Revista Neo Tokyo n.106

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Seleção de curiosidades, notícias, piadas e simpatias para entrar na Todai. • A BATALHA DO SÉCULO Batman versus Superman? Vingadores contra os mutantes X-men? A turma amarela dos Simpsons se estapeando com a galera do Family Guy? Pff... Esqueçam essas besteiras, o verdadeiro confronto de titãs rolou entre os lendários roqueiros do KISS e as fofoletes garotas do Momoiro Clover Z, grupo de J-Pop que conquistou as paradas orientais e agora planeja levar suas musicas e fofuras para o mundo. O inusitado encontro dos dois grupos rola no single Yume no Ukiyo ni Saite Mina, lançado dia 28 de janeiro com duas capas diferentes, a primeira destacando o Momoiro e o segundo, obviamente, o KISS. O projeto conta também com um clipe imperdível em sua bizarrice, que mescla de maneira animação, cortesia da mente insano do animador Sushio, do estúdio Trigger (Kill La Kill), e live action. É impagável assistir as caras e bocas (e língua!) de Gene Simmons frente às adoráveis idols. Apenas os fortes sobreviveram!

O FANTASMA ENCONTROU SUA CONCHA? Sou a ultima pessoa desse plano astral a comemorar quando Hollywood encasqueta em produzir filmes baseados em animes. Me psiquiatra diz que ainda tenho anos de terapia até superar o trauma de Dragon Ball: Evolution, mas ele tem fé que um dia poderei ser reintegrada à sociedade... Mas confesso que o anuncio da bela Scarlett Johansson como uma forte candidata ao papel de Motoko Kusanagi na versão americana de Ghost In The Shell atraiu minha atenção e despertou esperanças para o longa. Afinal Scarlett tem conquistado seu espaço entre os filmes de ação, mostrando serviço nos filmes da Marvel, como a mortal Viúva Negra, além das boas criticas no longa Lucy. Ghost in the Shell é a mais conhecida obra do mangáka Masamune Shirow, e já rendeu dois longas animados para o cinema, um anime para TV e outro para o mercado de vídeo. E se tudo correr bem na versão americana, a previsão de estreia é abril de 2017. Esperar e torcer pelo melhor. Isso se meu psiquiatra permitir minha ida ao cinema. 5 Neo Tokyo


ADEUS A

CHIKAO OHTSUKA Renomado e querido dublador nipônico, Chikao faleceu, no dia 15 de janeiro desse ano, aos 85 anos devido a problemas cardíacos. O ator iniciou sua carreira na década de 60 no anime GeGeGe no Kitaro e sua vasta carreira deu voz e vida a personagens icônicos como Tao Paipai (Dragon Ball), Gol D. Roger (One Piece), Eggman/Robotnik (Sonic) e Big Boss (Metal Gear Solid 4). Nosso sincero obrigado pelo incrível e inesquecível trabalho Ohtsuka!

PARAISO DOS GATOS

QUE TAL UM CAFÉ COM LEITE COM MUITA MEIGUICE? Já viram em cafeterias ou em fotos internet a fora de café decorados com desenhos em mensagens feitas com leite? Não são as coisas mais bonitinhas do mundo? E agora você não precisa ser um mestre supremo da maquina de café e nem pagar uma nota naquela cafeteria chique para tomar seu cafezinho especial! Essas folhas especiais, produzidas pela Takara Tomy, permitem que qualquer criar essas pequenas obras de artes em xicaras. O produto pode ser encontrado, com ligeiro esforço, nas importadoras ou adquiridos diretamente no site da empresa (http://www.strapya-world. com/products/74255.html). O que acha de uma paradinha para o café agora? 6 Neo Tokyo

Para os amantes dessas criaturinhas lindas aqui vai mais um bom motivo para programar uma viagem à terra do sol nascente. Aoshima é uma pequena ilha localizada na província de Ehime, cuja população é formada quase exclusivamente por gatos. Devido a poucas oportunidades de emprego da ilha, poucas famílias vivem no local que devido à calma e ausência de perigos e predadores acabou tomada pelos felinos.

UM PRESENTE ESPECIAL Eiichiro Oda não é apenas um mangáka de sucesso, mas também é uma amor de pessoa, ao menos segundo Mayumi Tanaka, a dubladora japonesa do Luffy. Oda presenteou a atriz com um gravador de DVD, mas as instruções eram muito complexas e ela não conseguia utilizar o aparelho. Para ajuda-la o desenhista ilustrou um novo manual cheio de detalhes de como usar o gravador! Vamos, eu o desafio a questionar a fofura do Oda!


RETORNO AO

DIGIMUNDO

O REENCONTRO COM VELHOS AMIGOS

Q

uando se trabalha com entretenimento, é impossível fugir de uma das verdades da vida: tudo é um produto criado para gerar lucro. Não importa a mídia ou formato, quadrinhos, filmes, games, livros, desenhos animados, tudo isso são parte de gigantescas estratégias de marketing de diversas empresas, criadas para vender produtos. Mal um mangáka começa a rascunhar sua próxima história que a editora

estará esperando ao lado com os contratos de licenciamento de produtos. Um escritor digita a última frase de seu livro e um produtor de cinema estará preparando a versão para o cinema. É uma indústria que não para um instante, sempre calculando e planejando. Simples e puro negócio. Só que não. Mesmo que um desenho animado tenha sido criado com a proposta inicial de vender brinquedos, ele

se torna mais do que isso, seja pela mensagem e valores que transmite a sua audiência ou pela forma com que ligamos determinados personagens aos bons momentos passados enquanto acompanhávamos suas aventuras. Desenhos animados podem começar como produtos, mas sempre existe algo nessas obras que nos cativa e toma parte de nossa vida e em alguns casos, pode mudar até uma vida. Isso, o dinheiro não compra. 7 Neo Tokyo


ANIVERSÁRIO DE 15 ANOS

Digital Monster, ou Digimon como ficou mundialmente conhecido, é um exemplo disso. A franquia nasceu a partir da febre dos Tamagotchis, os bichinhos virtuais lançados pela Bandai em 1996, e uma esteira de produtos licenciados veio em seguida, como mangás, brinquedos e, finalmente, um anime para TV, em março de 1999, produzido pela Toei Animation. Com direção de Hiroyuki Kakudo, Digimon Adventure conquistou o público ao longo dos seus 52 episódios, fãs que ficavam grudados na tela acompanhando as aventuras de sete crianças que após presenciarem um bizarro fenômeno climático são transportadas para um mundo surreal chamado Digimundo, e com a ajuda de seus parceiros digimons procuram uma forma de voltar para casa. No caminho, como esperado, eles precisam salvar esse novo mundo das maquinações de cruéis e perversos inimigos. A série foi encerrada em 2000 e rendeu ainda dois longas para o cinema, e mais cinco séries para TV, sendo Digimon 02 (2000-2001) uma continuação direta da série original. As demais, Tamers (2001-2002), Frontier (2002-2003), Savers/ Data Squad (2006-2007) e Xros Wars/Fusion (20102012) possuem cronologias e histórias distintas, renovando a franquia a cada temporada e se adaptando ao público atual. Bem diferente de um certo treinador Pokémon que conhecemos... 8 Neo Tokyo


O SEGREDO DO SUCESSO Apesar da premissa manjada, afinal crianças caindo em mundos estranhos não é novidade desde que Alice caiu na Toca do Coelho Branco, Adventure é, disparado, a temporada favorita entre os fãs. Mesmo usando velhos clichês, os produtores da série souberam trabalhar com diversos elementos narrativos e recursos para a história não cair na mesmice. Havia humor e ação, mas também sequências tristes, traumas, decepções e angústias. Afinal ter uma série voltada para o público infantil não significa tratar sua audiência como idiotas. Seus personagens eram criveis, já que se portavam como crianças reais, e não aquelas idealizadas e perfeitinhas. Elas possuíam qualidades, mas também defeitos, medos e dificuldades, e muitas vezes antes de tentar salvar o mundo, precisavam aceitar a si mesmas, numa jornada de crescimento e amadurecimento. Impossível ficar indiferente as dúvidas de Izumi por descobrir que seus pais escondem o fato de ele ser adotado ou diante da complicada relação entre Sora e sua mãe. São dilemas que podem parecer pequenos em comparação às lutas e obstáculos no Digimundo, mas que dão o tom e humanizam os protagonistas. Outro destaque é a trilha sonora da série, com hits inesquecíveis como ‘Butterfly e Seven’, do cantor Kouji Wada e ‘Brave Heart’, de Ayumi Miyazaki.

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UM AMIGO QUE NOS SEGUE ATRAVÉS DOS ANOS Em agosto de 2014, durante o evento de comemoração dos 15 anos de Adventure, uma notícia fez com que fãs no mundo inteiro dessem piruetas de costas seguidas de 20 abdominais: os primeiros digiescolhidos estariam de volta numa nova série! Na equipe de produção nomes como Arai Shuhei na produção e direção geral a cargo de Keitarou Motonaga. Mas num primeiro momento as atenções ficaram em cima do novo character designer dos personagens, feito por Atsuya Uki, que procurou 10 Neo Tokyo

adaptar o traço original para os dias de hoje. Com o subtítulo “Tri”, a série mostrará os personagens mais velhos, e promete um roteiro voltado para aqueles que acompanharam Adventure quando crianças e que também cresceram. A cada nova informação e imagem reforça a empolgação e ansiedade até sua estreia em abril de 2015. E todos contam cada segundo para reencontrar velhos amigos e viver novas histórias e aventuras.E nada é mais valioso que isso.


Digescolhidos

Os

TAICHI YAGAMI

(TAI KAMIYA NO BRASIL)

Digimon: Agumon Típico protagonista de anime, impulsivo, animado e esquentadinho, mas que se preocupa com todos ao seu redor.

YAMATO ISHIDA (MATT ISHIDA)

Digimon: Gabumon Dono de uma personalidade mais objetiva e sensata, Yamato era muitas vezes a voz da razão do grupo, e frequentemente discordava das ações de Taichi.

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SORA TAKENOUCHI

Digimon: Biyomon Melhor amiga de Taichi, é também uma menina responsável e protetora, mas tem dificuldades para expressar o que sente.

IZUMI KOUSHIRO (IZZY KOUSHIRO)

Digimon: Tentomon Aficionado por tecnologia e computadores, Izumi sente-se totalmente à vontade no Digimundo.

MIMI TACHIKAWA

Digimon: Palmon Mimi, muitas vezes, age de forma egoísta e mimada, mas no fundo é uma boa menina, que se importa com amigos e com sua parceira Palmon.

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JO KIDO

(JOE KIDO) Digimon: Gomamon Esse fazia coro junto com a Mimi nas reclamações e desejos de ir pra casa, com a agravante de ser tremendamente inseguro. Mas aos poucos adquiri a coragem para lutar e proteger aqueles a que ama.

TAKERU TAKAISHI (T.K)

Digimon: Patamon Irmão caçula de Yamato, Takeru vive com a mãe desde o divórcio dos pais, e tem um profundo respeito pelo irmão. É curioso e gentil e procura sempre mostrar coragem em frente ao perigo.

HIKARI YAGAMI

(KARI KAMIYA) Digimon: Tailmon os demais ao Digimundo Irmã mais nova de Taichi, Hikari acompanha s. É uma menina doce e quando a Terra também fica na mira dos vilõe echas e se dá muito bem adorável que dá vontade de morder as boch ento, é impossível tenim com o irmão. Quando se trabalha com entre produto criado para fugir de uma das verdades da vida: tudo é um gerar lucro.

