O ANATOMISTA Revista de Divulgação Científica da Sociedade Brasileira de Anatomia Ano 2, Vol-4, Suplemento, Outubro-Dezembro, 2011
Sociedade Brasileira de Anatomia
O ANATOMISTA Revista de Divulgação Científica da Sociedade Brasileira de Anatomia
Expediente Editores Nadir Eunice Valverde Barbato de Prates Richard Halti Cabral Conselho Editorial Arani Nanci Bomfim Mariana José Aderval Aragão Marcelo Cavenaghi Pereira da Silva Jõao Carlos de Souza Cortes Mirna Duarte Barros Telma Sumie Masuko
ANATOMISTA-- Ano 2, Volume 4, Suplemento, 2011 O ANATOMISTA
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As opiniões manifestadas nos artigos não, necessariamente, refletem a opinião da Sociedade. Sociedade Brasileira de Anatomia Av. Prof. Lineu Prestes, 2415 Prédio Biomédicas III – Cid. Universitária Cep:05508-900 São Paulo/SP - Tel: 3091-7978 Tel/Fax: 3813-8587 Website: www.sbanatomia.org.br E-mail: sba@icb.usp.br Página do Museu: http://www.fm.usp.br/museu/index.php
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Anais do XXVIII Congresso Médico Acadêmico do Departamento Científico Manoel de Abreu da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo 04 a 06 de outubro de 2011
Resumos Páginas
Pesquisa Básica
03 - 13
Pesquisa Cirúrgica
14 - 20
Pesquisa Clínica
21 - 30
Pesquisa Epidemiológica
31 - 41
Relato de Casos
42 - 70
O ANATOMISTA - Ano 2, Volume 4, suplemento, 2011
Área do Resumo
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Sociedade Brasileira de Anatomia Pesquisa Básica DISTRIBUIÇÃO DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA REMODELAÇÃO DO TECIDO INTERPÚBICO NO PÓS-PARTO EM CAMUNDONGOS Maria Clarissa de Faria Soares Rodrigues Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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INTRODUÇÃO: Durante a gestação ocorre a formação de um ligamento na sínfise púbica de camundongos para possibilitar o parto normal. Sabe-se que neste período ocorre o aumento do ácido hialurônico (HÁ) provendo o relaxamento deste ligamento. Após o parto, esse tecido precisa voltar rapidamente ao seu tamanho e morfologia original. OBJETIVO: O presente estudo quantificou o HA durante o pós-parto para permitir um melhor entendimento do papel do HA nas adaptações que ocorrem na sínfise púbica durante o período de involução do tecido interpúbico. MÉTODOS: Camundongos Swiss fêmeas da mesma linhagem foram acasalados e após o parto foram sacrificados nos dias 3, 5, 10, 13, 16, 19, 2, 31 e 42 pós-parto (n = 45). Cinco animais virgens foram utilizados para controle. O HA foi quantificado in situ por histoquímica, utilização uma sonda HA-biotinilada e os dados foram submetidos à ANOVA two-way seguida pelo teste de Tukey. RESULTADOS: A presença de HA foi observada nos tecidos interpúbicos dos animais virgem e nos dias 3, 5, 10, 13, 16, 19, 21, 31 e 42 pós-parto (dpp). Entretanto houve uma diminuição significativa a partir do 3º dpp (9,2 ± 0,4) até o 13º dpp (1,4 ± 0,3). Essa quantidade se manteve nos dias pós-parto subsequentes analisados (16, 19, 21, 31 e 42), sendo semelhante a dos animais virgens. CONCLUSÃO: O HA regride no período pós-parto, sugerindo sua participação na remodelação do tecido interpúbico após o parto.
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ESTUDO DA RESPOSTA A CITOCINAS EM QUERATINÓCITOS QUE EXPRESSAM AS ONCOPROTEÍNAS DE HPV16 Laércio Lopes da SIlva, Enrique Boccardo
Introdução: A infecção persistente por HPV de alto risco é o principal fator de risco para o desenvolvimento de neoplasias intraepiteliais cervicais, as lesões precursoras do câncer de colo uterino. Para produzir uma infecção persistente no hospedeiro o HPV, assim como outros vírus, possui mecanismos para evadir a resposta imune local. Dentre as citocinas envolvidas em tal resposta, o Fator de Necrose Tumoral ( TNF) e o TNF-related Apoptosis Inducing Ligand (TRAIL) são duas das principais citocinas que regulam a inflamação da pele e mucosas. Além disso, elas exercem um potente efeito antiproliferativo sobre queratinócitos humanos normais sendo importantes para o controle do crescimento destas células in vivo. Por outro lado, células transformadas por HPV e queratinócitos que expressam a proteína E7 de HPV de alto risco são resistentes aos efeitos destas citocinas. Entretanto, as bases moleculares desta resposta diferencial a estes fatores ainda não são bem compreen!didas. No presente estudo, analisamos os efeitos das proteínas E6 e/ou E7 de HPV16 nas vias de sinalização mediadas por TNF e TRAIL em queratinócitos humanos. Métodologia: Culturas em monocamada e organotópicas de queratinócitos primários humanos (QPH) normais ou que expressam as proteínas E6 e/ou E7 de HPV16, foram tratadas com 2nM TNF ou com 25ng/ml de TRAIL. Foram feitas análises de expressão gênica para genes da via de TNF utilização RTarrays específicos e ensaios de indução de apoptose através de citometria de fluxo. Além disso, foram realizados ensaios de proliferação e validação da expressão diferencial de genes por imunohistoquímica. Resultados: Identificamos 19 genes diferencialmente expressos entre QPH normais e que expressam as proteínas virais. Os QPH com E6/E7 foram mais resistentes aos efeitos citostáticos de TNF e à apoptose mediada por TRAIL. Conclusões: As oncoproteínas de HPV16 conferem resistência aos efeitos citostáticos e próapoptóticos de TNF e TRAIL, respectivamente. Estes efeitos podem estar associados a alterações na expressão de genes envolvidos na via de sinalização regulada por estas citocinas. Estas informações podem ser úteis para aprimorar o conhecimento da carcinogênese mediada por HPV e para o desenvolvimento de novas condutas terapêuticas.
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – FCMSCSP; Virologia, Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer - Depto. de Virologia, ICB/USP
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Sociedade Brasileira de Anatomia TRATAMENTO COM CCK4 ALTERA RESPOSTA PLÁSTICA DO SISTEMA DOPAMINÉRGICO DE RATOS RESERPINIZADOS. Paula Sajovic Sanzovo; Lucas Carvalho Santos; Helio Rodrigues da Silva; Cristiane Lopes; Carla Andréa Tieppo
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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O estudo da plasticidade dopaminérgica é fundamental para o entendimento de déficits emocionais/cognitivos e motores, que podem ser encontrados na esquizofrenia, na dependência a drogas e álcool e no mal de parkinson, entre outros. A colecistocinina (CCK), o mais abundante neuropeptídeo encontrado no CNS, coexiste com a dopamina (DA) em alguns sítios neuronais como núcleo acumbente e estriado. Foram relatados vários efeitos da CCK no comportamento e plasticidade dopaminérgicos. Uma importante manifestação pláética do sistema dopaminérgico consiste na expressão da supersensibilidade dopaminérgica imediata induzida por reserpina (RES), um depletor de catecolâminas. Neste trabalho, buscou-se avaliaçãos efeitos da CCK na expressão dessa supersensibilidade. Para tanto, 20 ratos adultos Wistar machos foram submetidos a tratamento de 5 dias com duas aplicações diárias de CCK4 (n=10; 12 não l/kg; ip) ou salina (n=10). No 4º dia, após período de 7 doses de CCK4, todos os animais receberam 1,5 mg/kg de RES e, após 3h, 0,6 mg/kg de apomorfina (APO). A esterotipia foi observada por 30 min. No 5º. dia, após 9 doses de CCK4, os animais receberam APO (0,25 mg/kg; sc) e após 10 min, a atividade motora foi medida em actômetro por 5 min. Foram medidos o deslocamento horizontal (locomoção), o deslocamento vertical (levantar), o tempo de grooming e de imobilidade. O teste U de Mann-Whitney foi usado para a análise dos escores de esterotipia e o teste t de Student para as dados obtidos no actômetro. Não foram observadas diferenças estatísticamente significantes na expressão do comportamento esterotipado induzido por APO 3h após o tratamento com RES nos animais tratados com CCK4. Porém, no dia seguinte, foi registrada uma diminuição na locomoção destes animais durante os 5 min, como também nos resultados obtidos no 1º e no 5º min no actômetro. Nenhum outro parâmetro foi modificado. Assim, podemos sugerir que o tratamento com CCK4 provocou uma modulação no comportamento induzido por APO no dia seguinte à depleção dopaminérgica causada por RES. Houve baixa atividade locomotora sem alterações no tempo de imobilidade, possível indicativo do aumento na expressão de comportamento esterotipado induzido por APO. Na dose de 0,25 mg/kg (usada no dia seguinte a RES), a APO normalmente induz aumento da atividade locomotora. No entanto, nestes animais, essa dose provavelmente induziu esterotipia, o que é compatível com a diminuição na locomoção sem aumento da imobilidade.
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TRATAMENTO CRÔNICO COM COLECISTOCININA AUMENTA A EXPRESSÃO DO COMPORTAMENTO ESTEROTIPADO INDUZIDO POR ANFETAMINA EM RATOS Paula Sajovic Sanzovo; Lucas Carvalho Santos; Hélio Rodrigues da Silva; Cristiane Lopes; Carla Andréa Tieppo A colecistocinina (CCK) é um peptídeo descrito como neuromodulador com ampla e variada distribuição no SNC. Já foram demonstrados efeitos da CCK sobre processos ligados ao comportamento e plasticidade dopaminérgicos. A coexistência da CCK com dopamina (DA) em várias áreas neuronais é de especial relevância. A modulação mediada por CCK da expressão de comportamentos associados à estimulação dopaminérgica revelou que os efeitos desse peptídeo liberado endogenamente assim como sua administração exógena variam de acordo com a droga usada para eliciar o comportamento esterotipado. Quanto avaliada a esterotipia induzida por anfetamina (ANF), a CCK aguda icv aumentou a expressão do comportamento. Este trabalho objetivou avaliação efeito da CCK crônica ip na expressão do comportamento esterotipado em ratos submetidos a protocolo de sensibilização comportamental à ANF. Assim, 58 ratos machos adultos Wistar foram divididos em dois grupos e tratados por 7 dias com ANF (10 mg/kg; ip) e salina. Simultaneamente, os animais receberam, duas vezes ao dia, CCK4 (12 não l/kg; ip), CCK8 (12 não l/kg; ip) ou salina. Seguiram-se 7 dias de abstinência, e no 8º dia de abstinência todos os animais receberam ANF (10 mg/kg; ip) e a esterotipia foi avaliada por 10 s a cada 10 min, por 40 min, de acordo com a escala de escores de Setler (0-Adormecido ou parado; 1-Ativo; 2-Predominante ativo, com períodos curtos de farejar e/ou levantar esterotipado; 3-Atividade esterotipada constante com atividade locomotora presente; 4-Atividade esterotipada constante realizada em um só local; 5-Atividade esterotipada constante, com períodos curtos de lamber e/ou roer e morder; 6-Lamber e/ou roer as barras da gaiola) e pelo método de Fray (avaliar a ocorrência de farejar, lamber ou roer esterotipado em cada observação). Foram usados o teste U de Mann-Whitney para os escores de Setler e o teste exato de Fischer para os parâmetros do método de Fray. Foi observado aumento significante na expressão de comportamento esterotipado em ratos sensibilizados com ANF e tratados com CCK4 e CCK8 na avaliação de Fray aos 30 e 40 min (comportamento de lamber esterotipado). Esses resultados mostram que a modulação CCKérgica da esterotipia induzida por ANF também manifesta-se em animais com sensibilização comportamental induzida pelo tratamento crônico com ANF revelando a importância deste mecanismo para o tratamento de patologias em que a sensibilidade dopaminérgica representa aspecto relevante.
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Sociedade Brasileira de Anatomia DESENVOLVIMENTO DE UMA BASE DE DADOS PARA ACESSO AOS TERMOS ANATÔMICOS VIA WEB Camila Ribeiro Amadio, Thamyris Rosati, Igor Rother, Livia Souza, Fernando Morelli, Denis Cavalcante, Ana Paula Carrare Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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OBJETIVO: A terminologia anatômica internacional é a base da terminologia científica na área da saúde e seu objetivo principal é normatizar o vocabulário para a identificação das estruturas do corpo humano. OBJETIVO: Desenvolver um banco de dados conteúdo as informações da terminologia anatômica, traduções, epônimos e termos clínicos, disponibilizando seu acesso via internet. MÉTODO: O sistema foi desenvolvido com interface para ambiente web e o banco de dados em linguagem MySQL. A estrutura do banco respeita a ordem hierárquica dos termos, permitindo visualização gráfica do terão procurado no contexto original. Os resultados de busca são gerados em relatórios com diferentes configurações. RESULTADOS: A primeira versão do sistema está concluída em português e será disponibilizada na internet também em língua inglesa. O projeto encontra-se em fase de alimentação de dados e, além das informações da terminologia anatômica internacional, o sistema está preparado para a inclusão de epônimos, termos clínicos e traduções em outros idiomas. CONCLUSÃO: O acesso à terminologia anatômica internacional e a possibilidade de consulta aos termos em banco de dados via web oferece agilidade tanto para o acesso às informações quanto à implementação de atualizações que possam vir a ser oficialmente adotadas.
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VARIAÇÕES ANATÔMICAS DO ARCO PALMAR SUPERFICIAL Simone Santoro Angelo, Hanna Kim, Amanda Hiromi Abe, Andressa Sato de Aquino Lopes, Maria Roxana Viamont Guerra, Vinicius Franscisco Zacarias Gonçalves Introdução: A formação do arco palmar superficial e suas variações anatômica s tem importância para a cirurgia de mão ou mesmo para a cirurgia cardiovascular e o uso de seus vasos para a revascularização. O arco palmar superficial possui uma formação variada, com diferentes contribuições das artérias ulnar, radial e mediana. O arco palmar superficial pode ser classificado, segundo Loukas et al, 2005, como: S-I formado pela anastomose da artéria ulnar com o ramo superficial da artéria radial; S-II formado exclusivamente pela artéria ulnar; S-III formado pela anastomose da artéria ulnar com a artéria interóssea anterior; S-IV surge da anastomose entre a artérias ulnar, interóssea anterior e radial; S-V formado com a contribuição do fluxo sanguíneo do arco palmar profundo associado ao fluxo da artéria ulnar. Objetivo: analisar a incidência das diferentes formações anatômica s do arco palmar superficial. Métodologia: Foram dissecados 15 membros superiores fixados em formol pelos alunos monitores de anatomia de 2009 e 2010 do terceiro ano de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, sendo removida pele, tecido celular subcutâneo e aponeurose palmar. Após a exposição do arco palmar superficial, estes foram classificados quanto à sua formação anatômica segundo Loukas et al, 2005. Resultados: 40% dos arcos palmares superficiais dissecados foram do tipo S-I, 47% dos arcos palmares superficiais dissecados foram do tipo S-II, 13% dos arcos palmares superficiais dissecados foram do tipo S-V, não sendo observados arcos palmares superficiais dos tipos S-III e SIV. Em um dos espécimes dissecados, o ramo radial do arco palmar superficial passou superiormente ao músculo flexor curto do polegar (arco palmar superficial do tipo S-I). Conclusões: Foram encontrados valores similares ao da literatura, sendo que as variações S-I e S-II foram os arranjos anatômicos mais frequentes da amostra, com predominância de S-II. Não foram observadas variações dos tipos S-IV e S-V, onde há participação da artéria interóssea anterior na formação do arco palmar superficial. A rara variante S-V, formada por uma comunicação do arco palmar superficial com o arco palmar profundo apresentou 13% de ocorrência em nossa amostra. Protocolo CEP: 236/11
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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Sociedade Brasileira de Anatomia COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS OBJETIVO E SUBJETIVO DE AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DE LÂMINAS CORADAS PELA IMUNOHISTOQUÍMICA Patrícia Lumi Yokomizo, Ricardo Junchen Chi, Celina Siqueira Barbosa Pereira, Rafael Malagoli Rocha, Fernando De Andrade Quintanilha Ribeiro
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP, Hospital A.C.Camargo
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Contexto: A imunohistoquímica é uma técnica que propicia maior especificidade na análise histológica. Cada vez mais há a tendência de ler a expressão de impregnações celulares por métodos objetivos de avaliação. Objetivo: Comparaçãos métodos objetivo e subjetivo na avaliação de reações imunohistoquímicas no colesteatoma adquirido da orelha média humana. Materiais e métodos: Utilizar lâminas coradas por imunohistoquímica que serão analisadas por 2 observadores experientes, verificando a intensidade da coloração. As mesmas amostras serão submetidas a um digitalizador de lâminas modelo ScanScope (Aperio), que fará a contagem de pixels de uma área marcada para graduar a permeabilidade prática das reações. Os resultados serão comparados. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa da FCMSCSP (projeto no 163/11). Resumo dos resultados: Na fotometria houve dificuldade na escolha do local mais representativo da lâmina, devido à impregnação variada que ocorre no epitélio de um mesmo fragmento de colesteatoma (figura 1). Utilizamos 2 lotes de lâminas com características de coloração diversas para maior fidedignidade. Uma contagem de pixels alta significa maior permeabilidade tecidual à luz, isto é, menor reação imunohistoquímica. Os valores variaram de 98,97 a 183,77 no primeiro lote e de 114,61 a 194,28 no segundo. Criamos um intervalo entre 140 e 170 que consideramos como moderado. Valores acima de 170 foram ditos fracos e abaixo de 140, fortes. Quando comparamos os resultados com a avaliação subjetiva o erro foi de quase 40%. Para melhorar o índice, refizemos os intervalos para 150-170, 130-170 e 140-180. Porém, a porcentagem subiu para quase 50% nos 3 casos. Análises estatísticas pelo teste de Spearmann revelaram correlação entre os métodos moderada em um lote de lâminas e forte no outro, sendo que a relação é inversamente proporcional entre o valor do pixel e a intensidade da imunohistoquímica. O teste de kappa mostrou reprodutibilidade moderada. Concluímos assim que o método objetivo não reproduz com fidedignidade o resultado esperado, sendo que a avaliação humana é mais precisa por considerar, na lâmina toda, espessura da epiderme, presença de núcleos, etc. Na fotometria teríamos que escolher vários locais na lâmina e fazer uma média dos achados. Conclusão: O método objetivo pela fotometria é pouco preciso na avaliação da imunohistoquímica de epidermes do colesteatoma adquirido da orelha média humana.
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ESTUDOS MOLECULARES DA ALTERAÇÃO DA TOPOISOMERASE II-Α; EM NEOPLASIAS DE PRÓSTATA Bruna Natalia Freire Ribeiro
Introdução: O gene TOP2A é um oncogene localizado no cromossomo 17q que codifica a topoisomerase IIα;, uma enzima envolvida em processos metabólicos do DNA com implicações prognósticas e preditivas em câncer. Objetivo: estudar a expressão da TOP2A em carcinomas da próstata (CaP) e correlacionar os resultados obtidos com fatores prognósticos e dados clínicos dos pacientes. Métodos: 194 casos de CaP foram selecionados dos arquivos do Depto de Anatomia Patológica do Hospital A C Camargo. Dados clínicos e anátomopatológicos dos casos foram recuperados. Todos os casos foram representados em um TMA utilizado para estudo imuno-histoquímico (IHQ) para a proteína TOP2A. Hibridação in situ fluorescente (FISH) para avaliação do status gênico do gene TOP2A foi realizada. Os resultados de IHQ foram correlacionados com os achados de FISH e também com dados anátomo-patológicos e clínicos dos pacientes. Resultados: 111/194 (57.2%) casos mostraram marcação IHQ fraca para TOP2A, 80 (41.2%) moderada e 3 (1.5%) forte. Houve correlação entre a maior positividade e: score de Gleason 8-10 P(f1 > f0) = 97%, PSA antes do tratamento acima da mediana P(f1 > f0) = 99%, presença de metástases P(f1 > f0) = 95% e acometimento linfonodal P(f1 > f0) = 96%. Foi observada correlação entre a superexpressão de topII-α; e a diminuição do tempo livre de sobrevida bioquímica (p<0,01). Em nenhum caso foi observada amplificação gênica de TOP2A pelo FISH. Ainda, não houve correlação entre a superexpressão de TOP2A pela IHQ e a amplificação de seu gene. Conclusão: a superexpressão de TOP2A avaliada pela IHQ não está relacionada à amplificação de seu gene. Esta superexpressão representa um fator de pior prognóstico em câncer de próstata e pode representar valor preditivo de resposta a terapias específicas.
