Correio de S.Paulo

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CORREIO DE S.PAULO c o r r e i o d e s p. c o m . b r

diretor: andré uenojo

Argentina rejeita as ações da YPF

UM JORNAL ONDE A NOTÍCIA CHEGA ATÉ VOCÊ ano 2 | TERÇA-FEIRA, 17 de Abril de 2012 | nº1

Roberto Stuckert Filho/PR

O presidente da Repsol, Antonio Brufau, acusou o governo da Argentina de ter produzido uma campanha de “fustigação, coações e vazamentos interesseiros e planificados” para provocar a queda do preço da YPF e facilitar sua desapropriação a preço de saldo total, em doláres. Em entrevista coletiva em Madri, Brufau qualificou a intenção do governo argentino de nacionalizar a YPF de “ato absolutamente ilegítimo e injustificável” e relacionou esta atuação à descoberta da jazida “Vaca Muerta”. ▶mundo A4

Apresentação Bob Dylan em SP segue roteiro de 2008 Bob Dylan, 70, iniciou sua primeira apresentação em São Paulo às 22h03 deste sábado (21), com “Leopard-Skin Pill Box Hat”, do ano de 1966. É a canção com que ele também abriu os shows no Rio no domingo, em Brasília na terça e em Belo Horizonte na quinta. ▶lazer F4

OPINIÃO vinícius mota

MELHOR ESTAR EM COMA Ler as notícias hoje em dia está cada vez mais se tornando uma grande intolerância, CPIs com começo, mas sem fim. ▶editoriais A2

RODÍZIO» cotidiano C2 Não circulam veículos com final:

Cúpula termina dividada e sem declaração final

A 6ª Cúpula das Américas terminou ontem na Colômbia sem uma declaração final. Como não houve concenso com relação a dois temas polêmicos, a inclusão de Cuba nos encontros e a reivindicações argentina pelas ilhas Malvinas, decidiu-se por não produzir um documento. ▶mundo A6

Bancos privados sinalizam que vão cortar juros DOIS MUNDOS» Mundo ainda será dividido em governos abertos e fechados, diz Hillary. ▶mundo A5

Dilma tem aprovação recorde, mas Lula é favorito para 2014

Bancos privados indicam que vão aderir à rodada de corte nos juros iniciada perlas instituições públicas. Eles esperam, no entanto, a polêmica esfriar. O risco é a perda de clientes para os bancos públicos. A Caixa elevou em 17% as concessões de crédito. ▶economia B1

PF investiga outro elo entre Cachoeira Pesquisa mostra que governo Dilma é aprovado por 64% dos eleitores; sobe otimismo em relação à economia após redução de juros em bancos. e construtora Com aprovação de 64% dos brasileiros, Dilma Rousseff bateu mais um recorde de popularidade em seu mandato. É a mais alta tava obtida por um presidente em 15 meses de mandato. Só 5% consideram que seu governo seja ruim ou péssimo. O ex-presidente Lula é, no en-

tanto, o candidato do PT preferido dos eleitores para disputar a Presidência em 2014 - ele foi citado por 51%, e Dilma por 32%. Entre os eleitores de maior renda, a presidente tem a preferência de 48% e Lula de 45%, em empate técnico. A avaliação positiva do gover-

no nessa faixa de renda (mais de dez salários minímos) subia 17 pontos percentuais (de 53% para 70%). Feita após a redução de juros em bancos privados e públicos, a pesquisa mostra ainda maior otimismo em relação à economia. ▶mundo A3 Pierre Ducharme/Reuters

Investigação da PF mostra que membros do grupo de Cachoeira, receberam dinheiro de uma empresa que levou R$13 milhões da construtora Delta em 2010. A Delta afirma que a empresa se manisfestará no “foro judicial adequado”. O empresário diz não responder questões pontuais. ▶mundo A5

EGITO» poder & mundo A8

Incêndio em empresa de petróleo deixa 10 feridos no Egito

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CLIMA» cotidiano C2

GENÉTICA» meio ambiente D3

Tigres ‘híbridos’ nascem em zoológico no México

Chuva atinge a capital paulista

MÍN: 13ºC MÁX: 20ºC INDICADORES» economia B2 CAC&FR +0,45% 3188,58 euro +0,16% r$ 2,4820 bovespa -0,20% 62,494 nasdaq -0,23% 3000,45 dólar com. -0,63% r$ 1,8700

concluída às 22:45 | r$ 3,00

FABULOSO FORA» esportes E3

Elenco tricolor já lamenta falta de artilheiro e líder Luís Fabiano 30331

TURISMO» Ônibus espacial Discovery é ‘rebocado’ por avião para museu nos Estados Unidos. ▶lazer F2


