Petrópolis Rio de Janeiro Novembro 2011 Distribuição Gratuita
Nº 31 Confira a Programação Cultural
A HISTORIA DO NEGRO NA PETROPOLIS IMPERIAL
Tesouros da Arquitetura Igreja de Sant'Ana e São Joaquim
Entrevista
Petrópolis Gourmet
Flavio Aniceto
11ª edição homenageia a Itália
[+] Vitral
comunidades quilombolas
resgate
remanescente Fundação Palmares justiça social
Vargem Grande
Manoel Congo
título definitivo de regularização fundiária
África
posse da terra por social e reconhecer o direito à atados pelo jugo aqueles cujos antepassados, aram duramente espúrio da escravidão, trabalh dir eit o à jus ta du ran te dé cad as, sem mitem resgatar remuneração. Estes atos nos per primordial destas e refletir sobre a influência s durante tanto culturas, que mesmo negada contribuição à tempo, deixaram uma indelével os – e gostamos brasilidade. Somos o que som herdamos dos de o ser – não apenas pelo que us. Entre os nossos antepassados europe iram esta terra e dignos trabalhadores que erig s, estão também que são nossos avós e bisavó oprimida de todos os que vieram da África, mãe os homens. s descendentes É tempo de dar a eles e a seu o devido valor, ou seja, a todos nós – Que se conheça, reconhecimento e visibilidade. sa face mestiça, enfim, todas as cores de nos Isso é apenas plural, genuinamente nacional. que um fato é motivo de orgulho. Mesmo por esta influência se incontestável: por toda parte, rque: “Negra é impõe. Ou, como dizia Chico Bua o da nobreza.” a mão da beleza/Negra é a mã
orgulho face mestiça
Petrópolis
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incontestável
contribuição à brasilidade
uma singela e No dia 16 de maio de 2011, e da Prefeitura emocionante cerimônia na sed va o resgate de Municipal de Petrópolis marca de autoridades uma omissão histórica. Diante istério Público da municipalidade, do Min mares – órgão Federal e da Fundação Pal onhecimento de responsável, no Brasil, pelo rec cerca de 100 comunidades quilombolas – Tapera recebiam moradores da Comunidade da ção fundiária de o título definitivo de regulariza mento de sua suas terras, e o reconheci lombola: ou seja, condição de comunidade qui do mesmo nome remanescente do quilombo 1850, passou a que, a partir da década de tes ao fazendeiro abrigar terras antes pertencen Fazenda Santo Agostinho Goulão, dono da ária é, portanto, a Antonio. A comunidade centen trê s gra nde s últi ma rep res ent ant e dos m em terras quilombos que existira s foram o da petropolitanas: os outros doi rro da Fazenda Vargem Grande, no atual bai , no Vale das Inglesa; o de Manoel Congo Videiras. comunidades Mas o reconhecimento das , assim como de remanescentes de quilombos abelecer a justiça indígenas, faz mais do que est reconhecimento
antepassados
e c fa a s s o n e d s re o c s a it u m As
Tesouros da Arquitetura A Matriz de Cascatinha
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Vitral
o que foi e é destaque em Petrópolis
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Capa
Mirmecologia
A história do Negro em Petrópolis
Saiba o que é
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Bisbilhoteca Os anúncios da escravidão
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ENCARTE COM A PROGRAMAÇÃO CULTURAL DO MÊS DE NOVEMBRO
@revpetropolis
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A R E V I S TA D A C U LT U R A E D O T U R I S M O
SUA AGENDA DE CULTURA E TURISMO
PREFEITURA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS Prefeito: Paulo Mustrangi FUNDAÇÃO DE CULTURA E TURISMO DE PETRÓPOLIS Diretor-Presidente: Gilson Domingos JORNALISTA RESPONSÁVEL: Isabela Lisboa (MTB 40.621/SP) GERENTE DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL: Pedro Troyack DESIGN GRÁFICO: DOM Criatividade | IMPRESSÃO: Editora e Gráfica Sumaúma CENTRO DE CULTURA RAUL DE LEONI: Praça Visconde de Mauá, 305 - Centro | Tel.:(24) 2233 1201 Site: www.petropolis.rj.gov.br | TIRAGEM: 6.000 exemplares
Texto e fotos: Isabela Lisboa
Igreja de Sant'Ana e São Joaquim Beleza neogótica no coração de Cascatinha
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Igreja de Sant'Ana e São Joaquim nasceu da vontade e da fé dos operários da Companhia Petropolitana de Tecidos, em sua maioria imigrantes italianos, que desejavam ter ali, um local de oração e prática da religião católica.
