Fundação Alentejo
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“Um projecto educativo - Uma bela aposta para a Juventude e para o Alentejo” In, Cidades & Municípios, “A Construção do Futuro”, 29 de Junho de 1992, pp. 30 a 31
“Tiago Lavado, 18 anos, 3º Curso de Técnicos de Comunicação Social (vertente de Produção, Realização e Audiovisual), Escola Profissional da Região do Alentejo. Conheceu a EPRAL através de uma psicóloga e diz estar satisfeito com a escolha. No futuro, quer prosseguir estudos (cinema) mas não tem dúvidas em afirmar que o ensino profissional é uma boa aposta, sobretudo para quem ‘se quer empregar mais cedo’. Esta escola deu, neste congresso, provas de grande profissionalismo” In Revista Fórum Estudante, nº 105, Julho de 2000, p. 22
“ ‘A Escola deve adaptar-se’. Há 10 anos Fernanda Ramos lançou-se no desafio de edificar uma escola profissional no Alentejo, que hoje é a ‘maior empresa da região’ ”. In José Miguel Dentinho e Alfredo Rocha, in Revista Executiva, Setembro 2000, p. 50
“Seis escolas portuguesas entre as melhores do mundo. Escola Profissional da Região do Alentejo. Escola Básica 2.3 de Miragaia, Porto. Complexo Escolar do Rodo, Régua. EB 2,3 Júlio Brandão, em Famalicão. EB do 3º ciclo e secundário das Laranjeiras, em Ponta Delgada. Todas estas escolas são das melhores do mundo, diz a OCDE, que as escolheu para o seu mostruário de 2000.” Andreia Sanches, in Revista Educação, 2 de Setembro de 2000, p. 26
“Bênção das Pastas na Igreja de São Francisco. Mais de 235 jovens formados pela EPRAL no ciclo formativo de 1998/2000” In Diário do Sul, 19 de Novembro de 2001, pp. 1 e 13
“Fundação Alentejo certifica competências e reforça missão. Atenta às necessidades dos recursos humanos das comunidades onde intervém, mais uma vez a Fundação Alentejo mobiliza esforços, desta vez, no sentido de contribuir para a certificação dos adultos com baixos níveis de escolaridade” In Diário do Sul, 20 de Março de 2002. p. 5
“ ‘O mito do canudo já não é o que era’. Ministro David Justino defende que os cursos secundários profissionais são uma mais-valia social” José Mota e J.A. Souza, in Jornal de Notícias, 15 de Maio de 2003
“Nove mil alunos excluídos das escolas profissionais. A única via de ensino que parece ter algum sucesso no ensino secundário é a profissional, onde 66 por cento dos alunos concluem os seus estudos nos três anos regulamentares. Mesmo assim, há 8700 alunos que tentam frequentar estas escolas e não conseguem obter vaga, um dado tanto mais importante quanto a empregabilidade posterior é muito elevada” Maria José Margarido, in Diário de Notícias, 15 de Maio de 2003
Fundação Alentejo
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Fundação Alentejo 1999-2009 Edição Fundação Alentejo www.fundacao-alentejo.pt Fotografia Arquivo da Fundação Alentejo Sofia Ramos Susana Rodrigues e David Prazeres Design, Pós-produção fotográfica e Paginação David Vieira da Silva Prazeres Pré-Impressão, Impressão e Acabamento Multiponto - Rafael, Valente e Mota, S.A. Depósito Legal xxxxx/2009 ISBN 978-989-96160-0-4
índice
5 Fundação património dos alentejanos
Fernanda Ramos
8 Órgãos Sociais da Fundação em 1999 9 As Fundações e a Sociedade Civil
Dr. Rui Vilar, Direcção do Centro Português de Fundações
14 O modelo inovador das Escolas Profissionais
Margarida Marques
20 Fundação Alentejo (1999-2009) Marcos de um Projecto com História 31 Entrevista a Fernanda Ramos 40 EPRAL - “Estabelecimento de Ensino Exemplar”
Cláudio Ramos e António Lula
54 EPRAL – Parcerias em rede
João Lázaro
62 Gestão Pedagógica “em rede”: Um factor-chave no sucesso educativo da EPRAL
Ana Paula Afonso Carriço
72 O Centro de Recursos em Conhecimento da Fundação Alentejo / EPRAL
Raul Rasga
80 Centro Novas Oportunidades da Fundação Alentejo
Hugo Rico
96 Órgãos Sociais da Fundação em 2009
Fundação património dos alentejanos Sinalizar o aniversário de uma instituição como a Fundação Alentejo em Maio, tem um significado especial que não deve ser esquecido: Maio, e mais propriamente o dia 9 de Maio é o dia da Europa e este projecto que temos vindo a acalentar com esforço e carinho é, claramente, filho dessa nova aventura portuguesa: a integração do nosso país e do nosso povo na casa comum europeia. Comemoramos a 9 de Maio a instituição formal da Fundação Alentejo, mas, em boa verdade, a nossa história é mais longa do que estes 10 anos que hoje sinalizamos. Mergulha nos finais de década de oitenta e alimenta-se dessa nova aventura que Portugal finalmente democrático e regressado aos estreitos limites do seu território europeu, entendeu empreender. Do projecto VAGA-JOVEM - vector agro-alimentar do Alentejo, submetido e apoiado em 1988 pelo programa comunitário PETRA, à criação da Escola Profissional da Região Alentejo, em 20 de Agosto de 1990, não foi mais do que um passo, um pequeno passo, que já transportava em si a vontade, a determinação e o espírito que haveriam de presidir à instituição da Fundação Alentejo em 09 de Maio de 1999. Era o desafio europeu a levar-nos por novos caminhos, pelos caminhos da inovação e da procura de soluções novas para problemas que, muitos, julgavam intransponíveis. Com a entrada na Europa tornou-se para nós claro que, se quiséssemos, o nosso território e a nossa gente não estavam condenados ao abandono e ao atraso estrutural de séculos. Com humildade mas com determinação, percebemos, então, que podíamos ser artífices de um novo futuro. Para além da esperança de um futuro que viria ter connosco, lançámos mãos à sua construção.
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Fundação património dos alentejanos
Hoje comemoramos esse acto que, sem pesar suficientemente custos e sacrifícios com que nos iríamos confrontar, resolvemos assumir e, de forma sistemática, renovar em cada novo ciclo, em cada nova candidatura em cada novo desafio. A EPRAL em Évora, Estremoz e Elvas, o Centro RVCC, hoje CNO da Fundação Alentejo em Évora e em Elvas, os milhares de jovens diplomados, de adultos qualificados e de colaboradores, tudo isso é a Fundação Alentejo em 2009. A Fundação, tal como a EPRAL já o era, é património do Alentejo, dos alentejanos, é um recurso de reconhecida qualidade que temos vindo a consolidar e a ampliar para valorizar aquilo que de mais relevante possui o nosso território: as suas gentes, os seus jovens e os adultos. Para o efeito, contámos, desde a instituição da Fundação Alentejo, com a disponibilidade de personalidades e instituições que aceitaram generosamente integrar os seus Órgãos Sociais, acreditaram em nós e aceitaram envolver-se nesta aventura de construir um Alentejo mais desenvolvido, mais atractivo, mais europeu. Hoje, mais conscientes das dificuldades, mas igualmente conscientes das expectativas que fomos comprovadamente criando junto da nossa comunidade regional, sentimos que não podemos deixar de expandir este projecto e rentabilizar, ao serviço da região, este potencial físico e humano. Consolidar e actualizar de forma dinâmica e criativa o que já construímos e alargar a nossa intervenção a outros níveis do sistema educativo, na deliberada procura da promoção de uma cada vez maior igualdade de oportunidades é o novo passo que nos propomos dar e o compromisso que, hoje, assumimos.
Fernanda Ramos, Maio de 2009 Presidente da Fundação Alentejo 8
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9 Maio 1999
Acto legal de instituição da Fundação
Instituição solene da Fundação Alentejo e tomada de posse dos Órgãos Sociais
órgãos sociais em 1999 ~ 1º Mandato (1999-2003) 3. CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
4. CONSELHO FISCAL
União Geral dos Trabalhadores UGT/ Distrito de Évora, João Toscano
Fernanda de Sousa Gonçalves Carvalho Ramos, Presidente
Ensino Superior Pela Universidade de Évora e Instituto Politécnico de Portalegre, Nuno Grilo de Oliveira
António José Bordalo Lula, Vice-Presidente Formação Académica em Sociologia pela U.E., Presidente da Mesa da Assembleia Geral do CEDRA, Membro da Direcção Técnico-Pedagógica da EPRAL de 1990 a 1999
José Gabriel Paixão Calixto, Presidente Gestor, Licenciado em Economia pela U.E., Membro da Comissão Directiva do CEDRA e Director Financeiro da EPRAL
1. PRESIDENTE Fernanda de Sousa Gonçalves Carvalho Ramos Gestora, Presidente da Comissão Directiva do CEDRA e da Associação Nacional do Ensino Profissional, foi autarca com pelouros de Turismo e de Educação e Cultura, é Directora da EPRAL entre 1990 e 2005 2. CONSELHO GERAL Fernanda de Sousa Gonçalves Carvalho Ramos, Presidente Representante de: Comissão de Coordenação da Região Alentejo Dr. José Ernesto de Oliveira, Presidente da CCRA Câmaras Municipais Évora, Vereador, José António Almeida Henriques Estremoz, Presidente, Luís Filipe Mourinha Elvas, Vereadora, Vitória Júlia Damião Rita Branco Campo Maior, Presidente, José Manuel Burrica Monforte, Presidente, Rui Manuel Maia da Silva Portel, Presidente, Norberto Lopes Patinho Vila Viçosa, Vereador, Joaquim António Mourão Viegas Conselho Regional dos Núcleos Empresariais Pelos NERE e NERPOR, Adolfo Jorge Abreu Gomes da Silva Associações Comerciais Pelas Associações de Évora, Portalegre e Elvas, Armindo das Dores Jubilot Leão Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses União dos Sindicatos do Distrito de Évora, José Maria Rodrigues Figueira
Membros a título pessoal, designados nos termos do art. 17º, alínea i) dos Estatutos: Mariana Santos Calhau Perdigão Personalidade eborense ligada à Educação, Cultura e Solidariedade, foi Governadora Civil do Distrito de Évora e Membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Évora Carlos Alberto Falcão Marques Doutorado em Economia Agrícola, foi Docente da U.E. e é Director da Direcção Regional do INE - Instituto Nacional de Estatística Francisco Santos Rodrigues Professor jubilado do Ensino Preparatório, foi orientador de estágios na formação em exercício de docentes do ensino regular, é Membro da Comissão Directiva do CEDRA, foi Membro da Direcção Pedagógica da EPRAL de 1990 a 1998 José Carlos Zorrinho Doutorado em Gestão da Informação, Docente da U.E., foi Deputado à Assembleia da República e Presidente do Conselho de Gestão do PROALENTEJO Manuel José Madeira Piçarra Empresário e Gestor de Empresas, Fundador e Director do Jornal “DIÁRIO DO SUL” e dinamizador da rádio local TELEFONIA DO ALENTEJO Manuel Rui Azinhais Nabeiro Empresário e Presidente do Grupo de Empresas DELTA, Cidadão Benemérito e Comendador da República
Fernando Carvalho Ramos, Vogal Membro da Comissão Directiva do CEDRA e Responsável pelo Departamento de Gestão de Instalações e Aprovisionamento da EPRAL Mafalda Cristina Mata de Oliveira Troncho, Vogal Licenciada em Gestão de Empresas pela U.E., com dissertação final sobre “Formação Profissional e Emprego”, Deputada à Assembleia da República Carlos Alberto Lourenço Cunha, Vogal Licenciado em Filosofia e em Direito, é actualmente Membro do Conselho de Administração PEC/SGPS Cláudio Hermínio Gonçalves Carvalho Ramos, Membro Suplente Maria da Encarnação Santos Carvalho Calixto, Membro Suplente
Acácio Monteiro Alferes, Vice-Presidente Director Comercial, da Área Comercial do Alentejo, na Caixa Geral de Depósitos Maria do Rosário Mira de Carvalho, Revisora Oficial de Contas ROC - Revisora Oficial de Contas Henrique José Mexia Mendes, Membro Suplente Katya Solange Gonçalves de Carvalho Ramos, Membro Suplente
As Fundações e a Sociedade Civil O agravar das desigualdades económicas, educacionais e culturais, resultante dos crescentes índices de pobreza e de exclusão social no mundo, do alargamento do fosso existente entre ricos e pobres, das novas pandemias ou das questões ambientais, tornam necessário encontrar respostas alternativas no seio da própria sociedade civil. Podemos afirmar que é um dever e uma obrigação de todos os cidadãos intervir na resolução dos problemas da sociedade que não sejam resolvidos, ou não o sejam satisfatoriamente, pelos poderes públicos e pelo mercado. É neste contexto de sociedade civil, de cidadãos auto-administrados e auto-organizados através de instituições, altruístas e não lucrativas, das quais fazem parte as fundações, que estas prosseguem os seus interesses e defendem os seus valores. Por se tratarem de instituições de participação colectiva, com um objectivo mais vasto do que a mera soma dos interesses particulares, estas instituições traduzem uma consciencialização da importância da partilha de determinados valores e princípios da vida em comunidade, contribuindo, deste modo, para a construção gradual de uma sociedade mais coesa e, sobretudo, mais responsável. As fundações caracterizam-se pela existência de um património suficiente, autonomizado pelos seus fundadores para a prossecução de determinadas finalidades de interesse social. Estas finalidades podem incluir áreas sociais, educativas, artísticas, científicas, ambientais, entre outras, tendo as fundações como missão fundamental contribuir para a resolução de problemas sociais ou humanos das sociedades onde estão inseridas. Embora as fundações actuem em áreas que são uma competência tradicional do Estado, este nem sempre revela capacidade e/ou oportunidade para dar uma resposta eficaz e tempestiva. As fundações são, assim, compelidas a intervir naquelas áreas 1999~2009 Fundação Alentejo
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As Fundações e a Sociedade Civil
ou situações em que o Estado não actua, porque não consegue por motivos vários. Enquanto organizações da sociedade civil, as fundações constituem um exemplo paradigmático de cidadania responsável que deve ser não apenas reconhecido como incentivado. Apesar da evidência da sua importância, não é possível precisar com exactidão o número de fundações existentes em Portugal. O Centro Português de Fundações estima, no entanto, que existam cerca de 450 fundações em actividade no nosso país, 60% das quais foram instituídas depois da década de 80. O desconhecimento quanto à dimensão do universo fundacional em Portugal constitui um obstáculo para a avaliação do impacto efectivo da acção das fundações. Por este motivo, o Centro Português de Fundações irá conduzir um inquérito cujo objectivo é constituir uma base de dados a partir da recolha e do tratamento de factos sistematizados sobre os patrimónios das fundações portuguesas, as suas actividades próprias e subsídios concedidos por área de intervenção, bem como sobre os seus trabalhadores, voluntários e beneficiários. Em função dos resultados deste inquérito, o Centro Português de Fundações irá apresentar um estudo cujas conclusões se espera que permitam uma análise compreensiva e actualizada da importância do sector fundacional em Portugal. O Centro Português de Fundações entende que a constituição de fundações deve ser incentivada, assim como as suas actividades devem ser facilitadas. Para alcançar este objectivo, em vez de uma regulamentação excessiva por parte do Estado, parece preferível a promoção e a disseminação de práticas de auto-regulação entre o sector fundacional. O Centro Português de Fundação adoptou, por isso, um conjunto de Princípios de Boas Práticas que pretende que se assumam como o modelo de organização e comportamento das fundações em Portugal. Este objectivo é conseguido através da adopção de modelos de governação que promovam a eficácia da gestão, mas também da auto-imposição de códigos de conduta, que combinem eficiência com elevados padrões éticos. Os Princípios impõem igualmente uma definição clara da missão da 12
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As Fundações e a Sociedade Civil
instituição e regras exigentes sobre os conflitos de interesses e a prestação de contas da fundação, de acordo com os valores da transparência. A independência revela-se essencial para o desenvolvimento do trabalho das Fundações, resultando sobretudo do facto de deterem um património próprio que lhes permite financiar as suas iniciativas, assim como outras organizações do sector não lucrativo, tornando-as imunes aos diferentes ciclos políticos, económicos ou mediáticos. Esta autonomia, por sua vez, permite-lhes também agir no contexto social proactivamente, apresentando respostas e promovendo soluções da sua própria decisão e iniciativa, mobilizando vontades e recursos, contribuindo deste modo para uma mudança de ideias e de atitudes na sociedade. O movimento fundacional português, com a sua diversidade e dinamismo, tem a experiência, os recursos, as pessoas, a motivação e o método necessários para acrescentar valor social onde actua, seja ao nível local, nacional ou internacional. Exemplos como o da Fundação Alentejo, que este ano celebra o seu décimo aniversário, devem ser, por isso, valorizados e reconhecidos.
Dr. Rui Vilar Direcção do Centro Português de Fundações
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testemunho
Nuno Miguel Santos da Veiga Fotógrafo Freelancer Técnico Comunicação Social Pólo de Elvas, 1992/95
A Epral teve um peso muito importante na minha formação a todos os níveis. Em primeiro como pessoa, pois a idade em que por lá passámos estamos ainda a formar a nossa personalidade que acaba por ser também um pouco “moldada” pelos professores, cujos conselhos ainda hoje recordo. A forma de funcionamento modular da escola incutiu-nos mais responsabilidade e obrigou-nos a ser mais criativos. Os formadores leccionam com grande atenção e proximidade aos alunos, tentando despertar o interesse pelas matérias, o que na época se diferenciava bem dos métodos do ensino tradicional onde “despejar” a matéria era a opção seguida muitas vezes. Na Epral tínhamos mais vontade de aprender e conseguir bons resultados. No ponto de vista profissional foi também muito importante, já que frequentei esta instituição de ensino dois anos após ter abandonado os estudos e já com uma breve passagem pelo mercado de trabalho, num órgão de comunicação social local. Na altura a Epral foi a oportunidade de chegar ao 12 ano, e de alargar os meus conhecimentos bem como aceder a equipamentos que me deram outras valências (vídeo, fotografia e multimédia) e no fundo me vieram a abrir portas no futuro. Tenho muito boas recordações da escola, principalmente da forma como os professores conseguiam transmitir as matérias, mais ligeira mas não menos trabalhada. No bom ambiente da escola, o facto de nos sentirmos uma família foi importante para motivar e nos levar a atingir bons resultados. Outro aspecto importante foi a avaliação não só por provas escritas, mas também com base em trabalhos realizados, podendo recorrer aos mais variados suportes e tecnologias disponíveis, o que dava vontade de nos aplicarmos mais, ser criativos e de chegar mais longe. Continuo a ser da opinião que a Epral segue os métodos de ensino mais actuais para formar os seus alunos, motivando-os, sempre com vista a prepará-los para o mercado de trabalho. É uma instituição que baseia a formação na componente prática, não descurando a teórica, e que dá as ferramentas e o espaço de manobra para que possam aprender praticando, analisando erros e rectificando. Na minha opinião é assim que o ensino deve funcionar, principalmente nas áreas técnicas, e a Epral trabalha nesse sentido.