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCS; Departamento de Anatomia patológica do Hospital AC. Camargo
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Sociedade Brasileira de Anatomia TRATADO DE ANATOMIA HUMANA DE BOURGERY: PERSPECTIVA HISTÓRICA DA ANATOMIA CIRÚRGICA DO SÉCULO XIX João Duvilio de Biaze Andreotti1; Richard H. Cabral2,3; Mirna Duarte de Barros1. 1
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP; 2Universidade Metropolitana de Santos – UNIMES; 3Instituto de Ciências Biomédicas – ICB-USP
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Introdução: O “Tratado de Anatomia Humana”, de Jean Baptiste Mark Bourgery, públicado na França em 1854, é um compêndio anatômico, cirúrgico, clínico, fisiológico e embriológico de 16 volumes ilustrados, com 726 pranchas coloridas pela técnica de Litografia, de autoria de N. H. Jacob. Baseado na experiência médica e nas inúmeras dissecações de Bourgery, o Tratado não só apresentou-se como uma enciclopédia da anatomia estratigráfica detalhada, mas teve repercussão na formação médica com a descrição dos procedimentos cirúrgicos da época. Objetivo: Estabelecimento da perspectiva histórica da anatomia e técnicas cirúrgicas vasculares do século XIX, descritas e ilustradas no Tratado de Anatomia Humana. Material e Método: Foram utilizados 16 tomos da coleção da Biblioteca da FCMSCSP para análise do texto e das litografias. Foi realizada pesquisa bibliográfica sobre o conteúdo dos Tomos VI texto e atlas, intitulado La Medicine Opóratoire cujos temas são anatomia e técnicas cirúrgicas. Resultados: A Anatomia Cirúrgica apresenta-se dividida em “Anatomia de Isolamento Inter-orgânico”, “Anatomia de Comunicação Interorgânica” e “Anatomia Topográfica” e a Medicina Operatória em “Operações Elementares”, “Operações Gerais” e “Operações Especiais”. Os procedimentos descritos são acompanhados das premissas, complicações e representações cirúrgicas detalhadas em quase 200 pranchas litográficas. Ressalta a riqueza dos procedimentos de cirurgia vascular, à época realizada pela aplicação de ventosas, sanguessugas, flebotomias, transfusões sanguíneas e ligaduras, bem como cirurgias de aneurisma e varizes. Conclusão: O Tratado de Anatomia Humana é fonte rica da história da cirurgia vascular, onde se resgata e apreende a complexidade médica do século XIX, comparada às técnicas cirúrgicas atuais.
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ATIVAÇÃO DOS RECEPTORES DOPAMINÉRGICOS PREVINE ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS PROVOCADAS POR RESERPINA EM RATOS Lucas Carvalho Santos; Paula Sajovic Sanzovo; Hélio Rodrigues da Silva; Cristiane Lopes; Carla Andréa Tieppo O estudo da plasticidade dopaminérgica é importante para a compreensão e tratamento de diversas patologias neurológicas (Parkinson, Huntington, etc) e psiquiátricas (psicoses, manias, etc.). A reserpina é um depletor de catecolâminas que atua impedindo o armazenamento do neurotransmissor nas vesículas sinápticas. O tratamento com reserpina induz, em apenas 3h, supersensibilidade dopaminérgica em ratos. Esta supersensibilidade imediata ainda não está completamente elucidada, porêm, vinte e quatro horas após o tratamento com reserpina, os animais, mesmo supersensíveis, ainda apresentam atividade locomotora espontânea diminuída. Nosso objetivo foi avaliar a atividade motora 24h após o tratamento com reserpina seguido por breve ativação dopaminérgica através da administração com 0,6 mg/kg de apomorfina, 3 h após reserpina em ratos. Para isso, 40 ratos Wistar machos pesando entre 250 e 300g, foram divididos em dois grupos e tratados com reserpina (2,0mg/kg; ip) ou o veículo de reserpina (ácido ascórbico a 20%). Após três horas cada um destes grupos foi dividido em dois e receberam apomorfina (0,6 mg/kg, sc) ou salina. Vinte e quatro horas depois, todos os animais foram levados para a sala de observação comportamental e, após período de ambientação de 3h, foram colocados no actômetro por 5 minutos. O actômetro (UGO BASILE) é uma caixa acrílica fechada medindo 50 cm de largura por 50 cm por comprimento e 37 cm de altura que possui em suas paredes dois conjuntos de feixes luminosos que são interãompidos à medida que os animais realizam atividade como deslocamento horizontal (locomoção) ou deslocamento vertical (levantar). Esses parâmetros foram medidos a cada minuto durante os cinco minutos de observação. O grupo tratado com reserpina e salina apresentou atividade motora significativamente menor do que os animais do grupo controle. Já os animais tratados com apomorfina 3h após reserpina não diferiram dos animais controle nem daqueles que só receberam apomorfina. O grupo tratado com reserpina e apomorfina apresentou atividade motora significantemente maior (p<0,001) do que a do grupo que recebeu somente reserpina. Assim, o tratamento com apomorfina revelou-se capaz de reverter a hipocinesia provocada pelo tratamento com reserpina. Nossos resultados revelam que a ativação de receptores dopaminérgicos por apomorfina, mesmo que transiente, pode ser importante para a recuperação do animal após depleção catecolaminérgica determinada pelo tratamento com reserpina.
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Sociedade Brasileira de Anatomia PAPEL DOS RECEPTORES B1 E B2 PARA BRADICININA EM MODELO ANIMAL DA DOENÇA DE ALZHEIMER Fábio Agostini do Amaral; Aryanna Musme de Araújo Sousa; Andressa Sato de Aquino Lopes; Tânia Araújo Viel; Hudson de Sousa Buck
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP, Escola de Artes, Ciências e Humanidades - EACH-USP
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Introdução: A doença de Alzheimer é caracterizada pela neurodegeneração associada à formação de placas senis, devida a deposição do peptídeo beta amilóide (BA) no cérebro, levando a déficit cognitivo progressivo. A atuação das cininas no organismo está relaçãonada com a ativação dos receptores B1 e B2 para bradicinina. Recentemente, descrevemos o déficit de memória após infusão crônica do peptídeo BA em camundongos wild type (WT), knockout B1 (KoB1) e knockout B2 (KoB2), mostrando que animais KoB2 apresentaram potencialização do déficit cognitivo, ao contrário dos animais KoB1, que não apresentaram déficit, quando comparados ao grupo controle, sugerindo um possível papel neuroprotetor do receptor B2. Objetivo: avaliar a neurodegeneração promovida pela infusão crônica do peptídeo BA em camundongos com deleção gênica dos receptores B1 (KoB1) e B2 (KoB2) para Bradicinina. Métodos: camundongos machos (n= 6 a 8) WT, KoB1 e KoB2 foram crônicamente infundidos com BA (0.46 nmol, Grupo BA) ou veículo, por 5 semanas, através de uma mini-bomba osmótica conectada a uma cânula de aço implantada no ventrículo lateral. Após o período de infusão, os cérebros dos animais foram removidos e congelados a -80ºC até o uso. Os cortes foram obtidos na espessura de 20 µm em criostato. A densidade de sinapses e MAP-2 (proteína associada aos microtúbulos) foram avaliadas por imunohistoquímica, utilização anticorpos primários contra sinaptofisina (Syn2) e MAP-2, respectivamente. As lâminas estudadas por imunohistoquímica foram analisadas pelo sistema MCID de análise digital. Resultados: observamos um significativo aumento na área proporcional ocupada pelas imunomarcações para Syn2 na região do caudate putamen (BA: 0,81 ± 0,03; Veic: 0,64 ± 0,06, p < 0,05) e no hépocampo (BA: 0,85 ± 0,02; Veic: 0,60 ± 0,05, p<0,01) dos animais KoB1 infundidos com BA (KoB1BA), o que sugere um aumento no número de sinapses. Conclusão: estes dados fornecem substrato anatômico que suporta, mesmo que parcialmente, a ausência de déficit de memória em camundongos KoB1BA observado em estudo comportamental anterior. Esses resultados, associados a outros obtidos pelo nosso grupo mostrando que nos animais KoB1BA houve um aumento significativo da densidade de receptores B2 nos núcleos em estudo, sugerem um possível papel neuroprotetor do receptor B2 e a participação do receptor B1 no processo neurodegenerativo, o que tornam esses receptores possíveis alvos farmacológicos no tratamento da doença de Alzheimer.
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Pesquisa Cirúrgica LIGADURA TÉTICA DE VEIA RENAL ESQUERDA DURANTE TRANSPLANTE HEPÁTICO Alisson Paulino Trevizol1, Leonardo Ogawa de Oliveira2, Eduardo Tomohissa Yamashita1, João William Costa Teixeira1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP; 2Faculdade de Medicina do ABC; 3Grupo Hepato - Hospital Bandeirantes
A presença de shunt esplenorrenal (SER) pode estar relacionada a trombose ou baixo fluxo portal e comprometer a reperfusão durante o transplante hepático (TH) . A ligadura da veia renal esquerda (LVRE) constitui alternativa para restabelecimento do fluxo portal adequado no TH. Objetivo: Avaliar os resultados da LVRE durante TH para garantia de perfusão portal adequada em pacientes com SER. Material e Métodos: Analisaram-se 7 pacientes (5 do sexo masculino), com idade média de 54 anos (43-62) em que se realizou LVRE durante TH. A etiologia da hepatopatia foi: vírus da hepatite C (VHC), VHC associado a Síndrome de Budd-Chiari, vírus da hepatite B (VHB) em dois casos, VHB e D, etilismo e etilismo e hepatocarcinoma; quatro apresentavam encefalopatia e todos apresentavam ascite no período pró-transplante. No momento do TH, o MELD puro médio foi de 29 (21-40). O SER foi identificado por ultrassonografia com Doppler (USG doppler) em 6 casos e angiotomografia em 1. A USG Doppler demonstrou fluxo invertido da veia porta emétodos os casos realizados. Uma paciente apresentava rim único devido a nefrectomia 13 anos antes por pielonefrite. Resultados: Houve melhora do fluxo portal hepático ao teste de clampeamento da veia renal esquerda durante o TH, optando-se pela LVRE. Em dois casos associou-se a trombectomia de veia porta. Todos os pacientes evoluíram com função renal e diurese satisfatória no pós-transplante sendo a creatinina média no pró-transplante, PO1, alta hospitalar e seguimento mais recente, respectivamente de 1,06;1,5; 1,16 e1,5mg/dL. Um paciente foi a óbito por sepsis dois meses após o TH. Os demais apresentam boa evolução em seguimento médio de 349 dias, com sobrevida de 85,7%. Conclusão: O tratamento cirúrgico de SER durante o TH , quando necessário, é realizado por meio de ligadura das veias colaterais esplenorrenais, com ou sem esplenectomia. Todavia, tal manobra pode trazer risco significativo de sangramento e óbito durante o TH. Esta medida é decisiva em casos de fluxo portal invertido, onde a reperfusão do enxerto hepático pode ficar comprometida. A LVRE foi proposta como alternativa terapêutica mais simples do SER por evitar a manipulação cirúrgica em território preenchido por inúmeras colaterais com hipertensão portal. A LVRE determina inversão do fluxo da veia renal esquerda e consequentemente do SER em direção à veia porta, adequando o fluxo portal para o momento da reperfusão hepática.
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Sociedade Brasileira de Anatomia CLAMPEAMENTO DA AORTA EM TRANSPLANTE DE PÂNCREAS. HÁ ALGUM DANO AO ENXERTO DE RIM TRANSPLANTADO? João William Costa Teixeira1, Érica Takako Muramoto Shiroma2, Felipe Augusto Yamauti Ferreira2, Alisson Paulino Trevizol1 1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP, 2 Faculdade de Medicina do ABC, 3 Grupo HEPATO - Hospital Bandeirantes e Beneficência Portuguesa
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Situações específicas requerem clampeamento da aorta durante transplante de pâncreas (TP) tanto no TP após rim (TPAR) quanto no TP e rim simultâneo (TPRS). Seu principal problema é a lesão gerada pelo processo de isquemiareperfusão do rim previamente transplantado e suas consequências não estão completamente estabelecidas. Objetivo: Demonstrar experiência com clampeamento de aorta em TP sem medidas de proteção ao enxerto renal e seu impacto na função renal. Materiais e Métodos: 6 pacientes submetidos a TP (5 TPAR e 1 TPRS) com clampeamento da aorta por calcificação severa da artéria ilíaca, uso de coto arterial prévio (retransplante) e enxerto em Y que não atingiu a artéria ilíaca comum. E métodos os casos, o pâncreas, posicionado no espaço retrocólico direito, teve drenagem portal-entérica. Creatinina sérica foi avaliada no pré e pós TP. Resultados: O tempo médio de isquemia foi de 19 minutos. A média de creatinina sérica no pré-TP, nos dias 1 e 7 do pós-TP e na alta hospitalar foi de 1.1, 1.15, 0.95 e 1.0, respectivamente. Como complicações tivemos 1 caso de trombose venosa que levou a perda do enxerto pancreático, 1 caso de pielonefrite tratada com antibiótico e 1 paciente (TPRS) com necessidade de diálise por uma semana recuperando a função renal. As sobrevidas dos pacientes, enxerto renal e pancreático foram de 100%, 100% e 83%, respectivamente. Discussão: O clampeamento de aorta é muito utilizado no reparo de aneurismas de aorta abdominal. Nesses casos, quando a isquemia prolongada (>30 minutos) já é esperada, preconiza-se hipotermia e perfusão do órgão para prevenir lesão renal. Conclusão: O clampeamento da aorta em casos selecionados de TP não parece afetar o rim transplantado, mesmo sem medidas de proteção e desde que o tempo de isquemia seja breve.
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EMPREGO DO RIM DIREITO NA TRANSPLANTAÇÃO RENAL INTERVIVOS. HÁ RISCO AUMENTADO? João Paulo Venancio de Carvalho1, Alisson Paulino Trevizol1, Leonardo Ogawa de Oliveira2, Eduardo Tomohissa Yamashita1 O emprego do rim direito como enxerto para o transplante renal intervivos (TRIV) associa-se habitualmente a maior incidência de complicações técnicas devido à veia renal mais curta deste lado. Objetivo: Comparar retrospectivamente a utilização do rim direito versus o esquerdo em transplantes renais intervivos. Material e Métodos: Analisaram-se 90 pacientes submetidos a TRIV no período entre 31 de outubro de 2007 e 11 de abril de 2011, conforme o enxerto renal empregado e correlaçãonando-os com a sobrevida do paciente e enxerto, e incidência de complicações técnicas. Emétodos os TRIV realizaram-se as nefrectomias e as anastomoses vasculares do transplante com lupas cirúrgicas e, nos casos de rim direito, procedeu-se rotineiramente a superficialização da veia ilíaca através de ligaduras e secções das veias hipogástricas. Resultados: O rim direito foi empregado em 18 pacientes (5 mulheres) e o esquerdo em 72 (32 mulheres). A idade média do grupo rim direito foi de 33 anos (22-52) e para o grupo rim esquerdo foi de 36 anos (16-66). A incidência de diabetes no grupo rim direito foi de 61% e no grupo rim esquerdo foi de 51 %. Não houve perda de paciente ou enxerto no grupo rim direito e nem complicações técnicas. No grupo rim esquerdo houve duas perda de enxerto, uma por estenose de artéria e outra por trombose venosa. Discussão: O rim direito geralmente é evitado no TRIV devido a veia mais curta e maior risco de tração, sangramento e trombose quando comparado ao emprego do rim esquerdo. Através de algumas medidas técnicas, como uso rotineiro de lupas cirúrgicas para a cirurgia do doador e receptor e superficialização da veia ilíaca nos casos de enxerto renal direito é possível a obtenção de resultados semelhantes ao do rim esquerdo. Conclusão: O uso do enxerto renal direito pode alcançar resultados igualmente satisfatórios ao do rim esquerdo quando algumas medidas técnicas são adotadas rotineiramente pela equipe cirúrgica.
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Sociedade Brasileira de Anatomia EXPERIÊNCIA COM DRENAGEM PORTAL POR ACESSO RETROCÓLICO E DUODENODUODENOANASTOMOSE NOS TRANSPLANTES DE PÂNCREAS SOLITÁRIOS Felipe Augusto Yamauti Ferreira1, Fernando Towata1, Erica Takako Muramoto Shiroma1, Leonardo Ogawa de Oliveira1, Alisson Paulino Trevizol2
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1 Faculdade de Medicina do ABC, 2 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP, 3 Grupo HEPATO - Hospital Bandeirantes e Beneficência Portuguesa
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Na última década, a maioria dos transplantes pancreáticos (TP) era realizada com drenagem exócrina entérica, com ou sem Y-de-Roux. Entretanto, a elevada morbidade associada ao TP também permitiu o desenvolvimento de novas técnicas, a fim de melhorar seus resultados e torná-lo mais fisiológico. O TP com drenagem portal por acesso retrocólico acomoda o enxerto anteriormente e muito próximo ao duodeno nativo, tornando a duodeno-duodenoanastomose (DDA) uma alternativa simples, rápida e interessante. Objetivo: Demonstrar nossa experiência atual com TP solitário realizado com drenagem portal por acesso retrocólico e DDA. Métodos: Analisamos 14 pacientes submetidos à TP solitários (10 TP após rim, sendo 3 retransplantes, e 4 TP isolados) entre Fevereiro de 2010 e Maio de 2011. O procedimento foi realizado por acesso retrocólico, drenagem venosa portal na veia mesentérica superior e drenagem exócrina através de DDA, manual e em dois planos. O esquema de imunossupressão incluiu timoglobulina, tacrolimo, micofenolato de sódio e esteróides. Resultados: Pacientes com média de 35 anos de idade, 24 anos de diabetes e IMC de 23Kg/m2. O tempo médio de isquemia do pâncreas foi de aproximadamente 13h e o tempo médio cirúrgico de 3h, sem necessidade de hemoderivados. Houve um caso de trombose venosa, que requereu transplantectomia e rafia do duodeno nativo. As sobrevidas de paciente e enxerto foram de 100% e 93%, respectivamente. Discussão: Existem poucas séries de TP empregando DDA, com bons resultados relatados até o momento. A DDA permite menor tempo cirúrgico e fácil acesso endoscópico para monitoramento do enxerto, sendo considerado o modelo mais fisiológico de TP. Conclusão: Essa experiência inicial foi favorável, atingindo excelentes resultados e tornando-a nossa técnica de escolha. Não utilizamos a DDA apenas quando o enxerto duodenal não apresenta bom aspecto após a reperfusão, pois o reparo do duodeno nativo pode ser problemático.
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ANALISE DA EXPRESSÃO DA ENZIMA AROMATASE NO TUMOR PRIMÁRIO DE MAMA E METÁSTASE LINFONODAL Marcelo Francetich Nam, Camila Pinho Brasileiro Martins, Maria Antonieta Longo Galvão da Silva, Fábio Bagnoli, Vilmar Marques de Oliveira A cada ano, 22% dos novos casos de câncer diagnósticados são de mama. Os fatores prognósticos para avaliação das pacientes com está neoplasia apresentam a propriedade da predição do intervalo livre da doença ou da sobrevida global. Dentre eles, existem os já bem estabelecidos e pesquisados de rotina, como linfonodos axilares, tamanho tumoral, graduação histológica, nuclear, tipo histológico e receptores hormonais; e aqueles que, apesar de sua importância, não são estudados rotineiramente, como a aromatase e os marcadores de invasão celular. As metaloproteinases de matriz (MMPs) são marcadores que promovem a progressão tumoral e a facilitação da angiogênese, por sua vez, diretamente vinculada à ativação do receptor de membrana CD44. Visto que a metástase em linfonodos axilares é considerada evento importante no processo metastático do câncer de mama, a mensuração dos níveis de tais marcadores nessas áreas poderia também fornecer importantes informações para melhora do tratamento. Propusemos-nos a avaliar e relaçãonar a expressão da enzima aromatase e dos marcadores de progressão neoplásica, as MMPs-2, 9 e CD44 nos carcinomas ductais infiltrativos de mama (CDI) e nas correçãondentes metástases linfonodais. Realizamos estudo transversal após seleção de 885 pacientes diagnósticadas e tratadas por câncer de mama, dentre as quais 41satisfizeram os critérios de inclusão e exclusão. Dentre os 41 casos seleçãonados foi feita análise histopatológica e imunoistoquímica para aromatase, MMPs-2, 9 e CD44 em blocos processados por “Tissue Microarray” nos respectivos 41 CDIs e 41 linfonodos acometidos pela neoplasia em estudo. Em relação à expressão nos CDIs, a aromatase estava positiva em 57,30%, a expressão da MMP-2 positiva em 13,60%, da MMP-9 em 75,50% e o CD44 foi positivo em 44,50% dos casos. Nos linfonodos axilares, houve positividade da aromatase em 42,5%, da MMP-2 em 55,5%, da MMP-9 em 90,6% e do CD44 em 60,2%. Concluímos que há alta correlação, entre a expressão da aromatase, das MMPs-2 e 9 e do CD44 presentes nos CDIs e linfonodos axilares acometidos por metástases da neoplasia mamária.