Em estilo neogótico, a fachada central possui em sua torre um relógio e, sobre ela, a flecha que termina em uma cruz. Suas laterais são marcadas por pequenos contrafortes que separam janelas tríplices, com arcos quebrados. Mas é em seu interior que a beleza arquitetônica encanta nossos olhos.
O terreno para construção da Igreja foi doado pela Companhia ao Bispado de Niterói, tendo sua Pedra Fundamental lançada em 1891.
Cada janela lateral tem o vão central preenchido por vitrais com figuras bíblicas e no teto de madeira, abobadado, as 32 pinturas são emolduradas e apoiadas em mão francesa (também em madeira). Três belos lustres harmonizam com o restante da decoração.
Para arrecadar fundos para as obras do que viria ser, mais tarde, a Matriz de Cascatinha, os operários e diretores da empresa, juntamente com os membros da Irmandade, realizaram uma festa com duração de três dias, às margens do Rio Piabanha. Sua inauguração ocorreu em 1898, entretanto, as obras só foram concluídas dois anos depois, tendo sido a Capela batizada, então, de Nossa Senhora de Sant'Ana e São Joaquim. Durante todos estes anos, a Igreja passou por diversas reformas. A primeira, em 1921 recebeu pinturas e as 32 telas retangulares, com motivos bíblicos, no forro do teto. Os artistas destas pinturas foram Augusto Weber e Acrysio Parreira, auxiliados por Osório Moreira da Silva.
O púlpito e os altares também são em estilo neogótico, sendo que no altar central, as imagens de Sant'Ana, São Joaquim, Jesus Cristo e Nossa Senhora recebem a luz natural de duas janelas laterais com o símbolo do Sagrado Coração. Para os apaixonados por arquitetura e/ou religião, a Igreja de Sant'Ana e São Joaquim ou como é mais conhecida, Igreja Matriz de Cascatinha, é um local imperdível para se conhecer.
Já em 1945, o padre José Jovita Monteiro Luiz, coordenou novas obras no interior e exterior da construção, realizadas pelo professor da Associação Petropolitana de Belas Artes, Pedro Holzer e José Quintella Neto. A última, ainda recente (detalhes do coro e das portas frontais ainda estão em fase final de restauração), teve como foco as pinturas, altares e púlpito, além da construção de uma rampa lateral de acesso para portadores de deficiência.
Serviço:
Igreja de Sant'Ana e São
tinha
Joaquim – Matriz de Casca
Melo, nº 01 – Cascatinha Praça Monsenhor Achiles o: Horário de Funcionament ingos 7h, 11h e 18h dom e 18h s, ado sáb : Missas 2242-5846 nto através do Tel.: (24) me Visitação mediante agenda 15h às 18h. das , eira ta-f taria: segunda a sex Funcionamento da Secre
Petrópolis
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Natal de Luz – Petrópolis 2011 A partir do dia 25 de novembro, Petrópolis se veste de luz e alegria em mais uma edição do Natal de Luz. Até 23 de dezembro a Cidade Imperial será palco de intensa programação cultural com: concertos de orquestras e coros, peças de teatro, grupos musicais, festivais de cinema, desfiles de Natal e muito mais. Entre as novidades deste ano está a Casa do Papai Noel, na Praça da Liberdade, onde o bom velhinho receberá toda a criançada. Confira a programação completa no encarte especial do Natal de Luz ou acesse: www.petropolis.rj.gov.br
Natal deLuz 2011
2º Festival Nacional de Cinema Petrópolis 2011 Acontece de 05 a 12 de novembro, no Theatro D. Pedro e Centro de Cultura Raul de Leoni, o 2º Festival Nacional de Cinema Petrópolis 2011. O Festival tem como foco a exibição de obras cinematográficas brasileiras, de formatos longas e curtas metragem, linguagens ficção, documentário e animação, previamente inscritas na Mostra competitiva do evento. As exibições acontecerão durante os oito dias do Festival que também contará com oficinas, palestras e encontros. A abertura será no dia 05, às 18 horas no Theatro D. Pedro. A programação completa pode ser conferida em: www.perfilconsultoriacultural.com.br.