O modelo inovador das Escolas Profissionais As Escolas Profissionais estão a fazer 20 anos. O Decreto-lei nº 26/89 foi publicado em 21 de Janeiro e define o enquadramento jurídico que abre caminho para a criação das Escolas Profissionais. E em tempo de comemorações muito se tem escrito sobre as Escolas Profissionais. Cada escola fez o seu percurso; o modelo educativo que as contextualiza também o fez. Para além das responsabilidades na administração da educação em Portugal que tutelava a criação de uma rede nacional de escolas profissionais (GETAP), desenvolvi trabalho de investigação sobre o que as escolas representavam de inovador, nomeadamente no que diz respeito à participação dos parceiros sociais na decisão política em educação1: na concepção, no desenvolvimento e na avaliação do ensino profissional em Portugal. Estudei as Escolas profissionais enquanto Campo Potencial de Inovação2. Procurei nessa altura sistematizar as inovações geradas pelas Escolas Profissionais e vou apoiar-me nesse trabalho: para falar de (e não das) inovações geradas pelo modelo educativo das Escolas Profissionais, mas também para situar o caso da Escola Profissional da Região Alentejo.
1 MARQUES, M. (1992). A decisão política em educação - O partenariado socioeducativo como modelo decisional. O caso das escolas profissionais. Porto. Afrontamento 2 MARQUES, M. (1993), O Modelo Educativo das Escolas Profissionais - Um Campo Potencial de Inovação, Lisboa. EDUCA-Formação 16
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As escolas profissionais surgem em 1989 como uma necessidade. Assiste-se a uma urgência de formação de técnicos com aquele nível de qualificação e a uma insuficiência de resposta por parte dos subsistemas de ensino existentes. E num contexto favorável. Portugal tinha acabado de aderir à Comunidade Económica Europeia (tinha-se tornado Estado membro em 1 de Janeiro de 1986). Por isso, beneficiava de recursos financeiros adicionais provenientes dos fundos estruturais: Fundo Social Europeu, Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, entre outros. Desde o início as Escolas Profissionais integraram a lista de projectos prioritários a beneficiar do apoio de fundos estruturais. Com a sua integração no espaço europeu, Portugal pode acompanhar
3 Esta medida vem a ser retomada pelo chamado “Diálogo Social” designadamente “Parecer comum sobre a Educação e a Formação” (1990) e pelo “Memorando da Formação Profissional” de 1992. 4 Programa PETRA - Programa Comunitário de formação profissional de jovens e sua preparação para a vida adulta e activa. Foi criado em 1987 (decisão 87/569/CEE). Tem como finalidade a promoção da cooperação transnacional no domínio da formação profissional inicial dos jovens, fomentando a criação de redes europeias a partir de projectos de formação apresentados pelos diferentes Estados Membros da Comunidade Europeia. 5 O programa Língua foi lançado em 1990; programa europeu de promoção de competências linguísticas.
e beneficiar das tendências sobre ensino profissional a que estávamos a assistir na CEE. Porque os seus ministros passaram a estar presentes nos conselhos de ministros da educação e dos assuntos sociais. Porque as administrações da educação e da formação profissional e os parceiros sociais passaram a frequentar os Comités dos vários programas europeus nestes domínios. Porque as escolas, centros de formação profissional, associações várias passaram a participar em redes europeias de projectos transnacionais e/ou programas de mobilidade no quadro de programas e iniciativas comunitários. Em 1986, os ministros da educação reunidos em Milão, acordaram que todos os Estados Membros deveriam facultar aos jovens que o pretendessem a possibilidade de estes fazerem um, dois ou três anos de formação profissional após a escolaridade obrigatória; a tempo inteiro e sem interrupção entre esta e aquela3. As Escolas Profissionais foram beneficiárias desta cooperação transnacional no âmbito daqueles programas e iniciativas, com destaque para o programa PETRA4 ou do programa Língua5 e, mais tarde, como sucessor, o programa Leonardo da Vinci. É o caso da Escola de Comércio de Lisboa, do Instituto de Artes e Ofícios, do Instituto Técnico, Artístico e Profissional de Coimbra, da EP de Educação para o Desenvolvimento, da EP Bento de Jesus Caraça, da EP Gustavo, da EP de Setúbal, para citar apenas alguns exemplos. Participaram, bem como outras instituições que se tornaram entidades promotoras de escolas profissionais, o que lhes proporcionou a realização de projectos educativos transnacionais que muito vieram a contribuir para a concepção e desenvolvimento do projecto de cada uma destas escolas e do modelo educativo das EP. Mas também permitiu dar a conhecer o modelo educativo das EP em outros países, que o tiveram em conta em reformas que estavam a ocorrer. 1999~2009 Fundação Alentejo
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A Escola Profissional da Região Alentejo começa por ser um projecto Petra, promovido pelo Centro de Desenvolvimento da Região Alentejo, desenvolve parcerias com o Reino Unido, Dinamarca, Espanha, França e Grécia no sector do Agro-Alimentar, designadamente na aplicação de novas tecnologias neste sector. A fase de cooperação transnacional proporcionou a produção conjunta de módulos de formação bem como a formação de formadores centrada na organização modular dos curricula. Esta escola, no âmbito das parcerias que integrou, organizou sistematicamente o intercâmbio de professores e alunos utilizando como instrumento, para além do programa PETRA o programa Língua e, mais tarde o Programa Leonardo da Vinci. Estas contribuições foram determinantes para o projecto educativo da EPRAL, e representaram um valor acrescentado que o profissionalismo e persistência dos promotores potenciaram. Este contexto favorável, que resulta da conjugação de uma diversidade de factores - acabámos de referir alguns -, facilitou a emergência do modelo educativo das Escolas Profissionais, assente no aparecimento de projectos educativos a partir de actores ao nível local e/ou regional, em que o Estado assume um papel regulador. Não se pretendeu apenas que as EP respondessem às necessidades regionais e/ou sectoriais de formação, mas pretendeu-se que fossem elas próprios indutoras de novas necessidades. Escrevia Roberto Carneiro, Ministro da Educação na altura, que “A implantação das escolas profissionais em Portugal representou uma das mais profundas, vastas, significativas e promissoras inovações no panorama educativo português nos últimos 5 anos” 6.
6 (Marques; 1993: 11). 18
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Há todo um percurso percorrido pelo modelo educativo e por cada escola. Foram feitas avaliações internas e avaliações externas sucessivas. Têm sido objecto de sucessivas investigações conducentes a teses de mestrado e doutoramento. Podemos identificar segmentos em que as EP foram geradoras de inovação. Destacarei algumas.
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A importância do acompanhamento/monitorização das escolas: foi sempre a metodologia seguida que muito ajudou ao desenvolvimento do projecto de cada escola e a uma generalização e penetrabilidade de boas praticas, numa cooperação estreita entre a administração da educação e os promotores no início e os responsáveis da escola a seguir. A ligação escola/empresa permitiu a valorização e o reconhecimento dos diplomados, contribuindo assim para a empregabilidade efectiva dos jovens saídos das EP. As EP não perderam de vista o factor indutor de novas necessidades, necessidades qualificativas e quantitativas da região, isto é, novos perfis e novas competências, lidando com a “ratoeira” do conceito de necessidade de emprego da Região. Ou seja, estas formações, fortemente ancoradas em actores locais/ regionais/sectoriais não se devem limitar a responder às necessidades. Têm de gerar elas próprias novas necessidades do lado das empresas. O facto de uma percentagem elevadíssima de empresários em Portugal ter um nível de escolaridade baixíssima não deve ser minorado nesta análise. A incorporação da inovação pela economia é um problema, e um problema europeu. As competências básicas não foram sacrificadas ao “pragmatismo” que sobrevaloriza as competências técnicas, desvalorizando as primeiras. O curriculum das EP assenta num equilíbrio entre uma componente de formação geral, integrando necessariamente uma língua estrangeira, outra de formação científica e outra de formação técnica. Equilíbrio que permite que no final da formação os alunos obtenham um diploma técnico e um diploma de estudos secundários que lhes permite a continuação de estudos. E isto com uma formação com a mesma duração das restantes vias alternativas: três anos. A flexibilidade no recrutamento de professores permitiu o recurso a competências onde a escola pública está ainda bastante limitada. Sobretudo competências técnicas. Lembro os mestres de restauro do Instituto de Artes 1999~2009 Fundação Alentejo
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e Ofícios (Fundação Ricardo Espírito Santo). Aquela flexibilidade permitiu que os melhores mestres do restauro pudessem ser professores de uma escola. A capacidade de agir junto dos jovens: que simplesmente querem continuar estudos mas por via do ensino profissional, dos que abandonaram a escola apenas com a escolaridade obrigatória, dos que abandonaram a escola prematuramente, dos que já conseguiram valorizar o seu nível de escolarização recorrendo por exemplo ao programa novas oportunidades e que querem valorizar ainda mais o seu nível escolar. A procura por parte dos alunos ilustra-a. As EP cresceram como organizações que aprendem. A existência de cursos profissionais nas escolas secundários é um desafio neste campo. Estava e está em causa, a formação dos jovens numa perspectiva de educação ao longo da vida, a formação de uma cidadania activa em todas as suas dimensões incluindo as do trabalho e do emprego. Estava e está em causa a formação de técnicos que possam contribuir para a sustentação do investimento e do emprego, para o desenvolvimento económico numa cooperação estreita entre o sistema educativo e o sistema económico e social, entre as escolas e as empresas. Esta cooperação é facilitadora da pertinência das competências geradas pelo sistema educativo e é condição necessária para a capacidade de integração das mesmas pelo sistema económico e pelo mercado de trabalho.
Margarida Marques Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal
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Marcos de um Projecto com História
Na comemoração do 10º Aniversário da Fundação Alentejo, e quando se comemoram também os 20 anos da criação das Escolas Profissionais, fazemos aqui um breve périplo pela História do Ensino Técnico-Profissional em Portugal, de maneira a proporcionar uma melhor compreensão das actividades formativas da EPRAL, integrando-as na filosofia de criação e funcionamento da actual Fundação Alentejo
In Ilo Tempore* Das sociedades nómadas às sedentárias, associadas às práticas agrícolas e de construção de casas (sistemas de drenagem, canais, silos, etc.), até às corporações de ofícios e mesteres medievais, assistimos sempre à evolução dos conhecimentos técnicos e à correlata necessidade de formação/aprendizagem desses ofícios pelos neófitos e aprendizes. Em rigor, pudemos dizer que a História do Ensino Profissional e Técnico remonta às origens das sociedades humanas, como forma de transmissão de conhecimentos, suportada nos diversos processos inerentes à própria socialização dos indivíduos e à estruturação e sobrevivência das colectividades humanas.
* Naquele tempo 22
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Contudo, a partir da Idade Média (séc. XI-XVI), a cultura ocidental acabou procedendo a uma paulatina desvalorização dos trabalhos manuais e técnicos, em proveito de uma formação teorizante de matiz religioso, associada ao monopólio
intelectual da Igreja e ao aparecimento das Universidades (séc. XI). De tal forma, que o termo leigo associava aquele que não era religioso àquele que “não sabia”1. A (re) valorização da cultura técnica, e do saber prático, só se viria a verificar com a mudança de paradigma que acompanhou a crise religiosa europeia (séc. XVI-XVII). Lentamente, num percurso de quase duzentos anos, assiste-se à interiorização do novo modelo nos currículos dos diversos níveis de ensino, com especial destaque para a introdução, ao longo do séc. XVII e XVIII, de formações superiores técnicas, como a medicina, a engenharia, a balística ou construção naval relacionadas também com a necessidade da formação de quadros superiores militares. O processo de desenvolvimento da instrução pública foi resultado do fortalecimento da figura do Estado. A preocupação dos monarcas dominarem a educação dos seus súbditos é, consentânea da necessidade do Estado preparar o seu funcionalismo. De facto, em Portugal, foi durante a chamada administração Pombalina (1750-1777) que se assistiu a uma das mais importantes reformas educativas que viria a interiorizar, nas suas referências teóricas e práticas, este novo paradigma da cultura prática e técnica. Por essa razão, vamos encontrar aqui as origens do ensino técnico e profissional estatal, com a criação da famosa Aula do Comércio (1755)2.
1 MARTINS, A.M.; et. al.(2005), “Ensino Técnico e Profissional: Natureza da Oferta e da Procura”, Revista Interacções, nº 1, pp. 78 e 79. 2 Nos anos seguintes foram criadas outras ‘aulas’ com o mesmo espírito: a Aula Náutica (1764), a Aula de Desenho, da Fábrica de Estuques e da Aula Oficial de Gravura Artística (1768), a Aula de Debuxo e Desenho (1779) e no Porto, e a Aula Régia de Desenho e Figura, em Lisboa, também designada por Aula Pública, as últimas já no reinado de D. Maria I (1777-1816). 1999~2009 Fundação Alentejo
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Aula do Comércio É pelo Alvará de aprovação dos Estatutos da Aula de Comércio, em 19 de Maio de 1759, que nasce legalmente a primeira escola de comércio e de contabilidade, que foi simultaneamente a primeira escola técnica criada em Portugal. Estes Estatutos foram publicados em execução do capítulo XVI do Decreto de 30 de Setembro de 1755 que criara a Junta de Comércio. A Aula do Comércio era uma escola estatal e uma escola laica, financiada pela Junta de Comércio, sendo por isso sintoma e agente do reforço do poder do Estado. Entrando em decadência no Liberalismo, em 1835, o Conselho Superior de Instrução Pública propõe a criação em Lisboa de um Instituto de Ciências Físicas e Matemáticas. A Aula seria extinta, sendo o ensino do Comércio (que é considerado no art. 8º da proposta) integrado no novo Instituto. Teria a duração de três anos e compreenderia, das disciplinas que integrariam o futuro estabelecimento educativo, as Aritmética Comercial e Elementos de Geometria, Escrituração Mercantil, História e Geografia Comercial, Economia Política, Princípios de Direito Administrativo e Mercantil), além da Física Experimental Geral e Química Aplicada às Artes). O projecto do Instituto foi abortado pelo centralismo coimbrão, tendo o destino do ensino Comercial continuado incerto. Finalmente, uma decisão foi tomada por decreto de 20 de Setembro de 1844: a Aula de Comércio era extinta e anexada ao Liceu de Lisboa como Secção Comercial.
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Na Reforma Pombalina o ensino universitário seria objecto ainda de maiores cuidados. Com a aprovação dos novos Estatutos (1772), a Universidade de Coimbra introduzia, não só novas formações e instituições a elas associadas, como o curso de Medicina, o Teatro Anatómico, o Observatório Astronómico ou o Jardim Botânico - mas também novos modelos e práticas de ensino. Baseada na observação empírica, a construção do conhecimento fazia-se agora, também, a partir de fundamentos sensoriais, observáveis. O liberalismo (séc. XIX) daria passos largos no sentido da valorização do ensino Profissional e Técnico reconhecendo a percepção das novas realidades social e económica, decorrentes da Revolução Francesa e da Revolução Industrial Inglesa. A denominada Reforma de Passos Manuel (1836-1838) reconheceria que: “[...] não pode haver ilustração geral e proveitosa sem que as grandes massas de cidadãos [...] possuam os elementos científicos e técnicos indispensáveis aos usos da vida do estado actual das sociedades”3. Procurando ultrapassar o âmbito restrito da escola e captar as atenções e o interesse de um público mais vasto, institui, com esse fim, as Escolas Politécnicas de Lisboa e do Porto (chamada Academia Politécnica). Inspirado no Conservatoire National des Arts et Métiers, de Paris, criaria também os Conservatórios de Artes e Ofícios de Lisboa (1836) e do Porto (1837), cujo fim principal “[...] é a instrução prática em todos os processos industriais [...].”4 e “[...] promover o estudo das Belas-Artes, difundir e aplicar a sua prática às Artes Fabris”.5 As mais importantes medidas legislativas relativas à criação e regulamentação do Ensino Industrial têm lugar na década de oitenta. Devidas, essencialmente, a António Augusto de Aguiar, Emídio Navarro e Eduardo José Coelho, sucessivos ministros das Obras Públicas, Comércio e Indústria, Minis-
3 In Preâmbulo do Decreto de criação dos Liceus Nacionais, de 17 de Novembro de 1836 4 Decreto de 18 de Novembro de 1836 5 Decreto de 22 Novembro de 1836 1999~2009 Fundação Alentejo
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tério que então tutelava o ensino industrial, comercial e agrícola. São criadas, um pouco por todo o País, escolas industriais e de desenho industrial, tornando-se algumas famosas pelos conteúdos programáticos e pedagógicos dos seus currículos, pela componente prática do seu ensino e pela excelência e relevo de grande número dos seus professores, muitos deles contratados na sequência de concursos internacionais6. O alargamento da instrução pública e o combate o analfabetismo foram também bandeiras importantes do Movimento Republicano (1875 em diante), e posteriormente da República (1910-1926). Tal como no liberalismo, os direitos de cidadania estavam intrinsecamente ligados ao acesso à escolarização transformando-se a escola num dos mais importantes factores de mobilidade e justiça social. Contudo, e apesar dos incentivos à criação de escolas profissionais, e da defesa da educação operária, a agitação política dos anos da República pouco permitiria fazer neste âmbito. Além disso, o ensino Técnico-Profissional permanecia ainda muito relacionado com grupos sociais mais baixos, continuando a haver, por parte de quem podia pagar, uma nítida preferência por enviar os filhos para o ensino liceal, ensino teórico e humanista, mas que permitia o acesso a um bacharelato ou licenciatura.
6 Basta ver a elevada produção legislativa, produzida a este respeito, na década de oitenta: Decreto de 30 de Setembro de 1879 (três novas cadeiras no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, por Augusto Saraiva de Carvalho), Diário do Governo, n.º 222, de 1 de Outubro de 1879; Decreto de 1 de Outubro de 1880 (modificações introduzidas no curso completo de Comércio, por Augusto Saraiva de Carvalho), Diário do Governo, nº 227, de 5 de Outubro de 1880; Decreto de 6 de Março de 1884 (plano de organização do curso de comércio no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, de António Augusto de Aguiar), Diário do Governo, nº 57 57, de 11 de Março de 1884; Decreto de 30 de Dezembro de 1886 (reorganização do ensino industrial e comercial, reforma de Emídio Navarro; passagem do Instituto Industrial do Porto a Instituto Industrial e Comercial), in Colecção oficial da legislação portuguesa, Imprensa Nacional, Lisboa, 1886; Portaria de 23 de Setembro de 1887 (instruções de funcionamento para os institutos industriais e comerciais de Lisboa e do Porto), in Colecção oficial da legislação portuguesa, Imprensa Nacional, Lisboa, 1887; Decreto de 3 de Fevereiro de 1888 (regulamento dos institutos industriais e comerciais de Lisboa e do Porto), in Colecção oficial da legislação portuguesa, Imprensa Nacional, Lisboa, 1888; Decreto de 8 de Outubro de 1891 (reorganização do ensino industrial e comercial, reforma de João Franco), in Colecção oficial da legislação portuguesa, Imprensa Nacional Lisboa, 1891. 26
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Apesar da reformulação republicana do ensino técnico - profissional secundário (que levou a uma duplicação do seu efectivo em quinze anos, passando para 15000 alunos), este mostrar-se-ia, ainda, manifestamente insuficiente para as necessidades económicas do país. Anteriormente à criação desta Direcção-Geral, no Ministério da Instrução Pública, pelo Decreto nº 16 729, de 13 de Abril de 1929, todos os serviços que superintendiam o ensino técnico, estavam dispersos pelo Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, e mais tarde pelos Ministérios do Comércio e Comunicações e da Agricultura. Competia-lhe a organização dos Institutos e Escolas Técnicas (de agricultura, comerciais e industriais) e respectiva legislação; criação, transformação ou supressão das referidas escolas; superintendência na gestão corrente das mesmas e na elaboração dos respectivos programas e manuais, bem como na acção disciplinar. O Ensino Secundário Técnico teve nos inícios dos anos trinta (1930 e 1931) uma primeira reforma que se encarregaria de uniformizar as formações existentes. Por essa altura existiam 19 escolas industriais, 7 comerciais e 20 mistas (industriais e comerciais). Em 1948, já em pleno Estado Novo (1933-1974) uma outra reforma viria a conformar este ensino na matriz que perduraria até aos anos 70. Nesta, o ensino secundário técnico-profissional passava a constituir um ramo paralelo ao ensino liceal, realizado nas escolas industriais e comerciais, contanto com um vasta oferta de oitenta cursos, mas onde as preferências acabaram indo para as formações em electromecânica, electricidade, comércio e formação feminina. Iniciava-se logo a seguir aos quatro anos de ensino primário obrigatório, tendo um primeiro ciclo de orientação profissional de dois anos, a que se seguia um curso de formação profissional de três a quatro anos. Aprovados nestes dois ciclos de estudos, os alunos podiam aceder aos cursos preparatórios, com a duração de um a dois anos, podendo, se obtivessem aprovação, candidatarse aos Institutos Comerciais e Industriais, ou à Escola de Belas Artes.