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RD E N A C E M A DO

BRASIL

O que começou com um ponto de venda muito pequeno em São Paulo, hoje é referencias entre fãs de quadrinhos, animação, cinema e colecionáveis. Conheça a história da loja mais legal do Brasil

“É aqui?” Essas duas palavras sempre são ditas com um pequeno toque de desdém e desconfiança por todos chegam pela primeira vez até a pequena loja localizada na Alameda Jaú. Não posso culpá-los. A fachada de azulejos amarelos e colunas azuis parece deslocada na rua calma, espremida entre os prédios. Não demora que a primeira impressão caia por terra, e os visitantes logo estão andando animados pela loja, checando as prateleiras, subindo a escada em espiral e tentando ver tudo ao mesmo tempo. São lançamentos e edições antigas de mangás, quadrinhos americanos e europeus, difíceis de encontrar nas bancas ou livrarias. Numa das prateleiras há uma coleção respeitável de livros, clássicos da ficção, onde Neil Gaiman fica confortável ao lado de Isaac Asimov e os Mitos de Cthulhu estão apoiados ao lado do Dias Perdidos, estrelado por Emily the Strange, a gótica mal-humorada de 13 anos. Os DVDs dividem lugar com brinquedos e outros itens colecionáveis, enquanto o balcão guarda uma vasta seleção de card games e inúmeros outros mimos que, para muitos, é impossível encontrar em um único lugar. Há quase três décadas no ramo, a Comix hoje é considerada uma das maiores lojas voltadas ao público nerd, com um público de todas as faixas etárias e atendendo os diversos segmentos da cultura pop. Sua presença em eventos também é garantia de sucesso, e sua loja virtual foi uma das pioneiras. Nada mau para uma empresa que começou tímida, num espaço de apenas 4m2, em meados da década de 1980, reunindo pela primeira vez fãs de quadrinhos em um point nerd. 14 Neo Tokyo


DOS PRIMÓRDIOS ATÉ HOJE EM DIA 1986 FOI UM ANO DAQUELES Enquanto os brasileiros encaravam o Plano Cruzado (que deu errado) o mundo assistia, estarrecido, a tragédia do ônibus espacial Challenger (que deu MUITO errado), as notícias do acidente da usina nuclearBOLT de Chernobyl (que deu errado em níveis épicos) e a Copa do México (que nós já sabíamos que daria errado). E ninguém viu o cometa Halley passar. Por outro lado, o rock nacional começava a sair da toca e bandas como Legião Urbana, Titãs e

Paralamas do Sucesso lançavam seus primeiros sucessos, no mesmo ano em que a Xuxa estreava seu programa na poderosa Globo e a programação infantil era algo pelo qual se valia a pena ser criança. A Comix surgiu de forma acanhada, mirando um consumidor que emergia devagar: os fãs de quadrinhos. Ela começou suas atividades num pequeno ponto, na região dos Jardins, em São Paulo, e entre revistas de fofoca, notícias e jornais, seu diferencial eram o cuidado e tratamento aos títulos de super-heróis, publicados aqui pela editora Abril, além de tratar diretamente com importadoras, que traziam diversos títulos inéditos e

raros. Aos poucos, o ponto atraiu um número maior de leitores, se tornando parada obrigatória de leitores e fãs de HQs que nos anos seguintes acabariam fazendo parte da história do quadrinho nacional. Na década seguinte, o número de clientes e produtos havia crescido de forma impressionante, o que levou, em 1993, à mudança de endereço dessa vez para o número 1998 da Alameda Jaú, onde permanece até hoje. A Comix acompanhou as altas e baixas do mercado durante a década de 90 e a chegada dos mangás a partir de 2000, seguindo a leitura original, algo impensável para os leitores alguns anos antes.

UMA FESTA DE QUADRINHOS Em seus anos no setor, a Comix aprendeu a mais importante lição no mundo dos heróis. A de que o mundo está em constante transição. É preciso estar sempre atento às mudanças não apenas do mercado, mas também do público e da comunicação. Reinvenção e sintonia junto aos seus clientes para não ser esquecida e abandonada. Em 2001, a Comix organizou sua primeira feira de quadrinhos, na frente da loja. Mais do que um

evento de vendas, essa primeira encarnação da Fest Comix reuniu diversos leitores, fãs e profissionais da área editorial, que se tornaria uma das marcas registradas do evento. Hoje, com cerca de 20 edições realizadas, a Fest Comix é um dos mais esperados e disputados encontros de cultura pop no país. Com o advento da internet, a loja tratou de abrir seu próprio domínio virtual atendendo leitores e fãs

de todo o país, com segurança e agilidade, e hoje, graças aos anos de trabalho e confiança junto aos clientes, a Comix se prepara para abrir sua primeira filial no Rio de Janeiro, até 2015. Aqui deixamos os nossos parabéns a todos que fizeram parte da história da loja que se aprimora e busca mais e mais a proximidade daqueles que são peças fundamentais desde seu surgimento: vocês. 15 Neo Tokyo


INVASÃO

AO

CLUBE DA LULUZINHA 16 Neo Tokyo


Por Camaleão

Poderes mágicos. Transformações. Roupas cheias de babados e laços e uma mascote bonitinha que lidera o grupo de longe. Pensou em Madoka, Card Captor Sakura ou outro anime de garotas mágicas? Passou perto. Binan Koukou Chikyuu Bouei-bu Love!, ou Boueibu pra facilitar, tem tudo que uma animação do gênero tem, com uma única diferença: garotos mágicos.

D

ois amigos que estão num banho público discutindo sobre comida japonesa, são surpreendidos quando um vombate, um tipo de marsupial australiano, aparece do nada. Não um vombate comum, mas um animal rosa e falante do espaço sideral que implora pela ajuda dos dois, antes de ser perseguido e agarrado por Yumoto Hakone, um funcionário do banho que adora coisas fofinhas. No dia seguinte, esse mesmo vombate aparece controlando o professor de matemática da turma, que está levemente morto, e conhecemos os outros membros do Clube de Defesa da Terra — um daqueles

clubes sem propósito para amigos desocupados: Io Naruko, viciado em tudo que envolve dinheiro e mercado de ações e Ryu Zaou, mulherengo cheio de energia. Junto a En Yufuin e Atsushi Kinugawa, os dois garotos da casa de banho, e Hakone, que não consegue deixar de perseguir a mascote rosa, eles são obrigados a se transformar em defensores do amor. Assim começa a história de Boueibu, do amor contra o não amor — com direito a jargão de transformação, bracelete mágico, união dos poderes e codinomes sensacionais, como Kirameki Prince - Battle Lover Scarlet (algo como Príncipe Brilhante - Aman17 Neo Tokyo


CURIOSIDADES O tema de abertura, ‘Zettai Muteki Fallin’ LOVE’, é cantado pelos dubladores dos cinco protagonistas. Já o encerramento, ‘I Miss You no 3 meter’, é todo na voz do conselho estudantil. O dublador do Zundar é o mesmo do Alemanha, de Hetalia. Isso explica muita coisa. Caerula Adamas, o codinome do Clube de Conquista da Terra significa diamante azul, em latim.

te de batalha escarlate) ou Tsuranuki Prince - Battle lover Epinard (Lembrando que Epinard é espinafre, em francês!). Sem esquecer o monstro Chikuwabu, uma atração à parte. (E o monstro de hashi. E o monstro cisne. E o monstro.....) Já antagonistas de Boueibu são os membros do conselho estudantil, comandados pelo porco-espinho esverdeado de voz épica Zundar. Com a missão 18 Neo Tokyo

de espalhar o não amor e conquistarem a terra, os garotos — que são estilizados como príncipes bonitos e inteligentes, que se julgam melhores que todos e querem colocar ordem no mundo começando pelo colégio — sempre trazem problemas para os Battle Lovers. A história deles é contada no mangá, que embora tenha sido lançado antes, é um spin-off do roteiro original.


LEVANDO A PIADA A SÉRIO. ATÉ DEMAIS. Binan Koukou é uma comédia shoujo. Muitas pessoas na internet julgam a série pelo visual e têm levado muito a sério o que deveria ser só um anime inusitado. De qualquer modo, quem tem a mente aberta pra ver uma série que foge do padrão, e vontade de dar risada, vai gostar muito da paródia e das sacadas. Afinal de contas, quem nunca assistiu a Sailor Moon, Shugo Chara! ou qualquer outro anime com cenas de transformação e ficou se perguntando: “De onde saem esses cetros? Será que dá pra tirar esses uniformes antes de vencer o vilão? Precisa mesmo estar todo mundo junto pra lutar?”

Grande parte do humor da série vem do fanservice. Diferentemente de Free! que também é para o público feminino e também tem uma quantidade generosa de fanservice, muitas vezes pra mostrar tensão entre os personagens, Boueibu é mais escrachada e usa de um torso nu ou de uma cena de banheiro pra arrancar risadas. O absurdo e o exagero comandam — e funciona. Que atire a primeira pedra a garota que não riu horrores com Naruko mostrando a caderneta de anotações ou não morreu de amores com a versão infantil dos combatentes do amor.O anime estreou em janeiro para a temporada de animes

de inverno no Japão e é transmitido pela TV Tokyo. Mesmo sendo um anime de curta duração, apenas 12 episódios, a série está também em outras mídias: light novel e jogo. O jogo, aliás, que tem previsão de lançamento para fevereiro de 2015, é um otome game. Voltado para o público feminino, a jogadora tem como objetivo conquistar um relacionamento com um dos personagens através de muito texto, imagens estáticas e algumas escolhas. É possível escolher qualquer um dos garotos do clube de defesa da Terra ou do conselho estudantil e, no Japão, o game estará disponível para plataforma IOS ou Android. 19 Neo Tokyo


ARCO 02:

RED RIBBON Por Guilherme Coral (www.planocritico.com)

N

o primeiro arco de Dragon Ball fomos apresentados ao enérgico Goku, um menino talentoso em artes marciais e totalmente ingênuo, que viveu toda sua vida à parte da sociedade. Acompanhamos o garoto do momento que ele conhece Bulma e descobre da existência das Esferas do Dragão até o treinamento de artes marciais. Durante toda essa jornada, Akira Toriyama nos introduz aos poucos os elementos que ele desenrolaria ao longo de sua história, que começa, neste segundo arco, a ganhar uma unidade.

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TESTANDO O RITMO Neste, Goku está em busca da esfera de quatro estrelas, a única lembrança deixada pelo seu avô. Bem cedo, contudo, ele descobre que o chamado exército mais cruel do mundo, Red Ribbon, também está atrás das Dragon Balls. Não é de nenhuma surpresa que, a partir daí, ocorrem diversos embates entre o menino inocente e tal força. Se no primeiro arco havia uma sensação de diversas histórias compiladas em uma só, neste segundo o inimigo constante é um fator de união dramática que, de forma fluida, conduz a trama.