Consciência Ampla Cultural: O Brasil que você não conhece Petrópolis recebe de 17 a 20 de novembro o projeto “Consciência Ampla Cultural: O Brasil que você não conhece”, festival de cultura e educação feito para você se divertir e compartilhar conhecimento, através de debates com artistas renomados, espetáculos de música, teatro, dança, contadores de histórias, oficinas e exposições de arte. Serão quatro dias de uma grande viagem pelas mais diversas manifestações culturais brasileiras, além da reflexão sobre o consumo consciente de energia. Confira a programação completa em: www.conscienciaampla.com.br Serviço: Local: Palácio de Cristal - Horário de funcionamento: das 10h às 21h (exceto domingo, que encerrará às 18h) Fotos: Isabela Lisboa Ingresso: gratuito
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Foto: Alexandre Peixoto
Festa do Dia das Crianças atrai 30 mil pessoas Espetáculos de dança, contação de história, pintura facial, música, pipoca, algodão doce e guaraná fizeram a alegria da criançada na festa realizada pela Prefeitura de Petrópolis em comemoração ao Dia das Crianças, no dia 12 de outubro, no Parque Municipal de Itaipava. As mais de 20 atrações, que começaram às 9h da manhã e só terminaram às 18h, levaram cerca de 30 mil pessoas ao local. Além de atividades culturais, a Secretaria de Saúde montou uma tenda com informações sobre sífilis congênita (doença passada de mãe para filho) e a Secretaria de Esportes e Lazer levou mais de 700 crianças de diversas comunidades para participarem de minitorneios esportivos, apresentações de taekwondo, além das demais atividades oferecidas no Parque.
Petrópolis promove com sucesso o turismo na ABAV...
Foto: Isabela Lisboa
O stand de Petrópolis, montado no 39º Congresso Brasileiro de Agências de Viagens e Feira das Américas – ABAV 2011, realizado de 19 a 21 de outubro no Riocentro (Rio de Janeiro), foi sucesso absoluto. Segundo a Gerência de Turismo da Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis, foram feitos mais de 600 contatos com agências, operadores e guias de turismo, que lotaram o espaço Petrópolis Imperial durante os três dias do evento. Entre as ações promovidas pela FCTP e o Petrópolis Convention & Visitors Bureau, se destacaram: a degustação de lançamento do XI Petrópolis Gourmet, a divulgação do Natal de Luz através do personagem “Anjo de Luz” e a doação de sementes de Ipês Amarelos, árvore símbolo da cidade.
Fotos: Isabela Lisboa
... e encanta o público do Salão Estadual de Turismo Já no Salão Estadual do Turismo, realizado nos dias 22 e 23 de outubro, em uma tenda de 3.200 m² montada sobre a praia de Copacabana, milhares de pessoas puderam conhecer não só os roteiros turísticos de Petrópolis, como também a tradição do canto coral da cidade, através de uma belíssima apresentação do Coral Municipal. Santos Dumont (interpretado pelo ator petropolitano, Sylvio Costa Filho), também esteve presente, atraindo os olhares de curiosos, que faziam questão de tirar uma foto com o Pai da Aviação. Alguns dos principais eventos da cidade foram divulgados através das presenças das Rainha e Princesas da Bauernfest, do Anjo do Natal de Luz e da “Chef” do Petrópolis Gourmet.
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NEGRA
E A MAO DA NOBREZA Texto: Eliane Maciel l Ilustrações: Jean Baptiste Debret e reprodução
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ormalmente, quando pensamos na construção de Petrópolis, vêm à mente os imigrantes alemães, italianos, portugueses, franceses e ingleses que deram à cidade a sua fisionomia europeia. Porém, não se pode esquecer a marcante presença dos negros africanos e brasileiros que também contribuíram para o desenvolvimento da região, mesmo sem opção: já que, muitas vezes, viviam a triste condição escrava.
