Revista Petrópolis

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Petrópolis Rio de Janeiro Agosto 2011 Distribuição Gratuita

Nº 28 Confira a Programação Cultural

Sakurá: a história por trás de um símbolo

Tesouros da Arquitetura Capela Nosso Senhor do Bonfim

Entrevista

Bisbilhoteca

Kiyoshi Ami

Biblioteca Tristão de Athayde

[+] Vitral



22ª Bauernfest

m e v a d ra o p m te a lt A : o m Turis s a v ti ta c e p x e s a s a d to o d n bate

imperiais

o no setor do turismo, Petrópolis demonstra sucess da iniciada em junho, sobretudo na alta tempora de julho. O “feriadão de prolongando-se por todo o mês o, registrou 99% de Corpus Christi”, por exempl no Centro Histórico. O ocupação da rede hoteleira imentavam a Rua Teresa número de pessoas que mov rnautas moradores da chamou a atenção até dos inte fato nas redes sociais, cidade que registraram o o momento ao período de metaforicamente comparando ociação da Rua Teresa, o Natal. Segundo a ARTE – Ass demanda de cerca de 200 observado significa o início da o polo de modas nesse mil pessoas que frequentam período. ão da 22ª Bauernfest Simultaneamente, a realizaç l evento turístico-cultural consagrou-se como o principa a cidade em evidência do nosso calendário, colocando no cenário nacional. 03 de julho, a Festa do Realizada de 22 de junho a rde de público, sendo Colono Alemão bateu reco todos os tempos. considerada a melhor edição de ntou a cidade, atraindo Durante 12 dias o evento movime para Petrópolis um lucro 185 mil pessoas, o que gerou Visitantes, turistas e de cerca de 25 milhões. evento que ofereceu 223 petropolitanos prestigiaram o ticas, regadas com o apresentações folclóricas e artís a, além do tradicional melhor da gastronomia germânic eiro e último domingo desfile folclórico realizado no prim da festa. ocupação hoteleira ficou Segundo o Disque-Turismo a o e 81,25% nos demais em 98,25% no Centro Históric distritos durante o evento. seios pelos atrativos Muitos estendiam seus pas giu a marca de 23.119 turísticos. O Museu Imperial atin ho dem ons tran do o visi tan tes no mê s de jun as chuvas de janeiro. aquecimento da visitação após

da Dell”Arte e SESC Com os Festivais de Inverno ectativa até o fechamento durante o mês de julho, a exp ocupação hoteleira no desta edição é de 100% de ritos, recebendo mais de Centro Histórico e 90% nos dist ação ao principal atrativo 250 mil pessoas e que a visit ações. mantenha a média de 40 mil visit atividade abrangente por É fato que o turismo é uma dentre elas, permite a suas múltiplas oportunidades, ifica que uma cidade distribuição de renda. Isso sign ia acelerada ao receber turística tem a sua econom ns para a comunidade visitantes, trazendo vantage garantia de emprego no receptora tanto de forma direta, como indiretas, gerando comércio e serviços em geral, em investimentos sociais, impostos que se transformam a pública. O resultado é saúde, educação e infraestrutur l da localidade. o desenvolvimento sustentáve ação turística desde os Petrópolis demonstra a sua voc ar o modelo de “destino tempos imperiais. Porém assimil res constituídos pela turístico” alicerçado nos pila instituições públicas e comunidade receptora e r juntos para fazer a privadas, significa trabalha soas na escolha de diferença, estimulando as pes e que voltem para suas Petrópolis para a sua viagem surpreendidas ou mesmo casas não só satisfeitas, mas e do povo, beleza dos privilegiadas pela receptividad turísticos oferecidos. atrativos e qualidade dos serviços extremamente favorável Estamos inseridos num cenário o para vencer desafios e o momento é de estruturaçã o está em posição de maiores. O turismo brasileir , acentuada pelo efeito destaque na economia mundial os do planeta, Copa e dos dois maiores eventos esportiv tão próximos em tempo e Olimpíadas, que acontecerão rópolis como tendência distância de nós, colocando Pet is pela sua localização no de alta e perspectivas favoráve eiro. entorno da cidade do Rio de Jan

economia acelerada

Rua Teresa

distribuição de renda

99% de ocupação da rede hoteleira no Centro Histórico

atraindo 185 mil pessoas

recorde de público

múltiplas oportunidades

Festivais de Inverno da Dell”Arte e SESC

atrativos turísticos

223 apresentações folclóricas e artísticas

cenário nacional

vocação turística

vantagens para a comunidade receptora Petrópolis

desenvolvimento sustentável

A Revista da Cultura e do Turismo


Tesouros da Arquitetura Arte barroca em meio a Mata Atlântica

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Vitral

O que é e foi destaque em Petrópolis

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Capa

Rua Teresa

A história de um tratado de amizade

A revitalização do maior polo de modas da cidade

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Bisbilhoteca Tristão de Athayde: o acervo de Alceu Amoroso Lima