Desta vez não vemos espaçamentos de tempo entre certos capítulos – tudo ocorre de maneira contínua. Ainda assim, esta segunda história possui subtramas bastante claras, mas que não tiram a unidade da narrativa. O que elas garantem é uma diferença no tom do mangá. Na primeira parte, Goku está sozinho e logo sentimos falta da interação do personagem com Bulma, Yamcha, Mestre Kame ou Kuririn. Essa falta acaba tornando a leitura mais lenta, chegando a ser quase repetitiva. Felizmente, contudo, alguns dos personagens que aprendemos a gostar reaparecem, ao mesmo tempo em que outros novos (não só vilões) marcam sua entrada na série. Aqui não posso deixar de mencionar os personagens de Dr. Slump, outro mangá de Toriyama, que fazem uma inesquecível ponta. NOVOS E PERIGOSOS INIMIGOS Diversos elementos importantes para a série também fazem sua

primeira aparição em Red Ribbon. O mais significativo desses é a possibilidade de se reviver uma pessoa utilizando as esferas do dragão, algo que se torna recorrente conforme a trama adota um tom mais sério. Vale lembrar que tal mudança de tom se dá de forma gradativa e já pode ser notada logo nessa história, ao passo que ela exibe a primeira morte (não retratada de forma cartunesca) da franquia. Ao mesmo tempo nos são apresentados vilões de personalidade mais cruel, como o assassino Tao Pai Pai ou o impiedoso General Blue. Por meio desses inimigos Toriyama demonstra grande parte de sua criatividade, nos oferecendo não necessariamente oponentes fortes, mas que possuem uma vantagem em relação ao protagonista, como é o caso de General Blue. Porém, aqui também notamos uma queda de qualidade em relação ao primeiro arco, no quesito da resolução de tais lutas que muitas vezes não se dão de maneira criativa como

vimos no Tenkaichi Budokai. Ainda assim, são divertidas o suficiente para entreter e prender o leitor. O estilo de desenho de Akira se mantém cartunesco, proporcionando diversas risadas, principalmente através das expressões bem representadas dos personagens. Seu universo criado, que mescla o antigo com o futurista, é utilizado de ótima maneira, ainda mais ao ser misturado com a inocência de Goku, que pouco conhece do mundo à sua volta. O caráter introdutório se foi e agora conseguimos enxergar a história de Dragon Ball seguindo uma linha bem definida. O segundo arco do mangá mantém toda a qualidade do primeiro, ao mesmo tempo em que se aprofunda no universo criado por Toriyama. Definitivamente prende qualquer leitor que tenha apreciado o Treinamento de Son Goku, e sendo de fácil leitura, pode ser lido de uma vez só. Aos poucos, Goku cresce e nosso gosto 21 Neo Tokyo


E I D R O D A RE

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NAS GARRAS DA DA DO E ASSASSINADO: CAINDO

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xistem coisas no mundo que simplesmente nos roubam a atenção sem muito esforço. Duas dessas coisas que simplesmente me tiram de órbita são os vampiros (seres mitológicos que sugam de nós muito mais do que nosso sangue) e o imaginário do folclore nipônico (tão vasto e tão rico que simplesmente nos arrasta para o seu interior). Bem, qual foi minha surpresa ao ver esses dois elementos unidos em um só lugar, apresentados sob uma narrativa gostosa e cativante!

Sim, meus caros amigos, Kaori: Perfume de Vampira foi um dos melhores livros que já tive o prazer de segurar em minhas mãos e seria um tremendo egoísmo de minha parte não dividir essa pérola com vocês! Prontos para o mergulho? Você não irá querer emergir tão cedo!

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A PROPOSTA IRRECUSÁVEL Nas primeiras páginas da obra somos transportados para as terras de um Japão antigo, de quando suas portas ainda eram bem fechadas para os habitantes do Ocidente. Lá, conhecemos Gombei, um humilde dono de taverna que luta com unhas, dentes e pastas de feijão doce para sobreviver em uma sociedade nada gentil. Como se não bastassem as desventuras que sua situação social lhe trazia, ele ainda era viúvo e com uma filha para criar. Uma bela e delicada filha de nome Kaori. Realmente, a beleza de Kaori parecia não combinar com aquele ambiente típico de taverna, onde o trabalho pesado brotava aos montes e a rudeza transbordava dos

poros de seus proprietários. Kaori parecia uma pequena boneca de porcelana e possuía um delicado perfume próprio, atributos que logo chamaram a atenção de Missora, uma conhecida cortesã local que oferecera uma quantia irrecusável a Gombei para que este lhe entregasse a menina para que trabalhasse em seu estabelecimento: uma casa dos prazeres. Gombei se nega a permitir que sua preciosa filha caísse nesse tipo de vida, por mais que a necessidade estivesse em suas portas todos os dias, o que desperta a ira de Missora. Algo me diz que ela não irá desistir assim tão fácil de tomar Kaori para si. 23 Neo Tokyo


SOBRE VAMPIROS E NOMES QUE GERAM CONFUSÃO Em contrapartida, somos apresentados a uma realidade a qual já estamos cansados de conhecer: um homem comum retirava suas correspondências comuns em uma das ruas comuns da grande cidade de São Paulo. Sim, em pleno (e comum) século XXI. Mas o que logo ficamos sabendo é que esse aparentemente comum rapaz levava uma vida bastante incomum. Samuel Jouza enfrentava desafios em sua profissão de olheiro de vampiros para uma organização que monitorava seres fantásticos: ele precisava encontrar vampiros, monitorar suas atividades durante um tempo, catalogá-los e enviar esses catálogos aos seus superiores do IBEFF. (Instituto Brasileiro de Estudos Fantásticos) Mas a proxi-

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midade com criaturas tão perigosas não era nem de longe tarefa tão complicada quanto corrigir a chuva de pessoas que erravam seu sobrenome colocando um “S” onde, na verdade, havia um “J”. Além de todos os fatores atenuantes, Samuel possuía uma grande tatuagem de dragão em suas costas a qual não lembrava onde a adquirira, somada a uma penca de pesadelos estranhos à noite. Ele não sabia, mas tudo fora fruto de um prazeroso encontro de tempos atrás entre ele e uma formosa vampira oriental de rosto de boneca de porcelana e um sensual perfume, naturalmente transmitido por sua pele. Kaori.


Making of É isso mesmo, meus caros e amados leitores! As aventuras da vampira mais sensual de todos os tempos são mescladas em episódios no antigo Japão feudal (antes de sua transformação) e as movimentadas ruas de São Paulo (onde já é uma antiga e poderosa vampira). Toda essa genialidade é fruto da autora paulistana Giulia Moon. Sim! O livro é de cunho nacional e totalmente viciante! Giulia conseguiu transmitir para o papel uma trama que nos agarra desde a primeira linha lida. Não conseguimos nos desvencilhar até tirarmos dela tudo o que ela tem a nos oferecer! Até o momento, as aventuras da vampira Kaori rendeu dois livros: Kaori - Perfume de vampira e Kaori 2 - Coração de Vampira, além de um spin-off Kaori e o Samurai sem braço. Podemos encontrar, também, a vampira nipônica em outros contos da autora como em Dragões Tatuados (publicado na antologia Amor Vampiro pela Giz Editorial). Vale ressaltar também que Kaori estrelou o primeiro crossover da literatura fantástica nacional ao lado do vampiro Luar do autor Kizzy Ysatis nos contos A Exótica Dama Oriental e o Inesperado Luar (esses na coletânea Flores Mortais) e Perfume para Kaori (escrito por Kizzy Ysatis e publicado em sua coletânea de contos Eterno Castigo). Soube de fonte segura que a autora já colocou no forno o volume 3 das aventuras da vampira japonesa mais brasileira de todas! Vá logo conferir os que lhe faltam antes que sua lista de pendências literárias só aumente! Aguardo ansiosa o lançamento desta obra, completamente ciente de que, assim como as demais, serei levada para fora de órbita, inebriada pelo aroma de “quero mais”.

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A

VISÃO

ALÉM

DA

HISTÓRIA Por Lily Carroll

PARA ALGUMAS PESSOAS, HISTÓRIAS SÃO O ÚLTIMO REFÚGIO. O LUGAR ONDE NOS ABRIGAMOS QUANDO A REALIDADE SE TORNA AMARGA DEMAIS, QUANDO A PRESSÃO AMEAÇA PARTIR A ALMA. ISSO É UMA VERDADE.

M

as as histórias são muito mais do que isso. São labirintos onde verdades e segredos aguardam aqueles que estão dispostos a desvendá-los. Elas guardam lições de vida e esperança. Histórias podem mudar o mundo. Essa é a premissa de Greg - O Contador de Histórias, HQ que faz parte do projeto multimídia do escritor e desenhista Marcio R. Gotland, a partir de seu primeiro romance, Cidade de Kant. A obra é ambientada num mundo futurista e diatópico, onde a população vive oprimida por um governo totalitário e convive diariamente com a violência, a desigualdade e o racismo. O descontentamento e o 26 Neo Tokyo


desejo de mudanças que fazem com que os jovens se levantem contra a ditadura são uma inspiração, e o desejo para lutar vem justamente das histórias contadas por Greg. Apesar disso, Gregório não é o protagonista do livro, mas devido a sua importância na trama, e o rico material que seus contos renderam, o autor decidiu criar a webcomics centrada nas narrativas do personagem.

Uma história de reis, cavaleiros e criaturas das trevas A primeira aventura narrada por Greg não poderia começar de forma mais inspiradora: numa taberna de um reino medieval, um grupo de soldados bebe enquanto se diverte com jogos e histórias, no que pode ser a última noite de suas vidas, já que ao raiar do dia, eles irão para a frente de batalha. Um dos

soldados, então, resolve contar os boatos e histórias que sua mãe lhe narrava sobre a origem da maldição que tomou conta do reino e que por consequência é responsável pela guerra que eles precisam lutar. Histórias dentro de histórias que trazem uma verdade diferente a cada página. A arte de Greg é bem detalhada, bonita e tem uma ótima diagramação. Além da HQ on line, o autor também produziu uma versão impressa numa qualidade impecável, que não deve nada aos lançamentos das grandes editoras. Se desejar conhecer o poder das histórias, não deixe de conferir esse incrível trabalho nacional.

Site: http://www.marciorgotland.com/

Twitter: https://twitter.com/MRGotlandArt

Face: https://www.facebook.com/gregwebcomic 27 Neo Tokyo


TROPA

DE DE

ELITE

OUTRO MUNDO Por Lily Carroll

TIDIANAS SÃO NOTÍCIAS CO DE DA NI PU IM A E O CRIME GRITAM SEUS “ÂNCORAS” DE ON S, AI RN JO NOS TELE ENQUANTO RA OS CÂMERAS, SUAS OPINIÕES PA DE SEUS CLAMA E COBRA A POPULAÇÃO RE R, NÃO? RANÇA. FAMILIA GU SE R PO S TE GOVERNAN 28 Neo Tokyo

Mas qualquer semelhança com nosso dia a dia e a premissa da webcomics Cops Go! acaba por aqui. Produzida pelo trio Wildwing (roteiro), Richardy (desenho) e Thiago Ritinho (arte-final), a série chama atenção por sua curiosa mistura com elementos de ficção cientifica, humor, ação e uma pitada de crítica social. O design dos personagens é um show à parte, cada um com características distintas, com lindos e atrativos traços (confesso: me apaixonei à primeira vista pelo Vandor! Tenho uma queda por pele azul por causa dos X-men...).