Mesmo antes de nossa cidade existir, a presença negra na região já era reconhecida. Em 1736, o recenseamento feito pela Paróquia de Nossa Senhora do Inhomirim registrava que, de Engenhoca à Paraíba do Sul, existiam 22 fazendas e sítios habitados por 343 almas “entre brancos e negros”. De tal forma que o primeiro batizado registrado nas terras da futura Petrópolis foi de uma menina, “a mulatinha Jacinta”, em 26 de outubro de 1734, na Capela de Nossa Senhora da Conceição das Pedras, em Araras. Estes negros trabalhavam na lavoura e nos cuidados domésticos, mas eram principalmente ferreiros, muleiros, canoeiros, ou seja: exerciam ofícios necessários àqueles que cruzavam as serras, em busca do sertão. Com o tempo, sua presença cresceu, como em todo o Brasil Colônia: anais de época registram que na Fazenda do Padre Corrêa, em Corrêas, “mais de 400 escravos de ambos os sexos” trabalhavam na produção de todo o tipo de artesanato e, em especial, ferraduras para animais de carga e
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montaria. Além disso, a mão negra, escrava ou liberta – assim como a dos índios Coroados – somou seus esforços à alemã e francesa, na abertura da Estrada Normal da Serra da Estrela. Embora a presença do imigrante europeu tenha sido predominante, não é correto afirmar que nossa cidade não possuía escravos. A prova está nos jornais da época que não se cansavam de anunciar compras e vendas, assim como recompensas para quem devolvesse aos donos os fugitivos, que não escapavam apenas no núcleo urbano, mas também, e principalmente, das fazendas de café do Vale do Paraíba (leia a Bisbilhoteca - pág 14). De fato, os escravos dos nobres e ricos burgueses que vinham para o veraneio acompanhavam seus senhores, para assistilos nos serviços domésticos. E a sofisticação dos hábitos acabou criando marcantes personagens, também, na crônica da cidade. Precursora das modernas “chefes de cozinha”, a negra Sofia ganhou fama internacional como “a cozinheira dos embaixadores”. Porém, é correto afirmar que a tradição abolicionista da Família Imperial realmente fez da cidade um polo onde eminentes pensadores da época, como Joaquim Nabuco, buscavam encerrar este vergonhoso capítulo da história nacional. Na atual Praça da Liberdade, era comum que negros libertos vendessem seu artesanato para obter recursos para libertar outros negros. A Princesa Isabel, a Redentora, que
A Revista da Cultura e do Turismo
ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE ZUMBI E O QUILOMBO
DE PALMARES O quilombo de Palmares foi uma vila localizada entre Alagoas e Pernambuco. Surgiu no final do século XVI, só foi destruída em 1695 – e chegou a abrigar 20 mil pessoas, a maioria delas, escravos fugitivos dos canaviais pernambucanos.
libertou todos os escravos em 13 de maio de 1888 – e os de Petrópolis mais cedo, em 01 de abril do mesmo ano – fez da camélia o seu símbolo pessoal: a linda flor branca, que ainda floresce nos jardins do Museu Imperial, era produzida no quilombo instalado no local onde, hoje, se encontra o bairro do Leblon. Adotando o símbolo, os intelectuais da época, num gesto que os identificava, também traziam a camélia à lapela, como símbolo da pureza de seus anseios de liberdade e justiça social.
Petrópolis e os Quilombos A história registra a presença de pelos menos três quilombos importantes na região onde, hoje, se encontra Petrópolis. O mais antigo foi o da Vargem Grande, no atual bairro da Fazenda Inglesa, formado por cerca de 200 escravos fugitivos por volta de 1820: deste, a única lembrança é o nome do rio que corta o local, o Rio do Quilombo. O mais famoso foi o de Manoel Congo, o maior do estado do Rio de Janeiro, que abrigou escravos fugidos, principalmente, das fazendas de Paty do Alferes, no atual Vale das Videiras. E o outro, ocupado em 1852 em terras doadas por um dos pioneiros da cidade, Agostinho Corrêa da Silva Goulão, é a comunidade da Tapera, cujos descendentes acabam de ser reconhecidos como legítimos “quilombolas”, ou seja: herdeiros das terras e da cultura de seus antepassados.
Palmares, provavelmente, foi um dos nossos maiores e mais bem organizados quilombos. Seus moradores lutavam para resgatar outros escravos. As autoridades coloniais tentaram invadir o quilombo mais de 40 vezes, sem sucesso. Em 1678, tentaram um acordo com Zumbi, sua maior liderança: não atacariam mais o quilombo, nem fariam retaliações aos fugitivos, se os negros foragidos retornassem à escravidão. Zumbi não aceitou a condição e a guerra foi retomada, com força total. Em 1694, Palmares foi invadido e destruído. Zumbi, foragido, ainda lutou um ano pela causa da libertação até morrer em batalha, em 1695.