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Sociedade Brasileira de Anatomia DRENAGEM PORTO-ENTÉRICA VIA RETROCÓLICA VERSUS DRENAGEM SISTÊMICO-VESICAL NO TRANSPLANTE DE PÂNCREAS SOLITÁRIO Pedro Henrique de Freitas Amaral1, José Eduardo Vetorazzo Filho1, Alisson Paulino Trevizol1 1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP, 2 Grupo HEPATO Hospital Bandeirantes e Beneficência Portuguesa
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O transplante de pâncreas solitário é tradicionalmente o mais imunogênico e representa bom modelo clínico para comparação da evolução imunológica entre diferentes técnicas cirúrgicas. Objetivo: Analisou-se, retrospectiva e comparativamente a evolução clínica e imunológica de pacientes submetidos a TP com derivação porto-entérica (PE) via retrocólica e derivação sistêmicovesical (SV). Métodos: Oitenta e sete pacientes foram estudados após TP solitário, incluindo 50 (37 TP após rim (TPAR) e 13 TP isolado (TPI)) com drenagem SV, transplantados entre jan/2008 e out/2008, e 37 (30 TPAR e 7 TPI) com drenagem PE, transplantados entre out/2008 e fev/2011. Todos os pacientes receberam imunossupressão com thymoglobulina, tacrolimus, micofenolato de sódio e corticosteróides. Resultados: Os dados demográficos de doador e receptor, causa de óbito do doador, distribuição entre TPAR/TPI e ocorrência de retransplante foram semelhantes entre os grupos. O tempo de isquemia fria foi menor no grupo PE (13,5 h X 15,3 h para SV, p= 0,0004). A sobrevida de 1 ano do receptor e do enxerto foi similar entre os grupos PE e SV, 100% X 97,9% e 81,1% X 84%, respectivamente. A taxa de rejeição aguda foi maior no grupo SV (28,5% X 16,2%), mas não estatísticamente significante (p=0,07). A taxa de rejeição crônica foi significativamente maior no grupo SV (22% X 5,4%, p=0,013). Conclusão: O método PE de TP resultou em excelente evolução do paciente e do enxerto e parece apresentar menores taxas de rejeição aguda e crônica, apesar do menor tempo de isquemia e do seguimento verificado neste grupo.
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TRANSPLANTE DE PÂNCREAS COM DRENAGEM PORTAL E ENTÉRICA: EXPERIÊNCIA EM UM ÚNICO CENTRO NO BRASIL Pedro Henrique de Freitas Amaral1, José Eduardo Vetorazzo Filho1, Alisson Paulino Trevizol1
O transplante de pâncreas (TP) permite várias alternativas técnicas em relação ao posicionamento do órgão e aos sítios das anastomoses duodenal e vasculares. A maioria dos centros realiza drenagem exócrina entérica (DE) com anastomose duodeno-jejunal em alça, no trânsito intestinal, sendo a anastomose venosa realizada nos vasos ilíacos no sangue sistêmico. Poucos centros realizam derivação entérica e portal (DEP) e referem benefícios metabólicos e imunológicos. Excelentes resultados foram reportados por Boggi e cols, da Universidade de Pisa, utilização técnica original de DEP por acesso retrocólico, mas a reprodução dos resultados por outros centros é essencial para confirmação da eficiência de um procedimento. Objetivo: Avaliar experiência do TP com DEP, de acordo com a técnica proposta por Boggi. Métodos: Análise retrospectiva unicêntrica de 71 TP com DEP, com no mínimo 12 meses de seguimento. Resultados: A média de idade dos pacientes foi de 37,5 anos (min. 23; máx. 59, sendo 29 do sexo masculino e 42 do sexo feminino. O tempo de seguimento variou de 12 a 29 meses. Neste período, 9 pacientes evoluíram a óbito, 7 tiveram perda do enxerto pancreático (9,8%) e 6 rejeição pancreática (8,4%). A Sobrevida de 1 ano do enxerto foi de 71%. A sobrevida de 1 ano do paciente foi de 81%. A perda do enxerto pancreático ocorreu em 21,42%. Ocorreram complicações técnicas em 23,80% (N = 17) dos pacientes dos quais: 23,5% (N = 4) por trombose, 17,6% (N = 3) por fístula, 17,6% (N = 3) por abscesso e 41,10% (N = 7) por outras complicações. Conclusão: Através de uma casuística com 71 pacientes, foi possível observar sobrevida de 1 ano e perda de enxerto nos pacientes submetidos ao TP com DEP , condizentes com os dados de Boggi e cols.
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1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP, 2 Grupo HEPATO Hospital Bandeirantes e Beneficência Portuguesa
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Sociedade Brasileira de Anatomia Pesquisa Clínica INDIVIDUALIZAÇÃO DA PATOLOGIA MAMÁRIA NO HOMEM: CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E PERFIL IMUNOHISTOQUÍMICO Fabiana Toledo Bueno, Bruno Gonçalves Guelli, Maria Antonieta Longo Galvão Silva, Vilmar Marques Oliveira
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Uma grande variedade de lesões mamárias, malignas ou benignas, pode afetar o homem. O câncer de mama é uma doença rara, porêm, com taxa de mortalidade superior ao sexo feminino. O diagnóstico é tardio e a literatura a respeito da caracterização, etiopatogenia e epidemiologia desta morbidade é muito escassa. Por outro lado, a ginecomastia, representante das afecções benignas, pode ser fisiológica ou patológica, estando presente em até 50% dos adolescentes. O objetivo deste estudo é individualizar a patologia mamária no homem, por meio de sua caracterização epidemiológica, bioestatística e do perfil imunohistoquímico. Para isso, foram levantados os casos de patologia mamária masculina atendidos na Santa Casa de São Paulo nos últimos dez anos. Foi realizada revisão de laudos anatomopatológicos e prontuários, além do estudo imunohistoquímico nos blocos de peças cirúrgicas, pela técnica de “tissue microarray” (TMA) com imunomarcação para receptores de estrógeno, progesterona, Cerb B2 (Her2/neu), Ki67 e p53. Foram incluídos no estudo 84 pacientes, sendo 10 casos de câncer de mama e 74 de ginecomastia. Dentre os pacientes com câncer, a média de idade foi 64 anos, 80% eram de etnia branca, IMC variou de 24 a 31, o nível educacional era baixo e 60% viviam em pequenas cidades, com acesso restrito a programas de saúde pública. 40% tinham parente de 1º grau com câncer de mama. O tipo histológico prevalente foi o carcinoma ductal infiltrativo. 90% apresentaram perfil molecular lâminal A e 10% perfil molecular HER. Com relação à ginecomastia, a média de idade foi de 28 anos, 73% é de etnia branca, IMC variou de 19 a 31 (média 24), 88% eram provenientes de São Paulo, 67% eram solteiros e a profissão predominante era de estudante. Nenhum era diabético, dois tinham hipertensão arterial, nove tabagistas e três etilistas. Em 62% a lesão era bilateral, à esquerda em 23% e, à direita, em 15%. Um paciente apresentava antecedente mamário (história de trauma). O perfil imunohistoquímico apresentou positividade para receptores de estrógeno e progesterona. As lesões malignas da mama masculina são raras. Embora tenha maior mortalidade, não apresentam perfil imunohistoquímico que justifique tais taxas, demonstrando que o diagnóstico tardio tem papel fundamental no mal prognóstico do paciente. Por outro lado, as lesões benignas acometem, com maior frequência, jovens, sem antecedentes pessoais significativos e que buscam o serviço por razão estética. Aprovado no CEP (187/10).
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INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA GRAVE, A AUSÊNCIA DOS 3 CRITÉRIOS DO KING’S COLLEGE NÃO GARANTE SOBREVIDA Alisson Paulino Trevizol1, Eduardo Tomohissa Yamashita1, João William Costa Teixeira1, João Paulo Venancio de Carvalho1
Os pacientes foram provenientes de vários estados do Brasil, e se distribuiram irregularmente ao longo dos anos, com tendência maior no mês de setembro (21%). Todos os pacientes receberam antibióticoprofilaxia (cefalosporina de 3a geração + ampicilina), além de cuidados para controle de edema cerebral (Manitol 20%, EV, 0,15 a 0,2 g/kg de peso até 4/4hs) e encefalopatia (lactulona ou L-ornitina L-aspartato). Quando havia a possibilidade de etiologia por Paracetamol, recebiam n-acetilcisteína (EV). A média de idade foi 39,5 anos, sendo 40 (79%) do gênero feminino. As causas da IHAG foram definidas em 35 casos, sendo 16 (45%) reações idiosincrísicas médicamentosas, 9 (26%) hepatites B agudas, 5 (14%) hepatites autoimunes, 1 (3%) hepatite A aguda, 1 (3%) D de Wilson e 3 (8%) indeterminadas. A gravidade clínica e laboratorial foi avaliada através dos Critérios do King’s College e variou de 1 a 5 critérios , média de 3,18 e métodos os pacientes em que os dados foram disponíveis (43/52), 2,8 nos que evoluiram a óbito e 3,3 naqueles que foram transplantados. Os critérios de gravidade de Clichy-Beaujoin estavam disponíveis em apenas 19 casos e 4 pacientes os preenchiam. As complicações da IHAG foram em 44,7% insuficiência renal aguda, 13% infecções e 8% morte encefalica. O desfecho foi óbito em 14 (27%), transplante hepático em 37 (71%) e recuperação da função hepática em 1 (2%). O intervalo entre o diagnóstico e o desfecho foi 4 dias para os que evoluiram a óbito e 3,7 dias nos que transplantaram. Conclusões: O adulto do gênero feminino foi o mais afetado, sendo a grande maioria por reações idiossincrásicas a médicamentos. Claramente os pacientes que preencheram 3 critérios do King’s College puderam ser transplantados. Entretanto, 27% dos pacientes que faleceram tiveram em média 2,8 critérios do King’s College, ou seja menos que 3, mas isso não lhes garantiu sobrevivência. Dessa forma, melhores critérios prognósticos de sobrevida ainda são necessários.
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Sociedade Brasileira de Anatomia SENSIBILIDADE INDIVIDUAL AOS GLICOCORTICOIDES E ATIVIDADE DA DOENÇA EM PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Giovanni Demartino; Alexandre Eiji Kayano; Murilo Melo; Carlos Longui; Ana Melo; Branca Souza;Alessandra Avelar
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INTRODUÇÃO: O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória sistêmica, crônica, de natureza auto-imune e etiologia desconhecida, que evolui com períodos de exacerbação e remissão. O principal tratamento emprega doses de glicocorticóides (GC) que variam com a gravidade da doença. Os efeitos terapêuticos dos GC são mediados por receptores citoplasmáticos específicos, denominados de receptores de Glicocorticóides (RG), que inibem ou estimulam a transcrição de determinados genes, determinando a concentração das citocinas pró-inflamatórias no organismo. OBJETIVOS: Comparar a expressão do mRNA de GR-α; e NF-kB entre pacientes com LES em atividade e fora de atividade da doença. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Trata-se de um estudo caso-controle, com uma abordagem quantitativa. Foram incluídos para estudo 16 pacientes portadores de lúpus, sendo 13 pacientes com a doença fora de atividade (caracterizada pelo score de gravidade SLEDAI < 2) e, em outro grupo, 3 pacientes com lúpus em atividade (SLEDAI > 5), que preencheram os critérios de classificação do Colégio Américano de Reumatologia (1997) e que tenham assinado o Termo de Consentimento. Foram determinadas as características clínicas, SLEDAI, expressão da isoforma α; do GR e do NF-kB por PCR em tempo-real e concentração do cortisol basal. RESULTADOS: Os pacientes dos grupos de LES em atividade e fora de atividade foram semelhantes quanto à idade, sexo, peso, superfície corpórea e tempo de duração da doença. A mediana do cortisol basal também foi semelhante entre os grupos. A expressão gênica do GR-α; e do NF-kB foi semelhante entre os grupos. Observou-se uma relação inversa entre a expressão de NF-kB e o SLEDAI, apesar do número de pacientes em atividade ser pequeno. As três pacientes em atividade de doença apresentaram SLEDAI e NF-kB, respectivamente de: 6 e 22,39; 10 e 9,03; 14 e 2,12. CONCLUSÃO: Neste estudo, não houve diferença entre os grupos no que se refere a expressão gênica do RG isoforma α; e NF-kB. Uma possível explicação para está semelhança entre a expressão do GR-α; em ambos os grupos, seria uma maior expressão relativa de RNAm do GR-β; em relação ao GR-α; em pacientes com LES em alta atividade. A menor expressão gênica de NF-kB nas três pacientes com maior SLEDAI poderia ser explicada pelo seu uso de GC, o que sabidamente inibe a atividade do NF-kB, por aumentar os níveis de IkB (uma proteína inibitória).
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FRATURA EM OSSO PATOLÓGICO COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DE METÁSTASES ÓSSEAS: FREQUÊNCIA, LOCALIZAÇÕES E SÍTIO PRIMÁRIO Fabiana Toledo Bueno, Tatiana Veri Arruda Mattos, Lidiana Maciel Cabral, José Donato De Próspero INTRODUÇÃO/OBJETIVOS: As metástases representam as neoplasias ósseas malignas mais frequentes, ocorrendo predominantemente no esqueleto axial e raiz dos membros. Os principais sítios primários são: mama, pulmão, próstata, tireoide e rim. Clinicamente, dor é o principal sintoma e a fratura pode ser a primeira manifestação. Relatamos a experiência de um serviço de patologia no diagnóstico das metástases ósseas e na contribuição para o estabelecimento do sítio primário. MATERIAL E MÉTODOS: Foram levantados 133 casos de metástases ósseas no período de janeiro de 2006 a junho de 2011 sendo que em 42 casos a fratura foi a primeira manifestação. Identificaram-se a frequência de fratura em osso patológico como primeira manifestação neoplásica, os principais ossos comprometidos e o sítio primário da neoplasia. RESULTADOS: A idade média dos pacientes foi de 59,76 anos, sendo 18 homens e 24 mulheres. A localização mais frequente foi o fêmur (85,7% - um destes associado a metástases para o úmero direito e esquerdo). Cinco casos comprometeram o úmero isoladamente (11,9%) e em 1 caso, a tíbia (2,4%). Os sítios primários mais frequentes foram a mama (13 casos), rim (9 casos), pulmão (8 casos) e próstata (5 casos). A fratura foi a primeira manifestação neoplásica em 9 casos, 4 dos quais relacionados a neoplasia primária pulmonar. O estudo imunohistoquímico contribuiu para o estabelecimento do sítio primário em dois destes casos. CONCLUSÕES: A fratura em osso patológico ocorre preferencialmente em lesões metastáticas léticas que comprometem o fêmur proximal e não necessariamente significam manifestação de doença terminal. A fratura óssea pode aparecer como manifestação inicial da neoplasia e representa importante causa de morbidade. (Projeto aprovado no CEP nº 136/11).
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Sociedade Brasileira de Anatomia IMPACTO DO ATRASO DO INÍCIO DA QUIMIOTERAPIA ADJUVANTE NO PROGNÓSTICO DE PACIENTES COM CÂNCER COLORRETAL Paulo Henrique do Amor Divino Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP, Fundação Antônio Prudente (Hospital A. C. Camargo de São Paulo).
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Resumo e Objetivo: A quimioterapia adjuvante (QA) aumenta a sobrevida de pacientes com neoplasias de cólon e reto[14,18,19,20]. Alguns estudos determinaram, empiricamente, que a QA deva se iniciar em até 8 semanas após a cirurgia para ressecção de um tumor colorretal. O objetivo deste trabalho foi avaliar se o início da QA após 8 semanas da cirurgia traz maiores taxas de recidiva e piores índices de sobrevida aos pacientes com carcinoma colorretal. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, longitudinal e retrospectivo que avaliou 214 casos de neoplasias colorretais, a partir de prontuários médicos do Hospital A. C. Camargo de São Paulo. Esta pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de ética em Pesquisa do Hospital A. C. Camargo de São Paulo em 09 de junho de 2009, sob o registro número 1254/09. Resultados: Dentre os 214 pacientes, 78 foram excluídos por não se adequarem aos critérios metodológicos deste estudo; portanto a amostra analisada é de 136 pacientes. O tempo mediano entre a cirurgia e o início da adjuvância foi de 46 dias. 69,6% dos pacientes iniciaram a QA em até 8 semanas após a cirurgia. Conclusões: As variáveis que significativamente estiveram associadas ao início da quimioterapia após 8 semanas foram: a localização do tumor no reto (p=0,04) e o fechamento do estoma antes do início da quimioterapia (p=0,000). O início da QA depois de 8 semanas da cirurgia não influenciou o risco de recaída ou óbito por câncer na amostra analisada.
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ATENDIMENTO A IDOSOS EM HOSPITAL PREDITORES CLÍNICOS Vanessa Souza Santana
DIA
GERIÁTRICO:
Introdução: O Hospital Dia Geriátrico (HDG) é uma modalidade de atendimento intermediária aos serviços ambulatoriais e de emergência. Por ser uma experiência nova no Brasil, pouco se sabe sobre os preditores clínicos no atendimento a idosos nesse ambiente. Objetivos: Definir os preditores clínicos de sucesso no tratamento de idosos em HDG. Métodologia: O presente estudo foi aprovado na CAPPesq do HCFMUSP, nº 0402/11 em 13/07/2011, conforme resolução 196/96 do CNS. Trata-se de um estudo transversal, realizado com 308 idosos atendidos no período de fevereiro de 2008 a maio de 2011. Os sujeitos da pesquisa submeteram-se a protocolo de admissão e alta conteúdo dados sócio-demográficos, parâmetros da avaliação geriátrica ampla, motivo do encaminhamento, auto-percepção de saúde, funcionalidade e questionário para identificação de risco prognóstico. Os grupos foram comparados quanto à admissão e alta e quanto à resolutividade no atendimento. Aplicaram-se os testes X2 e o e!xato de Fisher na análise estatística com programa Epi-Info, considerando-se significante p<0,05. Resultados: Houve predomínio de mulheres (207/67,2%) em relação ao homens (101/32,8%) e a média de idade foi de 78,9 anos. A maioria dos idosos (73,7%) foi encaminhada dos ambulatórios, sendo os principais motivos do encaminhamento a descompensação de doenças crônicas, de infecções e as alterações neuropsiquiátricas. O delirium ocorreu em três casos (1,2%) durante o atendimento. Os pacientes apresentavam, em média, 5,50 doenças, usavam 7,03 medicamentos e apresentavam 1,30 Síndromes geriátricas. Tinham boa funcionalidade e suporte social. Observou-se resolutividade de 80,8% dos casos. Comparando-se admissão e alta, constatou-se aumento das patologias (p=0,003) e das Síndromes geriátricas (p<0,001) na alta. Houve melhora na auto-percepção de saúde (p<0,001). Já na comparação entre os grupos, a auto-percepção de saúde foi melhor no grupo de resolutividade (p=0,044) e o risco prognóstico foi maior no grupo de não resolutividade (p=0,05), que necessitou mais da presença do cuidador (73,5% versus 52,2%, p=0,023), bem como, das visitas recentes ao setor de emergência (63,0% versus 46,6%, p=0,044). Conclusão: Na amostra estudada, os fatores preditores de sucesso no atendimento foram: baixa pontuação no questionário de risco prognóstico (QRP<2), ausência de delirium, funcionalidade preservada e boa autopercepção de saúde. O êxito no atendimento contribuiu com a desospitalização.
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP, Hospital Das Clínicas da Faculdade De Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP)
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Sociedade Brasileira de Anatomia INFLUÊNCIA DO DIABETES E DA HIPERTENSÃO NA ANTIAGREGAÇÃO PLAQUETÁRIA POR AAS,NA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA DO AVCI Aron Augusto Jorge, Henrique Alkalay Helber, Helvécio de Resende Urbano Neto, Lina Thomas, Guilherme Sciascia do Olival, Rubens José Gagliardi
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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Introdução: A antiagregação plaquetária é a principal terapia para prevenção secundária do acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI). A curva de agregação plaquetária possibilita avaliar laboratorialmente a eficiência da agregação. Sugere-se que fatores de risco como a hipertensão arterial e o diabetes possam influenciar a resistência à antiagregação. Objetivos: Analisar eventual influência do diabetes e da hipertensão na antiagregação plaquetária por ácido acetilsalicílico (AAS) em diferentes doses. Método e Casuística: Estudo observacional transversal, baseado em dados secundários, em doentes diagnósticados com AVCI, regularmente medicados com AAS e acompanhados com a curva de agregação plaquetária. Após análise de prontuários no Ambulatório de Doença s Cerebrovasculares da Santa Casa de São Paulo, foram seleçãonados 195 pacientes com AVCI prévio. De acordo com a curva de agregação plaquetária considerou-se hipoagregação plaquetária quando a reação com ADP e/ou adrenalina estava inferior a 70%. Foram comparados grupos de doentes hipoagregados com doses 100, 200 ou 300 mg/dia de AAS. Para obtenção de resultados mais fidedignos foram preestabelecidos grupos de pacientes hipoagregados do tipo: hipertensos não diabéticos e normotensos não diabéticos. Entretanto, nos grupos de pacientes diabéticos e não diabéticos hipoagregados, a hipertensão encontra-se como comorbidade associada em alguns casos. Resultados: Dos 195 pacientes selecionados, 165 estavam hipoagregados segundo a curva de agregação plaquetária, sendo 86 hipertensos não diabéticos e 34 normotensos não diabéticos. Entre os hipertensos não diabéticos, 14 hipoagregaram com dose de 100 mg/dia, 48 com 200 mg/dia e 24 com 300 mg/dia. Já entre os normotensos não diabéticos 6, 18 e 10 pacientes hipoagregaram, respectivamente com estas doses. No grupo de diabéticos, 45 estavam hipoagregados, sendo 11 com dose 100 mg/dia, 25 com 200 mg/dia e 9 com 300 mg/dia. Já no grupo restante, dos 120 pacientes não diabéticos, 20, 66 e 34 hipoagregaram, respectivamente para estas doses. Conclusão: Em relação à hipertensão não foi constatado influência da dose para a eficiência da antiagregação (p=0,95). Entre os diabéticos a casuística mostra tendência de menor hipoagregação com 300 mg/dia de AAS (p=0,38). É importante ressaltar que a amostragem de diabéticos foi pequena, sendo necessário mais estudos para ratificar está resultado.