A trama é ambientada no planeta Orion, numa realidade onde não existem barreiras entre magia e tecnologia. Seres sobrenaturais, humanoides, robôs e ciborgues dividem a paisagem desse mundo futurista com seres humanos e tudo seria ótimo se não fosse o crescimento desenfreado da violência e criminalidades nos distritos. Operação Orion Orion é dividido em quatro grandes centrais, que por sua vez são formadas por distritos. Cada distrito possui seu governador responsável em proteger e suprir as necessidades da população. Mas por maior que sejam os esforços da polícia e autoridades, a insegurança vem tomando as ruas. Diante desse cenário, dois pes-

quisadores, professor Jirione e o engenheiro esquilo Hope, dão início ao projeto Cop, uma força tarefa formada por indivíduos dotados de habilidades ímpares, que unidos poderiam combater qualquer ameaças nas ruas. Entre os candidatos para o grupo estão o atirador Caio, o exímio piloto Atlas, a artista marcial Amanda e o vampiro Vandor que deverão provar seu valor como equipe e também superar suas próprias limitações e traumas do passado. Como se lutar contra supercriminosos já não fosse dureza, eles ainda terão de encarar os planos de um misterioso grupo que nas sombras do poder deseja iniciar uma guerra mundial. Felizmente, missão dada para os membros da Cops é missão cumprida!

Face: https://www.facebook.com/copsgo Blog: https://copsgo.wordpress.com/ Comics: http://www.manga-factory.com/ 29 Neo Tokyo


30 Neo Tokyo


A

JORNADA

Tendo seu primeiro volume lançado em 26 de novembro de 1990, Berserk rapidamente se tornou um dos mangás de maior influência da cultura pop japonesa, influenciando outras obras como Vinland Saga e games de destaque, como Final Fantasy VII (a espada de Cloud não é meramente coincidência), Devil May Cry e, mais recentemente, Demon’s Souls e Dark Souls, cujas artes conceituais em muito se inspiraram no traço e nos personagens apresentados no mangá.

DO

ESPADACHIM NEGRO

Roteirizado e ilustrado por Kentaro Miura, a obra acompanha um solitário mercenário, Guts, também conhecido como o Espadachim Negro. Passado em um universo de fantasia medieval, seguimos o protagonista enquanto ele caça um grupo de poderosos demônios conhecido como A Mão de Deus, que, ao que tudo indica, desde as páginas iniciais, afetou de forma pessoal a vida de Guts. Miura nos introduz a esse mundo sombrio como em um súbito mergulho — o autor não perde tempo realizan-

do inúmeras explicações sobre a mitologia apresentada e dá início à sua narrativa sem qualquer esforço didático. Vale ressaltar que se trata de uma história mirada no público adulto e Kentaro trata seu leitor como tal. Essa falta de explicação garante uma notável fluidez na leitura, praticamente nos obrigando a voar de capítulo em capítulo, ao passo que a história se torna cada vez mais envolvente. Apesar da técnica de redação utilizada não nos causar hesitações, o desenrolar do roteiro em si acaba 31 Neo Tokyo


gerando, a princípio, medo no leitor. Guts, em sua personalidade fechada e ampla habilidade com sua gigantesca espada, é tido como uma figura praticamente invencível, portanto em nenhum dos embates do trecho inicial da obra sentimos como se ele, de fato, estivesse em algum perigo, o que poderia significar a queda em uma armadilha evidente em animes como Devil May Cry e Hellsing (não me refiro ao OVA), onde sabemos que o protagonista sempre levará a melhor. Miura, contudo, consegue se distanciar de tal deslize por meio do uso de personagens secundários, que são praticamente descartados a fim de construir o tom da narrativa.

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Violência (nada) gratuita E que tom é esse? A ultraviolência. Não me refiro apenas ao costumeiro gore, embora esse se faça presente, e sim à casualidade da morte, o que perfeitamente se encaixa dentro do universo medieval retratado. Nos dois primeiros arcos, que fecham a primeira saga do mangá, observamos inúmeros indivíduos fazendo pequenas aparições, em geral para morrerem da

forma mais sanguinolenta possível e, nesse cenário, nem crianças, mulheres e idosos se salvam. Essa banalidade da morte, ainda que retratada de forma chocante e memorável, dá à personalidade de Guts uma interessante dubiedade. Ao mesmo tempo em que temos nele um espadachim que vê o fim da vida como algo natural, enxergamos traços de preocupação sempre que alguém se encontra em perigo, por mais que ele mesmo tente esconder isso, por trás de palavras frias e disposição despreocupada. Trata-se quase de um medo do protagonista, que nos faz apenas inda-


gar o que há de tão traumático no passado desse homem. Com esse aspecto em mente, a violência gráfica pela qual o mangá se tornou famoso é parte crucial dentro da construção da narrativa, assegurando que cada personagem introduzido pode estar em perigo. Berserk nos deixa nessa posição constante de inquietude e tensão, ao passo que todo diálogo pode ser a última fala de determinado indivíduo — certamente, não se trata de uma leitura para crianças. O traço, também de Kentaro, que mistura bem o realismo com o exagero, se encaixa organicamente dentro da proposta, ainda que nas páginas iniciais, como de costume em grande parte dos mangás, seja menos rebuscado. Contrabalançando esse clima sombrio que domina praticamente todas as páginas da leitura, temos Puck, um pequeno elfo (que em Berserk é bastante similar a uma fada) que decide acompanhar Guts em sua jornada, embora este o trate mal e o ignore a maior parte do tempo. Puck conta com disposição muito

mais alegre que a de seu companheiro de viagem, funcionando como alívio cômico em diversos capítulos. É curioso observar que o desenho, nesses momentos, se torna evidentemente mais caricato, aliviando a tensão presente nas páginas. Com alguns poderes especiais, como o de curar ferimentos, o elfo estabelece evidente antítese em relação ao protagonista, representando a vida enquanto o outro, a morte. Por mais que o Espadachim Negro desdenhe tal criatura mágica a maior parte do tempo, Kentaro Miura constrói uma engajante relação entre os dois, que pouco a pouco demonstra traços do avanço de uma maior familiaridade. A mão que muda o destino Retomando o tópico da relativa invencibilidade de Guts, essa é completamente descartada com a breve aparição da Mão de Deus, ponto crucial dentro da narrativa que, enfim, garante um rumo definido para a história e um elemento pelo qual o leitor pode ansiar a

cada virada de página. O grupo de demônios se apresenta, visivelmente, com nível de poder muito acima do protagonista. Em outras palavras, a jornada do herói será longa, o que pode significar não só uma melhoria física do personagem como emocional/afetiva. A aparição da Mão de Deus marca, também, o término da primeira saga do mangá; a posterior nos contando um pouco sobre as origens de Guts, em uma estrutura que seria utilizada novamente no já citado Vinland Saga. Porém, como não pretendo estragar detalhes cruciais da trama neste texto, limitarei essa análise apenas a essa primeira saga, definidora da obra como um todo. Repleto de violência, personagens envolventes e uma história que suga ao máximo o leitor, Berserk certamente se configura como um mangá que merece ser lido. A história nos traz um rico universo sombrio de fantasia medieval que perfeitamente mistura o realismo com notáveis e deliciosos exageros que marcariam a cultura pop de forma definitiva. 33 Neo Tokyo


3

S O T U N I TO! M E

N O R P

Por Keiko Maxwell (keiko_ovam@hotmail. com)

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F

erver água. Abrir o pacote. Adicionar o macarrão pré-cozido. Aguardar três minutos. Adicionar o tempero. Está pronto. Não é necessário ser um chefe de cozinha para saber preparar um dos alimentos mais rápidos e simples já inventados: o lámen. Em sua versão instântanea, o prato oriental constituído de macarrão e um caldo quente, logo ganhou seu lugar ao mundo, invadindo muitas casas e sendo o terror para muitas mães. Entretanto, a versão original possui uma maior complexidade em ser preparada do que simplesmente adicionar água quente. A origem do prato vem da China e foi introduzido no Japão

durante a Era Meiji, em 1910. Nele, o macarrão é a estrela e sua importância se revela logo em seu nome: lámen significa, literalmente, massa esticada (la) e macarrão (men). Farinha de trigo, água e ovo são os ingredientes básicos que constituem a massa, entretanto, pequenos detalhes como a alcalinidade da água e o uso da farinha forte, que possui uma quantidade maior de proteína em sua composição, fazem com que o macarrão adquira o sabor, a cor amarelada, a consistência firme, a característica escorregadia e a elasticidade da massa. Porém, o caldo e os acompanhamentos que montam o prato também possuem sua importância.

Feito a partir da fervura da carcaça e asas de frango, ossos de porco com um refogado de cebolinha e gengibre, o caldo pode ser temperado com o tradicional molho de soja (shoyu), com a massa de soja fermentada (missô) ou apenas com sal (shio), criando sabores diferentes para o prato. O segredo está nos detalhes Mas não espere conseguir reproduzir o sabor que normalmente se encontra nos restaurantes, em sua casa. Mesmo os ingredientes básicos sendo de fácil acesso em supermercados e lojas especializadas em importação de produtos orientais, cada chefe possui seu segredo e modo diverso de temperar o caldo, que 35 Neo Tokyo


pode variar com o acréscimo de alho, pimenta, gengibre e outras especiarias, o que traz a característica única para cada estabelecimento. Os acompanhamentos mais comuns são ovo cozido, cebolinha picada, horensou (espinafre japonês), moyashi (broto de feijão), naruto (pasta de peixe cozida que tem o desenho de um redemoinho), tiras de menma (broto de bambu fermentado), alga wakame e alga nori, porém eles podem variar. Um dos principais acompanhamentos é o chashu, que é uma copa de lombo, normalmente de porco, que é cozida em baixa temperatura. A carne natural36 Neo Tokyo

mente gordurosa alcança um ponto de maciez que não é nem necessário o uso de facas para cortá-la. Habitualmente, em seu preparo, ela é temperada com shoyu ou missô. Presença garantida nos animes e mangás Prato fundamental em vários animes – Naruto que o diga –, o verdadeiro lámen possui um sabor bem diferente de suas versões instantâneas. Perfeito para ser saboreado ainda quente, é uma bela pedida para os dias frios, mas os dias de calor nada impedem de se deliciar nesta mistura de sabores e texturas, pois o macarrão macio forma


uma combinação excelente com o caldo ralo e seus acompanhamentos que, sejam comidos juntos à massa ou não, trazem uma diferenciação além daquela encontrada no paladar. Com um prato tão completo assim, é até difícil escolher uma bebida para acompanhar, tanto que muitos preferem somente aproveitar de sua tigela fumegante sem a habitual opção

líquida em conjunto. Entretanto, se pedir aquele refrigerante for indispensável para você, saiba que o quente do caldo se casa muito bem com o gelado de qualquer tipo de bebida, inclusive com água. Esta é uma boa saída para os dias quentes, pois a mistura das duas sensações facilita a ingestão. Por fim, mesmo tão parecido com suas versões semiprontas

– três minutos e OK! – a versão chefe é tão diferente e possui tantas peculiaridades que ela compensa o maior tempo de espera de seu preparo... Faça o tempo que fizer, com o acompanhamento que melhor lhe apetecer. Este é, sem dúvida, um prato para ser apreciado mais de uma vez e com toda a calma que o momento pedir!

Restaurantes em São Paulo O lámen pode ser encontrado em... - Lamen Kazu (Rua Tomaz Gonzaga, 51, Liberdade, 3277-4286) - Sobaria (Rua Áurea, 343, Vila Mariana, 5084-8014) - Aska (Rua Galvão Bueno, 466, Liberdade, 3277-96820) - Karaokê box e Lamen house Porque sim (Rua Tomaz Gonzaga, 75, Liberdade, 3277-1557)

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CIRANDA

História por Nick Narukame Arte de July Vallentine

Capítulo 1: O órfão (Londres, Inglaterra - Verão de 1823)

homem se recusaria a adotá-lo, depois da segunda semana de convívio com o menino problemático, era isso o que

— Sim, exatamente isso — concordou o

acontecia sempre, em todas as 19 tenta-

homem moreno sem desviar os olhos da

tivas de doá-lo que fizera.

madre superiora que comandava aquele orfanato. —Não creio que nenhuma criança jamais poderá substituir o filho perdido naquele acidente, mas..., também não acho justo que todo o amor paterno que ainda possuo se perca enquanto existem tantas crianças que necessitam dele

“...Eu quero a criança que mais tiver problemas para se ajustar. A que esteja aqui há mais tempo e tenha sido rejeitada por outros pais...”

