Petrópolis Rio de Janeiro Outubro 2011 Distribuição Gratuita
Nº 30 Confira a Programação Cultural
Tesouros da Arquitetura Seminário Diocesano
Entrevista
Pontos de Cultura
Luiz Felipe de Azevedo
Arte e cidadania
[+] Vitral
sustentável e cidadã expansão programas de capacitação desenvolvimento caminhadas ecológicas
temperados
do Brejal”, figurou O circuito Ecorrural “Caminhos no Plano Diretor como um dos projetos previstos no Imperial) em de Turismo de Petrópolis (Pla ultou de parceria 1998, e sua implementação res io da PETROTUR, da Prefeitura Municipal, por me io do Petrópolis e do SEBRAE, com o apo rea u, EM AT ER Co nve ntio n & Vis itor s Bu nica e Extensão (Empresa de Assistência Téc Petrópolis, sem Rural) e do Sindicato Rural de cap aci dad e de fala r da det erm ina ção e res que formaram o articulação dos empreendedo circuito inicial. o primeiro circuito O “Caminhos do Brejal” foi ecorrural da Cidade Imperial, e el de destaque no desde então tem tido um pap hoje em fase de segmento do turismo rural, novas políticas expansão no Brasil, a partir das preconizadas pelo públicas de inclusão social, lam a participação Governo Federal, que estimu eia produtiva do de agricultores familiares na cad ort un ida de s de tur ism o, ofe rec en do op os o integrantes do incremento de renda para tod desenvolvimento setor, além de promover o seu adã, contribuindo, de forma sustentável e cid da região. assim, para a elevação do IDH agraciado com o Recentemente, o Circuito foi
emoções mais fortes
cachoeiras
vocação
do Ministério do projeto Talentos do Brasil Rural, meros outros em Turismo, após disputa com inú te projeto será nível nacional. No bojo des especializada para oferecida consultoria técnica os, aplicação de a elaboração de diagnóstic apoio técnico na programas de capacitação, e que, sem dúvida, implementação de inovações mo nas ações do elevarão o nível de profissionalis circuito. a série de atrações No Circuito estão reunidas um eza, como por inesquecíveis e de rara bel icas, cavalgadas e exemplo, caminhadas ecológ pratos da culinária passeios de Jeep. Variados temperados com nacional e internacional, is produzidos condimentos especia bém podem ser artesanalmente na região, tam degustados. es mais fortes, a Para os que gostam de emoçõ para a prática de região oferece diversas trilhas lindas cachoeiras, Motocross e Mountain bike e . onde se é possível fazer Rapel dos vinhos, licores A noite do Brejal fica por conta que são um e cachaças especialíssimas, da lareira, reunir os verdadeiro convite para, ao pé o os prazeres de amigos e a família, desfrutand estar na serra.
pé da lareira Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
noite do Brejal
Circuito Ecorrural “Caminhos do Brejal”
agricultores familiares na cadeia produtiva do turismo
natureza
Talentos do Brasil Rural
Plano Diretor de Turismo de Petrópolis
A R E V I S TA D A C U LT U R A E D O T U R I S M O
PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo Mustrangi FUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Gilson Domingos JORNALISTA RESPONSÁVEL: Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP) TEXTOS: Isabela Lisboa e Daiane Machado GERENTE DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL: Pedro Troyack DESIGN GRÁFICO: DOM Criatividade | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica Sumaúma CENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201 Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 6.000 exemplares
impossível passar por Corrêas e não vislumbrar o imponente prédio cor de rosa, localizado no alto de um privilegiado terreno às margens da Estrada União e Indústria. A belíssima construção, em estilo colonial do século XX, abriga o Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino. Fundado por Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra, em 1949, a construção do Seminário só foi possível graças a doação do terreno pela Embaixatriz Lavínia Luiz Guimarães, onde, a princípio, sua antiga residência foi adaptada para receber os primeiros seminaristas. Ao mesmo tempo em que as atividades se iniciavam, foi lançada a Pedra Fundamental, daquela que seria uma das mais belas construções religiosas de Petrópolis. Para que o novo prédio fosse construído, foi necessário cortar grande parte do morro, o que gerou na época, comentários de que a obra ruiria com as fortes chuvas de verão. Não passou de boatos infundados. Com 4.500 metros quadrados, o edifício foi inaugurado em dia 15 de agosto de 1956. Espaço suficiente para abrigar 60 estudantes do Seminário Menor (jovens de 15 a 17 anos), o belo conjunto colonial possui três pavimentos, com dormitórios, salas de aula, biblioteca, cozinha e refeitório. As galerias internas formam uma figura triangular, onde ao centro, encontra-se um aquário em forma de trevo.