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A RELIGIOSIDADE EM PACIENTES PORTADORES DE TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR Guilherme de Abreu Pereira, Amanda Muriano, Patrícia Cordeiro Rodrigues, Fernando M. Duarte, Caroline Adachi, Julia Tannous Ricardo Uchida, Marsal Sanches, Maria Carolina P. Pinheiro
INTRODUÇÃO: O transtorno afetivo bipolar (TAB) é uma doença psiquiátrica de alta prevalência, com elevado potencial de morbidade. Alguns estudos têm demonstrado uma especial importância dos aspectos religiosos e místicos de pacientes bipolares. OBJETIVO: avaliação grau de religiosidade de pacientes portadores de transtorno afetivo bipolar em eutimia e comparar a um grupo controle saudável. Assim como analisar as possíveis associações entre grau de religiosidade e variáveis de interesse clínico entre os pacientes, tais como números de episódios depressivos ou maníacos, aderência ao tratamento e qualidade de vida. METODOLOGIA: a amostra foi composta por 11 pacientes recrutados no ambulatório do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (CAISM) com diagnóstico de TAB, confirmado pela aplicação da SCID IV. Os pacientes foram pareados com 12 controles saudáveis, seguindo sexo, idade e escolaridade. Para a avaliação, foram aplicados o índice de religiosidade da Universidade Duke e a Escala de qualidade de vida da organização mundial da saúde (WHOQOL)RESULTADOS: O grau de religiosidade intrínseca e religiosidade organizacional parecem apresentar relação positiva com a qualidade de vida dos pacientes portadores de transtorno afetivo bipolar. CONCLUSÃO: O principal achado do presente estudo nos faz pensar da importância do médico investigar em anamnese os aspectos religiosos, assim como ponderar tal aspecto visando o bem estar do paciente. Estratégias psicoeducacionais que abordem demandas espirituais podem se constituir em importantes instrumentos no tratamento de pessoas com transtorno afetivo bipolar.
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP,Centro de Atenção Psicossocial,Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
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Sociedade Brasileira de Anatomia BIÓPSIA DE RIM NATIVO NA DECISÃO ENTRE TRANSPLANTE DE PÂNCREAS ISOLADO E SIMULTÂNEO PÂNCREAS RIM Pedro Henrique de Freitas Amaral1, Alisson Paulino Trevizol1, João William Costa Teixeira1, Eduardo Tomohissa Yamashita1
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1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP, 2 Grupo HEPATO Hospital Bandeirantes e Beneficência Portuguesa
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Os teste de função, como o clearence de creatinina (ClC) e proteinúria podem apresentar-se erráticos e imprecisos, particularmente na Diabetes Mellitus tipo 1 com disfunção renal intermediária. Objetivo: Estabelecer o papel da biópsia de rim nativo (BRN) para pacientes que serão submetidos a transplante de pâncreas (TP) e apresentam disfunção renal intermediária. Métodos: Analisaram-se 13 pacientes diabéticos (8 mulheres), com idade média de 36 anos (26-60 anos), encaminhados para TP em que a BRN foi realizada. A indicação da BRN foi o ClC entre 35 e 80 ml/min e/ou proteinúria >1g/24 horas após três amostras colhidas. A BRN foi guiada por ultrassonografia e destacouse fibrose glomerular e intersticial como os principais achados. A taxa de fibrose foi considerada leve quando inferior a 20% e grave acima de 20%. Os achados histológicos foram correlacionados com a decisão clínica final em cada caso e os pacientes foram distribuídos em três grupos: A= TP isolado (TPI) realizado; B= TP e rim simultâneo (TPRS) ou transplante renal (TR) realizado; C= paciente em lista de espera ou seguimento. Resultados: A média de ClC foi de 52,7 ml/min (37-76 ml/min) e proteinúria de 2,58g/24h (0,15-6,6g/24h). Oito BRN foram consideradas graves e cinco leves. Dois pacientes compuseram o grupo A, três o B, e oito o C. Em 11 pacientes (85%), a BRN influenciou fortemente a decisão clínica final, e em dois, apesar do achado de fibrose leve, a conduta foi contrária ao TPI devido a rápida deterão razão clínica da função renal durante seguimento. Nos oito pacientes com fibrose grave na BRN, contraindicou-se o TPI e estes pacientes foram submetidos a TPRS, TR ou encontram-se em seguimento para futuro TPRS. Conclusão: A BRN foi preditiva de evolução renal e influenciou fortemente a decisão clínica final em 85% dos pacientes inscritos para TP com função renal intermediária.
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SONOLÊNCIA EXCESSIVA DIURNA EM ESTUDANTES DE MEDICINA: PREVALÊNCIA E IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA Luany Ide Hasimoto; Marília Tomiyoshi Asato; Christina Morotomi Funatsu Coelho; Guilherme Sciascia Olival; Michel Elyas Jung Haziot; Marcel Simis Introdução: O sono é um estado comportamental reversível de desligamento da percepção e de relativa arresponsividade ao ambiente. Sonolência excessiva diurna (SED) corresponde ao aumento da probabilidade de dormir e/ou da tendência a cochilar quando o sono não é desejado, afeta de 2 a 5% da população brasileira e acarreta consequências tais como: instabilidade do estado de alerta e vigília, diminuição das capacidades cognitivas e motoras, que contribuem com o aumento de acidentes com veículos motorizados, além de gerar prejuízos nas relações sociais e familiares, desempenho escolar e profissional. O estudante de medicina é apontado como um grupo de risco para desenvolvimento de distúrbios do sono, sendo muito importante investigação a respeito da SED. Objetivo: O objetivo do presente trabalho foi avaliar a qualidade de sono e a prevalência de sonolência excessiva diurna dos estudantes do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Materiais e Métodologia: Através da Escala de Sonolência de Epworth (ESE) é possível avaliar quantitativamente a sonolência excessiva; O índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) permite avaliação do impacto deste distúrbio na vida do indivíduo. Para o desenvolvimento desta pesquisa foram utilizados questionários auto-aplicáveis anônimos e voluntários conteúdo a ESE e IQSP modificado, investigando alunos do curso de medicina da FCMSCSP. Os resultados foram tabelados e analisados de forma qualitativa e quantitativa. Resultados: Foram estudados 335 alunos. No mês anterior à pesquisa, eles dormiram em média 6h22min por noite. Os alunos do 1º ano apresentaram os piores índices de qualidade do sono, sendo que 55,5% deles classificaram seu sono como Muito Ruim ou Ruim. Entre os alunos pesquisados, foi relatado pelo menos 1 atraso semanal pela manhã e 59,07% alegaram uso de substância estimulante para se manterem acordados. A média da ESE foi de 10,4 e a SED é prevalente em 60,59% dos alunos analisados (ESE &#8805; 10). A avaliação da dificuldade de manterão entusiasmo nos alunos com SED mostrou que 59,06% diz ser um problema razoável ou um grande problema, e entre aqueles que não têm SED esse índice cai para 42,37%.Conclusão: O trabalho demonstrou que, a SED é um distúrbio frequente nos estudantes de medicina e que esse distúrbio do sono interfere na qualidade de vida
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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Sociedade Brasileira de Anatomia Pesquisa Epidemiológica O DESENVOLVIMENTO DO TRANSPLANTE EM CENTROS REMOTOS DO BRASIL: APRESENTAÇÃO DE UM MODELO João William Costa Teixeira1, Alisson Paulino Trevizol1, Eduardo Tomohissa Yamashita1, João Paulo Venancio de Carvalho1
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1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP;2 Fundacre Rio Branco;3 Grupo HEPATO - Hospital Bandeirantes
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O Acre possui restrita ligação aos grandes centros do Brasil. Rio Branco, a capital acreana, possui o único serviço de diálise, com aproximadamente 190 pacientes. O estado iniciou o programa de transplantes renais em 2006, finalizando sua primeira fase em 2008 e retomando uma segunda fase através de parceria com o Grupo HEPATO em 2010. No ano passado o estado alcançou a 10º colocação em números de transplantes por milhão de habitante, sendo atualmente líder na região norte e centro-oeste. Objetivo: O objetivo do estudo é relatar a evolução dos pacientes submetidos ao transplante através de um protocolo restrito para a região. Métodologia: Foi realizado estudo retrospectivo com levantamento de dados em prontuários. Resultados: Realizados 24 transplantes, 22 intervivos e 2 falecidos. A idade média entre os receptores de rim foi de 31,25 (±14,0), 41% do sexo feminino. A principal causa de DRC entre os pacientes transplantados foi nefroesclerose hipertensiva (50%). A totalidade dos pacientes encontrava-se em programa de hemodiálise antes no momento do transplante. A grande maioria dos transplantes foram realizados com doadores vivos aparentados (83,3) e apenas 2 deles com doador falecido (8,3). Apenas 16,6% dos pacientes utilizaram dos inibidores de IL-2 como indução sendo o restante sem indução. Tempo médio de internação foi de 11,1(±5,4) dias. A sobrevida do paciente em 1 ano foi de 90,4%. A incidência de rejeição de 16,6%. Nove pacientes foram transplantados na primeira fase do programa com sobrevida de paciente de 78% e enxerto 67%. Quinze pacientes foram transplantados na segunda fase com sobrevidas atuariais de paciente e enxerto de 100%.Conclusão: Com protocolos bem estabelecidos para a estrutura da região o transplante renal pode ser realizado em regiões remotas com resultados positivos, oferecendo aos pacientes moradores destes locais o conforto de estar ao lado de seus familiares no momento do transplante sem a necessidade de se deslocarem aos grandes centros, distantes geografica e culturalmente. Este programa ainda possibilita aos profissionais da região o desenvolvimento tecnológico necessário para o transplante, economiza recursos do TFD estadual e promove a entrada de recursos federais antes destinados apenas aos grandes centros.
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AVALIAÇÃO DE DISLIPIDEMIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 1 (DM1) Ana Paula Ivata Mori, Camila Matsuura Endo, Tatiana Saruhashi, Dra. Laura de Freitas Pires Cudízio, Dra. Renata Maria de Noronha Romano e Dr. Luis Eduardo Calliari.
Introdução: A presença de dislipidemia em pacientes portadores de DM1 vem sendo cada vez mais descrita nas últimas décadas, o que poderia contribuir para elevar a mortalidade desses pacientes pelas complicações cardiovasculares. Pacientes com DM1 têm risco duas a quatro vezes maior de desenvolver aterosclerose em relação à população não-diabética e, nestes pacientes, os eventos cardiovasculares são responsáveis por até 44% da mortalidade total. Objetivo: Avaliar a prevalência de dislipidemia em pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo 1, acompanhados no Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo e identificar eventuais fatores de risco.Metodologia: O presente estudo envolveu o levantamento de dados de prontuário de pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo 1, acompanhados no Ambulatório de Endocrinologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo. Foram extraídas as seguintes informações: identificação (sexo, idade e raça); parâmetros clínicos (peso, estatura, índice de massa corporal e tempo de diagnóstico); medicamentos em uso; controle metabólico (glicemia de jejum e hemoglobina glicosilada) e perfil lipídico (colesterol total, VLDL, HDL, LDL, triglicérides).Como resultado, esperava-se a prevalência de dislipidemia em pacientes com pior controle metabólico do diabetes (representado através dos valores de Hb glicada) ou com IMC acima do ideal recomendado para idade ou com maior tempo de diagnóstico de diabetes. Resultados: Foram analisados 101 pacientes, 46 do sexo masculino e 55 feminino, com idade cronológica entre 4 e 33 anos. Encontramos prevalência de hipertrigliceridemia em 23,7% dos pacientes, aumento de LDL em 37% e redução de HDL em 29%. Com relação aos fatores de risco, não encontramos relação entre dislipidemia e idade, sexo, tempo de diabetes, ou IMC. Houve uma correlação positiva entre HbA1c e Triglicérides (r=0,3; p<0,05) e entre HbA1c e LDL-c (r=0,22; p<0,05).Conclusões: Concluímos que a prevalência de dislipidemia entre crianças e adolescentes é elevada e que está relacionada ao mau controle metabólico do diabetes. Estes dados reforçam a necessidade de investigação rotineira da dislipidemia em pacientes diabéticos, mesmo em idades precoces, e da instituição de um bom controle metabólico para evitar complicações vasculares futuras.
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – FCMSCSP; Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
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Sociedade Brasileira de Anatomia PROGRAMA DE EXTENSÃO PARA MULTIPLICADORES DE SAÚDE NAS ESCOLA (PEMSE)- PROJETO PILOTO Fernanda Alves de Oliveira, Eduardo Ponte de Gouveia Vieira, Márcio Andrade Dias, Ana Cláudia Demetrio Santiago, Arthus Vilar Deolindo Zanetti, Ana Karine de Oliveira, Beatriz Souza Garofalo Cavalcanti, João Duvilio de Biazi Andreotti, Patrícia Sayuri Ueno e Taciana Toda
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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Introdução: Preocupações com o fortalecimento da Atenção Primária conduziram acadêmicos da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) a criar o PEMSE, um programa que se apoiou na figura multiplicadora do professor com o intuito de disseminar conhecimentos e práticas em saúde na sociedade. Objetivo: Desenvolver, junto aos discentes da FCMSCSP, atividade de extensão de caráter educativo. Promover consciência em saúde no ambiente escolar para que se propague ao ambiente familiar de cada aluno, viabilizando a relação transformadora entre Instituição de Ensino Superior e sociedade. Método: Em 2009 foi instituído na FCMSCSP um programa de extensão universitária capaz de preparar os acadêmicos para atividades didéticas envolvendo temas de saúde para promover um Curso de Atualização a professores, que foi aprovado pela Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretária Estadual de Educação. Em 7 encontros, com duração total de 35 horas, foram abordados temas como: Obesidade e Transtornos Alimentares, Hipertensão Arterial e Atividade Física, Diabetes Mellitus e Nutrição, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, Sexualidade e DST’s e Drogas, com o apoio financeiro da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho e da Secretária Estadual de Educação. Resultados: Capacitação de 85 professores (Ensino Básico e Médio) pertencentes à Diretoria de Ensino Sul 3 da cidade de São Paulo e aperfeiçoamento da formação humanística dos futuros profissionais de saúde (12 acadêmicos de medicina, 1 de enfermagem). O engajamento e envolvimento direto dos professores potencializou o curso em busca das respostas às demandas que traziam de suas escolas. Conclusão: Acadêmicos da área da saúde são capazes de transmitir conhecimentos técnicos em linguagem acessível à população, em ambiente escolar e formação de multiplicadores de saúde.
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AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO E USO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS ENTRE GRADUANDOS DE MEDICINA DA FCMSCSP Priscila Marques Intelizano, Andressa Sato Lopes, Aryanna Musme de Araujo e Sousa, Simone Santoro Angelo. INTRODUÇÃO: Os graduandos de Medicina fazem parte da faixa etária de adultos jovens e agregam a responsabilidade de transmitir informação para promoção da saúde, inclusive por meio de um conhecimento profundo sobre os métodos contraceptivos, o planejamento familiar e os riscos do sexo sem proteção. Com o aumento de anos de estudos espera-se um acúmulo de conhecimento sobre anticoncepção, porém o que buscamos analisar a relação entre o conhecimento e a aplicação destes temas sobre suas vidas pessoais. OBJETIVO: Esse trabalho tem como objetivo observar o conhecimento e a prática em relação aos métodos anticoncepcionais dos alunos de Medicina, do primeiro ao quarto ano, da FCMSCSP. METODOLOGIA: A amostra da pesquisa consistiu em 294 alunos, distribuídos nas quatro primeiras séries da graduação do curso, aos quais foi aplicado um questionário conteúdo questões para caracterização do perfil analisado, avaliação do conhecimento que possuem sobre métodos anticoncepcionais e caracterização de suas vidas sexuais, relatando os métodos que mais utilizam. RESULTADOS: Os resultados indicam que existe uma aquisição de informação no decorrer dos anos de estudos, principalmente no quarto ano, evidenciado pelos escores na sessão de conhecimentos sobre anticoncepção do questionário. Quanto à prática deste conhecimento na vida pessoal, os alunos mostram ter uma preocupação com gravidez não planejada, evidenciada pelo uso da “pílula do dia seguinte” (em 32,4% dos alunos do 1º ano que já iniciaram vida sexual, 42,4% do 2º, 47,1% do 3º e 55,4% do 4º ano). Porém, a maioria alunos parecem não se preocupar com DSTs, fato evidenciado pela utilização do condom por apenas 51,8% dos alunos na totalidade de suas relações e a diminuição de seu uso com o passar dos anos (64,9% dos alunos do 1º ano, 64,2% do 2º, 50,7% do 3º e 29,1% do 4º ano utilizam em todas as relações). Apesar disso, a frequência de ocorrência de gravidez não planejada é inferior a 2%. CONCLUSÃO: Os alunos de Medicina analisados possuem conhecimentos suficientes sobre métodos contraceptivos, porém uma grande porcentagem não os utiliza corretamente em suas vidas pessoais, tornando-se expostos a doenças sexualmente transmissíveis e a ocorrência de gravidez não planejada. Esses dados preocupantes são observados em uma amostra populacional diferenciada econômica e socialmente, o que nos leva a crer que seriam muito piores em uma com menor escolaridade e nível econômico. Registro CONEP: 211/09
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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Sociedade Brasileira de Anatomia DETERMINAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE HPV DA MUCOSA ORAL/OROFARÍNGEA EM UM DISTRITO RURAL DE SÃO PAULO Elias Jean Eid Ghosn; Vitor Breseghello Cavenaghi; Nathalia Cruz; Lia Mara Rossi; Luísa Lina Villa; Leonardo Silva; Henrique Olival Costa.
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP; INCT-HPV
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O papilomavírus humano (HPV) é uma das causas mais comuns de infecção sexualmente transmissível em todo o mundo, sendo seu nexo causal com o carcinoma cervical bem estabelecido. Todavia, a implicação do HPV em carcinoma espinocelular na região da cabeça e pescoço (CECCP) ainda permanece discutível devido a falta de evidências conclusivas quanto a prevalência da infecção, dessa região anatômica, pelo HPV. Essa perspectiva, se confirmada, pode ter um forte impacto nas políticas públicas de saúde nacionais. Desse modo, os objetivos do trabalho visam: determinar a prevalência do HPV na mucosa da boca e orofaringe de adultos e crianças e averiguar a eficiência do método empregado para coleta das amostras. Para tais finalidades, avaliou-se a população assistida pelo Projeto Expedições Científicas Assistenciais da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, realizado em Votuporanga (SP) em 2011. 166 indivíduos (homens, mulheres e crianças a partir de quatro anos de idade) foram convidados para o estudo, dos quais 145 concordaram em participar do mesmo. Cada participante foi orientado a fazer um enxágue em toda a superfície da boca bochechando vigorosamente 15 ml de líquido anti-séptico (Plax®) por aproximadamente 15 segundos. Em seguida, cada sujeito do estudo foi orientado a inclinar a cabeça para três e gargarejar por outros 15 segundos. As amostras obtidas foram armazenadas sob refrigeração por período máximo de 48 horas, sendo, a seguir, transportadas para laboratório onde se realizou extração do DNA, PCR e teste de Genotipagem Linear Array HPV- Roche, com possibilidade de identificação de mais de 30 tipos diferentes de HPV. Os controles negativo e positivo comportaram-se adequadamente, conferindo segurança à reação. Foram coletadas amostras de 77 mulheres adultas (53,1%), entre 20 e 74 anos; 47 homens adultos (32,1%), entre 18 e 89 anos e 21 crianças (14,5%), entre 4 e 17 anos. Das 145 amostras avaliadas no estudo, todas foram positivas para o gene da b-globina, o que indica sua adequação para testes de PCR e comprova a viabilidade do método de coleta proposto. Em relação à presença do gene viral, foram obtidas 3 amostras positivas (1,85%), das quais 2 (1,37%) expressavam o HPV 55, que pertence ao grupo não -carcinogênico de HPV, e 1 (0,69%) expressava HPV 58, pertencente ao grupo carcinogênico de HPV.
