Petrópolis Rio de Janeiro Março 2011 Distribuição Gratuita
Nº 23 Confira a Programação Cultural
múltiplos atrativos
desenvolvimento
atuante
Comitê Agenda Positiva Petrópolis
desafio
tesouros históricos riqueza à cidade
o, Festa do Colono Alemã exemplo: Bauernfest – , vez de sta al De . stiv Fe ram – e passa da Cerveja, As águas do verão vieram Inauguração do Museu imagem da a r era up trópolis Gourmet, rec io: saf shi de Rua Teresa Fa on, Pe o, porém, deixaram um ern Inv e, qu as tal de Luz, entre ranhada” por notíci Ciência e Tecnologia, Na de al Petrópolis Imperial, “ar stiv Fe a a tod zmente não refletem embora verdadeiras, feli outros. um o Serrana sofreu, por lançado com a presença realidade. Sim: a Regiã Porém, por Portal Destino Petrópolis, es. O rçõ po pro es nd gra Novais e do secretário revés natural de manas e istro do Turismo, Pedro hu min s do rda pe as o sid m aro, entre outras maiores que tenha de Turismo, Ronald Áz como o os tad Es tem de é: nte rta po a: nas asas da materiais, o mais im am já é uma ferramenta viv for s, o de nã ida tor os au ativ atr los ltip ndial nossos recomeçar. Nossos mú e dissemina na rede mu a a os, istr viç reg t, ser rne os io, inte érc e co, o com s, patrimoniais, naturais atingidos. O trade turísti l: tudo continua muitos tesouros histórico ria ust ind e sde rqu de pa e, qu sso maioria de no a visita daqueles la humanos, estimulando ca que a economia, mo ade. Símbolo desta funcionando. Isso signifi atuante agregam riqueza à cid , ece pre an sem rm pe to, en vim e a Serra” levou essencial do desenvol nto: positiva, o show “Abrac me ão mo zaç bili ste ne mo l, cia en ess is es nomes naquilo que tem de ma ipal de Itaipava grand nic ar, Mu om e ret rqu er, Pa rgu ao ree ra ível” pa e e Toni Garrido, entre suprir-nos de “combust o Djavan, Alcione, Lenin página”. com a ar “vir ra pa , fim en – amos, como sempre, seguir em frente s, para avisar: continu tro ou va siti Po da E, neste mesmo o o Comitê Agen para receber a todos. s Para tanto, foi constituíd nto pro a a, tur aguardadas no mado pela Prefei grandes atrações são o, írit Petrópolis (CAPP), for esp B, &V encarte da rismo, a TurisRio, o PC cidade, como mostra o da rio rsá Fundação de Cultura e Tu ive An ios sociação dos Empresár o Sicomércio, a ARTE (As Programação Cultural. as e l ria pe Im seu Mu lis, po tró -Pe SID de março de 2011 – da Rua Teresa), L, AB IH , , esta revista Petrópolis CD sim , As AN IPH do ais o! – é também ins tân cia s reg ion que de dois anos da publicaçã s, rio de rsá tida ive en an As . AE BR SE struímos: e que ABRASEL, FIRJAN e de ração do muito que con l nst ipa mo nic de a Mu um lho se on (C que integram o COMTUR ando e nos mostrando segue crescendo, frutific iniciativas voltadas as ers ra div Pa o s. ad da na tom do m ser aban Turismo) têm ade. nossas metas não pode cid da m a ge ss ima no da tar ção pa ra tes para a recupera se rve m os rev ez es : o iss no r. Pla o ma ão for ar, tra ns das pelo CAPP est e de so ma r, rea liz ad cid Dentre as ações realiza pa ca o ou qu o. De modo e on ôm ica , qu e ori gin mostrou que pode fazê-l já lis po de Re cu pe raç ão Ec tró Pe o, essencial o ao Ministério do Turism radecer por sua fiel e ag ta res s no documento apresentad só o rra Carioca. Houve ainda o a permanecer conosco, através do Consórcio Se rceria cidadã – e convidá-l pa de l era fed e l ua e não se faz em um, vernos estad e da transformação. Qu encaminhamento aos go lem no as ra pa no se nti do do de impostos os os dia s, se mp re tod pedidos de prorrogação s ma da m alé nutenção dos e indiretamente, ento sustentável e da ma vim vol empresas afetadas direta sen de is pa positiva com os princi criação de uma agenda nossos maiores valores. empreendimentos vos no de s çõe ura ug eventos e ina de importantes ferramentas e atrativos que, serão r po o com lis, itantes à Petrópo atração de turistas e vis
novos empreendimentos
Portal Destino Petrópolis verão
Hora da virada
trade turístico
transformar
Aniversário da cidade Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
aniversário de dois anos da publicação!
