índice
Ponto de Vista | 6 José Maria Rabelo
Artigo | 9
Vantagens da Contribuição Eficiente
Especial | 10
Paixão por fazer o bem
Seu dinheiro | 20
Ensinando a cuidar do bolso
Artigo | 26
Orçamento familiar e maior qualidade de vida
Educação Previdenciária | 27
Uma bússola para seus investimentos
Teste | 29
Você sabe tudo sobre previdência? Parte IV
Fachesf-Saúde | 31
Um brinde ao Fachesf-Saúde
Artigo | 36
O papel do auditor odontológico
No consultório | 37 A vitamina do sol
Pergunte ao doutor | 41
Os perigos da artrite reumatoide
Central de Relacionamento | 42 Alô. Em que posso ajudar?
Planejamento e Gestão | 46 No ar, a TV Fachesf
Foco no participante | 50 Uma época para recordar
Cultura e Lazer | 52
A praça dos livros e do conhecimento
Mundo Animal | 56
Muito além de zumbido e mel
Artigo | 61
O lado sagrado das abelhas
Martinha | 62
[expediente]
edito Revista Conexão Fachesf Editada pela Assessoria de Comunicação Institucional [Editora Geral] Laura Jane Lima [Editora Executiva e Textos] Nathalia Duprat [Estagiário de Jornalismo] Diego Lins [Colaboraram nesta edição] Naide Nóbrega, nas editorias: Mundo Animal e Planejamento e Gestão. Gabriela Santana, nas editorias: No Consultório e Cultura e Lazer. Sibele Fonseca, fotografia. [Comissão de Pauta] Laura Lima, Nathalia Duprat, Valcenir Lisboa, Wanessa Cysneiros, Rômulo Siqueira. [Tiragem] 11 mil exemplares
[Redação] Rua do Paissandu, 58 – Boa Vista Recife – PE | CEP: 50070-210 Telefone: (81) 3412.7508 / 7509 [E-mail] conexao@fachesf.com.br Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social | Fachesf Clayton Ferraz de Paiva · Presidente Luiz Ricardo da Câmara Lima · Diretor de Adm. e Finanças Maria da Salete Cordeiro de Sousa · Diretora de Benefícios [Projeto Gráfico e Diagramação] Corisco Design [Diagramação] Fátima Finizola [Ilustrações] Damião Santana (p. 9, 10-18, 31-34, 36), Leandro Lima (p. 20-21, 25, 29, 46-49), Júlio Raphael Klenker (27-28, 37, 40, 50, 56-60), Fátima Finizola (p.42). [Impressão] Gráfica Santa Marta
* Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Conexão Fachesf. ** O Participante Ativo que quiser receber sua revista em casa, deve solicitar através do e-mail conexao@fachesf.com.br.
orial
4·5
Comunicação, abelhas e voluntariado Impulsionada pelas inovações tecnológicas, a comunicação tem mudado de forma bastante rápida. A cada segundo, surgem novas formas de trocar informações e interagir com os outros, em um ritmo tão alucinante quanto a quantidade de dados que circula diariamente pela internet. Para marcar presença nesse mundo altamente conectado, as organizações precisam estar sempre um passo à frente do seu tempo, buscando diferentes soluções de comunicação para seus diversos públicos. Foi na busca desse caminho que a Fachesf lançou, em abril deste ano, a sua TV corporativa. Moldada para levar aos seus Participantes uma proposta inovadora que integra ao mesmo tempo imagem, som, conectividade e interação, a TV vai funcionar como um importante espaço para o Programa de Educação Financeira e Previdenciária da Fundação. A cada semana, um dos quatro canais disponíveis será atualizado, trazendo esse e outros temas de interesse de todos os telespectadores. Nas páginas a seguir, você conhecerá um pouco mais desse novo veículo e suas funcionalidades.
e evitar complicações financeiras no futuro? É possível mostrar a eles que, apesar de não haver uma receita única e imutável para administrar os próprios recursos, algumas dicas podem ser bem valiosas na hora de cuidar do bolso? Essas e outras questões são respondidas por especialistas que afirmam que a infância é o momento ideal para discutir esse assunto em casa. Nas editorias de saúde, você vai descobrir o que é artrite reumatoide, uma doença que atinge quase dois milhões de pessoas somente no Brasil, e por que é importante alimentar-se de forma balanceada e tomar doses diárias (e na medida certa!) de sol para assegurar um correto nível de vitamina D no organismo. Além disso, prepare-se para uma viagem no tempo e comemore junto com a gente os 20 anos do Fachesf-Saúde. A Conexão Fachesf traz ainda uma interessante reportagem sobre o fantástico mundo das abelhas e as propriedades benéficas do mel, uma matéria sobre os 30 anos de uma famosa praça recifense, onde literatura é palavra de ordem, e um especial sobre voluntariado. Conheça o que sentem as pessoas que fazem o bem aos outros e saiba o que é necessário para entrar de vez nesse time. Desde já, a gente adianta: não é preciso muita coisa. Basta força de vontade, disposição e o sentimento de que, sim, dá para fazermos do mundo um lugar melhor para se viver. Sinta-se convidado a mergulhar conosco em histórias de gente que aprendeu na prática como isso é possível.
[Nasce uma ideia, cresce uma parceria] Ainda falando em mudanças, merece destaque a posse do novo diretor-superintendente da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), José Maria Rabelo, que em abril passou a comandar a entidade. O novo superintendente falou com exclusividade à Conexão Fachesf sobre o que espera para os próximos meses, quais os principais desafios a ser enfrentados e como está o momento atual dos fundos de pensão no Brasil.
Na matéria de capa, a bola da vez são as crianças. Afinal, como ensinar aos nossos filhos, desde pequenos, a lidar de forma correta com o dinheiro
Boa Leitura! Laura Jane de Lima | Editora Geral
“Ainda temos muito a realizar” Entrevistado | José Maria Rabelo
Foto: Acervo Previc
A criação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), em dezembro de 2009, representou um grande avanço no segmento de previdência complementar fechada no Brasil e uma prova de reconhecimento do governo da importância do setor. Dotado de autonomia administrativa e orçamento próprio, o novo órgão – substituto da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) – já surgiu com autoridade para fiscalizar e supervisionar as ações realizadas pelas 369 Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) existentes no País, zelando pela segurança do patrimônio de milhares de participantes. Em pouco mais de um ano de atividades, foram inúmeras as conquistas alcançadas pela Previc. Mas muito ainda há a ser feito. Essa é a opinião do diretor-superintendente José Maria Rabelo que, desde 13 de abril deste ano, assumiu o comando da instituição. Formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – onde também concluiu MBA em Formação Geral Básica –, o novo dirigente já ocupou a direção de comércio exterior e a superintendência estadual do Banco do Brasil no Estado de São Paulo, a presidência do conselho deliberativo da Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) e o conselho de administração da BrasilPrev. Autor de diversos artigos publicados em veículos de comunicação de ampla circulação no País, José Maria Rabelo concedeu uma entrevista exclusiva à Conexão Fachesf e falou sobre os desafios que serão enfrentados nos próximos meses, as ações sob responsabilidade da Previc e outros temas revelantes para Participantes de Entidades Fechadas de Previdência Complementar.
CF | Como o senhor avalia a evolução do sistema de previdência complementar brasileiro nos últimos anos e quais os principais desafios que enfrentará à frente da Previc? JM | Não há como negar que o sistema de previdência complementar cresceu bastante nos últimos anos, devido ao empenho do governo em buscar novos patrocinadores, investir na Previdência Associativa, regulamentar as leis complementares nºs 108 e 109 e incrementar a fiscalização, aumentando o número de auditores fiscais. Para se ter uma ideia, no início dos anos 2000, os fundos de pensão acumulavam recursos em volume superior a R$ 290 bilhões, representando 16% do Produto Interno Bruto. Atualmente, as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) administram um patrimônio que supera os R$ 500 bilhões. Além disso, houve um aumento de 17% na quantidade de EFPC; 48% na quantidade de planos; 44% de crescimento de patrocinadores e 17% no número de participantes. Trata-se, portanto, de um sistema robusto, que, graças às providências normativas adotadas, enfrentou bem a crise financeira de 2008, mas do que requer toda a atenção do órgão supervisor, exatamente por seu tamanho, já que é o oitavo do mundo.
desse programa, não só pensando na economia que farão ao deixar de encaminhar o relatório impresso para os participantes no final do ano. Esse é o ganho menos relevante, eu diria. Também, e principalmente, as EFPC devem considerar os resultados positivos que deverão advir, ao propiciarem que seus participantes e assistidos tenham uma reta compreensão de como seu dinheiro está sendo aplicado para que possam opinar a respeito. É a maneira mais garantida de que terão a integralidade de seus benefícios ao se aposentarem. A Previc tem incentivado as EFPC a desenvolver seus programas depois de constatar, em pesquisa feita pelo Coremec (Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiros, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização), que esse órgão, integrado pela Previc, já discute o assunto há vários anos. Este tema afeta diretamente os mercados financeiros, de capitais, de seguros, de previdência, e é papel do Estado oferecer uma política pública de fomento e incentivo à educação financeira.
“O maior desafio que enfrentarei à frente da Previc será o de manter as condições necessárias para seu contínuo crescimento.”
Por isso, acredito que o maior desafio que enfrentarei à frente da Previc será o de manter as condições necessárias para seu contínuo crescimento. Sabemos que ainda temos muito a realizar, quando nos comparamos com os sistemas de economias mais maduras, cujo setor já está consolidado. Portanto, nosso empenho será o de favorecer a adesão de novos participantes e a criação de novos planos e entidades, meta a ser perseguida por todos os agentes do setor. CF | Quais serão os temas que receberão maior destaque na agenda da Previc nos próximos meses? JM | Um dos temas que certamente estará na nossa agenda, na dos fundos de pensão e na de outros componentes do sistema é a educação financeira e previdenciária, uma das condições essenciais para o desenvolvimento do setor. É preciso que todos os fundos se conscientizem da importância
Pretendemos trabalhar primeiro internamente e depois em conjunto com a Secretaria de Políticas de Previdência Complementar (SPPC) e com as associações representativas do setor, no sentido de manter um ambiente normativo e operacional que favoreça o pleno e contínuo desenvolvimento do sistema. CF | A certificação dos dirigentes de fundos de pensão vai continuar recebendo destaque da Superintendência? JM | Sim. A questão da certificação deve ser uma pauta presente na agenda dos fundos de pensão, tendo em vista que enriquece os currículos dos dirigentes e, de certa forma, dá mais tranquilidade aos participantes. É bom ter em mente, todavia, que a certificação é uma condição desejável, mas não suficiente. Mais importante é termos, de fato, gestores com real conhecimento de suas responsabilidades para com participantes e assistidos e, claro, dos riscos e demais aspectos das diversas modalidades de aplicação dos ativos dos fundos, prevenindo-se contra quaisquer danos ao patrimônio da coletividade.
6·7
“A responsabilidade fiduciária, a ética e a transparência são muito importantes quando se trabalha com o dinheiro de outras pessoas.” CF | Como o estímulo a essas duas práticas (Certificação de Dirigentes e Educação Previdenciária) irá beneficiar os fundos de pensão e, consequentemente, seus participantes, dependentes e a sociedade? JM | É notória a importância que o mercado financeiro dá atualmente à certificação de seus profissionais, sobretudo diante do crescimento das práticas de autorregulação, que pressupõem um dever maior dos administradores. A responsabilidade fiduciária, a ética e a transparência são muito importantes quando se trabalha com dinheiro de outras pessoas. A Previc conta com um Programa de Educação Previdenciária – Educom – cujo objetivo é informar e conscientizar a população brasileira para a importância da previdência social, oferecendo condições para que as pessoas possam refletir sobre a responsabilidade individual pelo planejamento financeiro e previdenciário, com a finalidade de assegurar proteção social aos cidadãos. A Superintendência e o Ministério da Previdência Social pretendem, com o programa de educação previdenciária, aumentar o conhecimento da população sobre os diversos regimes de previdência social, suas diferenças, benefícios e vantagens. Suas ações devem tratar, prioritariamente, de planejamento financeiro; vantagens e benefícios da previdência social; regimes de previdência, planos de benefícios e planos instituídos, de forma que a população possa perceber o nível de benefícios decorrentes do acúmulo de renda mensal ao longo dos anos, incentivando as pessoas a pouparem.
CF | Quais aperfeiçoamentos devem ser esperados pelos fundos de pensão no que se refere aos mecanismos de supervisão do Sistema? JM | Como disse acima, além da manutenção de um ambiente regulatório claro e seguro, juntamen-
te com os demais atores do sistema, a Supervisão Baseada em Risco (SBR) continuará a fazer parte da agenda permanente da Previc. Trata-se de um sistema recomendado pela IOPS (Organização Internacional de Supervisores de Fundos de Pensão) e adotado pelos fundos de pensão dos países mais desenvolvidos. A implementação da supervisão baseada em risco apresenta desafios, tanto para os fundos de pensão, no que concerne à efetiva gestão de riscos, como para o órgão regulador e supervisor, no que diz respeito ao desempenho de seus mandatos legais orientados para os riscos, a fim de conduzir o sistema de previdência complementar fechado para um ambiente mais favorável à solidez sustentável. A Previc já produziu um manual, distribuído nas entidades, sobre as melhores práticas de supervisão baseada em risco. Ali, ela alerta que a ação do Estado ultrapassa o papel de coerção ou de fiscalização. A Previc se organiza para promover a adoção de boas práticas de gestão, de forma que, realizadas de maneira prudente, ética e diligente, essas práticas tenham como foco o gerenciamento de risco e o pleno exercício do dever fiduciário.
CF | Na sua opinião, como os Participantes podem ser mais atuantes e contribuir para a consolidação do seu fundo de pensão? JM | A comunicação entre o fundo de pensão e o participante é um dos elementos básicos nessa melhor atuação entre as duas partes. A Lei Complementar nº 109/01 prevê a obrigatoriedade de o participante ser informado, pelo patrocinador, sobre a gestão dos planos de benefícios. Além disso, os participantes e assistidos têm assento no conselho fiscal, conselho deliberativo e na diretoria executiva dos fundos de pensão, podendo, naqueles fóruns, defender seus interesses. Atualmente, quase todos os fundos de pensão dispõem de páginas eletrônicas com informações direcionadas aos participantes, sejam relativas às estatísticas, investimentos, rendimentos, aplicações e outras notícias. Paralelamente a esses recursos, é dever da entidade ter uma ouvidoria – instrumento destinado à promoção da participação popular e à transparência dos órgãos. O papel da ouvidoria não é o de procurar e apontar defeitos na ação da instituição, mas funcionar como uma ferramenta de controle da qualidade do serviço prestado ao participante. E este deve cobrar que sua entidade tenha tal recurso.
