Revista Casamata

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JUNHO DE 2017 - ANO I - Nº 0001

VAZIO EM MÉDIA, ESTÁDIOS CATARINENSES NAS SÉRIES A E B 2016 TIVERAM POUCO MAIS DE UM QUARTO DE SUA CAPACIDADE OCUPADA POR JOGO: O QUE EXPLICA OS NÚMEROS BAIXOS E COMO OS CLUBES TRABALHAM PARA ATRAIR O TORCEDOR?

> EXTERIOR: ENTREVISTA GUILHERME SIQUEIRA 1

> ANÁLISE TÁTICA: AVAÍ E CHAPE NO BRASILEIRO Junho de 2017


índice

editorial

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edição número 1 de ‘Casamata’ é, acima de tudo, a materialização de uma trajetória, sempre voltada para a aquisição de conhecimento relacionado ao esporte. O pré-projeto desta revista, que aborda assuntos relacionados ao estado de Santa Catarina, foi adiantado no segundo semestre de 2016 e esta publicação foi desenvolvida entre março e junho deste ano, mas o produto final é o resultado de toda uma vida dedicada à leitura, pesquisa e gasto de tempo para adquirir e absorver a maior quantidade de informações possível sobre futebol. A proposta desta edição é trazer à tona narrativas pouco contadas, personagens com pouco espaço e memórias que devem ser preservadas em um estado que tem muita história – exemplificada pelos 12 campeões estaduais que não jogam mais profissionalmente. Um aspecto que circula por toda a publicação é a força de vontade de pessoas para com os seus clubes. Distante dos palcos mais glamorosos desse esporte que faz circular tanto dinheiro, pessoas batalham para que suas paixões continuem vivas. ‘Casamata’ também apresenta números, estatísticas e gráficos, utilizados para que formem sequências de fatos e compunham narrativas relevantes, que ajudem a entender outro lado do futebol: o negócio. Espera-se que ler ‘Casamata’ seja, além de uma fonte de informação, uma experiência de construção de conhecimento. Sem a pretensão de ser perfeita, a revista espera ser relevante para quem a produz, lê e se relaciona com os temas abordados.

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Esta revista foi elaborada pelo acadêmico Bruno da Silva, como trabalho de conclusão de curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, sob orientação da Prof. Dra. Tattiana Gonçalves Teixeira. Todo o conteúdo foi produzido exclusivamente para o projeto. Por ser um projeto de conclusão, esse trabalho não possui fins comerciais ou lucrativos

Foto: Divulgação/Joinville EC

Edição, arte, infografia e diagramação

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Bruno da Silva

PÁGINA 9 Público: como os clubes trabalham para atrair mais torcedores aos estadios Foto: Getty Images

Equipe de redação

PÁGINA 12 Taticamente: Como a Chape se reconstrói dentro de campo

Bruno da Silva Lucas Martins Mariana Garboggini Sá Vinícius Dutra Fotos

Foto: Sirli Freitas/Chapecoense

Agência EFE Bruno da Silva Divulgação clubes Getty Images

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Foto de capa Getty Images

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PÁGINA 15 Exterior: Guilherme Siqueira fala da carreira de sucesso na Europa Foto: Divulgação/Valencia CF

Logo

PÁGINA 18 Após episódio trágico, Kindermann volta a ativa com futebol feminino

Amanda Ribeiro Marques Luiz Fernando N. Menezes Sônia Cristina dos Santos Impressão Duplic Digital

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Aproveite!

PÁGINA 6 Entrevista. Hemerson Maria: objetivos e desafios de ser treinador

Foto: Divulgação/SE Kindermann

Universidade Federal de Santa Catarina

Bruno da Silva ibrunodasillva@gmail.com

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Centro de Comunicação e Expressão Departamento de Jornalismo

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que não tinham onde encontrar. Eu ia no BID (Boletim Informativo Diário) da CBF, no Google para informar o torcedor. Foi como começou”, explica. O Colorado possui seis programas de sócio, com valores variando entre R$ 20 e R$ 120. Atualmente o clube tem cerca de 1,5 mil associados, mas apenas um terço deles é adimplente. Assim como em outras áreas, é comum na Serra Catarinense que o torcedor tenha um clube ‘grande’ e tenha simpatia pelo Inter. O clube considera que o potencial de sua torcida gira em torno de 330 mil pessoas, a população da região serrana. Patrick Cruz é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina em 1999 e atuou por mais de 15 anos como jornalista de economia, passando por Gazeta Mercantil, Valor Econômico, Portal IG, Revista Exame e Veja. Atualmente, é redator-chefe da revista GQ no Brasil. Patrick mora em São Paulo, mas nunca abandonou o seu time do coração. A partir de 2011, as redes sociais - ainda não-oficiais - foram ganhando outras plataformas: Facebook, Instagram e Twitter eram as novas fontes de informação do Leão Baio, que viu sua fama aumentando. Mesmo com o crescimento nas redes sociais, o Inter continuava nas divisões inferiores do futebol catarinense. E a transformação dos meios de comunicação de Patrick Cruz para oficiais tem tudo a ver com a consolidação do clube no cenário do esporte do estado. “No fim de 2012, eu e algumas pessoas nos reunimos para tirar o presidente anterior. E, depois de muitas conversas, negociações, ele saiu depois de mais 20 anos no comando do clube e esse grupo assumiu a diretoria. Assim, os canais informais, que já tinham um bom número de seguidores, e já eram fonte de notícia, foram oficializados. Até para não começarmos do zero, fizemos isso. Esse grupo, que foi formado em 2012, já mudou e eu sou o único que permaneceu. Eu sempre administrei as redes sociais mesmo de longe. Fazia e ainda faço voluntariamente, apesar de hoje eu participar das decisões do clube”, diz. Na mudança de comando, em 2012, o presidente foi José Carlos Susin (Zezé), campeão estadual como jogador em 1965 - o ídolo do clube é hoje presidente do conselho deliberativo. Patrick Nunes e Mauricio Neves de Jesus, autor do livro “Aquelas Camisas Vermelhas”, que conta a história do Inter, foram os líderes e idealizadores do “levante” e está temporariamente afastado do trabalho no Inter, embora ainda contribua em algumas ações. No momento, o presidente é Cristopher Nunes, que não estava no grupo inicial. Depois dessa mudança na administração, o Colorado vem subindo degraus. Foi campeão da terceira divisão estadual em 2013, da segunda em 2014, o que recolocou o Inter entre os grandes do futebol catarinense. Em seu retorno à elite do Catarinense após 13 anos, alcançou a quarta colocação, uma das cinco melhores campanhas do clube na história e a melhor em 30 anos, além de levar de volta o clube para competições nacionais (Série D e Copa do Brasil) depois de 49 anos de ausência

http://paixao.com.br >> PÁGINAS DO INTER DE LAGES NA INTERNET GANHAM RECONHECIMENTO COM BOM HUMOR E FANATISMO ABASTECIDAS COM TRABALHO VOLUNTÁRIO DE APAIXONADOS PELO CLUBE E PELA CIDADE > por BRUNO DA SILVA

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pauta jornalística tem várias definições, mas, basicamente, é um instrumento de orientação para repórteres e produtores. Na maioria das vezes, o jornalista tenta pensar em um roteiro para desenvolver, inclusive com previsões de pergunta aos entrevistados. Mas, não é raro que o produto final tome rumos diferentes do que inicialmente foi pensado. Aqui, a ideia inicial era falar sobre a irreverência e as diferentes estratégias das redes sociais do Internacional de Lages. Mas, a reportagem produzida é muito mais do que isso. É uma história de como a paixão do torcedor pode ajudar a reerguer um clube de futebol. “Quando você for escrever o texto, escreva tudo em caixa alta e negrito, que será o estagiário do Inter de Lages falando”. É assim que o social media do Colorado Lageano, Patrick Cruz, 39, resume o espírito de seu trabalho. Resumir a função dele a apenas social media do Inter de Lages é um equívoco. Conhecido nas redes sociais como ‘estagiário’ do Inter, Patrick atualmente é vice-presidente do clube. Mas a sua ligação com o Colorado começou bem antes dele ascender a essa posição. O início de seu trabalho na internet foi anterior Patrick (esq.) se encontrou em 2016 com o astro inglês David Beckham e deu de presente uma camisa do Inter ao retorno do Colorado à elite do futebol catarinense em 2015, ainda como meio informal de notícias da equipe. “Em meados da década passada, o Inter estava com muitos problemas, dentro e fora de campo.

“Eu sabia que o Inter não era só aquela foto amarela na parede, não era um time qualquer”

Em 2008, o Inter acabou rebaixado para a terceira divisão estadual e a administração era ruim… Quando a gente começou, nem havia Facebook, usávamos o Orkut e eu administrava uma página lá. Usávamos esses canais para algum tipo de canal de informação. As vezes as pessoas não tinham nem como se informar direito sobre o clube, por-

Foto: Arquivo pessoal

O início do trabalho de Patrick foi anos antes do retorno do Colorado à elite do futebol catarinense ainda como meio informal