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A R E V I S TA D A C U LT U R A E D O T U R I S M O

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ENCARTE COM A PROGRAMAÇÃO CULTURAL DO MÊS DE AGOSTO

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SUA AGENDA DE CULTURA E TURISMO

PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo Mustrangi FUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Charles Rossi JORNALISTA RESPONSÁVEL: Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP) TEXTOS: Isabela Lisboa e Daiane Machado GERENTE DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL: Pedro Troyack DESIGN GRÁFICO: DOM Criatividade | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica Sumaúma CENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201 Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 6.000 exemplares


Texto e fotos: Isabela Lisboa

á poucos metros da entrada do Parque Nacional Serra dos Órgãos, em meio a Mata Atlântica, uma pequena Capela chama atenção por sua simplicidade e beleza única. Construída no início do século XX, a Capela de Nosso Senhor do Bonfim é um belo exemplo do barroco luso brasileiro - o mais expressivo estilo artístico do período colonial.

Petrópolis / Teresópolis que tem duração de três dias e é muito procurada nesta época do ano por excursionistas e aventureiros.

A região do Vale do Bonfim, onde se localiza a capela, era uma fazenda de propriedade da família Palia que, no final do século XIX a vende para o empresário Franklin Sampaio.

Entretanto, há cerca de três anos, a comunidade do Vale do Bonfim se mobilizou para restaurar a capela, voltando a abrir as suas portas para missas, casamentos e festividades locais como a Festa do Aipim realizada em junho.

O empresário que costumava passar finais de semana e férias na fazenda chegou a construir ali um pequeno zoológico com aves, tigres, onças e outros animais. Quando um de seus filhos anunciou que iria se casar, decidiu então construir uma capela para a cerimônia.

A construção ganhou uma capela do Santíssimo e em seu interior encontramos belas pinturas de Jesus, Nossa Senhora, Sant'Anna, entre outros, em meio a delicados anjinhos, reproduzidos pela artista plástica petropolitana Lígia.

Surgia assim a pequena, mas bela, Capela do Nosso Senhor do Bonfim que, antes de ser oficializada com este nome, chegou a se chamar Nossa Senhora do Carmo e Igreja de Santo Antônio do Bonfim.

O terreno também ganhou novas construções e seu jardim é cuidadosamente mantido e preservado. Foram construídos um salão, uma cozinha e banheiros (em fase de conclusão). E em breve, será construído também um alojamento para retiro espiritual, com capacidade para cem pessoas.

Porém, com a morte de Franklin Sampaio, a fazenda acabou abandonada por seus herdeiros. Fechada para realização de cerimônias, a capela acabou sendo utilizada como acampamento de montanhistas que faziam a travessia para a Pedra do Açu - trecho da travessia

Petrópolis

Atualmente, as missas ocorrem sempre aos domingos, às 18h30. E todos os anos, no dia 14 de setembro é promovida ali, a festa do Nosso Senhor de Bonfim, com direito a quermesse e procissão.

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Bauernfest bate recorde de público

Foto: Isabela Lisboa

Realizada de 22 de junho a 03 de julho, a Bauernfest bateu recorde de público, sendo considerada a melhor festa de todos os tempos. Durante 12 dias o evento movimentou a cidade, atraindo 185 mil pessoas, gerando um lucro de cerca de 25 milhões para Petrópolis. Maior público registrado nos 22 anos da festa. Segundo o DisqueTurismo a ocupação hoteleira ficou em 98,25% no Centro Histórico e 81,25% nos demais distritos durante o período do evento.

Foto: Jaci Corrêa

Projeto PARNASO – Integrando o Parque com seu entorno

Foi lançado oficialmente no dia 02 de julho, em Teresópolis, o Projeto de Fomento ao Turismo no PARNASO e a cadeia produtiva do entorno. O Projeto que faz parte do Programa Turismo nos Parques do Mtur - Ministério do Turismo - prevê a realização de pesquisas, diagnóstico e mapeamento dos produtos turísticos oferecidos no PARNASO (Parque Nacional da Serra dos Órgãos) e entornos. O investimento do Mtur é de R$ 500 mil e as ações serão executadas pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), em parceria com o Instituto Chico Mendes de Preservação Ambiental (ICMBIO) e SEBRAE Nacional. Os empresários interessados em participar das oficinas de trabalho do projeto (serão sete no total), encontrarão mais informações em www.turismo.gov.br.

Petrópolis ganhará Museu de Cera Com previsão de inauguração na primeira quinzena de agosto, o Museu de Cera Petrópolis será o mais novo atrativo turístico da cidade. Nos moldes do Madame Tussauds, o museu terá os bonecos de Dom Pedro II, da Princesa Isabel, de Santos Dumont, do ex-presidente Lula, entre outros famosos. O Museu de Cera de Petrópolis está localizado na Rua Barão do Amazonas, nº 35 – Centro Histórico e seu horário de funcionando será de terça-feira a domingo, de 9h às 17h. Até o fechamento desta edição, o valor dos ingressos ainda não havia sido divulgado.