Dois grandiosos vitrais iluminam a Capela com desenhos do artista brasileiro Carlos Oswald, cuja execução se deu pelas mãos de J. Giraldi, em Petrópolis. Com cores vibrantes e harmoniosas, um dos vitrais traz a imagem do Seminário e a figura de Jesus Cristo acolhendo seminaristas e candidatos ao ingresso na Casa de Formação Sacerdotal. Na parte inferior lê-se a frase, em latim, Venite, Ego Elegi Vos (Vinde, Eu vos Escolhi). Este vitral foi dado pelo Dr. Arnaldo Guinle, que também ofereceu tijolos fabricados em sua cerâmica, em Bemposta. O outro vitral apresenta Jesus Cristo num largo gesto, em meio a um trigal ondulante, indicando aos jovens o caminho do apostolado. Três imagens em madeira trazidas da Europa também integram a Capela: a Nossa Senhora do Amor Divino, localizada no grande nicho acima do altar-mor, trazida da Itália. Esta imagem chama a atenção por trazer, junto a ela, a imagem do Espírito Santo, inédita na época. Nos altares laterais, ficam as outras duas imagens: uma do Sagrado Coração de Jesus e outra de São José; ambas encomendadas a um artista espanhol, em Barcelona, na Espanha. Atualmente com 23 estudantes, o Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino conta ainda com a Casa São José, onde residem 25 seminaristas do ensino superior (Seminário Maior) e a antiga Casa de Dona Lavínia (onde tudo começou), passou por reformas e irá abrigar um Centro Cultural.
A Capela, localizada também no interior do prédio, é uma preciosidade à parte. Pintada em azul claro e com realces brancos nos arcos do presbitério, nos altares laterais, e no teto, possui cerca de 520 metros quadrados e pé direito bem alto. As três or Divino Serviço: portas iguais traçam do Senhora do Am sa os N no sa ce Seminário Dio 1 – Corrêas altar ao térreo, a linha do lado oposto ao vértice Indústria, nº 3.44 e ão ni U da ra Est 21-1459 do ângulo formado pelos dois lados iguais. -2187 / (24) 22 21 22 4) (2 : ne Telefo
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
05
Realizada de 02 a 07 de setembro, a Serra Serata – Festa Italiana de Petrópolis, foi sucesso absoluto. Durante os seis dias, a Praça da Liberdade se transformou em um pedacinho da Itália, com shows, apresentações de grupos folclóricos e o melhor da gastronomia italiana, atraindo um público de 57 mil pessoas, 14% a mais que no ano passado. Segundo o Disque-Turismo, foi registrado, no final de semana, 77,2% de ocupação hoteleira no Centro Histórico e 60,9% nos arredores. No total foram 38 apresentações culturais que este ano, também abrangeram outras localidades como o Palácio Rio Negro, Centro de Cultura Raul de Leoni, Museu Imperial e Praça D. Pedro. Dez restaurantes garantiram o melhor da gastronomia italiana, unindo a alegria da festa com os aromas e sabores de massas, pizzas, vinhos, entre outros.
Fotos: Isabela Lisboa
Serra Serata - Festa Italiana supera expectativa de público
Berço de grandes nomes da música, Petrópolis agora soma mais um importante personagem na história da música mundial: Artur Bernstein. Este petropolitano, filho de colonos alemães, foi nada mais, nada menos que um dos precursores do tango argentino. O fato foi descoberto, meio que por acaso, pelo colunista Alexandre Rivero. Apaixonado por tango, Rivero descobriu o nome de Bernstein em antigas partituras e resolveu investigar o assunto. Nascido em 1882, Bernstein foi ainda jovem para a Argentina, onde iniciou sua carreira profissional. Lá, foi um dos primeiros a tocar nos cafés, bares e clubes do bairro operário de La Boca. Segundo as pesquisas, o músico foi o responsável por inserir o bandoneón (principal instrumento do tango) na música argentina.
