nesta modalidade de ensino é preciso ter disciplina, principalmente na reserva de horários para os estudos, pois a quantidade de material disponível semanalmente é bastante volumoso, o acúmulo pode gerar desânimo, frustação, descontrole da situação e ocasionar a desistência do curso. Quadro 6: Quais os procedimentos adotados por você para fazer um curso na modalidade EAD?
Número de respostas
%
1.Reserva de horas semanais para estudar as disciplinas oferecidas
91
54
2.Contava com a ajuda dos colegas
10
7
Variável
3.Solicitava ao tutor que tirasse as dúvidas
8
5
4.Buscava ajuda para compreender os conteúdos das disciplinas
17
10
5. Pesquisava na Internet os conteúdos aplicados
28
17
6.Outros
10
7
TOTAL
164
100%
4. Considerações finais Este estudo buscou identificar as causas, com efeito positivo, que levaram os estudantes a persistirem e concluírem o curso escolhido nesta modalidade de Ensino, e principalmente, contribuir para o fortalecimento na qualidade da gestão acadêmica dos cursos oferecidos por esse Instituto de Ensino. As análises das respostas da amostra pesquisada mostraram que fatores como a estratégia de adesão, retenção, permanência, assim como o processo de avaliação, objetivos, perfil, equipe pedagógica, qualificação dos envolvidos no curso, devem fazer parte de um conjunto que compõe o projeto do curso. Ofertar sem planejar poderá trazer resultados e consequências difíceis de serem revertidas ao longo do processo. O documento “Referenciais de qualidade para a educação à distância”, foi elaborado por um Grupo de Trabalho, que em muito poderá auxiliar nos cursos à distância. Portanto, como já afirmado, em um curso a distância o estudante deve ser o centro do processo educacional e a interação deve ser apoiada em um adequado sistema de tutoria e de um ambiente computacional, especialmente implementados para atendimento às necessidades do estudante. Como estratégia, a interação deve proporcionar a cooperação entre os estudantes, propiciando a formação de grupos de estudos e comunidades de aprendizagem. (MEC, 2007, pp. 12 e 13).
Destacamos que, uma vez atendidas às necessidades e objetivos dos estudantes, pela Instituição, como o apoio pedagógico adequado, a elevação do nível do conhecimento técnico e cultural, a garantia da qualidade e oferta do curso, e que ao se tornarem egressos estejam bem qualificados profissionalmente e humanisticamente a fim de enfrentarem as demandas do mundo atual, seu comprometimento se fortalece e tendem a persistirem na busca de obtenção de uma titulação. O sucesso para a conclusão no curso de EaD, dependerá muito da postura do estudante frente a esta modalidade caracterizada, principalmente, pela autoaprendizagem. Dessa forma, esta “nova maneira de aprender” nos permite observar que as práticas da educação tradicional em que o aluno estuda mediante a figura constante de um professor estão sofrendo alterações e/ou adaptações, decorrentes da necessidade constante da reciclagem do conhecimento para uma colocação no mundo do trabalho. Outras respostas como curso pretendido e gratuidade do curso se destacaram, mostrando que além do interesse pessoal do estudante, o IF Sudeste MG – Câmpus RP, parte integrante da Rede Federal de Ensino, cumpre seu papel ao assumir a relação entre educação profissional e as novas configurações do trabalho, contribuindo para a elevação da escolaridade de quem a procura, oferecendo cursos de excelência e 100% gratuitos, em todos os níveis e modalidades. Assim, considerando-se as variáveis que aqui foram destacadas na análise que representa uma pequena amostra de estudantes de EaD do IF Sudeste MG – Câmpus RP, inferiu-se que os aspectos pessoais, por uma necessidade intrínseca ao sujeito são fortes elementos para permanência no Ensino a Distância. Mas também, não podemos desconsiderar o papel da Instituição neste cenário, ao qual precisa oferecer o mínimo de qualidade e de organização para manter um curso ativo e seus interessados. A preparação profissional de nossos jovens, para enfrentar as mudanças e demandas do mundo atual, principalmente à diversidade, que vem se intensificando a partir da globalização, exige uma escola que aborde questões sobre a subjetividade, o respeito a diversas práticas sociais, o cumprimento dos direitos e deveres civis, políticos e sociais, ou seja, uma escola conectada aos movimentos da sociedade. Mas também para, além disso: É preciso que a educação esteja - em seu conteúdo, em seus programas e em seus métodos - adaptada ao fim que se persegue: permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa, transformar o mundo, estabelecer com os outros homens relações de reciprocidade, fazer a cultura e a história (FREIRE, 1980, p. 39).
Recomenda-se mais estudos sobre a temática em questão, a nível nacional, para termos maior representatividade e melhor caracterização do público de EaD.
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Profa. Luciana Narciso de Mattos Pedagoga do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Câmpus Rio Pomba, onde atua como Coordenadora Pedagógica no Centro de Educação a Aberta e a Distância – CEAD e também na Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação – DPPG. Graduação em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora – CES/JF em 2006. Especialista em Alfabetização e Letramento pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF em 2008. Prof. Onofre Barroca de Almeida Neto Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Câmpus Rio Pomba, onde coordena o Centro de Educação a Aberta e a Distância – CEAD. Graduação (Licenciatura e Bacharelado) em Química pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF em 2000. Mestrado em Agroquímica (Química Analítica e Ambiental) em 2003 e Doutorado em Engenharia Agrícola (Recursos Hídricos e Ambientais) em 2007 pela Universidade Federal de Viçosa – UFV. Profa. Ronara Martins Bernardino. Coordenadora Pedagógica no Centro de Educação a Aberta e a Distância – CEAD do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Câmpus Rio Pomba. É Supervisora pedagógica na Rede Estadual de Ensino no Município de Rio Pomba – MG. Graduação em Pedagogia pela Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC em 2007. Especialista em Supervisão Escolar pela Faculdade do Nordeste de Minas - FINOM em 2011.
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