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Petrópolis

A Revista da Cultura e do Turismo

Foto: Isabela Lisboa


Petrópolis ganha novos Corais em Programa inédito

Foto: Isabela Lisboa

Será lançado no dia 03 de agosto, às 19h no Palácio de Cristal, o Programa de Implementação e Acompanhamento dos Corais nas escolas da rede Municipal de ensino de Petrópolis. O programa inédito – parceria do segmento de Canto Coral com a Secretaria de Educação – ficará responsável por mais de 60 corais (43 criados com o programa e cerca de 20 já existentes), beneficiando mais de 6.500 alunos. Com um aumento de quase 200% do número de corais, esta iniciativa aproximará ainda mais a cidade de Petrópolis do título oficial de "Cidade dos Corais". A coordenação geral do projeto é do maestro Leonardo Randolfo, representante do segmento de canto coral e vice-presidente do Conselho Municipal de Cultura.

Foto: Divulgação

Festival de Inverno Dell’Arte bate todas as expectativas O 11º Festival de Inverno de Petrópolis, promovido pela Dell’Arte de 01 a 17 de julho, chegou ao fim superando todas as expectativas. Durante os 17 dias repletos de programações, cerca de 100 mil pessoas movimentaram a cidade, na frente dos palcos e nos bastidores, em eventos populares ou clássicos, criando uma atmosfera propícia para a valorização da cultura. Seguindo a tradição dos festivais anteriores, o FIPET incluiu grandes expoentes nacionais e internacionais da música, do teatro, do ballet e de corais, além de jovens e promissores talentos com ênfase na música clássica.

Realizada de 13 a 17 de julho, o Salão Nacional do Turismo atraiu 87 mil pessoas em quatro dias do evento (os números finais não haviam sido fechados até o final desta edição), em São Paulo. Pelo terceiro ano consecutivo, a Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis em parceria com o Petrópolis Convention & Visitors Bureau, levou para o Salão do Turismo as belezas da Cidade Imperial através de seu estande oficial. A cidade ainda contou com outros dois espaços oferecidos pela TurisRio, no Mercado Sudeste e na Praça Serra dos Órgãos, do Ministério do Turismo, onde o visitante pôde levar a sua lembrança de Petrópolis, tirando fotos ao lado de Santos Dumont (representado pelo ator petropolitano Sylvio Costa Filho).

Petrópolis A Revista da Cultura e do Turismo

Fotos: Isabela Lisboa

Petrópolis é um dos destaques no 6º Salão Nacional do Turismo

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o

Texto: Eliane Maciel | Fotos: Divulgação

caminhante distraído que cruza as ruas da cidade, nas claras manhãs de inverno, muitas vezes terá sua atenção atraída por uma presença marcante de

inusitada beleza: um arbusto, cujos ramos finos,

estendidos para o céu, estão cobertos por pequenas e delicadas

flores rosadas. Em meio aos verdes e azuis da paisagem, estes poemas naturais de impressionante sutileza estão, na verdade,

bem longe de sua terra natal: são espécimes de sakurá, ou cerejeira, a árvore-símbolo do Japão. Sua presença em nossa cidade, em meio à exuberante Mata Atlântica, significa mais do que um bem-vindo detalhe na paisagem: a sakurá, pelas ruas de Petrópolis, é testemunha de uma amizade que já floresce há mais de um século. E simboliza a fraternidade e solidariedade entre povos vindos de extremos distintos do planeta, mas que foi decisiva para que o Brasil se transformasse, no século XX, no país com maior população de japoneses e descendentes, depois do próprio Japão: nada menos que 1,5 milhão de nikkeis (termo

Chinda chegou à cidade para estabelecer a primeira legação

usado para designar os japoneses e descendentes).

japonesa no país. A escolha da serra, na época, foi absolutamente natural: afinal, o Rio de Janeiro, capital da

Tudo começou em agosto de 1897, um ano e dez meses após a

República, lutava contra epidemias contínuas de febre amarela,

assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre

um mal que a Cidade Imperial desconhecia por sua localização a

Brasil e Japão: documento que marca o início das relações

840 metros acima do nível do mar.

oficiais entre os dois países e que data de cinco de novembro de 1895. Estávamos, portanto, nove anos antes da histórica

Além disso, a cidade mantinha o status dos tempos do Império,

chegada do navio Kasato Amaru que, em 1908, chegou ao porto

sendo a eleita dos mandatários da República que, passavam

de Santos, trazendo os primeiros imigrantes da Terra do Sol

aqui, pelo menos seis meses ao ano. Assim, não apenas os japoneses, mas também os membros de outros consulados e

Nascente.

embaixadas estrangeiras como Estados Unidos, Inglaterra e Naquela data, como comprova a edição da Gazeta de Petrópolis,

Alemanha preferiam se estabelecer aqui, e não na metrópole

do dia 26 de agosto de 1897, o primeiro-ministro japonês Sutemi

próxima.