Escravas de diferentes nações
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portano a Petrópolis* Petrópolis Gourmet homenageia a Itália
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Texto: Júlia Ourique l Fotos: Bruno Wanderley ue tal saborear os melhores pratos italianos na cidade mais charmosa da Região Serrana?
Quinto melhor polo gastronômico do país, quem visita a Petrópolis Imperial se depara com centenas de restaurantes, prontos para oferecer as mais variadas iguarias da gastronomia. E para celebrar esta tradição é realizado, há 11 anos, o Petrópolis Gourmet que este ano traz como tema “Sapore D'Italia – A tradição da cucina italiana na serra”.
O tema é uma homenagem ao Ano da Itália no Brasil, que acontece até meados de 2012 e será marcado por vários eventos em todo país, valorizando a cultura e a contribuição deste povo na terra tupiniquim. De 03 a 26 de novembro, o público está convidado a contemplar o talento de chefs gastronômicos nacionais e internacionais, através de oficinas e uma série de eventos culturais, especialmente preparados para os apreciadores da boa mesa. Os restaurantes participantes do Petrópolis Gourmet (são 24 no total) deverão preparar o seu menu inspirado nesta culinária, buscando seus ingredientes mais peculiares e seus sabores mais característicos. “Sem dúvida a homenagem à Itália é um grande atrativo, ela está presente na vida da maioria das pessoas e os restaurantes de Petrópolis vão ter a oportunidade de explorar clássicos e novidades desta culinária”, disse Bruno Wanderley, presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, realizador do evento.
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Segundo os organizadores do evento, o Festival gera um grande fluxo turístico na cidade, movimentando R$ 10 milhões, só na parte hoteleira. Os shoppings Arcádia, Estação, Vilarejo e o bairro Vale do Cuiabá receberão o público do evento que deve atrair este ano 15 mil pessoas. O ex-chef do programa Mais Você da Rede Globo, Márcio Moreira, participará da Cozinha Itinerante “Nossa Panela Brasil”, através de oficinas. E no Vale do Cuiabá o diferencial será a interação dos chefs com o público durante a preparação dos pratos. Na cozinha montada para o evento, todos poderão assistir a preparação das receitas, e no final o público poderá experimentar as delícias produzidas. Um dos pontos principais do projeto é ensinar a população a reaproveitar alimentos em suas receitas para inovar e, claro, economizar também. Uma das grandes novidades desta edição é a parceria com a Casa D'Itália Anita Garibaldi, que desde 1987 atua preservando a história dos imigrantes italianos na cidade. A instituição é responsável, juntamente com a Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis, pela realização da “Serra Serata – A Festa Italiana de Petrópolis”, que ocorre todos os anos em homenagem àqueles que acrescentaram, na construção da identidade petropolitana, muitos de seus traços característicos como a alegria e a valorização da tradição. Quer saber mais? Acesse www.petropolisgourmet.com.br e confira a programação completa. Acompanhe também as novidades pelo Twitter @PetroGourmet e pelo Facebook Petrópolis Gourmet.
*Todos os sabores levam a Petrópolis
Tutte le sapore
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I M PÓECSOILO OG IA
DE MIRM s i l o p ó r t e P m e re ú n e c i e n t i st a s Texto: Vitor Sznejder Fotos: divulgação
Você já ouviu falar em Mirmecologia? E nas formigas-correição? Pois Petrópolis foi a sede - de 16 a 20 de outubro passados - do XX Simpósio de Mirmecologia e do I Encontro de Mirmecologia das Américas, congresso internacional voltado para o estudo das formigas. Mais de 400 especialistas passaram pelo Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis, sede do simpósio organizado pela Universidade Rural do Rio de Janeiro. O homenageado especial foi o Frei Thomas Borgmeier (1892-1975), reconhecido mundialmente pelos seus estudos sobre o mundo dos insetos - iniciados aqui mesmo, no início do século passado tendo se dedicado, principalmente, ao estudo dessa espécie de formiga, a já mencionada “correição”. A Mirmecologia - palavra de origem grega - estuda todos os aspectos das formigas - da biologia à taxonomia, da fisiologia à ecologia, e da biogeografia à sua importância econômica. É uma subdisciplina da entomologia e está inserida na categoria da zoologia. Quer saber mais? Acesse: www.myrmeco2011.com.br
Petrópolis é a maior exportadora de serviço, com faturamento superior a US$ 1 bilhão/ano, despontando nas áreas de tecnologia e mecânica leve, tendo recebido, somente em 2009, R$ 71 milhões de investimentos das empresas do setor , gerando mais de mil empregos por conta dos incentivos fiscais concedidos pela Prefeitura. Nos últimos dois anos e meio, a cidade tem oferecido incentivos fiscais a empresas de alta tecnologia, gerando centenas de novos empregos.