Festa de São Pedro de Alcântara Padroeiro de Petrópolis Instituído patrono oficial do Império por D. Pedro I, São Pedro de Alcântara é o Padroeiro de Petrópolis. Para celebrar a sua data, acontece de 15 a 19 de outubro, na Catedral São Pedro de Alcântara, a tradicional Festa do Padroeiro com missas, shows, atrações infantis, artesanato e barracas com comidas típicas da Alemanha, Portugal, Itália, Líbano, Japão, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Lanchonete da Família, Barzinho e Boutique da Juventude. Confira a programação completa no encarte da Revista Petrópolis ou acesse: www.petropolis.rj.gov.br
Foto: Alexandre Peixoto
Foto: divulgação
El Tanguero de Petrópolis
Fotos: Isabela Lisboa
06
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
Simpósio de Mirmecologia reúne cientistas em Petrópolis De 16 a 20 de outubro, o Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis, será a sede do XX Simpósio de Mirmecologia e I Encuentro de Mirmecologistas de las Americas, congresso internacional voltado para o estudo das formigas, organizado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que reunirá 400 especialistas no assunto. O Brasil é o único país no mundo a manter um congresso dedicado exclusivamente ao tema. Nesta edição, o homenageado especial será o Frei Thomas Borgmeier (1892-1975), reconhecido mundialmente pelos seus estudos sobre o mundo dos insetos, iniciados aqui mesmo em Petrópolis. Mais informações: www.myrmeco2011.com.br
Para celebrar o Outubro Rosa - movimento popular contra o câncer de mama, comemorado em todo o mundo -, a APPO (Associação Petropolitana dos Pacientes Oncológicos) promove, durante todo o mês, diversas atividades em toda a cidade. No dia 22, acontece a tradicional caminhada, que este ano terá como tema Saúde da mama, uma nova caminhada 2011. A concentração será às 14h, em frente à Catedral São Pedro de Alcântara. Prédios e monumentos históricos também entram no clima da Campanha e, como acontece nas capitais de todo o mundo, se “vestem” de rosa, através de iluminação especial. A programação completa pode ser conferida no encarte da Revista Petrópolis ou no site www.petropolis.rj.gov.br
Foto: divulgação
Outubro Rosa
XI Petrópolis Gourmet vai homenagear a Itália Os principais monumentos históricos de Petrópolis Prepare o seu paladar. Vem aí a 11ª edição do Petrópolis Gourmet. poderão ser vistos em alguns minutos e poucos Com grande destaque ao roteiro gastronômico da Cidade Imperial, o passos. A partir do dia 13 de novembro, a exposição festival esse ano destacará a culinária italiana, uma das mais permanente “MiniaTUR”, de Carlos Stumpf, passa a completas, ricas e deliciosas do mundo. ter lugar no Palácio de Cristal. São várias maquetes Através do tema “Sapore D'Italia - A tradição da cucina italiana na que representam com detalhes alguns dos serra”, mais o evento, que acontece de 03 a 26 de novembro, faz uma visitados pontos turísticos de Petrópolis. As homenagem peças ao Ano da Itália no Brasil, que será marcado por um calendário confeccionadas em madeira têm, em média, 1metro de especial de eventos em todo o país até meados de 2012. Os restaurantes participantes deverão elaborar um menu inspirado altura. Algumas reproduções são bastante realistas: a nesta culinária, buscando seus ingredientes mais peculiares e seus torre da Catedral possui iluminação e a fonte da Praça sabores mais característicos. da Câmara Municipal, funciona como a original. Mais informações: www.petropolisgourmet.com.br