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Petrópolis

A Revista da Cultura e do Turismo


Depois de passar seis anos em uma casa na Rua Sete de Abril,

Janeiro, onde foi sepultado no cemitério São João Batista,

provavelmente bem perto do atual convento de Lourdes, a

com honras de chefe de Estado. Sua família, que mais

Legação mudou-se para a Rua Ipiranga, 326, ao lado da Igreja

tarde retornou ao Japão, guardou inúmeras fotos e

Luterana. A mudança definitiva para o Rio de Janeiro só

imagens de uma Petrópolis bucólica, em cartões postais

aconteceria em 1918. Desta forma, foi neste endereço que

que o Ministro Sugimura enviou a parentes e amigos, no Japão.

Petrópolis protagonizou mais um importante episódio histórico:

Embora tenha permanecido como chefe da Legação por pouco

a redação de um relatório favorável à imigração japonesa para o

tempo (de fato, menos de um ano, antes de seu súbito

Brasil, enviado em 1905 a seus superiores pelo Ministro Fukashi

falecimento), a posição de Sugimura foi fundamental para que,

Sugimura, na época, responsável pela Legação. Na ocasião, o

anos mais tarde, brasileiros e japoneses iniciassem a profícua

Japão, oprimido pelo excesso populacional e pela escassez de

interação que tantos benefícios trouxe à nação brasileira. Por

áreas agrícolas, buscava favorecer a imigração de cidadãos

isso, o gesto de Sugimura, ao escrever o relatório, é

para países amigos. Porém, o distante Brasil tropical, com seus

reverenciado até hoje pela comunidade nikkei, que também

hábitos tão diferentes dos orientais, era uma possibilidade que

reconhece na fraternidade do povo petropolitano um importante

gerava desconfiança: e não existia consenso dentro da própria

componente para que este parecer favorável tenha se tornado

Legação sobre esta possibilidade. Outros importantes

realidade.

funcionários do governo nipônico, como o próprio primeiroministro Chinda e o segundo-ministro Oogoshi, por exemplo, eram contrários à ideia. Assim, o parecer de Sugimura foi fundamental para que, pouco mais tarde, o Brasil passasse a receber nossos irmãos japoneses.

Foi em função disso que, em 1995, data de comemoração dos 100 anos da assinatura do primeiro tratado de amizade entre Brasil e Japão, quatro associações nikkeis plantaram em Petrópolis as 300 mudas de sakurá que, desde então, já se

O ministro faleceu em Petrópolis em 1906, vítima de um derrame cerebral. Seu corpo foi levado de trem até o Rio de

transformaram em mais uma atração turística. É possível vê-las no inverno, no auge de sua grandiosa floração, ao redor do lago do hotel Quitandinha, defronte ao palácio de Cristal, nos jardins do Museu Imperial e em muitos outros recantos.

Ata Combustão – marco da presença nikkei na cidade Apesar de sua importância histórica inegável para a presença

nacional, a Ata Combustão mudou-se em 1975 das instalações

japonesa no Brasil, Petrópolis tem poucos japoneses e

iniciais, no Cascatinha, para uma unidade maior, no bairro do

descendentes entre seus cidadãos: apenas 0,1% da população,

Carangola. Em 1997, o antigo prédio do Cascatinha foi doado à

ou cerca de 300 pessoas, que vivem em várias áreas da cidade e

municipalidade, que ali instalou a Escola Municipal e o Centro

se dedicam a variadas atividades econômicas.

Esportivo Fábrica do Saber.

Até o final dos anos 1960, esta presença discreta se restringia a

A Ata contribuiu para aumentar o intercâmbio entre brasileiros e

algumas poucas famílias de agricultores que residiam,

japoneses, criando o senso de amabilidade, aproximação e

principalmente, nas localidades da Posse e do Cantagalo.

confiança em relação aos japoneses. Atualmente, a composição

Remanescentes de um grupo de imigrantes que veio para a

da Associação Nikkei de Petrópolis demonstra este mútuo

região em 1915, estes japoneses quase não eram vistos pelas

interesse cultural: dos 150 sócios, 80% são brasileiros natos, ou

ruas. Porém, este quadro mudou radicalmente entre 1973 e 2000,

seja, a maioria não é descendente de japonês. O forte interesse

pela atuação da Ata Combustão Técnica S.A, uma empresa do

da população petropolitana pela

grupo Mitsubishi Juko Kabushiki Kaisha (indústria Pesada

arte, cultura, culinária e costumes

Mitsubishi S.A.) que multiplicou a presença nipônica na cidade e

da Terra do Sol Nascente está na

no país. Produtora de caldeiras a vapor, no auge de sua atividade,

origem do Bunka-Sai, o Festival

a empresa chegou a contar com 25 funcionários japoneses que

de Cultura Japonesa que, este

vieram residir em Petrópolis, com suas famílias. Nikkeis

ano, chega à terceira edição,

petropolitanos e paulistas foram recrutados, muitas vezes, para o

consolidando ainda mais sua

papel de intérpretes entre os funcionários da matriz e os

posição no calendário de eventos

brasileiros. Com seus produtos presentes em todo o território

da cidade.