As vantagens da contribuição eficiente Salete Cordeiro
deiro Salete Cdoe rBenefícios da Fachesf Diretora
Antes de falar da importância da Contribuição Eficiente para o futuro dos Participantes, inicialmente tecerei alguns comentários sobre um concurso de redação promovido pela Fachesf, em 1992, intitulado “Fachesf, 20 anos, garantia de futuro”. Na ocasião, a Fundação comemorava duas décadas de existência. Naquela oportunidade, tive a alegria de ver premiado, em primeiro lugar, o trabalho que escrevi referente ao tema deste artigo, cujo início dizia: “Foi-se o tempo em que se guardava botija enterrada no fundo do quintal ou que se juntava dinheiro costurado no colchão.” Hoje, quase duas décadas depois, resgato esse assunto para falar com vocês, não apenas como participante da Fachesf, mas como Diretora de Benefícios, que sente a responsabilidade de alertar os Participantes, levando-lhes informações sobre a garantia de tranquilidade no futuro que todos nós desejamos. A Fundação, ao longo de toda a sua existência, vem oferecendo planos de previdência para suplementação da aposentadoria, pois fica evidenciado que o benefício concedido pela Previdência Oficial é insuficiente para manter
o padrão de vida que o Participante mantinha quando estava na ativa. Esse fato é tão reconhecido publicamente, que o crescimento dos fundos de pensão em todo o Brasil só comprova essa assertiva. No momento, a Fachesf disponibiliza a todos o Plano de Contribuição Definida (CD), através do qual a Chesf, na condição de Patrocinadora, contribui com a paridade de um para um até o percentual máximo de cada Participante. Isso significa que, até determinado valor, o Participante deposita um real e a Chesf deposita outro, formando assim, a sua reserva; uma maneira vantajosa e segura, portanto, de compor uma poupança e proteger a independência financeira familiar. Para saber qual o seu percentual de contribuição eficiente, observe o extrato do seu benefício, no site da Fachesf (www.fachesf.com.br), e verifique quanto terá que poupar mensalmente para assegurar-se de que receberá um benefício previdenciário bem aproximado ou igual ao que recebe durante o período laborativo. Ademais, lembramos que a Fachesf periodicamente divulga as datas em que são possíveis os aportes de recursos extras, como no caso do 13º salário e da PLR. Se você, Participante, quer saber mais, procure os Agentes da Fachesf ou entre em contato com a Central de Relacionamento (0800.2817533). Uma decisão tomada no presente poderá ser significativa para a sua vida no futuro.
8·9
Paixão
por fazer o
bem Diante das últimas catástrofes climáticas vivenciadas no Brasil – como as fortes enchentes que devastaram regiões do Rio de Janeiro, Pernambuco, Alagoas e Santa Catarina –, um sentimento de solidariedade uniu milhares de brasileiros em torno do objetivo comum de oferecer algum tipo de ajuda às famílias desabrigadas. Através de doações materiais, mutirões de limpeza e assistência social, cidadãos de diferentes cidades do País saíram do conforto de seus lares, movidos pelo único desejo de minimizar o drama de quem, em algumas horas, perdeu muito ou quase tudo o que construiu. Existem, porém, centenas de outras pessoas que vão além dessa iniciativa e não agem somente em situações emergenciais. São aqueles que, de forma silenciosa, trabalham durante o ano inteiro, sem receber qualquer pagamento ou notoriedade, em causas de interesse social e comunitário, seja atuando em creches, hospitais e abrigos, campanhas educativas e culturais ou em defesa do meio ambiente e dos animais. Em poucas palavras: gente que dedica tempo e talento pela simples paixão de ser um voluntário.
Apesar de ser uma prática hoje bastante difundida no País – teve início com as primeiras Santas Casas –, não se pode dizer que o Brasil é uma nação engajada neste sentido. Pesquisa realizada pela CPM Market Research revelou que, enquanto nos Estados Unidos 62% da população faz algum tipo de trabalho voluntário, no Brasil esse índice corresponde a apenas 7% (grupo formado, em sua maioria, por mulheres). Uma das possíveis explicações talvez esteja no fato de que aqui o voluntariado ainda é percebido como uma atividade exclusiva para aposentados ou para quem precisa ocupar os dias (e a mente) de alguma forma.
possível encontrar uma atividade específica para cada tipo de pessoa, mesmo que seu tempo disponível seja curto.
Segundo Mário Mendes, coordenador dos voluntários da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD – Unidade Pernambuco), essa é uma visão errônea, uma vez que, com boa vontade e afinco, sempre é
Dados da CPM Market Research apontam que 54% dos jovens brasileiros desejam fazer algum tipo de trabalho voluntário, mas não sabem por onde começar. O primeiro passo é ter em mente que não é necessário possuir talentos especiais. Em essência, voluntariado significa servir. E para isso, basta ter vontade de ajudar e estar disposto a estabelecer uma relação humana solidária, empregando suas energias para melhorar a vida de uma comunidade.
“Recebo muitos candidatos a voluntários que chegam na instituição, por exemplo, porque foram recomendadas por um médico a buscar o voluntariado como um meio de curar a depressão. Mas ser voluntário não é isso. É escolher, por conta própria, colocar em prática as próprias habilidades para fazer o bem. Acima de tudo, é um exercício de cidadania”, explica Mário Mendes.
Condições
Em seguida, o candidato a voluntário deve procurar uma instituição, conhecer a fundo seu trabalho e valores e encontrar uma atividade que tenha a ver com o seu perfil. A maioria das organizações possui algum tipo de treinamento para os novos voluntários, que são orientados a como melhor exercer sua função dentro do grupo. Alessandra Fernandes, psicóloga da Cruz Vermelha Brasileira
(Filial do Estado de São Paulo), esclarece que, para ser um voluntário, é essencial que o candidato compreenda que não poderá seguir suas próprias regras e objetivos, sem considerar as necessidades da instituição em que está servindo e das pessoas que receberão a ajuda. “O trabalho voluntário consiste em motivações pessoais e na identificação com a atividade a ser realizada, pois se não houver um significado e compromisso com a missão e os valores da entidade, o voluntário não permanece”, diz. Para ser voluntário da Cruz Vermelha – cuja principal missão é prestar socorro em situações de emergência provocadas por desastres –, por exemplo, os candidatos passam por um processo seletivo e assumem o compromisso de desempenhar uma tarefa que se enquadre no seu perfil e na necessidade da instituição. Para isso, são considerados seu conhecimento técnico e características comportamentais como capacidade de colaboração, responsabilidade, iniciativa, neutralidade e respeito. Enquanto algumas pessoas optam por contribuir em atividades condizentes com sua área profissional, outras preferem por fazer tarefas fora de sua competência, como uma forma de vivenciar novas experiências. É assim que muitos descobrem que são capazes de atuar como contadores de história, cuidadores, recreadores e tantas outras ocupações. É importante esclarecer ainda que, apesar de estar comumente associado a atividades desenvolvidas em creches, asi-
de abraçar uma causa social, o cidadão assume a responsabilidade por algo e deve realizar suas tarefas com dedicação e empenho. Quando isso acontece, o voluntário descobre que também tem muito a ganhar”.
los, hospitais e escolas – cuja atuação se dá, na maioria dos casos, em contato direto com o publico dessas instituições –, o trabalho voluntário vai muito além disso. A população, de uma forma geral, ainda não descobriu que é possível agir nos “bastidores” e que essas tarefas são igualmente importantes para o crescimento da comunidade. Incluem-se nessa lista tarefas de manutenção de arquivos, controle financeiro, captação de recursos, assessoria de comunicação, consultoria jurídica, obras e reformas, planejamento de eventos, realização de campanhas educativas, etc. As oportunidades são inúmeras e cada um do seu jeito pode dar um pouco de si. Basta arregaçar as mangas e seguir em frente. O mais importante, afirma Mário Mendes, é que o voluntário entenda que esse tipo de trabalho, como qualquer outro, mesmo que não remunerado, deve ser encarado como um compromisso. “Quando deci-
Esse aliás, é o pensamento que une os voluntários de todo o mundo: fazer o bem faz bem. Como uma vida de mão dupla, a pessoa que ocupa parte do seu tempo em favor do outro também vivencia uma experiência gratificante e prazerosa, através da qual tem a satisfação de se sentir útil e transformar a própria vida a partir de um gesto diário de solidariedade. O voluntariado, enfim, é um modo privilegiado de contri-
buir para a melhoria das condições de uma comunidade e ainda fazer bem a si mesmo. Nessa conta, o resultado é simples, pois todos saem ganhando: a sociedade, que pode aproveitar o que cada um tem de melhor dentro de si, e o voluntário, que vive a impagável experiência de fazer a diferença na vida de alguém.
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E você, já abraçou essa ideia? Que tal começar hoje mesmo? Procure uma instituição e ofereça-se como voluntário. Nas páginas a seguir, você vai ler o depoimento de quem decidiu ser não somente mais um no mundo, mas alguém que imprimiu na sua própria vida uma história de dedicação e amor por gente quase sempre desconhecida.
“Ser voluntário é escolher, por conta própria, colocar em prática boas habilidades para fazer o bem.” Mário Mendes
Números do voluntariado
Áreas de Atuação dos voluntários
BRASIL
Pesquisa apresentada durante a Feira e Congresso Internacional ONG Brasil – evento realizado em dezembro de 2009, em São Paulo (SP) – revelou que, no Brasil, 57% dos voluntários atuam em instituições religiosas, 17% em assistência social, 14% em áreas de saúde e educação e 8% em defesa de direitos e ações comunitárias.
Atividades dos voluntários
Com relação às atividades, 53% dos voluntários prestam serviços de limpeza e infraestrutura, 15% atuam na captação de recursos, 14% em atividades religiosas e 18% em ensino e treinamento, apoio psicológico e aconselhamento, cuidados pessoais e serviços profissionais em geral. Independentemente da atividade desenvolvida, porém, o que a grande maioria busca ao engajar-se em um trabalho voluntário é cumprir o desejo de ajudar a resolver parte dos problemas do País, sentir-se útil e valorizado e fazer algo de diferente em seu dia a dia.
Dez anos de voluntariado Em 20 de novembro de 1997, uma Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas proclamou 2001 como o “Ano Internacional do Voluntário”. Na ocasião, cada um dos países que aderiu à causa se comprometeu a ampliar a divulgação, promoção e reconhecimento do trabalho voluntário como forma de sensibilizar a sociedade em favor dos mais carentes. Dez anos depois, em 2011, está sendo comemorada a Década do Voluntariado, que tem como
objetivo continuar promovendo o trabalho voluntário por meio de um maior diálogo, da participação de cidadãos, empresas e governos e do mapeamento da trajetória realizada pelo movimento durante esse período. É um momento importante para reforçar a importância do voluntariado em todos os continentes e convidar a população para um debate sobre o tema, que vem demonstrando ano a ano seu potencial em diminuir as desigualdades sociais e ajudar a construir um mundo mais justo para todos.
“Há alguns anos, fui visitar um tio internado no Hospital do Câncer (Recife/PE) e fiquei encantada com o trabalho de duas voluntárias que atuavam na ala dos pacientes terminais. Eu olhava para elas e via tanta alegria e entusiasmo – em um lugar que tinha tudo para refletir somente tristeza e solidão –, que senti uma vontade imensa de fazer parte daquilo. Foi um estalo: em poucos dias, já estava de bata branca, cuidando dos doentes, contando histórias. Minha única motivação era poder ajudar. No início, claro, não foi fácil. Com o tempo, porém, aprendi a conviver naquele mundo, no qual me vi completamente envolvida e que virou uma espécie de segunda família. Fiquei lá por cinco anos. Até que conheci a AACD (Assistência de Apoio à Criança Deficiente), onde comecei a fazer um trabalho externo, sempre depois do meu expediente na Chesf, instalando e recolhendo os cofrinhos coletores de doação em diversos estabelecimentos do Recife. Essa é a atividade que desenvolvo há 11 anos e que me realiza completamente. Faço um trabalho silencioso; ninguém me vê. E nem é necessário, pois a minha satisfação não está em ser reconhecida ou receber qualquer tipo de retorno, mas no simples fato de saber que estou contribuindo para melhorar a vida de alguém.
“Minha única motivação era poder ajudar.”
É gratificante ver a evolução das crianças atendidas pela instituição, ouvir os depoimentos felizes das mães. Quando outras pessoas percebem isso, sentem vontade de ajudar também e uma grande corrente acaba se formando. Ser voluntário é muito, muito bom. Tanto que, assim que me aposentar, espero poder preencher todo o meu dia com novas atividades, pois se há um tempo para ganhar, há outro para devolvermos ao outro todas as coisas boas que recebemos da vida.”
Jurema Paz é Participante da Fachesf, reside no Recife/PE e atua há 11 anos na AACD, instituição sem fins lucrativos, cuja missão é promover a prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência física, especialmente de crianças, adolescentes e jovens, favorecendo a integração social. Informações: http://www.aacd60anos.com.br
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Foto: Roberto Santanna
“Descobri o trabalho voluntário de uma forma bastante casual. Estava andando na rua, quando vi um prédio muito humilde, no qual eram realizadas atividades de assistência social para adultos desempregados. Como meus filhos já estavam criados e eu tinha bastante tempo disponível, achei que era a hora de fazer algo que sempre fora uma grande vontade minha. Entrei, perguntei sobre a atuação do grupo e saí de lá voluntária. No início, trabalhava com os mais velhos, mas logo mudei para a ala das crianças, onde continuo até hoje, vinte anos depois. Ajudo a tomar conta dos pequenos enquanto seus pais frequentam as aulas dos cursos profissionalizantes promovidos pela instituição, invento brincadeiras, cuido dos machucados e tento proporcionar-lhes o que toda criança precisa: um pouco de acalento e atenção. É algo que faço com tanto amor que já se tornou parte da minha vida. O sentimento vem de dentro, não tem explicação. Sempre quando reencontro alguma das crianças que já passaram pelo berçário e recebo um abraço, sinto que fiz algo de bom por alguém. Essa é a maior de todas as recompensas. Para ser voluntário, só é preciso arrumar um tempinho no dia e se doar. Aliás, para ajudar o próximo, às vezes nem é preciso estar em um lugar definido. Podemos fazer isso de várias formas, desde que tenhamos vontade. Acho que não viemos ao mundo somente a passeio, por isso, farei sempre tudo o que eu puder.”
“O sentimento vem de dentro, e não tem explicação.”
Eloá Salgado Pereira de Souza é Pensionista da Fachesf e reside no Rio de Janeiro (RJ). Ela trabalha há 20 anos no berçário da Obra Social Antônio de Aquino, entidade que oferece cursos profissionalizantes para pessoas humildes com o objetivo de dar-lhes oportunidades de geração de renda. Enquanto trabalham, os adultos deixam seus filhos no berçário, onde são acompanhados por um grupo de voluntário. A instituição existe há mais de três décadas.
“É com uma satisfação imensa que vemos o resultado de um trabalho coletivo realizado com tanto amor.”