Um tour para desp ertar os se ntidos A história do Brejal teve início no século passado, quando o senhor Francisco Antonio de Souza vendeu ao senhor Avelino de Carvalho Bastos, em 1918, uma data de terra com 40 alqueires, pelo preço de seis contos de réis, moeda da época. A propriedade viria emprestar seu nome à localidade como conhecemos hoje. A partilha da antiga Fazenda Piraju, na década de 1980, criou um loteamento rural, que muito contribuiu para a ocupação do local com atividades agrorrurais que foram sendo desenvolvidas e diversificadas ao longo do tempo, transformando o Brejal em um dos maiores fornecedores de produtos hortifrutigranjeiros de Petrópolis. O plantio de frutas europeias como pêra, maçã, figo e uva, também tiveram sua fase áurea, sendo gradativamente substituído pelo atual cultivo de flores, legumes, hortaliças, ervas finas, além da cultura de cogumelos, criação de trutas e scargots. A região sempre contou com a presença de ilustres figuras da história política nacional, como o presidente Getúlio Vargas, os governadores Amaral Peixoto e Moreira Franco, entre outras personalidades e celebridades que acorreram e acorrem ao Brejal até hoje. Longe da correria do dia a dia, do stress das grandes cidades, a região do Brejal é um verdadeiro convite para momentos de lazer com os amigos e a família, em um ambiente onde a natureza dita o ritmo das horas. Com mais de cem produtores rurais familiares, a região oferece o Circuito Caminhos do Brejal, onde o visitante poderá conhecer e saborear as centenas de produtos oferecidos na região. Composto, atualmente, por dez propriedades distribuídas entre produtores e criadores, restaurantes, pousadas e agroindústrias, o Circuito Turístico Ecorrural - Caminhos do
Miira's Tours Operadora de Turismo Receptivo Ltda - Serra Verde Imperial Reservas: (24) 2231-6250 - Plantão 24H (21) 8182-6558/ (24) 8823-3647. E-mail:receptivo@miirastours.com.br Site: www.miirastours.com.br
Jeep Tour Reservas: (21) 2108-5800 Site: www.jeeptour.com.br
08
Brejal nasceu da necessidade de diversificar os atrativos turísticos oferecidos em Petrópolis, para além do Centro Histórico e ampliar a renda no meio rural por meio de investimentos que tornassem sua natureza exuberante, lindas paisagens e produção agrícola variada, em atrativos turísticos acessíveis. Primeiro circuito ecorrural da Cidade Imperial foi, recentemente, agraciado com o projeto Talentos do Brasil Rural do Ministério do Turismo, após disputa com inúmeros outros em nível nacional. Dividido em três roteiros básicos: Dia no Campo, Gastronomia Rural e Cachaça com Café, o Circuito oferece aos visitantes a oportunidade de conhecer e degustar uma variada gama de produtos locais, contando, ainda, com confortáveis meios de hospedagem. Visitantes curiosos, também podem programar o seu próprio roteiro, mesclando um pouquinho de cada um, desfrutando as delícias e as belezas que cada propriedade tem a oferecer. Os roteiros pré-programados levam de 6 a 8 horas e podem ser feitos com veículos próprios ou através do Jeep Tour. Com guias bilíngues especializados, o Jeep Tour é uma excelente opção para quem deseja curtir a natureza sem se preocupar com a direção. Os veículos conversíveis levam grupos de até 12 pessoas por carro, além de oferecer serviço especializado para cadeirantes, com Jeeps adaptados com capacidade para cinco cadeiras mais cinco acompanhantes. É o Caminhos do Brejal acessível a todos. O Circuito possui, ainda, calendário anual de eventos dos quais se destacam: festival gastronômico com seus produtos, caminhada inscrita no Anda Brasil, concurso hípico e visitas integradas às atividades de turismo regional que proporcionam passeios inesquecíveis aos amantes da natureza.