Siga a Revista Petrópolis no Twitter e fique por dentro das novidades da cidade em tempo real. @revpetropolis
A R E V I S TA D A C U LT U R A E D O T U R I S M O
PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo Mustrangi FUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Charles Rossi JORNALISTA RESPONSÁVEL: Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP) TEXTOS: Isabela Lisboa e Eliane Maciel GERENTE DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL: Pedro Troyack DESIGN GRÁFICO: DOM Criatividade | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica Sumaúma CENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201 Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 6.000 exemplares Fale conosco: fctprevista@petropolis.rj.gov.br
Texto e Fotos: Isabela Lisboa
ntre os casarões e palacetes do século XIX, que atraem milhares de turistas todos os anos, uma construção moderna se destaca ao unir tecnologia e sustentabilidade, com bens tombados totalmente preservados. O Campus da FASE/FMP (Faculdade Arthur Sá Earp Neto e Faculdade de Medicina de Petrópolis), localizado em um dos endereços mais nobres da cidade – a Avenida Rio Branco – foi inaugurado em 2006 em um terreno de 92 mil metros quadrados. Por se tratar de uma área tombada, o projeto teve de respeitar todas as normas de órgãos como IPHAN, INEPAC e da Prefeitura de Petrópolis. Entre elas, o prédio central deveria causar o menor impacto visual possível e os jardins e casas já existentes, que faziam parte dos três terrenos adquiridos deveriam ser preservados. A construção não seguiu nenhum estilo específico, porém o projeto buscou na racionalidade do modernismo, um ritmo determinado pela estrutura que sobressai nas fachadas, deixando claras as suas funções. Rodeado pela Mata Atlântica, o prédio é um ambiente que se traduz em transparência, com paredes e teto de vidro, o que proporciona a integração com a natureza, através de muitas
janelas. O objetivo desta arquitetura é aproximar os alunos dos professores e coordenadores de curso, tornando o local mais agradável para os estudos. Entre os destaques do Campus, estão: a beleza dos 60 mil metros quadrados de mata nativa; o Teatro - Sala Arthur Sá Earp Neto, com capacidade para 400 pessoas, projetado para atender aos mais diversos programas (científicos, culturais, musicais), com suas paredes de pedra e telhado de cobre; o foyer – na entrada principal do prédio, que possui cobertura de vidro e pé direito muito alto, constituindo espaço de recepção e reunião da comunidade e a biblioteca, cujo ambiente de aconchego e conforto está aliado ao ambiente externo pelos painéis de vidro que a circundam. Construído especialmente para abrigar cursos na área da saúde, o campus possui o que há de mais moderno em equipamentos e instalações. Todos os laboratórios foram construídos dentro dos padrões de biossegurança. As casas tombadas, principalmente a reitoria, o centro cultural, a casa branca, representam e ilustram os típicos chalés e construções residenciais de Petrópolis da primeira metade do século XX. Recebem constante manutenção e abrigam os setores administrativos da instituição. Atualmente, no Centro Cultural abriga a exposição “Corpo: anatomia, arte e tecnologia” que acontece até abril.