Um Franciscano voltado à Entom
ologia
Frei Thomas Borgmeier nasceu em 1892 na Alemanha. Depois de terminar o ginasial, decidiu tornarse franciscano e imigrou para o Brasil em 1910. Veio estudar Teologia em Petrópolis, entre 1915 e 1918. Influenciado por um cientista alemão que dirigia o Museu Paulista, interessou-se pelo estudo das formigas e, em 1955, a editora Vozes publicou sua obra sobre as “Formigas-correição neo-tropical”, alvo de seu especial interesse. Reconhecido mundialmente pelos seus trabalhos entomológicos, Frei Borgmeier publicou, ao longo de sua carreira, mais de 5 mil páginas sobre formigas e insetos.
As Formigas-Correição
Petrópolis: Turismo de Negócios e Acadêmico A escolha da cidade como sede desse encontro tem sua explicação na história de um dos maiores estudiosos desse assunto, cientista alemão que escolheu Petrópolis para estudar e viver. Mas também indica o crescimento, em Petrópolis, do chamado turismo de negócios e reafirma a vocação acadêmica da cidade - centro de referência em Medicina, por exemplo - e também tecnológica (vide Petrópolis-Tecnópolis, Centros de Inclusão Digital e outras iniciativas).
Petrópolis
Também conhecidas pelos nomes tauoca, tanoca ou taoca, essas são formigas carnívoras, que se organizam em expedições e vivem em constante movimento. O grupo inclui mais de 200 espécies de subfamílias, muito comuns na América do Sul e na África. Segundo os estudiosos, existem cerca de 10 mil espécies em todo o mundo, sendo 2.500 originárias e exclusivas do Brasil. Supõe-se que surgiram entre 80 e 140 milhões de anos atrás e se dividem, resumidamente, em três castas: as “rainhas”, que tem função reprodutora e vivem entre dez a 20 anos; as “machos”, que têm a única missão de copular com a rainha e depois disso morrem; e as “operárias”, que constituem a maioria, responsáveis pela procura de comida e água, cuidar da rainha, dos filhotes e da segurança do formigueiro.
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Entrevista
FLAVIO ANICETO
Em nome da Cultura Concedida a: Isabela Lisboa Fotos: Isabela Lisboa
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o mês em que se comemora o Dia Nacional da Cultura (05 de novembro), a Revista Petrópolis foi até o bairro Glória, no Rio de Janeiro, para conversar com Flavio Aniceto. Responsável pela consultoria do Plano Municipal de Cultura de Petrópolis, aprovado em 2010, pela Câmara de Vereadores, este cientista social, produtor e consultor cultural, ganhou o carinho e o respeito dos segmentos culturais locais, através de seu profissionalismo, simpatia e respeito à diversidade.
Agora ele recebe a nossa equipe para falar sobre sua trajetória e as políticas públicas que vem transformando Petrópolis e o país.