Escargots Invernada
Shangrilah
Reservas e informações: (24) -2259-2539 Site: www.invernada.com.br
Reservas e informações: (21) 8604-2535 e (24) 2259-2662 E-mail: canilborderstar@hotmail.com Site: www.borboletarioshangrilah.com
Provence Reservas: (24) 2259-2044 / (24) 2259-3117 Site: www.provence.com.br
Petrópolis
Floricultura e Estalagem Brejal Reservas: (24) 2259-2209 / (24) 2259-2201 / (24) 9301-2116 Site: www.estalagembrejal.com
A Revista da Cultura e do Turismo
09
Mais do que arte: educação e qualidade de vida
A
Texto: Bruno Lara Fotos: Isabela Lisboa e divulgação
rte, bem estar, cidadania, consciência ecológica, educação, família, desenvolvimento pessoal e profissional e, claro, muita cultura! Estes são apenas alguns conceitos estimulados pelos quatro Pontos de Cultura de Petrópolis: Aprendiz de Canarinhos; Filhos da Terra; Independência é Arte e Terreiro Cultural. Parceria entre o Ministério da Cultura, através do Programa Mais Cultura/ Viva Cultura – Pontos de Cultura, a Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e as Instituições sem fins lucrativos, o programa consiste em uma ação de inclusão sociocultural, que surgiu da necessidade de apoiar projetos culturais já existentes, mas que precisam de recursos. Em Petrópolis, as instituições selecionadas, também recebem do município, uma verba mensal de R$ 2 mil reais, para aplicação no desenvolvimento e ampliação de seus projetos. Ligado ao Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis, o Aprendiz de Canarinhos é o mais antigo deles. A iniciativa criada em 1960, contempla alunos de 8 e 9 anos que estejam cursando o 3º ano do ensino fundamental. Tudo começa com um processo seletivo. Se aprovada, a criança tem bastante “trabalho” durante um ano, três vezes na semana, com aulas de flauta doce, solfejo, ritmo, técnica vocal e teoria. A música também faz parte da essência do Independência é Arte, ligado à Cia. Teatral Língua de Trapo. Este Ponto de Cultura, coordenado pela atriz e diretora Iara Rocha, dá aos estudantes da rede pública de ensino, a oportunidade de aprenderem teatro e também fazerem parte da inclusão sociodigital, com técnicas de estúdio para gravação de CD. Oficinas de leitura, preparação vocal, confecção de máscaras e de figurino também são algumas das outras atividades desenvolvidas pela Cia. No Terreiro Cultural, da ONG Comando da Paz, uma marca é a identidade e a intersubjetividade, o que permite estimular a autoconfiança do público infanto-juvenil, composto por mais de 400 crianças e adolescentes.
10
“É importante resgatar a interação entre cultura e educação, sem distinção de valor e de atitude entre emoções, sentimentos, pensamentos e conhecimentos”; diz Laell Rocha, assistente social e coordenador do projeto que promove aulas de dança, contação de histórias, teatro, capoeira e gestão cultural compartilhada. Já o Filhos da Terra, da ONG CDDH - Centro de Defesa dos Direitos Humanos - é um Ponto de Cultura que foca a sensibilidade ecológica, tema estratégico das agendas social e política deste início de século. Dez oficineiros ensinam a utilizar materiais da natureza, como areia, bambu e casca de cebola, para a fabricação de produtos, como quadros, cartões de Natal e luminárias. As dinâmicas incluem tanto aulas práticas, quanto teóricas e de integração entre os participantes, através, por exemplo, de vídeos sobre ecologia. O meio ambiente e a humanidade agradecem!
Aprendiz de Canarinhos - Instituto Meninos Cantores de Petrópolis Rua Santos Dumont, nº 355 – Centro Telefone: (24) 2104-4100 e (24) 2104-4141 Site: www.canarinhos.com.br
Independência é Arte - Cia. Teatral Língua de Trapo Rua Sete de Abril, nº 374 - Centro Telefone: (24) 2231-9599 Site: http://companhiateatrallinguadetrapo.blogspot.com
Filhos da Terra – ONG CDDH Rua Monsenhor Bacelar, nº 400 - Centro. Telefone: (24) 2242-2464 Site: www.cddh.org.br
Terreiro Cultural - ONG Comando da Paz Rua do Imperador, 62 sobreloja 202 – Centro Telefone: (24) 2237-6739 Site: www.vivacultura.net
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
Texto: Eliane Maciel l Foto: Isabela Lisboa