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STREPTOCOCCUS AGALACTIAE EM GESTANTES: INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO NA SANTA CASA DE SÃO PAULO Fabiana Toledo Bueno, Simone Santoro Angelo, Maria Marta Martins, Marina Miyuki Maekawa, Flávia Godoy O Streptococcus agalactiae está envolvido em complicações durante gravidez, parto ou puerpério, sendo o agente mais prevalente nas doenças infecciosas de recém-nascidos. Estudos demonstram prevalência discrepante de colonização em gestantes. No Brasil, há uma média de 25,4%, diferindo entre regiões. O estabelecimento de fatores de risco para a colonização não é consenso, havendo quem defenda a associação com frequência de relação sexual, aborto prévio e candidíase. É recomendação internacional a pesquisa deste agente em gestações de 35 a 37 semanas. Os objetivos deste estudo são caracterizar a população de gestações de terceiro trimestre atendidas no Serviço de Obstetrícia e Ginecologia da Santa Casa de São Paulo, calcular a incidência de colonização por S. agalactiae e destacar possíveis fatores de risco nesta população. Para isso, foram aplicados questionários com informações epidemiológicas e coleta de material vaginal e anorretal. No Laboratório de Microbiologia da Santa Casa, o material foi semeado em caldo Todd-Hewitt e foi realizada a técnica do Camp test. A análise estatística envolveu testes não paramétricos, método de Fisher e Mann-Whitney. Foram incluídas 84 gestantes, cuja média de idade foi 26,59 anos, variando de 14 a 43 anos. 75% eram procedentes de São Paulo, sendo 23,8% de outras regiões e 1,2% de outro país. 47,6% apresentavam Ensino Médio completo. 52,4% eram católicas. A idade da primeira relação sexual variou de 12 a 24 anos, com média de 17,44; e a maioria apresentou última relação sexual no último mês. As médias de número de parceiros sexuais foi 2,5; gestações prévias 2,5; partos 0,85 e abortos 0,29. 6% apresentavam vulvovaginite (candidíase) e 3,6% utilizavam creme vaginal. A pesquisa de S. agalactiae foi positiva em 8,3% dos casos. Comparação os grupos com resultados positivo e negativo, as variáveis com evidência estatística foram o número de partos prévios (p=0,025), sendo quanto mais partos prévios, maior a probabilidade de colonização; e a idade (p=0,043), sendo quanto maior a idade, maior o risco. Há certa tendência de procedência fora de São Paulo estar associada a maior colonização (p=0,062); bem como maior número de gestações prévias (p=0,075). A população de nosso serviço é heterogênea, apresentando incidência de colonização menor do que a média nacional e foram destacados como possíveis fatores de risco idade e partos prévios. Aprovado no CEP (nº218/10).
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Sociedade Brasileira de Anatomia UMA EXPERIÊNCIA BEM-SUCEDIDA DE ESTUDANTES DE MEDICINA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA Fernando Morelli, Caroline Esposo Garcia, Jenifer Loureiro
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INTRODUÇÃO: Se para muitos brasileiros o Brasil já não é mais o país das oportunidades, para muitos sul-americanos ele continua sendo. Essa é a razão pela qual, milhares deixam países como Bolívia e Paraguai anualmente, para fugir da pobreza e de uma economia de subsistência e, assim, vislumbrar alguma possibilidade de mobilidade social. Cercados por múltiplas carências é possível verificar também que há uma alta incidência de problemas nutricionais nas crianças, filhas dos imigrantes. Além disso, percebemos que os pais têm dificuldades em cuidar de outros aspectos tão importantes para o desenvolvimento saudável das crianças quanto à alimentação, como é o caso da saúde neuro-psico-motora e da higiene bucal. METODOLOGIA: Nossa estratégia envolvia incentivar os agentes comunitários de saúde a informar cada vez mais as mães imigrantes, e informar diretamente essas mães. Para ambas as situações nós esquematizamos uma discussão em grupo, e redigimos uma cartilha onde abordamos a alimentação, o desenvolvimento neuropsicomotor, a vacinação e a higiene bucal das crianças. RELATO DA EXPERIENCIA: Cartilha: Elaboramos uma cartilha em português e espanhol com 14 páginas, nomeada: Libreta Del Bebê. A cartilha foi recheada com muitas imagens para chamar a atenção e facilitar a transmissão de informações para o publico alvo. Discussão em grupo: Elaboramos dinâmicas e atividades lúdicas que pudessem ser realizadas com os espectadores, permitindo que contribuíssem com os conhecimentos que já tivessem sobre o assunto e aprender novas informações a cada tópico abordado. CONCLUSÃO: Apesar das dificuldades que encontramos em adaptar todo o nosso trabalho para que as dificuldades financeiras e as limitações de tempo das mães pudessem ser conciliadas com um estilo de vida saudável para a criança, nós não encontramos resistência por parte das mães, que se interessaram muito por todas as informações que tínhamos a passar. Podemos ressaltar também os benefícios educacionais do processo de elaboração e execução do nosso projeto de intervenção. Durante os meses em que desenvolvemos tudo, aprendemos mais sobre organização de pesquisa e metodologias de trabalho. Mas, por certo, a maior marca que nosso projeto deixou foi justamente na integração que tivemos do ensino médico e dos problemas de saúde pública. Pudemos realmente compreender a função social de um serviço médico bem estruturado e da equipe interdisciplinar na abordagem ao paciente.
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INTERVENÇÃO EM SALAS DE ESPERA PARA AMPLIAR CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO SOBRE HEPATITE B Margarida Maria Isoldi Pohl, Gabriel Nuncio Benevides, Felipe Rieiro Baptista, Heitor Mota Gonçalves, Kaue Kranholdt Ferreira, Marcelo Valério Alabarce Silva, Oliver Ulson, Tadeu Silveira Martins Renattini, Willian Ferreira Igi Introdução: A infecção crônica causada pelo vírus da hepatite B atinge 350 milhões de pessoas no mundo e no Brasil sua incidência varia de 11 a 16 mil casos por ano. Objetivos: inserir os alunos de internato de medicina em ação de promoção a saúde, para criarem uma atividade educativa que objetivava conscientizar a população acerca da prevenção da hepatite B. Métodologia: Inicialmente alunos e preceptores discutiram quanto ao tema proposto e típicos em comunicação em saúde e ações de prevenção e promoção. Posteriormente, alunos organizaram e implementaram atividade prática, realizada em 6 dias no Centro de Saúde Escola Barra Funda. Abordavam usuários e acompanhantes que aguardavam consulta, explicavam inicialmente sobre a não obrigatoriedade da atividade, seu caráter informal e educativo e objetivos. A atividade consistia em avaliação inicial e final de conhecimentos através de 3 perguntas: “Qual o órgão acometido?”, “Qual a forma de transmissão?”, “Como que se previne?”. Seguida por uma explicação interativa através da utilização de um flipchart com diversas fotos. Foi avaliado índice de erro e acerto de cada questão, além do número de “não sei” expressos, e contabilizados quantos usuários aceitaram realizar aconselhamento, coleta de sorologia e vacinação. Resultados e Discussão: 51 pessoas participaram das atividades (86% mulheres), com mediana de idade de 37 anos. Antes da atividade 33%, 46% e 45% das pessoas erraram a respeito do órgão acometido, modo de transmissão e forma de prevenção, respectivamente. Após a atividade, o índice de acerto foi 99,1%, 99,1% e 84%. Dos usuários que participantes: 21,6% realizaram aconselhamento individual, 31,4% foram vacinados e 17,6% coletaram sorologia. Embora o número de participantes seja restrito, o trabalho evidência a desinformação da população a respeito do tema e demonstra que a atividade de educação em saúde nas salas de espera foi efetiva em informar a população e propor ações de prevenção e promoção à saúde relativas a prevenção da hepatite B. Além disso, os alunos foram capazes de organizar e conduzir as atividades em grupo, com foco em promoção à saúde e prevenção de doenças, percebendo seu papel enquanto agentes de saúde e não só de doença. Conclusão: É efetiva a participação dos alunos na conscientização dos pacientes em sala de espera por meio de atividades educativas. Propomos a repetição desse projeto com o intuito de informar a população sobre diversas doenças e como meio de educar os alunos.
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Sociedade Brasileira de Anatomia PROJETO DE INTERVENÇÃO NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE HUMAITÁ Camilla Bilac Oliari, Ana Luísa Nasser Erthal, Felipe Diaz Pimentel, Fernando Gonzaga, Gabriela Duarte Bordini, Marcello Lodi, Marina Corrêa Janaudis, Natália Amaral Cançado, Nayana Samejima Peternelli, Rafael Guedes de Toledo Barros, Renato Zitron, Sérgio Paolillo Júnior, Thalles Péricles Tsiloufas
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Introdução: Foi realizado um projeto para melhorar a qualidade de vida da população frequentadora da UBS Humaitá e moradora da região. Para isso, foi feito um programa de integração entre os diversos aparelhos sociais dos bairros adjacentes à Unidade. No projeto, foram elaboradas pastas com informações fundamentais sobre cada aparelho social. As pastas foram distribuídas gratuitamente para os agentes de saúde, para que estes possam transmitir à população os dados sobre as instituições e as atividades oferecidas pelas mesmas, o que contribui para a promoção da saúde na região. Objetivos: Auxiliar na atenção à saúde a população local da UBS Humaitá a partir da organização e da centralização de informações quanto as entidades e aos equipamentos sociais presentes na região, visando evitar a falta de informação e facilitar a indicação dos equipamentos para a população pelos agentes de saúde. Metodologia: Foi criado um roteiro para facilitar a busca de informações, como a identificação da instituição ou do projeto, a sua localização, os meios de contato, os serviços prestados, possíveis taxas e requisitos para o atendimento. Em seguida, houve a divisão dos alunos, com o objetivo de garantir que todas as instituições reconhecidas no processo de territorialização, ou indicadas por profissionais da UBS, fossem procuradas. Houve uma visita, na qual foi preenchido o roteiro com as informações de cada instituição: Igreja N. S. da Achiropita, Casa de Apoio Brenda Lee, Casa da Dona Yayá, Basílica N. S. do Carmo, Associação Novolhar e Centro de Convivência Recanto do Pedrinho. Depois de colhidas todas as informações, houve a formatação e padronização das informações. Para consolidar o projeto e torná-lo claro, foi marcada uma apresentação para expormos cada instituição e seus projetos. No início, foram distribuídas as pastas e uma folha com perguntas referentes ao material entregue e à apresentação. Resultados: No geral, as opiniões dos agentes de saúde foram positivas. Todos ficaram muito interessados em seguir a proposta e utilizar a pasta para facilitar a divulgação dos equipamentos de saúde. Conclusão: A partir deste projeto, provamos a aceitação do aluno do 1º ano de medicina no Sistema Básico de Saúde e também a percepção pelos alunos de que, apesar da complexidade de casos e da dificuldade para se atingir as pessoas indiscriminadamente, as pequenas ações e os pequenos projetos podem auxiliar, ainda que lentamente, para uma melhora progressiva de todo o sistema.
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PREVALÊNCIA DE INSÔNIA ASSOCIADA A MEDIDAS DE HIGIENE DO SONO EM POSTO DE SAÚDE Marcelo Damaso Maruichi, Daniela Mayumi Takamune, Gustavo Amadei, Ney Penteado de Castro Neto, Noel Oizerovici Foni, Pedro Henrique Bruel Torretta, Renato Angelim Pires Domingues, Ricardo Nasser Lopes, João Batista Teodoro da Silva, Victor Henrique Oyamada Otani Introdução: O sono é um estado comportamental reversível de desligamento da percepção e de relativa irresponsividade ao ambiente. Revitaliza o indivíduo, sendo essencial para a manutenção da saúde física e cognitiva. Já a insônia consiste na dificuldade em iniciar ou manterão sono, apesar de oportunidade e circunstância adequadas, associada ao prejuízo nas atividades de vida diária. Trata-se de uma das queixas mais comuns na prática médica. Diversos danos nas atividades rotineiras são referidos por pacientes com insônia, como fadiga, déficit de concentração, distúrbios de humor e sonolência diurna. A insônia também é associada ao aumento do risco de desenvolver hipertensão arterial e doença cardíaca e frequentemente coexiste com outras patologias. Seu tratamento baseia-se na aplicação de medidas de higiene do sono descritas pelo International Classification of Sleep Disorders (ICSD) de 2000, associada ou não ao uso de medicamentos, psicoterapia e técnicas de relaxamento. Objetivo: Avaliar a prevalência de insônia e as medidas de higiene do sono realizadas por usuários do “Centro de Saúde Escola Barra Funda Dr. Alexandre Vranjac” (CSEBFDAV). Material e Método: Foi desenvolvido um questionário sobre sintomas de insônia e medidas de higiene do sono e aplicado em 102 usuários do CSEBFDAV, no período de outubro de 2010. Foram descritas as características da amostra entrevistada, relacionando as queixas dos pacientes às medidas de higiene do sono por eles praticadas. Resultados: A prevalência de insônia encontrada foi de 42,15 %, sendo 82,35% (84) mulheres e 17,64% (18) homens. A média de idade foi de 41,12 anos. Em relação às 16 medidas de higiene do sono, os pacientes sem queixa de insônia seguiam, em média, 7,61 delas, os com queixa de iniciar o sono praticavam 6,96 medidas e os com queixa quanto ao sono terminal realizavam 7,0. Discussão: Os resultados obtidos são semelhantes aos da literatura. Observamos que a insônia é uma condição prevalente e multifatorial. Os dados encontrados alertam-nos para o fato de que a população com e sem insônia apresentam características muito semelhantes em relação à prática de medidas de higiene do sono. Conclusão: A partir da realização deste estudo, esperamos que os profissionais de saúde possam aprender e divulgar as medidas de higiene do sono, que não visam somente a melhora da qualidade de vida da população, mas também do seu aproveitamento e rendimento diários, além da redução do uso excessivo de medicamentos.
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Sociedade Brasileira de Anatomia DESNUTRIÇÃO EM CRIANÇAS HOSPITALIZADAS Gabriel Nuncio Benevides, Lygia Silveira, Cristiane Kochi
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Introdução: A Desnutrição Energético Proteica (DEP) é um problema de saúde pública em crianças menores de cinco anos nos países em desenvolvimento. A prevalência mundial ainda é alta e contribuiçãom mais de um terão de todas as mortes em crianças menores de cinco anos. No Brasil a prevalência de crianças desnutridas é em torno de 10,7% e sabe-se que a letalidade por desnutrição grave ainda se mantém alta e inalterada. A desnutrição quando presente em crianças hospitalizadas é reconhecidamente um fator de risco que contribui para aumento da morbi-mortalidade e a própria hospitalização é tida como um fator gerador da desnutrição. Com a publicação da OMS, em 1999, do Protocolo para Manejo de Crianças Gravemente Desnutridas em ambiente hospitalar, evidenciou-se a importância DEP em crianças hospitalizadas e como deve ser reconhecida e tratada.Objetivo: Revisão de literatura sobre a evolução nutricional de crianças menores de 5 anos internadas, fossem elas previamente eutróficas ou desnutridas. Fontes de dados: buscaram-se artigos nas bases de dados Lilacs, Medline e SciELO, compreendidos entre 1999 a janeiro de 2011, utilização-se os descritores: desnutrição, criança, estado nutricional, hospitalar, efeitos da hospitalização e evolução (isoladamente ou sob formaçãombinada). Foram consultados documentos de instituições governamentais como o Ministério da Saúde, a Organização Mundial de Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância. Síntese dos dados: A prevalência de desnutrição no momento da admissão hospitalar é alta. Na maioria dos trabalhos, o estado nutricional deterãora-se ou se mantém inalterado em crianças desnutridas no decorrer da internação, devido a fatores agravantes do estado nutricional da própria hospitalização e ao descuido da equipe médica em reconhecer tal enfermidade. Esse fato contribui tanto para maior morbimortalidade das crianças internadas quanto para aumento do custo para instituição/Estado. Com a implantação do Protocolo para crianças gravemente desnutridas da OMS de 1999 conseguiu-se reduzir a mortalidade dessa doença em alguns serviços. Conclusões: deveria ser dada maior importância à avaliação e tratamento do estado nutricional de crianças hospitalizadas, a fim de se evitar aumento da morbi-mortalidade dessas crianças. Apesar das tentativas para se reverter esse problema de saúde pública, pouco se conseguiu. Propomos nesse estudo um fluxograma para avaliação nutricional de crianças menores de 5 anos hospitalizadas.
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Relato de Caso INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO EM MULHER NA 3º DÉCADA DE VIDA: RELATO DE CASO Noel Oizerovici Foni, Enzo Foscardo de Alcantara Ribeiro, Maira Thomazine Rodrigues, José Mariani Junior, Edson Braga de Souza Junior, Sandra Regina Sprovieri
Introdução: As doenças cardiovasculares ainda constituem a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo. Dentre elas, as coronariopatias despontam em primeiro lugar, tendo na obstrução aterosclerótica a sua principal etiologia. Segue relato de caso de uma jovem de 29 anos que sofreu um IAM sem supra desnivelamento do segmento ST, devido a uma placa aterosclerótica. Relato de Caso: VAD, sexo feminino, 29 anos, tabagista, IMC: 27,6 kg/, deu entrada com história de precordialgia há trinta minutos, de forte intensidade, iniciada durante caminhada. Refere história familiar prévia de doença coronariana, com avó e tia-avó maternas apresentando IAM, aos 56 e 60 anos respectivamente. A paciente apresentou elevação de marcadores de necrose miocárdica e eletrocardiograma com infradisnívelamento de ST e alterações dinâmicas da onda T, confirmação o diagnóstico de IAMSSST. Foi realizada cineangiocoronariografia que mostrou lesão grave no terão proximal da artéria DA, sem outras alterações. Para maior elucidação da lesão foi realizado um ultrassom intracoronariano que mostrou placa aterosclerótica com capa fibrosa fina e grande lago lipídico com remodelamento positivo. Foi realizada angioplastia e implante de stent convencional com sucesso permanecendo a paciente assintomática desde então. Seguiu-se investigação ambulatorial em busca de uma possível causa para o desenvolvimento da doença aterosclerótica com todos exames sem alterações; Hemograma, glicemia, função renal, perfil lipídico, hormônios tireoideanos FAN, FR, PCR, ácido úrico, e homocisteína Discussão: O IAM em mulheres jovens é bastante incomum, como podemos ver pelos dados do DATASUS que mostram que no ano de 2008, de todas internações no país por essa doença, apenas 0,4% eram de mulheres abaixo de 30 anos. A paciente desse caso em questão, apesar de ter alguns fatores de riscos clássicos da doença aterosclerótica, como tabagismo, sobrepeso e história familiar, é considerada muito jovem para apresentar a doença. Foi então investigado causas que acelerariam a evolução da doença, como as vasculites, as dislipidemias familiares, tireodeopatia, hiper-homocisteinemia e diabetes. Conclusão: Apesar de ser incomum, a doença aterosclerótica pode ser encontrada em jovens. Pela possível futura evolução do quadro, devemos ser mais agressivos no controle dos fatores de risco clássicos. Por fim, podemos concluir que existe muito a ser descoberto quanto a fisiopatologia da doença especialmente no campo da genética.
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Sociedade Brasileira de Anatomia DOENÇA DE STILL DO ADULTO - UM IMPORTANTE DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL PARA FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA Nara Cristina de Oliveira Santos; Michelle R. Ugollini; Juliana M. Berreta
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Introdução: A Doença de Still do Adulto (DSA) é uma patologia inflamatória sistêmica rara, de etiologia desconhecida. Sua prevalência estimada é de 1 a 10 casos por 1.000.000 habitantes. Costuma acometer jovens de 16 a 35 anos. Apesar do quadro clínico da DSA ter sido porêmuito tempo caracterizada por quatro sintomas cardinais: febre alta, rash maculopapular róseo-salmão, artrite e leucócitose de predomínio neutrofílico, a doença tem uma apresentaçãobastante heterogênea e porêmuitas vezes o diagnóstico só é feito durante sua evolução. Isso faz da DSA um importante diagnóstico diferencial de Febre de Origem Indeterminada (FOI). Um estudo recente observou a DSA como principal causa de FOI não-infecciosa encontrada representando 12% dos casos. Outras grandes séries de FOI descreveram-na como a doença reumatológica mais frequentemente diagnósticada (até 9% dos casos). Objetivos: O objetivo desse trabalho foi relatar um caso de Doença de Still do Adulto que, apesar de típico, permaneceu durante muito tempo como um caso de FOI. Métodologia: Relato de caso com descrição clínica, laboratorial e de imagem. Pesquisa realizada dos bancos de dados LILACS e PUBMED. Resultados: Relatamos o caso de TABR, sexo feminino, 26 anos que há 3 anos iniciara episódios recorrentes de dor e edema articular. Após 6 meses passou a apresentar quadro de febre alta intermitente que cessou durante sua gestação. Após o parto, o estado geral da paciente piorou, febre passou a ser contínua associada à perda de peso e dispnéia. Procurou diversos serviços médicos sem elucidação diagnóstica. Em fevereiro de 2011 apresentou-se ao nosso serviço com quadro de febre alta, rash maculopapular em tronco, dispnéia e dor de garganta, com piora há 1 semana. Laboratorialmente a paciente apresentava anemia discreta, leucócitose de 25mil com 89% de neutrófilos, Ferritina de 3900ng/ml e todas as provas inflamatórias elevadas. FAN e FR negativos e complemento normal. As hemoculturas e sorologias vieram negativas. A Tomografia mostrou derrame pleural bilateral e hepatoesplenomegalia. Várias hipóteses foram aventadas, entretanto o caso descrito preenchia a totalidade dos critérios de Yamaguchi confirmação o diagnóstico de DSA. Conclusões: O amplo espectro de apresentaçãoe a falta de marcadores sorológicos específicos podem dificultar a realização de um diagnóstico precoce. Entretanto, apesar de a DSA ser uma entidade rara, vale a pena ressaltar sua importância dentre os diagnósticos diferenciais de FOI.
