Manual de Caligrafia Vernácular

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“Eu não entendo nada disso tudo. Para mim a arte popular não existe. O povo faz por necessidade coisas que tem relação com a vida.” Lina Bo Bardi



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“Cartaz é o impresso de grande formato, para afixação em ambientes amplos ou ao ar livre, que traz anúncio comercial ou de eventos culturais, sociais ou políticos. Carlos Fonseca



Essa página era recoberta com uma tinta criada especificamente para este uso, feita à base de óleo e negro-de-fumo, utilizando uma trouxa de pano. A base pronta para ser impressa era colocada sobre uma pedra de mármore e o papel logo acima da superfície, já em contato com a tinta. O operador movia uma barra que girava a rosca e prensava a base de tipos contra o papel e assim se obtinha a folha impressa. Com a resistência dos tipos fundidos em chumbo e também pelo fato de os caracteres utilizados em sua prensa serem alfabéticos e não formados por ideogramas, como acontecia na Ásia, sua máquina foi utilizada na imprensa de vários países por quase três séculos. O primeiro cartaz impresso conhecido é de Saint-Fleur , de 1454, feito somente em manuscrito. O primeiro cartaz do qual temos registro foi feito por Willian Calixto, em 1480, que também foi quem levou o sistema de impressão de Gutenberg ao Reino Unido. Seu cartaz era afixado em portas de igrejas e anunciava o livro “ The Pyes of Salisburg”. (fig x)

Primeiro cartaz de Calixto, impresso no reino unido em 1480.

Na Hungria, Em 1796, Aloys Senefelder, buscava uma forma prática e barata para imprimir suas partituras musicais e textos utilizados em suas peças de teatro e com isso criou o berço dos cartazes comerciais coloridos: a litografia.




O uso do cartaz como meio publicitário foi fundamental durante toda a história posterior à criação do mesmo. Passando por várias transformações na sua forma de impressão e ampliando seu uso. Foi extremamente explorado antes e durante a II Guerra Mundial (fig x), na política norteamericana (figx), por forças armadas (figx), na Revolução Industrial (figx), Revolução Russa (fig), divulgação de exposições artísticas (figx) , venda de produtos (fig x), cinema (fig x), entre outros fins. César (2000) define o uso do cartaz como: Hoje os cartazes são obrigatórios para atingir o consumidor, mesmo fazendo frente a outros meios como revistas, jornais, televisão, etc. Não podem e nem devem ser dispensados ou minorizados. (...) O cartaz (...) em quase 100% dos casos estará falando a um público local em que ele pode definir-se pela compra ou pela ação. (...) Normalmente, o cartaz está afixado nos locais onde o produto BARRA serviço está exposto (...) nos pontos de venda (sic) e tantos outros lugares.

Jules Chéret, Bal du Moulin Rouge, 1889. Litografia a cores


pintores de letras


Estes cadernos foram a base e principal inspiração para criação deste Manual de Caligrafia Vernacular, já que no Brasil não se encontram registros de existência de algum material didático aplicado ao desenho de letras utilizados nos cartazes e faixas feitos manualmente e encontrados em comércios. Aqui, o aprendizado dos letristas vêm, principalmente, de um processo autodidada ou com o aprendizado no estilo “mestre/aprendiz”, onde o mais novo aprende sobre a técnica com um mais velho por observação, convivio ou trabalho. Alguns sindicatos comerciais oferecem cursos de desenhos de letras, geralmente ministrados em um dia ou em um final de semana, sem entrega posterior de material impresso completo sobre o processo de construção de letras. Mas, até mesmo estes cursos, estão se tornando cada vez mais escassos. Sendo assim, este material vem como uma memória mas também uma forma de manter esse conhecimento e prática vivos diante de tecnologias acessíveis e que ocupam cada vez mais os espaços comerciais.

Letras de pintores de sinal. Imagem do final do século XIX.


processo de criação


Fotos de cartazes em estabelecimentos comerciais de Belo Horizonte. Autoria prรณpria




Planejamento do cartaz A base do cartaz quase sempre é na cor amarela, algumas poucas vezes tem o fundo branco. O cartaz amarelo chama mais a atenção do publico. As escritas vêm em cores que contrastam com esse fundo amarelo. O preço, em vermelho, se torna o foco do cartaz. Alice Cartazista

ANÚNCIO

Anúncio: geralmente vem com a escrita: OFERTA ou PROMOÇÃO Produto: nome principal do produto. Ex: Mamão

COMPLEMENTO

DETALHE

Complemento: tipo do produto. Ex.: Papaya Preço: Informa o valor do produto. Em destaque. Detalhe: informa a quantidade ou peso do produto


Fotos de cartazes em estabelecimentos comerciais de Belo Horizonte. Autoria prรณpria



Letrista Adilson confeccionando uma faixa em sua oďŹ cina. Foto de Emerson Nunes

Fotos de cartazes com esboço aparente em estabelecimentos de Belo Horizonte. Autoria própria


Correto

Errado


Correto

Errado

Correto

Errado

Correto

Errado











Obs.: O número 0 (zero) é construído da mesma forma que a letra O







fim





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