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R$ 60 mil. No Estadual, o valor era quase o triplo. Essa diminuição para a competição nacional foi uma estratégia do clube para reduzir gastos. “O Inter tem um peso muito grande de dívidas contraídas por administrações passadas. Desde 2013, temos um acordo com a Justiça do Trabalho pra pagar paulatinamente pendências com ex-atletas e funcionários. Esse dinheiro vai para um fundo, que depois é distribuído pela justiça, em concordância com os advogados”, explica. Ver a popularização e o crescimento da marca Inter de Lages no Brasil, comparado ao que existia há 10 anos, é o que o faz mais feliz. “Se você procurasse no Google Fom tem sua própria agência, mas sempre colabora com fotos para as páginas do Inter ‘Inter de Lages’, em 2009, você não encontrava nada. Absolutamente nada. Tinha um verbete no o ‘Leoa do Mês’, na revista O Bem Amado, projeto focado Wikipedia, com duas linhas. Agora está atualizado, e no Inter que circulou até 2015. Esse editorial de lingequem escreve sou eu. Eu mesmo faço os releases, falo ries foi meu primeiro trabalho especificamente para o com a comissão técnica, faço mail-in, e mesmo não es- Inter”, relembra. Fom conta que sempre envia fotos dutando lá, estou sempre rante o jogo, para que elas possam ser divulgadas pelas atualizando as redes so- redes sociais do Colorado. ciais, tem notícias todos O crescimento do Inter de Lages não só na esfera os dias. Tenho um en- estadual, chamou atenção do Confederação Brasileira volvimento como torce- de Futebol, que publicou em seu site oficial o material dor, mas também como enviado pelo Colorado. Mais uma pequena conquista profissional, gosto das para quem começou todo esse trabalho do zero. “Dá orcoisas bem feitas. Doía gulho, porque é uma coisa do torcedor tirar o time das ver o Inter ser tratado profundezas. Sendo um torcedor mais velho, eu já tinha como qualquer coisa”, visto o Inter fazer grandes campanhas. Eu sabia que o admite. Inter não era só aquela foto amarela na parede, não era Mesmo com essas um time qualquer, eu tinha essa convicção, não só como dificuldades, as páginas torcedor, mas também como conhecedor da história do oficiais do Internacional de Lages estão sempre atuali- futebol catarinense”. zadas. Todos os jogos, todos os gols, de todas as competiPatrick nunca viu o Inter de Lages campeão da elite ções, estão organizados no Youtube. No flickr, são mais do Catarinense. O único título importante foi em 1965. de oito mil fotos disponíveis, colaboração de fotógrafos Mas o orgulho do ‘estagiário’ é ver o clube de volta ao da cidade, que também fazem o trabalho de graça. Greik cenário que ele merecia. Mas, a trajetória do Colorado Pacheco, Fom Conradi, Nilton Wolff e Zé Rabelo são os não acaba aí. E uma inspiração que vem do Oeste o faz mais assíduos, mas há outros, que contribuem com me- acreditar. “A Chapecoense, por exemplo, há 10 anos, era nos frequência; Leandro Barroso colabora com o design um clube mais ou menos do tamanho do Inter, e o grugráfico. po, que antes era de quatro grandes no estado, agora Fom Conradi, tem sua agência própria, a Fomtogra- tem cinco. Outra convicção que eu tenho, é que daqui há phy, e produz material para outras agências e veículos. 10 anos, esse grupo de cinco grandes, terá seis grandes e O trabalho voluntário que ele e outros fotógrafos fazem o sexto será o Inter. O Inter sempre teve grande torcida. ao Inter de Lages, fornecendo as fotografias de graça, Na 3ª divisão, houve anos que teve média maior que o é a forma que encontraram para ajudar o time da ci- Avaí. A torcida se importa com o time, então, ao decorrer dade. Seu primeiro trabalho para o clube foi em 2014. dos anos, eu espero que o Inter se inclua nesse grupo. E “Fui convidado pelo Dr. Maurício Neves para fotografar não descanso enquanto isso não acontecer”. Foto: Arquivo pessoal

redes sociais

Foto: Fábio Riscarolli/Inter de Lages

As redes sociais Patrick reconhece que não é o ideal administrar as redes sociais de tão longe, já que algumas novas ferramentas de publicação instantânea, como InstaStories e Snapchat, são impossíveis de serem utilizadas de longa distância. Mesmo assim, o jornalista se diz muito orgulhoso do trabalho que faz, sozinho, já que o clube, por conta do dinheiro limitado, não tem uma assessoria de imprensa. O orçamento para o ano é de cerca de R$ 1,5 mi, oriundos de cotas de televisão, patrocínios, bilheteria e sócio-torcedor. A folha salarial para a Série D é de

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Atacante Abner comemora gol da vitória por 1 a 0 sobre o Novo Hamburgo (RS): Internacional disputa a Série D pelo segundo ano seguido

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(ex-Seleção Brasileira), Felipe Santana (Atlético-MG), Filipe Luís (Atlético Madrid), Roberto Firmino (Liverpool), Clayton (Corinthians), Guilherme Siqueira (Valencia), vários jogadores, que se eu for citar todos, vamos ficar aqui por muito tempo.

O dom de LIDERAR

Transferência Figueirense-Avaí e chance no profissional Fiquei 10 anos no Figueirense e, no meu último ano, em 2010, fui auxiliar-técnico do Márcio Goiano, quando o time conseguiu novo acesso à Série A. E eu vi que já tinha passado por todas as categorias, e que não tinha mais espaço ali, e o próximo passo seria ser treinador profissional. Então recebi proposta para que ajudasse a organizar o departamento de base do Avaí. Cheguei no clube em janeiro de 2011. A gente reformulou, junto com o Diogo Fernandes, que é hoje o coordenador, e ali surgiu o Rodinei (Flamengo), Luciano (Leganés-ESP), Walace (Hamburgo) e outros vários jogadores, sendo que o último jogador de importância que o Avaí tinha revelado era o Marquinhos, praticamente, a partir dali isso cresceu. Hoje o time tem jogadores em seleção de base, antigamente nem jogava Copa SP de Futebol Júnior, então isso foi um marco na retomada do time no trabalho de base. Permaneci esse ano na base e, em fevereiro de 2012, num belo dia, o Carlos Arini (então diretor de futebol) telefonou

“Acredito em trabalho semanal, planejamento, atendimento individual e em grupo. E não vou mudar meu perfil, não”

>> Hemerson Maria fala de sua carreira, objetivos, experiências e obstáculos de ser técnico no Brasil > por BRUNO DA SILVA

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história de como Hemerson Maria tornou-se técnico de futebol está ligada a sua falta de habilidade com os pés. Diferente de casos onde jogadores, após suas carreiras profissionais, mantém-se no mundo do futebol, mas com uma nova função, resolveu pular uma etapa. Hemerson encontrou no papel de comandante uma forma de utilizar o dom que sempre teve para ser um líder. Sua trajetória é marcada por importantes metas alcançadas. Referência no desenvolvimento, organização em categorias de base e revelação de jogadores, o treinador elevou seu patamar, conquistando títulos importantes e também fazendo campanhas relevantes, principalmente no futebol de Santa Catarina. Quem conhece Hemerson, ou mesmo só o viu na televisão e o ouviu no rádio, percebe sua personalidade serena, calma, de quem sabe o que está falando, porque se preparou para isso. O técnico não se esquiva de assuntos polêmicos e não se impõe no grito, mas no conhecimento e na experiência que adquiriu. Convicto de sua capacidade, continua se aperfeiçoando e se capacitando, para seguir ascendendo na carreira que escolheu. Hemerson Maria, 45, atualmente no Vila Nova-GO, um exímio conhecedor do trabalho em uma Casamata, falou sobre sua origem, seus trabalhos, planos e sobre o que é ser técnico no Brasil.

longe e desisti da carreira como jogador profissional, mas eu sempre fui um líder dentro de campo, sempre fui capitão dos times que eu joguei, até quando era adolescente, eu era capitão em times de várzea. Ser líder era meu dom. Aí eu me dediquei aos estudos, comecei o curso de Educação Física e em 1995 comecei a trabalhar como treinador no projeto Moleque Bom de Bola em Antônio Carlos e eu fui fazendo essa escada, construindo minha carreira a partir daí, sendo meu primeiro clube realmente o Guarani de Palhoça, onde cheguei a treinar o time profissional em 2001.

TRAJETÓRIA

Iniciei jogando com meus tios, time de várzea e com 8 anos ingressei nas categorias de base do Figueirense e fiquei lá até os 20 anos. Vi que eu não tinha muito talento, mas persisti um pouco mais, joguei na segunda divisão do Catarinense pelo Flamengo de Capoeiras. Mas aí com 23 anos, percebi que eu não ia chegar muito

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2001-10 Figueirense

Experiência no Red Bull Brasil e CRAC-GO

A experiência que tive no Red Bull Brasil me auxiliou muito em minha formação. Às pessoas que trabalham comigo, indico que trabalhem por lá e anualmente eu faço uma visita lá. Eles são filiados ao RB Salzburg, da Áustria, então, todos os treinadores falam inglês e trimestralmente viajam à Europa para fazer aperfeiçoamento, e vêm profissionais para cá também, como um intercâmbio. Aprendi demais. Depois fui para o CRAC-GO, onde salvamos o time do rebaixamento e fizemos grande campanha na Copa do Brasil, sendo eliminado pelo Santos. O trabalho lá foi também muito fora de campo pela falta de recursos. Um dia antes do meu primeiro jogo, após o treino, diferente do

comum, os jogadores estavam pegando o carro e indo embora. Chamei o diretor do clube e perguntei o que aconteceu e ele me disse que eles estavam indo para casa e só voltariam à noite. Mandei voltar todo mundo, como que o jogador vai ficar solto um dia antes do jogo? Aí reuni todo eles e quando levei os jogadores para o hotel, perguntei para o supervisor sobre o cardápio do almoço. E ele me disse: ‘Como cardápio?’ Eles não tinham nada. Então liguei para amigos meus para desenvolver isso. Ajudei até nesse processo de profissionalização do clube. Sentimento em relação ao Joinville Eu fui contratado em dezembro de 2013, para fazermos um trabalho de reformulação que resultou no título da Série B em 2014, o título catarinense em 2015 (que acabou sendo transferido ao Figueirense por conta de uma escalação irregular), que nós ganhamos no campo, e eu permaneci cinco rodadas na Série A, quando eles optaram pela minha saída. Eu não tenho nenhuma mágoa com o Joinville, muito pelo contrário, só tenho que agradecer, porque o tempo que passei lá fui muito bem recebido. Só que é a pressão de um time pequeno jogando a Série A e começa mal; aí tem pressão da imprensa, do torcedor, e eles acharam que era o melhor momento para mudar e eu acatei. Tanto é que eu voltei para lá em 2016 e tenho uma boa relação com todos, é um clube maravilhoso de trabalhar e torço muito por eles. O que eu faria de diferente, na época, é que eu montaria o time para a Série A desde o começo do ano, não deixaria para investir apenas depois do Estadual, porque aí o mercado fica mais inflacionado e é mais difícil contratar.

2013 RB Brasil CRAC-GO Avaí

2016-17 Fortaleza

2017 Vila Nova

Cat. base

Categorias de base do Figueirense Cheguei no Figueirense em setembro de 2001, e, neste mesmo ano, o Figueirense conseguiu o acesso à Série A do Brasileiro, com nenhum jogador sequer vindo das categorias de base. No final deste ano, o presidente Paulo Prisco fez uma reunião e colocou como meta para o ano de 2002 o time ter pelo menos dois jogadores da base no time profissional. Acabou que a gente terminou esse ano com 10 atletas formados no clube no elenco. Nós superamos a meta. Aí o Figueirense foi se estruturando e se tornou clube modelo na categoria de base. Nós profissionalizamos toda essa parte das categorias de base. Naquela época, estavam comigo o Erasmo Damiani, que trabalhou na CBF, o Rogério Micale, treinador, Raul Cabral, treinador do Tombense, Fernando Gil, Tomas Koerich, observador da CBF… uma turma muito boa. O clube viveu um momento espetacular na questão de formação. O ápice foi na decisão da Copa do Brasil 2007 contra o Fluminense, quando dos 18 jogadores relacionados, 14 eram formados no Figueirense. Participei da formação de André Santos

2001 Guarani de Palhoça

“Com 23 anos, vi que não ia chegar muito longe e desisti de ser jogador”

Falta de talento no futebol e início como treinador

para minha casa para que eu comparecesse a uma reunião à tarde. E aí, para minha surpresa, não era para auxiliar o Emerson Nunes, e, sim, para assumir o comando. Fomos conseguindo resultados, sequência de vitórias, vencemos a semifinal da Chapecoense, fomos campeões contra o Figueirense. Fizemos um trabalho de resgate da autoestima dos jogadores, trabalhamos a questão de motivação, e eu contava com vários jogadores experientes, então ajeitamos posicionamento e, com uma defesa forte, ganhamos confiança e caminhamos rumo ao título.