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NEUROCISTICERCOSE DO III VENTRÍCULO Bruno Leme do Carmo, Bruno Figueiredo Muller, Diego Escudeiro de Oliveira, Thiago Pelho Camilo Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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A cisticercose, infecção humana pela Taenia sollium, é de grande importância por apresentar uma grande área endêmica, afetando milhões de pessoas anualmente, e quando afeta o sistema nervoso central pode apresentar implicações graves, até mesmo fatais. Seu tratamento apesar de bem conhecido deve ser precedido de precauções, especialmente quando se trata da presença intraventricular da doença, pois o início precipitado pode causar danos na evolução do paciente. Nesses casos, antes do início do tratamento, é crucial visualizar a localização das lesões através de métodos de imagem específicos. Relatamos o caso de um paciente com hidrocefalia obstrutiva sintomática devido à presença do cisticerco no III ventrículo, em que a abordagem cirúrgica para sua retirada foi a opção terapêutica. Em uma revisão da literatura há evidências de melhores resultados na exúrese do cisto intraventricular precedida por corticóidoterapia complementada por tratamento clínico com Albendazol associado a corticóides.
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Sociedade Brasileira de Anatomia FORMA GRANULOMATOSA DA IMUNODEFICIÊNCIA COMUM VARIÁVEL Vivian Alves Gruenwaldt Cunha , Caio Célio Santiago Moises , Vinicius Araújo Naves , Patrícia Cristina Loureiro Dionigi , Wilma Carvalho Neves Forte
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Introdução: Apenas 40 casos de forma sarcoídea da Imunodeficiência Comum Variável (ICV) foram descritos, sendo mais raro o seu acompanhamento a longo prazo. A ICV à um grupo heterogêneo de distúrbios imunológicos na qual os linfócitos B produzem quantidades reduzidas de Igs. Seu diagnóstico é baseado em história de infecções repetitivas associadas à redução de 2 ou mais classes de Igs, na presença de número normal de linfócitos B circulantes, na exclusão de outras hipogamaglobulinemias. As manifestações clínicas são diversas, sendo mais frequentes as infecções bacterianas de repetição . O tratamento é pela reposição de gamaglobulina EV, para combater as pneumonias por bactérias encapsuladas, além de antibióticos frente a infecções. A patogênese da sarcoidose e da ICV não são bem compreendidas. No caso, o uso de esteróides pode levar à remissão clínica. Objetivo: Relatar conduta frente paciente com ICV forma sarcoídea que apresenta anafilaxia à administração de gamaglobulina. Método: Acompanhamento clínico-laboratorial, revisão bibliográfica. Relato de caso / Discussão: Paciente, feminina, 26 anos acompanhada no Setor de Imunologia há 21 anos com infecções de repetição em vias aéreas desde os 6 meses, presença de fígado e baço palpáveis e adenomegalia ao diagnóstico, biópsia hepática revelou doença granulomatosa. Diagnóstico de ICV forma sarcoídea feito aos 5 anos. Foi indicada reposição com gamaglobulina EV. Entretanto, evoluiu para a anafilaxia ao início das infusões devido à ausência de IgG2, 3 e 4, e de IgA, pela possível falta de seleção clonal negativa. Diante da impossibilidade de reposição com gamaglobulina, optou-se pelo uso de antibiótico profilático para combater os processos infecciosos. A paciente usou esteroide para controle da doença granulomatosa. Houve redução do tamanho do baço e do fígado, com função hepática mantendo-se preservada, sugerindo controle da doença granulomatosa. Conclusão: O uso isolado de esteróides na ICV representa um risco para infecções, pois não melhora o estado de células B. O presente relato avalia diferentes possibilidades terapêuticas para pacientes com forma sarcoídea de ICV e que apresentem contra-indicação ao uso de gamaglobulina, na tentativa de proporcionar um melhor prognóstico. Houve benefício com o uso de esteroide para o controle da hepatoesplenomegalia, assim como o uso de antibióticos profiláticos foi útil para a diminuição das infecções, uma vez que apresentasse anafilaxias na administração de gamaglobulina.
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HÉRNIA LOMBAR ENCARCERADA: DIAGNÓSTICO RARO DE ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO Patrícia Albertini Orioli, João Victor Luisi de Moura, Nicole Campagner Matos, Andrew S. H. Park, Ruy França de Almeida, José Cesar Assef Hérnia é a protrusão anormal de um órgão ou tecido através de um defeito congênito ou adquirido dos tecidos circunjacentes. As hérnias lombares são entidades clínicas raras, representando menos de 2% de todas as hérnias abdominais. As complicações das hérnias lombares são raras, porêm severas, sendo crucial o diagnóstico precoce para diminuir morbi-mortalidade. A hérnia de Petit, localizada no triângulo lombar inferior, em particular, geralmente é assintomática, mas pode causar obstrução crônica intermitente, raramente evoluindo com encarceramento do saco herniário ou estrangulamento de seu conteúdo. Estima-se que até 2007 cerca de 300 casos de hérnia lombar foram descritos na literatura. É pertinente citar que os diagnósticos diferenciais possíveis podem ser: lipoma (com maior frequência, hematoma, contratura muscular, abscesso pós-traumático ou pós-cirúrgico além de tumores renais. Esses, porém, são menos dolorosos e não redutíveis, mas, assim como na hérnia lombar, a massa cresce com o aumento da pressão intra-abdominal. O diagnóstico é realizado pela história clínica com exame físico associado a imagem para exclusão de diagnósticos diferenciais. O paciente pode referir dor na área em questão, ou ainda, no exame físico, exteriorizar uma protuberância no local quando realizada a manobra Vasalva. A suspeita clínica desse tipo de afecção pode ainda ser aumentada pela presença de lesões conhecidamente associadas à existência dessas hérnias, tais como hematoma de flanco e fratura de pelve. Nos casos em que o diagnóstico é duvidoso, recomenda-se avaliação ou confirmação do diagnóstico com a realização de TC do abdome e da pelve com contraste, uma vez que estudos recentes ressaltam a sua importância na demonstração detalhada da anatomia da área acometida. O tratamento sempre é cirúrgico e visa à correção do defeito muscular da parede posteriormente à redução da hérnia. Esse objetivo pode ser alcançado por aproximação e sutura das margens musculares e, quando necessário, por utilização de tela sintética.
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Sociedade Brasileira de Anatomia ENDOCARDITE INFECCIOSA: IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE NO SUCESSO TERAPÊUTICO Chi R.J.; Ishikawa, R.S.; Shitakubo, L.F.; Uehara, B.T.; Pereira, A.C.; Sprovieri, S.R.S Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP; Serviço de Emergência da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Pronto Socorro Central
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A Endocardite Infecciosa (EI) é uma infecção que acomete a superfície endotelial do coração. Apresenta altas taxas de morbimortalidade, a despeito de novos métodos diagnósticos e abordagens terapêuticas, permanecendo como uma doença a ser considerada no tratamento de pacientes dentro do hospital, especialmente em Unidades de Emergência e de Terapia Intensiva, que atuam com a necessidade de alto grau de suspeita clínica diante de doenças que possam estar obscuras, porém com risco iminente de vida. Relatamos um caso atendido no Serviço de Emergência da Santa Casa de São Paulo sobre uma paciente do sexo feminino de 49 anos de idade que teve o diagnóstico precoce de EI e o tratamento clínico bem sucedido. Desafios diagnósticos e tendências atuais são discutidos.
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DIAGNÓSTICO TARDIO DE LESÃO DIAFRAGMÁTICA POR TRAUMA FECHADO COM HÉRNIAÇÃO E ESTRANGULAMENTO DE ESTÔMAGO Andre Matheus Sousa Torloni / Francisco Oliveira Villarreal/ Felipe Augusto Ribeiro Batista/ Ruy França de Almeida/Andre Soares Gallo/ José Gustavo Parreira/ Jaqueline Arantes Gianinni/ José Cesar Assef Introdução: Hérnias diafragmáticas são apresentações raras no paciente vítima de trauma. Nos traumas fechados a lesão diafragmática é frequentemente subdiagnosticada e a persistência da lesão de maneira crônica possibilita a hérniação de estruturas abdominais para a cavidade torácica, e consequente comprometimento destas, podem ocorrer diferentes consequências, como a formação de aderências, comprometimento vascular da estrutura hérniada e perfuração da mesma. O diagnóstico da lesão diafragmática no momento do trauma ganha importância quando analisada a elevada mortalidade dos pacientes que cursam com as complicações tardias. Relato Caso: Apresentamos um caso de jovem de 19 anos, internado devido a queixas respiratórias e digestórias inespecíficas e progressivas nos últimos 2 meses. O paciente havia sofrido há 5 meses trauma fechado de alta energia em região abdominal. RaioX de tórax demonstrou mediastino desviado para a direita e imagens radiotransparentes e radiopacas em hemitórax esquerdo. Ao exame tomográfico foi evidenciada a hérniação de estômago e alça intestinal. Paciente foi submetido a laparotomia, sendo constatada lesão diafragmática de 7 cm e hérniação do estômago e alça intestinal para cavidade torácica, devido impossibilidade em reduzir as estruturas via abdominal, foi realizada toracotomia antero lateral esquerda constatou-se estômago com perfuração de 2 cm e sofrimento de parede gástrica. Foi realizada gastrectomia com confecção de Y de Roux e sutura da lesão diafragmática. Conclusões: Lesões da integridade diafragmática podem ser de difícil diagnóstico em paciente traumatizados, e a hérniação de estruturas abdominais pode levar um longo período para ocorrer. Para o paciente que apresenta tal quadro a anamnese buscando lesão de alta energia no passado do paciente assim como achados radiológicos sugestivos de estruturas abdominais em cavidade torácica são essenciais para a confirmação do diagnóstico e tomada de conduta cirúrgica adequada para o paciente.
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Sociedade Brasileira de Anatomia DISSECÇÃO DE ARTÉRIA VERTEBRAL Willian Ferreira Igi, Francisco Oliveira Villarreal, Marcelo Valério Alabarce da Silva, Margarida Pohl Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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Dissecção de artéria vertebral é uma doença rara, que ocorre principalmente em pacientes entre 35-50 anos. Entre os fatores de risco conhecidos, estão presentes pequenos traumas, vasculopatias como displasia fibro-muscular, hipertensão arterial sistêmica , hipercolesterolemia, entre outros. O quadro clínico é variável, sendo a cervicalgia e a cefaléia características. Apesar da angiografia ser o padrão-ouro, a angio-tomografia é frequentemente utilizada. Segue um relato de caso de um paciente com dissecção de artéria vertebral atendido na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, cujo tratamento foi conservador com heparina não -fracionada sem intercorrências.
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SANGRAMENTO INTESTINAL POR FÍSTULA ENTRE APÊNDICE E PSEUDOANERISMA DA ARTÉRIA DE ENXERTO PANCREÁTICO João William Costa Teixeira1, Alisson Paulino Trevizol1, Eduardo Tomohissa Yamashita1, João Paulo Venancio de Carvalho1
Complicações vasculares são causas importantes de morbidade após transplante de pâncreas (TP), podendo resultar em perda do enxerto e óbito. Uma possível complicação é a formação de pseudoaneurisma da artéria do enxerto. Objetivo: Relatar caso raro de fístula entre pseudoaneurisma de artéria de enxerto pancreático e apêndice cecal após TP. Relato de Caso: Paciente S.D.S., 48 anos, sexo masculino, branco, portador de Diabetes Mellitus insulinodependente, hipertensão arterial sistêmica e insuficiência renal crônica não dialética. Foi realizado TP e rim simultâneo para correção da DMID, sem sucesso. À admissão, apresentava história de sangramento intestinal há 4 meses. Foi diagnósticada anemia normocrômica e normocética, com hemoglobina (Hb) de 9,8 g/dL e hematócrito (Ht) de 32,10%. Realizou-se endoscopia digestiva alta e colonoscopia, sem visualização da origem do sangramento. Paciente apresentou piora do quadro, com Hb de 7,3 g/dL e Ht de 24,8%, sendo administradas duas bolsas de concentrado de hemácias. Não houve correção da anemia. À enteroscopia retrógrada observou-se secreção sanguinolenta com aspecto de sangue fresco, vermelho vivo, junto ao óstio apendicular. Foi realizada lavagem do local, observando-se sangue vivo em pequena quantidade oriundo do apêndice. Após manipulação local e sucção do sangramento, notou-se edema da mucosa, com consequente interrupção da saída de sangue do óstio apendicular. Não foram observadas outras lesões sangrantes no restante do exame. Foi realizada laparotomia exploratória, em que se observou pseudoaneurisma da artéria do enxerto pancreático formação fístula para o interior do apêndice. Seguiu-se com transplantectomia e colocação de prótese de Dacron entre artéria ilíaca comum e artéria ilíaca externa. O paciente recebeu alta com correção da anemia e sem ausência de sangramento intestinal. Conclusão: O TP é realizado com o posicionamento do pâncreas sobre os vasos ilíacos à direita, devido à maior superficialidade destes vasos, o que favorece o implante do pâncreas, particularmente em relação à anastomose venosa, uma vez que a veia do enxerto pancreàtico é bastante curta. O pedúnculo arterial é colocado na artéria ilíaca comum do receptor. Devido à proximidade com o ceco e o apêndice cecal,formou-se fístula do pseudoaneurisma da artéria do enxerto pancreático para o interior da luz do apêndice cecal, provocando o sangramento. Trata-se de caso raro, sem relatos na literatura.
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Sociedade Brasileira de Anatomia LIGADURA TÁTICA DE VEIA RENAL ESQUERDA DURANTE TRANSPLANTE HEPÁTICO EM RECEPTOR COM RIM ÚNICO Leonardo Ogawa de Oliveira1, Alisson Paulino Trevizol2, Eduardo Tomohissa Yamashita2, Pedro Henrique de Freitas Amaral2
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A presença de shunt esplenorrenal (SER) pode prejudicar a reperfusão venosa portal durante o transplante hepático (TH) . A ligadura da veia renal esquerda (LVRE) é uma opção para o restabelecimento do fluxo portal necessário a boa perfusão do enxerto. Objetivo: Relata-se, neste trabalho, caso em que foi realizada LVRE durante TH em receptora que possuía apenas rim esquerdo após nefrectomia direita prévia há 13 anos, realizada devido a pielonefrite. Relato de caso: C.C.R., sexo feminino, 61 anos, portadora de cirrose por vírus da hepatite B e hipertensão portal com ascite volumosa, icterícia (bilirrubina total de 3,8 mg/dl), encefalopatia e MELD 21. A ultrassonografia com Doppler colorido mostrava veia porta pérvia, com fluxo monofásico-hepatofugal, possível mente com fluxo desviado para veia mesentérica superior ou veias gástricas e shunt esplenorrenal. No momento do TH, observou-se veia porta da receptora pérvia, mas com baixa pressão. Foi realizada dissecção da veia renal esquerda para a LVRE. Observou-se aumento importante do fluxo portal após clampeamento da veia renal esquerda, optando-se por realizar sua ligadura. O tempo operatório, de isquemia arterial e portal foi, respectivamente, de 6h30min,9h25min e 8h25 min. A fase anepética durou 1h30min e não houve necessidade de transfusão de hemoderivados. A imunossupressão foi feita com Tacrolimo. A creatinina variou no pós-operatório de 1,4 a 2,4 mg/dl. Em seguimento de 3 meses, não houve prejuízo da função renal atribuída a está manobra, com creatinina atual de 1,4 mg/dL. A angioressonância pós-TH demonstrou drenagem venosa do rim esquerdo através da veia gonadal e veias peri-esplênicas em direção à veia porta. Conclusão: A LVRE representa alternativa terapêutica mais simples para o SER e mesmo em caso com rim único, mostrou-se segura e garantiu a perfusão portal hepática adequada, sem alteração renal.
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AUTOTRANSPLANTE RENAL NO TRATAMENTO DE ANEURISMA DE ARTÉRIA RENAL João Paulo Venancio de Carvalho1, Fernando Towata2, Érica Takako Muramoto Shiroma2, Felipe Dias Pimentel1
O aneurisma de artéria renal (AAR) é incomum, com incidência variando de 0,09-1,5%. Em geral, é assintomático, porém podem ocorrer complicações como expansão, rotura ou embolia de trombos do aneurisma, com consequente infarto renal. A maioria dos achados clínicos é encontrada acidentalmente por exames de imagem na investigação de outras doenças. O autotransplante renal (ATR) constitui-se alternativa de tratamento de AAR, havendo poucas publicações internacionais e nenhuma em nosso meio. Relato De Caso: Paciente masculino, 48 anos, com histórico de hipertensão arterial sistêmica, plaquetopenia e esquistossomose hepatoesplênica. Procurou nosso serviço por dor lombar direita, sendo constatado AAR direita, localizado junto a bifurcação dos ramos segmentares da artéria renal, com 2,5 cm de diâmetro na tomografia computadorizada e arteriografia. O tratamento consistiu em nefrectomia direita, preservação renal com solução de Euro-Collins, aneurismectomia e reconstrução arterial, seguido de reimplante do rim na fossa ilíaca direita com anastomoses nos vasos ilíacos. A cirurgia teve duração de 385 minutos, e o tempo de isquemia do rim foi de 140 minutos. O paciente permaneceu na unidade de terapia intensiva por 6 dias devido descompensação da hepatopatia. Recebeu alta hospitalar no 20o PO, com creatinina de 1,4mg/dL, uréia de 41mg/dL, volume urinário de 1400mL/24h e ascite tratada com diuréticos. Conclusão: ATR está indicado basicamente em três situações: reconstrução extracorpórea de aneurismas complexos do pedúnculo renal, lesão ureteral extensa e cirurgia conservadora de câncer renal em pacientes com único rim ou com tumores irressecáveis acompanhado de insuficiência renal. No caso em questão, optou-se por tratamento cirúrgico do AAR devido à sua localização junto à bifurcação da artéria renal e risco de embolização de ramos segmentares se fosse tentado método radiológico. Em pacientes que apresentam risco clínico de descompensação renal após nefrectomia, o ATR deve ser considerado para tratamento de AAR não tratável radiologicamente.
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Sociedade Brasileira de Anatomia OBSESSÃO POR VASOS SANITÁRIOS: CASO DE SÍNDROME DE ASPERGER DO AMBULATÓRIO DE PSIQUIATRIA INFANTIL CAISM Pereira, GA; Marafanti, I.; Maia,K.A.; Castillo, A.R.G.L.; Shiozawa, P.; Tamai, S.; Cordeiro, Q.; Pinheiro, M.C.P. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP, Faculdade de Medicina do ABC
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Introdução: A Síndrome de Asperger faz parte do chamado grupo dos transtornos globais do desenvolvimento. É uma doença do espectro autista, marcada por atrasos e desvios no desenvolvimento das habilidades sociais e comunicativas. Relato de caso: S.M.C., 6 anos, sexo masculino. Sua mãe procurou nosso serviço com queixa de que seu filho “tinha obsessão por privadas desde os 2 anos de idade”. Durante anamnese mãe referiu que seu filho tem o desejo constante de visitar o banheiro da própria casa, das de outras pessoas ou até mesmo no shopping e que está é tema prevalente e recorrente de seus desenhos, brincadeiras e conversas. O mesmo apresenta padrões de interesses restritos e comportamento compulsivo. Conclusão: Segundo a literatura é comum que os indivíduos portadores da Síndrome de Asperger acumulem uma grande quantidade de informações sobre um determinado tema e está se torne único assunto na interação social. É comum ainda que tanto nas crianças mais jovens como nas mais adultas, esses interesses especiais tornem-se cada vez mais bizarros e com foco mais restrito.