iz a História que os jesuítas, quando chegaram ao Brasil, ensinaram a técnica do canto lírico aos indígenas catequizados pelas Missões. Alguns destes “meninos cantores” pioneiros teriam, inclusive, impressionado membros das cortes europeias, com sua afinação. Porém, as sociedades dedicadas ao canto coral só se popularizariam bem mais tarde, no século XIX: e, mais uma vez, Petrópolis abrigou a instituição pioneira neste segmento cultural, a Deutsche Sängebund Eintracht, fundada em 17 de agosto de 1863 pelos irmãos Gotlieb Stroele e Friederich Stroele. Nesta alegre agremiação mais tarde rebatizada como Sociedade Coral Concórdia e cuja sede permanece, ainda hoje, na Rua 13 de Maio D. Pedro II foi diversas vezes recebido com animadas apresentações de músicas germânicas, cantadas pelos primeiros colonos que vieram construir a cidade, a partir de 1845. Nos anos seguintes, esta tradição floresceu. Petrópolis, hoje conhecida como A Cidade dos Corais, possui mais de 40 coros em atividade, alguns de altíssimo nível e merecedores de reconhecimento internacional. E tudo leva a crer que esta magia de vozes unidas se expandirá ainda mais nos próximos anos, já que a prática acaba de ganhar um poderoso reforço: o projeto Canta Petrópolis, que beneficiará 74 escolas públicas do município com a formação de corais estudantis. O projeto, desenvolvido pelo segmento de Canto Coral do Conselho Municipal de Cultura, conta com o apoio da Secretaria Municipal de Educação e com a coordenação geral de Leonardo Randolfo, coordenação técnica de Marcelo Vieira e sete regentes gerentes: Marco Aurélio Lischt; Paulo Afonso Filho; Antônio Gastão; João Macedo; Marcelo Vizani; Alexandre Goulart e Geilson Santos. Desta forma, a cidade também sai na frente do cumprimento da Lei 11.769 sancionada pelo então Presidente Lula em agosto de 2008. Pela lei, o ensino da música voltou a ser obrigatório no Ensino Fundamental e
Médio, como acontecia no Brasil, até os anos 1970: um ganho importante para a sensibilidade e a criatividade de crianças e adolescentes.
Leonardo Randolfo - Coordenador Geral do Canta Petrópolis: “Estamos realizando um sonho antigo”
“Estamos um passo a frente de nos tornarmos a Capital Nacional dos Corais. Este é um sonho antigo de todos os regentes da cidade, que está sendo possível, graças a parceria inédita do poder público e da sociedade civil organizada”; diz Leonardo Randolfo. O objetivo do “Canta Petrópolis” é aumentar em mais de 600% o número de coralistas na cidade estendendo, em breve, o projeto para todas as escolas do município. Mas ele não para por aí. A meta é ampliar o programa também para as bandas marciais e aulas de musicalização. Ainda para 2011, o grande desafio já está lançado: incluir os novos corais na programação oficial do Natal de Luz, através de um grande concerto reunindo mil vozes. Aguardem!
11
O encantador de cavalos Concedida a: Isabela Lisboa Fotos: Isabela Lisboa
cavaleiro Luiz Felipe de Azevedo completou, este ano, cinquenta anos de carreira. Pioneiro no hipismo profissional e detentor de diversos títulos nacionais e mundiais (entre eles dois olímpicos e um panamericano), ele é o mais novo ilustre morador de Petrópolis. Há cerca de nove meses mudou-se para a Cidade Imperial em busca de novos desafios, e já conta com dois centros de treinamento por aqui: o Fape Multisalto, em Pedro do Rio e o Manège Luiz Felipe de Azevedo, no Vale Florido. Para contar um pouco de sua história, Felipe abriu as portas de seu Manège à Revista Petrópolis, onde, com muita simpatia, falou sobre sua trajetória e os novos projetos que o trouxeram até aqui.
12
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo
Revista Petrópolis – Desde menino sua vida é dedicada aos cavalos. Como nasceu esta paixão? Luiz Felipe - Desde pequeno, em Miguel Pereira, eu tinha essa coisa dentro de mim. Com quatro anos já montava cavalo sozinho. Com sete para oito anos, comecei a treinar na Hípica. Fiquei apenas uma semana na escola e já comecei a competir. Para saltar o Campeonato Carioca de Júnior, precisei de uma autorização especial, pois estava com 11 anos e meio e, na época, só podiam participar cavaleiros a partir de 12 anos. Fui vice-campeão carioca. Começou assim.
RP – Com apenas cerca de nove meses em Petrópolis, você já conta com dois centros de treinamento. Outros projetos estão por vir? L.F. - Eu tenho projetos ousados. Sou um cavaleiro ousado. O que gostaria mesmo é fazer uma arena coberta aqui, porque não há no estado do Rio de Janeiro um lugar assim. Seria uma multiuso onde você poderia montar em caso de chuva, fazer shows, feiras, exposições. Esse é meu plano mais ousado, porque falta na região e “cai como uma luva”, pois estamos ao lado da estrada (BR040).