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Sem perspectivar a continuidade destes alunos para outros níveis superiores de ensino, como as Universidades - até porque a escolha era realizada muito cedo, logo a seguir à escola primária, com apenas nove ou dez anos - a legislação condicionava muitos à formação técnica, criando limitações que acabavam por reproduzir as assimetrias sociais entre aqueles que seguiam para os liceus, daqueles frequentavam escolas industriais ou comerciais, maioritariamente oriundos de grupos desfavorecidos. Com a Reforma Veiga Simão (1973) este problema seria resolvido, quer com a aproximação das duas vias do ensino secundário, quer com a criação dos Institutos Politécnicos, quer ainda com a introdução de novas Universidades, e de novas licenciaturas nas antigas Universidades, mais vocacionadas e sensíveis para as necessidades formativas profissionais.
O ensino técnico-profissional após a implantação do Estado Democrático (1974-1989) Nos anos de 1974 a 1976 a vontade de reformar o ensino técnico, afastando-o de um modelo que se considerava discriminatório, acabou por levar à sua destruição. Outras iniciativas foram efectuadas nos anos subsequentes, mas também sem grande sucesso. Apenas a criação do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) em 1979, reformulando outros organismos existentes, permitia adivinhar a reanimação deste sector de ensino. Esta reanimação seria paulatinamente efectivada depois da entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia em 1986 (CEE). De facto, nos anos seguintes à adesão à Comunidade, Portugal beneficiaria de um vasto conjunto de financiamentos, oriundos do Fundo Social Europeu (FSE), dedicados à formação profissional.
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A criação das Escolas Profissionais (1989) Estes anos vieram permitir a reconsciêncialização da importância desta formação. Contudo, posteriores balanços realizados à eficácia destas acções formativas, fizeram sentir a necessidade de uma nova reestruturação do ensino técnico-profissional. Foi com esta intenção que o Ministério da Educação criou em 1988 o Gabinete para o Ensino Tecnológico, Artístico e Profissional (GETAP). Seria este, em conjunto com o Conselho Consultivo Nacional, a ampla participação de outros Ministérios, empresas e outros parceiros sociais, o responsável pela proposta de criação das Escolas Profissionais em 1989. Estas, dedicar-se-iam ao ensino secundário técnico-profissional, sendo a iniciativa da sua criação oriunda de promotores regionais e sectoriais. No preâmbulo do Decreto-Lei nº 26/89, de 21 de Janeiro de 1989, salientava-se a filosofia adjacente à sua criação: “O Governo defende como um dos vectores de modernização da educação portuguesa a multiplicação acelerada da oferta de formação profissional e profissionalizante, pelo apoio à implementação de uma rede de escolas profissionais, de iniciativa eminentemente local, com aproveitamento articulado dos recursos disponíveis nos vários departamentos do Estado. [...] Neste quadro se insere o relançamento do ensino profissional e o reforço das diversas modalidades de formação profissional, que se pretendem levar a cabo fundamentalmente através da acção conjunta dos Ministérios da Educação e do Emprego e Segurança Social, em estreita cooperação com outros ministérios e ainda com várias entidades públicas ou privadas, tentando capitalizar e recursos disponíveis [...].”7 Gozando de autonomia administrativa, financeira e pedagógica, as Escolas Profissionais deveriam dar resposta às necessidades de desenvolvimento local e regional, podendo ser de iniciativa privada ou pública. Para o seu funcionamento previa-se a elaboração de um Contrato-Programa com o Estado, mediante 7 Decreto-Lei nº 26/89, de 21 de Janeiro, Diário da República, I Série, nº 18, p. 246. 1999~2009 Fundação Alentejo
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a celebração de protocolos que assegurassem a colaboração das diversas entidades promotoras. O Contrato-Programa e os Protocolos deveriam definir as responsabilidades das entidades intervenientes no que dizia respeito a áreas e perfis de formação, recursos humanos e materiais, financiamento e gestão (art. 4º)8. Deixando às entidades regionais a iniciativa de promover o ensino técnico-profissional sob a supervisão do Estado, criava-se, de facto, um regime que permitiria aproveitar e enquadrar as sinergias existentes. Apesar disto, desde a autorização de criação da Escola, ou na institucionalização da figura do Contrato-Programa, previa-se que a respectiva tutela regulamentasse e acompanhasse a criação e funcionamento das Escolas Profissionais. O apoio e aval do Estado na celebração do Contrato-Programa e demais Protocolos, bem como na supervisão da própria estrutura orgânica das novas instituições, e articulação das ofertas formativas, visionava um feliz cruzamento entre o sector público e o privado, a relevância e coerência do projecto nacional com articulação regional e local.
A criação da Escola Profissional da Região do Alentejo (EPRAL) (1989) e a sua integração na Fundação Alentejo (1999) Foi, justamente, no acompanhamento destes problemas, e baseado numa reflexão cujo óculo incidia particularmente no Alentejo e nas necessidades das suas gentes, que Fernanda Ramos propôs ao Centro de Estudos e Desenvolvimento da Região do Alentejo (CEDRA), instituição criada em 1988 a que pertencia, a abertura de uma Escola Profissional. 8 Idem, ibidem. 30
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O Contrato-Programa entre o CEDRA e o GETAP seria assinado no dia 20 de Agosto de 19909. Ali se definia a denominação, estrutura orgânica, funcionamento, formas de financiamento e o plano formativo da nova Escola. Já denominada Escola Profissional da Região do Alentejo, a EPRAL tinha sua sede na Rua do Raimundo, nº 56, em Évora, e ainda dois pólos, um em Estremoz (Museu da Alfaia Agrícola, Rua Serpa Pinto nº 89) e outra em Vila Viçosa (Rua Alferes Marcelino, nº 44). Em 1993, por força de um novo Decreto-Lei10, a EPRAL tinha adquirido personalidade jurídica, sendo matriculada na conservatória do Registo Comercial de Évora sob o nº 00008/930316, com a caracterização de Associação (cartão de pessoa colectiva nº 502978481). Contudo, cinco anos depois, a 8 de Janeiro de 1998, outro Decreto-Lei obrigaria as Escolas Profissionais a adaptarem-se a uma nova filosofia de organização e funcionamento: “O Decreto-Lei nº 26/89, de 21 de Janeiro, criou as escolas profissionais no âmbito do ensino não superior. Este regime jurídico viria a ser revogado pelo Decreto-Lei nº 70/93, de 10 de Março, que introduziu algumas alterações ao regime de criação e funcionamento das escolas profissionais. Porém, mais de quatro anos após a entrada em vigor deste último diploma, a experiência da sua aplicação revelou algumas fragilidades e ambiguidades relativas, nomeadamente, ao processo de criação das escolas, à natureza jurídica dos promotores, à relação destes com os órgãos de direcção, à responsabilização pedagógica e financeira dos órgãos da escola, bem como ao modelo de financiamento.”11 9 Ver: Contrato-Programa de Criação da Escola Profissional da Região do Alentejo, 20 de Agosto de 1990 10 Decreto-Lei 70/93, de 10 de Março de 1993, in Diário da República, I Série, pp. 1090 e ss. Assim, nos termos do nº 1 do art. 2: “As escolas profissionais, excepto as referidas no número seguinte, são pessoas colectivas de fim não lucrativo e gozam das prerrogativas das pessoas colectivas de utilidade pública, nos termos do Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo”, idem, p. 1091. 11 Ver Decreto-Lei nº 4/98, de 8 de Janeiro, in Diário da República, I Série, nº 6, p. 113. 1999~2009 Fundação Alentejo
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Em resumo, a nova lei, procurando maior clarificação da relação entre as escolas e as respectivas entidades proprietárias (terminava com a “figura ambígua dos promotores”12), pretendia de facto a criação de um regime de responsabilização e transparência dos órgãos daquelas instituições. Mas, além disso, alargava a autonomia das escolas frente à tutela (Ministério da Educação), terminando a figura do Contrato-Programa, substituído por um regime de liberdade de oferta formativa, com recurso a outras fontes de financiamento, de maneira a viabilizar formações não prioritárias, separando claramente a oferta formativa beneficiária de financiamento público, das outras ofertas formativas de financiamento alternativo.13 Foi este o quadro legal que levou a Direcção e o Conselho de Administração da EPRAL a reflectir sobre a melhor formula a adoptar para entidade proprietária. Por consenso foi aprovada a figura de Fundação, na mesma altura que se decidiu que esta proposta deveria ser apresentada ao CEDRA, entidade promotora da escola. Assim, depois de analisada a situação, em Assembleia Geral o CEDRA deliberou pela constituição de uma Fundação, para a qual seriam transferidos todos os direitos e obrigações assumidos pela EPRAL, até à data da sua constituição. Deliberando ainda conferir o mandato à signatária da proposta, D. Fernanda Ramos, de maneira a que esta levasse a cabo todas as diligências tendentes à constituição da Fundação, nomeando-a igualmente presidente da Fundação a criar (13 de Janeiro de 1999). Quatro meses volvidos e a 7 de Maio de 1999 era registada no Segundo Cartório Notarial de Évora a transformação da EPRAL - Escola Profissional da Região do Alentejo, em Fundação Alentejo, cujo objecto era o desenvolvimento da educação e qualificação profissional dos recursos humanos, para o qual estava particularmente vocacionada pois seria dotada com os bens e valores que a EPRAL para esta transferia14. 12 Idem, ibidem. 13 Idem, ibidem. 14 Escritura da Fundação Alentejo, Segundo Cartório Notarial de Évora, Évora 7 de Maio de 1999. 32
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Entrevista a Fernanda Ramos
A Fundação na primeira pessoa
Porque a História é feita de rostos, demos a palavra à sua presidente e fundadora, Fernanda Ramos, para nos falar dos primeiros anos de funcionamento da EPRAL, e da sua posterior integração na Fundação Alentejo
Entrevista a Fernanda Ramos
Apesar de já possuir um percurso marcado pela intervenção cívica, o que a levou a liderar o projecto de criação de uma Escola Profissional, a EPRAL, em 1989?
Fernanda Ramos (FR) - A minha atitude, desde que cheguei ao Alentejo, foi a de estar disponível para trabalhar por esta terra e pela sua gente, pelo seu desenvolvimento e pela promoção do seu potencial endógeno. Após o meu regresso de África, nos finais de 70, não sei se fui eu que adoptei o Alentejo ou se fui por ele adoptada, o certo é que, desde então, esta é a minha terra e servi-la, cooperar activamente no processo do seu desenvolvimento, tem sido a minha missão, na linha de uma filosofia de vida que se pode caracterizar pela não resignação e pela confiança na vontade e determinação das pessoas. Entendia, na altura e continuo a entender, que é na qualificação das pessoas, dos jovens e dos adultos que se encontra a chave do processo de desenvolvimento sustentável da planície, por isso, aproveitando a conjuntura da nossa entrada para a União Europeia e a minha profunda convicção da bondade e potencialidades desse processo de integração, liderei um grupo de jovens maioritariamente universitários e cheios de vontade de intervir socialmente que, comigo, quiseram aproveitar essa janela de oportunidade. 34
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Foi um processo natural, no qual a minha proximidade aos jovens e a minha experiência autárquica na área da educação e da cultura, levou a que fosse assumida como líder desse projecto inicial.
Quando iniciou o seu funcionamento em 1990, a EPRAL disponibilizava cursos em quatro áreas: Indústrias Agro-Alimentares; Hotelaria e Restauração; Museologia e Património Cultural; e Informação - Bibliotecas e Serviços de Documentação. Porquê estas áreas?
FR - A nossa intenção, após o sucesso de um projecto apresentado e desenvolvido no âmbito do Programa Comunitário PETRA, era a de implementar uma acção de formação inovadora, por nós concebida com o apoio de reputados técnicos, na área do Agro-Alimentar (então entendido como uma das maiores potencialidades para o desenvolvimento do Alentejo). Mas aconteceu por dinâmicas externas à minha vontade e à vontade do grupo dinamizador, congregado no CEDRA Centro de Estudos de Desenvolvimento da Região Alentejo, o alargamento a outras areas de formação. De facto, desde então, este projecto assentou no diálogo profícuo com outras forças vivas da região. Aconteceu que o Ministério da Educação, para aprovar o nosso projecto no âmbito das recentemente criadas Escolas Profissionais, pro-
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pôs que recolhêssemos pareceres de entidade regionais e locais sobre o interesse desta iniciativa. Dessa dinâmica, rica e generosa, foi-nos proposto pelo IEFP que considerássemos também a área de Hotelaria, embrionária na altura mas de grande potencial para a região, como se veio a confirmar. As Câmaras Municipais de Estremoz e Vila Viçosa agiram de igual forma, ou seja, fazendo depender o seu parecer positivo da criação de pólos da Escola naquelas comunidades, na primeira orientado para a área da Museologia e da Pedra e na segunda para a área dos Serviços de Biblioteca e Arquivo, pois trava-se de áreas decisivas para a valorização do seu património e, consequentemente, para o seu desenvolvimento. Analisamos os argumentos e aceitámos o repto, pelo que esta dinâmica inicial que marcou a génese do projecto se manteve ao longo do seu desenvolvimento, como é patente na actualidade. Somos uma instituição da Região e ao serviço da Região, sem o monopólio da verdade e com a deliberada vontade de fazer da cooperação inter-institucional uma estratégia potenciadora de recursos e de oportunidades para o Alentejo.
Hoje em dia a EPRAL partilha com a Fundação Alentejo um espaço moderno e funcional, bem localizado na cidade de Évora, mas como em todas as instituições, compreender o percurso da sua instalação física é perceber um pouco da própria História. Onde estava instalada a Escola nos primeiros anos?
FR - Em Évora, pólo sede, fomos acolhidos nos dois primeiros anos pela entidade promotora, o CEDRA, no casco histórico, a um passo da Praça do Giraldo. Em Estremoz, por cedência da Câmara, nas instalações do Museu da Alfaia Agrícola e em Vila Viçosa, igualmente por cedência da autarquia local, junto do Arquivo Municipal, na antiga casa do Magistrado da Comarca. Foi um primeiro passo, muito importante, porque nos forçou o espírito de cooperação e de diálogo com outras entidades que pudessem acolher algumas das práticas, como a Universidade de Évora (Herdade da Mitra) ou o novel EvoraHotel. Mas era um grande constrangimento... ou ficávamos por aí e esgotávamos a experiência em dois ou três ciclos de formação, ou crescíamos... respondendo à expectativa que a nossa actividade começou a criar nas famílias e nas instituições da região. As novas tecnologias, as dinâmicas da integração europeia e as novas oportunidades que se desenhavam para o Alentejo, a par da necessidade de recuperar e manter no nível secundário do sistema educativo muitos dos jovens que, até então, ficavam sem projecto vida consolidado, levou-nos a dar o salto. Foi uma decisão muito difícil, muito arriscada, envolvendo compromissos financeiros muito elevados, mas, mais uma vez não me resignei e avançámos. Foi duro, nem sempre compreendido, mas senti que devia continuar e em 1992, com o apoio (em 65%) do Programa PORA, assumimos o compromisso de dotar o pólo de Évora de novas instalações, instalações modernas. Em 1994, com 1999~2009 Fundação Alentejo
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Entrevista a Fernanda Ramos
novo apoio (em 50%) do PRODEP, alargámos essas instalações e formámos aquele que a OCDE, em 2000, considerou um “Estabelecimento de Ensino Exemplar”, tornando-se uma referência nacional e internacional. O nosso projecto assentou, desde o início, na procura de respostas novas para velhos problemas, na inovação, quer no plano pedagógico e organizacional, quer no plano das infraestruturas e equipamentos. O mesmo acabou por acontecer em Estremoz, onde adquirimos as instalações que ainda hoje ocupamos e na cidade de Elvas, para a qual temos um sonho... um projecto transfronteiriço de formação e educação partilhado.
...depois vieram os diversos Pólos, dos quais ainda se mantêm Estremoz e Elvas. Este crescimento esteve relacionado com a oferta/procura formativa, ou simboliza sobretudo a boa cooperação existente entre a EPRAL/Fundação Alentejo e as Autarquias alentejanas?
FR - O nosso alargamento aos vários concelhos - chegámos a ter pólos em 9 concelhos do Alentejo - inscreveu-se numa dupla perspectiva: ir ao encontro das solicitações dos autarcas, nos locais onde não existia educação secundária e muito menos formação de dupla certificação como aquela que ví36
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nhamos oferecendo e, por outro lado levar ao jovem e à sua família, numa lógica de proximidade, esta inovação que consistia num curso profissional em áreas relevantes para o desenvolvimento que concedia a tal dupla certificação. Podemos dizer que, no Alentejo, a EPRAL/Fundação Alentejo revelou às famílias e aos jovens esta nova e inovadora oportunidade de continuação dos estudo e de uma entrada qualificada na vida activa... criámos essa possibilidade, criámos essa expectativa e essa necessidade. Contudo, a necessidade de oferecer um leque diversificado de formações, que correspondessem a uma verdadeira orientação vocacional e utilizassem os melhores recursos educativos, não era compatível com a manutenção desses pequenos pólos concelhios. Por isso, nos finais dos anos 90, começamos a concentrar a nossa oferta nos três pólos ainda hoje existentes e, graças ao apoio financeiro do PRODEP (hoje POPH), os jovens dos concelhos limítrofes e de outras regiões podem frequentar a área de formação que mais lhes interessa.
Actualmente a EPRAL é considerada uma Escola Profissional de excelência, reconhecida como tal pela União Europeia (distinção dada pela OCDE em 2000). Qual foi a ‘fórmula’ para este sucesso?