A madre fixou a feição do homem, e voltou a examinar o formulário que ele preenchera. Henry Cambridge. Viúvo, 21 anos. Per-

— Mr. Cambridge... — começou a senhora com a voz já rouca pela idade avançada. —No momento possuímos

dera toda a família em um terrível acidente

uma ligeira escassez de crianças dispo-

anos atrás e agora possuía alguns títulos de

níveis para adoção. Temos um meni-

nobreza e uma pequena fortuna. Não havia

no, mas devo advertir-lhe que...

motivos reais para negar a esse homem, tão

— Era exatamente isso o que eu ia

bem afeiçoado, o direito de ser pai. Além

lhe pedir! — cortou-lhe Mr. Cam-

do mais, ele exalava sinceridade a cada

bridge. — Eu quero a criança que mais

nova palavra que proferia.

tiver problemas para se ajustar. A que

Era hora de fazer mais uma tentativa. Ofereceria Frederick já certa de que o 38 Neo Tokyo

esteja aqui há mais tempo e tenha sido rejeitada por outros pais.


— Como milorde desejar. Pedirei para que uma das noviças o acompanhe até o quarto do menino enquanto preparo os documentos. Se tudo estiver de seu agrado, poderá levá-lo ainda hoje. O homem lhe devolveu o sorriso adicionando ao pacote um palpável ar de agradecimento. — Que Deus lhe pague, madre. Que Deus lhe pague. ~II~ Frederick Oliver já havia perdido as contas de quantas vezes já havia sido preparado para conhecer supostos “novos pais”. Com seus 13 anos de idade já possuía experiência o suficiente para saber que aquele homem logo o A madre estreitou os olhos. De fato era um pedido, no mínimo, estranho. A maioria sempre queria os mais novinhos e comportados para chamar de filho. Aquele lorde parecia perturbado com a perda recente. Era a única explicação! Mas não poderia perder essa oportunidade única. Tratou logo de abrir o seu mais doce e amigável sorriso para o homem à sua frente.

“...A tintura rosa nas paredes, as bonecas de porcelana nas estantes... Até o gato gordo e esquisito parado na janela que o observava! Tudo era uma piada de mau gosto!...”

devolveria para o orfanato, por isso não nutria grandes expectativas. —Esse será o seu novo quarto. — disse o seu novo pai em potencial enquanto abria a porta do cômodo e o adentrava junto ao menino. Ele sentiu-se meio zonzo e irritado. Havia várias coisas que identificavam que aquele era um quarto de menina! A tintura rosa nas paredes, as bonecas de porcelana nas estantes... Até o gato gordo e esquisito parado na janela que o observava! Tudo era uma piada de mau gosto! — Vou mandar reformá-lo em breve — respondeu Lorde Cambridge como se lesse seus pensamentos. — Era de minha sobrinha, Agatha. Mas ela foi morar com os pais em outro condado. Ah, então era isso. Pensou Oliver. Teria 39 Neo Tokyo


“...Até porque, na manhã seguinte, quando abrira os olhos, não havia ninguém naquela casa, a não ser ele próprio e seu novo pai em potencial, Lorde Cambridge...”

Mais tarde, naquela mesma noite, Oliver se perguntou por que raios aquele homem havia mentido sobre o paradeiro daquela menina. Ela estava sentada na janela de seu quarto trajando uma camisola branca, olhando para o quintal enquanto cantarolava uma musica de roda. Mas não deu tanta importância a isso. Estava com tanto sono que talvez aquela visão nem fosse real, por mais que parecesse. Até porque, na manhã de aguentar aquela feminilidade toda durante

seguinte, quando abrira os olhos,

alguns dias, mas apenas isso. Diabos! Por que

não havia ninguém naquela casa, a

pensar sobre isso? Como se fosse durar mais de

não ser ele próprio e seu novo pai em

algumas semanas naquela casa!

potencial, Lorde Cambridge. Mas a

Aproximou-se da cômoda, onde havia um porta-

voz daquela menina ainda lhe fazia

retratos bastante ornamentado, portando a foto

eco nos ouvidos, como resquício de

de uma menina de longos cabelos negros e olhos

um doce sonho do qual jamais se quer

tristes, abraçando um ursinho. Agatha, supôs ele.

acordar.

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por Roberto Maia

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arthur

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OPERAÇÃO

BIG H E R O GRANDE NO TAMANHO E NO SUCESSO

P or Nick Narukame

A

saúde realmente deveria ser uma preocupação real dos governantes do país. Com toda a precariedade que encontramos no SUS, ter um agente pessoal de saúde em nossa casa seria uma mão na roda, não é mesmo? Agora, imagine que esse agente de saúde é um robô gordinho e macio que, além de te tratar com uma simpatia muito maior que a de muito funcionário público por aí, ainda faz um bico de super-herói ao lado de uma turminha pra lá de divertida! Pois é, minha gente, ter um Baymax em casa é o sonho de consumo de qualquer um. Se você assistiu à animação da Disney estreada em dezembro de 2014, Operação Big Hero, sabe exatamente do que estou falando. 46 Neo Tokyo


TAMANHO NÃO É DOCUMENTO Logo no início da trama somos transportados para um lugar chamado São Fransóquio, uma fusão do que há de melhor das terrinhas do Tio Sam e a do Sol Nascente, onde tecnologia de ponta e problemas dignos de anime shonen pairam como brisa pelo ar. É assim que conhecemos Hiro Hamada, um garoto que está investindo todo o dinheiro que tem guardado em uma luta entre robôs. De início, o garoto parecia muito desengonçado com seu robô diminuto e levava uma baita surra de seu adversário muito maior e, aparentemente, mais habilidoso que ele.

Mas, aquilo tudo era apenas uma fachada. Hiro, na verdade, era um jovem gênio da robótica que se formou na escola com apenas 13 anos, levando seu adversário a uma derrota esmagadora nos primeiros 10 segundos da revanche, lucrando uma boa grana com isso. Porém, seu adversário não deixaria isso barato e, quando este iria lhe

ensinar uma lição, o garoto é salvo por seu irmão mais velho, Tadashi, que insiste que o garoto deveria usar sua inteligência acima da média em algo mais importante que aquilo, como, por exemplo, a faculdade. Mas Hiro não queria saber dessa historinha não. Para que entrar para um lugar onde apenas tentariam lhe ensinar artes 47 Neo Tokyo


HO NÃO É DOCUN A M A T T N E M U C DO TAMANHO NÃO É ANHO NÃO É M A T T N E M U C O D NÃO É MENT TAMANHO MENT TAMANHO U C O D É O Ã N O H N DOCUMENT TAMA ÃO É DOCUMENT N O H N A M A T T N NÃO É DOCUME NHO NÃO É DOCU A M A T T N E M U C O D TAMANHO NÃO É MENT

que ele já dominava? Bem, era o que ele pensava, até que seu irmão o leva para conhecer o laboratório de Iniciação Científica de sua faculdade. Hiro fica encantado com os projetos dos amigos de Tadashi e resolve que a faculdade era sim um lugar para ele, criando uma invenção inovadora para tentar impressionar o professor coordenador do laboratório e entrar para aquela instituição de ensino, invento este que irá chamar a atenção de pessoas gananciosas e malignas. Invento que irá despertar um tremendo vilão que se esconde atrás de uma máscara Kabuki. Nesse mesmo dia de visita, Hiro conhece Baymax, projeto de seu irmão. Tadashi possuía o desejo de ajudar o máximo de pessoas possível, por isso, projetou um robô que serviria como um agente de saúde próprio, que detectava anomalias corpóreas e as tratava imediatamente. Hiro ainda não fazia ideia, mas Baymax se tornaria seu melhor amigo e o ajudaria a passar por um dos momentos mais difíceis de sua vida, bem como se juntaria a ele e a trupe de amigos de Tadashi para formar um esquadrão de super-heróis mais eficiente (?) que a Liga da Justiça. 48 Neo Tokyo


Uma parceria que deu certo Operação Big Hero é originalmente uma série de quadrinhos publicada pela Marvel e teve seu ápice alcançado ao ser adaptada para os cinemas pela Disney, ganhando até mesmo uma versão nipônica em mangá que é publicada aqui nas terrinhas do sol fervente pela editora Abril, responsável por títulos como Kingdom Hearts e Princesa Kilala. A editora promete mais 15 novidades ainda neste ano de 2015, mas, algo me diz que não

devemos esperar boa qualidade no acabamento de nenhuma delas (se você acompanhou os títulos citados anteriormente sabe muito bem do que estou falando). A editora responsável pelo título no Brasil não possui um histórico de caprichar muito no design de seus trabalhos, mas isso não é nada que tire o brilho da obra! Operação Big Hero é, de longe, um título bastante recomendado por saber equilibrar drama e

comédia de um jeito cativante. Ande! Vá logo adquirir o seu exemplar! Veja o filme também, quando tiver a oportunidade! Aposto um pirulito que você sairá completamente convicto de que precisa de forma urgente de um Baymax na sua casa. O robozinho é apaixonante e a trama, viciante! Diferentemente de muito funcionário público por aí. Bem, isso são outros quinhentos, não?

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VITRINE

ALGO

ESTRANHO ENTRE O

Q

CÉU

uando o assunto é mangás no Brasil, automaticamente lembramos de editoras como a Panini e JBC. Correndo por fora temos a NewPop e a Nova Sampa. Com alguns lançamentos esporádicos, a HQM mostra que ainda está viva e competindo. Então, veio a Astral Comics e todos coçam a cabeça sem saber o que pensar dessa editora novamente. Um de seus primeiros títulos foi Anomal, coletânea de histórias do desconhecido Nukuharu (não se sabe se é homem, mulher, grupo ou inca venusiano). A verdade é que Anomal faz parte do grupo GEN, selo indie que publica trabalhos mangás underground que já teve algumas histórias publicadas no Brasil pela editora Abril. Mas no fim das contas, esse tal de Anomal vale a pena ou não? A resposta é sim e não. O volume é composto de sete histórias fechadas baseadas em lendas e mitos do folclores japonês. Demônios, fantasmas, crimes e maldições são ingredientes perfeitos para boas histórias de terror,

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EA

TERRA

mas estranhamente o clima do mangá é leve, com boas doses de humor. Felizmente, o autor não erra a mão e consegue balancear as tramas com drama, mistério e romance. A primeira história sobre um rapaz cego que faz um acordo com um demônio de cem olhos se mostra um conto sobre amizade. A trama de assassinato tem uma boa dose

de yaoi e piadas enquanto o romance entre um jovem e uma diaba devoradora de homens se torna uma fábula de redenção e escolha. A arte é simples, mas agradável. e cada uma das HQs deixa um gostinho de quero mais.


STREET FIGHTER: SAKURA GANBARU!