“Sempre tive Deus como base de tudo o que faço e desde muito cedo a vontade de ajudar as pessoas esteve presente na minha vida. Era ainda jovem quando resolvi ingressar como voluntário no Focolare, um movimento de origem cristã que congrega pessoas de diferentes religiões em todo o mundo com o objetivo de espalhar o bem. Aqui no Recife, já conseguimos mudar a realidade de algumas comunidades carentes, como a antiga Ilha do Inferno que, após um grande trabalho realizado com a população do local, renasceu com o novo nome de Ilha de Santa Terezinha. É com uma satisfação imensa que vemos o resultado de um trabalho coletivo realizado com tanto amor. Como sou engenheiro de formação, emprego meus conhecimentos para contribuir em obras e reformas de escolas, unidades de saúde e casas populares. Acho que tudo o que sei só tem sentido quando usado em favor de outras pessoas. Sou muito feliz. Deus me deu a chance de formar uma família maravilhosa e sinto que preciso devolver isso ao mundo de alguma forma. Tenho uma filha que nasceu com paralisia cerebral e há 33 anos nos comunicamos somente por espírito. Nunca me revoltei com isso ou desejei que ela fosse diferente. Muito pelo contrário. Com ela, aprendi o que é o amor incondicional, aquele que você sente sem esperar nada em troca, e me senti ainda mais motivado a dedicar o meu tempo e minha vida em favor do próximo”.
Roberto Gomes Dias é Aposentado da Chesf (Recife/PE) e faz parte do Movimento Focolare, congregação de origem cristã, presente em 182 países. De maneiras variadas, participam dele milhares de cristãos de 350 Igrejas e comunidades eclesiais e pessoas de convicções não religiosas, que juntas realizam diversas atividades sociais em favor do próximo. Mais informações: http:// www.focolare.org/pt/
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“A ideia de que, quando parasse de trabalhar, faria algum trabalho voluntário nunca saiu da minha cabeça. Quando esse tempo chegou, decidi que era hora de começar a fazer algo pelos outros e comecei a pesquisar alguma atividade reservada, em que eu não precisasse aparecer muito. Foi assim que descobri a atuação da Sociedade dos Amigos Voluntários (Sav. Samaritanos), uma entidade que presta serviço de escuta telefônica para pessoas que precisam de suporte em fases difíceis de suas vidas. Pensei: é isso.
“Passei a aceitar o outro do jeito que o outro é.”
Entrei em contato com o grupo e participei de um treinamento preparatório. No início, demorei um pouco a entender a essência do trabalho. Até compreender que, na verdade, tudo o que eu precisava era somente exercer a empatia, ou seja, colocar-me no lugar do outro e ouvir suas histórias sem julgamentos, preconceitos ou aconselhamentos, apenas ajudando-o a encontrar suas próprias respostas. E tem sido assim nos últimos 15 anos. Uma vez por semana, durante o meu plantão que dura cinco horas, esqueço todos os meus problemas pessoais e coloco-me à disposição de pessoas desconhecidas apenas para escutar seus relatos, seus lamentos e até mesmo seu silêncio. Saber que posso ser útil dessa forma me realiza completamente. No Sav. Samaritanos, aprendi a ver a vida de um modo diferente. Entendi que as minhas insatisfações não são as maiores do mundo e passei a aceitar o outro do jeito que o outro é. No final, talvez a maior beneficiada desse trabalho seja eu mesma. Ser voluntária para mim é a melhor de todas as maneiras de agradecer a Deus por tudo o que recebi e recebo até hoje.”
S.T.S.R.* é Aposentada da Chesf e há 15 anos atua como Voluntária na Sociedade dos Amigos Voluntários – Samaritanos, uma associação civil filantrópica que tem como única função escutar e apoiar as pessoas que precisam desabafar suas angústias. A entidade, fundada há mais de 25 anos, atua na prevenção ao suicídio e precisa de novos voluntários para dar continuidade ao seu trabalho. Mais informações através do (81) 3223.4141. * Nome ocultado para preservar a identidade da voluntária, cujo trabalho é realizado de forma anônima.
Para ser um
voluntário
1. Ser voluntário é mais do que apenas fazer uma doação financeira. É participar ativamente de alguma tarefa em favor de outras pessoas. 2. Qualquer um pode ser voluntário. Não é necessário possuir qualquer habilidade especial. Basta ter boa vontade, iniciativa e disposição. 3. Trabalho voluntário não é ocupação apenas de quem tem muito tempo livre. Quando há motivação, sempre é possível ajustar o próprio horário e reservar algumas horas da semana para fazer o bem. 4. O voluntariado funciona como uma via de mão dupla: o voluntário doa seu tempo e energia, e ganha em troca a oportunidade de sentir-se útil, vivenciar uma experiência rica e fazer novos amigos.
Comitê de Cidadania dos Empregados da Fachesf Fundado há mais de 15 anos, o Comitê de Cidadania dos Empregados da Fachesf nasceu do mesmo ideal que converge todos aqueles que se dedicam ao voluntariado: o desejo de ajudar a tornar o mundo um lugar melhor. Composto por 17 pessoas, o grupo conta com o suporte dos demais colegas da Fundação que, todos os meses, colaboram financeiramente para a realização de diversas ações sociais, todas focadas no único propósito de fazer o bem a quem precisa de ajuda.
5. Para fazer o bem, também é preciso ter compromisso. Ao assumir uma atividade, o voluntário deve ter responsabilidade e realizar suas tarefas com criatividade e dedicação. 6. Antes de iniciar um trabalho, conheça a fundo a instituição onde irá servir, participe de treinamentos, quando oferecido, e busque contribuir segundo o seu perfil. 7. Não existem fórmulas ou receitas prontas para ser voluntário. Cada um atua como pode, no tempo que tem. Esteja aberto a vivenciar novas oportunidades. 8. O voluntariado é um exercício de cidadania e pode ser exercido por todos, sem discriminação a classes sociais, cor, idade ou orientação sexual.
Dentre as atividades desenvolvidas pelo Comitê em 2010, merece destaque o Bingo da Cidadania, cuja renda será inteiramente revertida para obras sociais em uma comunidade carente do Recife (PE). O grupo também articulou diversos voluntários em casos emergenciais, a exemplo das enchentes que mudaram a paisagem do interior pernambucano, ajudando a recolher e separar donativos de necessidade básica para atender a população das cidades de Barreiros, Belém de Maria e Palmares. Além disso, são promovidas anualmente ações como a distribuição de alimentos para moradores de rua e o Natal das Crianças, em parceria com os Correios. Tudo isso somado às tarefas permanentes do Comitê, que envolvem desde a doação de cestas básicas e medicamentos até as iniciativas de incentivo à sustentabilidade, através das quais se busca ensinar pessoas carentes a garantir geração de renda e seu próprio sustento.
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Imagine a seguinte cena: uma família fazendo suas compras mensais anda tranquila pelo hipermercado e, ao passar pelos diversos corredores, depara-se com a seção de brinquedos, sortida de jogos, bonecos, carrinhos e muitos outros objetos de desejos infantis. As crianças logo se agitam e imploram aos pais para levar dois ou três daqueles brinquedos.
Foto: Divulgação
Em situações dessa natureza, muitos adultos se vêem numa difícil posição e, pressionados, acabam cedendo aos caprichos dos pequenos, mesmo cientes de que tal atitude poderá extrapolar ou comprometer o orçamento. O cenário acima é bastante comum. Quem nunca passou ou presenciou situação parecida? Exemplos como esse, no entanto, devem ser encarados com mais cautela. Tais atitudes, tanto dos pais quanto dos filhos, podem ser um sintoma da falta de orientação financeira. Mas, como incutir na criança noções básicas de economia? E como esse entendimento poderá influenciar positivamente no seu comportamento a curto e longo prazo? A psicóloga clínica e orientadora em finanças pessoais, Patrícia de Rezende, considera que os ensinamentos financeiros são importantes e devem começar cedo, pois a forma como as pessoas lidam com o dinheiro revela diversos aspectos de sua personalidade, como valores ou conflitos. “Observar como os filhos se relacionam com essa questão é uma maneira de percebê-los como pessoas. Por exemplo, a impulsividade dos jovens na hora de gastar pode ser um sinal de imediatismo em suas ações, revelando uma possível dificuldade em esperar o tempo certo das coisas”, explica. Contudo, as vantagens da educação financeira não estão apenas no amadurecimento emocional ou na visão de futuro. Essa aprendizagem pode ser considerada um ponto crucial para o desenvolvimento de pessoas mais responsáveis com o próprio dinheiro. Nesse sentido, tudo dependerá de bons exemplos, estímulos e dedicação dos pais na conscientização e ensinamento. O resultado será crianças mais ambientadas com a sua realidade e mais bem preparadas para enfrentar os desafios econômicos. Algumas atitudes observadas pelos pais podem instigar o interesse dos filhos na organização das suas finanças. Motivar a participação dos pequenos na hora de fechar as contas mensais é uma das maneiras de incentivá-los. “O envolvimento de toda a família no orçamento da casa é válido, no entanto, é aconselhável que isso aconteça somente na adolescência ou pré-ado-
Patrícia de Rezende lescência, quando eles já podem ter mais noção da realidade”, explica Patrícia de Rezende. Situar os filhos na organização das despesas e receitas mensais da família também pode render boas economias, pois desde cedo eles passarão a pensar em como podem contribuir de alguma forma, seja ajudando nos trabalhos domésticos ou economizando nos gastos como luz, telefone, água, etc.
Métodos As palavras-chave para fazer os pequenos assimilarem boas noções em finanças são “estímulo” e “participação”. É fundamental dar-lhes acesso à informação, dentro das limitações infantis, e despertar o interesse pelo assunto de forma leve e lúdica. São maneiras de evitar que as crianças se tornem adultos vulneráveis a problemas como endividamento, estagnação financeira e consumismo. Um instrumento eficaz no desenvolvimento da noção de administração do dinheiro é a velha mesada. Entregar uma pequena quantia para
A Participante Cínthia Xavier (Recife/PE) acredita que a educação financeira exercitada através das mesadas traz um resultado positivo. Mãe de duas filhas (uma de cinco, outra de nove anos), ela iniciou a prática com a mais velha, que já tem uma noção mais clara de como lidar com dinheiro, mas, ainda assim, observa de perto como a quantia será empregada. “Estou sempre observando como ela vai gastar. Dependendo do que for, puxo o freio e explico os motivos. Quando as meninas recebem dinheiro de alguém da família, tento ficar atenta. Principalmente se a quantia for alta para a percepção delas. Fico com o controle e vamos combinando juntas como o valor deve ser utilizado”, detalha. Uma observação importante em relação à mesada diz respeito ao seu condicionamento ou não a trabalhos domésticos ou desempenho escolar. De acordo com Álvaro Modernell, mestre em finanças e especialista em educação financeira, não é aconselhável que o dinheiro seja dado em troca de tarefas que estão fora do contexto da criança. As mesadas, portanto, não devem ser vinculadas a qualquer trabalho doméstico, de modo que a família (pais e filhos) não confunda mesada com salário.
mostrar que são bons gestores do orçamento familiar. Esse aspecto é especialmente delicado quando se trata de questões relacionadas ao controle do consumo. Consumir é fundamental, mas exige atenção redobrada dos pais para que não haja excessos. Assim, quanto mais transparentes e coerentes eles forem com relação aos assuntos financeiros, mais facilmente os filhos vão entender e assimilar. A criança interage com diversos canais de comunicação e, na maioria deles, recebe muitos estímulos ao consumo. O que os adultos podem fazer é preparar as crianças para lidar com isso de maneira saudável. Ensinar desde cedo diferenças entre querer e precisar, ser e ter, essencial e supérfluo, qualidade e grife.
Independência Com o passar do tempo, as crianças tornam-se adolescentes e a maneira como elas enxergam as questões financeiras também mudam, pois ficam mais vulneráveis ao consumo de modis-
Foto: Divulgação
que a própria criança administre como e quando gastar é um grande exercício para o seu amadurecimento financeiro. Porém, essa prática deve ser feita sempre com o acompanhamento dos adultos e algumas ressalvas.
Nada impede, porém, que os pais, eventualmente, e se a criança concordar, combinem algum tipo de pagamento por afazeres não relacionados às suas próprias obrigações sociais, como lavar o carro ou regar as plantas do jardim. A mesma orientação serve para o desempenho escolar; ou seja, os pais precisam participar ativamente das atividades escolares dos filhos, independentemente de estímulo ou castigo financeiro. “Se não for assim, caso a família passe por apertos econômicos, por exemplo, corre-se o risco de os filhos acharem uma ótima desculpa para não estudar”, completa Álvaro Modernell. Dar o exemplo também é essencial para o aprendizado. Crianças costumam seguir os passos dos adultos e repetir suas ações, por isso, dizer o que ela deve fazer não é suficiente; os pais precisam
Álvaro Modernell
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mos, o que pode levar a compras impulsivas ou exageradas. Nessa fase, os limites e responsabilidades devem ser reavaliados e redobrados. Outro conflito que nasce com a proximidade da independência é o momento em que o jovem, em busca de novos horizontes, arruma seu primeiro emprego. Surge então a dúvida: cancelar ou não a mesada? Segundo Álvaro Modernell, deve haver um período de transição para evitar um desestímulo. “Acho que é importante a existência de uma etapa de passagem, na qual o filho se beneficie de ambas as fontes de renda. O salário poderia ser usado com independência, enquanto a mesada dos pais poderia servir como incentivo à continuidade dos estudos, viagens, formação de poupança ou investimento”, conclui. Na família do Participante Almir Falcão, o cancelamento da mesada aconteceu por iniciativa da própria filha, Juliana Falcão. Quando a estudante começou seu primeiro estágio, sentiu-se segura o suficiente e pediu a suspensão da mesada. “Acho que a forma como orientei meus dois filhos desde cedo os ajudou a lidar bem com o dinheiro. Por isso, eles nunca me deram qualquer preocupação com questões financeiras. É muito importante que as crianças tenham uma boa base e aprendam a ter limites no futuro”, conta satisfeito. Para aqueles pais que querem organizar a vida dos pequenos de maneira mais completa e têm condições financeiras para tal, existe ainda a possibilidade de investir em uma poupança para as futuras necessidades dos filhos. Previdência complementar, carteira de ações e títulos públicos são ótimos destinos para esses recursos. E as formas de usar essa reserva são as mais variadas. Seja para comprar a casa própria, fazer um intercâmbio internacional ou ajudar a montar o primeiro escritório/consultório profissional, a ajuda financeira será muito bem-vinda por aqueles que estão começando a caminhar com os próprios pés.
“Quando as meninas recebem dinheiro de alguém da família, tento ficar atenta. Principalmente se a quantia for alta para a percepção delas. Fico com o controle e vamos combinando juntas como o valor deve ser utilizado.”
Cínthia Xavier
Participante | Recife · PE
“Acho que a forma como orientei meus filhos desde cedo os ajudou a lidar bem com o dinheiro. Por isso, eles nunca me deram qualquer preocupação com questões financeiras. É muito importante que as crianças tenham uma boa base e aprendam a ter limites no futuro.”