FR - Se é que há fórmula ela traduz-se na vontade de trabalhar e de ir sempre mais além, de procurar melhorar em cada novo ciclo. Desde o início que eu, como Directora da Escola e outros quadros da mesma, procurámos lá fora, na Europa, o que de melhor se fazia em cada uma das áreas de formação em que queríamos apostar. Numa lógica, não de cópia, mas de adaptação à nossa realidade, utilizámos o benchmarking como estratégia de organização da nossa escola.
vimento das nossas práticas formativas, quer em estágios, quer no processo das provas de aptidão profissional.
Em simultâneo promovemos, com apoio do Programa Língua e mais tarde do Juventude para a Europa e do Leonardo da Vinci, intercâmbio de jovens da nossa escola com congéneres de vários países da Europa. Também os nossos professores foram mobilizados em torno de projectos transnacionais de partilha de metodologias pedagógicas e organizacionais, com o apoio do Euroform e do Leonardo da Vinci, umas vezes por nossa proposta e liderança, outras por participação a convite de outras entidades nossas parceiras.
Além da Presidência da EPRAL, desde 1990, esteve ligada à génese da reestruturação do Ensino Profissional, e como tal à criação das Escolas Profissionais em 1989. Além disto, desempenhou durante oito anos a Presidência da ANESPO (Associação Nacional de Escola Profissionais). Permitindo-lhe ter um capital de reflexão muito significativo sobre estas questões, como encara hoje o futuro do Ensino Profissional em Portugal, nomeadamente o binómio formação / empregabilidade
A aposta nas soluções mais adequadas e mais avançadas no que respeita ao património laboratorial e demais recursos educativos, ajudou e resultou desta dinâmica... toda a comunidade educativa, dos dirigentes, aos formadores e aos formandos participaram na construção deste nosso modelo, num plano de exigência e de procura da inovação. Neste campo não podemos deixar de referir a aposta que fizemos e mantemos de uma cooperação estreita com o tecido empresarial e institucional, com o seu envolvimento no desenvol-
Andará por aí a chave do nosso sucesso e do facto de sermos sistematicamente convidados e visitados... é na partilha de ideias que novas oportunidades vão surgindo...
FR - Desde o arranque da ANESPO, da associação das escolas profissionais, que eu, como Directora da EPRAL participei na Direcção da Associação, mas em 1996 assumi, por dois mandatos a liderança da mesma, altura em que as incertezas e a necessidade de redefinir o quadro de funcionamento das Escolas Profissionais, da sua relação com o Estado e com os apoios comunitários, se impunha. De facto foi um período muito rico de negociação, nem sempre pacífica, mas sempre leal, que com o Ministério da Educação e com o PRODEP, permitiu lançar as bases do novo quadro de funcionamento das Escolas Profissionais. 1999~2009 Fundação Alentejo
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O Projecto generoso e inovador que em 1989 o Professor Roberto Carneiro, o Dr. Joaquim de Azevedo e a Dra. Margarida Marques tinham lançado, precisava de ser consolidado e, com o empenhamento do Ministério da Educação, na pessoa do então Director Geral do Ensino Secundário, Professor Domingos Fernandes, foi possível chegar ao Decreto-Lei 04/98, na sequência do qual institui a Fundação Alentejo. Foi um trabalho da Associação, por mim liderada, mas também de todas as escolas profissionais, nada teria sido possível se no terreno cada uma das Escolas não se fosse enraizando e tornando-se incontornável para as suas populações e agentes económicos.
Apesar de ter nascido de uma necessidade de clarificação legislativa referente às Escolas Profissionais (Decreto-Lei nº 4/98), a Fundação Alentejo tem como eixo das suas actividades a formação, em especial a oferecida pela EPRAL. Mas tem também outras vocações e horizontes. Como os definiria?
Foi possível ao longo desse período, através da Associação e do trabalho das Escolas, provar que era viável uma formação de nível secundário de dupla certificação, com equivalência plena às outras vias do secundário. O sucesso da empregabilidade, os ganhos no combate ao abandono e ao insucesso educativo, tornaram esta via a grande aposta do Ministério da Educação para a generalização do ensino secundário, agora em curso. De alguma forma, as escolas públicas, têm vindo buscar alguma da nossa cultura organizacional para, também elas, oferecerem a via profissionalizante... não sei se tal será possível... mas vejo com bons olhos a generalização dos nossos cursos a todos os operadores do sistema, desde que se mantenha o padrão de qualidade e a filosofia destas formações orientadas para a modernização e inovação do nosso mundo do trabalho.
A nossa vontade permaneceu e fomos actualizando-a e reconfigurando-a em função dos contextos e das oportunidades que foram surgindo ou que ajudámos a criar... Daí que, sendo a EPRAL o nosso instrumento mais poderoso e que melhor nos define, a nossa intervenção tem vindo a afirmar-se noutros patamares como seja a qualificação de adultos (projecto Integrar, ainda nos anos 90, e Centro RVCC, em 2001, transformado em Centro Novas Oportunidades em 2007, a que recentemente juntámos a oferta formativa para adultos em torno do novo Catálogo Nacional das Qualificações, em regime laboral e pós-laboral).
Fundação Alentejo 1999~2009
FR - A Fundação Alentejo foi instituída em 1999, mas o seu espírito vem do projecto inicial, de 1988/89 quando decidimos intervir na qualificação das pessoas como contributo fundamental para o desenvolvimento do Alentejo, com a elevação da qualidade de vida das suas gentes e o fim da erosão demográfica principalmente das gerações mais jovens...
Há um fio condutor que nos alimenta: apostar nas pessoas; e uma âncora que nos segura: servir o desenvolvimento do Alentejo. Neste contexto consideramos que o nosso projecto
A Fundação na primeira pessoa
está maduro, mas não está concluído, vamos avançar para outras frentes que o irão potenciar. Numa lógica de racionalização de recursos e de potenciação de experiências e saberes, vamos avançar para a criação de uma nova estrutura que possa responder aos desafios da promoção da igualdade de oportunidades desde tenra idade: uma creche e jardim de infância, que num padrão de qualidade, possa contribuir para a elevação das oportunidades das nossas crianças. A esse projecto seguir-se-ão os restantes ciclos do Ensino Básico. Também o alargamento a soluções de e-learning, para a região, para o país e para os PALOP´s está no nosso horizonte próximo. A nossa coerência impõe que assumamos esses desafios e continuemos a responder às expectativas que o Alentejo coloca em nós, graças às provas dadas até ao presente.
Que balanço faz destes dez anos em que esteve à frente da Fundação Alentejo?
FR - O balanço é positivo por um lado e negativo por outro, ainda que o primeiro prevaleça sobre o segundo. Olhando para traz, para os muitos momentos de dificuldade e de angústia, se os tivesse antecipado, não sei se teria avançado e empenhado tanto do meu esforço e da minha vida familiar
e uma eventual carreira de que resultasse benefício e património próprios que pudesse legar aos meus herdeiros. Mas honestamente sinto que, com as equipas que têm trabalhado ao meu lado, tenho prestado aos alentejanos, aos meus concidadãos, um serviço útil. Sinto que tenho assumido com garra a missão a que me propus... Quando vejo, em muitas das empresas e instituições os nossos diplomados a afirmarem-se como bons técnicos, quando as famílias se juntam a nós, emocionadas e orgulhosas, em cada cerimónia de entrega de diplomas, quando os empresários nos felicitam e se disponibilizam para cooperar nas nossas tarefas ou quando o jovem empresário foi um dos nossos formandos... aí sinto que valeu a pena e que temos de continuar. Também nos enche de alegria o apoio que temos dado à qualificação de jovens oriundos dos países africanos de língua portuguesa. A sua passagem pela nossa escola, para além de enriquecer os nossos jovens pelo reforço da multiculturalidade, é um forte incentivo à criação da verdadeira comunidade dos povos de língua portuguesa. Tenho consciência que, na região, muitas vezes não é compreendido este espírito de missão e de serviço, mas cada vez mais sinto que o sinal que demos ao optar pela instituição de Fundação e não pela criação de um projecto empresarial privado, começa a ser devidamente valorizado pelos alentejanos. 1999~2009 Fundação Alentejo
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Fernanda Ramos
I. Dados Pessoais Fernanda de Sousa Gonçalves Carvalho Ramos Casada 58 anos de idade Mãe de 3 filhos Natural de Vreia de Jales, concelho de Vila Pouca de Aguiar (Vila Real)
II. Percurso Inicial Vive em Angola (Luanda) dos oito aos vinte e quatro anos. Frequenta a Escola Primária naquela então Província Ultramarina e aí conclui o Curso Complementar dos Liceus, tendo ingressado na Universidade de Luanda, de onde sai, na sequência do falecimento de seu pai, quando... Assume a gerência da Empresa de Transportes familiar, ao mesmo tempo que... Ingressa na Função Pública, no Governo Geral de Angola chegando a Directora Adjunta do Gabinete do Ministro das Obras Públicas, Habitação e Urbanismo, no GOVERNO DE TRANSIÇÃO do Estado de Angola. Em 1975 casada e com dois filhos, regressa a Portugal ingressando nos quadros do Ministério das Obras Públicas. 40
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Em 1978, vem viver para Évora, onde participa na instalação a nova DIRECÇÃO DE HABITAÇÃO DO SUL. Frequenta, então, o Curso de Novas Técnicas de Chefia.
III. Percurso Profissional e Intervenção Cívica É, actualmente, Governadora Civil do Distrito de Évora, tendo tomado posse, por nomeação do Governo da República, em 26 de Outubro de 2005. Em 2001 é eleita autarca da Câmara Municipal de Évora, sendo designada sua Vice-Presidente, cargo que assumiu durante todo o mandato. Nessa qualidade assume os Pelouros da Educação, Juventude, Acção Social, Habitação e Espaços Verdes e Ambiente. Ainda nessa qualidade, preside à Habitévora, empresa municipal de habitação social. Em 2000 integra o grupo de cooperantes que funda a SEMPRE A CRESCER - Cooperativa de Solidariedade Social, cuja Presidência assume. Em 1999 lidera o processo de instituição da FUNDAÇÃO ALENTEJO - nova entidade proprietária da EPRAL - na qual assume o cargo de Presidente. Na actualidade mantém esse cargo, o qual desempenha em regime de voluntariado.
Nota curricular
Em 1996 assume a Presidência da Direcção da ANESPO. De 1998 a 2005 é reconduzida nesse cargo, em mandatos sucessivos. No exercício desses mandatos envolveu-se activamente no progresso de elaboração do novo enquadramento do Ensino Profissional / Escolas Profissionais que viria a ser consagrada no Decreto-Lei n.º 4/98, bem como na criação do CEFANESPO - Centro de Formação de Professores da ANESPO. Em 1990, entusiasta do projecto de criação de ESCOLAS PROFISSIONAIS, lidera um projecto de criação daquela Escola Profissional da Região Alentejo, no qual promove o envolvimento activo de várias autarquias da região. De 1990 até 2005 assumiu a Direcção da EPRAL com inegável empenho, tornando-a, no presente, a maior Escola Profissional portuguesa e dotando-a de uma estrutura de formação de dimensão e qualidade europeias. Ao longo do seu exercício como Directora representou a EPRAL em vários organismos e esteve na fundação de outros, entre os quais se podem referir: O Archimed - Rede de instituições de formação do arco do mediterrâneo;
O CIEA - Centro de Inovação Empresarial do Alentejo e a ADRAL - Agência de Desenvolvimento Regional Alentejano. Nessa circunstância, aceita o convite para a Direcção da EPRAL - Escola Profissional da Região Alentejo, de cujo contrato - programa é uma das subscritoras. Em 1989, como membro fundador do CEDRA - Centro de Estudos e Desenvolvimento da Região Alentejo, lança e coordena o PROJECTO VAGA JOVEM - Vector Agro - Alimentar do Alentejo, com o apoio da Iniciativa Comunitária PETRA. Em 1979/82 e 1986/89, como autarca em Évora e em Reguengos de Monsaraz, assume pelouros na área da Educação, Desenvolvimento Sócio-económico, Cultura e Turismo, lançando e/ou dinamizando iniciativas culturais como ÉVORA - Os POVOS E AS ARTES E MONSARAZ - MUSEU ABERTO, que desde então são expoentes na vida cultural da região Sul do país. É contudo, na Educação que encontra o maior desafio. Percebe então o papel de relevo que à Escola cabe para a resolução dos múltiplos problemas com que se confrontam os jovens alentejanos e os seus agregados familiares. Essa será a preocupação que jamais a abandonará e norteará a sua acção futura. 1999~2009 Fundação Alentejo
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Estabelecimento de
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EPRAL
Ensino Exemplar
Quando, em 2000, a OCDE classificou a Escola Profissional, propriedade da Fundação Alentejo, como estabelecimento de ensino exemplar, fê-lo pela qualidade, diversidade e carácter inovador dos seus espaços pedagógicos que, obviamente, traduziam o novo paradigma de Escola desenhado pelo seu Projecto Educativo e pela praxis que vinha sendo consolidada há mais de uma década por toda a sua comunidade educativa
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EPRAL
Quando, em 2000, a OCDE classificou a Escola Profissional, propriedade da Fundação Alentejo, como estabelecimento de ensino exemplar, fê-lo pela qualidade, diversidade e carácter inovador dos seus espaços pedagógicos que, obviamente, traduziam o novo paradigma de Escola desenhado pelo seu Projecto Educativo e pela praxis que vinha sendo consolidada há mais de uma década por toda a sua comunidade educativa. Tratou-se da confirmação de um percurso mas, mais do que isso, fez-se justiça à coerência de uma nova cultura de escola, efectivamente aberta à comunidade e à inovação, num contexto regional e nacional marcado por vários constrangimentos estruturais e inércias ancestrais. Onde menos seria expectável, afirmava-se uma Escola como referência de qualidade e de inovação. Ora, estas evidências eram resultado de factos que marcaram a primeira década da EPRAL e se projectaram para a nova década que estamos quase a concluir: desde logo a aposta num investimento criterioso mas sólido, em espaços formativos de qualidade, salas de formação, ateliês, laboratórios bem dimensionados, confortáveis e com equipamentos em permanente actualização e renovação.
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Umas vezes com recursos próprios que o nosso esforço e gestão criteriosa permitiam gerar, outras vezes com recurso a candidaturas aos programas comunitários (PORA - Programa Operacional da Região Alentejo e PRODEP - Programa de Desenvolvimento da Educativo para Portugal), mas com forte componente de auto-financiamento (vide gráficos de imobilizado - “imóveis” e “equipamentos e mobiliário”), foi possível criar uma Escola de que todos, desde os dirigentes, aos formadores e aos formandos e suas famílias se podiam orgulhar. Fizemo-lo, não por uma questão de orgulho, mas porque tínhamos a certeza de que essa dimensão, a dimensão da qualidade e adequação dos espaços e equipamentos era vital para o sucesso da nossa missão: a qualidade do contexto favoreceria o sucesso dos objectivos que nos mobilizavam. Formar jovens tecnicamente competentes e empreendedores e despertar em cada um deles o espírito do rigor e da exigência, a par do exercício de uma cidadania esclarecida e activa, implicava criar, a par das condições pedagógicas e organizativas, as condições logísticas de qualidade, em alguns casos ao nível da excelência. Foi essa a nossa opção a qual se veio a verificar ajustada.
“Estabelecimento de Ensino Exemplar”
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EPRAL
O esforço que foi feito pela Direcção da EPRAL e, desde 1999, pela Fundação Alentejo foi um esforço titânico no sentido de concretizar esses objectivos, o qual permitiu canalizar e rentabilizar algum do financiamento disponibilizado pela União Europeia, através do referido PRODEP. A entidade substitui-se ao Estado português no que respeita a este tipo de financiamento (imobilizado), pois, caso EPRAL/ Fundação Alentejo não conseguisse assumir a quota-parte nacional não teria sido possível aproveitar, para os jovens por-
Fonte de Financiamento
Mais, o esforço que tem sido pedido, ao nível do auto-financiamento, para esse efeito, tem vindo a ser crescente, ou seja, a nossa quota-parte na aquisição do imobilizado ao longo dos três quadros comunitários de apoio (1990 a 2007), cresceu dos 40%, para os 80%, conforme quadro abaixo. Refira-se que o PRODEP III, que terminaria em 2006, foi prolongado até finais de 2007.
QCA I
QCA II
Financiamento Público
670.257,54
EPRAL / Fundação Alentejo
592.544,90 1.262.802,44
TOTAL 46
tugueses e alentejanos, parte das verbas que Bruxelas disponibilizava para o desenvolvimento da educação em Portugal.
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QCA III
TOTAL
2.637.692,30
138.559,74
3.446.509,58
4.648.133,74
1.242.917,35
6.483.595,99
7.285.826,04
1.381.477,09
9.930.105,57
“Estabelecimento de Ensino Exemplar”
Mas um projecto desta envergadura, com a ambição que sempre assumimos quanto à sua permanência e consolidação da sua qualidade e do seu carácter inovador, não podia assentar exclusiva ou principalmente no seu património físico, antes devia conjugar essa dimensão com um quadro de recursos humanos dotados de dedicação e compreensão do projecto, competência profissional e vontade de assumir o risco e o desafio da inovação. Para tal impunha-se que, de forma crescente, se fosse constituindo um núcleo estável de colaboradores (docentes e não docentes) que fossem esse pilar essencial do projecto. Esse foi um desafio com dificuldades significativas, não só pela
exigência deste tipo de projecto inovador, como pela diversidade (e variação ciclo a ciclo, ao nível das componentes técnicas-tecnológicas) que ele implica(va). Como se pode observar pelos gráficos de Pessoal (Docente, Não Docente e Total), também aqui a nossa aposta, a posta da EPRAL e da Fundação Alentejo, foi a do compromisso com a qualidade e com a promoção do sucesso socioeducativo dos nossos formandos: apostámos na estabilização de um corpo docente e não docente que fosse garantia da continuidade e aprofundamento de uma cultura de Escola única que é, hoje, reconhecida pelas famílias e pela comunidade em geral.
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EPRAL
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Com um património físico adequado, um modelo organizacional de referência, um corpo de recursos humanos no qual pontua a dedicação exclusiva, a competência profissional e a partilha dos objectivos do projecto educativo que encarnamos, impõe-se que este potencial seja posto ao serviço da comunidade regional e, pontualmente, extra-regional e mesmo ao serviço da cooperação com os nossos irmãos africanos de língua portuguesa.
algumas das suas áreas de formação, jovens das restantes regiões do país.
Olhando o gráfico da proveniência dos nossos formandos, ao longo destes 19 anos, podemos constatar que a EPRAL é, verdadeiramente, um projecto de dimensão e vocação regional mas disponível para a cooperação e atraindo, em
Podemos mesmo assumir que essa é uma das características marcantes do nosso projecto. Um certo “cosmopolitismo” que torna mais aliciante e estimulante a vivência social de cada formando, em cada um dos nossos pólos.
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Se é verdade que os concelhos em que se situam os pólos da EPRAL/FA contribuem com a maioria dos formandos da Escola, no seu conjunto (Évora, 24,2%, Elvas 12,1% e Estremoz 5,5%), não é menos verdade que a sua área de influência se estende por todo o Alentejo.
“Estabelecimento de Ensino Exemplar”
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A par da determinação e clareza de objectivos dos órgãos Directivos e da entidade proprietária (a Fundação Alentejo), o conjunto de ingredientes a que nos referimos antes, aliado ao facto disponibilizarmos uma oferta plural, aferida anualmente em função das determinações da procura e do mercado de trabalho regional, isto é, nas áreas mais significativas do processo de desenvolvimento do Alentejo (ver gráfico abaixo), tem possibilitado uma dupla eficácia na nossa acção.