Petrópolis

A Revista da Cultura e do Turismo

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Concedida a: Daiane Machado l Fotos: Isabela Lisboa e Alexandre Peixoto

Kiyoshi Ami nasceu em Tokyo, Japão, em 16 de agosto de 1940. Engenheiro mecânico veio para Petrópolis, em 1973, a pedido do grupo Mitsubishi Heavy Industries, trabalhar na produção de caldeiras a vapor na empresa Ata Combustão Técnica S.A., adquirida naquele mesmo ano. Seu trabalho foi reconhecido, chegando ao posto de presidente da empresa. Teve uma filha, fruto do casamento com Michiko Ami, sua companheira há 45 anos. Atualmente administra um dos polos do Centro de Estudos Supletivos (CES) de Petrópolis, em Cascatinha e preside a Associação Nikkei de Petrópolis, criada para divulgar a cultura japonesa e responsável pela organização do Bunka-Sai, festival japonês que se tornou permanente no calendário de eventos da cidade. O Sr. Ami, como é conhecido, aqui chegou e aqui permaneceu por vontade própria, encantado com o país, seus costumes e sua gente.

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da década de 1980, após a mudança das instalações para o bairro Carangola. Ali, encontra-se instalada a Escola Municipal e o Centro Esportivo Fábrica do Saber. Por que o senhor fez essa intermediação?

Kiyoshi Ami – Fui várias vezes para outros países como Canadá e Arábia Saudita, mas gostei tanto do Brasil, que após o término do contrato de cinco anos, para minha estada aqui, pedi para ficar mais tempo e permaneci até me aposentar, aos 60 anos, exatamente em 2000, conforme costume japonês. Os brasileiros me apoiaram sempre. O povo é muito educado, muito alegre e as mulheres são muito bonitas. Nossa vida é muito boa e não tivemos dificuldade em nada, a não ser o idioma. Viver em Petrópolis foi tranquilo graças ao apoio diário do petropolitano.

K.A. – A Ata Combustão tinha um centro cultural que atendia a várias pessoas da região, com ginástica, datilografia, artesanato, língua japonesa, informática, entre outras atividades. Eu pensei em abrir a mesma coisa em Cascatinha, já que a fábrica estava desativada, porque aquele serviço precisava continuar. Então consultei a Mitsubishi que doou o prédio à prefeitura. O local foi modificado e, em 2000, começou a funcionar a Fábrica do Saber com quadras poliesportivas, piscina aquecida e infantil, salas de aula, refeitório, etc.

R.P. – Apesar de ter vindo com a esposa para o Brasil e ter constituído família em Petrópolis, os laços com o Japão permanecem, enfatizando a solidariedade entre as duas nações. Mas essa união vem de muito mais tempo. Com base nos estudos que o senhor tem feito para divulgar a cultura nipônica em Petrópolis, como se deu a imigração japonesa para a cidade? K.A. – Entre 1905 e 1906, o ministro Suguimura enviou um relatório para o Japão, dizendo que a imigração para o Brasil era boa, principalmente para São Paulo. No primeiro navio vieram mais de 700 japoneses. A imigração antes era feita para os Estados Unidos, mas começou a guerra e muitas pessoas ficaram desempregadas. A princípio, o Brasil não aceitou os japoneses, mas naquela época a Itália e a Alemanha não quiseram mandar mais mão-de-obra para trabalhar na plantação de café, em São Paulo, e então pensaram nos japoneses (risos). Os japoneses viam o pé de café como a “árvore que dava dinheiro”. Os primeiros imigrantes tiveram muitas dificuldades, mas mesmo assim continuaram. Em 1915, a família Fukuda foi a primeira imigrante de japoneses de Petrópolis. O Sr. Kazuto Fukuda veio trabalhar como motorista do Barão de Vasconcelhos e depois comprou um terreno para plantação de verduras e legumes. As famílias que chegaram depois trabalharam na área de agricultura em Cantagalo e Posse, além de outras duas que vieram do Amazonas. Cerca de 10 famílias imigraram para Petrópolis, na época. R.P. – O senhor foi responsável pelo contato com o grupo Mitsubishi Heavy Industries para a posterior doação do prédio da empresa Ata Combustão Técnica S.A. à Prefeitura de Petrópolis, em 1997, depois que a mesma foi desativada em Cascatinha, no ano final