Almir Falcão
Participante | Recife · PE
Dicas Ter disciplina. É o preceito básico para que
tenhamos bons hábitos como escovar os dentes, organizar nossos pertences e estudar regularmente, e nesses bons hábitos inclui-se o controle de gastos ou do impulso de consumo.
Dar bons exemplos.
É fundamental que os pais adotem em casa boas práticas financeiras para que, através do exemplo, ensinem naturalmente.
Manipular o dinheiro. Quando peque-
nos, os filhos devem ser convidados a manipular dinheiro, conhecer as figuras das cédulas e moedas. O objetivo é fazer com que se sintam à vontade, evitando despertar paixões por um bem inacessível.
Usar métodos atraentes. Ensinem com jogos, livros, brincadeiras e outros instrumentos lúdicos. Se vocês querem ver seus filhos realmente interessados pela educação financeira, façam dela uma atividade divertida.
Abrir o jogo. Se a família estiver endividada, abra o jogo com as crianças e transformem o sacrifício em gincana, estabelecendo prêmios para quem contribuir para o ajuste.
Dicas de Gustavo Cerbasi, consultor financeiro e autor dos livros Casais inteligentes enriquecem juntos e Filhos inteligentes enriquecem sozinhos.
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Orçamento familiar e maior qualidade de vida: um casamento perfeito. Maria Elizabete Silva não é garantia de sucesso, assim como tampouco a gestão individual garante que cada um aja de forma integrada para alcance dos melhores resultados para a família. Independentemente da forma como um casal controla suas finanças (conjunta ou repartida), o imprescindível é a prática do planejamento orçamentário para identificação dos objetivos, diretrizes e metas que tenham o dinheiro como meio, visando a uma melhor qualidade de vida no presente e no futuro.
bilista e
· Conta bete Silnavnaceira da Fachesf a z li E ia r a M o-fi gerente
ic
econôm
Todos sabemos que a vida a dois demanda a necessidade de um constante autodesenvolvimento para que os desafios diários sejam enfrentados com tranquilidade e sabedoria, no sentido de evitarmos danos pessoais ou que prejudiquem a relação conjugal. Para alcançar tal maturidade, não restam dúvidas de que a prática de conversar com naturalidade sobre as questões que afetam o casal é fundamental. E dialogar, nesse sentido, significa iniciar o assunto de forma simples, sem ensaios ou hora marcada, como se conversam sobre os problemas sociais, econômicos e políticos que afetam o país. É nesse contexto que destaco a importância do cuidado que um casal deve ter em administrar o orçamento familiar em conjunto, ou seja, gerindo suas finanças também com união. Mas para que isso seja possível é necessário, antes de tudo, que ambos identifiquem e respeitem as particularidades e individualidades um do outro. Não há, no entanto, modelo ideal para que o casal tenha uma boa relação com o dinheiro e por meio dele realize sonhos, pois cada pessoa tem sua forma particular de lidar com essa questão. A prática nos mostra que administrar as remunerações, a conta corrente e os cartões de crédito de forma conjunta
É necessário ressaltar que estou falando da busca pelo ponto de interseção do casal, que somente será conquistado quando for adotada a prática de conversar abertamente sobre questões financeiras, sem tabus ou preconceitos, no sentido de identificar qual o perfil financeiro de cada um (poupador, gastador, descontrolado, desligado ou financista). Além disso, é necessário ainda nivelar o entendimento sobre as prioridades e planos, respeitando-se os desejos e prioridades individuais que não afetarão o planejamento financeiro familiar. A partir desses ajustes, é hora de iniciar o processo de registrar as rendas, gastos e dívidas, traçar as ações necessárias para o alcance do equilíbrio financeiro e manter o acompanhamento das realizações financeiras, de preferência uma ou duas horas por semana. Com o conhecimento sobre sua capacidade de manter a disciplina em relação às ações que foram traçadas e a clareza sobre o destino que está sendo dado ao dinheiro, o casal terá tranquilidade para rever ou validar seu orçamento familiar e planejar o futuro financeiro determinando seus planos e metas. É evidente que nesse processo poderá haver a presença de algum desconforto e do conflito de idéias, uma vez que se tratam de pessoas diferentes, com pensamentos e visões distintas. Mas a conversa aberta e natural sobre o dinheiro facilita o enfrentamento desses desafios, principalmente se ambos entenderem que essa disciplina – e todos os acordos – têm como resultado uma vida mais confortável e tranquila, com a garantia de importantes conquistas futuras, como a faculdade dos filhos, a previdência privada do casal, plano de saúde para a família ou o prazer inesquecível de uma viagem a dois.
Uma bússola para os investimentos
Diariamente fundos de pensão de todo o Brasil, a exemplo da Fachesf, lidam com milhares de reais de seus Participantes, investindo esses recursos para garantir a todos uma aposentadoria tranquila no futuro. A responsabilidade é grande e muitas são as decisões que precisam ser tomadas para assegurar que os investimentos escolhidos tenham o retorno esperado.
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Nenhum investimento, no entanto, possui garantia de resultado. Mesmo para os maiores especialistas em finanças, não é possível ter certeza absoluta se as aplicações financeiras alcançarão ou não o resultado pretendido. Dessa forma, a possibilidade de algo dar errado sempre existe. Para minimizar os riscos, as Entidades Fechadas de Previdência Complementar precisam adotar critérios e procedimentos para alocação dos recursos, que devem ser aplicados de acordo com as necessidades de pagamento dos benefícios em curto e longo prazo. Essas necessidades, também conhecidas como passivo atuarial, são específicas para cada plano. Assim, na gestão dos recursos de um plano de previdência, é essencial que sejam conhecidos alguns aspectos como: estimativas de valores para pagamento de benefícios (por plano) ao longo dos anos; expectativas de retorno e de riscos dos investimentos; e situação econômico-financeira atual do plano. Com essas e outras informações, são realizados estudos e simulações que visam estabelecer o melhor destino para os ativos (recursos). A alocação ideal é aquela que apresenta uma expectativa de retorno e de risco compatível com as necessidades do plano. Não se deve, por exemplo, investir esses recursos buscando maximizar o retorno sem limites para os riscos, assim como, na gestão dos recursos pessoais, não se deve aplicar o salário mensal sem levar em conta os riscos. É importante que se tenha em mente o caráter previdenciário desse dinheiro. Portanto, dadas as possibilidades e limitações para os investimentos, é necessário que sejam definidos fatores como: limites por aplicação, melhores alternativas nos cenários admitidos, quanto deve ser destinado para cada uma dessas opções, horizonte de tempo, critérios e procedimentos para aplicação dos recursos, entre outros. Essas definições estão todas contidas em um dos mais importantes instrumentos de gestão de recursos para os fundos de pensão, chamado de Política de Investimentos. Exigido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), através da Resolução n.º 3.792/2009, esse documento é constituído por um conjun-
to de regras que servem como diretrizes para a aplicação dos recursos dos planos de benefícios administrados por um fundo de pensão. Ou seja, é um guia de orientação – elaborado pela entidade e aprovado pelo Conselho Deliberativo até 31 de dezembro de cada ano – que regula a gestão do patrimônio dos planos e estabelece critérios e procedimentos para aplicação dos recursos, focado no alcance de melhores resultados. A Política de Investimentos funciona, portanto, como uma bússola que orienta os navegadores (gestores de recursos) em condições normais de navegação (mercado). Em situações de tempestade (estresse de mercado), a prioridade é proteger-se das ondas (volatilidade), sem tirar o olho da bússola. Dada a importância desse instrumento, do qual depende a saúde econômico-financeira dos planos e, por consequência, a tranquilidade dos seus participantes na aposentadoria, torna-se cada vez mais necessário o seu conhecimento. Entretanto, como já dito anteriormente, apesar da relativa complexidade desses estudos e análises para se chegar a tais definições, elas estão longe de fornecer uma certeza absoluta, em face das dificuldades de se prever o comportamento futuro do mercado financeiro (ativos) e, em menor grau, das obrigações dos planos (passivo atuarial).
Quer conhecer a Política de Investimentos dos Planos CD, BD e BS? Acesse www.fachesf.com.br, clique em “A Fachesf” e, em seguida, no link “Investimentos”. Em caso de dúvidas, entre em contato com a Central de Relacionamento: 0800.281.7533.
Você sabe tudo sobre
previdência? PARTE IV 28 · 29
RESPOSTA X
?
CENTRAL
1. Em qual cidade/estado ficava localizada a primeira sede da Fachesf (1972)? Em São Paulo - SP Em Paulo Afonso - BA No Rio de Janeiro - RJ Não sei responder
39
ANOS
FACHESF
TIVO
A Fachesf completou 39 anos no dia 10 de abril. Para registrar tão importante data, o teste desta edição foi elaborado especialmente com perguntas sobre a Fundação. Preencha o formulário abaixo e envie para a sede da Fachesf ou para a Agência mais próxima.
RECIFE
Todos os Participantes que enviarem seus questionários concorrerão a vários brindes, independentemente da quantidade de acertos. A Fachesf também enviará a todos as respostas corretas.
2. Qual o nome do primeiro presidente da Fachesf? Luciano Pereira da Silva Aramis Marengo Mendonça Egmont Bastos Gonçalves Não sei responder 3. Em que ano os empregados do quadro próprio da Fachesf passaram a fazer parte da Fachesf, na condição de Participantes Ativos (autopatrocínio)?
2001 2002 2005 Não sei responder
4. Em quais cidades brasileiras a Fachesf mantém uma estrutura de Agências ou Subagências para atender aos seus Participantes e dependentes? Recife (Bongi) – Salvador – Paulo Afonso – Sobradinho – Xingo – Rio Largo – Aracaju – Campina Grande – Fortaleza – Teresina – Boa Esperança – Rio de Janeiro – São Paulo. Recife (Bongi) – Salvador – Paulo Afonso – Itaparica – Xingo – Rio Largo – Aracaju – Campina Grande – Teresina – Boa Esperança – Rio de Janeiro – São Paulo. Recife (Bongi) – Salvador – Paulo Afonso – Sobradinho – Rio Largo – Aracaju – Campina Grande – Natal – Teresina – Boa Esperança – Rio de Janeiro – São Paulo. Não sei responder
7. O atendimento presencial da Central de Relacionamento é realizado de segunda a sexta feira no seguinte horário: 8h às 18h 8h às 12h e 13h30 às 17h30 7h30 às 18h Não sei responder
8. Para seu maior conforto e comodidade, os Participante e seus dependentes podem se comunicar gratuitamente com a Central de Relacionamento da Fachesf através do seguinte telefone: 0800.281.7500 0800.281.7533 0800. 281.7503 Não sei responder
5. Em julho de 2004, a Fachesf lançou o seu Código de Ética. Quais os Valores que foram destacados no documento, com o objetivo de melhor nortear as atividades da Fundação, suas políticas e relações com os ambientes interno e externo? Foco no Participante – Ética – Responsabilidade Social – Transparência – Integração - Competência – Perenidade e Comprometimento Foco no Participante – Ética – Responsabilidade Social – Transparência – Integração – Solidariedade - Competência – Perenidade – Comprometimento - Participação Ética – Responsabilidade Social – Transparência – Integração – Solidariedade - Competência – Perenidade – Comprometimento Não sei responder.
6. Em que mês e ano a Fundação implantou a sua Central de Relacionamento, tornando mais ágil o atendimento prestado aos Participantes? Setembro de 2006 Outubro de 2005 Setembro de 2001 Não sei responder
9. Em que data é comemorado anualmente o Dia do Participante da Fachesf? 3 de setembro 10 de abril 24 de janeiro Não sei responder
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Desde os remotos tempos em que era colônia de Portugal, o Brasil nunca conseguiu estruturar um modelo eficiente para garantir atendimento hospitalar público e de boa qualidade para toda a população. Ao longo de mais de 500 anos de história, acumularam-se problemas como falta de condições mínimas para serviços de ambulatório, urgência e internação, filas intermináveis, falta de leitos e escassez de recursos financeiros, entre outros, que culminaram com a atual situação que atinge milhares de brasileiros.
No início da década de 1990, a questão da saúde passou a ser um problema para grande parte dos aposentados e pensionistas da Fachesf, que sem poder contar com um eficiente sistema público de saúde, também não tinham condições de arcar com altas despesas médicas ou pagar um plano de saúde do mercado. Além disso, os funcionários da Chesf que continuavam na ativa, não raro se complicavam financeiramente, devido ao estouro na margem do PAP, em consequência de despesas com internações hospitalares. Encontrar um caminho que minimizasse esses dois problemas representava um grande desafio para a Fachesf, até que, após uma série de estudos e consultas junto a Real Grandeza (Furnas) e outras entidades de previdência complementar que enfrentavam as mesmas dificuldades, foi iniciada a criação de um plano de saúde do tipo autogestão que oferecesse uma alternativa viável para proporcionar aos Participantes (ativos e aposentados) condições dignas de manutenção de sua saúde. Segundo o engenheiro Marupirajo Oliveira, presidente da Fachesf naquela época e um dos principais criadores do projeto, a decisão só foi possível graças à coragem e ousadia da Diretoria Executiva, ao suporte e apoio incondicional da Chesf e à aprovação do Conselho de Curadores (hoje Conselho Deliberativo), que acreditaram na proposta e agiram rapidamente para torná-la real. Assim, em maio de 1991, foi lançado oficialmente o Fachesf-Saúde, com o objetivo de proporcionar aos beneficiários e seus dependentes, cobertura total das despesas decorrentes de internação hospitalar por um preço abaixo do mercado. “Não tínhamos sequer uma estrutura física adequada e nossa equipe era muito reduzida. Também era preciso mudar a cultura dos Participantes, principalmente os Ativos que, por contar com o PAP, não eram acostumados à ideia de contribuir financeiramente para um plano de saúde. Foi um desafio e tanto!”, relembra Marupirajo Oliveira. Apesar do início incerto, o Fachesf-Saúde teve uma grande aceitação: no mês de lançamento, foram registradas cerca de quatro mil adesões.
Apenas oito meses depois (novembro de 1991), o plano já contava com 7.775 beneficiários, sendo 2.300 titulares e 5.475 dependentes. Em junho de 1992, com pouco mais de um ano de existência, esse número já havia crescido para um total de 11.364 beneficiários.
Evolução Ao longo dos anos, o cenário nacional ligado à assistência de saúde passou por grandes transformações e aperfeiçoamentos. Em 1998, o setor começou a ser regulado pela Lei 9656, que estabeleceu as coberturas mínimas para os planos e seguros de saúde, e pela Lei 9961, de 2000, que criou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para monitorar o seu funcionamento. Diante dessa nova realidade, todas as operadoras do País tiveram de adaptar seus planos de saúde e ampliar o rol de coberturas. Além disso, o avanço e a popularização da utilização de tecnologia na área médica, bem como o surgimento de tratamentos inovadores, trouxeram dispendiosos exames de diagnóstico, modernos equipamentos e procedimentos cirúrgicos cada vez mais sofisticados, mudando a forma
“Não tínhamos sequer uma estrutura física adequada e nossa equipe era muito reduzida. Também era preciso mudar a cultura dos Participantes, principalmente os Ativos que, por contar com o PAP, não eram acostumados à ideia de contribuir financeiramente para um plano de saúde. Foi um desafio e tanto!”.