O nosso sucesso mede-se assim, pelo sucesso dos nossos formandos, ou seja, pela eficácia interna (efectivo combate ao abandono e consequente promoção do sucesso educativo dos jovens que nos escolhem) e a eficácia externa, consubstanciada nas taxas de empregabilidade acima dos 70% na generalidade das áreas de formação que temos vindo a concluir.
Alunos Matriculados no 3º Ano (até 2007) vs Alunos Diplomados / Todos os Pólos, por Famílias de Profissões Família Profissional
Alunos Matriculados
Alunos Diplomados
Taxa de Conclusão
Actividades Agrícolas e Agro-Alimentares
223
183
82,06%
Administração
642
582
90,65%
43
36
83,72%
Comunicação, Imagem e Som
692
617
89,16%
Construção Civil
390
352
90,26%
37
33
89,19%
Hotelaria e Turismo
818
678
82,89%
Informação, Documentação e Património
102
95
93,14%
Informática
805
706
87,70%
17
14
82,35%
Ordenamento do Território e Ambiente
184
155
84,24%
Serviços de Apoio Social
272
256
94,12%
Serviços de Protecção e Segurança
81
65
80,25%
Tecnologias Artísticas
90
85
94,44%
4396
3857
87,74%
Comércio
Electricidade e Electrónica
Materiais
TOTAL
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Sentimos que temos que continuar a apostar no aprofundamento de todas estas variáveis mas não podemos deixar de sentir que, objectivamente, estamos no caminho certo e, com o nosso esforço, o esforço dos nossos colaboradores, a dedicação dos nossos formandos e o apoio de suas famílias, poderemos contribuir em muito para quebrar o ciclo da erosão demográfica das novas gerações e da depauperação do nosso território, e ajudar a fixar novos projectos e novas oportunidades de desenvolvimento para o Alentejo.
Social -, ao apoio que nos foi facultado em sede de redes de cooperação e de partilha de experiência, mas neste 10º aniversário da Fundação Alentejo e 19º aniversário da EPRAL sentimos que ambas as entidades são merecedoras de parabéns e de reconhecimento.
Estamos gratos ao acompanhamento exigente e rigoroso das nossas tutelas - a Educação e o Trabalho e Segurança
Cláudio Ramos, Director da EPRAL António Bordalo Lula, Secretário-Geral da Fundação Alentejo
EPRAL e Fundação Alentejo, Abril de 2009
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EPRAL / Fundação Alentejo na presidência da ANESPO
Cerimónia de Tomda de Posse como Presidente da ANESPO, presidida pelo Senhor Secretário de Estadoda Reforma Educativa
A Directora da EPRAL e Presidente da ANESPO com o Sr Ministro da Educação, Professor Doutor Marçal Grilo e Secretária de Estado
Discurso da Directora da EPRAL e Presidente da ANESPO, no jantar comemorativo do encerramento do PRODEP II, 2001
testemunho
No meu percurso escolar até chegar à EPRAL, eu era uma aluna mediana. Nada houve de relevante neste tempo, não tinha notas negativas, mas também nenhuma digna de destaque. Era uma aluna de 13/14 valores de média, sem objectivos definidos. Um dia vi uns folhetos de publicidade da EPRAL, abria esse ano um curso de Construção Civil / Desenho. Resolvi que era isso que eu queria fazer. A parte mais complicada foi convencer as pessoas do meu entorno desta decisão. Todos diziam que a Construção Civil estava mais “virada” para Homens e que melhor era continuar numa escola secundária. A EPRAL não era muito conhecida na época (1992) e ainda havia muitos receios. Depois de conseguir contrariar estes pré-conceitos, cheguei à EPRAL. Tive de me deslocar para outra localidade de segunda-feira a sexta-feira para frequentar o curso. A partir daqui tudo mudou para melhor; o curso revelou-se muito interessante; havia uma componente prática muito importante na qual praticávamos tudo o que aprendíamos em teoria; aprendemos em obra bastantes coisas que numa sala de aula não seria possível; os professores eram também pessoas com uma vida profissional na área e transmitiam-nos bastantes casos reais; a comunidade escolar revelou-se uma nova família para nós. Na EPRAL a minha média chegou aos 17 valores e a um trabalho de fim de curso (P.A.P.) de 19 valores, que reflectiu claramente o aumento de interesse por este tipo de ensino e pelo ambiente escolar. Decidi que queria continuar a estudar nesta área e fui para a Universidade. Com a EPRAL descobri um novo método de ensino que me motivou bastante e me fez criar objectivo na minha vida. Na Universidade, senti a importância da EPRAL na minha formação, por comparação com a dos meus colegas. Tinha disciplinas que para eles eram de grande dificuldade, às quais eu dispensava de ir a exame. Disciplinas essas, cujos conteúdos eu já tinha conhecimentos da EPRAL. Por várias ocasiões dei explicações aos meus colegas de universidade dos conhecimentos que eu tinha da EPRAL desses temas. Fiz a minha licenciatura e enquanto trabalhava nas habilitações que a EPRAL me deu, e desde então que tenho tido sempre trabalho. Apesar da
minha idade já estou no mercado laboral há 14 anos, graças aos conhecimentos da EPRAL e à mudança que provocou na minha vida. Actualmente tenho o curso da EPRAL (Técnico de Construção Civil / Desenho NIII), uma licenciatura em Arquitectura pela Universidade Lusíada e um curso de Técnico Superior de Higiene e Segurança no Trabalho NV e posso dizer que tudo começou na EPRAL. Foi na EPRAL que estabeleci objectivos para a minha vida futura e foi através dos conhecimentos que ela (EPRAL) que facultou que os atingi.
Na EPRAL aprendi que a escola não era só chegar e assistir às aulas. Independentemente do cargo que cada um ocupava, havia uma preocupação por nós enquanto pessoas, reparavam se um dia estávamos menos bem e ajudavam-nos em tudo, mesmo quando o nosso problema não estava relacionado com a EPRAL. Aquelas pessoas ficaram sendo amigos (as) que ainda hoje persistem. Lembro-me das relações de amizade que havia, não só na turma, mas também com as outras turmas, com os professores, com os funcionários e corpos directivos. Dentro e fora da escola havia uma relação especial, inúmeras vezes almoçávamos juntos, encontrávamo-nos em algum bar/restaurante e ficávamos a conversar… coisas que parecem simples mas tão importantes quando vimos de uma escola onde somos apenas um numero, uma estatística… Ainda hoje falo e troco correspondência / telefonemas com a maioria dos meus ex-professores, hoje amigos tanto na vida laboral como profissional. Será que alguém pode dizer o mesmo de outra escola?
Antes de entrar para a EPRAL, sabia apenas que era uma escola “diferente” e penso que era essa diferença que “assustava” as pessoas. Tendencialmente, as pessoas acomodam-se ao que já é conhecido e receiam qualquer tipo de mudança.
Enquanto aluna, adorei aqueles anos, por todos os aspectos antes mencionados, a EPRAL faziam-me sentir bem cada dia. Na EPRAL descobri a vontade de ir para a escola e de aprender coisas. Senti-me triste quando comecei a ver que o curso estava a acabar e que tudo aquilo iria terminar, notei essa mesma tristeza nos meus colegas e na comunidade escolar que nos ajudou a levar o nosso curso a bom porto. Noto que geralmente os alunos que terminam o ensino secundário desejam nunca mais lá voltar e na EPRAL isso não acontece. As pessoas mantêm um relacionamento posterior ao curso, desde o meu término do curso que de alguma forma tenho voltado à EPRAL periodicamente. Não sou um caso isolado pois sei de muitos casos que quando podem regressam a esta casa. Penso que o facto de haver professores que têm no seu correio, correspondência de antigos alunos e dos antigos alunos continuarem a ir à EPRAL procurar esses professores, diz muito sobre esta ESCOLA. Actualmente a minha visão da escola, de uma forma geral, mantêm-se. Embora hoje em dia a EPRAL já seja vista pelo mercado laboral como um parceiro de peso na formação de profissionais. Já há bastantes empresas que procuram na EPRAL os seus funcionários de referência, não só para estágios como também para contratos de trabalho. Reconheço que a EPRAL, hoje tem uma dimensão muito maior da que eu conheci enquanto aluna, no entanto continuo a ver a mesma preocupação, quase parental, por cada aluno. Continuo a ver os alunos a voltarem à escola, a dialogarem com os novos colegas, a ajudarem-nos…
Conheço várias escolas de ensino secundário e ensino profissional, da mesma zona. Contudo, não conheço nenhuma escola ou tipo em que haja os mesmos incentivos, as mesmas preocupações, o mesmo interesse pelas PESSOAS e não por números.
Sara Martinez Arquitecta Técnica de Construção Civil Pólo de Estremoz, 1992/95
Parceria(s) em Rede Talento, experiência e empreendedorismo: contributo para um trajecto, “da geração mais experiente à geração mais empreendedora”
O posicionamento estratégico de uma organização/instituição de educação-formação, como aliás sucede com a generalidade das empresas e organizações, deve considerar a evidência de funcionar como um sistema aberto, interagindo com uma multiplicidade de agentes públicos e privados, pessoas individuais e colectivas, que conferem à escola responsabilidades crescentes, em género e em número, e que depositam na escola as mais fortes expectativas de qualidade quanto à sua missão de formar e educar, seja no plano dos valores, participação e exercício da cidadania, seja na formação técnica, tecnológica e prática, isto é, na formação profissionalizante, cientificamente integrada e propedêutica da inserção socioprofissional dos aprendizes. O que queremos dizer é que, em nosso entender, educar e formar, comporta(m) esta dimensão plural, globalizante e transdisciplinar, claramente articulada com a vida do cidadão em sociedade e com o seu trabalho profissional, criterioso e competente. Formulando ainda em linguagem mais clara: a escola deve posicionar-se enquanto agente constitutivo de uma comunidade, contribuindo para o reforço da sua coesão e identidade, comprometendo-se com os resultados escolares dos seus educandos e apoiando-os na sua inserção socioprofissional; ao fim e ao cabo, a missão de um verdadeiro agente de desenvolvimento social e económico, científico e tecnológico, pessoal e colectivo. A Estratégia de Lisboa (de 2000 a esta parte) estabeleceu uma visão muito clara, para o espaço geo-político da União Europeia, implicando os sistemas de educação-formação no que
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empresas, instituições, parceiros sociais
FEVAL, Badajoz Projecto CITEFE
Caixa Geral de Depósitos
Delta Cafés
empresas, instituições, parceiros sociais
Universidade de Évora
Câmara Municipal de Elvas
concerne ao seu desenvolvimento, a qual podemos enunciar pela sua formulação mais conhecida: > “Tornar-se (a União Europeia) na economia baseada no conhecimento, mais dinâmica e competitiva do mundo, capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos e com maior coesão social”; > através dos seguintes objectivos fundamentais: > “aumento da qualidade e da eficácia dos sistemas de educação e formação nos países da União Europeia > viabilização do acesso de todos aos sistemas de educação-formação profissional > abertura dos sistemas de educação-formação ao mundo exterior”. Focalizados nas organizações de educação-formação, parecenos que a abertura ao mundo exterior se concretiza através:
> da promoção da intervenção das instâncias competentes para o desenvolvimento da formação - nomeadamente da formação profissional e da aprendizagem (formação profissional inicial) - no local de trabalho; cujo impacto sobre a escola deve propiciar: > uma renovação integral da actividade pedagógica, para criação e consolidação de laços mais estreitos com a vida profissional e o mundo do trabalho; > o desenho curricular de percursos “educativos” articulados com processos concomitantes de certificação escolar e qualificação profissional (vulgarmente designados de percurso de “dupla certificação”); > a incorporação e valorização nos projectos educativos, bem como o seu incremento de facto, da formação em contexto real de trabalho;
> da promoção de uma estreita cooperação entre os sistemas de educação e de formação, e a sociedade em geral;
> a percepção que a aprendizagem ocorre efectivamente ao longo da vida, antecede a escola e envolve processos de formação ilimitados no tempo e não confinados à escola;
> do estabelecimento de parcerias entre as instituições de educação-formação, empresas e organismos de investigação, para seu mútuo benefício;
> o estabelecimento e incremento de parcerias (qualificantes, estratégicas, simbólicas e/ou de excelência), associado à dinamização e/ou envolvimento em redes de cooperação; 1999~2009 Fundação Alentejo
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Parceria(s) em Rede
> o sentido de autonomia, de pertença e de participação na comunidade - bem como a sua capacidade de envolvimento e de compromisso solidário com as aspirações e as orientações de política educativa definidas pela sua comunidade; > o desenvolvimento de uma cultura de empreendimento que dignifique e afirme o trabalho, enquanto pilar de sustentabilidade das organizações e empresas e da inserção social e profissional das pessoas; > o reconhecimento da correlação que se estabelece entre o “saber”, o conhecimento tecnológico e a cultura; > a compreensão que a tecnologia, o capital humano e a democracia se conjugam, de modo a que a escola promova o talento pessoal e a capacidade humana para experimentar e inovar. Neste quadro de compromisso e de responsabilidade social, diremos que são aquelas as mais justas e adequadas referências para a medida da qualidade (grau de satisfação dos clientes, individuais e colectivos) e da eficácia (resultados evidenciáveis) do desempenho das organizações escolares, isto é, de educação-formação, na prossecução do serviço público que prestam à comunidade. Assim e aqui chegados, ao ponderarmos um contributo para uma caracterização (em jeito de esboço) da geração mais empreendedora, a partir da perspectiva de uma geração mais experiente, procurámos as pontes que nos ligam e comprometem mutuamente. Encontrámo-las na capacidade de fazer e de avaliar, no sentido de mudança e de transformação, na abertura de espírito e confiança mútua, no reconhecimento de que é essencial que aprendamos com “eles” as formas de transformarmos as nossas organizações. Os novos apren60
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dizes, os nossos aprendizes, criam e inovam. Procuram na escola uma nova cultura de trabalho e aprendizagem, um novo modelo pedagógico de sociedade e democracia, cujas palavraschave são: questionar e trabalhar, comunicar e cooperar, realização pessoal e “lúdico”, entre outras, certamente… É a sua pressa de fazer e fazer acontecer, a sua energia, que nos convoca para a inovação e a criatividade. Aqui estamos! No cerne das expectativas, a montante e a jusante, das famílias, das empresas, do poder político (nacional e autárquico) e dos jovens. No amplo e dinâmico cenário de actores, responsabilidades e expectativas que procurámos brevemente reflectir, cabenos destacar o inestimável contributo que as empresas têm emprestado ao desenvolvimento da missão da Escola Profissional da Região Alentejo, não apenas pela integração de técnicos diplomados, incorporando pessoas qualificadas, mas sobretudo pelo seu envolvimento no acolhimento de Estagiários, no quadro do desenvolvimento curricular, isto é, propiciando a qualificação mais adequada das pessoas. Desta forma, as empresas (o “mundo do trabalho”), constituem-se enquanto recurso educativo por excelência e multifacetado (recurso físico, didáctico, laboratorial, técnico-humano), diremos mesmo, incontornável, e espaço essencial de I&D (investigação e desenvolvimento) para as organizações de educação-formação. Numa expressão simples: parceiros qualificantes e de projecto que merecem inteiramente a singela expressão do nosso reconhecimento público. Podemos destacar - de uma forma muito simples e sem pretensões de estabelecermos ciência no que a esta matéria respeita - três grandes momentos no percurso empreendido pela EPRAL quanto à FCT: um período inicial de novidade e
Parceria(s) em Rede
expectativa, em que alguns cursos profissionais sinalizavam nos respectivos planos de estudos o “estágio”; um período intermédio de consolidação e generalização, com integração explícita da FCT nos planos curriculares do ensino profissional; um período que interpretamos como de experimentação e desenvolvimento que nos leva a ousar fazer, beneficiando do patamar de segurança e confiança mútua que ajudámos a construir e que partilhamos com a generalidade das empresas e organizações da Região Alentejo. O primeiro, impulsionou um movimento da escola em direcção às empresas, o segundo, estabilizou movimentos bidireccionais de iniciativa mútua, o terceiro - feliz coincidência - retoma o desafio plasmado no nosso lema primordial, dirigido aos jovens: “Agarra o futuro!”. Hoje sabemos (por experiência? por talento? por sentido de empreendimento?...) que aquele desafio passa pela nossa capacidade de aprender com eles: os nossos formandos, as empresas e organizações; enfim, com a generalidade dos “nós” que constituem a ampla rede interactiva de trabalho que nos envolve. É neste contexto mais recente, de inovação, que procuramos ir mais longe, experimentando novas soluções tácticas que nos permitam prosseguir o movimento estratégico de abertura e de acolhimento recíproco face ao “mundo do trabalho”, aliás como estabelecem as políticas públicas de educaçãoformação. Assim, já o afirmámos noutros fóruns, valorizamos a Formação em Contexto de Trabalho enquanto vector estratégico de orientação do desenvolvimento curricular e reconhecemos o contexto real de trabalho, como espaço e tempo privilegiados para a consolidação e desenvolvimento das competências
profissionais. Por outro lado, temos constatado que a motivação pedagógica, isto é, a disponibilidade para a aprendizagem em contexto escolar, da nova geração de empreendimento decorre muito da sua expectativa em ser envolvida em actividades práticas de formação, isto é, em ambientes reais de trabalho, no “confronto” directo com os públicos e os constrangimentos próprios do mundo do trabalho, visando uma integração socioprofissional mais rápida e sustentada. A nova geração de empreendimento aparenta querer “mais”, “mais” envolvimento e realização pessoal, “mais” participação, também na concepção e desenvolvimento dos produtos e serviços que utiliza, entre os quais se situa a escola. Se assim é, consideramos que a melhoria dos factores de empregabilidade dos diplomados do ensino profissional, aponta para o incremento reforçado de experiências de formação desenvolvidas em contextos reais de trabalho, envolvendo: > os estágios curriculares tradicionais > outras experiências autónomas realizadas em contextos reais de trabalho, devidamente comprovadas, integrando-as na avaliação da proficiência das competências profissionais dos formandos, através do seu reconhecimento, validação e creditação, em sede de classificação escolar. Aliás, o reconhecimento, avaliação e certificação das aprendizagens desenvolvidas em contextos não-formais e informais, estando na ordem do dia no que respeita aos activos de hoje, carece de incremento experimental no nível secundário de educação, campo formativo dos activos de amanhã, designadamente no âmbito dos Cursos Profissionais. Trata-se, pois, de um campo de I&D no âmbito nosso Projecto Educativo. 1999~2009 Fundação Alentejo
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Parceria(s) em Rede
Do ponto de vista da formulação de objectivos, propomos, pois, um debate experimental em torno de estratégias inovadoras de formação, centradas no eixo FCT que:
adequadas às oportunidades de desenvolvimento social e económico que se vislumbram a médio-longo prazo no Concelho de Évora e na Região Alentejo.