R.P. – Após o convênio entre a Prefeitura de Petrópolis e o Estado do Rio de Janeiro, o espaço da Fábrica do Saber passou a abrigar, também, um Núcleo de Assistência do Centro de Estudos Supletivos (CES), sede

Petrópolis. O curso foi aberto graças a seus esforços em levá-lo para o bairro. Qual o objetivo de mais essa empreitada? K.A. – O presidente do CES–Petrópolis contribuiu para a abertura do polo, que é um sistema de educação do estado e, em 2003, ele passou a funcionar. Atualmente, mais de 1500 pessoas se matricularam, e cerca de 160 já estão formadas nos ensinos fundamental e médio, pelo supletivo. Eu trabalho administrando o curso, junto com a minha esposa, atento para que as atividades ocorram corretamente. Dessa forma, a população conta com mais um espaço que atenda plenamente à necessidade de cultura para a região, além do esporte e lazer. R.P. – Hoje o senhor preside a Associação Nikkei de Petrópolis (ANP) – termo para descendente de japonês –, que visa divulgar a cultura japonesa.

Petrópolis

Foto: divulgação

Revista Petrópolis – Sua vida mudou completamente, a partir de setembro de 1973, quando a empresa para a qual trabalhava lhe pediu que viesse trabalhar e morar no Brasil. Foi difícil a adaptação?

O CASAL Kyioshi Ami e Michiko Ami.

Qual a representatividade dos descendentes da Terra do Sol Nascente, em Petrópolis? K.A. – A associação foi uma iniciativa da comunidade japonesa, porque não havia um grupo voltado para essa cultura na cidade. Ela foi criada, em 2008, durante o centenário da imigração japonesa no Brasil. Ao todo são 150 sócios, sendo que a associação possui 80% de brasileiros não-descendentes. Eu acredito que isso se deve ao fato de que o petropolitano é muito educado e tem um nível de educação muito alto, o que o faz se interessar pelas culturas de outros países. A maioria dos descendentes é da terceira e da quarta geração e já não fala japonês. Petrópolis tem poucos nikkeis, menos do que em outras regiões. Há três anos fiz um levantamento e encontrei cerca de 300 descendentes de japoneses na cidade, o que equivale a 0,1% da população petropolitana. R.P. – Também em 2008 foi realizado o Nippo Matsuri – Festival do Japão –, em comemoração ao centenário, voltado para divulgar não só a cultura, mas a culinária japonesa. Em 2009, o mesmo evento virou Bunka-Sai – Festival da Cultura Japonesa –, que conta com teatro, exposições, workshops, palestras e demonstrações. Fale um pouco sobre o tema que este ano é “Força, Japão! - 'Ganbare, Nippon!'”. K.A. – O festival está crescendo, a associação arrecadou, no ano passado, mais de 3 mil assinaturas de visitantes. Também participaram, com seus trabalhos, 467 pessoas e este ano serão cerca de 700 pessoas. Aos sócios quero dar a oportunidade de mostrarem seus trabalhos. A ideia da Prefeitura de Petrópolis é mandar força para o Japão, por causa do terremoto, seguido de tsunami, que atingiu a costa nordeste no início deste ano. Nós conseguimos, junto com as associações do Rio de Janeiro, abrir uma conta corrente para dar ajuda em dinheiro. A coincidência é que o terremoto ocorreu um dia antes da exposição, sobre a bomba atômica, que estávamos fazendo. Os petropolitanos foram, na ocasião, muito solidários. Com isso só tenho a dizer: Petrópolis no minasan arigato (Obrigado pelo apoio do cidadão petropolitano).

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Texto: Bruno Rodrigues Fotos: Isabela Lisboa e Matheus Quintal

I

magine um local onde é possível comprar uma infinidade de produtos hortifrutigranjeiros fresquinhos, saborear um delicioso pastel e apreciar uma lindíssima obra do cartunista Lan. Pois esse lugar existe, em Petrópolis. Tratase do Hortomercado Municipal Jornalista José Carneiro Dias, localizado em Itaipava – bem ao lado do Parque Municipal.

Inaugurado em 1989, o “Horto” – como é carinhosamente chamado pelos seus frenquentadores – completa 22 anos neste mês. No local são comercializados legumes, verduras, ervas finas, frutas, mel, flores, trutas, ovos, doces, conservas e cogumelos dos mais diversos tipos, cultivados nas propriedades rurais de Petrópolis. São 36 boxes das nove associações de produtores rurais situados no Brejal, Bonfim, Caetitu, Caxambú, Itaipava, Jacó, Santa Catarina, Secretário e Taquaril. Em frente ao Horto há também uma feirinha de artigos artesanais e manufaturados feitos por 30 artesãos. Há ainda uma lojinha onde são vendidos queijos de cabra, doces em compota, goiabada cremosa e um requeijão mineiro que derrete na boca. Além disso, possui o agradável Bar e Mercearia Maria Comprida, ou, como é mais conhecido, Bar do Horto, ponto de encontro de veranistas, turistas e petropolitanos que, aos sábados desfrutam o agradável clima de Itaipava, saboreando