O CÃO QUE GUARDA AS ESTRELAS

EDITORA: NEWPOP

EDITORA: JBC

PREÇO: $19,90

PREÇO: $23,90

CORPSE PARTY MUSUME Nº2

ORIKO MAGICA Nº2

EDITORA: NEWPOP PREÇO: $12,00

FAIRY TAIL Nº44 EDITORA: JBC PREÇO: $11,90

Mas se as histórias são tão boas, por que não dizer de uma vez que Anomal é um mangá imperdível? Devido ao seu acabamento. A tradução não se preocupa em explicar alguns aspectos dos mitos abordados, o que deixa o leitor perdido em algumas referências. A impressão em algumas páginas está esquisita, assim como o acabamento do encadernado. Tudo isso acaba desanimando, especialmente porque o volume custa R$ 14,90! Esse é valor das edições classudas da JBC, como Yu Yu Hakusho! Recomendo a leitura de Anomal a todos que tiverem a chance, mas é bom a Astral Comics trabalhar mais em seus próximos lançamentos se deseja um lugar ao sol nas bancas tupiniquins.

EDITORA: NEWPOP PREÇO: $12,00

BATTLE ROYALE: ANGELS’ BORDER EDITORA: NEWPOP PREÇO: $16,00

THE LOST CANVAS GAIDEN Nº10

RUROUNI KENSHIN Nº22

EDITORA: JBC

EDITORA: JBC

PREÇO: $12,90

PREÇO: $13,90

LÚCIFER E O MARTELO Nº4

SAILOR MOON Nº06

EDITORA: JBC PREÇO: $13,90

EDITORA: JBC PREÇO: $16,50

ONDE ENCONTRAR: NURA: A ASCENSÃO DO CLÃ DAS SOMBRAS Nº24 EDITORA: JBC PREÇO: $11,90

COMIX BOOK SHOP

AL. JAÚ, 1998 SÃO PAULO - SP FONE: (0**11) 3088-9116 WWW.COMIX.COM.BR

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COSPLAY COSTUME ART N

ão existe convenção ou evento nerd sem a presença dos cosplayers. Seja de animes, mangás, games ou comics eles estão lá esbanjando simpatia, divertindo os frequentadores que não resistem em tirar fotos ao lado de seus heróis e heroínas. Heróis e heroínas que na verdade são fãs como eles e também querem se divertir! Esta seção é dedicada a vocês, cosplayers, onde todos têm a chance de prestigiar seus trabalhos. Nossa caixa de e-mails está aberta à participação de todos os cosplayers. Mande suas fotos com nome completo, idade além de nome e série do personagem. As fotos desta edição são cortesia do fantástico fotógrafo Gustavo Torreti (https://www.facebook.com/gtorreti). Valeu mesmo! Visitem o site dele e prestigiem seu trabalho!

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I R U S MAT

HINO

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SOBRE DOCES SONHOS ADOLESCENTES


Q

uem escreve, desenha ou faz as duas coisas sabe muito bem o quão difícil é seguir carreira com o que se gosta. Desvalorização no mercado nacional, concorrência esmagadora, dificuldade de divulgação..., bem, os obstáculos são imensos! O quadro até pode ser melhor nas terras nipônicas, mas não quer dizer que seja tão fácil assim se criar no ramo dos quadrinhos. Mas não precisamos nos ater apenas ao mundo da ficção para obter exemplos da dificuldade de se estabilizar, o próprio Masashi Kishimoto teve inúmeros trabalhos rejeitados pela Shonen Jump antes de emplacar com sucesso de Naruto.

Mas, que diria se soubesse que uma adolescente de Sapporo, recém-formada, conseguisse se tornar uma mangáka profissional apenas nove meses depois de decidir o fazer? Talento ou sorte? Pois é minha gente, Matsuri Hino conseguiu tal proeza unindo os dois atributos citados anteriormente, entrando para a folha de pagamento da revista feminina Lala no ano de 1995 com o título Kono Yume Ga Sametara. Mas sua fama só foi conquistada mais tarde, quando uma amiga lhe deu um conselho muito sábio: escrever sobre estórias não cotidianas, uma vez que quem estava lendo queria fugir da realidade e não 57 Neo Tokyo


MERU PURI: MARCHEN PRINCE

mergulhar ainda mais nela. Assim, ela começou a publicação de Toraware no minoue em 1999 (lançado aqui pela Panini sob o título Destino Cativo) encontrando, enfim, a tão sonhada fama. Em seus trabalhos posteriores, Hino conseguiu reunir ainda mais seguidores mostrando enredo leve, romance e príncipes encantados que arrancam suspiros de todos que os conhecem.

DESTINO CATIVO

Como já citado, primeiro trabalho de sucesso da autora. Conta a estória de Suzuka Kougami, uma adolescente que volta para o Japão, reencontrando sua verdadeira origem após anos sendo criada na China por pais adotivos. Chegando no local ela descobre ser herdeira

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de uma verdadeira fortuna e, no pacote, de uma série de serviçais. Dentre eles está Megumi Kuroishi, filho rebelde do mordomo da casa. Está na linha de sucessão para o cargo, mas não dá a menor importância a isso. Até conhecer Suzuka e sentir algo diferente por ela. O que não se sabe é se esse “algo” trata-se de um amor sincero e verdadeiro ou apenas efeito de uma antiga maldição que une suas famílias pela eternidade. Ainda que não seja o melhor trabalho da autora, a trama é bastante engraçada e envolvente, valendo como uma ótima diversão de fim de tarde. Possui cinco volumes de leitura fácil, mas que não são tão fáceis assim de se encontrar vendendo por aí, hoje em dia.

Um dos títulos de maior sucesso da autora. Vem nos apresentando a Aili Hoshina, uma adolescente de 15 anos que sonha em encontrar o namorado perfeito. Possui a sua vida virada pelo avesso quando é contemplada com a visita inesperada de Alam Aster-ae-Daemonia Eucarystia, um pequeno príncipe de um reino mágico desconhecido que precisa de sua ajuda para fugir de seu irmão malvado. Além do desafio de aprender a pronunciar o nome do garoto, Aili possui mais um desafio pela frente: lidar com o fato de que o menino está amaldiçoado e se torna um belo adolescente quando exposto à escuridão, e, possivelmente, seria o namorado perfeito. Sem sombra de dúvidas é a obra mais engraçada da autora, concluída em quatro volumes e publicada aqui pela Panini. Muito recomendada aos que adoram um romance fantástico salpicado com ares de comedia leve.


WANTED Série completa em um único volume e também publicada nas terrinhas da tia Dilma pela Panini. Armeria é uma menina que perdeu os pais muito cedo e fora adotada por governantes de sua terra por sua habilidade gigantesca para com o canto. Ainda que estivesse sob proteção a corte, a menina sofria bullying constantemente por ser uma plebeia entre grã-finos,

mas sempre podia contar com o auxílio do príncipe por quem acaba se apaixonando secretamente. Mas um dia, o reino é devastado pelo ataque do temido pirata Scars, que assalta o povoado, rapta o príncipe deixando o coração da garota completamente partido. Mas Armelia logo fixou um objetivo em sua mente: iria se tornar uma pirata e iria adentrar a

tripulação de Scars atrás de seu verdadeiro amor, custe o que custar. Assim como as demais obras da autora possui um conteúdo muito aprazível e de leitura fácil, cativando o leitor desde os primeiros quadrinhos. Segundo a autora, esse foi uma espécie de trabalho “laboratório” para a criação de sua obra-prima, que veio logo a seguir.

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VAMPIRE KNIGHT A série mais famosa e longa da autora. Vampire Knight conta a saga vivida por Yuuki Kurosu, uma adolescente de 15 anos que não possui lembranças de sua vida antes dos 5 anos, quando fora salva de ser atacada por um vampiro medonho por outro vampiro, lindo e educado, de nome Kaname Kuran. Yuuki é adotada pelo diretor de uma instituição de ensino que abriga alunos da elite durante 60 Neo Tokyo

o dia e vampiros que estão estudando para se controlarem quanto à ingestão de sangue humano, durante a noite. Cabe a Yuuki e seu “irmão adotivo” Zero Kiryuu (monitores da escola) manter a paz entre as duas turmas que estudam no colégio, bem como evitar que o segredo da turma noturna vaze para os da diurna. Aos poucos, Yuuki irá se ver envolta em um triângulo amoroso com Zero e Kaname, que possuem mais segredos em suas vidas do que seu pobre coração poderia

suportar. Estaria ela envolta em algum deles? A série se concretiza em 19 magníficos volumes e também foi publicada por aqui pela mesma editora das demais obras. A série começa leve e com toques de comédia, mas conforme vai se desenrolando se mostra mais densa, mais dramática e mais incrível que qualquer obra que a mangáka já tenha feito.


NOVIDADES Atualmente, a autora está trabalhando em um novo título: Shuriken to Pleats, que trata de uma colegial chamada Mikage, descendente de ninjas e serva de um certo homem misterioso. Esse ainda não se encontra nos planos da editora responsável pelos lançamentos anteriores, mas podemos rezar juntos para que esse quadro mude o quanto antes! As tramas desenvolvidas por Hino se mostram cada uma melhor que a outra e essa pode não ser diferente. Ela entende bem dos sonhos ocultos nos corações das jovens sonhadoras e românticas e é uma forte candidata ao título de Princesa do Shoujo, uma vez que o título de “Rainha” já é das meninas do Clamp. 61 Neo Tokyo


PRANCHETA

E

sta é a versão em português do livro publicado nos Estados Unidos pela editora Dark Horse Books com o título The Art of Comic Book Inking. Seu formato original é de 21 x 28 cm e tem uma diagramação bem diferente da versão brasileira. Só de segurar este livro em suas mãos, você já percebeu que o formato é bem maior, ele tem 25,5 x 35 cm, permite que você veja com muito mais detalhes as sutile62 Neo Tokyo

zas do desenho a lápis e, em especial, da arte-final a nanquim. Dessa forma você pode extrair ao máximo o conhecimento dos autores do livro quanto à técnica e ao estilo, bem como dos materiais utilizados. Na página de abertura da arte-final de cada diferente desenho, selecionamos detalhes de todos os artistas. Desta forma você poderá ver a diferença entre a arte-final de cada um deles em uma mesma


página. De modo semelhante, na página da explicação de cada artista responsável pelo nanquim, selecionamos detalhes do lápis e de seu equivalente da arte-final para que você possa analisar com mais facilidade como foi o trabalho do arte-finalista, suas opções de técnica e seu estilo único. Desse modo, você não precisa ficar virando a página toda hora para analisar esses detalhes. São elementos importantes do design do livro exclusivos da versão brasileira que você tem em mãos. Além de tudo isso, convidamos diversos autores brasileiros para nos darem seu “testemunho” sobre a arte-final. Cada depoimento, seja uma

breve frase ou um parágrafo inteiro, traz uma experiência, uma dica, às vezes até uma revelação sobre algum aspecto da arte-final que certamente enriquecerá seu conhecimento sobre o tema.

A exemplo de outras obras estrangeiras publicadas pela editora Criativo, esta também inova em sua didática para levar até o leitor o máximo de aproveitamento do conhecimento da arte do desenho.

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S E R E H MUL (Parte 1) S A M R A S A AS ÚLTIM por Rodrigo Paula (Tio Donald)

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acanudos e bacanudas, tudo bem com vocês? Antes de começar a matéria em si, gostaria de prestar uma homenagem às leitoras da NT, com o trecho de uma das minhas músicas favoritas da Jewel (minha cantora norte-americana favorita), gostaria que vocês lessem e sintam-se homenageadas.