> promovam o marketing pessoal dos jovens, isto é, ampliem a sua visibilidade junto das entidades empregadoras, melhorando a sua empregabilidade no final do ciclo de formação;
“…a nossa intervenção deve perspectivar uma metodologia de trabalho de cooperação e de mútua confiança, envolvendo os actores fundamentais do sistema, escolas, autarquia, serviços públicos regionais, estruturas associativas empresariais e socioprofissionais e estruturas associativas dos profissionais de educação, dos alunos e de famílias/encarregados de educação, de modo a que a rede escolar acolha, tão justamente quanto possível e no quadro de desenvolvimento das políticas públicas de educação, os contributos e as expectativas mais relevantes de toda a comunidade”.
> potenciem as aprendizagens técnicas desenvolvidas em contexto escolar e as competências profissionais que lhes estão associadas; > motivem os jovens estudantes a empreenderem autonomamente experiências de formação em contextos reais de trabalho, para além das cargas horárias e dos tempos formais de formação, criando um sistema interno de creditação que acolha estas experiências não-formais no âmbito da notação na área de FCT. Não é nosso propósito abordar neste texto a problemática da “rede escolar” na Região, porém, os contributos que temos formulado em diversas ocasiões e fóruns e a nossa mais recente participação na Sessão Extraordinária do Conselho Municipal de Educação de Évora levada a cabo no passado dia 6 de Março, integrando, aliás, o grupo de relatores, permitem-nos reproduzir aqui, parcialmente, a conclusão do documento-síntese dos trabalhos: “... um levantamento relativamente exaustivo de oportunidades para desenvolvimento da rede escolar, seja na perspectiva da sua harmonização interna, isto é, na articulação de recursos e de competências entre as diversas escolas/agentes de educaçãoformação, seja na perspectiva externa, isto é, na formulação de respostas qualificadas, concretizadas em ofertas de formação 62
Fundação Alentejo 1999~2009
Em parceria, envolvidos activamente na(s) rede(s), podemos fazer no Alentejo! Parabéns Fundação Alentejo e diplomados pela Escola Profissional da Região Alentejo; obrigado empresas!
João Lázaro Director Técnico-Pedagógico da EPRAL / Évora
testemunho
O meu percurso profissional teve início logo que entrei na Epral, embora não imaginasse que seria uma das etapas mais importantes e decisivas da minha vida. A ida para a Epral surgiu como um escape. Inicialmente não sabia bem para o que ia, até a escolha do curso foi acidental, e demorei algum tempo a adaptar-me à nova realidade. No entanto apercebi-me que podia ter um futuro promissor à minha frente, e comecei a traçar objectivos e a trabalhar para os atingir, começando a achar que tinha feito a escolha acertada. Hoje, não acho, tenho a certeza, pois foi na Epral que escolhi a minha área profissional, o que queria ser e fazer, foi lá que tudo começou. Lembro-me do primeiro dia como se fosse hoje, entrei na sala cheia de caras desconhecidas, mas rapidamente me apresentei e fiz novos colegas. Adorava o sistema de passar o cartão, era algo diferente das outras escolas, mas que nos dava uma responsabilidade acrescida. Recordo com saudade a camaradagem que existia, os intervalos que aproveitávamos ao máximo, as aulas práticas que de assustadoras passaram a divertidas. A minha passagem pela Epral teve várias fases, inicialmente como outros alunos via a Epral como uma saída fácil, só depois me apercebi que podia tirar proveito do que a escola me estava a oferecer, independentemente da minha escolha no final do curso. Continuo a achar que é uma mais valia tirar um curso profissional, a teoria é complementada com a prática, o que torna mais fácil a adaptação à realidade laboral. Não possuo conhecimentos suficientes para que possa comparar com outra escola, no entanto posso afirmar que os alunos que vêm de uma escola de formação profissional distinguem-se pela positiva com os conhecimentos práticos adquiridos.
Cristina Maria Pires Freixa Assistente de Direcção do Monte do Carlos, Hotel Rural Técnico de Hotelaria Restauração Pólo de Évora, 1995/98
Gestão Pedagógica «Em Rede» Um Factor-Chave no Sucesso Educativo da EPRAL
1. Introdução Considerando que a escola e os seus actores devem buscar incessantemente a qualidade da aprendizagem dos seus alunos (“clientes”), supõe-se que ela deve renovar-se constantemente, adaptando-se à sociedade, também ela em constante mutação. Esse processo de mudança e (re)adaptação não deve ser obra do acaso, outrossim, resultar de um planeamento estratégico suficientemente partilhado e flexível. Dado que uma escola é essencialmente um sistema de acção social que depende da vontade, necessidades, interesses, e lógicas estratégicas dos seus membros, a concretização de modelos de gestão pedagógica partilhada é um objectivo que deve ser perseguido, na procura de conseguir-se suficiente envolvimento dos actores no quadro dum novo paradigma de gestão. Na nossa perspectiva, é mais provável existir uma gestão eficaz e eficiente onde aqueles que ocupam posições de poder são reconhecidos pelos demais como tendo adquirido o poder com legitimidade e onde as pessoas interessados e afectadas pelas processos decisórios têm a possibilidade real de ser ouvidos e, se possível, participarem nas decisões que os afectam. Nestes casos, o próprio exercício do poder resulta num sentido de orientação geral que serve como um guia para a acção e a gestão resulta num desempenho que corresponde aos interesses dos envolvidos. Naturalmente, um dos 64
Fundação Alentejo 1999~2009
requisitos da boa gestão é a responsabilização entre todos os actores, o que exige transparência/abertura na condução dos processos. Mas também, evidentemente, competência. De facto, a concretização duma gestão pedagógica adequada exige profissionais altamente competentes. Competentes em termos de saber teórico/científico (saber-saber), competentes nos momentos de concretização prática das opções pedagógicas (saber-fazer) e, ainda, competentes a nível da relação que forçosamente têm que manter com os outros membros da organização (saber-ser) - obviamente, assegurar responsabilidades a nível da gestão pedagógica, seja em níveis de topo, seja em níveis intermédios, implica sempre a concretização duma liderança democrática, o uso de modelos, canais e recursos de comunicação adequados, a aplicação de princípios de gestão de conflitos, e de gestão do poder. Sendo cada escola, como dissemos, um sistema de acção social concreto, cada pessoa, cada departamento ou cada órgão constitui um “nó” em interacção permanente com outros, estabelecendo, desta forma, uma rede social. Globalmente, podemos considerar que existem essencialmente dois tipos de redes: as redes centralizadas e as redes distribuídas. As primeiras são essencialmente caracterizadas pela existência duma pessoa ou um órgão colectivo que assume um grau de importância superior, sendo fundamental a sua
presença para a ligação entre os outros “nós” da rede. Neste caso, se essa pessoa ou órgão central for eliminado, esse facto afectará toda a rede. No caso das redes distribuídas, a estrutura assume a forma de uma “malha”, em que todos os participantes possuem a mesma importância entre si, e em que para alcançar um deles existem vários caminhos possíveis. Mais adequadas à contemporaneidade, estas redes costumam potenciar os resultados das organizações, por se basearem em princípios tão importantes como a autonomia, a flexibilidade, a multi-liderança (liderança partilhada), elevada conectividade entre os participantes (que exploram as potencialidades das tecnologias da informação e da comunicação), a participação, o dinamismo das interacções, entre outros. Se bem que qualquer sistema possa ser analisado na perspectiva do seu funcionamento interno, não deixa de ser pertinente uma análise das relações do sistema ou de alguns dos “elementos” com os sistemas externos. Ou seja, se é importante analisar as relações entre os actores internos (por exemplo, entre relações entre professores e alunos, entre professores e titulares de cargos de gestão intermédia, ou entre colaboradores e titulares de cargos de gestão), é igualmente pertinente, sobretudo na escola contemporânea, mais aberta ao “exterior”, expandir o olhar analítico sobre as relações entre os (ou alguns dos) elementos constituintes da escola (leia-se do sistema ou subsistemas internos), com elementos dos sistemas ou subsistemas externos - por exemplo entre os orientadores educativos (ou directores de turma) e
as famílias dos alunos ou entre os coordenadores de curso e as empresas. Assim, as famílias dos alunos, as empresas, os órgãos de governo local e outras entidades públicas e privadas podem considerar-se como elementos exógenos a cada escola, ou podem, por força da densidade e intensidade de relações que com ela estabelecem, constituir-se como partes (“nós”) fundamentais para o funcionamento eficiente da escola enquanto rede. É à luz destes considerandos de natureza conceptual que procuramos, nos pontos seguintes, particularizar a experiência da Escola Profissional da Região Alentejo - EPRAL no que concerne à concretização duma gestão pedagógica partilhada, «em rede», interna e externamente.
2. Gestão pedagógica da EPRAL: um olhar sobre a «rede interna». Desde a primeira hora (já lá vão 19 anos) a EPRAL assumiuse como um projecto educativo muito particular e de alguma forma concretizador não só de um novo modelo pedagógico (sustentado na «estrutura modular»1) como com uma estru1 Desde 1989, a estrutura modular é a base do modelo pedagógico 1999~2009 Fundação Alentejo
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Gestão Pedagógica «Em Rede»
tura organizativa inovadora, plasmada no seu Projecto Educativo e no Regulamento Interno2 que, embora pressupondo uma estrutura formal hierárquica, não deixava de considerar-se suficientemente flexível, ágil, e descentralizada, dada a extraordinária relevância dos cargos de gestão pedagógica intermédia passíveis de exercício com elevada margem de autonomia. Referimo-nos aos papéis exercidos pelo Orientador Educativo3, pelo Coordenador de Curso e pelo Tutor4 que fazem destes actores os elos (“nós”) centrais de articudas Escolas Profissionais. No âmbito da sua proclamada autonomia pedagógica, as escolas profissionais habituaram-se a planificar o ensino, criando unidades modulares de diverso tipo e de duração variável [através da criação de macromódulos - ou seja, módulos integrados de diferentes disciplinas (neste caso módulos pluridisciplinares) ou resultantes da fusão de módulos de uma mesma disciplina (módulos unidisciplinares) -, da inclusão de módulos intercalares (módulos de apoio ou de enriquecimento), da reorganização da sequencialidade interna dos módulos (com critérios longitudinais ou transversais ao currículo) ou, ainda, da manutenção de módulos unidisciplinares]. 2 Os órgãos de Coordenação Pedagógica são o Conselho Pedagógico e o Conselho de Turma. O Regulamento Interno prevê que as figuras do Coordenador de Curso, do Orientador Educativo e do Tutor assegurem a gestão pedagógica intermédia. O Gabinete de Apoio, Orientação Vocacional e Emprego - GAOVE - assegura a assessoria Pedagógica. A Direcção Técnico-Pedagógica é o órgão legalmente responsável pela área técnico-pedagógica na escola. 3 O Orientador Educativo é um formador da turma responsável pela ligação aluno, turma/escola, encarregado de educação e comunidade em geral. O Orientador educativo é nomeado para esta função, pela Direcção Técnico-Pedagógica e desenvolve a sua actividade em encontros reuniões plenárias com o grupo-turma, em reuniões individuais com cada um dos orientandos, ou em reuniões com os pais/encarregados de educação. 4 A função de tutor é criada sempre que seja julgue necessário e é desempenhada por formador(es) da turma, por nomeação da Direcção Técnico-Pedagógica do Pólo. A função do Tutor passa por efectuar o acompanhamento personalizado de um formando ou de um grupo de formandos com o objectivo de controlar a disciplina na Escola, orientar a vida académica e profissional do formando, fomentar valores cívicos e tratar de temas transversais do Currículo. 66
Fundação Alentejo 1999~2009
lação entre alunos e professores, entre alunos e famílias e entre alunos e empresas. Simultaneamente, o Projecto Educativo da EPRAL e o Regulamento Interno constituíam-se como mecanismos facilitadores da participação alargada dos alunos e dos professores, ainda que, em alguns casos, por via representativa (é exemplo a participação dos representantes, eleitos, dos formadores e dos formandos, no Conselho Pedagógico), em todos os órgãos de natureza pedagógica. Assim, em matéria de tomada de decisão, professores e alunos participam activamente na construção dos planos de actividades da escola e na concepção dos instrumentos de planificação de cada turma em concreto e participam activamente nas actividades de avaliação da formação. Relativamente à participação nos órgãos de gestão pedagógica, os alunos têm presença em todas as reuniões de Conselho de Turma, através do seu representante (delegado de turma), nas reuniões do Conselho Pedagógico e podem ainda organizar-se autonomamente enquanto Associação de Estudantes. Os professores estão também representados no Conselho Pedagógico através de membro eleito (tal como acontece para os alunos), integram directamente os Conselhos de Turma de que são formadores e participam com regularidade, antes, durante e após o término do ano escolar, em diversas reuniões promovidas pela Direcção Técnico-Pedagógica ou mesmo pela Direcção da Escola. Cremos que uma das especificidades do nosso Projecto Educativo consiste nesta possibilidade que os diversos actores têm de conhecer, julgar e contribuir para a tomada de decisão em diversos níveis.
Um Factor-Chave no Sucesso Educativo da EPRAL
Em todo esta articulação, afigura-se fundamental, pela amplitude dos papéis que desempenham, de relação interna e externa, os Orientadores Educativos e os Coordenadores de Curso. Aos primeiros cabem as seguintes funções: contribuir para o desenvolvimento de acções que facilitem a integração dos formandos na Escola; contribuir para que se criem condições que permitam uma articulação permanente entre formandos, encarregados de educação e escola, de forma a haver colaboração recíproca no processo de ensino-aprendizagem e na busca de soluções para dificuldades detectadas; contribuir para que se estabeleçam condições que permitam um diálogo permanente entre os formadores da turma, na procura de metodologias de trabalho que contribuam para um desenvolvimento personalizado do processo ensino-aprendizagem; ajudar a planificar actividades de apoio educativo; organizar e manter uma informação actualizada de cada formando de forma a poder informar a Direcção TécnicoPedagógica e esclarecer os Encarregados de Educação acerca da evolução do percurso escolar dos formandos; organizar os registos individuais do percurso escolar dos formandos; coordenar e/ou promover actividades que contribuam para o formando “aprender a aprender”; promover sessões com os formandos de forma a detectar dificuldades de aprendizagem, detectar dificuldades de integração na escola, organizar actividades de apoio educativo, valorizar aspectos em que o formando mostre ser bem sucedido e, ainda, preparar as reuniões de avaliação; preparar, com os formadores da turma, as reuniões de Conselho de Turma; presidir e coordenar as reuniões do Conselho de Turma; emitir parecer sobre as justificações de faltas apresentadas pelos formandos, seus orientandos; e organizar o processo pedagógico-burocrático de registo de assiduidade dos formandos.
Quanto ao Coordenador de Curso, as suas funções respeitam essencialmente a: promover e coordenar reuniões de curso, por sua iniciativa ou por determinação da Direcção TécnicoPedagógica, designadamente no momento de preparação e planificação do ano lectivo; participar activamente na concepção, planificação e desenvolvimento de actividades interdisciplinares; organizar e acompanhar estágios e momentos de formação em contexto de trabalho real, participando no respectivo processo de avaliação, conjuntamente com a entidade receptora; propor a realização de Seminários, Ateliês e “Workshops” no âmbito da sua área de formação, respondendo pela sua concretização; coordenar a concepção e acompanhar o desenvolvimento dos projectos PAP - Prova de Aptidão Profissional, no que respeita à sua qualidade, adequação ao perfil profissional respectivo, às necessidades do mercado de trabalho e às condições logísticas disponíveis; propor alterações nas instalações e equipamentos disponíveis, ou a sua reorganização, por forma a melhorar as condições de desenvolvimento da formação; gerir os espaços laboratoriais afectos à formação específica, fazendo propostas para a sua rentabilização, em sede da formação ou fora dela; dinamizar, em colaboração com a Direcção TécnicoPedagógica, a permanente avaliação e a eventual adequação dos conteúdos da formação técnico-tecnológica; participar, em colaboração com a Direcção Técnico-Pedagógica, nas redes de cooperação da área de formação respectiva, ou outras, dinamizadas pelo Ministério da Educação ou por grupos de escolas; participar nas acções de aproximação Escola/ meio Empresarial, promovidas pela entidade proprietária da Escola; colaborar activamente com o Gabinete de Prestação de Serviços à comunidade, respondendo a solicitações e/ou propondo actividades; e apoiar o Orientador Educativo da(s) Turma(s), na sua acção junto do formando e na relação com o agregado familiar do mesmo. 1999~2009 Fundação Alentejo
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Gestão Pedagógica «Em Rede»
Esta multiplicidade de funções de Orientador Educativo (O.E.) e Coordenador de Curso (C.C.) dão bem a ideia da centralidade que estes actores assumem na rede de interacções que se estabelecem no sistema interno EPRAL (ou melhor, nos seus três sub-sistemas que constituem os pólos de Évora, Estremoz e Elvas) e nas relações entre o sistema interno e os respectivos sistemas externos. Assim, só um trabalho desenvolvido na observância dos princípios típicos do bom funcionamento das redes, ou seja baseado num sistema dinâmico e eficiente de comunicações, na partilha de recursos5, de valores, de objectivos, de vontades, e de responsabilidades, em que as Direcções Técnico-Pedagógicas, embora assumindo centralidade dos processos, potenciem o exercício autónomo de funções por parte dos demais intervenientes, designadamente dos O.E. e dos C.C., pode ser garantia de sucesso da missão da organização. 5 Qualquer rede, qualquer sistema só sobrevive se for capaz de reunir os recursos necessários à concretização da sua missão e dos seus objectivos. No caso da nossa escola, os três pólos partilham parte dos recursos humanos e materiais disponibilizados pela sua entidade proprietária - Fundação Alentejo -, entendendo-se que todos os recursos educativos existentes na escola e fora dela (porque com as cidades e com os restantes territórios também se aprende) devem ser mobilizados na formação. Os recursos materiais são, portanto, todos os materiais, instalações, equipamentos e espaços laboratoriais, susceptíveis de utilização pela comunidade escolar. Quanto ao espaço de aprendizagem, além das salas de formação teórica, das oficinas pedagógicas e dos espaços laboratoriais específicos de cada Área de Formação, dos Centros de Recursos em Conhecimento e dos demais espaços envolvidos na vida da comunidade escolar, são também espaços potenciais de formação, as empresas, as organizações da sociedade civil, os equipamentos colectivos, o património ambiental, natural e edificado, assim como o património históricocultural da região. 68
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Evidentemente, não há sistemas perfeitos e os processos podem e devem ser individual e colectivamente reflectidos e avaliados6. Nesta medida, julgamos importante que o Director da Escola e, particularmente, os Directores Técnico - Pedagógicos favoreçam uma gestão pedagógica partilhada que, embora contemplando a dimensão avaliativa do desempenho individual, não deixe de centrar-se na melhoria das competências individuais e colectivas das pessoas capaz de contribuir, também por essa via, para o melhor ambiente de ensinoaprendizagem possível e para aperfeiçoar a «cultura de participação» existente, já que não parece ser possível educar e formar para a liberdade e para a participação sem práticas educativas correspondentes. Cremos que esta preocupação tem existido e deve continuar a ser cada vez mais visível em todos os momentos e contextos da actividade pedagógica, onde intervêm não apenas os detentores dos cargos de coordenação pedagógica atrás enunciados, mas também, os demais actores do sistema interno (restantes formadores e os formandos) e dos sistemas externos com quem a escola interage (a saber: as famílias, as empresas - nomeadamente as que participam nos momentos de estágios/formação em contexto de 6 Implementação de dispositivos de monitorização e avaliação continuará a ser da maior importância no esforço de aumentar a qualidade das práticas de formação através da consolidação de critérios de qualidade que contemplem a aferição e avaliação dos resultados. Para a concretização de uma boa gestão, é fundamental conhecer-se muito bem o que se faz e avaliar a eficácia e a eficiência de processos e de produtos. Urge, pois, concretizar o dispositivo de observação/monitorização e avaliação já “desenhado” a fim de testar a sua adequabilidade para posterior implementação generalizada na Escola.