Serviço: FASE/FMP Av. Barão do Rio Branco, nº 1003 – Centro Tel: (24) 2244-6464 www.fmpfase.edu.br
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
05
Foto: Isabela Lisboa
Stefan Zweig Vive Acontece até o dia 01 de maio, no Centro de Cultura Raul de Leoni, a exposição Stefan Zweig Vive. Autor de “Brasil, um país do futuro” e um dos mais importantes escritores de língua alemã do século XX, Zweig escolheu Petrópolis como refúgio da perseguição nazista. A exposição mostra a trajetória e os diferentes estágios da vida do escritor, dentre elas, as vindas do autor ao Brasil, a recepção de sua obra em nosso país e, especialmente, o período petropolitano, quando escreveu a novela Xadrez. Imperdível!
Foto: Andréia Constâncio
Novas ambulâncias reforçam a infraestrutura da cidade Agora, Petrópolis conta com um atendimento emergencial ainda mais completo. Após as inaugurações das UPA's Cascatinha e Centro em 2010, a Secretaria Estadual de Saúde entregou, no inicio de fevereiro, quatro ambulâncias para o SAMU (Serviço Móvel de Urgência). A iniciativa faz parte do projeto de recuperação da infraestrutura da cidade, que contou também com a entrega de 54 casas no bairro Carangola para famílias incluídas no aluguel social.
Ciranda das Artes O Projeto Ciranda das Artes chega à sexta edição, cheio de novidades. Mais de 20 oficinas estão sendo oferecidas, ampliando a oferta de vagas: em 2010, o projeto atendeu cerca de 700 alunos. Este ano, com o crescimento das modalidades, mais de mil pessoas serão beneficiadas. Os professores foram selecionados através de edital, com mais de 80 projetos inscritos. Dentre os novos cursos estão: Artesanato com fios, Fotografia, Iniciação Musical para crianças, Hip-Hop, Yoga na hora do almoço, entre outros. Mais informações www.petropolis.rj.gov.br ou pelo telefone (24) 2233-1221
06
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
Projeto Corredor Cultural Iniciativa do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, o projeto Corredor Cultural, que faz parte do Plano Municipal de Cultura, é exemplo de união entre sociedade civil e poder público. O projeto ainda esta em fase de elaboração inicial pelo grupo que o propôs, mas já se destaca pelo caráter multicultural, conciliatório e inclusivo. Segundo a promotora Vanessa Katz, uma das metas do projeto é tirar empresários e artistas da marginalidade e ter espaços para todas as formas de expressão artística e cultural, possibilitando a todos o exercício da cidadania.
Comitê Agenda Positiva Petrópolis Hora de mostrar que a Petrópolis Imperial está totalmente preservada e pronta para receber todos os que quiserem visitá-la. Com este espírito, o COMTUR (Conselho Municipal de Turismo) constituiu o Comitê Agenda Positiva Petrópolis (CAPP). Formado pelo poder público e instituições privadas o comitê tem tomado diversas iniciativas para recuperar a imagem da cidade e reerguer a economia local. Dentre estas ações, estão o Plano de Recuperação Econômica, através do Consórcio Serra Carioca; o encaminhamento de pedidos de prorrogação de impostos aos governos estadual e federal, para as empresas afetadas e a criação de uma agenda positiva com os principais eventos e inaugurações de novos empreendimentos e atrativos. Mais informações: comiteapp@gmail.com