2014-15 / 2016 Joinville Campeão Série B 2014

2011-12 Avaí Campeão Catarinense 2012

Vice Catarinense 2014-15-16

Falta de oportunidades em times maiores Em 2014, quando eu estava no Joinville, éramos líderes da Série B, e, como eu estava me destacando, recebi três propostas para trabalhar na Série A daquele ano, de fora do estado, mas optei por ficar no Joinville. Então saí do JEC na metade de 2015, e aí, o que muita gente desconhece, eu tive um problema de saúde e fiz uma cirurgia de quadril, para implantar uma prótese. Então eu fiquei esses seis meses finais do ano me recuperando, e em 2016, o primeiro convite que recebi foi justamente do Joinville. Mas, nesse período que estava me recuperando, recebi propostas de diversos clubes: Goiás, Ceará, Fortaleza… Pressão em Fortaleza O Fortaleza não sobe para Série B não só por falta de sorte e ansiedade. Tem o fator psicológico, mas também por conta de má administração, falta de planejamento e organização e também muita pressão, porque é uma cidade muito dividida entre dois times e sofre muita influência da torcida. É um time de Série C, mas uma torcida de Série A. O presidente, por exemplo, está em mais de 60 grupos de WhatsApp, imagina o que é isso após uma derrota? Foram duas derrotas em 13 jogos sob meu comando, mas acabei sendo demitido após ser eliminado na Copa do Brasil.

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Nova geração de técnicos Vejo como muita positiva essa mudança, com a entrada de novos nomes no cenário do futebol brasileiro. O futebol evoluiu muito e quem não estudar, não se atualizar, vai ficar para trás. O brasileiro, até por uma questão cultural, acha que já nasceu com o dom, que ele não precisa estudar. Todo o futebol sul-americano evoluiu, enquanto achamos que ganharíamos só com talento individual. Por isso, todo ano, procuro me atualizar, participar de cursos, sair para conversar com outros treinadores.

Foto: Jamira Furlani/Avaí FC

Foto: Divulgação/Joinville EC

entrevista

Primeiro título veio com o Avaí em 2012

Postura calma como técnico Quando um time tá mal, normalmente se diz que o grupo de jogadores está rachado e que precisam de um treinador disciplinador que vai gritar, mas isso aí é uma situação imediata, paliativo. Eu acredito num trabalho semanal, planejamento, trabalho audiovisual com os jogadores, individual e em grupo. E não vou mudar meu

perfil, não. Eu tenho esse jeito tranquilo, mas no treinamento eu cobro muito. Durante o jogo, não adianta gritar muito. A discussão com bandeira, árbitro, torcida, adversário, só faz perder o foco no jogo. Planos para o futuro Eu penso em me fixar como um treinador de Série A no Campeonato Brasileiro, trabalhar em equipes do eixo Rio-São Paulo. Não adianta chegar a um time gigante, o que eu acho que ainda não estou preparado. Mas, sempre estou trabalhando com muita calma, galgando degrau por degrau. Além de futebol, eu faço cursos na área de psicologia, tudo que se relaciona ao rendimento do atleta, eu estou sempre estudando.

Mercado para técnicos negros Isso é um tema que muita gente foge, mas nós negros temos uma certa dificuldade. Eu sinto que, dependendo da região, do clube, há um certo preconceito. Eu não sofri isso, mas não sou hipócrita. Existe e é uma coisa velada. Eu conheço vários treinadores negros que possuem muita capacidade, mas que têm um espaço limitado no futebol.

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RESISTÊNCIA

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APOIADO EM SONHOS

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onge do dinheiro, das grandes arenas, das telas de televisão, clubes por todo o Brasil sobrevivem à mercê dos sonhos que os movem. O Imbituba Futebol Clube é um clube-empresa fundado em 2007 com futebol profissional que, em uma ascensão surpreendente chegou até a elite do futebol catarinense em 2010, quando terminou a competição em quarto lugar. Mas a falta de patrocínio, de apoio da cidade e da Federação não permitiram ao clube a estabilidade necessária para continuar crescendo. Entre 2014 e 2015, temendo pela falta de recursos para honrar com seus compromissos, o Imbituba esteve licenciado das competições oficiais, e, desde o ano passado, retoma sua caminhada da terceira divisão estadual. A Série C de SC é composta por cinco times, portanto, cada um tem apenas oito jogos oficiais garantidos para todo o ano, distribuídos entre junho e agosto. Como um incentivo à utilização de jovens atletas,

>> sem incentivo de empresários, prefeitura ou federação, imbituba parte da terceira divisão pela força de vontade de diretoria e atletas > por BRUNO DA SILVA Foto: Divulgação/FCF /

“Gradualmente, com a experiência que eu adquiri, acabei descobrindo que o futebol é interessante para as cidades, para os jovens, para as famílias. Não tenho muita pressa de subir. Se tivéssemos apoio financeiro podíamos voltar, mas sozinho eu não consigo. É importante que prefeitura e empresários se esforcem para manter as crianças sonhando e manter escolinhas na cidade Hoje a nossa meta é devolver o futebol para a cidade e dar oportunidade aos jovens para sonhar. Se tivéssemos mais parceiros que ajudassem e tivessem Presidentes do clube (esq) e da FCF, Rubens Angelotti, se reuniram antes do início da Terceirona interesse, poderíamos voltar para do Guarani de Palhoça, mas nos últimos anos dispua divisão principal”, garante. O clube tem uma área de 40 mil m² no centro da tou campeonatos amadores da Grande Florianópolis e cidade, onde está o Estádio Emília Mendes Rodrigues, foi indicado para a diretoria do clube. Até pela idade, com capacidade para 5 mil pessoas, ele não hesitou em agarrar a chance de ter sua carteira e também dois campos para treina- de trabalho assinada como jogador profissional. “Trabalhava em uma farmácia há três anos e esmento, e alojamento. Além da Terceira Divisão, que é disputada pelo time tava no segundo semestre da faculdade de Educação profissional, o Imbituba participa dos Física, mas deixei isso para trás para jogar no Imbitucampeonatos catarinenses do mesmo ba. Fiz isso porque eu me vejo em condições de jogar escalão nas categorias sub-15, sub-17 profissionalmente e chegar entre os melhores, alcançar coisas grandes. Eu nunca desisti. Com 21 é mais die sub-20. O técnico Walter José Roussenq Sou- fícil de se profissionalizar, essa foi uma oportunidade za, 46, destaca que seu grande objetivo, que eu tive e aceitei para tentar realizar o meu sonho”, além dos resultados dentro de campo, explica. Abastecido por sonhos dos jogadores, do técnico também é dar oportunidade aos atletas se destacarem. O elenco começou e dos dirigentes, o Imbituba é só um exemplo do que a pré-temporada cerca de 20 dias antes acontece nos rincões do futebol brasileiro: poucos rede estrear na Terceira Divisão. O plan- cursos, mas insistência para buscar os objetivos. tel é composto por jovens de diversas localidades - São Paulo, Rio Grande do Sul, outras cidades de SC -, indicados por empresários e conhecidos do clube. Neste ano, ocorreu uma seletiva antes deles serem incoporados ao clube ou não. Souza afirma que a maioria dos selecionados já chega com uma preparação física razoável, e que, pela falta de tempo de trabalho, os que precisam de mais aprimoramento normalmente são dispensados. “Temos sempre um cronograma de trabalhos para semana, para nos assemelhar o máximo possível a uma equipe grande. Essa rotina é importante, porque, se algum jogador se transferir, ele já está mais preparado. Nosso objetivo é dar chance para os garotos realizarem seus sonhos e chegarem a times maiores, até porque, se alguém for negociado, o clube tem uma participação financeira”, conta o técnico. Alguns jogadores se profissionalizaram exclusivamente para a disputa da competição, processo que custa aproximadamente R$ 5 mil, pagos pelo jogador. Com salários simbólicos, esse é um gasto relativamente alto, mas que vale a pena para seguir em busca do sonho. O volante Willian Leonel da Silva, 21 anos, atuou nas categorias de base do Figueirense e Volante Willian assinou primeiro contrato profissional com o Imbituba

Por jogo, os gastos totais giram em torno de R$ 4 mil. A renda dos jogos do Imbituba no primeiro turno da competição foi de R$ 2,8 mil e 300 pagantes

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como atrair o torcedor?

Foto: Divulgação/Imbituba FC

cada clube só pode inscrever três jogadores acima de 24 anos. O gasto total do Imbituba para a disputa da competição é de cerca de R$ 250 mil. De acordo com o fundador e diretor-proprietário, Roberto Luiz Rodrigues, 57, que também é vereador da cidade, o clube não recebe nenhum apoio financeiro da Federação Catarinense de Futebol - informação confirmada pelo assessor de imprensa da FCF, Alexandre Monteiro - e os gastos e taxas de arbitragem, policiamento, ambulância e transportes são inteiramente cobertos pelo Imbituba, que busca patrocínios e apoio da prefeitura para viabilizar seu funcionamento. Por jogo, os gastos totais giram em torno de R$ 4 mil. A renda dos dois jogos do Imbituba no primeiro turno da competição foi de R$ 2,8 mil, com 300 pagantes totalizados. O que inspira alguém a investir seu tempo e insistir em continuar esse projeto? Para Rodrigues, o desejo de ajudar a cidade e os jovens a alcançarem seus sonhos é o que ainda o move. Mantendo a esperança de ver o Imbituba de novo entre os grandes, mas com pés no chão, o diretor espera que ao menos deixar uma marca para a cidade de 40 mil habitantes.