“Mas não hoje à noite. Pois, assim que o sol raiar Vou me amar mais do que qualquer outra coisa Acreditarei em mim, mesmo que ninguém possa ver A mulher forte que há em mim Vou ser a minha melhor amiga Ficarei do meu lado até o fim Não vou me perder outra vez, nunca mais Porque há uma mulher forte Uma mulher forte em mim.” (Stronger Woman, Jewel – álbum Perfect Clear) Bem... depois desse trecho, quero que saibam que há uma mulher forte em vocês, caras leitoras. E não só em vocês. Mas, nas heroínas e vilãs de nossas amadas séries de tokusatsus. Antes de adentrarmos para o mundo dos tokus, vamos conhecer um pouco do jeito como as mulheres eram tratadas e sua importância no decorrer dos milênios? Vamos!

TÃO BELAS, TÃO DOCES, TÃO FEMININAS... E TÃO INJUSTIÇADAS! MESMO ASSIM, VENCERAM!

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Nos tempos bíblicos, a mulher era obrigada a ser submissa ao homem, tratando-o como seu senhor, mas na Bíblia temos exemplos notáveis. Temos Rute e Ester, que, cujos exemplos fizeram que fossem as únicas mulheres a darem seus nomes para livros bíblicos. A mulher na antiga Grécia não podia estudar filosofia, aprender a ler e escrever e MUITO menos participar na política. Em contrapartida as mulheres que eram da classe alta, em muitos casos, eram treinadas para serem sacerdotisas das divindades gregas, e segundo a mitologia, as deusas faziam questão de preservar a feminilidade e de serem seguidas e servidas por integrantes do sexo feminino. À medida que os séculos foram avançando, o papel da mulher na sociedade feudal

continuou a ser de servidão. Mas existiam muitas mulheres que viviam sozinhas e isoladas. Por causa de seus conhecimentos e domínios sobre ervas medicinais, tudo foi associado a demonismo e bruxaria. Houve mulheres na história do Ocidente que se destacaram, como Joana D’Arc, uma simples camponesa que liderou um exército com mais de 2 mil homens, enfrentou duas nações, enfrentou a Igreja Católica e que foi queimada aos 19 anos, como herege. Séculos mais tarde foi canonizada e se tornou santa padroeira da França. MULHERES DO NOVO SÉCULO As mulheres foram conquistando seu espaço até a chegada do século XX, como o direito do voto e participação em ativida-

des que antes eram destinadas somente aos homens, além de amplo destaque nas artes e esportes. Um dos exemplos notáveis foi a primeira-ministra Margareth Thatcher, conhecida pela alcunha de A Dama de Ferro devido ao seu jeito frio e rígido contra o socialismo. Outra influência política foi a Princesa Diana, que era conhecida como a Princesa do Povo, cujos feitos em prol de bem-estar social e seus atos de caridades são lembrados com carinho pelo povo britânico. Na classe artística, muitas mulheres começaram a ter destaque, como Frida Kahlo, pintora mexicana que sofreu com muitos reveses físicos. Mesmo doente e após alguns acidentes, Frida conseguiu realizar grandes feitos e se tornou uma artista consagrada e reconhecida mundialmente.

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Na literatura, podemos destacar o poder e a inteligência de Lady Agatha Christie. A autora conseguiu conquistar leitores do mundo todo com seus mais de 80 escritos contando as aventuras de Hercule Poirot e Miss Marpple, em viajar pelo mundo para desvendar diversos casos intricados de assassinatos. Já vendeu mais de 800 milhões cópias de seus livros que foram traduzidos em mais de 90 línguas. Na música, podemos destacar o poder das cantoras Yolanda Gigliotti, conhecida como Dalida, que era egípcia naturalizada francesa, e a norte-americana Madonna que, juntas, possuem mais de 300 milhões de cópias vendidas de seus discos, de uma discografia rica.

Entre atrizes famosas, podemos destacar Audrey Hepburn, a eterna “Bonequinha de Luxo”, Elizabeth Taylor e seus sedutores olhos violeta, Jane Fonda e a estonteante Brigite Bardot, que, hoje em dia, virou uma ativista que luta em favor da proteção dos animais. E não podemos esquecer o poder de Marylin Monroe, que virou um ícone sexual nos anos 1950, com seu jeito “loura fatal”. No esporte, a primeira mulher a ganhar uma medalha olímpica foi a britânica Charlotte Cooper, na modalidade de tênis feminino, em 1900. Um nome renomado (no Japão) é o da judoca Ryoko Izuna, que se tornou a atleta mais jovem (com 16 anos) a ganhar uma medalha olímpica.

Mulheres de Ipanema O nosso país teve grandes nomes femininos no sistema político e artístico também. Carlota Pereira foi a primeira mulher a exercer o direito ao voto e, posteriormente, a primeira mulher a assumir um cargo político no Brasil, em 1934. Foi só em 2010 que tivemos a primeira mulher sendo eleita presidente do Brasil, no caso a atual Dilma Rouseff. Na classe artística brasileira, vale salientar a importância de Hebe Camargo, que foi a pioneira e ajudou a popularizar a rádio com sua voz forte e aveludada. E não podemos esquecer que na área infantil na nossa TV, praticamente as mulheres dominaram a TV, tendo nos nomes de Maria da Graça (a Xuxa), Angélica e Eliana os maiores nomes da programação infantil. Na nossa música, destaque para Elis Regina, que ganhou um festival com sua voz potente e seu jeito “arretado” influenciando cantoras como Fafá de Belém, Simone, Maria Bethânia, Jane Duboc, Alcione e sua herdeira, Maria Rita. No esporte, a primeira mulher brasileira a participar de uma Olimpíada foi a nadadora Maria Lenk, que, além de ter sido a primeira brasileira, foi a primeira sul-americana a participar no evento, no caso, a Olimpíada de Los Angeles, em 1932. Mas a primeira medalha de uma mulher brasileira veio 64 anos depois, em 1996, com a dupla Jacqueline Silva e Sandra Pires, em Atlanta. A judoca Ketleyn Quadros foi a primeira mulher a ganhar uma medalha numa categoria de esporte individual para o Brasil, no caso, o judô, em 2008, em Pequim. CHEGA, TIO DONALD! QUANDO VAI COMEÇAR A MATÉRIA DE VERDADE SOBRE AS HEROÍNAS E VILÃS TOKUS?

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Box Sites: Para aqueles que acham que mulher não entende de tokus, eu recomendo o site Tokyo Space (http://www.tokyospace.com.br/), comandado pela eficiente Lilian Leo, com a alcunha de Lady Diana. No ar há oito anos, é um dos pioneiros do gênero. Visitem também o Tatisatsu (http://tatisatsu.blogspot.com.br/), blog comandado pela também eficiente Tatiane de Souza, com notícias, curiosidades e muitas fotos. “Eu já tive bonecos do Kamen Rider Black e de suas motos, mas como era criança, eu não era muito de assistir (ganhei estes de presente de uma tia, que nem sabia o que era). Comecei a assistir mesmo quando já estava no final da época dos Heisei Riders, ou seja, Kamen Rider Decade. No primeiro momento me interessou, afinal, era um rider com o poder dos seus nove antecessores. Gostei muito, e a partir dai, comecei a acompanhar Den O, Kiva e os Neo Heisei (W, OOO,Fourze, Wizard e Gaim). E sou fã incondicional de Kamen Rider OOO (risos)”. Andressa Machado, 24 anos – Niterói - RJ “As minhas primeiras impressões é que se tratava de séries cativantes e envolventes, que me fazia vivenciá-las dia após dia e considerar os personagens como alguém da minha família. Sorria, chorava, sofria e vibrava com eles”. Tatiane de Souza, 34 anos - Aracaju “Minhas primeiras impressões, na verdade, não foram muito boas. Eu morria de medo do monstro que aparece logo no início da abertura de Jaspion e me referia aos seriados como aqueles filmes de monstro e não parava pra assistir no início. Mas, tinha uma amiga do colégio chamada Amanda que adorava e dizia o tempo todo que “era” a Sayaka e me perturbava pra ver Jaspion e Changeman, que eram os únicos que passavam na época na Manchete, até que um dia resolvi assistir e o episódio era A Prisioneira do Espelho de Changeman. E adorei! Passei a acompanhar todos os dias e dizer que eu era a Change Phoenix e no Jaspion, a Anri. Curiosamente, minha amiga dizia que era a Kumiko, uma das crianças irradiadas pela luz. Então brincávamos de ‘ser’ essas personagens e sempre íamos uma na casa da outra ver os episódios gravados e imitar as cenas. A partir daí, passei a acompanhar as outras séries que estreavam, como Flashman, Jiraiya, Jiban etc.” Camila Stampa, de 36 anos- Rio de Janeiro

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Calma, rapazes (e moças!). Vocês já deviam estar acostumados com o meu jeito de “amaciar a carne primeiro” para DEPOIS ir para a “panela” de vez. Falando sério. Foi MUITO importante esse panorama contando a trajetória das mulheres no decorrer dos milênios. Foi com o propósito de mostrar que a luta da mulher no decorrer da história NÃO foi fácil. E nas nossas amadas séries tokus também não ficam atrás. Nas primeiras produções japonesas com efeitos especiais, a participação da mulher era mais como coadjuvante e vítima do que como heroína propriamente dita. Ao contrário de muitas personagens americanas que iam para a fronte de batalha, nas produções japonesas, isso custou a acontecer. Já no primeiro filme do Godzilla, por exemplo, a participação da mulher foi praticamente nula, se concentrando mais em personagens do sexo masculino. A reviravolta começou com o filme Deusa Selvagem, quando as principais personagens eram duas fadas que tinham o con-

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trole sobre a mariposa Mothra. Ali, encontramos a luta de duas entidades femininas diante da ganância de homens inescrupulosos, que queriam que as fadas fossem atração de circo e elas são presas. Mas os homens não contavam com a mascote das fadinhas. A mesma premissa de Deusa Selvagem foi repetida mais tarde em 1992, no filme Godzilla VS Mothra daquele ano. Nele, as mesmas personagens também são vítimas de empresários inescrupulosos que queriam usá-las como atrações de um circo e não contavam com a mariposa, que veio em auxílio de suas protetoras. Mesmo sendo maltratadas, as duas entidades femininas mostram que não guardam rancor e ainda por cima auxiliam os homens (os mesmos homens) ao usarem a mariposa Mothra para conter a fúria do lagartão Godzilla. Já nas séries de super-heróis japoneses, o destaque ainda era por conta dos homens. Eles sempre protagonizavam as séries e sempre tinham que defender as “indefesas” mulheres. Um exemplo disso foi a jovem Chiako, da série National