Portal Destino Petrópolis Foram lançados em fevereiro, com a presença do ministro do Turismo Pedro Novais e o secretário estadual de Turismo, Ronald Azaro, o Inventário Turístico de Petrópolis e o Portal Destino Petrópolis, elaborado pelo Instituto Ideias. O objetivo é divulgar e promover a Petrópolis Imperial, especialmente, entre possíveis turistas e visitantes. Para tanto, o Portal oferece fácil acesso aos mapas, calendário anual de eventos, área de notícias, entre outras informações. O sistema permite ainda, a criação de roteiros turísticos individualizados, além dos 21 roteiros já disponibilizados, que visam facilitar a circulação do turista por toda a cidade. Basta acessar: www.destinopetropolis.com.br
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
07
Texto: Eliane Maciel Fotos: Arquivo Histórico Biblioteca Gabriela Mistral; Alexandre Peixoto e Jaci Correa. , final do verão. O Príncipe Regente D. Pedro inicia uma longa viagem até Vila Rica, em Minas Gerais. Partindo do cais da Praça XV, no Rio de Janeiro, ele atravessa a Baía de Guanabara até Magé e é envolvido pela Mata Atlântica, ao subir a Serra da Estrela pelo Caminho Novo de Bernardo Proença. No percurso, é hospedado pelo Padre Corrêa em sua fazenda, considerada a mais bem administrada da região de Serra Acima. E tudo ali agrada ao futuro Imperador do Brasil: o clima ameno. A suavidade do verde. As cachoeiras cristalinas. A cultura de frutas europeias, convivendo com espécies tropicais. Logo, a Casa do Padre Corrêa se transforma num de seus recantos favoritos para descansar, com a família. Anos mais tarde, o Imperador se propõe a comprar a área. Porém, a herdeira do Padre Corrêa - sua irmã, D. Archângela – alega razões sentimentais para não se desfazer da propriedade e indica a fazenda vizinha, do Córrego Seco, como opção. D. Pedro a adquire, e também algumas outras. Seu objetivo: construir uma cidade de veraneio que levasse seu nome.
1831. Forçado pela crise política que atinge Portugal, D. Pedro I abdica do trono brasileiro em favor do filho mais velho, e parte para seu país natal. D. Pedro II, porém, é ainda uma criança. Pela longa década seguinte, o nascente Império do Brasil se debaterá nas mãos de diversas regências, até que o povo exija a antecipação da maioridade do Imperador: um circunspecto adolescente, educado para a imensa responsabilidade que assumirá. De sua infância precocemente perdida, ele guarda, porém, boas lembranças: algumas, da Fazenda do Padre Corrêa, onde passou momentos felizes, com os irmãos. E assim, em 1843, ele resolve retomar o projeto quase esquecido de seu pai – a fundação de Petrópolis – como um marco de seu jovem governo. Esta é a origem da Cidade Imperial que, em 16 de março, completa mais um aniversário, guardando todo o encanto que a fez eleita por nobres, artistas, intelectuais e mandatários da República, desde o século XIX. Já em sua origem, os colonos alemães comandados pelo arquiteto e engenheiro Major Julio Koeler – seguidos, pouco mais tarde, por brasileiros e também por outros imigrantes europeus, principalmente italianos e portugueses - souberam imprimir à cidade uma fisionomia única que a destaca, no cenário nacional e internacional. Considerada pelo Ministério do Turismo um dos 65 municípios indutores do turismo regional, a Petrópolis Imperial, com sua atmosfera alpina e elegância totalmente preservada, continua a ser uma preciosidade histórica e arquitetônica. E a beleza da mata nativa, que emoldura cada cenário desta que é a primeira cidade planejada da América Latina, contribui para que ela guarde em si uma fusão de requinte, natureza, beleza, arte e história que a mantém, no século XXI, como um sinônimo de inspiração, tranquilidade, repouso e saúde para gerações de turistas e visitantes.