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CORREIO DE S.PAULO

TERCA-FEIRA, 17 de Abril de 2012

CORREIO DE S.PAULO EDITORIAIS

PRESIDENTE: André Uenojo DIRETOR EDITORIAL: André Uenojo SUPERINTENDENTE: André Uenojo

EDITOR-EXECUTIVO: André Uenojo CONSELHO EDITORIAL: André Uenojo DIRETORIA-EXECUTIVA: André Uenojo

Publicação do Correio de S.Paulo Av. Paulista, 1345 CEP 04859-040 São Paulo - SP Caixa Postal 5465 CEP 01060-970, Tel 5452-5621 FAX N º (11) 5344-8656

Projeto gráfico do Correio de S.Paulo POR André Uenojo

Correio de S.Paulo tem como intenção ser um jornal formador de opinião, voltado para pessoas de cunho social mais rica, classes A e B; que possuem um fardo cultural mais amplo que se interessam pelo que está acontecendo no Brasil e no Mundo, que se interessa não só com política e economia, como também cultura e lazer. Um estudo feito com jornais já conceituados no mercado brasileiro, foi a base para este trabalho, como exemplos: Folha de S.Paulo e Estado de S.Paulo.

Foi baseado-se nesses dois jornais, principalmente Folha de S.Paulo, que o Correio de S.Paulo tomou forma, tanto que pode se notar o grid tradicional e simétrico e o uso de fontes condensadas, como: Cambria: fonte para textos corridos (10 pt/11pt) e usada também no nome do jornal e dos cadernos, com espaçamento de -40 à -60, dependendo do tamanho do texto; Gotham XNarrow: usada em legendas, fólios, pequenas chamadas de cadernos e créditos;

A vez do mensalão POR Melchiades Filho

BRASÍLIA - Nada garante que a CPI do Cachoeira venha a empastelar o julgamento do mensalão, ainda que muita gente torça ou trabalhe para que isso aconteça. É de fato curioso que tenham vazado logo agora grampos coletados anos atrás pela Polícia Federal sobre Demóstenes Torres e outros parlamentares da folha de pagamento do jogo do bicho em Goiás. Assim como soa estranho que a inapetência investigativa do Congresso seja interrompida por uma CPI governista -tais comissões sempre foram instrumento da oposição. O inquérito do mensalão, porém, é consistente o bastante para resistir a ataques especulativos. A segunda fase da apuração policial ligou os pontos que faltavam na denúncia original da Procuradoria-Geral.

Cachoeira pode até ter encomendado o vídeo da propina nos Correios em 2005 - episódio que acuou Roberto Jefferson e o levou a relatar o modo de operação do PT à Folha. Mas não foi o bicheiro nem Demóstenes quem drenou R$ 91,9 milhões do Banco do Brasil, forjou empréstimos e contratos para lavar a grana, fez saques na boca do caixa para remunerar aliados e remessas para paraísos fiscais -ações mensaleiras autorizadas e em alguns casos ordenadas pela cúpula petista. As posses nesta semana de Ayres Britto (STF) e Cármen Lúcia (TSE) representam um golpe para os que apostam na impunidade. As revelações da bem-vinda CPI podem até servir de estímulo para a Justiça agilizar as sentenças de um escândalo que se arrasta há sete anos.

GOVERNO DILMA Casas, creches... A “presidenta” gosta muito de números altos, o que me lembra a promessa categórica, na campanha eleitoral, de construir 6 mil cheches em seu mandato, mesmo sendo questionada quanto à possível dificuldade para cumprir tão gigantesca pretensão. Aparentemente, as creches entraram para a página do esquecimento, tanto do governo quanto da população. Com certeza as 2.400 casas que prometeu construir estarão na mesma conta. Afinal, quem se lembra de promessas?