Marupirajo Oliveira Ex-presidente da Fachesf
como a população passou a utilizar os serviços médicos. Ao passo que aumentou as exigências dos usuários por esses novos atendimentos, cresceram também os custos para assegurar a qualidade oferecida e o equilíbrio financeiro das operadoras – o que acabava refletindo no valor das mensalidades cobradas aos beneficiários. Para minimizar esse impacto, em 1995, o Fachesf-Saúde passou pela sua primeira grande alteração, sendo desmembrado em três diferentes planos: Básico, Padrão e Especial. Sandra Gallindo, atual gerente de planos de saúde da Fachesf, explica que a medida teve o objetivo de garantir alternativas que atendessem o interesse de cada usuário, oferecendo desde um plano hospitalar mais barato – que mantinha o foco original, cuja cobertura era restrita a internações hospitalares – até uma opção mais cara, que incluía o pagamento de parte das despesas com consultas médicas, exames, etc. Da época em que foi lançado até hoje, quando completa duas décadas de existência, o Fachesf-Saúde ainda enfrenta diariamente diversas barreiras para continuar oferecendo serviços de qualidade por preços abaixo do mercado. Clayton Paiva, atual presidente da Fundação, acredita que um dos principais desafios é conseguir atender igualmente não apenas os beneficiários, mas os órgãos reguladores e rede credenciada, sem, no entanto, desequilibrar financeiramente o plano. “A tecnologia tem avançado rapidamente e a capacidade de pagamento da grande maioria dos usuários não acompanha essa evolução na mesma velocidade. Por isso, satisfazer todas as partes que, de alguma forma, estão envolvidas, requer um grande exercício de gestão. Mas essa é uma causa que assumimos há muito tempo e pela qual temos trabalhado arduamente”, finaliza.
“A tecnologia tem avançado rapidamente e a capacidade de pagamento da grande maioria dos usuários não acompanha essa evolução na mesma velocidade. Por isso, satisfazer todas as partes que, de alguma forma, estão envolvidas, requer um grande exercício de gestão.”
Clayton Ferraz
Presidente da Fachesf
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A Aposentada Lúcia Queiroz foi a primeira beneficiária do Fachesf-Saúde. O momento de sua adesão foi registrado e faz parte da história da Fundação. Duas décadas depois, a Participante conta por que continua fazendo parte do Plano.
Duas décadas de satisfação “Tornei-me uma associada do Fachesf-Saúde, há 20 anos, por uma questão de pura confiança. Como Participante, conhecia a seriedade da Fundação e acreditei na proposta do novo plano. Hoje vejo que tomei a decisão acertada. O Fachesf-Saúde representa uma grande segurança, principalmente para os Aposentados. Tenho 67 anos de idade e uma boa saúde. Mas saber que, em qualquer situação mais grave, terei atendimento médico da mais alta qualidade a qualquer hora do dia ou da noite me deixa muito tranquila.”
Foto: Acervo Fachesf
“Tornei-me uma associada do Fachesf-Saúde, há 20 anos, por uma questão de pura confiança”
Lúcia Queiroz
Há duas décadas, o Fachesf-Saúde vem proporcionando aos seus beneficiários, titulares e dependentes, um serviço de qualidade, atuando de forma séria e responsável para manter seus compromissos financeiros e pagar sempre em dia seus credenciados. Mas para que esse cenário permaneça por muitos anos, é fundamental que o plano cumpra as exigências legais estabelecidas pelos órgãos competentes e adote medidas que protejam seu patrimônio. O atuário do Fachesf-Saúde, Luiz Fernando Vendramini, explica qual o melhor caminho a ser percorrido.
Dá para gastar mais do que se ganha? Como recursos próprios – que no Fachesf-Saúde é chamado de Fundo de Reserva –, a ANS estabelece, como mínimo, o valor de R$ 18.386.611,30, que corresponde a 3,16 vezes a receita mensal dos Planos (dados de dezembro/2010). Até essa data, o Fundo contabiliza R$ 15.952.729,17, representando 86,76% do teto mínimo necessário.
Luiz Fernando Vendramini Todos sabemos que, ao gastarmos mais do que ganhamos, corremos o risco de quebrar financeiramente. Se isto é verdade na economia pessoal, por que não seria no meio empresarial? Visando dotar as operadoras de planos de saúde de reservas, fundos e provisões que as capacitem a honrar seus compromissos presentes (pagamento das despesas médicas e hospitalares) e futuros (aumento de custos pelo envelhecimento da população e melhorias tecnológicas na saúde), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) exige, prudentemente, que essas empresas possuam um nível mínimo de garantias financeiras. Podemos separar essas exigências em dois grandes grupos: recursos próprios (reservas) e provisões técnicas. Ambos possuem regras bem definidas de cálculo, em função das receitas e despesas que são atualizadas mensalmente e ajustadas às próprias experiências da operadora, caso necessário.
Já as provisões técnicas referem-se às obrigações de pagamento de uma operadora de saúde para a sua rede credenciada em razão dos procedimentos médicos/hospitalares realizados pelos beneficiários. Pelas regras atuais da ANS, o montante atual dessas provisões equivale atualmente a 4,64 receitas mensais do plano. No caso do Fachesf Saúde, esse valor representa aproximadamente R$ 27 milhões de reais, ainda em fase de constituição. Diferentemente dos planos previdenciários, nos quais há um período de acumulação de contribuições (atividade) e um período posterior de gozo de benefício (inatividade), nos planos de saúde, o usuário paga e utiliza o plano ao mesmo tempo. Isso exige um esforço maior de contribuição porque, tão importante quanto gastar menos do que se ganha, é ter a garantia de uma reserva financeira todos os meses de modo a assegurar aos beneficiários e credenciados suas necessidades atuais e futuras, como o descobrimento de novas epidemias, aumento de utilização do plano, novas tecnologias, medicamentos e materiais médicos, aumento da longevidade e saúde do idoso, para citar alguns exemplos.
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O papel do auditor odontológico Elvira Soares
O auditor não é uma figura que coloca empecilhos no tratamento elaborado pelos prestadores ou um instrumento de pressão para diminuição dos custos a qualquer preço. Nossa atuação busca evitar possíveis erros técnicos e apontar os reparos necessários, sem cunho penal para nossos colegas de profissão. O que fazemos tem o objetivo de garantir a qualidade dos serviços de saúde oferecidos e promover o processo educativo, visando à melhoria do atendimento oferecido aos beneficiários. E para que isso seja possível, é fundamental a participação e motivação de todas as pessoas envolvidas.
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odontoló
No Brasil, a palavra “perito” costuma ser utilizada com frequência para designar os dentistas que realizam auditorias nas empresas de planos odontológicos. Essa denominação, entretanto, é errônea, pois a abrangência, o direcionamento dos trabalhos e a análise ética da atuação do perito são na área criminal, judicial, trabalhista e ocupacional. Em contrapartida, o termo “auditoria odontológica” é a forma correta de referir-se à atividade exercida por um dentista legalmente habilitado e contratado por uma empresa com a função de verificar a execução e a qualidade técnica do serviço odontológico proposto ou realizado por uma rede credenciada ou conveniada. Na área de saúde, a auditoria é entendida como a análise crítica e sistemática da assistência prestada, comparando-a com padrões de excelência. Entretanto, o beneficiário dos planos administrados pela Fachesf, foco de todo o nosso trabalho, deve considerar um novo conceito neste processo, tornando aceitáveis os procedimentos de avaliação com fins educativos. Ou seja, deixar de lado o pensamento de que a auditoria tradicional está focada somente nas glosas dos serviços prestados.
O papel do auditor é orientar os pacientes a usar racionalmente os serviços da rede credenciada, apontando as melhores opções para o seu quadro de saúde. O prestador, por sua vez, deve compreender que esse trabalho é um mecanismo natural de controle para o funcionamento do sistema. Ao beneficiário, enfim, cabe entender que o auditor não é uma pedra no caminho entre o prestador e ele próprio, e sim um agente de controle, que busca o uso do plano de saúde com eficiência. Cada usuário deve ter em mente a sua importância na regulação da prestação de serviços e saber que ter um plano odontológico não significa utilizar todos os benefícios disponíveis sem nenhum tipo de limitação ou critérios. Mais do que ninguém, ele deve ser responsável e contribuir para proteger o patrimônio do seu próprio plano e a continuidade dos serviços prestados. No final, todos saem ganhando.
A vitamina do
sol
Os seres humanos precisam de uma extensa gama de nutrientes para manter sua estrutura saudável e resistente. Essas substâncias podem ser encontradas nos alimentos ou suplementos e são divididas em dois grupos: micronutrientes (fibras, minerais, vitaminas e água) e macronutrientes (proteínas, carboidratos e gorduras), ambos absorvidos pelo corpo humano naturalmente através da alimentação diária. Existe um tipo de nutriente, porém, tão essencial quanto todos os outros, que possui algumas características diferentes nesse sentido e precisa de uma ajuda extra para fazer seu papel. Seu nome e sobrenome: Vitamina D.
nas ingerir alimentos saudáveis; é preciso expor-se moderadamente à ação dos raios ultravioletas, que desencadeiam o processo de “fabricação” da substância.
Classificada na família das vitaminas lipossolúveis (para ser absorvida, é necessária a presença de lipídios, além de bílis e suco pancreático), a vitamina D se diferencia das demais por seu processo de síntese no organismo e por sua atividade, semelhante a de um hormônio. Mas o que mais chama a atenção nesse micronutriente é o fato de ele ser o único que o próprio organismo produz com a ajuda da exposição ao sol. Ou seja, para garantir a produção de vitamina D no corpo, não basta ape-
O maior perigo proveniente da falta da chamada “vitamina do sol” está diretamente relacionado ao desenvolvimento ósseo. De acordo com a nutricionista, mestre em nutrição e professora da Universidade de Pernambuco, Ana Célia Oliveira, fatores como contração muscular, condução do impulso nervoso e outros processos de sinalização celular ficam comprometidos quando há deficiência de vitamina D porque há menos cálcio circulante . “Esse nutriente participa do metabolismo do cálcio e do fósforo, atuando em três locais, principalmente: o intestino delgado, os ossos e os rins. Além de contribuir com a manutenção dos níveis adequados de cálcio, o que é fundamental para a mineralização óssea”, explica a professora.
Pesquisas indicam que, no Brasil, apesar do clima ensolarado na maior parte do ano, a população vem apresentando uma diminuição dos níveis de vitamina D. Isso ocorre, principalmente, nos períodos de inverno, e também devido à rotina adquirida nas grandes cidades, que mantém as pessoas dentro das casas e escritórios por grande parte do dia. Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo apontou que entre 177 idosos que vivem em instituições, por exemplo, cerca de 41% apresenta níveis muito baixos da vitamina D.
Problemas com a ausência da vitamina D podem atingir qualquer faixa etária, mas existem alguns grupos que correm maior risco, como crianças e idosos. Nos pequenos, o perigo é o desenvolvimento de raquitismo. “Uma criança raquítica tem ossos e dentes sujeitos a fraturas, seu crescimento é deficiente e é passível de deformações ósseas, principalmente nas costelas e ossos das pernas. Também podem ocorrer deformidades nos ossos da cabeça”, completa Ana Célia.
“A vitamina D participa do metabolismo do cálcio e do fósforo” Ana Célia Oliveira
Já nos idosos, cuja capacidade de síntese da vitamina D é reduzida (uma pessoa acima de 60 anos tende a produzir cerca de 25% menos que um adulto jovem exposto a mesma quantidade de luz solar), a carência aumenta os riscos de desenvolver esclerose múltipla, artrite reumatóide e diabetes, assim com alguns cancros e demência, segundo estudos realizados na Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Foto: Flávio Fogueral
de roupas que recobrem a maior parte da pele podem atrapalhar a síntese”. Entre os idosos, a suplementação pode ser especialmente indicada, pelo declínio na capacidade de composição da vitamina através da pele. “Em diferentes estudos, a suplementação de vitamina D em mulheres idosas propiciou ganho de massa óssea e reduziu o risco de fraturas no colo de fêmur, o que é extremamente importante na prevenção e tratamento da osteoporose”, exemplifica Célia Regina Nogueira.
“A suplementação de vitamina D em idosas propiciou ganho de massa óssea” Consumo
Célia Regina Nogueira
Por sua forma de metabolismo ser tão peculiar, surgem dúvidas quanto à melhor maneira de absorver a vitamina D e qual a dosagem ideal. A principal fonte da vitamina é o óleo de fígado de peixe. O nutriente também pode ser encontrado no leite integral e seus derivados, na gema de ovo, fígado e peixes gordos (os que apresentam maiores quantidades são o arenque, a cavala, a sardinha e o atum, inclusive no formato enlatado). A fortificação artificial da vitamina D pode ser encontrada ainda em alimentos prontos, sobretudo nos países onde o sol aparece com menos frequência durante o ano. O equilíbrio entre o consumo através da alimentação e a exposição solar é fundamental. Quanto à síntese da vitamina D por meio da pele, vários fatores devem ser levados em consideração. A doutora em endocrinologia e professora da Universidade Estadual Paulista, Célia Regina Nogueira, acredita que há aspectos que naturalmente atrapalham a absorção cutânea e, nesses casos, uma suplementação é indicada. “A ausência de luz do sol no inverno ou uso
Mas atenção: o excesso de vitamina D no organismo pode trazer transtornos tão indesejados quanto sua falta. Quando existe em demasia, o nutriente é armazenado nos tecidos, podendo levar ao aparecimento de problemas como calcificação dos tecidos moles, depósito de cálcio e fósforo nos rins resultando em litíase renal (pedra nos rins), bem como aumento de cálcio circulante – o que pode colaborar para uma futura arritmia cardíaca. Qual seria, portanto, a dosagem diária ideal? Isso varia de acordo com a localidade em que reside e a idade das pessoas. Atualmente no Brasil, segundo a nutricionista Ana Célia, é recomendada a ingestão de 5 μg/dia (ou seja, 5 microgramas por dia). Em alguns países, a dose varia entre 10 μg/dia para crianças e 5 μg/dia para adultos. O Comitê de Alimentação e Nutrição do Conselho Nacional de Investigação Americano recomenda 7,5 μg/dia para bebês com menos de 6 meses e 10 μg/dia para crianças com mais de 6 meses, grávidas e mães que estão amamentando. A indicação mais elevada existe na França: 20 a 30 μg/dia, sendo a maior dosagem para crianças de raça negra, uma vez que a melanina presente na pele diminui a síntese da vitamina D e, por consequência, a absorção do cálcio. Quanto ao tempo de exposição ao sol para complementar o alcance das quantidades indicadas, acredita-se que 10 minutos para adultos e 15 a 20 minutos para idosos e crianças, por dia, três vezes por semana, são suficientes. Mas é preciso alertar, no entanto, que somente é seguro pegar sol até 10 horas da manhã ou após as 16h, e apenas pelo tempo necessário. No restante dos horários, todos devem usar e abusar do protetor solar e buscar outras alternativas seguras para se proteger dos raios ultravioletas que passam a ser não tão bem-vindos assim.