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CONCOMITÂNCIA ENTRE ESQUISTOSSOMOSE HEPATOESPLÂNICA E MEGAESÔFAGO CHAGÁSICO Ricardo Hideo Tachibana; Pedro de Freitas Henrique Amaral; Danilo Budib OBJETIVOS: Relatar caso de concomitância clínica entre megaesôfago chagásico(MC) e esquistossomose hepatoesplênica(EHE), descrevendo quadro clínico, métodos diagnósticos e conduta. CASO: Paciente feminino, 48 anos, natural de Santo Estevão-BA, procedente de São Paulo há 34 anos. Queixa inicial de disfagia aos alimentos sólidos e sialorréia, há 2 anos. Piora progressiva nos últimos 6 meses, com início de dor em hipocôndrio esquerdo, sensação de peso em epigastro e perda ponderal de 8kg. Ao exame físico apresentava-se emagrecida, descorada 1+/4+, baço palpável 9cm do rebordo costal esquerdo, em direção a cicatriz umbilical, e fígado palpável a 2cm do rebordo costal direito. Assim as hipóteses foram MC e EHE. Iniciou-se investigação com proctológico de Kato-katz (negativo) e sorologia IgM Anti S.Mansoni (reagente). Biópsia retal confirmou infecção mansônica. Realizado endoscopia digestiva alta que não evidenciou varizes esofágicas ou lesões de mucosa. O esofagograma mostrou trânsito lentificado na transição esofago gástrica e diâmetro esofágico alargado. Manometria axial computadorizada, demonstrou complexo de deglutição síncronas e bifísicas e amplitude da pressão de corpo distal (PCD) 3cm acima do EEI de 37,25mmHg. USG-abdome com Doppler não evidenciou hipertensão portal. Assim classificamos o MC como não avançado e a esquistossomose em apresentação hepatoesplênica sintomética, indicado o tratamento cirúrgico para ambas. Paciente submetida esplenectomia e cardiomiotomia “Heller com fundoaplicatura” Toupet, apresentando boa evolução. No PO5, teve alta hospitalar com contagem plaquetária normal, encaminhada para ambulatório. DISCUSSÃO:Classificação do MC não avançado através de manometria (PCD maior que 15) indicou cardiotomia a Heller associada à fundoaplicatura parcial de Toupet visando evitar o refluxo gastroesofágico pós operatório. Houve indicação de esplenectomia devido à esplenomegalia sintomética e pancitopenia. Todavia, risco de efeito rebote sobre a contagem de plaquetas pós esplenectomia exigiu monitoramento de níveis séricos (Pré Op. = 60 mil/uL e PO5= 290 mil/uL). A melhora da disfagia tem repercussões na qual idade de vida, permite alimentação mais adequada e ganho ponderal. CONCLUSÃO: Embora as áreas endêmicas do T. cruzi e Schistosoma mansoni possam ser comuns, a expressão clínica concomitante destas duas doenças é infrequente. O tratamento cirúrgico do MC não avançado e da EHE foram viáveis, com repercussões na qualidade de vida.
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Sociedade Brasileira de Anatomia ESCLEROSE TUBEROSA COM ANGIOMIOLIPOMAS GIGANTES BILATERAIS: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA Ricardo Nasser Lopes, Daniela Mayumi Takamune, Cristina Yu Wei Pai, Gustavo Amadei, Ana Cláudia Theodoro Lima Savoia, Mauro Ajaj Saieg, Carmen Lucia Penteado Lancellotti
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Introdução: A Esclerose Tuberosa (ET) é uma doença autossômica dominante rara, decorrente da mutação nos genes TSC1 e TSC2, caracterizada por hamartomas que comprometem múltiplos órgãos ou tecidos. A gravidade e a sintomatologia dependem do órgão atingido, variando de quadros quase assintomáticos a quadros de extrema gravidade, o que muitas vezes dificulta o diagnóstico precoce. Relatamos aqui os achados de autópsia de uma paciente com história de tumoração gigante bilateral em cavidade abdominal, evoluindo com extensa hemorragia e choque, cuja hipotóse diagnóstica de ET foi feita somente no pronto socorro e o diagnóstico definitivo no exame pós morte. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 38 anos, deu entrada no pronto socorro com queixa de desmaio e dor epigástrica. Possuía antecedente de angiomiolipoma renal diagnósticado há 3 anos. Apresentou intensa queda dos níveis hematimétricos devido a extensa hemorragia, com transfusão sanguínea no 5º dia de internação sem sucesso, evoluindo com choque hipovolêmico e óbito. A necrópsia revelou a presença de angiofibromas faciais, túberes coéticais, linfangioleiomiomatose pulmonar e angiomioliopomas gigantes bilaterais medindo 30x12x7 cm (rim D) e 36x28x11 cm (rim E) com extensa hemorragia e acometimento do retroperitôneo. A hemorragia retroperitonal espontânea caracterizou a Síndrome de Wunderlich, tendo sido a principal causa de morte nesse paciente. Conclusão: Apresentamos aqui um caso de ET com diagnóstico confirmado somente no exame pós-morte. Os tumores relatados no presente trabalho estão entre os maiores descritos na literatura. Devido à gravidade dos sintomas decorrentes do aparecimento de neoplasias em diversos órgãos, é de extrema importância o diagnóstico precoce e monitoramento da ET, o que resultaria em uma menor morbidade e melhor qualidade de vida desses pacientes.
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RECIDIVA DE DIABETES AUTO-IMUNE APÓS TRANSPLANTE SIMULTÂNEO DE PÂNCREAS E RIM Alisson Paulino Trevizol1, Eduardo Tomohissa Yamashita1, João William Costa Teixeira1, Pedro Henrique de Freitas Amaral1 Cerca de 50% dos enxertos pancreáticos mantém função após 10 anos. As causas mais frequentes de perda de função tardia são as imunológicas, relacionadas à rejeição crônica. Entretanto, a recidiva do diabetes auto-imune pode constituir outra causa menos frequente de perda de enxerto pancreático. Esta patologia é muito rara, com poucos relatos na literatura. Objetivo: Relatar caso de recidiva de diabetes auto-imune após transplante de pâncreas e rim simultâneo (TPRS).Relato de Caso: Paciente R.A.S., 31 anos, do sexo masculino, brasileiro, branco, portador de DM1 e insuficiência renal crônica, submetido a TPRS com drenagem entérica. No pós-operatório 46 meses, iníciou quadro súbito de hiperglicemia, sem alteração de amilase e lipase ou qualquer outra queixa clínica. O Doppler do enxerto pancreático era normal, e a biópsia do pâncreas descartou rejeição aguda ou crônica e não visualizou ilhotas de Langerhans. A função renal manteve-se inalterada, e o peptídeo C reduziu-se para 0,3 ng/mL. O paciente voltou à terapia com insulina e indicou-se retransplante de pâncreas. Realizou-se simultaneamente transplantectomia e retransplante 48 meses após o primeiro transplante. No anátomo-patológico do pâncreas retirado diagnósticou-se recidiva de diabetes autoimune, apresentando comprometimento da maior parte das ilhotas e poupando o pâncreas exócrino. A imunohistoquímica mostrou escassez de células β; nas ilhotas pancreáticas com infiltrado linfocitário rico em linfócitos T CD4 e linfócitos B. Houve boa evolução do retransplante com insulino-independência em seguimento de 16 meses. Conclusão: As principais características da recidiva de diabetes auto-imune em receptores de transplante de pâncreas (TP) são: hiperglicemia, ausência de rejeição aguda ou crônica, ausência de comprometimento do pâncreas exócrino ou do enxerto renal, se houver, associados com perda da secreção de insulina, e insulinite e/ou perda de células β; em biópsia. Estima-se que a recidiva de diabetes seja subdiagnosticada, por falta de monitoramento no pós-operatório.
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Sociedade Brasileira de Anatomia EMPREGO DA ECOENDOSCOPIA NA NOVA TÉCNICA DE TRANSPLANTE DE PÂNCREAS COM DUODENODUODENOANASTOMOSE Eduardo Tomohissa Yamashita1, Leonardo Ogawa de Oliveira2, Felipe Augusto Yamauti Ferreira2, Alisson Paulino Trevizol1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP; 2 Faculdade de Medicina do ABC; 3 CAEDT - Hospital Santa Helena; 4 Grupo HEPATO e Hospital Bandeirantes
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O transplante de pâncreas (TP) apresenta diversas alternativas técnicas para drenagem exócrina e endócrina. Os métodos de drenagem entérica (DE) até hoje empregados, no trânsito intestinal ou em Y de Roux, tornavam o sítio de anastomose praticamente inacessível. Recentemente foi introduzido com bons resultados a duodenoduodeno anastomose (DDA) , método mais fisiológico de DE e que permite investigação por diversos métodos endoscópicos. Neste relato apresentamos caso inédito de ecoendoscopia de pâncreas transplantado. Relato De Caso: RAC, feminino, DM1 desde os 15 anos de idade, submetido à TR , por nefropatia diabética. Permanecendo com DM tipo 1 de difícil controle e complicações secundárias, sendo indicado TP , realizado com DDA e que evoluiu sem complicações. No segundo mês pós-operatório apresentou elevação flutuante de amilase , sendo realizada endoscopia digestiva alta (EDA) e ecoendoscopia. Os exames foram realizados sem intercorrências, possibilitaram investigação endoscópica do duodeno do enxerto e ecoendoscópica do pâncreas transplantado assim como do nativo e das regiões periampulares de ambos. Conclusão: A DDA após TP possibilita um fácil acesso endoscópico ao enxerto pancreático podendo viabilizar procedimentos diagnósticos anteriormente não possíveis e terapêuticos como passagem de próteses, biópsias sob visão direta ou por punção eco guiada de forma rápida e segura.
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CISTO HIDÓTICO HEPÁTICO: ACHADO INCIDENTAL Ney Penteado de Castro Neto, Noel Oizerovici Foni, Pedro Henrique Bruel Toretta, Mauricio Alves Ribeiro, Luiz Arnaldo Szutan Introdução: A Equinococose é uma zoonose causada por adultos ou larvas de cestódios do gênero Echinococcus (Família Taenidae) podendo causar doença grave como o cisto hidótico e a equinococose alveolar. Apresenta ampla distribuição mundial, porêm é raramente encontrado em centros urbanos como a Cidade de São Paulo. Objetivo: Relatar caso de paciente com cisto hidótico tratada em nosso serviço. Metodologia: Revisão do prontuário e acompanhamento do doente. Resultado: VCS, sexo feminino, 26 anos, procedente de São Paulo, natural da Bolívia, queixa de dor abdominal há 2 meses de forte intensidade, em caráter de pontadas em hipocôndrio direito que por vezes irradiava-se para o dorso. Apresentou piora progressiva da dor abdominal procurou outro serviço onde diagnósticado colelitíse. Apresentou piora do quadro doloroso procurando nosso serviço. Ao exame físico apresentava-se em bom estado geral, corada, anictérica, abdômen plano, doloroso à palpação do fígado. Apresentava heatomegalia e fígado endurecido. Apresentava amilase elevada sendo feito diagnóstico de pancreatite. Realizou ultrasonografia com imagem de formação cônica, no 1/3 inferior do lobo hepático direito, medindo 11,7 x 10cm. A Tomografia Computadorizada de Abdômen confirmou a presença de um cisto complexo no lobo hepático direito. A paciente foi tratada de forma habitual da pancreatite sendo optado por não realizar colecistectomia na urgência para uma definição do tratamento do cisto por um grupo especializado, avaliada então, sendo indicado a cistectomia aberta e colecistectomia. A exposição cirúrgica mostrou cisto hepático acometendo segmentos V e VI. Iniciou-se pela colecistectomia e após está se procedeu a cistectomia. A loja cônica foi preenchida com o omento maior e posicionou-se dreno na loja cônica e no hemitórax D. Paciente evoluiu sem interãorrencias recebendo alta no 7º dia pós-operatório. O exame anatomo patológico revelou um cisto de 15cm em seu maior eixo, com presença de septações e conteúdo gelatinoso amarelado. O exame microscópico revelou membranas lamelares e presença de caracteres compatíveis com escolex de equinococcus, fechando-se o diagnóstico de cisto hidótico. O exame da vesículabiliar confirmou colecistite crônica calculosa. Conclusão: Apesar do diagnóstico de cisto hidótico ser incomum em nosso meio ele deve ser diagnóstico diferencial em lesões críticas, mesmo em pacientes com outras doenças abdominais.
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Sociedade Brasileira de Anatomia EMPREGO DE ENTEROSCOPIA NO TRATAMENTO DE PANCREATITE EM PACIENTE TRANSPLANTADO DE PÂNCREAS E RIM Eduardo Tomohissa Yamashita1, Alisson Paulino Trevizol1, João William Costa Teixeira1, João Paulo Venancio de Carvalho1
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP; CAEDT é Hospital Santa Helena SP; Grupo HEPATO, Hospital Bandeirantes e Beneficência Portuguesa de São Paulo
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Introdução: O transplante de pancreas (TP) com drenagem entérica em Y de Roux oferece dificuldades de acesso à região periampular pela localização da anastomose duodeno-entérica. Em algumas situações onde a disfunção do esfíncter de Oddi pode ser responsável por pancreatites de origens não esclarecidas pelos métodos de investigação convencionais, a abordagem da papila duodenal com realização de pancreatografia ou papilotomia pode realizada por meio de enteroscopia com balão único (EBU).Objetivo: Relatar caso em que foi realizada EBU com papilotomia em paciente que apresentou episódios de pancreatite do enxerto pancreático após transplante simultâneo de pâncreas e rim (TPRS).Relato de caso: Paciente V. R. B., sexo masculino, 37 anos, branco, portador de Diabetes Mellitus insulinodependente há 29 anos, em hemodiálise há 6 anos quando foi realizado TPRS com derivação portoentérica em Y-de-Roux. No PO 2 anos apresentou episódios de dor em hemiabdome direito, com quadro clínico de pancreatite, permanecendo internado por 9 dias. Estes episódios repetiram-se com intervalos de 15 dias porêmais 2 vezes. Ultrassonografia com Doppler (USG Doppler) mostrou rim transplantado sem alterações e enxerto pancreático com parênquima afilado e alteração de ecogenicidade. Hipótese de suboclusão da alça de Y-de-Roux foi descartada pela radiografia. Foi realizada EBU com introdução do enteroscópio até aproximadamente 1 metro após o ângulo de Treitz, até a anastomose entérica laterolateral em Y-de-Roux. Foi identificada a papila de Vater do enxerto, que se apresentava com abaulamento em topografia correspondente ao ducto colédoco do doador, justificando bloqueio na drenagem exócrina pancreática. Foi realizado pró-corte da papila, observando-se drenagem de bile. O procedimento foi realizado com anestesia geral, com duração de 2 horas, sem intercorrências. O paciente apresentou elevação de amilase e lipase após o procedimento, sem dor, e teve alta no PO 2 dias. Conclusão: A confecção de anastomose em Y-de-Roux durente TPRS impossibilita a abordagem à anastomose duodeno-entérica por meio de endoscópio convencional, impedindo diagnóstico e tratamento de pancreatites de origem não esclarecida. Nosso paciente apresentava pancreatites recidivantes com exames de imagem normais, sendo possível o esclarecimento da causa mediante EBU, que possibilitou abordagem à região periampular do enxerto e realização de papilotomia sem intercorrências.
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TUMOR TESTICULAR METASTÁTICO NA INFÂNCIA Priscilla Góes Medéa de Mendonça; Anniely Mourão; Lucas Souza Nogueira de Abreu; Milena Sabino Fonseca; Raissa Mazoni Do Amaral;Giulia C. de Montille Filomeno Neoplasias são 20% das doenças testiculares e paratesticulares na infância, sendo raras,1% dos tumores pediátricos, e incidência anual de 0,5 a 2/100000 , subdivididos em: células germinativas e células não germinativas, todas idades, e maior ocorrência, até os dois anos de idade e pós puberal, sendo 75% dos tumores, malignos, e 20% destes com metástases pulmonares. De 32% a 58% dos casos com diagnóstico diferencial de hidrocele, hérnia ou torção. Os tumores de células germinativas compreendem cerca de 90% dos casos de câncer de testículos e 0,5% das neoplasias do sexo masculino, com incidência de 1/50000 indivíduos. Atingem principalmente jovens entre 15 e 34 anos. A incidência de câncer de testículo varia geograficamente, sendo de 5 a 8 vezes mais frequente em países da América, quando comparados aos da Ásia. Diferenças raciais podem ser observadas, sendo reconhecida a menor frequência em indivíduos negros. Estes dados indicam a interferência de fatores genéticos no desenvolvimento dos tumores germinativos de testículo. Nesses tumores o testículo apresenta-se endurecido, com aumento de volume na palpação e com áreas nodulares em sua superfície. O diagnóstico da lesão testicular primária é feita com relativa precisão através do emprego do ultrassom escrotal. Lesões de até 0,3 cm de diâmetro podem ser detectadas através deste exame, mesmo antes de se tornarem palpáveis. P. H. T, 1 ano e 4 meses, masculino, com dor abdominal e massa palpável em abdome superior, e lesão palpável em testículo direito há 10 meses, tratado em UBS como hidrocele (sic), exames: alfa-feto proteína e DHL aumentados. O primeiro exame de imagem solicitado foi a ultra-sonografia: testículo direito de dimensões aumentadas (5,5 x 5,3 x 4,7 cm), heterogêneo, com áreas críticas de permeio e pouco fluxo ao Doppler, além de massa sólida mal definida no retroperitônio; a ressonância magnética caracterizou a massa sólida heterogênea no retroperitônio (7,2 x 6,8 x 6,2 cm), envolvendo a aorta e o hilo renal esquerdo, determinando hidronefrose à esquerda; a tomografia computadorizada detectou as metástases pulmonares (quatro), a maior no lobo inferior direito (1,6 cm).Paciente realiza quimioterapia e aguarda resposta ao tratamento clínico para programação cirúrgica.
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Universidade de Santo Amaro
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Sociedade Brasileira de Anatomia CARCINOMA DE PARATIREÓIDE: ESTUDO COMPARATIVO DE 8 CASOS ACOMPANHADOS NA SANTA CASA DE SÃO PAULO. Fábio Agostini do Amaral, Nilza Maria Scalissi, Sérgio Stsuo Maeda
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Introdução: O hiperparatireoidismo primário é uma endocrinopatia frequente chegando a 3% da população avaliada em estudos epidemiológicos. Das causas de hiperparatireoidismo primário, o carcinoma de paratireóide aparece como causa de cerca de 1% dos casos diagnosticados, sendo uma das neoplasias endócrinas mais raras. Esta condição cursa com um quadro clínico mais sintomático que o de pacientes com adenoma de paratireóide. Objetivo: Descrever uma série de pacientes, avaliar parâmetros clínicos, laboratoriais e anatomopatológicos. Método: Foram selecionados 8 pacientes acompanhados no serviço de Endocrinologia da Santa Casa de São Paulo sendo colocados no estudo somente pacientes que possuíam métodos os exames clínicos, laboratoriais e anatomopatológicos. Resultados: Havia apenas 1 homem na amostra (12,5%), a média de idade foi 47,4±18,9 anos, 100% tinham nódulo palpável ao exame físico, 37,5% tinham sintomas de dores ósseas ou fraturas, a média dos valores de cálcio total no momento do diagnóstico foi de 12,6±1,6 mg/dL enquanto a média das concentrações de PTH foi de 1328±670 pg/mL, 75% apresentavam litíase renal ao ultrassom de vias urinárias, 100% tinham alteração dos valores de fosfatase alcalina no pré-operatório. Todos os pacientes realizaram cintilografia com Sestamibi para confirmação dos achados de exame físico e houve concordância em 100%, a média de tamanho do carcinoma na avaliação anatomopatológica foi de 3,4±2,1 cm e em 100% havia descrição de invasão vascular, linfática ou neural. Todos evoluíram no pósoperatório com hipocalcemia, sugerindo quadro de fome óssea; a média de seguimento pós-operatório foi de 50,2±32,9 meses, 2 pacientes foram submetidos à radioterapia (destes, 1 paciente apresenta metástases documentadas por exames de imagem), 1 paciente evoluiu para óbito devido à endocardite, 6 pacientes apresentam normocalcemia no seguimento. Conclusão: O carcinoma de paratireóide é uma neoplasia bastante rara, mas a presença de valores de cálcio total e PTH muito elevados, somados à presença de massa palpável, levantam essa suspeita diagnóstica. Nestes casos, a conduta cirúrgica deve ser voltada para a paratireoidectomia associada à hemitireoidectomia e esvaziamento cervical.
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HEMANGIOENDOTELIOMA EPITELIÓIDE HEPÁTICO METASTÁTICO MELHOROU DURANTE GESTAÇÃO: UMA INTERAÇÃO HORMONAL? Vanessa Souza Santana; Vanessa de Carvalho Fabrício; Marineide Prudêncio Carvalho O Hemangioendotelioma Epitelióide Hepático (HEH) é uma neoplasia maligna rara, originada de células endoteliais que crescem dentro dos vasos com curso e prognóstico imprevisíveis. Os tumores apresentam crescimento lento, ocorrendo em tecidos moles como pulmões, fígado, peritônio, pleura, ossos, cabeça e pescoço. Nenhuma estratégia terapêutica padrão está disponível e a ressecção cirúrgica é o tratamento de escolha, quando possível . Embora seja uma doença resistente à quimioterapia na presença de doença metastática irressecável, diversos agentes antineoplásicos têm sido propostos para o tratamento. Descrevemos um caso raro de uma mulher jovem portadora de insuficiência hepática devido a HEH com metástase para peritônio e pulmões, que teve uma regressão da doença durante gravidez, oferecendo novas perspectivas para o tratamento. O seguinte relato foi submetido ao comitê de ética, seguindo recomendações do CNS. Relato de caso: DCA apresentou-se com dor abdominal, ascite de grande porte, náuseas e vômitos. Em setembro de 2005, estabeleceu-se o diagnóstico de HEH em estágio IV, iniciando-se a quimioterapia. A paciente recebeu 6 ciclos de epirrubicin, ifosfamida e etoposide sem êxito. O tratamento foi modificado para baixas doses de interferon, estabilizando a doença por 18 meses. Em julho de 2008, a paciente teve diagnóstico de gravidez e optou por mantê-la. Assim, interãompeu-se o tratamento com interferon no primeiro trimestre da gestação. Ela teve gestação a terão e parto normal. Durante a gravidez, a ascite desapareceu e as lesões no fígado e pulmões regrediram, mantendo-se estáveis por critérios do RECIST, compatíveis com resposta da doença. Não houve progressão da neoplasia durante a lactação e esse estado se manteve até os 24 meses do bebê (fevereiro de 2010). A partir desse momento, a paciente começou a manifestar sinais de progressão assintomática e lenta da doença. Está sob observação. Os exames imuno-histoquímicos apontaram: CD 34 +, fator VIII +, AE1/AE3 receptor de estrógeno -, receptor de progesterona negativo. A literatura é escassa em relação ao tratamento sistêmico de hemangioendotelioma epitelióide metastático. Há poucos relatos sobre o uso de interferon e talidomida, mas a maioria sem resposta. Na nossa experiência, não houve relação entre os hormônios da gravidez e a regressão da doença. Entretanto, não há relatos na literatura sobre resposta da doença a gravidez e/ou lactação, sugerindo a necessidade de mais estudos sobre esse caso.