08
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
Encantar parece ser, de fato, a vocação maior desta cidade: uma característica manifestada muito precocemente. Não se tem notícias de alguém que tivesse ficado imune aos seus sortilégios. Além do Imperador e de sua corte, que provocaram o primeiro “boom” imobiliário e presentearam o centro com as construções, hoje, históricas, a cidade sempre mereceu a atenção e os relatos entusiasmados de ilustres admiradores. Dentre estes primeiros “apaixonados” estão alguns viajantes estrangeiros que, desde os primórdios da povoação, já registravam as características, realmente, muito especiais do lugar. Dois destes relatos se transformaram também em importantes registros sobre o cotidiano e o modo de viver dos primeiros habitantes: as memórias de viagem do zoólogo prussiano Hermann Burmeister, que passou por aqui em 1851; e a obra em três volumes publicada em Bruxelas, em 1854, pelo Conde Auguste van der Straten Ponthoz. Burmeister, apesar de zoólogo, não se limita a observar a fauna abundante da região: faz também várias narrativas sobre o prazer de encontrar, na serra fluminense, uma florescente colônia germânica, com a qual ele estabeleceu um prazeroso contato, pelas muitas afinidades de língua e costumes. Em suas palavras, a Petrópolis com apenas oito anos de idade poderia ser comparada com “um balneário europeu em construção”: em toda parte construía-se, carregava-se areia, transportava-se pedras, limpava-se ruas”. E, dentre suas páginas mais deliciosas, está aquela em que descreve a recepção que teve, em Correas, na casa de um sapateiro suábio: dentre outras descrições, o viajante declara que se sentiu, ali, quase como que na Baviera, inclusive pelos hábitos cotidianos e pelos trajes da esposa e da filha do imigrante.
Já o relato do Conde Ponthoz é muito afeito aos dados socioeconômicos, pois o autor foi, por 10 anos, representante da Bélgica junto ao Império Brasileiro: e Le Budget du Brésil é, portanto, como um síntese desta vasta experiência. Além de atestar que Petrópolis possuía, na década de 1850, uma população fixa de 2.565 germânicos – dos quais apenas 106 tinham mais de 50 anos - o Conde informava que a povoação era bastante próspera: já contava com 691 casas – “468 das quais alcançavam valor aproximado de um milhão de francos, segundo documentos oficiais” - e uma superfície cultivada de quase 572 mil braças. Além disso, “os trabalhos empreendidos por operários europeus subiam a 446 mil francos.” Demonstrando sua vocação para ser, também, um polo de educação, cultura e arte, Ponthoz registrou ainda que a comunidade já contava, à época de sua visita, com duas escolas primárias católicas, que ensinavam 112 meninos e 99 meninas e, nada menos do que seis escolas de música, que reuniam de “300 a 400 alunos”. Passado todo este tempo, Petrópolis ainda tem muito a oferecer. A evolução urbana multiplicou seus atrativos e tornou-a um dos destinos mais acessíveis e desejáveis do estado do Rio de Janeiro, a apenas 40 minutos do Aeroporto Internacional e à uma hora, de carro, do Rio de Janeiro. Por isso, ainda hoje, os 1 milhão e 200 mil visitantes e turistas que, todos os anos, realizam a ascensão, montanha acima, rumo à cidade, atravessam um cenário pleno de verde para encontrar uma cidade que se parece com uma pequena caixa de joias encravada entre montanhas. Um lugar privilegiado, onde todos são chamados a desfrutar de experiências inesquecíveis capazes de mexer com a imaginação e de cativar, para sempre.
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
09
Prêmio Maestro Guerra-Peixe elege os melhores de 2010 Texto: Isabela Lisboa | Fotos: Alexandre Peixoto
Prêmio Maestro Guerra-Peixe de Cultura chega à sua segunda edição. No dia 18 de março (data de aniversário de seu patrono, o compositor César GuerraPeixe), o Theatro D. Pedro será o palco da premiação daqueles que se destacaram na área da Cultura, em 2010. O prêmio, criado em 2009 pela Prefeitura de Petrópolis, por meio da Fundação de Cultura e Turismo, tem como objetivo reconhecer o talento de produtores, artistas, escritores e todos aqueles que, durante todo o ano, trabalham para levar ao público o melhor da cultura de Petrópolis. Os indicados, que irão concorrer a uma estatueta em bronze artístico criada pelo escultor petropolitano Sergio Cestari, estão divididos em 11 categorias: Música, Teatro, Dança, Artes Visuais, Literatura, Comunicação, Audiovisual, Produção Cultural, Categoria Especial, Notório Reconhecimento e Canto Coral (nova categoria inserida devido à grande tradição do segmento, na cidade). Na categoria Notório Reconhecimento, o Prêmio Maestro Guerra-Peixe de Cultura deste ano faz uma justa homenagem ao Cartunista Lan, residente em Pedro do Rio há 35 anos e que, há mais de 50, nos presenteia com seus desenhos cheios de curvas e bem humorados. Com seu olhar único, eles retratam o nosso cotidiano e as paixões que fizeram este italiano brasileiríssimo nunca mais deixar o Rio de Janeiro: o futebol, o samba e as mulheres.