RP – Você também foi responsável pela abertura da primeira clínica para cavaleiros fora de um clube e, hoje, já conta com quatro centros de treinamento, sendo que um está localizado na Bélgica. Fale um pouco sobre esta trajetória de sucesso. L.F. - Com 20 anos me mudei para São Paulo e quando voltei, no final de 1975, fui trabalhar com o Dr. Roberto Marinho. Em Miguel Pereira nós tínhamos um sítio onde fiz umas cocheiras e comecei a trabalhar. Isso foi há 35 anos. Foi muito difícil, mas muito prazeroso. RP – Sua trajetória também é feita de uma série de conquistas nacionais e internacionais importantes. Uma delas é o recorde de altura, tendo saltado 2,32 metros, em 2001, na Itália. Pretende ir além?
L.F. - Eu não sou a pessoa mais indicada para dizer que o hipismo é de elite. Vim de família rica, mas infelizmente, não tive acesso a dinheiro nenhum, comecei do nada e estou aqui. Tenho duas medalhas olímpicas, medalhas de ouro, recorde e o mais importante de tudo: consegui formar uma família e a sustento com o meu trabalho. Tudo é fruto do cavalo. RP – Mesmo assim manter um animal não é barato concorda?
RP – Você foi o primeiro cavaleiro profissional do Brasil. Foi difícil receber o reconhecimento? L.F. - Comecei a montar profissionalmente com 16 anos. Nesta época a profissão não existia. Eu tive que enfrentar muitos preconceitos, discriminação. Um verdadeiro bullyng, como se diz atualmente. Até hoje, existe certo preconceito, embora, os pais que têm dinheiro e podem, patrocinam os próprios filhos para que eles se tornem profissionais.
RP – Para a maioria o hipismo é um esporte elitista. Você acredita que é possível popularizar o esporte?
RP - Os melhores cavalos do estado do Rio de Janeiro estão em Petrópolis? E quais são os fatores que levam os criadores escolherem a região? L.F. - Com certeza. Todos eles. Inclusive um dos melhores cavalos do mundo. Aqui você junta o útil ao agradável. O clima, a proximidade com os aeroportos, com Rio de janeiro, Juiz de Fora e São Paulo. E a Serra é hoje como São Paulo. Eu participei dessa mudança, desse desenvolvimento no interior paulista. Hoje, existem dois, três mil cavalos saltando em um final de semana, em vários lugares diferentes. Em uma competição você tem cerca de 500 cavalos saltando, no mínimo. Multiplica isso por cinco: apenas para infraestrutura são 2.500 pessoas. Fora amigos, parentes e o público em geral. Ou seja, você atrai 5 a 10 mil pessoas em um evento. E aqui (em Petrópolis) se fizer uma arena, superlota. Imagina organizar um evento onde não tem que se preocupar com a chuva? Na serra? E nós ainda temos o gancho das Olimpíadas.
L.F. – Pretendo. Estou velho mais pretendo (risos). Quero bater 2,50 metros. É um projeto muito ousado que vai depender de encontrar um cavalo que eu possa treinar para isso. Mas eu acho que posso tentar. Até quando eu não sei. Mas faria com a maior confiança do mundo.
Petrópolis
L.F. - O cavalo não é propriedade do mais rico ou do mais pobre. Ele está aqui e as pessoas têm que procurar o acesso a eles. E, infelizmente, nós temos poucos. Às vezes, um cavaleiro começa como tratador, passa a picador (que é a pessoa que “esquenta” o cavalo) e aprende a saltar com o patrão, se tornando um bom cavaleiro. Temos vários casos desses. Então só é preciso formar escola para essa gente. E eu estou disposto a isso. Fazer o Instituto Luiz Felipe de Azevedo. RP – Como funcionaria? L.F. - Já somos (o Brasil) o segundo maior criatório de cavalos do mundo. A indústria equina é uma das maiores fontes de emprego do país. Está entre as cinco primeiras. E eu acho que o hipismo pode ser olhado de outra maneira. Ele pode ser olhado como uma disciplina. Ou seja, o “camarada” que não tem condições de ter um professor particular teria acesso a cursos que iriam desde a limpeza de cocheiras à formação de cavaleiros de segundo grau, aptos a darem aulas de saltos até 1,30 metros. RP - A ideia seria montá-lo em Petrópolis? L.F. - Eu acho que aqui é o lugar. Você imagina o quanto as pessoas têm investido em cavalo e precisam de gente qualificada? Afinal, hoje, quem vem trabalhar com cavalo? Às vezes é o pedreiro que não encontra emprego. E aqui (com o projeto) quem for montar um haras encontrará mão de obra especializada através do curso profissionalizante. Com isso podemos atrair gente de todo Brasil e do exterior, principalmente da América do Sul onde isso não existe. Eu com 58 (anos) deveria estar quieto, mas eu quero fazer mais.