Kid. A moça foi alvo constante dos adversários de National Kid e sua função era mais para ser de “vítima para ser resgatada do que qualquer outra coisa”. Em Spectremen, por exemplo, a personagem Minnie ainda teve uma participação mais ativa, pelo fato de ela ser membro da equipe Divisão de Pesquisa e Controle de Poluição. Já na gênese da franquia Ultraman, temos o destaque de Akiko Fuji, que era membro da Patrulha Científica. Akiko, mesmo sendo a única mulher da equipe, muitas vezes, tomava a iniciativa nas missões. E não podemos negar o seu interesse romântico pelo protagonista, mas, que era mostrado de modo sutil, sem grandes pretensões, como vemos nas produções brasileiras. Mulheres e motos Ainda na década de 70, surgem duas franquias que sobrevivem até os dias de hoje. Uma delas é Kamen Rider, onde um motoqueiro combate a organização Shocker. Durante a era Showa, a participação feminina na franquia foi bem tímida. Muitas vezes, as garotas serviam


como personagens de apoio, como por exemplo, a Ruriko, filha do professor Midorikawa que tem uma atuação intensa nos primeiros 13 episódios de Kamen Rider. No entanto, sem dúvida a maior presença feminina na era Showa é representada pela Yuriko Misaki, ou Denppa Ningen Tackle (Humano de Eletro-ondas Tackle). Ela aparece logo no primeiro episódio, durante a fuga do protagonista Shigeru Jo das mãos da organização maligna Black Satan. Após a fuga, Tackle e Kamen Rider Stronger lutaram lado a lado na maioria das batalhas da série, até o momento em que ela se vê obrigada a fazer

o sacrifício supremo para salvar seu melhor amigo. Curiosamente, Tackle não é considerada um Kamen Rider, apesar de possuir todos os atributos inerentes a um. Em um pequeno trecho do mangá Kamen Rider Spirits isso é justificado pelo próprio Shigeru. Ele diz algo como “Ela já lutou mais que o suficiente. Ela jamais será chamada de Kamen Rider! Agora, ela é apenas uma humana normal.” — com essa frase, Shigeru quis dizer que Yuriko mereceria encontrar a paz pelo menos em morte, uma vez que o caminho de um Kamen Rider sempre será um caminho de lutas eternas. Já a partir da era Heisei, as

mulheres ganharam uma participação mais ativa, apresentando a primeira Rider oficial na série Kamen Rider Ryuki. Miho Kirishima assumia a forma de Kamen Rider Femme e tinha a missão de eliminar o Kamen Rider Ouja por ele ter assassinado a sua irmã. A primeira mulher a aparecer como Kamen Rider dentro dos episódios regulares de uma série Heisei foi a Kamen Rider Shuki, em Hibiki. Mesmo sendo importante para a trama, a sua participação foi pequena, mas nada que tirasse toda a sua importância na série. Em seguida, houve as participações pequenas das Kamen Riders Kiva-la (em Decade: Last Sory) e Nadeshiko (em dois filmes do Fourze). Se formos pegar as mulheres que participaram em Kabuto, Den-O, Kiva e Decade, veremos que a participação delas foi de igual para igual com os homens, mesmo que elas não tenham ido para a frente de batalha. Isso muda em Gaim, quando a Kamen Rider Marika, que usa a armadura do Pêssego, não hesitou em seguir para as mais duras batalhas. No atual Drive, vimos que Kiriko, por enquanto, não coloca uma armadura Rider, mas seu papel é tão importante quanto o do protagonista. Não é o fim! A participação feminina no universo dos Tokus é imenso, e hoje mal arranhamos o assunto. Na próxima edição teremos mais informações das valorosas mulheres que lutam pela justiça e também das bad girls. Até a próxima!

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uma vez que o caminho de um Kamen Rider sempre será um caminho de lutas eternas. Já a partir da era Heisei, as mulheres ganharam uma participação mais ativa, apresentando a primeira Rider oficial na série Kamen Rider Ryuki. Miho Kirishima assumia a forma de Kamen Rider Femme e tinha a missão de eliminar o Kamen Rider Ouja por ele ter assassinado a sua irmã. A primeira mulher a aparecer como Kamen Rider dentro dos episódios regulares de uma série Heisei foi a Kamen Rider Shuki, em Hibiki. Mesmo sendo importante para a trama, a sua participação foi pequena, mas nada que tirasse toda a sua importância na série. Em seguida, houve as participações pequenas das Kamen Riders Kiva-la (em Decade: Last Sory) e Nadeshiko (em dois filmes do Fourze). Se formos pegar as mulheres que participaram em Kabuto, Den-O, Kiva e Decade, veremos que a participação delas foi de igual para igual com os homens,

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CORREIO

Ilustração: Shana RX DA:mukuro-sama.deviantart.com Tumblr: shanablackrx.tumblr.com

SHIONO: Awika pessoal! É um grande prazer estar aqui e não na fila do seguro-desemprego! SHYURI: Irmão! Não foi assim que planejamos nossa primeira seção de cartas da NT! SHIONO: Você que ficou planejando, eu apenas concordei educadamente com suas ideias para manter a conversa. Vamos, aproveita que temos a chance responder os mais profundos questionamentos filosóficos de nossos leitores, como de onde vêm os incas venusianos, quem vence num embate entre Goku e Seu Madruga e onde fica o Qatar. SHYURI: Não são exatamente esse tipo de... SHIONO: Então, vamos jogar algumas partidas de Katamari Damacy enquanto não acaba o expediente? SHYURI: Vamos ao primeiro e-mail antes que sejamos demitidos, OK?

Existe alguma chance de passar algum anime na TV aberta novamente? Pode ser qualquer um, até mesmo Pokémon! Aproveitando, queria pedir uma matéria sobre Yu Gi Oh! e Digimon. Victor Oliveira – Rio de janeiro

Shiono: Nosso primeiro e-mail! Vamos comemorar jogando Katamari? Shyuri: Ainda com esse jogo? Shiono: Não pude deixar o pequeno príncipe do cosmo rolando sozinho os objetos..., ele precisa de mim. Shyuri: Lembra? Responder aos leitores? Não sermos demitidos? Fila dos desempregados? Nada mais de jogos ou Pingu? Shiono: 1) Nenhuma emissora anunciou oficialmente interesse em exibir qualquer anime, mas rola boatos que o SBT planeja adquirir os direitos de Digimon Fusion. Nada de monstrinhos de bolso, foi mal! E pedidos foram anotados! Então, irmãozão, como fui? Shyuri: *Surpreso demais para responder* Apesar de gostar das matérias sobre animes, acho que a revista devia abrir mais espaço para os doramas, afinal, muitos deles também são baseados em mangás famosos e merecem lugar na revista. Também quero matérias sobre Gazette, Ancafé e AKB48. Yumi – Por e-mail Shiono: A Yumi-chan tem um ponto. Shyuri: Um ótimo ponto na verdade. Obrigado pelas sugestões e no futuro os doramas farão parte dos temas da NT. Leitores, por favor, mandem sugestões de quais produções vocês querem ler em nossas páginas. E não se preocupe que o cenário musical japonês já está na nossa lista de pautas! Shiono: Nosso e-mail está láaaaaaaaaaa na página do editorial! Esperamos muitas mensagens e comida! 78 Neo Tokyo


Quantos volumes têm o mangá da Saga G afinal, e quais foram publicados no Brasil? Jefferson Batista silva (21 anos)- Por e-mail

Shyuri: Jefferson, a série foi encerrada no volume 20, no Japão. A Conrad, editora responsável pela publicação da série em nosso país, lançou o volume 19 em meados de 2014, e promete fechar a série em 2015. Shiono: Mas só com a ajuda dos astros para saber se o volume 0 do mangá verá a luz nas livrarias brasileiras...

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Oi, tudo bem? Então, estou desenhando meu primeiro fanzine e gostaria que fosse divulgado na revista. Só preciso mandar a capa dele por e-mail para vocês? Carolina Cordeiro – Por e-mail

Shiono: Na real, quem quiser ter seu zine divulgado precisa preencher um formulário em três vias e mandar para nosso secretario que irá, com toda certeza, perder tudo, então, teremos que pedir de novo juntamente uma entrevista rápida sobre seus hobbies e comidas favoritas. Shyuri: Irmão! Não é nada disso! O ideal é que além da capa os fanzineiros mandem algumas páginas para nosso e-mail juntamente com informações sobre seu trabalho, o tipo de zine, história, personagens além dos dados de como adquirir uma cópia. Shiono: Mas formulários são tão burocraticamente legais! Por que não podemos ter formulários?! Isso é injusto... Vou jogar Katamari... Shyuri: *suspiro* Calma..., estamos quase terminando as cartas, então, podemos jogar, o que acha? Shiono: Avante para a última carta! Poderiam dizer quem canta e quais os nomes das duas primeiras aberturas do Naruto clássico? Outra dúvida, por que alguns mangás são tão difíceis de achar mesmo nas lojas especialidades e eventos? Sarah – Por e-mail Shiono: Calma fiel kunoichi! Estamos aqui para responder qualquer perguntar e em seguida jogar 14 horas seguidas de Katamari! Mas esperava uma dúvida mais desafiadora, empolgante e tudo mais. Então vamos ignorar as perguntas e... Shyuri: Você não sabe as respostas, certo? Shiono: Isso mesmo. Shyuri: *Suspiro* A primeira abertura da versão animada de Naruto é ‘Rocks’, do grupo Hound Dog. Já a segunda é ‘Haru Katana’, do Asian Kung-Fu Generation. Muitos títulos se tornam raros entre os fãs de mangá porque foram lançados há muito tempo e as editoras não possuem mais em estoque ou porque a tiragem foi baixa. Espero termos respondido as dúvidas de todos e até a próxima edição. Shiono: Bye bye galera! Katamari nos espera!

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Correio elegante, mural de recados, sites e blogs em um só lugar!

Com muito talento e graça, a desenhista Cristiane Armezina, vem mantendo seu blog (http:// cristianearmezina.blogspot.com.br/) com atualizações de seus trabalhos, HQs em produção e sorteio de brindes. Está recomendado em nome da NT!

Sami Arashi é outra artista que nos acompanha a um bom tempo e agora é a vez de vocês acompanharem e conhecerem seus trabalhos: http://arashixarts.deviantart.com/

Plano Crítico (http://www.planocritico.com/) é o site mantido pelo nosso parceiro Guilherme Coral e não se limita apenas ao universo de animes e mangás, mantendo um enfoque em diversas mídias e gêneros, com críticas, resenhas e notícias.

f a nz i n e s LUCHTIME! A Balada do Caçador é a aventura da quinta edição do Luchtime, série do desenhista e roteirista Nilton Simas. O que seria mais um dia pacífico em M’Kay City se torna uma implacável perseguição pelas ruas da cidade quando Asuka, a esquentada vampira, é sequestrada pelo conselho de vampiros para ser julgada pelo crime de agir como uma humana normal, acabando com a aura de mistério dos sugadores de sangue. Mas o que ninguém esperava era que um caçador de monstro viesse ao seu resgate! O pescador Takashi e a doce sereia Yumiko partem para ajudar sua patroa, mas os segredos do passado do misterioso caçador revelam que nem sempre humanos e os moradores da cidade viveram em harmonia. Mantendo o humor, marca registrada da obra, A Balada do Caçador inova com um roteiro mais dinâmico, com ótimas cenas de ação e flertando com o drama com o novo personagem. Não deixem de conferir esse e outros trabalhos no site do Magyluzia! Boa caçada! Site: http://www.magyluzia.com/ Blog:magyluzia.blogspot.com.br E-mail: magyluzia@gmail.com

LOLLIPOP & CANDY SANDY Não sei se isso seria nepotismo ou não, mas, hei! Não queria deixar passar a oportunidade de divulgar meu próprio zine! A história é simples: Candy Sandy é um garoto zumbi que faz o que zumbis fazem, mas seus dias como devorador de humanos parecem ter chegado ao fim, quando seu caminho se cruza com o de Lollipop, um garoto mágico cujo trabalho é exterminar mortos-vivos. Mas será mesmo o fim para o Candy? Visitem minha galeria para saber mais da história e adquirir seu exemplar! Tumblr: http://houseofdead.tumblr.com/ 80 Neo Tokyo


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