Lan - Notório Reconhecimento
ro Guerrana área da música, o Maest Maior expoente petropolitano rço, data de a homenagem. Dia 18 de ma Peixe recebe mais uma just nde prêmio taria 97 anos), além do gra seu aniversário (ele comple busto em e, o compositor ganhará um da cultura que leva seu nom tari. A obra artista plástico Sergio Ces bronze confeccionado pelo próxima bem s, ça dos Expedicionário será instalada em frente à Pra rad ugu o, no ocasião será também ina ao Theatro D. Pedro. Na ro Guerra-Peixe. mesmo local, o espaço Maest
10
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
Texto: Eliane Maciel
e você tem interesse pela Cultura petropolitana, uma coisa é certa: vai ouvir falar muito na sigla SMC. Afinal, ela significa Sistema Municipal de Cultura, um marco significativo aprovado pela Câmara Municipal em dezembro de 2010, que colocou Petrópolis, automaticamente, na vanguarda da gestão cultural, perante o cenário nacional. O objetivo do SMC, estabelecido em linha com as orientações do Sistema Nacional de Cultura, é proporcionar efetivas condições para o exercício da cidadania cultural à todos os petropolitanos, estabelecer novos mecanismos de gestão pública das políticas culturais e criar instâncias de participação de todos os segmentos sociais atuantes no meio cultural. Para alcançar este amplo objetivo, o SMC é composto por diversos instrumentos institucionais (veja quadro). A maioria destes instrumentos já está atuante e, até o final de 2011, todos estarão operando, em caráter permanente. Para tanto, a Fundação de Cultura e Turismo já
está trabalhando para implementar o Sistema Municipal de Informações e Indicadores Culturais – que reunirá os dados do Censo Cultural e criará indicadores de desempenho para o setor – e do Sistema Municipal de Formação e Capacitação Cultural. Agora, todo este grande avanço, que começou em outubro de 2009 com a realização da Primeira Conferência Municipal de Cultura, já está repercutindo (e bem!) além dos limites da cidade. Por ter estabelecido um sistema municipal completo e perfeitamente alinhado com as orientações do Ministério da Cultura, a cidade também se tornou uma das pioneiras no Sistema Nacional de Cultura, onde ingressou em fevereiro de 2011, já com um avançado estágio de organização do Sistema local. Tudo isso representa uma gestão mais democrática e participativa, e com oportunidades para todos. Além de garantir, é claro, continuidade das boas iniciativas, que passam a ser acompanhadas, de perto, pela sociedade organizada.
Conferência Municipal de Cultura Realizada a cada dois anos, é a instância máxima de participação e deliberação do Sistema Municipal de Cultura. Nela, toda a sociedade pode expor suas opiniões e sugestões para o setor.
Conselho Municipal de Cultura – Criado em 2006, o CMC é um colegiado composto pelo Poder Público e pela Sociedade Civil. Passa a ter, na nova estrutura, caráter consultivo, deliberativo e fiscalizador; Fundação Municipal de Cultura e Turismo – Órgão da administração indireta encarregado de elaborar e executar os programas culturais na cidade.