>> com taxa de ocupação de 29,4% no campeonato brasileiro em 2016, grandes catarinenses buscam novas estratégias para empolgar seu público > por BRUNO DA SILVA

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Foto: Jamira Furlani/Avaí FC

s fatores que mais afastam o torcedor catarinense do estádio são custos, programação esportiva na televisão, compromissos e falta de sucesso. É o que aponta uma pesquisa que ouviu 4.976 pessoas, realizada por Gabriela Pauline Stähelin em 2016 como Trabalho de Conclusão de Curso na Universidade do Sul de Santa Catarina. Apesar dos custos serem apontados como maior problema, segundo o IBGE, SC tem o quarto maior PIB per capita do Brasil - R$ 36.055,00 -, apenas atrás de São Paulo, Distrito Federal e Rio de Janeiro. O Campeonato Catarinense de 2017 teve média de 2.986 torcedores, o que representa 23% de ocupação - em relação à edição anterior, houve um crescimento de apenas 1,8%. O ticket médio foi de R$ 18, valor igual ao dos Campeonatos Baiano e Goiano. Se comparado a outros estaduais de maior importância, o valor fica bem abaixo. Um ingresso para o Paulistão custou em média R$ 40. No Rio de Janeiro, R$ 38, no Rio Grande do Sul, R$ 39 e no Campeonato Mineiro, R$ 27. Em 2016, por conta das novas arenas e de administração mais inteligentes de alguns clubes, a taxa de ocupação do Campeonato Brasileiro da Série A foi de 42%, quase o mesmo número do Brasileiro anterior (43%), segundo números do Globoesporte.com. Contando somente os times catarinenses que disputaram a competição (Figueirense e Chapecoense), os números caíram mais: 34%. Em 2015, quando quatro

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catarinenses estavam na elite do futebol estadual - os dois comentados anteriormente, além de Avaí e Joinville -, a taxa de ocupação foi de 44%. A pesquisa citada acima revelou uma tendência que já foi apontada por outras fontes em âmbito nacional. Mais do que de seu time do coração, o brasileiro gosta de vencer. E os catarinenses também. A oscilação de público para mais ou para menos é muita relacionada ao sucesso da equipe. O exemplo do Joinville é simbólico. O clube teve média de quase 10 mil torcedores no Brasileiro 2014, quando foi campeão da Série B, e no ano seguinte, quando estava na Série A. Mas a falta de uma administração eficiente levou o clube para a Série C em 2017. Neste ano, o clube leva em média pouco mais de 2,5 mil pessoas por jogo. O clube, logicamente, não está satisfeito com esses números.

Para o Criciúma, a percepção é que a crise econômica é um dos motivos que mais afastaram o sócio-torcedor. Segundo a gerente comercial do Tigre, Viviani Olímpio, o clube acredita que a fase vivida pelo time e também a facilidade de se assistir as partidas em casa também influenciam para o esvaziamento do Heriberto Hülse. “Quando estávamos na Série C, conseguíamos encher o estádio em várias oportunidades. Então não importa muito a divisão que estamos, mas sim a fase que vivemos, que, no momento, não é boa”, admite. O time do Sul do estado também não está satisfeito com suas estatísticas. No fim de 2016, o Criciúma tinha 4,5 mil sócios adimplentes. A meta para 2017 era chegar aos 7 mil, mas o número caiu para 4 mil. Longe da Série A desde 2014, quando teve média de público de mais de 9 mil no Campeonato Brasileiro, em 2017, apenas 2.611 pessoas compareceram ao Heriberto Hülse por jogo, apesar de que valor do ingresso médio ser de R$ 17 e, além disso, no Campeonato Estadual, cada sócio em dia poderia levar outro torcedor de forma gratuita. Estratégias de marketing estão sendo desenvolvidas pelo clube. A modalidade mais barata custa R$ 10, mas o torcedor não tem direito a ingresso, nem desconto nas entradas para os jogos - esta custa R$ 30 -, e conta apenas com redução de preços na loja do clube e conteúdos exclusivos no site. Os programas que dão acesso livre a todos os jogos custam R$ 90 e R$ 100, e o clube também disponibiliza outras opções para compras em família ou empresas. No total, são 13 possíveis vantagens que se pode adquirir sendo sócio do Criciúma. “Usamos todos os canais de comunicação, redes sociais, tentando motivar o torcedor com contratação, e mostrando coisas positivas para motivar. Em um mês, nós desenvolveremos nova campanha publicitária para buscar novas adesões, mas não diminuiremos os preços. Trabalhamos com as vantagens que o sócio tem além de ir no jogo”, explica a gerente comercial. O Figueirense vive uma realidade diferente dos últimos anos. Depois de disputar por três vezes em sequência a Série A do Brasileirão, o time foi rebaixado e sente os impactos dessa queda no público médio presente no Orlando Scarpelli. O gerente de marketing, Fernando Kleinmann, admite que o clube não está satisfeito com a presença do torcedor em 2017. Além da diminuição do comparecimento do torcedor alvinegro, Kleinmann ressalta que o número de torcedores visitantes também diminui com a queda para a Série B. “Os adversários de menor expressão empolgam menos a nossa torcida e, além disso, aumenta a dificuldade da vinda da torcida adversária. Muitos clubes são de cidades distantes e/ou não tem muita tradição”. O torcedor alvinegro tem três modalidades para se associar ao Figueirense. A categoria ‘Sócio Furacão’

Mais do que de seu time, o brasileiro gosta de vencer. E o torcedor catarinense também. A oscilação de público segue o sucesso dentro de campo De acordo com o diretor de marketing do Joinville, Diego Amato, o dinheiro que vem do programa de sócio-torcedor representa um terço do orçamento do clube, que vem caindo desde o rebaixamento à Série B em 2015. Diferente das divisões acima, a Terceirona do Brasileirão não distribui nenhum real em direitos de transmissão - apesar do campeonato ser transmitido pelo canal Esporte Interativo. Dois anos atrás, o JEC recebeu R$ 17 mi da TV Globo por conta de sua participação na Série A. O número de sócios acompanhou essa queda. Em 2015, o clube chegou a ter 12,1 mil torcedores adimplentes, que representavam uma receita de R$ 800 mil por mês. Em 2016, o time começou o ano com aproximadamente 9 mil associados, e chegou a cair para 3,8 mil em 2017. Amato conta que o clube precisou refazer totalmente suas estratégias para atrair de volta os torcedores. “Mudou o site, abordagem nas redes sociais, fornecemos descontos para sócios que trouxerem outro, criamos o sócio-estudante, que agora tem 50% de desconto. Isso está ajudando a aumentar os números novamente. Mesmo não vivendo uma boa fase em campo, temos recebido novas adesões todos os dias, por conta dessas ações”, explica. Atualmente, o Joinville tem 5,8 mil sócios adimplentes, e a meta é alcançar 8 mil até o fim do ano. O programa “JEC de todos” mais simples custa R$ 9,90, onde o torcedor tem desconto de 20% no ingresso de cada partida. As modalidades que permitem entrada gratuita a todas as partidas na Arena variam entre R$ 65 e R$ 180.

Na Série C, o Joinville não recebe cotas por transmissão de televisão e o programa de sócios representa um terço de seu orçamento mensal

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Outra realidade Todas as competições

Brasileiro

Estadual

Brasileiro

Estadual

Brasileiro

Estadual

Fontes: Globoesporte.com, Site Oficial da CBF

MÉDIA DE PÚ BLICO - BRASILEIRO Chapecoense

Criciúma

Joinville

Avaí

Figueirense

11.000 10.000 9.000 8.000

Fonte: Dep. de Marketing dos clubes

“Nossa meta é fidelizar e manter nossos sócios. Não se trata de números. Procuramos proporcionar sempre uma melhor vivência e satisfação”

7.000 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000

A Chapecoense atualmente está em outro patamar quando se trata de número de sócios. Com o reconhecimento que adquiriu em 2016, a Chape criou modalidades diferentes dos outros clubes catarinenses. Além dos planos tradicionais, que permitem a entrada a todos os jogos que custam entre R$ 65 e R$ 120 -, o clube desenvolveu o ‘Sócio Contribuinte Condá’ e o ‘Sócio Mundo Condá’. Esses não dão direito a entrada gratuita nas partidas, mas reduzem o valor na compra de ingressos e são uma forma de torcedores e simpatizantes colaborarem. No primeiro, os valores variam de R$ 20 a R$ 100 e, no segundo, entre $ 20 e $ 50 (dólares). A Chapecoense ainda tem parceria com mais de 180 estabelecimentos dos setores de alimentação, lazer, automotivo, saúde, onde os sócios têm desconto. De acordo com Juliana Sá Zonta, gerente de marketing, a Chape tem atualmente 45 mil associados adimplentes entre todas as modalidades - ano passado eram 11 mil, aumento de mais de 300%. Para efeito de comparação, os outros quatro grandes catarinenses têm somados 27,6 mil. Toda a comoção que aconteceu no fim do ano passado angariou mais fãs e também mais público para a Arena Condá. “Há total influência da participação na Libertadores e tudo que o clube viveu em 2016, sim. A visibilidade da Chapecoense tem aumentado muito nos últimos anos e, em 2017, em específico, estamos vivendo uma situação boa. Tendo como base a última edição do Campeonato Catarinense, dobramos a presença de público no estádio”, lembra. Na edição do Estadual do ano passado, a Arena recebeu em média 5.679 pessoas por jogo. Em 2017, esse número subiu para 8.405, um aumento de 48%. Com um quadro de associado já grande, o clube não estipula uma meta para ampliar o número. A ampliação

2014

2015

2016

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Fontes: Globoesporte.com, Site Oficial da CBF - Dados atualizados em 19 de junho de 2017

Curvas do gráfico mostram tendência de que a fase dos clubes influencia na presença de público do torcedor nos estádios. Em 2015, quando quatro clubes estavam na Série A, todos superaram 7 mil de média de público. Em 2017, Chapecoense e Avaí, que disputam a elite, tem média superior ao dobro de seus rivais. Com exceção de 2014, os maiores números sempre estão com os times da Primeira Divisão. Naquele ano, o Joinville, que teve média próxima a 10 mil, foi campeão da Série B

custa R$ 9,90/mês e dá 40% de redução no valor dos ingressos de todos os jogos. Nas outras duas, que custam R$ 60 e R$ 120, a entrada para todos os jogos é livre, com a diferença no setor - a mais cara também permite adquirir mais uma entrada com desconto. Além disso, o Figueira ainda tem nove outros tipos de benefícios, que são oferecidos de acordo com o programa escolhido. O quadro atual de associados adimplente do Figueirense é de 8,5 mil torcedores e a meta é chegar aos 15 mil. De acordo com o gerente de marketing, isso influencia em 25% do orçamento anual da equipe. Em relação ao ano anterior, houve uma queda significativa nas cotas de televisão, que é a maior fonte de renda do time. Em 2017, o clube recebeu R$ 6,4 mi, uma redução de R$ 13,6 mi em relação ao ano anterior. No Avaí, a presença de público de 2017 está dentro do projetado, mas o clube espera que esse número suba no decorrer dos meses. O Leão trabalha com a meta de alcançar sua capacidade máxima de associados - 13 mil - até o fim do ano. Para isso, precisa angariar mais 3,5 mil torcedores para o programa “Sempre Avaí”. Existem quatro modalidades básicas para quem deseja ser sócio da equipe, com valores variando entre R$ 30 e R$ 120, com entrada gratuita em todas as partidas. Existe ainda o plano mirim, para menores de 12 anos, que custa R$ 15 mensais. A outra opção é o ‘Nação Avaiana’, que fornece desconto de 60% na compra de ingressos na Ressacada e custa R$ 20 por mês.