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Onde encontrar vitamina D Por cada 100g de alimento
Fonte: Tabela e Composição Química dos Alimentos, Guilherme Franco, Ed. Atheneu, 1999.
“Sempre soube que era benéfico para nossa saúde tomarmos um pouco de sol no início da manhã, mas não sabia que isso estava relacionado à vitamina D. Na verdade, não tinha muitas informações sobre esse nutriente até precisar me submeter a uma cirurgia. Na época, fiz alguns exames e foi detectado que eu precisaria de uma suplementação de vitamina D. Acho que pouca gente sabe qual a sua real importância. Por isso, mais palestras deveriam ser realizadas para que todos pudessem se cuidar melhor”.
Sônia Ferreira
Dependente do Fachesf-Saúde e participante do Programa De Bem com a Vida
Os perigos da artrite reumatoide gerais, como febre, ausência de apetite e perda de peso. Em casos mais avançados, pode causar deformidade permanente e total destruição da cartilagem. 3. Como é realizado o diagnóstico? A priori, o diagnóstico é clínico (realizado por um médico reumatologista), pois ainda não há testes laboratoriais que ajudam e/ou facilitam a verificação na hora do veredicto. O paciente normalmente apresenta inflamações nas articulações que comprometem a movimentação dos lugares onde estão lesionados. Essas inflamações começam nas mãos, punhos, ombros e pés. 4. A artrite reumatoide afeta outras partes do corpo? Às vezes pode ocorrer um comprometimento sistêmico da patologia, isto é, as inflamações podem passar para outros órgãos (pulmão, vasos sanguíneos). Mas isso é algo secundário à doença e são circunstâncias incomuns, chegando a ser raras.
Apesar de pouco conhecida de grande parte dos brasileiros, a artrite reumatoide (AR) é uma doença que atinge cerca de 1% da população nacional, ou seja, um universo de aproximadamente 1,8 milhão de pessoas. Trata-se, portanto, de um problema que merece mais atenção e menos folclore sobre o que de fato significa. Para esclarecer o que é a AR, quais suas causas, sintomas e tratamentos, a Conexão Fachesf conversou com a reumatologista Lílian David Valadares. 1. O que é artrite reumatoide? Artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica caracterizada por um quadro de poliartrite, ou seja, afeta várias articulações. Sua incidência nas mulheres é duas vezes maior que nos homens e normalmente se inicia entre 30 e 40 anos idade, mas também pode comprometer crianças e idosos. Sua causa é de origem imunológica. Não se sabe ainda ao certo qual é o seu pontapé inicial, mas sabe-se que está fortemente relacionada a um problema de natureza emocional. 2. Quais os sintomas da artrite reumatoide? O quadro mais comum da doença envolve inchaço, dor e vermelhidão das articulações, sobretudo mãos e punhos, podendo ocorrer também sintomas mais
5. Como é o tratamento para a artrite reumatoide? Artrite reumatoide é uma patologia incurável. Para o tratamento, existe um grupo de drogas que são ministradas para amenizar os sintomas e as dores. O importante é que a doença seja diagnosticada precocemente, de modo que o controle clínico da doença seja o mais eficiente possível.
Lilian David Valadares Lilian David Valadares é médica reumatologista e presidente da Sociedade Pernambucana de Reumatologia.
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Você tem alguma dúvida sobre questões de saúde? Mande um email para conexao@fachesf.com.br.
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“Fachesf, bom-dia”. É assim que, todas as manhãs, os funcionários responsáveis pelo teleatendimento da Fundação dão início a mais uma jornada de trabalho. Os motivos das ligações recebidas durante todo o dia são os mais diversos: da marcação de consultas no Ambulatório do Paissandu (Recife), aos pedidos de empréstimo e dúvidas sobre pagamento de benefícios. Algumas chamadas, no entanto, não são tão específicas assim.
alô? Em que posso ajudar?
Para ter a prova disso, basta passar um dia acompanhando as ligações recebidas através do 0800 da Fachesf. Pode ser difícil de acreditar, mas há Participantes que ligam somente para cantar ao telefone ou perguntar as horas, outros que querem opiniões sobre os assuntos mais diversos (qual a melhor operadora de celular em Pernambuco ou que candidato votar nas eleições presidenciais) ou apenas perguntar como está o tempo na região metropolitana do Recife. Também são comuns os casos que envolvem a confusão que algumas pessoas fazem entre Fachesf e Chesf, não distinguindo o que cabe de fato a cada uma das duas empresas. Durante o apagão ocorrido no início deste ano, por exemplo, muita gente ligou para a Fundação em busca de informações sobre quando a distribuição de energia seria regularizada ou o porquê da falha – perguntas que somente a Chesf poderia responder. É grande ainda a quantidade de chamadas cujo único interesse de quem está do outro lado da linha é conversar com alguém. Por diferentes motivos, bastante gente entra em contato com a Central de Relacionamento puramente para desabafar ou contar novidades. Para uma das funcionárias da Fundação, esse comportamento ocorre devido à aproximação que muitas vezes acontece entre o público e os atendentes. “Por se sentirem ouvidas e respeitadas, algumas pessoas acabam desenvolvendo uma espécie de carinho e querem partilhar conosco suas experiências. Já me ligaram para contar sobre netos que nasceram, filhos que passaram no vestibular, tratamentos de saúde que foram bem sucedidos, relacionamentos desfeitos e frustrações”, diz a empregada, que não será identificada para preservar sua identidade.
Desafio Existem inúmeras outras situações, porém, em que o contato está longe de ser amistoso; são aquelas chamadas em que as pessoas não ficam satisfeitas, pois a solução dos seus problemas esbarram nas determinações das instruções normativas da Fachesf, e demonstram um comportamento mais hostil. Nesses casos, cabe ao atendente esclarecer porque o pedido não será acatado e se há – e quais
“Algumas pessoas acabam desenvolvendo uma espécie de carinho e querem partilhar conosco suas experiências” são – as alternativas possíveis. Uma das razões que gera o maior número de reações negativas diz respeito aos empréstimos. Alguns Participantes, por desconhecimento dos normativos, não compreendem que é preciso respeitar a margem e os prazos estabelecidos para a concessão do empréstimo e que essas regras, de maneira alguma, podem ser violadas, como forma de proteção ao patrimônio da Fundação. Para contornar ocorrências dessa natureza, cabe ao atendente manter a calma e buscar outras formas de explicar os procedimentos corretos a ser adotados. Mas quando quem está do outro lado da linha não quer escutar qualquer explicação e passa a falar alto ou fazer xingamentos, existe uma orientação da Fachesf para que o empregado informe que a ligação será finalizada por falta de condições para um atendimento adequado. Situações difíceis também costumam acontecer quando são solicitadas informações que os atendentes não estão autorizados a dar. Não é permitido, por exemplo, fornecer dados sigilosos como margem do Fachesf-Saúde, nomes de dependentes e valor de benefícios, entre outros, para pessoas que não o próprio titular. Essa medida visa proteger a sua segurança, mesmo que os envolvidos se digam esposa, marido, filhos ou membros da família, de maneira geral. Para isso, é fundamental, ao entrar em contato com o teleatendimento da Central de Relacionamento, identificar-se desde o início da ligação, comunicando nome completo e matrícula. De posse dessas informações, os funcionários podem rastrear o histórico completo do Participante e exercer sua função de oferecer um atendimento rápido, personalizado, confidencial e direcionado especificamente para cada caso.
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Compreensão Ter um canal gratuito de comunicação direta com a Fachesf é uma facilidade que a entidade disponibiliza a todos os seus Ativos, Assistidos e Pensionistas para agilizar o andamento de processos, solicitação de pedidos e esclarecimentos de dúvidas sobre os mais diversos planos e produtos da Fundação. No entanto, para que esse serviço funcione da maneira adequada, é preciso que os Participantes colaborem com os atendentes no momento da ligação e adotem algumas práticas que contribuem para que o contato seja o mais breve e eficiente
On Line Como forma de facilitar o atendimento aos Participantes, a Fachesf disponibiliza em seu site (www.fachesf.com.br) diversos serviços que podem ser facilmente utilizados em qualquer computador que tenha acesso à internet. Podem ser realizadas, por exemplo, solicitações de reembolso-educação, simulações de empréstimos e contribuição ao Plano CD, consultas ao contracheque (exclusivo para Assistidos), entre outros. Além disso, no portal é possível pesquisar a lista de médicos credenciados, conferir calendários de pagamento de benefício e ler todos os veículos de comunicação da Fundação. Para ter acesso a todos esses serviços, basta entrar na área restrita do site e fornecer número de matrícula e senha. Em caso de dúvidas, entre em contato com a Central de Relacionamento (0800.281.7533).
Equipe de Teleatendimento da Fachesf
possível. Esse cuidado evita que outras pessoas tenham de esperar muito tempo enquanto aguardam para ser atendidas e resolver problemas que são muitas vezes urgentes. Prova disso foi uma ligação recebida quando essa matéria estava sendo apurada: uma Aposentada sentiu-se mal e, por não conseguir localizar a filha, telefonou para a Fachesf, que agiu rapidamente e conseguiu encontrá-la. A Participante pôde então ser encaminhada pelos seus familiares para uma unidade de saúde e felizmente tudo terminou bem.
Fale Conosco Atendimento Presencial
Segunda a sexta | 7h30 às 18h
Teleatendimento
Segunda a sexta | 7h30 às 18h30 Segunda a domingo | Plantão 24 horas Através do fone: 0800.281.7533 Exclusivo para orientações sobre o PAP e o Fachesf-Saúde Atenção | Este serviço não autoriza a liberação de atendimento à rede credenciada.
Núcleo de Regulação | Rede Credenciada De segunda a sexta | 7h às 18h30 Sábado | 7h às 12h Autorização de Procedimentos Médicos
Dicas
O que você pode fazer para ajudar na realização de um atendimento rápido, personalizado e eficiente
Tenha sempre à mão seu número de matrícula. Através dele, o atendente tem acesso ao seu histórico na Fundação e pode agir de forma mais ágil para atendê-lo corretamente. Ao ligar para o 0800, seja objetivo no que deseja solicitar ou perguntar, de modo que o funcionário da Fundação possa rapidamente identificar os procedimentos ou respostas corretas para o seu caso. Lembre-se de que, do outro lado da linha, há uma pessoa disposta a lhe ajudar, mas que, como qualquer funcionário, precisa seguir regras e regulamentos; sendo assim, nem sempre é possível agir do jeito exato que você gostaria. Essa atitude serve para proteger o patrimônio e a integridade da Fachesf, seus empregados e Participantes. A Central de Relacionamento responde somente pelo atendimento ao público, não sendo responsável diretamente por inúmeros processos, realizados em diferentes áreas da Fundação (Gerência de Planos de Saúde, Regulação, Cadastro, Folha de Pagamento, Concessão de Benefícios, etc). Por essa razão, às vezes a resposta ao Participante não pode ser comunicada de forma imediata, pois a Central precisa entrar em contato com os responsáveis pelo caso, o que levará um prazo mínimo para o retorno. Ao ligar para o 0800 da Fachesf para dar entrada em solicitação de empréstimo, tenha à mão seu CPF e dados bancários (número da agência e conta corrente). Para marcação de consultas – principalmente na última segunda-feira de cada mês, quando são registradas mais de duas mil ligações e o atendimento precisa ser ágil –, anote corretamente a data e horário informados pelo atendente e forneça um telefone de contato para confirmação. Não se esqueça de que algumas informações são de caráter sigiloso e não podem ser repassadas pelo atendente em nenhuma hipótese, mesmo quando solicitado por cônjuge ou filhos do titular. Se tiver alguma dúvida, não hesite em pedir que o atendente lhe explique a questão novamente, de uma forma mais clara, até que você sinta-se satisfeito. Após o atendimento, caso deseje solicitar alguma informação ou registrar sugestões ou críticas, acesse o canal Fale Conosco, no site www.fachesf.com.br. A resposta será encaminhada diretamente para seu endereço eletrônico.
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No ar, a TV Fachesf Desde a década de 1980, a Fachesf tem dedicado todo seu esforço para divulgar aos Participantes e Beneficiários não apenas as questões organizacionais da Fundação, mas também informações relevantes sobre previdência, saúde, investimentos e qualidade de vida. Ao longo desses anos, o mix de ferramentas utilizadas com essa finalidade passou por um processo de evolução, adaptando-se continuamente às mudanças das mídias, da tecnologia e da própria linguagem.
Mais do que apenas divulgar notícias sobre os produtos e serviços da entidade, a TV Fachesf vem com uma proposta mais ousada de oferecer aos Participantes a oportunidade de navegar em matérias e reportagens sobre temas variados, ampliando seu conhecimento de forma geral. Segundo Laura Jane de Lima, Assessora de Comunicação Institucional, a iniciativa de oferecer um conteúdo atrativo e diferenciado visa principalmente estreitar ainda mais o relacionamento da Fundação com seu público. Ao total, a TV dispõe de quatro canais, atualizados semanalmente: Educação Financeira e Previdenciária, que trará importantes orientações para a garantia de uma aposentadoria tranquila no futuro; Bem-estar, abordando novidades e dicas na busca de uma boa qualidade de vida; Bastidores, que proporcionará ao Participante conhecer melhor o trabalho desenvolvido pelos funcionários da Fundação; e Variedades, no qual o internauta encontra entrevistas, curiosidades e muitas histórias vividas dentro e fora do universo da Chesf. A Assessoria de Comunicação Institucional optou por assuntos de maior relevância para o Participante e, com a força do recurso audiovisual, espera atingir um número ainda maior de pessoas informadas sobre o que acontece na Fachesf.
Tecnologia Para Gustavo Belarmino, jornalista e professor de jornalismo online e mídias digitais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), premiado nacional e internacionalmente por seus trabalhos na área de multimídia, as TVs coorporativas são eficientes ferramentas de comunicação, pois abrem fantásticas possibilidades entre quem produz e quem recebe a informação. “Isso acontece porque o audiovisual tem o
poder de seduzir e ao mesmo tempo traduzir o contexto de uma história para fora do campo imaginário. Proporcionar ao internauta a chance de escolher como quer receber uma notícia é fantástico”, explica. Além disso, a linguagem audiovisual, devido as suas próprias características, costuma ser mais lúdica que os veículos impressos, o que faz com que o assunto abordado seja absorvido de forma mais agradável por quem busca seu conteúdo; quando se alia à internet, essa força vem carregada com a sedução trazida pela agilidade e os novos recursos que a rede dispõe. Nesse sentido, explica Gustavo Belarmino, investir numa TV online com programação variada é, sem dúvida, uma boa estratégia corporativa para o envolvimento dos associados, que ali poderão tirar dúvidas e adquirir conhecimento.