Um Factor-Chave no Sucesso Educativo da EPRAL
trabalho - e organizações públicas e privadas, por exemplo nos momentos de participação no Júri das Provas de Aptidão Profissional).
3. Gestão Pedagógica «em rede» com parceiros externos. No ponto anterior fomos fazendo ressaltar a ideia de que na escola contemporânea não há espaço para projectos fechados sobre si mesmos, para sistemas internos sem comunicação com outros sistemas. O novo paradigma exige permeabilidade entre os sistemas, interacção permanente, gestão partilhada, expansão das redes, imbricando-se noutras redes já existentes, descobrindo noutros “nós” parceiros capazes, que somem valor à qualidade do trabalho por nós desenvolvido e vice-versa. Neste particular, o Projecto Educativo EPRAL foi desde sempre uma expressão do compromisso partilhado, também externamente, com outros actores locais e regionais, outros protagonistas da comunidade (organizações públicas, empresas, famílias, entre outros) capazes de, em conjunto, com a escola, potenciarem a qualidade da formação por nós ministrada e contribuírem, por essa via, para o desenvolvimento da região. Neste sentido, a nossa experiência tem sido bem sucedida. Mas, cremos que este trabalho em rede pode, deve e tem que ser alargado, sobretudo num contexto em que a participação em algumas redes é imposta às escolas.
É para nós ideia clara que na(s) “rede(s)” de educação/formação que a tutela pretende fomentar, a nossa Escola pode ter um papel importante, que é fruto do capital de experiência acumulado em quase duas décadas de trabalho no campo da formação profissional: no desenho de currículos/planos de estudo, na implementação de metodologias formativas adequadas e orientadas à individualização, na promoção da articulação entre a escola, as empresas e outras organizações, as famílias e a sociedade civil, sabemos, na inovação pedagógica e técnica, etc.. Num quadro de necessária articulação em rede com outras escolas e outros actores regionais cumpre-nos, portanto, saber “transportar” para “a rede” as nossas competências e os nossos recursos, valorizando-os. Evidentemente, há/haverá resistências várias no processo de (re)constituição da(s) rede(s) e, mais ainda, na sua operacionalização. Há problemas sempre que uma rede nos é imposta e não participada livremente. Uma rede de escolas só funcionará como tal e será vantajosa se as relações entre os seus “nós” (escolas privadas, escolas públicas, centros de IEFP, Centros Novas Oportunidades, autarquias, empresas e meios sócio-profissionais, organismos da tutela, etc.), com culturas, finalidades, recursos e formas de organização e gestão tão específicas, decorrerem num ambiente de abertura, confiança, lealdade, partilha…. Algo que, como sabemos, não é fácil, na(s) cultura(s) organizacional (ais) do nosso país. Naturalmente, o facto de integrarmos uma ou mais redes de educação/formação não deve significar que deixemos de reforçar a articulação profícua que já mantemos com inúmeros “parceiros” locais, regionais, nacionais ou mesmo internacionais. Pensamos mesmo que se trata de um conjunto de práticas da maior importância para o sucesso da nossa ac1999~2009 Fundação Alentejo
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Gestão Pedagógica «Em Rede»
tividade, designadamente como forma de operacionalizarmos a formação em contexto real de trabalho, desde sempre um dos traços distintivos mais marcantes da especificidade pedagógica do ensino profissional7. Além da mais-valia em termos de reforço da aprendizagem dos nossos alunos, o desenvolvimento de parcerias, o trabalho em rede, pode também potenciar a divulgação da oferta formativa e o modelo de recrutamento. A divulgação da oferta formativa é cada vez mais uma dimensão determinante do sucesso da captação de públicos. A nossa oferta formativa pode e deve ser mais diversificada, abranger todos os níveis da educação escolar que o quadro legal nos permite e contemplar novos tipos de oferta formativa. Devemos, pois, ser capazes de captar novos públicos, não só apostando (nalguns casos é voltar a apostar) na formação em cursos de nível II, como estendermos (ou, no caso de algumas escolas, darmos continuidade ao trabalho já anteriormente iniciado, embora noutro quadro regulamentar) a nossa acção até ao ensino pós-secundário, designadamente iniciando ou reforçando parcerias com o ensino superior para implementação dos Cursos de Especialização Tecnológica - C.E.T. -, com todas as vantagens daí inerentes, para ambos os parceiros. 7 A formação em contexto real de trabalho envolve amplas potencialidades formativas. Por outro lado, mas não menos importante, o contexto de trabalho deve ser encarado, enquanto contexto recorrente de formação e aprendizagem, como uma interface fundamental na articulação entres os planos de estudos e as realidades socioeconómicas locais/regionais, estimulando o diálogo entre a Escola e a comunidade, particularmente na sua vertente empresarial e profissional. Assim, a formação em contexto real de trabalho deve continuar a ser um aspecto central da nossa actividade formativa, que devemos e podemos melhorar. 70
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Cremos, ainda que a permeabilidade entre a Escola e outros actores externos permitem diversificar os contextos de ensino-aprendizagem e de avaliação. De facto, este tipo de relacionamento entre instituições de natureza e lógicas de funcionamento diferentes, promove a articulação entre as componentes prática e teórica do ensino-aprendizagem, além de favorecer o trabalho reflexivo e crítico dos alunos, a diversificação de materiais e métodos de aprendizagem e das formas de avaliação. Entre estas estratégias de aprendizagem incluímos, obviamente, a formação estreitamente articulada com empresas, organizações ou até mesmo com outras escolas congéneres, favorecendo, assim, a transferência e a mobilidade, ainda que muito contextualizada, dos nossos formandos.
4. Considerações finais Procurámos apresentar, ainda que de forma breve e pouco ampla, um conjunto de traços característicos do trabalho que desenvolvemos na EPRAL, particularmente no que designámos de gestão pedagógica «em rede». Primeiro centrámos, o olhar em aspectos da gestão pedagógica intermédia. Vimos que, além dos Directores Técnico-Pedagógicos (DTP), enquanto órgãos de direcção, a coordenação pedagógica depende do exercício do papel, absolutamente determinante, desempenhado pelos Orientadores Educativos e pelos Coordenadores de Curso. São estes actores, estes “nós” da rede, que, com os DTP ocupam as posições centrais, dominantes, na rede social constituída pela multiplicidade de interacções que ocorrem na escola.
Um Factor-Chave no Sucesso Educativo da EPRAL
Posteriormente centrámo-nos nas relações com outros actores, dito externos ao sistema EPRAL, mas que fazem também parte da rede, da dinâmica do nosso sistema, desempenhando mesmo um papel fundamental (é o caso das famílias dos estudantes e das empresas, entre outros). Sem termos sido exaustivos cremos ter relevado suficientemente a importância que a parceria e o partenariado assumem para o projecto educativo da EPRAL. Cremos que o nosso texto é, em parte, expressão da nossa preocupação de reflectir e aprender com a prática, a experiência quotidiana. Evidentemente, sabemos que qualquer transformação organizacional fica, em princípio, mais facilitada numa escola privada do que numa escola pública. Se a mudança em qualquer sistema, não acontece “por decreto”, não é menos verdade que as estruturas formais que balizam os comportamentos e as interacções entre as pessoas são de mais difícil alteração numa escola de gestão pública do que numa escola com suposta autonomia administrativa, pedagógica e financeira. Mas isso não deve ser motivo para que alguma escola possa fechar-se sobre si mesma e/ou conformar-se com o status quo. Se bem que os tempos sejam de incerteza, acreditamos que o futuro pode ser fonte de oportunidades. Sabemos que nesta era de globalização em que vivemos, e em que o mercado (também o da educação/formação) é cada vez mais competitivo e volátil, sobreviverão (melhor) as organizações competentes e ágeis, aquelas que conseguirem perceber as mudanças, as necessidades das sociedades, das empresas e das pessoas e que, a partir dessa percepção, consigam adaptarse à realidade, proporcionando novas ofertas educativas/ formativas, com mais qualidade, a clientes (alunos/forman-
dos, empresas) crescentemente exigentes. Agir «em rede», interna e externamente, (re)adaptando, re(configurando) a organização escolar, pode ser decisivo para responder a estes desafios. De facto, cremos, que não será de excluir que as EP possam num curto ou médio prazo, ver-se confrontadas com a necessidade de responder a movimentos de procura de cursos de formação que não fazem ainda parte da sua oferta formativa e para os quais, por si só, isto é, individualmente, não estarão devidamente capacitadas em “know-how” e em recursos materiais para dar uma resposta com a eficácia e a eficiência que se impõe. Essas necessidades, ditadas directamente por empresas competitivas ou por trabalhadores individuais, que, no exercício da sua empregabilidade, procuram constantemente garantir ou seu emprego ou prepararem-se para melhor enfrentarem possíveis ameaças de desemprego, podem exigir da escola uma capacidade de resposta imediata. Uma organização e uma gestão pedagógica fundadas na lógica do funcionamento em «rede» aqui exposta pode fazer toda a diferença entre ter ou não ter capacidade para responder, com excelência, a esses desafios.
Ana Paula Afonso Carriço Directora Técnico-Pedagógica da Escola Profissional da Região Alentejo - EPRAL (Pólos de Elvas e Estremoz) 1999~2009 Fundação Alentejo
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testemunho
A formação que obtive através da Epral, na área da Comunicação Social/ Audiovisuais, foi importante, devido à característica do curso ser muito prático, o que me permitiu ganhar uma boa vantagem em relação aos inúmeros candidatos na área, que apenas tinham bagagem teórica e não prática. Este facto veio-se a revelar vantagens em termos de entrada no mercado do trabalho, bem mais rápido que os demais. Pessoalmente, também foi importante pela confiança que acabei por desenvolver. Tenho uma boa recordação geral da Epral, mas o que mais me “marcou” foram as condições de ensino que a escola oferecia aos alunos. Na altura em que estava a fazer o meu curso tinha a consciência que muito poucas escolas, dispunham de tais condições. Recordo alguns professores, mas em particular o professor Paulo Santos, que teve um papel fundamental na minha formação, com directrizes que ainda hoje são uma referência para mim. Comecei por ouvir falar da Epral ainda no secundário, no 8º ano, e das condições que lá existiam e do método formativo utilizado. Quando entrei já tinha uma ideia do que pretendia, portanto a minha visão enquanto aluno era aproveitar ao máximo as condições de ensino e equipamento profissional que me ofereciam, o que muitas vezes não acontecia no ensino formal. Actualmente, mantenho a mesma visão que tinha da Epral, até porque tenho feito algumas visitas que me permitem ter uma ideia geral de como está a escola. Do meu ponto de vista, mantém uma estratégia de ensino prático e uma tentativa de acompanhar o progresso tecnológico e formativo. Não conheço mais escolas técnico profissionais, mas posso assegurar que algumas universidades deste pais, só agora começam a apostar em melhores condições de trabalho dos alunos e dispor de equipamento profissional para formação, situação que existe na Epral pelo menos desde que para lá entrei em 1992.
António Pedro Claudino Pequito Valente Freelancer na área da fotografia Técnico de Comunicação Social Pólo de Évora, 1993/96
O Centro de Recursos em Conhecimento
1. Origens O Centro de Recursos em Conhecimento da FA/EPRAL nasceu de uma candidatura ao projecto “ Centro de Recursos em Conhecimento”, dinamizada pelo ex-INOFOR, Instituto para a Qualidade da Formação, apoiada financeiramente pelo eixo Assistência Técnica no ano de 1999. A iniciativa assentava na convicção, ainda hoje absolutamente decisiva, de que o conhecimento, muito em particular a sua difusão, é essencial para que as instituições/organizações se qualifiquem e possam inovar nos produtos e serviços que oferecem aos seus clientes/utilizadores. 74
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Com esta convicção e com o apoio financeiro existente, pretendeu-se criar ou actualizar uma rede de organizações que disponibilizasse o acesso à informação e ao conhecimento, com uma abrangência significativa no que diz respeito ao espectro de actividades económicas abrangidas, disseminadas no território nacional. Tudo isto com uma forte ênfase na utilização das potencialidades das tecnologias de informação e comunicação centrais nesta ideia de trabalho em rede. De realçar também que a iniciativa, com origem no sector público, conseguiu atrair um conjunto significativo de parceiros oriundos no sector privado e cooperativo, como é o caso da Fundação Alentejo.
da Fundação Alentejo / EPRAL Nascido neste contexto institucional, o CRC da FA, ao longo da sua existência, manteve uma presença importante nos diversos instrumentos de animação e de funcionamento da rede.
Para concretizar esta missão, alinhada com os objectivos estratégicos da Fundação Alentejo, o Centro dispõe de um conjunto de serviços que disponibiliza a toda a comunidade.
Assim, para além do trabalho desenvolvido na rede, com a presença nos diversos Grupos de Trabalho, com particular destaque para o Grupo de Trabalho de Documentação, ou no Grupo de Trabalho de Animação da Rede, realçamos também o trabalho na criação e consolidação da BASE FORMEI, o catálogo electrónico dos recursos presentes na rede e a participação nos Encontros Nacionais, espaços de debate e viva troca de experiências entre os intervenientes.
Entre outros, destacamos:
2. Missão O Centro de Recursos em Conhecimento da Fundação Alentejo pretende: > Recolher, tratar e divulgar informação relevante para as actividades a que se dedica; > Promover a concepção e disseminação de novos recursos pedagógicos e didácticos; > Difundir práticas educativas/formativas inovadoras.
> Consulta local de documentos; > Empréstimo domiciliário; > Acesso a bases de dados; > Acesso à rede de CRC; > Experimentação de software e outros recursos educativos. Para além de manter um leque de colaboradores estável e com formação na área da Documentação e Ciências da Informação, assumiu desde sempre, a missão de prestar um serviço alicerçado nos princípios da Carta de Qualidade da Rede, documento cuja construção participada pelos diversos elementos da Rede tomou um papel importante como instrumento de gestão. De realçar o papel do Centro na introdução da temática do apoio aos novos públicos, oriundos dos Centros Novas Oportunidades, e da necessidade de introduzir mecanismos de apoio aos projectos e trajectos individuais destes públicos. Situação, hoje plenamente assumida por outros Centros espalhados pelo país. 1999~2009 Fundação Alentejo
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3. Alguns dados quantitativos Os dados que podemos observar abaixo demonstram o crescimento de utilizadores que o CRC tem vindo a apresentar ao longo da sua existência. No que diz respeito ao item Atendimento Geral, que mede o número de clientes/utilizadores que procuraram informação/apoio os resultados apontam para, descontando alguns picos que se prendem com as especificidades do público, assistimos a uma trajectória de crescimento sustentado, como podemos ver no gráfico.
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Os anos de 2007 e 2008 apontam para valores inferiores o que se justifica pela crescente disseminação e democratização do acesso a fontes de informação electrónica, fruto dos diversos programas governamentais existentes nesta área. Em todo o caso os números rondam os 4000 atendimentos no ano de 2007 e de 2008. No que respeita ao acervo existente assistimos a uma evolução como a seguir se documenta:
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De realçar que se tem mantido o ritmo de aquisições, agora mais focalizadas nas áreas de referência da Escola e por essa via, orientadoras das aquisições feitas pelo Centro. Em suma, os indicadores de que dispomos levam-nos a pensar nos novos desafios que se colocam ao CRC da FA/EPRAL bem como a toda rede.
4. A Carta de Qualidade: um instrumento de gestão de toda a rede A Carta da Qualidade é o documento orientador das práticas da Rede de Centros de Recursos em Conhecimento. Documento fundamental, pois a sua implementação é um dos requisitos para a adesão à rede. Pretendeu-se criar um instrumento simples e que orientasse o trabalho a ser desenvolvido pelos centros, ao mesmo tempo que se torna mais fácil a avaliação dos mesmos.
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sucesso, desenvolver e difundir métodos, metodologias e produtos que promovam e facilitem, nomeadamente, a qualificação estratégica dos desempregados, de activos e dos formadores no quadro da formação ao longo da vida.”
4.2. Princípios orientadores “ Na prossecução das suas actividades a Rede deve ter em consideração parâmetros de actuação que formem a base de uma perspectiva partilhada capaz de sustentar uma identidade de grupo, estabelecendo-se condições para uma cooperação efectiva que promova a aprendizagem, tendo como objectivo a aquisição de competências e a melhoria contínua, como caminho para a excelência organizacional. Relativamente aos clientes, os serviços prestados devem visar a eficiência e eficácia, garantindo-se a equidade, cortesia, simplicidade, clareza e rapidez no atendimento.”
4.3. Públicos-alvo
Fruto da reflexão e da testagem junto de diversos centros, entre outros aspectos destacamos os seguintes:
“ Os públicos-alvo da RCRC são fundamentalmente constituídos por profissionais da educação e formação, estudantes, formandos e entidades de direito público e privado, actuando nas áreas de conhecimento abrangidas e, nomeadamente, envolvidas no processo de RVCC.”
4.1. Missão
4.4. Organização e Qualidade da Informação
“ A RCRC tem por missão facilitar o acesso a informação estratégica, em vários suportes, aproximar e criar interfaces entre produtores e utilizadores de conhecimento e divulgar práticas de
“(…) Cada CRC efectuará junto dos seus utilizadores um diagnóstico regular, tendo em vista conhecer as suas necessidades de informação.
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Cada CRC deverá procurar satisfazer gradualmente as necessidades dos seus utilizadores, enriquecendo o seu acervo documental em conformidade. Cada CRC deverá ter ainda identificada e actualizada uma base de dados de potenciais utilizadores. Os CRC deverão disponibilizar junto dos restantes Centros da Rede os produtos e serviços resultantes do estabelecimento de parcerias com outros Centros de Recursos nacionais ou estrangeiros, sem prejuízo dos contratos de confidencialidade, acordos de consórcio ou outras formas de protecção de direitos de autor;” (Carta da Qualidade da Rede de Centro de Recursos em Conhecimento)
Elemento importante, como já afirmámos acima, é o controlo da qualidade assegurado pelos mecanismos internos próprios de cada Centro e pelos mecanismos implementados, pelo IEFP, na vertente externa.
pelas alterações do contexto regional, nacional e europeu em que nos inserimos. A necessidade de valorizar o conhecimento e de o difundir junto dos profissionais e das organizações/instituições da região continuam a ser um dos elementos fulcrais, a par do apoio aos profissionais da formação/educação que exercem a sua função na Fundação Alentejo. Esta missão implica repensar a nossa actuação e um maior esforço para que o serviço prestado aos nossos utentes/clientes seja cada vez mais orientado para as suas necessidades de qualificação e para o desenvolvimento de projectos formativos capazes de projectar mais longe a Fundação Alentejo.