Lizete Galves Maturana lizete.galves@terra.com.br Jundiaí

ESPAÇO LIVRE

‘Ajuda’ à indústria nacional O governo está fazendo todo o possível para reduzir as importações. Haverá mais taxas sobre a importação de máquinas para a modernização das indústrias. Modernização mais cara. Industriais infelizes. Maiores taxas sobre a importação de bens de consumo. Custo de vida maior. Consumidores infelizes. A redução das importações resultará em queda da demanda por

COMPANHEIRA DILMA! ESPERA, AINDA SOU O FAVORITO!

Palatino Linotype: única fonte que não tem características de uma fonte condensada, também modificado com espaçamento -30 à -40, para dar uma impressão de ser condensada. As fotos da capa dialogam entre si, por possuir mesmo tamanho e estar diretamente relacionada com as notícias apresentadas na capa. O uso das cores no logo do jornal também foi pensado para a identidade visual do jornal, rementendo as cores da bandeira do Estado de São Paulo.

Melhor estar em coma

Mãos sujas

POR Vinícius Mota

POR Henrique Esper

SÃO PAULO - Um dos males de quem avança pelos anos no jornalismo político é a intolerência à repetição. Contrariando Heráclito (de Éfeso, não o Fortes), as mesmas frases, as mesmas maracutaiais e o mesmo descaramento teimam em reaparecer periodicamente nesse meio. À véspera da instalação da CIP do Cachoeira, retrona um velho conhecido: o conjunto de aforismo afetando sabedoria em torno das comissões parlamentares de inquérito no Brasil pós-redemocratização governamental. Melhor que estar em coma é assistir à exumação do ditado segundo o qual “de CPIs se sabe como começam, mas nunca como terminam”. A frase vale para quase tudo, de casamento a jogo de futebol, de pescaria a viagem de avião, de gato à cachorro. A CPI seria um animal selva-

gem a ameaçar o Executivo federal, incontrolável e potencialmente danoso para a estabilidade do governo atual. Recessão, desemprego, sequestro da poupança, um presidente mercurial e impopular, envolvido diretamente num escândalo de corrupção, terremoto na base governista, oposição forte. É um devaneio do Planalto achar que evitará a exposição de relações escandalosas da empreiteira Delta com a esfera governista - assim como é autoilusão petista cogitar que esse caso ofusque o julgamento do mensalão no Supremo. A marcha de Dilma Rousseff para tornar-se fonte incontratável de perspectiva de poder” para 2014, contudo, dificilmente será abalada. O governismo vai perder anéis, mas os dedos estarão preservados, como sempre.

dólares. O dólar desvaloriza-se. Exportação mais difícil. Infelizes os exportadores. Todos infelizes. Com o aumento dos impostos de importação, aumenta a arrecadação. Governo feliz. Georges Hegedus ghegedus@terra.com.br São Paulo

ção, que está sangrando o País, e um esforço gigantesco para contar seus próprios fastos, reduzindo esse Ministério obeso, reduzindo esse Ministério obeso e inefeciente, revendo ainda a necessidade de tantos cargos em comissão. Agindo assim o Executivo federal daira exemplo a Estados, municípios e iniciativa privada, pois com bons exemplos se pode cobrar tudo e de todos, sem excessão. Ademar Monteiro de Moraes ammoraes57@hotmail.com São Paulo

Governo x bancos A guerra aberta pela presidente Dilma e seu ministro da Fazenda contra os bancos privados é até oportuna. Mas gostaria muito de ver esse mesmo foverno abrindo luta implacável contra a corrup-

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SÃO PAULO - Foi marcada para esta terça-feira (24) a sessão conjunta de parlamentares para instalar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que irá investigar as relações de Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas, como a Delta. Entretanto, dos 32 possíveis integrantes, 17 possuem pendências com a justiça, incluindo o ex-presidente Collor (PTB-AL) que foi afastado de seu cargo por corrupção e hoje é senador. Fatos como este colocam em cheque a credibilidade da investigação e aumentam a sensação da impunidade que ronda a justiça brasileira e a capital do país. Uma vez que os corruptos julgarão os corruptos, a confiança da população é colocada em prova, e essa pergunta-se se com tantas mãos sujas no limbo chamado Brasília quem irá lavar quem?