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O acesso à Série A teve influência grande nessas estatísticas. Na metade de 2016, quando estava disputando a Segunda Divisão do Brasileiro, o clube tinha 5 mil sócios adimplentes, número que quase dobrou: agora são 9 mil. O diretor de negócios do Avaí, Thiago Pravatto, reforça que estar disputando competições mais importantes é essencial para o sucesso das estratégias de marketing. “A motivação do torcedor e a qualidade do produto/espetáculo é bem superior em relação aos jogos da Série B. Então para o sucesso de uma campanha de sócios e também a presença de público no estádio foi fundamental o acesso”, afirma. Com o objetivo de aproximar cada vez mais o torcedor do time, o Avaí proporciona experiências para o torcedor no estádio, com promoções nas redes sociais, como a ‘Ressacada Experience’, onde associados são sorteados para participar de um tour no estádio antes das partidas, além de incrementar o programa de sócios com descontos em vários estabelecimentos e na loja oficial. Na visão do clube, isso é essencial para fidelizar o fã. “Realizamos diversas ações e benefícios para que o torcedor possa consumir cada vez mais o Avaí. A ideia é deixar o time mais próximo do torcedor e fazer com que ele sinta a necessidade em estar contribuindo, sempre sendo retribuído de alguma forma”, explica.

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do clube de benefícios, campanhas digitais e eventos que envolvam o torcedor são ações desenvolvidas para agradar o torcedor. “A nossa meta é fidelizar e manter nossos sócios. Não se trata de números. Procuramos proporcionar sempre uma melhor vivência e satisfação aos nossos torcedores e simpatizantes”, destaca Juliana. Foto: Sirli Freitas/Chapecoense

Em relação à 2016, Chapecoense praticamente dobrou sua média de público no Catarinense e número de sócios cresceu mais de 300%

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taticamente falando

REFORçAR é UMA NECESSIDADE

RETOMADA NAS QUATRO LINHAS > por lucas martins Blogueiro d’O Centrocampismo

A

>> após tragédia na colômbia, chapecoense mantém bases e metodologias para continuar disputando em alto nível

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apresentação oficial do treinador Vág- forte chegando ao fundo do gramado e fazendo dobradi- e Reinaldo passaram a pensar as investidas, enquanto ner Mancini pela Chapecoense, em 9 nhas com o extremo do setor - só avançava um por vez, os meio-campistas Andrei Girotto, Luiz Antonio e Moide dezembro de 2016, deu partida ao entretanto. Nas meias, Cléber Santana controlava o rit- sés Ribeiro (ou mesmo João Pedro, jovem lateral-diduro processo de remontagem espor- mo para Gil chegar à frente tiva protagonizado pelo clube. Após como surpresa. Já no ataque, todos os acontecimentos na Colômbia Bruno Rangel e Kempes alque fizeram o Brasil chorar repetida ternavam a titularidade e copiosamente, o momento era de remontar as bases sempre no equilíbrio entre futebolísticas donas do primeiro título continental per- mobilidade e ocupação do tencente à Santa Catarina: a Copa Sul-Americana 2016. centro. Sem a bola, ou seja, Alguns meses e muito trabalho depois, em um espaço de na maior parte do tempo, tempo até inesperado, é possível dizer sem problemas: a todos recuavam rapidamenChape retomou seu norte dentro de campo. Enquanto te e permaneciam atrás em manteve o modelo administrativo para refazer comple- um sistema defensivo que tamente o departamento, apostando em atletas pouco já realizava as tarefas de ou nada consagrados, o estilo de futebol também não maneira automática - as coberturas encadeadas, alme- reito convertido em meia por Vágner) direcionam as diferiu tanto. Com apenas algumas especificações natu- jando o contra-ataque veloz em sequência, são o melhor atenções a apoiá-los e/ou aproximar da área inimiga rais, Mancini dá sequência ao projeto tático cronológico exemplo disso. Longe de exageros, foi a rígida mecânica para definir. Neste sentido, a queda em riqueza tática do Verdão e já começou o ano comemorando o título de jogo citada o principal motivo para as glórias imorta- torna-se evidente. Cresceram ao mesmo passo as ligacatarinense. lizadas na história verde. ções diretas catarinenses, até pela preponderância física Antes da conhecida A começar pela retaguar- dos centroavantes Wellington Paulista e Túlio de Melo, epopeia sob comando da, existem pequenas dispa- estimulados a “amaciar” os lançamentos longos. Por de Caio Júnior, a Charidades em relação ao grupo consequência, os pontas, Rossi e Arthur Caike, circulam pecoense já possuía de Mancini. Porém, antes de sobre doses maiores de liberdade para interagir com o um padrão de jogo tudo é importante destacar os atacante escolhido. constante, preferencialestágios de trabalho opostos: Passados todos os pontos, parece injusto comparar mente reativo e responenquanto um estava no auge, dois pedaços tão distintos, embora cronologicamente sável pela manutenção este engatinha. Pois bem, próximos, da história chapecoense. Sobre a frieza da do Verdão do Oeste na permanece o 4-1-4-1 capaz análise, a equipe atual é limitada em conceitos se comSérie A desde a partide virar 4-2-3-1 em determi- parada àquela. O leque de alternativas não é tão vasto, a cipação inaugural, em nados momentos, mas a va- execução das tarefas perdeu qualidade. 2014. Sendo assim, a riação na marcação Foto: Sirli Freitas/Chapecoense priori, Guto Ferreira foi passou de zonal para quem melhor potenciaindividual por setor; lizou tal característica, como diz o nome, disputando a primeira agora cada jogador partida internacional encaixa em um rival do clube - em 2015, a dentro de sua área. equipe esteve bastante Com isso, a Chape se perto de eliminar o Ritornou mais agresver Plate da Copa Sulsiva (a intensidade -Americana - e deixanfísica no intuito de do Chapecó por vontade roubar a redonda própria após convite do é maior) e ao mesBahia. Caio Júnior sou- Ícones verdes representam equipe-base de 2016, mo tempo menos be dar sequência ao brancos a de 2017. Sem uma figura central no meio coordenada, porque estruturado trabalho a campo como Cleber Santana, Chape de Vagner Man- por vezes falta apropartir de um 4-1-4-1 no cini utiliza mais seus pontas para criação de jogadas ximação no meioqual os índices de posse -campo. Também Vindo do Goiás, Rossi desempenha papel fundamental no atual elenco do Verdão da bola e acerto nos passes não eram estrondosos, onde para corrigir tal fato, a defesa ganhou altura fazer o jogo sobre o terreno oponente tampouco era o podendo antecipar em maior número, ainda que esteja Vágner Mancini simplesmente não detém todo o normal. Gols de bola parada? Aos montes. Porque sua exposta em várias ocasiões. Todavia, com Douglas Grolli pragmatismo tático, no melhor e mais complexo senversão de Chape, a exemplo do que está a ser realizado e Nathan na zaga, a arte de cortar cruzamentos, outrora tido da expressão, acumulado por Caio Júnior ao longo com Vágner Mancini, respeitou pretensões sem tocar a pertencente à Thiego e ao sobrevivente Neto, continua da vida. Por outro lado, trata-se de uma reconstrução utopia. intacta. O Verdão do Oeste segue sabendo sofrer. dolorosa. Portanto, Mancini dá prosseguimento ao leSeja com Tiaguinho, Ananias ou Lucas Gomes, os Ofensivamente, o foco de produção mudou. Se antes gado de Caio e Guto Ferreira, ainda que transportando a pontas eram agudos e mantinham ao máximo a posi- Cléber Santana indicava os caminhos por dentro duran- ideia principal ao seu mundo metodológico. Os resultação aberta para espaçar as linhas adversárias e buscar te a saída de bola, em 2017 o extremo Rossi assumiu dos dificilmente poderiam ser superiores, a Chape recucruzamentos. Os laterais, sendo Dener, Gimenez, Alan o papel principal e indiretamente faz a Chapecoense sou ser vítima das circunstâncias. Dito isso, a retomada Ruschel ou outros quaisquer, tinham presença ofensiva iniciar as jogadas pelos flancos. Assim, os laterais Apodi funciona também nas quatro linhas.

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Ofensivamente, o foco de produção mudou. Antes C. Santana indicava os caminhos por dentro, agora Rossi assumiu o papel principal e faz a Chape iniciar as jogadas pelos flancos

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Imagem 1: O 4-4-2 em fase defensiva do Avaí contra o Joinville: Dutra-Marquinhos reduzem o espaço territorial dos zagueiros; extremos que acompanham os laterais adversários; meias nos meias (passivo para não ceder tanto espaço entre linhas) e laterais nos pontas

Imagem 2: O 4-2-2-2 avaiano para o terço final do duelo contra o JEC. Carece de continuidade e ajustes, mas o esquema foi interessante porque favoreceu boas projeções dos laterais, volume em zonas centrais a partir da dupla de meias, que ofereceram mais ritmo na circulação embora isso não tenha representado controle do jogo.