os famosos pastéis, acompanhados, é claro, de uma cervejinha bem gelada. Antigo amigo do Horto, o cartunista Lan, morador de Pedro do Rio, o 3º distrito de Petrópolis recebeu, em maio deste ano, uma homenagem pelo presente que ofereceu à cidade: o desenho de um painel para decorar o Horto, um de seus locais preferidos. Fiel à marca registrada do cartunista, o painel retrata uma mulata de curvas sinuosas e, de agora em diante, está imortalizado no Bar do Horto. O Horto é um local agradável com clima familiar que acomoda a todos interessados em um ambiente tranquilo, cheio de delícias e com atendimento de primeira qualidade. É ainda o local aonde se pode jogar conversa fora com os amigos, fazer novas amizades, e é claro, muitas comprinhas deliciosas.

Prefeitura de Petrópolis vem realizando diversas melhorias no Horto : Serviço Hortomercado Funcionamento: gados Sextas e feriados prolon das 9h às 18h; e sábados das 8h às 18h . domingos das 8h às 13h ria, úst Ind e ião Estrada Un nº 9726 - Itaipava.

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Atendendo a uma antiga reivindicação dos agricultores, e pela importância do Horto para a cidade, a Prefeitura de Petrópolis vem realizando diversas melhorias no local. O objetivo é propiciar mais conforto aos produtores e clientes, além de tornar o local ainda mais bonito e agradável, com as intervenções na infraestrutura. Dentre as reformas, uma das mais aguardadas é o nivelamento e pavimentação do solo, que está sendo realizada com intertravados – blocos tipo paralelepípedo -, garantindo um piso autodrenante, antiderrapante e sem impacto ao meio ambiente. Com isso, não haverá mais incomodo da poeira que, antes, entrava em contato com os alimentos. O Horto foi criado com a finalidade de “baratear” o produto hortifrutigranjeiro à população, além de apoiar e proporcionar aos produtores rurais um local para escoar seus produtos, sem intermediações, diretamente ao consumidor. Atualmente, as vendas no local garantem o sustento de 150 pessoas, de 60 famílias dos cinco distritos de Petrópolis. 70% dos produtos comercializados são produzidos na própria cidade, movimentando cerca de R$ 500 mil reais por mês. Passam por lá, em média, 5 mil pessoas por final de semana.

Petrópolis

A Revista da Cultura e do Turismo


Imagens meramente ilustrativas Texto: Daiane Machado l Imagens: Reprodução

olo de moda mais visitado de Petrópolis, a Rua Teresa representa para a cidade mais do que um local de passeio e compras: também é considerada o maior empregador do município, gerando 40 mil empregos diretos e indiretos. Mais de 200 mil pessoas visitam a rua mensalmente, dentre elas turistas da Grande Rio, Baixada Fluminense, Minas Gerais, São Paulo e Nordeste. Esses são alguns dos visitantes das diversas regiões brasileiras que têm acesso a centenas de pontos de venda com os mais variados estilos. Juntos, os polos de moda da Rua Teresa, Bingen e Itaipava são responsáveis por 14% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade. Por mês, seis milhões de peças são comercializadas pelo setor, atendendo a todos os gostos e bolsos, gerando expressivos 90 milhões de reais nesse período. Na rua, o visitante encontra, além de roupas para crianças e adultos, artigos de couro, calçados, bijuterias e todo tipo de acessório. Quem visita a Rua Teresa sai vestido dos pés à cabeça e, sem dúvida, com o que há de melhor no mercado da moda. Tamanha sua importância para a cidade, a Prefeitura de Petrópolis está investindo em uma campanha publicitária com o slogan “Quem anda na Rua Teresa só anda na moda”, visando divulgar a qualidade e originalidade de suas peças, que possuem preços competitivos e atraentes. Em maio foi realizada audiência pública para apresentação do projeto de revitalização da Rua Teresa, pelo governo do estado, que prevê ampliação de calçadas, substituição da fiação aérea por rede subterrânea, arborização, instalação de postes e mobiliário (bancos, lixeiras, floreiras, bancas de jornais e de ambulantes) padronizado. Estimada em R$ 8 milhões, a revitalização da Rua Teresa, principal vitrine do setor têxtil da cidade, somada à rua adjacente Aureliano Coutinho, vai formar um conjunto viário com um impacto visual harmonioso e em conformidade com o formato atual do Centro Histórico.

para estacionamento e criação de áreas específicas para carga e descarga de mercadorias. A substituição da fiação aérea pela rede subterrânea deverá ser uma das etapas iniciais das obras, com previsão de início para este ano. No intuito de dar andamento ao projeto foi criada, por representantes do governo municipal, da Associação da Rua Teresa (Arte) e da Secretaria Estadual de Obras, a Comissão de Obras da Rua Teresa, que visa discutir o projeto básico de revitalização dessa localidade. A Fundação de Cultura e Turismo (FCTP) ficou encarregada de fazer a articulação entre o estado do Rio de Janeiro e a comissão. Também está sendo realizado um estudo para implementação dos acessos à Rua Teresa no projeto. Vias importantes na ligação entre o Centro Histórico e o principal centro comercial do polo de modas. As intervenções fazem parte do Programa de Desenvolvimento do Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Prodetur) em convênio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Depois de prontas, as obras só terão a acrescentar à Rua Teresa, já conhecida e aprovada por seus visitantes, que passam por ela, todos os dias, em busca de presentes e bemestar. Com suas vitrines reluzentes que esbanjam glamour, ainda mais no inverno, onde os casacos pesados imperam, e suas promoções imperdíveis que enchem os olhos, fica difícil resistir ao charme da rua. Afinal de contas, ela merece toda essa atenção. A Rua Teresa funciona as segundas-feiras, das 14h às 18h, das terças-feiras aos sábados, das 9h às 18h, aos domingos, das 10h às 16h (40% das lojas abrem), e nos feriados, dependendo do acordo com o Sindicato dos Comerciários.

O projeto prevê ainda a instalação de um sistema de drenagem adequado às necessidades da via, bem como a manutenção do número atual de vagas

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Texto: Daiane Machado l Fotos: Isabela Lisboa m meio à vegetação e à neblina típica petropolitana se esconde um rico acervo literário, separado da população somente por seu rio estreito de águas calmas, que embalam o visitante em uma gostosa leitura, perfeita em dias de frio. Quem poderia imaginar que, naquela casa despretensiosa no bairro Mosela, estariam preservadas obras raras de um grande filósofo? Ali residiu, a partir da década de 1940, Alceu Amoroso Lima. Ensaísta, crítico literário, sociólogo e professor universitário, que chegou a publicar cerca de oitenta livros em língua portuguesa. A Biblioteca Tristão de Athayde – pseudônimo utilizado pelo escritor – está localizada no Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade (CAALL), unidade da Universidade Cândido Mendes (Ucam), e divulga, desde 1983, a vida e a mensagem de seu patrono, aprofundando seu compromisso com a liberdade, a justiça e os valores do ser humano. Mais de 22 mil volumes compõem o acervo, composto por livros escritos por ele e de sua biblioteca particular, além de mais seis mil livros que estão localizados no prédio da Ucam, na unidade Centro, no Rio de Janeiro.

Foto: reprodução

Na biblioteca constam livros de filosofia, psicologia, sociologia, estatística, política, economia, direito, administração pública, linguística, ciências aplicadas, artes, literatura, história, entre outros temas. Muitos dos livros contém dedicatória de personagens ilustres como Clarice Lispector, Gilberto Freire, Antônio Calado e Jorge Amado. O pesquisador encontrará um fato curioso em grande parte dos livros: anotações feitas pelo próprio Alceu Amoroso Lima nas páginas dos títulos que mantinha em sua biblioteca particular. No Arquivo estão armazenados milhares de artigos e correspondências do escritor, muitas delas trocadas com Jackson de Figueiredo, Oswald e Mário de Andrade, o cardeal d. Sebastião Leme, e até mesmo Franklin Roosevelt. Todo esse acervo arquivista começou a ser digitalizado há três anos e será disponibilizado em uma página na internet, criada pela família de Alceu Amoroso Lima. Recentemente foi lançada a Coleção Presença de Alceu, que reeditou alguns livros do autor

para sua contextualização, facilitando a compreensão da leitura com uma linguagem atual. Dentre os que já foram reeditados estão Memórias Improvisadas, Direitos do Homem e o Homem sem Direitos e O Problema do Trabalho. Também estão alocadas na instituição, as Bibliotecas Negra Bakita, voltada para a cultura negra, Meio Ambiente Chico Mendes, Bíblica Ecumênica, e Indígena Marçal de Souza, única do gênero em Petrópolis, além de livros dos mais variados temas que compõem a Biblioteca Geral. Para incentivar a leitura nas comunidades, o CAALL conta com a Biblioteca Volante Tristão de Athayde. Voltada para o público infantojuvenil, percorre mensalmente, há 10 anos, bairros petropolitanos emprestando exemplares às crianças e aos jovens carentes. O sucesso foi tanto que resolveram criar, em 2009, a Biblioteca Comunitária Tristão de Athayde. Esta é apresentada aos líderes comunitários e instalada no local, com cerca de 100 livros, para sua permanência, posterior incrementação e preservação pela comunidade.

Rua Mosela, 289, Mosela - Petrópolis - RJ - Tel.: (24) 2242-6433 Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 13h às 19h.

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