CORRUPÇÃO Julgamento do mensalão Essa é um das mais importantes pautas na agenda do SRG, se não a tarefa mais importante. Felizmente, há juízes dispostos a julgar antes do recesso de Julho. Srs. ministros, nós cidadãos, acompanharemos atenta e diariamente a contagem regressiva. Faltam 75 dias para a emissão da sentença. Lazar Krym lkrym@terra.com.br São Paulo


Mundo

Argentina rejeita valor de ações espanholhas e revisará resultados da YPF »página A4

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PF investiga outro elo entre Cachoeira e construtora

TERÇA-FEIRA, 17 de Abril de 2012

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Dilma tem maior aprovação no mandato, desde a era Lula

Pesquisa mostra que governo petista é aprovado por 64% dos eleitores Apesar de a presidenta Dilma Rousseff ter batido mais um recorde de popularidade, seu antecessor ainda é o preferido da maioria dos brasileiros entrevistados. Segundo pesquisa, divulgada neste domingo, Luiz Inácio Lula da Silva é o primeiro nome para os entrevistados para ser o candidato do PT ao Palácio do Planalto nas eleições presidenciais de 2014. De acordo com a pesquisa, realizada nos dias 18 e 19 deste mês com 2.588 pessoas nos 26 Estados e no Distrito Federal, o governo de Dilma é avaliado como ótimo ou bom por 64% dos brasileiros. Em janeiro, a mesma pesquisa mostrava que 59% tinham o governo atual como bom ou ótimo. Há margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Dos entrevistados, 29% disseram que Dilma faz um governo regular, enquanto outros 5% avaliam a atual administração como ruim ou péssima. Há três meses, 33% acreditavam em um governo

regular de Dilma, enquanto 6% o consideravam ruim. No entanto, quando perguntado quem deveria ser o candidato do PT para disputar o Planalto nas próximas eleições presidenciais, o antecessor de Dilma saiu na frente. Lula se mostrou o predileto de 57% dos brasileiros para disputar novamente a Presidência daqui a dois anos e meio. Enquanto outros 32% preferem a presidenta concorrendo em 2014, 6% acreditam que nenhum deles deve concorrer e 5% ficaram em dúvida. O índice de aprovação de 64% é o mais alto obtido por Dilma desde que tomou posse como presidenta, em 1º de janeiro de 2012. Além disso, trata-se da mais alta taxa de aprovação presidencial com um ano e três meses de mandato dentro do universo de pesquisas. Enquanto na mesma época o governo Lula tinha 38% de aprovação, o tucano Fernando Henrique Cardoso apresentava 30%.

Roberto Stuckert Filho

Foto oficial de Dilma Rousseff da Presidência da República.

Sudão afirma que 1.200 soldados do sul morreram em combates

Cerca de 1.200 soldados sul-sudaneses morreram em combates registrados na disputada zona petroleira Goran Tomasevic/Reuters

Petróleo cai por aumento de reservas nos EUA O petróleo do Texas fechou nesta quarta-feira em baixa de 1,46%, aos US$ 102,67 o barril, o nível mais baixo em uma semana. O motivo para a queda foi a divulgação do aumento das reservas de petróleo nos Estados Unidos dez vezes acima do previsto pelos analistas na semana passada. Nesta quarta, os futuros do Petróleo Intermediário do Texas (WTI, leve) para entrega em maio recuavam US$ 1,53 com relação ao fechamento anterior. Além disso, o Departamento de Energia americano informou que as reservas de petróleo estão acima da média para esta época do ano e são 3,4% maiores do que um ano atrás. Os números disseminaram temor nos operadores nova-iorquinos de que a demanda de petróleo do maior consumidor energético mundial possa estar se debilitando. O aumento das reservas americanas, somado a inquietação sobre a crise da zona do euro, também derrubou os preços na Europa. Em Londres, o barril de petróleo Brent para entrega em maio caiu nesta quarta-feira 0,68%, cotado a US$ 117,97. O petróleo do Mar do Norte, de referência na Europa, terminou a sessão no Intercontinental Exchange Futures com uma redução de US$ 0,81 em relação ao pregão anterior da bolsa. O Brent chegou hoje a um máximo de US$ 118,95 e a um mínimo de US$ 116,70.