A Revista da Cultura e do Turismo
13
Bisbilhoteca
Bisbilhoteca
Bisbilhoteca
Gabriela Mistral
Gabriela Mistral
Bisbilhoteca
Um livro... Feito de que?
Texto: Eliane Maciel Fotos: Isabela Lisboa
Antes de serem como conhecemos, os livros já tiveram várias formas e... Composições: foram feitos de placas de argila prensada; folhas de papiro cuidadosamente enroladas; tabuinhas desenhadas de madeira ou pedra... Na atualidade, podem estar disponíveis no espaço virtual e acessíveis pela tela do computador ou do tablet. Porém, a forma é o que menos importa: a função principal dos livros, de informar, preservar o conhecimento e estimular a imaginação humana para ir sempre além, permanece intacta. E nada indica que, nem tão cedo, alguém vá inventar algo capaz de substituir o livro. Por isso mesmo, no próprio templo da tecnologia computadorizada - o LNCC, ou Laboratório Nacional de Computação Científica, que abriga um dos mais potentes computadores do país – existe um espaço privilegiado para uma importante biblioteca. Afinal, é mesmo lá, nos “bons e velhos livros”, que muitas vezes estão as respostas para os temas mais profundos e importantes da tecnologia. Com um acervo especializado nas áreas de Computação Científica, Matemática e Mecânica Aplicada, Teoria dos Sistemas e Controle, Ciência da Computação, Estatística e Biomatemática, a Biblioteca do LNCC tem como objetivo fornecer o apoio bibliográfico necessário ao desenvolvimento das atividades desenvolvidas na instituição, bem como a disseminação deste acervo para a comunidade técnico-científica. São mais de 10 mil volumes, 450 títulos de periódicos, além de teses, relatórios de pesquisa e obras de referência (dicionários, bibliografias, etc). A biblioteca conta, ainda, com um acervo de 2.500 livros eletrônicos, disponíveis em seus computadores. Tudo disponível também à comunidade e a pesquisadores. E,
O:
SERVIÇ
14
claro, todas as referências de seu acervo podem ser conferidas no site da instituição. Basta acessar www.lncc.br/pergamum. Há ainda disponível para download, uma série de teses defendidas por seus pesquisadores e alunos, através do link www.lnn.br/tclmc. E bem ao lado do LNCC, no CPTI – Centro de Educação Profissional em Tecnologia da Informação, também é comum encontrar os alunos explorando o conhecimento nas páginas dos grossos livros sobre programação, entre outros temas das ciências tecnológicas e aplicadas. A biblioteca do Centro de Educação conta com 900 títulos e mais de 50 teses de conclusão de curso de seus alunos. A sala de estudos conta com computadores, onde os estudantes, professores e pesquisadores podem agregar o conhecimento teórico com a prática. Ou seja, o livro, independente de seu formato, continua e continuará, por muito tempo, sendo a fonte de conhecimento para todas as áreas do saber. Tecnológicas ou não.
Biblioteca LNCC Avenida Getúlio Vargas, 333 – Quitandinha Telefone: 2233-6255 E-mail: library@lncc.br Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, de 8h30 às 18h Biblioteca CPTI Avenida Getúlio Vargas, 335 – 1º andar, Bloco 2 – Quitandinha Telefone: 2235-1079 E-mail: libist@lncc.br Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, de 8h30 às 13h e de 14h às 21h30
Petrópolis
A Revista da Cultura e do Turismo