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Por todas essas questões, as TVs produzidas para o ambiente virtual têm atraído a atenção de um público crescente. Influenciada cada vez mais pelas novas mídias, a sociedade moderna passou a exigir dos profissionais da área de comunicação um comportamento condizente com as tendências lançadas dia a dia em todo o mundo. Já não é mais possível a uma assessoria da área, portanto, focar seu trabalho somente
Foto: Alexandre Severo
Essa trajetória, que começou com as primeiras notas e informativos datilografados e chegou até o formato digital impulsionado pela internet, acaba de dar início a um novo ciclo: no dia 3 de maio, foi lançada no portal da Fundação a TV Fachesf, um veículo de comunicação que promete trazer ainda mais modernidade aos canais de informação então disponíveis.
Gustavo Belarmino
“Proporcionar ao internauta a chance de escolher uma notícia é fantástico.”
em veículos estáticos ou que não convidem o seu público a fazer parte do conteúdo. Esse aliás, será outro ponto exercitado com grande destaque na TV Fachesf: a interatividade e a participação de quem está do outro lado do monitor, que será continuamente estimulado a enviar suas ideias de pautas e sugestões, além de trazer suas próprias histórias para ser compartilhadas. “Queremos que nossa TV tenha a cara do Participante da Fundação; queremos, principalmente, que ele se veja em nossa programação e seja atuante nesse projeto”, destaca Laura Jane.
“Queremos que nossa TV tenha a cara do participante da Fundação.” Laura Jane de Lima
Participe! Se você tem algo que gostaria de ver na telinha da TV Fachesf ou conhece histórias interessantes que merecem ser contadas, envie suas ideias para o endereço eletrônico comunicacao@fachesf.com.br, colocando no título “Sugestão para TV Fachesf”.
Qual o futuro da comunicação? A tecnologia avança, a comunicação avança. O que é novo hoje, daqui a seis meses certamente começará a ser obsoleto, sendo ultrapassado por uma versão mais moderna. Em tempos de redes sociais – onde coexistem plataformas como Facebook, Orkut, Twitter, Youtube e tantas outras –, falar em e-mail já não é novidade. O mundo se comunica na velocidade da luz. Os encontros, antes em carne e osso, já há algum tempo acontecem através das telinhas de computador. São as famosas vídeoconferências. Na Fachesf, esse recurso não é propriamente novo e vem sendo utilizado como uma importante ferramenta para promover reuniões regulares com as Agências regionais, espalhadas por nove Estados brasileiros. A Chesf também veicula online seus grandes eventos através da mídia digital. Mais isso é só uma pequena parte das infinitas possibilidades que já existem e ainda vão surgir. Haverá um limite para a comunicação? As mudanças são inevitáveis e o mercado (além dos cidadãos de todo o mundo) precisa estar preparado para recebê-las. Nos primórdios do jornalismo online, há onze anos, tudo era feito de forma rústica, praticamente artesanal. Era um tempo de propostas diferentes, velocidades de conexão diferentes. Vivia-se a chamada fase da transposição, ou seja, a comunicação online não possuía ainda linguagem própria, uso de recursos multimídia, a experiência plena da hipertextualidade (possibilidade de links diversos inseridos no meio de um texto, levando para diferentes conteúdos). Nessa época, a maior parte do trabalho consistia em copiar e colar o conteúdo do jornal impresso e, durante o dia, fazer uma atualização incipiente das ultimas notícias e publicar na internet. No início do século XXI, pipocaram na rede os grandes portais, com equipes e recursos financeiros próprios e o trabalho ágil dos jornalistas móveis: com apenas um celular, os profissionais venciam dia a dia a barreira da velocidade e mandavam informações rápidas, de qualquer lugar, em tempo real. A ordem era não perder uma só informação.
Hoje vive-se a terceira etapa desse processo, conhecida como web 2.0, um mundo virtual paralelo onde qualquer um, independente de ser jornalista ou não, pode criar seu próprio conteúdo e disponibilizar na rede, podendo ser visto em qualquer parte do planeta. Agora todos falam para todos. É a fase plena da realidade multimídia, na qual os especialistas em comunicação, para chamar a atenção do seu público-alvo e sobressair-se da imensa quantidade de informações disponíveis, passaram a pensar em formatos cada vez mais integrados (e inseparáveis) de texto, imagem, áudio e vídeo, independentemente da plataforma onde esse conteúdo será divulgado. Esse desafio é, sem dúvida, cada vez maior. Pois sempre que as coisas parecem se ajustar, aparecem novas tecnologias e revoluções. Que o diga o fenômeno Twitter e a popularização dos tablets. Diante de uma sociedade cada vez mais interativa (e hiperativa), a comunicação mediada pela tecnologia já não se restringe mais a jornalistas e profissionais de comunicação. Estar conectado não é mais privilégio de pequenos grupos, dos mais jovens ou ricos. A inclusão digital chegou para ficar, em todos os níveis, classes sociais, cores e credos. Quem vai se arriscar a ficar de fora?
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Uma época para recordar A ligação do Participante Rinaldo Vieira com a Chesf vem de longa data, quando ainda era uma criança e circulava pelos imensos corredores da Companhia, levado pelos pais chesfianos. Ainda criança, sofreu um grave acidente, mas que não o impediu de se tornar um dedicado profissional do setor de telecomunicações de uma das maiores empresas hidrelétricas do País. Foi na Chesf que ele viveu grande parte de sua história e de onde carrega lembranças consigo até hoje.
“Minha relação com a Chesf teve início ainda na infância. Filho de pais chesfianos, eu costumava frequentar o campo de aviação que a Companhia mantinha em Garanhuns, município do agreste pernambucano onde morávamos, e muitas vezes acompanhava meus pais em algumas viagens próximas. Em janeiro de 1962, no entanto, uma dessas jornadas mudou para sempre a minha vida: o helicóptero em que eu estava chocou-se com uma rede elétrica de alta tensão, provocando um gravíssimo acidente. Por azar do destino, eu estava sentado no lado mais atingido e fui submetido a altíssimas temperaturas, que resultaram em inúmeras queimaduras de terceiro grau pelo meu corpo. Sobrevivi apenas porque Deus assim o quis e graça ao piloto, o Comandante Humberto Luís de Aguiar, que arriscou sua própria vida para salvar a minha. A partir daquele dia, passei os oito meses seguintes internado em Paulo Afonso (BA). De lá, segui para São Paulo (SP), onde pude dar continuidade ao tratamento com melhores condições. O meu caso era complicado e precisava de uma boa estrutura. Naquela época, isso só foi possível porque a Chesf deu total apoio a minha família. Como era apenas uma criança de 10 anos de idade, não tinha muita noção do que estava acontecendo comigo. Sabia que eu estava diferente fisicamente das outras pessoas, porém ainda não fazia ideia do que enfrentaria durante o resto da minha vida. Dias muitos difíceis viriam, mas acredito que foram eles que me fizeram ser alguém mais forte e mais consciente de quem sou e do que desejo para mim.
Carreira Em meados da década de 1970, quando chegou a época de prestar vestibular, saí de Garanhuns e me mudei para o Recife. A Fachesf tinha acabado de transferir sua sede do Rio de Janeiro para Pernambuco e eu recebi um convite do então diretor de benefícios, Benedicto Alberto de Lima, para trabalhar na Fundação. Esse foi o começo de uma época da qual até hoje guardo as melhores recordações.
Na Fachesf, atuei nos setores de seguro e de empréstimos atendendo às solicitações dos Participantes. Éramos um pouco mais de 90 funcionários e não existia ainda uma estrutura tão ampla como a atual. Mas não me lembro de ter sido tão feliz quanto naqueles tempos. O ambiente de trabalho era maravilhoso e tenho a certeza de ter feito bons amigos. Fiquei na Fachesf por cerca de dez anos, até ingressar na área de telecomunicações da Chesf. Diferentemente da minha experiência anterior, na nova empresa, as atividades eram mais focadas na parte operacional e não exigia muito contato com outros colegas. Ainda assim, eu me sentia feliz com o que fazia e não imaginava me aposentar tão cedo, mesmo que, por causa do meu cargo, tivesse direito à aposentadoria especial. Infelizmente, porém, veio o governo de Fernando Collor de Mello e meus planos mudaram de forma brusca: por força das circunstâncias e das questões políticas implantadas pelo Governo Federal, com apenas 42 anos de idade, fui forçado a deixar a Companhia que havia sido parte da minha vida durante muito tempo. Esse foi o meu último emprego. Apesar de ainda me sentir jovem e ativo, descobri na pele que o nosso País não valoriza muito os trabalhadores depois de uma certa idade. As oportunidades passam a ser cada vez mais escassas e as pessoas deixam de ser aproveitadas quando estão no auge de sua maturidade e experiência, prontos para assumir desafios e projetos. Como sempre fui preocupado com minha aposentadoria, desde que entrei na Chesf, ainda jovem, comecei a contribuir para a formação de um fundo de reserva na Fachesf. Foi isso que me garantiu, até hoje, viver de forma tranquila financeiramente. Sempre digo para todos os meus amigos que a Fundação já me devolveu mais de mil vezes aquilo que paguei. Tenho acompanhado o desenvolvimento da entidade e suas melhorias culturais ao longo dos anos e sinto muito orgulho de, no passado, ter feito parte dessa história. Posso dizer que sou uma pessoa realizada. Fiz tudo aquilo o que desejava fazer e, para o futuro, a única coisa que espero é poder ver minha família unida e feliz.
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cultura e lazer
A Pra莽a dos livros e do
conhecimento
No próximo dia 26 de agosto, a Praça do Sebo, como é conhecida no Recife, completa trinta anos de existência. Inaugurado em 1981 pelo então prefeito Gustavo Krause, foi o primeiro lugar na cidade a concentrar os comerciantes de livros usados, uma iniciativa que pretendia organizar o mercado de sebos e propiciar uma nova alternativa para aqueles que gostam de leitura. Três décadas se passaram, a Praça resiste às dificuldades e continua sendo uma opção interessante na hora de adquirir livros de qualquer espécie.
Localizada no bairro de Santo Antônio, coração da capital pernambucana, a Praça (ou Pátio) do Sebo mantém atualmente 19 boxes, que vendem livros de todos os tipos, dos mais raros aos populares, dos romances água-com-açúcar aos clássicos da literatura, além de exemplares sobre direito, filosofia, sociologia e outras áreas. Por ser, geralmente, de segunda mão, os livros são vendidos por preços muito mais acessíveis e, ainda assim, a maioria das obras está em perfeitas condições de uso. Embora não exista uma administração central, os donos dos boxes procuram manter o ambiente organizado e convidativo aos visitantes e clientes. Mesmo com a franca concorrência das livrarias, grande parte dos comerciantes da Praça não reclama do movimento. O livreiro Carlos Pontes, que ocupa seu ponto no Pátio há 16 anos, diz não sentir qualquer redução significativa na procura pelos livros. “Felizmente acho que sempre vai haver pessoas interessadas nos tipos de livros que vendemos aqui. Algumas vezes, a procura diminui, mas nada que nos desanime”, pondera o comerciante. Os frequentadores do local podem estar à procura de raridades ou de melhores preços e isso determina a movimentação. Estudantes estão entre os grupos mais assíduos. A universitária Lívia Araújo afirma que sempre comprou exemplares de segunda mão e pretende continuar com o hábito: “Já adquiri várias edições na Praça. Estudo pedagogia e a leitura é importante para mim. Um detalhe que acho interessante é a facilidade em negociar preços.” A versatilidade
na negociação, aliás, é uma das principais características do comércio de sebos. Além da compra, é possível vender ou trocar livros, de acordo com o interesse das partes. Um dos pontos altos do comércio da Praça do Sebo é a venda de livros didáticos. Com o custo elevado de livros escolares novos, os pais veem na compra dos usados, uma saída para economizar com a volta às aulas. “Os meses em que mais vendemos são, sem dúvida, janeiro e fevereiro. Os boxes ficam lotado de pais e alunos. Temos, inclusive, que contratar pessoas para reforçar o atendimento”, revela Jeandra Sales, esposa de Cláudio Sales, dono de um box há 15 anos. Por causa dessa procura, o livro didático é um dos gêneros que mais tem saída na Praça. Mas segundo os vendedores, é preciso tomar cuidado na hora de adquirir os títulos e optar sempre pelos mais atualizados, pois as edições escolares passam por constantes mudanças. Ao longo dos últimos 30 anos, os comerciantes da região, em sua maioria, tiveram de se adaptar aos novos tempos, passando a aceitar facilidades como cartões de crédito, por exemplo. Outra inovação adotada foi a venda dos títulos na internet. Carlos Pontes, que já tem um cadastro no endereço www.estantevirtual.com.br – um portal criado para disponibilizar tecnologia de comércio eletrônico para uma comunidade nacional de sebos e livreiros –, diz que é preciso se adequar para não perder clientes. “Com meu registro no site, pude vender para todo o Brasil e isso é muito bom.”, explica o livreiro.
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cultura e lazer
Praça do Sebo, patrimônio do Recife Desde a sua inauguração, em 1981, a Praça tem todo potencial para ser um lugar receptivo e acolhedor. No entanto, de acordo com os livreiros do local, ela parece um pouco esquecida pelo poder público. O pátio recebe varredura diária, que o mantém limpo, mas a proximidade a bares em seu entorno, por vezes incomoda os visitantes. “Esse lugar é especial. Gostaria que fosse mais bem preservado e administrado para que crescesse ainda mais”, comenta a comerciante Jeandra Sales. A calçada, já bem desgastada, e a pintura das grades também são alvo de críticas.
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Os livreiros e os próprios frequentadores gostariam que existisse um maior investimento público na infraestrutura do local, com reforço no policiamento e na divulgação. Algumas melhorias poderiam transformar a Praça do Sebo em um agradável ponto turístico da cidade. Nem mesmo com a proximidade do aniversário de 30 anos, entretanto, isso parece mudar: de acordo com os comerciantes, até o momento, nada ainda foi programado para homenagear ou comemorar a ocasião.
Fotos: Damião Santana
Apesar do aparente descaso, há alguns anos, o local ganhou um morador ilustre, que passou a abrilhantar o local: foi colocada, sentada em um dos bancos da Praça, uma estátua do conterrâneo Mauro Ramos da Mota, grande poeta, jornalista, advogado, ex-editor do Diário de Pernambuco e antigo frequentador do lugar. Neste ano tão especial para a Praça do Sebo, porém, um momento de tristeza tirou o brilho das comemorações. Melquisedec Pastor do Nascimento, o Melqui, como era conhecido, grande livreiro, um dos mais conhecidos e antigos do Pátio, faleceu e deixou saudades entre clientes e amigos do comercio de livros usados. Mas a rotina da Praça seguiu seu rumo e, entre altos e baixos, ela continua sendo uma referência para os admiradores e consumidores de um bom livro.