União Europeia impõe nova rodada de sanções à Síria

Soldado do Exército sul-sudanês deita no chão para se proteger de bombardeios lançados pelo Sudão, na cidade de Bentiu Cerca de 1.200 soldados sul-sudaneses morreram em combates registrados na disputada zona petroleira e fronteiriça de Heglig, anunciou o comandante do Exército sudanês, Kamal Maruf, sem fornecer o número de baixas que suas próprias fileiras teriam sofrido. ”O número de mortos é de 1.200 para o SPLM”, os antigos rebeldes do sul, que ostentam o poder no Sudão do Sul desde a divisão em julho de 2011, declarou este responsável militar perante 2.000 soldados, durante uma vi-

sita a Heglig, sul de Sudão. No domingo, as autoridades de Cartum mencionaram que morreram cerca de 400 soldados. A informação é até o momento impossível de verificar, mas, segundo um correspondente da AFP, a zona está semeada de cadáveres de soldados do Sudão. Há uma semana, depois de vários dias de combates, as autoridades de Juba consideraram que 19 membros do Exército sul-sudanês morreram e que os mortos nas fileiras sudanesas chegavam a mais de 240 pessoas.

ZONA PETROLÍFERA O governo de Cartum anunciou na sexta-feira a reconquista de Heglig, ocupada no dia 10 de abril pelo exército sul-sudanês, cujos responsáveis afirmaram que, pressionados pela comunidade internacional, se retiraram totalmente desta localidade de importância estratégica. Devido às restrições impostas pelo governo de Cartum, os jornalistas não puderam chegar a Heglig durante os combates. A tensão continua sendo muito alta entre os dois países, que não

conseguiram resolver por via diplomática certas questões relativas à divisão, como, por exemplo, o traçado da linha de fronteira e a repartição dos lucros petroleiros. A zona fronteiriça de Heglig representa a metade da produção petroleira do Sudão desde a partilha. No entanto, Juba insiste em reivindicar sua autoridade sobre este território, considerado oficialmente sudanês pela comunidade internacional Kamal Maruf, abalado com a quantidade de número de baixas, rezou pelo fim da guerra.

A União Europeia impôs nesta segunda-feira nova rodada de sanções contra a Síria por causa da contínua violência no país, apesar de um cessar-fogo adotado há dez dias, anunciaram os ministros de Relações Exteriores do bloco. As novas medidas detalhadas pelos representantes dos governos da UE vão restringir a exportação de dois tipos de mercadorias para a Síria: artigos de luxo e certos produtos que poderiam ser usados na repressão aos opositores do regime sírio. Um pequeno grupo de observadores desarmados está operando na Síria há uma semana, mas o cessar-fogo resultou apenas na diminuição de parte da violência. Ainda no domingo soldados sírios fizeram uma incursão no leste da capital Damasco e rebeldes atacaram um comboio militar no norte do país.


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CORREIO DE S.PAULO

TERCA-FEIRA, 17 de Abril de 2012

Argentina rejeita valor de ações espanholas e revisará resultados da YPF O presidente da Repsol, Antonio Brufau, acusou nesta terça-feira o governo da Argentina de ter produzido uma campanha de “fustigação, coações e vazamentos interesseiros e planificados”

1993 Menem privatiza a YPF (1989-1999) 1999 Repsol compra a YPF 2011 Aumento do controle acionário da YPF de 15% para 25% 2012 JANEIRO - YPF denuncia governo argentino 2012 MARÇO - YPF retira licenças de Chubut e Sta. Cruz 2012 ABRIL - Governo anuncia expropriação de 51% da YPF

1/3

US$ 15 bilhões

» A concessão de exploração de Neuquén foi cancelada em 4 de abril. » Está na Argentina desde 1993, uma das maiores produtoras de petróleo e gás natural no país » Atuação da empresa abrange áreas como: exploração, produção, comercialização e refino

de arrecadação fiscal das empresas argentinas vem da YPF

de faturamento anual

4.000 empregos diretos 16 mil empregos indiretos *Índice Merval

188,5 166

16.abr

118 23.jan

03.jan.2012

ATAQUE A REPSOL Kicillof, uma figura ascendente no governo da presidente argentina Cristina Kirchner, atacou diretamente o presidente da Repsol, Antonio Brufau. Conforme o político, “empresários como Brufau entenderão o que estamos fazendo. A ideia é que não pensem mais em fazer expansão transnacional com recursos movimentados pela nossa companhia petrolífera”, manifestou Kicillof. O vice-ministro detalhou que a “Repsol é uma companhia que buscou maximizar seu lucro, o que é legal, mas nessa busca os interesses do grupo se chocaram com os interesses do modelo de crescimento argentino, como inclusão social e dessa forma a convivência se tornou difícil”. Nesta semana, o governo pretende avançar na aprovação no Senado do projeto de lei de desapropriação para iniciar a tramitação na Câmara dos Deputados.