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> por VINÍCIUS DUTRA Estudante de Jornalismo da PUC-RS e blogueiro d’O Centrocampismo

>> Avaí manteve base e esquema de jogo da Série B, mas, para o Brasileirão, precisa de novas alternativas

objetivo principal do Avaí é permanecer na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Após retornar à elite do futebol nacional com a segunda melhor campanha da Série B, a equipe treinada por Claudinei de Oliveira não sofreu grandes alterações em linhas gerais em sua estrutura tática e técnica. O exemplo disso foi a solidez defensiva demonstrada no primeiro turno do Campeonato Catarinense, que foi vencido pelo Leão de forma invicta e sofrendo apenas dois gols. Na segunda volta da competição, no entanto, por questões de lesões e relaxamento natural, o conjunto da Ressacada acusou algumas debilidades em seu jogo, que podem ser capitais na disputa do Brasileirão. Um dos pontos a serem melhorados é a falta de profundidade de elenco, algo que foi evidenciado principalmente no início do returno do Catarinense quando a equipe contou com seguidas mudanças em seu onze inicial por conta de ausências dos considerados titulares. Projetando a disputa para a Série A, uma competição severamente mais longa, a necessidade de trazer reforços torna-se basicamente obrigatória. Neste sentido, a direção precisa buscar nomes para posições específicas como para as duas laterais, volantes, com perfis que sejam diferentes dos atuais, e meia-atacante, função atualmente ocupada pelo veterano e capitão Marquinhos, que prejudica intensamente o ritmo do Avaí, que, com ele, conta com possessões lentas e apresenta dificuldades quando o adversário aposta por pressionar alto. As outras fraquezas estão relacionadas ao jogo do próprio Avaí e para abordá-las é preciso entender como joga o time de Claudinei Oliveira. O esquema tático usado é o 4-2-3-1, que prioriza a verticalização e que não costuma circular a bola por longos períodos. Em um contexto em que o adversário obriga-o a propor a partida, o natural é que o time não apresente argumentos/mecanismos para essas situações, caindo no chamado “atasco” ofensivo, onde o circuito de passes acaba sendo horizontal, envolvendo zagueiros e volantes. E diante de marcações adiantadas, o tema Marquinhos surge. Para fugir disso e ganhar desafogo e ritmo, a ação dos laterais é fundamental. O momento defensivo do Avaí é marcado pela variação para o 4-4-2 (4-4-1-1 se esmiuçado) para cobrir os espaços sem a bola. É nesta fase que os melhores aspectos coletivos da equipe surgem. A variação do bloco fica entre médio e baixo, com marcações mescladas entre individuais (as perseguições são curtas) e por zona. Desta forma, o time consegue curto-circuitar o adversário em saída de bola, ou seja, eliminar basicamente quase todas as linhas de passes em zonas importantes do campo, criando assim uma constante vantagem defensiva sobre o rival. Neste sentido, a partida realizada contra o Joinville, pela quinta rodada do returno do Catarinense, serve como um grande exemplo: em nenhum momento do primeiro tempo o JEC conseguiu atravessar o campo com claridade para estabelecer seus ataques e contar com fluidez ofensiva. Ainda nesta partida, vencida pelo Avaí no último lance (gol do centroavante Júnior Dutra), que Claudinei usou

Foto: Divulgação/Avaí FC

Após conquistar acesso, tarefa de Claudinei é manter o Avaí na Série A

um inovador (para o time) 4-2-2-2 na etapa complementar em resposta ao recuo do Joinville (ver Imagem 2), que, frustrado por não conseguir ameaçar com bola, resolveu adotar uma proposta reativa na reta final do confronto. Apesar de apresentar deficiências, o desenho se mostrou interessante por potencializar virtudes pelas laterais, principalmente por parte do lateral-esquerdo

A direção do clube precisa buscar nomes para meia-atacante, função ocupada por Marquinhos, que prejudica muito o ritmo do time Capa, que, além de ser uma peça para o desafogo nos primeiros toques, é um jogador tremendamente produtivo quando aparece nos metros finais para realizar cruzamentos (Júnior Dutra como um grande receptor) e gerar ocasiões. Ademais, o lateral-direito Leandro Silva também consegue oferecer velocidade ao time mesmo sendo um perfil que busca passes longos desde sua posição inicial. Jogos grandes: prévias para o Brasileirão Chapecoense e Figueirense foram rivais interessantes no returno do Catarinense porque ambos fizeram jogos semelhantes em termos de velocidade, ritmo e intensidade ao que o Avaí terá na Série A. Os dois times, ao contrário das equipes humildes do estadual, não adotaram posturas passivas em suas fases defensivas, pressionaram alto e encontraram deficiências no jogo entre linhas do Leão quando este não foi eficaz na maneira de defender. Em suma, nestas situações, o time de Claudinei fica perdido na maioria das vezes em que o adversário consegue superar o primeiro nível de marcação e bater linhas a partir do passe para encontrar o receptor entre setores, que, dominando com tempo-espaço, pode gerar uma ocasião que termine em gol. Visando uma competição maior e competitiva como a do Brasileirão, é necessário que Avaí e Claudinei Oliveira busquem reforços e soluções que possam sanar os problemas táticos e técnicos do Leão, que planeja evitar o rebaixamento à Série B no ano seguinte à conquista do acesso.

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EXTERIOR

HISTÓRIA

fiCARAM NA MEMóRIA

Foto: Divulgação/Valencia CF

GUILHERME SIQUEIRA

>> dos 24 campeões catarinenses, metade abandonou o futebol profissional, um recorde no brasil > por BRUNO DA SILVA

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>> FORMADO NO FIGUEIRENSE E COM PASSAGEM PELO AVAÍ, LATERAL TEM CARREIRA CONSOLIDADA NA EUROPA

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uilherme Siqueira é um dos muitos casos de jogadores brasileiros que pouco atuaram no futebol nacional e se tornam atletas reconhecidos e importantes na Europa. O lateral-esquerdo de 31 anos chegou ao Velho Continente wm 2004 e atuou na última temporada pelo Valencia, além de ter atuado em Udinese e Ancona na Itália, Granada e Atlético de Madrid, na Espanha, além do Benfica, de Portugal. Siqueira sempre jogou nas ligas europeias mais competitivas e conquistou títulos importantes. Vice-campeão da Uefa Europa League e com títulos do Campeonato Português, da Taça de Portugal e da Copa da Liga Portuguesa pelo Benfica em 2014, além da conquista da Supercopa da Espanha pelo Atlético de Madrid em 2015, Siqueira se destacou pela consistência e também pela qualidade nas finalizações e na bola parada. Muito focado na carreira, o lateral-esquerdo falou sobre possibilidades para o futuro, como foi sair de Santa Catarina para Milão aos 18 anos, Diego Simeone e jogos marcantes no futebol europeu.

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Casamata: Como aconteceu sua mudança das categorias de base do Figueirense para a Internazionale quando você ainda era muito jovem? Como foi morar sozinho na Itália com apenas 18 anos?

CM: As últimas temporadas do Valencia não foram muito positivas, muitas mudanças de técnico e, apesar do time ter dinheiro e ter feito várias contratações, não conseguiu grandes campanhas. Quais foram os motivos para essa fase ruim?

GS: Acho que tem muito a ver com os novos Guilherme Siqueira: proprietários. Além desses motivos que você já Eu estava no Figueirense falou, eles chegaram com as melhores intendesde os 15 anos, e com ções, mas com pouco conhecimento do futebol 16, fui convocado para um espanhol e na questão do dia a dia pecaram torneio de Seleção de Estaem alguns aspectos. Além disso, nem coletivados, que eu não sei se exismente foram boas temporadas, mas também te mais, e um empresário individualmente acho que não rendi o meu italiano me percebeu, se melhor. Apesar disso, foi um ano e meio de interessou e fez uma promuito aprendizado. Estive num clube muito posta. Eu assinei com ele exigente e amadureci bastante. e me levou para a Itália para um período de testes na Internazionale, e aí Primeiro clube na base foi o Figueirense CM: Qual foi o melhor técnico com assinei um contrato. Mas quem você já trabalhou? eu ainda não podia ir definitivamente para Milão antes dos 18 anos, então eu viajava de três em três meses para GS: Isso é muito relativo, porque quando jogamos a Europa para ir me acostumando. Seis meses antes de bem, é porque o treinador é bom, e vice-versa (risos). me mudar para Milão, surgiu uma oportunidade e eu Mas especialmente dois me fizeram crescer muito. Um acabei jogando no juvenil no Avaí, para ficar mais perto é o Jorge Jesus, que agora está no Sporting e trabalhou da minha família. A mudança para a Europa foi mui- comigo no Benfica. Ele é um técnico muito inteligente to grande. Eu morava lá sozinho e naquela época, não e tem uma característica diferenciada de trabalhar com existiam as mesma facilidades que temos agora, como o grupo. O outro, claro, é Diego Simeone, que tem muiFacetime, além da dificuldade de outro idioma. Mas, ta garra e ele transmite isso para o time. É contagiante mesmo assim, eu sempre fui muito focado, então essas trabalhar com ele. É por isso que ele mudou o patamar dificuldades eu tirei de letra, porque meu objetivo era do Atlético de Madrid, que agora briga contra os maioser um atleta profissional. Na primeira temporada eu res times da Europa. morava no alojamento do clube com outros jogadores, até que eu me mudei para uma casa, com mais conforto, comodidades, internet livre etc.. Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Bruno da Silva/Casamata

disputa de 2017 do Campeonato Catarinense, vencida pela Chapecoense, foi a 92ª edição da divisão de elite do futebol no Estado de Santa Catarina. A Chape chegou ao seu sexto título, o quarto nos últimos seis anos. Com seis taças, o time do Oeste é o 5º maior campeão estadual, atrás de Figueirense, 17 títulos, Avaí, 16, Joinville, 12, e Criciúma, 10. Mas, nessa lista de campeões estão mais 19 times, sendo que 12 deles, que somam 22 conquistas, não tem mais nem mesmo futebol profissional, um recorde entre os campeonatos estaduais no Brasil. Um dos exemplos é o Paula Ramos Esporte Clube, de Florianópolis, campeão catarinense de 1959. O PREC foi fundado em 1937, como um time de futebol, por um grupo de amigos que se reunia no Trapiche Vitorino Paula Ramos na Praia de Fora, onde atualmente se localiza a Beira-Mar Norte. O clube disputou competições amadoras até 1943, e, no ano seguinte, profissionalizou-se. Venceu os campeonatos citadinos de 1947 e 1948, o vice do estado em 1949 e, 10 anos depois, conquistou o Campeonato Catarinense contra o Caxias, de Joinville. Cinco anos após seu título mais importante, foi adquirido o terreno no bairro Trindade, onde foi construído um campo de futebol na época, e ainda onde o clube se baseia até hoje. Antes de encerrar as atividades de futebol profissional, ainda conquistou os campeonatos da cidade de Florianópolis em 1961, 1962 e 1964, mas em 1969 se tornou inviável para o Paula Ramos continuar com o projeto. A partir daí, o PREC partiu para a construção de complexos poliesportivos, inicialmente com piscinas de natação e quadras de tênis. Taça do título catarinense do PREC, na sede do clube A sede passou por algumas reformas e diminuiu de tamanho em 2008, como uma forma de diminuir gastos, driblando a crise e mantendo o clube ativo. Atual diretor geral do Paula Ramos, Cláudio Antonio Albé diz que os cerca de 400 títulos patrimoniais do Paula Ramos atualmente estão todos vendidos e que não há intenção em ampliar o quadro de titulares. Apesar disso, Albé explica as atividades são abertas ao público em geral, que pode usufruir das instalações através do pagamento de mensalidades. Atualmente, o PREC tem quadras de futebol society, tênis, musculação, natação, sauna, salão de eventos, academia e pilates, entre outras atividades. Alguns dos campeões catarinenses que não seguiram com futebol profissional, tiveram o mesmo destino que o Paula Ramos, e tornaram-se clubes poliesportivos. Outros, se fundiram com outras agremiações para criar novos times. Enquanto alguns deles desapareceram definitivamente, deixando apenas resquícios de história para contar.