Plano Municipal de Cultura - Instrumento de planejamento das ações, dos projetos, dos programas e do conjunto das políticas públicas para a cultura, em Petrópolis. Válido por dez anos. Fundo Municipal de Cultura - Promove o desenvolvimento cultural do município, através do financiamento de projetos artístico-culturais constantes do Plano Municipal de Cultura.
Petrópolis
Sistema Municipal de Informações e Indicadores Culturais - instrumento de reconhecimento da cidadania cultural e de gestão das políticas públicas municipais de cultura. Nele são organizadas e disponibilizadas informações sobre os diversos fazeres culturais do município, bem como seus espaços e produtores. Sistema Municipal de Formação e Capacitação Cultural – conjunto de ações contínuas voltadas para a formação, capacitação e recapacitação dos gestores culturais e agentes culturais - artistas, produtores e técnicos do setor - bem como para o fomento de pesquisas no campo artístico/cultural.
A Revista da Cultura e do Turismo
11
Texto e Fotos: Isabela Lisboa
Na porta da antiga estação de trem de Cascatinha (transformada em Centro Cultural em 2004), encontramos Wilma Borsato. Com um sorriso, ela nos convida a “viajar” para uma época onde italianos recém-chegados de sua terra natal buscavam o sonho de uma vida melhor, nas fábricas de tecidos de Petrópolis. Apaixonada por Cascatinha, há mais de 30 anos D. Wilma preserva a história e a cultura do local em que nasceu e no qual vive, até hoje. Atualmente, ela reúne no Centro Cultural (que leva seu nome), cerca de 2.500 fotos e 1.500 documentos. E é neste cenário que ela nos conta a sua trajetória de lutas em nome da preservação do patrimônio deste distrito da cidade.
12
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
RP: A senhora é conhecida em
RP – E como é feito o trabalho de
Mananciais do Alcobaça), que tem
Petrópolis por sua luta pela
divulgação do acervo e da história
como objetivo proteger os mananciais
preservação do patrimônio
para os jovens?
e essa grande área verde de mata
histórico e cultural de Cascatinha.
WB – Através das escolas.
que temos aqui em Cascatinha. São
Como surgiu essa paixão?
Professores trazem os alunos para
duas lindas cascatas que estavam
WB: Sou descendente de italianos.
visitação.
sendo esquecidas e mal cuidadas.
Meus avós vieram para Petrópolis,
Entre as conquistas da Associação
trabalhar na fábrica que havia sido
está a transformação da Floresta da
aberta em Cascatinha, onde mais tarde, meus pais também foram empregados. Como moradora, vi que Cascatinha tinha muito o que contar e que este patrimônio cultural poderia ficar esquecido. Então, ainda adolescente, resolvi juntar fotos e documentos que contassem um pouco da história do
“
Ainda adolescente, resolvi juntar fotos e documentos que contassem a história do local.
Alcobaça em área de preservação ambiental, pertencente ao IBAMA.
RP: Em 1995 a senhora foi eleita vereadora, sendo a segunda mulher na cidade a ocupar o cargo. A política foi o caminho para novas conquistas em prol do distrito? WB – Sou aposentada da Previdência Social e nos anos em que trabalhei lá
local.
percebia que as pessoas mais RP – E nada melhor que a antiga
RP: Além do trabalho de resgate
estação de trem, como sede para a
da história de Cascatinha, a
preservação desta memória.
senhora também sempre esteve à
W.B. – Esta estação de trem tem uma importância histórica enorme para a colonização italiana da cidade, pois
frente de movimentos de
humildes tinham necessidade de ter alguém para lutar pelos seus direitos. Além disso, a vereança também era uma forma de defender Cascatinha.
preservação do patrimônio natural do distrito. Conseguiu,
RP: Na época a senhora sentiu
inclusive, impedir que a Floresta
alguma dificuldade por ser mulher
da Alcobaça se transformasse em
num cargo, tradicionalmente,
área de especulação imobiliária.
ocupado por homens?