Raul Jorge Coelho Arromba Silva Rasga Formador e Coordenador do CRC da FA
5. O Futuro A rede de Centros de Recursos em Conhecimento tem passado, como todas as organizações por mutações e alterações no seu funcionamento. Alterações institucionais, alterações nos mecanismos de financiamento não impedem que a missão central continue a ser a mesma, cada vez mais reforçada 1999~2009 Fundação Alentejo
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testemunho Sérgio Miguel Mendonça Martinho Técnico na SegurÉvora Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho e Ambiente Pólo de Évora, 2004/07 Queria antes de mais, dar os parabéns à EPRAL pelos 19 anos de existência, e agradecer o convite que me foi endereçado, pois se hoje me consideram um “caso de sucesso” na integração no mercado profissional, seguramente se deve ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nesta instituição. Sem dúvida que a minha passagem pela EPRAL influenciou o meu percurso profissional, e consequentemente o meu percurso pessoal. Quando decidi envergar por um curso profissional, fi-lo com o objectivo de me especializar profissionalmente numa área, para poder competir num mercado de trabalho cada vez mais exigente. A escola permitiu-me adquirir esses conhecimentos, e abriu-me as portas para os primeiros contactos com empresas do sector, através de formações em contexto real de trabalho. Actualmente encontro-me a trabalhar como Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho, na empresa SegurÉvora Lda., que é uma empresa de prestação de serviços de Higiene, Segurança e Medicina no trabalho. Foi precisamente nesta empresa que eu realizei as duas formações em contexto real de trabalho, inseridas no programa curricular do curso. Talvez pela proximidade que os cursos profissionais têm com a realidade do trabalho, nós como alunos, sentimos necessidade de ganhar precocemente responsabilidade e maturidade, visto que a qualquer momento poderemos ser “postos à prova”, e que é fundamental agarrar as oportunidades que nos surgem, conscientes de que elas poderão aparecer uma única vez.
Como em todo o lado, o que fica guardado na memória, são as pessoas que partilharam connosco os sucessos e contratempos que fomos tendo ao longo do nosso trajecto escolar. Obviamente me refiro aos colegas, professores, e funcionários, que ainda hoje recordo com saudade. A nível de actividades, recordo-me especialmente da semana das profissões, que era uma semana bastante lúdica, que consistia essencialmente na promoção e divulgação do nosso curso.
A minha visão da EPRAL não sofreu grande alteração, considerando uma escola que fornece aos alunos condições vantajosas para a sua aprendizagem profissional, com o objectivo de os tornar capazes de se impor de imediato no mercado de trabalho. O que me levou a ingressar na EPRAL, foi precisamente os objectivos que tínhamos em comum. Eu queria terminar o curso e ficar a trabalhar na área, e a escola pretendia fornecer-me os conhecimentos necessários para eu atingir o meu objectivo. Talvez hoje tenha uma maior percepção do trabalho desenvolvido pela escola, e do impacto que tem na nossa região, mas recordo-me que enquanto aluno já raciocinava desta maneira.
Conheço mais duas Escolas de Formação Profissional, mas não as frequentei, como tal, só conheço as instalações. Uma delas é bastante idêntica à EPRAL (pólo de Évora), a outra nem tanto, é mais antiga, menos cómoda e não possui os equipamentos e tecnologia que a EPRAL coloca à disposição dos alunos.
Centro Novas Oportunidades da Fundação Alentejo Sete anos de desafios num caminho de oportunidades
O Centro Novas Oportunidades da Fundação Alentejo comemorou 7 anos de funcionamento no passado dia 29 de Novembro de 2008 e assinalou a data com uma cerimónia de entrega de diplomas aos adultos que concluíram os seus percursos formativos de Nível Básico e Secundário, através da conclusão de Processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências. Ao longo destes anos muitos têm sido os desafios que se nos têm deparado numa perspectiva contínua de aperfeiçoamento, evolução e inovação de uma intervenção pedagógica e formativa vocacionada para adultos que, por diversos motivos, interromperam os seus estudos. Inicialmente designado por CRVCC (Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências) o Centro Novas Oportunidades da Fundação Alentejo constitui-se actualmente como mais um dispositivo formativo da instituição, desta vez especialmente direccionado para os adultos alentejanos, e que corporiza as responsabilidades e os objectivos que a Fundação Alentejo tem assumido desde sempre com o Alentejo e com os alentejanos, primeiro enquanto entidade proprietária da EPRAL - Escola Profissional da Região Alentejo, e agora, também enquanto proprietária do Centro Novas Oportunidades através da promoção do desenvolvimento, da formação e da qualificação de jovens e adultos da Região Alentejo. 82
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gala novas oportunidades
Discurso do Senhor Primeiro Ministro na Gala Novas Oportunidades, organizada pela Fundação Alentejo
Entidades Oficiais assistem Ă entrega de diplomas e computadores a jovens e adultos que frequentaram cursos Novas Oportunidades
Entrega de diplomas e computadores a jovens e adultos que frequentaram cursos Novas Oportunidades
novas oportunidades
Sessão de Júri de Processos RVCC de Nível Básico, na Fundação Alentejo, em 2002 Primeira Sessão pública de Entrega de Diplomas a adultos certificiados no RVCC da Fundação Alentejo, Auditório da CCDRA
Primeira Sessão de Júri de Processos RVCC de Nível Secundário na Fundação Alentejo, 2007 84
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O CNO da Fundação Alentejo tem desenvolvido a sua intervenção com um espírito de missão baseado na conjugação e equilíbrio de duas dinâmicas de funcionamento, uma interna e outra externa. A dinâmica externa tem sido desenvolvida através do contributo que o CNO tem assumido no aumento das habilitações dos alentejanos proporcionando, cada vez mais, respostas formativas adequadas e apelativas face aos propósitos dos adultos que nos têm procurado ao longo destes anos, promovendo estrategicamente o paradigma da Aprendizagem ao Longo da Vida. Tratando-se de uma intervenção centrada no adulto, o papel do CNO e da equipa que o constitui assenta numa dinâmica interna de acompanhamento e monitorização das respostas aos adultos face ao timing, adequação do perfil dos adultos (expectativas), rigor na definição das mesmas respostas e acompanhamento dos adultos ao longo e após o seu percurso formativo. Numa componente mais técnica esta dinâmica interna tem-se traduzido na construção e consolidação da coesão da equipa em torno de práticas e metodologias, bem como num permanente questionamento das intervenções e sua adequação numa postura eminentemente crítica e construtiva de instrumentos e métodos. Paralelamente, a dinâmica construída ao longo dos 7 anos de existência tem
permitido ao CNO assumir e vencer alguns desafios que se têm colocado, nomeadamente, e numa fase inicial, na mobilização de adultos e na sua motivação para a formação e para a aprendizagem ao longo da vida, desmistificando-se a ideia bem enraizada nos adultos de que “burro velho não aprende”! À semelhança do que temos conseguido com os adultos também temos vindo a cooperar com instituições várias através do estabelecimento de parcerias institucionais com Juntas de Freguesia, Associações de Desenvolvimento Local, Institutos Públicos, Forças de Segurança e Protecção Civil fomentando desta forma o trabalho de cooperação estratégica em rede, situando-se o CNO da Fundação Alentejo na vanguarda deste vector de desenvolvimento e de promoção das qualificações dos alentejanos, contribuindo muitas vezes para uma dinâmica de desenvolvimento local que promove a igualdade de oportunidades procurando esbater os efeitos negativos da interioridade, característica de algumas localidades alentejanas onde desenvolvemos a intervenção. Só desta forma temos vindo a concretizar e a conjugar as exigências de qualidade e rigor na intervenção, com os objectivos colocados pela tutela. A gestão equilibrada de uma equipa multidisciplinar, com especificidades e diversidade de experiências profissionais assume importância redobra1999~2009 Fundação Alentejo
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Centro Novas Oportunidades da Fundação Alentejo
da no quotidiano do CNO, assumindo-se não como constrangimentos mas sim como oportunidades de maturação, crescimento e desenvolvimento profissional de todos os elementos da equipa. Concluindo, e assumindo desde já que o futuro nos reserva novos e amplos desafios na concretização dos objectivos a atingir para com os adultos alentejanos, a dinâmica de funcionamento do CNO tem de continuar a basear-se na fórmula de sucesso que tem vingado até hoje e que assenta nos princípios do Processo de Reconhecimento, Validação e Cer-
tificação de Competências: a monitorização permanente da intervenção reveste-se de uma prática de “Balanço de competências” que procura induzir e promover o “Reconhecimento” de aspectos positivos e negativos. A “Formação Complementar” assume carácter formativo em momentos de reflexão conjunta, reinterpretando referenciais, questionando e criticando metodologias e práticas. O momento de “Júri de Certificação” acontece nas reuniões internas, através de feedback dos adultos que nos têm ajudado a evoluir, e concretiza-se nos momentos de monitorização do nosso trabalho por parte da ANQ.
Gestão e Coordenação do CNO da Fundação Alentejo - analogia com o Processo RVCC
RECONHECIMENTO
Reconhecer aspectos positivos e negativos
BALANÇO DE COMPETÊNCIAS
Monitorização da intervenção
CNO JÚRI
Reuniões internas feedback de adultos postura crítica dos técnicos Monitorização ANQ 86
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FORMAÇÃO COMPLEMENTAR
Reinterpretar referenciais/evolução da intervenção
Sete anos de desafios num caminho de oportunidades
Tem sido através desta dinâmica de interacção, de reflexão constante e de índole construtivista que os dados da execução física do CNO até Março de 2009 que a seguir se apresentam, têm resultado de um esforço enorme por parte da equipa e que nos responsabiliza cada vez mais na estratégia contínua de aperfeiçoamento da intervenção:
Centro Novas Oportunidades da Fundação Alentejo Execução Física Nível Básico ADULTOS
De 28/11/2001 até 31/03/2009
Inscritos
3967
Actualmente em Processo RVCC
180
Certificados
1572
Nível Secundário ADULTOS
Inscritos
De 9/04/2007 até 31/03/2009
2206
Em Processo RVCC
220
Certificados
503
É com este propósito que afirmamos: os desafios vencem-se num caminho de oportunidades…
Hugo Miguel Giões Rico Profissional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de Nível Básico e Secundário 1999~2009 Fundação Alentejo
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epral
Pólo de Elvas
Pólo de Estremoz
Pólo de Évora
citações
“F
elicito cordialmente a Direcção da EPRAL bem como a entidade promotora desta Escola - o CEDRA -, que tive a felicidade de visitar e de quem levo as mais gratas impressões. Peço a Deus que abençoe esta valiosa iniciativa. Maurílio, Arcebispo de Évora Évora, 26 de Março de 1991”
Visita Pastoral do Senhor Arcebispo de Évora, D. Maurílio de Gouveia, às instalações da EPRAL-Cedra, em Abril de 1991
livro de honra
“E
m nome da Universidade de Évora, que aqui represento, quero declarar a minha alegria em ver concretizada esta magnífica obra e desejar os maiores êxitos à EPRAL, para bem do Alentejo e de Portugal. Manuel Ferreira Patrício Reitor da Universidade de Évora”
Entrega de Diploma pelo Magnífico Reitor da Universidade de Évora, por ocasião da Cerimónia de Entrega de Diplomas do Ciclo de Formação
citações
“O
meu reconhecimento a quem tanto luta pela educação e formação dos jovens portugueses, numa das zonas mais desfavorecidas do país. Sempre nutri pelo Alentejo, uma grande admiração. Esta visita fica guardada na minha memória pelo inesquecível acolhimento. A todos o meu Bem-Haja. António José Seguro Secretário de Estado da Juventude Évora, 24 de Maio de 1996”
Visita à EPRAL do Senhor Secretário de Estado da Juventude, Dr. António José Seguro
livro de honra
“Q
uando se visita uma escola que tem um projecto, que tem uma liderança e que possui um corpo docente estável, verifica-se que o sucesso é possível e ocorre tal como acontece com a EPRAL. Muitos parabéns e muitas felicidades para todos os que estudam e trabalham nesta escola que deverá constituir uma referência para o ensino profissional em Portugal. Marçal Grilo Ministro da Educação Évora, 20 de Janeiro de 1997”
Visita às instalações da EPRAL do Senhor Ministro da Educação Professor Doutor Marçal Grilo. Janeiro de 1997
citações
“F
iquei muito impressionado com esta visita. Creio que muitos portugueses ignoram a qualidade, o mérito e o esforço desta escola e todos os que aqui dão o melhor de si próprios no ensino. E apreciei muito o interesse e a inteligência com que os estudantes colocaram questões relativas à comunicação social e ao futuro profissional. Obrigado pela hospitalidade. Arons de Carvalho Secretário de Estado da Comunicação Social Évora, 7 de Maio de 1999”
Visita à EPRAL e à Exposição Multimédia 99 do Secretário de Estado da Comunicação Social, Dr. Arons de Carvalho
livro de honra
“U
ma saudação fraterna de grande apreço pela EPRAL, por todos os que a criaram e desenvolveram e com o desejo das maiores felicidades para os alunos, professores e restantes trabalhadores. António Guterres Primeiro-ministro Évora, 7 de Maio de 1999”
Visita às instalações da EPRAL do Senhor Ministro da Educação Professor Doutor Marçal Grilo. Janeiro de 1997
citações
“É
um gosto ver uma escola organizada e a funcionar de forma impecável. Certamente que traduzo a opinião dos meus colegas de outros países ao manifestar o agrado pela visita e o excelente almoço. Pedro Lourtie Membro do Comité da Educação do Conselho da União Europeia Évora, 31 de Março de 2000”
“A
qualificação dos portugueses é um desafio nacional. Como tal, deverá ser assumido por todos nós. Além disso, de entre nós, são alguns que o fazem de forma activa, profissional e empenhada. A Fundação Alentejo e a EPRAL fazem-no em benefício dos jovens do Alentejo e fazem-no com muita qualidade. José Manuel Albuquerque Canavarro Secretário de Estado da Administração Educativa Évora, 10 de Novembro de 2004”
livro de honra
“N
esta ocasião de uma visita à EPRAL, a propósito da entrega de diplomas, quero felicitar a escola, os seus alunos, funcionários e directores, bem como os promotores, pela excelência do projecto que têm levado a cabo. Permitindo a centenas de jovens escolher um futuro de cidadania activa, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento da região e do país. São exemplos como estes que suportam o caminho da aposta na qualificação dos portugueses que o país quer trilhar, e que ajudam a compreender a justeza e importância de tal aposta. Valter Lemos Secretário de Estado da Educação Évora, 6 de Janeiro de 2007”
órgãos sociais em 2009 ~ 3º mandato (2007-2010)
1. PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO ALENTEJO
2. CONSELHO GERAL DA FUNDAÇÃO ALENTEJO
Fernanda de Sousa Gonçalves Carvalho Ramos
Presidente Fernanda de Sousa Gonçalves Carvalho Ramos Membros Institucionais e seus Representantes Câmara Municipal de Estremoz Presidente, Dr. José Alberto Fateixa Palmeiro Câmara Municipal de Évora Vereadora, Dra. Filomena de Oliveira Araújo Câmara Municipal de Elvas Vereadora, Dra. Vitória Júlia Damião Rita Branco CCDRA Presidente, Dra. Maria Leal Monteiro Associações Comerciais do Alto Alentejo Representante, Gaudêncio Joaquim da Fonseca Cabral
Ensino Superior do Alentejo - Universidade de Évora Reitor, Prof. Doutor Jorge Quina Ribeiro de Araújo Núcleos Empresariais do Alto Alentejo Representante, Eng. Adolfo Jorge Gomes da Silva Delegação Regional da UGT Dra. Josefa Rosa Lopes União dos Sindicatos do Distrito de Évora Coordenador, Ricardo Manuel Galhardo Prof. Dr. José Carlos Zorrinho Prof. Dr. Carlos Alberto Falcão Marques
3. CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA FUNDAÇÃO ALENTEJO
4. CONSELHO FISCAL DA FUNDAÇÃO ALENTEJO
EFECTIVOS
EFECTIVOS
Presidente Fernanda de Sousa Gonçalves Carvalho Ramos
Presidente José Gabriel Paixão Calixto
Vice-Presidente Mafalda Cristina Mata de Oliveira Troncho
Vice-Presidente Amaro Marcelino Rebola Camões
Vogais João Filipe Chaveiro Libório José Manuel Leal Saragoça Paulo Jorge Madeira Piçarra
ROC Maria do Rosário Mira de Carvalho
SUPLENTES
SUPLENTES
Carlos Alberto Lourenço Cunha
Henrique José Mexia Mendes
Maria da Encarnação Santos Carvalho Calixto
Beatriz Rosa M. Moreira Coelho
Comendador Rui Nabeiro
Maria Rosa Pinelas Gouveia Catita
Sr. Manuel Madeira Piçarra
Renata Monteiro Marques
“De acordo com a informação do Ministério da Educação / Departamento de Avaliação e Prospectiva e Planeamento, foi agora atribuída a Certificação ENIS (European Network of Innovative Schools) à EPRAL - Escola Profissional da Região do Alentejo. Assim, este estabelecimento de ensino passará a integrar a REDE EUROPEIA DAS ESCOLAS INOVADORAS e, segundo o Ministério, constituiu-se ‘como referência nacional e europeia na utilização pedagógica e organizacional das Tecnologias da Informação e Comunicação’.” In Diário do Sul, 22 de Setembro de 2003
“Academia Local da Cisco vai funcionar na EPRAL. A Universidade de Évora (UE) e a Fundação Alentejo assinaram ontem um protocolo de cooperação para a formação de tecnologias em rede. No âmbito do acordo, será instalada na Escola Profissional da Região do Alentejo (EPRAL) uma Academia Local da Cisco, líder mundial das tecnologias em rede.” Luís Maneta, in Diário do Sul, 5 de Julho de 2006, p. 5.
“Ensino profissional elogiado por governante. EPRAL entregou diplomas. O auditório da Universidade foi manifestamente pequeno para receber as cerca de 800 pessoas que quiseram testemunhar a cerimónia de entrega dos diplomas a 142 alunos da Escola Profissional da Região do Alentejo (Epral) que acabaram o seu ciclo de formação (2003/2006) naquela instituição. A sessão teve honras de Secretário de Estado, mas a jornada começou na Igreja de São Francisco.” Roberto Dores, in Diário do Sul, 9 de Janeiro de 2007, p. 11
“O Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, destacou hoje, em Évora, o ‘crescimento sem paralelo’ registado em 2006 nos cursos profissionais e cursos de Educação e Formação, áreas que o Governo atribui ‘prioridade absoluta’ [...] Valter Lemos, falava à Agência Lusa após visitar a Escola Profissional da Região do Alentejo (EPRAL) [...], criada em 1999, e apontada hoje por Valter Lemos como ‘exemplo de boas práticas’, ministra cerca de 20 cursos e é frequentada, este ano, por quase 800 alunos.” In, Agência Lusa, 6 de Janeiro de 2007.
“Iguarias do Alentejo no restaurante Vauban. O restaurante Vauban, da EPRAL (Escola Profissional da Região do Alentejo), é um dos 40 espaços de restauração que adere à Rota de Sabores Tradicionais [...] Cláudio Ramos afirma que ‘para o restaurante Vauban, como para a EPRAL, é sempre importante estar envolvido em tudo o que vem no seguimento de dar alguma mais-valia à região e à cidade’ [...] Localizado na Avenida Diniz Miranda, 116, em Évora, o restaurante Vauban caracteriza-se por ser um ‘laboratório simulado’ do curso de Hotelaria / Restauração da EPRAL.” Marina Pardal, in Diário do Sul, 10 de Fevereiro de 2009