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CM: Qual é seu jogo mais marcante?

Foto: AFP/Uefa.com/Getty Images

GS: É difícil escolher um, mas o 4 a 0 do Atlético no Real Madrid, em 2015, pelo Campeonato Espanhol foi o que mais me marcou. Por ser um clássico conhecido mundialmente, será algo que vai ser falado por muito tempo e eu estava ali em campo... ainda acabei participando do gol de bicicleta do Saúl, então acho que será algo que vai ser lembrado para sempre na cidade. Outro jogo foi a semifinal da Liga Europa em 2014 pelo Benfica contra a Juventus, que seria a dona da casa se fosse à final, mas conseguimos vencer ir para a decisão.

Um dos jogos mais marcante da carreira de Siqueira foi dérbi de Madrid

Você vai voltar para o Atlético de Madrid?

CM: Quais seus planos para a próxima temporada?

GS: Agora que encerrou meu contrato de empréstimo com o Valencia, eu volto para o Atlético, porque tenho mais um ano de contrato. A princípio tenho que me apresentar no início de julho, mas não sei a posição do clube. Ainda não recebi nenhuma ligação, então por enquanto sou jogador do Atleti. CM: Por conta da administração da família Pozzo*, muitos jogadores fizeram o trânsito entre Udinese-Granada, como você fez. Como aconteceu para você essa mudança de clubes?

da que eu joguei pouco na Udinese, e quando soube do projeto na Espanha eu nem hesitei, porque sempre sonhei jogar na Espanha. Foram anos maravilhosos para mim, nós cumprimos o objetivo de subir e foi onde me mostrei para o futebol mundial. Apesar de já ter saído do Granada, uma referência muito grande na cidade, minha família é muito bem recebida lá e eu sou muito grato por essa oportunidade.

negócio

INOVAR PARA ESTAR ENTRE OS MAIORES

CM: Você jogou na Itália, Espanha, Portugal... Na sua percepção, qual é a melhor liga entre as que você jogou?

>> DESDE 2015, ATLÉTICO TUBARÃO PASSOU A SER ADMINISTRADO COMO START-UP, PROJETO PIONEIRO NO PAÍS

Foto: Divulgação/Atlético Tubarão

GS: O jogador tem que saber o seu momento. Eu me vi preparado para defender a Seleção durante minhas passagens por Granada e Benfica, me senti muito bem, e talvez eu poderia ter uma convocação. Não é algo que não me tira o sono, mas até pela carreira que eu tive, acho que seria um prêmio para mim. Não vejo como um demérito nunca ter sido convocado, mas como mérito dos outros, que também tem muita qualidade. Também tive uma sondagem da Seleção Espanhola, e cheguei a transferir meu passaporte italiano para ter cidadania espanhol como me pediram, mas acabou que não veio a convocação. Apesar disso, só o fato de ser lembrado, é um sinônimo de alegria e satisfação de ter o trabalho reconhecido.

Foto: Getty Images

CM: Quando você estava no Granada, foi quando você mais se destacou. Por conta de gols marcados por Barcelona, pela titularidade absoluta, pela importância que você tinha para o clube, era comentado que poderia ganhar chance na Seleção. Você tem esse objetivo? Acha que merecia chances? Chegou a receber convite da Seleção Espanhola?

GS: A Liga Espanhola sem dúvida. As equipes espanholas sempre chegam longe em competições euTime em que Guilherme mais atuou na Europa foi o Granada ropeias e a Seleção é uma potência. Além disso, os dois melhores jogadores do mundo atuam lá – Messi e Cristiano Ronaldo -, talvez três se contarmos com o Neymar. CM: Você sempre atuou em times importantes, mas Atlético de Madrid e Benfica são os de mais expressão e de muita torcida. Para você, qual é a mais empolgante?

Rentería foi artilheiro do Catarinense e peça fundamental no retorno do clube à elite de SC

GS: São duas torcidas muito grandes e apaixonadas, mas no ano que estive no Benfica, e ganhamos três títulos além de termos ido à final da Liga Europa, vivemos um ano histórico do clube. O time tem uma torcida muito apaixonada e sempre encontro torcedores em todo o mundo, que me reconhecem e agradecem. Então acho que fico com a torcida do Benfica.

“Acho que seria um prêmio para minha carreira uma convocação para a Seleção, mas não é algo que me tira o sono”

> por BRUNO DA SILVA

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star entre os 40 maiores clubes do Brasil até 2025. Esse é o objetivo do Atlético Tubarão, de acordo com o presidente do clube Luiz Henrique Martins Ribeiro, que assumiu o comando há dois anos. O Tubarão, fundado em 2005, se associou em 2015 com a empresa K2 Soccer em um projeto inédito no país. A K2 é um braço do Grupo Baltoro, que tem investimentos no setor financeiro, energético e alimentício, criada para investir em esportes. Todas as empresas têm como filosofia a busca de máximo retorno com base em inovação e transparência O time mudou sua razão social para Atlético Tubarão SPE LTDA e está incubado na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), tornando-se, assim, o primeiro clube start-up do Brasil, com o objetivo de estruturar e qualificar todos os setores. Esse modelo, que busca inovações, promoveu várias mudanças, a principal delas nos métodos de administração. De acordo com o assessor de comunicação, William Lampert, as primeiras modificações que a parceria, ainda recente, causou foram estruturais. O clube prefere não informar valores, mas estabeleceu a contratação de profissionais na área de comunicação - constituindo uma assessoria de imprensa -, além de fisioterapeutas e analistas de desempenho. No Estádio Domingos Silveira Gonzáles, foram construídas cabines de imprensa para a transmissão da TV e também foi adquirido um ônibus exclusivo para o Tubarão. “O objetivo é profissionalizar o clube cada vez mais. Antes, eram apaixonados pelo clube usando um pouco de seu tempo para ajudar o Tubarão e, pela falta de dinheiro, não se podia investir”, explica Lampert O acordo inicial é de 20 anos, com a possibilidade de prorrogação por mais vinte. Um dos principais motivos da K2 Soccer ter escolhido o Tubarão é a presença da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) na cidade, porque quer implantar uma nova administração em diferentes aspectos, estabelecendo parcerias com diferentes cursos. As primeiras foram firmadas com estudantes de Comunicação e Nutrição. O escritório do clube está na Unisul, e quer envolver até 20 áreas. Segundo o presidente, a empresa quer estabelecer uma parceria forte com a universidade, aproveitando o que a instituição tem como conhecimento e aprimorar técnicas. Em 2016, o Tubarão conseguiu o acesso à elite do Catarinense, um primeiro passo para alcançar o objetivo de chegar à Série B do Brasileiro até a metade da próxima década. Na primeira temporada na elite, terminou o Campeonato Catarinense na 6ª colocação e garantiu vaga na Série D do Brasileiro de 2018. O time contou com vários jovens jogadores, mas também com o experiente atacante colombiano Wason Rentería, 31, que conquistou o título da Libertadores com o Internacional em 2006 e também atuou por Santos, Atlético-MG e Porto-POR. O jogador foi artilheiro da competição, com 11 gols.

CM: Você tem alguma aspiração de voltar para o Brasil ou para Santa Catarina no momento? GS: Agora eu não penso nisso, até porque fui formado lá fora, formado na Europa. No Brasil, por enquanto, só para férias e, quando me aposentar, para morar. Mas na atualidade é algo que não passa na mina cabeça. Quero continuar atuando na Europa. Foto: Agência EFE

[O empresário italiano Giampaolo Pozzo e sua família, donos da Udinese, da Itália (desde 1986), e do Watford, da Inglaterra (desde 2012), administraram também Granada, da Espanha, entre 2009 e o ano passado. Entre 2012 e 2016, era comum a transferência de jogadores entre as equipes citadas, como uma estratégia de manter os atletas ativos e com o passe valorizado. Assim, quando não tinham espaço em um clube, uma estratégia era que os jogadores trocassem de time, mas o dono do passe continuava o mesmo] GS: O presidente Pozzo me apresentou esse projeto de ir para o Granada e fazer uma Segunda Divisão competitiva, montar um time para subir para a Primeira. Isso aconteceu depois de uma temporaTemporada 2013-14 foi histórica para Guilherme Siqueira e o Benfica: três títulos em Portugal, além do vice da Uefa Europa League

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armado, rendeu um funcionário no local. O objetivo do antigo funcionário, demitido por viajar embriagado no primeiro semestre daquele ano, era assassinar todos os sete nomes de uma lista feita por ele. Após muito nervosismo entre os reféns e diversas ameaças, Josué Henrique Kaercher, comandante da equipe feminina, tentou acalmar Carlos, que atirou no técnico e ainda tentou fazer o mesmo com Richard Kindermann, vice-presidente do clube. A arma, entretanto, falhou e, depois de muita luta, o ex-treinador acabou preso.