Em 2004, a estação estava
WB – É verdade. Em 1984,
WB: Não senti dificuldades, pois
desativada há vários anos, então
juntamente com a minha filha
antes de subir na tribuna eu
pensei: “porque não mostrar aqui a
Rosiane e a moradora do bairro, Ana
pesquisava muito, pensava muito no
Lúcia, fundamos a ADMA
que tinha que fazer e estava sempre
(Associação em Defesa aos
pronta para reagir a tudo que viesse.
foi através dela que os imigrantes operários chegaram ao Cascatinha, intensificando a ocupação da região.
história de Cascatinha para os seus moradores mais novos?”
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
13
Bisbilhoteca
Biblioteca Gabriela Mistral -
A tradição do Carnaval em Petrópolis o contrário do que muitos pensam, as primeiras manifestações carnavalescas que fizeram surgir o Corso Carioca podem ter surgido bem aqui, na Petrópolis Imperial.
Texto: Isabela Lisboa | Fotos: Museu Imperial/IBRAM/MinC Arquivo Histórico Biblioteca Gabriela Mistral
Enquanto estudiosos mencionam o surgimento do Corso no Rio de Janeiro em 1907, em Petrópolis encontramos registros e fotografias de desfiles semelhantes em 1868. Na época, carros alegóricos e carroças decoradas já desfilavam pelas ruas da cidade. Residência do “high society” no verão, Petrópolis estava acostumada a aderir ao que a alta sociedade importava: desde grandes espetáculos teatrais, festas e, claro, bailes carnavalescos e ao carnaval de rua.
Tudo indica que a alegria e a irreverência do folião carioca tenham se somado com a cultura local, no momento que os petropolitanos passaram a participar das festividades, através da confecção de carros alegóricos e da decoração de suas carroças. Tanto que, em 1880, já fazia sucesso na cidade a “Batalha das Flores”, que acontecia na antiga Praça D. Afonso (atual Praça da Liberdade) e arrastava multidões pelas ruas. Surgia assim, a primeira manifestação daquilo que, mais tarde, viria a ser o Corso. Aos poucos as charretes foram substituídas pelos calhambeques e, no inicio do século XX, o carnaval incorpora o confete e a serpentina como símbolos da grande festa. A classe média, ainda emergente, adere de vez às festividades.
Grupo carnavalesco 1868, a atriz Rita Hayworth ao lado de Judith Bueno (vestida de Cleopatra) no Quitandinha, em 1962 e Baile do Petropolitano.
Após a Segunda Guerra Mundial, a badalação cresce dentro dos bailes de salão. E é no recém-inaugurado Hotel Cassino Quitandinha que importantes personalidades do mundo artístico e político circulam, numa badalação digna de filmes holywoodianos. Outra instituição que também teve seus tempos de glória foi o Petropolitano Futebol Clube que, na década de 1950, dividia as atenções de artistas famosos com o Quitandinha. Já os clubes de bairros como o Rio Branco, o Harmonia, o Esporte Clube Dom Pedro, o Palmeira, o Cruzeiro do Sul e tantos outros, atraiam a população local. A década de 1940 é marcada pelo surgimento dos blocos e ranchos na avenida 15 de novembro (atual Rua do Imperador) que mais tarde dariam origem as atuais escolas de samba. Dentre elas, as mais antigas são a Estrela do Oriente e a 24 de Maio que chegou na década de 1960, a gravar um disco e, por pouco, não desceu a Serra para brilhar com as grandes escolas do Rio de Janeiro. Atualmente, duas ligas - UPEC (União Petropolitana de Entidades Carnavalescas e a LEBOP (Liga de Escolas e Blocos Carnavelescos de Petrópolis) - unem 15 escolas de samba e 11 blocos carnavalescos que fazem a alegria do Carnaval de Petrópolis.
Batalha das Flores - 1880
14
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo