Centro de Investigação e Documentação do GCEA
EDUCAÇÃO MUSICAL NO 2.º CICLO DO ENSINO BÁSICO REGIONALIZAÇÃO DO CURRÍCULO DE
FICHA TÉCNICA Título Regionalização do Currículo de Educação Musical no 2.º Ciclo do Ensino Básico Edição Secretaria Regional de Educação Direcção Regional de Educação Gabinete Coordenador de Educação Artística Centro de Investigação e Documentação do GCEA Direcção Geral da Edição Carlos Gonçalves Funchal, Julho de 2006 ISBN: 989-95144-0-3
LIVRO
Coordenação Paulo Esteireiro Autores Carlos Gonçalves, Fátima Barros, Paula Cristina Dias, Paulo Esteireiro, Roberto Moniz, Rubina Fernandes e Vítor Sardinha Textos de apoio, notas biográficas e concepção dos programas dos módulos Paulo Esteireiro e Vítor Sardinha Textos sobre instrumentos tradicionais Vítor Sardinha Selecção de exemplos musicais Rubina Fernandes e Vitor Sardinha Investigação de imagens e fotos Rui Camacho/Arquivo Xarabanda Sugestões de actividades Fátima Barros, Paula Cristina Dias, Paulo Esteireiro e Rubina Fernandes Revisão técnica Paulo Esteireiro Rui Camacho/Associação Musical e Cultural Xarabanda Revisão Rosete Farinha Digitalização de partituras Maria José Ferreira Designer gráfico Ruben Fernandes
DISCOS
Coordenação Paulo Esteireiro
Arranjos musicais e masterização Ricardo Rodrigues Selecção de exemplos musicais Rubina Fernandes e Vitor Sardinha
“Fantasia n.º 2” e “Ave Verum” gravado por Eduardo Gonçalves
CD 1
CD 2
2. Xarabanda A velha da Cacalhada - Cantiga de entretenimento crianças (Xarabanda) - "Tocares e Cantares Tradicionais da Madeira" P 1989 Associação Musical e Cultural Xarabanda
2. Sérgio Borges Onde vais rio que eu canto - Canção Ligeira Canção Vencedora do Festival RTP da Canção 1970 (Joaquim Pedro Gonçalves / Carlos Nóbrega e Sousa Compilação P 1993 EMI-Valentim de Carvalho, CI, CA
1. Xarabanda Corre, corre ó lindo anel - Cantiga de entretenimento crianças (Xarabanda) - "Longe da vista me vai" P 1994 Associação Musical e Cultural Xarabanda
3. Xarabanda Noite do Pão - cantiga de entretenimento adultos (Xarabanda) - "Tocares e Cantares Tradicionais da Madeira" P 1989 Associação Musical e Cultural Xarabanda 4. Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova Charamba - Cantiga de entretenimento crianças (GFEBN) - "Memórias de um povo" P 1995 Bis-Bis. Gestão de Cultura, Lda. 5. Xarabanda Mourisca - Cantiga de entretenimento adultos (Xarabanda) - "Longe da vista me vai" P 1994 Associação Musical e Cultural Xarabanda 6. Xarabanda Chama Rita - Cantiga de entretenimento adultos (Xarabanda) - "Sete dúzias de mentiras" P 1997 Associação Musical e Cultural Xarabanda 7. Xarabanda Trigo Loiro - Cantiga de trabalho (Xarabanda) - "Sete dúzias de mentiras" P 1997 Associação Musical e Cultural Xarabanda
8. Xarabanda Cantiga de Embalar - Cantiga de Trabalho (Xarabanda) - "Tocares e Cantares Tradicionais da Madeira" P 1989 Associação Musical e Cultural Xarabanda 9. Xarabanda Da Serra veio um Pastor - Cantiga Religiosa (Xarabanda) - "Cantigas ao Menino Jesus" P 2002 Associação Musical e Cultural Xarabanda 10. Xarabanda D. João - Romance (Xarabanda) - "Longe da vista me vai" P 1994 Associação Musical e Cultural Xarabanda
11. Pedro Abreu / Gabriel Freitas Quadrilha n.º 3 - Instrumental (braguinha) (Cândido Drumond Vasconcelos) "Antologia da Música Tradicional da Madeira" P 1998 Edição Almasud
1. Pianista: Olga Kuts Fantasia n.º 2 "Recordando Liszt" - Música Clássica Ocidental (Luiz Peter Clode) Gravação 2005
3. Pilares de Bânger Assombrações - Música Pop-rock (Pilares de Bânger) P 1994 Edição RDP
4. Cantora: Catarina Atanásio A mochila cor-de-rosa - Canção Infantil (António Castro /João Atanásio) - "23.º Festival da Canção Infantil da Madeira" Gravação 2004 Paulo Ferraz Studio 5. Grupo Madeirense de Fados de Coimbra Mar Alto - Fado (Edmundo Bettencourt / Mário F. Fonseca) 6. Estudantina Académica da Madeira Marcha da Estudantina (José Luís Fernandes / Ricardo Félix) 7. Cantor: Tony Cruz Noites da Madeira - Swing/Jazz (Tony Amaral) Gravado Paulo Ferraz Studio
8. Recreio Musical União da Mocidade Nova Aurora - Música Instrumental Amadora (Ernesto Serrão) "A Bem da Arte" P 1996 RMUM
9. Banda Municipal de Câmara de Lobos Hino da Filarmónica - Música Instrumental Amadora (Anselmo Serrão) Gravação e Edição Cardoso & Conceição 10. Coro Infantil B (GCEA) Hino da RAM - Música Coral Amadora (João Victor Costa)
11. Cantoras: Maria José Ferreira e Zélia Gomes Organista: António Esteireiro Ave Verum - Música Sacra (Germano Gomes)
INTRODUÇÃO O presente documento, Regionalização do Currículo de Educação Musical no 2.º Ciclo, surge de um conjunto de motivações, que fundamentam a sua necessidade no âmbito do meio escolar madeirense actual. Entre essas motivações salientam-se as seguintes: (1) O processo de regionalização dos currículos que se pretende realizar nas várias áreas do conhecimento, de modo a que os programas de ensino estejam adaptados às necessidades reais do ensino da região; (2) A preparação musical que os alunos da Madeira recebem ao longo do 1.º ciclo do ensino básico, através do Gabinete Coordenador de Educação Artística, que provoca um desfasamento em relação ao currículo nacional, onde o primeiro contacto sério com os professores de música especializados surge geralmente apenas no 2.º ciclo; (3) A enorme riqueza e variedade da cultura musical madeirense, tanto no plano da música tradicional como na música de cariz urbano, que infelizmente é pouco conhecida no resto do país e pouco introduzida nos actuais manuais existentes; (4) A necessidade de criar personalidades - modelo mais próximas dos alunos, de modo a aumentar o orgulho pelos músicos da sua terra e a motivação para a prática musical. No domínio musical, a regionalização do currículo de educação musical está prevista em duas fases: (1) numa primeira fase, preparação de um programa, conteúdos e sugestões de actividades para o 2.º ciclo; (2) numa segunda fase, preparação de um programa, conteúdos e sugestões para o 3.º ciclo.(1) Actualmente, nesta primeira fase, foram preparados os seguintes dois módulos: (1) Música Tradicional Madeirense (2) Música e Músicos Madeirenses do Séc. XX Módulo "Música Tradicional Madeirense" O primeiro módulo tem como tema a música da tradição madeirense, na sua vertente mais rural. A selecção dos exemplos musicais foi realizada de modo a dar a conhecer aos alunos a variedade musical da tradição madeirense, que foi organizada de acordo com as funções que as músicas desempenhavam no quotidiano do povo: (1) Cantigas de entretenimento para crianças: onde se incluem os jogos de roda e as lengalengas; (2) Cantigas de entretenimento para adultos: onde ganham destaque a chama Rita, o bailinho, a mourisca, o charamba; (3) Cantigas de trabalho: de que são exemplos, a cantiga da ceifa do trigo e a cantiga de embalar; (4) Cantigas religiosas: nas quais se destaca o ciclo de natal; (5) Romanceiro popular: onde se incluem as várias histórias passadas ao longo dos séculos por tradição oral. Incluiu-se ainda um capítulo dedicado aos cordofones tradicionais - braguinha, rajão e viola de arame, de modo a dar a conhecer um pouco da história e afinação destes instrumentos, a sua sonoridade, os "modos de tocar" tradicionais e modernos e o seu processo de construção. (1) Não se aborda o 1.º ciclo visto que nesse patamar do ensino, a regionalização do currículo já se encontra realizada e materializada no projecto do Gabinete Coordenador de Educação Artística.
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Todos os capítulos dispõem de vários textos de apoio, que têm como objectivo auxiliar o professor aquando da apresentação dos exemplos musicais. Normalmente, os textos de apoio dão: (1) uma pequena definição do género musical que se segue; (2) uma listagem dos instrumentos que costumam acompanhar o canto no género em causa; (3) o carácter emotivo e os assuntos dos textos (ou letras, se preferir) - de modo a que os alunos identifiquem bem a relação entre o carácter do texto e a emoção da música; (4) breves palavras sobre o exemplo musical escolhido. Finalmente, cada exemplo musical é acompanhado de uma proposta de actividade didáctica e de um breve comentário escrito pelo professor que experimentou a actividade numa sala de aula. Módulo "Música e Músicos Madeirenses do Séc. XX" O segundo módulo é dedicado aos músicos madeirenses do séc. XX que se destacaram nas diferentes áreas musicais presentes na Madeira, principalmente na sua vertente mais urbana e actual. Tentou-se abranger o máximo de áreas musicais de modo a transmitir aos alunos: (1) a ideia de que a música está presente em muitas situações da cultura madeirense; (2) a enorme riqueza e variedade que a arte dos sons permite. Deste modo, os exemplos musicais seleccionados foram agrupados de acordo com as diferentes subculturas musicais (2) presentes na região: (1) Música Clássica Ocidental: onde se destacam os compositores ligados ao ensino musical artístico de influência europeia. (2) Mundo das Canções: em que foram incluídas os principais tipos de canções, desde a canção pop-rock ligada à cultura juvenil, a canção infantil pertencente ao meio escolar dos 1.º e 2.º ciclos, a canção comercial ligeira ligada ao mercado musical, a canção académica maioritariamente ligada aos estudantes do ensino superior e o fado-canção. (3) Swing - Jazz: onde se destacam os músicos e compositores que actuaram nos hotéis e clubes nocturnos madeirenses, com música de swing e de jazz de influência norte-americana.
(4) Música instrumental e coral amadora: com principal destaque para as bandas filarmónicas, as orquestras de bandolins e os grupos corais, organizadas em associações culturais, casas do povo e colectividades de recreio e cultura. (5) Música Sacra: que inclui a música realizada sob a tutela da Igreja, com o propósito de comunicar com o divino. Tal como no módulo anterior, todos os capítulos dispõem de textos de apoio, que têm como objectivo auxiliar o professor aquando da apresentação dos exemplos musicais. No módulo "Música e Músicos Madeirenses do séc. XX" os textos de apoio dão geralmente: (1) o local onde costumam actuar os músicos dessa subcultura; (2) os géneros musicais cultivados por esses músicos; (3) o tipo de instrumentos escolhidos para realizar música; (4) breves informações sobre o exemplo musical seleccionado. Tendo em consideração que, na música de cariz urbano, as obras musicais são quase sempre do autor e os músicos são muitas vezes profissionais - ao contrário do que acontece na música tradicional, onde os autores da música se mantêm geralmente anónimos e ninguém segue a carreira de músico - optou-se por incluir uma rubrica de notas biográficas, para dar a conhecer aos alunos pormenores interessantes das vidas das personalidades madeirenses, que optaram profissionalmente pelo mundo da música. O objectivo é mostrar aos alunos a existência de carreiras profissionais ligadas ao mundo da música, criando em simultâneo personalidades - modelo mais próximas da sua realidade quotidiana. Finalmente, tal como no módulo de música tradicional, cada exemplo musical é acompanhado de uma propos(2) O conceito de "subcultura musical" é aqui utilizado no sentido de um subgrupo da cultura musical madeirense e não como uma cultura que se esconde por "debaixo" da cultura dominante, não sendo, por isso, entendido por nós como uma cultura marginal ou escondida à norma social.
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ta de actividade didáctica e de um breve comentário escrito pelo professor que experimentou a actividade numa sala de aula. O Gabinete Coordenador de Educação Artística agradece ao seguinte conjunto de individualidades, sem as quais não seria possível a concretização deste projecto: - ao músico e fotógrafo Rui Camacho, mentor e defensor do projecto desde o primeiro momento, por toda a sua disponibilidade e apoio nos domínios da pesquisa histórica de imagens, na sugestão de ideias, na selecção de exemplos musicais e na complexa actividade de revisão do livro; - ao professor e compositor Vítor Sardinha, pela sua preciosa colaboração na primeira fase do projecto, principalmente na realização de notas biográficas de vários autores madeirenses, que vão ser imprescindíveis na recuperação social destes músicos; - às professoras Fátima Barros, Paula Dias e Rubina Fernandes, pela criação de propostas de actividade para os exemplos musicais escolhidos e sua experimentação em ambiente escolar; e pelo bom companheirismo nas muitas reuniões realizadas; - à Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos dos Louros e à Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos do Estreito de Câmara de Lobos, pelo apoio dado ao projecto; - ao professor António Vasconcelos, pelas críticas construtivas e várias sugestões positivas que em muito melhoraram este documento; - à pianista Olga Kuts, ao organista António Esteireiro e às cantoras Maria José Ferreira e Zélia Gomes, pelas importantes colaborações na gravação áudio de músicas madeirenses; - ao violeiro Carlos Jorge, pelas preciosas fotografias do processo de construção de um cordofone, que nos cedeu graciosamente; - ao professor Roberto Moniz, pelo arranjo para instrumental Orff que nos cedeu da música "Na noite do pão"; - ao professor Ricardo Félix e à Estudantina Académica da Madeira, pelo importante auxílio prestado no capítulo da "Canção Académica", nomeadamente pela cedência da letra e gravação da música "Marcha da Estudantina"; - aos elementos do ex-grupo "Pilares de Bânger", pela cedência da letra e gravação da música "Assombrações"; - à fadista Eugénia Maria, pela colaboração prestada na escrita da sua biografia e na cedência de material sobre o seu percurso artístico; - à direcção da Banda Municipal de Câmara de Lobos, pela cedência da partitura do "Hino da Filarmónica" de Anselmo Serrão; - ao Sr. Énio Romano Álvares, pelas importantes informações sobre a vida do seu avô, o músico Ângelo Álvares de Freitas; - aos professores João Atanásio e Zélia Gomes, pela cedência de fotografias pessoais para incluir neste livro; - ao professor e compositor João Victor Costa, pela colaboração prestada na escrita da sua biografia e na cedência de material sobre o seu percurso artístico; - à família do músico Germano Gomes, pela cedência de partituras e notas biográficas sobre o organista madeirense.
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ÍNDICE FICHA TÉCNICA INTRODUÇÃO ÍNDICE PARTE I OS PROGRAMAS 1 - Os dois módulos: programas 1.1. Música Tradicional Madeirense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2. Música e Músicos Madeirenses do séc. XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 PARTE II OS MÓDULOS 1 - Módulo "Música Tradicional Madeirense" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 1.1. Cantigas de Entretenimento para Crianças 1.1.1. Jogo de Roda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 1.1.2. Lengalenga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10 14
1.2. Cantigas de Entretenimento para Adultos 1.2.1. Bailinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.2. Charamba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23 1.2.3. Mourisca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 1.2.4. Chama Rita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 1.3. Cantigas de Trabalho 1.3.1. Cantiga da Ceifa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37 1.3.2. Cantiga de Embalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 1.4. Cantigas de Carácter Religioso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44 1.5. Romanceiro Popular de Tradição Oral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47 1.6. Instrumentos Tradicionais Madeirenses 1.6.1. Cordofones . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50 1.6.2. "Modos de tocar" e outras técnicas possíveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53 1.6.3. "Violeiros" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54 1.6.4. Quadrilha n.º 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58
2. Módulo "Música e Músicos Madeirenses do séc. XX" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .60 2.1. Música Clássica Ocidental: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .60 2.2. Mundo das Canções: 2.2.1. Canção Ligeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68 2.2.2. Pop-Rock . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73 2.2.3. Canção Infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77
2.2.4. Canção Académica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81 2.2.5. Fado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .85 2.3. Swing / Jazz
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .89
2.4. Associações Culturais e Colectividades de Recreio e Cultura 2.4.1. Música Instrumental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93 2.4.1.1. Orquestras de Bandolins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93 2.4.1.2. Bandas Filarmónicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97 2.4.2. Música Coral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .108 2.4.2.1. Coros polifónicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .108 2.5. Música Sacra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .114 LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE EXEMPLOS MUSICAIS LISTA DE EXEMPLOS ORFF ALINHAMENTO DOS DISCOS BIBLIOGRAFIA
Parte I Os Programas 1. - OS DOIS MÓDULOS: PROGRAMAS
1.1. - MÚSICA TRADICIONAL MADEIRENSE OBJECTIVOS DO MÓDULO
No final do trabalho desenvolvido os alunos deverão ser capazes de: - reconhecer a existência de uma tradição musical madeirense; - reconhecer visualmente e auditivamente as diferentes danças da tradição madeirense e saber dançar uma delas; - reconhecer visualmente e auditivamente os principais instrumentos da tradição madeirense; - cantar músicas da tradição madeirense e realizar acompanhamentos básicos no braguinha, rajão ou viola de arame; - conhecer as principais fases da construção do braguinha.
PROPOSTA DE DURAÇÃO DO MÓDULO
O tempo de duração deste módulo situa-se entre as 6 e as 12 semanas.
COMPETÊNCIAS ANTERIORES
Para o desenvolvimento deste trabalho é desejável que o aluno tenha: - praticado a escala diatónica na flauta, no instrumental Orff e, preferencialmente, também nos instrumentos de corda; - cantado canções acompanhando-as com modos rítmicos e ostinatos; - realizado audições activas - ao nível vocal, instrumental e do movimento - com gravações musicais; - conhecimentos básicos de notação musical; - conhecimentos básicos dos compassos simples.
VOCABULÁRIO MUSICAL
Instrumentos tradicionais - famílias de instrumentos, cordofones (braguinha, rajão, viola de arame), violeiro ("construtor" de instrumentos), idiofones (raspadeira, brinquinho, castanholas de mão, pinhas, entre outros - ver póster Xarabanda), membranofones (bombo ...) e aerofones (búzio, flautas de cana). Géneros musicais - Mourisca, Charamba, Bailinho, Chama Rita, Baile da meia volta, Jogos de roda, Cantigas de trabalho, Cantigas religiosas, Romances, Lengalengas. Técnicas musicais - rasgado, ponteado, arpejado, harmónicos, pizzicato e glissando. Teoria musical - acorde, encadeamento de acordes, padrões rítmicos, ostinato rítmico, escala diatónica, compassos simples e compostos (na dança), andamentos.
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RECURSOS
1 - Póster com instrumentos populares 2 - CD com repertório de música tradicional com arranjos do autor - géneros da tradição 3 - CD de recolhas directas de música da tradição - géneros da tradição 4 - CD sobre "modos de tocar" (técnicas) dos instrumentos de corda tradicionais: braguinha, o rajão e a viola de arame 5 - Repertório musical da tradição madeirense em partitura - para explorar na flauta, cordofones e cantar 6 - Textos de apoio sobre os géneros da tradição e sobre os cordofones tradicionais 7 - DVD sobre a música tradicional madeirense 8 - Vídeo sobre danças tradicionais madeirenses
ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM A DESENVOLVER
Ao longo do módulo o aluno deverá realizar as seguintes actividades:
- Contextualizar os alunos com o conceito de música tradicional madeirense; - Visualizar as diferentes danças da tradição e caracterizá-las; - Praticar alguns dos movimentos característicos de uma ou mais danças tradicionais madeirenses; - Visualizar e classificar os principais instrumentos da tradição musical madeirense; - Realizar audições activas de géneros musicais tradicionais e caracterizá-los; -Tocar e cantar canções da tradição madeirense; - Conhecer alguns dos "modos de tocar" e outras possíveis técnicas de executar nos cordofones madeirenses; - Aplicar nos instrumentos de cordas tradicionais, nomeadamente no braguinha, algumas das técnicas destes instrumentos; - Visualizar o processo de construção do braguinha.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO
O processo de aprendizagem deste módulo poderá ainda ser enriquecido através: - da assistência - e eventual participação - a espectáculos ou ensaios de grupos de dança tradicional; - do convite a directores de grupos de danças tradicionais para discursar na sala de aula; - da assistência a espectáculos ou ensaios de grupos de música tradicional; - do convite a um construtor de instrumentos tradicionais madeirenses para observar o processo de construção de instrumentos; - do convite a um tocador de cordofones tradicionais para demonstrar ao vivo alguns dos seus principais "modos de tocar" e interpretar músicas do repertório para este instrumento; - da realização de gravações de cantadores ao desafio ou de outras formas de música tradicional genuína, para partilhar na sala de aula.
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1.2. - MÚSICA E MÚSICOS MADEIRENSES DO SÉC. XX OBJECTIVOS DO MÓDULO
No final do trabalho desenvolvido os alunos deverão ser capazes de: - conhecer as diferentes subculturas musicais presentes na Madeira ao longo do século XX; - identificar os modelos instrumentais característicos das diferentes subculturas musicais; - conhecer alguns dados biográficos das principais personalidades que se destacaram na cultura musical madeirense; - praticar músicas de autores madeirenses.
PROPOSTA DE DURAÇÃO DO MÓDULO
O tempo de duração deste módulo situa-se entre as 6 e as 12 semanas.
COMPETÊNCIAS ANTERIORES
Para o desenvolvimento deste trabalho é desejável que o aluno tenha: - praticado a escala diatónica na flauta, no instrumental Orff e nos instrumentos de corda; - cantado canções acompanhando-as com modos rítmicos, ostinatos e acordes; - realizado audições activas - ao nível vocal, instrumental e do movimento - com gravações musicais; - conhecimentos básicos de notação musical e de leitura de partituras; - conhecimentos básicos dos compassos simples e compostos.
VOCABULÁRIO MUSICAL
Locais de espectáculos musicais - Sala de concertos do Conservatório, Hotéis, Clubes, Casino, Teatros, Liceu, Rádio, Televisão, Igrejas, Festas ao ar livre, Salões Nobres das Câmaras Municipais, Museus. Instrumentos musicais - voz, piano, contrabaixo, guitarra eléctrica, bateria, instrumentos de sopro (Bandas), instrumentos de corda (Orquestras de Palhetas), instrumentos da música clássica europeia (Grupos de Câmara), órgão de tubos. Géneros musicais - Swing, Twelve Bar Blues, Marchas, Polkas, Canção, Hino, Oratória, Balada, Sonata, Canção pop-rock, Divertimento, Valsa, Serenata. Teoria musical - escalas diatónica e pentatónica, acorde, encadeamento de acordes, padrões rítmicos, ostinato rítmico, compassos simples e compostos.
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RECURSOS
1 - CD com grupos musicais madeirenses: Música Clássica Europeia; Swing /Jazz; Música Juvenil; Bandas Filarmónicas; Orquestras de Palheta; Canções Populares de Autor; Música Sacra 2 - Textos biográficos sobre músicos, grupos musicais e festivais 3 - Repertório musical com melodias e acordes 4 - Textos de apoio sobre os géneros musicais activos na cultura musical madeirense
ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM A DESENVOLVER
Ao longo do módulo o aluno deverá realizar as seguintes actividades: 1 - Visualizar e comentar fotos de concertos das diferentes subculturas musicais presentes no Funchal, tendo em consideração as diferentes funções sociais da música; 2 - Ouvir exemplos musicais das diferentes subculturas, tendo em consideração os diferentes modelos instrumentais, seguindo a partitura ou participando activamente; 3 - Executar (vocal e instrumental) músicas de autores madeirenses, realizando uma contextualização com dados biográficos dos autores.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO
O processo de aprendizagem deste módulo poderá ainda ser enriquecido através: - do convite a músicos representantes das diferentes subculturas para falarem das suas experiências musicais; - da assistência a espectáculos musicais; - da assistência a ensaios de músicos ou de grupos musicais.
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PARTE II OS MÓDULOS 1. - MÓDULO - “MÚSICA TRADICIONAL MADEIRENSE 1.1. - CANTIGAS DE ENTRETENIMENTO PARA CRIANÇAS 1.1.1. - JOGO DE RODA
Ilustração 1 - Jogo de Roda
TEXTOS DE APOIO DEFINIÇÃO
Os jogos de roda são passatempos de grupo, que costumam ser cantados. Estes jogos organizam-se nas festas públicas ou privadas, ou mesmo em qualquer momento de socialização. TEXTOS
Os temas dos textos são habitualmente elementos do próprio jogo. Por exemplo, se o jogo consistir na procura de um objecto escondido, o texto da canção pergunta pela localização desse mesmo objecto.
INSTRUMENTOS
Os jogos de roda são apenas cantados pelos participantes do jogo, não havendo qualquer acompanhamento instrumental.
EXEMPLO
O exemplo musical escolhido é a canção "Corre, corre ó lindo anel".
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“CORRE, CORRE Ó LINDO ANEL” Versão musical do grupo Xarabanda
Exemplo Musical 1 - “Corre Corre ó Lindo Anel” CD 1 faixa 1
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“CORRE, CORRE Ó LINDO ANEL” VERSÃO PARA INSTRUMENTAL ORFF
Arranjo musical: Carlos Gonçalves
Exemplo Orff 1 - “Corre Corre ó Lindo Anel”
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
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COMPETÊNCIAS
Interpretação e comunicação - Canta e acompanha a música com instrumentos melódicos e de percussão. Criação e experimentação - Cria e interpreta ostinatos corporais e instrumentais. Percepção sonora e musical - Descreve a música com vocabulário adequado. Culturas musicais nos contextos - Reconhece a música como parte do quotidiano e a sua função de entretenimento infantil.
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SUGESTÕES DE ACTIVIDADES Questionar os alunos sobre os entretenimentos tradicionais antes da descoberta e da evolução das tecnologias. Identificar a música como um jogo de roda. Audição da música. Ensinar o texto e a melodia da canção. Identificação dos instrumentos de altura definida e indefinida. Compor ostinatos rítmicos e melódicos simples. Divisão da turma em dois grupos (instrumental e roda). Realizar o jogo de Roda - Ver instruções do jogo.
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VOCABULÁRIO MUSICAL Anacruse Instrumentos de altura definida e indefinida Fá# e Dó# Ostinato Padrões rítmicos e melódicos Compasso binário Jogo de roda
RECURSOS
Um anel Aparelhagem sonora Instrumentos de altura definida e indefinida
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INSTRUÇÕES DO JOGO Os alunos dispõem-se em roda sentados no chão. Um dos alunos fica no meio, de pé, com o anel escondido entre as palmas da mão, que se encontram juntas em posição de rezar. O grupo de alunos começa a cantar a música e o aluno do meio circula pelo grupo e simula deixar cair o anel nas mãos semiabertas de cada um dos participantes do jogo, de modo a que ninguém perceba onde é deixado o anel. No final da canção, o aluno do meio pergunta a 3 elementos do grupo quem tem o anel. O aluno que adivinhar, no jogo seguinte, ocupa o lugar do aluno do meio; se nenhum dos elementos adivinhar, o aluno que recebeu o anel ocupa o lugar do meio.
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ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO
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Tocar “Corre Corre ó Lindo Anel” na versão para instrumental Orff apresentada na página 8. Cantar a canção com os exemplos dados, na história, pelos alunos. Na disciplina de E.V.T. criar fantoches ou máscaras e dramatizar a canção. Gravação da dramatização. Interdisciplinaridade com Língua Portuguesa: lengalengas e tradição oral.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE CORRE, CORRE Ó LINDO ANEL Para a apresentação e experimentação da regionalização nos programas de 2º ciclo, optei pela introdução deste jogo de roda numa turma de 5.º ano. Comecei por referir aos alunos que no tempo dos seus pais e avós as brincadeiras e entretenimento das crianças eram muito diferentes das que elas agora conhecem. Referi também que os jogos e canções tradicionais passavam de geração em geração verbalmente (uma vez que muitas pessoas não sabiam ler / escrever, nem conheciam a notação musical) e, que se tratavam de autênticos tesouros ancestrais que deveriam ser preservados, quer na nossa cultura quer na memória das nossas crianças. Questionei as crianças sobre o seu conhecimento dos entretenimentos tradicionais madeirenses, tendo apurado que muito poucas os conheciam. Somente aquelas que tinham tido grande contacto com pessoas mais idosas ou cujos familiares faziam parte de grupos folclóricos tradicionais, os conheciam. Comecei por definir o jogo de roda e a importância da música no jogo. De seguida, os alunos ouviram a música, através de audição musical. Depois de apresentada a partitura e a letra da canção, os alunos entoaram a melodia, primeiro pela repetição das frases melódicas e depois a melodia completa. Em seguida entoaram a canção (com letra). Passei então à apresentação das regras do jogo de roda (Jogo do anel). Os alunos, desde logo mostraram grande interesse pela realização deste jogo, sendo difícil nesse dia acabar a aula, tal era o entusiasmo das crianças por esta actividade. Na aula seguinte, depois de realizarmos novamente o jogo de roda (a pedido dos alunos), e após ter referido aos alunos que os jogos de roda tradicionalmente eram só cantados, não existindo acompanhamento instrumental, propus fazermos algo de diferente. Dividi então a turma em quatro grupos, para que três deles realizassem três ostinatos rítmicos e o quarto grupo uma contra melodia (ou ostinato melódico) com as notas, Ré-Mi-Lá (como se tratava de uma turma de 5.º ano, seria difícil tocar a melodia). Os alunos interpretaram os ostinatos rítmicos (com instrumentos de altura indefinida) e a contra melodia (na flauta) com o acompanhamento da audição musical. Para finalizar esta actividade, dividi a turma em dois grupos, um instrumental e outro para a entoação da canção e realização do jogo de roda. Mais uma vez, os alunos demonstraram muito entusiasmo pela actividade. No final, pedi aos alunos que questionassem os pais ou pessoas mais idosas sobre quais os entretenimentos infantis e/ou canções de crianças dos seus tempos. A realização desta actividade proporcionou aos alunos uma grande satisfação, tendo as crianças demonstrado o muito interesse que tinham na continuação da realização de actividades que envolvessem entretenimentos e músicas tradicionais madeirenses. Prof.ª Paula Dias
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1.1.2. - LENGALENGA
Textos de apoio
DEFINIÇÃO
As Lengalengas são passatempos infantis, caracterizados por uma melodia simples que é utilizada repetidamente ao longo do texto.
TEXTOS
Os textos das lengalengas são longos e caracterizados por vários jogos de palavras - surgindo até, por vezes, novas palavras ou novos sentidos - que lhe atribuem um carácter divertido.
INSTRUMENTOS
As lengalengas não carecem de acompanhamento instrumental. Por vezes, as lengalengas podem ser acompanhadas por gestos e movimentos.
Ilustração 2 - Tocadores
EXEMPLO
O exemplo musical escolhido é a lengalenga "A velha da cacalhada".
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“A VELHA DA CACALHADA” Versão musical do grupo Xarabanda
A velha que tinha um gato Debaixo da cama o tinha O gato miava O cão ladrava E a velha dizia; -Dó, dó, dó numa banda só. A velha que tinha um galo Debaixo da cama o tinha O galo cantava O gato miava O cão ladrava E a velha dizia; -Dó, dó, dó numa banda só.
Exemplo Musical 2 - “A Velha da Cacalhada” CD 1 faixa 2
A velha que tinha uma galinha Debaixo da cama o tinha A galinha cacarejava O galo cantava O gato miava O cão ladrava E a velha dizia; -Dó, dó, dó numa banda só. A velha tinha um carneiro Debaixo da cama o tinha O carneiro berrava O galo cantava O gato miava O cão ladrava E a velha dizia; -Dó, dó, dó numa banda só. Etc.
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
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COMPETÊNCIAS Culturas Musicais nos Contextos - Reconhece a música como parte do quotidiano e a sua função de entretenimento infantil. Interpretação e Comunicação - Prepara e apresenta a peça musical. Criação e Experimentação - Compõe acompanhamentos rítmicos simples para acompanhar a canção.
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VOCABULÁRIO MUSICAL Introdução Intervalos melódicos, harmónicos e acordes Bailinho / Despique - Classificação dos instrumentos Lengalenga Musical Bordão Si bemol
RECURSOS:
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CD- Faixa Aparelhagem sonora Instrumentos da percussão de altura definida e indefinida Câmara de filmar / Máquina fotográfica
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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Contextualização das cantigas entretenimento para crianças. Audição da música e aprendizagem da letra da canção. Criação de um ostinato rítmico - a interpretar por instrumentos de percussão de altura indefinida. Apresentação de dois acordes harmónicos (bordão) - Dó-Mi e Dó-Fá - a interpretar por flautas e xilofones. Divisão da turma em três grupos (canto, xilofones-flauta e percussão). Pedir aos alunos que pesquisem, entre familiares, cantigas tradicionais madeirenses para crianças de tempos mais antigos.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO
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Cantar a canção com os exemplos dados, na história, pelos alunos. Na disciplina de E.V.T. criar fantoches ou máscaras e dramatizar a canção. Gravação da dramatização. Interdisciplinaridade com Língua Portuguesa: lengalengas e tradição oral.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE A VELHA DA CACALHADA Comecei a apresentação desta actividade com a contextualização das cantigas de entretenimento para as crianças. De seguida, defini a lengalenga como um passatempo infantil tradicional e como um jogo de palavras, por vezes bastante divertidos. Aquando da apresentação da música, através de audição musical, obtive por parte dos alunos uma gargalhada geral. Porém, entusiasmados com a música, começaram logo a cantar o refrão, mesmo ainda sem terem conhecimento da letra e da melodia da canção. Após a visualização da letra, os alunos interpretaram a canção, juntamente com a audição musical. Solicitei então aos alunos a criação de um ostinato rítmico simples, para ser executado com instrumentos de percussão de altura indefinida. Para a realização desta actividade, aproveitei para introduzir a noção de intervalos melódicos, harmónicos, acordes e bordão. Apresentei-lhes dois exemplos de bordões (Dó-Mi e Dó-Fá), a serem utilizados mais tarde por instrumentos de altura definida. Para estes bordões, os alunos escolheram o xilofone e a flauta. Tanto os bordões como o ostinato seriam só executados no refrão da canção. Após vários ensaios instrumentais, dividi a turma em três grupos: 1.º grupo - Flautas / Xilofones; 2.º grupo - Percussão; 3.º grupo - Canto e dramatização da canção. A actividade foi de muito agrado dos alunos, o que ficou demonstrado através da grande participação e empenho em todas as actividades propostas na aula. Prof.ª Paula Dias
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1.2. - CANTIGAS DE ENTRETENIMENTO PARA ADULTOS 1.2.1. - BAILINHO
TEXTOS DE APOIO DEFINIÇÃO
O Bailinho é um canto improvisado em despique (desafio), por duas ou mais pessoas, que pode ser dançado de forma espontânea nos arraiais, festas ou romarias. O Bailinho é o género musical mais divulgado na Madeira, tendo algumas variantes como o Baile de Oito, o Baile Pesado e o Baile das Camacheiras.
EXEMPLO
O exemplo musical escolhido é a canção "Na noite do pão", que era cantada e bailada no Caniçal.
INSTRUMENTOS
O bailinho é normalmente acompanhado por cordofones - rajão, viola de arame, braguinha e rabeca - e alguns instrumentos de percussão - castanholas, bombo, raspadeira e brinquinho.
TEXTOS
Os textos que se improvisam durante o Bailinho costumam ter um carácter jocoso, alegre e jovial, sendo normal os cantores brincarem com situações do quotidiano.
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Ilustração 3 - Eduardo Caldeira, um dos grandes divulgadores da tradição madeirense, a tocar braguinha.
“NA NOITE DO PÃO”
Versão musical do grupo Xarabanda
Eu já fui agora não Veneno na tua boca P’ra tuas palavras loucas Tenho sempre orelhas moucas.
Eu fui ao mar às garoupas E pesquei no lageado Confessa-te alma perdida Do que me tens assado.
Eu fui ao mar de joelhos De joelhos fui ao fundo Também se há-de acabar A maldade deste mundo.
As ondas do mar lá fora São brancas e amarelas Ai coitado de quem nasce Pra morrer no meio delas.
Se fores ao mar ao peixe Olha que peixe apanhais Apanha-me a garoupinha Que é peixe de três sinais.
Ó mar tu és um leão Que a todos queres comer Não sei como podem os homens As ondas do mar vencer.
Debaixo do mar é lodo Debaixo do lodo é chão Debaixo de uma amizade Se descobre uma paixão.
flauta
flauta
flauta
Exemplo Musical 3 - “Na Noite do Pão” CD 1 faixa 3
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“NA NOITE DO PÃO”
VERSÃO PARA INSTRUMENTAL ORFF Arranjo musical: Roberto Moniz
Flauta Triângulo
Jogo de Sinos Xilofone 1
Xilofone 2 Metalofone Xilofone Baixo
Tamborim
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Exemplo Orff 2 - “Na Noite do Pão”
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
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Interpretação e comunicação - Canta sozinho e em grupo com precisão técnico artística. Precessão sonora e musical - Identifica auditivamente os instrumentos e características inerentes ao género musical. Culturas musicais nos contextos - Reconhece a música como parte do quotidiano e a sua função de entretenimento de adultos.
RECURSOS
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VOCABULÁRIO MUSICAL Anacruse Interlúdio Bailinho / Despique Instrumentos tradicionais madeirenses: rajão, viola de arame, rabeca, braguinha, brinquinho e bombo Vozes femininas e masculinas
Aparelhagem sonora Póster “Instrumentos Musicais Populares da Madeira” Flauta de Bisel
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES Audição da música e identificação dos instrumentos tradicionais madeirenses (cordofones e percussão). Introdução da classificação dos instrumentos e visualização dos restantes no póster “Instrumentos Musicais Populares da Madeira” (edição Associação Musical e Cultural Xarabanda). Explicitação do conceito de despique e identificação dos diferentes tipos de vozes. Interpretação vocal da canção com a turma dividida em rapazes / raparigas. Interpretação na flauta do interlúdio (consoante a turma, ou criação de uma contramelodia para os alunos com maiores dificuldades). Acompanhar a música com o ostinato rítmico característico do Bailinho, nos instrumentos tradicionais.
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ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Tocar “Na Noite do Pão” na versão para instrumental Orff apresentada na página 17. Convite a pessoas de grupos de música tradicional para interpretação da dança e interpretação do despique. Visualização de um DVD com danças tradicionais. Pesquisa em Área de Projecto sobre os trajes tradicionais madeirenses.
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COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE
"NA NOITE DO PÃO" Os alunos demonstraram muito interesse pelos instrumentos tradicionais da Madeira e colocaram as suas questões. Mostraram apreço pela actividade de cantar "ao desafio" em dois grupos (rapazes e raparigas). E gostaram muito de acompanhar a música com ostinato rítmico do bailinho. Como a turma tem muitas dificuldades a nível da flauta, tocaram uma contramelodia muito simples em vez do interlúdio.
Prof.ª Fátima Barros
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OUTROS TEXTOS DE APOIO "O que é um brinco?” por Jorge Torres e Rui Camacho Grupo de populares que se forma em situações de convívio social a fim de cantar ao desafio. Os instrumentos que aparecem podem variar muito, embora na actualidade o acordeão tenda a monopolizar tudo. O facto explica-se por um acordeão se fazer ouvir melhor que um grande grupo de instrumentos tradicionais. Um acordeonista dispensa a presença dos outros músicos. Quando temos a sorte de não apanhar com ele, podemos ouvir o rajão, a viola de arame, o bombo, as castanholas, o reco-reco, os ferrinhos, etc. Os dois primeiros, sendo instrumentos de cordas sujeitos a normas de afinação, são habitualmente obra de alguns artesões locais. Muitos dos romeiros constroem os seus próprios instrumentos, aparecendo de todos os feitios e recorrendo aos mais variados materiais naturais para funcionarem como idiofones (é o caso das pinhas)". A música do brinco é só uma: o bailinho. A sua música serve de base para os despiques. Basta um músico para fazer reunir à sua volta dois ou mais despicadores. Sempre em roda, cada um na sua vez lança uma quadra (geralmente, com uma rima tipo ab cb). Por norma, cada despicador canta uma quadra apenas. Nalgumas situações, juntará mais dois versos (rima db), ou até mesmo uma outra quadra. Acabado de cantar, espera que a vez dê a volta à roda até regressar a si. Só então volta a ter a palavra, respondendo aos ataques que tiver sofrido e lançado as suas provocações. - Já chegou à minha mão Eu agora vou falar Olha por eu ser mulher Sou rele' de aturar. - Quem amassa pela festa Pelo' reises tem bolor Ah s' ê fosse teu marido Tu ias achar um calore
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“BAILINHO DAS CAMACHEIRAS” por Carlos M. Santos "A gente nova prefere o bailinho para as suas trovas, por oferecer menos monotonia que o charamba e melhor se conjugar com a alegria própria de quem procura divertimentos. Usa de várias modalidades, uma das quais, muito interessante, é o que chamam cantar às pegadinhas. É uma espécie de mote e glosa que, segundo a praxe, deve ser iniciada pelo tocador e passar pela roda até chegar ao ponto de partida. O mote consiste em dois versos duma quadra, versando um assunto qualquer; os que estiverem a seguir devem responder, cada um de per si, completando-a, dentro da rima e do assunto. Quando o mote faz sentido completo, o respondente termina-o também com uma ideia perfeita. O terceiro cantor, continuando, busca o motivo que lhe parecer para os dois versos respeitando, todavia, a rima inicial; o quarto completa-os e assim por diante. Só o tocador tem autoridade para mudar de rima. Um exemplo de pegadinhas:
1.º cantor (rima inicial) Eu cá toco machetinho Para a gente se entreter 2.º cantor Não conheço entertimento Sem comer nem beber 3.º cantor Nem só de pão vive o homem Toda a vida ouvi dizer 4.º cantor Gosto tanto de cantigas Que a cantar queria morrer 5.º cantor Se queres morrer cantando Deita-te aí qu'é pr'eu ver 6.º cantor Mas dá-lhe um copo de vinho P´ra ela não enrouquecer Ilustração 4 - Viola de Arame
em Carlos M. Santos (1937) Tocares e Cantares da Ilha : "Estudo do Folclore da Madeira" . [Funchal]: Tipografia da Empreza Madeirense Editora Lda., pp. 78 - 79.
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1.2.2. - CHARAMBA
Ilustração 5 - Charamba
Textos de apoio DEFINIÇÃO O Charamba é uma canção de despique, em que o texto é tradicionalmente improvisado. Normalmente, o despique ocorre entre dois ou mais intervenientes, designados de charambistas.
TEXTOS O tema a improvisar - a que o povo chama o "fundamento" - pode ser livre ou acordado previamente e costuma opor conceitos ou personagens: novo / velho; patrão / empregado; marido / mulher; rico / pobre; entre outros.
INSTRUMENTOS O Charamba é normalmente acompanhado por viola d'arame e rabeca, podendo ainda incluir outros instrumentos.
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é um charamba cantado pelo Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova.
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“CHARAMBA”
Versão musical do Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova I Quande eu venho p'ro charamba Já trago o tempe contado, O Sol quande nasce é rei, Quande se põe é morgado. E o charamba pequeninho Sempre foi a menino. O charamba pequeninho Sempre foi a menino. II Aí o charamba vem do norte C'um bordão de limoeiro. Aí o charamba vem do norte C'um bordão de limoeiro, Aí deixa passar o charamba Que ele vem pitareiro. Aí o charamba tem bordão Na viola e no rajão. Aí o charamba tem bordão Na viola e no rajão.
Introdução Interlúdio
Coda
Exemplo Musical 4 - “Charamba”
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CD 1 faixa 4
III E ao passar em tua casa Ouvi a tua mãe dizer. E ao passar em tua casa Ouvi a tua mãe dizer, Deita as couves na janela Qu'o milho já está a ferver. E o charamba está doente Não posso ficar contente. O charamba está doente Não posso ficar contente. IV Aí o charamba mais pequene Furtou as botas ao pai. Aí o charamba mais pequene Furtou as botas ao pai. Aí para ir àquela banda Ver as festas que lá vai. Aí o charamba tá contente E se mostra a toda gente. Aí o charamba tá contente E se mostra a toda gente.
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
Interpretação e comunicação - Canta sozinho e em grupo com precisão técnico artística. Precessão sonora e musical - Identifica auditivamente os instrumentos e características inerentes ao género musical. Culturas musicais nos contextos - Reconhece a música como parte do quotidiano e a sua função de entretenimento de adultos.
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VOCABULÁRIO MUSICAL Introdução, Interlúdio e Coda Improvisação vocal Género musical Charamba Instrumentos tradicionais madeirenses
RECURSOS Aparelhagem sonora
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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Contextualizar histórica e socialmente o charamba (ver texos de apoio). Audição dos excertos musicais e identificação das diferenças relativas: * à forma * à instrumentos musicais * à improvisação vocal
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO
Nas escolas com sala de informática e, que possuam software de notação musical, poderão ser copiados os excertos musicais. Interdisciplinaridade com História e Estudo Acompanhado: Pesquisa, recolha e análise do género musical nos diferentes Municípios da Região.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE "CHARAMBA"
Comecei por fazer uma contextualização histórica e social do Charamba , com base nos textos de apoio, realçando que o Charamba é uma canção de despique e costuma ser acompanhado principalmente por viola de arame e rabeca. Depois procedemos à audição de dois Charambas (o 1.º de "Memórias de um povo" e o 2.º de "Música Tradicional da Madeira" - recolha). Na audição do 1.º Charamba seguiram a letra escrita no quadro, no 2.º foi só audição. Depois da audição do 1.ºCharamba (só as duas primeiras estrofes), analisamos a letra do mesmo e o significado de algumas palavras menos comuns (por ex.: morgado e "bordão na viola e no rajão"). Em seguida realizamos uma segunda audição focando a atenção nos instrumentos que acompanham este charamba e na forma do mesmo. Depois fizemos a audição do 2.º Charamba (recolha) para o compararmos com o primeiro a nível da forma, instrumentos musicais e improvisação vocal. Embora este seja menos perceptível a nível da letra, foi interessante podermos comparar a forma de cantar, os instrumentos e captar o "carácter" do Charamba. Aproveitei para explicar sumariamente o que é uma recolha e as características da mesma. Os alunos mostraram interesse por esta actividade e acharam curioso este género musical, principalmente a forma como os charambistas cantam e as variações nos interlúdios. Prof.ª Fátima Barros
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OUTROS TEXTOS DE APOIO “Charamba” por Jorge Torres e Rui Camacho "Noutros tempos, o charamba também teve a sua presença nos arraiais. Tocado pela viola de arame, chegou a ser uma "marca de distinção". Não era qualquer um que o tocava e muito menos, que o cantava. Mas, agora, os tempos são outros: - Eu vou dar a baua tarde baua tarde de passar boa tard' a tod' a gente o qu' a vista m´alcançar ah primo João Gouveia enquanto não se morrere o charamba não há-d' acabare.
“Charamba” por Jorge Torres e Rui Camacho "Trata-se de uma configuração local do género poético-musical oral de carácter repentista difundido em todo o país, tendo várias designações e configurações locais (cantares ao desafio, cantoria, chula, desgarrada, despique, baldão, velhas, ladrão do Sado, décimas silvadas, gralhas, (e. o.). Actualmente em vias de desaparecimento, a prática do charamba circunscreve-se a algumas localidades nos Municípios de Santana, Ponta do Sol, Camacha e Machico. Dois ou mais homens, "charambistas", ou mais raramente mulheres, acompanhados por uma viola de arame, um violino, um rajão ou uma braguinha (muitas vezes tocados pelos próprios cantores) improvisam melodias e quadras abordando temas do quotidiano local, com um tom crítico e irónico. A temática pode ser livre, ou previamente acordada, opondo, muitas vezes, dois personagens ou conceitos, p. ex.: patrão / empregado, marido / mulher. Em geral, o texto improvisa-se em quadras de sete sílabas, dependendo o número de versos improvisados da capacidade do charambista, do desafio colocado, do tempo disponível entre outros factores. O charambista tem grande liberdade melódica, ficando o músico obrigado a segui-lo com o acompanhamento que tem por base a alternância harmónica entre tónica e dominante. O charamba, tradicionalmente interpretado num andamento relativamente lento, na tonalidade de sol maior, é composto pela alternância entre a improvisação melódica e poética do charambista, executada num ritmo livre e os interlúdios instrumentais curtos constituídos por um padrão melódico e rítmico fixo em 2/4".
Camacho, Rui e Torres, Jorge. Textos provisórios para edição de Dicionário da Música do séc.XX. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa - INET.
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1.2.3. - MOURISCA
Textos de apoio
DEFINIÇÃO Dança que se realizava na procissão de Corpo de Deus e onde se simulavam combates entre cristãos e mouros. A Mourisca existente na Madeira não tem nada a ver com esta origem, sendo essencialmente uma dança cantada e que é acompanhada instrumentalmente.
INSTRUMENTOS A Mourisca é normalmente acompanhado por cordofones - rajão, viola de arame, braguinha e rabeca - e alguns instrumentos de percussão - castanholas, bombo, raspadeira e brinquinho.
TEXTOS Os textos abordam temas do quotidiano, como o amor, a descrição da própria terra de origem, entre outros.
Ilustração 6 - Mourisca
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é a Mourisca de Santa Cruz, onde se pode observar uma das características fundamentais da Mourisca, que é o "passo ternário" (divisão ternária da pulsação).
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“MOURISCA”
Versão musical do grupo Xarabanda
Linda cara tem Maria Lindos olhos para amar Linda boca para dar beijos Lindo corpo para abraçar.
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Os meus olhos de chorarem Já nenhuma graça tem Já tenho dito aos meus olhos Que não chorem por ninguém.
Exemplo Musical 5 - “Mourisca” CD 1 faixa 5
Ah, minha mãe, minha mãe Ah, minha mãe, minha amada Quem tem uma mãe tem tudo quem não tem mãe não tem nada.
“MOURISCA”
VERSÃO PARA INSTRUMENTAL ORFF
Arranjo musical: Fátima Barros, Paula Dias e Rubina Fernandes
Exemplo Orff 3 - “Na Noite do Pão”
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
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COMPETÊNCIAS
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Interpretação e Comunicação - Canta sozinho e em grupo e toca pelo menos um instrumento musical utilizando técnicas instrumentais. Criação e Experimentação - Improvisa melodias, variações e acompanhamentos utilizando diferentes vozes e instrumentos. Percepção Sonora e Musical - Identifica auditivamente elementos e estruturas musicais, utilizando terminologias apropriadas. Culturas musicais nos contextos - Reconhece a música como parte do quotidiano e a sua função de entretenimento de adultos.
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VOCABULÁRIO MUSICAL
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Compasso binário: divisão ternária da pulsação Ligaduras de expressão e de prolongação Fa #
RECURSOS Aparelhagem sonora Instrumentos de percussão de altura definida e indefinida da sala de aula Flauta
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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Contextualizar a mourisca no contexto histórico, social e lendário (ver textos de apoio). Audição musical da peça. Interpretação vocal da melodia. Compor um bordão simples - Lá - Ré e ostinatos para os instrumentos de percussão (ver exemplos). Tocar o ostinato melódico na flauta. Improvisar no 2.º interlúdio com os instrumentos de percussão.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO
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Visualizar o DVD com danças tradicionais madeirenses Realizar a coreografia da peça Assistir a um ensaio de um Grupo Folclórico Convidar um elemento de um Grupo Folclórico para ensinar os passos de dança
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE
"MOURISCA" Comecei pela apresentação dos instrumentos tradicionais madeirenses, através de alguns exemplos existentes na sala de aula (Brinquinho, Rajão e Braguinha). Utilizei também como apoio um póster (do grupo Xarabanda) que incluía também instrumentos tradicionais madeirenses. Após definição da mourisca como uma dança cantada e acompanhada instrumentalmente, procedi à apresentação da canção através de audição musical. Pedi aos alunos que tentassem identificar os instrumentos da melodia, tendo os mesmos sido identificados com alguma facilidade. Referi aos alunos que uma das características fundamentais na mourisca era a divisão ternária da pulsação. Foi facultado aos alunos a partitura, assim como a letra da canção. Após análise da partitura, os alunos aprenderam as notas Fá# e Dó#, assim como a ligadura de prolongação e de expressão. Passámos então à interpretação vocal da melodia, onde alguns alunos voluntariamente iam marcando a pulsação com batimentos corporais. O resto da aula foi utilizado para o estudo e prática da melodia com recurso a flautas. Na aula seguinte e após pequena revisão, verifiquei que alguns alunos tinham dificuldade na execução da melodia com a flauta. Assim, propus a esses alunos a interpretação de um ostinato melódico. Pedi aos alunos a criação de ostinatos rítmicos muito simples (visto os alunos não se encontrarem muito familiarizados com o compasso). Dividi a turma em cinco grupos, um grupo cantava a canção, um outro tocava a melodia na flauta, um terceiro grupo tocava nos xilofones o ostinato melódico, o quarto grupo os ostinatos rítmicos (com diferentes instrumentos de percussão de altura indefinida) e por fim o último grupo marcava a pulsação. Os ostinatos rítmicos só seriam executados nos interlúdios da melodia. Depois de vários ensaios por grupos, foi interpretada a melodia com acompanhamento da audição musical. Os alunos demonstraram-se muito participativos e interessados, identificando-se desde muito cedo com a actividade.
Prof.ª Paula Dias
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OUTROS TEXTOS DE APOIO “A Mourisca” por Alberto Sarmento "Em 1600, na vereação de 20 de Maio, ficou lavrado na acta, que tendo os mercadores de seda requerido ao Senado que os desobrigassem de deitar a dança da mourisca na procissão de Corpus Christi[...] A dança da mourisca foi introduzida no tempo do 2.º donatário do Funchal, que trouxe grande número de prisioneiros das praças de África, alguns de categoria, a quem melhor tratava. Nos serões do Funchal e Machico e nas grandes festas era permitida uma certa expansão aos escravos, seus graciosos meneios e cantares passaram, embora modificados, para a alta roda das donas e senhores e assim se generalizou a mourisca." Alberto Sarmento citado através de SANTOS, Carlos M. (1937). Tocares e cantares da ilha : estudo do folclore da Madeira. Funchal : Imp. Empresa Madeirense Editora, pp. 65 - 66.
“A Mourisca” por Carlos M. Santos "A mourisca é mais conhecida na cidade pelo bailinho dos vilões, em virtude de ser muito empregada pelas meninas da sociedade, alta e baixa burguesia para festas de aniversários (surpresa) de pessoas de família. A cena tem sua graça: o festejado ignora sempre a conspiração e é levado para a sala da casa, bastante tempo antes da hora marcada para a surpresa e colocado em lugar oposto à porta de entrada, onde os parentes e convidados o entretêm entre conversas e libações. Num dado momento a sala é invadida pelos vilões que, aos pares, entram dançando e cantando a mourisca, ao som de rajões, harmónios e outros instrumentos. Cada um dos componentes tráz, sobraçados ou em cabazes, produtos da terra que oferecem ao festejado com uma cantiga adequada e de sabor popular. Depois dançam. Conforme o gosto do organizador da troupe, há mais ou menos fantasia nestes bailados, sem contar com os passos do bailinho de oito e os requebros e volteios do bailinho das camacheiras que neles introduzem ad hoc." SANTOS, Carlos M. (1937). Tocares e cantares da ilha: estudo do folclore da Madeira. Funchal : Imp. Empresa Madeirense Editora, p. 71.
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1.2.4. - CHAMA RITA
Ilustração 7 - Grupo Folclórico da Camacha
Textos de apoio
DEFINIÇÃO A “Chama Rita” é uma canção actualmente circunscrita a três zonas da Madeira - Gaula, Camacha e Porto da Cruz - e que era dançada em grupo, nas festas domésticas. A Chama Rita madeirense insere-se no âmbito das Mouriscas, sendo, por isso, dançada em passo ternário.
INSTRUMENTOS O acompanhamento da “Chama Rita” era habitualmente realizado por um conjunto instrumental variado, podendo, às vezes, ser acompanhada por apenas um único instrumento, como por exemplo a viola de arame.
TEXTOS Os textos da “Chama Rita” abordam normalmente a temática amorosa, não tendo estrofes improvisadas como o bai-linho ou o charamba.
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é uma melodia da “Chama Rita”, cantada na Camacha.
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“CHAMA RITA”
Versão musical do grupo Xarabanda
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Exemplo Musical 6 - “Chama Rita” CD 1 faixa 6
“CHAMA RITA”
VERSÃO PARA INSTRUMENTAL ORFF Arranjo musical: Carlos Gonçalves
Exemplo Orff 4 - “Chama Rita”
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
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Percepção Sonora e Musical - Identifica auditivamente os diferentes tipos de timbres da música. Interpretação e Comunicação - Canta e toca em grupo, com precisão técnico artística, a melodia da canção. Culturas Musicais nos Contextos - Reconhece os diferentes tipos de funções que a música desempenha na comunidade (fenómeno amoroso).
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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VOCABULÁRIO MUSICAL Si bemol Ligaduras Ponto de aumentação
RECURSOS Aparelhagem sonora Flauta de Bisel
Contextualizar o estilo musical da Chamarita no âmbito das tradições madeirenses. Ouvir a melodia e identificar dos timbres instrumentais. Entoar melodia com a boca fechada. Interpretação na flauta da melodia.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Tocar a “Chama Rita” com acompanhamento musical Orff tal como sugerido na página 36. Convidar elementos do grupo folclórico para ensinar a coreografia, ou realizar os passos identificados nas imagens seleccionadas. Comparar este estilo musical com o do Arquipélago Açoriano.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “CHAMA RITA” Depois de fazer a contextualização da “Chama Rita” enquanto parte integrante das tradições da Madeira, ouvimos a melodia e os alunos identificaram os diversos timbres instrumentais. Convidei os alunos a situar alguns dos instrumentos que ouviram no póster dos instrumentos tradicionais madeirenses do grupo Xarabanda. Entoámos a melodia com boca fechada. Expliquei as ligaduras e o ponto de aumentação recorrendo ao exemplo da partitura musical. Para introduzir o Si bemol apresentei esta nota na pauta e na flauta, depois fomos treinando as passagens da música onde ela aparece. Por fim tocámos a melodia toda num andamento mais lento. Depois organizei a turma em dois grupos: um grupo tocou a melodia na flauta enquanto o outro acompanhou com alguns instrumentos de pequena percussão. Os alunos revelaram muito interesse e participaram activamente na aula. É de salientar que tocar ou não tocar a melodia, depende do nível da turma. Para alunos que têm muitas dificuldades devemos simplificar ou arranjar uma contramelodia mais fácil.
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Prof.ª Fátima Barros
1.3. - CANTIGAS DE TRABALHO
Ilustração 8 - Cantigas de Trabalho - ceifa
Textos de apoio DEFINIÇÃO Cantos que se executavam individualmente ou em grupo durante o trabalho, para tornar mais fáceis as duras tarefas rurais ou domésticas. Existem diferentes tipos de cantos de trabalho, tais como a Cantiga da Ceifa, a Cantiga da Erva, a Cantiga da Repisa, entre outras.
INSTRUMENTOS As cantigas de trabalho não têm instrumentos a acompanhar, visto que quando as pessoas trabalhavam no campo, não podiam estar a tocar em simultâneo.
TEXTOS Os textos partem de elementos ligados ao trabalho, que são depois misturados com outros assuntos da vida quotidiana.
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é a canção do "Trigo Loiro", que era cantada em Ponta Delgada aquando da ceifa do trigo. Estas cantigas são constituídas por quadras, algumas fixas e outras improvisadas no momento.
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“TRIGO LOIRO”
Fui ceifar ao Porto Santo Às searas amarelas As moças de lá me deram Fitinhas para as gavelas.
Este trigo é bom trigo A espiga que dá é grossa Casai comigo menina Chamai a seara nossa.
Fui ceifar ao Porto Santo Pela beirinha do mar Fui casada vim solteira Quem me dera lá voltar.
Vamos apanhar o trigo E escolher o morrão Para fazer uma rosquilha Para oferecer ao ceifão.
Exemplo Musical 7 - “Trigo Loiro” CD 1 faixa 7
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
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Culturas Musicais nos Contextos - Reconhece a função musical de tornar mais fáceis as duras tarefas rurais ou domésticas. Interpretação e Comunicação - Canta e toca sozinho e em grupo com precisão técnico artística.
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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VOCABULÁRIO MUSICAL Ritmos pontuados Anacruse Fa# Compasso binário simples
RECURSOS
Aparelhagem sonora Flauta de Bisel
Contextualização e significado das canções de trabalho na vida rural portuguesa Apresentação da melodia (em audição musical) Apresentação do texto Interpretação da melodia em canto Interpretação da melodia na flauta (na introdução e interlúdio) Divisão da turma em dois grupos (flautas e vozes) e interpretação da melodia Introdução do ritmo pontuado da anacruse Introdução do compasso binário simples
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Pesquisar outras cantigas de trabalho (identificar as profissões rurais mais características do Arquipélago da Madeira). Dramatização / Mímica das profissões referidas nas canções. Ouvir uma cantiga de trabalho de recolha directa.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “TRIGO LOIRO”
Comecei por referir aos alunos a importância das músicas de trabalho no mundo rural português. Após ter exemplificado algumas músicas de diversas regiões portuguesas e explicado do porquê das diferenças que lhes são tão características, questionei os alunos sobre o seu conhecimento de canções de trabalho no arquipélago madeirense. Verifiquei que os mesmos não eram conhecedores de quaisquer das referidas canções. Foi feita a apresentação desta canção através de audição musical e foi distribuída a letra aos alunos. Aproveitei esta melodia para introduzir os ritmos pontuados e o fá #. Em seguida, os alunos entoaram a canção com acompanhamento da audição musical. A melodia foi ensaiada em flauta (a ser tocada somente durante a introdução e o interlúdio). A turma foi dividida em dois grupos (flautas e vozes) procedendo-se à interpretação da canção. Tendo alguns alunos referido que, embora não fossem conhecedores de cantigas de trabalho, tinham familiares idosos que trabalhavam no meio rural, propus-lhes que pesquisassem junto deles sobre as referidas cantigas. Os alunos mostraram muito interesse, reagindo positivamente às actividades desenvolvidas na aula. Prof.ª Paula Dias
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OUTROS TEXTOS DE APOIO “Canção da Ceifa” por Carlos M. Santos "A faina da ceifa, em S. Vicente, desempenhava-se até há alguns anos sob grande folguedo, correndo o vinho em abundância equiparada à das trovas. Ia a alegria a flux por todo o rancho de rapazes e mocetonas, cantando, bailando e bebendo em reboliço de festa que só terminava com as Ave Marias para recomeçar na aurora seguinte, com igual entusiasmo e profusão de risos, bailes, trovas e libações. Um par de ceifeiros (dois homens ou duas mulheres, nunca um casal) cantava dois versos duma quadra e logo outro par arrematava os dois restantes. Fechava um ciclo e, então, todos quantos empunhavam foices na moitada, deixando as espigas por instantes, entravam de bailar passos que poderiam ser irreverências à arte coreográfica mas traduziam alegria - aquela alegria sã e espontânea que salta do íntimo ao rosto - cantando ao mesmo tempo em coro um estribilho qualquer.
São altas, más d'assubir São altas más d'abaixar O meu amor vai-se embora Vai p'ra vida militar.
Vai p'ra vida militar S'ele vai deixá-lo ir S'ele me tiver amor Ele vai e torna a vir.
Depois, nova quadra bipartida, em lento andamento, como a estabelecer contraste com a rapidez das foices e, imediatamente, outro bailado, outro copo de vinho, vozes, ditinhos e risos da cor das faces afogueadas das moças..."
SANTOS, Carlos M. (1937). Tocares e cantares da ilha : estudo do folclore da Madeira. Funchal : Imp. Empreza Madeirense Editora, pp. 92-93.
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1.3.2. - CANTIGA DE EMBALAR
TEXTOS DE APOIO
DEFINIÇÃO As cantigas de embalar são canções normalmente lentas e que são cantadas com o propósito de ajudar as crianças a adormecer. Enquanto cantam, as mães costumam baloiçar os filhos nos seus braços, daí o nome de "cantigas de embalar".
INSTRUMENTOS Tradicionalmente, as cantigas de embalar eram apenas vocais, não tendo qualquer espécie de acompanhamento instrumental.
TEXTOS Os textos abordam o próprio embalar, incentivam o adormecimento e falam do "menino", misturando-se muitas vezes estes elementos com outros pertencentes ao mundo dos sonhos, tais como anjinhos ou passarinhos.
Ilustração 9 - Berço
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é uma canção de embalar de Machico.
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“CANTIGA DE EMBALAR” Versão musical do grupo Xarabanda
Embala preto embala Embala-me este menino Ai ele não chora com fome Chora porque é pequenino.
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Vai-te embora passarinho Deixa a baga do Loureiro Ai deixa o menino a dormir O seu soninho primeiro.
Exemplo Musical 8 “Cantiga de Embalar” CD 1 faixa 8
Quem tem meninos pequenos À força ai de cantar Ai quantas vezes as mães cantam Com vontade de chorar.
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS:
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Interpretação e Comunicação - Canta sozinho e em grupo com precisão técnico artística. Culturas Musicais nos Contextos - Reconhece a função doméstica que a música desempenha. Percepção Sonora e Musical - Descreve auditivamente, estruturas e modos de organização sonora, através de vocabulário apropriado.
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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VOCABULÁRIO MUSICAL Introdução, Interlúdio e Coda Solo Compasso 12/8 Ligadura de prolongação
RECURSOS Aparelhagem sonora
Audição da música. Diálogo com os alunos sobre a temática, o carácter e função da canção. Interpretação vocal com o playback.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Recolha de outras cantigas de embalar - Criação do Cancioneiro. Criação de uma poesia alusiva ao tema - Interdisciplinaridade com a Língua Portuguesa. Recolha de sons relaxantes (se possível com gravação).
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “CANTIGA DE EMBALAR”
Depois da audição da música, identificámos a forma, os instrumentos que acompanham e fizemos uma análise da letra, remetendo para a função desta cantiga. Fiz uma referência ao compasso quaternário composto e o modo como ele contribui para o estilo calmo da música. Em seguida realizámos duas leituras rítmicas em compasso composto e analisámos algumas partes do ritmo desta cantiga de embalar. Fizemos a interpretação vocal da canção. Ouvimos ainda outra cantiga de embalar mais fiel à tradição, uma vez que é só vocal, não tem instrumentos a acompanhar. Os alunos apreciaram este género da música tradicional e reagiram bem às actividades desenvolvidas. Foi proposto um trabalho para casa que consistia em recolher cantigas de embalar junto das avós, outros familiares ou vizinhos idosos. Prof.ª Fátima Barros
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1.4. - CANTIGAS DE CARÁCTER RELIGIOSO
Ilustração 10 - Presépio
Textos de apoio
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DEFINIÇÃO
TEXTOS
As cantigas religiosas são músicas cantadas em contexto religioso (dentro ou fora da igreja), em que se procura comunicar com entidades divinas - pedindo ajuda, agradecendo, celebrando datas religiosas, etc.
Os ciclos religiosos mais importantes - Natal, Páscoa e Espírito Santo - incluem normalmente partes musicais, estando os textos subordinados a essa temática.
INSTRUMENTOS
EXEMPLO
As cantigas religiosas são normalmente acompanhados por acordeão, rajão, guitarra e rabeca, não sendo costume a utilização de instrumentos de percussão.
O exemplo musical escolhido é uma canção de natal, que se canta na Boaventura durante a missa do galo (noite de 24 para 25 de Dezembro).
“DA SERRA VEIO UM PASTOR” Versão musical do grupo Xarabanda
Essa notícia tivemos À meia noite seria Por isso nós vamos dar Os parabéns à Maria. Também diz a tal cartinha Que a Virgem estava a chorar Por não ter uma roupinha Com que o pudesse abafar. A carta diz que ele está Nas campinas de Belém Numa caminha de palha Sozinho sem mais ninguém. Essa notícia tivemos Logo que cantou o galo E deixámos nossos campos Para virmos adorá-lo.
Exemplo Musical 9 - “Da Serra veio um pastor” CD 1 faixa 9
Eu vou correr a Belém Quem quiser venha comigo Fiquem os gados no campo Vamos ver o nosso Amigo. Ó Menino Jesus Meu lindo amor-perfeito Se Vós tendes frio vinde Vinde parar ao meu peito. Nos braços da bela aurora Vejo o Menino brincando Com mãozinha de fora Todo o mundo abençoa.
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
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Criação e Experimentação - Compõe e arranja peças musicais utilizando técnicas vocais e instrumentais. Culturas musicais nos contextos - Reconhece a música como parte do quotidiano e a sua função religiosa.
Percepção Sonora e Musical - Analisa auditivamente a obra utilizando vocabulário apropriado e identifica auditivamente mudanças rítmicas, melódicas e harmónicas. Interpretação e Comunicação - Canta sozinho e em grupo com precisão técnico artística.
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VOCABULÁRIO MUSICAL Ligadura de prolongação Compasso binário Acordes
RECURSOS Aparelhagem sonora Instrumentos da sala de aula e instrumentos tradicionais
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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Audição da música e contextualização do tema. Interpretação vocal e na flauta da melodia. Interpretação em pequeno grupo com os cordofones tradicionais. Criação de ostinatos rítmicos para acompanhamento da canção. Identificação das mudanças de acordes na música.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Criação de uma exposição com os costumes e tradições do natal madeirense (interdisciplinaridade com A.Projecto / E. Acompanhado e EVT). Apresentação da peça na festa de natal da escola ou na comunidade local.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “Da Serra veio um pastor”
Realizámos a audição da música e referi o contexto desta cantiga. Tocámos a melodia na flauta e cantámos a canção acompanhada por mim no braguinha; levei-os a identificar quando é que muda de acorde nesta música. Os alunos fizeram ostinatos rítmicos para acompanhar a canção. Acompanharam a canção com instrumentos de pequena percussão da sala de aula. Estas actividades foram realizadas com agrado por todos os alunos da turma.
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Prof.ª Fátima Barros
1.5. - ROMANCEIRO POPULAR DE TRADIÇÃO ORAL
Ilustração 11 - Bordadeiras
Textos de apoio
DEFINIÇÃO Os romances são histórias de origem antiga que normalmente eram cantados ou recitados nos momentos de convívio colectivo - tarefas caseiras ou serões domésticos.
TEXTOS Os romances costumam contar histórias de origem antiga, que contêm ambientes distantes no tempo e no espaço. As personagens apesar de humanas têm muitas vezes uma dimensão heróica mítica, servindo o seu comportamento, por vezes, para transmitir uma moral.
INSTRUMENTOS Os romances são exclusivamente vocais, não tendo habitualmente quaisquer partes instrumentais.
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é o romance D. João, que narra a história de uma rapariga que decide passar por homem, para substituir o seu pai na guerra.
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“D. JOÃO”
Versão musical do grupo Xarabanda
- Dê-me armas e cavalos p'ra guerra de D. João. - E ó filha, tu não vás que eles conhecer-vos vão Qu tens os cabelos grandes eles conhecer-vos vão. - Pegarei numa tesoura deit'os cabelos ao chão. - E ó filha, tu não vás que eles conhecer-vos vão Que tens os seios grandes eles conhecer-vos vão. - Mando fazer um colete que ajusta meu coração. - E ó filha, tu não vás que eles conhecer-vos vão Que tu tens os pés pequenos, eles conhecer-vos vão. - Mando fazer umas botas do mais fino cordavão. - E ó filha, tu não vás que eles conhecer-vos vão Que tens os olhos bonitos eles conhecer-vos vão. - Quando eu passar pelos homens meto os meus olhos no chão. - Os olhos de D. Martinho senhora mãe matar não Que o corpinho será de homem e os de mulher são. - Convidai-a vós, meu filho, para contigo dormir Que se ela for mulher, não nos há-de consentir D. Martinho de Padre mestre seu criado lhe mandou.
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Exemplo Musical 10 - “D. João” CD 1 faixa 10
- Convidai a vós meu filho, para o jardim passear Que se ele for mulher às rosas se vai apegar. - Lindas rosas para as moças oh! Quem nas fosse levar. - Lindos cravos para os homens para na guerra cheirar - Os olhos de D. Martinho, senhora mãe matar não Que o corpinho será de homem, e os olhos de mulher são. - Convidai-a vós meu filho, para contigo jantar Que se ela for mulher, o mais baixo vai-se sentar. D. Martinho de padre mestre no mais alto se sentou. - Convidai-a vós, meu filho, para ao mar ir a nadar. Que se ele for mulher, vai-se sentar a chorar 'tava desatando um sapato, começou logo a chorar - O que tendes D. Martinho, que novas 'tão a chegar? - São novas da minha terra, que o meu pai é falecido Sete anos fui soldado, há sete anos andei na guerra, Se queres casar comigo, vamos para a minha terra. Fui conhecida na guerra pelo filho de um capitão. Conhecida pelos olhos e por outra coisa não.
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
Culturas Musicais nos Contextos - Relaciona a música com as outras artes e áreas do saber em contextos do passado e do presente. Interpretação e Comunicação - Prepara e apresenta a peça musical, atendendo à sua função dramática. Percepção Sonora e Musical - Identifica auditivamente elementos e estruturas musicais, utilizando vocabulário adequado.
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VOCABULÁRIO MUSICAL
COMPETÊNCIAS
Romanceiro Ritmos pontuados Síncopa Anacruse Compasso binário Elementos repetitivos Introdução e Interlúdio
RECURSOS
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
Aparelhagem sonora
Audição e dramatização do texto. Explicitação da função importante do género e comparação com as actuais formas de entretenimento (teatro, filmes, telenovelas), no fundo esta musica reperesenta as "telenovelas" do passado. Possibilidade de dividir a turma em dois grupos (sexo feminino - filha; masculino - pai) e teatralizar a peça.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Interdisciplinaridade com as disciplinas de Língua Portuguesa e História.
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1.6 - INSTRUMENTOS TRADICIONAIS MADEIRENSES 1.6.1. - CORDOFONES
Rajão O rajão é actualmente apenas tocado na Madeira, não se conhecendo outra região onde exista um instrumento com as suas características: 5 cordas, afinadas entre si de forma “reentrante”. Assim, da mais aguda para a mais grave, temos, LÁ, MI, DÓ, SOL (agudo), RÉ. O rajão permite o acompanhamento em acordes e o uso desse suporte harmónico em várias tonalidades, a exemplo da guitarra, da qual, não fosse a afinação “reentrante”, seria uma requinta perfeita. Em corda de aço, mas também noutros tempos usando cordas em tripa de porco ou carneiro, o rajão é tocado pelo povo de um modo simples. Os seus recursos e potencialidades passam pelo acompanhamento em forma de ''rasgado'', mas também pelo arpejo e solo, tanto com o polegar como com o indicador e médio da mão direita. Com este instrumento é possível tocar muitos e variados géneros e estilos musicais.
Ilustração 12 - Rajão
“O Rajão” por Carlos M. Santos "É um instrumento acompanhador por excelência e desempenha óptimo lugar nas orquestras regionais. Tem a mesma configuração da viola de arame mas de menores dimensões. [...] É o companheiro de folguedos indispensável ao campónio, pela facilidade com que acompanha qualquer ritmo. [...] Uma das particularidades do rajão que mais nos ocuparam, foi a curiosa maneira como é executado. [...] tendo em conta a opinião geral de que o instrumento é oriundo da Madeira, com todos os indícios de imitado directa ou indirectamente do violão. [...] Os americanos deram-lhe grande voga, introduzindo-o nas orquestras de jazz. Souberam aproveitar-lhe o estranho timbre, que se casava bem com as excentricidades que dia a dia apareciam a dar maior variedade àquelas orquestras. Apesar de o apresentarem sob o nome de ukelele não é mais que um rajão de 4 cordas. [...] O ukulele é um pouco mais pequeno que o rajão mas bastante maior que o braguinha. [...] A loucura do ukelele chegou à Grã Bretanha. Tornou-se há alguns anos popular na América, onde cada casa tinha o seu tocador." SANTOS, Carlos M. (1937). Tocares e cantares da ilha : estudo do folclore da Madeira. Funchal : Imp. Empreza Madeirense Editora, pp. 19-22.
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Braguinha O mais pequeno dos cordofones madeirenses tem 4 cordas, em aço. Descendente de outros instrumentos Ibéricos, aliás como a viola de arame e o rajão, o braguinha por ser mais agudo toca habitualmente a melodia principal, quer no domínio da música tradicional, quer na prática urbana, onde denota influências de matriz portuguesa e até europeia. O facto de ser portátil facilitou, a nosso ver, o seu transporte para outras latitudes, onde através da nossa emigração se tornou tão conhecido, quer no Brasil, Cabo Verde ou Hawai. Nestas ilhas do Pacifico, por exemplo, a sua prática consolidou-se, estendendo-se até aos Estados Unidos da América, onde no jazz e na música urbana, passou a ouvir-se. Entre as muitas diferentes afinações, a mais utilizada na Madeira continua a ser do agudo para o grave: RÉ, SI, SOL, RÉ (bordão).
Ilustração 13 - Braguinha
OUTROS TEXTOS DE APOIO “O Braguinha” por Carlos M. Santos "O mais discutido, o mais acarinhado, o mais mimoso e o mais interessante dos instrumentos madeirenses: o braguinha. Alegre e saltitante no som, gracioso nas formas que o tornam bibelô de estima, foi no século passado o enlevo das damas, talvez o seu confidente nas horas felizes e lenitivo nos momentos tristes. Viveu no fausto dos salões, aquecido nos colos tépidos das meninas românticas, escutando e transmitindo os segredos dos seus corações anelantes em melodias que dedos afusados de mãos patrícias delicadamente desferiam...[...] O nome porque é conhecido (no Continente chamam-lhe cavaquinho) motivou suspeitas de ser originário de Braga, cidade do norte de Portugal, provocando buscas e estudos que resultaram nulos [...] Essas infrutíferas actividades autorizam a manter-se de pé a opinião dos eruditos investigadores que lhe fixam o berço na Madeira. Um deles, o ilustre escritor Rev. Padre Fernando Augusto da Silva, diz no "Elucidário Madeirense" julgar a designação proveniente de braga, palavra que servia para indicar os homens que vestiam bragas, antigo traje dos nossos camponeses - bragas: tocadores de braguinha como depois se lhes chamou. [...] É o único instrumento cantante madeirense sendo, todavia, mais empregado como acompanhador pelos camponeses. Neste caso toca-se rasgado, como o rajão e a viola de arame. Quando elevado a instrumento cantante, executa-se em pontiado, com a unha do polegar da mão direita à laia da palheta, alternando com rufos (acordes) produzidos com os dedos anelar, médio e indicador [...]. Porque a extensão do braguinha não vai além do sol5, e é bastante difícil executar e tirar partido das notas agudísimas, houve quem pensasse em afastar a dificuldade com o emprego duma requinta do mesmo instrumento.[...]" SANTOS, Carlos M. (1937). Tocares e cantares da ilha : estudo do folclore da Madeira. Funchal : Imp. Empreza Madeirense Editora, pp.
33 - 43.
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Viola de Arame A viola de arame pertence à família dos cordofones de mão (dedilhados). É comum na Madeira e Porto Santo, sendo geralmente o instrumento que acompanha o charamba. Também é utilizada no Baile da Meia Volta, no Porto Santo, através da qual o Mandador toca os acordes e faz a marcação do tempo da dança. No Espírito Santo e romarias, assim como nos arraiais, a viola de arame marca presença no acompanhamento, tanto do bailinho como da mourisca. Esta viola madeirense arma com 9 cordas (de aço e latão), sendo uma das suas características que marca a diferença, quando comparada com as suas congéneres do continente ou dos Açores, que têm 10 e mais cordas, geralmente em aço. É tocada com os dedos, utilizando o ''rasgado'' e o ''ponteado'', como principais recursos de técnica instrumental. Ilustração 14 - Viola de Arame
OUTROS TEXTOS DE APOIO “Viola de Arame” por Carlos M. Santos "Somos, [...] levados a julgar a viola de arame a primeira a ser inventada pelos madeirenses, nascendo em seguida, o rajão - que muito se lhe aproxima - e depois o braguinha, decerto como instrumento cantante[...]. O mais original dentre eles é, quanto a nós, a viola de arame, de minguados recursos, quase servindo apenas para acompanhar o charamba - o que não quer dizer que não acompanha as outras canções. [...] Na Madeira fabricam-se todas com 10 cravelhas, havendo quem as utilize totalmente, isto é, fazendo dupla a 2.ª corda que geralmente é simples. Modernamente sofreu mais um aperfeiçoamento: 2 cavaletes. O primeiro, fixo, é onde se prendem as cordas; o segundo, móvel e mais pequeno, serve para ajustar a afinação." SANTOS, Carlos M. (1937). Tocares e cantares da ilha : estudo do folclore da Madeira. Funchal : Imp. Empreza Madeirense Editora, pp. 12 - 13.
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1.6.2. - “Modos de tocar” e outras técnicas possíveis
Ilustração 15 - Rasgado
Ilustração 16 - Ponteado
Ilustração 17 - Arpejado
MODOS DE TOCAR POPULARES: RASGADO E PONTEADO Os cordofones madeirenses são tocados utilizando as técnicas das violas de mão. Entre estas contam-se o ''rasgado'', geralmente utilizado para o acompanhamento em acordes, consistindo na passagem da mão direita em movimentos ascendentes e descendentes pelas cordas; e o ''ponteado'', que consiste no toque simples da melodia ou jogo contrapontístico, muito utilizado no braguinha e na viola de arame, pelos tocadores populares.
OUTRAS TÉCNICAS: ARPEJO, PIZZICATO, GLISSANDO, LIGADOS, BEND E SLIDE Outras técnicas menos habituais na música tradicional madeirense podem também ser utilizadas nos cordofones tradicionais (braguinha, rajão e viola de arame). Exemplo disso mesmo são os seguintes casos: o ''arpejo'', envolve uma combinação dos dedos da mão direita, num tocar sequencial das cordas, começando geralmente com o polegar que ataca a corda mais grave, seguido então pelos outros dedos; o ''pizzicato'', que pretende enquanto efeito técnico, salientar em “staccato” uma melodia, passagem melódica ou arpejo; o ''glissando'', deslizar ascendentemente ou descendentemente um dedo ao longo de uma corda; ''ligados'', tocar com a mão esquerda sem auxílio da mão direita; ''bend'', puxar a corda verticalmente com a mão esquerda, para atingir um quarto ou meio tom acima, da nota pisada; ou ''slide'', utilizando na mão esquerda um objecto de metal ou vidro que modifica, por completo, o timbre do instrumento.
- 53 -
1.6.3. - VIOLEIROS Um violeiro madeirense
CARLOS JORGE PEREIRA RODRIGUES Nasceu no Funchal a 20 de Maio de 1956, o violeiro madeirense (construtor de instrumentos de corda) Carlos Jorge Pereira Rodrigues. Frequentou o Curso de Artes Visuais da Escola industrial e Comercial do Funchal, entre 1973 e 1976. Integrou a Oficina de Instrumentos Musicais do Conservatório de Música da Madeira, a partir de 1978 até 1982. Participou em vários estágios sobre construção, conserto e restauro de instrumentos de corda, orientados por diferentes mestres conceituados a nível nacional e internacional, como por exemplo Joaquim Grácio e Ernest Wiblyts, fazendo ainda um curso de talha na Fundação Ricardo Espírito Santo, em Lisboa no ano de 1982. Desde 1983, trabalha e dedica todo o seu tempo à construção e reparação de cordofones. Os seus instrumentos têm muita procura na Madeira, continente português, existindo muitas encomendas para países distantes como o Japão, Austrália ou África do Sul. Algumas das suas criações podem ser visualizadas no Museu Etnográfico da Madeira (Ribeira Brava).
- 54 -
Ilustração 18 - Carlos Jorge
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE INSTRUMENTOS TRADICIONAIS
1
Tampo Inferior Harmónico
2
5
4
Colagem na Forma
Colagem dos Blocos
7
Preparação da Boca / Embutidos
Moldador de Ilhargas
Tampo Superior Harmónico
Moldagem das Ilhargas e sua
3
6
Colagem das Cerquilhas
9
8
Preparação do Tampo Inferior Harmónico
Barra do Tampo Inferior Harmónico
- 55 -
10
11
Ilhargas Enformadas Esperando Colagem do Tampo Inferior Harmónico
Tampo Inferior Harmónico já Colado
Acabamentos da Caixa harmónica
16
Malhete (cauda de andorinha)
- 56 -
Moldagem das Cerquilhas
Tampo Superior Harmónico
14
13
Colagem das Cerquilhas
12
15
Preparação do Braço
17
Colagem do Braço e Tacão
18
Braço já Colado
20
19
Preparação e Colagem da
Entalhar o Braço
Escala ou Ponto
receber os Trastos
Harmónica
«Estaleiro»
24
Prontinho para receber o Cavalete
26
25
Colagem do Cavalete
Acabamento do Braço e Caixa
23
22
Corte da Escala ou Ponto para
21
Polimento
27
Teste
- 57 -
1.6.4. - “QUADRILHA N.º 3”
de Cândido Drumond de Vasconcelos
- 58 -
Exemplo Musical 11 - “Quadrilha” CD 1 faixa 11
. . . .
PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
.. .. .. .. .
Criação e Experimentação - Cria e regista pequenos acompanhamentos simples. Culturas Musicais nos Contextos - Reconhece a função que a música desempenha no acompanhamento da dança. Percepção Sonora e Musical - Completa com mímica uma música pré-existente, instrumental. Interpretação e Comunicação - Prepara e apresenta a peça musical “Quadrilha”, atendendo à sua função.
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
.. . .. .
VOCABULÁRIO MUSICAL Braguinha Quadrilha Compasso 6/8
RECURSOS
Aparelhagem sonora Instrumentos da sala de aula e instrumentos tradicionais Póster “Instrumentos Musicais Populares da Madeira”
Apresentação dos instrumentos tradicionais madeirenses e da biografia de um violeiro madeirense. Apresentação do instrumento musical braguinha: processo de construção. Apresentação do género “Quadrilha” (dança) e audição musical da melodia. Identificação auditiva dos instrumentos e da forma musical. Identificação da mudança de tema na melodia com expressão corporal (levantar de mãos). Criação de um ostinato simples para instrumentos de percussão a ser executado na 1.ª parte da melodia. Divisão da turma em dois grupos (1. ostinato rítmico; 2. marcação de pulsação) e interpretação com audição musical. Sugestão de trabalho de grupo com os seguintes temas: Instrumentos tradicionais madeirenses; violeiros madeirenses; grupos de instrumentos tradicionais madeirenses; grupos de danças tradicionais.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO
Visitas de estudo a fabricantes de instrumentos tradiocionais; grupos tradicionais madeirenses.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE
“QUADRILHA” Iniciei esta actividade com a apresentação dos instrumentos tradicionais madeirenses. Como apoio utilizei um póster do grupo Xarabanda, que incluía para além de outros, instrumentos tradicionais madeirenses. Todos os alunos reconheceram de imediato o Brinquinho, mas não estavam familiarizados com os restantes. Após exposição e classificação dos instrumentos por famílias, indiquei-lhes as origens dos referidos instrumentos assim como os seus processos de fabrico. Realcei o facto de os fabricantes de instrumentos tradicionais serem em muito pouco número e uma vez que não existe, por parte dos jovens, a vontade de aprender o ofício, esta ser uma profissão em vias de extinção. Exemplifiquei como trabalhavam alguns fabricantes de instrumentos, nomeadamente os violeiros e apresentei-lhes o processo de fabrico dos cordofones madeirenses. Procedi então à apresentação da melodia, através de audição musical, após o que se seguiu a identificação dos instrumentos e a forma da canção. Por se tratar de uma turma de 5.ºano e pelo facto dos alunos não estarem familiarizados com o compasso da melodia, foi-lhes proposto um ostinato rítmico simples, que executaram com instrumentos corporais e instrumentos de percussão, através de imitação. Posteriormente, os ostinatos foram executados com acompanhamento da audição musical. Foi sugerido aos alunos a realização de trabalhos de investigação em grupo sobre os seguintes temas: instrumentos tradicionais madeirenses; grupos folclóricos tradicionais madeirenses; e, fabricantes de instrumentos tradicionais madeirenses. Por fim procedeu-se à constituição dos grupos de trabalho. Os alunos reagiram muito positivamente a esta actividade, demonstrando agrado preferencial pelo trabalho de grupo. Prof.ª Paula Dias
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2. - MÓDULO “MÚSICA E MÚSICOS MADEIRENSES DO SEC. XX 2.1. - MÚSICA CLÁSSICA OCIDENTAL TEXTOS DE APOIO
LOCAL Os grupos de música clássica costumam actuar em salas de concerto, museus, escolas, centros culturais e teatros.
GÉNEROS Salientam-se os géneros concerto, sonata, sinfonia, ópera, peças para piano solo, entre outros.
INSTRUMENTOS Os instrumentos habituais são os da orquestra sinfónica (cordas, sopros de madeira e metal e percussão), instrumentos de teclado e a harpa.
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Ilustração 19 - Orquestra de Música Antiga do Gabinete Coordenador Educação Artística
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é a Fantasia para piano n.º 2 (recordando Liszt) de Luiz Peter Clode.
2.1.2. - “FANTASIA N.º 2” de Luiz Peter Clode
Exemplo Musical 12 - “Fantasia” CD 2 faixa 1
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
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Criação e Experimentação - Improvisação e criação de um texto e uma coreografia simples para acompanhamento da música. Culturas Musicais nos Contextos - Compreende e valoriza o fenómeno musical como património e factor identitário de um povo. Percepção Sonora e Musical - Analisa a obra utilizando vocabulário apropriado.
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VOCABULÁRIO MUSICAL Forma ABA Bemol Clave de Fá Revisões de conceitos do 5.º ano (ver actividades) e nomenclaturas presentes na pauta (Loco; 8.ª; accel.)
RECURSOS
Aparelhagem sonora
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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Audição musical da peça. Contextualizar a peça musical no período histórico-cultural, no qual foi composta e apresentar a biografia do autor (informar que o Conservatório da Madeira tem o nome deste compositor). Abordar o género musical “Fantasia” e ampliar os conhecimentos dos alunos sobre outros géneros musicais para piano (sonata, concerto, etc.). Identificar a forma da música (ABA) Introdução do bemol, e da clave de Fá. Acompanhar visualmente a peça projectada no retroprojector ou data show (consoante a disponibilidade). Criar um texto e uma pequena coreografia para acompanhar a música. Ouvir a peça musical realizando o texto e a coreografia criada com os alunos. Realizar revisões dos conceitos / conteúdos do 5º Ano de Escolaridade (clave de sol, pauta, sinais de dinâmica e notação musical, alternância de compasso, armação de clave e tonalidade, etc.) e introduzir os novos conceitos musicais que aparecem na peça (ver vocabulário).
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO
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Recolha de outros compositores madeirenses (Parceria com A. Projecto ou E. Acompanhado). Jogo "O Novelo de Lã Regras: Entrega-se um novelo de lã a um aluno que fica com a ponta do mesmo e passa-o a outro colega. Esta actividade repete-se até ao último aluno. Realiza-se a actividade no sentido inverso e o jogo termina quando o 1.º aluno tiver o novelo na sua mão. Convidar grupos musicais que interpretem músicas da época (Gabinete Coordenador de Educação Artística, Conservatório etc.)
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “FANTASIA N.º 2 “
Os alunos reagiram positivamente às actividades propostas e demonstraram um grande interesse e empenho na construção do texto. É natural que não se consiga fazer este tipo de trabalho com todas as turmas, daí que seleccionei a turma que revela maior capacidade para esta actividade e com as restantes introduzi o texto já realizado. Curioso também o facto de os alunos terem logo conotado a música com o "amor". É interessante observar as ideias que os alunos associam à primeira audição e aproveitá-las para a criação do texto. Para a realização das revisões, optei por formar grupos de 6/7 alunos e distribuí uma partitura , uma caixa de cores e uma tabela. Num saco coloquei papéis com todos os sinais (escritos por extenso) contidos na peça. Retirava um papel do saco, lia o nome e depois os alunos tinham que sublinhar na partitura (com a cor solicitada). Realizavam o registo na tabela identificando o sinal e em qual o compasso que se encontrava. No final debatíamos qual o significado de cada sinal e era realizada uma nova audição na qual os alunos já vão poder analisar ao pormenor o que está sublinhado. Seguidamente introduzi os novos conceitos que ficaram por sublinhar. Para os alunos com NEE, ou que possuam grandes dificuldades na aplicação de conhecimentos podemos colocar os símbolos e as definições em cartolinas coloridas depois tem de encontrá-las na partitura e sublinhando com a cor que a cartolina possui. O texto foi criado em grupo e registado no quadro, pois assim podíamos corrigir e alterar os versos, com facilidade. Texto realizado pelo 6.º 2 (2005/2006) - Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos dos Louros O amor é tão lindo A amizade é bela E eu aqui sozinho Fico à tua espera. O vento que sopra A chuva que cai O tempo a passar E há algo que me atrai. As ondas que batem Ao amanhecer Uma flor que nasce E a saudade de te ver. Onde estás tu? Onde encontrar-te? Neste mundo triste Eu só quero amar-te. Prof.ª Rubina Fernandes
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Notas biográficas Luiz Peter Clode (1904-1990) "As origens do CEPAM"
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Actualmente, o "Conservatório Escola Profissional das Artes da Madeira, Engenheiro Luiz Peter Clode" (CEPAM), é uma instituição imprescindível no ensino vocacional das artes na RAM. Em cada ano lectivo, centenas de alunos frequentam variados cursos nos domínios curriculares da música, teatro e dança, realizando esta instituição um importante plano de actividades, que leva as artes a diferentes espaços de actuação da Madeira. Apesar da inegável importância alcançada hoje em dia pelo ensino das artes na RAM, nem sempre este domínio foi valorizado no âmbito educacional. Foi necessário o esforço de várias individualidades ao longo de várias décadas para chegarmos ao actual bom nível de ensino. Mas quem foram as primeiras pessoas a lutar por este projecto de ensino das artes na RAM? Quando e como começou o ensino vocacional da música e das artes em ambiente institucional entre nós? Uma importante pista para estas questões encontra-se no actual nome da própria instituição: "Engenheiro Luiz Peter Clode". Todos estamos familiarizados com este nome, mas quem foi Luiz Peter Clode e qual foi o seu contributo para o actual conservatório? Em suma, por que motivos se atribuiu o seu nome a esta importante instituição? Luiz Peter Clode nasceu no Funchal a 1 de Abril de 1904. Após concluir com distinção o Liceu do Funchal, seguiu para Coimbra em 1921, onde frequentou a Licenciatura em Matemática. Posteriormente, mudou-se para a Universidade do Porto, onde se formou em Engenharia Mecânica e Electrotécnica em 1930. Em paralelo com estes estudos, Luiz
Peter Clode cultivou sempre o gosto pela arte da música. Ainda no Funchal, estudou piano com as professoras Cora Alice Cunha e Olga da Cunha e Freitas, tendo continuado ligado à música nos tempos da Universidade, através da composição de várias obras musicais e da participação no Orfeão Académico e na Tuna Académica da Universidade de Coimbra. Em 1931, regressou definitivamente à Madeira tendo sido consultor da firma Corys Madeira Company e mais tarde Engenheiro-director dos Serviços Industriais, Eléctricos e de Viação da antiga Junta Geral (entre outras funções), até se reformar em 1974. Além da sua actividade na área da engenharia, Luiz Peter Clode nunca abandonou a sua paixão pela música. Segundo a sua filha Inês Clode Freitas, "ao longo de toda a sua vida [...], a Música foi, talvez, a menina dos seus olhos. E todos os dias tocava piano - improvisava e confidenciava ao seu Blütner - as alegrias e amarguras, decepções ou esperanças de toda uma vida dedicada à família, ao trabalho profissional e à cultura". Deste modo, não é de estranhar que no início da década de 40, Luiz Peter Clode tenha procurado organizar, em colaboração com o seu irmão William Clode, uma Sociedade de Concertos, no seio da qual surgiu a Academia de Música da Madeira, escola de artes que é a antepassada do actual conservatório . A Sociedade de Concertos da Madeira (SCM) foi fundada em 1943, com o propósito de fomentar a "arte musical" na Madeira, em proveito cultural de "uma sociedade de elite". Com esse objectivo, a SCM deveria organizar concertos, conferências, festas de artes, que integrassem artistas madeirenses e continentais
Ilustração 20 - Luiz Peter Code pertenceu à comissão do Museu de Arte Sacra da Madeira, publicando vários trabalhos sobre genealogia, heráldica e património artístico da Madeira.
de mérito reconhecido. Apesar do objectivo assumidamente elitista, os Estatutos da Sociedade mantinham as portas abertas a concertos populares, defendendo mesmo a determinado ponto, que poderiam ser promovidos concertos para o público geral, com os artistas contratados pela SCM. Por exemplo, o actual "Auditorium" do Jardim Municipal (Funchal) foi inaugurado num espectáculo da Orquestra de Concertos da Emissora Nacional, organizado pela Sociedade de Concertos da Madeira, que contou com a assistência de milhares de pessoas (ver imagem do concerto de inauguração). Os concertos populares ao ar livre foram inclusivamente realizados em vários locais do Funchal. Normalmente integrados nos Festivais de Música da Madeira, também da responsabilidade da SCM, estes concertos foram organizados em espaços tais como a Quinta Magnólia e o Largo do Município, tendo o seu auge decorrido principalmente ao longo da década de 50. Nos espectáculos da SCM figuraram
por vezes obras de Luiz Peter Clode, que foram tocadas por alguns dos destacados músicos que actuaram através da Sociedade. Entre as obras mais importantes do EngenheiroMúsico, contam-se três peças para piano - "Canção de Amor", op. 23, "Fantasia N.º 1", op. 12 e a "Fantasia N.º 2", op. 31 - e uma obra sacra, um "Tantum Ergo" para duas vozes e órgão. Estas quatro obras tiveram inclusivamente a notoriedade de serem impressas. Em Outubro de 1945, no seio da SCM, os irmãos Clode propõem a criação de uma Academia de Música, para aproveitar as vocações no domínio da música. Um ano depois, a proposta concretiza-se e a Academia de Música da Madeira é oficialmente inaugurada em 13 Novembro de 1946. No plano curricular, a Academia seguiu desde o início os modelos do Conservatório Nacional. Esta harmonização com os programas do Conservatório de Lisboa valeu posteriormente aos alunos da Academia de
Música, o reconhecimento legal das suas habilitações a nível nacional, situação que ainda hoje se mantém. A Academia de Música da Madeira durou 28 anos, grosso modo, com esta designação (ainda se chegou a designar de Academia de Música, Belas-Artes e Línguas da Madeira). No entanto, como refere muito bem o historiador José Vieira Gomes, em "última análise, os dois novos estabelecimentos de ensino que se seguiram com os nomes de Conservatório de Música da Madeira e Instituto de Artes Plásticas não foram mais do que o antigo estabelecimento que existiu durante 28 anos". Deste modo, é possível defender que, no próximo dia 13 de Novembro de 2006, o CEPAM atinge os 60 anos de existência, uma data que merece ser comemorada com alguma pompa, bem merecida. Ao longo de quase seis décadas, a Academia de Música e, posteriormente, o CEPAM, formaram a centenas de profissionais que são a prova da boa formação ministrada por esta
Nuno Lomelino da Silva (18931967) nasceu no Funchal em 1893. A sua estreia como cantor, embora amador, deu-se no Teatro Municipal do Funchal em 1917, sendo desde logo reconhecido o seu talento e voz. Encorajado pelos amigos, parte para Lisboa e depois Milão, onde estuda canto erudito, apresentando-se regularmente em concerto, inclusivamente no La Scala. Pela sua qualidade artística é convidado pela editora americana “His Master's Voice”, para gravar e actuar com as mais prestigiadas orquestras americanas e europeias. Do seu vasto repertório como tenor
de ópera, salientam-se o Rigoletto, La Bohème, Mefistóles, Tosca, Fausto, Barbeiro de Sevilha, La Traviata, entre outros papéis. Desenvolveu a sua carreira nos anos 30 e 40, falecendo em Lisboa em 1967.
instituição madeirense. Muitos das personalidades que hoje em dia lideram e protagonizam a nossa vida musical obtiveram formação na Academia e no CEPAM. No plano musical e do ensino, destacam-se o tenor e compositor João Victor Costa, o pianista de Jazz Tony Amaral Júnior, a violetista Zita Gomes, o violoncelista Agostinho Henriques, o maestro Fernando Eldoro, o pianista João Atanásio, o flautista Agostinho Bettencourt e o pianista João de Deus; no plano musicológico, realçam-se o Prof. Rufino Silva e o Prof. Vítor Sardinha, que também se tem destacado como guitarrista; finalmente, no plano do ensino e da administração pública, salientam-se os nomes de Carlos Gonçalves (Director de Serviços do Gabinete Coordenador de Educação Artística) e José Pereira Júnior (Director de Serviços de Animação Turística na Direcção Regional de Turismo).
Ilustração 21 - Nuno Lomelino Silva
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2.2. - MUNDO DAS CANÇÕES 2.2.1 - CANÇÃO LIGEIRA TEXTOS DE APOIO
LOCAL Os cantores de música ligeira costumam actuar na rádio, na televisão, em espectáculos ao ar livre e em salas de concerto, para o "grande público".
GÉNEROS O género mais habitual é a canção nas suas diferentes variantes (balada, fado, pop/rock, etc.).
INSTRUMENTOS Os cantores são habitualmente acompanhados pelo quarteto pop/rock (piano, guitarra e baixo eléctrico, bateria) e por vezes orquestras e coros.
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Ilustração 22 - Sérgio Borges
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é a canção “Onde vais rio que eu canto”, que ganhou o Festival RTP da Canção em 1970, com a interpretação de Sérgio Borges.
“ONDE VAIS RIO QUE EU CANTO” por Sérgio Borges
Mi m Ré M/Mi ONDE VAIS RIO QUE EU CANTO RéM/Dó SolM QUERO VER TEU NOVO NORTE Mi m Lám HÁ NO CAIS P'RA ONDE VAIS Lám/Fá# Si7 Mi m MÃOS DE VIDA NÃO DE MORTE. Lá m Si7 Mi m VAI NO MAR BARCO À VELA Ré7 Sol M VAI DE PAZ SE ABASTECER Lá m Ré7 Sol MAIS ALÉM...BARCO VELEIRO Lám/Fá# Si7 Mi m FLOR DE VIDA VAI COLHER Lá m Si7 Mi m ONDE VAIS RIO QUE EU CANTO Ré7 Sol M NOVA LUZ JÁ SE ALUMIA Lá m Ré7 Sol LÁ NO CAIS P'RA ONDE VAIS Lám/Fá# Si7 Mi m NASCE AMOR DIA APÓS DIA Mim RéM/Mi VOA, VOA Ó GAVIÃO RéM/Dó SolM SOBRE O MAR DO TEU SENHOR Mi m Lám QUE NO CAIS P'RA ONDE VAIS Lám/Fá# Si7 Mi m NÃO HÁ RAIVA, MAS AMOR Música de Carlos Nóbrega e Sousa Letra de Joaquim Pedro Gonçalves
Exemplo Musical 13 - “Onde Vais Rio que eu Canto” CD 2 faixa 2
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS Criação e Experimentação - Improvisa e compõe acompanhamentos em diversos compassos. Culturas Musicais nos Contextos - Identifica e compara o género musical tendo em conta o enquadramento sociocultural do passado e do presente. Percepção Sonora e Musical - Identifica auditivamente elementos e estruturas musicais, utilizando vocabulário apropriado. Interpretação e Comunicação - Toca em grupo pelo menos um instrumento musical, utilizando técnicas instrumentais de acordo com a tipologia musical.
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VOCABULÁRIO MUSICAL
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Compassos simples e compostos Revisão dos instrumentos da orquestra Revisão da classificação das vozes
RECURSOS Aparelhagem sonora Cartaz com as imagens dos instrumentos da orquestra
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES Contextualizar a canção como sendo a canção vencedora do Festival da RTP de 1970 e apresentar a biografia do cantor. Audição da música e identificação das mudanças de compasso. Introdução do compasso composto. Composição e interpretação de frases rítmicas para acompanhamento da música (um para o compasso simples e outra para o compasso composto). Identificar auditivamente os instrumentos presentes na música e realizar a revisão dos instrumentos musicais da orquestra, bem como a sua classificação consoante a emissão do som. Identificar e classificar o tipo de voz do cantor (Tenor ou Baixo).
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO
Realização de uma pesquisa sobre os festivais da canção e sobre os intérpretes das canções portuguesas (ter em conta o ano da canção 1970). Introdução da nomenclatura dos acordes para acompanhamento. Realizar uma análise comparativa com os Festivais da Canção actuais.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE
“ONDE VAIS RIO QUE EU CANTO”
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Após um pequeno diálogo e explicações sobre a época - culturais, políticas e económicas - os alunos demonstraram motivação, que foi crescendo à medida que iam realizando a actividade de composição. Para a análise do compasso, coloquei metade da turma a andar ao som da música e metade a bater a pulsação. Ao chegar-se ao compasso composto, os alunos sentiram, obviamente, que algo estava diferente. Analisámos então a música e identificámos as diferenças. Dividi a turma em quatro grupos: dois grupos compunham ritmos para os compassos simples e dois grupos para os compassos compostos. Uns trabalharam com sons corporais e os outros com instrumentos. Foi feita uma nova audição da música e os alunos registaram no caderno os instrumentos que ouviram. Registámos todos os instrumentos no quadro e relembrámos a classificação dos mesmos. No final da aula, foram realizados exercícios auditivos e escritos sobre os instrumentos e sobre os compassos. Identificámos a voz do compositor e fizemos a revisão dos diferentes tipos de vozes (masculinas e femininas). Finalmente, conversámos sobre as diferenças sonoras, comparando os Festivais da Canção antigos com os actuais.
Prof.ª Rubina Fernandes
Notas biográficas Sérgio Borges - "O vencedor do Festival RTP da Canção" Nasceu no Funchal em 1944. A com7petição e convívio entre os povos europeus não se faz apenas no meio desportivo. Na música, os países europeus já concorrem entre si desde 1956, através do Festival da Eurovisão da Canção. Deste modo, celebra-se em 2006 os 50 anos deste importante acontecimento musical europeu. Portugal não entrou logo desde o primeiro Festival, mas foi um dos primeiros países a aderir a este evento europeu no ano de 1964. Nesse ano, a 2 de Fevereiro, a RTP organizou o primeiro Festival RTP da Canção, cabendo a honra da vitória ao cantor António Calvário, com a canção "Oração", que representou Portugal no Festival da Eurovisão, em Copenhaga (Dinamarca). O olhar dorido e os gestos religiosos de António Calvário não convenceram na Dinamarca e a canção portuguesa não obteve, infelizmente, qualquer ponto nesta sua primeira participação na Eurovisão. O primeiro madeirense a participar no Festival RTP da Canção como intérprete foi o cantor Sérgio Borges, com "Eu nunca direi adeus". Logo na primeira participação, em 1966, o cantor ficou num honroso 2.º lugar, tendo apenas ficado atrás da cantora Madalena Iglésias, que ganhou com a famosa canção "Ele e Ela". Quatro anos mais tarde, em 1970, Sérgio Borges venceu mesmo o Festival RTP da Canção, sendo o primeiro madeirense a conseguir tal proeza. Como curiosidade, refira-se que o músico madeirense ficou à frente de cantores como Paulo de Carvalho e Fernando Tordo, numa época em que o Festival tinha muito mais impacto social do que na actua-
lidade, sendo seguido atentamente em todo o país, como um dos maiores eventos do ano. Mas qual foi o percurso de Sérgio Borges antes de chegar à vitória do Festival? Quais foram os caminhos que o cantor percorreu até chegar ao topo do mundo da canção portuguesa? Sérgio Borges começou a sua carreira de músico no seio do Conjunto Académico João Paulo. O grupo nasceu no Liceu Jaime Moniz, no início da década de 60, e foi influenciado pela nova vaga de grupos musicais e cantores dos anos 60, ao estilo dos Beatles. Após um período de aprendizagem e de actuações no Funchal, o grupo deu o salto para Lisboa. Em 1964, o grupo ganhou um dos concursos de música realizados na Madeira - uma promoção da Rivus, no antigo CineParque - e foram premiados com actuações no continente, na rádio e na TV. Na televisão, o grupo participou no programa musical "T.V. Clube" e obteve um grande sucesso, que catapultou a música do Conjunto a nível nacional. O êxito teve tal dimensão que os músicos madeirenses acabaram por decidir radicar-se em Lisboa, de modo a dar continuidade ao sucesso obtido. Os anos de 1965 e 1966 foram fantásticos para o Conjunto. Em pouco tempo, tiveram a oportunidade de gravar discos, entre os quais se destaca o "Hully Gully do Montanhês", e começaram a ser clientes assíduos em emissões de rádio, televisivas e em espectáculos. Entre os espectáculos de maior sucesso, neste início de carreira em Lisboa, salientam-se os realizados no Teatro Politeama e mais tarde no Teatro Monumental. No Politeama, durante um mês e meio, o Conjunto tocou para casas sempre cheias, num
Ilustração 23 - Sérgio Borges
ambiente ao estilo dos Beatles... fãs a gritar e a desmaiar na plateia. Pouco tempo depois, no Teatro Monumental, o Conjunto teve a confirmação do sucesso: enorme histerismo e os mesmo desmaios, numa reacção do público inovadora em Portugal e que marcaria o início de uma nova era musical. Este sucesso foi coroado em 1966 com a primeira participação de Sérgio Borges como intérprete no Festival RTP da Canção, onde alcançou o honroso 2.º lugar. A sua boa prestação no Festival e o sucesso alcançado nos dois anos anteriores foram inclusivamente reconhecidos pela imprensa escrita, que não ficou alheia à qualidade do cantor madeirense. No mesmo ano, em 1966, a crítica escrita premiou o enorme sucesso de Sérgio Borges com o "Prémio da Imprensa" exaequo com a cantora Madalena Iglésias, na rubrica Música Ligeira cançonetista. O cantor madeirense "não disse adeus" ao festival e, quatro anos mais tarde, o primeiro prémio não fugiu a Sérgio Borges. Assim, em 1970, o cantor concorreu com a canção "Onde vais rio que eu canto", com música da autoria de Carlos Nóbrega
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e Sousa e letra de Joaquim Pedro Gonçalves. A música cativou o júri e alcançou a maior votação da noite: 84 pontos. Saliente-se que, entre os concorrentes de Sérgio Borges, encontravam-se alguns dos cantores históricos da canção portuguesa, que ficaram com pontuações bem mais humildes. Fernando Tordo, por exemplo, alcançou uns pobres 3 pontos e Paulo de Carvalho não ficou muito melhor, tendo recebido do júri apenas 24 pontos. Infelizmente, o insólito aconteceu e Sérgio Borges não teve a sorte de participar no Eurofestival. Em TODAS as edições da Eurovisão, saliente-se, esta foi a única vez que Portugal não participou no festival europeu por vontade própria. A história é simples e vergonhosa. Em 1969, houve
protestos por toda a Europa no final do Festival da Eurovisão desse ano, que decorreu em Madrid. Portugal depositava grandes esperanças na canção "Desfolhada" (cantada por Simone) e essas expectativas saíram goradas. A piorar a situação, a canção inglesa, que era considerada por muitos, como a pior de todas do festival, ficou entre as 4 primeiras (!). Factos como este alimentaram os boatos de "arranjos" e votos "comprados" no Eurofestival, com especial dedo indicador apontado às empresas discográficas, e motivaram a revolta de alguns países. Resultado: Portugal e outros países não participaram em 1970. Em 1971, fizeram-se algumas alterações ao modelo da Eurovisão e Portugal voltou a participar no festival europeu sem mais interrupções.
Maximiano de Sousa (1918 - 1980), conhecido por “Max”, nasceu no Funchal em 1918, tendo falecido em 1980. Começou por cantar em público aos 19 anos na "Praia Oriental". Em 1943, integra o Conjunto de Tony Amaral, no Hotel Belavista, seguindose a inauguração do Flamingo, o primeiro espaço madeirense com vocação para o jazz. A partir de 1946, já em Lisboa, o cantor revela-se ao país, atingindo fama e reconhecimento. Uma das suas canções mais conhecidas era "Noites da Madeira". Em 1949, iniciou uma carreira a solo, que o levou por todo o mundo, sendo de registar a sua digressão aos Estados Unidos da América em 1956, que durou dois anos. Aí apresentou-se na NBC (um canal de televisão), num
espectáculo ao vivo, visto por 48 milhões de pessoas. A sua participação no teatro de revista, em Portugal, nas peças "Saias Curtas", "Cala o Bico", "Fonte Luminosa", "Pimenta na Língua" ou nos filmes "Bonança e Companhia" e "O Rei das Berlengas", tornaram-no muito popular em relação ao grande público. Das suas actuações destacam-se o Carnegie Hall, em Nova Iorque, a sede das Nações Unidas também naquela cidade, e os vários países que o receberam, entre eles o Canadá, Áustria, Alemanha, Austrália, Argentina, Brasil, entre outros. Em 1979, foi homenageado pelo Governo Regional da Madeira, pela sua carreira artística, bem como por
Quem sofreu com o mais negro episódio da Eurovisão foi Sérgio Borges, que viu assim impossibilitada a hipótese de participar no plano europeu, por motivos que lhe foram completamente alheios. Deste modo, nunca saberemos a votação que Sérgio Borges alcançaria do júri internacional. O que sabemos é o nome da cantora portuguesa que teve a melhor prestação de sempre no festival europeu. Ainda se lembra?... Pense um pouco... Não... Também não... A melhor votação de sempre de um português na Eurovisão foi alcançada por Lúcia Moniz, em 1996, com a canção "O meu coração não tem cor", que trouxe para Portugal um óptimo 6.º lugar.
Ilustração 24 - Max
ter sido um embaixador da cultura madeirense pelo mundo.
2.2.2. - POP-ROCK TEXTOS DE APOIO LOCAL Os grupos de pop/rock começaram por actuar nas récitas do Liceu e Teatro Municipal, tocando actualmente em escolas, concertos ao ar livre, etc., para um público juvenil.
GÉNEROS Salientam-se os diferentes tipos de canção e por vezes peças instrumentais, em diferentes estilos: pop, rock, reggae, rap, hard rock, heavy metal, entre outros.
INSTRUMENTOS Os instrumentos habituais são a guitarra e baixo eléctrico, o sintetizador, a bateria e a voz.
Ilustração 25 - Conjunto Académico João Paulo
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é a canção “Assombrações” do grupo Pilares de Bânger. Este grupo ganhou o 1.º Festival Super Rock em 1993.
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“ASSOMBRAÇÕES” de Pilares de Banger Dó Sol Por becos e veredas Fá Sol Em bicos de pés Do Sol Entre crenças e pobrezas Fá Sol Não acredites no que vês. Dó Sol Por sombras e fungos Fá Sol Respirando os fumos Dó Sol Até vendo almas Fá Sol Passeando entre as coisas. Dó Sol Fá Ó,ó ... ó fantasmas Dó Sol Fá Ó,ó ... ó fantasmas Dó Sol Ouvindo sons retinantes Fá Sol Do Que surgem entre o claro e a escuridão Sol Fá Ou vozes distantes Sol Dó Que se ouvem ou não Sol Que se ouvem ou não Fá Sol Que se ouvem ou não Dó Sol Que se ouvem ou não, não, não, não.
Exemplo Musical 14 - “Assombrações”
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CD 2 faixa 3
Dó Sol Fá Ó,ó ... ó fantasmas Dó Sol Fá Ó,ó ... ó fantasmas Dó Das noites claras Fá Sol Sib Surgem assombrações nada reais Dó Fá E nem sempre os fantasmas Sol Sib Vêm a ser o ideais Dó Sol Ouvindo sons retinentes Fá Sol Dó Que surgem entre o claro e a escuridão Sol Fá Ou vozes distantes Sol Dó Que se ouvem ou não Sol Que se ouvem ou não Fá Sol Que se ouvem ou não Dó Sol Que se ouvem ou não, não, não, não. Dó Sol Fá Ó,ó ... ó fantasmas Dó Sol Fá Ó,ó ... ó fantasmas.
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS Criação e Experimentação - Improvisa coreografias simples para acompanhamento das canções. Culturas Musicais nos Contextos - Compreende a música como construção social no contexto da cultura juvenil. Percepção Sonora e Musical - Descreve auditivamente, estruturas e modos de organização sonora (timbres e acordes), através de vocabulário apropriado. Interpretação e Comunicação - Canta e toca em grupo com precisão técnico artística.
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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VOCABULÁRIO MUSICAL Acordes Melodia, harmonia Instrumentos dos grupos Pop / Rock Forma: Estrofe, refrão - Solo e coro
RECURSOS
Aparelhagem sonora Cartões coloridos
Contextualização do estilo musical e comparação com o mesmo da actualidade. Apresentação da biografia do grupo. Referir o facto do grupo ter sido o vencedor do “I Super RocK - Super Pop", realizado na Madeira. Identificação dos instrumentos típicos do pop-rock e sua classificação. Interpretação vocal da canção (cantar sobre o playback). Criação de uma coreografia / dramatização. Dividir a turma em três grupos, correspondentes aos três acordes representados na música. Dó - Fá - Sol - (Sib facultativo), cada aluno fica com uma lâmina de Xilofone e marca a pulsação durante o acompanhamento da música. O professor dirige ou pode, também, ter três cartões coloridos (com os acordes escritos) que vai mostrando o decorrer da música.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO
Nas escolas com instrumentos eléctricos e bateria, ou grupo rock, poderá ser interpretada a peça.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “ASSOMBRAÇÕES”
Durante a audição musical os alunos já cantavam o refrão. E acharam imensa piada à música. Treinamos a letra com diversas formas de expressão e depois aprendemos a melodia. Identificámos e classificámos os instrumentos que compõem a banda e dramatizámos a canção. A grande dificuldade na distribuição de lâminas dos xilofones e metalofones reside no facto de não existirem baquetas para todos os alunos, daí que optei por colocar nos três grupos, alunos nas lâminas e outros a tocar na flauta, as notas que constituem o acorde. Os cartões são muito úteis, pois ajudam a que os alunos estejam mais concentrados à espera da sua cor e funcionam também como uma motivação extra. Prof.ª Rubina Fernandes
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Notas biográficas
Ilustração 26 - Pilares de Bânger
O projecto musical Pilares de Bânger, surgiu em 1985, a partir de um grupo de amigos de escola. Filipe Pereira, Bruno Jasmins, Ricardo Gouveia, Bruno Freitas, Mauro Fernandes eram os elementos que
Ilustração 27
Conjunto Académico João Paulo
O Conjunto Académico João Paulo surgiu no Liceu do Funchal por volta de 1961. De todos os grupos musicais constituídos na cidade do
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Luís jardim nasceu no Funchal em 1950, iniciando-se na música por volta de 1963. No seu primeiro conjunto, "os Demónios Negros", revelou o seu talento enquanto músico e arranjista. Em 1967 parte para Londres onde começou por tocar nos "Rouge", com os quais tem algum sucesso, tendo um dos temas vendido quatro milhões de cópias. Ao longo da década de 70, contribui com a sua prestação musical no acompanhamento de muitos cantores e
constituíam esta banda de Rock madeirense. A divulgação inicial do grupo deu-se através da sua participação em actividades escolares (bailes, passagens de moda, etc.). Alguns anos mais tarde (1993), o grupo começou a tocar em festas, discotecas e bares, surgindo então a oportunidade de participar no “Super Rock 93”. Este foi um marco muito importante no trajecto do grupo, visto que, saindo vencedores do concurso, tiveram a oportunidade de gravar pela primeira vez um CD nos estúdios da RDP. Após a gravação do CD, surgiu
a oportunidade de actuar em vários locais como a Discoteca Poison, Discoteca Vespas ''Unplugged'', Discoteca Louvadeus, Expo Jovem 92, Festa da Cerveja 93, Festa da Juventude 93 e Festival da Música Rock 94. Os Pilares de Bânger actuaram ainda como banda suporte em concertos dos “Resistência”, “Ritual Tejo”, “Braindead” e “UHF”. Participaram ainda em programas de televisão, entre os quais, “Roda de Amigos”, “Entre Portas” e “Natal dos Hospitais”.
Funchal, na década de 60, seria este o escolhido no concurso musical "O Eléctrico vai a Lisboa", realizado no Teatro Municipal em 1964. Já no continente, o grupo apresentou-se em muitos espectáculos, alguns no Monumental, onde observados pelas editoras discográficas, foram convidados para gravar o seu primeiro disco. Apresentaram-se no "TV Clube", programa televisivo que os consagrou perante milhares de pessoas. Foi o princípio do sucesso. Receberam o Óscar da Imprensa e o Grande Prémio do Disco em 1968. Realizaram muitas digressões que incluíram Angola, Moçambique, África do Sul, Rodésia, Canadá e Estados Unidos da América. Das
suas canções originais destaca-se "Hully Gully do Montanhês", "Milena" , "Chove", entre outras. O Conjunto académico de João Paulo era constituído por Sérgio Borges, Carlos Alberto, Ângelo Moura, José Gualberto e João Paulo, que dava o nome ao grupo. Um dos aspectos mais curiosos da sua carreira musical foi actuarem para as tropas portuguesas durante a guerra do Ultramar, sendo, por isso, dispensados do Serviço Militar Obrigatório, a que todos os jovens portugueses estavam obrigados ao completarem 21 anos. O Conjunto Académico João Paulo terminou em 1979.
bandas de sucesso, como por exemplo Tom Jones, David Bowie, Rolling Stones, seguindo-se digressões com Tina Turner, Rod Stewart e George Michael. Trabalhou ainda como músico, produtor ou director musical de artistas e grupos como os Simple Red, Bee Gees, Diana Ross, Mariah Carey, Al Jarreau, Glória Stefan, Paul McCartney entre muitos outros.
Ilustração 28 - Luís Jardim, recentemente, ficou conhecido do público português por ter participado como elemento do júri no concurso televisivo Ídolos.
2.2.3. - CANÇÃO INFANTIL Textos de apoio LOCAL Na Madeira, a canção infantil é habitualmente cantada em ambiente escolar, no âmbito do Teatro Experimental do Funchal, no MusicaEB e no Festival da Canção Infantil da Madeira.
TEXTOS Os textos das canções infantis são muito variados, estando normalmente ligados a elementos do quotidiano das crianças tais como a escola, os amigos, os brinquedos, o mundo dos sonhos, entre outros.
INSTRUMENTOS Apesar de poderem ser acompanhadas por diferentes tipos de instrumentos, ou mesmo "playback", existem instrumentos específicos para as crianças poderem tocar nos acompanhamentos das canções infantis: o instrumentário Orff.
Ilustração 29 -
25 anos : Festival da Canção Infantil da Madeira
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é a canção infantil "A mochila cor-de-rosa", cantada por Catarina Atanásio, que participou no famoso Festival Internacional "Sequim d'Oro"
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“A MOCHILHA COR-DE-ROSA”
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Exemplo Musical 15 - “Mochila Cor-de-Rosa” CD 2 faixa 4
Música de João Atanásio Letra de António Castro
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
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Culturas Musicais nos Contextos - Identifica a cultura musical infantil e o contexto onde se insere. Interpretação e Comunicação - Toca em grupo flauta de bisel utilizando técnicas instrumentais diferenciadas e canta com precisão técnico artística.
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VOCABULÁRIO MUSICAL Ritmos pontuados Staccato Sol #
RECURSOS
Aparelhagem sonora
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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Realçar o papel do Festival da Canção Infantil no desenvolvimento musical das crianças. Divulgar o facto da cantora ter participado no Sequim de Ouro. Interpretação na flauta da melodia. Introdução do ritmo pontuado.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO
Pesquisar as canções vencedoras dos diversos fesivais.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “A MOCHILA COR-DE-ROSA”
Para meu grande espanto o nível de adesão a esta música foi total (esta foi a música que os alunos gostaram mais de trabalhar). Os alunos cantaram e tocaram a canção com muito entusiasmo e tiveram grande facilidade na memorização da letra. A prática da flauta é uma actividade que requer algum tempo (gostaria uma vez mais de relembrar que tudo depende do nível da turma). Os alunos com mais facilidade tocam a música toda, os que tem algumas dificuldades podem tocar apenas o refrão ou ainda podemos simplificar as notas dos 1.º e 3.º tempos: Sol - Mi - Fá - Fá - Fá - Ré Mi - Mi - Mi - Dó - Ré - Ré - Mi - Ré - Dó. Para a introdução do ritmo fizemos exercícios e leituras rítmicas com vocábulos, ditados rítmicos visuais e batimentos rítmicos. Para a introdução do Sol# realizamos em primeiro lugar a prática da nota, fomos acrescentando outras notas e treinando as passagens da música. Conversámos sobre o Festival e há sempre alguém que já assistiu a um, ou que conhece alguém que cantou. Prof.ª Rubina Fernandes
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Notas biográficas
Ilustração 30 - João Atanásio
João Atanásio nasceu a 15 de Maio de 1947 em Câmara de Lobos. Tem o Curso Superior de Piano do Conservatório Nacional de Lisboa e frequentou os cursos superiores de Composição e Canto na mesma
Ilustração 31 - Carlos Gonçalves
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Carlos Gonçalves nasceu a 20 de Fevereiro de 1955 no Funchal. Tem o Curso Superior de Piano do Conservatório de Música da Madeira, sendo um dos primeiros madeirenses a concluir o curso "Introdução à
cidade, sendo Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Realizou uma pós-graduação em piano com Fernando Jorge Azevedo, no Porto. Entre 1974 e 1978 foi professor no Conservatório de Música da Gulbenkian em Aveiro. Fez os cursos de "Moderna pedagogia da Educação Musical" com Jos Wuytack e "Introdução à criatividade musical na criança" com Pierre van Hauwe. Com este último, colaborou em cursos na Holanda e Portugal. Apresentou-se a solo, em grupo de música de Câmara e como director do Coro de Câmara da cidade de Câmara de Lobos, tendo realizado digressões ao continente português,
Açores, Canárias, Espanha, França e Itália. Dirige desde 1988 uma orquestra juvenil formada por alunos deficientes, no âmbito da Educação Especial, representando Portugal em encontros bienais realizados em diferentes países europeus. É professor de piano e director do Coro Juvenil do “Conservatório - Escola Profissional das Artes da Madeira, Eng. Luís Peter Clode”. Participa desde o primeiro Festival da Canção Infantil da Madeira, como compositor, contribuindo com muitas canções para o público infantil, algumas delas vencedoras em festivais do género realizados em Portugal.
criatividade musical na criança" do pedagogo e músico holandês Pierre van Hauwe. Foi professor em vários graus de ensino e instituições como o Colégio Lisbonense, Escola Salesiana, Conservatório de Música da Madeira, Escola do Magistério Primário e Universidade da Madeira. Na Função de coordenador, iniciou em 1980 a Experiência Pedagógica "Expressão Musical e Dramática no Ensino Primário", experiência que teve continuidade em 1986 no Gabinete de Apoio à Expressão Musical e Dramática, actual Gabinete Coordenador de Educação Artística, no qual assume funções de Director de Serviços. Participou como compositor no Festival da Canção Infantil da Madeira, ganhando o primeiro festival (1982) com a canção "O meu jardim", repetindo o feito em 1989
com a canção "Marinheiro de Sonho". Mais tarde, em 1990, assumiu a organização executiva deste festival, através do Gabinete Coordenador de Educação Artística. Foi Director executivo da Orquestra Clássica da Madeira de 1995 a 2000 e distinguido pelo Governo Regional da Madeira em 1989, pelo contributo às letras e à cultura. A sua obra mais recente é o livro "Música para Crianças" publicado em 2003 pelas Edições Convite à Música.
2.2.4. - CANÇÃO ACADÉMICA Textos de apoio LOCAL Actualmente, a música académica está ligada aos acontecimentos e festividades dos estudantes do ensino superior.
GÉNEROS Os géneros mais comuns são: no domínio vocal, a serenata, a balada e o fado-canção; e no domínio instrumental, as valsas e as variações.
INSTRUMENTOS Os instrumentos habituais podem ir do conjunto intimista constituído por voz, duas guitarras portuguesas e uma viola dedilhada, ao conjunto de grande formato, habitual das tunas, constituído por cavaquinhos, bandolins, violas dedilhadas, acordeões, percussão e vozes.
Ilustração 32 - TUMA - Tuna Universitária da Madeira
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é a canção "Marcha da Estudantina", cuja letra é da autoria de José Luís Fernandes e a música de Ricardo Félix. Os arranjos musicais são da Estudantina Académica da Madeira.
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“MARCHA DA ESTUDANTINA” Instrumental: dó - ré m - sol - dó (dó) ré m - sol Pelas ruas passo a passo dó - lá Vem a nossa Estudantina ré m - sol Serenata em seu regaço dó Para encantar a menina ré m - mi De batina negro manto lá m - fá Com encanto e precisão dó - sol Do amor faz o seu pranto dó - fá Da saudade uma canção Dó Do amor faz o seu pranto sol dó Da saudade uma canção. Refrão
ré m - mi Então, dai-nos vós licença lá m - fá Para cantar e bailar dó - sol Mantendo nossa presença dó - fá Para hoje convosco estar dó Mantendo nossa presença sol dó Para hoje convosco estar. Refrão Instrumental: dó - ré m - sol - dó (3 vezes) dó - ré m - sol - fá m - dó
Letra: José Luís Fernandes / Música: Ricardo Félix Arranjos: Estudantina Académica da Madeira
ré m
Esta marcha que escutais sol dó É a marcha da Estudantina ré m É toda ela feita de ais sol De mil amores por ti ai menina. Da terra no mar plantada Emergem estes jograis Cantando até a alvorada E até não poderem mais Senhoras tende piedade E tenhais por nós carinho Matai-nos já a saudade De um grande copo de vinho.
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Refrão
dó
Repete
Exemplo Musical 16 - “ Marcha da Estudantina ” CD 2 faixa 5
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS Criação e Experimentação - Improvisa acompanhamentos utilizando diferentes instrumentos. Culturas Musicais nos Contextos - Investiga a função social das tunas e relaciona-as com o meio académico. Percepção Sonora e Musical - Identifica auditivamente elementos e estruturas musicais, utilizando terminologias apropriadas. Interpretação e Comunicação - Canta e toca em grupo com precisão técnico artística.
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VOCABULÁRIO MUSICAL Tunas Académicas Instrumentos característicos das Tunas
RECURSOS Imagens de Tunas
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
Contextualização do género musical e da sua importância para o meio académico . Apresentação da biografia da Tuna. Audição da música e identificação dos instrumentos intervenientes. Interpretação vocal da melodia. Criação de uma contramelodia para tocar na flauta. Interpretação da contramelodia na flauta. Criar acompanhamentos rítmicos para a canção.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Audição de outros géneros musicais relacionados com as tunas académicas. Convidar uma Tuna para actuar na escola. Pesquisar as diferentes tunas da Universidade da Madeira e realizar um exposição sobre as mesmas (pareceria com AP e EA). Organizar um pequeno festival com as Tunas da Região. Assistir ao festival de Tunas organizado no Funchal.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “MARCHA DA ESTUDANTINA”
Após a primeira audição da música, começámos por identificar os instrumentos (alguns tive de introduzir, pois a qualidade sonora nem sempre é a melhor); realizámos a classificação dos mesmos e abordou-se a sua forma de tocar. Finda esta actividade realizei a contextualização do género musical, expliquei a importância das tunas no meio académico e o tipo de vida que possuem (concertos, deslocações constantes, divertimento e por vezes dificuldades na conclusão do curso). Falei ainda do envolvimento e a ligação que se estabelece entre tunas, comunidade escolar e profissional. Os alunos interpretaram vocalmente a música e criaram alguns ostinatos rítmicos para o acompanhamento da música. Os alunos manifestaram muita motivação na interpretação da música. Prof.ª Rubina Fernandes
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Notas biográficas
Estudantinas Académicas O liceu do Funchal representou no princípio do século XX um papel fundamental no aparecimento e desenvolvimento das estudantinas. As serenatas de estudantes do liceu envolviam muitos dos jovens do Funchal, nomeadamente os irmãos Bettencourt, dos quais se destacava já a voz de Edmundo Bettencourt. No final do liceu, uma nova leva de cantores e músicos madeirenses partia para o meio académico de Coimbra. O fenómeno percorria os vários liceus do país, pois os futuros estudantes de Coimbra, reuniam-se em tunas e Estudantinas locais, ganhando o à-
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-vontade necessário e o espírito académico. Os futuros doutores, regressados à Madeira, continuavam este tipo de práticas musicais, trazendo novas canções da cidade dos estudantes e voltando a influenciar o meio estudantil. As tunas e estudantinas actuais, ou estão Ilustração 33 - Estudantina da Madeira ligadas à Universidade da Madeira ou representam uma cul- história da música urbana da cidade tura musical e sociológica que deixou do Funchal, e a um tempo dos estude existir, sendo uma reconstrução de dantes românticos. memória colectiva, que apela à
2.2.5. - FADO
Textos de apoio
LOCAL Até ao 25 de Abril de 1974, a actividade do fado restringia-se ao bairro de Santa Maria Maior. A partir dos anos 80, o fado expandiu o seu campo de acção para os hotéis da Madeira e para as recém-criadas Casas de Fado.
GÉNEROS Os géneros típicos do fado são o fado corrido, o fado-canção, o Fado Alberto, o Fado Vitória, o Fado Porto, Fado Sardinheira, entre outros.
INSTRUMENTOS Os instrumentos habituais são a voz, a guitarra portuguesa, a viola dedilhada e por vezes a viola baixo acústica.
Ilustração 34 - Eugénia Maria
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é um fado ao estilo de Coimbra, cujo poema foi escrito pelo poeta madeirense Edmundo Bettencourt.
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“MAR ALTO”
Lá m
Sol
Fosse o meu destino o teu Fá
Mi
Sol
Antes as tuas tormentas Fá
Mi
Ó Mar Alto, sem ter fundo
Do que todas as revoltas
Fosse o meu destino o teu
Antes as tuas tormentas
Lá m
Sol
Fá
Dó
Lá m
Sol
Fá
Do
Ó Mar Alto, sem ter fundo
Do que todas as revoltas
Viver bem perto do céu
No céu azul que adormentas
Re m
Mi
Sol
Dó
Ré m
Lá m
Ré m
Mi
Sol
Dó
Ré m
Lá m
Andar bem longe do Mundo
A soluçar, nunca voltas.
Viver bem perto do céu
No céu azul que adormentas
Mi
Lá m
Andar bem longe do Mundo
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Lá m
Exemplo Musical 17 - “Mar Alto” CD 2 faixa 6
Mi
Lá m
A soluçar, nunca voltas.
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIA
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Culturas Musicais nos Contextos - Investiga os modos como as sociedades contemporâneas se relacionam com a música. Percepção Sonora e Musical - Ouve e identifica os instrumentos típicos, utilizando vocabulário apropriado. Interpretação e Comunicação - Analisa diferentes interpretações das mesmas ideias, estruturas e peças musicais em estilos e géneros variados. Interpretação e Comunicação - Canta sozinho e em grupo com precisão técnico-artística.
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VOCABULÁRIO MUSICAL
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Instrumentos típicos do fado (guitarra portuguesa, viola e voz) Diferentes tipos de fado
RECURSOS Aparelhagem sonora
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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Contextualização social, histórica e artística do fado. Audição do excerto musical e identificação dos instrumentos típicos guitarra portuguesa, viola e voz (características da forma de cantar). Diferentes tipos de fado (fado corrido, fado vadio, fado canção, fado de Coimbra, etc.) e temáticas do fado (destino, amor, passado, etc.). Interpretar a canção.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Organizar uma noite de Fado na Escola (parceria com EVT - cenários). Convidar um(a) fadista para vir à escola falar sobre o tema e interpretar canções. Realizar uma exposição sobre os fadistas madeirenses e as principais casas de Fado na Madeira. A alimentação relacionada com o fado - chouriço, pão, caldo verde e vinho tinto.
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Notas biográficas Edmundo de Bettencourt (1899-1973) foi cantor e poeta. Nasceu no Funchal em 1899 e morreu em Lisboa no dia 1 de Fevereiro de 1973, pertenceu à geração de ouro da canção coimbrã (anos 20 e 30) do século passado, tendo sido o grande responsável juntamente com Artur Paredes, pela criação de um novo estilo, que introduzia entre
outros aspectos um discurso poético e musical modernista. Gravou muitos discos, com repertório de excelente nível, sobretudo original, libertando a canção de Coimbra da sua toada antiga e dolente. Criou uma escola de cantar, tendo sido muitos os que buscaram nele inspiração. Das suas canções destacam-se "Coimbra Menina e Moça",
"Saudades de Coimbra", "Balada da Inquietação" e "Mar Alto". Colaborou com revistas e jornais literários, lançando alguns livros de poesia, nomeadamente "O Momento e a Legenda", "Rede Invisível" e "Poemas Surdos".
Ilustração 35 - Edmundo de Bettencourt
Eugénia Maria nasceu no Funchal em 1951. Começou a cantar profissionalmente aos 23 anos na casa de Fado "Lagar". Seguiram-se a "Romana", "Casa Portuguesa", "Hotel Sheraton", Reid's Hotel", "Casino da Madeira" entre outros hotéis madeirenses. Gravou um LP, "Madeira Linda", no princípio dos anos 80, acompanhada por António Chainho e José Maria Nóbrega, dois dos melhores músicos portugueses desta área musical. Na Madeira, foi acompanhada pelos seguintes instrumentistas madeirenses: Francisco Jesus, Eurico Freitas, Fernando Silva, José Pereira e José de Nóbrega (guitarra portuguesa); na viola de Fado, por Lídio Dias, Orlando Henriques, Pimenta e José Camacho.
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Actuou em espectáculos na Madeira e em Lisboa com Carlos do Carmo, Alexandra, Simone de Oliveira, Cidália Moreira, Maria da Fé, entre outros. Participou no espectáculo "Mulher em Foco" representando a Madeira. Gravou ainda actuações ao vivo para a televisão alemã e espanhola, cantando ainda na homenagem ao cantor Max. Alguns dos temas que canta são originais, como por exemplo, "Nostalgia do amor-paixão ardente", "Madeira é linda" e "Cantarei Madeira". Tem ainda editadas duas cassetes, "Perdão à minha mãe" (1986) e "Nostalgia do amor" 1998. Actua diariamente no Funchal, sendo esta
Ilustração 36 - Eugénia Maria
a sua única profissão. Canta semanalmente no Reid's Hotel há já 28 anos.
2.3. - SWING / JAZZ Textos de apoio
Ilustração 37 - Noites da Madeira
LOCAL Os grupos de swing / jazz costumam actuar em hotéis, casinos, clubes de Jazz, teatros e festivais.
GÉNEROS Existem peças instrumentais (entre as quais se salientam o blues e o twelve-bars-blues) e vocais-instrumentais (canções de swing ou standards, canções de Bossa Nova, etc.), que podem ser dançadas. Uma das características principais do swing / jazz é a improvisação.
INSTRUMENTOS Os instrumentos habituais são o piano, o contrabaixo, a bateria, juntando-se por vezes a este trio de jazz, o saxofone, a voz, a guitarra, o trompete, etc. EXEMPLO O exemplo musical escolhido é a canção "Noites da Madeira" de Tony Amaral, que foi celebrizada primeiramente por Max, e mais tarde por Tony Cruz.
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“NOITES DA MADEIRA” de Tony Amaral
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Exemplo Musical 18 - “Noites da Madeira” CD 2 faixa 7
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
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Criação e Experimentação - Improvisa melodias, variações e acompanhamentos utilizando diferentes instrumentos. Culturas Musicais nos Contextos - Investiga funções e significados da música no contexto madeirense. Percepção Sonora e Musical - Ouve e identifica os instrumentos típicos, utilizando vocabulário apropriado. Interpretação e Comunicação - Toca sozinho e em grupo pelo menos um instrumento musical.
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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VOCABULÁRIO MUSICAL Instrumentos típicos do jazz. Ritmo característico: swing Escala pentatónica.
RECURSOS Flauta de Bisel Instrumentos da sala de aula
Contexto do género musical e da sua importância como função de entretenimento na hotelaria Madeirense. Identificação dos instrumentos presentes no excerto musical, bem como do virtuosismo necessário ao acompanhamento da música. Identificação de diversos agrupamentos de jazz (trio, quartetos, quintentos e big band) Interpretação na flauta da melodia. Improvisação nos instrumentos de cordas e lâminas da 1.ª parte da melodia na escala pentatónica de Dó. Cantar a melodia com o playback.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Realizar uma audição musical de diversos estilos de jazz. Convidar um agrupamento musical do GCEA ou do Conservatório para realizar um concerto na escola.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “NOITES DA MADEIRA”
Tinha solicitado aos alunos que conversassem com os pais sobre as saídas à noite quando eram jovens: o tipo de locais que frequentavam, o tipo de música que ouviam e os instrumentos que tocavam. Alguns afirmaram que os pais não saíam muito; outros que os pais iam para os hotéis e que havia apenas uma discoteca pequena ao pé da Quinta Magnólia. Disse-lhes que a música que íamos ouvir era a que os pais provavelmente dançavam quando iam aos hotéis. Ouvimos a música, fizemos uma análise da letra e aprendemos a melodia. Falei-lhes dos diversos agrupamentos que existiam e dialogámos sobre os instrumentos e a classificação dos mesmos. No DVD do manual adoptado (Era uma vez a música - Santillana Editores) existem algumas cenas dos diversos agrupamentos e estivemos a observar. Cantámos a melodia e seguidamente fizemos a improvisação nos instrumentos de lâminas. Tinha planeado realizar a gravação da actividade e a visualização da mesma, mas já não tive tempo. Fica a sugestão. Prof.ª Rubina Fernandes
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NOTAS BIOGRÁFICAS
Tony Amaral Júnior (António Freitas Esteves) iniciou a sua prática musical em 1952, na Academia de Música da Madeira, com a conceituada pianista Lizetta Zarone, recebendo simultaneamente aulas de composição com o capitão Gustavo Coelho. O seu pai era já um pianista de Jazz, conheci-
Carlos Menezes nasceu no Funchal em 1920. Aos 8 anos apresentou-se em público, no Teatro Circo do Funchal, tocando guitarra portuguesa, tendo deixado o público maravilhado. Aos 12 anos entra na Banda Municipal, onde aprende trompete e solfejo. Aos 21 anos inicia uma actividade profissional acompanhando o cantor Max, integrado no Conjunto de Tony Amaral.
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do em Portugal, e o irmão deste, Alberto Amaral, era igualmente pianista - no Hotel Savoy na Madeira, onde tocou 38 anos. O talento de Tony Amaral foi-se revelando desde a sua incursão nos hotéis e casinos da Madeira, onde desenvolveu actividade como músico entre 1953 e 1989. Desde 1989, vive e tra-
Com 24 anos, já em Lisboa, maravilhado com o som da guitarra eléctrica, que ouviu nos discos americanos, cria ele próprio um dispositivo de captação do som. Seguiu-se a construção de um modelo de sua autoria, que foi a primeira guitarra eléctrica em Portugal. Dotado de virtuosismo, sensibilidade e versatilidade, Carlos Menezes actuou em grupos, orquestras (uma das quais a Orquestra da Emissora
balha em Cardiff, na Inglaterra, tocando no Internacional Hotel. Tony Amaral Júnior apresentou-se em trio em vários festivais de Jazz, em Portugal, França e Inglaterra, sendo um dos fundadores do Madeira Jazz Club, no Funchal em 1986. Ilustração 38 - Tony Amaral
Nacional) e a solo, numa longa carreira, que o levou a percorrer muitos países e continentes.
Ilustração 39 - Carlos Menezes
2.4. - ASSOCIAÇÕES CULTURAIS E COLECTIVIDADES DE RECREIO E CULTURA
2.4.1. - MÚSICA INSTRUMENTAL
2.4.1.1. - ORQUESTRAS DE BANDOLINS Textos de apoio
LOCAL As orquestras de bandolins actuam em concerto nas colectividades de recreio e cultura, no Teatro Municipal, em hotéis e museus. INSTRUMENTOS Os instrumentos habituais são o Bandolim, a Bandoleta, a Bândola, o Bandoloncelo, a Guitarra e o Guitarrone ou Contrabaixo. GÉNEROS Salientam-se os géneros concerto, serenata, valsa, marcha, bem como temas e canções eruditas e populares. As orquestras de palheta também acompanham operetas ou teatro de revista.
Ilustração 40 - Recreio Musical União da Mocidade
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é uma marcha - "Nova Aurora" - da autoria de Ernesto Serrão.
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“NOVA AURORA” de Ernesto Serrão
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Exemplo Musical 19 - “Nova Aurora” CD 2 faixa 8
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
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Criação e Experimentação - Compõe, arranja e apresenta publicamente uma coreografia a partir de uma peça musical. Culturas Musicais nos Contextos - Investiga funções e significados da música no contexto da sociedade madeirense. Percepção Sonora e Musical - Identifica auditivamente elementos e estruturas musicais da peça. Interpretação e Comunicação - Prepara, apresenta e dirige um espectáculo tendo em atenção a função do género marcha.
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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VOCABULÁRIO NMUSICAL Tercinas Alterações: bemol e sustenido Instrumentos de Palheta: bandolim, bandoleta, bandola e bandoloncelo e guitarrone
RECURSOS
Póster com Instrumentos Tradicionas Madeirenses Aparelhagem sonora
Audição musical da peça. Contextualização das orquestras de bandolins no seio das associações culturais. Identificação e classificação dos instrumentos. Introdução dos conceitos de bemol e sustenido. Criação de uma letra (parceria com a Língua Portuguesa) e coreografia para a marcha e utilizá-la para a apresentação nas Marchas Populares.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Realização de uma pesquisa sobre a Orquestra de Bandolins da Madeira (parceria com A.P. e E.A.). Nas escolas que possuam grupos de cordofones, poderá ser interpretada a melodia e realizado o acompanhamento com guitarra.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “NOVA AURORA” Esta foi uma das últimas músicas a ser trabalhada na sala de aula, daí que não tive oportunidade para aprofundá-la ao máximo. Ouvimos a música, identificámos os instrumentos, observámos um póster com instrumentos populares madeirenses. Depois, expliquei-lhes a importância deste agrupamento instrumental no seio das associações culturais. Identificámos as duas alterações ocorrentes (bemol e sustenido) e relembrámos as suas funções. Realizei alguns exercícios no sintetizador para os alunos identificarem o movimento sonoro das duas notas (se era utilizado o sustenido ou o bemol). Os alunos participaram activamente na tarefa.
Prof.ª Rubina Fernandes
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Notas biográficas Ernesto Serrão (1898 - 1937), natural de Câmara de Lobos, foi músico, compositor, arranjista e director de orquestra de bandolins. Com vivência musical familiar, o avô era mestre de filarmónica, praticou desde muito novo instrumentos de sopro e corda. Alistou-se como voluntário no exército aos 17 anos de idade, frequentando aí a escola de música da banda, onde seria anos mais tarde sargento-músico. Em 1924, foi convidado para Director Artístico da Orquestra de Bandolins
da Recreio Musical União da Mocidade, actividade que manteve até 1937. Neste período foi também regente da Banda da Polícia de Segurança Pública. Grande parte da sua obra é orquestral e de estilo popular (canções, cançonetas, peças de carácter erudito para salão, marchas, entre outras). Das suas obras destacam-se Corbeille de Noivos, Triste Avezinha, Nova Aurora, Divertissement, entre outras.
Manuel dos Passos Freitas (1872-1952) - "A influência de Coimbra no Funchal"
essas experiências musicais servido certamente de referência no seu regresso à Madeira. A criação destes dois grupos terá certamente conduzido a uma das ideias mais difundidas sobre o "músico-advogado": a ideia de que o Dr. Passos Freitas foi o "precursor do verdadeiro movimento musical" na Madeira. No entanto, tendo em consideração que a música já era uma arte muito praticada e difundida no Funchal no início do século XX, esta exagerada atribuição de "pioneiro musical" ao advogado madeirense deverá ser entendido à luz do tipo de repertório clássico, que os dois grupos que dirigia interpretavam. Por exemplo, na publicação trimestral "Ilustração Madeirense", de Outubro de 1930 - periódico dirigido pelo Visconde do Porto da Cruz - o articulista Fonseca Duarte defendia que apesar de "não haver rua [no Funchal] onde não se ouça piano [..], o repertório escolhido era acentuadamente caracterizado pelo mau gosto". Perante este cenário negativo, Fonseca Duarte destacava o "heróico esforço do Dr. Passos Freitas". A qualidade musical dos grupos liderados pelo Dr. Passos Freitas não era apenas constatada por Fonseca Duarte. No Elucidário Madeirense,
Natural do concelho da Calheta, o Dr. Manuel dos Passos Freitas foi um advogado ilustre que se destacou no domínio musical, pelo seu poder de liderança, espírito de iniciativa e capacidade de organização. Prova disso mesmo, é o facto de Passos Freitas ter fundado e regido dois grupos musicais, que tiveram uma longevidade muito pouco habitual na Madeira: o grupo musical "Dr. Passos Freitas" (tuna de bandolins), cujo grupo original surgiu em 1906 - ainda sem esta designação - e que teve continuidade até ao início da década de 60; e o grupo de canto coral Orfeão Madeirense, instituição que se apresentou pela primeira vez em público nos dias 7 e 8 de Julho de 1921 e que ainda hoje sobrevive. A inspiração para a criação destes agrupamentos terá vindo da temporada que Passos Freitas frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Segundo Luiz Peter Clode, neste período de vida académica, Passos Freitas ter-se-á destacado de forma invulgar na Tuna Académica e no Orfeão da Universidade de Coimbra, tendo
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Ilustração 41 - Ernesto Serrão
Ilustração 42 - Manuel dos Passos Freitas
por exemplo, é defendido que entre "os vários grupos musicais [do Funchal] destaca-se o que é dirigido pelo Dr. Manuel dos Passos Freitas, advogado e músico distintíssimo." O grupo musical Dr. Passos Freitas alcançou também enorme sucesso em Canárias. O grupo realizou duas digressões ao arquipélago espanhol (na segunda foi acompanhada do Orfeão), tendo protagonizado alguns concertos em Tenerife.
2.4.1.2. - BANDAS FILARMÓNICAS TEXTOS DE APOIO
Ilustração 43 - Bandas Filarmónicas
LOCAL As Bandas Filarmónicas actuam habitualmente em arraiais, procissões e salas de concertos.
GÉNEROS Consoante o local onde actuam, as bandas filarmónicas cultivam diferentes géneros. Por exemplo, nas procissões tocam marchas graves; em concertos tocam repertório clássico (aberturas, excertos de sinfonias); nos arraiais executam pasodoble, polkas e repertório popular; e nas sessões solenes oficiais interpretam hinos, tais como o nacional, o da região ou o da própria banda.
INSTRUMENTOS Os instrumentos habituais são: nos sopros - o trompete, o clarinete, o saxofone, o trombone, a tuba, o bombardino, entre outros; e na percussão - o bombo, a caixa de rufo e os pratos. EXEMPLO O exemplo musical escolhido é o “Hino da Filarmónica” da Banda Municipal de Câmara de Lobos, do compositor madeirense Anselmo Serrão.
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“HINO DA SOCIEDADE” de Anselmo Serrão
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Exemplo Musical 20 - “Duas Pátrias” CD 2 faixa 9
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
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COMPETÊNCIAS
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Culturas Musicais nos Contextos - Reconhece a função social das bandas e relaciona-as com o meio social envolvente. Percepção Sonora e Musical - Identifica auditivamente o timbre dos instrumentos musicais.
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VOCABULÁRIO MUSICAL Instrumentos de sopro (metal e madeira) e instrumentos de percussão das Bandas Filarmónicas.
RECURSOS Aparelhagem sonora Imagens dos instrumentos da Banda Filarmónica
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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Audição da peça e contextualização da importância das bandas filarmónicas no quotidiano Madeirense. Apresentação da biografia de Anselmo Serrão. Identificação visual e auditiva e classificação dos instrumentos que compõem este género de agrupamento.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Realizar uma pesquisa sobre as diversas bandas filarmónicas existentes na Região. Convidar alguns elementos ou a própria Banda local para vir à escola realizar um concerto.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “HINO DA FILARMÓNICA” Aproveitei esta actividade para introduzir os instrumentos das bandas e falar-lhes sobre o contexto social e cultural na qual se desenvolvem. Coloquei os exemplos musicais e conversámos sobre os locais e festividades onde normalmente este tipo de agrupamento actua. Debatemos as experiências e vivências pessoais (quando assistiram a um concerto, com quem, episódios engraçados que tenham ocorrido, etc.). O debate foi interessante e proveitoso, além de nos aproximar mais dos alunos, permitiu desenvolver uma relação mais pessoal e íntima. Prof.ª Rubina Fernandes
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Notas biográficas Anselmo Baptista de Freitas Serrão Júnior (1846 - 1922) nasceu em Câmara de Lobos e desde cedo manifestou interesse pela música. Compositor multifacetado, fez várias composições para banda filarmónica, uma das quais adoptada pela Banda Municipal de Câmara de Lobos, como Hino da Filarmónica, entre outras de música sacra. No final do séc. XIX, foi
regente da Banda Filarmónica dos Artistas Funchalenses, actual banda Municipal do Funchal e da orquestra de igreja da Filarmónica Recreio dos Lavradores. Fundou no Estreito de Câmara de Lobos o Grupo Musical do Estreito.
Ilustração 44 - Anselmo Serrão
Moisés Alves Pita (1922-2002) nasceu na Ponta do Sol em 1922 e morreu no Brasil em 2002. Iniciou os seus estudos musicais na Banda da Ponta do Sol e posteriormente estudou na Academia de Música da Madeira. Em 1950, emigrou para o Brasil desenvolvendo aí a sua carreira de músico, compositor e maestro de bandas. Pertenceu à Ordem dos Músicos do Brasil, foi presidente da Banda de Niterói, membro da Secretaria Estadual da Educação e Cultura, membro da bancada examinadora de
carteiras profissionais, comendador da Ordem de Benemerência de Portugal, cidadão honorário do Estado do Rio de Janeiro, entre outros títulos. Da sua obra destacam-se: "IV Centenário do Rio de Janeiro", "Alma Nordestina", "Duas Pátrias" e "Epopeia dos Navegadores". Foi homenageado pelo governo português com a medalha de "Honra e Mérito".
Ilustração 45 - Moisés Alves Pita
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Mestre Costa Miranda nasceu em Machico em 1908 e morreu na mesma localidade em 1987; foi músico, compositor, organista e mestre de banda e realizou uma intensa actividade na Madeira, nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado; aprendeu a tocar na banda daquela localidade, onde o seu pai tinha sido um dos fundadores. Aluno da Academia de Música da Madeira, teve como professor de composição o capitão Gustavo Coelho, pessoa que o marcou na arte de compor. O mestre Miranda, como era por todos co-nhecido, foi durante muitos
anos também organista na igreja de Machico, orientando o respectivo coro. A banda de Machico, sob a sua direcção, chegou a tocar noites inteiras apenas repertório de sua autoria. Da sua obra destacam-se as marchas - entre elas algumas marchas graves - hinos, música sacra e dezenas de arranjos para bandas e coros. Era reconhecida a sua musicalidade e humanidade, assim como o trato amigo que sempre manifestou no contacto pessoal.
Ilustração 46 - Costa Miranda
Ângelo Álvares de Freitas (1869 1946) - “A Arte Musical em Santa Cruz” Ângelo Álvares de Freitas foi uma das personalidades mais importantes na dinamização da vida musical de Santa Cruz e da zona Este da Madeira, no final do século XIX e no início do século XX. O músico de Santa Cruz destacou-se em vários domínios da arte musical, tendo sido uma figura de destaque como (1) fundador e líder de uma sociedade de concertos; (2) como orquestrador e pedagogo musical; (3) e ainda como compositor de hinos, música sacra e música de baile. A Sociedade de Concertos - Segundo os conhecimentos actuais, Ângelo Álvares de Freitas fundou uma sociedade de concertos, que foi originalmente denominada de "Sociedade Fraternal e Recreativa de Santa Cruz" e que terá sido a primeira que existiu em Santa Cruz, pelo menos como sociedade devidamente organizada com estatutos próprios e contabilidade escrita. A data exacta de fundação da sociedade é ainda desconhecida mas existem vários documentos que provam ser esta anterior a 1886, entre os quais uns estatutos rudimentares sobre matéria disciplinar - da autoria de Ângelo Álvares de Freitas -, que são datados de 21 de Janeiro de 1886. É de salientar que a banda Municipal de Santa Cruz que foi fundada a 8 de Dezembro de 1922, não tem nada a ver com esta antiga sociedade musical, apesar de alguns escritos que têm sido realizados. Orquestrador e Educador - Além de fundador da sociedade de concertos, o músico de Santa Cruz destacou-se também como orquestrador e educador musical. O seu talento para orquestração era tão acima da média que alguns amigos pediam-lhe inclusivamente para fazer orquestrações especiais ou arranjos, como por exemplo, um amigo das ilhas mais distantes dos Açores que lhe pediu uma composição "com floreados de requintes", que segundo a carta do
pedido, por serem de difícil execução, já estão um tanto fora de uso. Como educador, foi também autor de muitos apontamentos para o ensino da música, como por exemplo "Exercícios para afinação de rabecão", "exercícios para clarinete", entre outros. Além disso, ao longo da sua vida, o músico manteve sempre o ensino (gratuito) de música e uma escola de canto ("Escola Cantorum"), donde saíram vários músicos que se destacaram inclusivamente nos Estados Unidos, na época mais forte da emigração. Composição Musical - No domínio da composição, Ângelo Álvares de Freitas escreveu dezenas de músicas, num repertório extenso que abrange a música sacra, a música de baile, vários hinos e algumas obras vocais, que por vezes dedicava a amigos, a simples localidades ou a personalidades da vida pública. As obras vocais que compôs tinham muitas vezes letras da sua própria autoria e destinavam-se tanto a situações sacras como profanas. Entre as situações profanas salientam-se as destinadas a determinadas localidades - tocadas à chegada ou à partida das mesmas - que agradavam muito aos naturais desses sítios. Das partituras que sobreviveram até aos nossos dias salientam-se a "Saudação ao Seixal", a "Romagem a Ponta Delgada" e a "Despedida ao Caniço". Entre as músicas compostas para situações sacras, salientam-se as dedicadas aos santos, como por exemplo a Santo Amaro, a Santo Antão e à Virgem Maria. Uma das obras mais importantes deste género foi o "Hymno Nacionalista" (composto em 1909), que Ângelo Álvares de Freitas dedicou ao clero português e que teve honras de impressão. A origem da obra é desconhecida, mas terá sido escrita em defesa dos religiosos em geral, que na altura eram fortemente perseguidos por alguns partidos de origem republicana, que se levantavam contra tudo o que fosse matéria
Ilustração 47 - Ângelo de Freitas
religiosa. No domínio da música de baile, Ângelo Álvares de Freitas compôs várias músicas de dança. Na época eram as filarmónicas que animavam os bailes e o compositor de Santa Cruz criou várias músicas para este fim, entre as quais se salientam: (1) Uma despedida; (2) Jurei nunca mais amar - valsa - com letra; (3) Eu amo-te - dança (valsa) - com letra. A música sacra instrumental ocupa também um lugar importante no repertório criado pelo compositor de Santa Cruz. Exemplo disso mesmo são as obras "Melodia Sacra", "Nossa Sr.ª de Lourdes", "Soledade da Virgem" e "Eu Sou Cristão". Salienta-se que na época só era possível actuar nas capelas, durante as festividades religiosas, com autorização do bispo da diocese. Este concedia uma licença aos músicos onde se estabelecia o número de instrumentistas e o preço a pagar. Por exemplo, para tocar na capela da Consolação no Funchal, a 31 de Outubro de 1921, o alvará custou 6 500 reis e a orquestra de Ângelo Álvares de Freitas estava autorizada a "empregar três violinos, um violoncelo e um rabecão", além do respectivo coro. Finalmente, um dos géneros musicais em que Álvares de Freitas se destacou foi o género "hino". O músico compôs vários hinos, que foram dedicados a várias personalidades, sociedades, orquestras e ocasiões, destacando-se o Hino da Sociedade, o Hino Recreativo, o Hino da Orquestra, o Hino da União e o Hino do Festeiro.
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2.4.2. - MÚSICA CORAL
2.4.2.1. - COROS POLIFÓNICOS TEXTOS DE APOIO
LOCAL Os Grupos de Música Coral actuam em situações diversas tais como missas, aberturas e encerramentos de sessões solenes, festivais e encontros de coros, dentro e fora da região.
TEXTOS Na música coral, os textos são sobre temas muito diversificados, sendo geralmente mais valorizada a qualidade musical e polifónica das obras a cantar, do que a temática dos textos, num repertório que varia entre o sacro, o popular e o clássico.
INSTRUMENTOS Na música coral, os instrumentos principais são as próprias vozes, que habitualmente são divididas em sopranos e contraltos, nas mulheres, e tenores e baixos nos homens. Por vezes, os coros podem ser acompa-nhados por outros instrumentos, tais como órgão, piano e variados conjuntos instrumentais.
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Ilustração 48 - Coro de Câmara de Lobos
EXEMPLO O exemplo musical escolhido é o Hino da Região Autónoma da Madeira da autoria de João Victor Costa.
“HINO DA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA” de Victor Costa
Exemplo Musical 21 - “Hino da Região” CD 2 faixa 10
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Letra do Hino
Do vale à montanha e do mar a serra, Teu povo humilde, estóico e valente Entre a rocha dura te lavrou a terra, Para lançar, do pão, a semente: Herói do trabalho na montanha agreste, Que se fez ao mar em vagas procelosas: Os louros da vitória, em tuas mãos calosas Foram a herança que a teus filhos deste. Por esse Mundo além Madeira teu nome continua Em teus filhos saudosos Que além fronteiras De ti se mostram orgulhosos. Por esse Mundo além, Madeira, honraremos tua História Na senda do trabalho Nós lutaremos Alcançaremos Teu bem estar e glória.
Ornelas Teixeira
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
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Culturas Musicais nos Contextos - Compreende e valoriza o fenómeno musical como património, factor identitário e de desenvolvimento social e cultural. Percepção Sonora e Musical - Identifica auditivamente os timbres dos instrumentos e das vozes. Interpretação e Comunicação - Ensaia e apresenta publicamente o Hino da RAM.
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VOCABULÁRIO MUSICAL Hino Instrumentos da Orquestra Coro (soprano, contralto, tenor e baixo)
RECURSOS Aparelhagem sonora
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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Audição do hino e apresentação da letra. Explicitação do hino como símbolos da Região Autónoma da Madeira, conjuntamente com a bandeira, o escudo e o selo. Análise e interpretação da letra. Identificação dos instrumentos que acompanham as vozes. Identificação dos tipos de vozes.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Convidar o Maestro Victor Costa para proferir uma palestra sobre a forma como compôs a música para a letra. Interpretar o hino nas actividades de carácter solene que a escola realize.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “HINO DA RAM” Realizei a actividade conforme descrito nas sugestões de actividades. A actividade decorreu normalmente, lamentando-se o facto de alguns alunos não terem conhecimento do hino nem conhecerem os símbolos que correspondem à região a que pertencem. Prof.ª Rubina Fernandes
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Notas biográficas João Victor Costa - “O autor do Hino da RAM”
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Os hinos políticos são cantos de celebração, que servem de símbolo solene de um povo. São vários os hinos políticos internacionais famosos, que instantaneamente remetem o nosso imaginário para um determinado povo. Exemplos disso são o hino inglês "God Save the King (ou Queen)"; o alemão "Deutschland über alles (ou Hino do Imperador)", composto por J. Haydn; e a "Marselhesa", o bem conhecido hino francês. O actual hino português, "A Portuguesa", foi composto em 1891 por Alfredo Keil (1850 - 1907), tendo sido uma das muitas reacções culturais ao ultimato inglês do ano anterior. Apesar de Keil ser monárquico convicto, o hino foi adoptado pelos republicanos e acabou mesmo por ser proibido durante cerca de 20 anos (entre 1891 e 1910). Ironia do destino, o hino composto pelo músico monárquico foi aprovado em 1911 pela Assembleia Constituinte da República, para ser o hino nacional português. Na Madeira, o primeiro hino da região aprovado pela Assembleia Regional foi composto pelo músico madeirense João Victor Costa. Nascido em 1939, no Estreito de Câmara de Lobos, Victor Costa demonstrou desde cedo interesse pela música, tendo-se dedicado ao estudo deste domínio no Seminário Diocesano e, posteriormente, na Academia de Música e Belas Artes da Madeira, onde concluiu o curso superior de Canto. Após a conclusão dos estudos superiores na Madeira, o músico seguiu para Munique, onde estudou durante 3 anos na Escola Superior de Música desta cidade alemã, com o auxílio de uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian.
Seguiu-se então um longo período de actuações como cantor - durante as décadas de 60, 70 e 80 - na Alemanha, Checoslováquia, Áustria, Israel, Itália, Holanda, Lisboa, entre outros, tendo o músico madeirense realizado vários contratos efectivos em teatros. Por exemplo, no Teatro Estatal da Ópera de Augsburgo, Victor Costa assumiu o lugar de tenor principal do repertório italiano e actuou em outros teatros como artista convidado, tendo inclusivamente cantado no famoso Teatro Alla Scalla de Milão. Durante este período em que o músico se dedicou principalmente ao canto, Victor Costa representou papéis em algumas das óperas mais importantes do circuito internacional, tais como "Il Trovatore" de Verdi, "La Bohème", "Manon Lescaut" e "Il Tabarro" de Puccini, "Os Palhaços", de Mascagni, entre outras. Muitas das árias que o cantor interpretou ao longo da sua carreira foram posteriormente compiladas no álbum "Portrait" de uma voz, João Victor Costa. Após um período de intensa actividade como cantor, em que residiu na Alemanha, Victor Costa foi convidado para compor o hino da Madeira, um dos principais símbolos da Região Autónoma, juntamente com a bandeira, o escudo e o selo. A história do hino da RAM começou em 1980, ano em que o Governo Regional abriu um concurso público para a criação da letra do hino. Após um normal processo de selecção, a escolha recaiu sobre uma letra da autoria do poeta Ornelas Teixeira, numa versão ligeiramente diferente da que mais tarde viria a ser aprovada em Decreto Regional. A versão original da letra de Ornelas Teixeira foi posteriormente alterada pelo poeta e pelo músico, em reuniões sucessivas, com o objectivo de tornar a letra "musicável". O local escolhido para
Ilustração 49 - João Vitor Costa
os encontros entre os dois artistas foi o informal Café Pátio, que assim ficou para sempre ligado à história do hino da RAM. Findo este processo de adaptação da letra, João Victor Costa compôs, não um hino, mas sim dois! O objectivo foi proporcionar à Assembleia Legislativa Regional a possibilidade de escolher entre duas alternativas, alargando assim o leque de opções dos deputados regionais. Após a audição dos dois hinos compostos pelo músico madeirense, a Assembleia escolheu o actual hino e aprovou-o oficialmente no Decreto Regional n.º 11/80/M, em 15 de Julho de 1980, diploma onde se encontra publicado a melodia e a letra do hino em anexo. No dia seguinte, o Diário de Notícias da Madeira apresentava na primeira página o título "HINO DA MADEIRA APROVADO", noticiando que "A Assembleia Regional "teve música", facto que acontece pela primeira vez na sua curta história de 4 anos."
Ilustração 50 - Zélia Gomes
Zélia Ferreira Gomes nasceu em 19 de Dezembro de 1959 em Câmara de
Lobos, iniciando os seus estudos musicais em 1976 no Conservatório de Música da Madeira, onde concluiu o Curso Superior de canto de concerto. É Professora no Ensino Básico desde 1984, tendo colaborado em 1981, na Experiência Pedagógica no Ensino Primário, que resultaria mais tarde no Gabinete de Apoio à Expressão Musical e Dramática. Participou em vários júris de selecção tais como o Festival da Canção Infantil da Madeira, o Festival Vozes de Verão e o Festival do Faial. Desde 1990, assumiu a direcção artística dos coros Infantil e Juvenil do Gabinete Coordenador de Educação Artística, sendo a maestrina respon-
sável pelo Festival da Canção Infantil da Madeira. A sua actividade artística de direcção coral desenvolveu-se ainda em agrupamentos tais como o Grupo Coral da Igreja Matriz de Câmara de Lobos, o Grupo Coral do Estreito de Câmara de Lobos e actualmente o Coro de Câmara da Madeira. Dirigiu na sua carreira de maestrina vários concertos no continente Português, Espanha e Eslovénia.
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2.5. - MÚSICA SACRA Textos de apoio
LOCAL A música sacra realiza-se durante rituais divinos (por exemplo, procissões) e em espaços religiosos (igrejas, conventos, etc.).
GÉNEROS Na música sacra, os géneros musicais estão normalmente dependentes dos textos litúrgicos: Kyrie, Glória, Credo, Sactus, Agnus Dei, Te Deum, etc. Ilustração 51 - Igreja
INSTRUMENTOS Os instrumentos habituais são as vozes, o órgão de tubos, podendo incluir, por vezes, outros instrumentos da orquestra.
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EXEMPLO O exemplo musical escolhido é um "Ave Verum" do compositor Germano Gomes - composto em memória do seu filho Duarte Gomes - numa versão instrumental para órgão. A designação "Ave Verum" vem do próprio texto litúrgico que começa "Ave Verum Corpus Natum de Maria Virgine" (“Salve verdadeiro corpo nascido da Virgem Maria”). Este exemplo musical é seguido da obra “Suspense.” do mesmo compositor.
“AVE VERUM” de Germano Gomes
Exemplo Musical 22 - “Ave Verum” CD 2 faixa 11
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PROPOSTA DE ACTIVIDADE
COMPETÊNCIAS
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Culturas Musicais nos Contextos - Investiga funções e significados da música sacra no contexto da sociedade madeirense. Percepção Sonora e Musical - Identifica auditivamente timbres vocais e instrumentais.
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VOCABULÁRIO MUSICAL A música sacra O órgão de tubos
RECURSOS Aparelhagem sonora
SUGESTÕES DE ACTIVIDADES
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Apresentação dos dados biográficos do compositor. Audição da peça e contextualização histórica e cultural do estilo musical. Identificação do instrumento principal. Identificação do tipo de voz e revisão dos diferentes tipos vocais.
ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO Visita de estudo a uma igreja com órgão de tubos (Igreja da Sé , Igreja de Machico e Porto da Cruz). Ida a um concerto de Orgão de tubos.
COMENTÁRIO DO PROFESSOR QUE APLICOU A ACTIVIDADE “AVE VERUM” Dei-lhes a conhecer a biografia do autor e expliquei-lhes quando e para quem foi composta a música. Os alunos ficaram muito espantados e a audição decorreu muito bem (estiveram sempre em silêncio a ver se iria acontecer algo na música). Falámos sobre o órgão de tubos e maneira como é produzido o som. Ficou combinada uma ida até à Sé para ouvirmos ao vivo um órgão. Prof.ª Rubina Fernandes
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Notas biográficas Germano Gomes (1931-2004). Organista, regente de coros e compositor de música sacra, autodidacta e músico amador, nasceu na Serra de Água, concelho da Ribeira Brava em 1931 e faleceu no Funchal em 2004. Ainda muito novo, começou por tocar as primeiras notas no órgão da igreja da sua freguesia, sob o acompanhamento do padre Dantas, tendo este aconselhado como professor de piano o mestre João Albino, com o qual iria durante algum tempo receber aulas particulares. Aos 18 anos, forma um grupo coral, na freguesia da Serra de Água. Depois do serviço
militar fixa residência no Funchal, integrando o quadro dos CTT. Nesta empresa, dirigiu um grupo coral, desenvolvendo também em tempo livre, actividades como organista e regente de coros nas igrejas de São Pedro, São José, São João, Santo António e Visitação. As suas primeiras composições datam de 1956, destacando-se na sua obra a composição de missas, algumas em latim. Uma das suas peças mais recentes, Ave Verum (1999), foi composta em memória do seu filho Duarte Gomes, falecido pouco tempo antes.
João Arnaldo Rufino da Silva nasceu em Câmara de Lobos em 1929. Em 1952, concluiu o Curso do Seminário Diocesano do Funchal, 4.º ano de Teologia, tendo sido ordenado sacerdote no ano seguinte. Exerceu o ministério sacerdotal durante 23 anos. Mais tarde, em 1962, licenciouse em Canto Gregoriano e Composição Sacra pelo Instituto Pontifício de Música Sacra de Roma. Cursou também o método Ward pelo Instituto Ward de Paris (1960) e concluiu ainda o Curso Superior de Canto de Concerto pela Academia de Música e Belas Artes da Madeira
(1975). Posteriormente, realizou estágio de Educação Musical na Escola Preparatória Francisco Arruda (Lisboa), onde adquiriu o diploma profissional para o Magistério da Educação Musical. Como maestro, dirigiu o Coro do Seminário Diocesano, nas décadas de 50 e 60. Em Lisboa, foi corista do Coro Gulbenkian desde 1978 a 1994. Das suas obras publicadas, salientam-se "Cânticos Religiosos Madeirenses", edição DRAC, 1998, "Cânticos Religiosos do Natal Madeirense I e II, 2 CD's, DRAC 1999 e GCEA 2000, "Canções Populares Madeirenses a
Ilustração 52 - Germano Gomes
Ilustração 53 - Rufino Silva
Coro Misto, edição de autor, Oeiras 2001 e " Um Século de Música Religiosa na Madeira" a editar em 2005.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração Ilustração
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- Jogo de Roda - Tocadores - Eduardo Caldeira - Viola de Arame - Charamba - Mourisca - Grupo Folclórico da Camacha - Cantigas de Trabalho - Berço - Presépio - Bordadeiras - Rajão - Braguinha - Viola de Arame - Rasgado - Ponteado - Arpejado - Carlos Jorge - Orquestra de Música Antiga do Gabinete Coordenador Educação Artística - Luiz Peter Clode - Nuno Lomelino Silva - Sérgio Borges - Sérgio Borges - Max - Conjunto Académico João Paulo - Pilares de Bânger - Conjunto Académico João Paulo - Luís Jardim, - 25 anos : Festival da Canção Infantil da Madeira - João Atanásio - Carlos Gonçalves - TUMA - Tuna Universitária da Madeira - Estudantina da Madeira - Eugénia Maria - Edmundo de Bettencourt - Eugénia Maria - Noites da Madeira - Tony Amaral - Carlos Menezes - Recreio Musical União da Mocidade - Ernesto Serrão - Manuel dos Passos Freitas - Bandas Filarmónicas - Anselmo Serrão - Moisés Alves Pita - Costa Miranda - Ângelo de Freitas - Coro de Câmara de Lobos - João Victor Costa - Zélia Gomes - Igreja - Germano Gomes - Rufino Silva
LISTA DE EXEMPLOS MUSICAIS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
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"Corre, Corre ó Lindo Anel" "A Velha da Cacalhada" "Na Noite do Pão" "Charamba" "Mourisca" "Chama Rita" "Trigo Loiro" "Cantiga de Embalar" "Da Serra veio um pastor" "D. João" "Quadrilha" "Fantasia n.º 2" "Onde Vais Rio" "Assombrações" "Mochila Cor-de-Rosa" "Marcha da Estudantina " "Mar Alto" "Noites da Madeira"19 - "Nova Aurora" "Hino da Filarmónica" "Hino da Região" "Ave Verum”
LISTA DE EXEMPLOS ORFF
"Corre, Corre ó Lindo Anel" "Na Noite do Pão" "Na Noite do Pão" "Chama Rita"
ALINHAMENTO DOS DISCOS CD 1
1. Xarabanda Corre, corre ó lindo anel - Cantiga de entretenimento crianças (Xarabanda) - "Longe da vista me vai" P 1994 Associação Musical e Cultural Xarabanda 2. Xarabanda A velha da Cacalhada - Cantiga de entretenimento crianças (Xarabanda) - "Tocares e Cantares Tradicionais da Madeira" P 1989 Associação Musical e Cultural Xarabanda 3. Xarabanda Noite do Pão - cantiga de entretenimento adultos (Xarabanda) - "Tocares e Cantares Tradicionais da Madeira" P 1989 Associação Musical e Cultural Xarabanda 4. Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova Charamba - Cantiga de entretenimento crianças (GFEBN) - "Memórias de um povo" P 1995 Bis-Bis. Gestão de Cultura, Lda. 5. Xarabanda Mourisca - Cantiga de entretenimento adultos (Xarabanda) - "Longe da vista me vai" P 1994 Associação Musical e Cultural Xarabanda 6. Xarabanda Chama Rita - Cantiga de entretenimento adultos (Xarabanda) - "Sete dúzias de mentiras" P 1997 Associação Musical e Cultural Xarabanda 7. Xarabanda Trigo Loiro - Cantiga de Trabalho (Xarabanda) - "Sete dúzias de mentiras" P 1997 Associação Musical e Cultural Xarabanda
8. Xarabanda Cantiga de Embalar - Cantiga de Trabalho (Xarabanda) - "Tocares e Cantares Tradicionais da Madeira" P 1989 Associação Musical e Cultural Xarabanda 9. Xarabanda Da serra veio um pastor - Cantiga Religiosa (Xarabanda) - "Cantigas ao Menino Jesus" P 2002 Associação Musical e Cultural Xarabanda 10. Xarabanda D. João - Romance (Xarabanda) - "Longe da vista me vai" P 1994 Associação Musical e Cultural Xarabanda
11. Pedro Abreu / Gabriel Freitas Quadrilla n.º 3- Instrumental (braguinha) (Cândido Drumond Vasconcelos) "Antologia da Música Tradicional da Madeira" P 1998 Edição Almasud PLAYBACKS
12. A velha da cacalhada - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues)
13. Cantiga de embalar - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues) 14. Chama Rita - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues)
15. Corre, corre ó lindo anel - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues)
16. Da serra veio um pastor - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues) 17. Mourisca - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues) 18. Trigo loiro - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues)
CD 2
1. Pianista: Olga Kuts Fantasia N.º 2 "Recordando Liszt" - Música Clássica Ocidental (Luiz Peter Clode) Gravação 2005 2. Sérgio Borges Onde vais rio que eu canto - Canção ligeira Canção Vencedora do Festival RTP da Canção 1970 (Joaquim Pedro Gonçalves / Carlos Nóbrega e Sousa Compilação P 1993 EMI-Valentim de Carvalho, CI, CA
3. Pilares de Bânger Assombrações - Música pop-rock (Pilares de Bânger) P 1994 Edição RDP
4. Cantora: Catarina Atanásio A mochila cor-de-rosa - Canção Infantil (António Castro / João Atanásio) - "23.º Festival da Canção Infantil da Madeira" Gravação 2004 Paulo Ferraz Studio 5. Grupo Madeirense de Fados de Coimbra Mar Alto - Fado (Edmundo Bettencourt / Mário F. Fonseca) 6. Estudantina Académica da Madeira Marcha da Estudantina (José Luís Fernandes / Ricardo Félix) 7. Cantor: Tony Cruz Noites da Madeira - Swing / Jazz (Tony Amaral) Gravado Paulo Ferraz Studio
8. Recreio Musical União da Mocidade Nova Aurora - Música Instrumental Amadora (Ernesto Serrão) "A Bem da Arte" P 1996 RMUM
9. Banda Municipal de Câmara de Lobos Hino da Filarmónica - Música Instrumental Amadora (Anselmo Serrão) Gravação e Edição Cardoso & Conceição 10. Coro Infantil B (GCEA) Hino da RAM - Música Coral Amadora (João Victor Costa)
11. Cantoras: Maria José Ferreira e Zélia Gomes Organista: António Esteireiro Ave Verum - Música Sacra (Germano Gomes) PLAYBACKS
12. A Mochila Cor-de-Rosa - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues) 13. Assombrações - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues)
14. Hino da Região Autónoma da Madeira - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues) 15. Marcha da Estudantina - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues) 16. Noites da Madeira - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues)
17. Onde Vais Rio que Eu Canto - Playback (Arranjos de Ricardo Rodrigues)
BIBLIOGRAFIA CAMACHO, Rui e TORRES, Jorge. "A dança das espadas da Ribeira Brava : apontamentos para o seu estudo" em Xarabanda, Funchal, n.º 8 (2.º semestre 1995), p.32-35. CAMPINA, Maria. "Panorama Musical da Madeira", em Das Artes e da História da Madeira. Funchal, Vol. I, N.º 1 (1950), p. 13. CARITA, Rui e MELO, Luís Francisco de Sousa [1988]. 100 Anos de Teatro Municipal Baltazar Dias : 11 de Março de 1888 : 1988. Funchal : Câmara Municipal. CLODE, Luiz Peter (1983). Registo Bio-Bibliográfico de Madeirenses séc. XIX e XX. Funchal: Caixa Económica do Funchal. FIGUEIREDO, Isabel e VASCONCELOS, António Ângelo (2004). Ensaio Geral : Educação Musical 5.º ano : Livro do Professor. Perafita : Areal Editores. FREITAS, António Aragão de; VIEIRA, Gilda França (1984). Madeira Investigação Bibliográfica : Catálogo por Assuntos, 3 vols., Funchal: DRAC. FREITAS BRANCO, Luís de. "Músicos Madeirenses" em Das Artes e da História da Madeira. Funchal, Vol. VI, N.º 33 (1963), p.48. MELLO, Luís de Sousa. "E os Líricos Vieram..." em Islenha, N.º 11 (Jul. - Dez. 1992). Funchal : DRAC, pp. 16 - 20. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (2002). Currículo nacional do ensino básico: Competências essenciais. Lisboa: Ministério da Educação, Departamento de Educação Básica. MORAIS, MANUEL. "Uma colecção de peças do século XIX para machete e guitarra" em Revista Xarabanda, XI, (1997), Funchal : Ass. Musical e Cultural Xarabanda, pp. 2 - 11. MORAIS, MANUEL. "Notas sobre os instrumentos populares madeirenses: Machete, Rajão, Viola de Arame e Viola Francesa" em Revista Xarabanda, N.º 12, (2.º semestre 1997), Funchal : Ass. Musical e Cultural Xarabanda, pp. 11-13. OLIVEIRA, Ernesto Veiga de, (1982). Instrumentos Musicais Populares Portugueses. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. REIS GOMES, João dos (1919). A Música e o Teatro. Lisboa: Livraria Clássica Editora. SANTOS, Carlos (1937). Tocares e Cantares da Ilha : estudo do folclore da Madeira. Funchal : Imp. Empreza Madeirense Editora. SANTOS, Carlos (1942). Trovas e Bailados da Ilha da Madeira. Funchal: Edição da Delegação de Turismo do Funchal. SARDINHA, Vítor e CAMACHO, Rui, (2001). Rostos e Traços das Bandas Filarmónicas Madeirenses. Funchal : DRAC. SARDINHA, Vítor e CAMACHO, Rui (2005). Noites da Madeira. Funchal : Associação Musical e Cultural Xarabanda. SILVA, Fernando Augusto da e MENESES, Carlos Azevedo (1984). Elucidário Madeirense, 3 vols., Funchal : DRAC. TORRES, Jorge (1995). Para uma Bibliografia Madeirense : Cultura Tradicional. Funchal : Secretaria Regional de Educação.