Retorno um ano depois

A ano de 2017 representou a volta dos sonhos não apenas do presidente Salézio Kindermann, como também de todo estado de Santa Catarina para o futebol feminino. Único representante catarinense na elite do esporte, o clube ganhou lugar na primeira divisão por merecimento, retornando ao patamar de onde nunca deveria ter saído. Voltar não foi uma opção fácil. Apesar de continuar com a admiração da cidade e do esporte nacionalmente, o time do Kindermann ainda tinha uma ferida difícil de ser fechada. Segundo Jonas Estevão da Silva, diretor administrativo do clube, Jorge Barcellos trabalhou quatro anos com a Seleção Brasileira Feminina houve muita converJosué ainda foi socorrido e levado ao hospital, mas sa antes da decisão. Inicialmente, o encerramento das time porque tínhamos vaga na primeira divisão garannão resistiu aos ferimentos e acabou falecendo. O crime atividades seria definitivo, mas, como tinha vaga no tida. Então falei que estava disposto, fiz curso de gestão, abalou a Sociedade Esportiva e, apesar de toda dedica- Brasileirão garantido pelo ranking da CBF houve um juntamos alguns contatos e fomos montando um elenção pelo projeto, a diretoria optou por interromper os esforço para que o time voltasse a funcionar. “O pre- co. Não tínhamos um grande orçamento, mas consetrabalhos por tempo indeterminado. sidente Salézio conversou comigo para retomarmos o guimos montar uma boa equipe. Temos planejamento para continuar por cinco, seis anos”, explica o diretor. Apesar de conseguir a reestruturação fora dos gramados, a parte mais difícil, segundo Estevão, foi acerela em especial pela ligação afetiva com o clube. tar novamente a equipe e retomar o ritmo de compe“Pessoalmente, foi complicado pela tragédia ocortição. “ Demoramos quatro rodadas para montar um rida, pela perda de um grande amigo e treinador time ideal. Conseguimos superar os problemas fora, da equipe, além mas o entrosamento dentro de campo foi difícil.” do fechamento A SE Kindermann, atualmente, mantém teto saladas portas da rial de R$ 2,5 mil, assistindo todas as atletas com curso equipe por conta superior e aparato médico. O clube ainda foca em um Aos 25 anos, Tuani Lemos ouviu o de toda a situatrabalho social longe do futebol, ajudando a comunichamado do Kindermann assim que ção. Difícil pois o dade de Caçador. Com o apoio de patrocinadores e da emitido. Uma das atletas que atuavam Kindermann, já ajuda de custo dada pela CBF, a equipe está dando a no clube na época da tragédia em 2015, no meu primeiro volta por cima com um passo de cada vez. a zagueira voltou a Caçador para ajuano no clube, me Estar entre os melhores times do futebol nacional dar a reerguer o clube que aprendeu cativou de uma demanda planejamento vencedor. Pensando nisso, o a amar e defender por quatro anos. forma que eu jaKindermann buscou um dos melhores nomes no esApaixonada por futebol desde pequena, mais tinha vivido porte feminino para renascer e voltar a brilhar pelo Tuani viu na equipe de Santa Catarina em outro lugar. país. Jorge Barcellos, medalhista de ouro como técnico uma oportunidade de se destacar na Me identifiquei da Seleção Brasileira nos Jogos Pan-Americanos do Rio modalidade feminina. com tudo, a cidade Janeiro em 2007, foi o escolhido para comandar a O início no futebol foi aos sete anos, de de Caçador vinova geração de futuras vencedoras da modalidade jogando na rua com as outras crianrou minha casa catarinense. ças. Aos 11, a brincadeira começou a e morada por Barcellos encarou o desafio de retomar um trabaser levada a sério e, em Porto Alegre, ótimos quatro lho do zero no campeonato mais importante de futebol Zagueira Tuani atualmente é capitã do Kindermann sua cidade natal, Tuani entrou para anos. Fiz muitos feminino do país. “Quando ele para, as jogadoras saem uma escolinha e começou a crescer. A amigos e desenvolvi um carinho muito grande por e vão para outras atividades, o clube acaba perdendo primeira convocação veio aos 16 anos, em 2007 e tudo desse lugar. Foi uma das situações mais difíceis identidade. Precisamos ter cuidado para trazer joga2008, quando a zagueira foi para a Seleção Brasilei- e tristes que já passei”, afirma Tuani. doras e, com o mercado inflacionado, temos que estar ra Sub17 e foi capitã no Sul-Americano e Mundial Logo no início do ano, quando estava atuanbem estruturados para montar um time. A Bárbara é da categoria. do pela Ferroviária, Tuani recebeu proposta para atleta de Seleção, mas nosso elenco tem média de 22 O nome de Tuani não tardou a aparecer em ou- retornar ao Kindermann e à Caçador, além de ser anos. Pegamos cinco meninas que vieram do futsal e tras categorias de base da Seleção. Seguindo com convocada para um período de treinamentos com estão há poucos meses no campo, então é difícil treinar sua carreira no futebol nacional, a jogadora se mu- a Seleção Brasileira. “Como sempre falava ao longo isso. Existe uma dificuldade grande em juntar pessoas dou para Franca, em São Paulo, e passou a vestir a do ano passado, sabia que algum dia o time voltade locais diferentes e disputar, um mês depois, jogos camisa do Francana em 2011, atuando em torneios ria às atividades. Confesso que foi uma alegria sem em alto nível. Porém, estamos crescendo a cada dia e como o Paulista, regionais e os Jogos Abertos. tamanho quando Seu Salésio me ligou e disse que agora vamos conhecendo cada uma das jogadoras”, A ida para Santa Catarina foi concluída já em estava retornando com o futebol”, comemora. explica o treinador sobre o início de seu trabalho no 2012. Animada com a nova casa, Tuani foi contraO Kindermann voltou. E Tuani, que trata o Kindermann. tada pelo Kindermann e conquistou não apenas um time como sua casa, quer recolocar o clube onde Depois de passar anos estudando e atuando no novo lar, mas a oportunidade de representar sua ele pertence. “Estar de volta a esse lugar, que confutebol masculino, Jorge Barcellos não pensou duas equipe em campeonatos nacionais e estaduais. A sidero com minha casa, é uma alegria e satisfação vezes ao receber proposta do clube de Santa Catarina. zagueira ainda carrega no currículo o grande título enorme. Chegar em Caçador foi de uma emoção “Mesmo sabendo que era muito difícil, aceitei o desafio da Copa do Brasil Feminina de 2015. sem tamanho, pois sabia que estava voltando pra por saber que seria muito legal e bom para mim. AmaPorém, as comemorações pelo título foram fre- ajudar a reerguer a equipe e tentar, junto a todos os dureci como treinador. Esse grupo tinha dificuldades adas pela triste e trágica partida do técnico Josué envolvidos, colocar o Kindermann de volta ao lugar e algumas jogadoras precisavam muito de mim. Tive Henrique. Tuani diz que o encerramento das ativi- de onde jamais deveria ter saído, que é na elite do que estudar mais para saber como agir com essas atledades foi complicado para muitas jogadoras e para futebol feminino”, ressalta a zagueira. tas”, comenta o técnico.

Foto: Divulgação/SE Kindermann

Foto: Divulgação/Assessoria CBF

FUTEBOL FEMININO

>> símbolo de um retorno

um novo capítulo > por mariana sá Estudante de Jornalismo da FACHA-RJ e estagiária de comunicação do Flamengo

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palavra ‘reerguer’ é definida como “levantar aquilo que caiu, superar”. Há quase um ano e meio, a cidade de Caçador e a Sociedade Esportiva Kindermann precisaram começar a entender o que realmente significava reerguer-se. Em dezembro de 2015, o trágico assassinato do treinador da equipe quase acabou com uma história vitoriosa. Porém, em 2017, o clube decidiu deixar o passado para trás e voltar às atividades no futebol

feminino. Única equipe representante catarinense entre as Séries A1 e A2 do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, a SE Kindermann se recuperou, colocou o triste passado para escanteio e agora reinicia os trabalhos, lutando para voltar ao lugar que lhe pertence por merecimento. Enquanto o futebol feminino ainda tentava conquistar o direito de estar nas gran-

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>> APÓS EPISÓDIO TRÁGICO, Kindermann VOLTA A CAMPO PARA RETOMAR TRAJETÓRIA DE SUCESSO des competições esportivas, a Sociedade Esportiva Kindermann deu um passo à frente e iniciou os trabalhos com uma equipe de mulheres ainda em 1996. A falta de competições no Brasil dificultava a visibilidade da modalidade e as tentativas de um calendário estável. Mesmo assim, desistir nunca fez parte dos planos do time de Caçador. Hexacampeão do Campeonato Catarinense, vice-campeão do Campeonato Brasileiro em 2014 e campeão em 2015, a equipe, que já estava garantida no Campeonato Brasileiro do ano seguinte, também garantiu vaga na Copa Libertadores da América de Futebol Feminino, ganhando a chance de atingir o público internacional e disputar a primeira competição fora do país. A participação, porém, nunca chegou a acontecer A tragédia O dia 11 de dezembro de 2015 jamais será esquecido pela cidade de Caçador e a comunidade do futebol feminino. Na manhã daquela sexta-feira, Carlos José Correa, que era ex-treinador do clube, foi ao famoso hotel da família Kindermann e,

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Foto: Divulgação/SE Kindermann

O objetivo de Correa, demitido por viajar embriagado, era assassinar todos os sete nomes de uma lista feita por ele

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>> DECADÊNCIA EM NÚMEROS Após o acesso à Série A com o título da Série B em 2014, o Joinville foi duas vezes para a final do Catarinense, mas a falta de planejamento e de convicção do Departamento de Futebol levou o time da principal divisão do Brasileiro à Série C em apenas dois anos. Com menos torcida, menos receita e mais dívidas, estatísticas mostram a derrocada do JEC e o tamanho do desafio para se reerguer.

90 contratações entre dez/2014 e jun/2017

MÉDIA DE PÚBLICO 9.990

9.848

Goleiros: Ferreira Aranha Oliveira Samuel Pires Agenor

8.334

4.245 2.552

2013 (Série B)

2014 (Série B)

2015 (Série A)

2016 (Série B)

2017 (Catarinense+Série C)

Fontes: Soccerway, Wikipedia, Site Oficial da CBF

RECEITA DE TV 2014 (SÉRIE B)

R$ 3.000.000,00

2015 (SÉRIE A)

R$ 17.000.000,00

2016 (SÉRIE B)

2017 (SÉRIE C)

R$ 6.000.000,00

R$ 0

Fontes: ESPN.com.br, Site Trivela, Jornal Lance

DÍVIDAS R$ 26.300.000,00

R$ 15.800.000,00

R$ 9.000.000,00

2015

2016

Laterais: Alex Ruan Max Caíque Fernandinho Reginaldo Everton Silva Robertinho Edson Ratinho Arnaldo Diego Mário Sérgio Héracles Sueliton Luís Felipe

Zagueiros: Henrique Mattos Buiu Jaime Fabiano Eller Ligger Diego Sacoman Victor Oliveira Junior Rafael Donato Dankler Alef Dráusio Douglas Silva Domingues Atacantes:

Chaveirinho Thiago Alagoano Meio-campistas: Grampola Eliomar Léo Fabinho Alves Ricardo Lobo Ciro Bruno Rodrigues Bruno Batata Lúcio Flávio Gustavo Xuxa Renan Teixeira Claudinho Roberto Giva Tinga (2x) Jael Aldair Barbio Bruno Ribeiro Gabriel Vasconcelos Bertotto Erick Paulinho Dias Fernando Viana (2z) Diego Felipe Cléo Silva Bruno Farias Dodô Thomas William Paulista Edson Welinton Junior (2x) Eduardo Felipe Alves Diones Gustavo Lucas Crispim Murilo Renato Heliardo Marcelinho Paraíba Edigar Junio Augusto César Ricardo Bueno Bruno Furlan Silvinho Geandro Marion Yuri Niltinho Eusébio William Henrique Fabrício Trípodi Rafael Costa Tiago Luís

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Fontes: Blog Toque de Letra (ClicRBS), ESPN.com.br

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