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Petrópolis
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Revista Petrópolis – Peça fundamental na elaboração do Plano Municipal de Cultura de Petrópolis, você também tem sido uma importante ferramenta na elaboração de políticas públicas culturais em diversas cidades do Rio de Janeiro. Como surgiu esse interesse pelas causas culturais? Flavio Aniceto - Foi na escola, há quase 20 anos. Eu comecei a fazer teatro ainda no primário. Era um teatro bem politizado: o Teatro do Oprimido de Augusto Boal. Passávamos o dia todo na escola com uma série de atividades culturais e políticas filosóficas. E eu acabei me envolvendo nesta última com apenas 12 anos. RP – Você é natural de Nova Iguaçu, mas foi na capital que se envolveu definitivamente com o segmento. Como se deu essa ponte? FA - Ainda na baixada eu comecei a participar de outras questões da política de Nova Iguaçu. Era um período que tinham muitas greves, muitos acontecimentos, então passei a vir para o Centro ( do Rio de Janeiro), para passeatas. A partir daí comecei a me dedicar à política mais estrita, com os movimentos sociais e estudantis. Em 1996, fui trabalhar na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. No ano seguinte, houve a retomada dos movimentos ligados ao samba e à Lapa e, como eu era a pessoa mais próxima deste tipo de linguagem, comecei a atuar colaborando com os projetos e fazendo um pouco a ponte entre algumas ações da Câmara. A minha questão com políticas públicas para a Cultura vem deste período. RP - Então quer dizer que você fez parte deste movimento que tem transformado a Lapa? FA - Com certeza. Na ocasião não percebi o que estava fazendo, mas olhando 10 anos depois, sim. Eu cheguei a falar sobre isso em Petrópolis, na fase final do meu trabalho, sobre esta a questão e a de se fazer um corredor cultural, uma das propostas do Plano de Cultura. RP – Mas o movimento da Lapa surge, a princípio, com pequenos grupos culturais organizados pela sociedade civil, não? FA – Sim. Algumas pessoas colocam como marco, por exemplo, Lefe Almeida que é um produtor cultural que, com outros sócios, transformam um pequeno antiquário na Rua do Lavradio nº 100, em uma casa de samba e de choro. Outro grupo de Osvaldo Cruz, que é mais do subúrbio, também começa a fazer ações debaixo dos Arcos (da Lapa). Desta forma, a Câmara entra com algumas ações
para essa área. Com o início de outros projetos em Santa Teresa e em Botafogo, a Câmara entra também no processo e começamos a fazer algumas seções todo ano, em torno do Dia do Samba. RP – Até este momento, as políticas culturais ainda não eram bem definidas. Quando se dá essa mudança? FA - Mais ou menos em 2003, no início do governo Lula, do Ministro Gilberto Gil e com a gestão do Antonio Grassi na FUNARTE, há uma ebulição de acontecimentos. A primeira Conferência de Cultura, muitos seminários... Então as pessoas começam a descobrir um mundo novo e todo mundo fica eufórico. RP- Neste momento você acredita que a sociedade civil começa a ter mais voz? FA – O processo envolve reunir as pessoas e discutir as políticas públicas. O que foi feito em Petrópolis. É claro que você tem lá, a lei do Sistema e o Plano (Nacional de Cultura), mas existe este processo que eu acho muito importante de se juntar as pessoas, elas terem voz e serem ouvidas. Então o que começou entre 2003 e 2005 se tornou um caminho natural de participação.
O processo envolve reunir as pessoas e discutir as políticas públicas...... RP - Como surgiu o convite para fazer parte da elaboração do Plano Municipal de Cultura de Petrópolis? FA - Eu conheci o Pedro Troyack (Gerente de Programação Cultural da Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis), por conta dessa trajetória política e cultural. Com a aprovação, em 2009, do Plano (Municipal de Cultura) na Conferência de vocês, ele precisava de alguém para trabalhar como consultor. Ele buscou alguns nomes aqui no Rio e acabou chegando ao meu. RP - E como foi para você a realização deste trabalho em Petrópolis? FA - O trabalho foi maravilhoso. Eu senti certo impacto porque tive uma mudança cultural muito grande. Mesmo com a proximidade do Rio de Janeiro, é outro universo, outro mundo. Em Petrópolis existem algumas pessoas ainda com questões muito arraigadas e eu estava entrando em um terreno novo,
politicamente, socialmente e culturalmente. E como em qualquer lugar, você vê os pequenos ódios e amores de uma comunidade cultural que não gosta da outra. No meu caso, pessoalmente, foi uma experiência incrível porque pude perceber, na prática, essa diversidade cultural. E do ponto de vista técnico, o trabalho foi bem feito. Não exatamente por minha aptidão ou minha competência, mas pelo resultado e, principalmente, pelo processo realizado. RP – Qual fator você acredita que torna Petrópolis tão diferente da Capital? FA – Petrópolis é uma cidade que tem um sentimento, devido sua formação, muito europeu. As pessoas são mais fechadas. Mas a cada dia fui aprendendo a lidar com isso e foi muito importante para mim. Porque saí dessa experiência lidando muito bem com todas as pessoas e, até hoje, nos falamos por e-mail ou redes sociais. RP- Podemos dizer que Petrópolis é um case de sucesso no que se refere ao Sistema e Plano Municipal de Cultura no Estado? FA – É sim. Após um ano daquele processo novo, acho que falta apenas fazer uma “costura” final, dividindo as responsabilidades entre o poder público e a sociedade civil. Mas com certeza, este foi o case do estado do Rio de Janeiro. RP - Petrópolis é a única cidade do estado do Rio de Janeiro a ter um Sistema Municipal de Cultura? FA – Com Plano e Sistema aprovados, acredito que apenas Petrópolis. Eu posso estar enganado. Porque São Gonçalo aprovou, mas ainda nada foi feito. Araruama, pelo arrojamento e compromisso, deve aprovar o seu Plano ainda este ano. Fomos conversar em outras cidades, mas esbarramos em uma série de questões burocráticas e legais. Angra (dos Reis), por exemplo, tem a intenção de fazer este ano, mas acredito que somente em março (de 2012) vá se concretizar.