Qual a sua reação ao ver se aproximar uma abelha e seu peculiar zumbido, medo ou curiosidade? A maioria da população responderia rapidamente que sairia correndo ou pegaria o objeto mais próximo para matar o pobre inseto indefeso, que normalmente está perdido na imensa selva de pedra urbana, procurando alimento. É fato: à exceção das fantasias de carnaval e dos desenhos infantis, a popularidade desse bichinho não é nada alta entre os moradores das cidades grandes.
Além, entretanto, das temidas picadas do poderoso ferrão dos insetos e sua famosa produção de mel (e outros itens como geléia real, própolis e cera), esses insetos desempenham um papel muito importante para o ecossistema – algo que grande parte da sociedade sequer imagina. Sem eles, não haveria acerola, maracujá, cajá, umbu, caju, morango, maçã e diversas outras frutas. Ou, pelo menos, a produtividade desses e de demais cultivos, como tomate e café, seria muito mais baixa. Isto porque são as abelhas, principalmente as nativas do Brasil, que garantem a polinização dessas plantas. A polinização funciona da seguinte forma: durante suas visitas às flores, as abelhas transferem o pólen de uma para outra, promovendo a troca de gametas entre elas e garantindo a variabilidade genética da flora. Em outras palavras, é um processo-chave para a manutenção da diversidade biológica. Entre os principais polinizadores da natureza – mariposas, borboletas, besouros, vespas, moscas, beija-flores e morcegos –, as abelhas são os mais numerosos em espécies, responsáveis pela polinização de plantas nativas e cultivadas. Segundo Fábia de Mello Pereira, doutora em zootecnia do Núcleo de Pesquisas com Abelhas da Embrapa Meio-Norte (Teresina/PI), a polinização é, sem dúvida, o principal trabalho desses insetos, uma vez que cerca de dois terços dos alimentos consumidos diariamente dependem desse processo. “Estima-se que a contribuição da polinização para as principais
culturas alcance anualmente U$ 54 bilhões. Quando falamos em matas nativas, esse valor sobe para U$ 33 trilhões. Todas as espécies de abelhas, inclusive as solitárias, que não produzem mel, dependendo do bioma, podem ser responsáveis por até 90% da propagação das espécies vegetais nativas”, afirma.
Alerta Apesar de sua importância ambiental e econômica, as abelhas estão desaparecendo aos poucos da Terra. A redução da população desses insetos já é um fato concreto e preocupante. Pesquisadores de diferentes regiões estão empenhados em estudar a questão, tendo identificado, nos Estados Unidos e em alguns países da Europa e das Américas, o chamado Distúrbio do Colapso das Colônias (CCD). Bactérias, vírus, pragas, pesticidas e venenos sintéticos usados nas produções agrícolas são algumas das causas desse desaparecimento. Além disso, antigos campos silvestres estão sendo transformados em zonas de cultivo. Isso sem falar no fato de que o homem tem destruído cada vez mais as áreas verdes do planeta em nome da construção de grandes cidades. Pesquisas indicam que o problema resulta de uma associação entre vírus e fungos. No entanto, independentemente do CCD, está havendo uma redução de abelhas em todo o mundo e vários fatores contribuem para isso, em maior ou menor parcela. Muitas espécies têm desaparecido antes mesmo de serem identificadas.
Fábia de Mello Pereira
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Prevenindo a extinção das abelhas A redução populacional das abelhas que tem atingido diversos países tira o sono não apenas de cientistas e pesquisadores, mas, sobretudo, dos apicultores que dedicam sua vida à criação desses fantásticos animais. O espanhol José Maria Reguera González faz parte desse grupo. Verdadeiro apaixonado pelas abelhas, sua vida é um verdadeiro zum-zum-zum. Aos 32 anos de idade, já dedicou pelo menos duas décadas ao manejo desses insetos e garante que a redução populacional é clara e evidente.
Foto: Acervo Pessoal
Fotos: Divulgação
Clemens Schlindwein
O professor Clemens Schlindwein, professor da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE e responsável pelo Grupo de Pesquisa Plebeia: Ecologia das abelhas e da Polinização, reforça a preocupação, ressaltando características especiais desses insetos. De acordo com o especialista, poucas espécies de abelhas e outros animais polinizadores possuem capacidade de se manter em paisagens uniformes com vastas plantações, como as de cana-de-açúcar, soja ou café. Seu declínio, por comprometer plantações desse tipo, cultivadas com interesse econômico, resultou em uma série de iniciativas de proteção aos polinizadores em todos os continentes, incluindo-as em programas de conservação ambiental de diversos países. Portanto, se você foi pego de surpresa e nem imaginava o quanto esses pequenos listrados são importantes para a sociedade, é hora de repensar o zapt zupt da sandália na hora de matar uma única abelha.
“Nos últimos três anos passamos de trinta colmeias fortes a apenas quinze, muito frágeis. A cada ano, a redução é maior. Mais uma vez, dedicaremos o próximo verão a fortalecê-las”, diz o apicultor, que começou a lidar com abelhas pelas mãos do seu pai, nos campos da província de Palência, norte da Espanha. “A história da nossa família está muito ligada à apicultura. Para 2011, esperamos extrair uma boa colheita de mel. Precisamos trabalhar forte para a manutenção dessa atividade tão importante, bonita e doce”, revela.
José Maria Reguera González
Enxame por perto, o que fazer?
Por dentro da colmeia
Quem nunca teve a experiência ruim de ser picado por uma abelha? Na maioria dos casos, esses ataques envolvem as abelhas Apis mellifera, uma espécie muito sensível a barulho, mudanças climáticas e odores. Segundo a doutora em zootecnia, Fábia de Mello Pereira, os enxames instalados próximos às residências podem permanecer anos sem causar nenhum problema e, de repente, devido a um choro de criança ou odor forte de perfume, uma abelha atacar qualquer um que esteja em seu raio de ação.
Você acorda, toma café da manhã, vai ao trabalho, passa o dia inteiro ocupado, volta para casa e prepara-se para finalizar mais um dia de rotina, que inclui pagamento de contas, resolução de problemas e uma lista de tarefas. Mas para que tudo funcione perfeitamente, é preciso que cada um cumpra seu papel – dos profissionais que cuidam dos semáforos nas movimentadas avenidas aos médicos que salvam vidas e garis que limpam ruas. Essa condição, no entanto, muitas vezes é ignorada por inúmeras pessoas que desempenham seus afazeres como se não precisassem dos demais.
Ao avistar um enxame perto de casa, alguns leigos cheios de coragem tentam removê-lo das formas mais errôneas possíveis, resultando em experiências perigosas, inclusive fatais. É preciso, antes de tudo, muita cautela: somente pessoas especialmente capacitadas para lidar com a situação podem agir da maneira correta. Problemas envolvendo as Apis mellifera são identificados em todo o País, algumas vezes terminando em mortes. No entanto, as incidências com apicultores são raras, pois com o manejo adequado e a vestimenta apropriada é possível trabalhar produtivamente com essa abelha, sem problema algum. Órgãos como a Vigilância Ambiental em Saúde, a Guarda Civil Municipal, o Corpo de Bombeiros ou a Polícia Militar Ambiental devem ser acionados em situações de emergência envolvendo enxames. “Infelizmente, porém, a maior parte dos municípios brasileiros não possui esse serviço, o que poderia reduzir drasticamente os problemas com as abelhas”, lamenta Fábia de Mello Pereira.
Observar a comunidade das abelhas é uma bela lição para quem age dessa forma. Esses pequenos insetos sociais vivem em territórios determinados e organizados, conhecidos como sociedades e colônias. Extremamente disciplinados e trabalhadores, sabem administrar um pequeno espaço como ninguém. Numa mesma colônia, convivem cerca de 60 mil abelhas, hierarquicamente distribuídas entre uma rainha, dezenas de zangões e milhares de operárias. Ao contrário do que se imagina, o poder não fica apenas nas mãos da rainha; é compartilhado entre os membros da colmeia e as decisões são tomadas consensualmente, através de estímulos químicos, visuais, auditivos e táteis. Todos possuem funções bem definidas, executadas pelo bem da coletividade. Desde a construção da própria casa e produção do alimento até os mecanismos de defesa do grupo e os cuidados da colmeia para o inverno (tapando eventuais aberturas nas paredes internas), todo trabalho é coletivo e para o coletivo. Tudo dá certo, tudo funciona. É, no mínimo, uma grande lição para a sociedade pensante que tanto afirma estar em busca de um caminho para um mundo melhor.
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Made in colmeia Primeira substância adoçante conhecida na antiguidade, o mel de abelhas faz parte da vida do planeta e está inserindo no menu de praticamente todos os países do mundo. É utilizado na gastronomia, na medicina, na estética e, por incrível que pareça, até em dietas de emagrecimento. Por se tratar de um produto de fabricação natural, o mel contém um açúcar chamado frutose, com ação quase duas vezes maior que a sacarose, que adoça mesmo quando usado em pequena quantidade. “Esse é o motivo que leva as pessoas que desejam perder peso a optar pelo mel. Mas é preciso ter cuidado com as porções, pois a substância é tão calórica quanto o açúcar”, alerta a nutricionista Ana Lins de Araújo, mestre em Saúde Pública e especialista em Nutrição Clínica Funcional. Além do sabor, o mel tem propriedades lubrificantes das vias aéreas, sendo utilizado com muito sucesso como expectorante, em conjunto com a própolis, substância resinosa, adesiva e balsâmica, também elaborada pelas abelhas, com alto poder anti-inflamatório, cicatrizante e anestésico. Outro importante produto das abelhas – mas ainda pouco conhecido da população de modo geral – é a geleia real, produzida pelos insetos mais jovens para alimentar a rainha. Contém notáveis quantidades de proteínas, lipídeos, carboidratos, vitaminas, hormônios, enzimas e substâncias minerais (biocatalizadores nos processos de regeneração celular), desenvolvendo uma importante ação fisiológica. A geleia tem sido bastante utilizada como restauradora das células do organismo, principalmente associada ao rejuvenescimento e a uma melhor nutrição celular. Além de vitamina E, possui forte presença de vitamina A, que favorece o bom funcionamento da visão e revigora o organismo. “Não se trata de um remédio, mas de um alimento concentrado com eficácia para o crescimento, longevidade e reprodução”, afirma Ana Lins de Araújo, lembrando que a ingestão deve ser da geleia real pura e que diabéticos não devem consumi-la, pois é um tipo de açúcar que precisa de insulina para ser absorvido.
O lado sagrado das abelhas Synara Rillo
para o melhor de todos na colméia; inclusive, ofertando esse melhor para além delas, já que seus produtos e subprodutos servem à natureza em toda a sua extensão. Outro ponto interessante sobre as abelhas é que toda a sua produção melífera, assim como seus subprodutos, é constituída de elementos de alto valor nutritivo para várias outras espécies, entre elas os mamíferos. O mel é fonte de energia para uma boa saúde; a geléia real apura essa energia trazendo mais vigor a quem consome; o própolis é um excelente controlador de crescimento de bactérias e um bom estimulante das nossas defesas orgânicas.
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eterinári Médica V
As abelhas fazem parte do nicho ambiental onde vivemos: são insetos que nos ofertam mel, cura e oportunidade de conhecimento. Como aprendizado, os pesquisadores do comportamento animal estudaram esses seres e nos mostram que os “princípios adotados pelos insetos para organizarem-se socialmente, podem ser aplicados a todas as sociedades. Tais princípios baseiam-se em divisão de trabalho entre os membros de uma sociedade e na comunicação entre eles”. Por esse aspecto de oportunizar elementos para a nossa compreensão do mundo, podemos entender como são importantes os insetos dentro de uma escala biológica e evolutiva de um ser vivo que partilha um ambiente conosco, pois podem ser estudados como busca de conceitos e princípios para o aprendizado do homem e suas aplicações teóricas. Conforme Aubrey Manning – autor do livro “Introdução ao Comportamento Animal” (Livros Técnicos e Científicos Editora S/A), alguns insetos são os animais mais completamente solitários, por lhes faltarem o contato mais básico, que é o contato entre pais e filhos. Muitos deles morrem antes de se completarem os estágios larvais de seus filhos. Mas cumprem seus ciclos de indivíduos que convivem num mesmo cosmo maior. Doam-se ao universo. No caso das abelhas, elas são indivíduos sociais que vivem em relações estreitas com suas colmeias, constituem uma grande família, ordenadas por uma rainha. Produzem alimento para si, para outros animais e para nós humanos. Observem o quanto há de ensinamento nessa microestrutura social das abelhas, como se fraternamente cada uma cuidasse de uma função especifica
Olhem o quanto há de sagrado nas aptidões desses insetos: são geradores de energias que nutrem e curam a si e ao todo. As abelhas têm princípios químicos e biológicos que interagem diretamente com a nossa fisiologia, suas toxinas em faixas estreitas – e na esfera da medicina natural oriental – podem trazer benefícios a um melhor funcionamento geral do nosso organismo. Essas toxinas apenas prejudicam ao homem se, por descuido ou descaso, invadirem o espaço territorial das abelhas de forma abrupta, pois essas reagirão por meio de picadas, havendo uma forte reação bioquímica. Mas, vejam bem, elas só atacam ao perceberem-se efetivamente ameaçadas. Sábios insetos a nos ensinar sobre o equilíbrio! As abelhas agem com naturalidade perante a vida; os animais irracionais de maneira geral agem assim. Vivem pela natureza mais do que vivem nela. Têm ciclos de vida mais breves, são mais ativos dentro desse nicho ambiental que partilham com o ser humano, mas colaboram com um universo que está sob constante mutação e rotação. Em contrapartida a tudo que nos é ofertado generosamente, devemos nos doar para a preservação desse ecossistema, oportunizando que o equilíbrio lógico se estabeleça e, mais que tudo, permaneça. Como chegamos ao estágio da linguagem mais especializada dentro das espécies animais, somos agentes com condições de consciência amplificada, e podemos, portanto, olhar para o todo que nos cerca usando dos recursos naturais, da ciência, da imaginação, dos sonhos, da força de vontade e da fraternidade. Desmatem menos, amem um pouco mais além, batizem-se com o mel da cura e da sabedoria, e usufruam o que é natural. Respeitem os animais, entre eles, as abelhas, as vespas, as borboletas, os besouros, as lagartixas, os sapos, os gambás, os lagartos, as cobras e tudo mais que tenha o principio da vida. E por tabela, respeitem-se mais. Synara Rillo é Médica Veterinária e autora do livro Cães, donos e dores humanas. Participa do programa de rádio “O outro lado dos animais” (www.radioras.com.br) e mantém um site (www.synararillo.com.br), destinado ao debate sobre animais de companhia.
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