O ANATOMISTA - Ano 2, Volume 4, suplemento, 2011
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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Sociedade Brasileira de Anatomia CÂNCER DE PÊNIS EM JOVEM DE 23 ANOS ASSOCIADO À INFECÇÃO POR HPV-62 Artur Mistieri Simabukuro; Alisson Paulino Trevizol
ANATOMISTA-- Ano 2, Volume 4, Suplemento, 2011 O ANATOMISTA
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP e Instituto Garnet
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O Câncer de pênis é uma doença maligna rara e tem pico de incidência na sétima década de vida, sendo muito raro em jovens. Em alguns países da África, da Ásia, e da América do Sul, representa cerca de 10% das doenças malignas que acometem homens. No Brasil o câncer de pênis representa 2% do total de cânceres em homens e é mais frequente nas regiões norte e nordeste do país, onde a taxa de incidência varia entre 1,3 a 2,7 por 100,000. Má higiene peniana, retenção de esmegma, e fimose são consideradas fatores de risco para câncer de pênis. Em populações que praticam circuncisão, a incidência de câncer de pênis é baixa mesmo em países pouco desenvolvidos como Nigéria e Índia. Há muitos estudos na literatura apontando como provável causa a infecção pelo HPV, tendo como provável precursor a lesão verrucosa inicial. Relato de Caso: Paciente E.G.S., masculino, 23 anos, branco, católico, trabalha com telefonia, natural de Osasco (SP) e procedente de Barueri (SP). É casado e não tem filhos. O paciente possuía fimose desde a infância, que impossibilitava a exposição completa da glande. Em novembro de 2010 relata surgimento de nódulo de 1 cm de diâmetro no pênis. Foi realizada postectomia em 24 de fevereiro de 2011 para tratamento de fimose, durante a qual realizaou-se biópsia da lesão, diagnósticada como carcinoma epidermóide grau III. Estudo biomolecular apontou infecção por HPV-62. Foi realizada penectomia parcial para retirada da lesão em 21/03/2011. No momento da cirurgia, a lesão já se apresentava com 7x5x4cm, com lesão úlcero-infiltrativa de 3x5cm, distante 1 cm do óstio uretral. Conclusão: Nosso paciente apresentava fimose que impossibilitava a higiene peniana adequada. A fimose predispõe à retenção de células descamativas e resíduos da urina (esmegma) que podem causar irritação crônica com ou sem infecção bacteriana da glande ou do prepúcio. A circuncisão diminui a chance de contrair doenças venéreas, infecções do trato urinário e possibilita melhor higiene. Além disso, está associada a menor incidência de HPV, que mostra-se como importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer peniano. Observou-se profunda redução na persistência do vírus entre pacientes circuncidados, de até 90%, sendo importante na resolução da infecção e proteção contra a malignização. O HPV62, pouco frequente, foi encontrado em pacientes do sexo feminino, causando lesões escamosas intra-epiteliais de alto grau, compatíveis com lesões do subtipos mais oncogênicos de HPV.
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AUMENTO DA TEMPERATURA CORPORAL SER UMA COMPLICAÇÃO DA ELETROCONVULSOTERAPIA? Amanda Muriano, Patrícia Cordeiro Maria Carolina Pedalino Pinheiro, Clarissa Bastos Frota, Samanta Ortegosa Calfat, Marsal Sanches, Andrea Freirias Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
O ANATOMISTA - Ano 2, Volume 4, suplemento, 2011
Introdução: Usada porêmuitos anos, a eletroconvulsoterapia (ECT), quando adequadamente indicada, é considerada uma técnica segura, com baixa morbidade e mortalidade. Ainda assim, efeitos colaterais pouco usuais associadas à ECT podem ocorrer. Relato do caso: Paciente do sexo masculino, 24 anos, apresentando há cerca de dois anos quadro depressivo refratário a estratégias medicamentosas diversas. Evoluiu com sintomatologia psicótica, tendo recebido indicação de ECT. O procedimento transcorreu sem intercorrências, porém duas horas após a primeira sessão o paciente evoluiu com confusão mental, comportamento desorganizado e elevação da temperatura corporal chegando a valores próximos de 39ºC. Foi submetido à investigação complementar, voltada para a etiologia das alterações em questão, que nada revelou. O quadro evoluiu com remissão espontânea completa após 24 horas. Conclusão: ainda que existam na literatura poucos relatos de alterações da temperatura corporal associadas a ECT, deve-se estar ciente da possibilidade de ocorrência deste efeito colateral quando da indicação desta modalidade terapêutica.
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Sociedade Brasileira de Anatomia BRONQUIOLITE OBLITERANTE COM PNEUMONIA ORGANIZADA (BOOP) APÓS TRANSPLANTE DE FÍGADO: RELATO DE CASO João Paulo Venancio de Carvalho, João William Costa Teixeira, Alisson Paulino Trevizol, Eduardo Tomohissa Yamashita, Pedro Henrique de Freitas Amaral, Fernanda Batistini Yamada
ANATOMISTA-- Ano 2, Volume 4, Suplemento, 2011 O ANATOMISTA
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP; Faculdade de Medicina do ABC (FMABC); Grupo HEPATO Hospital Bandeirantes
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Introdução: A bronquiolite obliterante com pneumonia organizada(BOOP) caracteriza-se pela proliferação de tecido fibroblático, de maneira contínua do lúmen dos bronquíolos terminais e respiratórios até os ductos alveolares e alvéolos. Casos de BOOP após pacientes serem submetidos a transplante hepático são raros, havendo relatos de apenas 5 casos até o presente. Relato: Trata-se de uma paciente, 31 anos, submetida a transplante de fígado por cirrose hepática auto-imune. Evoluiu com piora dos parâmetros respiratórios 4 dias após o transplante. Radiografia de tórax com infiltrado bilateral para-hilar e broncoscopia revelou sangramento alveolar importante. Foi iniciada antibióticoterapia, havendo piora do quadro radiológico não acompanhada por sinais clínicos e laboratoriais de sepse. Notou-se migração da condensação pulmonar de uma área pulmonar para outra com rapidez atípica. Biópsia transbrônquica mostrou lesão pulmonar subaguda com padrão de pneumonia organizante. Suspeitou-se de lesão induzida por imunosupressores, sendo subistituído o tacrolimo por ciclosporina, o que resultou em rápida melhora clínica e radiológica. Discussão: Casos de BOOP podem ser idiopáticos ou determinados por radiação, agentes infecciosos, fármacos e pela imunossupressão em pacientes transplantados. Alguns autores consideram o tacrolimo fator de risco para a BOOP. Pacientes previamente relatados apresentam idade entre 48 e 67 anos e tempo de início dos sintomas variando de 10 a 15 meses após o transplante. Nossa paciente era mais jovem e teve início do quadro mais precoce. Conclusão: Apesar da BOOP ser condição rara após transplantes hepáticos, ela deve ser considerada diagnóstico diferencial em casos de pacientes que apresentam quadros respiratórios graves e atípicos, uma vez que o tacrolimo pode ser fator desencadeante da doença. Este trabalho não passou por aprovação de nenhum comitê de ética, pois ele é um relato de caso e a paciente assinou o terão de consentimento livre e esclarecido, autorizando a utilização dos seus dados no relato.
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LEUCEMIA PROMIELOCÍTICA: UMA EMERGÊNCIA CLÍNICA Ana Laura Vianello, André Chao Vasconcellos de Oliveira, Beatriz de Abreu Ribeiro Machado, Raisa de Araujo Loureiro Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
O ANATOMISTA - Ano 2, Volume 4, suplemento, 2011
"A leucemia promielocítica aguda (LMA-M3 pela classificação FAB) foi primeiramente descrita como uma entidade clinica particular em 1957. Corresponde a 10% -15% das leucemias mielóides agudas (3), estando associada, em cerca de 90% dos casos, à translocação t(15;17)(q22;q21)(9). Há a formação de genes quiméricos (fusão dos genes PML e RARa) e subsequentemente de oncoproteínas. No caso estudado, um paciente de 33 anos, do sexo masculino, com antecedente pessoal de AVCi há 20 dias procurou o pronto socorro deste serviço com queixa de cefaléia refratária. Durante a investigação clínica, evidenciou-se bicitopenia e leucocitose acompanhadas de 69% de blastos, bem como visualização de bastonetes de Auer em sangue periférico, diagnosticando assim LMA. Ao longo dos três dias que o paciente esteve internado houve piora do quadro clinico e laboratorial com acentuação das alterações hematológicas já citadas, piora da função pulmonar e queda do estado neurológico, apesar da introdução precoce do ATRA. O paciente evoluiu com uma PCR, sendo encaminhado para necropsia".
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CARCINOMA HEPATOCELULAR FIBROLAMELAR - RECIDIVA TARDIA, RE-HEPATECTOMIA E ACOMPANHAMENTO DE 12 ANOS Simone Santoro Angelo, Luiz Arnaldo Szutan, Mauricio Alves Ribeiro Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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Introdução: Carcinoma hepatocelular fibrolamelar é uma variante rara de carcinoma hepatocelular (CHC), que acomete indivíduos jovens, não apresenta fatores de risco associado e menos de 10% apresentam valores elevados de alfa-fetoproteína. A variante fibrolamelar durante muito tempo foi considerada menos agressiva do que a forma habitual do CHC, entretanto mais recentemente tem se observado recorrência e metástases, mesmo quando ocorre a ressecção, além de uma parcela de casos onde nenhum tratamento é possível . A grande maioria dos trabalhos da literatura são relatos de casos, e não encontramos nenhum trabalho com acompanhamento em longo prazo ou recidiva tardia, motivo de nosso trabalho. Objetivo: Relatar caso de paciente com carcinoma hepatocelular fibrolamelar com manifestação atípica. Métodologia: Revisão do prontuário, acompanhamento do doente e revisão dos arquivos do grupo. Resultado: Relatamos caso de um paciente de 21 anos, sexo masculino, apresentando dor abdominal em hipocôndrio direito há 2 meses, ausência de visceromegalias. Ao exame ultrassonográfico visualizada massa heterogênea, sendo indicado biópsia que diagnósticou carcinoma hepatocelular fibrolamelar. Submetido então a uma trissegmentectomia direita com confirmação do diagnóstico ao exame anátomo-patológico. Paciente manteve acompanhamento por nove anos, se recusando a retornar no décimo ano. Paciente retorna após 11 anos com icterícia, acolia e colúria, ao exame ultrassonográfico nota-se formação expansiva localizada a direita do fígado remanescente, realizada hepatectomia confirma-se no exame anátomopatológico carcinoma hepatocelular fibrolamelar. Após 6 meses paciente apresenta-se ictérico e ao exame de ressonância magnética observa-se formação expansiva no leito cirúrgico, além de nódulos subdiafragmáticos e pulmonares. Realizado drenagem de via biliar transparietohepático. Paciente evolui a óbito 12,37 anos após a primeira cirurgia. Conclusão: Através desse relato demonstramos a possibilidade de recidiva tardia desta variante rara de carcinoma hepatocelular ainda não descrita na literatura. Justificativa da ausência de CEP: paciente foi acompanhado pelo grupo durante 12 anos, mas só se optou pelo relato após o óbito do mesmo, tratando-se de trabalho retrospectivo baseado no prontuário e nos arquivos do Grupo de Fígado e que todas as condutas médicas foram baseadas nas práticas médica vigentes.
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ASCITE EOSINOFÍLICA: CASO RARO ASSOCIADO A TOXOCARÍASE Patrícia Cordeiro Rodrigues, Amanda Muriano, Helena Proni Fonseca, Maria Elisa Ruffolo Magliari, Renata Telles Rudge de Aquino, José Henrique Basilio de Carvalho, Joaquim Antonio da Fonseca Almeida, Felipe Bertollo Ferreira, Mariana Pin de Andrade
Justificativa e objetivos: A toxocaríase, frequentemente autolimitada no homem, manifesta-se geralmente com sintomas de alergia, febre, fraqueza crônica, dor abdominal e hipereosinofilia. Relatos de ascite eosinofílica secundária a toxocaríase são raros. Sao descritos quatro casos, em paciente hígido, na literatura até a presente data. Métodos: Paciente sexo feminino, previamente hígida, 15 anos, apresentou quadro de diarréia, hiporexia, febre não aferida e aumento do volume abdominal por um período de 10 dias. Ao exame físico: dor abdominal e ascite de grande volume. Coproculturas negativas, método Kato-Katz: negativo. Hemograma: 17500 leucócitos/mm3, sendo 65,7% de eosinófilos . Paracentese do líquido ascético: proteínas totais de 2,8, glicose de 91mg/dl, pH de 7,2, ADA 11UI, células nucleadas de 6800/mm3 sendo 73% leucócitos e destes 69% de eosinófilos. Ausência de células neoplásicas. Mielograma: 22% de eosinófilos. Sorologia (Elisa) para toxocaríase: 1 para 80. Foi prescrito albendazol 400mg 2 vezes/dia, por 5 dias. Já nos primeiros dias de tratamento a paciente apresentava melhora clínica importante. Após um mes houve um aumento de quatro vezes nos títulos sorólogicos, sendo então, confirmado o diagnóstico. Paciente ficou assintomática. Discussão: A toxocaríase humana deve ser muito frequente em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, uma vez que aproximadamente 30% de caes e gatos são portadores dos parasitas no intestino, isso associado a precarias condicoes de higiene. Portanto, grande parte dos indivíduos, devem ser pouco ou assintomaticos. Alguns indivíduos, apresentam infestacoes macicas que merecem tratamento. Dois pacientes descritos previamente em literatura, foram submetidos a laparoscopia exploradora. Como em nosso meio, a larva migrans visceral, é mais frequente, a suspeita diagnóstica, foi rápida e a introdução da terapia empírica com albendazol evitou procedimento invasivo, com resolução completa do quadro. Conclusão: Apresentamos caso de ascite eosinofílica raro em literatura que rapidamente remitiu após tratamento empírico com albendazol, confirmada posteriormente com sorologia. A segurança e eficiência do tratamento empírico justifica seu uso, como meio de se evitar procedimentos invasivos.
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – FCMSCSP; Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
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Sociedade Brasileira de Anatomia A SÍNDROME DE WAARDENBURG COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL NAS MANIFESTAÇÕES PSIQUIÁTRICAS Patrícia Cordeiro Rodrigues, Amanda Muriano, Maria Carolina Pedalino Pinheiro , Renata Teixeira da Silva, Bruno Jacopucci Hehn, Laura Fitippini Lorimier Fernandes, Ricardo Uchida, Samanta Ortegosa Calfat, Marsal Sanches,Quirino Cordeiro
ANATOMISTA-- Ano 2, Volume 4, Suplemento, 2011 O ANATOMISTA
CAISM e Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP
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Introdução: A Síndrome de Waardenburg é uma rara doença autossômica dominante, com penetrância variável e, portanto de apresentação clínica heterogênea. Por ser está caracterizada por defeitos de estruturas derivadas da crista neural, pode se manifestar com sintomas neuropsiquiátricos. RELATOS : Caso 1: paciente do sexo masculino, 29 anos, professor de computação, apresentando surdez congênita unilateral à esquerda, hipocromia de íris à direita, encanecimento precoce e convulsões técnico-clínicas generalizadas desde os 15 anos e de difícil controle com carbamazepina e ácido valpráico. Procurou atendimento psiquiátrico com queixa de instabilidade emocional e alucinações auditivas. Durante o acompanhamento observou-se períodos de hipomania de menos de 3 dias de duração alternados com períodos de leve depressão ou irritabilidade. Foi formulada a hipótese diagnóstica de cliclotimia. O paciente evoluiu com melhora parcial mediante a adição de medicação antipsicótica aos anticonvulsivantes. Caso 2: paciente do sexo masculino, 27 anos, estudante universitário, desde os 22 anos apresentando delírios persecutários, alucinações visuais, auditivas e táteis. Recebeu a hipótese diagnóstica de esquizofrenia, tendo sido submetido a tratamento com diversos antipsicóticos. Apresentou estabilização de seu quadro mediante o uso de clozapina. O paciente apresenta fenótipo característico da Síndrome de Waardenburg tipo I: dystopia canthorum, nariz estreito, hiperplasia superciliar, mechas brancas e manchas vitiligóides, e ainda doença celíaca. Trata-se do meio-irmão do paciente do caso 1. Caso 3: paciente sexo feminino, 16 anos, com hipocromia íris bilateral, deficiência auditiva e comportamento autistico. Tem diversos episódios de agitação, solilóquios e heteroagressividade. Tem má resposta as médicações, atualmente em uso de quetiapina 400mg, aripripazol 15mg, bierideno 4mg e neuleptil 40 gotas. Família nega outros familiares com essas característica, somente tio com quadro psicótico. Conclusão: Transtornos mentais diversos têm sido relatados como parte das possíveis alterações encontradas em pacientes portadores da Síndrome de Waardenburg, ao lado de retardo mental e epilepsia. Nos casos acima relatados o achado de esquizofrenia e de transtorno de humor reforça a possível influência de fatores relacionados ao neurodesenvolvimento na etiopatogenia destes transtornos e ressalta a importância da observação de fenótipos sindrômicos em pacientes psiquiátricos.
Sociedade Brasileira de Anatomia
TRANSPLANTE HEPÁTICO REALIZADO PARA TRATAMENTO DE EQUINOCOCOSE POLICÍSTICA CAUSADA POR ECHINOCOCCUS VOGELI Eduardo Tomohissa Yamashita1, Alisson Paulino Trevizol1, Pedro Henrique de Freitas Amaral1, João William Costa Teixeira1
A hidatidose policística manifesta-se com múltiplos cistos coalescentes no fígado. A ressecção cirúrgica à uma boa opção na ausência de resposta ao tratamento clínico. Entretanto, quando há comprometimento avançado principalmente das vias biliares e do sistema porta na doença difusa no fígado e na presença de insuficiência hepática, o transplante hepático pode oferecer bons resultados. Objetivo: Relatar o primeiro caso de transplante de fígado utilizado para o tratamento de hidatidose policística, causada por Echinococcus vogeli. Relato de caso: Paciente A.O.S., 48 anos, do sexo masculino. Com história epidemiológica positiva para criação de cães e prática de caça na Amazônia Ocidental. Ao exame físico, apresentava hepatomegalia a 7 centímetros do rebordo costal direito, com superfície irregular e consistência endurecida, indolor à palpação. Tomografia computadorizada de abdome revelou múltiplos cistos difusos no fígado com calcificações periféricas. O diagnóstico laboratorial por Western blot revelou sorologia positiva para Echinococcus spp, confirmação a suspeita de hidatidose policística. Iniciou-se tratamento clínico com Albendazol 10mg/kg/dia e após 2 anos de tratamento começou a apresentar múltiplos episódios de colangite. Os critérios de indicação para o transplante foram a insuficiência hepática causada pela compressão do sistema porta pelos múltiplos cistos em ambos os lobos hepáticos e o acometimento das vias biliares. O transplante de fígado foi realizado pela técnica de Piggy-Back. Tempo cirúrgico de 7 horas, sem necessidade de transfusão. O paciente recebeu alta no 13º dia de PO. Após 2 meses de PO deu entrada no PS em parada cardiorespiratória atribuída a tromboembolismo pulmonar, confirmado na necrópsia. Conclusão: No Brasil, o número de casos de hidatidose policística quadruplicou de 1979 a 2007, tornando-se o país com maior número de casos da doença (58% dos casos registrados). Devido à extensa área de presença dos hospedeiros do E. vogeli, o alastramento da doença por grande parte do território nacional é possível . Em caso de lesões irressecáveis, de localização perihilar, insuficiência hepática grave ou acometimento difuso do sistema biliar, a ressecção hepática não é realizada. O relato desse caso demonstra factibilidade técnica com bom resultado operatório, tornando o transplante de fígado uma alternativa interessante ao tratamento da hidatidose avançada em nosso país.
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Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo - FCMSCSP; 2 Grupo HEPATO e Hospital Bandeirantes; 3 Fundacre Rio Branco
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