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Bisbilhoteca
Bisbilhoteca
Bisbilhoteca
Gabriela Mistral
Gabriela Mistral
Bisbilhoteca
ANÚNCIOS DA ESCRAVIDÃO Tratados como mercadoria, negros eram comercializados através dos jornais do séc. XIX Texto: Isabela Lisboa
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ontes inesgotáveis de conhecimento, jornais e periódicos antigos retratam os usos, os costumes e os hábitos de uma época. Através deles “mergulhamos” nas histórias, nos grandes acontecimentos e nos fatos curiosos do dia a dia das sociedades de outrora.
Moleque Vende-se um vistoso moleque de 18 a 20 annos de idade, muito bom pedreiro de cimalha e tornijo, na Rua do Imperador nº 3. (O Parahyba - 24/01/1858)
Entre matérias de texto rebuscado, às vezes, quase poéticas, encontramos anúncios pitorescos que retratavam bem a forma de pensar e de viver das pessoas. Os primeiros anúncios brasileiros, sobre venda de casas, foram publicados por volta de 1807, no primeiro jornal carioca “Gazeta do Rio de Janeiro”. Já em 1808, iniciavam-se os anúncios de emprego:
“Precisa-se de mulher para senhora inglesa, que saiba lavar, engommar e coser”. Entretanto, o que mais nos chama a atenção são os anúncios dedicados à venda e aluguel de escravos. Tratados como mercadorias, eram anunciados como animais, através de suas descrições físicas e habilidades. Quando fugiam, seus “donos” usavam os jornais para publicarem seus desaparecimentos, oferecendo gratificações a quem encontrasse os “fujões”. O primeiro anúncio publicado referente a escravos foi em 07 de janeiro de 1809:
“Em 20 de agosto fugiu um escravo preto por nome Matheus, mãos grandes, dedos grossos...”
É o triste registro de uma época, onde pessoas eram maltratadas, presas e submetidas a inúmeras injustiças. Os textos que apresentaremos a seguir são algumas reproduções de anúncios publicados em 1858 e 1883, nos jornais O Parahyba e O Mercantil, ambos de Petrópolis. Anúncios estes que esperamos continuarem assim: antigos registros de uma história que não volta mais.
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Petrópolis
Attenção Na Rua do Imperador n. 3, empresta-se dinheiro sobre penhores de prata, ouro e brilhantes. Na mesma casa comprão-se escravos preferindo-se pretos fortes, ainda que sem officio; havendo tambem para vender uma preta que lava e cosinha, muito própria para casa de pouca família, por 900$000. (O Parahyba - 17/06/1858)
PRETA FUGIDA. Desappareceo no dia 11 do corrente, de casa do Sr Jorge Karmm, na Villa Thereza n. 14, tendo sahido com licença para passear, a preta Rita, de nação Benguella, de altura regular, falla ligeiro e tem dedo pequeno do pé um pouco levantado, levou chalé de merino amarello, vestido de chita em cassa, de babados com barra azul, e tem muitos signaes de castigo no corpo. O abaixo assignado dá boa gratificação a quem a apprehender, e protesta com todo o vigor da lei contra quem tiver acoutado. Villa Thereza 15 de julho de 1858. J. Karmm. (O Parahyba - 18/07/1858)
Amma de leite Aluga-se uma parda escrava, sadia, com muito bom leite (primeiro parto), boa conducta; para informações, nesta typographia. (O Mercantil – 12/05/1883)
A Revista da Cultura e do Turismo