REPSOL/YPF

Argentina anuncia projeto de expropriação de empresa

PETROBRAS CRONOLOGIA

O governo argentino anunciou nesta terça-feira que vai revisar os “números” apresentados de forma “imprudente” pelos diretores da companhia petrolífera YPF, assim que tiver acesso as “informações secretas”. A afirmação é do vice-ministro de Economia e interventor da YPF, Axel Kicillof, diante do Senado argentino. “Havia muitas informações [da YPF] que não estavam disponíveis para as autoridades”, sustentou Kicillof, quem o meio empresarial considera com um dos principais articuladores da desapropriação da companhia petrolífera da espanhola Repsol. Durante seu comparecimento ao Senado, onde nesta terça-feira começou o trâmite do projeto de lei de desapropriação de 51% das ações da Repsol na companhia petrolífera argentina, Kicillof disse que a “YPF serviu de fonte de recursos para solver a expansão internacional” do grupo espanhol na Argentina.

QUEDA BRUSCA Valores de ação da YPF na Bolsa argentina*, em pesos Fontes: “Clarín”, Petrobras, “El Pais”

INDENIZAÇÃO O presidente da Repsol, Antonio Brufau, acusou nesta terça-feira o governo da Argentina de ter produzido uma campanha de "fustigação, coações e vazamentos interesseiros e planificados" para provocar a queda do preço da YPF e facilitar assim sua desapropriação a preço de saldo. Em entrevista coletiva em Madri, na Espanha, Brufau qualificou a intenção do governo

argentino de nacionalizar a YPF de "ato absolutamente ilegítimo e injustificável" e relacionou esta atuação à descoberta da jazida "Vaca Muerta", uma das mais importantes dos últimos anos. O presidente da petrolífera espanhola anunciou que recorrerá à Justiça internacional e exigirá uma compensação "justa" pelas ações de expropriação, pelo menos da mesma quantia que corresponderia aos acionistas

de acordo com a lei e que a companhia calcula em US$ 46,55 por ação, o que avaliaria a YPF em US$ 18,3 bilhões. O presidente da Repsol explicou que apesar de suas reiteradas tentativas de reunir-se com a presidente argentina, Cristina Kirchner, para buscar uma solução negociada ao conflito criado em torno da YPF, a governante se negou a renegociar e continua irreductível na decisão.

CRÍTICAS DO FMI O economista do FMI (Fundo Monetário Internacional), Thomas Helbling, lamentou nesta terça-feira a postura imprevisível da Argentina, após o anúncio por parte do governo do país sobre a expropriação de 51% da companhia petroleira YPF, controlada pela espanhola Repsol. "Penso que houve uma certa deterioração do clima para os investidores na Argentina nos últimos anos", afirmou o economista em coletiva de imprensa em Washington. Ele advertiu ainda o governo argentino que as nacionalizações serão "prejudiciais" para o crescimento econômico do país. De acordo com o FMI, o PIB (produto interno bruto) da Argentina, que em 2011 cresceu 8,9 %, será de 4,2% em 2012, e de 4% em 2013. Atualmente, a Repsol controla 57,4% do capital da YPF, companhia da qual o Brufau pretende controlar 51% de suas ações, o mais rápido possível.

US$ 10,5 BILHÕES A petrolífera espanhola Repsol calculou nesta terça-feira em US$ 10,5 bilhões a sua participação de 57,4% na YPF e disse que para expropriar 50,1% da companhia o governo argentino deve lançar uma oferta pública de aquisição de ações (OPA). Em entrevista coletiva em Madri, o presidente da Repsol, Antonio Brufau, explicou que para uma aquisição igual ou superior a 15%, segundo o estatuto da YPF, o comprador deve formular uma OPA pela totalidade das ações. Para determinar o preço por ação da YPF é preciso multiplicar o índice Preço/Lucro máximo registrado pela companhia nos dois últimos anos pelo resultado líquido por ação dos últimos 12 meses de produção petrolífica. O resultado desta operação levaria o valor de cada ação da YPF a US$ 46,55, o que avaliaria a companhia de petróleo em US$ 18,3 bilhões.


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